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Literacia em saúde na área do medicamento e da terapêutica medicamentosa Ação financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do projeto em Literacia da Saúde 2014. Manuel Morgado, Pharm.D., Ph.D. Sandra Rolo, Pharm.D., M.Sc. Covilhã, Julho de 2015

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Literacia em saúde na área do medicamento e da terapêutica

medicamentosa

Ação financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian no

âmbito do projeto em Literacia da Saúde 2014.

Manuel Morgado, Pharm.D., Ph.D.

Sandra Rolo, Pharm.D., M.Sc.

Covilhã, Julho de 2015

Literacia em saúde na área do medicamento e da terapêutica medicamentosa

A literacia em saúde na área do medicamento é uma medida da capacidade dos cidadãos de obterem, analisarem e compreenderem informação básica relacionada com a sua saúde e com os medicamentos que lhes foram prescritos.

Esta informação é extremamente importante para que os doentes efetuem uma terapêutica farmacológica segura e eficaz, nomeadamente, através do uso correto dos medicamentos, da promoção da adesão à terapêutica e da prevenção da ocorrência de erros de medicação.

Objetivos educacionais

Pretende-se desenvolver as capacidades dos formandos (profissionais de saúde / cidadãos) para melhorar o grau de literacia dos cidadãos e, desta forma, contribuir diretamente para aumentar os conhecimentos dos cidadãos / doentes, no domínio da suas patologias e da farmacoterapia prescrita.

Programa / Conteúdos

I. Conceito de literacia em saúde.

II. Experiências dos profissionais de saúde relacionadas com a baixa literacia dos doentes.

III. Literacia em saúde e a utilização de medicamentos. Consequências de uma baixa literacia em saúde no âmbito da terapêutica farmacológica. Literacia em saúde como fator determinante da qualidade dos cuidados de saúde e da correta utilização de medicamentos.

IV. Estratégias para melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde e os cidadãos / doentes com baixa literacia em saúde.

Literacia em Saúde

Conceito / Definição

Capacidade que o indivíduo tem para obter, interpretar e compreender a informação básica relacionada com a saúde e com os serviços / tecnologias na área da saúde de uma forma que seja promotora da saúde.

Envolve a detenção de um conjunto de competências cognitivas e sociais.

Literacia em Saúde

Outras definições:

• As competências cognitivas e sociais que determinam a motivação e a aptidão dos indivíduos para acederem, entenderem e utilizarem a informação, de uma forma que promova e mantenha a boa saúde.

• A literacia em saúde é mais do que ser capaz de ler panfletos e agendar consultas.

• Melhorando o acesso dos cidadãos a informação em saúde e a sua capacidade de a usar de modo efetivo, a literacia em saúde é essencial ao empoderamento.

(WHO, 2009, http://www.who.int/healthpromotion/conferences/7gchp/track2/en/index.html )

Literacia em Saúde

Outras definições:

O grau de capacidade para obter, registar e compreender informação básica sobre saúde e serviços de saúde, que é necessário para tomar decisões em saúde adequadas. (U.S. Department of Health and Human Services, Healthy People 2010,

http://www.healthypeople.gov/Document/pdf/uih/2010uih.pdf )

Literacia em Saúde

• Conhecimento básico em saúde

• Competências para a utilização dos sistemas de saúde

• Competências para a utilização das tecnologias na área da saúde

• Competências do consumidor para tomar decisões adequadas na área da saúde

A literacia em saúde é fundamental para que as pessoas possam gerir com sucesso a sua própria saúde

• Conhecimentos sobre saúde

• Compreensão, interpretação e comunicação adequadas de informações de saúde

• Pesquisa de cuidados de saúde adequados

Todos estes fatores interferem na comunicação entre os doentes e os profissionais de saúde e o sistema de saúde, tendo consequências na saúde pública.

A responsabilidade no nível de literacia de cada um é partilhada por todos estes fatores.

Educação

Sistema Nacional de Saúde

Sociedade

Cultura

Literacia em Saúde

A literacia em saúde é influenciada:

- pelos profissionais / sistemas de saúde,

- pela educação,

- pela comunicação social,

- pela família,

- pelo ambiente de trabalho,

- pela comunidade,

- pelas decisões políticas.

Todos estes fatores interferem na tomada de decisões

críticas em saúde por parte do doente.

Literacia em Saúde

Literacia em Saúde

Doentes com baixa literacia em saúde evidenciam:

• Menor capacidade de compreensão dos conteúdos de material informativo sobre saúde, doenças, exames de diagnóstico, consumo de alimentos ou sobre o uso de medicamentos.

• Mais dificuldade em pesquisar, selecionar, ler e assimilar a informação em saúde disponível na Internet.

Relação Profissional de Saúde – Doente

• perguntar ao doente se compreendeu a prescrição médica

• perguntar se compreendeu os exames de diagnóstico a realizar (e como realizá-los)

• usar expressões adequadas, não só ao grupo etário mas ao nível socioeconómico em que se integra o doente

• pedir que repita, por palavras suas, o que entendeu da consulta, da informação transmitida e da terapêutica a seguir

Não esquecer: o doente recordar-se-á

de menos de metade da informação

veiculada durante uma consulta.

Não esquecer: o doente tem de

receber orientações para o pós-

consulta.

Como melhorar a literacia em saúde?

• Promovendo o diálogo, a confiança e a comunicação entre profissional de saúde/doente.

• Comunicando de forma simples, sem abreviaturas e isenta da terminologia médica.

• Usando imagens para o esclarecimento de conceitos e de riscos para a saúde.

• Confirmando a compreensão do doente através dos métodos show me ou teach me back.

Como melhorar a literacia em saúde?

• Promovendo a adesão à terapêutica não medicamentosa e medicamentosa através da utilização de diferentes estratégias descritas na literatura (p.ex., salientando as consequências da não adesão).

• Melhorando as bulas dos medicamentos: na linguagem, no tamanho e no tipo de letra, na forma como são dobradas dentro das caixas.

• Editando flyers, em linguagem acessível, do tipo What to do when your child gets sick e distribuindo-os gratuitamente na consulta de saúde infantil.

• Melhorando a consciência dos profissionais de saúde sobre as várias componentes da literacia em saúde durante o atendimento ao doente.

Literacia é importante para comunicar, ler informação, interpretar

documentos, usar dispositivos, calcular timing e dose a administrar de

um medicamento.

Uma das maiores fontes de informação são os folhetos informativos.

Clareza em

identificar

frases

impressas

Literacia do

utilizador

O bom uso destes depende de dois fatores

Literacia em Saúde

Bulas / Folhetos Informativos dos medicamentos

Literacia em Saúde

Um investimento mais significativo na promoção de literacia em saúde conduzirá a:

• Melhor utilização dos serviços de saúde.

• Diminuição dos comportamentos de risco em saúde.

• Diminuição dos gastos em saúde.

• Motivação dos doentes no envolvimento do seu processo de saúde, permitindo-lhes fazer escolhas informadas e fundamentadas.

Literacia em Saúde

Em conclusão

Promoção da literacia em saúde: investimento na melhoria da saúde e na racionalização de custos.

Grupos de risco elevado para baixa literacia em saúde

• Idosos

• Minorias étnicas

• Imigrantes

• Baixo nível socio - económico

• Pessoas sem abrigo

• Reclusos

• Baixo nível educacional

Kirsch et al 1993

Exemplos da comunicação atual

Newsletter da Ordem dos Farmacêuticos, 17/09/2014

Portugueses entre os que têm menos conhecimentos

Os portugueses estão entre os que menos sabem de saúde, num grupo de nove

países (Portugal, Espanha, Irlanda, Holanda, Alemanha, Áustria, Grécia, Polónia e

Bulgária). De acordo com o primeiro estudo sobre literacia em Saúde realizado em

Portugal, 61% dos portugueses tem um nível de literacia em saúde problemático

ou inadequado.

Fontes

Conhecimentos sobre saúde "inadequados" – Correio da Manhã

Iliteracia predomina na área da saúde - Destak

Portugueses entre os que têm menos conhecimentos – Diário Económico

Quase 40% com dificuldade em saber o que fazer em emergências médicas -

Público

Exemplos da comunicação atual

Correio Manhã, 17/09/2014

In Correio da Manhã

17/09/2014

Exemplos da comunicação atual

Destak, 17/09/2014

Exemplos da comunicação atual

Diário Económico, 17/09/2014

Exemplos da comunicação atual

Público, 17/09/2014

Exemplos da comunicação atual Univadis, 18/09/2014

http://www.univadis.pt/medical-news/d313c044a40260c455003706b6125e4f

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=59342&op=all

A fraca literacia em saúde é o maior obstáculo para uma eficiente

compreensão da informação sobre a doença e seu tratamento.

Conhecimento de

Dose Posologia Duração do tratamento

Efeito terapêutico

O que fazer em caso de

esquecimento Precauções

Modo de conservação

Essencial para uso correto dos medicamentos e evitar reações adversas e atingir resultados terapêuticos.

Falta de conhecimento

Erros de medicação

Desperdício de medicamentos

Mau controlo da patologia

MENOS capacidade de gerir a terapêutica

MAIS hospitalizações

MAIS gastos em saúde

Exemplos da comunicação atual

Correio Manhã, 23/04/2015

ISCTE—Instituto Universitário de Lisboa

Exemplos da comunicação atual

Metro, 23/04/2015

ISCTE—Instituto Universitário de Lisboa

Exemplos da comunicação atual

Oje, 23/04/2015

ISCTE—Instituto Universitário de Lisboa

• Comunicar

• Ler e compreender informação

• Usar corretamente medicamentos e dispositivos médicos

• Calcular timing e dose a administrar

Objetivos da literacia em saúde

Estratégias para Melhorar a Comunicação entre

Profissionais de Saúde e Doentes

Adaptado por Manuel Morgado, PharmD, PhD and Sandra Rolo, PharmD, MSc

Developed by Sunil Kripalani, MD, MSc and Kara L. Jacobson, MPH, CHES

Resumo

1. Definição de literacia em saúde

2. Experiências dos profissionais de saúde relacionadas com a baixa literacia em saúde

3. Literacia em saúde e utilização de medicamentos

4. Revisão das técnicas para melhorar a comunicação com cidadãos / doentes com baixa literacia em saúde

Experiências dos profissionais de saúde

• Doentes com baixa literacia em saúde escondem com frequência as suas dificuldades.

• Muitos sentem-se envergonhados

• Comportamentos de esquiva / fuga

• Quando é que suspeita de baixa literacia?

• As suas experiências?

Parikh et al 1995. Weiss 2003.

Possíveis Indicadores de Baixa Literacia em Saúde

• Desculpas: “Esqueci-me dos meus óculos.”

• Muitos papéis dobrados na carteira

• Falta às consultas de follow-up e aos testes de diagnóstico / exames complementares.

• Raramente fazer perguntas

• As perguntas são muito elementares

• Dificuldade em explicar preocupações médicas, efeitos adversos ou como tomar os medicamentos

Weiss 2003. Katz et al 2007.

Precauções Universais

• “As aparências iludem” (Não podemos avaliar a existência de baixa literacia apenas pelo aspecto).

• Comunicar claramente com todas as pessoas.

• Confirmar a compreensão com todas as pessoas.

Resumo

1. Definição de literacia em saúde

2. Experiências dos profissionais de saúde relacionadas com a baixa literacia em saúde

3. Literacia em saúde e utilização de medicamentos

4. Revisão das técnicas para melhorar a comunicação com cidadãos / doentes com baixa literacia em saúde

Baixa Literacia em Saúde e Utilização de Medicamentos

Capacidade de identificar os próprios medicamentos 12-18 x maior probabilidade

Compreensão da toma correcta dos medicamentos Tomar o medicamento a cada 6 horas 52% correcto Tomar o medicamento com o estômago vazio 46% correcto

Compreensão do modo de ação dos medicamentos e seus efeitos adversos (EA)

A varfarina actua tornando o sangue mais fluido 70% correct Hemorragias/nódoas negras EA mais comum 49% correct

Interpretação inadequada dos rótulos / pictogramas dos medicamentos

3-4 x maior probabilidade de interpretação inadequada

Kripalani et al 2006. Gazmararian et al 1999. Fang et al 2006. Davis et al 2006.

Baixa Literacia em Saúde e Utilização de Medicamentos

Compreensão da toma correcta dos medicamentos Tomar o medicamento a cada 6 horas 52% correcto Tomar o medicamento com o estômago vazio 46% correcto https://www.youtube.com/watch?v=21TL94NEzvg Dr. House - Asthma

Kripalani et al 2006. Gazmararian et al 1999. Fang et al 2006. Davis et al 2006.

Não tome com alimentos

Mastigar o comprimido e esmagar antes de engolir.

Mastigá-lo até que ele se dissolva. Não engolir inteiro devido ao perigo de engasgamento.

Não deixar o medicamento exposto ao sol.

Não beba e conduza.

Não beba bebidas alcoólicas. É veneno, e ele vai matá-lo.

Não tome o medicamento se for alérgico a lacticínios.

Não coma durante 1 hora depois de tomar o medicamento.

Não tome quando molhado. Não necessita de água.

Não beba água quente.

Tenha muito cuidado na forma como toma o medicamento. Este medicamento pode provocar tonturas. Tome apenas em caso de necessidade.

Má Interpretação da Informação ou

dos Pictogramas de Advertência

Davis et al 2006. Adapted from Table 3.

Baixa Literacia em Saúde e Utilização de Medicamentos

Compreensão de informação númerica

Se o resultado do exame do sangue para a varfarina estiver bem quando se situa entre 2,0 e 3,0, quais dos seguintes resultados constituem um bom resultado?

29% correcto

Adesão à medicação

Reações adversas aos medicamentos(?)

Custos com os cuidados de saúde

Fang et al 2006. Gazmararian et al 2006. Howard et al 2005.

Desafios que Existem Quando Tentamos Melhorar as Coisas

• Sistema de saúde cada vez mais complexo – Maiores exigências de auto-cuidados

– Mais medicamentos para patologias crónicas

– Alterações de formulários e de fabricantes

– Reconciliação da medicação

• Muitas instruções são escritas – Doentes com baixa literacia têm dificuldade em

compreender

• Instruções verbais – Muitas vezes são complexas

– Dispensadas rapidamente

– Fáceis de esquecer numa situação de stress

RECONCILIAÇÃO TERAPÊUTICA

Conflito entre medicação domiciliária e prescrita em meio hospitalar, podendo provocar o aparecimento de problemas relacionados com os medicamentos.

Um doente polimedicado e idoso tem grandes

dificuldades em informar os profissionais de saúde do

nome dos medicamentos que toma e do objetivo

terapêutico dos mesmos.

Muitas vezes este tipo de doentes apenas reconhece os seus medicamentos pela cor, tamanho e forma dos comprimidos o que pode levar a administração concomitante de genéricos e medicamentos de marca com o mesmo principio ativo.

Como evitar esse conflito?

Utilizando a reconciliação terapêutica!

Prática de verificações independentes, geralmente por diferentes

profissionais, ao longo do processo de tratamento de um doente.

Tem de se criar uma lista de todos os medicamentos que o doente

toma e mantê-la sempre actualizada. Esta lista comporta os nomes

dos medicamentos, as doses, vias de administração e frequências.

O doente deve fazer-se acompanhar desta lista sempre que se

deslocar a um local de prestação de serviços de saúde.

Equipa multidisciplinar de saúde:

Garante que os doentes entendem a sua situação clínica, o nível de

risco, os resultados analíticos e o tratamento.

Doente:

Recomeça os medicamentos de forma correta;

Continua com a medicação prescrita;

Previne a duplicação de terapêutica

Leva a que

informa

Ao aumentar a sua literacia em saúde o doente contribuirá de

uma forma activa para a sua reconciliação terapêutica.

“O doente sabe informar corretamente a

medicação que está a tomar junto do seu

médico, farmacêutico ou enfermeiros.”

Resumo

1. Definição de literacia em saúde

2. Experiências dos profissionais de saúde relacionadas com a baixa literacia em saúde

3. Literacia em saúde e utilização de medicamentos

4. Revisão das técnicas para melhorar a comunicação com cidadãos / doentes com baixa literacia em saúde

Estratégias Recomendadas para Melhorar a Comunicação

1. Explicar as coisas claramente usando uma linguagem simples / acessível

2. Concentre-se em mensagens-chave e repita

3. Usar a técnica “teach back” ou “show me” para confirmar a compreensão

4. Solicitar perguntas de forma eficaz

5. Usar materiais educacionais para melhorar a compreensão / interação por parte do doente

Weiss 2003. Kripalani and Weiss 2006.

1. Explicar as coisas claramente usando uma linguagem simples

• Falar devagar

• Usar linguagem simples, não-médica

– “Comprimido da tensão arterial” em vez de “antihipertensor”

– Prestar atenção aos termos do próprio doente e utilizar esses mesmos termos

– Evitar expressões vagas / ambíguas

“Tome 1 hora antes do pequeno-almoço” em vez de “Tome com o estômago vazio”

MEDIDAS PARA AUMENTAR A LITERACIA

• Escrever nas embalagens a indicação terapêutica e posologia – reforça

aconselhamento a utente e familiares e fica disponível para o utente

consultar sempre que necessário;

• Informação verbal clara, simples, assumindo que a maioria dos utentes

tem dificuldade em perceber a informação;

• O profissional de saúde deve adequar a sua linguagem ao nível de conhecimento do utente.

• Médicos e farmacêuticos utilizam palavras muito específicas e científicas. O

doente pode estar familiarizado com estas mas não conhece o seu significado.

•“Teach back” – sugerir que o utente transmita de volta a informação que

adquiriu

• Permitir que o utente questione

• Não há perguntas estúpidas!

• Folhetos informativos

Usar uma Linguagem Simples: O que poderíamos dizer, em vez de…

• Reação adversa

• Hipoglicemia

• PRN ("pro re nata“)

• Supositório

• Uso Tópico

Efeito colateral

Baixa de açúcar

Em caso de necessidade

Medicamento para aplicação rectal / no rabo

Aplicação na pele

Usar palavras do quotidiano:

Em vez de: Usar

• Reação adversa…………...…...Efeito secundário/indesejável

• Hipoglicemia……..………………….…Baixo nível de açucar

• Hematúria……………………………….…. Sangue na urina

• Hemoptise ………………………… Sangue na expectoração

• Aplicação tópica …………………………. Aplicação na pele

• Edema …………………………………… Retenção de líquido

• Epistaxe ………………………………… Hemorragia nasal

• p.o. ………….………………...….…….Via oral

• 1 i.d. ……………….……………..……...1 vez / dia

• b.i.d. …………………………………….. 2 vezes / dia

SOURCE: Kripalani, Jacobson (2007)

TERMOS A EVITAR

•Extemporânea imediatamente antes da administração

•Edema inchaço

•Cefaleia dor de cabeça

•Peristaltismo Movimentos característicos e responsáveis

pelo normal fluxo dos alimentos no aparelho digestivo;

TERMOS A EVITAR

Polifagia Excesso de apetite;

Polidipsia Aumento de sede;

Poliúria Frequência urinária aumentada;

Policetémia aumento do número de glóbulos vermelho;

Obstipação Dificuldade em defecar / prisão de ventre;

Melanoma cancro maligno da pele.

2. Concentre-se em mensagens-chave e repita

• Limitar a informação

– Focar em 1-3 pontos-chave

• Desenvolver explicações curtas para condições médicas comuns e efeitos colaterais

• Discutir comportamentos específicos em vez de conceitos gerais

– O que o doente precisa de fazer

• Rever cada ponto no final

3. Usar a Técnica do “Teach Back” para Confirmar a Compreensão

Schillinger et al 2003

Teach Back Scripts

• Eu quero ter a certeza que expliquei tudo claramente. Se tivesse que explicar ao seu marido como tomar este medicamento, o que lhe diria?

• Vamos rever os principais efeitos adversos deste novo medicamento. Quais são as duas coisas que eu lhe pedi para estar atento?

• Mostre-me como deve utilizar este inalador.

• O “teach-back” é uma técnica de educar / informar os doentes,

onde eles têm que dizer por palavras suas o que lhes foi ensinado. Os estudos revelam que esta técnica apresenta vantagens, nomeadamente no que diz respeito à memorização da informação.

4. Solicitar perguntas de forma eficaz

• Não dizer:

– Percebeu tudo, não percebeu?

– Dúvidas?

• Em vez disso, dizer:

A maioria das pessoas tem dificuldade em reter tanta informação sobre medicamentos. Diga-me como posso ajudá-lo a esclarecer as suas dúvidas e a tomar corretamente os medicamentos?

5. Materiais educacionais para melhorar a

compreensão / interação do doente

• Conteúdo Apropriado

• Linguagem Simples

• Layout / Enquadramento Apelativo

• Ilustrações / Esquemas / Figuras

Conclusões

• Adotar Precauções Universais

• Implementar Estratégias para Melhorar a Comunicação, e.g.,

– Linguagem Simples

– Concentre-se em mensagens-chave

– “Teach Back”

Referências Bibliográficas

1. Davis TC, Wolf MS, Bass, PF III, Middlebrooks M, Kennen E, Baker DW, Bennett CL, Durazo-Arvizu R, Bocchini A, Savory S, Parker RM. Low Literacy Impairs Comprehension of Prescription Drug Warning Labels. Journal of General Internal Medicine. 2006;21(8):847–851.

2. Fang MC, Machtinger EL, Wang F, Schillinger D. Health Literacy and Anticoagulation-related Outcomes Among Patients Taking Warfarin. Journal of General Internal Medicine. 2006;21(8):841-846.

3. Freidland RB. Understanding Health Literacy: New Estimates of the Costs of Inadequate Health Literacy. Washington, DC: National Academy on an Aging Society; 1998.

4. Gazmararian JA, Baker DW, Williams MV, Parker RM, Scott TL, Green DC, Fehrenbach SN, Ren J, Koplan JP. Health Literacy Among Medicare Enrollees in a Managed Care Organization. JAMA. 1999;281:545-551.

5. Gazmararian JA, Kripalani S, Miller MJ, Echt KV, Ren J, Rask K. Factors Associated with Medication Refill Adherence in Cardiovascular-related Diseases: A Focus on Health Literacy. Journal of General Internal Medicine. 2006;21(12):1215-C15.

6. Howard DH, Gazmararian J, Parker RM. The Impact of Low Health Literacy on the Medical Costs of Medicare Managed Care Enrollees. The American Journal of Medicine. 2005;118(4):371-377.

7. Katz MG, Jacobson TA, Veledar E, Kripalani S. Patient Literacy and Question-Asking Behavior During the Medical Encounter: A Mixed-Methods Analysis. Journal of General Internal Medicine 2007;22(6):782-786.

8. Kirsch I, Jungeblut A, Jenkins L, Kolstad A. Adult Literacy in America: A First Look at the Results of the National Adult Literacy Survey. Washington, DC: National Center for Education Statistics, US Department of Education; September 1993.

9. Kripalani S, Henderson LE, Chiu EY, Robertson R, Kolm P, Jacobson TA. Predictors of Medication Self-management Skill in a Low-literacy Population. Journal of General Internal Medicine. 2006;21(8):803-900.

10. Kripalani S, Weiss BD. Teaching About Health Literacy and Clear Communication. Journal of General Internal Medicine. 2006;21(8):888-890. 11. Kutner M, Greenberg E, Jin Y, Paulsen C. The Health Literacy of America's Adults: Results from the 2003 National Assessment of Adult Literacy (NCES

2006-483). Washington, DC: U.S. Department of Education, National Center for Education Statistics; 2006. 12. National Quality Forum. Safe Practices for Better Healthcare, 2003; Washington, D.C. 13. Parikh N, Parker R, Nurss J. Shame and health literacy: the unspoken connection. Patient Education and Counseling. 1995;25:109–199. 14. Schillinger D, Piette J, Grumbach K, Wang F, Wilson C, Daher C, Leong-Grotz K; Castro C, Bindman AB. Closing the Loop: Physician Communication

With Diabetic Patients Who Have Low Health Literacy. Arch Intern Med. 2003;163:83-90. 15. Shojania KG, Duncan BW, McDonald KM, Wachter RM, eds. Making Healthcare Safer: A Critical Analysis of Patient Safety Practices. Evidence Report

No. 43 from the Agency for Healthcare Research and Quality. AHRQ Publication No. 01-E058; 2001. 16. U.S. Department of Health and Human Services. Healthy People 2010. 2nd ed. With Understanding and Improving Health and Objectives for

Improving Health. 2 vols. Washington, DC: U.S. Government Printing Office, November 2000. 17. Weiss, BD. Epidemiology of Low Health Literacy. In: Schwartzberg JG, VanGeest JB, Wang CC, eds. Understanding Health Literacy: Implications for

Medicine and Public Health. AMA Press; 2005:19. 18. Weiss BD. Health Literacy: A Manual for Clinicians. American Medical Association and American Medical Association Foundation; 2003.

Informação dispensada ativamente ao doente

Esta atividade compreende a elaboração de informação verbal e

escrita destinada a ser veiculada, pelo farmacêutico, quer ao doente

em regime de ambulatório, quer ao doente em regime de

internamento (pelo farmacêutico de apoio à enfermaria).

O farmacêutico pode ainda colaborar em programas de educação

sanitária, dirigidos a grupos de doentes crónicos, sobre o uso

adequado de medicamentos em situações particulares (asma,

hipertensão, diabetes, HIV/SIDA).

A seleção do tipo de informação a dispensar e do método a utilizar

deve assegurar não apenas a transmissão da informação, mas

também a efetividade desta.

Informação ao doente. Tipo de informação.

Os elementos informativos básicos que um doente deve conhecer, enumerados pelo American Society of Hospital Pharmacy (e citados, também, pelas Boas Práticas em Farmácia Hospitalar), são os seguintes:

- Nome do medicamento - Indicações e ações esperadas; - Início da ação esperada e o que fazer se ela não ocorrer; - Via de administração, forma farmacêutica, dose, horário de administração e duração do tratamento; - Instruções especiais de preparação e administração; - Precauções a tomar durante a administração; - Efeitos secundários comuns que podem apresentar-se, como evitá-los e como atuar se se apresentarem; - Técnicas de auto-monitorização da farmacoterapia; - Normas para a correta conservação; - Interações potenciais com outros medicamentos e com alimentos; - Contra-indicações terapêuticas; - Que fazer no caso de esquecimento de uma toma; - Qualquer outra informação específica sobre o medicamento.

Informação ao doente. Tipo de informação.

Na prática esta informação torna-se muito extensa, sobretudo, se o doente toma um nº elevado de medicamentos, devendo, neste caso, selecionar-se o(s) medicamento(s) em que a má adesão implique maiores riscos e a informação mais adequada para uma boa adesão e êxito terapêutico: - Ação esperada; - A forma de o tomar (como, quando e quanto); - Duração do tratamento; - Efeitos secundários comuns que podem apresentar-se; - Interações; - Precauções especiais; - Normas para a correta conservação. Deverão ser realçadas as consequências da não cumprimento da terapêutica.

Informação ao doente

Métodos educativos - Método direto: comunicação verbal - Método indireto: folhetos informativos

A informação deve ser dada sob a forma de comunicação verbal (método direto) e reforçada com informação escrita, sob a forma de folhetos informativos (método indireto), devendo ser adaptada às necessidades do doente.

Informação ao doente. Métodos educativos.

Método direto Informação verbal / Diálogo: constitui o método mais efetivo e personalizado, sendo fundamental para o farmacêutico assegurar-se que o doente não tem dúvidas sobre os medicamentos que está a tomar. Deve desenvolver-se em quatro fases: 1º) Fase de avaliação inicial 2º) Fase de exposição 3º) Fase de avaliação da compreensão da informação 4º) Resumo

Informação ao doente. Métodos educativos.

Método direto 1º) Fase de avaliação inicial Avaliar o comportamento do doente face à utilização da medicação e os seus conhecimentos sobre a sua patologia e sobre os medicamentos prescritos. 2º) Fase de exposição Transmitir os conhecimentos necessários para uma correta utilização dos medicamentos. Nesta fase, deve procurar-se corrigir erros detetados na fase de avaliação e consolidar procedimentos corretos. 3º) Fase de avaliação da compreensão da informação Colocar questões de modo a que o doente possa resumir os aspetos mais importantes da informação cedida. 4º) Resumo No final do diálogo deve ser feito um resumo, destacando os aspetos mais importantes que o doente deve recordar.

Informação ao doente. Métodos educativos.

Método direto CONFIDENCIALIDADE

A informação ao doente deve ser prestada confidencialmente, pelo que deve ser prevista uma área específica para o efeito. Os SF deverão dispor de uma sala de espera e de uma zona de atendimento para a dispensa dos medicamentos e da informação aos doentes em regime de ambulatório.

Informação ao doente. Métodos educativos.

Método indireto Informação escrita: deve ser elaborada numa linguagem simples e compreensível, mas tanto quanto possível uniformizada e de acordo com o RCM e parâmetros mencionados anteriormente. Pode apresentar-se sob a forma de folhetos pré-impressos, ou existir num programa de base de dados, que permita editar a informação de forma rápida e individualizada para cada doente. Devem ser dadas instruções ao doente para contactar o seu médico ou farmacêutico sempre que seja necessário algum esclarecimento.

Bibliografia

• Boas Práticas de Farmácia Hospitalar, Conselho do Colégio da Especialidade em

Farmácia Hospitalar, Ordem dos Farmacêuticos, 1999. ISBN: 972-96555-2-9.

• Manual da Farmácia Hospitalar, Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar,

Infarmed, Ministério da Saúde, Março 2005. ISBN: 972-8425-63-5.