Linha-Guia_ Hipertensao, Diabetes, Doenca Renal

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    ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO

    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA,DIABETES MELLITUS E

    DOENÇA RENAL CRÔNICA 

    SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS

    Belo Horizonte, 2013

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     ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO

    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA,DIABETES MELLITUS E

    DOENÇA RENAL CRÔNICA 

     3ª edição atualizada

    SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS

    Belo Horizonte, 2013

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    Governador do Estado de Minas GeraisAntonio Augusto Junho Anastasia

     Vice-Governador do Estado de Minas GeraisAlberto Pinto Coelho

    Secretário de Estado de Saúde de Minas GeraisAntônio Jorge de Souza Marques

    Secretário Adjunto em SaúdeFrancisco Antônio Tavares Junior

    Chefia de gabineteMarta de Sousa Lima

    Subsecretário de Vigilância e Promoção à Saúde

    Carlos Alberto Pereira GomesSubsecretário de Políticas e Ações em SaúdeMaurício Rodrigues Botelho

    Subsecretário de Inovação e logística em SaúdeJoão Luiz Soares

    Subsecretária de Regulação em saúdeMaria Letícia Duarte Campos

    Subsecretário de gestão regionalGilberto José Rezende dos Santos

     Assessora de Comunicação SocialGisele Maria Bicalho Resende

    Produção, distribuição e informações: Secretaria de Estado de Saúde de Minas GeraisCidade Administrativa: Rodovia Américo Gianetti, s/nº – Bairro Serra Verde –Belo Horizonte-MG – CEP: 31.630-900

    Telefone: (31) 3915-9889E-mail: [email protected]  [email protected]: www.saude.mg.gov.br

    Projeto gráfico e produção gráficaAUTÊNTICA EDITORA

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    AUTORES

     AUTORES

    Adriana Lúcia Meireles

    Ailton Cezário Alves JúniorArise Garcia de Siqueira Galil

    Carla Márcia Moreira Lanna

    Fernanda Santos Pereira

    Fernando Barros Reis

    Gustavo de Araújo Porto Landsberg

    Leandro Dias de Godoy Maia

    Leonardo Pinho Ribeiro

    Lidiane Gonçalves dos Santos

    Liziane Silva

    Luiza Lisboa

    Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge

    Márcia Braz Rossetti

    Marcus Gomes Bastos

    Mônica Barros Costa

    Paulo Leão Andrade

    Ricardo Alexandre de Souza

    Rodrigo Pastor Alves Pereira

    Rogério Baumgratz de Paula

    COLABORADORES

    Eugênio Vilaça MendesFlávia Gomes de Carvalho

    Jordana Costa Lima

    Josiane Batista da Silva

    Luciana Alves

    Marco Antônio Bragança Matos

    Maria Emi Shimazak

    Robespierre Queiroz da Costa Ribeiro

    Ruth Borges Dias

    Thaís Abreu Maia

    REVISORES

    Ailton Cezário Alves Júnior

    Fabrício Henrique dos Santos Simões

    Fernanda Santos Pereira

    Karen Brock Ramalho

    Karina Xavier Rocha de Oliveira

    Lidiane Gonçalves dos Santos

    Luiza Lisboa

    Marcus Gomes Bastos

    Maria Luiza Mendonça Pereira JorgePaulo Leão Andrade

    Rodrigo Pastor Alves Pereira

    Thiago Henrique Pereira Nunes

    Vanessa Malheiros Dodd Garcia

    ILUSTRADOR 

    Rafael Sete (Secretaria de Estado de Saúdede Minas Gerais)

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    SUMÁRIO

    Lista de acrônimos e siglas ............................................9

    Lista de figuras, fluxogramas, gráficos, tabelas equadros .....................................................................13

    Apresentação .............................................................19

    Introdução: abordagem das condições crônicasde saúde na população geral .......................................21

    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ....23

    1.1. Conceito e epidemiologia .....................................25

    1.2. Fatores de risco para a hipertensão arterial

    sistêmica ...................................................................251.2.1. Genéticos ....................................................25

    1.2.2. Idade ...........................................................25

    1.2.3. Gênero e etnia .............................................25

    1.2.4. Sobrepeso e obesidade .................................25

    1.2.5. Ingestão de sal .............................................26

    1.2.6. Uso excessivo de álcool ................................27

    1.2.7. Sedentarismo ...............................................27

    1.2.8. Fatores socioeconômicos ..............................27

    1.3. Rastreamento, diagnóstico e classificação ..............271.3.1. Rastreamento ...............................................27

    1.3.2. Diagnóstico .................................................31

    1.3.3. Classificação ................................................36

    1.4. Avaliação clínica inicial e estratificação de riscocardiovascular ............................................................37

    1.4.1. Avaliação clínica inicial .................................37

    1.4.2. Estratificação de risco cardiovascular .............41

    1.5. Tratamento não medicamentoso, abordagem

    multiprofissional e prevenção primária .........................481.5.1. Tratamento não medicamentoso ....................48

    1.5.2. Abordagem multiprofissional .........................52

    1.5.3. Prevenção primária ......................................53

    1.6. Tratamento medicamentoso (níveis 3, 4 e 5 deintervenção) ...............................................................53

    1.6.1. A abordagem terapêutica do hipertenso .........54

    1.6.2. Tratamento da hipertensão em situaçõesespeciais ...............................................................63

    1.7. Hipertensão arterial secundária .............................67

    1.8. Urgências e emergências hipertensivas ..................72

    1.8.1 Abordagem clínica .........................................73

    1.8.2 Princípios gerais para o tratamento ................73

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    1.9. Complicações crônicas da hipertensão arterial

    sistêmica (lesões em órgãos-alvo) .................................75

    1.9.1. Hipertrofia ventricular esquerda .....................75

    1.9.2. Doença arterial coronariana ..........................76

    1.9.3. Insuficiência cardíaca ....................................771.9.4. Doença vascular periférica ............................79

    1.9.5. Nefropatia hipertensiva .................................82

    1.9.6. Ataque isquêmico transitório e acidente

    vascular cerebral ....................................................83

    1.9.7. Retinopatia hipertensiva ................................86

    Referências ................................................................87

    SEÇÃO 2: DIABETES MELLITUS ..............................95

    2.1. Conceito e epidemiologia .....................................97

    2.2. Classificação .......................................................98

    2.2.1 Diabetes mellitus tipo 1 .................................99

    2.2.2 Diabetes mellitus tipo 2 .................................99

    2.2.3 Diabetes gestacional ....................................100

    2.3. Fatores de risco e prevenção ..............................100

    2.3.1. Fatores de risco ..........................................100

    2.3.2. Prevenção ................................................. 101

    2.4. Rastreamento e diagnóstico ................................102

    2.4.1. Rastreamento .............................................102

    2.4.2. Diagnóstico ...............................................104

    2.5. Avaliação clínica inicial ......................................106

    2.5.1. História clínica ...........................................106

    2.5.2. Exame físico .............................................. 107

    2.5.3. Avaliação laboratorial .................................108

    2.6. Rastreamento e acompanhamento de lesões

    de órgão-alvo ...........................................................1092.6.1. Complicações macrovasculares ....................109

    2.6.2. Complicações microvasculares .................... 114

    2.6.3. Neuropatia diabética ................................... 118

    2.6.4. Pé diabético ...............................................121

    2.7. Tratamento ........................................................128

    2.7.1. Tratamento não medicamentoso ..................128

    2.7.2. Tratamento medicamentoso ........................136

    2.8. Complicações agudas ........................................157

    2.8.1. Crises hiperglicêmicas ................................157

    Referências ..............................................................160

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    SEÇÃO 3: DOENÇA RENAL CRÔNICA ...................165

    3.1. Definição e epidemiologia .................................. 167

    3.2. Prevenção da doença renal crônica nos usuários

    hipertensos e diabéticos ............................................ 167

    3.3. Diagnóstico da doença renal crônica ...................1683.4. Estadiamento da doença renal crônica ................. 170

    3.5. Encaminhamento do usuário com doença renal

    crônica para acompanhamento nefrológico conjunto ... 171

    Referências .............................................................. 172

    Anexos .................................................................... 173

    SEÇÃO 4: A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ..... 179

    4.1. A estratificação de risco para a organização da

    assistência ............................................................... 1814.2. Atenção primária à saúde ..................................183

    4.2.1. Competências da atenção primária à saúde ..183

    4.2.2. A atenção programada na atenção primária

    à saúde ...............................................................188

    4.3. Atenção secundária à saúde ...............................192

    4.3.1. Parâmetros de assistência na atenção

    secundária à saúde ...............................................193

    4.3.2. Critérios de encaminhamento de hipertensos,

    diabéticos e usuários com doença renal crônica para

    atendimento especializado na rede da Secretaria de

    Estado de Saúde de Minas Gerais ..........................195

    4.4. O Contrato Organizativo da Ação Pública da

    saúde (COAP) e os sistemas de informação gerencial ...196

    4.4.1. O Contrato Organizativo da Ação Pública

    da saúde (COAP) .................................................196

    4.4.2. Os sistemas de informação em saúde

    relacionados ao controle da hipertensão arterial

    sistêmica e da diabetes mellitus .............................196

    4.5. Principais indicadores de monitoramento da

    qualidade de atenção aos hipertensos e aos diabéticos

    e respectivas metas ..................................................197

    Referências ..............................................................200

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    LISTA DE ACRÔNIMOS E SIGLAS

    LISTA DE ACRÔNIMOS E SIGLAS

    aa - Artérias AACE - Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos ACC - Antagonistas dos canais de cálcio ADA  - American Diabetes Association AIT - Acidente isquêmico transitório Alb - Albumina AMPA  - Automedida da pressão arterial APS - Atenção primária à saúde ASS - Atenção secundária à saúde

     AVC - Acidente vascular cerebralB3 - Terceira bulhaBRA  - Bloqueadores dos receptores de angiotensinaCA - Circunferência abdominalCAD - Cetoacidoce diabéticaCG - Cockcroft e GaultCH - Crises hipertensivasCHDM - Centro Hiperdia Minas

    CHO - CarboidratoCKD-EPI - Chronic Kidney Disease Epidemiology CollaborationCOAP  - Contrato Organizativo da Ação Pública da saúdeCOX-1 - Inibidores da ciclooxigenase 1COX-2 - inibidores da ciclooxigenase 2CPK  - CreatinofosfoquinaseCr  - CreatininaDAC - Doença arterial coronarianaDAP  - Doença arterial periféricaDAOMI - Doença arterial obstrutiva de membro inferiorDASH - Dietary Approaches to Stop HypertensionDCV  - Doença cardiovascularDIMED - Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de MedicamentosDM - Diabetes mellitusDM1 - Diabetes mellitus tipo 1DM2 - Diabetes mellitus tipo 2DRC - Doença renal crônica

    DVP  - Doença vascular periféricaEAS - Elementos anormais e sedimentoECA  - Enzima conversora da angiotensina

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICALINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    ECG - EletrocardiogramaEH - Emergências hipertensivasEHH - Estado hiperglicêmico hiperosmolar

    EUA  - Estados Unidos da AméricaFGe - Filtração glomerularGGT - Gama glutamil transpeptidaseGIP  - Gastric inibitory polypeptide GLP-1 - Glucagon-like peptide-1GME - Glicemia média estimadaHAR  - Hipertensão arterial resistenteHAS - Hipertensão arterial sistêmicaHAS-M - Hipertensão arterial sistêmica mascarada

    HAS-AB - Hipertensão arterial sistêmica do avental brancoHAS-S - Hipertensão arterial sistêmica secundáriaHbA1c - Hemoglobina glicada (Glycated haemoglobin)HDL - Colesterol (High density lipoprotein)HVE - Hipertrofia ventricular esquerdaIAM - Infarto agudo do miocárdioIBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIC - Insuficiência cardíaca

    ICC - Insuficiência cardíaca congestivaICFEP  - Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservadaIECA  - Inibidores da enzima de conversão da angiotensinaIM - IntramuscularIMC - Índice de massa corporalITB - Índice tornozelo braçoIV  - IntravenosaKDIGO - Kidney Disease Improving Global OutcomesHb - HemoglobinaLDL  - Colesterol (Low density lipoprotein)LSD - Dietilamida ácido lisérgico (Lyserg Säure Diethylamid)MACC - Modelo de Atenção às Condições CrônicasMAPA  - Monitorização ambulatorial da pressão arterialMDRD - Modification of Diet in Renal Diseases MDI - Múltiplas doses diáriasMMII - Membros inferioresMMSS - Membros superiores

    MODY  - Maturity onset diabetes of the young.MRPA  - Monitorização residencial da pressão arterialNaCl - Cloreto de sódio

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    NCEP  - National Cholesterol Education ProgramNCEP  - ATP III - National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III NGSP  - National Glycohemoglobin Standardization Program 

    NPH - Neutral Protamine de HagedornOMS - Organização Mundial de SaúdePA  - Pressão arterialPAD - Pressão arterial diastólicaPAM - Pressão arterial médiaPAS - Pressão arterial sistólicaPNSSD – Polineuropatia Sensitiva Simétrica DistalPSPP  - Perda da sensibilidade protetora plantarPTH - Paratormônio

    RCV  - Risco cardiovascularRENAME - Relação Nacional dos Medicamentos EssenciaisSBD - Sociedade Brasileira de DiabetesSC - SubcutâneaSES/MG - Secretaria de Estado de Saúde de Minas GeraisSIAB - Sistema de Informação da Atenção BásicaSIGAF - Sistema Integrado de Gerenciamento de Assistência FarmacêuticaSIS-HIPERDIA  - Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus

    da Atenção Básica.SM - Síndrome metabólicaSRAA  - Sistema renina angiotensina aldosteronaSUS - Sistema Único de SaúdeT4 - TetraiodotiroxinaTFG - Taxa de filtração glomerularTG - TriglicéridesTGO - Transaminase glutâmico oxalacéticaTGP  - Transaminase glutâmico pirúvicaTOTG - Teste oral de tolerância à glicoseTRS - Terapia renal substitutivaTSH - Hormônio tireoestimulanteUA/UC - Relação albumina/creatinina em amostra isolada de urinaUBS - Unidade básica de saúdeUH - Urgências hipertensivasUI - Unidade internacionalUSG - Ultrassonografia

     VET - Valor energético total VIGITEL  - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas porInquérito Telefônico

    LISTA DE ACRÔNIMOS E SIGLAS

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    LISTA DE FIGURAS, GRÁFICO, TABELAS E QUADROS

    LISTA DE FIGURAS, FLUXOGRAMAS,

    GRÁFICO, TABELAS E QUADROS

    FIGURAS

    FIG. 1. Modelo de atenção às condições crônicas

    FIG. 2. Medida da circunferência abdominal

    FIG. 3. Medidas para o índice tornozelo-braço

    FIG. 4. Acantose nigricans

    FIG. 5. Uso do monofilamento de 10 g

    FIG. 6. Pirâmide alimentarFIG. 7. Algoritmo terapêutico do diabetes mellitus tipo 2

    FIG. 8. Perfil de ação das preparações insulínicas

    FIG. 9. Insulinização oportuna no diabetes mellitus tipo 2

    FIG. 10. Áreas de aplicação de insulina

    FIG. 11. Técnica de aplicação de insulina etapa 1

    FIG. 12. Técnica de aplicação de insulina etapa 2

    FIG. 13. Técnica de aplicação de insulina etapa 3

    FLUXOGRAMAS

    1a. Abordagem terapêutica inicial do indivíduo com hipertensão arterial estágio 1

    1b. Abordagem terapêutica medicamentosa inicial do indivíduo com hipertensão arterial

    estágios 2 e 3

    2. Abordagem do hipertenso com hipertrofia ventricular esquerda, em nível da atenção

    primária à saúde, segundo a SES/MG

    3. Diagnóstico de diabetes na ausência de glicemia casual igual ou superior a 200 mg/dL,acompanhada de sintomas clássicos

    4. Diagnóstico de nefropatia diabética de acordo com a presença de proteinúria

    5. Insulinização ao deitar

    6. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na taxa de filtração glomerular

    7. Rastreio e diagnóstico da doença renal crônica baseado na lesão do parênquima renal

    GRÁFICO

    1. Gráfico de desenvolvimento para cálculo do percentil de altura: A, meninas, e B,

    meninos.

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    TABELAS

    1. Tabela 1. Nomograma para estimativa da taxa de filtração glomerular em mulheres

    2. Tabela 2. Nomograma para estimativa da taxa filtração glomerular para homens

    QUADROS

    1. Fontes alimentares de maior teor de sódio

    2. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial para

    meninas de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura

    3. Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial para

    meninos de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura

    4. Condições nas quais crianças menores de 3 anos de idade devem ter a medida da pressãoarterial aferida

    5. Procedimentos recomendados para a medida da pressão arterial

    6. Dimensão da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e

    adultos

    7. Características comparativas do efeito do avental branco, hipertensão do avental branco,

    hipertensão mascarada e outras condições

    8. Outros métodos diagnósticos e de acompanhamento para a hipertensão arterial sistêmica

    9. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório em

    maiores de 18 anos

    10. Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes e sugestões de conduta,

    segundo a sua classificação

    11. Evidências de lesões em órgãos-alvo em hipertensos

    12. Dados de história clínica e comentários relevantes na avaliação de hipertensos

    13. Dados de exame físico e comentários relevantes na avaliação de hipertensos

    14. Avaliação complementar inicial básica do hipertenso recomendada pela SES/MG e

    comentários relevantes

    15. Estratos e critério para a estratificação da hipertensão arterial sistêmica, segundo aSecretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

    16. Escore de Framingham revisado para homens

    17. Estimativa de risco cardiovascular para homens

    18. Escore de Framingham revisado para mulheres

    19. Estimativa de risco cardiovascular para mulheres

    20. Classificação de risco global, segundo escore de risco de Framingham revisado, com

    prevalências estimadas para Minas Gerais

    21. Como recomendar uma dieta ao estilo DASH22. Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade

    definida

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    23. Ações da equipe multiprofissional

    24. Detalhes práticos das classes de anti-hipertensivos usados no tratamento da hipertensão

    arterial sistêmica

    25a. Anti-hipertensivos comercialmente disponíveis no Brasil25b. Disponibilidade dos medicamentos anti-hipertensivos, citados nesta linha-guia, na lista

    da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas da

    Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

    26. Dados clínicos sugestivos de hipertensão arterial secundária

    27. Achados de história e de exame clínico sugestivos de causas específicas de hipertensão

    arterial sistêmica secundária e estratégias diagnósticas

    28. Principais classes de fármacos e drogas lícitas ou ilícitas indutoras de hipertensão arterial

    secundária

    29. Classificação das crises hipertensivas

    30. Abordagem das urgências hipertensivas

    31. Medicações disponíveis no Brasil para uso oral em urgências hipertensivas

    32. Estágios da insuficiência cardíaca crônica do adulto

    33. Versão em português do questionário de claudicação de Edimburgo

    34. Índice tornozelo-braço

    35. Abordagem terapêutica de usuários com doença vascular periférica

    36. Características dos subtipos de acidente vascular cerebral

    37. Estadiamento da retinopatia hipertensiva: Classificação de Keith - Wagener - Barker

    38. Classificação do diabetes mellitus

    39. Classes intermediárias no grau de tolerância à glicose

    40. Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 em adulto

    41. Fatores de risco para diabetes gestacional

    42. Critérios diagnósticos para diabetes mellitus gestacional com TOTG

    43. Dados relevantes da anamnese na avaliação clínica inicial do indivíduo diabético

    44. Exames complementares para avaliação inicial do indivíduo diabético

    45. Metas para o perfil lipídico no indivíduo diabético46. Fatores de risco para doença cardiovascular em diabéticos

    47. Classificação da retinopatia diabética

    48. Rastreamento da retinopatia diabética

    49. Estadiamento da nefropatia diabética

    50. Valores da proteinúria para o diagnóstico de nefropatia diabética

    51. Fatores de risco para úlcera de pé e amputação

    52. Avaliação dos pés

    53. Cuidados com os pés54. Classificação de risco baseada no exame dos pés

    55. Avaliação da doença arterial periférica

    LISTA DE FIGURAS, GRÁFICO, TABELAS E QUADROS

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    56. Recomendações nutricionais para indivíduos com diabetes

    57. Gorduras presentes nos alimentos

    58. Adoçantes

    59. Metas laboratoriais para o tratamento do diabetes mellitus tipo 260. Recomendações de controle glicêmico para adultos com DM, de acordo com as

    diferentes sociedades médicas.

    61. Metas de controle glicêmico em crianças e adolescentes de acordo com a faixa etária.

    62. Metas de controle glicêmico para o diabetes gestacional

    63. Metas de controle glicêmico para mulheres com diabetes que engravidaram

    64. Correlação entre as glicemias médias estimadas e a hemoglobina glicada

    65. Classes dos agentes antidiabéticos

    65a. Caracterização dos principais agentes antidiabéticos disponíveis

    65b. Disponibilidade dos antidiabéticos orais e insulinas citados nesta linha-guia na lista

    da Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais e do Programa Farmácia de Minas da

    Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

    66. Recomendações quanto ao uso da metformina segundo a filtração glomerular

    67. Características das insulinas

    68. Fracionamento das doses de insulina NPH

    69. Indicações e recomendações para uso de agulhas

    70. Orientações para associações de insulina

    71. Complicações da insulinoterapia

    72. Fatores precipitantes das crises hiperglicêmicas

    73. Critérios diagnósticos na avaliação laboratorial das crises hiperglicêmicas

    74. Tratamento das crises hiperglicêmicas

    75. Valores de albuminúria de acordo com a técnica de coleta urinária

    76. Estágios da doença renal crônica baseados na taxa de filtração glomerular e presença

    ou não de lesão do parênquima renal

    77. Doença renal crônica no hipertenso e diabético – diagnóstico, estadiamento e

    encaminhamento78. Estratificação de risco de indivíduos com hipertensão arterial sistêmica para a organização

    da rede de atenção

    79. Estratificação de risco de indivíduos com relação ao diabetes mellitus para a organização

    da rede de atenção

    80. Estratificação de risco de indivíduos com doença renal crônica para a organização da

    rede de atenção

    81. Competências da atenção primária à saúde referentes ao controle da hipertensão

    arterial sistêmica, do diabetes mellitus e da doença renal crônica, para todos os usuários ede acordo com a estratificação de risco desses indivíduos para fins da organização da rede

    de atenção

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    82. Parâmetros de prevalência total e por estrato de risco de indivíduos com hipertensão

    arterial sistêmica na atenção primária à saúde para a organização da rede de atenção

    83. Parâmetros de prevalência total e por estrato de risco de indivíduos com relação ao

    diabetes mellitus na atenção primária à saúde para a organização da rede de atenção84. Parâmetros de prevalência total e por estrato de risco de indivíduos com doença renal

    crônica na atenção primária à saúde para a organização da rede de atenção

    85. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, por

    estrato e procedimento, na atenção primária à saúde

    86. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica, por

    estrato e exame laboratorial, na atenção primária à saúde

    87. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e

    procedimento, na atenção primária à saúde

    88. Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus, por estrato e exame

    laboratorial, na atenção primária à saúde

    89. Atendimentos e exames disponíveis nos Centros Hiperdia Minas de carteira básica

    90. Atendimentos e exames/procedimentos disponíveis nos Centros Hiperdia Minas de

    carteira ampliada

    91. Parâmetros de assistência para os usuários com hipertensão arterial sistêmica e diabetes

    mellitus de alto e muito alto riscos na Atenção Secundária à Saúde da rede da Secretaria de

    Saúde de Minas Gerais

    92. Critérios de encaminhamento para os Centros Hiperdia Minas por condição de saúde

    93. Principais indicadores e metas de monitoramento da qualidade de atenção aos

    hipertensos

    94. Principais indicadores e metas de monitoramento da qualidade de atenção aos diabéticos

    LISTA DE FIGURAS, GRÁFICO, TABELAS E QUADROS

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    APRESENTAÇÃO

     APRESENTAÇÃO

    Prezados(as) leitores(as),

    É com enorme prazer e perspectivas de real colaboração para a melhoria deconhecimentos e processos que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Geraisapresenta-lhes a 3ª edição da Linha-guia de Hipertensão Arterial Sistêmica, DiabetesMellitus e Doença Renal Crônica.

    Sabe-se que o enfrentamento das condições crônicas de saúde, hoje tão prevalentes,exige a organização da assistência aos usuários em redes de atenção. 

    Por meio deste documento, a Rede Hiperdia Minas (Rede de Atenção aos

    Hipertensos, Diabéticos e Usuários com Doença Renal Crônica da Secretaria de Estadode Saúde de Minas Gerais) organiza uma perspectiva de elaboração de diretrizes clínicase operacionais com base em um modelo de atenção às condições crônicas, fortementedeterminado pelas estratificações de risco da população abordada.

    Entende-se que esta linha-guia representa uma eficiente estratégia para ocompartilhamento de seu conteúdo técnico com atores fundamentais para o controledesses fatores de risco e de doenças: os profissionais de saúde, especialmente da AtençãoPrimária, e também os gestores de saúde.

    Assim, este documento, fruto de um extenso processo interinstitucional e

    participativo de busca de consenso, apresenta informações cuja aplicação deve obedecernão somente aos princípios de ética e regulamentação profissional (os quais observamconteúdos privativos da prática médica e não médica, por exemplo), mas, acima de tudo,propiciar o cuidado oportuno, eficaz, efetivo e eficiente das necessidades em saúde dosnossos usuários.

    Uma excelente leitura e prática é o que lhes deseja a Secretaria de Estado de Saúdede Minas Gerais.

    Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes

    Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

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    INTRODUÇÃO: ABORGADEM DAS CONDIÇÕES CRÔNICAS DE SAÚDE NA POPULAÇÃO GERAL

    INTRODUÇÃO: ABORDAGEM DAS

    CONDIÇÕES CRÔNICAS DE SAÚDENA POPULAÇÃO GERAL 

    De acordo com a nova tipologia das doenças, a Organização Mundial de Saúde (OMS)classifica as condições de saúde em agudas ou crônicas. As doenças crônico-degenerativascomo a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus (DM) e a doença renalcrônica (DRC) são consideradas condições crônicas de saúde. A Secretaria Estadual de Saúdedo Estado de Minas Gerais (SES/MG) propõe a utilização de um modelo específico para aabordagem das condições crônicas de saúde na população, o qual é apresentado a seguir.¹

    Mendes (2007) desenvolveu esse modelo de atenção às condições crônicas paraser aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS) que denominou de Modelo de Atençãoàs Condições Crônicas (MACC). Esse modelo foi elaborado com base nos elementosdo modelo da Atenção Crônica da Pirâmide da Kaiser Permanente e no Modelo deDeterminação Social da Saúde de Dahlgren e Whitehead (1991) e em função dasingularidade do SUS, conforme representado na FIG. 1.¹

    FIGURA 1 – Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC)Fonte: Mendes, 2011.1

    A organização do processo de trabalho nas equipes de saúde, segundo o modelo deatenção proposto, deve comportar ações desde o nível de promoção da saúde até o nível

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    de gestão de casos. Para cada nível da pirâmide, ações diferenciadas se fazem necessárias.¹Sendo assim, é razoável entender que grande parte da população, sob os cuidados deuma equipe de saúde, encontra-se nos níveis 1 e 2 de necessidades de intervenção.¹

    As intervenções de nível 1 devem ser aplicadas na população total. Elas estãorelacionadas à macropolíticas, tais como educação, distribuição de renda, trabalho,habitação, lazer, saneamento, e, para a obtenção de resultados satisfatórios, faz-senecessário realizar parcerias intersetoriais.¹

    No nível 2, as principais ferramentas a ser utilizadas são as ações que estimulamo comportamento e o estilo de vida saudáveis tanto no âmbito individual quanto nocoletivo. É nesse nível que a atenção primária à saúde deve realizar o rastreamento dassubpopulações de pessoas tabagistas, com sobrepeso ou obesidade, de sedentários, deusuários excessivos de álcool, com alimentação inadequada, ou seja, subpopulações com

    fatores de risco para o desenvolvimento da HAS e do DM.¹No nível 3, encontram-se usuários com fatores de risco biológicos e usuários comcondições crônicas, de baixo e médio risco, os quais devem ser foco de intervenções daatenção primária à saúde, relacionadas às ações de tratamento da condição crônica e derastreamento das complicações da HAS e do DM.¹

    Nos níveis 4 e 5, as intervenções devem ser direcionadas aos usuários com condiçõescrônicas complexas e muito complexas. Esses usuários frequentemente são acometidospor complicações dessas condições, sendo necessário o manejo do caso de maneiraindividualizada e em cogestão com profissionais especialistas de áreas focais.¹

    Essa mesma FIG. 1, representativa do MACC, apresenta uma linha que perpassaos níveis 2 ao 5, a qual poderia ser identificada como linha de atenção à saúde. Aproporção do espaço à esquerda dessa linha representa a fração do cuidado em saúdeque deve ser destinada ao autocuidado do usuário, o qual atua como agente ativo nesseprocesso, apoiado pela equipe de saúde; à direita, representa a fração referente aocuidado profissional. Uma análise da figura mediante essa perspectiva permite evidenciarque, quanto maior a complexidade da condição crônica na subpopulação abordada, maisrelevante será o cuidado profissional. Por outro lado, mediante menor complexidade dacondição crônica abordada, ou mesmo mediante a abordagem de uma subpopulação com

    fator de risco, o autocuidado apoiado deverá representar a mais eficaz, efetiva e eficientefração da atenção à saúde disponibilizada. É exatamente nesse cenário que a atuação daatenção primária à saúde se fará mais pertinente.

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

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    1.1. Conceito e epidemiologia

    A HAS é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados da pressãoarterial (PA), frequentemente associada a alterações de órgãos-alvo e, por conseguinte, a

    aumento do risco de eventos cardiovasculares.²Inquéritos populacionais em cidades brasileiras apontaram prevalência de HAS em

    indivíduos com 18-59 anos de idade, entre 20% a 30%, percentual que atinge 50% nafaixa etária de 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com idade acima de 70 anos.²

    Em Minas Gerais, a SES/MG estima prevalência da HAS na ordem de 20% em suapopulação com idade igual ou superior a 20 anos.³

    1.2. Fatores de risco para a hipertensão arterial sistêmica

    A HAS é uma condição clínica decorrente de fatores genéticos, em geral associadosa alterações de estilo de vida e a fatores socioeconômicos.²

    1.2.1. Genéticos

    A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecidana população. Porém, não existem, até o momento, variantes genéticas que possam serutilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS.4

    1.2.2. Idade

    A prevalência de HAS aumenta linearmente com o envelhecimento, atingindopercentual superior a 60% em indivíduos acima de 60 anos.²

    1.2.3. Gênero e etnia

    Indivíduos do sexo masculino apresentam maior prevalência de HAS que mulheresaté os 50 anos de idade. A partir dessa faixa etária, as mulheres apresentam significativo

    incremento na prevalência de HAS.5,6,7,8  Em relação à cor, a HAS é duas vezes maisprevalente em indivíduos de cor não branca, especialmente nas mulheres.9 

    1.2.4. Sobrepeso e obesidade

    O excesso de peso e a obesidade se associam com maior prevalência de HAS desdeidades jovens.10 Nos EUA, a obesidade contribui em até 75% para os casos de HAS.11 Nopresente documento, a definição de obesidade adotará os critérios da OMS, que classificacomo indivíduos normais aqueles com índice de massa corporal (IMC) entre 20 e 24,9;

    como sobrepeso, indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 e, como obesos estágios 1,2 e 3,aqueles com IMC respectivamente iguais a 30-34,9, 35-39,9 e igual ou superior a 40.11,12 Para o cálculo do IMC, basta dividir o peso corporal pela altura elevada ao quadrado.

    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    Vale ressaltar que o termo “obesidade”, frequentemente se confunde à síndromemetabólica (SM), uma vez que as duas condições estão frequentemente associadas. Noentanto, a SM pode estar presente em indivíduos não obesos. Para o diagnóstico de SM,os critérios mais utilizados são aqueles preconizados pelo National Cholesterol EducationProgram (NCEP) Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), em concordância com os daI Diretriz Brasileira sobre Síndrome Metabólica. 12 Essa recomendação inclui pelo menostrês das seguintes alterações: glicemia de jejum > 110mg/dL; circunferência da cinturaabdominal (CA) > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres; níveis plasmáticos detriglicérides (TG) > 150mg/dL; níveis plasmáticos do colesterol HDL < 40mg/dL, emhomens e < 50mg/dL, em mulheres e pressão arterial > 130x85mmHg.11,12 Para medidada CA, utiliza-se fita métrica não distensível, posicionada no ponto médio entre o rebordocostal e a crista ilíaca, estando os indivíduos em posição ortostática, conforme FIG. 2,

    sendo medida em centímetros.12 

    FIGURA 2 – Medida da circunferência abdominal

    Embora haja controvérsias acerca da utilidade do diagnóstico da SM, vale mencionarque a presença da SM indica a agregação de fatores de risco cardiovasculares e, portanto,

    será utilizada no presente documento.11,12

    1.2.5. Ingestão de sal

    Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada ao desenvolvimento de HAS.13 Indivíduos normotensos com elevada sensibilidade à ingestão de sal apresentaram incidênciacinco vezes maior de HAS em 15 anos, quando comparados àqueles com baixa sensibilidade.

    A população brasileira apresenta padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras.Ademais, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido bem demonstrado.10,14,15 

    Portanto, recomenda-se a redução do consumo de cloreto de sódio para 5-6 g ao diacomo forma de prevenção de HAS, devendo ser consideradas para tal as principais fontesalimentares com maior teor de sódio, conforme QUADRO 1.2,16

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 1

    Fontes alimentares de maior teor de sódio

    Fontes

    • Sal de cozinha (NaCl) e temperos industrializados;

    • Alimentos industrializados (ketchup, mostarda, shoyo, caldos concentrados);

    • Embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, salame, paio);

    • Conservas (picles, azeitona, aspargo, palmito);

    • Enlatados (extrato de tomate, milho, ervilha);

    • Bacalhau, charque, carne-seca, defumados;

    • Aditivos (glutamato monossódico) utilizados em alguns condimentos e sopas de pacote;

    • Queijos em geral.

    Onde: NaCl = cloreto de sódio. Fonte: III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998.17

    1.2.6. Uso excessivo de álcool

    Ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo pode aumentar a PA ea mortalidade cardiovascular em geral.² O consumo excessivo de etanol (>30 g/dia) seassocia com a ocorrência de HAS de forma independente das características demográficas,devendo, portanto, ser desestimulado.2,18

    1.2.7. Sedentarismo

    A atividade física regular reduz a incidência de HAS, bem como a mortalidade e orisco de doenças cardiovasculares (DCV), mesmo em indivíduos pré-hipertensos. Maiordetalhamento, vide item 1.5.1 Tratamento não medicamentoso.2

    1.2.8. Fatores socioeconômicos

    A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e difícil de serestabelecida.2 No Brasil, a HAS é mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade.2

    1.3. Rastreamento, diagnóstico e classificação

    1.3.1. Rastreamento

    Rastreamento da HAS em adultos

    Para o rastreamento da HAS na população adulta, recomenda-se a medida anual da PA.²

    Rastreamento da HAS em crianças e adolescentes

    A medida da pressão arterial em crianças é recomendada em toda avaliação clínicaapós os 3 anos de idade, idade a partir da qual se deve aferir a PA pelo menos anualmente.

    As interpretações dos valores da pressão arterial obtidas em crianças e adolescentesdevem levar em conta a idade, o sexo e a altura de acordo com as orientações a seguir(QUADROS 2 e 3 e GRÁF. 1a e 1b).20,21

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 2

     Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial para

    meninas de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura

    Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Dir Bras HAS, 2006 / The FourthReport on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2005.20,21

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 3

     Valores de pressão arterial referentes aos percentis 90, 95 e 99 de pressão arterial para

    meninos de 1 a 17 anos de idade, de acordo com o percentil de estatura

    Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Dir Bras HAS, 2006 / The Fourth

    Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2005.20,21

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    GRÁFICO 1 – Gráfico de desenvolvimento para cálculo do percentil de altura: A, meninas e B, meninosFonte: V Dir Bras HAS, 2006 / The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of HighBlood Pressure in Children and Adolescents, 2005.20,21

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    1.3.2. Diagnóstico

    Diagnóstico em crianças

    Define-se HAS, nessa população, como a pressão arterial igual ou maior ao percentil95 de distribuição da pressão arterial. Crianças também apresentam hipertensão de

    consultório e efeito do avental branco (ver assunto no tópico “Diagnóstico em Idosos” e

    QUADRO 7), mas o papel da monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) é

    limitado nessa população.²

    Crianças menores de 3 anos devem ter a pressão arterial aferida em circunstâncias

    especiais, como demonstra o QUADRO 4.

    QUADRO 4Condições nas quais crianças menores de 3 anos de idade

    devem ter a medida da pressão arterial aferida

    Condição 

    • História de prematuridade, peso muito baixo ao nascer ou outras complicações neonatais

    requerendo cuidados intensivos;

    • Doença cardíaca congênita (corrigida ou não);

    • Infecção do trato urinário recorrente, hematúria ou proteinúria;

    • Doença renal conhecida ou malformações do trato urinário;

    • História familiar de doença renal congênita;

    • Transplante de órgãos-sólidos;

    • Malignidade ou transplante de medula óssea;

    • Tratamento com drogas que sabidamente aumentam a pressão arterial;

    • Outras doenças sistêmicas associadas com hipertensão (neurofibromatose, esclerose tuberosa,

    etc.);

    • Evidência de pressão intracraniana elevada.

    Fonte: The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Childrenand Adolescents, 2005.21

     Diagnóstico em adultos

    No adulto, a HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados da

    pressão arterial por medidas casuais. A medida da pressão arterial deve ser realizada em

    toda a avaliação por médicos e demais profissionais de saúde.²

    O diagnóstico de HAS é baseado na média de duas ou mais medidas aferidas emduas ou mais visitas ao consultório, respeitando-se as recomendações para a aferição da

    PA indicadas no QUADRO 5.

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 5

    Procedimentos recomendados para a medida da pressão arterial

    Preparo do usuário:

    1. Explicar o procedimento ao usuário e deixá-lo em repouso pelo menos 5 minutos em ambiente calmo.Ele deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ouapós o procedimento.

    2. Certificar-se de que o usuário NÃO:• Está com a bexiga cheia;• Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;• Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos (estes últimos em quantidades significativas);• Fumou nos 30 minutos anteriores.

    3. Posicionamento do usuário:Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira erelaxado.O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), livrede roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.

    Para a medida propriamente:

    1. Obter a circunferência aproximadamente no meio do braço. Após a medida, selecionar o manguito detamanho adequado ao braço.

    2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital.

    3. Centralizar o meio da parte compreensiva do manguito sobre a artéria braquial.

    4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu reaparecimento corresponderáà PA sistólica.

    5. Palpar a artéria branquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio semcompressão excessiva.

    6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 mmHg a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtidopela palpação.

    7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo).

    8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase 1 de Korotkoff), que é em geral fraco,seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.

    9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff).

    10. Auscultar cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimentoe depois proceder à deflação rápida e completa.

    11. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons(fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/ diastólica/ zero.

    12. Sugere-se esperar em torno de 1 minuto para nova medida, embora esse aspecto seja controverso.

    13. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o usuário.

    14. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida.

    Onde: PA = pressão arterial; mmHG = milímetro de mercúrio; cm = centímetros. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.²

    A medida da PA pode ser realizada pelo método indireto com técnica auscultatória,com uso de esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneroide devidamente calibrados,

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    ou com técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáticos digitais de braço validados,estando também calibrados. Vale ressaltar a importância de se respeitar à dimensão dascircunferências dos braços dos usuários de acordo com o diâmetro das braçadeiras dosesfigmomanômetros.² O QUADRO 6 expõe estas observações.

    QUADRO 6

    Dimensão da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos

    Denominação do

    manguito

    Circunferência do

    braço (cm)

    Bolsa de borracha (cm)

    Largura Comprimento

    Recém-nascido ≤ 10 4 8

    Criança 11-15 6 12

    Infantil 16-22 9 18Adulto pequeno 20-26 10 17

    Adulto 27-34 12 23

    Adulto grande 35-45 16 32

    Onde: cm = centímetros. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 

    Diagnóstico em idosos

    Nos idosos, recomenda-se a verificação da pressão arterial na posição sentada, deitadae em pé, já que alterações ateroscleróticas nas regiões dos seios carotídeos podem reduzir

    a sensibilidade dos barorreceptores, ocasionando maior variabilidade da pressão arterial nosidosos e redução dos reflexos posturais, o que os predispõe à hipotensão ortostática. Usode fármacos como diuréticos, antidepressivos, vasodilatadores, betabloqueadores e maiorfrequência de insuficiência vascular cerebral podem também ocasionar hipotensão ortostática.²²

    Outra condição frequentemente observada no idoso é o hiato auscultatório, situaçãoem que, após a ausculta do 1º som (fase I de Korotkoff), ocorre desaparecimento dos ruídos,que podem reaparecer somente após decréscimo de até 40 mmHg da PA. Essa situaçãopode levar à subestimação da pressão sistólica (PAS) ou à superestimação da pressãodiastólica. Deve-se considerar a pressão sistólica o valor observado no aparecimento à

    palpação do pulso radial após a desinflação do manguito.²²A pseudo-hipertensão pode surgir em idosos com arteriosclerose pronunciada

    caracterizada por calcificação da parede arterial e enrijecimento tão pronunciado dosvasos que a insuflação do manguito é insuficiente para colabar a artéria branquial. Paraidentificação desse fato, utiliza-se a manobra descrita por Osler. Essa consiste em inflaro manguito do aparelho até níveis acima da PAS e concomitantemente palpar a artériaradial. Persistência da palpabilidade sugere rigidez da artéria e indica que o índice obtidopela ausculta não expressaria a verdadeira pressão arterial sistólica, obtida por medidaintra-arterial. Esse diagnóstico também é sugerido quando a pressão arterial sistólica está

    elevada, porém o usuário não apresenta lesão em órgãos-alvos. A suspeita também deveser lembrada diante de manifestações de hipotensão, após tratamento com medicamentoanti-hipertensivo suave em dose baixa.²²

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    A hipertensão do avental branco (HAS-AB) ou de consultório é a condição em que apressão se eleva no consultório, porém se mantém normal durante as atividades rotineiras.Cerca de 30% dos idosos apresentam essa condição, que pode ser avaliada pela MAPA ou pelamonitorização residencial da pressão arterial (MRPA), conforme detalhado no QUADRO 7.²³

    Na hipertensão mascarada (HAS-M), ocorre o contrário, a pressão se mantém altanas atividades rotineiras e normal no consultório. Pode também ser avaliada pela MAPAou MRPA.22,23

    Algumas das condições citadas e outras estão comparativamente sistematizadas noquadro a seguir.

    QUADRO 7

    Características comparativas do efeito do avental branco, hipertensão

    do avental branco, hipertensão mascarada e outras condições

    Condição dapressão arterial

    DefiniçãoPrevalência (estudos

    específicos, sepertinentes)

    Efeito do aventalbranco

    Diferença de pressão obtida entre a medidaconseguida no consultório e fora dele, desde queessa diferença seja igual ou superior a 20 mmHgna PAS e/ou de 10 mmHg na PAD

    12%

    HipertensãoPAS ≥140 mmHg e/ou de PAD ≥90 mmHg emmedidas de consultório

    28%

    Normotensão

    verdadeiraMedidas de consultório são consideradas normais 51%

    Hipertensão sistólicaisolada

    Comportamento anormal da PAS com PAD. Ahipertensão sistólica isolada e a pressão de pulsosão fatores de risco importantes para doençacardiovascular em usuários de meia-idade e idosos

    Hipertensão doavental branco

    Medidas de PA persistentemente elevadas(≥140/90 mmHg) no consultório e médias de PAconsideradas normais, seja na residência seja naMAPA

    9%

    Hipertensão

    mascarada

    Situação clínica caracterizada por valores normaisde PA no consultório (< 140/90 mmHg), porém

    com PA elevada pela MAPA durante o período devigília ou na MRPA

    Desconhecida

    Onde: PAS = pressão arterial sistólica; PA = pressão arterial; PAD = pressão arterial diastólica; MRPA= monitorização residencial da pressão arterial; MAPA = Monitorização ambulatorial da pressão arterial;

    mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte:  modificado de V Diretrizes Brasileiras de MonitorizaçãoAmbulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e III Diretrizes Brasileiras de Monitorização Residencial da Pressão

    Arterial (MRPA), 2011. 23

    Diagnóstico em obesos

    Manguitos mais longos e largos são necessários em usuários obesos, para não haversuperestimação da pressão arterial. Em braços com circunferência superior a 50 cm, ondenão há manguito disponível, pode-se fazer a medida no antebraço, e o pulso auscultado

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    deve ser o radial. Há, entretanto, restrições quanto a essa prática, recomendando-se quesejam usados manguitos apropriados.²

    Diagnóstico em gestantesA pressão arterial deve ser obtida com os mesmos equipamentos e com a mesma

    técnica recomendada para adultos; entretanto, a pressão arterial também pode ser medida

    no braço esquerdo, na posição de decúbito lateral esquerdo, em repouso, e essa não deve

    diferir da posição sentada. O 5º ruído de Korotkoff deve ser considerado como a pressão

    diastólica.²

    Orientações adicionais quanto ao diagnóstico

    Na primeira avaliação, as medidas devem ser realizadas em ambos os braços e,

    em caso de diferença, deve-se usar o braço com a medida de maior valor. A posição

    recomendada para a medição da pressão arterial é a sentada. As medidas na posição

    ortostática e supina deverão ser feitas ao menos, na primeira avaliação, em todos os

    usuários e em todas as avaliações de idosos, diabéticos com manifestações de disautonomia,

    alcoolistas ou em uso de medicação anti-hipertensiva.2,23

    Novas orientações consideram a utilização da MAPA e da MRPA como ferramenta

    importante na investigação de usuários com suspeita de hipertensão. Recomenda-se,

    sempre que possível, a medida da pressão arterial fora do consultório para esclarecimento

    do diagnóstico, identificação da HAS-AB e da HAS-M.

    Embora não seja um método diagnóstico de HAS, a utilidade da MAPA deve ser

    considerada para o refinamento da classificação de risco cardiovascular, em especial em

    usuários com hipertensão arterial resistente (HAR), definida atualmente como aquela

    que se mantém elevada, apesar do uso de três classes de anti-hipertensivos em doses

    otimizadas, sendo idealmente um deles um diurético, ou aquela controlada com o uso de

    quatro ou mais drogas.24 Neste sentido, a SES/MG recomenda que em sua rede a MAPA

    seja solicitada apenas no nível secundário de atenção.

    Outros métodos diagnósticos mais recentes, como o MRPA, podem ser utilizadosna dependência de sua disponibilidade (QUADRO 8). No entanto, deve ser enfatizado

    que o diagnóstico de HAS é feito com base em medidas isoladas da PA, conforme

    tradicionalmente estabelecido.

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 8

    Outros métodos diagnósticos e de acompanhamento

    para a hipertensão arterial sistêmica

    Método Conceito Valores anormais Utilidade

    MedidaResidencialda Pressão Arterial(MRPA)

    Método destinado a fazerregistro da PA fora do ambientede consultório, pelo própriousuário ou pessoa capacitadapara tal, com equipamentovalidado e calibrado. Nãodeve ser confundida com aautomedida da PA (AMPA), queé registro não sistematizadoe realizado a pedido do

    profissional de saúde

    O protocolo mais aceitoconsidera a tomada de pelomenos duas medidas da PA, pelamanhã, antes do desjejum, e ànoite, antes do jantar, durantequatro dias. O número mínimo de14 medidas deve ser obtido paraa análise dos dados (médias).Valores normais < 130/85mmHg

    Avaliação da terapêutica;Pesquisa de hipertensodo avental branco;Possibilidade derealizar maior númerode medidas fora doambiente do consultório;Boa aceitabilidade dométodo;Limitação: dificuldade de

    medidas durante o sono

     AutoMedida daPressão Arterial(AMPA)

    Registro não sistematizado dapressão arterial, realizado deacordo com a orientação doprofissional de saúde do usuário

    Média da auto medida dapressão arterial acima de135/85 mmHg

    Resposta a anti-hipertensivos;Avaliação da hipertensãodo avental branco

    Onde: PA = pressão arterial; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de MonitorizaçãoAmbulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e III Diretrizes Brasileiras de Monitorização Residencial da Pressão

    Arterial (MRPA), 2011.23 

    1.3.3. Classificação

    Para a classificação da HAS, serão adotados os critérios propostos pelas VI DiretrizesBrasileiras de Hipertensão (QUADROS 9 e 10).

    QUADRO 9

    Classificação da pressão arterial de acordo com a medida

    casual no consultório em maiores de 18 anos

    Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg)

    Ótima < 120 < 80

    Normal < 130 < 85

    Limítrofe* 130 – 139 85 – 89

    Hipertensão estágio1 140 – 159 90 – 99

    Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109

    Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

    Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90

    Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes,a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial.

    * Limítrofe, pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na leitura.

    Onde: mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.²

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 10

    Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes

    e sugestões de conduta, segundo a sua classificação

    Classificação Percentil para PAS e PAD*Conduta sugerida

    (se pertinente)

    Normal PA < percentil 90Reavaliar na próxima consultamédica.

    Limítrofe

    Percentil 90 ≤ PA < percentil 95ou se PA exceder 120/80 mmHg,mesmo que PA < percentil 90 até <percentil 95

    Reavaliar em 6 meses.

    Hipertensão estágio 1Percentil 95 ≤ PA ≤ percentil 99 mais5 mmHg

    Usuário assintomático: reavaliarem 1 a 2 semanas; se hipertensãoconfirmada, encaminhar paraavaliação diagnóstica.

    Usuário sintomático: encaminharpara avaliação diagnóstica.

    Hipertensão estágio 2 PA > percentil 99 mais 5 mmHgEncaminhar para avaliaçãodiagnóstica.

    Hipertensão do aventalbranco

    PA> percentil 95 em ambulatório ouconsultório e PA normal em ambientes

    não relacionados à prática clínica

    Onde: PA = pressão arterial; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; mmHg =

    milímetro de mercúrio. * Para idade, sexo e percentil de altura. Fonte: Adaptado de VI Dir Bras HAS, 2010.²

    1.4. Avaliação clínica inicial e estratificação de riscocardiovascular

    1.4.1. Avaliação clinica inicial

    Os objetivos da avaliação clínica em usuários hipertensos consistem em:

    • Confirmar o diagnóstico de HAS;• Identificar fatores de risco cardiovasculares;• Pesquisar lesão em órgãos-alvo;• Pesquisar doenças associadas;• Estratificar risco cardiovascular global;• Avaliar indícios de hipertensão arterial resistente (vide – Orientações adicionais

    quanto ao diagnóstico, item 1.3.2. Diagnóstico).²A avaliação clínica se inicia com uma anamnese detalhada, com atenção redobrada

    no início da HAS, tratamentos prévios já realizados, fatores de risco, indícios de hipertensão

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    secundária, busca de lesões em órgãos-alvo já conhecidas, aspectos socioeconômicos,estilo de vida, uso de outras medicações ou drogas que possam influenciar no tratamentoda HAS, como descongestionantes nasais, corticoides, anti-inflamatórios, entre outros.²

    A lesão de órgãos-alvo agrava o risco cardiovascular associado à HAS. O

    estadiamento, a presença de lesão em órgão-alvo e a avaliação de fatores adicionais derisco cardiovascular são utilizados para determinar o risco total e planejar o tratamento(medicamentoso versus não medicamentoso).²

    Aliado à anamnese, reforça-se a igual importância de um exame físico minucioso, commedida do peso corporal e da circunferência abdominal interferindo no risco cardiovascular,conforme comentado anteriormente.¹¹ A busca de sinais sugestivos de lesão em órgãos-alvoe de hipertensão secundária deve ser incentivada, assim como o exame de fundo de olhoassociado com medida da acuidade visual, especialmente em hipertensos estágio 3 com lesãoem órgão-alvo ou usuários com diabetes.²

    No quadro a seguir estão listadas as principais evidências de lesões em órgão-alvoem usuários hipertensos.

    QUADRO 11

    Evidências de lesões em órgãos-alvo em hipertensos

    Órgão-alvo Evidência clínica de lesãoComentários (se

    pertinentes)

    CoraçãoIAM; doença coronariana;angioplastia e/ou revascularização do

    miocárdio; HVE; IC

    Sistema Nervoso CentralAVC transitório; AVC isquêmico, AVChemorrágico, alteração da função cognitiva

    Rim Déficit importante da TFG

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    periféricos são achados de exame físico de lesão de órgão-alvo. A redução da pressãoarterial diminui significativamente a ocorrência de desfechos cardiovasculares.2,25 A taxade filtração glomerular (TFG) estimada

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    QUADRO 13

    Dados de exame físico e comentários relevantes na avaliação de hipertensos

    Dados do exame físico Comentários

    Aferição da PA em ambos os braços(e inicialmente na perna)

    Possibilita afastar a presença de lesão vascular importante, talcomo coarctação da aorta

    Aspecto geral, lesões de peledistribuição da gordura corporal

    Pode identificar usuários com alto risco para diabetes oudislipidemia

    Fundo de olhoAvalia o grau de comprometimento vascular e reflete agravidade da hipertensão

    Exame de pescoço (palpação dascarótidas e da tireoide; ausculta desopros)

    Identifica os usuários com alto risco cardiovascular e possibilita asuspeita de doença cardiovascular

    Exame cardiopulmonar para auscultade estertores, frequência, ritmo,sopros e galopes cardíacos

    Detecta as consequências da HAS em órgãos-alvo (HVE ou IC):B3 sinaliza disfunção sistólica; B4 sinaliza disfunção diastólicade VE.

    Exame do abdome para massas renaise sopros abdominais e nas artérias

    femorais

    Rins aumentados, palpáveis em usuário com HAS indicamdoença renal policística do adulto; sopro abdominal pode indicar

    doença renovascular; sopro femoral pode ser observado nasdoenças vasculares de membros inferiores

    Determinação do índice tornozelobraço

    Possibilita a identificação precoce do comprometimento dasartérias dos membros inferiores

    Exame neurológico para sinaisde AVC prévio (hiperreflexia,espasticidade, sinais de Babinsky) eatrofia e distúrbios da marcha (sinais

    motores)

    Identifica usuários com lesão de órgão-alvo, tal como AVCprévio

    Onde: PA = pressão arterial; HVE = hipertrofia ventricular esquerda; IC = insuficiência cardíaca; B3 =terceira bulha; B4 = quarta bulha; VE = ventrículo esquerdo; HAS = hipertensão arterial sistêmica; AVC =acidente vascular cerebral. Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 

    Exames complementares

    Uma investigação complementar inicial básica é indicada para todos os usuárioshipertensos. O QUADRO 14 expõe a avaliação mínima recomendada pela SES/MG para

    essa avaliação.

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 14

     Avaliação complementar inicial básica do hipertenso

    recomendada pela SES/MG e comentários relevantes

     Avaliação Comentários

    Análise de urina (simples)Albuminúria se associa com risco aumentado de DCV, HAS,DRC. Albuminúria e/ou hematúria e/ou piúria pode ser oprimeiro sinal de doença renal secundária à HAS.

    Hemoglobina ou hematócritoAnemia é fator de risco para DCV, preditor de morte na IC efator agravante da DRC.

    Potássio plasmáticoBaixos níveis de potássio podem indicar excesso dealdosterona (investigação de hipertensão secundária).

    Creatinina plasmática (estimar TFG) Possibilita estimar a TFG.

    Glicemia jejum Permite identificar intolerância à glicose e diabetes mellitus.

    Colesterol total, HDL-colesterol,Triglicérides*

    A dislipidemia é duas vezes mais prevalente nos hipertensos.

    Eletrocardiograma (ECG)HVE é fator de risco cardiovascular independente.Prioriza o diagnóstico de HVE através dos índices de Sokolov-Lyon ou Cornell. 2,29

    Onde: * O LDL-C (colesterol LDL) é calculado pela fórmula: LDL-C = colesterol total - (Colesterol HDL +triglicérides/5) (quando a dosagem de triglicérides for abaixo de 400 mg/dL); DCV = doença cardiovascular;

    HAS= hipertensão arterial; DRC = doença renal crônica; IC = insuficiência cardíaca; TFG = taxa defiltração glomerular; HVE = hipertrofia ventricular esquerda. Fonte: Adaptado de VI Dir Bras HAS, 2010.²

     Uma avaliação adicional é orientada para detectar lesões clínicas ou subclínicas com

    o objetivo de melhor estratificação do risco cardiovascular. Está indicada na presença deelementos indicativos de doença cardiovascular e doenças associadas, em usuários com doisou mais fatores de risco e em usuários acima de 40 anos de idade com diabetes mellitus.²

    1.4.2. Estratificação de risco cardiovascular

    A idade, o sexo, a pressão arterial elevada, o tabagismo, a dislipidemia e o diabetessão sabidamente os principais fatores de risco para se desenvolver doença cardiovascular.A interação e o agrupamento desses fatores levaram ao desenvolvimento de uma prediçãobaseada em algoritmos de análise multivariada, que podem ser utilizados por profissionaisde saúde da atenção primária para avaliar o risco de desenvolver doença cardiovascular,ou seja, doença coronariana, AVC, DVP e insuficiência cardíaca. Tal avaliação tem sidodefendida por estimar o risco cardiovascular global e para guiar o tratamento dessesfatores de risco.30

    A avaliação do risco de Framingham original é uma ferramenta validada parabrancos e negros americanos e é transportável (com a devida calibração) para váriaspopulações da Europa, do Mediterrâneo e da Ásia.30

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    A VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010) valorizou a estratificação de risco,

    baseada no reconhecimento dos fatores de risco cardiovasculares, em fatores adicionais para

    a HAS, na identificação de lesões em órgãos-alvo e de lesões subclínicas desses órgãos.²

    Os fatores de risco adicionais para a HAS representam homens com idade acimade 55 anos e mulheres acima de 65 anos; o tabagismo; as dislipidemias, especialmente,

    triglicérides acima de 150 mg/dL, LDL-colesterol maior que 100 mg/dL e HDL-

    colesterol menor que 40 mg/dL; a presença de diabetes mellitus associada à história

    familiar prematura de doença cardiovascular em homens com idade menor que 55 anos

    e mulheres com idade menor que 65 anos.²

    Como lesões subclínicas de órgãos-alvo, cita-se a presença de HVE ao ECG. Índices

    recomendados são os de Sokolov-Lyon (soma do S de V1 ou V2 e do R de V5 ou V6 acima

    de 35 mm) ou Cornell (soma do R de aVL e do S de V3, acima de 28 mm para homens

    e acima de 20 mm para mulheres).29 Aliado à presença de HVE, pelo ecocardiogramatranstorácico, com índice de massa de ventrículo esquerdo (VE) maior que 134g/m2 em

    homens ou acima de 110g/m2  em mulheres, a espessura médio-intimal de carótidas

    acima de 0,9 mm ou a presença de placa de ateroma pelo doppler de carótidas; o índice

    tornozelo-braço menor que 0,9; a depuração de creatinina estimada menor que 60 ml/ 

    min/1,72 m2; o baixo ritmo de filtração glomerular menor que 60 ml/min/1,72 m2;

    a presença de microalbuminúria ou velocidade de onda de pulso acima de 12m/s são

    outros indicativos de lesões subclínicas de órgãos-alvo.²

    As condições clínicas associadas à HAS foram descritas no QUADRO 11 –“Evidências de lesões em órgãos-alvo em hipertensos”, no tópico anterior.² É amplamente

    aceito que as DCVs constituem grande problema de saúde pública. O risco de morte

    dessas condições, muitas vezes silenciosas, ressalta a relevância da prevenção. Os fatores

    de risco cardiovasculares, especialmente com concomitância num mesmo indivíduo,

    podem ser mediadores do risco de doença vascular.

    A estimativa global de DCV facilita o ajustamento entre a intensidade do fator de

    risco e a probabilidade estimada da doença, tornando o tratamento mais custo-efetivo.

    Desta forma, o estudo de D’Agostino et al.  (2008) foi motivado pela necessidade de se

    simplificar a predição de risco, informando, através de um algoritmo, pessoas com alto risco

    de doença cardiovascular aterosclerótica em geral, sendo capaz de identificação do risco

    para eventos específicos, como doença coronariana, DVP, AVC e insuficiência cardíaca. A

    presente investigação se estende à formulação anterior de Framingham e a expande, com

    base em um número maior de eventos.30

    A SES/MG denominou a estratificação de risco cardiovascular de D’Agostino et

    al. (2008) como “Framingham Revisado” e recomenda a utilização dessa escala para

    realizar a estratificação de risco cardiovascular em usuários hipertensos (2012).

    O QUADRO 15 apresenta os estratos propostos e o critério de acordo coma escala de risco de Framingham revisada, conforme consta no documento SES/ 

    MG/2012.31

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 15

    Estratos e critério para a estratificação da hipertensão arterial sistêmica,

    segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

    Estratificação Critério (Framingham revisado)

    HAS de baixo risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular menor que 10% em 10 anos.

    HAS de moderado risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular entre 10% a 20% em 10 anos.

    HAS de alto risco cardiovascular Estimativa de risco cardiovascular maior que 20% em 10 anos.

    Onde: HAS: Hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes daSecretaria de Estado de Minas Gerais, 2012.31

    Os quadros seguintes propiciam a estimativa do risco cardiovascular em 10 anos

    (morte coronariana, infarto do miocárdio, insuficiência coronariana, angina, AVC

    isquêmico e hemorrágico, ataque isquêmico transitório, doença arterial periférica -

    DAP - e insuficiência cardíaca) sem doença cardiovascular no exame de base. Os

    preditores utilizados são: idade, sexo, diabetes, tabagismo, pressão arterial sistólica

    tratada e não tratada, colesterol total e HDL.

    Os usuários que têm insuficiência coronariana, insuficiência cardíaca, hipertrofia

    ventricular esquerda, insuficiência arterial periférica, insuficiência renal crônica

    estágio 3 ou mais e que tenham tido acidente vascular cerebral ou ataque

    isquêmico transitório são considerados como de alto risco cardiovascular.

    Inicialmente são apresentados os escores para estratificação de risco cardiovascular,por sexo.

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 16

    Escore de Framingham revisado para homens

    Pontos  Idade  HDL  

    Colesterol

    total

    PAS não

    tratada

    PAS

    tratada Tabagismo  Diabetes

    -2 60+

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 17

    Estimativa de risco cardiovascular para homens

    Fonte: D’Agostino et al., 2008.30

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 18

    Escore de Framingham revisado para mulheres

    Pontos Idade  HDL Colesteroltotal

    PAS nãotratada

    PAStratada 

    Tabagismo  Diabetes 

    -3

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    QUADRO 19

    Estimativa de risco cardiovascular para mulheres

    Fonte: D’Agostino et al., 2008.30

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 20

    Classificação de risco global, segundo escore de risco de

    Framingham revisado, com prevalências estimadas para Minas Gerais

    Categoria

    Risco de evento

    cardiovascular maior Prevalência estimada

    Baixo 20% em 10 anos 25%

    Fonte: D’Agostino et al., 2008 30e Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da Secretariade Estado de Minas Gerais, 2012.31

    1.5. Tratamento não medicamentoso, abordagemmultiprofissional e prevenção primária

    1.5.1. Tratamento não medicamentoso

    O tratamento não medicamentoso constitui medida fundamental na abordagem daHAS, uma vez que sua instituição é eficaz na prevenção e no tratamento da HAS, alémde potencializar o tratamento medicamentoso.

    As ações de prevenção da HAS (ações de nível 2) têm impacto na melhoria da

    qualidade de vida e no controle dos custos gerados pelo tratamento da hipertensão e desuas complicações. Essas ações objetivam estimular mudanças no comportamento e noestilo de vida, reduzindo a exposição individual e coletiva aos fatores de risco implicadosno surgimento da HAS.2,32

    Para tanto, faz-se necessário o trabalho em equipe multiprofissional, que incluiassistentes sociais, comunicadores, enfermeiros, educadores físicos, farmacêuticos,médicos, nutricionistas, psicólogos, técnicos de enfermagem, secretárias e quaisquerprofissionais que, segundo a opinião da equipe, possam contribuir para o alcance dosobjetivos do grupo. É papel dessas equipes estimular e/ou implementar o tratamento não

    farmacológico isolado ou associado ao tratamento farmacológico.2

    Neste sentido, as principais estratégias se relacionam à redução do consumo de sale de álcool, redução do peso corporal, abordagem diagnóstica e terapêutica da apneiado sono, realização de exercícios físicos regularmente, combate a fatores estressores,entre outros. A seguir, serão tecidas considerações sobre algumas dessas medidas nãomedicamentosas.

    Recomendações relativas ao estilo de vida

    Ingestão de sal

    Embora os resultados sejam heterogêneos, parece existir associação entre consumoexcessivo de sal e aumento da PA.22 Populações como os índios Yanomami, que consomem

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    quantidades muito pequenas de sal, não apresentam HAS. Por outro lado, a ingestãoexcessiva de sal se associa à prevalência elevada de HAS.32

    Dietas com baixo teor de sódio promovem rápida e importante redução de PAem hipertensos resistentes. Apesar das diferenças individuais de sensibilidade, mesmomodestas reduções na quantidade de sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA. Anecessidade diária de sódio para os seres humanos é a contida em 5g de cloreto de sódioou sal de cozinha. O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado.Vale lembrar que cerca de dois terços do sal ingerido está contido em alimentos e bebidasprocessadas e que apenas um terço representa o sal adicionado aos alimentos. Dessemodo, sugere-se a redução do sal de adição, bem como o desestímulo ao consumo dealimentos industrializados.2,13,33,34

    Recomendação

    Recomenda-se que a ingestão de sal não ultrapasse 5 gramas por dia, o que

    corresponde a três colheres de café rasas de sal (totalizando 3 gramas) mais 2

    gramas de sal dos alimentos.

    Redução do peso corporal

    O sobrepeso e a obesidade constituem fatores de risco relevantes para odesenvolvimento de HAS e contribuem de modo significativo para o agravamento deHAS preexistente.35

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram prevalênciacrescente de obesidade no Brasil, com acometimento de cerca de 13% da populaçãobrasileira.8

    É sabido que a redução de 5kg-10kg de peso corporal está associada à diminuiçãomédia de 10 mmHg da PA. Em metanálise, realizada em 2008, na qual foram avaliados38 estudos controlados e randomizados, concluiu-se que a redução do peso corporal se

    associou à diminuição da média da PA de 6,3/3,4 mmHg.36

    A adequação do consumo calórico diário, em especial se associada à práticaregular de exercícios físicos, contribui, de modo significativo, para a redução do pesocorporal. Para tanto, diversas dietas têm sido preconizadas nos últimos anos, como adieta do mediterrâneo, dietas vegetarianas e a dieta DASH (Dietary Approaches to StopHypertension). Esta modalidade dietética inclui baixo consumo de carnes vermelhas ealimentos de origem animal, priorizando o consumo de frutas, verduras, cereais, óleosvegetais e carnes brancas, tendo importante impacto na redução da PA.37 A adesão aesse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão.38 Os benefícios

    sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio nessepadrão nutricional.39 A dieta DASH potencializa ainda o efeito de orientações nutricionaispara emagrecimento, reduzindo também biomarcadores de risco cardiovascular.² No

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    LINHA-GUIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DOENÇA RENAL CRÔNICA

    QUADRO 21, podem ser vistos detalhes relativos ao conteúdo e recomendação práticadessa dieta.

    QUADRO 21

    Como recomendar uma dieta ao estilo DASH Alimentos sugeridos

    • Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo,carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequenas quantidades;

    • Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção éigual a uma concha média);

    • Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia;• Preferir os alimentos integrais como pães, cereais e massas integrais ou de trigo integral;• Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma

    porção é igual a 1/3 de xícara ou 40 g de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas de

    sementes, ou ½ xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas);• Reduzir a adição de gorduras. Utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite,soja, milho, canola);

    • Evitar adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtosindustrializados;

    • Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar.

    Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010.² 

    Recomendação

    Recomenda-se a redução do peso corporal em indivíduos com excesso de pesocomo medida essencial para o controle da HAS.

     Atividade física

    Define-se como atividade física todo movimento corporal voluntário humano queresulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. Essa é caracterizada pelaatividade do cotidiano e pelos exercícios físicos.40 

    Define-se exercício físico como a sequência sistematizada de movimentos de diferentessegmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo aser atingido. O exercício físico é uma das formas de atividade física planejada, estruturada,repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, de condicionamento físico,de habilidades motoras ou de reabilitação orgânico-funcional.40

    A realização de atividade física diária, para a prevenção de doenças cardiovasculares(DCV), tem efeito na redução das taxas de morbi-mortalidade.² Exercícios devem seriniciados na infância, como forma de se prevenir doenças ateroscleróticas.41 Participaçãoem atividades físicas aeróbicas continuadas reduz mortalidade cardiovascular.42

    Hipertensos de todas as faixas etárias, desde que sem comprometimento cardíaco,devem ser estimulados à realização de pelo menos 30 minutos diários de atividadeaeróbica, de intensidade moderada a vigorosa.2,41

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    SEÇÃO 1: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    O aconselhamento para a prática regular de exercícios, em usuários com compli-

    cações cardiovasculares, deve ser supervisionado por profissional habilitado.41,42,43,44

    Recomenda-se estimular a prática regular de atividade física aeróbica, como

    caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia, 5 vezes/semana, para prevenção,e diariamente, para o tratamento da HAS. A recomendação é de que inicialmente os

    indivíduos realizem atividades leves a moderadas.45,46 Somente após estarem adapta-

    dos, caso julguem confortável e não haja nenhuma contraindicação, é que podem ser

    iniciadas as atividades vigorosas.45,46

    Os exercícios aeróbios (isotônicos), complementados pelos resistidos (treina-

    mento de força), promovem redução da PA, sendo indicados para a prevenção e o

    tratamento da HAS.36,43 Em relação aos exercícios resistidos, recomenda-se que sejam

    realizados entre 2 e 3 vezes por semana, por meio de 1 a 3 séries de 8 a 15 repe-

    tições, conduzidas até a fadiga moderada (parar quando a velocidade de movimento

    diminuir).

    Recomenda-se a avaliação médica antes do início de um programa de treina-

    mento estruturado e, na presença de sintomas, sua interrupção.36 

    Recomendações

    • Recomenda-se estimular a prática regular de atividade física aeróbica, como

    caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia, 5 vezes/semana, paraprevenção, e diariamente, para o tratamento da HAS.

    • Indivíduos sedentários devem ser encorajados a iniciar atividade física,

    por meio de séries de exercícios de até 10 minutos uniformemente

    distribuídos em 4 a 5 vezes/semana, ampliando a duração de forma

    progressiva.

    • Em hipertensos, a sessão de treinamento não deve ser iniciada se as pressões

    arteriais sistólica e diastólica esti