LITERRIO VIRTUAL: 4 EDIO DO LIVRO A SEGUNDA SAFRA DO FERRO

LITERRIO VIRTUAL

Sabemos que o reino das palavras farto. Elas brotam de nosso pensamento de maneira natural. As palavras, contudo, podem ultrapassar seus limites de significao. Pode, assim, conquistar novos espaos e passar novas possibilidades de perceber a realidade. As palavras escritas so signos que transportam o pensamento da humanidade atravs dos sculos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

4 EDIO DO LIVRO A SEGUNDA SAFRA DO FERRO

(Trecho do livro A SEGUNDA SAFRA DOFERRO, num dilogo de Soroco, motorista de caminho e sua me, Hortnsia)

.......................

Rogrio Alvarenga

Prximo lanamento em 4. Edio.

APRESENTAO:

A primeira edio desta pea data de 1980. Semprefoi uma fico, embora a fico possarepresentar alguma realidade. Assim, desse tempo para c, a tecnologia rompeuos padres da tranquilidade provinciana e destruiu a monotonia dos mtodos detrabalho. Entretanto, a crueza das verdades confirma a continuidade dadegradao ambiental, da poluio, da corrupo, do domnio autoritrio sobre apopulao e mesmo sobre as dignas autoridades.Mudanas e mais mudanas, mas tudo continua na mesma situao, dantesreferida. Consequncias desagradveis rompem o dia a dia.

(Trecho do livro, num dilogo deSoroco, motorista de caminho e sua me, Hortnsia)

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SOROCO De onde que a senhoratirou tudo isso, me? Itabira alimenta o mundo com ferro, arrancado do chopelas mos e pelas mquinas. Depois, serpenteia nos vages do trem at a bocados navios, nas grandes plataformas.

HORTNSIA Pedra de ferro nocalamento das ruas. Hoje asfalto. oprogresso. Iluminao do sculo XX. Admiro muito, mas fico pasma, estarrecida.Itabira alimenta o mundo, o centro do mundo. Fico abismada. E arrasa o mundo.Olha as roupas que a Itabira veste. Andrajos nas ruas tortas, casas escoradas epovo mole. E o mesmo acontece com cidades histricas, sem eira nem beira,cheias de igrejas monstrengas para salvar as almas do inferno. Se tirar acompanhia o povo morre de fome. A cidade acaba. A ignorncia misriahereditria. No privilgio do povo. Roda nas cabeas coroadas dos chefes edos prefeitos. Se a companhia acabar a cidade acaba. Melhor assim.

SOROCO Tenho que ir, me. Vouacordar a Lili. De amargura a vida est cheia. Pensar no que nosso. Desgraados outros desgraa deles mesmos.

HORTNSIA Terra boa mesmo no .Nem a nossa nem a deles. Nossa riqueza vem debaixo da terra. Tem que arrasartudo, revolver tudo pra tirar o que presta. O rejeito joga-se nos rios que vopara o mar. Eles que se danem. Mas ariqueza que faz isso tudo.. Alis, era a riqueza, porque o povo hoje pobre.Parece rico e se engana. A Companhia rica. E carregador de minrio pode ficarrico? E picareta instrumento cientfico?

SOROCO perigoso ficar falandodemais, sem saber, me.

HORTNSIA Eu sei de tudo. Elesvieram falar comigo esta noite, me informaram de tudo que est acontecendo nascercanias, nas crateras abertas, nas desgraas dos rios, da morte dos peixes edos bichos. Eles voltam pra me contar tudo.

s

dezembro 10, 2015

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Marcadores:ferro,fico,Itabira,segunda safra

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Rogrio de Alvarenga

Natural de Belo Horizonte Graduado e licenciado em Letras Clssicas pela UFMG, onde foi professor. Scio efetivo da Arcdia de Minas Gerais e scio emrito do Instituto Histrico e Geogrfico de Minas Gerais

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