LIVRO 2 - Comentários Sobre a Parte Inicial de a Gênese

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Comentários sobre a parte inicial da obra a Gênese de Allan Kardec

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A Gnese

A Gnese

Essa soluo se encontra na ao recproca do Esprito e da matria. exato que ela tira maioria de tais fatos o carter de sobrenaturais. Porm, que o que vale mais: admiti-los como resultado das leis da natureza, ou repeli-los?

A rejeio pura e simples acarreta a da base mesma do edifcio, ao passo que, admitidos a esse ttulo, a admisso, apenas suprimindo os acessrios, deixa intacta a base. Tal a razo por que o Espiritismo conduz tantas pessoas crena em verdades que elas antes consideravam meras utopias.

Esta obra , pois, como j o dissemos, um complemento das aplicaes do Espiritismo, de um ponto de vista especial. Os materiais se achavam prontos, ou, pelo menos, elaborados desde longo tempo; mas, ainda no chegara o momento de serem publicados. Era preciso, primeiramente, que as idias destinadas a lhes servirem de base houvessem atingido a maturidade e, alm disso, tambm se fazia mister levar em conta a oportunidade das circunstncias.

O Espiritismo no encerra mistrios, nem teorias secretas; tudo nele tem que estar patente, a fim de que todos o possam julgar com conhecimento de causa. Cada coisa, entretanto, tem que vir a seu tempo, para vir com segurana. Uma soluo dada precipitadamente, primeiro que a elucidao completa da questo, seria antes causa de atraso do que de avano. Na de que aqui se trata, a importncia do assunto nos impunha o dever de evitar qualquer precipitao.

Antes de entrarmos em matria, pareceu-nos necessrio definir claramente os papis respectivos dos Espritos e dos homens na elaborao da nova doutrina. Essas consideraes preliminares, que a escoimam de toda idia de misticismo, fazem objeto do primeiro captulo, intitulado: Caracteres da revelao esprita. Pedimos sria ateno para esse ponto, porque, de certo modo, est a o n da questo.

Sem embargo da parte que toca atividade humana na elaborao desta doutrina, a iniciativa da obra pertence aos Espritos, porm no a constitui a opinio pessoal de nenhum deles. Ela , e no pode deixar de ser, a resultante do ensino coletivo e concorde por eles dado. Somente sob tal condio se lhe pode chamar doutrina dos Espritos. Doutra forma, no seria mais do que a doutrina de um Esprito e apenas teria o valor de uma opinio pessoal.

Generalidade e concordncia no ensino, esse o carter essencial da doutrina, a condio mesma da sua existncia, donde resulta que todo princpio que ainda no haja recebido a consagrao do controle da generalidade no pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Ser uma simples opinio isolada, da qual no pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.

Essa coletividade concordante da opinio dos Espritos, passada, ao demais, pelo critrio da lgica, que constitui a fora da doutrina esprita e lhe assegura a perpetuidade. Para que ela mudasse, fora mister que a universalidade dos Espritos mudasse de opinio e viesse um dia dizer o contrrio do que dissera. Pois que ela tem sua fonte de origem no ensino dos Espritos, para que sucumbisse seria necessrio que os Espritos deixassem de existir. tambm o que far que prevalea sobre todos os sistemas pessoais, cujas razes no se encontram por toda parte, como com ela se d.

O Livro dos Espritos s teve consolidado o seu crdito, por ser a expresso de um pensamento coletivo, geral. Em abril de 1867, completou o seu primeiro perodo decenal. Nesse intervalo, os princpios fundamentais, cujas bases ele assentara, foram sucessivamente completados e desenvolvidos, por virtude da progressividade do ensino dos Espritos. Nenhum, porm, recebeu desmentido da experincia; todos, sem exceo, permaneceram de p, mais vivazes do que nunca, enquanto que, de todas as idias contraditrias que alguns tentaram opor-lhe, nenhuma prevaleceu, precisamente porque, de todos os lados, era ensinado o contrrio. Este o resultado caracterstico que podemos proclamar sem vaidade, pois que jamais nos atribumos o mrito de tal fato.

Os mesmos escrpulos havendo presidido redao das nossas outras obras, pudemos, com toda verdade, diz-las: segundo o Espiritismo, porque estvamos certo da conformidade delas com o ensino geral dos Espritos. O mesmo sucede com esta, que podemos, por motivos semelhantes, apresentar como complemento das que a precederam, com exceo, todavia, de algumas teorias ainda hipotticas, que tivemos o cuidado de indicar como tais e que devem ser consideradas simples opinies pessoais, enquanto no forem confirmadas ou contraditadas, a fim de que no pese sobre a doutrina a responsabilidade delas. (1)

Alis, os leitores assduos da Revue ho tido ensejo de notar, sem dvida, em forma de esboos, a maioria das idias desenvolvidas aqui nesta obra, conforme o fizemos, com relao s anteriores. A Revue, muita vez, representa para ns um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinio dos homens e dos Espritos sobre alguns princpios, antes de admiti-los como partes constitutivas da doutrina.

Qual o papel do professor diante dos seus discpulos, seno o de um revelador? O professor lhes ensina o que eles no sabem, o que no teriam tempo, nem possibilidade de descobrir por si mesmos, porque a Cincia obra coletiva dos sculos e de uma multido de homens que trazem, cada qual, o seu contingente de observaes aproveitveis queles que vm depois. O ensino , portanto, na realidade, a revelao de certas verdades cientficas ou morais, fsicas ou metafsicas, feitas por homens que as conhecem a outros que as ignoram e que, se assim no fora, as teriam ignorado sempre.

39. - O Espiritismo experimental estudou as propriedades dos fluidos espirituais e a ao deles sobre a matria. Demonstrou a existncia do perisprito, suspeitado desde a antigidade e designado por S. Paulo sob o nome de corpo espiritual, isto , corpo fludico da alma, depois da destruio do corpo tangvel. Sabe-se hoje que esse invlucro inseparvel da alma, forma um dos elementos constitutivos do ser humano, o veculo da transmisso do pensamento e, durante a vida do corpo, serve de lao entre o Esprito e a matria. O perisprito representa importantssimo papel no organismo e numa multido de afeces, que se ligam fisiologia, assim como psicologia.

40. - O estudo das propriedades do perisprito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiolgicos da alma abre novos horizontes Cincia e d a chave de uma multido de fenmenos incompreendidos at ento, por falta de conhecimento da lei que os rege - fenmenos negados pelo materialismo, por se prenderem espiritualidade, e qualificados como milagres ou sortilgios por outras crenas. Tais so, entre muitos, os fenmenos da vista dupla, da viso a distncia, do sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psquicos da catalepsia e da letargia, da prescincia, dos pressentimentos, das aparies, das transfiguraes, da transmisso do pensamento, da fascinao, das curas instantneas, das obsesses e possesses, etc. Demonstrando que esses fenmenos repousam em leis naturais, como os fenmenos eltricos, e em que condies normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o imprio do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das supersties. Se faz se creia na possibilidade de certas coisas consideradas por alguns como quimricas, tambm impede que se creia em muitas outras, das quais ele demonstra a impossibilidade e a irracionalidade.

Um dos caracteres fundamentais da Cincia contempornea a democratizao do conhecimento, tornando-o acessvel todos. O Espiritismo no s preenche esse critrio como o torna imprescindvel para a revoluo social que deve realizar.

Entre os Espritos, seus ensinos parecem provir de uma comunidade cientfica e no a reunio de opinies esparsas. iniciativa coletiva, programada e dirigida.

Esta explicao difere tambm o conhecimento filosfico do cientfico. O conhecimento dos Espritos no a verdade em si, mas uma busca coletiva e progressiva das leis naturais. No se trata de um sistema, mas de cincia. Por isso os conhecimentos no podem ser considerados de forma isolada e pontual, desse modo so apenas opinies, mas sim pela generalidade e concordncia, mesmo critrio para se considerar o conhecimento cientfico vlido. Os livros psicografados que esto recheados de opinies pessoais e equvocos so como a mdia quando faz divulgao cientfica sensacionalista e parcial. O jornalista, por no conhecer profundamente o assunto de que trata, escreve com equvocos, afirma com verdade o que apenas opinio, denota impreciso nos conceitos. H, portanto, um paralelo entre a divulgao cientfica pela mdia e os romances psicografados de menor qualidade.

H uma ao didtica no dilogo com os Espritos no sentido da elaborao da doutrina. Os Espritos superiores possuem o conhecimento dos conceitos num nvel complexo. No entanto, transmitem-nos simplificadamente, usando como referncia a atualidade do conhecimento humano. Por isso a doutrina esprita progressiva.

Permanentemente, o controle dos conceitos doutrinrios est encargo da comunidade dos Espritos superiores.

A Revista Esprita representa os anais da elaborao da Doutrina Esprita, um repositrio dos dilogos e desenvolvimento dos conceitos. fonte fundamental para uma continuidade da Cincia Esprita.

Ou seja, o ensino dos Espritos , em verdade, uma forma didtica de nos revelar a Cincia dos Espritos por meio de um dilogo baseado em na Cincia terrena contempornea. Esse dilogo regido por necessrias regras e mtodos que definem a Cincia Esprita.

Esses estudos permitem o entendimento de uma nova fisiologia integral, que compreende dois corpos que interagem com propriedades e caractersticas prprias de cada um que se complementam para permitir a ligao entre Esprito e matria. Essa fisiologia integral d uma base fenomnica para o desenvolvimento da psicologia cientfica.

Essas descobertas conceituais explicam do Espiritismo experimental so contribuies Cincia para o desenvolvimento paradigmtico da fisiologia, psicologia e demais cincias humanas e sociais. Deixam de ser disciplinas e tornam-se cincias, pois, por meio dos estudos experimentais da catalepsia, letargia, transmisso do pensamento, curas, etc., h um desenvolvimento cientfico progressivo e emprico.

Esses fenmenos, ganhando uma teoria testvel (repousam em leis naturais), ganham estatus cientfico, e se podem reproduzir, que condio fundamental para uma comprovao da teoria. Os avanos das neurocincias permitem a criao de experimentos que podem trazer novas luzes para uma teoria psicolgica fundada na fisiologia integral.