Livreto do Palacio Anchieta

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Esta publicação objetiva incentivar e enriquecer ainda mais a visita monitorada ao Palácio Anchieta, que é uma verdadeira aula sobre História do Estado do Espírito Santo, Arquitetura e Artes Plásticas. Não tem a pretensão de ser um livro de caráter histórico, até por suas dimensões.

Solicitado pela gerente do Palácio, Áurea Ligia Bernardi, este trabalho só foi possível graças ao seu entusiasmo e à gentil contribuição da equipe de moni-tores que acompanha os visitantes do prédio, onde sobressaem o bom gosto e o carinho para com este importante patrimônio capixaba.

Merecem registro o decisivo apoio da superintendente estadual de Comu-nicação Social, Sandra Cola, que propiciou as condições necessárias para esta realização, bem como a participação do fotógrafo Alair Caliari e do jornalista Jairo De Britto, que revisou o texto.

Sobretudo, agradeço a confiança do governador Renato Casagrande, que tem se mostrado incansável na árdua tarefa de manter e ampliar as conquistas do povo capixaba, democratizando cada vez mais o acesso aos frutos do desen-volvimento.

Vitória, junho de 2011Antonio de Pádua Gurgel

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PALÁCIO ANCHIETA

Desde que as obras de recuperação foram concluídas, este belíssimo prédio tornou-se um dos principais pontos turísticos e culturais de Vitória. Nele, o visitante tem contato com diferen-tes escolas arquitetônicas e com obras de arte de origens e ca-racterísticas diversas. Além disso, o Palácio Anchieta oferece aos capixabas e aos turistas de todas as procedências uma oportuni-dade para conhecer melhor a História do Espírito Santo, desde o século XVI.

É importante lembrar a contribuição dos jesuítas e, par-ticularmente, o papel do padre José de Anchieta – o Apóstolo do Brasil – na formação cultural e na educação dos nossos an-tepassados. Afinal, embora tenha sido um dos fundadores da cidade de São Paulo e atuado em outras partes do Brasil colonial, Anchieta escolheu o Espírito Santo para viver os últimos anos da sua vida.

Aqui, trabalhou na alfabetização dos povos indígenas, es-creveu a primeira peça de teatro de que se tem notícia no País e, também, os famosos versos dedicados à Virgem Maria! Manifes-tações culturais pioneiras no período das Capitanias Hereditá-rias. Portanto, nada mais justo e coerente que atribuir a denomi-nação de Palácio Anchieta à sede oficial do Governo do Estado.

Produzimos esta publicação como estímulo aos capixabas e aos turistas vindos de todos os pontos do Planeta para que visitem o Palácio, seguindo o roteiro aqui sugerido. Guarde este livreto como lembrança e convite à sua família e aos seus amigos para que também venham conhecer um belo monumento artís-tico e histórico, agora acessível a todas as classes sociais!

Assim, o Palácio Anchieta – de bela silhueta e tão viva memória – será, cada vez mais, o símbolo de uma sociedade ver-dadeiramente livre, democrática e participativa. Este é o nosso ideal e o nosso projeto para o Espírito Santo.

Renato CasagrandeGovernador do Espírito Santo

passado, presente e futuro

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A visita monitorada ao Palácio Anchieta começa pela entrada em frente à Praça João Clímaco, que também é usada para acesso a solenidades do Governo e outros eventos.

Logo na entrada, é possível apreciar painéis focalizando as diferentes fases da história do prédio, onde a Igreja de São Thiago foi construída em 1551 pelo padre Afonso Brás e reconstruída em 1570, após um incêndio. Em 1587, o Padre Anchieta concluiu a primeira ala do Colégio de São Thiago, que teria outras três até 1747.

Em 1798, o prédio – que por muito tempo foi a maior construção do Es-pírito Santo – passou a funcionar como Palácio do Governo, abrigando também o Hospital Militar, o Batalhão de Polícia e outros serviços.

Em 1860, hospedou o imperador D. Pedro II e a imperatriz Dª Teresa Cristina Maria. Embora eles tenham ficado apenas 15 dias, sua visita motivou obras que beneficiaram não só o edifício mas também toda a cidade de Vitória. E por muito mais tempo.

O Palácio passou por um profundo processo de modernização e amplia-ção entre 1910 e 1911. Em 1924, ganhou a pintura amarela, cor oficial dos pré-dios da administração pública. Em 1935, quando se completaram quatro séculos da chegada de Vasco Fernandes Coutinho, o edifício passou por outra reforma e, em 1945, passou a denominar-se Palácio Anchieta. Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1983, foi restaurado entre 2004 e 2009.

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À direita do hall de entrada está o Túmulo de Anchieta, onde antes era o altar principal da Igreja de São Thiago, a cujos pés foi inicialmente sepultado o corpo do Apóstolo do Brasil.

Ali se pode observar a lápide original, construída em mármore carrara branco com marchetaria de mármore negro, formando arabescos em seu contor-no. A lápide foi trazida de Portugal logo após o falecimento do Padre Anchieta, ocorrido em 1597. Há também um busto do homenageado e algumas pinturas que sintetizam sua vida.

No início do Século XVII, partes da ossada foram retiradas e levadas para Salvador (Bahia), mesmo local para onde foram outras partes dos restos mortais de Anchieta em 1734. Existem ossos do Padre no município capixaba batizado com seu nome, na sede da Missão Jesuítica da capital bahiana e no local onde se originou a cidade de São Paulo. Apenas uma pequena parte está na sede do Governo capixaba.

No local também estão preservadas, e podem ser vistas, as fundações ori-ginais do altar-mor da Igreja de São Thiago.

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Bem ao lado do túmulo de Anchieta, foram encontradas ruínas de um altar incrustado na parede da igreja original, possivelmente entre o final do século XVI e o início do século XVII.

Nesse local podem ser observadas alterações ocorridas após a expulsão dos jesuítas (1759), como a vedação de arcos e janelões originalmente constru-ídos em pedra, tijolinhos e cal de conchas. Os jesuítas recolhiam conchas nas praias, moíam e produziam uma espécie de argamassa usada como liga entre os tijolos e pedras.

Com baixo relevo de florais lavrado em pedra, esse altar é adornado com a utilização de esgrafito, uma arte decorativa de origem árabe raramente vista no Brasil. De presença marcante na Itália e outros países europeus, essa técnica é executada antes que as argamassas sequem completamente, sendo encontrada em Portugal desde o século XIV.

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No pavimento térreo, um local que se destaca é o pátio interno da escola e residência dos jesuítas, única área a céu aberto de todo o Palácio.

Esse ambiente centraliza os quatro lados do edifício, sendo típico dos co-légios da Companhia de Jesus, todos quadriláteros. Nesse pátio podem ser ob-servadas as diversas alas da construção, assim como o poço que era a única fonte de água da igreja e da escola. Aliás, aquela era uma das poucas fontes de água em toda a cidade, até meados do século XVIII ou início do século XIX, conforme diferentes fontes de informação.

Dentro do Palácio o pátio é o único lugar onde o visitante pode observar claramente os seus três pavimentos. De lá também é possível contemplar as pa-redes com a releitura das feições históricas, recuperadas a partir da prospecção arquitetônica.

Muitas peças foram encontradas no subsolo do pátio, durante as escava-ções arqueológicas realizadas por ocasião do restauro.

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ACHADOS ARQUEO-LÁGICOS

Esses achados estão expostos em vitrines, numa sala exclusiva-mente dedicada a esse fim. São peças de cerâmica e artesanato indígena, prin-cipalmente utensílios domésticos: garrafas, facas, pratos, pires, copos, urinóis, telhas, luminárias, cuspideiras, ladrilhos, sopeiras de porcelana, jarras, tijolos, chaves de igreja, pregos, dobradiças etc.

Grande parte dessas peças foi revelada pelas escavações realizadas duran-te as obras de restauro. Foram encontrados 8.000 fragmentos, desde cerâmicas Tupi-Guarani, anteriores ao século XVI até objetos fabricados no século XX.

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Ainda no térreo há uma sala de audiovisual cuja função ex-clusiva é projetar um vídeo sobre a história do Palácio e de todo o Espírito Santo. Durante a projeção, monitores devidamente treinados provocam os assistentes (majoritariamente estudantes) com perguntas sobre o quê estão vendo.

Nesse local, podem ser vistas ruínas de uma parede externa do prédio construída com grandes pedras. As paredes e fundações do edifício eram de grande espessura, inclusive por medida de segurança contra os ataques de índios e de invasores estrangeiros

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Ao sair da sala de audiovisual, o visitante encontra uma galeria com fotos de todos os 34 ex-governadores do período republicano. Nesse espaço, está sen-do implantada uma biblioteca virtual com informações sobre a história política, econômica, social e cultural do Espírito Santo.

Ao lado da galeria dos ex-governadores está o imponente hall da entrada principal.

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Quando se chega ao 3º pavimento, logo se vê o corredor de acesso ao Gabinete do Governador, decorado com peças em estilo francês e cinco quadros de autores e temas diversos.

O ambiente transmite uma agradável sensação de requinte, equilíbrio e sobriedade.

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O principal cômodo do 3º pavimento e de todo o Palácio é o Gabi-nete do Governador, onde se realizam as audiências, as reuniões do secretariado e algumas solenidades.

A decoração é austera, com predominância do estilo inglês. O mobiliário é de cedro, com revestimento em lâmina de rádica. Um conjunto estofado em estilo contemporâneo dá maior conforto e charme ao espaço. A iluminação é fei-ta por três lustres de bronze, sendo o principal banhado a ouro. Tapetes persas, esculturas e cinco quadros de alguns dos mais conhecidos pintores capixabas, como Levino Fanzeres e Homero Massena, integram esse espaço.

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Os móveis do Gabinete remontam ao começo da República, sendo o mais antigo um escaninho onde se guardava a correspondên-cia das quatro secretarias então existentes: Fa-zenda, Interior, Agricultura e Instrução.

Há também pequenos bustos de D. Pe-dro I e Rui Barbosa, bem como duas águias que simbolizam a sabedoria, dentre outros objetos.

Fazem parte do Gabinete duas salas de assessoria, também decoradas com quadros de autores capixabas.

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Local do Palácio com maior número de móveis (23), o Salão Nobre é revestido com adornos em gesso e madeira, inclusive colunas, medalhões e almofadões por todas as paredes. Reformado em 1901 e 1943, seus lustres são de bronze e os móveis de estilos diversos: clássico, neoclássico e romântico.

Vários matizes de verde sobressaem em toda a extensão de seus almofa-dões, colunas e nos diversos elementos ornamentais que o integram.

O piso é em parquet, com técnica de patchwork. O mobiliário é nos estilos Luiz XV e Luiz XVI, todo revestido com pintura folheada a ouro. O estofamento é revestido de seda e tecidos adamascados. A tapeçaria é originária do Oriente.

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Quem vai do Gabinete do Governador em direção à entrada princi-pal do prédio passa por um corredor onde se encontram colunas jônicas, usadas como suporte para vasos. Ao contrário dos outros ambientes do 3º pavimento, quase todos em pranchas de madeira, este – que já fez parte da Ala Residencial entre 1943 e 2002 – tem o piso formado por tacos.

As principais peças de decoração são esculturas e um console em estilo francês.

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Ao lado do Salão Nobre, há uma sacada de onde se tem uma bela vista da

Baía de Vitória.

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Fazem parte dos aposentos do governador a sala da lareira, o quarto de vestir, o quarto de dormir e a sala de banho.

O piso mostra desenhos formados pelo contraste entre os tacos de peroba rosa e maçaranduba que o compõem.

Os painéis são delimitados por frisos dourados, onde foram instalados tecidos com motivos florais em tom verde, fazendo composição com o estofa-mento, as cortinas e a roupa de cama. Essa composição se harmoniza com a cor verde, usada nas paredes e tetos dos aposentos.

O lustre principal do quarto de dormir é composto por cúpulas de perga-minho. Sua estrutura de bronze, com design em estilo francês, retrata um cupi-do, considerado uma das peças mais bonitas do Palácio.

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Em estilo rococó, o Salão Dourado recebeu esse nome devido à grande quantidade de ornamentos em gesso e estuque com pinturas folheadas a ouro. Por sua decoração em estilo Luiz XV, semelhante à de mui-tos palácios franceses, é considerado um dos ambien-tes mais ricos e imponentes do Palácio Anchieta. Ador-nam o ambiente espelhos em estilo Luiz XVI, além de vasos de porcelana chinesa e japonesa.

O lustre central é uma obra de arte sem igual, todo entalhado em madeira com pintura dourada e cordões de bolas de cristal.

Segundo os monitores, esses móveis teriam sido encomendados por Eva Perón. No entanto, o navio que os levaria para a Argentina teria encalhado na Baía de Vitória e o Governo do Estado os comprou.

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Vaso de procedênciajaponesa

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O Salão Negro é composto por uma série de ornamentos entalha-dos em madeira e outros em gesso imitando madeira. O piso é todo em tacos (de peroba e jacarandá) que formam austeros desenhos geométricos.

O mobiliário, em estilo renascentista, é composto por cristaleira, buffet e cômoda (em jacarandá), e uma grande mesa de jantar com cadeiras de espaldar alto.

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Quando está no Palácio, o governador sempre almoça nesta sala com sua equipe de trabalho. O ambiente é composto por mobiliário em estilo francês, com mesa de oito lugares, buffet e cristaleira expondo peças centenárias.

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Outro aposento muito bonito é o Salão do Piano, composto por dois ambientes com enormes sofás em estilo moderno, junto a móveis antigos pertencentes ao acervo do Palácio.

Um piano de calda alemão do Século XIX, vários lustres antigos e tapetes orientais compõem o sofisticado ambiente.

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Durante a reforma sofrida pelo Palácio na década de 1930, a an-tiga Igreja de São Thiago foi dividida ao meio por uma laje e transformou-se em dois grandes salões: embaixo, o Salão Afonso Brás (em homenagem ao constru-tor do prédio original) e, em cima, o Salão de São Thiago.

Este tem capacidade para receber 500 pessoas confortavelmente sentadas e até 1.000 pessoas em pé.

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RENATO CASAGRANDEGovernador

GIVALDO VIEIRAVice-Governador

JOSÉ PAULO VIÇOSISecretário de Cultura

SANDRA MARIA WERNERSBACH COLASuperintendente Estadual de Comunicação Social

ÁUREA LÍGIA BERNARDIGerente de Palácios e Residências Oficiais ANTONIO DE PÁDUA GURGELConcepção, Texto e Edição ALAIR CALIARIFotografias JAIRO DE BRITTORevisão

GLAUCO GOMESEditoração Eletrônica

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