Poemas de Maria dos Prazeres

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São meus dedos os meus olhos,Coragem... coragem meu Coração, Que minh’ alma nos abrolhos,Soube encontrar direcção.

O meu mundo interior não é fechado nem escuro,Tem a força e o valorDe um porto seguro.

Por ter perdido a visão,Não deixo de dar a mãoA quem sofre mais do que eu!

E que ninguém me lamente!Pois o peito vê e senteE amar nunca doeu!

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Com força agarrei a vida,Que havia eu de fazer?Não estava pronta para a ida,Por isso decidi viver!

E nunca me arrependi de iniciar a viagem, Para meu comboio subi,Tendo amor como bagagem.

Para dar tenho um sorriso cheio de luz e calor,Brotou da boca minha,O grito de quem caminha, Da sombra para o alvor!

Pega na tua pena já cansada,E solta a tua lira em versos quentes,Deita para fora tudo o que em ti sentes,Que o Mundo sem poesia não é nada!

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Invoca a tua vida já passada,Onde viveste horas de frio, horas ardentes,Momentos de beleza transcendentes, Que deixaram tua alma apaixonada!

Prende o pensamento do infinito,Exaltar tuas crenças num só grito,E faz do teu viver algo mais forte!

Agarra em tuas mãos o Universo,Concentra-o todo inteiro num só verso,E viverás além da própria morte.

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Quando o sol brilha lá no horizonte,Com os meus olhos sem luz,Eu creio ver as aves voando, o cume do monte, o rosa puro do amanhecer.

É com espanto e deslumbramento,Que adivinho o nascer de um novo dia,E diz-me a voz da vida, a voz do vento,Continua a lutar Mulher! Maria!

Quantos sonhos de áfanos e enlevos,Quantos verdes breves trevos,Senti dentro de mim na minha mão...

Não desistas Maria! Segue o trilho,Gera um poema como fora um filho,Que dar à luz só com o coração.

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