Literatura e Realidade

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Literatura e Realidade; O que é Literatura Infantil? A invenção da infância; Da oralidade à escrita: os contos de fadas; As Fábulas; A Poesia; Contos e Crônicas; Romance e aventura; O teatro; A Literatura Universal e os Paradidáticos; Da imagem ao texto; Ilustrações; A Linguagem visual; Para além do livro; Trabalhando o som; Poesia Concreta; Livros interativos; Outras mídias: cinema e desenho animado; O texto literário em sala de aula; A formação do leitor; Discurso Didático-Pedagógico e Discurso Estético-Literário; Antilições; Propostas de atividades; Roda da leitura; Varal de Poesia; Releitura; Literatura e outras artes; Referências Bibliográfica

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Literatura e Realidade; O que Literatura Infantil? A inveno da infncia; Da oralidade escrita: os contos de fadas; As Fbulas; A Poesia; Contos e Crnicas; Romance e aventura; O teatro; A Literatura Universal e os Paradidticos; Da imagem ao texto; Ilustraes; A Linguagem visual; Para alm do livro; Trabalhando o som; Poesia Concreta; Livros interativos; Outras mdias: cinema e desenho animado; O texto literrio em sala de aula; A formao do leitor; Discurso Didtico-Pedaggico e Discurso Esttico-Literrio; Antilies; Propostas de atividades; Roda da leitura; Varal de Poesia; Releitura; Literatura e outras artes; Referncias Bibliogrfica

Contos de fadas

Ilustrao deThe Seven WishesemAmong pixies and trollsde Alfred Smedberg.Oscontos de fadasoucontos maravilhososso uma variao do conto popular oufbula. Partilham com estes o fato de serem uma narrativa curta cuja histria se reproduz a partir de um motivo principal e transmite conhecimento e valores culturais de gerao para gerao, transmitida oralmente, e onde oheriou herona tem de enfrentar grandes obstculos antes de triunfar contra o mal.Nos contos, que muitas vezes comeam pelo "Era uma vez", para salientar que os temas no se referem apenas ao presente tempo e espao, o leitor encontra personagens e situaes que fazem parte do seu cotidiano e do seu universo individual, com conflitos, medos e sonhos. A rivalidade de geraes, a convivncia de crianas e adultos, as etapas da vida (nascimento, amadurecimento, velhice e morte), bem como sentimentos que fazem parte de cada um (amor, dio, inveja e amizade) so apresentados para oferecer uma explicao do mundo que nos rodeia e nos permite criar formas de lidar com isso.Entre os grandes autores, alm do irmos Grimm, encontram-se o francsCharles Perrault, que deu vida Chapeuzinho Vermelho,Bela Adormecida, Pequeno Polegar eGato de Botas;Andersen, que nos presenteou com a histria doPatinho Feio;Gabrielle-Suzanne Barbot, a Dama de Villeneuvee comA Bela e a FeraeCharles Dickens, com oConto de Natale a histria deOliver Twist. No Brasil, a maior conquista foiMonteiro Lobato, cuja a obra ainda hoje serve de base ao incio literrio de muitas crianas.Caracteristicamente os contos envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou encantamento, e apesar do nome, animais falantes so muito mais comuns neles do que asfadaspropriamente ditas. Alguns exemplos: "Rapunzel", "Branca de Neve e os Sete Anes" e "A Bela e a Fera".EtimologiaA palavraportuguesa"fada" vem dolatimfatum(destino, fatalidade, fado etc).1O termo se reflete nos idiomas das principais naes europias:feemfrancs,fairyemingls,fataemitaliano,Feeemalemoehadaemespanhol. Por analogia, os "contos de fadas" so denominadosconte de fesnaFrana,fairy talenaInglaterra,cuento de hadasna Espanhaeracconto di fatanaItlia. NaAlemanha, at osculo XVIIIera utilizada a expressoFeenmrchen, sendo substituda porMrchen("narrativa popular", "histria fantasiosa") depois do trabalho dosIrmos Grimm. NoBrasile , os contos de fadas, na forma como so hoje conhecidos, surgiram em fins dosculo XIXsob o nome decontos da carochinha. Esta denominao foi substituda por "contos de fadas" nosculo XX.Origens

ADama do LagodoCiclo Arturiano.Fadas so entidades fantsticas, caractersticas dofolcloreeuropeu ocidental. Apresentam-se como mulheres de grande beleza, imortais e dotadas de poderes sobrenaturais, capazes de interferir na vida dos mortais em situaes-limite. As fadas tambm podem ser diablicas, sendo corriqueiramente denominadas "bruxas" em tal condio; embora as bruxas "reais" sejam usualmente retratadas como megeras, nem sempre os contos descrevem fadas "do mal" como desprovidas de sua estonteante beleza.As primeiras referncias s fadas surgem na literatura cortes daIdade Mdiae nasnovelas de cavalariadoCiclo Arturiano, tomando por base textos-fontes de origem reconhecidamente cltico-bret. Tal literatura destaca o amor mgico e imortal vinculado s figuras de fadas como Morgana e Viviana, o que evidencia ostatus socialelevado das mulheres na culturacelta, na qual possuam uma ascendncia e um poder muito maiores do que entre outros povos contemporneos (ou posteriores). Conforme destaca Coelho: Na maioria das tradies, as fadas aparecem ligadas ao amor, ou sendo elas prprias as amadas, ou sendo mediadoras entre os amantes. A partir da cristianizao do mundo, foi esse ltimo sentido que predominou, perdendo-se completamente aquela outra dimenso "mgica",sobrenatural.

Caractersticas dos contos de fadasPodem contar ou no com a presena de fadas, mas fazem uso de magia e encantamentos;Seu ncleo problemtico existencial(o heri ou a herona buscam a realizao pessoal);Os obstculos ou provas constituem-se num verdadeiro ritual de iniciao para o heri ou herona;Morfologia dos contos de fadasEm seu famoso estudo sobre o conto maravilhoso (no qual inclui os contos de fadas), V.I. Propp afirma que ele "atribui frequentemente aes iguais a personagens diferentes".3Estas aes (mais adiante denominadas "funes") nos permitiriam estudar os personagens dos contos a partir das mesmas. Tendo isto em vista, Propp elabora quatro teses principais:"Os elementos constantes, permanentes, do conto maravilhoso so as funes dos personagens, independentemente da maneira pela qual eles as executam. Essas funes formam as partes constituintes bsicas do conto.""O nmero de funes dos contos de magia conhecidos limitado.""A seqncia das funes sempre idntica.""Todos os contos de magia so monotpicos quanto construo."Contudo, as teses de Propp foram objeto de crticas, particularmente por parte doantroplogoClaude Lvi-Strauss. No ensaio "A estrutura e a forma" (publicado nesta mesma edio da obra de Propp), ele observa:Vimos que o conto de fadas uma narrativa explicitando funes, cujo nmero limitado e cuja ordem de sucesso constante. A diferena formal entre vrios contos resulta da escolha, operada individualmente, entre as trinta e uma funes disponveis e da eventual repetio de certas funes. Mas nada impede a realizao de contos com a presena de fadas, sem que a narrativa obedea norma precedente; o caso dos contos fabricados, dos quais podemos encontrar exemplos em Andersen, Brentano e Goethe. Inversamente, a norma pode ser respeitada apesar da ausncia de fadas. O termo 'conto de fadas' , pois, duplamente imprprio.

O significado oculto dos contos de fadasAo longo dos ltimos 100 anos, os contos de fadas e seu significado oculto tm sido objeto da anlise dos seguidores de diversas correntes dapsicologia. Sheldon Cashdan,4por exemplo, sugere que os contos seriam "psicodramasda infncia" espelhando "lutas reais". Na viso de Cashdan,5"embora o atrativo inicial de um conto de fada possa estar em sua capacidade de encantar e entreter, seu valor duradouro reside no poder de ajudar as crianas a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento".Cashdan6prossegue em sua anlise sobre a vinculao entre os contos de fadas e os conflitos internos infantis:Cada um dos principais contos de fadas nico, no sentido em que trata de uma predisposio falha ou doentia do eu. Logo que passamos do "era uma vez", descobrimos que os contos de fada falam de vaidade, gula, inveja, luxria, hipocrisia, avareza ou preguia - os "sete pecados capitais da infncia". Embora um determinado conto de fada possa tratar de mais de um "pecado", em geral um deles ocupa o centro da trama.

O processo pelo qual as crianas podem utilizar os contos de fadas na resoluo de seus prprios problemas explicitado mais adiante:7O modo pelo qual os contos de fada resolvem esses conflitos oferecendo s crianas um palco onde elas podem representar seus conflitos interiores. As crianas, quando ouvem um conto de fada, projetam inconscientemente partes delas mesmas em vrios personagens da histria, usando-os como repositrios psicolgicos para elementos contraditrios do eu.

J osjungianos, vem nas personagens dos contos "figuras arquetpicas", que, segundo Franz,8" primeira vista, no tm nada a ver com os seres comuns ou com os caracteres descritos pela Psicologia".A jornada interior[editar|editar cdigo-fonte]Pelo seu ncleo problemtico ser existencial, os contos de fadas podem tambm ser encarados como "uma jornada em quatro etapas, sendo cada etapa da jornada uma estao no caminho da autodescoberta":9TRAVESSIA: "leva o heri ou herona a uma terra diferente, marcada por acontecimentos mgicos e criaturas estranhas".ENCONTRO: "com uma presena diablica uma madrasta malvola, um ogro assassino, um mago ameaador ou outra figura com caractersticas de feiticeiro".CONQUISTA: "o heri ou herona mergulha numa luta de vida ou morte com a bruxa, que leva inevitavelmente morte desta ltima".CELEBRAO: "um casamento de gala ou uma reunio de famlia, em que a vitria sobre a bruxa enaltecida e todos vivem felizes para sempre".Tradio oral e escrita

A Dama do Lago seqestraLancelot(ilustrao de George Wooliscroft & Louis Rhead, 1898).Conforme registra Squire,10"uma mitologia deve ser sempre mais velha do que os mais antigos versos e histrias que a celebram. Poemas e sagas elaborados no so feitos num dia, ou num ano". Efetivamente, embora a tradio oral cltica do "conto mgico" possa ser velha de milhares de anos, foi somente nosculo VII, com a transcrio do poema picoanglo-saxoBeowulfque ela comeou a ter registro material. As fadas, contudo, precisariam esperar at osculo IXpara serem registradas nas pginas dosMabinogion, textogalscomposto por quatro histrias distintas.OsMabinogionno assinalam somente o surgimento das fadas, mas tambm a transformao das aventuras reais que porventura podem ter dado origem ao Ciclo Arturiano, em lendas. Um dos quatro poemas narrativos que o compe, "O Sonho de Rhonabry", descreve a luta dorei Arturcontra osromanos. Aps ser trado por seu sobrinhoMorderete(posteriormente transformado num filho ilegtimo,Sir Mordred) e mortalmente ferido, o rei levado pelas fadas para a mtica ilha de Avalon, onde elas residem.Em1155, oRoman de Brutde Wace retoma as aventuras lendrias de Artur e seus cavaleiros. Em destaque, a figura da fadaVivianaque cria, no lago onde vive, um menino que havia encontrado abandonado (e que, futuramente, se transformaria emSir Lancelot, oCavaleiro do Lago). Posteriormente, a personalidade de Viviana sofre transformaes ao longo de diversas histrias: de protetora de Lancelot, torna-se companheira do magoMerline, finalmente, surge como uma "sedutora maligna"11que aprisiona o mago num crculo mgico.Ainda no sculo XII, osLais de Marie de Francecumpriram o papel de diluir a cultura cltico-bret pelas cortes de toda aEuropae facilitar sua absoro pelo cristianismo. Neste processo, no entanto, os mitos poticos celtas gradualmente perderam sua dimenso sobrenatural. Conforme assinala Graves,12embora o cristianismo possua um forte elemento mtico, esta palavra adquiriu aps ele um significado de "fantasioso, absurdo, no-histrico". Os culpados por isso teriam sido justamente ostrovadoresfranco-normandos, que transformaram o que era originalmente uma "linguagem mgica"13em vulgaresromances de cavalaria.A evoluo dos contos de fadas

Chapuzinho Vermelho divide o leito com o lobo (ilustrao de Gustave Dor).Diferentemente do que se poderia pensar, os contos de fadas no foram escritos para crianas, muito menos para transmitir ensinamentos morais (ao contrrio dasfbulasdeEsopo). Em sua forma original, os textos traziam doses fortes deadultrio,incesto,canibalismoe mortes hediondas. Marina Warner, especialista em histrias infantis da Universidade de Essex, na Inglaterra, diz que "a fome e a mortalidade infantil serviam de inspirao" para os contos de fadas, surgidos em sua maioria na Europa da Idade Mdia.14Segundo registra Cashdan:15Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reunies sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam - no nas creches.

Mais adiante, Cashdan15exemplifica: por isso que muitos dos primeiros contos de fada incluamexibicionismo,estuproevoyeurismo. Em uma das verses deChapeuzinho Vermelho, a herona faz umstripteasepara o lobo, antes de pular na cama com ele. Numa das primeiras interpretaes deA bela adormecida, o prncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grvida. E no contoA Princesa que no conseguia rir, a herona condenada a uma vida de solido porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma bruxa.

Ainda conforme Cashdan,16"alguns folcloristas acreditam que os contos de fada transmitem 'lies' sobre comportamento correto e, assim, ensinam aos jovens como ter sucesso na vida, por meio de conselhos.()A crena de que os contos de fada contm lies pode ser, em parte, creditada a Perrault, cujas histrias vem acompanhadas de divertidas 'morais', muitas das quais inclusive rimadas". E ele conclui: "os contos de fada possuem muitos atrativos, mas transmitir lies no um deles".17Fadas em transio

ARainha Mab.Depois de seu aparecimento no ciclo literrio da "matria da Bretanha" nos sculos XII e XIII, atravs deMaria de FranaeChrtien de Troyes, entre outros, as fadas voltaram ao centro das atenes com a figura ambgua deMelusina(druidesaou fada? mulher ouserpente?), personagem doromanceMelusine, publicado nosculo XIVna Frana e que fez sucesso por mais de 100 anos.A partir dosculo XVI, os contos de fadas (ainda pensados para adultos), comearam a ser reunidos em coletneas, entre as quais se destacam:Noites prazerosas, de Straparola (sculo XVI): escritas por Gianfrancesco Straparola da Caravaggio em duas etapas (1550e1554). Ele reuniu nesta coletnea vrias narrativas contadas nas diversas provncias italianas.O conto dos contos, de Basile (sculo XVII): coletnea escrita por Giambattista Basile, foi publicada pela primeira vez emNpoles, em1634. Nela, Basile recria contos de fada (ou "de encantamento") da tradio popular napolitana, tendo como narrativa-moldura a histria de Zoza, uma princesa melanclica que nada fazia sorrir. O subttulo da obra,Pentameron, uma aluso aoDecamerondeBocaccio, e tambm ao fato de que a narrativa transcorre ao longo de cinco dias ("penta"=cinco).Dos contos de Basile saram alguns outros posteriormente popularizados por Perrault: "Cogluso" a base de "O Gato de Botas"; "Sole, Luna e Talia" deu origem a "A Bela Adormecida"; de "Zezolla" surgiu "A Gata Borralheira" etc.ORenascimentoveria ainda o surgimento de vrias outras obras influenciadas pela atmosfera mgica cltico-bret. O prprioShakespeareapresenta um rei dos duendes (Oberon), uma rainha das fadas (Titnia) e umduende(Puck) em sua pea "Sonho de uma noite de vero". Mesmo numa obra mais "sria", como "Romeu e Julieta", oBardointroduz uma fada, aRainha Mab. nesta mesma tradio queCamesapresenta em "Os Lusadas" o episdio daIlha dos Amores, uma reminiscncia da ilha deAvalone dasIlhas Afortunadashabitadas pelas fadas, onde os navegantes portugueses so acolhidos por "ninfas" aps "seus esforados trabalhos". Todavia, em fins do sculo XVII este contedo ferico j havia sido esvaziado do seu significado mtico original, e, cada vez mais passou a ser visto apenas "como uma relquia esquisita da infncia da humanidade".13Romances preciososDe fins do sculo XVII at pouco antes daRevoluo Francesanosculo XVIII, a decadncia doracionalismoclssico deu margem ao surgimento de uma literatura "extra-oficial" que celebrava a "exaltao da fantasia, do imaginrio, do sonho, do inverossmil".18Em sua produo e divulgao destacou-se o papel daspreciosas, mulheres cultas que reuniam em seus "sales" a elite intelectual da poca, muitas vezes para apreciar exclusivas dramatizaes de contos de fadas.Uma daspreciosasmais conhecidas, tanto por sua produo literria quanto por sua vida escandalosa, foi a jovem baronesa Madame D'Aulnoy, que em1690publicou o "romance precioso"Histria de Hiplito, onde h um episdio, a "Histria de Mira", protagonizado por uma fada. Mira transformou-se num sucesso e lanou moda na corte francesa, fazendo com que Mme. D'Aulnoy escrevesse mais oito romances fericos entre1696e1698, dentre os quais se destacamContos de Fadas,Novos Contos de FadaseIlustres Fadas. Nas pginas destas obras surgem contos como "O pssaro azul", "A princesa de cabelos de ouro", "O ramo de ouro", posteriormente reaproveitados como literatura infantil.O ambiente propcio criado pelos romances preciosos possibilitou a acolhida deAs mil e uma noitesno incio do sculo XVIII, e perdurou at fins do sculo, quando, entre1785e1789foi publicada a srie "Gabinete de Fadas - Coleo Escolhida de Contos de Fadas e Outros Contos Maravilhosos". Seus 41 volumes, escritos por vrios autores, marcam o fim deste tipo de produo literria voltado exclusivamente para o pblico adulto.Contos de fadas para crianasAs verses infantis de contos de fadas hoje consideradas clssicas, devidamente expurgadas e suavizadas, teriam nascido quase por acaso na Frana dosculo XVII, na corte deLus XIV, pelas mos deCharles Perrault.19Para Sheldon Cashdan, em referncia aos pases delngua inglesa, a transformao dos contos de fadas emliteratura infantil(ou sua popularizao) s teria mesmo ocorrido nosculo XIX, em funo da atividade de vendedores ambulantes ("mascates") que viajavam de um povoado para o outro "vendendo artigos domsticos, partituras e pequenos volumes baratos chamados dechapbooks".Esteschapbooks(oucheap books, "livros baratos" em ingls), eram vendidos por poucos centavos e continham histrias simplificadas do folclore e contos de fadas expurgados das passagens mais fortes, o que lhes facultava o acesso a um pblico mais amplo e menos sofisticado.Perrault e a Me Gansa[editar|editar cdigo-fonte]

Ilustrao deContes de ma Mre l'OieporGustave Dor.Em1697, Perrault publicouContes de ma Mre l'Oye("Contos da minha Me Gansa"), uma coletnea de narrativas populares folclricas e que, num primeiro momento, no se destinavam a crianas, mas a embasar a defesa da literatura francesa (considerada inferior aos clssicos greco-romanos por acadmicos da poca) e da causafeminista, que possua como uma de suas lderes a sobrinha de Perrault,Mlle. Hritier. As duas primeiras adaptaes ("A pacincia de Grislidis", de1691e "Os desejos ridculos", de1694) reforam esta tese. Apenas em1696, com a adaptao de "A Pele de Asno" que Perrault manifesta a inteno de escrever para crianas, principalmente meninas, orientando sua formao moral.AMre l'Oyeera uma figura familiar dos velhos contos folclricos franceses, sempre cercada pelos filhotes que ouviam suas histrias fascinados. Todavia, pelo hbito das mulheres contarem histrias enquanto teciam durante os dias longos de inverno, a capa do livro foi ilustrado com a vinheta de uma velha fiandeira, no de uma gansa. AMre l'Oyepassou ento a ser associada com a figura da fiandeira, que ganhou nomes locais nos vrios pases onde os contos foram traduzidos ("Carochinha", por exemplo).Principais contos da "Mre l'Oye": A Bela Adormecida no Bosque, Chapeuzinho Vermelho, OBarba Azul,O Gato de Botas, As Fadas, AGata Borralheira, Henrique de Topete eO Pequeno Polegar.Gabrielle-Suzanne Barbot[editar|editar cdigo-fonte]Gabrielle-Suzanne Barbotde Villeneuve (La Rochelle, 1695 Paris, 1755) uma escritora francesa e autora da mais antiga verso da fbula A Bela e a Fera. Suas principais influncias so Madame d'Aulnoy, Charles Perrault e outros autores preciositas. A primeira verso deA Bela e a Ferafoi publicada no La jeune ameriquaine, et les contes marins contendo mais de cem pginas envolvendo uma fera genuinamente selvagem. Sua verso foi re-escrita e publicada porJeanne-Marie Leprince de Beaumont(1711-1780), tornando-se esta a verso mais comum. Jeanne-Marie foi autora de mais de 70 volumes, mas, injustamente, atualmente s conhecida como autora de "A Bela e a Fera".Os Irmos Grimm e o Esprito Teutnico[editar|editar cdigo-fonte]

Capa da edio de 1812 deKinder und Hausmaerchen.Depois de atravessar uma fase de desinteresse por parte do pblico adulto aps aRevoluo Francesa, os contos de fadas despertaram novamente a ateno dos pesquisadores no incio dosculo XIX, graas aos estudos deGramtica Comparadaque, tomando osnscritopor base, buscavam descobrir a evoluo das diversas lnguas e dialetos, e assim, determinar a identidade nacional de cada povo.Tendo isto em mente, mais de 100 anos aps Perrault ter publicado as histrias da Me Gansa, os folcloristas Jacob e Wilhelm Grimm, integrantes do Crculo Intelectual deHeidelberg, efetuaram um trabalho de coleta de antigas narrativas populares com o qual esperavam caracterizar o que havia de mais tpico no esprito do povo alemo (mesmo que muitas destas narrativas originalmente nada tivessem de germnicas). Como principais fontes da tradio oral, os Grimm se valeram da prodigiosa memria da camponesa Katherina Wieckmann e de uma amiga da famlia, Jeannette Hassenpflug, de ascendncia francesa.Como resultado de sua pesquisa, entre1812e1822, os irmos Grimm publicaram uma coletnea de 100 contos denominadaKinder und Hausmaerchen("Contos de fadas para crianas e adultos"). As inmeras semelhanas de episdios e personagens com aqueles das histrias de Perrault evidenciam que mais do que um fundo comum de fontes folclricas, os Grimm podem ter simplesmente lanado mo de adaptaes das histrias recolhidas pelo estudioso francs.Principais contos de "Kinder und Hausmaerchen": Pele de Urso, A Gata Borralheira eJoo e Maria.Andersen: o "Pai" da Literatura Infantil[editar|editar cdigo-fonte]J imbudo do forte (e melanclico) esprito doRomantismo, o poeta e romancistadinamarqusHans Christian Andersenescreveu cerca de duzentos contos infantis, parte retirados da cultura popular, parte de sua prpria lavra. Publicados com o ttulo geral deEventyr("Contos"), entre1835e1872, eles consagraram Andersen como o verdadeiro criador da literatura infantil.Principais contos de "Eventyr":A Roupa Nova do Imperador,O Patinho Feio, Os Sapatinhos Vermelhos,A Pequena Sereia, A Pequena Vendedora de Fsforos,A Princesa e a Ervilha.Carroll e Collodi: o "fantstico absurdo"Na segunda metade do sculo XIX, os contos de fadas comeam novo ciclo de decadncia. Em lugar do sobrenatural, ononsensede base racionalista. O principal representante desta nova escola Lewis Carroll, a partir do livro "Alice no Pas das Maravilhas", de1865. Outro que obteve xito em fundir o maravilhoso com o racionalismo foi o italianoCarlo Collodi, que em1883publicou "Pinquio", um dos maiores sucessos da literatura infantil mundial. ali que surge no somente o boneco cujo sonho era se transformar em gente, mas aFada Azul, uma benfeitora mgica capaz de transformar sonhos em realidade.

RefernciasRetomada traduo de Machado de Assis(em portugus)Estado(23 de maro de 2001). Visitado em 29 de fevereiro de 2012.Ir para cimaAt tu, Machado?(em portugus)Abril.com(20 de maro de 2002). Visitado em 29 de fevereiro de 2012.