Literatura do pré modernismo
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LITERATURA
- PRÉ-MODERNISMO -
ANO
1902 - 1922
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LITERATURA DO PRÉ-MODERNISMO
IDEOLOGIA
Enquadra obras que dialogam com a tradição, possuindo muitos resquícios dela, e que também já
apresentam elementos modernistas mesclando estilos: traços culturais do século XIX e busca por
novas formas de expressão literária. Há a denúncia da realidade brasileira e um certo enfoque
regionalista.
RUPTURA COM O PASSADO, com os academicismo ( apesar de algumas posturas que possam ser
consideradas conservadoras, há esse caráter inovador em algumas obras).
DENÚNCIA DA REALIDADE BRASILEIRA, nega-se o Brasil herdado do Parnasianismo e do
Romantismo; o “ Brasil-não-oficial” do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos surbúbios
(principalmente Rio de Janeiro), é o grande tema do Pré-Modernismo.
REGIONALISMO, monta-se um vasto painel Brasileiro: o Norte e o Nordeste; O Vale o Paraíba; e o
Interior Paulista. O Espírito Santo; O Subúrbio carioca e o Sul.
TIPOS HUMANOS MARGINALIZADOS PELA SOCIEDADE, O Sertanejo, o Caipira, os Funcionários
Públicos, Os Mulatos.
LIGAÇÃO COM FATOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS, a distância entre a
realidade e a ficção fica menor.
CONTEXTO HISTÓRICO
É importante destacar a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, contra o governo de Floriano Peixoto,
em 1983, porque é descrita na obra de Lima Barreto, assim como a Guerra dos Canudos, que é
fundamentado na Obra de Euclides da Cunha.
O século XX inicia-se com os conflitos que, em 1914, culminam na Primeira Guerra Mundial.
Na Europa, as inovações tecnológicas e científicas contribuem para novas formas de ver o mundo,
inclusive na arte. Novos experimentos estéticos dão origem a movimentos artísticos denominados
vanguardas.
No Brasil, a releitura do nacionalismo é um elemento comum aos autores da época, motivada pelo
contexto social. Nas primeiras décadas do século XX, há a consolidação da República e da política
do café com leite, que impõe ao país os interesses de cafeicultores paulistas e pecuaristas mineiros.
Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, em plena industrialização, atraíam migrantes e
imigrantes em busca de novas chances, mas nelas viam-se a desigualdade e a exclusão dos
escravizados
libertos. Nesse novo contexto, o nacionalismo mais superficial dá lugar ao nacionalismo crítico, com
o questionamento das formas de modernização e urbanização do Brasil, olhando para suas contradi-
ções, inclusive para o distanciamento entre o centro e as demais regiões do país.
Dialogando com essa proposta, a literatura pré-modernista propõe-se a realizar o retrato do
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brasileiro anônimo, com distanciamento e objetividade, mas conservando a linguagem literária do
século XIX – ou seja, sem inovações na concepção estética. Por esse motivo, considera-se o Pré-
Modernismo uma fase de transição, e não uma corrente literária.
As reflexões do Pré-Modernismo são influenciadas pelas teorias científicas do século XIX, como o
evolucionismo e o determinismo. Os escritores abordam os problemas sociais levando em considera-
ção a influência da história, do meio e da raça, mas em geral rejeitando o determinismo fatalista dos
naturalistas. Retomam, igualmente, os princípios de observação e análise do Realismo, que
possibilitam
o retrato dos cidadãos comuns em sua rotina e situação social.
Algumas obras desse período ainda apresentam certa influência da estética parnasiana, embora os
autores em geral tenham optado por se aproximar da linguagem real do brasileiro médio, afastando-
se da padronização e do formalismo do Parnasianismo, que era preferência das elites, e buscando
linguagem semelhante à jornalística.
PRINCIPAIS AUTORES E SUAS RESPECTIVAS OBRAS
GRAÇA ARANHA
Quem Foi
José Pereira da Graça Aranha nasceu no dia 21 de
junho de 1868, no Maranhão.
Cursou Direito em Recife e foi trabalhar como juiz
no Rio de Janeiro e no interior do Espírito Santo.
Em 1902 publicou o romance Canaã e viajou
durante 20 anos percorrendo a Europa, onde teve
contato com os rumos que a arte moderna passou a
tomar.
Apoiador dos novos rumos artísticos modernistas,
Graça Aranha participou da Semana de Arte Moderna, ocorrida em fevereiro de 1922, em
São Paulo. Na ocasião, foi o responsável pelo discurso inicial. Foi um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras em 1897, porém, não havia publicado nenhuma obra.
Pontos Mais Importantes
Homem de grande prestígio em sua época
Traços naturalistas e realistas em suas obras
Teve participação ativa na revolução modernista (1922-1930)
Sua importância literária se deve à publicação de um livro: o romance, "Canaã".
CANAÃ (1902)
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Obra mais importante do autor
Romance de tese, a imigração alemã no ES; principais personagens Milkau, Lentz, Maria
Perutz
Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes alemães que se estabelecem
em Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a integração e a
paz, admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando no dia que a
Alemanha invadirá e conquistará aquela terra.
Ainda assim, ambos se unem e trabalham juntos na terra e prosperam. Mais tarde aparece
Maria, filha de imigrantes pobres, que é abandonada ao léu quando morre seu protetor e lhe
abandona o amante, que pensava ser seu futuro marido.
Vagando, tomada como louca e prostituta, é rejeitada até na igreja antes de ser salva por
Milkau, quem conheceu uma vez em uma festa e vai morar numa fazenda. Lá continua a ser
maltratada até que um dia seu filho é morto por porcos e ela é acusada de infanticídio. Na
cadeia Milkau passa a visitá-la enquanto ela é repudiada pela cidade inteira. Por fim a salva com
uma fuga no meio da noite.
A história em si é apenas pano de fundo para as discussões ideológicas entre Milkau e Lentz,
somando-se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta administração brasileira da época
(notavelmente no capítulo VI).
EUCLIDES DA CUNHA
Quem foi Euclides da Cunha nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866 e morreu neste mesmo estado, em 1909, aos 43 anos de idade.
Era engenheiro, porém seu talento literário não passava despercebido, e, logo recebeu um convite para ser correspondente do jornal “O Estado de S.Paulo”, este fato ocorreu durante o período da Guerra de Canudos. Escreveu : Peru versus Bolívia, Contrastes e Confrontos e A Margem da História, sendo sua principal obra ” Os Sertões “ Sua vida privada foi repleta de contrariedades e grandes dificuldades financeiras. No ano de 1909 ele prestou concurso para o magistério. Apesar de ter sido aprovado ele não teve tempo de assumir o cargo, pois, foi assassinado pouco tempo depois. Sua obra é rconhecida até os dias de hoje e seus livros são lidos pelos apreciadores da literatura brasileira.
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Pontos Mais Importantes
Estilo rebuscado de escrita (barroco científico)
Obras com nítidas influências deterministas
OS SERTÕES
Obra posta entre a literatura, o jornalismo e a sociologia, baseada na Guerra de
Canudos.
Marco da Independência intelectual Brasileira
O autor, adepto do determinismo, teoria que afirma ser o homem influenciado
(determinado) pelo meio, pela raça e pelo momento histórico, dividiu Os sertões em
três partes, a saber: A terra (o meio), O homem (a raça) e A luta (o momento).
Este livro é dividido em três partes:
A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da
Cunha, mostrando todas as características do lugar, o clima, as secas,
a terra, enfim.
O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo
Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com
o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e
costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder
de Canudos. Apresenta se caráter, seu passado e relatos de como era
a vida e os costumes de Canudos, como relatados por visitantes e
habitantes capturados. Estas duas partes são essencialmente descritivas, pois na verdade
“armam o palco” e “introduzem os personagens” para a verdadeira história, a Guerra de
Canudos, relatada na terceira parte,
A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as
quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da
fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. Retratando minuciosamente
movimento de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das ações e mostra
casos isolados marcantes que demonstram bem o absurdo de um massacre que começou por
um motivo tolo – Antônio Conselheiro reclamando um estoque de madeira não entregue –
escalou para um conflito onde havia paranóia nacional pois suspeitava-se que os “monarquistas”
de Canudos, liderados pelo “famigerado e bárbaro Bom Jesus Conselheiro” tinham apoio
externo. No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais
fraco resistiu até o fim com seus derradeiros defensores – um velho, dois adultos e uma criança.
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MONTEIRO LOBATO
Quem Foi
Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de
renovações nos livros didáticos e infantis. Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil. Pontos Mais Importantes
Um dos maiores ativistas culturais de todos os tempos
Como escritor pré modernista lançou livros de contos: Urupês, Cidades Mortas, nos quais
revela a face tragicômica e miserável do Caipira do interior do vale do Paraíba (SP),
principalmente através do personagem Jeca Tatu
Nas décadas de 1920 e de 1930, preocupado com o desenvolvimento cultural e econômico
do Brasil, denuncia os absurdos ocorridos no país em artigos e livretos, o que lhe rendeu
uma prisão.
Paralelamente à sua produção literária “ adulta ”, escreve uma série de histórias infanto-
juvenis, com personagens fascinantes(Emília, Dona Benta, Saci-Pererê ... _ num ambiente
rural). O Conjunto dessas obras é denominada “ Sítio do Picapau Amarelo ”, não havendo
nenhuma obra literária escrita por monteiro lobato com este título, sendo as infantis mais
conhecidas Reinações de Narizinho e Emília no País da Gramática por exemplo.
O urupês
Os contos de Urupês têm como cenário cidades interioranas de São Paulo – todas sintetizadas em localidade fictícia: Itaoca. Ali, desenrolam-se os episódios, narrados com o mesmo sabor que o caipira confere aos causos que conta ao pé do fogo, pitando seu cigarro de palha. Em alguns contos (“A vingança da peroba”, por exemplo), o narrador se comporta como elo de uma cadeia narrativa que o transcende e na qual acaba por incluir o leitor. No entanto, a marca de um escritor acostumado à reflexão se faz sentir no didatismo que domina muitas das aberturas das narrativas. Encontramos ali explanações de cunho moralista, que introduzem o assunto. Aparentemente, para Lobato, a literatura não podia apenas deleitar; era fundamental extrair dela uma utilidade didática, um aprendizado existencial.
Quando o narrador de “A colcha de retalhos” faz uma nova visita a uma família interiorana, monta o mesmo cavalo usado na visita anterior, esclarecendo que o faz
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“por amor à simetria”. De certa maneira, os contos de Urupês flagram momentos em que a simetria é desfeita e o previsível não ocorre. Instaura-se o mistério, que se associa aos meandros do ser humano, cujas atitudes nem sempre são explicáveis ou compreensíveis. O conto “Os faroleiros”, por exemplo, está repleto de perguntas sem resposta. Justamente em busca de uma resposta, o narrador de “Velha praga” se depara com a figura do Jeca Tatu, que acaba por tornar imortal no cenário cultural brasileiro. Se em todos os contos há alguma referência à decadência do campo, o Jeca pode ser entendido como síntese da obra. Ele é o atraso que precisa ser superado: sua preguiça agride a otimização da produtividade, essencial ao sucesso econômico que Lobato almejava para o Brasil. Contra o atraso, opõe-se a educação, o processo civilizatório que precisava chegar ao campo. O estilo de Lobato vai na mesma direção progressista: contrário aos exageros puristas de seguimento estrito da norma culta, explorou cada vez mais o coloquialismo. É o que se vê, por exemplo, em “Os faroleiros”: “Escuridão, não direi de breu, que não é o breu de sobejo escuro para referir um negro daqueles. De cego de nascença, vá”. E é ainda o que se pode perceber no título original de “A vingança da peroba”: “Chóóó! Pan!” – uma onomatopeia imitativa do barulho do monjolo em funcionamento. Tais procedimentos conferem modernidade a esse grande inimigo dos modernistas que foi Lobato.
Reinações de Narizinho
Apesar da maioria das aventuras se passarem no próprio Sitio do Picapau Amarelo, em alguns
momentos Narizinho e seus amigos se aventuram por outros espaços, como o Reino das Águas claras,
onde conhecem o Príncipe Escamado. Na realidade, o Reino das Águas claras fica no ribeirão que
passa pelo Sitio, mas para Narizinho e Emília é um mundo novo e mágico.
As Reinações de Narizinho
É justamente em uma dessas aventuras mágicas que a boneca Emília aprende a falar: ela recebe uma
pílula mágica do Doutor Caramujo e torna-se a boneca falante – não apenas da língua das pessoas,
mas também da língua das abelhas e das formigas.
É então que a dona de Emília, Narizinho, começa a imaginar que seja melhor arranjar um casamento
para a boneca. É nesse momento que surge o enlace de Emília com Rabicó, o porquinho que Pedrinho
e Narizinho dizem ser marquês – e assim, ao casar-se com ele, Emília torna-se a Marquesroa de
Rabicó.
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Outro casamento aproxima-se: o Príncipe Escamado está apaixonado por Narizinho, e deseja casar-
se se com a menina. Mas na cerimônia, acaba dando tudo errado porque Rabicó come a coroa, na
realidade uma rosquinha de polvilho.
Depois, os amigos do Reino das Águas claras vão visitar a turma no Sitio, onde mais confusões
acontecem: entre elas, a Miss Sardine acaba na panela da Tia Nastácia. Em outra ocasião, os
personagens dos contos de fadas, como Branca de Neve, Cinderela, Aladim e o Gato de Botas vão
visitar o Sitio, para o deleite de Narizinho e Pedrinho.
Há ainda outro personagem de contos tradicionais que aviva as aventuras da turma do Sitio do Picapau
Amarelo: após ouvir a história de Pinóquio de Dona Benta, eles decidem criar um irmão do Pinóquio
de madeira nacional. Assim nasce o João Faz de Conta, irmão brasileiro de Pinóquio com quem eles
vivem diversas reinações.
Por último, a turminha de As reinações de Narizinho faz duas excursões a reinos distantes com a ajuda
do pó de pirilim pimpim: primeiro eles vão ao País das Fábulas, onde interagem com fábulas de La
Fontaine; depois, tentando voltar, erram na quantidade do pó e vão parar no País das Mil e Uma Noite.
PENSANDO SOBRE A OBRA
Reinações de Narizinho
Desde seu surgimento, “Reinações de Narizinho” vem fazendo parte da nossa cultura, sendo várias
vezes adaptado para a televisão, teatro e rádio (nos anos 40, o livro serviu de base para um programa
infantil de rádio). Além disso, foi recentemente relançado em Edição de luxo pela Biblioteca Azul,
mostrando que continua presente no nosso imaginário até hoje. A obra é uma das mais importantes
da nossa literatura, pois além de dar asas á imaginação dos pequenos leitores, estimula o gosto pela
leitura e fala de assuntos importantes de se retratar, como por exemplo, no conto “O irmão do Pinóquio’,
em que Lobato faz uma crítica ao preconceito, mostrando que várias vezes as pessoas julgam os
outros pela aparência e pelo o que parecem ser.
LIMA BARRETO
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Lima Barreto (1881-1922) foi escritor e jornalista
brasileiro. Filho de pais pobres e mestiços sofreu
esse preconceito em toda sua vida. Logo cedo
ficou órfão de mãe. Estudou no Colégio Pedro II
e ingressou na Escola Politécnica, no curso de
Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado,
obrigando Lima Barreto a abandonar o curso de
Engenharia. Para sustentar a família, empregou-
se na Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo,
escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro.
Ao produzir uma literatura inteiramente
desvinculada dos padrões e do gosto vigente,
recebe severas críticas dos letrados tradicionais.
Explora em suas obras, as injustiças sociais e as
dificuldades das primeiras décadas da
República. Com seu espírito inquieto e rebelde,
Lima Barreto entrega-se ao álcool.
Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13
de maio. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos
mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe
professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe.
Lima Barreto estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no
Colégio Pedro II, local onde estudava a elite litrária da época. Sempre com a ajuda
de seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto, ingressou na Escola Politécnica do Rio
de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904 foi obrigado a abandonar
o curso, pois, seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três irmão agora era
responsabilidade dele.
Em 1904 consegue emprego de escrevente copista na Secretaria de Guerra, ao
mesmo tempo que colabora com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda
estudante já colaborava para a Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em
1905 passa a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio.
Em 1909 Lima Barreto publica o romance "Recordações do Escrivão Isaías
Caminha". O texto acompanha a trajetória de um jovem mulato, que vindo do interior
sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915 escreve "Triste Fim de Policarpo
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Quaresma", e em 1919 escreve "Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá". Esses três
romances apresentam nítidos traços autobiográficos.
Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa
preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto
torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos
escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que
revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.
A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de
Policarpo Quaresma". Nela o autor conta o drama de um velho aposentado, O
Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.
Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu
inconformismo com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes
depressões o levam duas vezes para o hospital. Em 01 de novembro de 1922 morre
de um ataque cardíaco.
PONTOS MAIS IMPORTANTES
Seu estilo é uma combinação explosiva de sua vida pessoal com a Racista república velha
Seus romances são uma mistura de ficção, documentário e crítica, além de profundamente
autobiográficos
O preconceito racial, as oligarquias corruptas, a burocracia, o militarismo, os políticos e os
intelectuais são os alvos prediletos de suas críticas
Foi um escritor eminentemente Brasileiro. Romancista da vida nos subúrbios , da gente
humilde, dos marginalizados (mulatos, loucos, alcoólatras, pobres).
Linguagem antiacadêmica, informal, jornalística e panfletária. A espontaneidade é sua marca.
Recordações do Escrivão Isaías Caminha
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Para quem conhece a biografia de Lima Barreto, é fácil
associá-lo a Isaías Caminha. De fato, em sua tentativa de
ascensão profissional, o escritor enfrentou os mesmos
preconceitos raciais que serviram de obstáculo ao
personagem. Mas Isaías possui uma dimensão simbólica:
ele encarna a crítica ao carreirismo – algo sempre
combatido por Lima Barreto, que só acreditava na
meritocracia.
Além disso, Isaías é movido pelo desejo de glória pessoal,
colocando-se muito distante de qualquer postura coletivista
mais consequente. Assim, pode-se dizer que Isaías se
associa a Lima Barreto no início, mas acaba se
transformando naquilo que este último combatia.
A trajetória de Isaías Caminha encerra um dilema
interessante: de um lado, a simpatia pelos famintos; de
outro, o terror de se tornar um deles. A primeira postura o
leva ao Rio de Janeiro, em busca de estudo e de uma formação que lhe permita lutar pelos
desvalidos. Seu projeto humanitário é, no entanto, frustrado pela própria sociedade, que o
impede de levá-lo adiante ao não lhe conceber oportunidades em função de sua condição
de mulato. Sem saída, Isaías cai no pânico da fome, tornando-se alguém capaz de fazer
qualquer coisa para sobreviver, o que o levará à ambição desmedida e à presunção
orgulhosa. Desse modo, o livro se coloca como denúncia do preconceito, mas não apenas
sob o prisma de seus desdobramentos sociais, mas abordando também o que ele pode
provocar na formação do caráter.
Isaías Caminha acaba abdicando de todos os seus sonhos, traindo seus ideais. O leitor
conhece esse resultado desde o começo da narrativa, em nota assinada por Lima Barreto.
Portanto, esse destino pode ser visto como manifestação de fatalismo, que também
aparece em outro romance famoso do escritor, Triste Fim de Policarpo Quaresma. Tal
fatalismo não tem, necessariamente, ligação com a questão racial – trata-se, acima de tudo,
de uma visão pessimista do homem.
A narrativa de Recordações do Escrivão Isaías Caminha tem como fio condutor uma
sucessão de episódios mais ou menos soltos. O que poderia ser um defeito do livro,
tornando-o desconjuntado, serve, na verdade, como estratégia expositiva do painel social
que ele também pretende ser.
De fato, a vida cultural carioca aparece na galeria de tipos e situações que desfilam pelas
páginas do romance. Personagens como o médico medíocre que alça posições no Serviço
Médico da Polícia ou o escritor que é estimulado a escrever auto-elogios simbolizam
aspectos negativos da intelectualidade brasileira, como a mesquinharia, a corrupção e o
jogo de interesses. O traço mais forte que sobressai desse retrato impiedoso é a hipocrisia,
presente tanto na postura do próprio jornal, que apontava péssimas condições de higiene
em instituições públicas e mantinha a mesma situação em seu próprio ambiente, quanto no
comportamento de um colega de redação de Isaías, o Leiva, que, embora assuma postura
humanitária, mostra-se “indiferente aos destinos da turba, dando uma esmola em dia de
mau humor e preocupado com uma ruga no fraque novo que viera do alfaiate”.
A narrativa é conduzida no estilo que caracterizou a obra do escritor: linguagem despojada.
Uma linguagem muito distante das exigências formalistas que dominavam a literatura
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imediatamente anterior à eclosão da Semana de Arte Moderna de 1922, da qual Lima
Barreto foi, sob certos aspectos, precursor.
Triste Fim de Policarpo Quaresma
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, narra a trajetória de Policarpo Quaresma, um patriota ímpar, que causa estranheza nas pessoas pelos seus ideais e coragem. O livro é dividido em três partes. A primeira começa descrevendo a rotina do Major Policarpo Quaresma. Major que não era major realmente; era um apelido. Policarpo era um homem respeitado pela vizinhança, mas ao mesmo tempo o estranhavam, por causa de seu amor pelos livros e pelo patriotismo exaltado. Começou a aprender violão, o que causou mais espanto em seus vizinhos. Seu professor de música se chamava Ricardo Coração dos Outros; seu amigo que irá lhe acompanhar até o fim. Além de aprender violão, também se dedicava aos estudos do tupi-guarani. Nem seus vizinhos, nem seus colegas de trabalho o compreendiam. Policarpo buscava coisas verdadeiramente
brasileiras, desde comida, até a vestimenta. O auge de seu amor pela pátria foi quando fez um ofício para o ministro, escrito em tupi, defendendo que a língua oficial deveria ser então essa. Como consequência, foi internado por seis meses em um hospício, recebendo a visita apenas de Olga com seu pai. Na segunda parte do livro, seguindo o conselho de sua afilhada Olga, Policarpo compra um sítio e se muda para lá com sua irmã. Chama o sítio de “O Sossego”. Retirado da cidade, surge uma nova paixão em Policarpo: a de estudar botânica e aproveitar ao máximo a terra brasileira, que segundo ele, era a melhor. Até que um dia o Tenente Antonino Dutra, escrivão, foi até a casa de Policarpo lhe pedir ajuda para a festa da Conceição. O major, contrário à política e das suas trocas de favores, nega ajuda. A partir de então os políticos da área começam a fazer de tudo para prejudicar o sítio; começam a cobrar taxas e impostos que não eram cobrados anteriormente, pedem para que seja capinado todo ao redor do sítio. Além disso, os lucros eram pequenos. Todos esses contratempos começaram a desanimar a Policarpo, que pensou que uma reforma agrária poderia até ser uma solução, mas que ainda era pequena diante de seus desejos de progresso para o Brasil. Policarpo queria uma mudança no governo. Na terceira parte, Policarpo volta para a cidade assim que sabe que está ocorrendo uma revolta. O major faz um memorial acerca de suas experiências com a agricultura e entrega ao Marechal Floriano. Sem dar muita importância, Floriano convida Policarpo para ingressar na revolta. Policarpo aceita e é listado como Major. Com a revolta, o cotidiano do Rio muda e a guerra acaba fazendo parte do cotidiano dos brasileiros. Ricardo, amigo de Policarpo, por ser considerado um patriota rebelde, é convocado para fazer parte como voluntário recalcitrante. Preocupado, Ricardo pede ajuda ao Major, que não pode fazer nada. Triste por estar afastado de seu violão, Ricardo continua a servir. No decorrer da guerra, Policarpo dá ordens,
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vai para troca de tiros e mata um homem. Muito arrependido e não acreditando ter feito isso, escreve a sua irmã num sentimento de perdão e culpa. Acabou se ferindo, levemente, mas precisava de cuidados e precisou se afastar por um tempo. A revolta tem seu fim e Policarpo é levado para uma prisão, sem um motivo que justifique. Quaresma se questiona por que sendo ele tão patriota e tão apaixonado pelo país, teria aquele fim. Sabendo da notícia da prisão, Ricardo tenta salvar o major a todo custo; procura o tenente Albernaz, o coronel Bustamante, que, mesmo sendo amigos de Policarpo, para não ficarem mal vistos, não fazem nada. Até que tem a ideia de procurar Olga, que mesmo contra a vontade de seu marido, vai até a prisão tentar liberar seu padrinho. Ao chegar lá e ouvir que seu padrinho é um traidor e bandido, Olga reflete que é melhor deixa-lo morrer com seu orgulho, como um herói.
Pensando Sobre a Obra
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance narrado em terceira pessoa, possui um
narrador que não julga os fatos, deixando assim livre o leitor para assumir sua posição; ou
de defesa ou de contrariedade. O narrador passa por papel de leitor de sua própria história,
narrando e esperando os acontecimentos. Em discussões entre os personagens, o narrador
não se posiciona, nem mesmo julga as suas atitudes. Assim, ao mesmo tempo que
sentimos pena da ingenuidade de Policarpo Quaresma, sentimos graça ao vermos tantos
projetos e preocupações incomuns. É a mesma visão que seus vizinhos possuem. Eles
diziam que Policarpo não vivia a realidade e que era em vão e estranho um homem que não
cursou a faculdade ler tantos livros. Policarpo não era compreendido e não se fazia
compreender, pois não buscava isso. Seu principal objetivo era repassar a cultura brasileira
e exaltar o que de melhor havia no Brasil. O texto faz uma intertextualidade com Dom
Quixote; o autor faz essa comparação tendo em vista que ambos não viviam a realidade,
viviam seus sonhos e objetivos, embora parecesse estranho para os outros.
As três partes em que são separadas o livro representam os três grandes sonhos do
personagem. Na primeira Policarpo começa a apreender violão. Ele busca nas modinhas
brasileiras o resgate da cultura. Na segunda, ele se muda para o sítio, buscando assim
retirar das terras brasileiras seu sustento e acreditando que com tanta terra fértil, o melhor a
ser feito era ser aproveitado. Já na terceira e última parte, o Major busca através de sua
participação na revolta transformar o país. Acontece que desde o título do livro já está
anunciado que o desfecho não será feliz. O brasileiro Policarpo, que tanto acreditava em
mudanças e melhoras, que tanto valorizava o que de mais brasileiro havia, acaba sendo
acusado de traidor, e morre na prisão. Ele, antes de sua morte, chega a conclusão que toda
a sua vida, sua luta e todos seus sonhos foram em vão. A pátria brasileira, pela qual ele
tanto sonhou e lutou, não existia.
SIMÕES LOPES NETO
João Simões Lopes Neto passou a infância nas estâncias de propriedade dos avós, no
interior do Rio Grande do Sul. Aos 13 anos partiu para o Rio de Janeiro, onde estudaria no
Colégio Abílio e, a seguir, na Faculdade de Medicina.
Por motivos de saúde, contudo, abandonou os estudos e retornou ao Sul, para residir em
sua cidade natal, Pelotas, onde trabalhou como professor, tabelião, funcionário público,
comerciante e industrial.
Em Pelotas, incentivou a vida cultural, escrevendo peças para grupos de teatro amador e
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participando de iniciativas que visassem à preservação das
tradições gaúchas. Atuou também na imprensa, nos jornais A
Opinião Pública e O Correio Mercantil, às vezes usando o
pseudônimo de João do Sul.
Principal figura do regionalismo rio-grandense, Simões Lopes
Neto deixou pequena obra de ficção: dezoito contos (in Contos
gauchescos, 1912) e algumas lendas (in:Lendas do Sul, 1913)
recontadas de maneira literária.
Os contos são narrados pelo vaqueano Blau Nunes, no qual,
segundo José Paulo Paes, Simões Lopes Neto "encarnou sua
nostalgia do velho Rio Grande, o Rio Grande do Império e da Primeira República, cuja rude
sociedade pastoril, com seu código de bravura pessoal, lhe forneceu os heróis e os motivos
de sua novelística".
O escritor narra suas histórias em primeira pessoa, o que concede autenticidade aos
ambientes e personagens. Às vezes, o linguajar prepondera sobre a trama, diminuindo a
força da narrativa, mas, em alguns casos, o drama dos personagens avulta, concedendo
vida a contos admiráveis. É o que acontece, por exemplo, em "Trezentas onças", "O boi
velho", "O chasque do imperador" e "Contrabandista".
Quanto às lendas, três são verdadeiras obras-primas: "A boitatá", "A Salamanca do Jarau"
e "O Negrinho do Pastoreio".
Após uma sequência de desastres no mundo dos negócios, Simões Lopes Neto faleceu em
completa pobreza.
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A ARTE PRÉ MODERNISTA NO BRASIL
O pré-modernismo foi um período de transição artística que aconteceu no
Brasil nas duas primeiras décadas do século XX. Esse movimento ganhou
maturidade e encontrou seu ápice em 1922, com a realização da Semana da
Arte Moderna.
Durante o pré-modernismo houve uma junção de elementos importantes
de escolas literárias anteriores, como o Parnasianismo, o Simbolismo, o
Realismo e o Naturalismo.
Esse período não chega a ser considerado como uma escola literária, mas
sim uma fase de intensa produção literária e artística que contou com um
grande número de representantes e movimentou a literatura brasileira.
O pré-modernismo também é conhecido como período sincrético. Nesse
momento, os autores começavam a expressar o inconformismo político e
social.
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VANGUARDAS EUROPÉIAS
FUTURISMO
Este movimento teve uma forte relação com a literatura do início
do século, influenciada em 1909 pelo Manifesto Futurista do poeta e escritor italiano
Filippo Tommaso Marinetti.
Na pintura, assim como na literatura, os futuristas- como a própria palavra sugere -
exaltavam o futuro e sobretudo a velocidade, que passou a ser conhecida e
admirada a partir da mecanização das indústrias e da crescente complexidade
social que ganharam os grandes centros urbanos.
Para os pintores ligados ao Futurismo, os outros artistas tinham
ainda uma visão estática da realidade, ignorando o aspecto mais evidente dos
novos tempos: o movimento veloz das máquinas, que provoca a superação do
movimento natural.
Em 1910, foi lançado em Milão outro manifesto futurista - dirigido particularmente à
pintura -, assinado por Umberto Boccioni , Carla Carrà, Luigi Russolo, Giacomo
Baila e Gino Severini.
Para esses artistas não interessava a representação de um corpo em movimento,
mas sim a expressão do próprio movimento. Como pretendiam evitar qualquer
relação com a imobilidade, recusaram toda representação realista e
usaram, além de linhas retas e curvas, cores que
sugerissem convincentemente a velocidade.
A seguir, constam algumas das obras feitas por pintores que participaram da
vanguarda futurista, com uma imagem da obra e em seguida um texto explicando o
motivo de tal obra ser considerada futurista.
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BOCCIONI,Umberto, "A carga dos lanceiros". Têmpera e colagem sobre papelão,
32 X 50.
A obra de Boccioni faz parte da vanguarda futurista pois, dentre os aspectos
do futurismo o autor usa a sensação de velocidade abstrata já que na obra tudo
parece está se movendo de um jeito meio indefinido. O uso de formas geométricas
para a representação do que se deseja também é uma marca característica do
futurismo. A dinamicidade da obra demonstra que ela faz parte do futurismo pois
isso também é uma característica marcante do futurismo. E além de tudo isso, a
obra representa o terror da uerra e da violência, como visto nos homens à cavalo e
os traços fortes e marcantes, algo muito recorrente nas obras futuristas.
BOCCIONI, Umberto, "O dinâmismo de um ciclista", óleo sobre tela 70
X 95.
Esta obra é futurista pois, como o próprio nome já diz ela representa o
movimentação, a dinâmica do ciclista. A obra não tem formas muito definidas,
apenas algumas formas geométricas que são uma das características da vanguarda
futurista assim como os aspectos mecânicos que vem do fato de ser uma pessoa
em uma bicicleta se locomovendo. A obra também dá uma sensação de velocidade,
que embora não consigamos sentir, podemos ver que ela está ali pelos traços mais
alongados dos artistas e pelo "deformação" do cenário de fundo.
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BOCCIONI, Umberto, "Estado de espírito”. Óleo sobre tela, 70,5 X
96.
Esta obra faz parte da vanguarda futurista pois nela está retratado um trem, que é
tudo que o futurismo retratava, que era a modernização e a maquinização de tudo.
A obra foi pintada quase toda ela com formas geométricas que era uma das
características do futurismo, para retratar a padronização da sociedade.
CARRÁ, Carlo. "Funeral do anarquista Galli", óleo sobre tela, 189 X
259.
Está obra faz parte da vanguarda futurista pois representa o movimento, que
é uma das características mais recorrentes nas obras futuristas. Este quadro
representa uma cena que aconteceu no funeral de um anarquista, onde as
autoridades não permitiram a entrada de outros anarquistas, com medo de que o
funeral se tornasse de cunho político (Fonte:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/08/11/pintura-funeral-do-anarquista-
galli-119201.asp, acesso: 02 de julho de 14) . Na obra é usada as já conhecidas
formas geométricas que muito acompanham a vanguarda futurista.
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BALLA, Giacommo. "Árvores mutiladas", óleo sobre
tela.
Esta obra de Giacomo Balla faz parte da vanguarda futurista pois saúda o
modernismo, com uma representação de uma floresta sendo desmatada
provavelmente podemos imaginar por alguma máquina. A obra passa a sensação
de movimento, como se tudo estivesse sendo distorcido. Nada está parado, está
tudo se movendo de um jeito dinâmico.
BALLA, Giacomo. "Velocidade do automóvel", óleo sobre
tela.
Esta obra pertence à vanguarda futurista pois ela representa a velocidade. Também
tem a saudação a modernidade em meio ao automóvel, que é algo muito
representado entre os futuristas. A imagem também é como se fosse várias
fotografias em seguida, que foi um meio dos artistas futuristas encontraram para
representar a velocidade. A obra é feita por formas geométricas que é muito comum
dentre os artistas futuristas, e a forma do objeto representado é deformado, algo
também muito comum quando dentre os futuristas.
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Velocitá d'Automobile, BALLA, Giacomo
Esta obra faz parte da vanguarda futurista, nela são encontradas características que
pertencem ao futurismo, como por exemplo a exaltação a máquina, a velocidade, e
ao progresso. Outra característica e que a obra não tem uma forma concreta e é
representada com muitas linhas e cores monótonas.
Velocitá Abstratta;BALLA, Giacomo; Coleção particular
Esta obra também faz parte da vanguarda futurista, pois como é muito comum nas
obras de Balla, ela exalta a máquina. A obra não tem uma forma concreta sendo
representada apenas por um várias linhas que servem para passar a sensação de
velocidade, e não para representar algum objeto, ou no caso o carro.
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Dnamisme d'une Automobile; RUSSOLO, Luigi; 1911
Esta obra faz parte da vanguarda futurista pois tem a clássica referencia a máquina.
Nesta obra, assim como muitas outras, ela não é uma representação da realidade e
sim é uma representação da sensação do "dinamismo" do automóvel.
Forças de uma Rua; BOCCIONI, Umberto; 1911
Nesta obra, Boccioni confunde um pouco dos aspectos do Cubismo e do
Impressionismo para representar uma rua à noite.
Automóvel + Velocidade + Luz; BALLA, Giacomo; Coleção
particular.
Esta obra de Balla pertence a estética futurista pois exalta três das principais
características do futurismo, que são a máquina, a velocidade e a luz. Essas três
características são representadas pelas linhas que passam sensações e não a
representação concreta do objeto.
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Ciclista; GONCHAROVA, Natália; 1911
Esta obra pertence a estética futurista pois representa o movimento, passa a
sensação de movimento, algo que os futuristas tentavam muito fazer, que é
trabalhar não só com a representação exata do objeto mas também com coisas de
formas abstratas.
Dinamismo de um Jogador de Futebol; BOCCIONI,
Umberto
Esta obra de Boccioni pertence a vanguarda futurista pois representa o movimento
do jogador. Mesmo que o jogador não tenha uma forma concreta na obra, ele esta
sendo representado pela tentativa de passar a sensação do movimento dele.
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Canhão em Ação; SEVERINI, Gino; 1915; óleo na tela.
Esta obra pertence a estética futurista pois retrata a guerra, algo que era marca dos
futuristas. Outra característica que faz pertencer ao futurismo é a referencia a
tecnologia, no caso, o canhão.
Motociclista; MONTE, Mario Guido Dal; 1927.
Esta obra pertence a vanguarda futurista pois representa o movimento do ciclista,
algo que os futuristas representavam bastante. Outra característica que faz ela ser
da estética futurista é que a obra faz representação da máquina, que no caso é a
motocicleta.
A FANTASIA INVADE A REALIDADE
Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as
incertezas políticas criaram um clima favorável para
o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição
humana diante de um mundo cada vez mais complexo
Surgem então movimentos estéticos que, interferindo de maneira
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fantasiosa na realidade, procuram denunciar a falta de sentido da civilização
contemporânea, como é o caso da pintura metafísica, do Dadaísmo
e do Surrealismo, cujas linhas mais significativas veremos a seguir.
A pintura metafisica
O artista mais conhecido desse movimento é Giorgio de Chirico (1888-1978). O
terna de suas obras são as paisagens urbanas.
Mas as cidades de seus quadros são desertas, melancólicas e iluminadas por uma
luz estranha. Os edificios, geralmente enormes e vazios, assumem um aspecto
inquietante e a cena parece ser dominada por um silêncio perturbador, como em O
Enigma da Chegada e O Regresso do Poeta
Alguns críticos viram, nesses elementos da pintura de Giorgio de Chirico, uma
oposição entre a técnica precisa com que o
artista compõe a cena e a inquietação que ela
desperta no espectador.
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O Dadá e o Surrealismo
Durante a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), artistas e intelectuais de diversas nacionalidades, contrários ao
envolvimento de seus países no conflito, exilaram-se em
Zurique, na Suíça. Aí acabaram fundando
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um movimento literário que deveria expressar suas decepções com o fracasso das
ciências, da religião e da Filosofia existentes até então, pois se revelaram
incapazes de evitar a grande destruição que assolava toda a Europa.
Esse movimento foi denominado Dadá, nome escolhido pelo poeta húngaro Tristan
Tzara. Ele abriu um dicionário ao acaso e deixou
seu dedo cair sobre uma palavra qualquer da página. O dedo indicou
a palavra "dada", que na linguagem infantil francesa significa "cavalo". Mas isso não
tinha a menor importância. Tanto fazia ser essa corno outra qualquer palavra, pois a
arte perdia todo o sentido, já que a guerra havia instaurado o irracionalismo no
continente europeu.
É preciso considerar também que os estudos de Freud chamavam a atenção para
um aspecto novo da realidade humana. Eles revelavam que muitos atos praticados
pelos homens são automáticos e independentes de um encadeamento de razões
lógicas.
Dessa forma, os dadaístas propunham que a criação artística se libertasse das
amarras do pensamento racionalista e sugeriam que ela fosse apenas o resultado
do automatismo psíquico, selecionando e combinando elementos ao acaso. Na
pintura, essa atitude foi traduzida por obras que usaram o recurso da colagem.
Só que agora a intenção não é plástica e sim de sátira e crítica aos
valores tradicionais tão valorizados, mas responsáveis pelo caos em que
se encontrava a Europa.
SURREALISMO
O Dadaísmo , e principalmente o seu princípio do automatismo psicológico,
propiciou a aparecimento do Surrealismo, na França, em 1924. O poeta e escritor
André Breton (1896-1966) liderou a criação desse novo movimento e escreveu o
seu primeiro manifesto, em que associa a criação artística ao automatismo psíquico
puro. Desta associação resulta que as obras criadas nada devem à razão, à moral
ou à própria preocupação estética.
Portanto, para os surrealistas, a obra de arte não é o resultado de manifestações
racionais e lógicasdo consciente. Ao contrário, são as manifestações
do subconsciente, absurdas e ilógicas, como as imagens dos sonhos e das
alucinações, que produzem as criações artísticas mais interessantes.
Às vezes , as obras surrealistas representam alguns aspectos da realidade com
excesso de realismo. Entretanto, eles aparecem sempre associados a elementos
inexistentes na natureza, criando conjuntos irreais.
Dos pintores surrealistas, Salvador Dali (1904-1989) é sem dúvida
o mais conhecido , com suas obras A Persistência da Memória e A Ceia. Ele
criou o conceito de "paranóia crítica" para referir-se à atitude de quem
recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas. Segundo o próprio
pintor, é preciso "contribuir para o total descrédito da realidade".Ao retratar Mae
West,atriz norte-americana conhecida principalmente por suas interpretações nos
filmes de westem, Dali a reproduziu como se fosse uma fotografia inexpressiva.
Converte-a num salão em que a cortina, o sofá, a lareira e os quadros são,
respectivamente, os cabelos, a boca, o
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nariz e os olhos da atriz.
A pintura surrealista desenvolveu
duas tendências: ajigurativa.
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e a abstrata.
Entre os pintores surrealistas de tendência figurativa
estão Salvador Dali e Marc Chagai!
(1887-1985). Já entre os surrealistas de
tendência abstrata estão Joan Miró
(1893-1983) e Max Ernst (1891-1976).
EXPRESSIONISMO
Este movimento artístico teve origem em Dresden, Alemanha, entre
1904 e 1905, com um grupo chamado Die Brücke, que em português significa A
Ponte. Desse grupo faziam parte Emst Ludwig Kirchner (1880-1938),
Erich ljeckel (1883-1970) e Karl Schmidt-Rottlu.ff(1884-1976).
E inegável que o Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo, já que esse
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movimento se preocupou apenas com as sensações de
luz e cor, não se importando com os sentimentos humanos e com a problemática da
sociedade moderna. Ao contrário, o Expressionismo procurou expressar as
emoções humanas e interpretar as angústias que caracterizaram psicologicamente
o homem do início do século XX.
Na verdade, essa tendência para traduzir em linhas e cores os sentimentos mais
dramáticos do homem já vinha sendo realizada por Van
Gogh, que não se preocupava mais em fixar os efeitos efêmeros da luz
solar sobre os seres . Como vimos, esse artista procurava, através da cor e da
deformação proposital da realidade, fazer com que os seres reais nos revelassem
seu mundo interior.
Além de Van Gogh, o pintor norueguês Edvard Much (1863-1944) também inspirou
o movimento expressionista. Sua obra O Grito é um exemplo dos temas que
sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não
apresenta suas linhas reais mas contorce-se sob o efeito de
suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte,
conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito
perturbador. Essa atitude inédita até aqui para as personagens da
pintura e a ênfase para as linhas fortes evidenciam a emoção que o artista procura
expressar.
O Grzto
(1893) , de Munch.
Dimensões: 9 1 em x 73,5 em.
Nasjonalgalleriet, O slo .
29
Cznco
Afulhms na Rua
1{ '3), de Kirrhner
Dimensões
118 em x 89 em
Wallraf-R ichartz-
\1useum, Colônia
EXPRESSIONISMO NO BRASIL
Antes da explosão do Movimento Modernista de 1922, o Brasil
teve com Lasar Segall (1891-1957) seu primeiro contato com a arte mais
inovadora que era feita na Europa.
Segall nasceu na Lituânia, mas foi na Alemanha - para onde se
mudou em 1906- que estudou pintura. Em 1912 esteve nos Países Baixos e, em
1913, veio para o Brasil, onde realizou uma exposição de sua
pintura,já com nítidas características expressionistas, que, como vimos
no início deste capítulo, se tornou um dos primeiros acontecimentos precursores da
arte moderna no Brasil.
De volta à Alemanha, lá permaneceu até 1923. Nessa época, seu
desenho anguloso e suas cores fortes procuram expressar as paixões e
os sofrimentos do ser humano. É assim, por exemplo, em Família Enferma e em
Dois-Seres , telas de 1920.
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Em 1924, retornando ao Brasil, Lasar Segall passou a residir definitivamente em
São Paulo. A partir daí, sua pintura assumiu uma temática brasileira: seus
personagens agora são mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem, favelas e
bananeiras. É exemplo a tela Bananal
Em 1929, o artista dedica-se à escultura em madeira, pedra e gesso. Mas entre os
anos de 1936 e 1950, sua pintura volta-se para os grandes temas humanos e
universais, sobretudo para o sofrimento e a solidão. São dessa época, entre outras,
as telas: Progrom, Navio de Emigrantes, Guerra e Campo de Concentração.
Em 1951, Lasar Segall dá início ao último ciclo de sua obra com
as séries de pinturas As Erradias, Favelas e Florestas. Esse ciclo é interrompido
com sua morte, em 1957.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.suapesquisa.com/pesquisa/euclidesdacunha.htm
http://www.suapesquisa.com/biografias/monteirolobato/
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/urupes.html
http://www.e-biografias.net/lima_barreto/
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/premodernismo-no-brasil.html
http://educacao.uol.com.br/biografias/simoes-lopes-neto.html
PROENÇA, GRAÇA. A HISTÓRIA DA ARTE.
http://neofuturistas.blogspot.com/2014/07/as-obras-futuristas.html