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Ano 11, Dezembro 2014

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Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro

Edito

rial

Neste aniversário da UA sublinhamos

o caráter pioneiro do Programa de

Cátedras Convidadas, instituído para

promover a colaboração de cientistas de

elevado mérito no desenvolvimento

e afirmação de áreas estratégicas.

De entre todas elas foi decidido convidar

o Professor Philippe Pierre, ilustre

imunologista francês, associado à cátedra

Ilídio Pinho. E foi-o porque a Saúde é

hoje um dos domínios mais transversais

na atividade da UA, contando com

os contributos de um número muito

significativo de departamentos, escolas

e unidades de investigação, e com

tradução não só em termos de criação de

conhecimento, mas também de ensino,

prestação de serviços e cooperação

com outras instituições.

A investigação que vimos desenvolvendo

mobiliza já competências de praticamente

todas as áreas da UA: saúde,

naturalmente; física e química; biologia;

materiais; electrónica, telecomunicações

e informática; línguas; ambiente; educação;

políticas públicas; gestão e marketing,

sem querer ser exaustivo.

E continuamos a dar passos significativos

para reforçar a capacidade de bem fazer.

Criámos o iBiMED – Instituto de

Biomedicina de Aveiro, que congrega,

numa ótica multidisciplinar, investigadores

focados no estudo do envelhecimento e das

doenças a ele associadas, e que passou,

com distinção, à 2ª fase da avaliação

conduzida pela Fundação para a Ciência e

Tecnologia (FCT). Criámos igualmente um

pólo do CINTESIS – Centro de Investigação

em Tecnologias e Serviços da Saúde,

coordenado pela Universidade do Porto.

Ainda no âmbito de iniciativas recentes,

refiro a infraestrutura nacional para a

sequenciação e análise genómica –

Genome -, liderada pela UA, e que figura

entre os 40 projetos incluídos no roteiro

nacional promovido pela FCT. Roteiro

em que estamos presentes noutros

dois projetos no domínio das Ciências

Médicas e Biológicas: a rede nacional de

espectometria de massa e a plataforma

portuguesa de bioimagem.

No âmbito do Programa Mais Centro,

contando com o apoio da região, foram

criadas linhas de investigação em

“Biomateriais para uso em Medicina

regenerativa” e “Novas estratégias

aplicadas a distúrbios neuropatológicos”,

que possibilitaram a contratação

de investigadores.

No ensino tiramos partido do caráter dual

– universitário e politécnico –, e da nossa

estrutura matricial, através de cursos

ministrados na Escola Superior de Saúde

e na Secção Autónoma de Ciências da

Saúde. E alguns dos nossos melhores

estudantes são, precisamente, atraídos

para cursos como Ciências Biomédicas,

Biotecnologia ou Enfermagem.

O conhecimento e formação adquirem

uma particular expressão na colaboração

ativa que temos com a rede assistencial da

região, bem como com outros agentes do

setor, com tradução em estágios, projetos

conjuntos e prestação de serviços.

Estas são, apenas, algumas das frentes

em que marcamos presença, reforçando

as competências que detemos e

colocando-as ao serviço da melhoria da

qualidade de vida. Fazemos muito. Mas

podemos fazer mais e, sobretudo, melhor.

Com este objetivo foi criado, em maio

de 2013, um Grupo de Missão para a Área

da Saúde, coordenado pelo Professor

Júlio Pedrosa. O trabalho realizado

permitiu traçar orientações para aumentar

a relevância, o impacto e a eficiência

da nossa ação, a que se segue agora

a necessária concretização.

Importa, pois, tirar partido de todo este

potencial mobilizador e agregador,

no quadro mais alargado dos objetivos

europeus e nacionais para 2020, em que

a saúde, as alterações demográficas

e o bem-estar foram escolhidos como

desafios societais a superar.

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CULTURAL A grande música quer entrar nos lares sem

perder a solenidade reservada aos mestres

compositores

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OPINIÃO

UA 2020: Uma Universidade Cívica

Investigação fundamental e aplicada

ENTREVISTA COM...

Isabel Martins

DOSSIER

UA e China: um enorme abraço com mais

de três décadas de parcerias

PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS

Rui Costa

Ana Biscaia

Pedro Rogeiro

DISTINÇÕES

PERCURSO SINGULAR

Cátedra Ilídio Pinho para imunologistas e

especialistas em células dendríticas

EDITORIAL

Manuel António Assunção

Reitor da UA

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ACONTECEU NA UA

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COOPERAÇÃO

AAAUA otimista e cheia de projetos

para 2015!

Campus e cidade unem-se para mostrar a amizade pelos modos suaves de mobilidade e pela bicicleta

INVESTIGAÇÃO

Recomendações para gestão integrada

da ria nas próximas décadas ao dispor

dos decisores

Casa Passiva: o edifício do futuro no presente

CAMPUS SUSTENTÁVEL

UA aceita o desafio da ONU:

ter um Campus Sustentável

ENSINO

Alunos internacionais de mobilidade

consideram "excelente" experiência na UA

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39-44

EDIÇÕES

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A UA tem sabido distinguir-se e afirmar-se pela relação que

estabelece com a sociedade e com a Região. O desafio

fundador, de se afirmar como uma universidade inovadora,

aberta à sociedade e capaz de fazer face aos maiores desafios

regionais, foi sendo respondido de forma capaz, tendo o seu

contributo para o desenvolvimento regional sido inquestionável.

Este percurso resultou numa forte interação com o tecido

económico e com as autoridades públicas locais e regionais,

na formação e investigação orientada para a economia regional

e para as necessidades societais, através de um envolvimento

inovador e de uma abordagem transversal às várias áreas

científicas que foram sendo desenvolvidas nos seus campi.

Hoje não é difícil afirmar que a UA é uma Universidade Cívica.

Os resultados são prova deste sucesso: redes de investigação

e formação internacionais, uma reputação de universidade

inovadora, com investigação de excelência, reconhecida pelo

seu papel no desenvolvimento regional e com uma comunidade

internacional em crescimento.

· orientar os processos futuros de

aprofundamento da sua missão,

especialmente no que diz respeito a

esta articulação;

· inovar na forma como se coloca ao

serviço da sociedade.

Este papel foi já reconhecido a nível

europeu, nomeadamente ao ser

identificada como estudo de caso numa

recente conferência sobre o papel

das Universidades Cívicas na Europa

promovida pelo Comité Económico e

Social da UE (junho de 2014).

Consideramos estarem, assim, reunidas

as condições para levar a cabo a

implementação de uma estratégia

que consubstancie esta experiência e

promova as necessárias adaptações

institucionais, de práticas e de

envolvimento com a sociedade. Uma

estratégia doravante designada por UA

2020: Universidade Cívica.

A distinção e separação entre funções

principais e função de ligação à sociedade

(usualmente designada por terceira

missão) é necessariamente menos clara

na Universidade Cívica. A sobreposição

e interligação entre as três missões

(formação, investigação e ‘cooperação’)

torna-se, não só, mais presente, como

também mais determinante para a

estratégia e missão da Universidade. Esta

sobreposição, ou melhor, a propositada

articulação e interdependência entre

missões tem profundas consequências

para cada uma delas e para a missão da

Universidade como um todo.

Em síntese, uma Universidade Cívica

reconhece que tem um sentido de

missão, é ativamente empenhada na

sociedade, desenvolve uma perspetiva

UA 2020:uma Universidade Cívica

Filipe TelesPró-reitor da UA

Uma Universidade Cívica entende

que o sentido da sua missão é ser melhor

para alguma coisa, e não apenas melhor

em alguma coisa.

Uma Universidade Cívica entende que o sentido da sua

missão é ser melhor para alguma coisa, e não apenas melhor

em alguma coisa. Trata-se de uma Universidade ativamente

envolvida na sociedade, promovendo a excelência e a

colaboração, de forma inovadora, transversal e em função das

necessidades identificadas na comunidade.

No entanto, a fronteira que se esbate entre a academia e a

sociedade exigirá uma capacidade de permanente adaptação

às novas exigências, necessidades e desafios desta última.

Tendo em conta a identidade da UA e o percurso que estabeleceu

ao longo dos seus primeiros 40 anos, há condições para:

· consolidar a experiência que tem demonstrado no

âmbito da relação com a sociedade e a cooperação que

soube estabelecer com a Região, ao assumir um papel

determinante no desenvolvimento regional;

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7 opinião

holística na sua ação, com um sentido

de identidade indissociável da sua

comunidade de pertença territorial, e

é permanentemente inovadora. Uma

universidade aberta, permeável aos

desafios societais, capaz de medir e

avaliar o seu contributo para a sociedade.

Este é um processo estratégico que

implica mudanças graduais, mas

significativas no modo de atuar, na

orgânica institucional, nos incentivos, e

nas práticas de formação e investigação.

Implica, necessariamente, o envolvimento

empenhado de toda a comunidade

académica. A Universidade Cívica

implicará uma maior articulação entre

investigação e ensino; o desenvolvimento

de uma atitude transformadora,

socialmente responsável e empenhada,

conduzindo a sua missão enquanto

instituição de ensino superior em

função do impacto que as três missões

produzem na sociedade.

A UA pode assumir este percurso

se continuar a apostar na

internacionalização, na excelência da

investigação, na qualidade inovadora da

sua formação e na relação inseparável

com a comunidade local, nacional

e internacional. No entanto, o que

a distinguirá significativamente das

outras instituições é a capacidade de

se afirmar pela intencional e estratégica

articulação das suas missões,

nomeadamente repensando a relação

entre estas, integrando os desafios

societais nas suas agendas de formação

e investigação e reforçando o papel

das unidades de interface e do futuro

Parque de Ciência e Inovação. Será

ainda fundamental para esta estratégia

o aprofundamento das relações com

os stakeholders e alumni e a estreita

articulação com a Região, através

da participação ativa nos diversos

fora de decisão e na valorização de

programas de ação como as Plataformas

Tecnológicas e as iniciativas no

âmbito da promoção e valorização do

empreendedorismo, da inovação social e

da cultura científica.

Nas últimas quatro décadas o contributo

da UA é inquestionável. Importa, agora,

reforçar este papel que passa por

colocar a excelência académica ao

serviço da sociedade. A missão, assim

definida, implica uma maior articulação

entre as necessidades societais, a

produção e criação de conhecimento e

a ação da universidade. Requer, ainda,

o aumento de parcerias e plataformas

de articulação com a sociedade e

o desenvolvimento de mecanismos

e processos de co-produção de

conhecimento.

Uma estratégia com estas preocupações

deve, assim, garantir os objetivos de

promoção da reputação da UA enquanto

Universidade Cívica de Excelência,

permitindo posicioná-la enquanto

líder reconhecido no desenvolvimento

económico, social e cultural da região, e

contribuir para a afirmação internacional

da UA enquanto instituição atenta e a

contribuir ativamente para a resposta

aos desafios societais. Uma estratégia

que permita, ainda, contribuir para o

desenvolvimento do perfil público de

Aveiro como uma UniverCidade e da

Região de Aveiro como uma Região de

Conhecimento e Inovação.

A UA pretende criar e mobilizar

conhecimento de forma autónoma e

articulada com as necessidades da

sociedade. Ao fazê-lo, para além de

cumprir a sua missão cívica, deve

garantir que a mesma é consequência

de investigação e de formação de

excelência nas respetivas áreas. A UA

2020: Universidade Cívica possibilitará,

ainda, criar condições para um melhor

aproveitamento deste novo período de

programação comunitário 2014-

-2020, promovendo a sua atratividade

e internacionalização. É, assim,

determinante para o sucesso da

UA a valorização das suas áreas de

especialização, a partir da identificação

dos desafios societais mais relevantes

no seu contexto e para os quais poderá

contribuir. A missão da UA 2020:

Universidade Cívica resultará

da colaboração interna multidisciplinar

e do envolvimento ativo de toda

a comunidade.

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Investigação e Desenvolvimento (I&D) é comummente

decomposta em três categorias: investigação fundamental,

que se preocupa com o avanço do conhecimento por si só

(embora, naturalmente, possa incluir investigação teórica e

experimental); investigação aplicada, cujas descobertas são

passíveis de se transformarem em produtos e, normalmente,

é guiada por um fim muito concreto; desenvolvimento, que se

centra em implementar, na forma de produtos, as tecnologias

entretanto descobertas. Deve-se, no entanto, ressalvar que

este tipo de classificação está longe de ser consensual,

havendo autores (Rosenberg, 1990) que consideram mesmo

que em algumas áreas do conhecimento (como a medicina

ou a agricultura) não se deve levar em linha de conta, pelo

menos de modo absoluto, quaisquer tentativas de divisão da

investigação em fundamental e aplicada.

Quando se trata de planear financiamento de I&D, é

relativamente evidente a tentação, por parte de políticos e

decisores (públicos e privados), de emitirem opiniões — ou

mesmo tomarem decisões — meramente suportadas por

perceções pessoais, casuísticas, e não raras vezes sem algum

fundamento suportado por bases científicas.

Em termos mais globais, a história tem mostrado que em

épocas de grave crise económica e/ou instabilidade social,

o investimento em investigação fundamental fica pura e

simplesmente “esquecido”. Em tais épocas, constata-se até

o desaparecimento de uma perceção relativamente empírica

de que a longo prazo as três categorias acima indicadas estão

extraordinariamente interligadas, dependendo fortemente

entre si e alimentando-se mutuamente. O interessante é que

já existem modelos que permitem precisamente modelar o

equilíbrio e as dependências entre as tais três categorias de I&D;

cf., e.g., Akcigit, Hanley & Serrano-Velarde (2013) e Czarnitzki

& Thorwarth (2012). Várias empresas de grande dimensão e

abrangência mundial conhecem, de forma profunda, aquelas

formas de equilíbrio e as dependências inerentes, que são aliás

mensuráveis e passíveis de se deduzir de tais modelos. Assim,

não será por acaso que várias dessas empresas possibilitem

aos seus colaboradores meios e espaços temporais de criação,

não delimitados por objetivos imediatistas. Não são poucas as

vezes que estas mesmas empresas investem de forma planeada

(e com montantes bastante consideráveis) em investigação

fundamental – mesmo quando os seus principais objetivos são

muito concretos e imediatos.

Ao vivermos a atual crise económica,

na Europa, é constrangedor podermos

interpretar que, ao nível do investimento

público, não se aprendeu muito com

a história, nem, em particular, parece

haver conhecimento sustentado sobre

um necessário mínimo equilíbrio no

investimento entre as ditas investigações

(a fundamental e a aplicada). Há nesta

altura, na União Europeia, em nossa

opinião, uma exagerada e não equilibrada

tendência no investimento para os

resultados de investigação de cariz

imediato, em desfavor da investigação

fundamental. Se tivermos em conta os

modelos referidos acima, é fácil constatar

que níveis mínimos de equilíbrio no

investimento público nas três categorias

de I&D não estão considerados em

programas como o atual Programa-

Quadro Comunitário de Investigação e

Inovação – Horizonte 2020. Na realidade,

nos três pilares fundamentais daquele

programa (“Excelência Científica”,

“Liderança Industrial” e “Desafios

Societais”) é preciso algum esforço para

que aí se vislumbrem enquadramentos

da investigação fundamental. Pior ainda,

naquele programa (que, recorde-se, tem

um horizonte temporal de 2014 a 2020),

existem áreas do conhecimento com

extrema dificuldade em se enquadrarem

em alguma parte dos eixos do programa.

Aqueles que fazem investigação

fundamental, devem, portanto, ser

construtivos e o mais latos possível

na busca de financiamento para esta

categoria de investigação.

Só desta forma se poderá tentar

minimizar o desequilíbrio que nestas

breves linhas identificámos.

Investigação fundamental e aplicada

Luís Castro Docente do Departamento de Matemática da UA e investigador do CIDMA

Akcigit, U., Hanley, D.

& Serrano-Velarde, N.

(2013), “Back to basics:

Basic research spillovers,

innovation policy and

growth” PIER Working

Paper, 13-051.

Czarnitzki, D. & Thorwarth,

S. (2012), “Productivity

effects of basic research

in low-tech and high-tech

industries” Research

Policy, 41:1555–1564.

Rosenberg, N. (1990),

“Why do firms do basic

research (with their own

money)?” Research

Policy, 19:165–174.

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9 opinião9 distinções

UA ENTRE AS 500 MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO

O ranking da US News coloca a academia de Aveiro na restrita lista liderada pela

Universidade de Harvard seguida pelo Massachusetts Institute of Technology.

No ranking regional a US News situa a UA na 208.ª posição entre as mais bem

cotadas universidades europeias.

Entre as quatro universidades portuguesas referidas pelo ranking, a de Lisboa, no

265.º lugar, consegue o melhor resultado. Seguem-se as do Porto, de Coimbra e a

de Aveiro. No ranking regional para a Europa, a instituição lisboeta aparece na 113.ª

posição, Porto na 144.ª, Coimbra na 185.ª e Aveiro na 208.ª.

O novo ranking foi apresentado no final de outubro pela publicação norte-americana

especializada em educação, a US News, que há três décadas organiza listas sobre as

melhores universidades dos EUA.

DISTINÇÕES

ALUNOS INTERNACIONAIS

A UA obteve a melhor classificação

a nível nacional no “International

Student Satisfaction Awards 2014”,

do portal StudyPortals. A academia

de Aveiro foi considerada “excecional”

pelos alunos internacionais, obtendo

a classificação mais elevada no

ranking (pelo menos 9,5 valores em

10), relativamente a 2013/2014. A UA

repete, assim, o primeiro lugar do ano

anterior, melhorando mesmo a sua

classificação: passou de "excelente"

a "excecional".

Em Portugal, a Universidade

de Coimbra e do Instituto Superior

de Ciências do Trabalho e da

Empresa/Instituto Universitário de

Lisboa obtiveram as segunda e

terceira posições. As três instituições

obtiveram a classificação

de “excecional”.

O prémio, sob a forma de um

certificado, é o resultado de um

inquérito realizado na plataforma

de intercâmbio de experiências

de estudantes da StudyPortals.

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linhas dezembro 2014

DOCUMENTÁRIOS DA UA

PREMIADOS NA 20.ª EDIÇÃO DO

CINEECO

O filme Neram N'dok, cuja filmagem

e montagem foi feita pela UA, ganhou

a categoria Lusofonia na 20.ª edição

do CineEco - Festival Internacional de

Cinema Ambiental da Serra da Estrela

que, de 11 a 18 de outubro, colocou a

concurso o que de melhor o cinema

mundial tem produzido sobre o ambiente

e a preservação da natureza. Na mesma

categoria, o documentário “A Ria por

Dentro” realizado pela UA foi galardoado

com uma menção honrosa.

O Neram N'dok é um documentário

sobre as ilhas Urok, situadas no

arquipélago dos Bijagós (Guiné-Bissau),

sobre os seus habitantes que têm

em mãos a construção de um

modelo único de sustentabilidade e

desenvolvimento e sobre a vibrante

natureza da qual dependem.

Também o documentário “A Ria por

Dentro”, um dos quatro documentários

produzidos e realizados pela UA, numa

colaboração entre Departamento de

Biologia/CESAM, STIC-audiovisuais e

IDAD, no âmbito do projeto “Do Ar à Água”,

recebeu da 20.ª edição do CineEco uma

menção honrosa na categoria Lusofonia.

Este projeto foi financiados pela

Agência Ciência Viva e pelo Compete

e teve como responsáveis os biológos

da UA Ana Maria Rodrigues e Victor

Quintino. Ana Maria Rodrigues aponte

que "os quatro documentários, têm

como objetivo dar a conhecer aspetos

sobre a biodiversidade, em particular da

Ria de Aveiro, zona húmida de beleza

paisagistica única no País, e pretendem

sensibilizar para a necessidade de gerir

de forma equilibrada os recursos naturais

da Ria de modo a não por em causa o

seu património natural".

NUNO BORGES DE CARVALHO

ELEITO "FELLOW" DO IEEE

Nuno Borges de Carvalho, professor

do Departamento de Eletrónica,

Telecomunicações e Informática

da UA e investigador do Instituto

de Telecomunicações, foi eleito em

novembro "fellow" do Institute of

Electrical and Electronics Engineers

(IEEE), elevando para três o número de

académicos da UA com este título.

O professor e investigador do IT

junta-se, assim, aos outros dois

membros da UA que já são "fellows"

do IEEE, nomeadamente: Andrei

Kholkin, investigador-coordenador

do Departamento de Engenharia de

Materiais e Cerâmica (DMAC) e do

Centro de Investigação em Materiais

Cerâmicos e Compósitos (CICECO),

e José Carlos Pedro, professor

do Departamento de Eletrónica,

Telecomunicações e Informática e

também investigador do Instituto de

Telecomunicações.

LIVRO DE EUGÉNIO LISBOA

CONQUISTA GRANDE PRÉMIO DE

LITERATURA BIOGRÁFICA 2012/2013

O livro “Acta Est Fabula – Memórias

I – Lourenço Marques (1930-1947)”, da

autoria de Eugénio Lisboa, professor

aposentado da UA e colaborador

do Centro de Línguas, Literaturas e

Culturas (CLLC), editado pela Opera

Omnia, conquistou o Grande Prémio de

Literatura Biográfica 2012/2013. Este

galardão foi atribuído em novembro pela

Associação Portuguesa de Escritores,

concretamente, na categoria de

Biografia, Autobiografia e Diário.

PROJETO DA UA VENCE CATEGORIA

DO BGI - IUL MIT PORTUGAL CAIXA

CAPITAL ACCELERATOR

Um dispositivo à escala milimétrica

que mede a quantidade de radiação

aplicada no organismo, desenvolvido

por investigadores da UA, venceu em

novembro a quinta edição do Building

Global Innovators (BGI) - IUL MIT

Portugal Caixa Capital Accelerator,

na categoria de Medical Technology

and Health IT. A equipa promotora do

projeto, designado nuRISE, recebeu

100 mil euros de prémio.

O dosímetro projetado pela equipa

permite aos médicos aplicar o

tratamento radioterapêutico de forma

mais eficiente nas células malignas

poupando ao mesmo tempo os tecidos

saudáveis, na medida em que fornece

informação em tempo real sobre a

dose de radiação que está realmente a

ser aplicada.

Formada pelos investigadores Luís

Moutinho, João Veloso e Filipe Castro,

do grupo Deteção da Radiação e

Imagiologia Médica do Departamento

de Física da UA, a equipa desenvolveu

o projeto, ao longo de três anos,

no âmbito das atividades do grupo

Deteção de Radiação e Imagiologia

Médica (DRIM), do Instituto de

Nanoestruturas, Nanofabricação e

Nanomodelação (I3N), laboratório

associado com polo na UA.

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11 percurso singular11 distinções

DIRETOR DO CICECO NOMEADO

MEMBRO DA EUROPEAN ACADEMY

OF SCIENCES

A missiva de Claude Debru, presidente

da European Academy of Sciences

(EURASC), chegou dia 8 de setembro.

Convidava o investigador João

Rocha, também diretor do Centro de

Investigação em Materiais Cerâmicos

e Compósitos (CICECO), laboratório

associado da UA, para membro da

Academia na sequência de um processo

em que o seu nome foi apoiado por

todos os membros do Conselho Geral

daquela instituição.

A nomeação, atribuída pela primeira

vez a um cientista nacional, é motivo de

orgulho para o professor da academia de

Aveiro. É também “um sinal de que o fim

já esteve mais longe”, comentou então

usando o seu sentido de humor.

João Rocha é membro da Academia

das Ciências de Lisboa, foi distinguido,

em 2004, com o Prémio de Excelência

Científica da Fundação para a Ciência

e Tecnologia (FCT) e é avaliador

do European Research Council. O

investigador desenvolve a sua atividade

nas áreas da química de materiais (em

particular emissores de luz), ressonância

magnética nuclear e difração de raios-X.

Com um palmarés de 430 artigos no

sistema internacional de registo e

citações científicas, 23 capítulos de livros

e 10 mil citações no total da sua produção

científica, e três pedidos de registo de

patente, João Rocha foi distinguido por

uma das mais prestigiadas organizações

científicas europeias.

EQUIPA DA UA EM PRIMEIRO LUGAR

NACIONAL E IBÉRICO NO CONCURSO

DE PROGRAMAÇÃO IEEE XTREME 8.0

As quatro equipas da UA que

participaram na competição “IEEE

Xtreme 8.0” ficaram no Top 10 Nacional,

ficando uma delas em 1º lugar a nível

ibérico. O concurso IEEE Xtreme 8.0, que

decorreu em outubro na academia de

Aveiro, consistiu numa competição de 24

horas de programação a nível mundial,

organizado pelo Institute of Electrical

and Electronics Engineers (IEEE) - UA

Student Branch.

PAULO VILA REAL ELEITO

PRESIDENTE DA COMISSÃO "FIRE

SAFETY OF STEEL STRUCTURES"

DA ECCS

Paulo Vila Real, professor do

Departamento de Engenharia Civil da

UA, foi eleito em outubro presidente

da Comissão Técnica nº 3 (TC3),

“Fire Safety of Steel Structures”, da

European Convention for Constructional

Steelwork (ECCS). O organismo

agrega as associações europeias de

construção metálica e mista e tem

como objetivo principal a promoção

do uso do aço na construção através,

entre outros, do contributo das suas

comissões técnicas, cujos membros são

maioritariamente académicos.

FÁBRICA CENTRO CIÊNCIA VIVA DE

AVEIRO VENCE PRIMEIRO PRÉMIO NO

CONCURSO “CIENCIA EN ACCIÓN”

A produção teatral da Fábrica Centro

Ciência Viva de Aveiro, com o título “Claro

como água!”, venceu o primeiro prémio

da XV edição do concurso internacional

“Ciência en Acción”, na modalidade “Puesta

en Escena”. O evento decorreu em outubro,

na CosmoCaixa Barcelona, em Espanha.

“Ciencia en Acción” é um concurso

internacional de língua espanhola e

portuguesa que visa fomentar a divulgação

científica e tecnológica. O evento mantém,

desde a sua criação, importantes laços

com outros programas de objetivos

análogos em museus, universidades,

empresas, centros científicos e outras

organizações relacionadas com a ciência,

por toda a Europa.

UA EM DESTAQUE NO GRANDE

CONCURSO EDUCACIONAL

SQÉDIO 2014

A UA esteve em evidência no Grande

Concurso Educacional Sqédio 2014. Para

além de ter alcançado o Grande Prémio

Projeto, a academia de Aveiro trouxe

para casa três menções honrosas do

concurso que anualmente desafia todos

os estudantes do ensino secundário e

superior a apresentarem seus projetos

3D. Forte nessa área, o Departamento

de Engenharia Mecânica (DEM) vestiu a

camisola da UA, disse presente e acabou

por atrair os holofotes do Sqédio 2014. Os

prémios foram entregues em setembro.

INVESTIGAÇÕES DA UA PREMIADAS

PELA INTERNATIONAL HUMIC

SUBSTANCES SOCIETY

Joana Leal e João Matos, doutorandos

do Departamento de Química e do

Centro de Estudos de Ambiente e Mar

(CESAM) da UA, foram homenageados

e premiados pela International Humic

Substances Society (IHSS) numa

cerimónia que decorreu em outubro na

cidade de Ioannina (Grécia).

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linhas dezembro 2014

CERVEJA MALDITA É A MELHOR

DA EUROPA

A Cerveja Maldita foi distinguida como a

Best Barley Wine, na categoria de Europe’s

Best Beers 2014. O prémio foi entregue a

26 de setembro pela World Beer Awards,

sendo que esta instituição é conhecida por

ser aquela que define a melhor cerveja do

mundo. A cerveja é produzida pela Faustino

Microcervejeira, uma empresa incubada na

Incubadora de Empresas da Universidade

de Aveiro (IEUA).

Artur e Gonçalo Faustino são os pais da

Faustino Microcervejeira, uma empresa

de produção de cerveja artesanal

cujo parto resultou da união de dois

engenheiros, pai e filho, com uma paixão

em comum por cerveja, e com o apoio

da IEUA.

JOÃO A. P. COUTINHO GANHA

PRÉMIO PROFESSOR ALMIRO E

CASTRO

O docente da UA João A. P. Coutinho foi

o grande vencedor do prémio Professor

Almiro e Castro. A distinção, atribuída

ao investigador do Departamento de

Química e do Centro de Investigação

em Materiais Cerâmicos e Compósitos

(CICECO) da academia de Aveiro

durante a 12th International Chemical

and Biological Engineering Conference

(CHEMPOR 2014), que decorreu em

setembro no Porto, homenageia

o trabalho que o investigador tem

realizado nos últimos anos em áreas

que vão desde a purificação de

biomoléculas, à caraterização de

biocombustíveis, passando pelas novas

tecnologias para a recuperação

de petróleo.

“O trabalho que foi premiado é o

resultado do esforço dedicado de uma

enorme equipa por mim coordenada”,

congratulou-se João A. P. Coutinho

depois de ter recebido o prémio instituído

pela Paralab, uma empresa nacional da

área de distribuição de equipamentos

científicos para aplicações laboratoriais

e industriais. O galardão pretende

distinguir, de três em três anos, o mérito

científico de um docente e investigador

de nacionalidade portuguesa, com

idade inferior a 45 anos, que se tenha

destacado nas áreas das Engenharias

Química, Biológica e afins.

IMPRESSORA 3D NASCIDA

NA UA ENTRE AS MELHORES

DO MUNDO

A Beethefirst foi uma das grandes

vencedoras do The 3D PrintShow

Global Awards. A primeira impressora

3D portuguesa, criada por Francisco

Mendes e Jorge Pinto, engenheiros

formados na academia de Aveiro, foi

galardoada em setembro com os prémios

Best Consumer Printer e Best Prosumer

Printer no concurso do 3D PrintShow, o

certame que decorreu em Londres e que

é um dos maiores encontros mundiais do

setor das tecnologias de impressão a três

dimensões.

IDEIA DE NEGÓCIO DE ALUNOS

DA ESAN PREMIADA EM

CONCURSO NACIONAL DE

EMPREENDEDORISMO

Chama-se Upss, é uma bebida "low

cost" disponibilizada num copo

inovador e foi preparada a pensar nos

jovens. Desenvolvida por Ana Couto,

Mariana Figueira e Jhonny Carvalhais,

Os prémios entregues pela IHSS tiveram

por objetivo premiar jovens estudantes

graduados que estejam a desenvolver

projetos de doutoramento e contaram

com a candidatura de dezenas de

investigadores de todo o mundo cujos

trabalhos foram avaliadas pelo IHSS

Travel Support Award Committee.

O processo de avaliação que distinguiu

os dois investigadores da UA

valorizou primariamente a qualidade e

originalidade do conteúdo científico do

trabalho. Adicionalmente, cada jovem

investigador premiado devia ser parte

ativa e principal do planeamento e

condução da investigação no campo das

substâncias húmicas.

MATEMÁTICO DA UA UWE KÄHLER

PREMIADO PELA SOCIEDADE

EUROPEIA DE MÉTODOS

COMPUTACIONAIS NAS CIÊNCIAS

E ENGENHARIAS

A Sociedade Europeia de Métodos

Computacionais nas Ciências e

Engenharias premiou Uwe Kähler com

a distinção de Honorary Fellowship

pelas suas proeminentes contribuições

no campo da Matemática Aplicada.

A cerimónia que homenageou o

investigador do Departamento de

Matemática da UA decorreu a 23 de

setembro durante a 14ª International

Conference of Numerical Analysis and

Applied Mathematics que teve lugar

em Rodos, Grécia, onde Uwe Kähle foi

orador convidado.

Page 13: Linhas 22

13 distinções

estudantes do curso de Tecnologia

e Design de Produto da Escola

Superior Aveiro Norte (ESAN), a ideia

conquistou em setembro uma menção

honrosa no Concurso Nacional de

Empreendedorismo, o Poliempreende.

A bebida já tinha conquistado um

Concurso Regional que decorreu em

julho na UA.

ESTUDO DA TERMODINÂMICA VALE

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

PARA INVESTIGADORA DA UA

A investigadora Mara Freire foi

galardoada com o “ECTP-NETZSCH

Young Scientist Award”. O prémio

atribuído em setembro à investigadora

do Centro de Investigação em Materiais

Cerâmicos e Compósitos (CICECO)

da UA durante o "20th European

Congress on Thermophysical Properties"

homenageia, a cada três anos, uma

carreira científica de elevado mérito de

investigadores com menos de 40 anos

de idade na área da caracterização de

propriedades termofísicas.

Já em 2013 Mara Freire conquistou

1,4 milhões de euros atribuídos pelo

Conselho Europeu de Investigação,

através de uma das mais importantes

bolsas europeias de apoio

à investigação científica.

Durante os últimos anos a cientista,

licenciada em Química Analítica e

Doutorada em Engenharia Química

pela academia de Aveiro, estudou

essencialmente os perfluorocarbonetos

e os líquidos iónicos, duas grandes

categorias de solventes com

propriedades promissoras para as mais

variadas aplicações em processos

industriais. “Visando a sua aplicação

industrial contribuí com uma larga

panóplia de propriedades termofísicas,

assim como com a determinação dos

seus diagramas de fase”, lembrou.

GRUPO DE ROBÓTICA DA UA VENCE

NOVAMENTE CONCURSO "O ROBÔ

BOMBEIRO"

A UA ganhou dois primeiros prémios na

competição “O Robô Bombeiro”. Com

as equipas Robotazos 1 e Robotazos 2,

a academia de Aveiro sagrou-se campeã

e vice campeã na categoria Standard,

na qual participaram 22 equipas de todo

o país. O objetivo deste concurso anual

consiste em apagar uma vela localizada

num labirinto, usando para o efeito um

robô completamente autónomo.

FILIPA LÃ É NOVA CONSULTORA

DA PAN-EUROPEAN VOICE

CONFERENCES

A investigadora Filipa Lã, professora de

canto no Departamento de Comunicação

e Arte da UA, foi nomeada em julho

membro do Conselho Consultivo da Pan-

European Voice Conferences, um ciclo de

conferências interdisciplinares bianuais

maioritariamente europeias e dedicadas

à divulgação e partilha de conhecimento

nas áreas da pedagogia, da arte, da

medicina e da ciência da voz humana.

OURBRAND VENCE O CEBT IBÉRICO

OurBrand, uma Central Participativa de

Marca, foi o vencedor pela UA no CEBT

Ibérico – Competências Empreendedoras

de Base Tecnológica deste ano que

decorreu em julho. Trata-se de uma

plataforma tecnológica customizável

para diversos contextos organizacionais,

com a pretensão de resolver problemas

que tendem a afetar a marca e que

as típicas centrais de marca não

conseguem evitar. Os utilizadores são

convidados a envolver-se em todos os

assuntos com esta relacionados e aos

quais é permitida visibilidade.

PROJETO DE COMUNICAÇÃO

DE CIÊNCIA DO DBIO VENCE

PRÉMIO INTERNACIONAL

O projeto de comunicação de ciência

do Departamento de Biologia (DBio)

da UA intitulado “Biodiversidade no

Hipermercado” ganhou em julho o

primeiro prémio, ex aequo, na categoria

de “Curtas Científicas”, no âmbito do

Concurso Internacional Ciencia en

Acción. O projeto do DBio contou com

a participação criativa da produtora

Terra Líquida Filmes, o financiamento

da Agência Nacional Ciência Viva

(programa Compete) e a participação

dos Hipermercados Jumbo. Os episódios

foram transmitidos pela SIC Notícias de

1 de março a 24 de abril.

Ao todo são 13 os episódios multimédia

que têm como protagonistas o carrinho

do hipermercado e uma família. Entre

animais selvagens, cereais, fungos ou

flores, os temas abordados em cada um

dos filmes animados pretendem retratar

a diversidade biológica existente nas

grandes superfícies comerciais.

INVESTIGAÇÃO DA UA PREMIADA

NO 8TH YOUNG RESEARCHERS’

WORKSHOP AWARD

Ângelo Salvador, estudante de

doutoramento da UA, recebeu

um dos quatro prémios de melhor

comunicação oral atribuídos no 8th

Young Researchers’ Workshop Award do

62nd International Congress and Annual

Meeting of the Society for Medicinal

Plant and Natural Product Research (GA).

O encontro que premiou o estudante

decorreu em Guimarães entre 31 de

agosto e 4 de setembro.

Page 14: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Philippe Pierre e Evelina Gatti foram pioneiros, há cerca de

15 anos, nos estudos de biologia celular, in vitro, de células

dendríticas de rato e humanas. Estas células que fazem parte

do sistema imunitário, têm vindo a ser objeto de uma crescente

atenção dado o seu enorme potencial terapêutico.

A equipa tem, hoje, uma longa e reconhecida experiência nesta

área de investigação e um particular interesse em alterações

fundamentais que ocorrem durante a ativação de células

dendríticas por organismos patogénicos.

Os especialistas, que numa saudável manifestação de modéstia

intelectual se consideram meros seguidores do Nobel da

Fisiologia ou Medicina (em 2010), coordenam uma equipa de 15

investigadores no Centro de Imunologia de Marselha-Luminy

(CIML). Descobriram que as células dendríticas agregam

proteínas quando detetam microrganismos patogénicos,

expondo fragmentos na sua superfície e informando, assim,

outras células do sistema sobre os locais afetados. Philippe

Pierre foi responsável por uma tecnologia (SUnSET) não

radioativa para visualização direta da síntese proteica na célula,

em tempo real. A dupla de investigadores produziu um mapa

proteómico, ou seja do conjunto de proteínas expressas por um

genoma, nos endossomas e lisossomas das células dendríticas.

Cátedra Ilídio Pinho para imunologistas e especialistas em células dendríticasImunologista, diretor de investigação no Centre

National de la Recherche Scientifique (CNRS),

em França, responsável por várias descobertas

relacionadas com as células dendríticas, Philippe

Pierre, é o detentor principal da Cátedra Ilídio

Pinho em Neurociências da UA. Evelina Gatti,

coordenadora de investigação também no Centre

d’Immunologie de Marseille-Luminy (CNRS),

acompanha Pierre. Ambos trabalham no âmbito

do recém-constituído Instituto de Biomedicina

de Aveiro (iBiMED).

Philippe Pierre e Evelina Gatti trabalharam na UA no âmbito do novo IBiMed

Pierre publicou mais de 60 artigos em periódicos científicos

internacionais, como por exemplo, na Nature, Cell, Nature

Methods, Immunity, Journal of Cell Biology, Journal of

Experimental Medicine, Procedings of the National Academy

of Sciences, USA, EMBO Journal ou ainda PLOS Pathogens.

Philippe Pierre foi distinguido pela Fundação Schlumberger

para a Educação e Investigação.

Colaboração com investigadores da UA

Há mais de 10 anos que a dupla de investigadores franceses

tem contacto com a equipa de Manuel Santos, diretor

da Secção Autónoma das Ciências da Saúde da UA e

coordenador da candidatura à FCT que levou à constituição

do iBiMED (ver caixa). Manuel Santos e Philippe Pierre foram

Page 15: Linhas 22

15 percurso singular

nomeados, em simultâneo, para o

prémio Young Investigator Award da

EMBO, em 2001.

Os investigadores franceses têm estado

em ligação regular com a ciência em

Portugal, quer através de contactos

pessoais, quer via orientação de

doutoramentos, quer ainda lecionando

no Programa Graduado em Áreas da

Biologia Básica e Aplicada (GABBA),

da Universidade do Porto. “A qualidade

e motivação dos investigadores

portugueses espanta-nos sempre, de

tal modo que, perante a oportunidade

de iniciar um novo programa de

investigação na UA, não hesitámos!”,

comentam. A dupla de investigadores

elogia a grande qualidade dos

investigadores e estudantes da UA, tanto

ao nível das competências científicas

como sociais. Ambos consideram uma

mais-valia a localização do campus,

reunindo todas as condições para ter

uma vibrante atmosfera científica, e

frutuosa a estratégia de apostar nas

tecnologias e no desenvolvimento de

polos científicos fortes, sem dispersão,

dado que se trata de uma universidade

relativamente nova.

Arteriosclerose e neurodegeneração

no programa

Pierre e Gatti agradecem à UA e à

Fundação Ilídio Pinho a oportunidade

Um novo centro dedicado

à Biomedicina e à Investigação

Clínica

O Instituto de Investigação em

Biomedicina (iBiMED) é a mais recente

aposta da UA na área da saúde, tendo

sido criado por iniciativa do atual Reitor,

Manuel António Assunção, e do grupo

de missão para a saúde, liderado por

Júlio Pedrosa, antigo Reitor e docente

do Departamento de Química da UA.

A candidatura do iBiMED à FCT

encontra-se em fase final de

avaliação, tendo a sua preparação

e submissão sido coordenada por

Manuel Santos, diretor da Secção

Autónoma das Ciências da Saúde

(SACS). É uma unidade multidisciplinar

e interdepartamental que integra

biólogos, bioquímicos, farmacêuticos,

químicos, físicos, matemáticos e

médicos do Hospital de Aveiro, cuja

missão é estudar o envelhecimento

e as doenças associadas ao

envelhecimento, nomeadamente o

cancro, diabetes, doenças vasculares

e neurodegenerativas, em estreita

ligação à clínica. O seu programa de

investigação incide no estudo das

alterações bioquímicas do genoma

(epigenoma) e na agregação das

proteínas que ocorrem naturalmente

durante o envelhecimento, na

identificação de biomarcadores

genómicos e proteicos para monitorizar

o processo de envelhecimento e

na identificação de drogas anti-

-envelhecimento.

A longevidade dos portugueses é

semelhante à dos povos do norte da

Europa, contudo, ao contrário dos

nórdicos, vivemos com múltiplas

doenças na idade sénior, que diminuem

a nossa qualidade de vida e aumentam

drasticamente os custos dos cuidados

de saúde (relatório do Lord Nigel Crisp

para a Fundação Calouste Gulbenkian,

2014). O iBiMED ambiciona contribuir

de modo decisivo para alterar esta

contingência e promover a qualidade de

vida dos portugueses.

de promover esta aliança franco-

portuguesa, em articulação com

o CNRS e a Universidade de Aix-

Marselha. Para além da Cátedra Ilídio

Pinho e da cooperação decorrida até

agora, os investigadores franceses

lembram ainda o esforço e o interesse

da Fundação da Universidade Aix-

Marselha (AMIDEX) nas relações

científicas com as universidades

mediterrânicas e do sudoeste

europeu, entidade que garantiu fundos

significativos para este projeto científico

conjunto, e assinalam que o CNRS está

a avaliar a atribuição do estatuto

de Laboratório Internacional Associado

a esta parceria.

Há complementaridade das matérias

de investigação entre a equipa da UA

que vai integrar o iBiMED e os temas

habitualmente tratados por Pierre

e Gatti. Na UA, a dupla francesa

pretende estudar, em colaboração

com os investigadores portugueses,

as relações entre os processos

bioquímicos de stress que são ativados

durante o declínio celular e a indução

de respostas imunológicas inatas.

Procurarão colmatar a falha entre, por

um lado, a desregulação de funções

celulares básicas, como sejam a

síntese proteica, tráfego membranar

e autofagia, que ocorre em muitas

situações patogénicas diferentes,

incluindo arteriosclerose ou agregação

proteica durante a neurodegeneração,

e a promoção da inflamação, por outro,

que pode aumentar a gravidade da

doença e, em certos casos, promover

a autoimunidade.

Na área da Saúde da UA, que reúne um

conjunto de parceiros, onde se incluem

entidades prestadoras de cuidados

de saúde, para além da Universidade,

Pierre e Gatti encontraram uma

componente clínica da investigação

que também lhes interessa e que

está menos presente no seu atual

trabalho no Centre d’Immunologie

de Marseille-Luminy.

Page 16: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Rui

Cos

ta

É um homem ligado à informática que sempre soube que o seu caminho profissional

passaria pelas ciências exatas. Com um percurso que passou pelo ensino na UA,

a PT Inovação, o Instituto de Telecomunicações e o Instituto de Engenharia

Eletrónica e Telemática de Aveiro, Rui Costa lidera atualmente a Ubiwhere, uma

start-up criada na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA).

Page 17: Linhas 22

17 percurso antigo aluno

Começou por tirar uma licenciatura em

Matemática Aplicada e Computação.

Mas o desejo de aprofundar os

estudos levaram-no à segunda

licenciatura, em Engenharia de

Computadores e Telemática. Ambos

os cursos corresponderam às suas

expectativas e ambições: “Posso dizer

que ambas as formações, aliadas a um

bom ambiente na UA, corresponderam

às expectativas ao longo do meu

percurso”, afirma.

Mas porquê estas áreas de estudo

na UA e não outras? “As minhas

escolhas estão ligadas ao gosto que

fui desenvolvendo em relação às

ciências exatas. Sempre dei muito

valor ao conhecimento científico e à

aposta em áreas nas quais pudesse vir

a contribuir. Em termos profissionais,

as vivências, experiências e vontade

de querer mais, abriram as portas

necessárias”, explica.

Em relação aos anos que passou

na UA, recorda com saudade os

professores “que me apoiaram sempre

que precisei, as amizades criadas e

os bons resultados conquistados que

foram importantes para a minha vida

profissional e pessoal”.

Nesses anos adquiriu ainda

competências como espírito de

entreajuda, empreendedorismo,

capacidade de gestão, liderança, visão

tecnológica, inovação, entre outras, que

muito contribuíram para a pessoa e o

profissional que é atualmente, destaca.

Percurso multifacetado

Assim, após ter sido arquiteto

de redes, líder de projetos e docente

na UA além de engenheiro de

sistemas e de software, em 2007 foi

um dos cofundadores da Ubiwhere,

uma empresa que desenvolve e

investiga tecnologias de ponta, que

aposta em nichos de mercado que

apresentam vantagens competitivas

e que exigem um forte investimento

no desenvolvimento tecnológico.

“Ajudamos empresas a estimular

inovação e eficiência através da

prestação de serviços de I&I, idea

to product e soluções centradas no

utilizador em vários mercados”, explica.

Enquanto R&D manager da Ubiwhere

o seu trabalho passou pela gestão

de projetos, estratégias de negócio

e desenvolvimento de um sistema de

gestão de investigação e inovação.

Atualmente como CEO tem estado

envolvido no desenvolvimento e

criação de várias empresas do

universo Ubiwhere.

E é aqui que se sente como “peixe na

água”: “Faço o que gosto e, só por isso,

já tenho motivação para trabalhar e dar

tudo pela empresa. Para além do foco

na gestão da empresa, não deixo de

trabalhar nas áreas que me dão uma

motivação extra, envolvendo-me em

áreas mais técnicas, como a investigação

e inovação, estratégia e engenharia.

Apoio ainda as equipas de marketing,

comunicação e vendas”, esclareceu.

Persistência, vontade de aprender

e espírito de iniciativa

Aos jovens que agora terminam

a sua formação na área de informática,

e noutras áreas, Rui Costa aconselha-

-os a prepararem-se para mudanças,

“serem inovadores e nunca aceitarem

um não como resposta. Se tiverem a

oportunidade de entrar numa empresa

que não os limite em termos de criação

e desenvolvimento, as sinergias são

ilimitadas”, destaca. Mas para tudo isto

é necessária “persistência, vontade de

aprender, nunca desistir e ter espírito de

iniciativa. Para além disso, devem ser

criativos, aceitar sempre novos desafios

e ser empreendedores”.

E como é que uma universidade

pode ajudar no incremento de ideias

empreendedoras? Para o CEO da

Ubiwhere, as universidades são, em

primeira instância, “a porta de entrada

para um trabalho autónomo e objetivo”.

E como “o fundamental para

um ambiente empreendedor é a

qualificação das pessoas, a inovação

e a visão, para que de uma ideia

empreendedora se desenvolva um

negócio”, as universidades “dão

um contributo importante para o

incremento dessas ideias. Têm o know-

-how e as características necessárias

para guiarem os processos que vão

desde a apresentação da ideia até

ao desenvolvimento de negócios”,

considera.

“O fundamental para um ambiente empreendedor é a qualificaçãodas pessoas, a inovação e a visão"

Page 18: Linhas 22

linhas dezembro 2014

A designer gráfica e ilustradora Ana Biscaia venceu o Prémio Nacional de Ilustração 2013

pelas ilustrações que fez para o livro "A cadeira que queria ser sofá" de Clovis Levi.

O seu percurso enquanto designer começou no Departamento de Comunicação e Arte,

onde estudou Design, mas desde sempre, em casa dos pais, que os estiradores faziam

parte da sua vida. Vinda diretamente da Figueira da Foz para Aveiro, Ana Biscaia viveu

momentos intensos na UA, que recorda com algumas saudades, entre eles o ano em

que foi dirigente académica.

Ana

Bis

caia

Page 19: Linhas 22

19 percurso antigo aluno

Em pequena adormecia com o pai a

desenhar sentado ao estirador. “Dentro

do quarto havia a cama e o estirador e

outras coisas. É uma imagem que tenho

gravada na memória. O meu pai ensinou-

me muitas coisas: a desenhar e construir

cartazes, a usar marcadores e tintas”,

explica. Por isso, a escolha do curso de

Design “foi muito natural”.

De entre as instituições que ofereciam

este curso, a UA, inserida na cidade

de Aveiro, uma cidade de média

dimensão, acabou por seu a sua

primeira escolha, “pois aos 18 anos há

medos (que entretanto se perdem)”.

Pensar através do desenho

No curso de Design, marcou-a o professor

Pedro Bessa, que tinha com os alunos

uma relação fraternal, a professora Joana

Quental, que lhe pediu para ilustrar pela

primeira vez “A menina do Mar”, de Sophia

de Mello Breyner, e o professor Francisco

Providência, que a ensinou que devia

acordar e deitar-se sempre a pensar no

“projeto” (em sentido lato): “E ensinou-me

sobre a importância de pensar através do

desenho, e de fazer acontecer o desenho”.

Marcaram-na disciplinas como Tipografia e

Ilustração. Mas foram “as grandes cadeiras

chamadas Design de Comunicação

(que eram as disciplinas de projeto)” a

desempenhar um papel fundamental na

sua formação: “O primeiro ano dessa

disciplina foi decisivo porque tive como

professor de design Francisco Providência

que dava aulas que eram, para quase

todos nós, um verdadeiro espanto. Aprendi

a pensar concetualmente e a representar

visualmente o pensamento. Ainda hoje

as bases de design que aprendi na UA

são fundamentais para a realização de

ilustrações”, acrescenta.

E que outras competências adquiriu

no curso que tirou na UA? “O desenho

era prática obrigatória nas várias

disciplinas e apesar de já haver

computadores eram considerados

máquinas infernais. Por isso erámos

convidados a não fazer grande uso

deles, a não ser para desenhar

vetorialmente depois de já estar tudo

concebido no papel”, frisa.

O design gráfico e a tipografia geraram

uma espécie de bichinho cá dentro.

A ilustração também. O discurso sobre o

projeto era fundamental: era obrigatório

saber discorrer sobre as coisas, desenhar

com sentido era demasiado importante.

A fase da pesquisa no processo criativo

era vital para o desenvolvimento do

projeto. Ainda hoje é”.

Dirigente da AAUAv

Mas não só de estudos viveu Ana os

seus anos na UA. Foi dirigente da

Associação Académica da Universidade

de Aveiro (AAUAv) e diretora do jornal

UniverCidade, juntamente com a colega

Isabel Paiva. “Nesse ano aprendi a

fazer um jornal com tudo o que isso

implica. Também éramos nós que o

paginávamos. E isso permitiu-nos saber

mais sobre design gráfico”, acrescenta.

No ano em que esteve na AAUAv deu os

“primeiros passos numa direção mais

política”. “Descobri amigos de outros

cursos, pessoas que trabalhavam nos

vários núcleos estudantis. O espírito

de camaradagem e de entreajuda era

grande. A aventura também lá cabia e

não acabava na pastelaria…”

Quando terminou o curso, em 2002,

trabalhou durante uns meses nos

Serviços de Documentação da UA, onde

fez parte da equipa responsável pela

catalogação da coleção de cartazes

doados por Francisco Madeira Luís.

Regressou para as suas origens (distrito

de Coimbra) mas a vontade de aprender

não esmoreceu e Estocolmo foi a cidade

escolhida para estudar Ilustração e

Design Gráfico (na Konstfack University

College of Arts, Crafts and Design).

A ligação ao mundo do trabalho

Entretanto, trabalhou com editoras e

projetos variados de ilustração, design

gráfico e banda desenhada. Até que

em 2013 venceu o Prémio Nacional de

Ilustração. Atualmente trabalha por sua

“conta e risco”: “Tenho livros para fazer

e para fazer acontecer, exposições

para montar”. Também se dedica a

projetos conjuntos com outros artistas.

Um doutoramento poderá estar no seu

horizonte, mas é-lhe difícil aceitar que em

Portugal a educação não seja gratuita:

“Estive a estudar na Suécia dois anos, não

paguei nada e as condições oferecidas a

todos eram excecionais!”.

E tendo em conta a crise que o país

atravessa, “é cada vez mais difícil todos

terem um lugar no mercado de trabalho”,

considera. Para os que agora estudam

Design, Ana Biscaia aconselha a que

desde cedo estabeleçam algum tipo de

ligação ao mundo do trabalho:

“Esta ligação é fundamental para

quem vem da universidade. Porque a

universidade é um estabelecimento

de ensino que nem sempre consegue

provocar relações reais e autênticas

com o mundo cá fora e isto pode ser

demasiado penoso para quem tem sede

de saber mais e mais do que se passa fora

da universidade”. Assim, “as portas das

universidades devem estar escancaradas

para o mundo! Porque o mundo é um

espaço poderoso!”, considera.

"As portas das universidades devem estar escancaradas para o mundo"

Page 20: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Nascido e criado na Guarda, Pedro Miguel Rogeiro conheceu Aveiro quando

aqui vinha visitar a sua irmã mais velha que estudava na UA. Apaixonou-se pela

cidade e pela Academia. E as coisas não poderiam ter corrido melhor quando em

1994 concorreu ao ensino superior: engenharia mecânica era o curso há muito

pretendido e, coincidência, abriu esse ano na UA. Pedro concorreu como primeira

opção e entrou. E o resto é “estória”…

Pedr

o R

ogei

ro

Page 21: Linhas 22

21 percurso antigo aluno

A paixão pelos automóveis vem de

pequenino, por isso sempre soube que

queria estudar algo nessa área. A UA foi

a primeira opção, pela questão familiar

e por ser “uma universidade das mais

modernas e bem afamadas do país”.

Dos anos passados na UA, entre 1994

e 2000, tudo o marcou pela positiva:

“Éramos poucos, pois só entravam 30

alunos por ano, e a primeira fornada

ainda hoje é unida e organiza jantares.

Houve uma pessoa que nos ajudou a

todos bastante, e a mim em particular,

que foi o engenheiro José Grácio,

coordenador do curso, que nos

deixou há pouco tempo, com o qual

manifesto saudade...”

Relativamente ao curso, considera

que este incluía muitas disciplinas

ligadas diretamente à sua paixão – os

automóveis, como Máquinas Térmicas,

Termodinâmica, Materiais, Mecânica

dos Sólidos, entre outras. “No entanto,

o curso deu-me bases fundamentais

para encarar qualquer profissão ligada à

mecânica, sendo muito vocacionado para

automação e tecnologia. O curso estava

bem integrado geograficamente face

ao tecido empresarial da zona”. Assim,

a UA “superou” as suas expectativas

em “instalações, métodos de ensino,

maquinaria e equipamento, ambiente

académico entre outros pontos”.

Mas os tempos universitários de

Pedro Rogeiro incluíram ainda uma

passagem de um ano pela Magna Tuna

Cartola, da qual só guarda “fantásticos

momentos e boas recordações!”

Com o empreendedorismo no sangue

Quando terminou a sua formação

na UA enveredou pelos automóveis,

embora numa área mais ligada à

gestão e comercial, sendo o seu

primeiro emprego diretor comercial de

uma concessão Audi e Volkswagen.

Depois mudou de marca (para a

Mercedes Benz), mantendo-se nas

mesmas funções. Um ano mais tarde

tornou-se gerente de uma concessão

Mitsubishi. No entanto, sentindo

carência de mais conceitos de gestão,

resolveu enriquecer o seu currículo

com uma pós graduação em Gestão de

Distribuição Automóvel.

Empresário do mundo automóvel

Voltou para Aveiro e criou a sua

primeira empresa, a Primagama,

a qual comercializava automóveis

de gama alta, novos e usados. Após

três anos de existência criou o

departamento pós venda com uma

oficina. Criou ainda outras empresas

de automóveis associadas ao nome

Primagama e hoje tem mais três

empresas de áreas diferentes.

Neste momento, e face à conjuntura

económica, no seu dia-a-dia enquanto

gestor e empresário faz “um pouco

de tudo”. “O organigrama de valor da

empresa deveria ser reforçado com

mais funções de chefias nos vários

departamentos, mas a margem que

temos não permite que tenhamos esse

espaço no organigrama da empresa,

sobrecarregando as funções do

empresário”, afirma.

O empreendedorismo está-lhe, assim,

no sangue. A experiência académica

na UA, no seu todo, contribuiu

para que adquirisse competências

como “planeamento, organização,

desenvolvimento do intelecto,

capacidade de ultrapassar obstáculos

e criar soluções”.

Considera que os jovens que agora

terminam a sua formação em

Engenharia Mecânica estão aptos

a “chefiar vários departamentos de

empresas e a desenvolver todo o tipo

de ideias, dependendo da área em que

se especializaram e, claro, da própria

personalidade de cada um, pois o

curso abre muitos horizontes mas tem

diferentes resultados consoante o

indivíduo”, frisa.

"Com humildade e vontade de vingar

depressa se sobe na cadeia de valor

de uma empresa"

Assim, deixa alguns conselhos a quem

agora pretende entrar no mercado de

trabalho: “Que aproveitem todas as

oportunidades que lhe forem dadas pois

para se ser bom em qualquer função

tem de se passar por cargos inferiores,

que não são desprestigiantes nem uma

perda de tempo. A ideia de acabar um

curso e sermos colarinhos brancos está

ultrapassada”, considera. E acrescenta:

“Com humildade e vontade de vingar

depressa se sobe na cadeia de valor

de uma empresa”.

E as universidades podem “dar uma

mãozinha” na integração dos alunos

no mercado de trabalho e, principalmente

no contexto económico atual, incentivar

os jovens a criar o seu próprio emprego:

“As universidades têm dado esse

contributo nas ações desenvolvidas

pelas incubadoras de empresas,

manifestando vontade de se juntarem

também às micro e pequenas empresas

e não apenas às grandes”, conclui.

Da Guarda para Aveiro, com a paixão pelos automóveis no sangue

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linhas dezembro 2014

Isabel Martins“A educação em ciências é um valor público”Isabel Martins é uma figura incontornável na mudança do paradigma do ensino das ciências em Portugal. Licenciada em Química (Universidade de Coimbra, 1971), docente da UA desde 1981, professora catedrática no Departamento de Educação, aposentada em 2011, dedicou grande parte da sua vida profissional à formação de professores e investigação sobre o ensino experimental e contextualizado das ciências. Coordenou a equipa que elaborou os programas de Química para o ensino secundário (2002/04), o Programa de Formação de Professores para o ensino experimental das ciências no 1.º ciclo (2006/10) e, mais recentemente, o projeto de reestruturação curricular do ensino secundário geral de Timor-Leste. Foi Vice-reitora para a pós-graduação e assuntos científicos. O seu percurso começou em Coimbra, mas foi na UA que encontrou o “seu” lugar e onde deixa o seu legado para o futuro.

Page 23: Linhas 22

23 entrevista

É natural de Coimbra. Como foi

a sua infância e adolescência

na “cidade dos estudantes”?

Nasci na freguesia da Sé Nova, onde

o meu pai e os meus filhos também

nasceram! Na minha infância, uma das

coisas que cedo me despertou a atenção

foi querer ser professora. Entrei na escola

em 1954. Gostei do ambiente, apesar

de naquela época ser muito diferente do

atual. O conceito de instrução primária

era bastante distinto do conceito de

educação que defendemos para a escola

atualmente. Na escola pública onde andei

o ensino era masculino ou feminino.

Entrei no Liceu Nacional Infanta D. Maria,

um liceu feminino que tinha uma reitora

e todo o corpo docente feminino. Vi isso

como algo normal porque nunca tinha

conhecido outra realidade. A disciplina

era rígida e existiam regras no modo de

vestir e no comportamento. Mas gostei

sempre da escola e costumo dizer que

nunca saí da escola!

Depois deste percurso tão rígido,

porque decidiu ser professora

e porquê Química?

Aos 10 anos tínhamos de escolher se

íamos para o ensino liceal ou se íamos

para o ensino técnico. Escolhi o ensino

liceal, ideia que a minha família apoiou.

Durante a minha formação geral foi muito

claro para mim a preferência que tinha

pela área das ciências. E também gostei

muito de Matemática. Foi sempre um

campo apaixonante para mim. Portanto,

quando cheguei ao 5º ano do ensino

liceal, escolhi sem dificuldade nenhuma

as ciências. No final do ensino secundário

tínhamos exames nacionais por disciplina

e no de Matemática eu tive 20 valores

na prova oral, uma nota singular naquele

liceu. Recordo-me muito bem desse

dia, em julho de 1965. A professora

examinadora e o júri disseram que eu

tinha superado todas as expectativas

que poderiam ter e questionaram-me até

sobre a minha opção para o futuro. Preferi

Química porque assim também estudaria

Matemática. A escolha de Coimbra foi

natural por ser a minha cidade.

Como foi a vida de estudante

em Coimbra? As turmas,

as convulsões académicas…

Esse período foi bastante conturbado.

A consciência dos estudantes sobre

a situação política do país era muito

profunda. A academia de Coimbra teve

uma forte consciência política sobre o

regime de então e envolveu-se em muitas

lutas. Os acontecimentos de maio de 68

em Paris, estava eu no 3º ano, também

se repercutiram em Coimbra. Quando

deflagrou a crise académica de 1969

houve muita instabilidade e perturbação.

A associação de estudantes tinha

posições com as quais nem todos os

alunos concordavam mas que envolviam

todos. Foram momentos difíceis e em

que nos empenhámos bastante. Não

protagonizei nenhum movimento em

especial, embora tivesse acompanhado

essas lutas, sobretudo porque o meu

marido, na altura namorado, era muito

ativo nesse campo.

Como é que via o seu futuro,

nessa altura? O que antevia?

Tive o privilégio de durante o meu

tempo de estudante ter sido sinalizada

positivamente pelos meus professores

e, como era uma aluna com muito bom

aproveitamento, durante o último ano do

curso fui convidada para ser monitora

no Departamento de Química, na área

de Química Orgânica. Com o professor

Manuel Alves da Silva, um dos primeiros

especialistas em Portugal em Química

Têxtil, esse meu ano de monitora foi

como que um estágio para uma situação

de assistente. Nessa altura, antes do 25

de abril, as pessoas acediam aos lugares

por convite e ele era feito com base no

mérito académico. Assim, penso terem

sido fundamentais para o convite para

assistente que tive imediatamente a

seguir a terminar o curso, todo o trabalho

enquanto estudante e monitora.

Acabou o curso e foi assistente

durante vários anos. Mas depois

resolveu fazer a profissionalização

para poder dar aulas no ensino

secundário… Porque resolveu fazê-lo?

Esse é um período um pouco mais

complexo, pois entretanto aconteceu o

25 de abril de 1974. Esses anos foram

muito complicados na Academia.

Eu tomei posições absolutamente

favoráveis ao 25 de abril, à inovação,

à renovação. Identifiquei-me

profundamente com o 25 de abril.

Costumo dizer que as coisas mais

marcantes da minha vida foram o

nascimento dos meus filhos e o 25

de abril! O que aconteceu foi que na

reintegração dos professores que

tinham sido saneados no pós-25 de

abril, em 1978, o “clima” tornou-se muito

complicado. Então, oito assistentes do

Departamento de Química resolveram

sair, porque não concordavam com

algumas decisões tomadas pelos

professores reintegrados. Saímos para

fazer a profissionalização no ensino

secundário. Fi-lo na Escola Secundária

José Falcão, também em Coimbra.

Tive uma orientadora extraordinária,

Natália Cruz, que me ajudou a perceber

que para se ser professor não bastava

saber os conteúdos que se lecionava.

Era preciso saber muito mais e que isso

tinha de se estudar e aprofundar. A ideia

vigente era a de que os conhecimentos

científicos e a prática bastavam para

ser um bom professor. Eu vinha de um

nível de ensino com matérias de maior

complexidade e, nesse sentido, apenas

teria de adaptar os conteúdos àquele

nível de ensino. Mas não era assim. Isso

levou-me a fazer o que fiz depois nos

anos 1980: investigação em educação e

um doutoramento na área da Educação

em Química.

“Os acontecimentos

mais marcantes da

minha vida foram o

nascimento dos meus

filhos e o 25 de abril”

Page 24: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Depois da profissionalização, como

surgiu a oportunidade de voltar ao

ensino superior e à UA em específico?

Em 1980/81 fui colocada, por requisição,

na Escola Secundária José Estevão,

aqui em Aveiro, para receber e orientar a

primeira aluna estagiária da Licenciatura

em Ensino de Física e Química da UA, a

professora Isabel Malaquias. Por parte da

UA eram orientadores a professora Marília

Fernandes Thomaz, do Departamento de

Física, e o professor Júlio Pedrosa, do

Departamento de Química. Ele tinha sido

meu colega assistente em Coimbra… Nas

reuniões e encontros de trabalho durante

esse ano, perguntou-me muitas vezes

se não queria regressar à universidade,

agora em Aveiro. Eu ponderei… Recebi

o convite formal da UA e respondi

afirmativamente. Fui contratada como

assistente convidada em regime de

requisição para o Departamento

de Química.

Impôs alguma condição para aceitar?

A única condição que impus foi

trabalhar, investigar e fazer um

doutoramento em Educação em

Ciências e em Química em particular.

O professor Júlio Pedrosa disse-me

que tinha um colega a acabar um

doutoramento em Inglaterra nesta área,

o professor Cachapuz. Assim, numa das

visitas que ele fez a Aveiro conversámos

e iniciámos trabalho.

Durante os anos em que trabalhou

nesta área, alcançou os objetivos a

que se propôs? A UA proporcionou-lhe

as condições ideais para isso?

Acho que fiz na UA aquilo que quis

em cada época porque me foram

dadas condições para isso através

da confiança depositada em mim. Os

anos 1980 foram anos de iniciação à

investigação, anos em que entrei num

mundo que não conhecia… Mas foram

anos em que sempre trabalhei na

docência e na formação de químicos

aqui na UA. Ainda no início dos anos 90

dei aulas de Química no Departamento

de Química já estando no Departamento

de Didática e Tecnologia Educativa.

Paralelamente fazia investigação para

fazer o meu doutoramento em Educação

em Química. Fui o 30.º doutorado na

UA, a 4 de janeiro de 1990!

Mais tarde, como surgiu

a oportunidade de integrar a equipa

reitoral de Helena Nazaré?

Recebi um convite direto da senhora

Reitora.

Deu-lhe logo uma resposta positiva?

Teve de refletir muito?

Quando fui convidada para a função,

tinha um percurso nesta universidade

que não era só de docência e

investigação. Tinha desempenhado

cargos diretivos no departamento,

funções de direção de cursos, de

criação de cursos de mestrado,

vice presidente do CIFOP, tinha sido

responsável pela Secção Autónoma de

Didática e Tecnologia Educativa (antes

de ser departamento). Portanto, tive

outros cargos mais ligados à gestão.

Quando a professora Helena Nazaré me

convidou, fiquei surpreendida porque

não esperava, mas senti-me muito

honrada por ela me ter escolhido entre

tantas pessoas! Não decidi na hora,

mas não demorei muito tempo. Aceitei

porque alguém tinha confiado em

mim. Portanto, se a Reitora da UA me

convidava é porque confiava no trabalho

que poderia fazer. E convidou-me para

a área da pós graduação, um domínio

ao qual eu prestava muita atenção

naquela altura. Eu partilhava a ideia de

que o desenvolvimento da sociedade iria

depender cada vez mais da formação

académica e que a formação ao nível

da licenciatura não seria suficiente para

o desenvolvimento do futuro. Esta era

uma área emergente nas preocupações

dos dirigentes universitários, pós a

Declaração de Bolonha. Por isso, aceitei

para poder apresentar ideias e contribuir

para o desenvolvimento da instituição.

Que balanço faz desses anos?

Foram anos muito desafiadores,

de muita dedicação, mas em que

me satisfiz com o rumo de algumas

decisões e com o facto de outras

terem de ser reconsideradas. Não

faço balanços negativos da minha

vida porque vivi cada época no seu

momento. Quando faço uma retrospetiva

faço-o procurando não analisar o

momento com os olhos de hoje, mas da

época. Acho fundamental sabermo-nos

situar na época em que vivemos cada

um desses momentos. Sou da geração

Jantar de finalistas da Licenciatura em Química, com professores – Faculdade de Ciências,Universidade de Coimbra, maio 1970 (quinta a contar da direita, na primeira fila em pé)

Page 25: Linhas 22

25 entrevista

que assistiu à chegada do primeiro

homem à lua: tinha 21 anos e assisti em

direto na televisão… A minha geração

assistiu a coisas incríveis e eu procuro

apreciar cada época no seu tempo.

ciências e ciência ligada a contextos da

vida diária, porque são esses contextos

que nos mostram mais a proximidade

entre ciência e cidadania: como é que

a ciência nos ajuda no dia a dia e nos

ajuda a tomar decisões.

Destaca algum projeto profissional

em específico ao longo da sua

carreira?

Destaco o Programa de Formação de

Professores para o Ensino Experimental

das Ciências no 1.º Ciclo. Coordenei

a comissão nacional que o desenhou

e acompanhou entre 2006 e 2010,

a convite da ministra da Educação

Maria de Lurdes Rodrigues. Foi um

programa absolutamente extraordinário

em termos do impacto que teve! Foi

desenvolvido com quatro universidades

e 14 politécnicos, as instituições

que em Portugal continental se

ocupavam da formação inicial de

professores deste nível. Estas 18

instituições desenvolverem na sua

região um programa de formação e

de acompanhamento dos professores

e as crianças aprenderam ciência de

um modo experimental. Este programa

envolveu milhares de professores e

mais de 100 mil crianças. O programa

terminou, mas os guiões didáticos

concebidos continuam disponíveis

online, cerca de 900 páginas, para

o uso de professores. Mas houve

outros projetos que me apaixonaram: a

elaboração dos currículos de Química

para o ensino secundário, também a

convite do ministério da Educação,

entre 2002 e 2004. Também coordenei

essa comissão nacional. Abordava-se a

Química numa perspetiva diferente: uma

química dos “conceitos em contexto”,

segundo temas socialmente relevantes,

uma perspetiva de abordagem das

ciências que preconizamos. Trata-se

do ensino CTS: ciência, tecnologia e

sociedade. Ainda nesta perspetiva,

também me orgulho muito da

organização dos seminários ibéricos

CTS (desde 2008, ibero-americanos)

e que de uma forma regular se têm

realizado de dois em dois anos, tendo

o primeiro tido lugar na UA, em 2000.

Em 2010 constituímos a Associação

Ibero-Americana CTS de Educação

em Ciências. Fui eleita presidente em

2012, uma responsabilidade agora em

contexto internacional.

Fale-nos um pouco sobre o projeto

de Timor-Leste

Em março de 2009 recebi um telefonema

do Doutor Carmelo Rosa, da Fundação

Calouste Gulbenkian, que tinha sido

contactado pelo Ministério da Educação

de Timor-Leste para, em parceria

financeira com o Instituto Português de

Apoio ao Desenvolvimento, desenvolver

um projeto de reestruturação curricular

do ensino secundário geral de Timor-

Leste. Para isso, ele precisava de uma

instituição de ensino superior, com

prática de formação de professores,

que se responsabilizasse pela parte

científica do projeto. Eu nunca tinha ido

a Timor-Leste, não conhecia o país…

“A minha geração

assistiu a coisas

incríveis!”

E que balanço faz da sua vida

profissional aqui na UA, enquanto

docente e investigadora?

A investigação é, porventura, aquilo

que mais me marcou pelas áreas de

conhecimento que fomos aprofundando

ao longo dos anos. A importância

da educação em ciências nos

primeiros anos de escolaridade foi-se

afirmando. Julgo que no Departamento

de Educação, com o grupo de

investigação criado, desenvolvemos

investigação sobre ensino de ciências

nos primeiros anos e formação de

professores pioneira a nível nacional e

de acordo com padrões internacionais.

Construímos aqui conhecimento sobre

como os professores devem trabalhar

com as crianças, que recursos didáticos

devem disponibilizar, que ambientes

de formação devem existir e como

deve ser a formação de professores.

A educação em ciências é hoje uma

área de conhecimento absolutamente

fundamental e prioritária. Costumo

dizer que a educação em ciências é um

valor público. Porque é o conhecimento

que nos afasta das crenças. A ciência

dá-nos conhecimentos para termos

práticas de cidadania mais corretas,

para tomar decisões informadas.

Sempre privilegiei o que é que, em

termos de práticas de formação de

professores, pode ajudá-los melhor

desde os primeiros anos de formação

a despertar o gosto pela aprendizagem

das ciências e eles próprios adquirirem

ferramentas para melhor ensinarem

Page 26: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Como poderia fazer isso? Eu, que

defendia um ensino contextualizado, um

ensino em que os professores tinham

de ser conhecedores da realidade que

os envolvia… Falei em primeiro lugar

com o Ângelo Ferreira (assessor da

Reitoria), a pessoa que eu conhecia que

mais conhecia de Timor-Leste. A minha

resposta foi positiva com a condição

de o Ângelo estar no projeto, como

coordenador-adjunto. Foi com ele que

aprendi o que é Timor-Leste. Com ele

e com a Gillian Moreira (professora no

Departamento de Línguas e Culturas)

fizemos a primeira visita exploratória

a Timor-Leste onde tive o primeiro

contacto com a realidade daquele

país. Foi a semana mais intensa da

minha vida, em julho de 2009! Entrei

numa sociedade e numa realidade

onde nunca tinha estado e onde tudo

era tão diferente. Depois dessa visita

definimos as disciplinas que deveriam

constar do plano de estudos, escolhi os

coordenadores das disciplinas e cada

coordenador escolheu os membros

da sua equipa. Elaborámos o plano

curricular, depois os programas das 14

disciplinas e para cada ano e disciplina

um manual para o aluno e um guia

para o professor. Isto deu no total 84

volumes e 11500 páginas originais.

Este ano completa-se o 1.º ciclo de

implementação do projeto: em 2012

iniciou-se o 10.º ano, em 2013 o 11.º e

em 2014 o 12.º ano. Apesar de todas as

limitações existentes, vemos como muito

positivo existirem hoje todos os manuais

impressos e estes estarem nas mãos

de muitos alunos. Manuais que foram

escritos por uma equipa de mais de 60

pessoas que trabalhou neste projeto de

2010 a 2013 e dos quais 40 conheceram

a realidade do país, para elaborarem

os programas de 14 disciplinas “para”

Timor-Leste… Isto foi um trabalho

“com” Timor-Leste no sentido alargado:

com responsáveis do Ministério da

Educação, com diretores de escolas,

com professores e com alunos.

Fazer isto é muito diferente de receber

uma encomenda e entregar um

trabalho feito a distância. É um projeto

apaixonante e aliciante onde ainda há

muito para fazer. Não tenho palavras

para descrever o que representou em

termos de desafio o conseguir um

produto útil para os timorenses, um

produto feito “com” eles e “para” eles!

O que ficou por fazer na sua vida

profissional, agora que se aposentou?

Ficou por fazer aquilo que não fui

chamada a fazer! A minha carreira não

terminou, no sentido em que continuo

ativa para responder a todos os projetos

em que me queiram envolver: continuo

membro do Centro de Investigação

Didática e Tecnologia na Formação de

Formadores, o meu último desafio foi

coordenar uma linha temática transversal

deste centro na candidatura ao último

concurso de avaliação da Fundação

para a Ciência e Tecnologia. Portanto,

continuarei a desenvolver projetos

de investigação que permitam que

possamos continuar a investigar nesta

área. Continuo a escrever, a participar

em conferências… Considero-me uma

pessoa no ativo, embora não tenha

responsabilidade de lecionação. Mas

serão sempre os outros a avaliar a

minha utilidade. Estarei disponível para

responder aos desafios que me quiserem

lançar. Tenho muito orgulho nas equipas

que deixo aqui, pessoas que fizeram

a sua formação aqui na UA. Já tenho

vários “netos académicos” (pessoas que

já fizeram doutoramentos com pessoas

por mim orientadas)!

“Estarei disponível

para responder aos

desafios que me

quiserem lançar”

Com o ministro da Educação de Timor Leste, diretor Geral da Educação, diretor Nacional do Currículo e colegas da UA, em Díli, julho 2011.

Como gostaria de ver a UA daqui a 10,

20, 30 anos?

Gostaria de ver a UA como uma

universidade do seu tempo; um motor

de desenvolvimento da região, do país e

da comunidade científica internacional;

que o nome da UA exista no mapa

das instituições universitárias a nível

internacional e que a UA tenha sempre

pessoas que nela acreditem e que,

sobretudo, o país saiba aproveitar

o potencial que ela representa; que

se tenha sobre a importância das

universidades em Portugal não apenas

a perspetiva de se recorrer àquelas que

estão mais próximas, as da capital, mas

que não se esqueça que o resto do país

existe e que Aveiro, embora seja uma

cidade pequena, tem uma comunidade

científica muito importante.

Page 27: Linhas 22

27 cultural

A grande música quer entrar nos lares sem perder a solenidade reservada aos mestres compositoresUma média de 75 concertos

por ano, atividades para crianças,

jovens e famílias, concertos com

obras de grandes compositores

e outros com nomes conhecidos

do grande público. A Orquestra

Filarmonia das Beiras (OFB)

desdobra-se em várias frentes,

porque levar música às pessoas

“é mais difícil do que parece”,

reconhece o diretor artístico

e maestro, António Vassalo

Lourenço. Mas, o maestro

salienta que o esforço tem sido

compensado, pois tem sentido

o “crescimento do público”.

A 15 de dezembro de 1997, no mesmo dia em que a UA completava 24 anos, a

OFB dava o primeiro concerto. A estrutura fora criada no âmbito de um programa

governamental para a constituição de uma rede de orquestras regionais, tendo como

fundadores diversas instituições e municípios da região centro, associados

da Associação Musical das Beiras, que tutela a orquestra.

O interregno, consequente reformulação do projeto e reajustamento do número de

membros, durante o ano de 2004, veio estabelecer um antes e um depois, uma fase

de arranque e um reinício em 2005. O equilíbrio das finanças durante os primeiros

dois anos após o reinício, abriu caminho ao investimento na melhoria artística do

projeto com a contratação de mais músicos, mas em número bastante inferior ao que

tinha na primeira fase. A OFB tem, hoje, um efetivo de 23 músicos de cordas que pode

aumentar com outros grupos (naipes) de instrumentos, consoante as necessidades do

repertório. Seis dos membros mantêm-se desde a formação inicial: André Fonseca,

Agnese Bravo e Elitza Mladenova, nos primeiros violinos, Daniel Matys, nos segundos

violinos, Daniel Leão, nas violas, e Alberto Restivo, nos violoncelos.

UA é um dos parceiros da Orquestra Filarmonia das Beiras

A OFB, no seu formato habitual com

inclusão de sopros e percurssão, está

particularmente vocacionada para

interpretar obras de compositores do

século XVIII e da primeira metade do

século XIX, como por exemplo Bach,

Mozart, Haydn, Beethoven, Mendelssohn

e Schubert, não deixando de dar atenção

a obras do século XX e a compositores

portugueses para este tipo de formação.

A estrutura é financiada em 50 por

cento pelo Orçamento de Estado.

A restante parte do orçamento é

garantido pelos protocolos com os

parceiros, onde se inclui a UA, em troca

Page 28: Linhas 22

linhas dezembro 2014

de um certo número de atuações, pela

venda de concertos e pelos patrocínios.

A OFB é das três orquestras regionais

portuguesas a que recebe uma

verba mais baixa do Estado, tem um

público que oscila entre os 40 e os

45 000 espetadores e uma média de

75 concertos por ano. Apresenta-se,

essencialmente, na região das Beiras,

pelo compromisso que assumiu em

divulgar a música erudita na sua

região e em contribuir para a formação

de novos públicos. No entanto, tem

realizado concertos fora desta área,

atuando a norte e sul da região de

maior influência, com concertos em

Almada, Barreiro, Braga, Fafe, Fronteira,

Guimarães, Lagos, Lisboa, Porto,

Sintra, entre outros locais.

Acompanhar e enriquecer

outros géneros

“Porque as orquestras não podem

continuar fechadas na sua sala de

concertos à espera de um público que

não se tem renovado o suficiente e não

têm de se manter herméticas dentro

de certos géneros”, nas palavras do

diretor artístico, a OFB tem atuado com

nomes bem conhecidos da cena musical

nacional e internacional, diga-se, mais

popular, como os James, Camané,

Carminho, Paulo de Carvalho, Rui Veloso,

Ivan Lins, Mário Laginha, Marisa, entre

outros. Um trabalho que se faz “por

convicção” e “gosto pessoal”, reconhece

o maestro, mas também porque

enriquece a prestação desses artistas e

porque pode chamar mais pessoas para

a restante atividade da OFB.

“A OFB é muito mais conhecida desde

há quatro ou cinco anos, apesar

de ter sido constituída em 1997!”,

salienta António Vassalo Lourenço.

“Quando começámos, há uns anos, os

espetáculos eram gratuitos. Entretanto,

os espetáculos passaram a ser pagos,

mesmo assim sabemos que já não

vamos atuar para uma sala vazia! Temos

vindo a sentir o crescimento de público!”.

O crescente número de seguidores na

2º Violinos Ana Rufino, Luís Trigo, Daniel Matys, Mafalda Vilan (ausente: Juliana Sousa).

Violas Carina Rocha, João Tiago, Judit Bank, Daniel Leão.

Violoncelos Svitlana Gavrikova, Raquel Andrade, Aliaksandr Znachonak, Alberto Restivo.

Contrabaixos Bruno Rodrigues e Hugo Correia.

página do Facebook da OFB e

de pedidos de envio da newsletter

parecem confirmar esta perspetiva

apresentada pelo maestro que dirige

a OFB desde 1999.

“O grande desafio é puxar as pessoas

para dentro da sala de concerto, porque,

uma vez lá, gostam e, provavelmente

vão voltar”, afirma o diretor artístico da

OFB. Por isso, não tem dúvidas: “Tem

de haver mecanismos para chamar

pessoas, o que implica ter uma parte da

programação mais apelativa, sem nunca

– e disso nunca abdicarei!... – deixar de

levar às pessoas a música para a qual

esta Orquestra foi formada e pensada:

a música sinfónica do grande repertório

‘erudito’, ‘clássico’ ou ‘sério’… ”.

De pequenino…

“Toda criança é sensível à música – a

todo tipo de música. Meu pai, muito

mais culto nesta arte que a maioria

dos aficionados, soube desenvolver os

meus gostos e estimular precocemente

a minha paixão.”, disse um dia o famoso

autor do “Bolero”, Maurice Ravel

(“Esquisse autobiographique”, 1928).

Ravel teve um pai que lhe mostrou o

caminho. E as outras crianças que não

têm pais com sensibilidade musical ou

apreciadores deste tipo de música que

gerações e gerações de criadores foram

aprendendo, construindo e ensinando,

especialmente desde o século XVIII?

A OFB tem vindo a dedicar-se também

à formação de novos públicos, a

começar pelos mais jovens. Programas

anuais como “Música na Escola”,

com atividades participadas pelos

alunos nas comunidades educativas,

culminando com um concerto para toda

a família no fim, ópera especialmente

pensada para as crianças; o programa

“À conversa com a Música”, em que

a música é explicada e ouvida em

ambientes informais, são exemplos

desta preocupação em cativar os mais

novos para chegar às famílias e

aos adultos.

1º Violinos Andriy Slabodukh, Elitza Mladenova, Agnese Bravo, Flávio Azevedo (ausentes: o concertino André Fonseca e Kinga Switaj).

Page 29: Linhas 22

29 cultural

André Fonseca, 41 anos, é concertino da

OFB, ou seja, é o imediato hierárquico do

maestro titular, no plano artístico. Está

qualificado para desempenhar as funções

inerentes à preparação e execução do

repertório, incluindo a realização de solos,

sendo ainda responsável pela manutenção

do nível artístico global da orquestra,

particularmente da secção de cordas e dos

primeiros violinos, quer a orquestra atue na

sua formação máxima ou desdobrada em

programas diferentes. André é um dos seis

membros iniciais, entrou em dezembro de

1997, ainda com o maestro Fernando Eldoro

como diretor artístico.

O violinista realça que atuar numa orquestra

é fazer parte de um trabalho de uma

equipa, liderado pelo diretor artístico que

tem conseguido, "com grande grau de

competência e criatividade, projetar a OFB

no panorama nacional e regional". Considera

toda esta dinâmica e os programas que

vão ao encontro dos diferentes públicos

formas de responder à crise que afetou a

economia, a sociedade e também a cultura,

resposta essa que tem de ser continuada.

O concertino não tem dúvidas que a OFB é,

hoje, um projeto “com pernas para andar”.

Juliana Sousa, 27 anos, é segundo violino,

entrou na OFB em 2012, e é um dos antigos

alunos da UA que a integram.

Juliana diz gostar de trabalhar em orquestra.

Considera que os programas para públicos

diversificados têm sido uma boa experiência.

Os concertos com os cantores e músicos mais

populares, por exemplo, são um desafio para

eles próprios e para os membros da OFB.

Tal como outros músicos, tem participado em

programas direcionados para as famílias e para

os mais novos, sendo “muito curioso olhar para

as crianças e perceber como veem o mundo;

as suas reações entusiasmadas são curiosas e

gratificantes para os músicos”.

Juliana Sousasegundo violino, entre os membros mais recentes

André Fonsecaconcertino e um dos membros iniciais

Há também colaborações e estágios para alunos das escolas

de música da região (incluindo coros) que também pode

englobar a componente de coro. A criação do Estúdio de Ópera

do Centro, no âmbito da atividade da OFB, projeto que já teve

apoio da Direção Geral das Artes, permite apresentar uma outra

oferta de espetáculos numa região que, sem esta iniciativa,

raramente aqui chegariam. Embora atualmente sem apoio da

administração central, o Estúdio de Ópera do Centro garante,

pelo menos, uma produção do grande repertório operático e

uma outra especialmente dirigida ao público infantil, por ano.

OFB também forma

Da atividade da OFB destacam-se ainda os cursos de

formação. Do Curso Internacional de Música Vocal, incluindo

técnica vocal, concerto, direção coral, Alexander Technique

e ópera, a vertente de ópera é a mais procurada, englobando

aulas de cena e duas récitas, no final, com orquestra.

O Curso Internacional de Arte Orquestral inclui Estágio e Direção

de Orquestra, sendo o primeiro especialmente vocacionado

para alunos dos últimos anos dos Conservatórios ou de cursos

profissionais e superiores de Música. A vertente de Direção

de Orquestra, coordenada pelo maestro Ernst Schelle, é uma

oportunidade rara para formandos deste nível de ensino em

Portugal, que permite uma experiência de Direção com um

coletivo de 60 músicos aproximadamente (a estrutura habitual

da OFB, alargada com músicos do estágio de Orquestra).

Apesar de toda esta atividade em que a OFB se desdobra,

o diretor artístico lamenta que a esmagadora maioria dos

municípios das Beiras, embora tenham grupos e organizações

que desenvolvem alguma atividade musical, não adiram a

estes programas concebidos profissionalmente e, portanto, as

respetivas populações não possam usufruir deles. “Esse é o lado

preocupante” de todo este trabalho, lastima.

António Vassalo Lourenço, diretor artístico da OFB, dirige um ensaio.

Page 30: Linhas 22

linhas dezembro 2014

As viagens de novembro não foram

as primeiras, nem serão as últimas,

na decana ponte que desde os anos

80 a UA e a China têm construído em

conjunto. A história de 500 anos de

relações luso-chinesas, onde se salienta

a presença e influência portuguesa em

Macau, que criou uma indelével relação

de afetividade com a cultura chinesa e,

naturalmente, o papel que o povo chinês

tem assumido num mundo cada vez mais

globalizado, quer em termos económicos,

demográficos, científicos ou culturais,

deram o mote ao lançamento da primeira

pedra dessa ponte intercontinental.

O alicerce primordial foi cimentado nos

anos 80 quando o então Departamento

UA e China: um enorme abraço com mais de três décadas de parcerias

de Engenharia Cerâmica e do Vidro

(hoje Departamento de Engenharia de

Materiais e Cerâmica) acolheu vários

investigadores chineses pela ação do

professor Lopes Batista. A chegada dos

cientistas dava-se então ao abrigo do

esforço de internacionalização que a UA

iniciou logo após a adesão de Portugal

à CEE, altura em que a academia olhou

para a China e percebeu que, face às

respetivas transformações sociais e

económicas em curso, havia todo um

potencial de cooperação por explorar

naquele país asiático.

“A estratégia asiática foi estruturada

em Aveiro no sentido da identificação

de áreas científicas de afinidade e de

organizações chinesas que nessas áreas

tivessem níveis elevados de qualidade

académica”, recorda Carlos Rodrigues,

Coordenador do Centro de Estudos

Asiáticos (CEA) da UA. O também diretor

do Mestrado em Estudos Chineses

lembra que “a área dos materiais emergiu

então como um domínio de afinidade

privilegiado e a Universidade de Zhejiang,

designadamente o seu departamento

de Ciências e Engenharia dos Materiais,

como sede de dinâmica de investigação e

desenvolvimento notável”.

Dos contatos estabelecidos entre Lopes

Baptista, hoje professor jubilado, e Yin

Pan, prestigiado cientista da Universidade

de Zhejiang, resultaram as primeiras

Novembro de 2014. A UA aterra na China integrada na

missão empresarial que a Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) levou à província

de Zhejiang. Na viagem de regresso, o Vice-reitor Carlos Pascoal

Neto trouxe na mala uma mão cheia de oportunidades de cooperação com Zhejiang,

nomeadamente na área do Mar e dos Materiais. No mesmo mês, o Campus de Aveiro

recebe uma comitiva com alguns dos mais sonantes cientistas da Universidade de Zhejiang.

O nome da conferência em que vieram participar diz tudo de uma relação cada vez mais

umbilical: "Aveiro and Zhejiang Universities: building a long term cooperation and new ventures

in Marine Sciences and Technology".

Page 31: Linhas 22

31 dossier

parcerias em projetos científicos e

pedagógicos entre a UA e a China. Estas

envolveram a vinda para o Departamento

de Engenharia Cerâmica e do Vidro de

docentes, cientistas e estudantes não

só daquela academia como também de

outras instituições chinesas, como foi o

caso da Universidade de Pequim.

Três décadas depois, a área dos

materiais continua a ser um palco

privilegiado de cooperação entre a UA e

a China, nomeadamente no âmbito das

atividades do Centro de Investigação

em Materiais Cerâmicos e Compósitos

(CICECO) da academia. Uma parceria

que pode ser medida nas quase 400

publicações da UA realizadas em

coautoria com cientistas chineses ou na

incontável elaboração de propostas de

investigação conjuntas.

Cooperação em múltiplas áreas

científicas

Se os Materiais deram um primeiro

impulso ao abraço entre a UA e a China,

um gesto que, como veremos à frente,

extravasou de forma mais visível para

o ensino das línguas, para a área do

Turismo e para os Estudos Asiáticos,

este foi igualmente aproveitado pela

academia para o consolidar noutros

domínios científicos, do ambiente às

telecomunicações, passando pelas

ciências da Terra.

O Departamento de Ambiente e

Ordenamento, por exemplo, tem

aproveitado a relação privilegiada

da UA com instituições científicas

chinesas para avançar, constantemente,

com projetos de cooperação nas

componentes de investigação e

formação com a Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade

de Macau, com a Northeast Electric

Power Corporation of China ou, no

âmbito do Joint European Master

in Environmental Studies – Cities

& Sustainability, a Beijing Normal

University e a China Beijing University

of Technology.

Também no Departamento de Eletrónica

e Telecomunicações (DETI) e no

Instituto de Telecomunicações decorre

um contato estreito com um grupo de

investigação da Beijing University of Post

and Telecommunications. A ligação tem

sido concretizada em vários projetos

bilaterais na área das telecomunicações

por fibra ótica que têm permitido a troca

de investigadores e de ideias das quais

resultaram várias publicações científicas.

Na área das Geociências, o investigador

da UA Luís Menezes Pinheiro tem

trabalhado, desde há vários anos, com um

grupo de cientistas do Instituto Geofísico

da Academia de Ciências de Pequim e do

South China Sea Institute of Oceanology

da Academia Chinesa de Ciências.

Ensino do mandarim pela UA

é referência nacional

E porque é através da língua que nos

entendemos, as estruturas pedagógicas

da UA, nos últimos anos, têm feito uma

forte aposta quer no ensino do mandarim

aos respetivos estudantes e comunidade

em geral, quer no ensino do português a

estudantes chineses.

Nesse sentido, os resultados são

avassaladores. Mais de 700 estudantes

portugueses da academia de Aveiro

já aprenderam a escrever e a falar

chinês desde que o ensino de

mandarim, pela primeira vez numa

universidade portuguesa, passou

a integrar as unidades curriculares

dos cursos de Línguas e Relações

Empresariais (Licenciatura e Mestrado

do Departamento de Línguas e Culturas

(DLC) e de Estudos Chineses (Mestrado

do Departamento de Ciências Sociais,

Políticas e do Território).

Desafiada em 2012 pela Câmara

Municipal de João da Madeira a

apresentar um projeto de ensino de

chinês ao 1º ciclo, a UA também ministra

hoje o mandarim a cerca de 900 crianças

do 3º e 4º ano do 1.º ciclo do ensino

básico daquele município, um projeto que

Alguns dos mais sonantes cientistas do Ocean College

da Universidade de Zhejiang (China) em visita à UA com o

objetivo de identificarem oportunidades de colaboração

na área do Mar.

O Vice-reitor Carlos Pascoal Neto (à frente, o terceiro a

contar da esquerda) na China com a missão empresarial

da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento

Regional do Centro.

Jovens chineses da Guizhou Normal University

estudam no Advanced Course on Tourism and

Hospitality Studies do Departamento de Economia,

Gestão e Engenharia Industrial.

O Departamento de Línguas e Culturas tem, neste ano

letivo, cerca de 60 estudantes de nacionalidade chinesa.

Page 32: Linhas 22

linhas dezembro 2014

vai ser alargado, em janeiro de 2015 ao 5.º

ano do ensino básico. Muito do sucesso

da iniciativa que, por isso mesmo, pode

vir a ser alargado a outros concelhos e a

novos graus de ensino, deve-se a Wang

Suoying, docente no DLC.

“Graças ao trabalho conjunto da direção

do Departamento, das duas leitoras

de chinês – eu e a minha colega Mai

Ran, que também tem trabalhado muito

para este projeto - e dos docentes

envolvidos, além dos esforços da

Câmara [de São João da Madeira], das

autoridades da educação e das escolas

envolvidas, o projeto está a ter êxito”,

congratula-se Wang Suoying.

Professora no DLC há 16 anos, a chinesa

Wang Suoying é a coordenadora do projeto

de ensino de chinês em São João da

Madeira e é a responsável pelos conteúdos

programáticos das disciplinas de chinês

ministradas em três cursos da academia.

Tradutora, escritora e investigadora sobre

as línguas, literaturas e culturas da China e

de Portugal, a docente, aos 61 anos, é hoje

um rosto indiscutível não só na UA como

também em Portugal e na China quando

se fala de abraços culturalmente apertados

entre os dois países.

Em Aveiro, o ensino do mandarim a

portugueses implica também sublinhar

as 70 crianças, entre os 6 e os 10 anos,

do Centro de Infância Arte e Qualidade

de Aveiro que, desde o início deste ano

letivo, e sob responsabilidade formativa

do DLC, recebem aulas de mandarim.

No que toca ao ensino da língua lusa

a estudantes chineses, mais de uma

centena de universitários daquele país já

passaram nos últimos quatro anos pelo

DLC. Só este ano letivo, o Departamento

recebeu cerca de 60 estudantes de

nacionalidade chinesa.

O crescente número de alunos chineses

que todos os anos têm aportado à UA

para aprenderem português, o que

faz do DLC uma referência nacional

quando o assunto são trocas culturais e

linguísticas entre Portugal e a China, é o

resultado dos protocolos assinados com

diversas instituições de ensino superior

daquele país.

"A aposta num país com um número

crescente de alunos que pretendem

aprender a nossa língua insere-se numa

“Para a UA a China é um parceiro indispensável,

sendo que a academia deverá aproveitar as

oportunidades criadas pela elevada procura por

formação avançada por parte da China, a abertura

para integrar entidades externas em redes com

empresas e universidades tendo em vista a

transferência de tecnologia e partilha de know-how”,

aponta Celeste Varum. A diretora do Mestrado

em Economia do Departamento de Economia,

Gestão e Engenharia Industrial da UA aponta que

Chineses na UA para aprenderem

português

Não se pode igualmente esquecer as

cerca de 200 pessoas, entre estudantes

e não estudantes da academia, que

já frequentaram os cursos livres de

Chinês ministrados pelo Gabinete de

Formação e Língua do DLC. E o número

de empresários, advogados e estudantes

de diversas áreas que procuram esta

formação não tem parado de crescer de

ano para ano. “As línguas associadas

aos chamados mercados emergentes

têm verificado de facto uma procura

significativa e o número de alunos que

se inscrevem em chinês tem vindo

a aumentar regularmente”, aponta

Fernando Martinho, coordenador

do Gabinete.

“há ainda que explorar as possibilidades no âmbito

do Programa Nacional para o Desenvolvimento a

médio e longo prazo da Ciência e Tecnologia na

China”. Nesse âmbito, refere a responsável, existem

já “ligações concretas e sólidas entre alguns

departamentos da UA e entidades chinesas, e daqui

poderão surgir mais parcerias”.

“Quer para a UA, quer para as empresas

portuguesas, realce-se que, para além das cidades

mais imediatas de Beijing e Shangai, outras zonas

como Chongqing, Chengdu, Wuhan, Hangzhou,

Tianjin, Xiamen, Dalian, Shenyang, Nanjing têm

uma dinâmica muito significativa”, diz a responsável

que adianta: “Nestas regiões ocorrem grandes

investimentos em novas infraestruturas e indústrias,

assim como também em ciência e tecnologia,

sendo locais onde existe mercado e elevada procura

por formação e transferência de know-how”.

Com a responsabilidade formativa do Departamento de Línguas e Culturas, 70 crianças do Centro de Infância

Arte e Qualidade de Aveiro frequentam aulas de chinês.

China: Um parceiro imprescindível

Page 33: Linhas 22

33 dossier

estratégia de internacionalização do

Departamento, por um lado, e da língua

portuguesa, por outro”, aponta Carlos

Morais, diretor do DLC. “Muitos destes

estudantes iniciam a sua licenciatura

de Estudos Portugueses na China,

ingressando no nosso Departamento

depois de terem terminado o segundo

ano”, explica Carlos Morais que adianta:

“A maioria tem como objetivo concluir

a licenciatura e, depois, o Mestrado em

Línguas, Literaturas e Culturas”.

No futuro, a UA, que já tem no seu

Campus um Centro de Estudos

Asiáticos, pode vir a criar cursos no

Departamento de Educação para

formar docentes qualificados de forma

a acompanhar a decisão do governo

de ensinar chinês no 1º ciclo do ensino

primário e no ensino secundário.

Área do Turismo é uma nova e sólida

ponte de entendimento

O enorme prestígio que o ensino e

investigação na área do Turismo na

UA alcançaram nos últimos anos está

na base de uma das mais recentes e

sólidas ligações da academia à China.

Em dezembro de 2012 a UA assinou um

protocolo com o governo da província

chinesa de Guizhou, que faz da academia

de Aveiro parceira no projeto da futura

Escola Internacional de Turismo.

As assinaturas deram forma a um

enorme passo no envolvimento da UA,

através do Departamento de Economia,

Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI),

na formação académica em Turismo na

China. Pouco tempo antes, a academia

de Aveiro já havia protocolado com

a Guizhou Normal University, uma

das universidades da província de

Guizhou, uma parceria que permitiu, já

no início deste ano letivo, que grupos

de estudantes de Turismo e Gestão

Hoteleira daquela instituição frequentem

em Aveiro o curso de pós-graduação

denominado Advanced Course on

Tourism and Hospitality Studies. O plano

de formação dura oito meses e foi criado

pela UA especificamente para colmatar as

necessidades formativas dos estudantes.

DEGEI aposta forte na China

“A aposta do DEGEI na China decorreu,

numa primeira fase, de dois contactos

privilegiados que temos e que nos

colocaram em contacto com pessoas

de lá”, recorda Carlos Costa, diretor do

DEGEI. “Depois de termos feito uma

primeira visita e desta ter decorrido muito

bem, apercebemo-nos do potencial

que o mercado chinês encerra, não

apenas em termos da sua dimensão

mas dos desafios que se nos colocam

em termos de crescimento no futuro”,

relata o responsável pela criação na UA,

há 25 anos, da primeira Licenciatura em

Turismo em Portugal.

Com quase três milhões de habitantes,

Anshun, a capital da região, já movimenta

grande parte da sua economia

graças ao turismo. Mas a cidade,

e consequentemente toda a região

envolvente, quer alargar ainda mais

a capacidade hoteleira e, por isso, o

número de profissionais especializados

na área. Sem uma instituição que forme

profissionais para o setor do turismo, o

governo local vê na UA o parceiro ideal

para ultrapassar o desafio.

Da cooperação entre o DEGEI e a

China Carlos Costa faz “um balanço

excelente, que dificilmente poderia

ser melhor”. Ao fim de ano e meio de

contatos, “desenhámos um programa

de cooperação vasto, assinámos um

protocolo que envolve a UA, o Governo

Chinês, universidades da China,

empresas e organizações de turismo,

iniciámos o primeiro curso de turismo

em Portugal específico para chineses

e criámos um potencial de crescimento

para o futuro que é enorme”. Carlos Costa

não tem dúvidas: “Estamos a trilhar um

caminho excecional”.

O segredo, neste caso o Turismo, é

a alma do negócio. Por isso, Carlos

Costa não vai revelar todos os próximos

passos que o DEGEI tem já na calha em

direção à China para serem trilhados.

Desvenda apenas que o Departamento

quer cimentar o caminho já feito. “Vamos

consolidar o que temos. Queremos que

estes programas se autossustentem,

vamos alargar as nossas ações às quatro

áreas do DEGEI [Turismo, Economia,

Gestão e Engenharia Industrial], vamos

alargar o nosso trabalho para outras

regiões da China e vamos marcar a

diferença com novos projetos”, adianta.

O diretor aponta que o trabalho pioneiro

desenvolvido no DEGEI tem envergadura

para beneficiar toda a academia. “A nossa

ideia é consolidar este trabalho dentro

do Departamento mas, progressivamente,

estendê-lo a outros departamentos

da UA”, garante.

UA pioneira em Estudos Chineses

Nascido em 1998, o Mestrado em Estudos

Chineses do Departamento de Ciências

Sociais, Políticas e do Território (DCSPT)

foi o primogénito curso português de pós-

-graduação na área dos estudos chineses.

Se ao curso se juntar, um ano antes, a

criação do CEA naquele Departamento

com o objetivo de promover atividades

que contribuam para a aquisição e

disseminação de conhecimento sobre a

Ásia numa diversidade de domínios, bem

como fomentar a interação entre a UA

e as instituições de ensino superior dos

países asiáticos, a UA tem no DCSPT outro

importante ponto de conexão com a China.

“A ligação do DCSPT à China tem a sua

génese na criação do CEA e do Mestrado

Xu Lin (terceira à esquerda), chefe executiva da sede central

do Hanban em Pequim, de visita a Aveiro para celebrar o

vínculo que a UA tem com o país das culturas milenares.

Page 34: Linhas 22

linhas dezembro 2014

em Estudos Chineses, que tiveram a

sua sede na então Secção Autónoma de

Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas”,

lembra Carlos Rodrigues, coordenador do

Centro e diretor do Mestrado.

Depois do ímpeto inicial, baseado na

colaboração de especialistas de renome

internacional, esta área de estudos do

DCSPT, lembra Carlos Rodrigues, “sofreu

alterações significativas, designadamente

no que toca ao seu corpo docente, mas

continuou a marcar presença de assinalar,

muito por obra do saudoso professor

Manuel Serrano Pinto”.

A ligação do DCSPT à China no

contexto atual pode situar-se no âmbito

daquele que é o enquadramento

essencial das atividades de ensino,

investigação e ligação à comunidade

do departamento: as políticas públicas.

É assim clara a ligação do DCSPT

à problemática da promoção do

desenvolvimento social e económico.

“As relações internacionais, nas suas

várias vertentes, inserem-se neste

contexto e, tendo em conta a importância

crescente da China no panorama social e

económico global, acaba por ser natural

a existência da vontade de consolidar

as relações com aquele país asiático”,

aponta o responsável.

A aproximação tem sido gradual e feita de

modo consistente. A participação ativa do

DCSPT no Observatório da China (uma

associação que pretende contribuir para

os estudos multidisciplinares e a

divulgação do conhecimento sobre a

civilização chinesa), na East Asia Net (uma

rede de instituições académicas europeias

com estudos asiáticos) e, ainda, o papel

que as atividades do Mestrado em Estudos

Chineses têm vindo a desempenhar na

aproximação do Departamento a várias

organizações chinesas ou com ligação

à China são apenas alguns dos exemplos

do caminho já percorrido em direção

ao grande oriente.

Mais concretamente em relação

à atividade do CEA, nos últimos

dois anos, esta tem estado focada

essencialmente na organização de

momentos de divulgação científica e

cultural e na ligação ao meio empresarial,

nomeadamente através de ações de

formação e de sensibilização. “O Centro

lançou também uma revista científica em

open access, a EsiYa – Interdisciplinary

Journal on Asian Studies, visando a

disseminação de conhecimento científico

gerado pelo trabalho de docentes,

investigadores, alunos e alumni com

relevância para o estudo da Ásia, no

âmbito da ‘geografia’ abraçada pelo

CEA e do caráter multidisciplinar da

investigação que o centro persegue”,

lembra Carlos Rodrigues.

Visitas:

de cá para lá e de lá para cá

Apesar da distância geográfica,

a proximidade humana entre a UA e a

China tem sido reforçada quer através

de visitas de várias personalidades

chinesas a Aveiro quer de representantes

da academia à China. Sublinhe-se,

por exemplo, a visita em 1999 de uma

delegação de Reitores e Vice-reitores de

várias universidades da República Popular

da China ao Campus da UA para tomarem

contato com as atividades do Centro

Multimédia e de Ensino à Distância.

Um ano depois, a UA recebia a então

Ministra da Ciência e Tecnologia da China,

Zhun Lian, para a assinatura de diversos

memorandos de entendimento que

reforçaram o intercâmbio de estudantes

e cientistas. Em 2001 seria a vez da

UA receber o Embaixador da China em

Lisboa no âmbito da semana cultural

que a UA dedicou à China. O mais alto

representante em Portugal da China

haveria de regressar ao Campus em

2013 para, in loco, tomar nota da forte

aposta da UA no ensino do mandarim.

Já em 2014, Xu Lin, chefe executiva da

sede central do Hanban em Pequim, foi

recebida pela academia.

Em novembro deste ano uma delegação

do Ocean College da Universidade de

Zhejiang deslocou-se à UA com o objetivo

de se identificarem oportunidades de

colaboração na área das Ciências e

Tecnologias Marinhas.

De cá para lá, também a UA fez várias

viagens à China das quais se destacam as

da antiga Reitora Helena Nazaré e, mais

recentemente, as dos atuais Vice-reitores

José Fernando Mendes (na comitiva que

o ministro da Educação e Ciência, Nuno

Crato, levou em 2013 à China) e Carlos

Pascoal Neto (na missão de novembro

último, liderada pela Comissão de

Coordenação e Desenvolvimento Regional

do Centro).

Wang Suoying, professora no Departamento de Línguas e Culturas e figura indiscutível em Portugal

e na China quando se fala da ligação entre os dois países.

Page 35: Linhas 22

35 ensino

Estudantes de mobilidade elogiam experiência na UAOs alunos internacionais de mobilidade

na Universidade de Aveiro (UA) fazem

uma apreciação muito positiva desta

universidade e do tempo aqui passado.

Segundo o “International Student

Satisfaction Awards 2014”, da página

internet StudyPortals, a UA foi considerada

“excecional”, obtendo a classificação mais

elevada a nível nacional. E também um

inquérito feito pelo Gabinete de Relações

Internacionais (GRI) relativo ao ano

letivo 2013/14 corroborou este dado: os

estudantes internacionais de mobilidade

têm uma apreciação global sobre a UA

“muito boa”. Assim, a UA recomenda-se!

Nos “International Student Satisfaction

Awards 2014 a UA foi considerada

“excecional”, obtendo a classificação mais

elevada a nível nacional (pelo menos 9,5

valores em 10). Este inquérito, colocava

questões como a componente académica

dos estudos, cidade e cultura, vida social,

instalações e serviços, desenvolvimento

pessoal e profissional com o intercâmbio,

impressão geral, envolvente externa da

universidade e ainda custo de vida.

E como a satisfação é uma preocupação

da UA, também o GRI elaborou o seu

próprio inquérito por questionário enviado

aos 471 alunos de mobilidade que a

UA acolheu em 2013/2014. O inquérito

pretendeu saber o que esperavam da

UA antes de chegarem, o que motivou

a sua escolha, como foram recebidos,

que avaliação fazem da experiência de

intercâmbio e as mais-valias para a sua

vida pessoal e profissional.

No inquérito verificou-se que a maioria dos

estudantes preferiu procurar informações

junto de amigos para preparar a sua vinda e

estadia em Aveiro. A escolha da UA foi feita

Artur Ekert, Polónia

“Estou a gostar da experiência de estudar na UA.

O sistema de ensino é diferente da Polónia, com mais

horas práticas e um equilíbrio maior entre a parte teórica

e a prática, o que é mais vantajoso para mim pois

aprendo mais”.

Rathnakannan Kailasam, Índia

“A UA tem instalações ótimas, tudo é fantástico e os

estudantes adoram a universidade. A equipa do GRI

é fantástica! A UA é uma universidade próspera que

se tornará uma das melhores nesta parte do mundo.

As pessoas em Aveiro, em Portugal e na UA são muito

simpáticas e amigáveis”.

Hou Chaoyue e Yang Lidan, China

“Viemos para a UA porque estudamos português

na Universidade dos Estudos Internacionais de Xi’na.

Já tínhamos ouvido falar da professora Wang Suoying,

do Departamento de Línguas e Culturas. A UA é um lugar

tranquilo e bem adaptado ao estudo. Os professores

ajudam muito. Gostamos da vida universitária e do

ambiente no campus. Os doces são deliciosos!”

com base no custo de vida, pela reputação

que a UA tem junto de estudantes e

professores nas suas universidades de

origem e pelo facto de a UA permitir que os

alunos estudem disciplinas de diferentes

cursos e departamentos.

Para facilitar a chegada à UA e a

integração, existem diversas pessoas

disponíveis no início de cada semestre

letivo, em particular os membros do

ESN (Erasmus Student Network), os

coordenadores departamentais de

mobilidade, a equipa do GRI e os

Serviços de Ação Social. Os alunos

valorizaram esta receção humanizada.

Durante o período de mobilidade

os Serviços de Gestão Académica,

através do GRI, têm um papel fundamental

(reconhecido pelos alunos) na gestão

do processo do estudante.

No pós mobilidade os alunos consideram

que os contactos pessoais e profissionais

estabelecidos na UA são importantes para

a sua vida pessoal e profissional.

Finalmente, a apreciação global sobre

a UA é “muito boa”, tendo a Academia

de Aveiro merecido diversos elogios e

boas recomendações. Contudo, alguns

alunos consideram que alguns colegas

e professores não falam corretamente

inglês e apelaram a um aumento da oferta

formativa nesta língua.

De acordo com o coordenador do GRI,

Niall Power, os desafios para o futuro são

“a melhoria da informação transmitida por

meios eletrónicos e o aperfeiçoamento do

uso da língua inglesa nos departamentos e

serviços da universidade”.

35 ensino

Page 36: Linhas 22

dezembro 2014linhas

Antes de chegar: a influênciade amigos e professores

A maioria dos estudantes preferiu procurar informações através de

amigos para preparar a sua vinda e estadia em Aveiro. A escolha da UA

como destino para a mobilidade foi feita com base na perceção que os

estudantes tinham relativamente ao custo de vida em Aveiro, pela

reputação que a UA tem junto de estudantes e professores nas suas

universidades de origem e pela oferta de cursos que a UA propõe.

Chegada e períodode mobilidade

Os resultados sugerem que se criou alguma

dependência sobre a “boa vontade” e

presença (física) da equipa que recebe os

alunos na UA, sendo que quando houve

falhas humanas no âmbito do acolhimento,

houve também alguma insatisfação.

Durante o período de mobilidade os

Serviços de Gestão Académica, através

do Gabinete de Relações Internacionais,

têm um papel fundamental (reconhecido

pelos alunos) no apoio ao estudante na

gestão do seu processo académico.

Depois da mobilidade:os efeitos para o futuro

Os contactos estabelecidos pelos estudantes na

UA são importantes para a sua vida pessoal e

profissional, no pós mobilidade. A apreciação

global sobre a UA é tendencialmente “muito

boa”, tendo a Academia de Aveiro merecido

diversos elogios e boas recomendações.

No dia em que chegou ao Campus da Universidade, foi claro para si saber o que tinha de fazer e onde tinha de ir?

Foi difícil encontrar as disciplinas e os horários?

6%extremamente

confuso6%extremamente claro

5%extremamente difícil

13%não muitoclaro

13%difícil

36%não muito claro mas tive ajuda e correu tudo bem

41%foi difícil mas tive ajuda e correu tudo bem

*Outros: Bangladesh, Bielorrússia, Cazaquistão, Egito, Equador, Etiópia, EUA, Japão, Noruega, Rússia, Sérvia, Suíça e Tailândia.

38%muito claro

27%bastante

fácil

14%muito fácil

Os estudantes optam por fontes de informação não formais

1º facebook

2º amigos e professores

3º site da UA

4º correio eletrónico da UA

A chegada e orientação inicial não são sempre fáceis para os estudantes

Os estudantes apreciam o trabalho dos serviços da UA

Os contactos feitos na UA são relevantes

Classificação geral da UA

471 estudantes de mobilidade em 2013/2014 (total de respostas: 206)

62% União Europeia

22% Brasil

3% Turquia1%Mexico

4%Outros*

7% RP China

45%recomendada por professores ou amigos

23%Consideram haver necessidade de mais oferta de cursos em língua inglesa

28%localização marítima e clima

a ua atrai pela localizaçãoe por recomendação

1%péssima

3%bastantemá

7%nadaespecial

9%razoável

18%boa e recomendável

27%muitoboa

23%excelente

12%melhor do mundo

80 %o gabinete de relações internacionais torna os aspetos burocráticos fáceis de resolver.

85 %o gabinete de relações internacionais responde bem aos pedidos dos estudantes.

83 %dos estudantes acham que os contactos feitos em Aveiro são importantes ou muito importantes para o seu futuro.

Resultados do inquérito aos alunos internacionais de mobilidade

Page 37: Linhas 22

37 ensino

Antes de chegar: a influênciade amigos e professores

A maioria dos estudantes preferiu procurar informações através de

amigos para preparar a sua vinda e estadia em Aveiro. A escolha da UA

como destino para a mobilidade foi feita com base na perceção que os

estudantes tinham relativamente ao custo de vida em Aveiro, pela

reputação que a UA tem junto de estudantes e professores nas suas

universidades de origem e pela oferta de cursos que a UA propõe.

Chegada e períodode mobilidade

Os resultados sugerem que se criou alguma

dependência sobre a “boa vontade” e

presença (física) da equipa que recebe os

alunos na UA, sendo que quando houve

falhas humanas no âmbito do acolhimento,

houve também alguma insatisfação.

Durante o período de mobilidade os

Serviços de Gestão Académica, através

do Gabinete de Relações Internacionais,

têm um papel fundamental (reconhecido

pelos alunos) no apoio ao estudante na

gestão do seu processo académico.

Depois da mobilidade:os efeitos para o futuro

Os contactos estabelecidos pelos estudantes na

UA são importantes para a sua vida pessoal e

profissional, no pós mobilidade. A apreciação

global sobre a UA é tendencialmente “muito

boa”, tendo a Academia de Aveiro merecido

diversos elogios e boas recomendações.

No dia em que chegou ao Campus da Universidade, foi claro para si saber o que tinha de fazer e onde tinha de ir?

Foi difícil encontrar as disciplinas e os horários?

6%extremamente

confuso6%extremamente claro

5%extremamente difícil

13%não muitoclaro

13%difícil

36%não muito claro mas tive ajuda e correu tudo bem

41%foi difícil mas tive ajuda e correu tudo bem

*Outros: Bangladesh, Bielorrússia, Cazaquistão, Egito, Equador, Etiópia, EUA, Japão, Noruega, Rússia, Sérvia, Suíça e Tailândia.

38%muito claro

27%bastante

fácil

14%muito fácil

Os estudantes optam por fontes de informação não formais

1º facebook

2º amigos e professores

3º site da UA

4º correio eletrónico da UA

A chegada e orientação inicial não são sempre fáceis para os estudantes

Os estudantes apreciam o trabalho dos serviços da UA

Os contactos feitos na UA são relevantes

Classificação geral da UA

471 estudantes de mobilidade em 2013/2014 (total de respostas: 206)

62% União Europeia

22% Brasil

3% Turquia1%Mexico

4%Outros*

7% RP China

45%recomendada por professores ou amigos

23%Consideram haver necessidade de mais oferta de cursos em língua inglesa

28%localização marítima e clima

a ua atrai pela localizaçãoe por recomendação

1%péssima

3%bastantemá

7%nadaespecial

9%razoável

18%boa e recomendável

27%muitoboa

23%excelente

12%melhor do mundo

80 %o gabinete de relações internacionais torna os aspetos burocráticos fáceis de resolver.

85 %o gabinete de relações internacionais responde bem aos pedidos dos estudantes.

83 %dos estudantes acham que os contactos feitos em Aveiro são importantes ou muito importantes para o seu futuro.

Resultados do inquérito aos alunos internacionais de mobilidade

Page 38: Linhas 22

dezembro 2014linhas

Page 39: Linhas 22

39 investigação

Recomendações para gestão integradada Ria nas próximas décadas ao dispor dos decisores

Aumento adequado de cotas dos taludes, consolidação das margens e navegabilidade dos canais; fecho do

dique do baixo Vouga Lagunar; otimização da área agrícola e utilização de métodos agrícolas sustentáveis;

gestão colaborativa e integrada da Ria de Aveiro; fiscalização a vários níveis/atividades; promoção do turismo

sustentável. Estas são apenas algumas recomendações, para os próximos 20 anos, resultantes da visão dos

habitantes da Ria, no projeto europeu LAGOONS, coordenado pela UA.

A gestão integrada de uma zona lagunar sensível e diversa

em recursos naturais como a Ria de Aveiro, sujeita a pressões

várias, desde a pesca ao imobiliário, passando por várias outras

atividades económicas e sob jurisdições tão diversas, não é

fácil. A este cenário em permanente mutação acrescente-se as

possíveis consequências das alterações climáticas que podem

vir a afetar, sobremaneira, ambientes caraterísticos do Baixo

Vouga tão sensíveis como o Bocage, com os seus retângulos de

pastagem rodeados por sebes de salgueiro ou amieiro.

O contexto político e legislativo na Ria “é complexo”,

reconhece-se na brochura com as conclusões do projeto

(“Gestão integrada de lagunas costeiras europeias no contexto

das alterações climáticas – a Ria de Aveiro”). Um dos exemplos

dessa complexidade é o ordenamento do território que

envolve instrumentos multissetoriais e de diferentes níveis

de governação para operacionalização das intervenções

no espaço terrestre. Outro é a lacuna que existe em termos

de regulamentação do espaço marinho. Um terceiro é a

sobreposição de instrumentos e orientações de gestão.

Foram os caminhos para a gestão integrada de realidades

como esta que se procuraram com o projeto europeu

LAGOONS, com coordenação da UA por intermédio da

investigadora Ana Isabel Lillebø, do Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar (CESAM), laboratório associado da UA. Este

projeto de gestão integrada de lagunas costeiras europeias, no

contexto das alterações climáticas, envolveu parceiros de mais

sete países: Noruega, Polónia, Rússia, Ucrânia, Reino Unido,

Alemanha e Espanha. Em Portugal, a Ria de Aveiro foi o caso

escolhido para estudo.

A opinião geral dos parceiros, afirma Ana Isabel Lillebø, é

de que a complementaridade de valências do consórcio foi

fundamental para que fossem alcançados os objetivos do

projeto que durou três anos.

Inovação no método

O LAGOONS teve como particularidade a integração, para além

do contributo científico e das políticas, a participação e visão

dos que designou como “atores chave”, ou seja, utilizadores,

Al Lillebø

Page 40: Linhas 22

linhas dezembro 2014

decisores políticos e representantes de entidades públicas

e privadas que atuam nas zonas lagunares consideradas

no projeto. No final, o que se pretendia era potenciar a

“ecoeficiência” dos serviços prestados pelas zonas lagunares

e despertar soluções “ecoinovadoras” no contexto das

alterações climáticas. Foram criados “Grupos de Discussão”

constituídos com a ajuda dos presidentes das juntas de

freguesia ribeirinhas, em que os habitantes foram desafiados

a debater livremente a temática da Ria. Foi realizado também

um “Painel de Cidadãos”, com a participação de cidadãos e de

um grupo de peritos em diferentes áreas, tendo como objetivo

“enriquecer o conhecimento científico através do conhecimento

de quem convive diariamente com a Ria de Aveiro”, explica-se

na brochura publicada com as conclusões do projeto.

Da integração do conhecimento científico com a experiência

de quem vive nas margens da zona lagunar resultaram quatro

possíveis cenários futuros para a Ria, tendo em consideração a

combinação de possíveis tendências económicas e ambientais

para os próximos 20 anos, tanto ao nível na bacia como na

região lagunar e atividades como a pesca, a mariscagem, o

turismo e recreio, a atividade portuária, entre outras. Esses

quatro cenários – tendência atual se nada for feito; gestão

integrada, tendo em conta já algumas recomendações; crise

alargada; e tendência ambiental – sistematizaram-se em

quatro narrativas descrevendo quatro possíveis tendências e

o clima projetado para o período de 2011-2040. Os cenários

foram apresentados e discutidos numa “Oficina de Trabalho”, no

sentido de se conseguir uma visão conjunta para a Ria e para

o ano de 2030. Daqui resultou um conjunto de recomendações

para que essa visão possa vir a ser alcançada. O estudo

considerou, para além do ano de 2030, também o final do século

mas apenas numa perspetiva climática.

O clima projetado para esse período teve em conta os cenários

do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas

(IPCC em inglês). No caso concreto da Ria, e em termos

climáticos, os resultados do projeto mostram que o ano típico

projetado para 2030 não é significativamente diferente do

ano típico do período de referência. Ou seja, os resultados

do modulo de evolução usado no projeto, no que à atmosfera

diz respeito, são muito semelhantes para os anos típicos no

período de referência (1981-2010), para o período de 2011-2040

e para o final do século.

Relativamente à fronteira oceânica, foi adicionado o aumento,

previsto por outros estudos, do nível das águas do mar de

34cm. Os cenários de inundação marginal e navegabilidade

foram projetados tendo por base o modelo anteriormente

validado no projeto ADAPTARIA, aplicando os parâmetros (que

são alterados para ver como o modelo responde), do projeto

LAGOONS. No âmbito das alterações climáticas para além da

Distribuição espacial dos aspetos positivos e das preocupações. Exemplos de aspetos positivos: riqueza natural da Ria que serve de sustento a atividades

socioeconómicas das populações ribeirinhas. Exemplos de aspetos negativos: problemas de navegabilidade e velocidade da corrente.

análise entre anos típicos, foram também simulados, no âmbito

do LAGOONS, três cenários de eventos extremos: a ocorrência

de um verão excecionalmente quente; enxurradas de elevado

caudal no final do verão; e sobrelevação do nível médio das

águas do mar significativa devido a condições de tempestade.

CIRA pode ser solução para gestão da Ria

Os resultados, tendo em conta a visão que os habitantes

da região têm para a Ria nos próximos 20 anos, apontam

para uma gestão colaborativa e integrada da Ria, ou seja,

envolvendo todas as partes interessadas e coordenada

por uma entidade da região de Aveiro. A Comunidade

Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) foi apontada pelos

atores chave como uma das entidades com perfil e valência

adequada para essa gestão colaborativa e integrada da Ria.

Do estudo resultaram também claras algumas lacunas no

conhecimento da Ria, como é o caso do impacto do abandono

Page 41: Linhas 22

41 investigação

das salinas, e consequente colapso das motas, para as

populações de aves limícolas ou o impacto da intrusão salina à

superfície nas propriedades agrícolas do Baixo Vouga Lagunar.

O projeto LAGOONS integrou o conhecimento sobre a Ria

de Aveiro numa plataforma interativa que poderá ser acedida

no endereço http://webgis.no/openlagoons, encontrando-se

as publicações resultantes do projeto disponíveis no sitio

da internet http://lagoons.web.ua.pt. Todos os resultados

estão acessíveis. A equipa continuará disponível para dar

continuidade ao trabalho.

Ao nível europeu, será editado pela International Water

Association (IWA) o livro intitulado “Coastal Lagoons in

Europe: Integrated Water Resource Strategies” (Editores:

Ana Lillebø, University of Aveiro, Portugal, Per Stalnacke,

Bioforsk, Norwegian Institute for Agricultural and Environmental

Research, Norway, and Geoffrey D. Gooch, University of

Dundee, Scotland, UK (www.iwapublishing.com/catalogue/

IWAPublicationsCatalogue2014.pdf).

A cobertura territorial de alguns dos planos e programas na Ria (Fonte: adaptado de Sousa et al 2011) revela a complexidade dos regimes jurídicos e das tutelas.

Para que a concretização destas recomendações seja

possível, refere Ana Lillebø, torna-se necessária a atenção

dos decisores políticos.

Al Lillebø

Page 42: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Casa Passiva: o edifício do futuro no presenteJá se imaginou a andar de manga curta em casa, em pleno

inverno, sem ter de ligar o aquecimento? Gostava de obter um nível

de conforto térmico elevado, sem pagar uma fatura exagerada

de energia? Isto já é possível em edifícios construídos de raiz ou

requalificados segundo as normas da Casa Passiva (Passivhaus),

um conceito nascido na Alemanha há cerca de duas décadas e

desenvolvido na UA por um grupo de investigadores do Departamento

de Engenharia Civil (DECivil) que criou a Associação Casa Passiva

com o objetivo de promover e divulgar este tipo de construção.

Uma casa passiva é um edifício de

baixíssimo consumo energético para

aquecimento (no inverno) e arrefecimento

(no verão). Para se atingir este objetivo,

devem cumprir-se cinco requisitos:

excelente isolamento térmico; janelas e

portas adequadas; sistema de ventilação

mecânica com recuperação de calor;

eliminação de pontes térmicas (zonas da

envolvente através das quais ocorrem

perdas de energia) e estanquidade do

edifício ao ar exterior (criação de uma

envolvente estanque com materiais que

reforcem o revestimento interior).

Mas como se consegue criar uma

casa estanque e simultaneamente

com renovação de ar? Através de um

equipamento de ventilação mecânica

altamente eficiente que faz a renovação

do ar interior.

A casa passiva é a base para se atingir um

nearly zero energy building ou mesmo um

energy-plus building: quando se associa

às suas baixas necessidades de energia

a produção da quantidade de energia que

consome ou de mais do que esta, através

de sistemas de energias renováveis tais

como painéis solares, fotovoltaicos, energia

eólica, energia das ondas, etc. O calor

fornecido externamente pela radiação solar

e internamente por aparelhos domésticos,

ocupantes e outros ganhos internos, é

quase suficiente para aquecer este tipo de

casa, quando adequadamente orientada

e isolada. “A casa deve ser autossuficiente

numa base anual: no inverno gasta-se mais

do que se produz e no verão acontece o

inverso. Portanto, fazendo uma média,

a casa pode conseguir ser de consumo

quase zero e ser autossuficiente”, explica

Romeu Vicente, docente e investigador do

DECivil e um dos elementos fundadores da

Associação Casa Passiva.

Assim, se se construir ou reabilitar um

edifício seguindo estas regras, poder-

-se-á conseguir um consumo energético

abaixo dos 15 quilowatts por metro

quadrado por ano, muito inferior ao que

consomem os edifícios classificados

atualmente de classe energética A+

(menos de 30 quilowatts por metro

quadrado, por ano para necessidades

de climatização, isto é aquecimento mais

arrefecimento). A poupança pode ser de

90 por cento em relação aos consumos

energéticos existentes em edifícios

reabilitados e de 75 por cento em relação

aos consumos energéticos de edifícios

construídos atualmente de raiz.

De acordo com Fernanda Rodrigues,

também docente e investigadora

do DECivil e outro dos elementos

fundadores da Associação Casa Passiva,

“este conceito é considerado atualmente

o standard mais exigente de conforto

e eficiência energética dos edifícios”.

Apesar de ter nascido na Europa central e

do norte para ser aplicado a climas frios,

“aplica-se em qualquer parte do mundo,

adaptando-se às exigências climáticas

do local em causa”, explica.

A premência destes princípios é tanto

maior quanto “a nível mundial há

Page 43: Linhas 22

43 investigação

grandes exigências de diminuição

do consumo de energia e de emissão

de CO2”, frisa Fernanda Rodrigues pois:

“A diretiva europeia Energy Performance

Building Directive aponta que em 2020

todos os edifícios sejam de consumo

energético e de emissões de zero

ou quase zero”. E também a ONU

recomenda a diminuição das emissões

de carbono. Mas, segundo Romeu

Vicente, “só o conseguimos construindo

ou reabilitando edifícios segundo estes

princípios. Ou seja, “isto não é um

discurso de amanhã mas um discurso

de ontem!”, sublinha.

Baixo consumo energético aliado

a máximo conforto

Para além do baixo consumo energético

e, consequentemente, das baixas

emissões de CO2, a Casa Passiva

aponta para um “conforto extremo”,

explica a investigadora Ana Alves, e

outro dos elementos fundadores da

Associação Casa Passiva: “Atualmente

as nossas casas, mesmo as novas, não

são equilibrados em termos de conforto

térmico. A Passive House consegue

uma temperatura ambiente de 20 graus

Celsius, a temperatura considerada ideal

em termos de conforto, sempre com

renovação do ar interior".

No caso dos edifícios novos, tudo

começa no planeamento e estudo de

arquitetura e engenharia, que têm de ser

aprofundados. “Este conceito devolveu

dignidade ao exercício da arquitetura e

da engenharia porque voltou a trazer a

cultura de estudar, pensar, recalcular,

desenhar, pensar em todo o contexto”,

explica Romeu Vicente.

Existe um acréscimo inicial dos custos,

porque há um acompanhamento e

um estudo pormenorizado do tipo de

construção que vai ser feita, mas as

poupanças que se vão obter no futuro

compensam o acréscimo de investimento

inicial (de 8 a 12 por cento). O tempo de

retorno do investimento extra é de 5 a 12

anos no máximo.

Ainda no capítulo dos custos, outro dos

princípios da Casa Passiva é recorrer

sempre que possível a materiais locais,

para diminuir também o impacto

da importação.

Atualmente o principal investimento é a

formação e a informação. “Depois dos

principais intervenientes (arquitetos e

construtores) conhecerem o conceito

e saberem como o aplicar, o tempo de

construção vai diminuir, o investimento vão

reduzir-se, os erros vão diminuir porque

tudo é previamente planeado e delineado:

reduz-se o desperdício de tempo, de

materiais e de mão de obra”, explicam.

Associação Casa Passiva

Por enquanto os “atores” da construção

ainda não estão muito sensibilizados

para esta temática, “mas quando isso

acontecer, esta construção vai passar

a ser vulgar, a ser a norma e a má

construção vai passar a ser invulgar”,

espera Romeu Vicente.

E foi por isso que em junho de 2012

criaram a Associação Casa Passiva, com

o objetivo de disseminar este conceito,

através da formação de técnicos

(arquitetos e engenheiros), da prestação

de serviços de consultadoria a quem

pretender construir ou reabilitar edifícios

de acordo com esta ideologia.

Em outubro de 2012 frequentaram

um curso intensivo de 10 dias no

Instituto Passivhaus, em Darmstadt,

para aprenderem mais sobre este

conceito e para poderem ser Passive

House designers.

Nesse curso, frequentado por técnicos de

todo o mundo, ficaram a saber que existem

já mais de 50 mil edifícios nos “quatro

cantos do globo” construídos de acordo

com as regras da Passive House, que se

aplica não só a casas de habitação mas

qualquer tipo de imóvel.

Pioneiros e na vanguarda deste projeto em

Portugal (são o único grupo universitário

Page 44: Linhas 22

linhas dezembro 2014

a investigar com o conceito Casa Passiva

no país), nestes últimos dois anos têm feito

formações, ações de divulgação em vários

locais, incluindo a Ordem dos Engenheiros,

bem como assessoria técnica em projetos

de construção. Participaram em palestras,

fóruns e organizaram as 1ªs Jornadas Casa

Passiva, em março de 2014 na UA (para

2015 estão já marcadas as segundas).

Ainda em 2014 organizaram uma

atividade para o PMate (Competições

Nacionais de Ciência para alunos do

ensino básico e secundário): a Energy Go

Round, onde mostraram este conceito

a alunos de escolas secundárias.

As ordens profissionais (dos engenheiros

e arquitetos) estão sensíveis e recetivas

a este conceito, consideram, “mas são

os projetistas que têm de alterar a forma

de fazer os projetos. Isto começa com

a formação nas universidades e é esse

passo que ainda falta dar”, afirma a

equipa de investigação.

Assim, ao tentarem sensibilizar colegas

de profissão para esta temática, tentam

simultaneamente que o ensino se adapte

a esta nova realidade de construção.

“O conhecimento tem de nascer nas

universidades e só depois as ordens

profissionais acolhem estas ideias”,

afirma Romeu Vicente.

Por parte dos proprietários a

consciencialização para estas temáticas

“é muito importante também: as pessoas

passam frio e calor nas suas casas, os

filhos têm doenças relacionadas com

a falta de qualidade do ar interior. Isto

também muda quando forem os clientes a

exigir outro tipo de construção”, observa.

Por parte do Estado, pode-se dizer que a

legislação tem evoluído, mas ainda muito

influenciada pelas diretivas europeias.

Apesar de tudo, “estamos a caminhar para

lá. A legislação está a ser cada vez mais

exigente”, destaca Fernanda Rodrigues.

“Modiko Passive house”

O DECivil e a Associação Casa Passiva

com a empresa Modiko – Estruturas para

Construção, Lda desenvolveram o projeto

de uma casa passiva que se encontra

atualmente em construção, de modo

a ser certificável pelo Passive House

Institute, explica Rui Oliveira, investigador

do DECivil.

Trata-se da Modiko Passive House, um

edifício de construção leve (metálica), com

uma base mássica (uma laje de betão).

A laje apoia uma estrutura metálica

tamponada com painéis pré fabricados

de isolamento. Os envidraçados (caixilharia)

são todos em PVC com vidros duplos.

A conformação da cobertura é efetuada

com painéis de isolamento térmico sobre a

estrutura de suporte.

Todo o cálculo do balanço térmico

é efetuado com recurso ao software

Passive House Planning Package, que

permite simular todo o edifício: prevê

o que o vai precisar de gastar para

aquecimento e arrefecimento.

Esta casa, localizada em Oliveirinha,

Aveiro, deverá estar concluída no primeiro

trimestre de 2015. A casa vai ser habitada

e o grupo de investigadores pretende que

a empresa Modiko continue a construir

segundo este conceito e com este grupo

da UA.

Futuro do projeto Casa Passiva

O futuro da Associação Casa Passiva

passa por terminar a Modiko Passive

House e trabalhar na reabilitação de

edifícios. Para além disso, o grupo está

a criar um mostruário deste conceito na

UA, com intervenções em imóveis e não

apenas com estudos e projetos em papel,

frisam os investigadores.

Entretanto, já conseguiram “contagiar”

o outro lado do Atlântico, mais

especificamente a Universidade Federal

de Pelotas. Em 2015 vão ao Brasil

disseminar estas ideias e os colegas

brasileiros vêm cá conhecer a sua

implementação no terreno.

O desejo destes investigadores é tornar

este conceito obrigatório numa unidade

curricular em alguns dos cursos de

engenharia e arquitetura, para que os

alunos terminem os seus estudos com

conhecimentos sobre a Passive House.

“Trata-se de uma mudança de paradigma

e as mudanças de mentalidade começam

no ensino”, frisam. A investigação nesta

área, como é óbvio, também vai continuar.

E a Passive House não para: o futuro vai

trazer também a Passive House Plus,

casas que produzem tanta energia como

aquela que consomem, e as Passive

House Premium, imóveis que produzem

mais energia do que a que consomem!

Mas o principal sonho deste grupo de

investigadores é transformar o edifício

do DECivil num edifício passivo… “Seria

um projeto fabuloso se o pudéssemos

concretizar!” O futuro o dirá.

Rui Oliveira, Ana Alves, Romeu Vicente e Fernanda Rodrigues, do DECivil e Associação Casa Passiva

Page 45: Linhas 22

45 cooperação

A Associação de Antigos Alunos da Universidade de Aveiro

(AAAUA) está muito otimista em relação à sua atividade e

dinâmica no próximo ano 2015 e promete trazer muitas surpresas

e novidades, que só se concretizarão com sucesso se houver

participação ativa de todos. Os tempos difíceis que correm são

os momentos certos para mostramos a nossa diferença, da

qualidade do nosso ensino e, portanto, da nossa capacidade de

ultrapassar todos os obstáculos, com união e determinação.

Encontramo-nos atualmente a reestruturar a organização interna

da AAAUA e um dos objetivos que esperamos ver concluído, no

início do próximo ano, é a integração da AAAUA na plataforma

SIGAAA (Sistema Integrado de Gestão de Acompanhamento

de Antigos Alunos da UA) que permitirá a otimização na

comunicação entre a AAAUA e a sua rede de associados.

Clube de Empresários Alumni UA

Já temos delineado o plano de atividades para 2015 e

alguns projetos já estão em fase de arranque. Destaco que

continuaremos a fazer uma aposta forte e firme no networking

que consideramos a mais poderosa ferramenta para criar

oportunidades de negócio, potenciar parcerias e contactos

privilegiados. Para este fim, planeamos uma nova dinamização

do Clube de Empresários Alumni UA (nacional e internacional),

recorrendo à plataforma profissional Linkedin. Prevemos,

pelo menos, um encontro anual destes grupos de forma a

facilitar um contacto mais direto e privilegiado, a partilha de

experiências e recomendações, para quem pondere uma

carreira além-fronteiras.

Tertúlias e conferências

As tertúlias e conferências terão sempre lugar de destaque

na agenda da AAAUA e serão realizadas assiduamente,

contribuindo para a partilha de conhecimentos e para o fomento

da inovação e da criatividade, com personalidades relevantes

nacionais e internacionais, nas mais diversas áreas do

conhecimento e ação cívica.

Dia do Antigo Aluno

Pretendemos, igualmente, apostar nos encontros de cultura

e lazer entre os antigos alunos, sempre abertos a toda a

comunidade da região. O encontro que mais destacamos e

no qual faremos todos os esforços para o ver realizado será o

“Dia do Antigo Aluno” que prevemos ser um dia memorável,

não pela quantidade de atividades que irão decorrer, mas sim

pela qualidade das mesmas, tanto na escolha dos artistas

convidados, como na escolha gastronómica e não posso

adiantar mais...

Ciclo de cinema

A partir de maio de 2015 daremos início a um Ciclo de Cinema

que decorrerá ao ar livre com projeção de filmes para rir e

chorar. Este ciclo de cinema pretende recordar os filmes

que mobilizaram várias gerações, bem como trazer a boa

disposição ao público.

Inovação social

A integração da plataforma para a inovação social – 4iS – na

AAAUA irá reforçar os objetivos estratégicos para 2015, no

que se refere à inovação social e ao empreendedorismo,

com a criação, implementação e maturação de projetos para

a inovação social, através de iniciativas de voluntariado,

empreendedorismo social e produção científica.

UA: marca de referência internacional

A AAAUA pretende, como tem acontecido, manter uma relação

próxima com a equipa Reitoral, de partilha e cooperação,

com objetivos que se pretendem ser consensuais no caminho

da UA, que mais não são que materialização de uma marca

de referencia internacional, num produto transacionável no

mercado e de elevado valor.

Este é o desafio que todos temos o dever de aceitar, que só

pode ser consumado cabalmente com a participação de todos,

mas com enorme responsabilidade dos antigos alunos, pois

estes são a história da UA, a sua pegada na história. Todos com

percursos diferenciados, histórias para contar e partilhar e, por

isso, com capacidade para ajudar a definir um caminho entre

muitos para o sucesso, que só com reflexão

e feedback se constrói.

AAAUA otimista

e cheia de projetos para 2015!Carlos Pedro FerreiraPresidente da AAAUA

Page 46: Linhas 22

linhas dezembro 2014

Campus e cidade unem-se para mostrar a amizade pelos modos suaves de mobilidade e pela bicicletaUm abraço-demonstração vai unir o campus de Santiago, o Parque Ciência e Inovação e as cidades de

Aveiro e Ílhavo com o nome UA Campus-Cidade Bike Friendly. Mais do que uma união na amizade à bicicleta

como a designação poderia sugerir, trata-se de fundar as bases do que pode vir a ser uma cidade, ou

melhor, uma sociedade amiga do empreendedorismo, da investigação e do desenvolvimento. A parceria

criada por iniciativa da UA na Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade Suave dá o mote.

“Há uma economia ligada à utilização do automóvel e que

promove a utilização deste veículo e que a torna muito forte

– seis por centro das receitas do Orçamento de Estado

estão relacionadas com a mobilidade. Há que consolidar,

agora, uma economia da bicicleta e dos modos suaves de

mobilidade, introduzindo e ampliando novas maneiras de

usar o território em bicicleta com apoio das tecnologias de

informação, comunicação e eletrónica, com novos produtos e

serviços”, visiona José Carlos Mota, um dos coordenadores

da Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade

Suave (http://www.ua.pt/ptbicicleta/), parceria que envolve a

UA, investigadores, empresas e outras organizações. São as

gerações futuras que o pedem, alerta.

Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade Suave está na base do projeto

Para tal ser possível, há que adotar espaços de

experimentação, designadamente assumindo a cidade como

espaço de teste; assim, será possível modelar obstáculos,

avaliar soluções e o conceito UA Campus-Cidade Bike

Friendly para eventual replicação a outras escalas, propõe o

investigador do Departamento de Ciências Sociais, Jurídicas e

do Território da UA.

No entanto, o coordenador da Plataforma não espera que

este percurso que propõe para ganhar terreno ao automóvel

seja uma ciclovia suave. Cada aveirense viaja, em média,

22 quilómetros por dia de automóvel e só 60 por cento das

viagens são entre a residência e o trabalho. Mas há mais. 75

Page 47: Linhas 22

47 cooperação

por cento das deslocações são feitas

em automóvel e destas 40 por cento são

de curta duração (menos de 5 minutos).

As razões? Todos nós as conhecemos:

a dispersão territorial das funções

quotidianas do próprio e dos familiares

(comércio, desporto e cultura), a

comodidade (necessidade de transportar

objetos), a segurança do estacionamento

e as condições meteorológicas sobretudo

em certos períodos do ano, … para referir

apenas algumas. Mesmo assim, em

média, em 60 por cento dos dias do ano

não chove, enquanto em Copenhaga a

população usa mais a bicicleta debaixo

de um clima com, em média, chuva em

60 por cento dos dias do ano.

Um inquérito realizado aos utilizadores

do campus de Santiago em 2010

concluía que 78 por cento possuíam

bicicleta, mas apenas 34 por cento a

utilizavam nas deslocações para a UA.

As distâncias percorridas, as condições

climatéricas, a insuficiência de ciclovias

e a insegurança eram as razões

apontadas, referidas por esta ordem

de frequência, sendo a diferença muito

reduzida entre as percentagens das duas

primeiras razões apontadas.

Contudo, os promotores consideram que a

projeção conseguida desde o lançamento

da parceria informal representada na

Plataforma Tecnológica da Bicicleta e

da Mobilidade Suave e as caraterísticas

socioeconómicas da região de Aveiro, a

colocam com condições ímpares para dar

sentido ao conceito UA Campus-Cidade

Bike Friendly. Senão vejamos…

Região há muito que pedala

É na sub-região Baixo-Vouga que,

em Portugal, mais pessoas andam

regularmente de bicicleta – um valor

oito vezes superior à média nacional.

Na sub-região Baixo-Vouga (NUT III),

3,9 por cento dos residentes andam

regularmente de bicicleta, sendo a média

nacional 0,5 por cento, segundo dados

do Instituto Nacional de Estatística

(dados de 2011).

Bewegen/BikeEmotion: a emoção

de uma parceria para o mundo

O projeto BikeEmotion (http://www.

bikeemotion.com), um sistema de gestão,

partilha e imobilização de bicicletas, com

GPS, que pode ser desbloqueado através

dispositivo móvel de comunicação ou cartão,

surgiu do impulso de empresas ligadas às

novas tecnologias e de antigos alunos da

UA. Numa fase inicial e de desenvolvimento o

projeto teve a participação da UA.

Após a parceria estabelecida com a

multinacional Bewegen, o produto é agora

desenvolvido por esta empresa canadiana.

Trata-se de um sistema de partilha de

bicicletas com assistência elétrica (pedelec)

que permite a mudança no paradigma de

transporte urbano. Atualmente é o mais

avançado sistema de veículos partilhados

do mundo. Foi desenhado por uma equipa

mundialmente premiada de forma modular,

podendo ser otimizado e adaptado a qualquer

território. A cargo da BikeEmotion, está a

inteligência deste sistema, ou seja, todo o

hardware e software de comunicações e

gestão do sistema.

O sistema encontra-se, neste momento,

em vias de comercialização, podendo estar

implantado, no verão de 2015.

Percursos seguros para a UA integram

Aveiro, Capital Jovem da Segurança

Rodoviária 2015

A identificação de percursos seguros para

a UA, iniciativa da Plataforma Tecnológica

da Bicicleta e da Mobilidade Suave e da

Câmara Municipal de Aveiro, com apoio da

PSP, da AAUAv e da AAAUA, apresentada em

novembro de 2014, é uma peça fundamental

do projeto UA Campus Cidade Bike Friendly.

Segurança Rodoviária pressupõe, na

perspetiva do projeto da UA, também reduzir

o número de automóveis, de deslocações

em automóvel, a velocidade de circulação,

e sensibilização para os modos suaves

de transporte. Nesse sentido, o projeto

"percursos seguros para a UA" irá fazer parte

do evento Capital Jovem da Segurança

Rodoviária, um evento nacional da Forum

Estudante, com apoio do ACP e da BP,

assenta arraiais em Aveiro no ano de 2015.

A Murtosa, palco da apresentação

pública da Plataforma Tecnológica

da Bicicleta e Mobilidade Suave, é

o concelho com maior número de

utilizadores de bicicleta em termos

relativos (17 por cento). Ílhavo, Aveiro,

Estarreja, Ovar e Murtosa são os cinco

concelhos com maior valor em termos

absolutos: respetivamente, 2.160, 1.351,

996, 935 e 893 utilizadores da bicicleta.

Mais de metade da população da

sub-região do Baixo-Vouga tem uma

bicicleta em casa (535 bicicletas por

mil habitantes), valor superior à taxa de

motorização média dos concelhos – 502

veículos/1.000 habitantes.

Em média, 29 por cento dos residentes

da região admitem poder utilizar

a bicicleta nas suas deslocações

quotidianas (valores variam de 7 por

cento em Sever do Vouga até 37 por

cento e 42 por cento na Murtosa e Ílhavo,

respetivamente), estando dependente da

melhoria e expansão

da rede ciclável (57 por cento), melhoria

das condições dos pavimentos (17 por

cento), aumento da segurança rodoviária

(6 por cento) e redução do tráfego

rodoviário (2 por cento), segundo dados

do Plano Intermunicipal de Mobilidade

e Transportes da Região de Aveiro

(PIMTRA), de 2012.

É também nesta região que está instalada

uma parte significativa das empresas

do setor e da fileira nacional das duas

rodas e sediada a sua associação

nacional (ABIMOTA). As empresas da

região desenvolvem e comercializam

produtos em todos os pontos da fileira:

as bicicletas da Órbita e os modelos

para consumidores específicos de

Noca Ramos, antigo aluno da UA, as

bicicletas com materiais recicláveis da

Angel – projeto do ex-futebolista José

Nuno Amaro -, as peças e componentes

da Rodi e da empresa Miranda & Irmão,

a roupa para ciclistas da Rasto, o

mobiliário urbano, incluindo suportes para

estacionamento de bicicletas, da Larus,

apenas para citar alguns exemplos.

Page 48: Linhas 22

linhas dezembro 2014

UA também dá ao pedal

Por outro lado, vários grupos de investigação da UA trabalham

no desenvolvimento de novos materiais para bicicletas

(Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica e Escola

Superior Aveiro Norte), no design de bicicletas e equipamentos

(Departamento de Comunicação e Arte ), na renovação do

próprio objeto, como a First Bike, bicicletas especialmente

concebidas para os mais novos, as Cargo Bikes, bicicletas de

carga (Departamento de Engenharia Mecânica), ou em sistemas

de energia (baterias) com possibilidade de adaptação a bicicletas

(Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática).

A melhoria das infraestruturas, ao nível dos pavimentos –

Departamento de Engenharia Civil –, ou a avaliação do ciclo de

vida da bicicleta (Departamento de Engenharia Mecânica) são

outras vertentes em investigação. Mas, a montante, também têm

vindo a realizar-se pesquisas da UA, como o ordenamento do

território e o planeamento da mobilidade ciclável (Departamento

de Ciências Sociais, Políticas e do Território), o turismo sustentável

em bicicleta (Departamento de Ambiente e Ordenamento), o

contributo para a saúde (Escola Superior de Saúde) ou a avaliação

de padrões de mobilidade urbana incluindo a mobilidade suave

(Departamento de Engenharia Mecânica). Associadas a estes

trabalhos de investigação têm estado diversos projetos em

parceria com a região, dos quais o CicloRia é apenas um exemplo.

Foi todo este contexto e o facto de existir um projeto inovador

que pode constituir uma mais-valia para os seus produtos que

levou um grande construtor mundial de bicicletas a fixar-se na

Incubadora de Empresas da UA e numa cidade que já foi pioneira

nacional com a Bicicleta de Uso Gratuito de Aveiro (BUGA). O

BikeEmotion é um consórcio criado pelas empresas de antigos

alunos da UA, Ponto C, Micro I/O e Ubiwhere, para desenvolver

um sistema de gestão, partilha e imobilização de bicicletas, com

GPS, que pode ser desbloqueado através dispositivo móvel de

comunicação ou cartão. O BikeEmotion é o parceiro tecnológico

exclusivo do construtor de bicicletas canadiano Bewegen.

Veículo de causas pós-modernas

Apesar do contexto sugerir amizade à bicicleta, o conceito

“Bike Friendly” não se deve limitar à utilização da bicicleta.

Neste caso, a bicicleta traz outros componentes, salienta José

Carlos Mota, como a engenharia, a educação e sensibilização,

regulamentação e legislação, planeamento e avaliação e,

no horizonte, uma cidade amiga do empreendedorismo, da

investigação e desenvolvimento. Mas a bicicleta também é um

veículo de causas, como a causa ambiental, a saúde e vida

saudável e até, de alguma maneira, de uma nova postura cívica.

Ou seja, um veículo “trendy”. À bicicleta serve bem a imagem

de uma certa pós-modernidade.

Mas, para que seja o veículo de toda esta mudança, afirma

o coordenador da Plataforma Tecnológica, o conceito UA

Campus-Cidade Bike Friendly tem de ser

testado. Ora a comunidade de 16.500

pessoas, durante a semana, quase 2.000

novos membros, em cada ano, à procura

de novas formas de deslocação e

abertos a causas que tragam mudanças

à sociedade, e também o facto de o

campus ser um espaço com gestão

própria, fazem da UA um território

adequado à experimentação.

Ao conceito UA Campus-Cidade

Bike Friendly estão associadas várias

“agendas”, muito para além da inovação

tecnológica, que também têm a ver

com novas formas de organização

do espaço. Cada “agenda” traz

consigo o potencial de inovação

e desenvolvimento económico:

infraestruturas, como ciclovias,

estacionamento e sinalização; a

articulação com outras formas de

mobilidade e o transporte coletivo; a

inovação que pode passar por novos

materiais e componentes, pelo design

da bicicleta, novos tipos de pavimento,

pelas tecnologias da informação,

comunicação e eletrónica;

a sensibilização que pressupõe ações

de comunicação e pedagogia que

podem estar também associadas a

eventos; e também pela disponibilização

de bicicletas individuais e coletivas.

José Carlos Mota sublinha o

alinhamento deste e de outros projetos

da Plataforma que co-coordena com as

estratégias que enquadram a aplicação

de novos fundos comunitários: Portugal

2020 e, particularmente, o Quadro

Comum de Investimentos da Região de

Aveiro 2014/2020 (QCIRA 2014/2020).

…E deixa um repto a todos, incluindo-se

a si próprio, como quem desafia a saltar

para um comboio rumo ao futuro e que

já está em andamento: “Como tornar

o projeto UA Campus-Cidade Bike

Friendly um desígnio colectivo?”.

É neste sentido que a UA dá estas

primeiras pedaladas.

Page 49: Linhas 22

49 campus sustentável

MYBIKES(de Noca Ramos, ex-aluno da UA)

Produção de bicicletas

(Gafanha da Nazaré)

ANGELProduções de bicicletas(Águeda)

BEWEGEN/BIKEEMOTIONProdução de bicicletas

(Aveiro)

RASTOroupa para ciclistas

(Gafanha da Encarnação)

MIRANDA & IRMÃOComponentes

para bicicleta

(Águeda)

RODIRodas para bicicletas

(Aveiro)

ÓRBITA/MIRALAGO

Produção de bicicletas

(Águeda)

LARUSMobiliário urbano,

também para bicicletas

(Albergaria-a-Velha)

alguns exemplos deuma fileira em expansãoUA: novos materiais, design de bicicletas e equipamentos, sistemas de energia,

novos pavimentos e infraestruturas, análise de ciclo de vida, ordenamento do

território, turismo sustentável, padrões de mobilidade, contributo para a saúde.

Page 50: Linhas 22

linhas dezembro 2014

UA aceita o desafio da ONU:ter um Campus Sustentável Educação, gestão sustentável dos campi, envolvimento da comunidade e investigação.

Estes são os quatro alicerces nos quais a UA vai cimentar a resposta ao desafio que a Organização

das Nações Unidas (ONU) lançou em 2012 às instituições de ensino superior em redor do mundo:

que apresentem respostas aos desafios da sustentabilidade, reconhecendo que, de facto, podem

e devem ter um papel essencial na construção de uma sociedade mais sustentável.

Page 51: Linhas 22

51 campus sustentável

“É fundamental a consciencialização de

que a sustentabilidade da Universidade

não implica forçosamente custos, mas

pode ser o caminho para a otimização de

recursos e para uma maior eficiência”,

aponta Ana Isabel Miranda, docente

do Departamento de Ambiente e

Ordenamento e coordenadora do GMDS.

“A estratégia preparada pelo Grupo de

Missão foi acolhida com entusiasmo

pela Reitoria”, congratula-se a docente.

Outra abertura não seria de esperar pois

a visão de um Campus Sustentável é

uma aposta inerente à própria missão

da academia de Aveiro e o Reitor da UA,

Manuel António Assunção, é o primeiro

a subscrevê-la.

O programa de ação do Reitor para o

período 2014-2018 não deixa dúvidas

ao descrever o desígnio que quer selar

na UA: “Exemplar na sua configuração

e combinação de espaços, exteriores e

interiores, proporcionando não só um

ambiente adequado para a atividade

da Universidade, mas valorizando

igualmente a fruição deste espaço

pela comunidade numa interação

sem barreiras, de simbiose entre a

Universidade, a Cidade e a Região”.

Mais acrescenta o caderno de encargos

da equipa reitoral, que quer em Aveiro

um Campus “exemplar do ponto de

vista ambiental, com elevados níveis

de eficiência energética, de gestão da

água e de resíduos, e com valorização

da biodiversidade e do meio em

que nos inserimos, promovendo a

sustentabilidade da nossa atividade,

no seu sentido mais amplo, e servindo

de referência”.

A estratégia para o Campus Sustentável

da UA, apresentado pelo Grupo

de Missão, está assente em quatro

prioridades – educação, investigação,

envolvimento da comunidade e gestão

sustentável dos campi – estabelecidas

tendo em consideração a evolução da

O apelo, erigido durante a Cimeira

das Nações Unidas para o Ambiente

e Desenvolvimento, no Rio de

Janeiro, quer ver as universidades

comprometidas não só com o ensino

de conceitos de desenvolvimento

sustentável e com o apoio a ações de

sustentabilidade nas comunidades

em que se inserem, como também

apostadas na investigação de soluções

para a construção de sociedades em

equilíbrio com o meio ambiente.

O Grupo de Missão para o

Desenvolvimento Sustentável (GMDS),

criado pela UA, abraçou o desafio

e já está a trabalhar. A equipa tem

apontado o ano de 2015 para dar o tiro

de partida no caminho proposto pela

ONU. Até 2020 a UA quer ser o motor

e um exemplo ao nível das instituições

de ensino superior quando o tema é a

defesa da sustentabilidade, o que

implica uma maior eficiência

no uso de recursos.

Page 52: Linhas 22

linhas dezembro 2014

academia nos últimos cinco anos, o

Plano de Atividades da UA para 2014 e

o impacto das potenciais ações para o

período entre 2014 e 2020.

Educar, educar, educar sempre

Na educação, considerada como “o

pilar essencial da formação integral dos

futuros profissionais e decisores de uma

sociedade sustentável”, o GMDS quer

chegar a 2020 com a realização de um

conjunto de iniciativas que promovam

o desenvolvimento e integração

de competências (conhecimentos,

capacidades, atitudes e valores) para

a sustentabilidade na ação educativa

formal na UA, mas também em

instituições de ensino não superior, e em

contextos não-formais.

Implementação de programas de

formação em temáticas relacionadas

com a ciência, a tecnologia e o

diálogo intercultural que evidenciem

a importância da educação para

o desenvolvimento sustentável,

iniciativas de consciencialização para

a sustentabilidade e para a relevância

da educação para o desenvolvimento

sustentável e integração do tema nas

unidades curriculares da UA são algumas

das apostas traçadas para os próximos

anos em redor do pilar educação.

Destas medidas educacionais refere-se

a vontade de “ter em 2020, 20 por cento

dos cursos da UA com desenvolvimento

de competências na área do

desenvolvimento sustentável e 20 por

cento dos seus docentes com formação

específica sobre a inclusão de questões

de sustentabilidade nas unidades

curriculares que lecionam”.

Gestão sustentável, Campus

sustentável

“Um campus universitário é uma

pequena cidade que, devido à sua

dimensão, atividade dos utilizadores e

características do ambiente construído,

é responsável por fluxos energéticos e

materiais relevantes”, aponta o Grupo

de Missão. Nesse sentido, como não

podia deixar de ser, um dos vetores

estratégicos para o desenvolvimento

de um campus sustentável, “porventura

um dos mais visíveis”, é a gestão

dos campi.

O GMDS indica a desmaterialização

de processos e de procedimentos

administrativos, a gestão da energia,

água, ar e resíduos, a gestão e

manutenção dos edifícios e espaços

verdes existentes, a promoção e

usufruição da biodiversidade e a

definição de regras e princípios

reguladores da qualificação dos campi

como aspetos a desenvolver. Propõe

que até 2020 a UA implemente um

conjunto de ações tendo como objetivos

estratégicos certificar a academia no

âmbito de normas ISO associadas ao

desenvolvimento sustentável.

“As metas estabelecidas concretizar-

-se-ão através dum plano de ações

detalhado, envolvendo a administração

e a comunidade académica, e resultarão

duma reformulação significativa da

abordagem da gestão dos campi da

UA, criando rotinas e procedimentos

potenciadores dos diferentes critérios

de sustentabilidade e promovendo uma

imagem de modernidade organizacional

para o exterior”, antevê o Grupo.

Maior envolvimento

com a comunidade

Um campus sustentável implica o

envolvimento de toda a comunidade,

quer interna, quer exterior à UA, e,

por isso, a academia deverá cada vez

mais ser sentida como um espaço de

todos e de cada um. Para tal, o GMDS

propõe “a criação de atividades abertas

a toda a comunidade, que constituirão

espaços de partilha de conhecimento e

experiências, fomentando, por exemplo,

a consciencialização ambiental”.

Sensibilizar o público em geral

enquanto se promove a imagem da UA,

incrementar o espírito de comunidade

e de equipa para efetuar diversos

trabalhos, contribuindo para o espírito de

empreendedorismo, principalmente nos

mais jovens, são alguns dos objetivos

das atividades agregadas à vontade de

cimentar o envolvimento da comunidade.

Daqui a seis anos, antevê o Grupo

de Missão, “deverá ser uma prática

habitual a realização de, pelo menos,

quatro oficinas pedagógicas e de

quatro palestras ou debates, por ano”.

A colaboração com a Escola Superior

de Saúde, integrando atividades

direcionadas para grupos com

necessidades especiais, e o sistema de

voluntariado para a monitorização da

biodiversidade e da qualidade ambiental,

“devem ser uma realidade em 2020”.

Investigação com consciência

ambiental

“Uma universidade sustentável deve

desenvolver atividades de investigação

na área, promovendo a inovação e a

implementação das melhores práticas”,

aponta Ana Isabel Miranda.

Neste campo, o GMDS assume como

metas concretas “o envolvimento da

UA em, pelo menos, dois projetos

internacionais [no âmbito do novo

quadro de apoio comunitário –

HORIZON 2020] e em dois projetos

nacionais [aprovados pela Fundação

para a Ciência e Tecnologia ou outros

organismos] de investigação na área da

sustentabilidade”.

Dos projetos nacionais, pelo menos

um deverá resultar da colaboração

de investigadores de várias unidades

orgânicas da UA, “revelando sinergias

interdepartamentais”. Como objetivo de

melhoria da divulgação da investigação

feita na UA até ao início da segunda

década deste século, o Grupo de

Missão quer que “seja prática comum

a realização duma conferência aberta

ao exterior envolvendo investigadores,

estudantes e funcionários com atividade

na área da sustentabilidade”.

Page 53: Linhas 22

53 cultural53 aconteceu na ua

ACONTECEU NA UA

PERTO DE OITO MIL PESSOAS NA SEMANA ABERTA DA CIêNCIA E TECNOLOGIAA Semana Aberta da Ciência e Tecnologia da UA regressou para a 15ª edição, de 24

a 28 de novembro. Este ano inscreveram-se 7664 pessoas em 102 atividades (e 324

sessões), organizadas por 22 unidades da UA. Esta foi a maior iniciativa de divulgação

de ciência do país, integrada na Semana da Ciência e da Tecnologia promovida pela

Ciência Viva, Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.

A SACT transformou mais uma vez os campi da UA num gigantesco laboratório

científico aberto a todos, desde crianças do pré-escolar, até pessoas aposentadas,

passando pelos alunos do ensino básico e secundário.

Experiências, atividades laboratoriais, palestras, saídas de campo, exposições.

Estas foram algumas das atividades que decorreram nos diversos departamentos

e unidades orgânicas do Campus Universitário de Santiago e do Crasto, na Escola

Superior Aveiro-Norte, em Oliveira de Azeméis, e na Escola Superior de Tecnologia e

Gestão de Águeda.

CERIMÓNIA DE JUBILAÇÃO

DE CELESTE COELHO

A cerimónia de jubilação de Celeste

Coelho, professora do Departamento

de Ambiente e Ordenamento (DAO) da

UA, realizou-se dia 26 de novembro. Na

academia aveirense foi professora auxiliar,

de outubro de 1985 até junho de 1991,

professora associada, de 1991 a 2000, e

professora catedrática desde 2000.

Os domínios de especialização de Celeste

Coelho são a Hidrogeomorfologia,

Geografia Física Aplicada e Planeamento

e Gestão de Recursos Naturais. Os

seus atuais interesses de investigação

são Hidrologia e Gestão Integrada de

Bacias Hidrográficas, Processos de

Desertificação e Degradação do solo

(dimensão ambiental e socioeconómica) e

Planeamento e Gestão de Áreas Costeiras.

CERIMÓNIA DE JUBILAÇÃO DE JOSÉ

TEIXEIRA DIAS

A cerimónia de jubilação de José Teixeira

Dias, docente do Departamento de

Química da UA, ocorreu no dia 19 de

novembro. Professor catedrático de

Química na Universidade de Coimbra

de 1980 a 1995 e da academia de Aveiro

desde 1995, José Teixeira Dias doutorou-se

em Química pela Universidade de Sussex,

Reino Unido, em 1970, com tese sobre

Química Quântica (Forças Intermoleculares)

e Espectroscopia de Raman.

Fellow da Royal Society of Chemistry

com a distinção Chartered Chemist

(CChem) desde 1991 e Chartered

Scientist (CSci) do Science Council do

Reino Unido desde 2004, o especialista

na área da Química-Física Molecular

Page 54: Linhas 22

linhas dezembro 2014

é autor e co-autor de mais de 150

artigos na Web of Science. José Teixeira

Dias recebeu o Prémio de Excelência

Científica em 2004 concedido pela

Fundação para a Ciência e Tecnologia.

do Ocean College da Universidade

de Zhejiang (China), com o objetivo

de se identificarem oportunidades de

colaboração na área do Mar. O workshop

"Aveiro and Zhejiang Universities:

building a long term cooperation and

new ventures in Marine Sciences and

Technology" deu o mote ao encontro.

visitou em novembro a UA. A governante

procurou experiências e conhecimentos

em instituições portuguesas que possam

ajudar a enfrentar os novos desafios do

desenvolvimento de Cabo Verde. No caso

da UA, Sara Lopes tomou conhecimento

da capacidade da UA para eventual

cooperação em projetos de formação que

possam dar resposta às necessidades

atuais daquele país africano, mas também

na vertente de investigação aplicada e

prestação de serviços.

FESTIVAIS DE OUTONO 2014:

DAR PALCO A JOVENS TALENTOS

E A ARTISTAS DE RENOME

Os Festivais de Outono, evento

promovido pela Universidade de Aveiro

(UA), renovaram o objetivo de servir a

região centro de Portugal com um leque

diversificado de ofertas musicais ao

longo de cerca de um mês, de 7 a 29 de

novembro. O programa da 10ª edição do

evento percorreu atuações para apetites

variados, incluindo a ópera, a música

barroca e de câmara, recitais de piano,

músicas do mundo e obras sinfónicas.

O palco foi sucessivamente ocupado com

jovens talentos com ligação à UA, ao seu

Departamento de Comunicação e Arte

(DeCA) e à região, mas também artistas

de grande relevo na cena

musical internacional.

UA RECEBE COMITIVA DE

CIENTISTAS DO OCEAN COLLEGE DA

UNIVERSIDADE DE ZHEJIANG

A UA recebeu em novembro uma comitiva

com alguns dos mais sonantes cientistas

UA RECEBE DELEGAÇÃO RUSSA

PARA PREPARAR COOPERAÇÃO

A UA recebeu uma comitiva de

investigadores e representantes de

instituições russas de ensino superior e

investigação ao abrigo do programa de

promoção da ciência russa pelo Ministério

da Ciência daquele país. A delegação

russa que visitou a UA a 10 de novembro,

foi constituída por nove elementos,

entre responsáveis e professores da

Ural State University, Moscow Institut of

Physics, Moscow Institut of Astronomy, e

representantes de Kazac State University

e Far East Federal University, para além

da National University os Science and

Technology (MISIS).

MINISTRA DAS INFRAESTRUTURAS

DE CABO VERDE VEIO à UA PARA

PROCURAR ÁREAS DE COOPERAÇÃO

A ministra das Infraestruturas e Economia

Marítima de Cabo Verde, Sara Lopes,

DELEGAÇÃO DA UNIVERSIDADE

EDUARDO MONDLANE PROCURA

PARCERIAS NA UA

Uma delegação do Departamento de

Engenharia da Universidade Eduardo

Mondlane, Moçambique, visitou

em outubro a UA no âmbito de uma

deslocação a Portugal para identificar

oportunidades de colaboração junto

de várias universidades portuguesas.

A visita teve um caráter exploratório

e foi dedicada a dar a conhecer as

competências da UA nos domínios

da investigação e colaboração

com a sociedade, assim como as

oportunidades para a mobilidade e

acolhimento de estudantes, docentes

e investigadores de Moçambique.

PROMOÇÃO DA MOBILIDADE E DA

INVESTIGAÇÃO EM ACORDO COM A

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Incentivar o intercâmbio de docentes,

investigadores e estudantes, realizar

seminários e conferências conjuntos

e ainda desenvolver investigação em

comum são os objetivos de um protocolo

de cooperação subscrito entre a UA e

a Fundação Universidade de Caxias do

Page 55: Linhas 22

55 aconteceu na ua

Sul (FUCS), do Rio Grande do Sul, Brasil.

O acordo foi assinado pelos reitores de

ambas as instituições, a 23 de outubro,

e vigora por cinco anos.

INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO

DESEJA INCREMENTO DE

COOPERAÇÃO COM UA

Há cerca de dois anos o Reitor da UA,

Manuel António Assunção, visitou o

Instituto Federal do Maranhão (IFM), no

Brasil. Dessa visita resultou a assinatura

de um “termo de cooperação técnica” e

ficou a vontade da instituição de terras de

Vera Cruz conhecer também a UA. A visita

concretizou-se dia 17 de outubro, com a

vinda do reitor e de uma delegação, da

qual resultou a garantia de que as duas

instituições vão incrementar a mobilidade

e a criação de cursos conjuntos na área

dos materiais e química.

UA RENOVA ACORDO DE

PARCERIA COM A COMUNIDADE

INTERMUNICIPAL NO DIA DA REGIÃO

A UA assinou um Contrato de Parceria

Institucional com a Comunidade

Intermunicipal da Região de Aveiro

(CIRA) no dia 16 de outubro, data em que

se assinalou pela primeira vez o Dia de

Região que coincidiu com o aniversário

de constituição desta estrutura

intermunicipal. O Contrato de Parceria

foi assinado no âmbito da segunda

conferência sobre a estratégia de

desenvolvimento territorial para a Região,

evento que contou com a presença do

ministro-adjunto e do Desenvolvimento

Regional. Poiares Maduro considerou

a estratégia nacional no âmbito do

Horizonte 2020 enunciadora de uma nova

cultura de funcionamento do Estado.

UA COLABORA COM CABO VERDE

PARA INFORMATIZAR JUSTIÇA

A UA e o Ministério da Justiça cabo-

-verdiano assinaram em outubro um

memorando de entendimento sobre o

Sistema de Informatização da Justiça

de Cabo Verde, que tem como objetivo

diminuir os custos e a morosidade

processual e aumentar a transparência

e as garantias de segredo de justiça

naquele país. O protocolo, assinado

na cidade da Praia pelo ministro da

Justiça cabo-verdiano, José Carlos

Correia, e pelo Reitor da UA, Manuel

António Assunção, prolonga por mais

quatro anos a parceria entre as duas

instituições iniciada em 2008 com o

apoio do Departamento de Eletrónica,

Telecomunicações e Informática (DETI)

da academia de Aveiro.

O POTENCIAL DA UA NA

REVITALIZAÇÃO DO SETOR DA

CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL

PORTUGUÊS

O auditório da Fábrica Centro Ciência

Viva reuniu, a 24 de outubro, cerca de 70

representantes de empresas, para além

de especialistas, representantes do setor

público e conhecedores do setor, na mesa

redonda sobre "Construção e Reparação

Naval", iniciativa da Fábrica Centro

Ciência Viva e da Plataforma Tecnológica

do Mar da Universidade de Aveiro (UA),

com o apoio do Grupo Martifer.

UA ASSINALOU ABERTURA DO ANO

COM APELOS AO APROVEITAMENTO

DOS NOVOS FUNDOS EUROPEUS

O bom posicionamento da UA para

concorrer aos novos fundos europeus,

quer pela interdisciplinaridade no ensino

e investigação, quer pelas colaborações

e parcerias com a Região, foi destacado

pelo Reitor na Sessão de Abertura do

Ano Letivo. Assumindo o “objetivo claro”

de contribuir para a riqueza e para a

criação de emprego das regiões, o

secretário de Estado do Desenvolvimento

Regional, também presente na Sessão

que decorreu em outubro, sublinhou

as diferenças em relação aos quadros

comunitários anteriores, a aposta nas

parcerias alargadas e na orientação para

os resultados.

VISITA DE UNIVERSIDADE CHECA

à UA DEIXA NO AR COLABORAÇÃO

FUTURA

Uma delegação da Universidade de

Hradec Kralove, República Checa, esteve

dia 17 de outubro na UA, naquela que

foi uma primeira visita exploratória para

uma colaboração futura entre as duas

instituições. Recebida pela pró-Reitora

para a Internacionalização da UA,

Marlene Amorim, a delegação saiu da

UA com vontade de encontrar formas de

colaboração, nomeadamente ao nível da

mobilidade de docentes e investigadores.

Page 56: Linhas 22

linhas dezembro 2014

SECRETÁRIO DE ESTADO VISITOU

PLATAFORMA TECNOLÓGICA

DA BICICLETA E DA MOBILIDADE

SUAVE NA UA

No contexto da preparação de

estratégias alinhadas com os

programas de financiamento

nacional no âmbito do Portugal 2020,

nomeadamente o programa Cidades

Sustentáveis 2020, o secretário de

Estado do Ordenamento do Território e

da Conservação da Natureza observou,

na UA e na região, as potencialidades

em modos suaves de mobilidade,

nomeadamente para a mobilidade

elétrica em bicicleta. Miguel de

Castro Neto tomou conhecimento em

outubro de vários projetos e protótipos

associados à Plataforma Tecnológica

da Bicicleta e da Mobilidade Suave no

âmbito do tema mobilidade elétrica.

Geral da Universidade de Aveiro (UA).

“É uma universidade muito ativa que já

muito conquistou e muito tem ainda para

ganhar neste atual mundo competitivo”,

apontou o novo elemento da família

UA que deixou a garantia: “Todo o meu

conhecimento e experiência estão agora

ao serviço da UA”.

KBC E UNIVERSIDADE DE AVEIRO

COOPERAM PARA A EXTENSÃO

DO MODELO CPA NO PROGRAMA

MULTIFLASH

A KBC Advanced Technologies plc (KBC)

anunciou em outubro que vai colaborar

com a UA no desenvolvimento de uma

extensão abrangente do modelo CPA

através do financiamento de um projeto

de doutoramento e disponibilizando

cópias dos programas Multiflash e

Petro-SIM para fins de investigação e

educacionais. Esta é já a segunda vez

que a empresa, fornecedora de ponta de

soluções de consultadoria e de software

para a indústria de processamento de

hidrocarbonetos, colabora com a equipa

de João Coutinho, investigador do

CICECO. A parceria já aconteceu quando

os investigadores de Aveiro estavam a

desenvolver e a implementar o modelo

de referência para estes compostos no

programa Multiflash.

INVESTIGAÇÃO DA UA FAZ CAPA

NA CONCEITUADA REVISTA

CHEMSUSCHEM

Uma equipa de investigadores da UA

conseguiu obter nanopartículas de

ouro e prata usando uma metodologia

simples e amiga do ambiente usando um

extrato aquoso de casca de eucalipto

como agente redutor e de estabilização.

Através de um estudo sistemático,

utilizando técnicas cromatográficas

avançadas, os cientistas de Aveiro

conseguiram determinar pela primeira

vez o papel de cada uma das famílias de

compostos presentes naquele extrato

assim como a função específica dos

compostos maioritários. O estudo fez

capa na edição do mês de setembro da

conceituada revista ChemSusChem.

RESTAURO DA FACHADA DO TEATRO

NACIONAL SÃO JOÃO TEM MÃO DO

DECIVIL DA UA

O restauro da fachada do Teatro

Nacional São João (TNSJ), no Porto, foi

concluído em setembro e a obra contou

com o apoio técnico do Departamento

de Engenharia Civil (DECivil) da UA,

cujos trabalhos na área da reabilitação

de edifícios antigos constituem uma

das principais marcas reconhecidas a

nível nacional e internacional quando o

assunto é fazer do velho novo. O restauro

da fachada do edifício, que tem mais

de dois séculos de história, durou cinco

anos e implicou um investimento de 960

mil euros, cofinanciados em 85 por cento

por fundos comunitários.

JOAN VIñAS SALAS É O NOVO

MEMBRO DO CONSELHO GERAL

DA UA

Reitor da Universidade de Lérida

(Espanha) entre 2003 e 2011, onde foi

também diretor do Departamento de

Cirurgia, membro da Academia Real

de Medicina e antigo presidente do

Instituto Catalão de Saúde, Joan Viñas

Salas foi apresentado em outubro como

o mais recente elemento do Conselho

ENSINO DE CHINÊS PELA UA EM

SÃO JOÃO DA MADEIRA ALARGADO

AO 5º ANO

A UA recebe a confirmação em setembro

do secretário de Estado do Ensino

Básico e Secundário, João Grancho, de

que o ensino de mandarim nas escolas

do 1º ciclo de São João da Madeira

pode ser alargado, já a partir de 2015,

como oferta complementar ao 5º ano

de escolaridade. O projeto foi iniciado

em 2013 com a coordenação científica

e formativa da UA e sob a alçada do

Ministério da Educação e Ciência e do

Município de São João da Madeira.

Page 57: Linhas 22

57 aconteceu na ua

UA CONQUISTA O 3º LUGAR NO CAMPEONATO DO MUNDO

DE FUTEBOL ROBÓTICO

A equipa da CAMBADA alcançou o 3º lugar no Robocup 2014, o Campeonato

do Mundo de Futebol Robótico, que decorreu em julho na cidade brasileira de

João Pessoa. Após terem alcançado as meias-finais, os robôs futebolistas da

Universidade de Aveiro (UA) foram derrotados por 2-1 frente à TechUnited da Holanda,

precisamente a equipa que acabou por conquistar o título mundial ganhando a final

frente aos chineses da Water Team por 3-2. No jogo de apuramento dos terceiros e

quartos lugares, a seleção lusa derrotou a MRL (Irão) por 4-0.

A CAMBADA repetiu assim a presença no pódio alcançada nas últimas seis edições

do Campeonato do Mundo.

UA PARCEIRA DA PLATAFORMA NOROESTE GLOBAL

A UA foi anunciada em julho como um dos membros da nova Plataforma Noroeste

Global, que pretende captar investimento, apostar na inovação e transferência de

tecnologia e conhecimento, aumentar a competitividade das empresas, promover a

sua internacionalização e o aumento da exportação dos produtos dessas mesmas

empresas. Tudo isto através do trabalho conjunto dos membros da Plataforma:

municípios de Aveiro, Porto, Braga e Guimarães e instituições de ensino superior

desta região (UA, universidades do Porto e Minho, Centro Regional do Porto da

Universidade Católica) e ainda a COTEC.

ASAE APOSTA NA UA PARA ACONSELHAMENTO CIENTÍFICO

Quatro investigadores da UA entram para as novas equipas dos Painéis Temáticos

da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Manuel António

Coimbra e Ivonne Delgadillo, no Painel dos Aditivos e Contaminantes da Cadeia

Alimentar, e Artur Silva e Amadeu Soares, no dos Riscos Biológicos, foram os

nomes convidados para integrarem duas das cinco unidades da ASAE que têm

como finalidade prestar apoio especializado na elaboração de pareceres científicos

e avaliação de riscos na cadeia alimentar.

DELEGAÇÃO DE INVESTIDORES

NORTE AMERICANOS CONHECE

START UPS DA UA

Vieram em julho do outro lado do oceano

para conhecer e investir nas start ups da

UA. Eram 11 investidores norte-americanos,

luso descendentes, que integravam a

Global Entrepreneurship Program (GEP), do

Departamento de Estado norte-americano.

Falaram sobre as suas experiências de

trabalho como mentores de negócios e

“business angels”, deram conselhos e

conheceram as empresas incubadas na

Incubadora de Empresas da Universidade

de Aveiro (IEUA).

MELHORES TRABALHOS DE ALUNOS

DE DESIGN DA UA PREMIADOS

EM GALA

A gala “And The Winner is…” premiou

os melhores trabalhos de Alunos

de Design de 1º, 2º e 3º ciclos da

UA, dia 4 de junho, no Auditório da

Reitoria. Estiveram a concurso sete

áreas: Autoria, Programa, Tecnologia,

Interdisciplinaridade, Inovação pelo

desenho, Mercado e Investigação.

RESEARCH DAY 2014

Ana Flávia Miguel, do polo de Aveiro do

Instituto de Etnomusicologia - Centro de

Estudos em Música e Dança (INET-MD),

Paulo Gaspar, do Instituto de Engenharia

Eletrónica e Telemática de Aveiro (IEETA),

Ricardo Fernandes, do Instituto de

Telecomunicações de Aveiro (IT) e Ana

Rita Bezerra, do Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar (CESAM), foram os

autores dos pósteres premiados em mais

uma edição do Research Day que decorreu

dia 3 de junho na UA. O evento contou com

a apresentação de 12 palestras, de 200

pósteres e de vários protótipos.

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ATIVIDADES PARA O ENSINO DA LÍNGUA:

PRODUÇÃO ESCRITA: 1º E 2º CICLOS DO

ENSINO BÁSICO

Coord. Luísa Álvares Pereira, Inês Cardoso,

respetivamente, professora e investigadora do

Departamento de Educação da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-383-6

Ano 2013

CUIDADORES INFORMAIS DE PESSOAS

IDOSAS: CAMINHOS DE MUDANÇA

[RECURSO ELETRÓNICO]

Coord. Dayse Neri de Souza, Marília Santos Rua,

respetivamente, professoras do Departamento de

Educação e da Escola Superior de Saúde da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-384-3

Ano 2013

OFÍCIO DE CONTAR

Autor António TrabuloPrémio Aldónio Gomes 2014

Editora UA/Departamento de Línguas e Culturas

ISBN 978-972-789-429-1

Ano 2014

TRANSVERSALIDADE III: DAS PALAVRAS

à AÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE

ESCOLARIDADE [RECURSO ELETRÓNICO]

Org. Cristina Manuela Sá, professora do Departa-

mento de Educação da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-419-2

Ano 2014

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

E EDUCADORES: EXPERIÊNCIAS

EM CONTEXTO PORTUGUÊS

[RECURSO ELETRÓNICO]

Org. Gabriela Portugal...[et al.]

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-428-4

Ano 2014

EDIÇÕES

A QUÍMICA DAS COISAS

[RECURSO ELETRÓNICO]

Coord. Paulo Ribeiro Claro, professor do

Departamento de Química da UA, e Mariana

Barrosa

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-396-6

Ano 2014

CONSTRUIR CIÊNCIA, CONSTRUIR

O MUNDO: [RESUMOS DO] 4º ENCONTRO

NACIONAL DE HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS

E DA TECNOLOGIA – ENHCT

Coords. Isabel Malaquias...[et al.], professora do

Departamento de Física da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-418-5

Ano 2014

REINVENTAR O TURISMO RURAL EM

PORTUGAL: COCRIAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS

TURÍSTICAS SUSTENTÁVEIS

Coord. Elisabeth Kastenholz...[et al.], professora

do Departamento de Economia, Gestão e

Engenharia Industrial da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-395-9

Ano 2014

ESCALAS COMPORTAMENTAIS PARA

CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR –

PKBSPT: MANUAL

Autores Rosa Maria Gomes, Anabela Sousa

Pereira, professoras do Departamento de

Educação da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-398-0

Ano 2014

9TH INTERNATIONAL COMMITTEE [ON] DESIGN

HISTORY AND DESIGN STUDIES - ICDHS 2014:

TRADITION, TRANSITION, TRAJECTORIES:

MAJOR OR MINOR INFLUENCES?

Coord. Helena Barbosa, professora do

Departamento de Comunicação e Arte da UA,

e Anna Calvera

Editora UA Editora

Proceedings ISBN 978-972-789-421-5;

Posters ISBN 978-972-789-422-2

Ano 2014

USO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO

NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO PORTUGUÊS

NAS PERSPETIVAS INSTITUCIONAL E

DOCENTE: RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS

[RECURSO ELETRÓNICO]

Autores Ana Balula...[et al.];

Orgs. Fernando Ramos, António Moreira,

respetivamente, professores dos Departamentos

de Comunicação e Arte e de Educação da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-401-7

Ano 2014

USO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO

NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO

PORTUGUÊS: ANÁLISE, SISTEMATIZAÇÃO

E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO NAS

PERSPETIVAS INSTITUCIONAL E DOCENTE

Autores Ana Balula...[et al.];

Org. Fernando Ramos, António Moreira,

respetivamente, professores dos Departamentos

de Comunicação e Arte e de Educação da UA

Editora UA Editora

ISBN 978-972-789-400-0

Ano 2014

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