LITERATURA OPVEST Mauricio Neves seu poder transformador. : n ... divertimento sem grandes...

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LITERATURA – OPVEST Mauricio Neves Ensino Médio, 1º Ano A literatura e suas funções.

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LITERATURA – OPVEST Mauricio Neves

Ensino Médio, 1º Ano

A literatura e suas funções.

O QUE É LITERATURA ?

A literatura é uma arte verbal, isto é, seu meio de expressão é a palavra. Mas o uso da palavra não é privilégio do escritor, pois ela serve como forma de expressão para todas as pessoas.

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IMPORTANTÍSSIMO SABER !!!

A obra literária só existe como objeto social, que se completa na leitura e interação com o leitor, a “função” da literatura é dependente daquilo a que o leitor se propõe quando busca o texto literário.

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Além disso, como disse o escritor Umberto Eco, as grandes obras literárias tiveram profundo impacto na sociedade, o que extrapola sua importância para além da relação imediata entre leitor e obra. Por isso, investigar algumas das funções desempenhadas pela literatura ao longo do tempo é um modo de reconhecer o seu poder transformador.

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PARA QUE SERVE A LITERATURA ?

A resposta a essa pergunta varia com o tempo e com as pessoas. Evidentemente, a função de uma obra de arte literária depende dos objetivos e intenções do autor. Mas os leitores também têm maneiras diferentes de ler e são levados a abrir um livro por motivos diferentes.

Imagem: Man reading Las Últimas Noticias /

Diego Grez / Creative Commons Attribution-

Share Alike 3.0 Unported

Alguns procuram na literatura apenas um divertimento sem grandes consequências para a vida; outros, um instrumento de transformação e de aperfeiçoamento. Uns consideram a obra literária apenas um artefato estético, criado para a contemplação da beleza; outros, esperam que seja um veículo de análise e de crítica em relação à sociedade e à vida.

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A OBRA LITERÁRIA PODE SER :

1) um instrumento de fuga da realidade;

Ao lermos, por exemplo, uma história de aventuras, embarcamos em um navio pirata, lutamos ao lado de um herói, sonhamos...

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2) arte pela arte;

Certas épocas literárias são marcadas pela importância que os autores atribuem à perfeição formal de suas obras. Os temas passam para um segundo plano, só interessando a beleza estética. Quando isso ocorre, a literatura pode alienar-se da realidade.

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3) o oposto da arte pela arte, ou seja, uma literatura engajada;

É a literatura de autores comprometidos com a defesa de ideias políticas e religiosas. Quando limitam o trabalho criativo à retórica de convencimento, a obra reduz-se a um panfleto, mero instrumento de propaganda.

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EM RESUMO :

FUNÇÕES DA LITERATURA ENQUANTO ARTE

1) LÚDICA :

tem por objetivo divertir, proporcionar prazer. Para os gregos a arte tinha uma função hedonística, ou seja, devia causar prazer, retratando o belo. Para eles, o belo, na arte, ocorria na medida em que a obra era verossímil, isto é, semelhante à verdade ou à natureza;

LÍNGUA PORTUGUESA, 1º Ano do Ensino Médio A Literatura e suas funções. Estilo individual e de época.

“De repente do riso fez-se pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.”

(Vinícius de Moraes)

Imagem: Matthias stom young man reading by

candlelight / Matthias Stom / Public Domain

2) SINTONIZADORA:

tem por objetivo estabelecer ligação entre os homens de diferentes épocas;

Imagens da esquerda para direita: (a) Los Angeles, California. Lockheed Employment. Cause and Effect. This

young man reading the war news holds an... - NARA – 532213 / Partridge, Rondal / Public Domain; (b) Man

reading Las Últimas Noticias / Diego Grez / Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported

LÍNGUA PORTUGUESA, 1º Ano do Ensino Médio A Literatura e suas funções. Estilo individual e de época.

sendo a literatura a arte da palavra e esta, a unidade básica da língua, podemos dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um instrumento de comunicação e, por isso, cumpre também o papel social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade.

apesar de estar ligada a uma língua, que lhe serve de suporte, a literatura não está presa a ela, usando-a livremente, chegando a subverter suas regras e o sentido de suas palavras.

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“Quando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio teria despido

O português.”

(Oswald de Andrade)

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3) PARADIGMÁTICA:

tem por objetivo convencer, ensinar, denunciar. Como toda arte, a literatura está vinculada à sociedade em que se origina;

Imagem: (a) Os emigrantes / Antônio Rocco/ Public Domain; (b) CF – 1891 / Aurélio Figueiredo / Public Domain

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não há artistas indiferentes à realidade, pois, de alguma forma, todos participam dos problemas vividos pela sociedade, apesar das diferenças de interesses e de classe social;

Imagens da esquerda para direita: (a) Vinicius de Moraes / André Koehne / Public Domain; (b) Payacito pensativo /

Alfredobi / Public Domain

por vezes, a literatura assume formas de denúncia social, de crítica à realidade; trata-se de uma literatura engajada, que serve a uma causa político-religiosa ou a uma luta social;

Imagem: Antonio Conselheiro / Flávio de Barros / Public Domain

“Provisoriamente não cantaremos o amor

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio porque esse não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso

companheiro...”

(Carlos Drummond de Andrade)

Imagem: The Fire / Jean-Pierre-

Alexandre Antigna / Public Domain

4)COGNITIVA:

como transcrição da realidade, a literatura não precisa, necessariamente, estar presa a ela; tanto o escritor quanto o leitor fazem uso de sua imaginação: o artista recria livremente a realidade, assim como o leitor recria livremente o texto literário que lê;

Imagem: Szinyei Lovers, 1918 / Pál Szinyei

Merse / Public Domain

o leitor em vez de ser considerado um elemento passivo, alguém que simplesmente recebe o texto, deve ser visto como participante, uma vez que também usa sua imaginação para ler a obra e recriá-la

5)CATÁRTICA:

tem por objetivo liberar as pressões e as emoções; é uma espécie de desabafo.

“Quando você me deixou, meu bem me disse pra ser feliz e passar bem

Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci

Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever

Já vai me encontrar refeita, pode crer...

(Chico Buarque de Holanda)

Imagem: William Powell Frith The lovers / William Powell Frith / Public Domain

6)LIBERADORA DO EU:

reflete uma fuga da realidade por desajuste ou discordância. Confunde-se com a função catártica, sendo que o desabafo aqui ocorre de forma agressiva, com o objetivo de chocar o leitor;

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“Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Toma um fósforo, acende teu cigarro,

o beijo, amigo, é a véspera do escarro;

A mão que afaga é a mesma que apedreja,

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

apedreja essa mão vil que te afaga

e escarra nessa boca que te beija.”

(Augusto dos Anjos)

Imagem: Rosentod / p.servus / GNU Free

Documentation License