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LITERATURA DE CORDEL: HISTÓRIA E PRODUÇÃO TEXTUAL EM SALA DE

AULA

PLATINI RAMOS DA SILVA

INTRODUÇÃO

Esse trabalho busca realizar uma reflexão acerca da Literatura de Cordel,

detalhando sua magnífica história e sua importância para utilização em nossas salas

de aulas, como fonte inspiradora para o trabalho com produção textual.

Mediante as influências que serviram para aprimorar, enriquecer e

fortalecer a literatura de cordel no Brasil, em Portugal, onde se deu origem ao

encantamento da arte da palavra, que está inserida na literatura de Cordel ainda na

idade Média. Em meio as inúmera narrativas contidas em folhas soltas, a literatura

de cordel tinha o poder de divulgar tanto o eu lírico de muitos cordelistas, como

sendo um modo informativo sobre uma dimensão de temas.

.A literatura sempre foi uma arma de grande requinte para transmitir uma

literalidade em diversos gêneros ideológicos, e com a literatura de cordel não foi

muito diferente, pois a graciosa literatura de cordel tendo suas modalidades mesmo

em simples panfletos redigidos com sua agradável poesia em meios aos diversos

temas, no seu início foi considerada como uma literatura pouco valorizada e por

vários anos estigmatizada, nos dias atuais já existe uma maior aceitação e

valorização devido a sua grandíssima importância para a sociedade e por sua

autenticidade e seu fortíssimo regionalismo.

Em sua linguagem simplória, totalmente despreocupada, regionalizado, e

literalmente focada em contar historias de forma peculiar, com um tom de humor e

sátira.

A opção pelo tema surgiu em função da importância de compreender que

a Literatura de Cordel pode servir como fonte inspiradora para a produção textual

nas salas de aula.

Parte-se da hipótese de que os alunos possuem dificuldade para dominar

os recursos expressivos da modalidade escrita da língua em variedade padrão e que

se o aluno não sabe o que quer dizer, para quem escrever e qual o gênero que

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melhor exprime sua ideia terá consequentemente dificuldade em produzir textos

escritos.

A pesquisa organizou-se em três momentos, com uma dimensão de

informações, conseguimos no primeiro momento relatar uma breve história da

literatura de cordel e sua trajetória até os dias atuais, mostrando como se originou

ainda em meados do século XVI em Portugal, decifrando todo embasamento e suas

ramificações para contribuição de uma sociedade sedenta de informações rápidas e

atuais.

Ao segundo momento focamos no valioso objeto de estudo, o cordel

propriamente redigido por um autor chamado Abdias Campos com seu cordel: Paulo

Freire Vida de Ensino. Um cordel belíssimo e encantador, super detalhista e rico na

valorização da biografia do escritor Paulo Freire, um dos maiores contribuintes

atuais para educação Mundial.

No último momento, o capítulo terceiro, começamos a pensar sobre a

prática da produção textual sobre o âmbito da literatura de cordel e sua importância

para aprimorar a produção textual de nossos alunos, como fonte de inspiração em

suas futuras produções coerentes e coesas em nossas escolas.

Por inúmeras razões, começamos a acreditar e rever essa questão dos

alunos, criarem asas para explicitar seus pensamentos.

1 HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL

A literatura de cordel tem origem na Idade Média em meados do século

XVI, sendo rotulada como “Pliegos sueltos” na Península Ibérica (folhas soltas) na

Espanha e de volantes em Portugal, reproduzindo a forma dos pequenos folhetos

com narrativas variadas, sobre temas tradicionais, moralizantes ou voltados para o

maravilhoso, e os acontecimentos excepcionais do cotidiano.

A literatura de cordel originou-se em Portugal e chegou ao Brasil no

período colonial. Desde então, foi integrada à cultura deste país americano, mas

ganhou destaque no Nordeste, em especial, em Pernambuco.

O nome literatura de cordel vem de Portugal, pelo fato de serem folhetos

presos por um pequeno cordel ou barbante, em exposição nas casas em que eram

vendidos.

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Segundo Ivan Cavalcante Proença (1982, p. 17),

a simplicidade e o cunho popular que acompanham o cordel já se evidenciam desde o próprio nome: corda muito delgada, cordão, guita, barbante. É através também, do gênero tipicamente volante com que se identifica sua errância. Outros “complementos” colaboram: o local onde se vendem os folhetos (feiras, mercados, romarias, praças públicas, portas de engraxataria, etc.) e o fato de se disporem enfiados no barbante, encarreirados e suspenso no cordel. E há, ainda, os vendedores que os negociam dispostos em caixotes, mesas compridas (improvisadas sobre cavaletes que vão desde pedaços de tronco de árvore até caixas de papelão).

A cultura de cordel no Brasil antes de se tornarem materiais impressos,

editorados e encapados, eram transmitidos de forma oral, decorados e declamados

em ambientes sociáveis como feiras populares, estações de trem, em festividades,

com ênfase nos âmbitos familiares, uma das características diferencial dessa

cultura.

Sendo a literatura de cordel popularmente comercializada em mercados

públicos e em feiras livres por seus próprios escritores, autores apaixonados por

suas obras, incondicionalmente de ser uma literatura de pouco prestigio, mas tinha

por si só, sua riqueza cultural e o poder do próprio regionalismo.

A literatura de cordel é rica em aspectos e características singulares,

existem divergências das demais formas da literatura, pois ela é, fortemente,

exposta pela sua tradição da oralidade, sendo assim, ela alcançou um vasto nível de

aceitação pela valorização das pessoas, em meios às longas prosas em rodas

conversacionais sendo ela verídica ou inverossímil. De acordo com Pedro Afonso

Vasquez (2008, p.12),

hoje, por intermédio da internet, qualquer pessoa pode dizer o que quiser a respeito de seja lá o que for. Há um século, os autores de cordel já eram os paladinos da liberdade de expressão, emitindo nos folhetos suas opiniões sobre política, amor, religião, dinheiro, destino e tudo o mais constitui o tecido básico da existência. Nada escapa ao olho arguto e ao comentário preciso de cordel. Nada, em qualquer época e em qualquer latitude. O cordel tudo analisa, de Buda a Jesus Cristo, da princesa Isabel a Lampião, de Ayrton Sena a Lady Di, da morte de Tancredo Neves à chegada do homem à lua. O cordel é o resumo da história universal feito pelo homem do povo, é a enciclopédia da vida cotidiana escrita à medida exata em que os fatos vão ocorrendo – em “tempo real”, como se diz hoje, em linguagem de informática.

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No Brasil, podemos dizer que a literatura de cordel é literalmente da

região do Nordeste. Esta manifestação está presente particularmente nos estados

como Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e o Rio Grande do Norte. Nesses lugares

a literatura de Cordel tiveram grande aceitação e de uma certa forma bem mais

vivenciada como nos demais estados vizinhos.

Contudo, por muito tempo, a literatura de cordel foi considerada uma

criação menor da literatura brasileira e não era considerada como parte de nossa

cultura capaz de expressar valores essenciais para o tempo em que vivemos. Nos

fala Roque de Barros Laraia (2013, p.101) que:

cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender essa dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir.

O Dicionário Brasileiro de Literatura de Cordel nos indica que o termo

cordel foi atribuído pelo pesquisador Raymond Cantel, para designar os folhetos da

literatura popular, pendurados em pequenas cordas, cordinhas, cordões. O termo

cordel sedimentou o nome literatura de cordel. Cantel foi professor em Sorbonne e

começou a coletar in loco exemplos da poesia popular brasileira em 1959, tendo

recebido dos repentistas baianos o título de “embaixador itinerante”.

O termo cordel proposto por Cantel enfrentou de início a resistência de

alguns cordelistas e de importantes amantes do cordel. A esse respeito, J. Borges

relata que foi procurado pelo dramaturgo recifense Hermílio Borba Filho que disse:

“estão querendo impor a palavra cordel para tratar de nossos folhetos”. Uma invasão

cultural. Vamos iniciar uma frente contra a palavra estrangeira. No Nordeste rural

não existe a palavra “cordel”. Contudo, J. Borges sabia que a palavra não existia,

mas achou a palavra bonita que não teve coragem de lutar contra ela.

Segundo Laraia (2013, p.67), “a nossa herança cultural, desenvolvida

através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente

em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela

maioria da comunidade”. No entanto, são essas expressões artísticas que

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contribuem para uma melhor compreensão do pensamento e do sentimento que

representam a experiência vivida, em longínquos dias, por brasileiros.

O termo cordel foi criado ou difundido por Cantel, a verdade é que a

aceitação e o reconhecimento expresso por J. Borges foi compartilhado pela maioria

dos produtores e amantes de cordel, sendo hoje de aceitação universal e tendo

dado origem a derivação como cordelista (o autor de folhetos), cordelaria (a

impressora e/ou a editora de folhetos) e cordelteca (a biblioteca especializada em

folhetos).

Em meios aos grandes contribuintes da literatura de cordel podemos citar

os primeiros a darem ênfase a esse valioso patrimônio de nossa sociedade, os

poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-

1959).

Silviano Pirauá de Lima (1848-1913) costuma ser considerado o precursor

brasileiro de poesia cantada, o que facilita a assimilação desta pelo povo. Foi dele a

ideia da introdução das sextilhas, bem como da obrigação do adversário de uma

peleja cantada de rimar seu primeiro verso com o último do contendor. Silviano

delineou a estrutura da poesia falada e cantada no Nordeste durante todo o século

XX.

Segundo Rosilene Alves de Melo (2010,63),

a popularidade da literatura de cordel, alcançada graças ao estabelecimento de uma relação de identificação entre os poetas e o público, se devem em grande medida aos esforços de Leandro Gomes de Barros, que soube aproveitar todo um contexto propício a esta atividade.

Refletindo sobre as palavras de Melo vimos que, os escritores faziam uso

do mesmo contexto social compartilhado entre eles e os seus leitores para atrair,

seduzir e conquistar a atenção daqueles que não liam os folhetos de cordel e nem

os considerava literatura.

Pesquisando sobre a literatura, vimos que as experiências de vida podem

ser ampliadas, transformadas e enriquecidas quando as pessoas têm contatos com

a literatura, presente não apenas com importante manifestação de cultura, mas

também de ideologia. Afirma Florita Rêgo (2006, p.75) que “o homem manifesta sua

sensibilidade no belo ou no feio das coisas, sobre a vida e a natureza em

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conformidade com o acorde de seu coração e leva á tela, ao livro e a música; a esse

arranjo damos o nome de Arte. Portanto, arte, em nossa visão, é uma atividade, um

trabalho, uma criação que transforma e interpreta o mundo que vivemos”.

Face às palavras de MELO E RÊGO, podemos classificar a Literatura de

Cordel como uma narrativa poética popular escrita com métrica e com rimas

soantes. É através das rimas, dos versos, da musicalidade inerente à literatura de

cordel, que ao longo dos anos, artistas pernambucanos perpetuaram uma das suas

formas mais envolventes de propagar a arte, além de ser um excelente veículo para

sátiras e críticas. Desse modo, o humor e a sátira como instrumentos de crítica

sobre o poder nunca deixaram de estar presentes nessa literatura. Assegura Laraia

(2013, p.69) que,

pessoas de culturas diferentes riem de coisas diversas. O repetitivo pastelão americano não encontra entre nós a mesma receptividade da comédia erótica italiana, porque em nossa cultura a piada deve ser temperada com uma boa dose de sexo e não melada pelo arremesso de tortas e bolos na face do adversário. Voltando aos japoneses: riem muitas vezes da etiqueta, mesmo em momentos evidentemente desagradáveis. Enfim, poderíamos continuar indefinidamente mostrando que o riso é totalmente condicionado pelos padrões culturais de toda a sua fisiologia.

O cordel atingiu o apogeu entre as décadas de 1930 a 1950, difundindo-

se por todo o Brasil. Nessa época, os cordéis traziam notícias do nosso país e do

mundo.

A originalidade do Cordel surgiu com os trovadores medievais

portugueses que, com suas informações sobre os noticiários que os cercavam e, ao

mundo a fora, ela criava de forma melódica, com versos, de certa forma cômica os

acontecimentos.

As gravuras encontradas na capa dos folhetos, nomeada por xilogravuras,

podem externar o imaginário popular e transportar aquela imagem que muitas das

vezes torna-se cinematográfica para a obra lida ou ouvida oralmente. Popularmente,

os cordéis eram impressos em livretos de oito, dezesseis ou trinta e duas páginas,

com um tamanho bem pequeno e, nas diversas vezes, não acostumavam passar de

uma palma da mão de um adulto.

Essa literatura popular – constituída pela poesia de composição -,

impressa sob a forma de folheto, obedece a critérios de rigor poético quanto às

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rimas, às métricas e aos ritmos e tem como foco principal descrever a realidade

social e regional de um lugar.

Portanto, as manifestações populares, possuem memórias de sua

temporalidade específica. São percebíveis com a oralidade nas festas populares,

nos folhetos, nas toadas e nas cantigas, ou em qualquer outra manifestação do

povo.

2 ANÁLISE DO CORDEL DE ABDIAS CAMPOS: PAULO FREIRE VIDA DE

ENSINO

O cordel “Paulo Freire Vida de Ensino” fala da biografia do grande

escritor Paulo Freire como está explícito no tema da obra, e o personagem foi um

escritor muito conhecido e reconhecido, tanto em outros países, como aqui no Brasil.

Paulo Freire sempre serviu de inspiração para muitos escritores devido a sua grande

diferença que fez e faz até hoje na história da educação do mundo. O cordel já vem

descrevendo em grande estilo a sua biografia, pois começa desde do dia de seu

nascimento, o ano e seu dom como vemos na 1º estrofe:

Já na 2º é tecido pelo poeta Abdias Campos, palavras que conseguem

expor detalhes sobre a vida do grande escritor pernambucano Paulo Freire, onde

nitidamente visualizamos a gratidão e honra de Campos pela vida desse educador.

Na Estrada do Encanamento

Bairro de Casa Amarela

Na cidade do Recife

Abre-se então a Janela

Da vida ao ser humano

O grande pernambucano

Que também zelou por ela

(2º estrofe)

Foi numa segunda-feira Que Paulo Freire nasceu

Dezenove (19) de setembro O homem que floresceu

No ano de vinte e um (21) Trouxe o destino incomum De ensinar o que aprendeu

(1ª estrofe)

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Uma nova visão sobre o conjunto dos problemas tocantes ao

analfabetismo presente em Pernambuco e no Brasil foi surgindo, junto à

consolidação de uma nova pedagogia de alfabetização de adultos, que tinha como

principal referência Paulo Freire. No entanto, raiou novas ideias sobre o sujeito,

sobre a maneira dele desenvolver seu potencial interior, sua habilidade de aprender

conhecimentos diversos, um novo paradigma pedagógico – um novo entendimento

da relação entre a problemática educacional e a problemática social.

O chamado método Paulo Freire, tem como objetivo a alfabetização

visando à libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo, mas

deve acontecer essencialmente nos campos sócios culturais e político, pois o ato de

conhecer não é apenas cognitivo, mas político, e se realiza no seio da cultura. Na 7º

estrofe do cordel, pudemos perceber como Paulo Freire aprendeu a ler e escrever

diferenciando de toda a forma de educação tradicional, mas que gerou frutos e fez

com que Paulo Freire construísse um olhar diferenciado para a educação e

formação do sujeito. E, sobretudo na maneira de intermediar o saber o

conhecimento (papel do professor) presentes nas palavras cantadas por Campos,

como podemos ler:

Foi à sombra das mangueiras

Com gravetinhos do chão

Que ele aprender a escrever

E com tal dedicação

Sua mãe lhe alfabetiza

Agora o seu olhar visa

Outra e maior dimensão

(7º estrofe)

No tecer do cordel, o poeta Abdias Campos, declara sua admiração

louvável, pelo escritor Paulo Freire com uma sensibilidade singular. Abdias começa

a narrar à árvore genealógica de Paulo Freire, falando claramente da importância do

apoio da família em sua formação. Seu Pai da polícia militar, era músico e tocava no

violão melodias para seu filho ninar. Sua mãe, dona Tudinha, era super conhecida

com este cognome. A senhora Edeltrudes Neves, foi uma grande esposa e muito

querida em seu lar, sendo mãe de mais três irmãos além de Paulo que foram

Temístocles, Armando e uma irmã chamada de Stela, teve uma infância

maravilhosa, como deveriam ter todas as crianças do mundo.

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Aos 6 anos de idade, já alfabetizado, o escritor Paulo Freire entrou na

escola e começou a ver o mundo sendo modificado por suas concepções e análise.

Em compreender o verdadeiro significado das palavras lidas, redigidas e proferidas

em sala de aula, sua professora que era chamada carinhosamente por todos alunos

de professorinha, a qual apresentava para todos a semente do saber, para que eles

desenvolvessem e construíssem o seu saber, percebeu logo de inicio a participação

interativa do Paulo. E o poeta, sabiamente canta os momentos significativos desse

educador na estrofe:

De aprender com gosto verbos

E suas conjugações

Seus tempos, modos, enfim

Foram ramificações

Que sua “professorinha”

Que quase nunca intervinha

Legou com reflexões

(12ºestrofe)

Na percepção de Paulo Freire escritor, portanto, educação e alfabetização

se confundem. Alfabetização é o domínio de técnicas para escrever e ler em termos

conscientes resulta numa postura atuante do homem sobre o seu contexto.

O cordel de Abdias Campos tenta de forma clara e peculiar mencionar e

expandir a importância do escritor pernambucano Paulo Freire e sua riquíssima e

significativa importância para a educação, o qual deixou métodos de grande valia

para humanidade, sendo aplicadas até os dias atuais nas grandes universidade do

mundo inteiro. As ideias de Paulo Freire se expandiram no país e este foi

reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a educação popular e, mais

especificamente, com a educação de adultos. Em 1963, o governo encerrou a 1ª

campanha e encarregou Freire de organizar e desenvolver um Programa Nacional

de Alfabetização de Adultos. Porém, em 1964, com o Golpe Militar, deu-se uma

ruptura nesse trabalho de alfabetização, já que a conscientização proposta por

Freire passou a ser vista como ameaça à ordem instalada.

Em seu cordel, Abdias de Campos, menciona a formação de Paulo Freire,

a qual começou com o curso de Direito na Faculdade do Recife. Sua esposa, Elza

Maria Pessoa de Oliveira também mencionada no cordel, é apresentada como uma

grande influência para inspiração da carreira do Paulo, o educador de ponta, sendo

ele tido como esplendor da educação prazenteira. Daí, escreve o poeta que,

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No ano de se formar

Ele abandona o direito

Afeito a pedagogia

Firmou-se nesse conceito

Professor de português

Do Oswaldo Cruz, desta vez

Surge-lhe um novo pleito

(27º estrofe)

Uma pedagogia da liberdade, como a que Paulo Freire nos propôs, tem

suas exigências e a primeira delas é, exatamente, o reconhecimento dos privilégios

da prática. A visão da liberdade tem nesta pedagogia uma posição de relevo. É a

matriz que atribui sentido a uma prática educativa que só pode alcançar efetividade

e eficácia na medida da participação livre e crítica dos educandos.

A proposta de Paulo Freire baseia-se na realidade do educando, levando

em conta suas experiências, suas opiniões e sua história de vida. Esses dados

devem ser organizados pelo educador, a fim de que as informações fornecidas por

ele, o conteúdo preparado para as aulas, a metodologia e o material utilizado sejam

compatíveis e adequados às realidades presentes. Educador e educandos devem

caminhar juntos, interagindo durante todo o processo de alfabetização. É importante

que o adulto alfabetizado compreenda o que está sendo ensinado e que saiba

aplicar em sua vida o conteúdo aprendido na escola. E, esta forma de mediar o

conhecimento está presente nas palavras de Abdias Campos:

Seu método inovador

De alfabetização

Põe equipamentos novos

Muda layout e visão

Da sala de aula e traz

Nova atitude capaz

De uma revolução

(32º estrofe)

Nas estrofes 37º e 43º foram apresentadas no discurso três obras

importantíssimas do escritor Paulo Freire, cujas fortunas pedagógicas deram ênfase

a sua popularidade, e pode-se confirmar em:

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Escreveu Pedagogia

Do Oprimido, inspirado

Este, em sessenta e oito

O seu livro mais cotado

Como obra principal

De todo o seu cabedal

Já muito referendado

(37º estrofe)

O livro a Pedagogia

Da Esperança, firmou

No ano noventa e dois

Um Voo que acrescentou

A Sombra desta Mangueira

Outro que em sua carreira

Em noventa e cinco alçou

(43º estrofes)

Em grande estilo o escritor Abdias Campos trouxe a memória, a vida e

algumas obras do pedagogo com musicalidade e rimas cordialista, dando ênfase a

toda história biográfica de Paulo Freire, o qual acreditava que o homem na busca

consciente de ser, estar e agir no mundo, num processo dinâmico, e pensando

numa perspectiva pautada no diálogo, na problematização e na libertação alçaria a

escadaria do conhecimento e poderia contribuir com as mudanças pertinentes,

ainda, a favor do progresso justo em nosso país. Freire, em sua perspectiva de

pesquisador e pedagogo, esteve sempre preocupado com a dominação dos

opressores sobre os oprimidos e com uma verdadeira esperança de literalmente

modificar essa realidade, dando autonomia e esperança aos menos favorecidos.

Portanto, nessa batalha travada entre o desejo e a força de vencer, Freire

conseguiu alcançar seus objetivos e ser reconhecido devidamente em seus valores

e sua determinação naquilo que acreditava verdadeiramente o que seria importante

acrescentar na educação no Brasil e do mundo, ampliando a análise crítica dos

problemas vivenciados na sociedade que são políticos, econômicos e sociais.

Paulo Freire foi um intelectual que não teve receio de se entregar ao

verdadeiro ato de amor aos seres humanos e ao mundo. Pois, sempre foi contrário

as injustiças sociais propagadas aos ventos na sociedade e acreditava que a justiça

deveria ser implantada antes da caridade.

Nesta presente leitura do cordel “Paulo Freire Vida de Ensino”, tivemos

por finalidade de declarar que a memória cultural popular brasileira não se apresenta

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apenas como patrimônio de objetos, de produtos ou de realidades consolidadas. A

literatura é um processo vivido pela sociedade.

Segundo RÊGO (p. 92) que “o sentimento é o pensar daqueles caboclos

de conhecimentos diversos, que mesmo simples em seu falar e vestir, nos levam a

conhecer a nossa mestiça literatura”. E que, “a literatura de cordel continua a

divulgar o sentimento e as emoções do povo sertanejo, também em folhetos.

Inclusive, são utilizados na alfabetização desses caboclos sertanejos. Sabemos que

há comunidades na capital pernambucana fazendo uso desses panfletos nas

primeiras leituras dos alunos. Por isso, precisamos pesquisar e valorizar as criações

populares, pois elas são contribuintes que patenteiam a origem literária nacional”.

3 A PRÁTICA DA PRODUÇÃO TEXTUAL E A LITERATURA DE CORDEL

Sabe-se que a prática de produzir textos coerentes e coesos requer

inúmeras habilidades no indivíduo, poderíamos até recordar o tema de um livro de

Irandé Antunes que tem por tema Lutar com Palavras. As reflexões de Antunes traz

uma proposta que vai muito além do domínio mecânico das convenções

ortográficas, ou seja, a construção de um texto é bem mais além ou até mesmo mais

complexo, uma vez que, não vem ser apenas a reprodução das regras e de

exceções gramaticais.

Não se deve esquecer que produzir um texto é, literalmente, comunicar, e

comunicar é consegui transmitir efeitos de sentido (Costa Val, 1991). Esta prática é

desvalorizada por professores diversos.

Durante a prática avaliativa escolar, prevalece a ideologia dominante, em

que a ideia do erro e do certo estão presentes na avaliação dos textos produzidos

pelo educando. O que não é levado em consideração e valorização é que o erro

pode e deve ser percebido como um indicador dos caminhos que o educador deve

percorrer para ajudar o alunado a resolver os problemas em sua produção textual.

Pois a construção de um texto argumentativo coerente com a normatização em que

espelhe sua vida, seu olhar, seu ponto de vista, precisa ser trabalhado.

Nesse contexto, o professor orientador propriamente dito, ele conduzirá o

educando em sua abordagem em relação ao estudo de textos, que pode ser um

texto literário ou informativo, mas é necessário que o educador compreenda que

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esta é a conquista da linguagem levando em conta o contexto linguístico, os autores,

o tema, a situação e o gênero. Segundo Luiz Antônio Marcuschi (2008, p. 51),

o ensino da língua deva dar-se através de textos, é hoje um consenso tanto entre linguístas teóricos como aplicados. Sabidamente, essa é, também, uma prática comum na escola e orientação central dos PCN’S. A questão não reside no consenso ou na aceitação deste postulado, mas no modo como isto é posto em prática, já que muitas são as formas de se trabalhar texto.

É importante, sobretudo, incentivar o imaginário do aluno, motivando-o a

escrita prazerosa imerso nesse contexto, o erro não seria abordado numa

perspectiva punitiva, mas, antes, construtiva: de elaboração e relaboração das

ideias; de construção e reconstrução do registro escrito. Para ilustrar essas

considerações em relação à escrita, vale a pena citar as comparações feitas por

Costa (2001,1),

se você é o tipo que coça a cabeça, olha para os lados, sente vazio na boca do estômago quando tem de fazer uma redação ou um relatório, pense que suas chances de se dar bem podem ser um pouco menores. Mas não se acanhe. Hercules sentiu uma coisa parecida quando cumpria cada um dos seus dozes trabalhos e Teseu teve a mesma sensação quando buscava uma saída do labirinto, com o Minotauro fugando no cangote. Isso se justifica. Quando escreve, você está simplesmente recriando o momento crucial da civilização, você está ousando repetir o ato mais revolucionário já produzido pela humanidade: a linguagem escrita.

Mediante a nossa prática pedagógica nas escolas, percebemos que nós

educadores precisamos dinamizar as aulas de produção textual já que os alunos

sentem dificuldade em perceber a escrita como algo importante para as suas vidas.

O que deveria ser um ato espontâneo, prazeroso e porque não dizermos rotineiro,

torna-se pavoroso pelo aluno. No entanto, trabalhando a literatura de cordel e suas

riquezas culturais, acabaremos com o fardo que gerava estresse e tensão e

transformar a aula num instrumento de mediação entre educadores e seus

respectivos educandos que precisam juntos doar-se nessa constante luta com as

palavras. De acordo com Marcuschi (2008, p.90), “operar com textos é uma forma de

inserir em uma cultura e dominar uma língua”.

Independente do gênero textual, o significado das palavras apresentadas

em uma determinada frase, não será autônomo, pois as palavras só terão sentido na

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relação que mantêm entre si (coerência), com o conjunto de palavras e com o

contexto em que se encontram inseridos.

Para construirmos o ensino de produção textual, devemos relacionar o

tecer ao ponto de vista filosófico, pois escrever implica uma reflexão crítica, supõe-

se exercício permanente do raciocínio filosófico. É imprescindível que o educando

reflita sobre o que quer dizer se é isso mesmo que quer dizer ou se está apenas

refletindo ideias prontas. É importantíssimo que o aluno seja sujeito de sua própria

escrita, que perceba nela as diversas possibilidades de imortalizar-se por meio das

palavras mencionadas.

Por todas essas e outras razões, devemos sempre acreditar que a dura

tarefa que há no trabalho com a produção textual deverá, literalmente, ter como

legitima finalidade formar nossos educandos em escritores competentes, capazes de

produzir os mais divergentes textos, independente de seu gênero, mas que expresse

clareza, objetividade, coesão e coerência, além de tudo, eficaz.

É necessário que também tenhamos a prática de revisar o próprio texto,

como o objetivo de reescrevê-lo para poder melhorá-lo, pois, a cada reescrita e até

mesmo na leitura, quando a tomamos novamente pela sua segunda vez, essa leitura

começa a ser refletida e conseguimos enxergá-la por outra ótica, com um olhar mais

clínico, sendo mais minucioso, quando assim fazemos por uma segunda e outras

vezes. Da mesma forma deve ser estimulado o alunado para desenvolver essa

prática.

Produzir textos é escrever dando formas as ideias, o sentido de uma

frase não é gerado apenas para amontoar o mecânico de uma palavra atrás da

outra. As condições de produção do texto devem estar atreladas a propostas bem

definidas; do contrário, cairemos na mesmice dos manuais e das técnicas de

redações encontradas em diversos materiais didáticos, materiais da língua

portuguesa. Irandé Antunes (2003, p.47- 48), revela,

o professor não pode sobre nenhum pretexto, insistir na prática de uma escrita escolar sem leitor, sem destinatário; sem referência, portanto, para se decidir sobre o que vai ser escrito. Como uma das modalidades do uso da língua a escrita existe para cumprir diferentes funções comunicativas, de maior ou melhor relevância para a vida da comunidade. Se prestarmos atenção a vida das pessoas na sociedade letradas, constatamos que a escrita está presente, como forma constante de atuação, nas múltiplas atividades dessas pessoas – no trabalho, na família, na escola, na vida social em geral – e, mais amplamente, como registro do seu patrimônio científico, histórico e cultural.

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O texto nada mais é do que uma situação linguística concreta, uma vez

que, direcionada a alguém e norteada por uma única intenção, portanto é papel da

escola promover a apropriação do conhecimento linguístico- textual, e não usar o

texto como um pretexto para o ensino gramatical dogmático, descontextualizando-o

e, que pouco tem a ver com a competência discursiva.

A prática da leitura de um cordel com suas características marcantes e

estimuladoras irão desencadear nas produções textuais dos nossos educandos em

nossas escolas uma etapa do processo de desenvolvimento da competência

comunicativa na aquisição da própria linguagem . Segundo Ingedore Villaça Koch e

L.L. Favero (2005, p.26),

O texto consiste em qualquer passagem, falada ou escrita. Que forma um todo significativo, independente de suas extensão. Trata-se, pois de uma unidade de sentido, de um continuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto os critérios ou padrões de textualidade, entre os quais merecem destaque especial a coesão e coerência.

Ao despertar o grande e desafiador exercício da prática da produção de

textos, na escola, o momento de criação tem sido um martírio para muitos dos

nossos educandos que muitas das vezes não têm essa habilidade em conseguir

encaixar as palavras em seus respectivos textos.

Primordialmente é louvável que nós, como mediadores do conhecimento,

busquemos lembrar aos nossos alunos que a produção de textos na escola foge

totalmente ao sentido do uso da língua: os alunos escrevem para o seu mestre, que

é para ele o único leitor, é quem lê os textos. Entretanto, no antro educacional há

uma situação existente muito rígida e bem definida, pois o aluno é de certa forma

obrigado a escrever dentro dos padrões previamente estipulados e, além disso, o

seu texto será literalmente julgado, analisado e avaliado de uma forma rígida, em

conformidade com a normatização.

O professor, a quem o texto é remetido, será o principal, talvez o único,

leitor da redação. Ciente disso, o estudante procurará escrever a partir do que

acredita que o professor gostará e consequentemente, dará uma boa nota; e,

precisamente fará a redação com a base na imagem que cria do gosto e da visão de

língua de seu mestre.

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Contudo, Roger Chartier (1998, p.17), declara que:

deve-se lembrar que não há texto fora do suporte que o dá a ler ( ou a ouvir), e sublinhar o fato de que não existe a compreensão de um texto, qualquer que ele seja, que não depende das formas através das quais ele atinge o seu leitor.

Os parâmetros Curriculares Nacionais previstos para o Ensino

Fundamental colocam com base teórica reflexões acerca da linguagem e

participação social passando pela preocupação com a linguagem como atividade

discursiva-textual numa perspectiva de interação verbal dos interlocutores em

situação concreta de produção.

Na prática de produção de textos, o trabalho tem a finalidade de formar

escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes.

Embora um tanto pretensioso, a intenção parece ser a de considerar o aluno do

ensino fundamental capaz de escrever e ler criticamente qualquer tipo de texto

existente.

O aprendizado de produzir textos tem suas complexidades sim, pois

envolve uma gama enorme de acontecimentos e a coordenação destes

conhecimentos, assim como a leitura, o processo de escrita é tanto uma experiência

individual e única, quanto interpessoal e dialógica. É individual e única porque o

processo de produção de um texto implica escolhas pessoais quanto ao que quer

dizer e a como dizer; a seleção de tópicos a ser apresentados, das palavras a serem

utilizadas, dos enunciados a serem organizados são escolhas do próprio aluno que,

por sua vez, é o produtor, e refletirá seu estilo de transmitir sua intencionalidade e

suas propostas redigidas. Portanto, Antunes (2003, p.45), menciona que:

uma visão interacionista da escrita supõe, desse modo, encontro, parceria, envolvimento entre sujeitos, para que aconteça a comunhão das ideias, das informações, e das intenções pretendidas. Assim, por essa visão se supõe que alguém selecionou alguma coisa a ser dita a um outro alguém, com quem pretendeu interagir, em vista de algum objetivo.

Portanto, a escrita de forma interacionista contribui de forma

enriquecedora, no momento da troca de ideias entre os sujeitos, na relação dialógica

com a mesma linha de pensamento, com as mesmas intenções que estão

idealizando para contribuir em grande estilo no momento da produção textual em

nossas salas de aulas.

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CONCLUSÃO

O trabalho teve como objetivo investigar a contribuição da literatura de

cordel para a produção textual nas salas de aula.

Compreende-se que a prática de produção de textos envolve inúmeras

habilidades, indo além do domínio mecânico das convenções ortográficas. Assim, é

importante, sobretudo, incentivar o imaginário do aluno, motivando a escrita

prazerosa.

É imerso a esse contexto que a literatura de cordel com suas

características apresenta contribuições significativas para um novo olhar sobre a

escrita, pois o educando perceberá que ele pode escrever sobre qualquer tema sem

ter em mente o conceito do “erro”, mas o brincar com as palavras despertando um

universo criativo, na elaboração e reelaboração das ideias; de construção e

reconstrução do registro escrito.

O aprendizado de produzir textos é complexo por envolver uma gama

enorme de conhecimentos e a coordenação desses conhecimentos. O processo da

escrita é tanto uma experiência individual e única, quanto interpessoal e dialógica.

A musicalidade sempre foi uma grande apreciação dos leitores e ouvintes

da literatura de cordel, característica marcante para os amantes dessa arte cultural é

aqui que o educador no âmbito escolar pode valorizar esse aspecto, despertando o

interesse do aluno para o processo da escrita.

É importante que o aluno seja sujeito de sua escrita, que perceba nela a

possibilidade de imortalizar-se por meio das palavras.

Por todas essas razões, o trabalho com a produção de textos deve ter

como finalidade formar escritores competentes, capazes de produzir os mais

variados textos de forma coesa, coerente e eficaz.

REFERÊNCIAS

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Linguística, 2002.

ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola

Editorial, 2005.

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_____. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial,

2003.

CHATIER, L. L.; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística Textual: Introdução. 4 ªed.

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