Linhas 20
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3
Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro
Edito
rialCoincide a saída deste número da Linhas
com o nosso quadragésimo aniversário.
Quatro décadas de construção e
consolidação de um projecto que enche de
orgulho todos os que nele participaram mais
diretamente, mas também os muitos amigos
da UA que nos acompanharam e foram
ajudando nesta já longa caminhada: é deles,
igualmente, o nosso êxito.
Um projeto com diversas etapas.
Uma primeira, com a escolha de cursos
que representaram singularidade e
complementaridade face à oferta existente ao
tempo; e, desde logo, com um grande ênfase
na formação, na altura fora de Portugal, de
docentes que pudessem fazer a diferença,
que fossem capazes de sustentar Aveiro pela
competência demonstrada no levar a cabo
a missão universitária. Uma segunda, em
que se cimentou o modelo organizacional,
também ele original e único no país, e em
que se levantou a maior parte do edificado,
idealizado com grande sentido estratégico e
recorrendo aos melhores arquitetos nacionais,
o que nos permite dispor do belíssimo
Campus onde estudamos, trabalhamos e
vivemos. Seguiu-se uma fase de atenção
acrescida à qualidade do que fazíamos, à
organização que constituíamos e às pessoas
que formavam a nossa gente. Uma fase
marcada, também, pela consolidação
das nossas apostas na pesquisa, pelo
intensificar da cooperação com a sociedade,
pelos primeiros estudos sobre a inserção
profissional dos diplomados, pela abertura
ao ensino politécnico e a Escolas em Águeda
e Oliveira de Azeméis. A última década
assistiu ao contínuo alargar da missão da
UA, ao maior envolvimento na Cultura e na
divulgação da Ciência, ao aprofundar das
questões da avaliação e informatização,
ao desenvolvimento da cooperação com a
região, à estruturação de vias relacionais com
os antigos alunos, à passagem a Fundação
como testemunho da nossa capacidade de
obtenção de fundos próprios; e ao esforço
acrescido de internacionalização, através de
estudantes, projetos e redes, fundamental
para afirmar a Universidade de Aveiro no
ambiente universitário global e garantir um
melhor futuro.
A escolha do Professor Onésimo Teotónio
de Almeida – académico prestigiado
de uma grande Universidade norte-
-americana, cidadão português desde
sempre empenhado no seu país e amigo da
UA – como nosso homenageado Honoris
Causa nesta efeméride tem muito a ver
com o nosso percurso: aberto e atento
ao mundo, internacional, medindo-se por
padrões universais de qualidade; implicado
ativamente no progresso da região e do
país, e ambicionando ter impacto nas suas
ações; e com preocupações pelo ambiente
humano e coesão da sua comunidade.
O Doutoramento Honoris Causa a
atribuir em breve ao Engenheiro José
Formigli e ao Professor Manuel Ferreira
de Oliveira, para além de uma justa
homenagem ao enorme desafio humano
que a extração de petróleo do pré-sal
constitui e a dois dos seus ilustres
representantes, insere-se nesse realçar da
importância das relações internacionais
sem as quais não há boas universidades.
A Linhas foi criada, gosto de recordar,
para servir de elo entre a UA e os seus
antigos estudantes e, de modo mais
geral, de ponte com o mundo.
Queria, por isso, destacar dois momentos
relevantes da nossa vida enquanto
comunidade alargada. Um, já anunciado
no número anterior, foi o concretizar do
primeiro Dia do Antigo Aluno, com um
sucesso que vai exigir a sua repetição
nos anos vindouros. O outro foi a entrega,
pelo Presidente da República, do Prémio
COTEC para o Caso Exemplar de Relação
com a Indústria que a nossa associação,
desde o primeiro instante, com a Portugal
Telecom Inovação (e o seu antecessor
Centro de Estudos de Telecomunicações
dos CTT) representa.
São exemplos bem demonstrativos desta
nossa aventura, consciente, ambiciosa e
vibrante, de 40 anos. Valeu a pena, valeu
muito: foi possível construir uma grande
Universidade em Aveiro, um Campus que
Pensa. Que os próximos 40 tragam outro
tanto; ou ainda mais!
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linhas dez 2013
29
30-35
36-41
03
OPINIÃO
40 anos da UA:
Testemunhos da comunidade
ENTREVISTA COM...
Veiga Simão
PERCURSOS HONORIS CAUSA
“Leitor omnívoro e viajante incansável”
Honoris Causa pela UA
Onésimo Teotónio Almeida
José Formigli e Ferreira de Oliveira
recebem Honoris Causa
DOSSIER
As empresas precisam? A UA tem!
PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS
Fernando Ramos
Paula Leitão
José Mendes
DISTINÇÕES
PERCURSO SINGULAR
Júlio Pedrosa
INVESTIGAÇÃO
Buçaco: viagem para outra dimensão
de vida, de património e do espírito
Geologia médica, um novo “filão” nas
Geociências
EDITORIAL
Manuel António Assunção
Reitor da UA
06-09
10-14
18-23
15-17
24-28
42-48
EDIÇÕES
![Page 5: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/5.jpg)
5
CULTURAL
Tesouros desconhecidos do Museu
da UA mostram-se ao público
ACONTECEU NA UA
54-56
49
52-53
50-51
57-58
CAMPUS EXEMPLAR
Fotoreportagem do novo edifício
da ESAN
ENSINO
UA: um campus multicultural
COOPERAÇÃO
Gabinete de Apoio ao
Consumidor Endividado
![Page 6: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/6.jpg)
linhas dez 2013
Victor GilAntigo Reitor da UA
Que emoções há numa brisa
Que moliceiros há numa escola
Quantas aves há num abraço
Quantas marés há no espaço
Que saberes pedem esmola
Afinal a quem precisa
Ao todo oito gerações
Quantos frutos diplomados
Da ignorância avarenta
Alegremente roubados
Ou levados aos empurrões
Oito vezes cinco são oitenta
O dobro do que devia
Quantos sonhos sobem a ria.
José Veiga SimãoEx-ministro Ministro da Educação Nacional (1970-1974), da Indústria e Energia (1983-1985) e da Defesa Nacional (1997-1999)
A Universidade de Aveiro, fiel
à sua génese e a 40 anos com
realizações de sucesso, é exemplo
de como o sonho se confundiu
com a ação em prol da soberania
do conhecimento, a que nos resta.
Parabéns aos seus obreiros.40 a
nos
da U
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unho
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D. Carlos Filipe Ximenens BeloBispo Emérito de Díli e Prémio Nobel da Paz
Na ocorrência dos 40 anos da
Universdiade de Aveiro, seja-me
permitido endereçar os meus
Parabéns e o meu grande apreço
pela existência da Universidade.
Em nome de todos os Timorenses,
quero agradecer às autoridades
académicas pela colaboração com
a República de Timor-Leste e com
a Universidade Timor Loro Sae de
Díli. Muitos timorenses têm sido
beneficiados com ajuda e apoio
da UA. Daqui vai o meu sincero
agradecimento.
Bem-haja, e muito obrigado.
Bendito dos Santos FreitasMinistro da Educação, República Democrática de Timor-Leste
Em nome do Ministério da
Educação de Timor-Leste felicito
a Universidade de Aveiro pelo seu
40º aniversário. Aproveito esta
ocasião para elogiar a excelente
cooperação estabelecida na
reforma curricular do ensino
secundário geral, na formação
de professores e ainda na
integração de inúmeros jovens
estudantes timorenses que nesta
Universidade cumprem o seu
sonho académico.
D. António Francisco dos SantosBispo de Aveiro
Dois momentos maiores marcaram
o século XX em Aveiro: a
restauração da Diocese e a criação
da Universidade. Revivemos,
agora, esses momentos com
júbilo. A UA alargou as fronteiras
da nossa Terra, abriu amplos
e belos caminhos ao saber e
desenhou nova fisionomia em
Aveiro. A UA é âncora do futuro
que, em comum, queremos
construir. Parabéns.
![Page 7: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/7.jpg)
7 opinião
Eugénio LisboaDoutor Honoris Causa e Professor aposentado do Departamento de Línguas e Culturas
Regressado de dezassete anos em
Londres, a UA foi aquela que, sem
hesitar, me abriu a porta e disse:
‘Entra!’. Eu entrei e comecei a ser
feliz. Talvez tenha ensinado alguma
coisa, mas aprendi, certamente,
imenso! Sobretudo, ganhei amigos
e uma espécie de segunda casa.
Não preciso de mais.
José Ribau EstevesPresidente da Câmara Municipal de Aveiro
UA, 40 anos de Vida
Em nome da Câmara Municipal
de Aveiro e dos Cidadãos do
Município de Aveiro quero saudar
com jubilo a Universidade de
Aveiro pelos seus 40 anos de vida.
Parabéns e que conte muitos,
tendo sempre por perto o seu
Município e a sua Região de Aveiro.
A aposta na UA tem sido
ganha, sendo agora tempo de
aprofundarmos mais a estratégia
de eficiência coletiva da Região de
Aveiro, na qual a UA tem um lugar
especial para continuar a cumprir.
Bem Haja.
Fernando Paiva de CastroPresidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA)
Completados 40 anos de
existência à Universidade de
Aveiro é-lhe reconhecido, pelo
meio empresarial, o prestígio de
um longo percurso de trabalho,
exponenciando o capital do
conhecimento e competências
ao dispor das empresas, cuja
extensão vai além-fronteiras. Por
isso, a AIDA felicita a UA com
votos de um futuro promissor.
António Correia e SilvaEx-Reitor da Universidade de Cabo Verde e atual Ministro de Ensino Superior, Ciênciae Inovação de Cabo Verde
A Universidade de Aveiro é uma
realização notável no panorama
universitário português e lusófono.
Neste último círculo ela tem-se
posicionado como um dos mais
importantes players da cooperação
interuniversitária, sendo um exemplo
altamente inspirador e a sua acção
estimuladora das novas universidades
dos países de língua portuguesa,
nomeadamente as africanas e
timorenses. Este sucesso no mundo da
cooperação é em grande parte devido
à lucidez estratégica do seu corpo
dirigente. Que ela tenha vida longa!
Isabel JonetPresidente do Banco Alimentare Membro de Conselho de Curadores da UA
A Universidade de Aveiro tem
feito ao longo destes 40 anos
um percurso de excelência onde
a preocupação pela inovação é
uma constante. A transmissão
do saber, numa busca incessante
da aplicação do conhecimento,
tem sido apanágio desta Escola
à qual muito Portugal deve.
Felicito tanto o corpo docente
como os alunos por estes 40
anos e desejo que a UA continue
a ser um exemplo no meio
académico, formando, ousando,
interpelando, inquietando.
Parabéns.
![Page 8: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/8.jpg)
linhas dez 2013
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40
anos
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Vasco LagartoDiretor da Rádio Terra Nova
A Universidade de Aveiro, pela
sua capacidade de inovação e
contributo para o desenvolvimento
socioeconómico da Região
de Aveiro, é uma das fontes
de informação incontornável
que diariamente nos anima
e incita a ter esperança e
confiança no futuro, contribuindo
inclusivamente, e de forma notória,
para a promoção da nossa região
para além fronteiras. A UA é um
ator fundamental no processo
de transformação de uma “terra”
em “terra nova”, no qual a rádio
Terra Nova se sente orgulhosa
em participar. Que estes 40 anos,
que agora se comemoram, sejam
apenas uma pequena amostra
do que os próximos 40 anos de
atividade da Universidade irão
contribuir para o desenvolvimento
e qualidade de vida da nossa
Região de Aveiro.
Cristina BoiaCEO da Extrusal, Companhia Portuguesa de Extrusão, licenciada e pós graduada pela UA
A existência da Universidade de
Aveiro teve um grande e positivo
impacte na Extrusal, e acreditamos
que o contrário também se terá
passado, até porque as duas
organizações cresceram em
paralelo – a Extrusal tem 41
anos desde a Fundação, e 39
desde que começou a laborar!
Ao longo dos anos houve uma
estreita colaboração entre as duas
instituições, entre outros aspetos
na resolução de problemas
industriais concretos e ambientais.
Esta colaboração foi potenciada
pelo facto de uma vintena dos
quadros superiores da Extrusal
de hoje se terem licenciado na
Universidade de Aveiro, em muitos
domínios diferentes, desde várias
engenharias (Ambiente, Química,
Materiais, Eletrónica, Mecânica) até
áreas de contabilidade e gestão.
Parabéns, UA !”
Fernando CaçoiloPresidente da Câmara Municipal de Ílhavo
É pelo espírito inovador e
crescente investimento em I&D
que a UA se distingue na Região
imprimindo-lhe uma cadência
evolutiva sólida.
A articulação com o Município de
ílhavo é, sem dúvida, uma forte
aposta conjunta. Este é momento
em que a nossa interação se
afirma como um mecanismo de
promoção do desenvolvimento
socioeconómico da Região
através do estabelecimento de
plataformas de colaboração e
intercâmbio de competências,
com claros benefícios para
empresas e população.
![Page 9: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/9.jpg)
9 opinião
Ivan SilvaDiretor Executivo do Diário de Aveiro
A nossa Universidade de Aveiro
assinala 40 anos. Nasceu como
um projeto ambicioso e, hoje,
é uma certeza no ensino em
Portugal e no Mundo. Falar da
Universidade de Aveiro é sinónimo
de liderança, de investigação
e de parceria com e ao serviço
das empresas e de docência de
superior qualidade. Na nossa UA
se concebe conhecimento e se
constrói o futuro. Com orgulho, o
Diário de Aveiro acompanha o seu
dia-a-dia - através da página diária
“Vida Académica” - e esteve, com
regozijo, em todos os passos
importantes que deu nos últimos
anos. Uma palavra final de bem-
haja a todos os intervenientes - e
aos seus Reitores -, ao longo das
quatro décadas.
Alcino LavradorCEO da PT Inovação
Uma das caraterísticas que
distingue a UA é a sua relação
com as empresas. A relação
privilegiada que mantém com a
PT Inovação nasceu há 40 anos
e é, hoje, um caso exemplar
de cooperação universidade-
empresa na transformação de
conhecimento fundamental
em valor para a economia e
beneficiando a sociedade.
António Jorge FrancoPresidente da Fundação Mata do Buçaco
Os 40 anos de existência da
UA comprovam o sucesso de
uma instituição, com qualidade,
quer na área de ensino, quer da
investigação. É um orgulho para a
Mata Nacional do Buçaco receber
diariamente, e há mais de uma
década, investigadores da UA,
que muito têm contribuído para o
conhecimento científico do local.
Parabéns!
António Sousa NunesDiretor do Departamento de Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Galp
A elevada qualidade académica e
o espírito de inovação focado no
progresso industrial sustentável
marcam o ADN da frutuosa e já
longa história de cooperação entre
a Galp Energia e a Universidade
de Aveiro. As nossas expectativas
futuras passam por aprofundar
esta relação de colaboração,
conducente à formação de capital
humano altamente qualificado e de
iniciativas de I&D que contribuam
para o desenvolvimento
sustentado de Portugal.
Gil NadaisPresidente da Câmara Municipal de Águeda
No seu 40º Aniversário felicito, em
nome do Município de Águeda,
a Universidade de Aveiro pelo
inegável papel no progresso
e avanço do território onde se
insere, e que tem sido alcançado
através da dinamização de
sinergias e desafios, rumo a um
futuro assente na inovação e no
desenvolvimento sustentável.
Hermínio LoureiroPresidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
A Universidade de Aveiro é
hoje uma das mais prestigiadas
universidades do país pela sua
capacidade científica, pedagógica
e pela visão estratégica que tem
do ensino superior. É de realçar
ainda a sua aposta na formação
politécnica, destacando-se, aqui,
o projeto da Escola Superior
Aveiro Norte, em Oliveira de
Azeméis, que, em breve, entrará
em funcionamento, integrando o
Parque do Cercal - Campus para
a Inovação, Competitividade e
Empreendedorismo Qualificado.
Ao longo de quatro décadas
esta instituição tem servido
exemplarmente o país formando
técnicos altamente especializados
e competentes.
Aos seus responsáveis parabéns
pelo sucesso alcançado.
![Page 10: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/10.jpg)
linhas dez 2013
"As universidades
têm de desafiar
o governo
para novas
alternativas!"
Veiga Simão, ex-ministro e referência
nas questões de educação, ciência e inovação"
Foi chamado para o Governo antes do “25 de Abril”,
tendo sido autor de uma reforma que marcou a
história do ensino em Portugal, e depois, tutelando
outras pastas ministeriais e exercendo funções no
âmbito da estratégia educativa e científica. Sendo
essa peculiaridade sugestiva da sua forma de lidar
com a causa pública, José Veiga Simão é ainda dos
poucos portugueses agraciados com várias ordens
honoríficas, continuando, hoje, a contribuir ativamente
para a competitividade e inovação no país, agora
coordenando a elaboração da Carta Magna da
Competitividade de Portugal e das Cartas Regionais
de Competitividade. Crítico da atual situação política
na área do ensino superior, deixa pistas e considera
que as universidades têm um papel crucial a
desempenhar na situação em que o país se encontra.
![Page 11: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/11.jpg)
11 entrevista
Quando criou, em 1973, as chamadas
novas universidades no litoral e
interior - Universidades de Aveiro,
Minho, Nova de Lisboa, Instituto
Universitário de Évora e institutos
politécnicos noutras localidades
- tinha como objetivo combater
o centralismo e seria isso uma
sequência lógica dos Planos de
Fomento anteriores?
Essa questão tem uma dimensão que
ultrapassa largamente o ensino superior.
O centralismo percorre os diversos
regimes políticos, da 1ª República
passando pelo Estado Novo de Salazar e
pelo Estado Social de Marcello Caetano,
até à atual democracia tutelada por
uma “troika” que limita, de algum modo,
a nossa soberania. Agora temos um
centralismo de outra natureza.
Por outro lado, se analisar as
Constituições da República Portuguesa,
- a de 1933 e a de 1976 nas suas diversas
revisões - percebe-se que, a par das
dificuldades na operacionalização de
poderes regionais, permanece insolúvel
um magno problema que se traduz no
desequilíbrio entre a voz dos cidadãos -
expressa em atos eleitorais - e a voz
das regiões, que não é expressa por
via democrática.
O Plano de Expansão e Diversificação
do Ensino Superior tem esse
pano de fundo, mas integra-se,
fundamentalmente, numa outra
estratégia: a da democratização do País
pela e da educação. “Um povo que não
cultiva a sua inteligência está perdido”,
afirmava o filósofo e matemático
Whitehead, em 1910. Acontece que a
minha aceitação do convite de Marcello
Caetano para ministro da Educação
Nacional, dependeu de uma condição
básica que foi aceite: iniciar uma
reforma educativa global extensiva
a todo o País, na qual se integrava o
Plano de Expansão e Diversificação do
Ensino Superior. Uma outra condição
determinante, igualmente aceite, foi
a de começar a Reforma logo no dia
da minha tomada de posse em 15 de
janeiro de 1970. A Reforma, como alguns
sugerem, não começou em 1973. Esta
situação está, aliás, expressa no parecer
da Câmara Corporativa no qual se
refere, a propósito da Lei de Bases do
Sistema Educativo, que mais de 50 por
cento do que ela propõe está realizado
ou em curso.
No ensino superior, entre muitas das
medidas tomadas, saliento a grande
importância da nova carreira docente
universitária e o reconhecimento em
Portugal dos doutoramentos obtidos no
estrangeiro. Foram também criados novos
cursos nas universidades existentes, a
Universidade Católica foi reconhecida e
criado o ISCTE, hoje Universidade.
…De outro modo seria impossível
responder a esse grande desafio…
Sim, porque as quatro universidades
então existentes - as Universidades de
Lisboa, Técnica de Lisboa, Coimbra
e Porto - não teriam capacidade nem
meios para responder ao grande desafio
da democratização e modernização
do ensino superior. Na Universidade
de Lourenço Marques, como fundador
e Reitor, consegui criar uma equipa
docente, técnica e administrativa
de eleição; foram doutorados mais
docentes e investigadores em sete
anos, em centros de investigação
europeus e dos Estados Unidos com
prestigio reconhecido, do que nas quatro
universidades portuguesas em domínios
equivalentes em 50 anos! A Universidade
de Aveiro veio a tornar-se, após a
descolonização, uma grande beneficiária
desses doutorados - alguns reitores -, e
de funcionários.
Mas, na base do Plano de Expansão
e Diversificação do Ensino Superior
estavam pressupostos essenciais:
o conhecimento dos labirintos da
Administração Pública; a necessidade
de fundamentar o Plano em estudos
de diagnóstico e de prospetiva -
demográficos, sociais, culturais e
económicos -; a urgência em nos
rodearmos de colaboradores de prestígio
(equipa de onde saíram vários ministros,
e altos funcionários anos depois, na
democracia); a perceção de que era
crucial levar a mensagem à população -
houve um debate nacional que demorou
sete meses -; a aliança com professores
co-autores da Reforma e ainda, a de
assegurar financiamentos a curto,
médio e longo prazos. A carência de
quadros superiores, cientistas, técnicos
e professores e a sua participação no
desenvolvimento do País emergia como
prioridade nacional.
É importante lembrar que, antes,
se tinha avançado com a expansão
do ensino secundário e dos vários
níveis anteriores de ensino.
Com certeza. Não há universidade sem
escola primeira, disse eu. No debate
nacional então realizado intervieram
cerca de 60 mil pessoas com textos
escritos! Esse apoio foi decisivo para
vencer o conservadorismo vigente que
colocava sérios obstáculos à Reforma.
Não cabe aqui citar a legislação
produzida e as experiências pedagógicas
criativas que foram objeto de intensas
polémicas desde o pré-escolar até o
chamado ensino médio.
E em relação à localização das
instituições de Ensino Superior?
Os estudos já referidos fundamentaram-
-se num conjunto de critérios rigorosos
em relação à localização das novas
instituições de ensino superior. Não foi
pela pressão de grupos de influência, que
também se evidenciaram. Em relação a
Aveiro, tive mesmo um problema afetivo.
Um setor prestigiado da Universidade
de Coimbra, pela qual nutro um grande
amor, que me ensinara, tal como
em Cambridge, que devia cultivar a
independência de pensamento, entendia
que o território de Aveiro estava sob a sua
![Page 12: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/12.jpg)
linhas dez 2013
“suserania”. Cometia uma traição à alma
mater se criasse a Universidade de Aveiro.
Isso deu origem a acesa polémica com os
meus colegas, amigos pessoais.
No entanto, a dinâmica do
desenvolvimento da região de Aveiro,
associada ao “aveirismo” de José Estevão
e, naquela altura interpretado por Vale
Guimarães, a força com que o progresso
da região se afirmava no contexto
demonstrado pelos estudos elaborados,
exigiam em Aveiro uma universidade
aberta à criatividade, a qual, sendo
diferente da de Coimbra, era imprescindível
numa rede de instituições coerente,
consistente e sustentável.
Reorganização e reestruturação
precisam-se
Esse estudo apontava para a criação
de instituições de ensino superior em
Aveiro, Braga e à volta de Lisboa…
No caso de Lisboa, a incidência era
na margem sul do Tejo, onde veio a
ser instalado apenas um dos polos da
Universidade Nova, ao contrário do
projeto inicial.
No contexto do eixo Braga-Guimarães
emergiu a Universidade do Minho.
Os estudos apontavam para a criação
de três universidades, não incluindo
uma universidade em Évora. No
entanto, o facto de Évora já ter tido uma
Universidade - extinta no tempo do
Marquês de Pombal, devido ao conflito
com os Jesuítas -, a necessidade daquela
região dever competir com Espanha, a
possibilidade de a associar ao Instituto
Superior Económico e Social de Évora,
justificaram a criação do Instituto
Universitário de Évora, com o mesmo
status de universidade.
Ao mesmo tempo, fazendo jus a
uma descentralização, foram criados
institutos politécnicos e Escolas Normais
Superiores, designação herdada da Iª
República. Estas, vieram a dar origem
às Escolas Superiores de Educação
e a serem integradas nos Institutos
Politécnicos, por razões apenas do
financiamento do Banco Mundial.
Uma decisão com efeitos negativos na
evolução do ensino politécnico.
Esse sistema que idealizou assentava,
portanto, numa tríade, e não num
sistema binário (ensino universitário /
ensino politécnico) como o que existe
atualmente e cujas especificidades
nem sempre são claras…
Sem querer minimizar o que muito de
bom se tem feito na estruturação das
instituições de ensino superior houve
não curada acentuada por “variâncias
contraditórias” do poder político. Só
assim se explicam preâmbulos de
decretos-leis em que a linguagem é a da
“promoção” de institutos politécnicos
a institutos universitários e, mais tarde,
a universidades. Leviandades de
legisladores prolongando o “drama” da
dicotomia entre status social - o qual deve
ser igual - e a diversidade curricular, que
deve ser aprofundada correspondendo
à evolução científica e tecnológica.
Recordo-me que no ensino secundário,
para minimizar essa visão dicotómica,
propus no início da Reforma Educativa as
designações de “liceu clássico”, de “liceu
técnico” e de “liceu artístico”, no sentido
de transmitir à sociedade a igualdade
de status social, mas nas conclusões
do debate nacional esta minha ideia não
vingou. Hoje, temo que, com o processo
de Bolonha nem sempre bem aplicado,
mais uma vez se caminhe no sentido
errado de pretender uma “igualdade
curricular”, destruindo até os então
bacharelatos profissionais; uma evolução
perniciosa ao desenvolvimento do País.
Universidade e território:
que estratégia?
As mais recentes colocações na
sequência do concurso de acesso ao
ensino superior são pouco animadoras
para as instituições portuguesas e
menos ainda para o ensino politécnico,
suscitando dúvidas sobre o futuro de
várias instituições tal como existem
hoje. A Universidade de Aveiro, neste
aspeto, adotou uma via sui generis
ao congregar o ensino universitário e
politécnico. O futuro pode passar por
esta solução?
A Universidade de Aveiro apresenta, no
caso do binómio ensino superior - ensino
politécnico, um modelo interessante,
flexível e inteligente, maximizando os
meios disponíveis.
Quando analisamos a atual rede
de ensino superior verifica-se que,
um retrocesso em termos conceptuais,
em relação a princípios que definiram
os objetivos da rede de ensino superior
criada em 1973, dotada de três tipos de
instituições. As universidades aparecem
como instituições de grande abrangência
do saber e como “oficinas da criação e
transformação do conhecimento” onde
a trilogia de ensino/investigação e a
ligação à sociedade se desenvolvem
em vertentes humanísticas, científicas
e experimentais de grande amplitude.
Os institutos politécnicos atuavam no
sentido de uma ligação mais direta ao
universo de empresas e serviços, sem
prejuízo de uma formação científica
de base, concretizando-se em cursos
superiores de curta duração. A
problemática do ensino universitário
versus ensino politécnico é uma ferida
![Page 13: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/13.jpg)
13 entrevista
atualmente, em número de instituições
e em número de cursos (revelando uma
imaginação prodigiosa) há afastamentos
duma equilibrada empregabilidade e da
realidade económica social e cultural,
designadamente a nível regional.
Os partidos políticos atuaram a certa
altura de forma incoerente na pretensa
defesa de interesses regionais. A rede
atual precisa de ser reestruturada e
racionalizada. A questão é: como fazê-lo?
A evolução demográfica aponta para
uma diminuição de candidatos ao ensino
superior. O retrocesso, há vários anos,
em termos de política de natalidade e
da família é fortemente censurável. No
entanto as consequências no ensino
superior podem não ser tão dramáticas
como muitos apresentam! É necessário
dar maior atenção ao abandono escolar,
acompanhando criativamente os
alunos em maiores dificuldades, numa
perspetiva sociológica, psicológica e de
atratividade na apreensão e utilização de
conhecimentos. As taxas de abandono
devem ser diminuídas, sem perder o rigor
e a qualidade de “educare” no sentido
de Cícero como “alimentar”, “treinar”,
“formar”, “conduzir para longe”…
Na osmose entre o ensino secundário e o
ensino superior o número de perdas não
pode ser da dimensão existente. Mas a
este propósito devo mencionar que sou
partidário da “avaliação pelo mérito” e
da “existência de exames”. Verdade seja
dita que a forma como atualmente estão
a ser implementados, a diversos níveis,
estes conceitos revelam precipitação
dominada por cego economicismo. A
tudo isto acresce, no que respeita à
frequência do Ensino Superior, que os
conhecimentos evoluem e, em muito
países, os funcionários das empresas
e serviços são obrigados a atualizar
permanentemente os conhecimentos.
Aliás, faz cada vez mais sentido a
“formação ao longo da vida”. Devo referir
que tive o prazer de abrir as portas da
universidade através de exames ad hoc
a cidadãos com 25 anos de idade. Hoje,
nos exames equivalentes, a idade limite
são os 23 anos - a experiência de vida é
menor do que com 25 anos - utiliza-se
esta “abertura” como porta de entrada
para as universidades, em muitos casos
sem garantir uma avaliação correta
dos portefólios de competências
dos candidatos.
De qualquer modo, a racionalização dos
cursos é urgente - e, no aspeto, da sua
acreditação a Agência de Avaliação e
Acreditação do Ensino Superior (A3ES)
tem feito um excelente trabalho…
A questão dominante que se deve colocar
na racionalização da rede deve poder
centrar-se numa visão estratégica do
modelo de desenvolvimento do País. Ora
esse modelo da responsabilidade do
poder político não existe e a articulação
intramuros e inter-instituições não tem
objetivo. Assim, as populações do
interior veem-se despojadas de serviços
públicos - e não só -, uns atrás dos
outros, impondo cada Ministério modelos
institucionais globais desarticulados.
Caminhamos para o desastre total no
que respeita ao desenvolvimento do
interior e, mais tarde, teremos de reerguer
o País de ruínas. As universidades
devem apresentar pelo estudo e por
propostas baseadas no domínio do
“conhecimento” modelos alternativos.
Na falta de pensamento governamental
espera-se uma posição das universidades
até, porque nelas está a soberania do
conhecimento, a única que nos resta. A
Universidade é acima de tudo a “oficina
da criação” e a “oficina da liberdade”.
Mas para terem capacidade de
atuação, as universidades têm de se
adaptar ao novo contexto…
É urgente definir o contexto.
Estão afinal em causa as “Hélices
Triplas” do desenvolvimento em que,
por exemplo, a Universidade de Aveiro
tem potencialidades ímpares. E, embora
possa haver pontos de partida diferentes,
há que substituir “esferas rígidas
de competências” por “espaços de
cooperação” entre a universidade, a
empresa em sentido lato, e as instituições
autónomas públicas e privadas, dado que
muitas delas produzem conhecimento.
Os espaços de cooperação devem ser
privilegiados, desde que se defina uma
base ética e de responsabilidade social.
![Page 14: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/14.jpg)
linhas dez 2013
Portugal entre os últimos na
transformação do conhecimento
No estudo que fez para a Universidade
de Aveiro, concluído em 1997, apontam-
-se vários caminhos para concretizar
essa cooperação entre instituições de
caráter diferente. Ao longo dos anos,
foram seguidos em termos mais ou
menos próximos das formulações
apontadas no estudo…
…Sim, mas em relação a isso não pode
haver dogmas. Eu diria que nem a Lei de
Bases que eu protagonizei, nem a que
está em vigor, se adequam aos desafios
dos nossos tempos. Mais do que uma
Lei de Bases do Sistema Educativo,
devíamos ter uma Lei de Qualificação
dos Portugueses. O passado serve para
alimentar o futuro, não para ser repetido.
É necessário recordar que Portugal,
no European Innovation Score Board,
está entre os primeiros países da União
Europeia na criação do conhecimento,
mas nos últimos na transformação deste
em bens económicos e culturais.
Perguntava se, com várias medidas
já concretizadas de aproximação à
sociedade, empresas e aos agentes
económicos e sociais, o estreitamento
ainda maior dessa relação estará em
risco no atual contexto económico?
Ou pelo contrário, ele constitui uma
oportunidade?
A Universidade de Aveiro adotou uma
estratégia em que privilegiou, logo de
início, a sua ligação à sociedade dando
sinais de primazia da componente
tecnológica e do imperativo da cultura.
Não foi por acaso que a Universidade
de Aveiro surgiu em estreita ligação
com os CTT/TLP e com o seu centro
de investigação. Nesse binómio
universidade-empresa, a Universidade
de Aveiro tem-se afirmado de uma forma
significativa, está na sua génese e agora
na vanguarda desse relacionamento com
realizações criativas na industrialização
da era do conhecimento. Assim acontece
no caso de indústrias tradicionais
com excelentes aplicações de “novas
tecnologias”, em sentido amplo.
Num trabalho que estou a coordenar
na Associação Industrial Portuguesa,
a propósito das Cartas Regionais de
Competitividade, verificamos que, na
região litoral desde o Minho passando
pelo Porto até Aveiro, a ligação das
universidades às empresas privilegia as
de bens transacionáveis, enquanto que,
no sul, essa ligação é mais intensa com
empresas de bens não transacionáveis.
A forte ligação com empresas de bens
transacionáveis tem de ser potenciada,
inclusive nos aspetos da conectividade e
mobilidade da Região. Seria um crime -
até no domínio do pensamento - se não
fortalecermos a intensidade dessa ligação.
O grau de orientação exportadora do
País só aumentará se diversificarmos
mercados, se melhorarmos a qualidade
dos produtos e os tornarmos mais
atrativos… Mas também precisamos de
uma nova vaga exportadora que deve
integrar o desenvolvimento da economia
do mar (de que se fala muito e faz pouco),
as indústrias criativas, e os imperativos
da Cultura e do Ambiente em prol do
desenvolvimento e da felicidade humana.
Como já referi, o European Innovation
Score Board carateriza uns países como
mais ligados à criação do conhecimento
e outros mais ligados à transformação
e utilização do conhecimento em
bens económicos e culturais. É esse o
desafio que temos de vencer! Se não
o vencermos, Portugal nunca pagará
quaisquer dívidas e não terá futuro.
Ora as Universidades existem para ganhar
o futuro! A Universidade de Aveiro estará
na linha da frente desse combate.
Daí ser fundamental reforçar
a ligação das universidades
à sociedade e empresas…
Intensificar essa ligação segundo
o conceito de que o alimento da
mudança é o conhecimento e de que
as universidades são essenciais na
afirmação da soberania do conhecimento.
Só que é preciso um contexto de
confiança em que os agentes possam
apostar, o qual neste momento apresenta
fragilidades enormes. Espera-se que
as Universidades no seu conjunto
perspetivem um novo modelo de
sociedade. Se essa confiança for
restabelecida, se não teimarmos em criar
conflitos entre gerações e se apostarmos
em perspetivas de um emprego com
novas profissões, dado que a “fábrica”
produz cada vez mais com mão-de-
obra qualificada reduzida, podemos
ultrapassar a crise. Têm a palavra o
ambiente, a cultura, as profissões
derivadas de um relacionamento criativo
entre gerações. E se a riqueza aumenta
com menos intérpretes, ela não pode ser
concentrada em alguns e o poder político
não pode ser dominado pelo poder
económico. Afinal temos de contribuir
para que os cidadãos portugueses vivam
uma vida digna de ser vivida como já nos
dizia Marcuse.
![Page 15: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/15.jpg)
15 percursos honoris causa
Onésimo Teotónio Almeida“Leitor omnívoro e viajante incansável” Honoris Causa pela UA
“Gosto de humor em qualquer situação. É uma ótima ferramenta
para sublinhar uma ideia, torna-a mais interessante”, esclareceu
o autor e investigador numa entrevista ao jornal “i”. “Dotado de
uma personalidade complexa e multifacetada, “sincrónico e
diacrónico”, conversador inveterado, “devorador de paisagens”,
professor de cultura e “passador” de culturas, idiossincrático,
irónico, impossível de catalogar, Onésimo Teotónio Almeida é,
segundo Eugénio Lisboa, “um infatigável viajante, no mais lato
sentido da palavra “viajante”: atravessa oceanos, rios, lagos,
continentes, países, cidades, praias, mas atravessa, com igual
ímpeto e brio, livros, línguas, culturas, literaturas e filosofias. De
tudo isso nos dá depois conta nas suas crónicas ou diacrónicas,
nas quais, com uma desenvoltura fácil ou com uma força leve,
nos oferta, aos baldes, sabedoria séria assim como quem se
diverte (e nos diverte)”, explica o texto que justifica a atribuição
do título de Doutor Honoris Causa pela UA.
Académico, ensaísta, autor de contos e crónicas, cultiva e
vive, através da escrita e da sua atividade de divulgação e de
investigação, a teia que estabeleceu entre as suas raízes nos
Açores, a comunidade portuguesa emigrada nos EUA, a vida
académica, Portugal e o mundo. Onésimo Teotónio Almeida é
autor de várias obras e de mais de duas centenas de ensaios
publicados em Portugal, EUA, Brasil, França e Inglaterra,
“surgindo, incontornavelmente, no espaço cultural português,
como um dos grandes pensadores e prosadores da atualidade”,
refere-se também no texto justificativo da atribuição do
Doutoramento Honoris Causa. Neste texto, considera-se
ainda que “no seu labor crítico-interpretativo, conflui um
“Rideo, ergo sum” - “Eu rio, logo existo” - afirma, sobre si próprio, Onésimo Teotónio Almeida no título de uma das suas crónicas. A Universidade de Aveiro atribui o Honoris Causa a 16 de dezembro, no dia em que comemora o 40º aniversário, a este professor da Brown University. A madrinha será Isabel Alarcão, antiga Reitora e professora aposentada do Departamento de Educação.
impressivo conhecimento que procede quer do “diálogo”
privilegiado que mantém com autores - designadamente com
José Rodrigues Miguéis, de que é o grande especialista”,
entre outros expoentes máximos da literatura portuguesa, e da
literatura açoriana em particular. Em “O Pensamento Português
Contemporâneo (1890-2010)”, de Miguel Real, o ensaísta e
professor pertence, com Teófilo Braga, Antero de Quental e
José Enes, ao grupo de quatro pensadores de origem açoriana
e é analisado em mais de trinta páginas.
Há vários anos que colabora com a Universidade de Aveiro.
Leciona aulas ou seminários a convite de docentes da UA,
participa em colóquios, integra o Conselho Científico da RUA-L,
desempenha o papel de conselheiro no âmbito da elaboração
de projetos de investigação e integra o Painel Internacional de
Acompanhamento da Escola Doutoral. O professor de História
Cultural e Intelectual Portuguesa na Brown University fundou e
dirige a editora Gávea-Brown dedicada a obras, em inglês, de
literatura e cultura portuguesas.
Onésimo Teotónio Almeida é um açoriano de S. Miguel,
nascido em 1946. Está radicado nos EUA desde 1972 e
é professor no Departamento de Estudos Portugueses e
Brasileiros da Brown University, Departamento que ajudou
a fundar e que dirigiu. Naquela universidade americana
completou o MA e o PhD, ambos em Filosofia, após a
licenciatura na Universidade Católica Portuguesa em 1972.
Entre várias distinções e prémios, recebeu o título Oficial da
Ordem do Infante D. Henrique.
fotógrafo: Tiago Patrício
![Page 16: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/16.jpg)
linhas dez 2013
A descoberta, em 2007, de acumulações de petróleo e gás
natural em reservatórios situados na camada do Pré Sal, uma
área submersa que se estende do litoral do Espírito Santo ao
de Santa Catarina, no Brasil, apontava para a existência de
uma nova e extraordinária província petrolífera em terra de Vera
Cruz. Atualmente calcula-se que essas reservas energéticas
possam permitir ao país atingir a produção média diária de
aproximadamente 3,4 milhões de barris por dia de petróleo em
2017. Um número que tornará o Brasil no sexto maior produtor
mundial de petróleo.
No entanto, os 300 quilómetros que separam a localização
das reservas da linha de costa e os 5 a 7 mil metros de
profundidade a que se encontram os depósitos são apenas
alguns dos desafios que separam os reservatórios de uma
exploração que, financeiramente, compense. A trabalharem em
conjunto em várias frentes no campo da energia, a brasileira
Petrobrás e a Galp Energia são atualmente parceiras na
exploração de petróleo em vastas áreas no Pré Sal.
“Trata-se de um projeto de enorme arrojo para a Engenharia,
e que engloba muitas das suas especialidades, e um desafio
para a Gestão nas suas componentes mais relevantes”,
lembra Carlos Costa, diretor do Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI). Por isso, aponta
o responsável, a proposta de entrega dos graus de Honoris
Causa a José Formigli e a Ferreira de Oliveira, uma ideia de
Joaquim Borges Gouveia, investigador no DEGEI e diretor
do Departamento até meados de 2012, “é uma homenagem
ao maior projeto do mundo, o da exploração de petróleo
no Pré Sal brasileiro”. Um empreendimento que tem nos
gestores de ambas as companhias, impulsionadores de
relevo na sua consolidação.
As distinções, apoiadas não só pelo DEGEI mas também pelos
departamentos de Química, Engenharia Mecânica, Engenharia
de Materiais e Cerâmica, Geociências, Biologia e Ambiente e
Ordenamento pretendem sublinhar também duas empresas
que, por forte ação dos dois administradores, são responsáveis
pela estreita cooperação científica e técnica com as
universidades portuguesas e brasileiras no desenvolvimento de
conhecimento avançado e na formação qualificada de recursos
humanos para que a Galp Energia seja um parceiro
de relevo da Petrobrás.
Petrobrás e Galp Energia
em destaque na UA
José Formigli e Ferreira de Oliveira recebem Honoris CausaÉ um Doutoramento Honoris Causa inédito no país. A distinção vai ser atribuida pela Universidade de Aveiro a um projeto que é hoje o maior desafio para a engenharia e gestão industrial do planeta - a Exploração de Recursos Energéticos no Pré Sal Brasileiro. A atribuição do título - em Engenharia e Gestão Industrial - a José Formigli e a Manuel Ferreira de Oliveira, administradores, respetivamente, da Petrobrás e da Galp Energia, pretende homenagear o empreendimento das duas empresas que, em parceria, têm a cargo a exploração de grande parte daqueles recursos naturais do Brasil. Os títulos vão ser entregues a 9 de janeiro.
![Page 17: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/17.jpg)
17 percursos honoris causa
A complexidade tecnológica que está
associada ao empreendimento, que
em quase todas as fronteiras está no
limiar do desenvolvimento de novas
tecnologias, a base logística necessária
para explorar aquela área geográfica, a
necessária articulação com fornecedores
de bens, serviços e ciência e o grande
interesse económico e tecnológico que
este desafio desperta na comunidade
científica e industrial de ambos os países
fazem deste projeto um precioso campo
para atrair tudo o que de melhor produz
a Engenharia e Gestão Industrial.
No ano em que o Departamento assinala
o 25º aniversário da criação do curso de
Engenharia e Gestão Industrial, sublinha
Carlos Costa, “com estas distinções
podemos comemorar condignamente
a data e prestigiar esta área disciplinar
da UA que tão importante tem sido
para dotar as empresas, não só do país
como também da restante Europa, de
quadros especializados com excelente
formação académica”.
“A área de Engenharia e Gestão Industrial
é, hoje em dia, um ramo científico
autónomo com afirmação mundial e
encarna a integração de conhecimento
que se exige para qualquer projeto
de dimensão relevante, seja ao nível
individual seja ao nível da empresa”,
lembra Joaquim Borges Gouveia. “A
Engenharia e Gestão Industrial tem por
base a análise, o projeto, o desempenho
e o controlo de sistemas integrados
de pessoas, materiais, equipamentos
e energia”, acrescenta o investigador.
Assim, no projeto do Pré Sal, “adquirem
enorme relevância áreas científicas em
que a academia de Aveiro tem vindo a
revelar uma grande capacidade científica
e um prestígio mundial como é o caso da
Química, dos Materiais, da Geologia, do
Ambiente ou da Biodiversidade”.
Assim, e mais uma vez, a UA diz
“presente” quando os verbos são inovar,
transferir conhecimento e cooperar.
José Miranda Formigli Filho
É um dos nomes maiores da Petrobrás,
a empresa brasileira que é uma das
potências mundiais no setor energético.
Administrador com o pelouro de
Exploração e Produção, a maior Unidade
de Negócios da Petrobrás, José Formigli
entrou para a empresa em 1983, trilhando
desde então um percurso na área da
exploração e produção petrolífera.
José Formigli é engenheiro civil formado
pelo Instituto Militar de Engenharia,
pós-graduado em análise matricial de
estruturas pela Universidade do Estado do
Rio de Janeiro e tem um MBA em Gestão
Empresarial pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Com uma experiência de
três décadas na empresa brasileira, José
Formigli já ocupou diversas posições de
gerência, todas relacionadas com a área
de Exploração e Produção.
Em 2008, José Formigli foi nomeado
gerente executivo da área criada para
o planeamento e desenvolvimento
das descobertas do pré sal, ficando
responsável pela gestão de todo o
programa de desenvolvimento da
produção dessas áreas. Um cargo que
é um dos de maior responsabilidade na
empresa, já que foi responsável pelo
desenvolvimento da exploração na
camada do PRÉ SAL na Bacia de Santos.
Manuel Ferreira de Oliveira
Presidente Executivo da Galp Energia
desde 2006, Ferreira de Oliveira é
licenciado em Engenharia Eletrotécnica
pela Universidade do Porto, tem o grau
de Master of Science e é doutorado em
energia pela Universidade de Manchester.
Tem também formação em gestão no IMD
(Lausanne, Suíça), bem como em Harvard
e na Wharton Business School (EUA).
Viveu 15 anos entre a Venezuela e o Reino
Unido ao serviço da PDV - Petróleos de
Venezuela e da BP.
Enquanto responsável pela Galp, Ferreira
de Oliveira tem sido um impulsionador de
relevo na consolidação da Galp e na sua
parceria com a Petrobrás e um promotor
no espaço lusófono de estreitas relações
de cooperação científica e técnica com as
universidades portuguesas e brasileiras,
seja no desenvolvimento de conhecimento
avançado, seja na formação qualificada de
recursos humanos.
Professor catedrático convidado do
Departamento de Economia e Gestão
Industrial da Universidade de Aveiro
- desde 2007/2008 e a título gracioso
- Ferreira de Oliveira é presidente do
Conselho Científico e Tecnológico do
Instituto de Petróleo e Gás e membro
do Conselho Geral do Fórum de
Administradores de Empresas.
![Page 18: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/18.jpg)
linhas dez 2013
As empresas precisam? A UA tem!
Quatro décadas depois de nascer, pelo cordão umbilical que liga
hoje a UA ao - literalmente - mundo empresarial, a academia não
só forma profissionais que se espalham por empresas de todo
o planeta, como transfere conhecimento e tecnologia, apoia o
empreendedorismo e a inovação e presta serviços e estudos. Tal
como no princípio, os verbos continuam a ser inovar, transferir e
cooperar sempre e cada vez mais e melhor.
“A UA nasceu para ser um centro de saber aberto ao
tecido económico, social e cultural e para contribuir para o
desenvolvimento da região de Aveiro e do país”, reforça Carlos
Pascoal Neto, Vice-reitor da academia. E a missão primordial
está bem presente nas grandes dimensões da instituição:
ensinar, investigar e transferir conhecimento. “No ensino sempre
tivemos uma oferta muito orientada para as necessidades do
tecido empresarial e para a investigação, coabitando com a
que é fundamental a qualquer entidade que se dedica à ciência,
temo-la muito direcionada para a aplicação, desenvolvimento
de produtos e processos para a inovação tendo em vista a
transferência desse conhecimento para o tecido empresarial”,
aponta o responsável.
Na cooperação com os atores das empresas, a UA
tem, atualmente, nas suas fileiras uma dezena de
unidades de interface, cuja principal missão é fomentar o
empreendedorismo e transferir o conhecimento produzido nos
laboratórios, convertendo-o em valor económico, quer para as
empresas, quer, naturalmente, para a própria academia.
A Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) e
a Unidade de Transferência de Tecnologia (UATEC) surgem à
cabeça dessas unidades.
Uma incubadora para o século XXI
A IEUA, criada em 1996, tem inscrito no seu ADN uma
missão de peso. “A IEUA incentiva e apoia a criação,
o desenvolvimento e o crescimento sustentado de projetos
empresariais inovadores, através da promoção de ações
de capacitação para o empreendedorismo e da disponibilização
de espaços para a incubação de empresas, de serviços de
apoio ao empreendedorismo e de uma rede de parceiros
orientados para a criação de valor e para a concretização
de ideias de negócio”, explica o diretor-geral da IEUA,
Celso Carvalho.
No princípio era o verbo. Na Universidade
de Aveiro eram as empresas. Numa região
onde há 40 anos atrás o tecido empresarial
estava sôfrego de profissionais especializados
e de novas metodologias para inovar, crescer
e multiplicar-se, a certidão de nascimento
da academia de Aveiro foi carimbada
especificamente para colmatar essas lacunas.
Se no princípio eram as empresas ligadas à
cerâmica, à eletrónica, às telecomunicações
e ao ambiente quem mais carecia dos
recém-diplomados da UA, hoje não só o
leque se desdobrou para os materiais e
a nanotecnologia, o mar, a mecânica, a
química e o setor agrolimentar, o turismo, o
ordenamento do território ou a saúde, como
a academia deixou de ser apenas um viveiro
de quadros especializados orientados para as
necessidades socioeconómicas da região.
![Page 19: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/19.jpg)
19 dossier
Ao longo dos seus 17 anos de atividade a IEUA apoiou a criação
de 54 empresas, sendo que 18 ainda estão incubadas e serão
responsáveis, numa previsão para 2013, pela criação de 103
postos de trabalho e por uma faturação superior a 4,5 milhões
de euros anuais.
“Os indicadores de desempenho de 2013, face a 2010, (mais 106
por cento de empresas em incubação, mais de 212 por cento de
postos de trabalho das empresas em incubação e mais de 425
por cento do volume de negócios das empresas em incubação)
e o número crescente de ideias de negócio em pré-incubação
(atualmente são sete) e de candidaturas à IEUA permitem
concluir que o apoio prestado é relevante e aporta valor para a
sociedade”, garante Celso Carvalho.
O suporte da Incubadora é concretizado através do IEUA
Start, um programa de incubação que tem a duração mínima
de 25 semanas e máxima de 150 semanas, e que inclui
um período de pré-incubação para ideias de negócio. As
empresas que concluem com sucesso este programa, as
denominadas empresas IEUA Graduadas, ficam capacitadas
para desenvolverem a sua atividade de forma autónoma. No
entanto, estas têm ainda a possibilidade de se candidatarem ao
IEUA Graduate, um programa de 100 semanas orientado para a
alavancagem de empresas.
Os inúmeros prémios entregues às empresas em incubação e
o terceiro lugar alcançado pela IEUA nas categorias “Fastest
Growth” e “Self Sustainability” do Best Science Based Incubator
Award 2013, que decorreu em novembro último, atestam o
precioso trabalho da estrutura da academia em prol da criação
de um tecido empresarial mais inovador, mais competitivo e
gerador de mais riqueza e emprego.
Soluções para todas as indústrias
Em relação à UATEC, criada em 2006, esta tem como principal
papel apoiar os direitos de propriedade intelectual de invenções
resultantes de trabalhos de investigação da academia e
cativar as empresas para a sua aquisição. Paralelamente, a
UATEC fomenta e apoia o empreendedorismo na comunidade
académica, com especial enfoque para o de base tecnológica,
fazendo ainda de elo de ligação entre as necessidades das
empresas e as soluções da academia.
Só nos últimos anos, através da UATEC, foram dinamizados cerca
de uma centena de projetos que correspondem a 11 milhões de
euros de investimento apoiados pelos diferentes programas de
financiamento nacionais e internacionais.
“A ligação da UA com o tecido empresarial é um dos principais
propósitos da Unidade”, aponta José Paulo Rainho, diretor da
UATEC. No cumprimento da missão, o responsável dá especial
enfoque à valorização e comercialização de conhecimento
produzido no seio da comunidade académica. “Os resultados
da investigação científica, cada vez mais orientada para as reais
necessidades das empresas, podem e devem ser absorvidos
por estas, com vista a aumentar a sua competitividade,
possibilitando-lhes vingar num mercado cada vez mais
exigente”, diz José Paulo Rainho.
Outra área de intervenção, na qual a ligação da academia com
as empresas está bem visível, prende-se com “a inovação e
o desenvolvimento de projetos em cooperação, copromoção
e prestações de serviços, nos quais a UATEC tem um papel
preponderante, não só na auscultação das necessidades
das empresas, mas também na identificação dos membros
da academia com competências técnico-científicas para dar
resposta às referidas necessidades”.
No futuro, antevê o diretor da unidade, “a estratégia da UATEC
passa por dar continuidade ao trabalho já iniciado, dando sempre
a conhecer às empresas o que de melhor se faz na Universidade,
não só ao nível da investigação científica, mas também ao nível
dos projetos realizados em parceria com a indústria”.
A Associação para a Formação Profissional e Investigação
da Universidade de Aveiro, a Fábrica Centro Ciência Viva
de Aveiro, o Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais,
o Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, o Laboratório
Central de Análises, o Laboratório Industrial da Qualidade e
a Unidade Integrada de Formação Continuada completam
a lista das unidades de interface com que a UA abre os
braços não só às empresas mas às instituições em geral
e à qual se junta ainda o Creative Science Park – Aveiro
Region. Formação profissional, ajuda na disseminação de
novas áreas de conhecimento e do empreendedorismo,
apoio às necessidades ambientais, análise de projetos
elétricos, equipamentos desportivos e maquinaria industrial,
promoção da aprendizagem permanente e ao longo da
vida entre a sociedade e prestação de serviços de análises
físico-químicas são apenas alguns dos objetivos destas
unidades. Se as empresas precisam, a UA tem.
![Page 20: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/20.jpg)
linhas dez 2013
A PORTA DE ENTRADA DAS EMPRESAS NA ACADEMIA
É por excelência o balcão de acesso das empresas à UA.
Dá pelo nome de Gabinete Universidade-Empresa (GUE) e tem
por missão receber os empresários e, dependendo das
necessidades apresentadas, encaminhá-los para as unidades
de interface mais apropriadas.
“O GUE é a ‘via verde’ para a entrada das entidades externas,
nomeadamente das empresas, na UA”, explica Paula Seabra,
responsável pelo Gabinete. Ao GUE as solicitações dos empresários
chegam diariamente. A lista, descreve Paula Seabra, vai desde
“o desenvolvimento de projetos de investigação à realização de
análises e serviços de consultadoria”. Na área da formação e
emprego, por exemplo, “recebemos constantemente um número
muito significativo de ofertas de estágios extracurriculares e
curriculares e de vagas para os quadros das empresas”.
O volume crescente de solicitações com o endereço do GUE,
aponta a responsável, “é fruto dos contactos realizados pelo
Gabinete com o setor empresarial e, também, do facto da UA
ter decidido criar em 2011 um interlocutor privilegiado para as
empresas, o Portefólio de Competências e Serviços da academia”.
Em dois anos de existência o respetivo site (http://portefolio.ua.pt/)
já teve dezenas de milhares de visitas. Cerca de 12 por cento das
pesquisas realizadas ao Portefólio online foram efetuadas fora de
Portugal, a partir de 72 países.
Dinamizado pelo GUE, o Portefólio de Competências e Serviços
da UA resulta de um levantamento exaustivo do vasto leque de
competências e de serviços instalados na academia. Na prática,
trata-se de um catálogo integrado e de fácil acesso a todas as
valências existentes na Universidade. No portal do Portefólio de
Competências e Serviços são disponibilizados às empresas e
demais entidades do tecido económico as competências e serviços
de cada departamento, escolas politécnicas, unidades
de investigação e unidades de interface da UA.
Concebido a pensar sobretudo nas empresas, autarquias e outras
entidades públicas e privadas que pretendam conhecer e usufruir
das competências e dos serviços que a UA disponibiliza, o Portefólio
pretende facilitar e dinamizar a interação entre a UA e as entidades
externas. “Pretendemos [com o Portefólio] reforçar a nossa ligação
aos agentes económicos. Tal só é possível na medida em que
as empresas tenham conhecimento cabal dos nossos serviços,
infraestruturas, peritos e capacidades”, aponta Carlos Pascoal Neto.
Não menos importante neste contexto, sublinha o Vice-reitor, “é a
divulgação dos serviços da UA no que diz respeito ao apoio
à inserção profissional dos diplomados junto destas entidades”.
Plataformas
Tecnológicas: agrupar
para melhor distribuirA mais recente aposta da UA para reforçar a ligação
ao tecido empresarial surgiu em 2012. Sob o nome
de Plataformas Tecnológicas, foram criadas para dar
resposta às necessidades concretas dos setores chave
da economia nacional. Acompanhadas e apoiadas
pela Reitoria, através da UATEC, e dinamizadas
por equipas multidisciplinares de investigadores e
docentes, as Plataformas têm em mãos a missão de
desenvolverem projetos, produtos e serviços para as
empresas associadas às três plataformas já criadas:
a Agroalimentar, a do Mar e a dos Moldes. Seguir-
se-á, muito em breve, a criação de novas plataformas
tecnologicas em áreas estratégicas da UA e de relevo
para e economia da Região.
No caderno de missões das Plataformas surge
como prioritário o reforço da ligação da UA ao
setor empresarial nas áreas estratégicas do
futuro Parque de Ciência e Inovação, reforçar a
visibilidade das competências da academia em
Investigação e Desenvolvimento Tecnológico e
promover o aparecimento de projetos de investigação
aplicada em consórcio, com potencial para originar
processos e tecnologias inovadoras que possam ser
endogeneizadas pelo tecido empresarial.
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21 dossier
Moldes
Oitavo maior produtor mundial de
moldes, com exportações para mais
de 70 países, Portugal é um importante
ator internacional neste setor. A indústria
nacional dos moldes tem mais de
500 empresas e emprega cerca 7500
pessoas. “As empresas do setor, de
modo a garantirem a sua sustentabilidade
a longo prazo, precisam de continuar a
evoluir técnica e tecnologicamente e de
reforçar a aposta na qualificação dos
seus recursos humanos”, diz Mónica
Oliveira, investigadora do Departamento de
Engenharia Mecânica da UA e responsável
pela Plataforma Tecnológica dos Moldes.
Neste contexto, a Plataforma, para além
de reforçar a missão da UA enquanto
entidade associada na gestão do Pólo de
Competitividade Engineering & Tooling
que operacionaliza o Plano Estratégico
para Setor de Moldes e Ferramentas
Especiais em Portugal, “é um agente
dinamizador e facilitador dos diferentes
intervenientes deste setor industrial, de
forma a alavancar de forma sustentável a
sua competitividade”.
Enquanto agente da academia,
diz Mónica Oliveira, a Plataforma
“disponibiliza-se para reunir equipas
multidisciplinares recetivas aos
desafios de uma indústria competitiva
e inovadora”. Para ajudar a cumprir
essa premissa “temos procurado
compreender as necessidades do
setor” através de visitas a empresas e
organização de seminários.
Agroalimentar
“A Universidade de Aveiro conta com
um grupo de investigação em Química e
Bioquímica dos Alimentos reconhecido a
nível nacional”, aponta Ivonne Delgadillo,
responsável pela Plataforma Tecnológica
Agroalimentar e investigadora do
Departamento de Química. E se a
eles se juntarem “o elevado número
de docentes e investigadores que
desenvolvem trabalhos, nas mais
diversas áreas científicas suscetíveis
de serem utilizados ao longo de toda
a fileira agroalimentar”, começa-se a
desenhar o porquê da aposta da UA
numa plataforma tecnológica neste
campo. A justificação final vem do
próprio Ministério da Economia - “a
agricultura foi o setor que mais contribuiu
para a criação de postos de trabalho
do primeiro para o segundo trimestre
de 2013” - e do retrato das indústrias
transformadoras portuguesas onde 16
por cento são alimentares.
“Os objetivos imediatos da Plataforma
Agroalimentar passam por estruturar e
coordenar as diversas atividades que
são desenvolvidas na UA e que podem
ser utilizadas pelo setor agroalimentar
por forma a conseguir oferecer serviços
e produtos ao longo da cadeia produtiva,
desde os produtos agrícolas até ao
consumidor”, explica a investigadora. As
ações de divulgação das capacidades
da academia no setor junto dos
produtores e empresários nacionais já
estão em marcha.
Mar
Portugal tem uma das Zonas Económicas
Exclusivas e uma das plataformas
continentais mais extensas do mundo.
Por isso, inevitavelmente, a criação
da Plataforma Tecnológica do Mar era
um imperativo, ainda para mais numa
Universidade que tem nas Ciências e
Tecnologias do Mar um dos polos de
desenvolvimento estratégico.
“Sendo a economia do mar uma das
áreas estratégicas de desenvolvimento
económico e social do país, existem
enormes oportunidades de investigação,
de desenvolvimento tecnológico e de
inovação neste domínio que exigem uma
aproximação multidisciplinar e uma forte
ligação entre as Universidades, Institutos
de Investigação, o setor empresarial e a
Administração Central, Regional e Local”,
aponta Luis Menezes Pinheiro, coordenador
da Plataforma Tecnológica do Mar. Nesta
área, indica o investigador do Departamento
de Geociências, a UA já navega em mar
alto sustentada “numa série de valências
interdisciplinares bem afirmadas a nível
nacional e internacional, que vão desde
o estudo integrado e multidisciplinar de
sistemas, recursos e riscos estuarinos,
costeiros e do mar profundo, à sua avaliação
ambiental e desenvolvimento sustentável”.
Assim, esta Plataforma quer maximizar
não só as valências existentes na
UA nos vários domínios do saber
aplicados às Ciências e Tecnologias
do Mar, governação e desenvolvimento
sustentável, como também
estabelecer parcerias com o setor
empresarial, entidades portuárias e da
Administração. Para além de numerosos
trabalhos de investigação já em curso
com os parceiros da Plataforma,
esta está já a lançar candidaturas a
financiamento de projetos conjuntos,
desenvolveu atividades de formação
de recursos humanos em ambiente
empresarial e lecionou cursos
avançados para a indústria do setor, em
particular nos domínios da aquicultura,
portos e recursos energéticos.
![Page 22: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/22.jpg)
linhas dez 2013
Desde logo, a parceria resultou na primeira oferta formativa
da UA na área das Tecnologias de Informação, Comunicação
e Eletrónica e no Bacharelato em Telecomunicações que,
rapidamente, evoluiu para licenciaturas, mestrados e
doutoramentos nesses domínios.
UA e PT Inovação, uma parceria exemplar
No contexto da relação UA/PT Inovação salienta-se a
criação, em 1993, de uma infraestrutura determinante
na relação das duas instituições e na evolução das
Telecomunicações na Região de Aveiro e em Portugal,
o Instituto de Telecomunicações (IT) e, em particular o
Polo de Aveiro. Desde então, foram inúmeros os projetos
de investigação e desenvolvimento tecnológico (I&DT),
nacionais e europeus, em que a UA/IT e a PT Inovação
foram pioneiros, nomeadamente no desenvolvimento e
implementação de infraestruturas de banda larga e redes
de fibra ótica, bem como de produtos e serviços avançados
de telecomunicações e serviços digitais de apoio às áreas
económica, social, cultural e administrativa.
Cerca de 50 dissertações de mestrado e 20 de doutoramento
com orientação conjunta e uma centena de estágios
profissionais só nos últimos dez anos ajudam também
a justificar a escolha da COTEC Portugal - Associação
Em 1973 Veiga Simão, Ministro da Educação, assinou
o decreto que autorizava a cidade de Aveiro a erguer a
Universidade. O objetivo do documento não deixava margem
para dúvidas quanto ao porquê de fazer nascer entre as
universidades seculares de Coimbra e do Porto uma instituição
de ensino superior. Em mãos, Veiga Simão tinha estudos que
apontavam que o tecido empresarial da região centro, mais
concretamente o ligado à eletrónica e telecomunicações e
à cerâmica, precisava de ajuda, na forma de profissionais
qualificados, para crescer. Por isso, a semente da nova
academia só foi plantada muito por força dessas empresas.
E com elas germinou e cresceu.
A criação, no início da década de 70, do Centro de Estudos de
Telecomunicações (CET) - a instituição que daria origem à PT
Inovação - foi decisiva para conquistar a assinatura de Veiga
Simão tal era o potencial económico para o país de se apostar
no mercado mundialmente emergente das telecomunicações,
assim houvesse especialistas à altura. A missão de os formar
constituiu o primordial papel da UA.
A empresa serviu mesmo de berçário à nova academia que
teve nas suas instalações as primeiras salas de aula. De forma
decisiva, o CET influenciou a estruturação do núcleo inicial dos
departamentos e das áreas académicas e de investigação.
Telecomunicações e Cerâmica:
as parteiras da academia
Aula dos 1.os alunos da UA no Anfiteatro do Bloco Escolar do Centro de Estudos
de Telecomunicações
![Page 23: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/23.jpg)
23 dossier
SOARES DOS SANTOS APELA AOS EMPRESÁRIOS:
“DEIXEM-SE CONTAGIAR POR ESTA DINÂMICA”
É um caso único no ensino politécnico português quando o tema
é a formação de profissionais à medida da exata necessidade das
empresas. Num trabalho conjunto, a UA e o Grupo Jerónimo Martins
(JM) adaptaram o plano de estudos da Licenciatura em Comércio da
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) de forma
a que os estudantes adquiram as competências apontadas pelos
empregadores como importantes para o exercício da profissão de
gestor comercial. A parceria entre as duas instituições, assinada em
2012, corresponsabiliza também a JM pelo próprio funcionamento
do curso da academia de Aveiro.
Nesse sentido, e anualmente, a multinacional portuguesa acolhe
nas suas empresas os alunos da Licenciatura em Gestão Comercial
(em regime de estágio), nomeia quadros de topo para acompanharem
individualmente os estudantes em programas tutoriais e disponibiliza
65 mil euros para financiar uma cátedra internacional convidada.
“A crescente colaboração entre as Empresas e as Universidades é
absolutamente crucial para o desenvolvimento da sociedade e da
economia do país como um todo”, aponta Alexandre Soares dos
Santos, presidente do conselho de administração da JM. “É preciso
criar um novo paradigma de envolvimento entre o mundo universitário
e o mundo empresarial, aproximando-os numa colaboração mais ativa
com vista à formação daqueles que, potencialmente, virão a ser os seus
futuros colaboradores”, acrescenta o empresário.
E foi a partir dessa convicção que a JM e a ESTGA desenvolveram
o trabalho conjunto de revisão e alteração de conteúdos
programáticos da Licenciatura em Gestão Comercial, “inspirados
pela visão de contribuir para uma melhor adequação do ensino à
realidade e às necessidades do mundo das empresas”. Em suma,
acrescenta Soares dos Santos, “pretende-se que os alunos aliem
os seus conhecimentos teóricos e a aprendizagem dos conteúdos
curriculares a experiências concretas de learning by doing que
facilitem a integração no mercado de trabalho, com benefícios ao
nível do aumento dos índices de produtividade”.
E os resultados começam a saltar à vista. “Num contexto nacional de
redução do número de alunos que se candidataram ao ensino superior,
a Licenciatura de Gestão Comercial lecionada nesta Escola preencheu
[este ano letivo] todas as vagas disponíveis, o que contraria a tendência
registada em anos anteriores”, lembra Soares dos Santos.
Por outro lado, o empresário sublinha que “também para as
empresas a proximidade com a comunidade académica é de suma
importância, na medida em que lhes permite acompanhar de perto
os mais recentes progressos na investigação e no conhecimento”.
Nessa certeza, Soares dos Santos deixa um recado: “Apelo
às empresas para que se deixem contagiar por esta dinâmica
e procurem formas de cooperação com as universidades que
resultem em claras vantagens para ambas as partes e se traduzam
em progresso para Portugal”.
Empresarial para a Inovação que, em novembro último,
entregou à UA e à PT Inovação o 1º lugar do concurso Casos
Exemplares de Cooperação Universidade-Empresa.
A associação terá tido também em conta os 140 milhões de
euros de investimento em projetos de I&DT, com financiamento
externo, e os 4,8 milhões de euros de contratos de
transferência de tecnologia, com financiamento direto da PT
Inovação à academia de Aveiro, ao longo dos últimos 40 anos.
Para a história, quer da UA quer da PT Inovação, fica o
simbolismo da criação de uma Universidade dentro de
uma empresa, um cenário sem paralelo em Portugal, e que
acabaria por ditar um destino conjunto recheado de sucesso.
Do barro se fez a força dos materiais
Fortemente implantada na região de Aveiro, também a
indústria cerâmica mereceu especial atenção da jovem
academia. Uma atenção que, mais uma vez, foi recíproca.
O Departamento de Cerâmica e do Vidro (DCV), criado
em 1976 para responder às necessidades decorrentes do
desenvolvimento tecnológico que o processo de fabrico de
produtos cerâmicos e vítreos exigia, rapidamente se envolveu
em parcerias com a indústria do setor.
A Associação de Apoio à Cerâmica (AAC), a primeira
associação em Portugal a juntar uma instituição de
ensino superior à indústria, e que envolveu inicialmente
a UA e 25 empresas, foi um dos grandes motores para
o desenvolvimento do DCV e, consequentemente, para
catapultar o setor. Em contrapartida ao apoio financeiro
prestado pela Associação ao DCV na hora de equipar os
laboratórios, o Departamento passou a prestar consultadoria
e ensaios laboratoriais às empresas sócias da AAC.
“Do apetrechamento do Departamento recordo, pela
importância, a compra do primeiro microscópio eletrónico de
varrimento adquirido no país - o precursor dos laboratórios
atuais de microscopia eletrónica da UA - adquirido com 50 por
cento de participação da AAC e 50 por cento de participação
da Fundação Gulbenkian”, aponta João Lopes Batista.
Encarregado de desenvolver o DCV desde o nascimento
da UA, o professor, que haveria de ocupar o cargo de
Vice-reitor, lembra que “a Associação teve também um papel
fulcral na inserção dos alunos na indústria, primeiro na forma
de estágios e depois na integração dos recém-formados nos
quadros empresariais”.
![Page 24: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/24.jpg)
linhas dez 2013
Nasceu em 1945 perto de Cadima, uma aldeia do concelho de
Cantanhede, num pequeno lugar chamado Estação de Lemede,
espaço de despedidas e receções, onde via o pai, ferroviário,
partir e regressar a casa de comboio uma vez por semana.
Com a mãe, professora do ensino primário, descobriu cedo que
a Educação era um mundo bem maior do que aquele que os
olhos de menino viam na sala de aula e no recreio. Um mundo
que podia ser extremamente injusto para com os meninos do
Portugal rural e atrasado de meados do século XX.
“Uma ou outra vez fui com a minha mãe para a escola onde ela
trabalhava, que era uma das mais pobres da freguesia, e ficou-me
sempre na memória aquilo que era realmente uma escola de uma
aldeia isolada do nosso país”. O futuro era um verbo que todos
os alunos da mãe conjugavam de pés descalços na agricultura,
ao lado dos pais. Em casa o pequeno Júlio aprendeu desde cedo
Júlio Pedrosa 40 anos ao serviço da UA
É filho das dificuldades de um país desigual. Apesar
disso – ou por causa disso – cresceu descontraído
com o futuro. O que tivesse que acontecer,
aconteceria que Júlio Pedrosa daria certamente conta
do recado. Assim fez ontem, assim calcorreia hoje a
viagem da vida. Nas incontáveis oportunidades que
lhe surgiram ou que soube criar, abraçou a Química,
foi Reitor da Universidade de Aveiro e Ministro da
Educação. Este é o telegrama possível, que muito
peca por escasso, de uma jornada de 67 anos
dedicada ao Ensino e à Investigação mas também
à ação cívica em prol dos outros.
Poderia ter sido pedreiro, filósofo ou economista com
a mesma naturalidade com que hoje é um pensador
de referência quando o assunto é a Educação.
O vinho que começou a produzir recentemente na
quinta que tem na Lapinha, no concelho de Armamar,
serve para reafirmar “a ligação ao mundo da aldeia”.
Afinal, um estado de alma que nunca abandonou.
que, para um menino de qualquer aldeia, estudar representava
um esforço financeiro para as economias domésticas.
“Da minha turma, só eu e um colega é que fomos além da
quarta classe”. Júlio e o irmão tiveram sorte. Júlio Pedrosa
guarda bem as memórias de um sistema de ensino com malhas
demasiado apertadas para acolher os meninos pobres.
“Não era uma vida fácil”, sublinha. Mas nunca quis fugir da
terra que o viu nascer. “Sempre achei que devia fazer parte
e ser solidário com o mundo em que vivia estando com eles
e trabalhando com eles”, aponta. “Ainda hoje encaro assim a
vida, continuo a ter bem presente a nossa aldeia”.
Do pai recorda uma frase lapidar dita aos dois pequenos
herdeiros que se pode traduzir assim: “Se quiséssemos
![Page 25: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/25.jpg)
25 percurso singular
ascender na vida pela via educativa, o que para os meus pais
era um sacrifício financeiro enorme, tínhamos que fazer o
nosso esforço porque a alternativa seria trabalhar no mundo da
construção civil”.
Os livros nunca deixaram as mãos dos dois irmãos. Mas a
alternativa, a de trabalhar na construção civil, jamais assustou
ou pressionou Júlio Pedrosa. “Nunca tive durante a vida
qualquer problema com esse assunto”, refere. “Sempre pensei
que se não conseguisse por uma via seria bem sucedido por
outra. A possibilidade de ter de ir trabalhar para a construção
civil nunca foi para mim um pesadelo, por isso, sempre fiz a
minha vida de estudante descontraído e fazendo sempre outras
atividades”, recorda.
Ativista, solidário e, afinal de contas, pedreiro
Interessado pela vida fora das salas de aula, nunca os
estudos foram a única preocupação, muito menos a isolada
prioridade de Júlio Pedrosa. “Na véspera de fazer a prova oral
de Cálculo Infinitesimal na Universidade de Coimbra (UC),
com um professor muito exigente, não prescindi de estar na
minha aldeia a gerir aquilo que eram as primeiras competições
de motociclos da terra”, afirma. Claro que no dia seguinte a
prestação perante o docente “não foi perfeita” mas suficiente
para cumprir os dois objetivos, passar e ver Cadima em festa.
“Isso foi uma constante. Sempre procurei compatibilizar aquilo
que eram os meus envolvimentos cívicos ou de outra natureza,
com aquilo que eram as minhas obrigações académicas, até
porque tinha de apresentar bons desempenhos para continuar a
ter a bolsa de estudo”, diz. Manteve essa postura a vida inteira.
Fez o ensino secundário em Coimbra, no Liceu D. João III. E foi em
Coimbra que seguiu para a Universidade em direção à Engenharia
Química. O comboio para lá e para cá, ainda o carregou todos os
dias entre Cadima e Coimbra. Só no segundo ano da Faculdade,
acreditando que estava garantida a continuação de uma bolsa de
estudo da Gulbenkian, alugou um quarto na cidade.
Mas a aldeia não ficava para trás. A Associação Recreativa
de Cadima que ajudou a dinamizar continuou a contar com a
mão amiga de Júlio Pedrosa. Teatro e desporto foram apenas
algumas das áreas que ajudou a implementar na aldeia. A
Associação e a Juventude Agrária Católica - “sempre fui e sou
católico” - foram duas das coletividades às quais se vinculou de
alma e papel assinado. A independência é um valor do qual não
abdica. Sempre.
“Talvez seja por não ter tido nunca o enquadramento para sentir
que me devia alinhar por qualquer coisa que limitasse a minha
autonomia”, diz quando questionado sobre o porquê de nunca
se ter filiado em partidos políticos. Em casa, com o pai ausente
durante a semana, era à mãe que cabia o papel de educadora.
“Foi muito rigorosa na educação que me deu até a uma certa
idade”, relembra. A partir da adolescência tudo mudou: “Senti
que ela me deixou ser aquilo que eu entendia que era, passou
a confiar em mim de uma maneira muito clara e isso deu-me
forma de ir escolhendo sem ter o enquadramento familiar que
me levasse a ir por aqui ou por ali”.
Foi também em Coimbra que encontra no MOJAF -
Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna um bom motivo para
arregaçar as mangas e dar largas à cada vez maior vontade
de dar, de ajudar, de se colocar ao serviço do outro. O
Movimento, do qual chegou a ser presidente, construía
casas para famílias pobres num terreno cedido por uma
pessoa bem conhecida de Coimbra (e afinal, a construção
civil passou mesmo pela vida de Júlio Pedrosa). O mesmo
grupo de estudantes, aos fins de semana, chamou também
a si a missão de levar ajuda a pessoas necessitadas do
concelho de Coimbra.
Próximas paragens: Universidade de Coimbra e serviço
militar em Angola
Em criança sonhava ser, tal como a mãe, professor do ensino
primário. Mas no final do liceu outro comboio passou e entrou.
A estação seguinte era a da Engenharia Química na Faculdade
de Ciências da UC.
“Numa conversa com um amigo que tinha escolhido Ciências
Físico-Químicas, ele falou-me da Engenharia Química como
uma área interessante”. Foi o suficiente para se matricular sem
saber muito bem ao que ia. O pai, veio a saber muitos anos
depois, teria gostado de ver o filho no curso de Economia. “Mas
ele nunca me fez referência a isso”, refere. Em casa, o jovem
Júlio já era senhor do seu destino.
Júlio Pedrosa, em Coimbra, com o seu supervisor de doutoramento Robert Gillard
![Page 26: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/26.jpg)
linhas dez 2013
No final do 2º ano, durante uma prova oral de Química
Orgânica, uma das mais bem sucedidas que teve, o professor
desafia-o a mudar para o curso de Físico-Químicas. Acabado
de chegar da Alemanha com uma nova área para implementar
em Coimbra, a da Química Têxtil, o docente via em Júlio
Pedrosa a pessoa ideal para a trabalhar a seu lado.
“Aceitei, até porque teria de ir para o Porto ou para Lisboa
se quisesse continuar a estudar Engenharia Química”. As
finanças sim, que não eram favoráveis a que fosse viver para
tão longe de casa, mas, principalmente e mais uma vez,
a rede de atividades sociais onde estava metido também
pesaram muito na tomada de decisão. Mudou e, já no 3º ano,
começou a trabalhar como monitor do investigador.
Em 1967, concluído o curso com 22 anos, torna-se assistente
eventual na UC.
“Mas como nunca tinha pensado na vida académica, não
sabia sequer o que queria fazer daí para a frente”. A ausência
de planos académicos não o preocupava. Mais cedo ou mais
tarde, outro comboio haveria de passar rumo a algum lugar.
Certezas, certezas, só o Estado tinha para Júlio Pedrosa: serviço
militar. Em setembro de 1968 foi para a Marinha. De 1969 até
1971 esteve em Angola a patrulhar o rio Zaire e a atividade
pesqueira ao largo de Luanda. Um naufrágio na foz daquele rio
devido a um tornado, e ao qual sobreviveu “por grande sorte”, e
a solidariedade entre a população são as lembranças africanas
que lhe saltam num primeiro exercício de memória.
Universidade de Aveiro, um desafio irrecusável
De regresso a Coimbra e à docência, inscreve-se nos dois
últimos anos da licenciatura em Química - Ramo Científico
para compensar os três anos de inatividade académica em
Angola. É nessa altura que conhece o professor Victor Gil,
criador do Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear da
UC. “Publiquei com ele o meu primeiro artigo científico”, diz.
E isso foi apenas um pequeno pormenor da jornada que esse
encontro lhe provocou rumo à Universidade de Aveiro.
“Um dia o professor Victor Gil diz-me que vai para Aveiro e
pergunta-me se não quero ir com ele”, relembra. Convidado
em 1973 pelo então Ministro da Educação Veiga Simão para
presidir à comissão instaladora da Universidade, Victor Gil,
que haveria de ser o primeiro Reitor da jovem academia, queria
desbravar novas áreas científicas em Aveiro. Entre elas a
Bioquímica, onde Júlio Pedrosa poderia ter um papel de peso
na sua implementação. O desejo de Victor Gil em criar “uma
universidade que rompesse com aquilo que era até então o
modo de entender as universidades em Portugal, que criasse
áreas novas e que respondesse e preenchesse as lacunas que
existiam no país” convenceu-o.
Com planos para fazer um doutoramento na UC, Júlio Pedrosa
repensa a vida, para na primeira estação à sua frente e
apanha novo comboio, desta vez em direção à cidade da
ria. As condições eram claras. A UA dava-lhe luz verde para
tirar em Inglaterra um doutoramento em Química, na área
da atividade ótica inorgânica, uma especialidade nova em
Portugal e que Victor Gil queria desenvolver em Aveiro. No
regresso, com a bagagem carregada de novos caminhos para
a ciência, Júlio Pedrosa teria a missão de ajudar à criação do
Departamento de Química (DQ) e do seu plano estratégico e
de formar uma equipa de investigação em Química Inorgânica.
Assim aconteceu. Já com dois filhos, Júlio Pedrosa chega
definitivamente à UA em 1977, depois de em 1974, antes
de embarcar para a Universidade de Cardiff, aqui ter dado
algumas aulas a trabalhadores dos CTT que eram candidatos
ao primeiro curso da academia em Eletrónica
e Telecomunicações.
Pouco tempo depois é convidado para integrar a comissão
instaladora do Centro Integrado de Formação de Professores
da UA, cargo que exerceu conjuntamente com o de professor
no DQ até 1986. “Nesse ano fui para Inglaterra com a
intenção de fazer um ano sabático e reativar assim a vida
na investigação”, lembra. Já estava em Inglaterra quando o
telefone toca. Do outro lado da linha Renato Araújo, o terceiro
Reitor da UA, queria-o para seu Vice-reitor.
“As oportunidades sempre me foram aparecendo ao longo
da vida. Limitei-me a escolher as que mais me interessavam”,
afirma. Aceitou o convite e regressou a Aveiro em 1987 para
assumir a vice-reitoria para os assuntos pedagógicos.
Nascida muito centrada na Formação de Professores, na Eletrónica
e Telecomunicações, no Ambiente e na Cerâmica e Vidro, a UA
tinha de crescer para outras áreas. “O professor Renato Araújo
entendeu que se devia aumentar o leque dos cursos, portanto, foi
Uma das equipas de futebol da UA em 1978 (Júlio Pedrosa, em baixo, é o 2º à esquerda)
![Page 27: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/27.jpg)
27 percurso singular
para regressar - definitivamente, julgava Júlio Pedrosa - à
vida académica. Mas os colegas da Química fizeram-lhe
uma “malandrice”. Nas eleições para o conselho diretivo do
departamento elegeram-no presidente sem lhe dizer nada.
A nova viagem pelos laboratórios, curta, tem um desenlace
inesperado, mais uma vez fora dos planos que tinha traçado.
Com o final do mandato de Renato Araújo, em março de 1994,
a cadeira maior da UA ficava vazia. Na academia, várias vozes
apontavam Júlio Pedrosa como o sucessor ideal para o lugar:
“Tive muita gente a encorajar-me para avançar, por isso resolvi
reunir com essas pessoas para saber o que achavam que
deveria fazer o próximo reitor”. Concordou com os desígnios
apontados. Avançou e foi eleito Reitor.
Que o projeto da UA, que em 1994 já se tinha afirmado no
país, fosse reforçado e consolidado. Esse era o caminho.
“Tinha exercido funções como Vice-reitor para os assuntos
pedagógicos, científicos e cooperação com a sociedade, e, por
isso, tinha uma noção bastante clara do que estava aí lançado e
do que precisava de ser reforçado”, afirma.
Júlio Pedrosa lembra que não foi por acaso que a UA começou
nesse período a financiar projetos de investigação com fundos
retirados do próprio orçamento. A academia de Aveiro foi de
facto a primeira universidade portuguesa a ter um programa
de financiamento a bolsas de estudo para pós-graduação
com fundos do próprio orçamento. “Isso ajudou a consolidar a
afirmação da UA no plano científico”, lembra o responsável.
No caderno das grandes apostas, Júlio Pedrosa tinha também a
frente pedagógica e do ensino. Enquanto Reitor iniciou algumas
experiências, “algumas delas infelizmente interrompidas”,
como foi o caso da implementação do primeiro ano comum
de ciência e tecnologia. Júlio Pedrosa aponta igualmente o
trabalho realizado em torno dos currículos. “Repensá-los foi
um excelente exercício de debate interno e de escolhas, o que
constituiu claramente um passo de antecipação da UA a Bolonha
já que, quando o processo europeu surgiu, a academia já estava
preparada para fazer mudanças”.
Foi igualmente durante o mandato de Júlio Pedrosa que a
cidade de Águeda viu concretizada uma proposta que nascera
no mandato do Professor Renato Araújo, afirmando-se como
local ideal para realizar “uma abordagem inovadora para o
ensino politécnico, de natureza profissionalizante, inscrito sobre
aquilo que é o saber fazer”. Assim, em 1997, nasceu a Escola
Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) da UA
que se assume atualmente como um centro de ensino superior
politécnico único em Portugal.
Finalmente, recorda, “houve o trabalho de se pensar a
organização da UA de uma forma distinta”. A esse propósito,
ainda hoje Júlio Pedrosa pensa que “esse foi um projeto inovador
que consistiu em criar um Instituto de Investigação, que já vinha
do tempo do professor Renato Araújo, e consolidá-lo”. E, ao
mesmo tempo, criar também um Instituto para a Formação
Inicial, um Instituto para a Formação Pós-Graduada e uma
estrutura para a cooperação com a sociedade, “porque na
altura se acreditou que uma universidade com organização
departamental precisava de ter estruturas intermédias de
governança por funções”.
Das boas memórias dos primeiros passos da UA rumo ao
mundo, pouco esforço faz para trazer à superfície “o sentido
de comunidade universitária que se foi construindo entre
docentes, não docentes e estudantes, sem nunca se prescindir
da capacidade de debater as diferenças de opinião”.
Essa é-lhe a memória mais rica que guarda duma UA que
ajudou a construir desde que aportou em Aveiro. “Era uma
Em 1994, durante a tomada de posse para o 1º mandato enquanto Reitor da UA
nessa altura que se criaram as licenciaturas em Química Industrial
e Gestão, em Engenharia e Gestão Industrial, em Gestão e
Planeamento em Turismo e em Música ”, recorda.
No segundo mandato de Renato Araújo, Júlio Pedrosa assume
a Vice-reitoria para os assuntos científicos com a grande
preocupação de fazer crescer a infraestrutura científica da
Universidade.
Um Reitor para a continuidade.
Um Reitor para a consolidação.
Mas “já estava há demasiado tempo na Reitoria”. O DQ, os
assistentes que faziam doutoramento ou preparavam provas sob
sua orientação e o trabalho de consolidação da investigação
científica ganhavam peso. No último ano do mandato sai
![Page 28: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/28.jpg)
linhas dez 2013
comunidade feita de diferenças mas alinhada com o projeto,
e isso acabou por ter reflexos no próprio ambiente que aqui
se vivia e que me parece que era grato para todos”, diz. Unida
que estava a comunidade académica foi meio caminho andado
para se aproveitarem as oportunidades de financiamento que
existiram a partir de 1986, com a entrada de Portugal para a
Comunidade Económica Europeia, “selecionando muito bem o
que precisávamos para sermos uma Universidade competitiva
ao nível da investigação”.
Ser Ministro da Educação, uma experiência curta
mas enriquecedora
Julho de 2001. As malas estavam já preparadas para uma
deslocação ao Brasil, numa viagem que serviria para visitar
uma escola exemplar de Medicina Dentária - “tínhamos a ideia
de abrir na UA esse curso”. Recebe um telefonema. António
Guterres, então Primeiro-Ministro, convida-o para Ministro da
Educação. Júlio Pedrosa, que sempre assumiu a independência
partidária, fica surpreso com o desafio.
Estaria o convite ligado ao sucesso que a UA já exibia no
panorama do Ensino Superior nacional? “Essa pergunta terá de
ser feita ao Engenheiro António Guterres”, responde. Até hoje
não sabe exatamente quais os motivos que levaram o chefe do
Governo a convidá-lo para assumir a pasta da Educação. Já no
Brasil, decide afirmativamente.
“Foi uma decisão difícil, tomada depois de ter consultado
algumas pessoas e de ter garantido que alguém assumiria a
Reitoria plenamente”, lembra Júlio Pedrosa. Esses requisitos
estavam preenchidos: “Tínhamos uma equipa reitoral muito
coesa que se manteve e a professora Isabel Alarcão assumiu
a Reitoria, motivos mais do que suficientes para saber que o
projeto que tínhamos para a UA não sairia beliscado com a
minha saída”.
Em agenda o Governo tinha a reforma do Ensino Básico e, já
em adiantado estado de preparação, quando Júlio Pedrosa
chega a Lisboa, a reforma do Ensino Secundário. “Havia a ideia
de transformar o Secundário numa fase do desenvolvimento
educativo das pessoas que valesse por si, ou seja, que
permitisse a qualquer cidadão, depois de o concluir, entrar na
vida ativa se assim o quisesse”, lembra. Esses eram os dois
pontos críticos na agenda do novo Ministro Júlio Pedrosa,
pontos esses que geravam no país uma enorme contestação.
Em dezembro de 2001, seis meses depois de assumir a pasta
da Educação, António Guterres demite-se e com ele cai o
Governo. Graceja: “Costumo dizer que fui ao Ministério da
Educação”. Valeu a pena a curta experiência? “Sim, foi o tempo
suficiente para ganhar uma compreensão diferente do que é
o país e de compreender também que as pessoas com o meu
tipo de percurso precisam de ser mais chamados pois têm uma
compreensão do país real, nas suas diferentes determinações
e, por isso, contributos a dar”.
“Portugal é um país brutalmente diversificado, sempre
conduzido esquecendo, ou mesmo excluindo, uma parte do
território”, aponta Júlio Pedrosa. “Infelizmente o nosso modo
de conduzir o país sempre foi pensado com o foco no mundo
urbano, sobretudo para Lisboa, e eu não me revejo nisso”.
Júlio Pedrosa tem outra postura que não se cansa de referir:
“Continuo a estar mais interessado por quem está de fora
desse modo de entender e conduzir o país e por isso, ainda
hoje, continuo mais ligado à aldeia do que à cidade”.
Crise financeira obriga a UA a reprogramar-se para resistir
Regressa a casa, à UA e ao seu Departamento de sempre.
Em 2005 é eleito presidente do Conselho Executivo da
Fundação das Universidades Portuguesas (cargo que ocupa
até 2007) e presidente do Conselho Nacional de Educação
(onde se mantém até 2009).
Hoje, Júlio Pedrosa, aposentado desde 2009, com missões
e programas em educação e ciência, está envolvido nos
conselhos das Fundações Bissaya Barreto, Ilídio de Pinho, Jorge
Álvares e no conselho fiscal da Bial. O antigo Reitor é ainda
membro do Register Committee do EQAR - European Quality
Assurance Register e faz parte do grupo de avaliadores do
Programa de Avaliação Institucional da Associação Europeia
de Universidades através da qual tem feito parte ou presidido a
equipas de avaliação de várias universidades.
Quatro décadas depois de ter ajudado a nascer a UA, “um
projeto que ganhou reconhecimento nacional e internacional
porque foi sendo construído sem esquecer os elementos
fundamentais e fundadores”, Júlio Pedrosa aponta para o
futuro da academia. “Estamos num período que eu gostaria
que fosse tomado para fazer uma reflexão séria sobre o
que é preciso fazer para que este projeto ganhe ainda mais
capacidade de se afirmar”, afirma. Um repensar que, no atual
cenário de crise financeira que atravessa o país, “e que não
vai desaparecer rapidamente”, servirá para que a academia
de Aveiro “tenha capacidade para se pensar como um projeto
que tem de resistir, de continuar a afirmar-se e a desenvolver-
se, consolidando ainda mais o que se conseguiu alcançar”.
Na Lapinha, numa pequena quinta vinícola no distrito de Viseu
- bem no interior do país como não podia deixar de ser - tem
agora em mãos um projeto novo, a produção de vinho e azeite.
A técnica aprendeu-a ao longo da vida: escolher uma terra
fértil, semear, cuidar, colher e saborear.
![Page 29: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/29.jpg)
29 percurso singular
EDIÇÕESA UNIVERSIDADE DE AVEIRO E OS SEUS
CONTEXTOS
Autoria Jorge Carvalho Arroteia, professor
aposentado da UA
Edição UA Edições
ISBN 978-972-789-390-4
Ano 2013
ESTRUTURAS DE BETÃO - BASES
DE CÁLCULO
Autoria Paulo Barreto Cachim e Miguel Monteiro
de Morais, docentes
no Departamento de Engenharia Civil da UA
Edição Publindústria
ISBN 9789897230400
Ano 2013
FERTILE LINKS? CONNECTIONS BETWEEN
TOURISM ACTIVITIES, SOCIOECONOMIC
CONTEXTS AND LOCAL DEVELOPMENT
IN EUROPEAN RURAL AREAS
Organização de Elizabete Figueiredo, docente
no Departamento de Ciências Sociais, Políticas
e do Território da UA, e de António Raschi
Edição Firenze University Press
ISBN 9788866553885
Ano 2013
SHAPING RURAL AREAS IN EUROPE:
PERCEPTIONS AND OUTCOMES ON THE
PRESENT AND THE FUTURE
Organização de Elizabete Figueiredo, docente
no Departamento de Ciências Sociais, Políticas
e do Território da UA
Edição Springer
ISBN 9789400767966
Ano 2013
UMA CANÇÃO AO VENTO - A POESIA
DE EUGÉNIO DE ANDRADE
Autoria João de Mancelos, docente dos cursos
livres de Escrita Criativa I e II, no Departamento
de Línguas e Culturas da UA
Edição Colibri
ISBN 9789896893200
Ano 2013
LIDERANÇA PARA A SUSTENTABILIDADE
- A VOZ DE QUEM LIDERA EM PORTUGAL
Autoria Arménio Rego, docente no
Departamento de Economia, Gestão
e Engenharia Industrial da UA, Miguel Pina
e Cunha, docente na Universidade Nova de
Lisboa, e Maria da Glória Ribeiro, consultora
Edição Actual Editora
ISBN 9789896940614
Ano 2013
CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS
Autoria Ana Macedo, antiga aluna no Instituto
Superior de Contabilidade
e Administração da UA, Graça Azevedo e Jonas
Oliveira, docentes no mesmo Instituto
Edição Escolar Editora
ISBN 9789725924044
Ano 2013
TURISMO NOS PAÍSES LUSÓFONOS:
CONHECIMENTO, ESTRATÉGIA
E TERRITÓRIOS
Autoria Carlos Costa, Rui Costa, Zélia Breda
(docentes) e Filipa Brandão (estudante de
doutoramento), do Departamento de Economia,
Gestão
e Engenharia Industrial da UA
Edição Escolar Editora
ISBN 9789725924112
Ano 2013
PRODUTOS E COMPETITIVIDADE DO
TURISMO NA LUSOFONIA
Autoria Carlos Costa, Rui Costa, Zélia Breda
(docentes) e Filipa Brandão (estudante de
doutoramento), do Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial da UA
Edição Escolar Editora
ISBN 9789725924105
Ano 2013
TRENDS IN EUROPEAN TOURISM PLANNING
AND ORGANISATION
Organização de Carlos Costa, docente no
Departamento de Economia, Gestão
e Engenharia Industrial da UA
Edição Channel View Publications
ISBN 9781845414115
Ano 2013
MENTE DE COMBATE:
COMO VENCER NO RINGUE E NA VIDA
Autoria Dulce Pires, estudante de Doutoramento
em Psicologia na UA
e atleta de Kickboxing, e Bruno Santos, treinador
de Kickboxing
Edição Prime Books
ISBN 9789896551735
ANO 2013
PALUI - CD
Autoria Helena Caspurro, docente
no Departamento de Comunicação
e Arte da UA
Edição Mulher Avestruz Produções e Eventos,
Lda.
Num 003.013
Ano 2013
RUA-L - REVISTA DA UNIVERSIDADE DE
AVEIRO-LETRAS, N.º 1 DA II. SÉRIE: «O(S)
ROSTO(S) DA EUROPA»
Coordenação Ana Maria Ramalheira
Edição Universidade de Aveiro - Departamento
de Línguas e Culturas / Centro de Línguas
e Culturas
ISSN 0870-1547
Ano 2012
TROIX MORCEAUX INTROSPECTIVES
POUR HARPE À PEDALES (ÉDITION
DE ZORAIDA ÁVILA) - CD
Autoria Vasco Negreiros, Departamento
de Comunicação e Arte
Dois ciclos de obras para harpa céltica e harpa
de pedais
Edição Harposphère
Ano 2013
![Page 30: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/30.jpg)
linhas dez 2013
Nascido e criado em Aveiro, Fernando Manuel dos Santos Ramos, 57 anos, tinha
o sonho de ser arquiteto. Mas a revolução de abril de 1974 veio trocar-lhe as voltas.
No verão desse ano as universidades estavam fechadas, mas em Aveiro nascia uma
nova instituição de ensino: a Universidade de Aveiro. Assim, entre ficar um ano à espera
para ir para a Universidade do Porto estudar arquitetura ou continuar os estudos num
outro curso, na sua cidade natal, escolheu ficar em Aveiro.
O aluno número 16 da UA
Fern
ando
Ram
os
![Page 31: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/31.jpg)
31 percurso antigo aluno
De entre as opções possíveis escolheu
Engenharia Eletrónica e Telecomunicações
porque tinha algum interesse nessa
área e porque o seu pai também era
engenheiro. Mas, acima de tudo, porque
era um curso com o qual depois poderia
pedir equivalências, caso conseguisse a
transferência para arquitetura no Porto.
Foi o aluno nº 16 da UA.
A transferência nunca chegou a
acontecer. A vida trocou-lhe os planos
e o gosto pelos estudos na UA cedo
surgiu: “A UA começou com um grupo
de professores muito interessante.
Alguns foram recrutados a laboratórios
do Estado, outros tinham vindo das
antigas colónias. Isto permitiu criar um
ambiente muito interessante em termos
culturais e científicos. Por isso acabei
por ficar”, explica.
Mas o que mais o marcou foi a ideia
de estar envolvido “na grande aventura
que é criar uma universidade nova,
praticamente do zero, o estar tudo
em aberto, todas as escolhas para a
instituição”. “Lembro-me do conselho
pedagógico do meu curso, em que
o ambiente era agitado e havia até,
talvez, tendência para algum excesso
de democraticidade… Uma vez
comunicámos pela janela com colegas
que estavam lá fora… Era um ambiente
completamente aventureiro, e isso
marcou-me muito! Por tudo isto, mantive
sempre a ideia de que as instituições se
fazem com os contributos das pessoas
que lá estão”, frisa.
Outra pessoa que não esquece é Jorge
de Carvalho Alves, professor catedrático
no Departamento de Eletrónica,
Telecomunicações e Informática (DETI):
“Marcou-me muito enquanto meu
professor. Na altura tinha acabado
de regressar de Inglaterra, onde fez
o doutoramento, e trazia uma cultura
completamente diferente da que existia
cá. Continuo a manter com ele uma sólida
amizade que já leva 30 e tal anos”.
Fernando Ramos acabou o curso em
1979, esteve dois anos a trabalhar em
empresas privadas e, depois, concorreu
para assistente na UA. Iniciou a sua
carreira docente em maio de 1982. Fez
todo o percurso académico no DETI:
provas de passagem a assistente em
1984, doutoramento em engenharia
eletrotécnica, em 1992, e em 1994 foi
eleito presidente do conselho diretivo.
Este cargo foi uma experiência “muito
interessante e um desafio pessoal
muito grande”. O assumir destas
funções coincidiu com o período em
que Júlio Pedrosa foi Reitor da UA, uma
época “de grande desenvolvimento da
Universidade não tanto do ponto de
vista físico, mas mais do ponto de vista
do conceito da Universidade”, explica.
“Isso marcou-me muito também.
Convivi com ele e aprendi muito sobre
gestão universitária”, acrescenta.
Fez toda a sua carreira no DETI até 1999,
ano em que o Reitor Júlio Pedrosa o
desafiou a ajudar a desenvolver a área de
ciências e tecnologias de comunicação
no Departamento de Comunicação e Arte
(DeCA), “uma área ainda embrionária”.
Assim, ao fim de quase 20 anos no DETI,
considerou que era altura de enfrentar
novos desafios e aceitou o repto para
lecionar no curso de Novas Tecnologias
da Comunicação.
Passado pouco tempo foi eleito
presidente do conselho diretivo do
DeCA, cargo que ocupou entre 2001
e 2005. Ajudou a criar o “conselho de
estratégia”, uma estrutura informal “muito
importante numa fase em que o DeCA
estava com alguma crise de identidade” e
que serviu para refletir sobre o futuro do
departamento.
Depois disso, tem-se envolvido em
muitas outras atividades: entre 1999 e
2009 foi diretor do “Centro Multimédia
de Ensino a Distância” da UA; desde
2004 que é presidente da comissão
executiva da Associação para a
Formação Profissional e Investigação
da Universidade de Aveiro (UNAVE);
foi eleito para a assembleia estatutária
da Universidade que tomou a decisão
de esta se tornar numa “fundação
pública de direito privado”; coordena
uma equipa de consultores portugueses
nomeada pelo Conselho de Reitores
das Universidades Portuguesas
para prestar apoio à Universidade
Nacional de Timor Leste; coordena e
participa em projetos de investigação
nacionais e internacionais e em
projetos de cooperação com países
de língua portuguesa, entre muitas
outras atividades. Tudo isto além da
docência, que atualmente acontece nos
programas doutorais em Informação e
Comunicação em Plataformas Digitais e
Multimédia em Educação. Pontualmente
leciona também no Mestrado em
Comunicação Multimédia.
Assim, o seu dia-a-dia é passado na
UA, normalmente entre as 09h00 e as
18h00 ou 19h00, “com muito trabalho de
orientação de teses de doutoramento e
dissertações de mestrado” e o trabalho
nos outros projetos.
Com 57 anos de idade, Fernando Ramos
tem-se envolvido “muito na vida da UA”
nos 40 anos da instituição. E apesar
de ainda não pensar na aposentação,
começa a entrar noutra etapa da vida
profissional: “Estou a entrar naquela fase
em que acho que estas coisas devem ser
feitas por colegas mais novos. Estou-me
a preparar aos poucos para passar o
testemunho”, explica.
E quando sair, sai “completamente
descansado”: “Acho que dei um bom
contributo. Dei, pelo menos, um contributo
empenhado para a UA, por isso,
quando sair, sairei com a consciência
absolutamente tranquila relativamente
ao contributo que dei à Universidade, do
ponto de vista pedagógico, científico, da
gestão, entre outros”.
![Page 32: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/32.jpg)
linhas dez 2013
Paul
a Le
itão
Do Ambiente
para a previsão
do estado do tempoÉ uma cara conhecida da televisão onde apresenta, desde 2007, o Boletim
Meteorológico nos programas “Bom Dia Portugal” e “Portugal em Direto”
da RTP. Paula Leitão tem um percurso invulgar: passou pela Engenharia Eletrónica
e Telecomunicações, licenciou-se em Engenharia do Ambiente e desempenha funções
de meteorologista no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Os dados que
recolheu e estudou fizeram luz sobre um fenómeno meteorológico quase desconhecido
em Portugal até 2000: os tornados.
![Page 33: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/33.jpg)
33 percurso antigo aluno
Apesar de dominar a ideia, no início do
século XXI, de que não existiam tornados
em Portugal - e na Europa -, uma
meteorologista a trabalhar no Centro de
Análise e Previsão do Tempo do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera achou
que os factos contrariavam a corrente
e foi ao encontro dos tornados. A
meteorologista chama-se Paula Leitão,
licenciou-se em Engenharia do Ambiente
na Universidade de Aveiro em 1987 e
começou, em 1999, o estudo sistemático
desses eventos extremos do clima:
violentas tempestades em rotação de
pequeno diâmetro que aparecem como
uma nuvem em forma de funil, descendo
da base de um tipo de nuvem chamado
cumulonimbo para o solo, a que estão
associados ventos muito fortes. A este
fenómenos está também associado um
efeito de sucção, que deixa marcas ao
longo da trajetória do tornado.
O estudo e arquivo sistemático das
ocorrências, incluindo a pesquisa de
casos no passado, desenvolvido por Paula
Leitão, tornou evidente que, afinal, esses
fenómenos também existem em Portugal e
na Europa, embora não com a frequência
e dimensão que atingem noutros pontos
do globo, como em certas zonas dos EUA.
Estima-se que nos EUA há dez vezes mais
tornados que na Europa. Mas a grande
diferença reside no registo sistemático
que se realiza nos EUA, há cerca de 100
anos, enquanto na Europa os dados estão
compartimentados, há descontinuidade de
país para país e nem sempre houve troca
de informação: a II Guerra Mundial e o
período de domínio soviético na Europa de
Leste foram duas dessas fases em que a
informação não circulou.
Em 2000, em toda a Europa, estava a
ser estudado o fenómeno de ocorrência
de tornados, por “cientistas curiosos”,
instituições não governamentais e, por
vezes, com o apoio de “institutos de
meteorologia oficiais”. Este foi um dos temas
fundamentais da conferência de 2002 em
Praga, em que Paula Leitão participou.
Cara conhecida do boletim
meteorológico da RTP
Quando iniciou o estudo, um outro colega
do então Instituto de Meteorologia vinha
recolhendo informações sobre várias
ocorrências, embora sem análise e
sistematização, que foram importantes
para o trabalho posterior de Paula Leitão.
Os casos ocorridos em Viana do Castelo,
a 21 de abril de 1999, e em Castelo
Branco, a 6 de novembro de 1954, que
destruiu o parque de instrumentos da
estação meteorológica, tornaram-se
dois dos primeiros objetos de estudo.
Desde a roupa que sai pela janela - efeito
de sucção provocado pelo tornado -,
passando por uma criança de 13 anos
levantada no ar, composições ferroviárias
que saem dos carris, a camiões
tombados, ou efeitos mais difíceis de
observar e quase cirúrgicos como uma
pequena árvore cortada, vários têm
sido os sinais provocados por estes
fenómenos atmosféricos registados pela
meteorologista ao longo dos anos.
Para além desse estudo sistemático dos
tornados e da previsão do estado do
tempo, a faceta mais visível e constante
do trabalho da meteorologista Paula
Leitão é a comunicação da previsão do
tempo e a apresentação, desde 2007, do
Boletim Meteorológico nos noticiários
“Bom Dia Portugal” e “Portugal em
Direto” da RTP. Trabalha no Instituto
Português do Mar e da Atmosfera
(IPMA) desde 1989. Para quem ainda
tem dúvidas entre tempo e clima, como
já alguém disse e registou, a resposta
é clara: “O estado do tempo determina
a roupa que tu tens vestida, o clima
determina a roupa que compras”.
Da dinâmica da atmosfera para
a previsão do tempo
Paula Leitão concluiu a licenciatura em
Engenharia do Ambiente em 1987, não
sem antes ter sido aluna de Engenharia
Eletrónica e Telecomunicações, durante
três anos, onde era acompanhada por 56
colegas rapazes e outras três raparigas
– nos cursos de Letras a proporção dos
géneros era inversa. Em Engenharia
do Ambiente encontrou uma maneira
diferente de estar na vida que considerou
mais próxima da sua. Trabalhou ainda,
durante dois anos, como investigadora na
equipa do professor Carlos Borrego, na
área da poluição atmosférica e dispersão
de poluentes, até decidir ir viver para
Lisboa. Aí, concorreu ao então Instituto de
Meteorologia - na mesma ocasião em que
foram admitidos colegas de Engenharia
do Ambiente e de Física formados na UA -
e fez um ano de estágio de especialização,
para o qual terão sido fundamentais os
conhecimentos adquiridos em Dinâmica
e Composição da Atmosfera, assim como
as cadeiras Termodinâmica, Mecânica dos
Fluidos, Hidrologia, Eletromagnetismo,
Física, Matemática, Funcionamento de
Aparelhos Eletrónicos e Sensores, entre
várias outras.
A evolução da Ciência e Tecnologia
obriga a atualização constante com
participação em inúmeras ações de
formação, em projetos, à elaboração de
muitos casos de estudo e a uma troca
permanente de informação. "Em previsão
do tempo só se trabalha a nível global e
em tempo real", assinala Paula Leitão.
"Durante os últimos 15 anos a evolução
nos modelos numéricos, na observação
por satélite e por radar, foi enorme e
introduziu novas abordagens teóricas
para a compreensão dos fenómenos
meteorológicos", acrescenta.
Em 1991, foi colocada no Centro de
Análise e Previsão do Tempo com
funções que tem desempenhado quase
sem interrupção.
Trabalhando por turnos, o tempo que
tinha livre foi usado, por exemplo, para
o estudo dos tornados em Portugal, em
trabalhos de voluntariado na Quercus
e acompanhamento da vida familiar,
nomeadamente nas tarefas inerentes a
uma mãe de três filhos.
![Page 34: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/34.jpg)
linhas dez 2013
Com o empreendedorismo no ADN
José Manuel Tavares Mendes, 36 anos, nasceu e cresceu em Couto de Esteves, Sever
do Vouga, onde foi dirigente associativo e membro da Assembleia de Freguesia.
Talvez tenha sido aqui que começou a surgir o seu espírito empreendedor. Anos mais
tarde, já depois de ter frequentado a licenciatura em Gestão e Planeamento em Turismo,
entre 1995 e 2000, na Universidade de Aveiro, é um dos fundadores da empresa IDTour,
a convite da pessoa que mais o marcou no curso: o professor Carlos Costa.
José
Men
des
![Page 35: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/35.jpg)
35 percurso antigo aluno
Aos 18 anos, José Mendes apenas sabia
que queria tirar um curso na área da gestão
ou economia. Um amigo falou-lhe do curso
de Gestão e Planeamento em Turismo
e o interesse por esta área despertou
imediatamente: “Quando era aluno do
secundário não tinha a ideia de estudar
turismo. Ninguém tem esse sonho em
criança. Mas quando vi este curso nem
sequer fui verificar o currículo. Achei logo
muito interessante. Coloquei-o como
primeira opção e entrei!”, explica.
As suas expectativas não foram goradas
nos cinco anos em que tirou o curso.
Apaixonou-se muito rapidamente pelas
matérias, pelos colegas… “Era um curso
com poucas pessoas. Gostei muito do
que lá aprendi e tinha uma postura muito
séria enquanto aluno: entendia o curso
como um objetivo de vida. Sentia que os
meus pais estavam a fazer um esforço e,
portanto, levava aquilo a sério”.
Em termos académicos o que mais
o marcou foi, “sem dúvida”, o professor
Carlos Costa “por todos os motivos
e mais alguns: pela forma como
lecionava, pela forma inteligente como
conseguia enganar-nos nas aulas,
porque quando sentia que estava
a perder a turma, dizia umas piadas
e conseguia novamente conquistar-nos.
E porque ia buscar a sua experiência
no terreno e partilhava-a connosco”.
A sua licenciatura, sem ter uma disciplina
chamada “empreendedorismo”, tinha
um conjunto de outras ligadas à gestão
estratégica e economia, que capacitavam
os alunos para avançar para a
constituição de um negócio próprio. “Mas
o entendimento que faço, é que o curso
é uma grande plataforma que capacita o
aluno a escolher o caminho quando sai cá
para fora”, explica.
O projeto IDTour
Depois de alguns anos em Lisboa,
regressa a Aveiro em finais de 2006, após
um convite do professor Carlos Costa
para liderar um projeto que iria surgir
através da Incubadora de Empresas da
Universidade de Aveiro: a IDTour.
A empresa conta com seis sócios, para
além da UA, através da GrupUnave. José
Mendes é o líder operacional (CEO).
A trabalhar no mercado interno, a
IDTour opera em duas áreas. A primeira
é o segmento institucional: câmaras
municipais, organizações nacionais
e regionais de turismo, associações
institucionais e organizações
empresariais. Para estas entidades
fazem projetos relacionados com o
planeamento estratégico, ações de
desenvolvimento estrutural, projetos de
investigação aplicada (um dos exemplos é
o Restaurante do Futuro, para a AHRESP,
onde se procura antecipar as tendências
que poderão pautar o subsetor da
restauração no futuro).
O outro segmento é o empresarial:
hotelaria, restauração, empresas de
animação, parques temáticos, etc. “Para
este target desenhamos e ajudamos a
operacionalizar modelos de negócios:
olhar para um negócio e construir um
plano de ação que permita projetar o
volume de vendas da empresa, estudos
de mercado, de viabilidade económico-
financeira. Ou seja, documentos mais
operacionais que ajudam a responder a
ploblemas em concreto das organizações
empresariais”, explica José Mendes.
No seu dia a dia, o CEO da IDTour tem a
responsabilidade de “administrar a casa,
procurar e fidelizar novos clientes, garantir
que ficam satisfeitos com o trabalho,
procurar que eles paguem, mobilizar
a equipa para os desafios que temos
entre mãos e potenciar a capacidade
empreendedora de cada colaborador:
eles são a base do nosso sucesso”.
Muitas horas de trabalho são passadas
na rua “a bater à porta de organizações
institucionais e empresariais a apresentar
a IDTour, as suas competências e
serviços, a concorrer a concursos, a fazer
propostas, enfim… uma luta contínua”.
Atualmente a empresa encontra-se a
crescer em volume de negócios e em
recursos humanos, “o que é um bom
indicador na conjuntura atual”.
Os desafios para o futuro passam por
discutir e consensualizar onde querem
estar: “Estamos a equacionar se entramos
na área operacional: se podemos criar
uma micro-empresa dentro da IDTour
que possa fazer a gestão de pequenas
unidades de alojamento, como hostels,
gerir um restaurante com conceito
próprio. Estamos a estudar outra área
de negócio que passa pela gestão e
comercialização de ativos turísticos;
a internacionalização e exportação de
serviços para a Lusofonia são também
estratégicas no modelo de expansão
da IDTour”.
O sucesso do projeto que lidera não
teria sido possível sem a formação que
obteve na UA, frisa, virada já na altura
para os desafios do futuro: “Acho que a
UA cedo soube entender que tinha de
formar e capacitar os seus alunos com
competências na área dos negócios,
porque não basta ser um bom técnico
para ser um bom empresário. E isto
aconteceu desde logo porque esta
Universidade nasceu ligada ao tecido
empresarial da região: pensou os seus
cursos para responder às necessidades
específicas do território onde se insere.
A UA tem esse cunho, esse ADN.
A UA já respirava empreendedorismo há
muitos anos atrás, foi das primeiras a
trilhar esse caminho”.
![Page 36: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/36.jpg)
linhas set 2013
DISTINÇÕES
COTEC PREMEIA “COOPERAÇÃO EXEMPLAR” DA UA COM A PT INOVAÇÃOO historial de cooperação de quatro décadas entre a
Universidade de Aveiro e a PT Inovação é o vencedor da
primeira edição do concurso Casos Exemplares de Cooperação
Universidade-Empresa promovido pela COTEC Portugal -
Associação Empresarial para a Inovação. O prémio foi entregue
a 27 de novembro durante o 10º Encontro Nacional de Inovação
COTEC que se realizou na Culturgest, em Lisboa, com a
presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Com o concurso, aberto às 15 universidades que integram
o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a
COTEC pretende premiar e incentivar a cooperação de forma
continuada entre as universidades e o tecido empresarial e com
resultados benéficos para ambas as partes.
“A parceria entre a UA e a PT Inovação é o exemplo da excelência
associada à dinâmica que esteve na base da criação, em 1973,
de novas universidades no país viradas para a cooperação com o
tecido económico”, congratula-se Carlos Pascoal Neto, Vice-reitor
da academia de Aveiro.
“Em todos os parâmetros de cooperação universidade-
empresas a cooperação entre a UA e a PT Inovação está
evidenciada de uma forma extremamente positiva sob o
ponto de vista qualitativo e quantitativo”, diz Pascoal Neto.
O responsável aponta “os projetos de investigação conjuntos
com um volume de financiamento muito significativo, a
produção de patentes, a inserção profissional (mais de
metade dos atuais quadros da PT Inovação são formados
na UA), o aparecimento de novos negócios e produtos e,
sobretudo a criação de um cluster e de um ecossistema
inovador e empreendedor à volta das telecomunicações,
centrado em Aveiro, onde os dois pilares fundamentais são
a UA e a PT Inovação”.
![Page 37: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/37.jpg)
37 distinções
Tavares da Costa, cujo
estágio tem o título “Influência
de fatores ambientais e de
descarga na contaminação
fecal do estuário do Tejo”.
BIOMEDICINA FARMACÊUTICA DA UA CONSIDERADA “EXCELENTE”
O “Training Programme in
Pharmaceutical Medicine” (que inclui o
Mestrado em Biomedicina Farmacêutica
e o Curso de Especialização em
Medicina Farmacêutica) da Universidade
de Aveiro foi considerado um
“PharmaTrain Centre of Excellence”.
A UA junta-se, assim, ao grupo restrito
de 11 universidades estrangeiras que
detêm esta classificação.
Este galardão contribui ainda
para a valorização dos formandos no
mercado de trabalho nacional
e internacional, junto das indústrias
farmacêutica e biofarmacêutica,
centros de investigação
e autoridades reguladoras.
Esta atribuição, que resulta de uma
avaliação e auditoria que a PharmaTrain
fez ao curso, é “muito gratificante”
porque foi obtida apenas ao fim de
quatro anos de existência do mesmo,
considera o diretor do curso, Luís
Almeida, acrescentando: “É a prova de
que, quando planeamos adequadamente
e somos rigorosos e determinados na
implementação da estratégia definida,
os objetivos são sempre alcançáveis,
mesmo os mais ambiciosos”. O título
de “Centre of Excellence” vai “acentuar
a pressão para que continuemos o
esforço de limar arestas e aperfeiçoar
continuamente os nossos conteúdos”,
explica o responsável pelo curso.
A medicina farmacêutica foca-se
no desenvolvimento pré-clínico e
clínico, avaliação e comercialização
de medicamento e outros produtos de
saúde. PharmaTrain é um projeto de
um consórcio de 22 universidades, 11
associações profissionais, públicas e
privadas, e 15 parceiros privados da
indústria farmacêutica, todos europeus.
O seu objetivo é certificar cursos na
área da medicina farmacêutica que
vão ao encontro das necessidades
dos profissionais que trabalham no
desenvolvimento de medicamentos.
UA MEMBRO HONORÁRIO DA ORDEM DOS ENGENHEIROS
A Universidades de Aveiro é, desde
23 de novembro, Membro Honorário
da Ordem dos Engenheiros, em
simultâneo com as Universidades do
Minho e Nova de Lisboa, um galardão
atribuído na cerimónia do Dia Nacional
do Engenheiro.
Na mesma sessão foi distinguido,
enquanto vencedor de Melhor Estágio
de Admissão à Ordem, na Especialidade
de Engenharia do Ambiente, o antigo
aluno Ricardo André Tavares da Costa,
cujo estágio tem o título “Influência de
fatores ambientais e de descarga na
contaminação fecal do estuário do Tejo”.
ÁREA DOS MATERIAIS DA UA ESTÁ
NAS MELHORES DA EUROPA
A área de Ciência dos Materiais da
Universidade de Aveiro é primeira a
nível nacional, a 20ª a nível europeu
e a 114ª no mundo, de acordo com o
ranking produzido pela Universidade
Nacional de Taiwan. Nesta área está
contabilizada a produção científica em
biomateriais, materiais cerâmicos, teste e
caraterização, películas e revestimentos,
materiais compósitos, papel e madeira,
têxteis, engenharia metalúrgica e
produção científica multidisciplinar
associada aos materiais.
Os critérios usados pela Universidade
Nacional de Taiwan fundamentam-se
em três pilares fundamentais:
“produtividade”, “impacte da
investigação” e “excelência da
investigação”. O ranking considera seis
domínios - Agricultura, Medicina Clínica,
Engenharia, Ciências da Vida, Ciências
Naturais e Ciências Sociais - e 14 áreas
de produção científica.
Destas, registaram-se subidas,
em relação à avaliação feita pela
Universidade Nacional de Taiwan no
ano passado, nas áreas de Ciência dos
Materiais, Química, Engenharia Civil e
Agricultura. Na Química, a UA surge em
2º lugar nacional, a seguir à Universidade
do Porto, em 74º lugar da Europa e no
194º lugar a nível mundial. Na Engenharia
Civil, a instituição aveirense surge em 92ª
posição europeia e na 269ª mundial e,
na Agricultura, está na 100ª posição da
Europa e na posição 247 mundial.
PROFESSOR JÚLIO PEDROSA
COORDENA GRUPO DE ANÁLISE
DO ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS
Júlio Pedrosa, ex ministro da Educação e
antigo Reitor da Universidade de Aveiro,
foi convidado para liderar um grupo de
trabalho que tem por objetivo apresentar
sugestões de aplicação ao ensino
superior Português das recomendações
do estudo elaborado pela European
University Association (EUA) a pedido do
Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP).
O CRUP decidiu recentemente criar
uma comissão para fazer um trabalho
de análise das recomendações do
estudo que encomendou à EUA. “Este
estudo, apresentado em fevereiro de
2013, apresentava um conjunto de
recomendações relativamente ao ensino
superior em Portugal. O que o CRUP fez
agora foi criar um grupo de trabalho para
estudar o melhor modo de se aplicarem
![Page 38: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/38.jpg)
linhas set 2013
essas recomendações à realidade
Portuguesa”, explicou Júlio Pedrosa.
Os resultados do trabalho desta equipa
devem ser apresentados em 2014.
INVESTIGADOR DO IT À FRENTE
DA DISCUSSÃO EUROPEIA SOBRE
TRANSMISSÃO DE ENERGIA SEM FIOS
Nuno Borges Carvalho é o coordenador
do recém criado Wireless Power
Transmission for Sustainable Electronics
(WIPE), um consórcio europeu que
pretende ser um fórum de discussão,
de promoção e de realização de
atividades na área da transmissão
de energia sem fios. O investigador
do Instituto de Telecomunicações
e do Departamento de Eletrónica,
Telecomunicações e Informática da
Universidade de Aveiro assumiu as novas
funções a 24 de outubro, em Bruxelas.
O consórcio representa 21 países
europeus, os EUA e o Japão e tem um
orçamento de 600 mil euros
para promover o tema dentro da
comunidade europeia.
“Termos sido escolhidos para
coordenar este consórcio significa
um reconhecimento da nossa qualidade
e excelência nesta área de sistemas
de rádio frequência em toda a Europa”,
congratula-se Nuno Borges Carvalho.
“O Instituto de Telecomunicações,
DETI e UA irão coordenar este projeto
nos próximos quatro anos, realizando
dois fórum de discussão por ano na
Europa e ainda uma escola de verão
orientada a alunos de doutoramento e
a funcionários de diversas empresas”,
desvenda Nuno Borges Carvalho.
FERNANDO CORREIA ILUSTRA
SELOS DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE
ESPÉCIES AMEAÇADAS
Fernando Correia, docente do
Departamento de Biologia da
Universidade de Aveiro e diretor do
Laboratório de Ilustração Científica, foi
um dos ilustradores convidados para
ilustrar quatro dos 12 selos lançados dia
10 de outubro, no mercado americano e
internacional, pela United Nations Postal
Administration/UNPA (NY, USA; http://
unstamps.un.org/unpa/index.html). As
quatro ilustrações científicas são das
espécies: Asian tapir (Tapirus indicus),
Mongoose lemur (Eulemur mongoz), Flat-
headed cat (Prionailurus planiceps) e Aye-
aye (Daubentonia madagascariensis).
Esta emissão filatélica representa a 21º
edição de selos subordinados à coleção
das espécies ameaçadas (Endangered
species), desde que se registou o primeiro
lançamento, em 1993, e constituiu uma
das mais apetecíveis séries filatélicas por
colecionadores de todo mundo.
A edição de 2013 foi dedicada a
vertebrados noturnos que estão
apontados como algumas das espécies
que poderão desaparecer em breve,
passando assim de extantes a extintas,
caso não sejam tomadas medidas
urgentes em prol da sua conservação.
Com estas emissões filatélicas a UNPA
procura, de forma ativa, sensibilizar
o mundo para a necessidade de se
protegerem as espécies animais e
plantas que um pouco por todo lado
se encontram à beira da extinção,
principalmente por razões diretamente
ligadas a ações do Homem. Fernando
Correia explica a lógica por detrás da
conceção do trabalho. “Uma vez que
a minha formação de base é a Biologia
procurei imprimir um cunho especial às
minhas ilustrações, tentando atualizar
não só o design, como mostrar em
todos eles um pormenor da sua ecologia
ou biologia, indo além da clássica
figuração da espécie em causa, em
corpo inteiro.”
MIT E ISCTE DISTINGUEM PROJETOS
COM CHANCELA UA
O projeto WATGRID, dinamizado
por docentes e investigadores da
Universidade de Aveiro (UA), e o
MeshApp, que integra na sua equipa
antigos alunos da academia, foram dois
dos grandes vencedores da Semifinal do
concurso Building Global Innovators, nas
categorias Cidades Inteligentes e Outros
Produtos e Serviços. Os dois projetos
arrecadaram um prémio de 100 mil
euros cada. Para além destes prémios
foram ainda distinguidos, com menção
honrosa, três projetos dinamizados
por membros da UA: Endeavour Lab,
BikeEmotion e The Smart Tongue.
O WATGRID pretende fornecer soluções
para a rede de distribuição de água
doméstica em cidades ou ambientes
rurais. A grande mais-valia da solução é
a possibilidade de saber em tempo real a
quantidade e qualidade da água por cada
habitação. Com esta solução é possível
gerir melhor os desperdícios de água a nível
mundial, permitindo poupanças de água nas
empresas distribuidoras de até 50 por cento.
A MeshApp deu a conhecer uma
nova aplicação para computadores,
telemóveis etablets que funciona como
agregador de informação, que permite
reunir numa única página o conteúdo
e as interações das contas nas redes
sociais, feeds de notícias e e-mails.
A Endeavour Lab, empresa sediada na
Incubadora de Empresas da Universidade
de Aveiro (IEUA), apresentou um sensor de
captura 3D para a reabilitação motora de
pacientes que sofreram um AVC.
![Page 39: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/39.jpg)
39 distinções
O BikeEmotion é um projeto desenvolvido
pela Ubiwhere e a Micro I/O (Empresas
IEUA Graduadas) em cooperação com
a UA e a Ponto C, que visa desenvolver
um sistema de quarta geração de partilha
social de bicicletas, equipado com a
mais moderna tecnologia de localização,
pagamento e reserva de bicicletas,
mantendo a simplicidade de utilização.
The Smart Tongue apresentou um sensor
eletrónico para degustação e controlo
de alimentos. A concurso estava ainda
a Be.uBi (Empresa IEUA), a competir na
categoria de Tecnologias de Informação,
Internet e Produtos, com o projetoSoftware
with Emotion, uma solução para a
otimização de experiências de compra.
MÁRIO FERREIRA RECEBE
PRÉMIO H. H. UHLIG
O diretor do Departamento de
Engenharia de Materiais e Cerâmica
(DEMAC) da Universidade de Aveiro,
Mário Ferreira, ganhou o Prémio H.
H. Uhlig da Divisão de Corrosão da
Sociedade Americana de Eletroquímica
(ECS). O prestigiado troféu foi entregue
durante o 224º Encontro da ECS que
juntou em São Francisco, nos EUA,
os melhores investigadores mundiais
na área da Eletroquímica. Durante o
encontro Mário Ferreira proferiu uma
Award Lecture em Ative Corrosion
Protection By Ldhs.
“Este prémio representa um
reconhecimento internacional do
trabalho que tenho vindo a desenvolver
nas áreas da corrosão e proteção
de metais, nomeadamente nestes
últimos anos com o desenvolvimento
de revestimentos inteligentes para
proteção anticorrosiva e que podem ter
aplicações, como sensores, noutros
campos”, congratula-se Mário Ferreira.
Investigador na UA desde 2001,
Mário Ferreira, Doutorado em
Ciência e Engenharia da Corrosão,
aponta que o prémio, criado em 1972
para reconhecer a excelência na
investigação e contribuições técnicas
relevantes para o campo da ciência
da corrosão, “é um reconhecimento
pelo trabalho realizado pelo DEMAC/
CICECO”. O investigador dedica
mesmo a distinção a todos os seus
colaboradores, passados e presentes.
“Foi devido a eles que eu consegui
obter este prémio”, reconhece.
DOCENTE DA UA RECEBE “PRÉMIO
IBÉRICO FECIEX 2013”
Carlos Fonseca, docente no Departamento
de Biologia (DBio) e investigador no
Centro de Estudos do Ambiente e do
Mar (CESAM) da UA, recebeu o “Prémio
Ibérico FECIEX 2013”. Este galardão é
atribuído a personalidades, instituições ou
organizações que se tenham destacado
pelo trabalho desenvolvido em prol da
potenciação dos valores ibéricos da caça,
da pesca e da conservação da natureza
e que tenha fomentado o encontro entre
Espanha e Portugal nestas áreas.
A distinção, entregue a 19 de setembro,
em Badajoz, foi atribuída na XXIII edição
da FECIEX - Feira de Caça, Pesca
e Natureza Ibérica, a maior do género
em toda a Península Ibérica e que contou
com forte presença de expositores
Portugueses, explicou o galardoado.
O prémio foi entregue pelo Alcaide
de Badajoz, Francisco Martínez, em
nome do Comité Executivo da FECIEX,
numa cerimónia onde estiveram
presentes diversas individualidades da
Extremadura e de Portugal.
De relembrar que o docente e
investigador obteve em maio de 2013 o
prémio “Investigação em Caça”. Carlos
Fonseca é licenciado em Biologia e
mestre em Ecologia pela Universidade de
Coimbra e doutor em Biologia, pela UA.
ARTIGO DE INVESTIGADORES DA UA
DESTACADO NA CAPA DA REVISTA
CHEMPLUSCHEM
O trabalho realizado por investigadores
da Universidade de Aveiro, da unidade
Química Orgânica, Produtos Naturais
e Agroalimentares (QOPNA), sobre
a capacidade de deteção de iões
metálicos (mercúrio, zinco, cádmio, etc.)
nas fases sólida, líquida e gasosa por
parte de benzoporfirinas e de porfirinas
funcionalizadas na posição beta-pirrólica
com unidades de tipo piridina foi destacado
na capa da revista ChemPlusChem. Este
trabalho abre portas à criação de novos
indicadores de poluentes do ar, água ou
mesmo de sistemas orgânicos, eficazes e
fáceis de usar.
O ChemPlusChem é um periódico
associado da prestigiada Angewandte
Chemie International Edition e da Chemistry
- A European Journal. A publicação em
destaque resulta de trabalho realizado
por investigadores do Departamento
de Química (QOPNA), e BIOSCOPE, da
Universidade Nova de Lisboa, tendo
contado ainda com a colaboração de um
investigador do Centro de Investigação
em Materiais Cerâmicos e Compósitos
(CICECO), laboratório associado da
Universidade de Aveiro.
O artigo foca a capacidade de
benzoporfirinas e de outras porfirinas
funcionalizadas com grupos de tipo
piridina detetarem iões metálicos
em fase sólida, líquida e gasosa.
![Page 40: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/40.jpg)
linhas set 2013
Os compostos sintetizados são
estruturalmente afins de compostos
naturais como os do grupo heme
de hemoproteínas. Este trabalho
é um importante contributo para o
desenvolvimento de novos materiais
passíveis de serem utilizados como
indicadores, quer em aplicações
ambientais, quer como biomarcadores.
SISTEMA DE GESTÃO SUSTENTÁVEL
DE TRÁFEGO VALE PRÉMIO
A INVESTIGADOR DA UA
Jorge Bandeira, doutorando no
Departamento de Engenharia Mecânica
da Universidade de Aveiro, foi o único
português premiado no Concurso de
Inovação, promovido pelo Instituto
Europeu de Patentes. O estudante da UA
apresentou um sistema de informação
e apoio à decisão focado na gestão
sustentável de tráfego e, com isso,
venceu numa das categorias do concurso,
dirigido a estudantes e investigadores
universitários dos estados membros.
A proposta de investigação submetida a
concurso incide no desenvolvimento de
um sistema de informação e de apoio à
decisão, focado na gestão sustentável de
tráfego. O que o “Eco-indicator for route
choice, traffic assignment and policy
analyses” (assim se designa o projeto)
pretende fazer é calcular os custos dos
principais impactes do tráfego rodoviário,
como o ruído, poluentes ou os gases
com efeito de estufa.
O sistema de informação e apoio à
decisão focado na gestão sustentável
de tráfego, criado no Departamento
de Engenharia Mecânica da UA, foi o
vencedor absoluto na categoria D (uma
das quatro a concurso): Smart transport
and traffic management systems.
INVESTIGADORA DA UA VENCE PRÉMIO SANTANDER DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA FCSHFilipa Lã é uma das vencedoras do Prémio Santander de Internacionaliza-ção da Produção Científica, na cate-goria Investigadores, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa. A docente e investigadora do Departamento de Comunicação e Arte (DECA) da Univer-sidade de Aveiro recebeu a distinção durante a sessão comemorativa do 35.º Aniversário da FCSH.
“Este prémio, para além de ter sido uma completa surpresa para mim, representa o reconhecimento a nível nacional de uma das funções determinan-tes de uma universidade: a produção de conhecimento com projeção internacio-nal”, congratula-se Filipa Lã. “Claro que o prémio também mostra igualmente um reconhecimento mais concreto da minha contribuição para a área da música, nomeadamente da pedagogia vocal e de áreas de fronteira como aquela que a mú-sica estabelece com a medicina”, adianta.
O Prémio Santander de
Internacionalização da produção
Científica da FCSH visa distinguir os
docentes e investigadores que mais
tenham contribuído para a notoriedade
internacional da produção científica
daquela faculdade. Filipa Lã recebe o
prémio na condição de investigadora do
pólo da UA do Instituto de Etnomusicologia
- Centro de Estudos em Música e
Dança, uma unidade de investigação
multidisciplinar sediada na FCSH.
INVESTIGADORES DA UA
DISTINGUIDOS PELA TECNICELPA
POR NOVOS PRODUTOS
Um revestimento que permite melhor
qualidade de impressão em papel
de escritório, uma pasta celulósica
resistente à humidade e ao fogo,
utilizável como material isolante na
construção civil, ou ainda um suporte
de catalisadores para a purificação de
ar poluído, estão a ser desenvolvidos
por uma equipa da UA. O trabalho
de investigação, a decorrer no
Departamento de Química e no Centro
de Investigação em Materiais Cerâmicos
e Compósitos (CICECO), laboratório
associado da UA, já mereceu várias
distinções. A última foi o prémio
TECNICELPA (Associação Portuguesa
dos Técnicos das Indústrias de
Celulose e Papel).
A diferença no rigor da impressão a
jato de tinta, usando um papel comum
e outro com revestimento de uma
formulação contendo sílica, ao olhar
para o gráfico, é evidente. O papel
revestido com uma pequena camada
à base sílica, de 2-3 gramas por metro
quadrado, permite não só um maior
rigor na impressão, mas também maior
resistência à humidade, sublinha Dmitry
Evtyugin, coordenador da equipa
de investigadores e professor do
Departamento de Química da UA.
A equipa de Dmitry Evtyugin, Inês
Portugal e José Gamelas foi também
distinguida com o prémio de melhor
comunicação oral. Há quase 10 anos que
os prémios não coincidiam na mesma
equipa de investigação. Já no encontro
científico que decorreu em 2005, a
equipa constituída por Carlos Pascoal
Neto, Dmitry Evtyugin e Armando
Silvestre, fora distinguida com o prémio
de melhor trabalho na área.
![Page 41: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/41.jpg)
41 distinções
DOCENTE DA UA ELEITA
COORDENADORA DA REDE
EUROPEIA DE SOCIOLOGIA
DAS PROFISSÕES
A docente e investigadora do
Departamento de Ciências Sociais,
Políticas e do Território (DCSPT)
da Universidade de Aveiro, Teresa
Carvalho, foi eleita coordenadora
da Rede Europeia de Sociologia das
Profissões, uma das várias áreas da
European Sociological Association
(ESA). A eleição decorreu na conferência
da ESA, realizada de agosto, em Turim.
O cargo para o qual a docente e
investigadora foi eleita tem vigência
de dois anos. Entre várias funções a
desempenhar, a coordenadora da rede
europeia de sociologia das profissões
gere a rede, coordena a organização
de conferências, reuniões e workshops
temáticos, participa na organização
da grande conferência bienal da ESA
e também na organização conferência
intermédia. Antes, a docente da UA já
tinha sido eleita membro da comissão
executiva desta rede na conferência da
ESA, em 2010, em Genebra.
Teresa Carvalho leciona unidades
curriculares na área da sociologia e das
políticas públicas na licenciatura em
Administração Pública, no Mestrado
em Administração e Gestão Pública,
no Mestrado de Ciência Política e
no Programa Doutoral em Políticas
Públicas. É investigadora no CIPES
(Centro de Investigação e Políticas
do Ensino Superior).
CAPACETE DE CORTIÇA RECEBE
PRÉMIO INOVAÇÃO DA APCOR
Ricardo Sousa é o vencedor do Prémio
Inovação atribuído pela Associação
Portuguesa de Cortiça (APCOR).
A distinção que homenageia o trabalho
do investigador do Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade
de Aveiro foi entregue a 4 de outubro,
durante a 4ª edição da Gala Anual da
Cortiça que decorreu no Hotel Convento
do Espinheiro, em Évora. Ricardo Silva
cativou a APCOR com o trabalho de
investigação sobre a utilização da cortiça
no revestimento de capacetes.
A equipa de investigação de Ricardo
Sousa provou que, em relação à esferovite
utilizada em exclusivo por todos os
fabricantes mundiais de capacete, a
presença da cortiça no revestimento
interno dos capacetes não só confere
ao material maior capacidade para
absorver um impacto, como também essa
característica permanece intacta no caso
do motociclista sofrer na cabeça múltiplas
pancadas. A técnica já está patenteada e
aguarda pelo interesse da indústria para
conquistar, principalmente, os desportos
motorizados sujeitos a apertadas medidas
de segurança.
“Receber este prémio é para mim uma
honra e um estímulo para continuar a
investir na área”, congratula-se Ricardo
Sousa. ”A cortiça é um produto ecológico
português que movimenta boa parte da
economia. Por isso, faz todo o sentido que
se procurem aplicações inovadoras para
esse material e que cada vez mais indústria
e academia se aliem na busca de novos
produtos e ideias”, aponta.
PLATAFORMA TURÍSTICA DE
ANTIGOS ALUNOS DA UA VENCE
COVILHÃ STARTUP WEEKEND
Uma startup de dois antigos alunos
da Universidade de Aveiro (UA) e de
mais cinco jovens empreendedores
portugueses, recentemente criada durante
o "Covilhã Startup Weekend", distinguiu-se
entre um conjunto de ideias, concorrendo
na final mundial - o Champions Circle
da Global Startup Battle. Apresenta-se
ao mercado uma plataforma na qual os
players turísticos dão resposta à procura
específica de cada utilizador.
Resultante de 54 horas de trabalho
intensivo na criação de um plano de
negócios e de um protótipo funcional,
o projecto iTravey, de Pedro Caleiro,
antigo aluno de Engenharia Eletronica
e Telecomunicações da UA, e Carlos
Carvalho, licenciado em Engenharia de
Computação e Telemática também na UA,
e de mais cinco jovens empreendedores,
foi o grande vencedor da edição
portuguesa do Startup Weekend.
Para quem procura marcar férias
comodamente, à distância de uma
simulação que conjuga as melhores
ofertas aos melhores preços, a iTravey
aposta na economia de tempo e de
recursos, dispensando navegações
pelos canais tradicionais de
agendamento turístico.
Depois de ter vencido com a melhor ideia
em Portugal, a iTravey avança agora para
a Global Startup Battle uma competição
mundial de startups que consiste em
cinco desafios simultâneos patrocinados
pelas maiores empresas online como a
Microsoft, a Amazon ou a Google.
![Page 42: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/42.jpg)
linhas dez 2013
Parceria da UA revela dimensões
escondidas do antigo eremitério Carmelita
Buçaco: viagem para outra dimensão de vida, de património e do espírito
Conhecer o Buçaco só pela água, pelo Palace Hotel, Vale dos Fetos,
ou pela Via Sacra, é não perceber esta pérola de património natural,
histórico, militar e religioso. A parceria entre a Fundação Mata do
Buçaco e a UA, já com mais de 10 anos, tem sido fundamental para
manter viva a chama da descoberta e conservar o património ainda
ferido pelo ciclone do início de 2013 (fotografias de Lísia Lopes). Adernal na Mata do Buçaco
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43 investigação
Só um olho bem treinado perscrutando os tons
secos da folhagem do chão, numa paleta que vai
do amarelo ao castanho ou carmim, ocres e beges
vários, pode descobrir aquelas formas delicadas
que se erguem numa cúpula e escondem um verso estriado. A
cada passo, na folhagem, rasgando o silêncio ou o canto das
aves, pode surgir uma surpresa na forma, no tamanho e na cor,
com par no enorme conjunto de referências impresso num A4.
O jovem micologista Eduardo Batista regista as coordenadas
geográficas, fotografa, mede, compara tons, analisa mais tarde
ao microscópio e faz testes em laboratório. Demora-se em
pequenas áreas da mata à volta dos retorcidos adernos, dos
vetustos carvalhos e dos frutificados castanheiros.
Mais à frente, atenta-se no solo, junto a um aderno de porte
arbóreo, “relíquia” que remonta à original paisagem do
Buçaco, muito antes dos Carmelitas Descalços se recolherem
ali, no século XVII, e começarem a construir a Mata que
serviu de “quadro rústico à paixão de Cristo”, como escreveu
Jaime Cortesão. Eduardo está perto do Passo de Caifás,
um dos 20 Passos da completíssima Via Sacra iniciada
pelos monges, que inclui seis Passos da prisão de Cristo, já
considerada melhor que a original por visitantes israelitas.
Os elementos naturais, pela violenta mão do ciclone Gong,
no início do ano, pregaram uma estranha partida a esta
tríplice harmonia de religião, património construído e
natureza, ao fazerem tombar árvores, sobretudo gigantescos
cedros-do--Buçaco, em cima de algumas destas capelas já
construídas no século XIX.
À volta de Eduardo Batista surge um sem número destes
pequenos e delicados chapéus de tons outonais que brotam
do chão forrado a folhas e herbáceas. Na parte final da sua
licenciatura em Biologia na UA, o jovem escolheu investigar
os cogumelos desenvolvendo a curiosidade que já tinha e
descobrindo mais sobre os cogumelos da Mata do Buçaco.
Talvez também por razões familiares, já que recorda com
saudade os míscaros cozinhados pela avó.
Infindável fonte de surpresas
O estudo dos cogumelos na Mata do Buçaco começou com o
biólogo André Aguiar que monitorizava a fauna, como bolseiro
do Departamento de Biologia, no âmbito de um projeto
financiado pelo Life +, designado BRIGHT (Recuperação do
Buçaco das invasões que geram ameaças de habitat), que
ainda decorre. André, enquanto desenvolvia os seus trabalhos
de campo, montava armadilhas para mamíferos, escutava aves
e identificava morcegos, contou 121 espécies de cogumelos.
Eduardo Batista aprofunda agora este trabalho, sob orientação
de Rosa Pinho, responsável pelo Herbário da UA, e Anabela
Martins, investigadora do Instituto Politécnico de Bragança.
A grande diversidade de cogumelos não é estranha
à variedade de espécies arbóreas e é apenas um
aspeto da notável biodiversidade do Buçaco, assinalada
na tese doutoramento de Milene Matos, hoje investigadora
da Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia
da UA e responsável pelo Serviço Educativo da Mata. A tese
da investigadora tornou evidente a interessante biodiversidade
da Mata Nacional do Buçaco, quando comparada com os
ecossistemas circundantes e fez luz sobre a, até então, pouco
conhecida fauna da zona. “Já cá ando há dez anos e continuo a
descobrir coisas novas!”, exclama, surpreendida com os curiosos
“chapéus” observados por Eduardo Batista.
Sabiamente, os Carmelitas Descalços, ao pretenderem reproduzir
neste seu “deserto”- nome muitas vezes atribuído aos espaços
de reclusão Carmelitas - o que conheciam em Jerusalém, foram
plantando, mas mantiveram zonas da floresta original, com
carvalhos, azereiros e loureiros e outras em que domina o aderno.
A espécie disponível que mais se aproximava do cedro-do-Líbano
em Jerusalém era o chamado cedro-do-Buçaco que veio de
conventos em Espanha. Estranho? Não, porque a designação foi
erroneamente atribuída por um botânico que visitou o Buçaco,
talvez já demasiado deslumbrado pela beleza da paisagem.
Com enorme tristeza, os investigadores e todos aqueles de
frequentam e que zelam por este espaço, como é o caso de
jardineiros – a trabalharem na Mata ao abrigo de um protocolo
com o Estabelecimento Prisional de Coimbra – receiam que
o cedro-do Buçaco mais antigo de Portugal, o “cedro de S.
José”, plantado em 1644, agonize após o corte de um dos dois
ramos provocado pela queda de outro cedro devido ao ciclone
de janeiro. O arboreto, que ocupa cerca de 80 por cento da
Mata, para além destes gigantes com “pés de barro”, ou seja,
com raízes relativamente superficiais para a dimensão que
atingem, inclui outras espécies com origem nos quatro cantos
do mundo. Um exemplar de eucalipto, Eucaliptus regnans, de
74 metros, é a árvore mais alta da Mata.
Relíquia de aderno a conservar
A chamada floresta relíquia ocupa apenas uma pequena – mas
fundamental para a conservação da natureza – fração no extremo
sudoeste da mata, albergando três habitats diferentes: o carvalhal
de carvalho-alvarinho e carvalho-negral, o loureiral, dominado pelo
loureiro, com presença frequente do medronheiro, folhado e do
azevinho, e um outro conjunto vegetal dominado pelos adernos de
porte arbóreo. Os investigadores da UA defendem que este último
habitat é um subtipo de mato termomediterrânico pré-desértico
não previsto no Anexo 1 da Diretiva Habitats e que deve ser
incluído neste documento orientador da conservação da natureza
na Europa. Rosa Pinho, responsável pelo Herbário da UA, explica
que, ao contrário do subtipo de habitat já previsto na Diretiva em
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linhas dez 2013
que domina o medronho, no “adernal” é o aderno que domina,
algo que se verifica apenas em certas zonas (mais pequenas) da
Serra da Arrábida.
A diversidade da Mata providencia alimento, abrigo e refúgio
para mais de centena e meia de espécies de vertebrados,
entre as quais, algumas de grande valor para a conservação
da natureza, como endemismos ibéricos (espécies exclusivas
da Península) ou espécies protegidas. O bom tempo atrai
diversos répteis, como o lagarto-de-água, endémico, ou
a cobra-de-escada e um olhar atento às linhas de água
permitirá identificar anfíbios tão distintos como a salamandra-
-lusitânica e o tritão-de-ventre-laranja, dois sensíveis
endemismos. O crepúsculo pode revelar morcegos, como o
raro morcego-de-ferradura-mediterrânico, ou o musaranho-
-de-água, recentemente observados pela primeira vez na
Mata. Nos cursos de água os investigadores já registaram a
presença do bordalo, um pequeno peixe em risco de extinção
e endémico da Península Ibérica.
No decurso de um projeto de investigação desenvolvido por
alunos de licenciatura da UA – Tatiana Pinhal, Ricardo Mocito,
Cátia Paredes, Sofia Jervis – e uma aluna de mestrado (Daniela
Maia) tem vindo a ser registada a ocorrência de centenas
de espécies de insetos e aranhas, algumas nunca antes
associadas ao Buçaco.
Esta “obra de arte total” (designa o IGESPAR), que inclui
também o Palace Hotel, bem no centro do Buçaco, peça
notável do chamado estilo neomanuelino do início do século
XIX, não está livre de ameaças. Para além do rasto de
destruição deixado pelo ciclone Gong, ainda visível em vários
locais, nomeadamente em capelas, não obstante o trabalho
já feito pelas equipas da Mata e por voluntários, as espécies
invasoras espreitam permanentemente. É o caso da acácia,
da falsa-árvore-do-incenso e do louro-cerejo, nas árvores,
e da tradescância, ou erva-da-fortuna, no coberto vegetal
mais rasteiro. O louro-cerejo não é considerado uma invasora
noutros locais, mas, no Buçaco, tem comportamento de
invasora, afirma Rosa Pinho.
Controlar invasoras, reflorestar e reconstruir
As equipas da Mata têm vindo a trabalhar no sentido de
controlar as invasoras, no âmbito do projeto BRIGHT, usando
métodos mecânicos (arranque manual ou descasque), métodos
químicos (aplicação de herbicidas) ou ainda uma combinação
de ambos, dependendo da zona e das condições. Neste
sentido, decorre um estudo pelas investigadoras da UA, Sónia
Guerra, Lísia Lopes e Rosa Pinho, sobre o controlo de invasoras
e o potencial de regeneração da Mata. Em certas zonas, o
terreno foi marcado em quadrados de 1 e de 100 metros. No
primeiro caso, foi limpo de herbáceas invasoras e, no segundo,
as árvores invasoras (acácias, sobretudo) foram descascadas
para morrerem, em certos locais sem recurso a químicos que
poderiam influenciar a regeneração da vegetação autóctone.
Decorre ainda um outro trabalho de investigação, de Lúcia
Pereira, Milene Matos, Ana Vasques e Paula Maia, sobre a
germinação de sementes e desenvolvimento das plantas
(sobretudo, invasoras) propagadas pelas fezes dos mamíferos
(raposa e fuinha). Faz-se o acompanhamento da germinação
das sementes do desenvolvimento das plantas, em estufins.
Suspeita-se que as fezes facilitem a germinação de certas
sementes, como é o caso das de louro-cerejo e que este facto
está relacionado com o comportamento do louro-cerejo, como
invasor, no Buçaco.
Trabalho de campo de Eduardo Batista e medronheiro (à direita)
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45 investigação
O Buçaco tem vindo a servir também como palco privilegiado
para a aplicação de outros saberes da UA e não apenas na
área da Biologia. A parceria com a UA começou, em 2002,
com o Buçaco ainda sob tutela da Direção-Geral dos Recursos
Florestais e por impulso de Carlos Fonseca, professor e
responsável pela Unidade de Vida Selvagem, coordenador
do projeto BRIGHT na UA e membro do Conselho Geral da
Fundação Mata do Buçaco (FMB). A equipa da Estrutura
de Projeto de Arquitetura e Desenvolvimento Físico da UA
(EPARQ), coordenada pelo arquiteto Joaquim Oliveira, tem
em curso um projeto para recuperação do edificado da Mata,
nomeadamente, do convento, capelas, ermidas de habitação,
incluindo ordenamento do trânsito e estacionamento, em
articulação com a Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva
que define as metodologias de intervenção na área da
conservação e restauro. Numa primeira fase, o projeto permitiu
a recuperação de estufas e a reabilitação da casa das Portas
de Coimbra. A extinta Fundação João Jacinto de Magalhães,
entidade da esfera da UA, definira toda a linha gráfica da FMB.
UA é parceira fundamental no trabalho desenvolvido
Há também duas dissertações de mestrado em curso, sob
orientação de Ana Velosa, professora do Departamento de
Engenharia Civil, relacionadas com as construções do Buçaco:
uma sobre o tipo de material usado na construção das antigas
capelas e no convento e a argamassa mais adequada numa
eventual intervenção e ainda outra sobre avaliação de risco nas
antigas capelas da Via Sacra, designadamente, associado à
vegetação mais próxima, à humidade e à água capilar. Com o
trabalho final de curso em Arquitetura na Escola Universitária
das Artes de Coimbra (ARCA), intitulado Reabilitação do
Património Arquitetónico da Via Sacra, Ana Carina Gomes, já
então colaboradora da EPARQ, venceu o Prémio Conservação
e Restauro do Património Arquitetónico, promovido pela
Teixeira Duarte.
Na tentativa de acelerar a recuperação da mata, Nelson
Matos, ex-aluno de Planeamento Regional e Urbano na UA
e coordenador operacional do projeto BRIGHT, sugeriu
ajudar à reflorestação através de um sítio na Internet em
desenvolvimento com apoio do Laboratório SAPO da UA e
da Fundação PT. O protótipo surgiu no âmbito das aulas da
disciplina de Laboratórios Multimédia 4 do curso de Novas
Tecnologias da Comunicação (Departamento de Comunicação
e Arte), sob orientação do docente Carlos Santos, e permite
tarefas como comprar plantas e fazer donativos, saber o local
da árvore e onde está, fazer uma dedicatória. Terá também uma
aplicação para comunicações móveis e deverá estar disponível,
para o público, até ao segundo trimestre de 2014.
A Mata tem vindo a ser palco de um programa de educação
ambiental e educação para a sustentabilidade com atividades
regulares, promovidas pelo Serviço Educativo da Fundação
Mata do Buçaco e em que participa o Departamento de
Biologia da UA, através da sua investigadora de pós-
-doutoramento, Milene Matos. O projeto “Duendes na Mata”
surge neste âmbito.
O presidente da FMB, António Jorge Franco, sublinha que
a parceria com a UA tem sido “fundamental desde que a
Fundação Mata do Buçaco foi constituída em 2009”, quer
quanto ao estudo da biodiversidade, do património construído
e da recuperação de todo o património da Mata, “um apoio
extraordinário, sem o qual o sucesso alcançado não seria
possível”. O Buçaco passou a ser, desde o início de outubro,
a primeira mata nacional a receber o certificado de gestão
florestal, implementando os requisitos do Forest Stewardship
Council – FSC®, com apoio da empresa Unimadeiras. A
Fundação Mata do Buçaco considera que o trabalho realizado
pelo Departamento de Biologia da UA, desde há uma década, e
a informação científica reunida a partir desse trabalho, terá tido
“importância fundamental para a certificação da Mata como
Floresta de Alto Valor de Conservação”.
O Palace Hotel e o convento são dois dos ex-líbris do Buçaco
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linhas dez 2013
Geologia médica, um novo “filão” nas GeociênciasA saúde também brota das entranhas dos Açores
As argilas e as areias usadas para aplicação direta sobre o
corpo com o objetivo de prevenir e tratar diversos problemas
de saúde, ou a água mineral usada sob diversas formas, são
apenas alguns exemplos de utilizações dos recursos naturais
da Terra na saúde humana com origens que se perdem no
tempo. No entanto, a investigação e o uso médico dos recursos
geológicos no âmbito de uma área científica emergente
designada geologia médica ou geomedicina é algo de bastante
mais recente, sobretudo em Portugal.
Pode considerar-se que, em muitos destes casos, a ciência veio
séculos depois do conhecimento empírico e popular, tendo em
conta que há registos históricos e arqueológicos de aplicações
ainda antes da romanização e que o estudo científico e
sistemático nestas áreas – e noutras - começou a ser mais
comum a partir do século XIX. Foi nesse período, por exemplo,
que se construíram balneários termais em vários pontos do
país. “Aquilo que se pode classificar como a era moderna
da Geologia Médica, e em que começa a fazer sentido falar,
efetivamente, de Geologia Médica, tem início no século XIX. Isto
ocorre numa altura em que se começa finalmente a perceber
que existem certos elementos inorgânicos que, em pequenas
quantidades, são fundamentais para a saúde humana, mas
cuja dosagem excessiva desses mesmos elementos pode ser
altamente prejudicial. O iodo foi uma das primeiras substâncias
inorgânicas para a qual se estabeleceu este tipo de elo”,
escreve Nuno Pinto, na dissertação de mestrado “Tradução
de um glossário de Geologia Médica“ (2010), sob orientação
científica de Maria Teresa Roberto, Professora Auxiliar do
Departamento de Línguas e Culturas da UA, e de Eduardo Silva,
Professor Catedrático do Departamento de Geociências da UA.
No Porto Santo alguns desses recursos, caso da areia
especial (carbonatada biogénica) da tão conhecida praia, da
argila bentonitica, da água do mar e da água de nascente
da Fontinha, foram objeto de uso tradicional, mas empírico,
ao longo de muitos anos, com reconhecidos benefícios
na terapêutica de certas afeções de saúde. O trabalho
conduzido pelos investigadores da unidade de investigação
Geobiociências, Geotecnologias e Geoengenharias
(GeoBioTec), sedeada no Departamento de Geociências a partir
desse conhecimento tradicional e popular abriu a porta a um
conjunto de outros projetos, nesta área, com enfoque em Porto
Santo, na Madeira, mas também no arquipélago dos Açores.
Quando se diz que o Eldorado está agora nos fundos marinhos,
vê-se apenas uma parte da questão. As entranhas da Terra
continuam a surpreender. Os romanos já sabiam. O pioneirismo
da Universidade de Aveiro na área da Geologia Médica deu
frutos na forma de sabonetes esfoliantes que se assemelham
a calhaus rolados das praias dos Açores, e pode vir a dar géis
dermoterapêuticos com inhame e cremes hidratantes com lamas
das Caldeiras da Ribeira Grande.
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47 investigação
Estes recursos começaram a ser estudados dos pontos de
vista técnico, científico e clínico, em 1995, por uma equipa
multidisciplinar, para o seu aproveitamento e aplicação local
em Clínicas de Geomedicina, em Centros de Talassoterapia
e em SPA, com coordenação dos investigadores Celso de
Sousa Figueiredo Gomes e João Baptista Pereira Silva.
A partir de 2006, com outros investigadores da GeoBioTec e
também do Centro de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade
de Farmácia da Universidade do Porto, trabalharam em
formulações de dermofármacos e dermocosméticos,
tendo por base areia carbonatada biogénica, argila do tipo
bentonite, água do mar e água de nascente do Porto Santo.
Posteriormente, foram construídas duas clínicas na ilha que
aplicam os produtos desenvolvidos.
Produtos diferenciados com origem “Açores”
Nos Açores, a parceria do GeoBioTec/Faculdade de Farmácia da
U.Porto (FFUP) e, mais recentemente, com o Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar, financiada pelo INOVA-Instituto de
Inovação Tecnológica dos Açores, e no âmbito do projeto
Termaz (Programa Pró-Convergência), desenvolve-se em três
frentes. Uma delas é o uso da pedra-pomes como esfoliante em
sabonetes, outra é a aplicação da seiva do caule e da folha do
inhame, cultivado em larga escala no arquipélago, na cicatrização
de feridas, e ainda uma outra relacionada com a aplicação
de lamas termais para tratamento da psoríase e de doenças
osteoarticulares, por exemplo. O objetivo é criar produtos com
aplicação dermoterapêutica e em dermocosmética, diferenciados
e com marca e identidade Açores.
Os estudos envolveram técnicas analíticas para comprovar o
uso clínico da aplicação tradicional e, no caso do sabonete
esfoliante que está mais avançado e prestes a entrar no
mercado, envolveu teste em cerca de 300 voluntários e
pacientes. Para além do uso dermocosmético, os estudos
concluíram que os pacientes com a pele bem esfoliada e
preparada (sem sujidade, células mortas,…) reagiam melhor à
eficácia dos tratamentos naturais (peloterapia, arenoterapia,
talassoterapia), afirma o investigador João Baptista Silva, dado
que a esfoliação também contribuiu para uma melhor eficácia
na absorção dos medicamentos utilizados em adesivos ou
pensos transdérmicos (anti tabagismo, anti concepcional, anti
inflamatório, entre outros).
Como produto final, os sabonetes que resultaram desta
investigação tomando a forma e a cor de calhaus rolados
das praias dos Açores e exalando fragâncias de aerossóis
marinhos, apresentam-se sob vários graus de esfoliação, ou
de abrasividade. Numa das formulações entra a pedra-pomes,
de abrasividade forte a moderada, para uso da remoção das
calosidades da planta dos pés e da palma das mãos, noutra
entram as areias carbonatadas de Porto Santo, de grau
moderado a suave para serem utilizadas no corpo e no rosto,
e numa terceira entram as micas da região de Aveiro, para o
rosto. Os três tipos de recurso geológico (geomateriais) existem
em grande quantidades na natureza e, mesmo no caso em que
as quantidades em meio natural são menores, relativamente
falando, como a pedra-pomes, as questões de sustentabilidade
estão salvaguardas, considera Fernando Tavares Rocha,
professor e diretor da unidade de investigação GeoBioTec:
“Qualquer que seja a formulação, estes recursos nunca entram
em mais de 10 por cento em cada sabonete”.
João Baptista Silva testa geomateriais em sabonetes esfoliantes
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linhas dez 2013
No caso concreto da pedra-pomes, antes extraída na Graciosa e
S. Miguel, para além do uso direto como esfoliante, era sobretudo
usada como componente do cimento na construção civil.
A aplicação que foi possível com esta investigação, à indústria
química e à dermocosmética, proveniente agora da saibreira
do Pisão, explorada pela Cimpor/Secil, no sítio de Água d`Alto,
também em S. Miguel, representa um acréscimo de centenas de
vezes na valorização do produto, assinala João Baptista Silva. Ou
seja, também por esta via o caminho é a sustentabilidade no uso
destes recursos, salienta.
Lamas termais em cremes
“As principais aplicações da argila/lamas em Peloterapia têm
lugar sob a forma de aplicações diretas no tratamento de
afeções da pele, tais como, psoríase (Trespolli et al., 1996),
seborreia (Torresani, 1990, in Gomes, 2002) e acne ou sob a
forma de cataplasmas no tratamento de afeções reumáticas
(Messini, 1960), antropatias, e em processos pós-traumáticos
e luxações (Letizia, 1975, in Gomes, 2002)”, escreve Denise
Lara Terroso na dissertação “Argilas/ Lamas e Águas Termais
das Furnas (Açores): Avaliação das Propriedades Físicas
e Químicas relevantes para a utilização em Peloterapia”,
apresentada à UA, sob a orientação de Fernando Tavares
Rocha e de Eduardo Silva. Nesse sentido, estuda-se a
aplicação em cremes das lamas termais, nomeadamente as
do antigo Balneário da Coroa, em S. Miguel, criado no início
do século XIX, lamas essas que eram aplicadas tal qual com
fins terapêuticos.
Para melhorar ainda as propriedades terapêuticas, consideram-se
formulações com percentagem de seiva retirada do caule do
inhame, cultivado em grandes áreas na freguesia das Furnas na
ilha de S. Miguel. A seiva do caule é tradicionalmente usada na
cicatrização de feridas, por exemplo, nas patas do gado após a
mordedura pelos cães pastores (cão de fila de São Miguel),
e a folha do inhame é utilizada para embrulhar o queijo fresco
e o requeijão e evitar que azedem durante três a cinco dias.
Neste caso, a investigação, com a colaboração da FFUP e do
laboratório associado REQUIMTE (Universidade do Porto),
incidiu sobre várias partes/componentes da planta do inhame
em diferentes estádios vegetativos, da qual existem cinco
variedades, entre cultivos de água quente, água fria e sequeiro.
A planta nunca foi objeto de fertilização artificial.
Foram identificados 32 compostos fenólicos não conhecidos
antes nesta planta. O trabalho deu origem a artigos em
publicações de grande impacto, como a Elsevier e o Jornal
Americano de Agricultura.
No caso dos sabonetes esfoliantes com pedra pomes, já
surgiram três empresas interessadas em comercializar, tendo
uma delas mostrado a intenção de colocar o produto numa loja
de referência do circuito internacional, em Londres.
Na Madeira e nos Açores começa, assim, a juntar-se a
dimensão do turismo de saúde às dimensões de turismo
de natureza e a outras já conhecidas nas ilhas. O trabalho
realizado no Porto Santo deu origem a várias publicações, com
particular destaque para o livro lançado na UA, em 2012: «Ilha
do Porto Santo: Estância Singular de Saúde Natural / Porto
Santo Island: Unique Natural Health Resort», de Celso Gomes
e João Baptista Silva. Este último investigador é também autor
de um conjunto de trabalhos de divulgação técnica, científica
e pedagógica, nomeadamente duas séries de documentários
televisivos exibidas pela RTP (“O tempo escrito nas rochas”,
em 2007, e “Pedras que Falam”, em 2012) nas áreas das
geociências e da geoengenharia do arquipélago da Madeira.
Aplicação de lamas termais e plantação de inhame (à direita)
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A Universidade de Aveiro possui, desde o início de novembro, um
novo serviço, totalmente gratuito, que ajuda os cidadãos a gerir
dívidas e a prevenir o seu incumprimento. O Gabinete Extrajudicial
de Apoio ao Consumidor Endividado (GEACE), funciona no Campus
Universitário, três dias por semana, mediante marcação prévia.
A crise e a austeridade continuam a deixar marcas nas carteiras
dos portugueses. Créditos acumulados, a súbita redução do
orçamento familiar ou o aumento das despesas de casa são
fatores que podem contribuir para o endividamento. Consumidores
em situação de risco ou cidadãos que precisem de ajuda para gerir
as suas finanças podem contar agora com um serviço de apoio.
O Gabinete recentemente criado integra a Rede de Apoio ao
Consumidor Endividado, um consórcio nacional, composto
por 17 entidades devidamente reconhecidas, e que vão apoiar
clientes bancários com dificuldades no cumprimento de
contratos de crédito. O seu trabalho é informar, aconselhar
e acompanhar esses clientes em risco de incumprimento ou
que já tenham prestações de crédito em atraso.
Uma das funções do GEACE – UA é a de informar os clientes
bancários sobre os seus direitos e deveres, em caso de risco
de incumprimento de contratos de crédito, no âmbito do
Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações
de Incumprimento e do regime extraordinário de proteção de
devedores em situação económica muito difícil.
Quem recorrer ao Gabinete poderá obter, também, ajuda
na avaliação da sua capacidade de endividamento. Ou seja,
a equipa de aconselhamento está apta a apoiar um cliente
bancário na análise das propostas, apresentadas pelas
instituições de crédito, e na adequação de tais propostas
à situação financeira, objetivos e necessidades. Um cliente
bancário em dificuldades pode também fazer-se acompanhar
por representantes do GEACE – UA se necessitar de negociar
(com as instituições de crédito) as propostas apresentadas.
“Com a criação deste gabinete, os cidadãos da região de Aveiro
sabem que têm um sítio onde se dirigir, que lhes presta todo
COMO FUNCIONA
O atendimento realiza-se às segundas, quartas e sextas, das 17h00
às 20h00. Fora deste horário as chamadas serão gravadas e, caso
os interessados deixem os seus contatos, serão contactados
posteriormente. O GEACE-UA está instalado no Campus
Universitário de Santiago, na Zona Técnica e Comercial.
O gabinete também pode ser contactado por e-mail (geace@
ua.pt) e por telefone (234 247154). Para ser acompanhado, cada
consumidor tem de preencher um formulário com as informações
sobre os vários empréstimos e dívidas que possui. O apoio é
dirigido a toda a população e pode prolongar-se durante o tempo
que for necessário, consoante cada situação.
o apoio sem sobrecarregar o seu orçamento familiar, e isso é
extremamente importante. Temos o apoio do Banco de Portugal
e da Direção Geral do Consumidor e gostaríamos de não ter
muitas solicitações, o que significaria que as pessoas não teriam
problemas financeiros”, afirmou Clara Magalhães, docente da
UAe coordenadora do GEACE.
“Ficamos muitos satisfeitos pelo facto de a UA ter sido convidada
a integrar esta rede”, salientou a responsável, que reconhece
no convite o apreço pelo “vasto trabalho que a UA tem feito na
divulgação da literacia financeira, concretizada através do Projeto
Matemática-Ensino (PmatE), do projeto europeu Dolceta (cuja
coordenação esteve a cargo de Clara Magalhães) e das várias
iniciativas promovidas pelo Departamento de Economia, Gestão e
Engenharia Industrial e pelo Instituto Superior de Contabilidade e
Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA)”.
O GEACE – UA é composto por uma equipa de cerca de
15 membros da comunidade académica, entre docentes,
investigadores, alunos de pós-graduação e funcionários da UA.
Este novo serviço foi apresentado no ISCA-UA, a 31 de outubro,
data em que se assinalou o dia mundial da poupança e da
formação financeira. O gabinete é apoiado pelo Banco de Portugal
e pela Direção Geral do Consumidor.
Consumidor endividado conta com gabinete de apoio na UA
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linhas dez 2013
Stanley, Nigéria
“As pessoas têm ideias estereotipadas sobre o ensino na Grã
Bretanha e nos EUA… Não conhecem Portugal nem o ensino
praticado aqui. É um país que tem evoluído muito nesta área!”
UA: um campus MulticulturalUm passeio pelo campus da
Universidade de Aveiro revela
uma grande diversidade de caras,
roupas, estilos… de pessoas.
A UA está cada vez mais internacional,
com alunos e investigadores oriundos
dos “quatro cantos do mundo”. Vêm
de paragens mais “próximas”, como
o Brasil, Moçambique, Cabo Verde
ou Timor Leste, mas também mais
longínquas, como a Índia, Bangladeche,
Irão, Paquistão ou Nigéria. São inúmeras
as origens daqueles que estão
ou já passaram pela UA nos últimos
40 anos, fazendo deste um campus
verdadeiramente multicultural.
Anahita Malek, iraniana, já percorreu
boa parte do mundo e ainda não vai
ficar por aqui. Está em Aveiro a fazer um
pós-doutoramento em Turismo, depois
do doutoramento feito na Malásia, onde
viveu seis anos. Ali Zadeh, estudante do
Programa Doutoral em Engenharia de
Materiais, e a esposa, Pegah Mirzadeh,
aluna do Programa Doutoral em
Engenharia Física, estão em Aveiro há
dois anos.
Os três apresentam-se fisicamente
muito longe dos estereótipos em relação
aos muçulmanos: Ali não tem bigode
e Pegah e Anahita não usam véu,
pelo menos em Aveiro. Explicam que
o véu é árabe e eles são persas, mas
reconhecem que quando regressam
“a casa” usam-no.
Gostam muito de estar em Aveiro, do
campus, das pessoas. Só não gostam
muito do clima… “Hoje está muito frio”,
diz Ali. “No Irão podemos ir ao norte e
ter chuva, neve nas montanhas e muito
calor no sul. Mas aqui temos muito
vento!”, lamenta Anahita. “Com o vento
não se vê ninguém na rua. No Irão há
sempre muita gente na rua, mesmo com
neve”, acrescenta Pegah.
Frequentam aulas de português
mas preferem falar em inglês para
comunicarem. Como fazem para ir
ao supermercado? Ou para ler
as placas nas ruas? “Estamos a
aprender, mas a língua é muito difícil”,
afirma Anahita. “E a maior parte das
pessoas fala inglês, pelo menos na
Universidade”, sublinham.
O mesmo não pode dizer Stanley
Ofoegbu, nigeriano, que chegou
à UA em 2008 com uma bolsa de
estudos para o mestrado Erasmus
Mundus em Ciência e Engenharia de
Pegah, Irão
“Aqui os professores são muito mais próximos
dos alunos, preocupam-se muito connosco”
Reda, Egito
“O Departamento de Química faz um trabalho
reconhecido e os professores estão sempre
dispostos a ajudar os alunos!”
Materiais. Passou por outros países,
mas regressou para um doutoramento
na mesma área. A família juntou-se a
ele no início de 2013: a mulher, a tirar
um doutoramento no Departamento
de Biologia, e dois filhos, um menino
de sete anos e uma menina de seis. E
é através dos filhos que é "obrigado"
a falar português: “A minha filha já
fala muito bem, melhor do que eu!
Surpreende-me vê-la a comunicar com
as pessoas! O menino teve um pouco
mais de dificuldades, uma vez que está a
aprender a escrever e a ler numa língua
que não é a sua. Com os trabalhos
de casa, por vezes vamos ao Google
traduzir certas frases!”
Mohamed Karmaoui, da Argélia, também
já está em Aveiro há vários anos, desde
2006, e é um “homem do mundo”: saiu do
seu país para estudar em França e depois
foi para a Alemanha tirar um mestrado.
Fez o doutoramento em Química na UA
e agora está num pós-doutoramento.
Assim, a língua de Camões já não lhe é
completamente estranha.
O que ainda não conseguiu “entranhar”
é a burocracia: “Por exemplo, para
tratar da renovação da autorização de
residência tenho de apresentar muitos
![Page 51: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/51.jpg)
51 ensino
mais papéis do que noutros países! Mas
não é algo problemático, aprende-se a
viver com isso”, explica. Reda Ahmed,
do Egito, aluno do Programa Doutoral
em Química, diz mesmo que essa é “a
única queixa” que tem.
Os dois estão sozinhos em Aveiro:
Mohamed ainda espera encontrar uma
namorada portuguesa. Reda deixou a
mulher e uma filha no Cairo.
Sozinhos, como matam as saudades
de casa? Passeiam com os amigos
portugueses, celebram as datas especiais
com colegas do mesmo país ou religião e
vão passar férias a casa quando possível.
Reda vê filmes egípcios.
Outra forma de diminuir a distância
é através da gastronomia. Anahita,
Pegah, Ali, Mohamed e Reda vão
ao Porto, sempre que podem, a um
talho muçulmano. Mas os restantes
ingredientes encontram-nos facilmente
em Aveiro. Os amigos portugueses
pedem para fazer pratos típicos dos
seus países e eles aprendem também a
confecionar alguns portugueses. De entre
os preferidos destaca-se o bacalhau, o
cozido à portuguesa e a francesinha.
Reda não conhecia ninguém em Aveiro
nem nunca tinha vindo a Portugal,
mas escolheu a UA pela “qualidade da
educação, pelo clima e pelo Departamento
de Química, que faz um trabalho
reconhecido a nível internacional”, frisa.
“Os professores estão sempre dispostos
ajudar-nos. E a diversidade de culturas
na universidade é enorme! Isso também
facilitou a integração”.
A indiana Sasmita Mohanti veio para
a UA com o marido, que está a tirar
um doutoramento no Departamento
de Eletrónica, Telecomunicações e
Informática. Fez cá um mestrado e
agora é aluna do Programa Doutoral
em Marketing e Estratégia. Tem
amigos indianos que já cá tinham
estudado; sabia que as instalações
e a investigação eram boas e que a
universidade tem prestígio. Por isso,
escolheu a UA. “Esta Universidade dá
oportunidades a todos os estudantes
independentemente das suas origens,
religião ou cultura”, destaca.
Quando as saudades de casa apertam,
Sasmita concentra-se nos estudos e
aproveita as férias para passear com
amigos e o marido: “Às vezes tenho
saudades de casa. Mas se focarmos a
nossa atenção nos estudos e passarmos
uns bons momentos livres, supera-se bem”.
Apesar de estar longe de casa, consegue
celebrar as “suas” datas especiais,
juntamente com outros indianos. Organizam
festivais na universidade, em casa de
colegas ou em espaços livres da cidade.
Anahita, Irão
“As pessoas em Portugal de início são um
pouco fechadas, mas depois são muito mais
simpáticas do que noutros países Europeus!”
Sasmita, Índia
“Esta universidade dá oportunidades a todos
os estudantes independentemente das origens
dos alunos e da sua religião ou cultura.”
Ali, Irão
“Portugal tem os melhores vinhos
que já provei!”
Todos são unânimes em afirmar que os
portugueses são muito simpáticos, o que
facilita a integração e o desejo de muitos
em continuarem cá. “Nestes quase três
anos aqui, aprendi uma coisa: se queres
ser feliz, começa a relacionar-te com as
pessoas, a conhecê-las. Inicialmente
era muito reservado. Mais tarde, fiz bons
amigos. Isso fez-me mais feliz e tornou
a minha adaptação muito mais fácil”, diz
Reda. Porque a amizade não conhece
línguas nem etnias.
A UA abriu-lhes as portas. Eles serão
embaixadores desta casa pelo mundo fora…
Mohamed, Argélia
“Sou Portista há 25 anos, ainda antes de
vir para cá, desde o tempo em que Madjer
jogou no Futebol Clube do Porto!”
No presente ano letivo 2013/2014, a UA
integra estudantes, docentes, não docentes
e investigadores de 77 nacionalidades:
Afeganistão, Alemanha, Angola, Argélia,
Argentina, Áustria, Bangladesh, Bélgica, Brasil,
Botswana, Bósnia e Herzegovina, Bielorrússia,
Bulgária, Cabo Verde, Camarões, Canadá,
China, Chile, Chade, Cazaquistão, Colômbia,
Croácia, Cuba, Egito, Equador, Eslováquia,
Eslovénia, Espanha, EUA, Estónia, Etiópia,
Finlândia, França, Grécia, Guiné Bissau,
Holanda, Ilhas Virgens Britânicas, Índia, Irão,
Iraque, Irlanda, Itália, Japão, Jordânia, Letónia,
Líbia, Lituânia, Luxemburgo, Marrocos,
México, Moçambique, Nepal, Níger, Nigéria,
Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Polónia,
Reino Unido, República Checa, República
da Moldávia, Roménia, Rússia, São Tomé
e Príncipe, Sérvia, Sudão, Suécia, Suíça,
Tanzânia, Timor-Leste, Trinidad e Tobago,
Tunísia, Turquia, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.
![Page 52: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/52.jpg)
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ESAN
Uma escola para o futuro
A Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro
Norte (ESAN) da Universidade de Aveiro conta com novas instalações
no Parque do Cercal - Campus para a Inovação, Competitividade
e Empreendedorismo Qualificado, em Oliveira de Azeméis.
Inaugurado a 16 de dezembro de 2013, este edifício é
unanimemente classificado como criativo, original, inovador
invulgar em termos arquitectónicos.
O novo imóvel tem 180 metros de comprimento e o formato de
uma ponte suspensa, uma vez que pousa sob os dois extremos
do terreno, respeitando a topografia do espaço. Com uma área
de implantação e área bruta de construção de 4206.00 m2, o
edifício conta com laboratórios, oficinas, um auditório, biblioteca,
salas de aula, salas de formação, salas de reuniões, bar e
gabinetes de docentes.
A acessibilidade ao interior do imóvel é feita pelos dois extremos
(os pontos de contacto com o solo), e através de três caixas de
escadas que vêm do edifício até ao terreno.
No interior existe uma série de gabinetes associados a um
corredor, de modo criar uma zona mais reservada ao bulício da
vida deste equipamento, sendo esta zona quase de uso exclusivo
dos professores. O outro eixo de circulação faz a distribuição
para as salas de aulas e para os laboratórios, albergando os
maiores fluxos diários de circulação, que são dos alunos.
Estas duas circulações cruzam-se apenas nas zonas em
que foram introduzidos equipamentos de uso coletivo,
nomeadamente caixas de escadas e instalações sanitárias.
Nas extremidades do imóvel localizam-se os espaços sociais,
bar, auditório e biblioteca.
O edifício é inovador também ao nível da eficiência energética,
pois recorre à energia geotérmica (captada no solo) e à biotermia
para o aquecimento.
As novas instalações da ESAN resultam da assinatura, em
setembro de 2009, de um protocolo entre a autarquia de
Oliveira de Azeméis e a UA. O projeto de arquitetura é da
![Page 53: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/53.jpg)
53 campus exemplar
responsabilidade de Joaquim de Oliveira
(Estrutura de Projeto de Arquitetura e
Desenvolvimento Físico da UA).
Atualmente a ESAN desenvolve atividade
nas áreas do design e desenvolvimento
de produto, da organização industrial,
das tecnologias e sistemas da produção
e das tecnologias e sistemas de
informação e comunicação, quer através
de oferta de ensino de nível superior,quer
através de oferta de ensino e formação
pós-secundária de natureza técnica e
profissionalizante.
O edifício da ESAN está integrado
no Parque do Cercal - Campus
para a Inovação, Competitividade e
Empreendedorismo Qualificado, um
projeto da Câmara Municipal de Oliveira
de Azeméis que, além da componente
de ensino, envolve valências como
investigação e desenvolvimento
tecnológico, apoio à incubação
de novas empresas, estímulo ao
empreendedorismo, promoção do
emprego qualificado e apoio ao tecido
económico local e regional.
![Page 54: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/54.jpg)
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Atento à sua função de preservar e divulgar o património da
UA, o Núcleo de Museologia da Universidade promove, através
desta pequena mostra, o conhecimento de uma parte das
coleções museológicas da Universidade, abarcando as áreas
de cerâmica, gravura, música e vidro.
Distribuídas por quatro espaços do Campus Universitário (Sala
de Exposições Hélène de Beauvoir da Biblioteca, Galeria de
Exposições da Livraria, Átrio da Reitoria e Espaço Museológico
da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro), alguns dos artefactos
incorporam o conjunto de mais de 10 mil objetos museológicos
doados à UA, particularmente nestes dez últimos anos. São
peças, raras algumas, a maioria das quais nunca antes exposta
publicamente. Grande parte delas data dos séculos XIX e XX,
mas é possível encontrar, igualmente, exemplares que recuam
ao século XV e, mais curioso ainda, a períodos pré-históricos e
geograficamente ligados ao campus da UA e que, pela primeira
vez, se trazem a público.
Com inauguração agendada para o dia do 40º Aniversário
da UA, a exposição “O Museu da UA … uma coleção em
crescimento” reúne trabalhos inéditos Almada Negreiros,
Cruzeiro Seixas, Manuel Cargaleiro e Julião Sarmento, entre
muitos outros artistas consagrados, que construíram a
história das artes em Portugal, nos últimos séculos. No acervo
selecionado cabem obras obtidas por via de aquisições e de
doações de artistas e colecionadores.
Para conhecer estes “tesouros” basta passar pelos espaços
identificados, de segunda a sábado, das 9h00 às 18h00, até 31
de janeiro de 2014.
Cerâmicas, gravuras, vidros, discos e instrumentos musicais
formam uma coleção em crescimento
Tesouros desconhecidos do Museu
da UA mostram-se ao públicoSão quatro décadas de história, mas também de dinâmica e de sensibilidade cultural que se espraiam em quatro
espaços da Universidade de Aveiro. Os tesouros escondidos no Museu da UA assumem a forma de cerâmicas,
gravuras, vidros, discos e instrumentos musicais e revelam-se ao público, a partir de 16 de dezembro, formando
uma “coleção em crescimento”. Fazê-la expandir-se é, também, difundir o património desta instituição que, desde
há 40 anos, faz da riqueza do passado a matéria-prima para a construção do futuro.
![Page 55: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/55.jpg)
55 cultural
A coleção de cerâmica
contemporânea
Foi constituída a partir da doação de
Francisco Madeira Luís, o colecionador
que entregou à UA grande parte das suas
coleções. É composta por cerca de três
mil objetos e comporta, essencialmente,
cerâmica de equipamento: loiças para
refeições, armazenamento de alimentos,
higiene e peças decorativas. Existem
também alguns objetos de cerâmica de
revestimento e moldes.
As peças foram fabricadas entre os
séculos XIX e XX, tendo sido recolhidas
pelo doador na década de 70. São, na
sua maioria, portuguesas e provenientes
de várias unidades industriais do país,
sendo que, grande parte destas já não
se encontra em funcionamento. Marcam
uma época de forte tradição de fabrico
cerâmico influenciado por técnicas,
estilos e motivos estrangeiros.
Serão expostos exemplares de diversas
fábricas já extintas, com destaque para
a Fábrica de Loiça de Sacavém, com
grande representatividade na coleção, a
Fábrica Lusitânia (unidade de Coimbra),
a Fábrica do Desterro (Lisboa), a
Fábrica de Massarelos (Porto), a de São
Roque (Aveiro) e a Fábrica de Louça de
Alcântara, que estão representadas com
louças para refeições, bebidas, peças de
higiene e decorativas.
A mostra vai integrar, ainda, peças de
outras unidades industriais em atividade,
como é o caso da Fábrica da Vista
Alegre (Ílhavo), de grande valor histórico
nacional e internacional, e a Fábrica Aleluia
(Aveiro), reconhecida essencialmente pela
azulejaria tradicional e outros revestimentos
cerâmicos. Mas haverá, também, um
conjunto de peças sem marcação que se
destacam pelo seu curioso aspeto utilitário
e histórico, como é o caso da bacia de
barba e da faiança ratinha.
A coleção de gravuras
Até 1956, não havia em Portugal
quem produzisse gravuras, nem quem
ensinasse o seu ofício. A Gravura -
Sociedade Cooperativa de Gravadores
Portugueses (SCGP) é fundada em
Lisboa, nesse mesmo ano, tendo
como pano de fundo contributos de
artistas como, entre outros, Vieira da
Silva, Almada Negreiros e Júlio Pomar,
e os apoios da Fundação Calouste
Gulbenkian. O seu exercício tornou-se
numa das mais fecundas e determinantes
experiências artísticas da cultura plástica
portuguesa do século XX.
Com mais de 1400 associados - entre os
quais o colecionador e sócio fundador
Francisco Madeira Luís - a SCGP
contribuiu para lecionar cursos práticos
de gravura onde se abordaram técnicas
novas como a xilogravura, a linogravura,
a litogravura, ou a talhe-doce. Exposições
em Paris, Madrid, Rio de Janeiro,
Nápoles, Buenos Aires, Tóquio, Barcelona
decorreram, então, com a participação
de obras produzidas pelos gravadores
da SCGP. Entre 1956 e 2004, ano
marcado pelo encerramento da SCGP,
foram criados cerca de 640 exemplares
únicos, que marcaram a produção de
arte moderna em Portugal. Desse raro
conjunto, 257 integram agora o acervo
da UA, graças à doação que Francisco
Madeira Luís fez, em 2012, à academia.
Almada Negreiros, João Abel Manta,
Maria Gabriel, Júlio Pomar, José de
Guimarães, Cruzeiro Seixas ou Emília
Nadal são alguns dos nomes sonantes,
de um período neorrealista e modernista
de produção artística, associados às
obras que se expõem.
A coleção de vidros
Doada à UA em 2001, a “coleção de vidros
Madeira Luís” é constituída por mais de
três mil exemplares de vidro vulgar, de
fabrico português e, na sua maior parte, de
natureza utilitária. A coleção contém ainda
algumas peças de luxo. O âmbito temporal
abrange a segunda metade do séc. XIX e
a primeira do séc. XX havendo, no entanto,
alguns objetos dos finais do séc. XVIII e
princípios do século seguinte, assim como
outros posteriores a 1950.
Trata-se de uma mostra de vidros de uso
quotidiano, a maior parte fabricada em
Portugal, embora haja algumas peças
reconhecidamente estrangeiras.
Na coleção encontram-se objetos tão
variados como garrafas de bebidas,
garrafas e frascos de comércio
farmacêutico, perfumes e cosméticos,
frascos e boiões de alimentos conservados
e temperos, salvas de pé, galheteiros ou
até bebedouros para pássaros que, já no
séc. XVIII, saíram da Real Fábrica de Vidros
da Marinha Grande.
Existem também exemplares associados
a hábitos sociais relativamente recentes,
como é o caso do consumo de ginjinha,
popularizada nos meados do séc. XIX,
ou a ingestão de porções calculadas,
mediante o uso de copos graduados,
em estâncias termais.
cultural55
![Page 56: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/56.jpg)
linhas dez 2013
Esta coleção é formada por peças
obtidas pelo método de sopragem
livre, sopragem em moldes e peças
prensadas.
A coleção de Discos Goma-laca
José Moças
Esta vasta coleção de discos Goma-laca
78rpm de música portuguesa foi doada
pelo colecionador José Moças, proprietário
da editora Tradisom. É constituída por
cerca de seis mil discos, na sua maioria
gravações de fado. Predominam também,
entre outros registos, temas de música
tradicional portuguesa, música para
teatro de revista, monólogos, gravações
referentes à implantação da República em
Portugal ou ópera.
Os discos mais antigos desta
coleção datam de 1900. São quatro
discos gravados no Porto, quando
os funcionários de Émile Berliner
promoviam o Gramofone na Europa.
Apesar dos exemplares a expor terem
sido todos gravados em Portugal,
nomeadamente no Porto e em Lisboa,
outros há, que foram gravados em
cidades como Londres, Paris, Berlim,
Rio de Janeiro ou Nova Iorque.
Temas como o Fado Hylario ou Oh Júlia,
ambos de 1900, ou gravações retiradas,
por exemplo da revista Ahi… Pá, fazem
parte da nossa história. Estes registos
são fruto e imagem sonora duma época,
o findar do século XIX e a entrada no
século XX, um período de revoluções
tecnológicas, ideológicas e politicas.
Um outro exemplo que estará patente
nesta mostra é a gravação Comício
Republicano n’aldeia, de 1908, onde é
notória a agitação popular desses tempos.
A coleção de instrumentos musicais
Os sete instrumentos musicais incluídos
nesta exposição, construídos em madeiras
nobres, testemunham a mestria do seu
construtor, o “violeiro” Joaquim Domingos
Capela, ao longo de várias décadas.
Desta coleção pessoal, da qual fazem
parte 135 instrumentos, o artesão
doou mais de duas dezenas à Coleção
Museológica da UA. Outros artefactos
foram igualmente doados, quer a museus
internacionais quer a museus nacionais,
tais como o Royal Academy of Music
de Londres, o Stradivari Museum, em
Cremona, e o Museu da Música, em
Lisboa, entre outros. Destaca-se a oferta
pessoal a Amália Rodrigues, em 1986, de
uma guitarra portuguesa.
Nesta mostra pode ser apreciada uma
cópia do violino gravado “Greffuhle” de
1709; uma viola do período romântico,
de 1820, original de Grobert; e uma viola
de amor, inspirada na do violeiro Johann
Ulrich Eberle, de 1739. Além destes, a
mostra integra ainda uma bandola, um
bandolim napolitano (modelo português),
um alaúde e, curiosamente, o primeiro
violino (tamanho ¼), que Joaquim
Domingos Capela construiu com apenas
nove anos de idade, uma pequena
relíquia que juntou aos instrumentos
que doou à UA.
![Page 57: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/57.jpg)
57 cultural
ACONTECEU NA UA
Eventos passados de destaque
FESTIVAIS DE OUTONO 2013:
DO ERUDITO AO JAZZ SEM
ESQUECER AS CRIANÇAS
A diversidade e a qualidade reforçou-se na
edição de 2013 dos Festivais de Outono
(FO), de 18 de outubro a 22 de novembro,
iniciativa anual da Universidade de Aveiro.
Procurando servir a região e o país com
uma oferta musical e cultural para gostos
distintos, da edição deste ano dos FO
constaram a música clássica, o jazz,
espetáculos que cruzam música e teatro
e criações especialmente dirigidas às
crianças, eventos em formato de concerto
sinfónico, de recital (música de câmara ou
a solo) e outros pensados para músicos
e investigadores, como conferências e
masterclasses. Estas foram orientadas
por referências dos panoramas musicais
nacional e internacional.
O programa para 2013 reforçou a
“intenção das edições mais recentes de
providenciar espaço de palco para artistas
portugueses de alto valor”, caraterizou
António Chagas Rosa, professor do
Departamento de Comunicação e Arte
(DeCA) e programador dos Festivais.
MINISTROS DE PORTUGAL E
BRASIL NA UA PARA IMPULSIONAR
AQUACULTURA E PARCERIAS DO MAR
As novas oportunidades para investir
na aquacultura e o longo caminho
que há para percorrer nesta área
dominaram o seminário “Aquacultura
e Pescas, Oportunidades de Negócio,
Portugal-Brasil”, dia 25 de novembro,
com a presença de governantes,
nomeadamente os dois ministros
de Portugal e Brasil que tutelam o
setor, para além de entidades oficiais,
investigadores e empresários. A ministra
Assunção Cristas, recordou à assistência
brasileira a porta de entrada, que
Portugal pode vir a constituir, para um
mercado de 500 milhões de habitantes.
A governante referiu as novas
condições existentes para apoio ao
investimento, nomeadamente a recém
reprogramação do PROMAR para
projetos de aquacultura, às quais
não será estranha a entrada de 13
projetos com investimento previsto
de 18 milhões de euros, entre 24 de
agosto e 30 de setembro, no Algarve.
Por outro lado, está em discussão, na
Assembleia da República, a proposta
de Lei de Bases do Ordenamento
Marítimo que, se aprovada, enquadrará
a concessão de zonas para aquacultura
com licenciamento preparado e
UA CRIA GRUPO DE TRABALHO PARA
AJUDAR NA GESTÃO DA RIA DE AVEIRO
Chama-se Grupo uariadeaveiro e
pretende mobilizar o conhecimento
produzido sobre a Ria de Aveiro na
Universidade para facilitar o diálogo com
os parceiros da região e ajudar na gestão
deste grande conjunto de ecossistemas
que se estende por cerca de 45
quilómetros paralelamente ao mar.
Teresa Fidélis, professora do
Departamento de Ambiente e
Ordenamento e coordenadora, espera
que o Grupo, com a evolução do
trabalho, possa vir a contribuir para a
gestão da Ria e a disponibilizar um site
com “o mais importante acervo sobre a
Ria de Aveiro no país”.
O Grupo uariadeaveiro está a promover,
em conjunto com o Cine Clube de Avanca
e o Teatro Aveirense, um ciclo de cinema
com sessões acompanhadas de debate
e obras todas elas filmadas na Ria, de
autores portugueses. O Grupo promove
ainda o ciclo de conversas “Quintas da
Ria”, em colaboração com a Fábrica
Centro Ciência Viva de Aveiro, como
o objetivo de incentivar a partilha de
conhecimentos sobre a Ria de Aveiro e,
em conjunto com a sociedade, contribuir
para a construção de valores e a proteção
e valorização.
57 aconteceu na ua
![Page 58: Linhas 20](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022050822/568c380e1a28ab02359daf25/html5/thumbnails/58.jpg)
linhas dez 2013
questões ambientais incorporadas, ou
seja, oportunidades “chave na mão”.
Perspetivam-se, na sequência deste
encontro, parcerias que envolvem,
entre outras vertentes, tecnologia de
ponta usada por empresas da região
de Aveiro no setor da aquacultura e
pescas e também novos investimentos
para a região. No caso concreto da UA,
espera-se o reforço do trabalho em
rede, afirmou Amadeu Soares, diretor
do Departamento de Biologia da UA
e organizador, pela UA, do encontro,
e ainda o incremento da colaboração
já existente ao nível da formação,
investigação e ligação às empresas,
que incluem, por exemplo, a aplicação
de “know how” da UA no estudo do
cultivo de espécies brasileiras ainda não
usadas em aquacultura, de espécies
ornamentais e de iscos vivos.
aprendizagem, sempre em contacto com
a ciência que por cá se faz. No total,
contaram-se cerca de 90 atividades
e quase 400 sessões, abrangendo
inúmeras áreas do saber.
Pela primeira vez, o Departamento
de Economia, Gestão e Engenharia
Industrial propôs atividades:
“Economicando”, um jogo on line
sobre economia, e ainda uma reflexão
promovida pela equipa do projeto
GenTour sobre se “Poderá a igualdade
de género impulsionar a criação de
formas inovadoras de crescimento
económico no setor do turismo?”.
CICLO “HAVÍAMOS DE FALAR DISSO”
JUNTA CIENTISTAS, ARTISTAS
E PENSADORES PORTUGUESES
O Centro de Investigação em Materiais
Cerâmicos e Compósitos (Laboratório
Associado da Universidade de Aveiro)
e a Fábrica Centro Ciência Viva de
Aveiro recebe alguns dos mais notáveis
cientistas, artistas e pensadores
portugueses para conversas mensais
sobre diferentes áreas do saber, sob o
título “Havíamos de falar disso…”.
Dirigidas aos públicos jovem e
adulto, as conversas têm entrada
livre e integram o programa das
comemorações dos 40 anos da UA.
A moderação das conversas é feita
por Nuno Camarneiro, investigador no
CICECO e Prémio Leya 2012.
As conversas decorrem no Teatro
Aveirense, no inicio de cada mês.
Os temas em destaque , entre janeiro
e abril são: tempo, Deus, medo, sexo
e morte.
ISCA-UA ASSINALOU 42 ANOS
COM SEMANA REPLETA
DE ATIVIDADES
O programa de comemorações do 42º
aniversário e Dia do Instituto Superior de
Contabilidade e Administração (ISCA-UA)
arrancou a 19 de outubro, com a sessão
de homenagem ao falecido professor
Domingos Cravo e prolongou-se por
uma semana.
Realizou-se ainda, neste âmbito, a
2ª edição do Scientia, o seminário
de investigação que contou com a
apresentação de trabalhos de alguns
professores do ISCA-UA, assim como
com a especial participação de Marta
Guerreiro, do Instituto Politécnico de
Viana do Castelo. O dia seguinte esteve
reservado para as escolas secundárias.
Na quarta-feira as línguas tomaram
conta do Instituto. A 24 de outubro
teve lugar o momento de convívio
da AEISCAA, com o tradicional “porco
no espeto”. A festa teve início às 19h00,
no jardim do ISCA-UA. Sexta-feira,
25 de outubro, foi um dia de reflexão
partilhada entre professores, estudantes
e investigadores. Esteve patente,
paralelamente, na Biblioteca do
ISCA-UA, a exposição fotográfica
“Lost”, da autoria de João Batista.
linhas set 2013
SEMANA ABERTA DA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DA UA PROPÕE QUASE
90 ATIVIDADES E 400 SESSÕES
A Semana Aberta da Ciência e
Tecnologia da Universidade de Aveiro
decorreu de 18 a 22 de novembro,
com atividades para todos os gostos.
Departamentos e escolas politécnicas
da UA abriram as portas a escolas e
famílias para momentos de diversão e
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linhas dez 2013