Linha de Pesquisa: 2ª Desenvolvimento Socioeconômico e...

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279 Linha de Pesquisa: 2ª - Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentabilidade A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE LUCAS DO RIO VERDE MT......................................................280 A IMPORTÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UM CONFINAMENTO DE GADO DE CORTE....................................................................................................300 ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA EMPRESA BOA ESPERANÇA AGPECUÁRIA..........................................................................................................321 ANÁLISE DE CRÉDITO: Um estudo de caso em uma cooperativa de crédito regional.....................................................................................................................341 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Uma análise na distribuição após a privatização da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A........................366 FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA APLICAÇÃO TÉCNICA DO PDCA..............387 LIDERANÇA E RETENÇÃO DE TALENTOS X DESEVOLVIMENTO ECONÔMICO: Um estudo de caso..................................................................................................401 O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE.............................................................................424 OS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO EXISTENTES NO BRASIL: Uma análise documental...............................................................................................................438 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA VISÃO DA CLASSE CONTÁBIL DO MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE.....................................................................................463 RELATO DE EXPERIÊNCIA: Case assumindo um novo setor.................................480 RELATO DE EXPERIÊNCIA: PDCA - Estudo de caso assumindo um novo setor....494

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Linha de Pesquisa: 2ª ­ Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentabilidade

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NAS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS DE LUCAS DO RIO VERDE – MT......................................................280

A IMPORTÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UM CONFINAMENTO DE

GADO DE CORTE....................................................................................................300

ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA EMPRESA BOA ESPERANÇA

AGPECUÁRIA..........................................................................................................321

ANÁLISE DE CRÉDITO: Um estudo de caso em uma cooperativa de crédito

regional.....................................................................................................................341

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Uma análise na distribuição após a

privatização da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A........................366

FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA APLICAÇÃO TÉCNICA DO PDCA..............387

LIDERANÇA E RETENÇÃO DE TALENTOS X DESEVOLVIMENTO ECONÔMICO:

Um estudo de caso..................................................................................................401

O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DO

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE.............................................................................424

OS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO EXISTENTES NO BRASIL: Uma análise

documental...............................................................................................................438

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA VISÃO DA CLASSE CONTÁBIL DO MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE.....................................................................................463

RELATO DE EXPERIÊNCIA: Case assumindo um novo setor.................................480

RELATO DE EXPERIÊNCIA: PDCA - Estudo de caso assumindo um novo setor....494

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A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NAS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS DE LUCAS DO RIO VERDE – MT

Carla de Oliveira1

Marisa Claudia Jacometo Durante 2

RESUMO O planejamento financeiro é uma atividade essencial na administração empresarial. Entretanto pesquisas de multigestão empresarial apontam que as micro e pequenas empresas não estão habituadas a planejar. Desse modo, esse estudo tem como objetivo identificar a percepção das pequenas empresas de Lucas do Rio Verde – MT sobre o planejamento financeiro, buscando analisar o grau de conhecimento dessa ferramenta pelos pequenos empresários e se eles fazem o uso dela. Para isso foram aplicados questionários em 10 micro e pequenos negócios da cidade, também foi realizado um levantamento bibliográfico em livros e revistas que abordam o tema, assim como consultas eletrônicas em diversos sites nacionais como SEBRAE, IBGE, CAGED, Empresômetro, dentre outros. O artigo identifica que alguns pequenos empresários sabem da importância do planejamento financeiro para a empresa, porém, não fazem o uso em seus estabelecimentos. Baseado nesses dados, a pesquisa mostra os benefícios de ter planejamento no negócio, contribuindo com o desenvolvimento perante às diversas mudanças no cenário econômico. Palavras-chave: Administração Financeira. Planejamento Financeiro. MPEs.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil nove de cada dez empresas são classificadas como Micro ou Pequenas

(MPEs), juntas às MPEs absorvem grande parte da mão de obra nacional, inclusive

aquelas que têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, como é o caso

dos jovens à procura do primeiro emprego.

Com o cenário econômico desfavorável, abalado por inúmeras crises, sobreviver no

mercado requer estratégias ousadas e um ótimo planejamento empresarial. Diante

1 Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica de Negócios e Finanças Corporativas, na Faculdade La Salle, 2016. 2 Doutora em Educação. Professora Orientadora do artigo. E-mail [email protected]

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disto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a percepção das pequenas

empresas de Lucas do Rio Verde - MT sobre o planejamento financeiro, buscando

identificar o grau de conhecimento dessa ferramenta pelos pequenos empresários, e

se eles fazem o uso dela em seus estabelecimentos comerciais, haja vista que é de

suma importância para o crescimento da empresa.

Em Mato Grosso, segundo dados da RAIS 2010 (Relação Anual de Informações

Sociais), são 100.155 MPEs em atividade sendo 2.182 localizadas na cidade de Lucas

do Rio Verde. No estado as MPEs já são maioria e estão concentradas principalmente

no sul do estado, na região da capital Cuiabá. Os setores mais comuns são: o

comércio, com aproximadamente 57 mil estabelecimentos, e o de serviços, com pouco

mais de 27 mil empresas. No município de Lucas do Rio Verde são quase 1200 MPEs

no segmento de comércio e 602 MPEs prestadoras de serviço (RAIS, 2010).

O município de Lucas do Rio Verde está localizado na região norte de Mato Grosso e

sua distância da capital do estado é de 350 km. Ocupa o 5º lugar no ranking da

economia no estado com uma receita total de quase R$ 94 milhões de reais no ano

de 2012. Sua economia gira em torno do agronegócio, a agricultura é a base

econômica do município que hoje é responsável por 1% da produção brasileira de

grãos. Os principais produtos agrícolas cultivados são: soja, milho e o algodão. O

município é reconhecido nacionalmente por ter um dos melhores IDHs (Índice de

Desenvolvimento Humano) do país.

Hoje o mercado apresenta um elevado nível de competitividade e as empresas devem

adaptar-se às novas regras de competição, sendo assim as estratégias ganham

destaque nas organizações independente do seu porte ou tamanho. Dentro desses

temos o planejamento financeiro, atividade essencial na administração empresarial.

Planejar é estabelecer com antecedência o caminho e as ações que as empresas

necessitam para alcançar seus objetivos, dentre os quais um dos principais é o

crescimento.

É cada vez maior a participação das MPEs na economia nacional, elas já são

responsáveis por um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de acordo com

uma pesquisa divulgada pelo SEBRAE em 2007 a maior causa de mortalidade dessas

empresas no Brasil é a falta de planejamento. Sendo assim a escolha deste tema

partiu da necessidade de conhecer qual o entendimento das pequenas empresas

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sobre o planejamento financeiro, fator essencial para a sobrevivência e o

fortalecimento no mercado.

Sabe - se que o planejamento financeiro é uma ferramenta importante na

administração financeira, nas MPEs recém-criadas é constante a má administração

dos recursos financeiros. Pois os pequenos empreendedores não estão habituados a

planejar e separar as despesas pessoais das contas da empresa prejudicando o

pequeno negócio em razão de geralmente não possuírem grandes reservas de capital.

Porém só planejar não é suficiente é preciso acompanhar o processo e focar nos

resultados, esse estudo visa expor de forma simples o poder do planejamento para os

pequenos empresários.

O presente trabalho está organizado em 4 seções, incluindo a presente introdução.

Na próxima seção será apresentada uma revisão da literatura sobre o tema abordado

evidenciando o planejamento e as microempresas e empresas de pequeno porte, com

a exposição de algumas ferramentas de controle financeiro. Na terceira seção a

metodologia da pesquisa e os resultados obtidos. Na ultima seção são apresentadas

as Considerações Finais e as Referências Bibliográficas utilizadas nesse estudo.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

As microempresas e empresas de pequeno porte (MPEs) são definidas na legislação

nacional conforme sua receita bruta anual. O artigo 3º, incisos I e II da Lei

Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, Lei que instituí o Estatuto Nacional

da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecida como Lei

Geral das MPEs, classifica os pequenos negócios da maneira a seguir: microempresa

deve ter receita bruta em cada ano-calendário igual ou inferior a R$ 360.000,00

(trezentos e sessenta mil reais); empresa de pequeno porte deve ter receita bruta em

cada ano-calendário superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual

ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

Já o enquadramento de MPEs utilizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) se refere à quantidade de pessoas ocupadas (empregados), e leva em conta

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a diferenciação entre segmentos de comércio e indústria para suas pesquisas e

estatísticas. As microempresas do segmento industrial devem ter até 19 pessoas

ocupadas e no segmento de comércio e serviços, até 9 pessoas ocupadas. Já as

pequenas empresas do segmento industrial devem ter de 20 até 99 pessoas

ocupadas, enquanto que no segmento de comércio e serviços, estas devem ter entre

10 e 49 pessoas ocupadas (SEBRAE, 2015).

O SEBRAE é uma entidade privada sem fins lucrativos e de utilidade pública que foi

criada para dar apoio aos pequenos negócios no Brasil, trabalhando a fim de estimular

o empreendimento das MPEs. Uma de suas atividades é a promoção de orientações

para que as empresas desempenhem corretamente seu papel e alcance seus

objetivos. O SEBRAE é um importante parceiro dos pequenos empreendedores

brasileiros, pois oferece suporte à vários temas de gestão, abrangendo desde o

empresário que planeja abrir seu próprio negócio até aqueles que já estão a muitos

anos no mercado (SEBRAE, 2015).

As MPEs são fundamentais, pois tem uma importante contribuição para o

desenvolvimento e o crescimento econômico do Brasil, em razão de serem fontes de

geração de postos de trabalho e renda, melhorando as condições de vida da

população (TERENCE, 2002).

Concentram mão de obra de uma grande parcela de pessoas que em geral possuem

pouca ou nenhuma experiência profissional, ocasionando maior dificuldade de

inserção no mercado de trabalho, pois não encontram empregos nas empresas de

maior porte.

Conforme descreve o Portal Brasil (2012), a contribuição das MPEs é reconhecida

principalmente na capilaridade que estes negócios propiciam e na absorção de mão

de obra, inclusive aquela com maior dificuldade de inserção no mercado, como jovens

em busca do primeiro emprego e as pessoas com mais de 40 anos.

Segundo dados disponibilizados pelo Empresômetro (2015), no Brasil existem pouco

mais de 16 milhões de empresas e as MPEs correspondem a 93,2% das empresas

ativas no país.

Na economia brasileira, os micros e pequenos negócios já são os principais geradores

de riqueza no segmento de comércio no Brasil, sendo responsável por 53,4% do PIB

desde setor. No PIB da indústria, a participação das micro e pequenas é de

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aproximadamente 22%. Já no setor de Serviços, mais de um terço da produção

nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios (SEBRAE, 2014).

Juntas, as MPEs são decisivas para a economia nacional, pois somam 52% dos

empregos com carteira assinada, o que corresponde a 40% dos salários pagos

(SEBRAE MT, 2014).

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED,

2013), disponibilizado pelo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no ano de 2012

as MPEs geraram pouco mais de 900 mil novos empregos formais celetistas no país,

enquanto que em 2013 houve uma retração, com a criação de aproximadamente 840

mil novas vagas, ou seja, uma redução de 6,7% novos postos de trabalho. Porém, é

um excelente número se for comparado com o resultado das médias e grandes

empresas, juntas essas obtiveram um saldo negativo de pouco mais de 126 mil vagas

de trabalho, ou seja, o número de demissões foi maior que o de contratações.

Em 2012 no Mato Grosso as micro e pequenas empresas foram responsáveis pela

criação de 17 mil novos postos de trabalho. No ano de 2013 houve uma redução nas

admissões ficando com o saldo de aproximadamente 11 mil novas vagas de trabalho.

As médias e grandes empresas obtiveram um saldo liquido de pouco mais de 2 mil

novas contratações no estado (CAGED, 2013).

Conforme o empresômetro (2015), no Brasil nove de cada dez empresas são micro

ou pequeno empreendimento. Em Mato Grosso existem aproximadamente 100.155

MPEs conforme dados da RAIS 2010. Os principais setores de atividades são o

comércio e serviços, a grande maioria das MPEs está concentrada na região próxima

a capital Cuiabá, no município de Lucas do Rio Verde são 2.182 MPEs, cujo 1.147

delas são no segmento de comércio.

Em vista desta grande participação na economia nacional, diversas pesquisas sobre

as estratégias de vendas das MPEs, estatísticas, informações sobre o

empreendedorismo, sobrevivência entre outras são elaboradas a fim de apresentar

técnicas de gestão que possam reduzir o número de insolvência dessas empresas.

Um estudo realizado por Nascimento (2013) junto a 141 escritórios de contabilidade

da região metropolitana de Florianópolis mostrou que os fatores determinantes da

mortalidade precoce das MPEs sob o ponto de vista do contador são os seguintes:

falta de capital de giro; falta de planejamento estratégico; incompetência gerencial e

má gestão; falta de conhecimento do mercado; carência de mão de obra qualificada;

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ausência de políticas de preço, produtos, distribuição e propaganda; falta de plano de

negócio e; por fim; dificuldade de acesso ao crédito.

2.2 O Planejamento e as Pequenas Empresas

O planejamento é o ato ou efeito de planejar, criar um plano para alcançar

determinadas metas, é um ponto essencial na tomada de decisões, trata-se de uma

tarefa importante em qualquer administração, pois está relacionado à organização,

preparação e estruturação com o intuito de alcançar um objetivo. Conforme

Sanvicente (1987), ao planejar, uma empresa procura formular de maneira explícita

as tarefas a serem cumpridas e prever a obtenção dos recursos necessários para isso,

dentro de uma limitação específica de prazo.

O planejamento é a tentativa de prever as ocorrências futuras e estar preparado para

agir de forma a evitar surpresas desagradáveis no funcionamento e na gestão do

empreendimento (SANVICENTE E SANTOS, 1983).

As empresas vivem cada dia mais em um ambiente competitivo, onde obter novos

clientes e manter as áreas de mercados já conquistadas são considerados bases para

o crescimento, além disso, devem desenvolver uma capacidade de adaptação e

resposta rápida tendo em vista as frequentes transformações (BELO, 2009).

Em todas as organizações, sejam elas grandes ou pequenas, o uso do planejamento

é essencial, ele fornece aos gestores informações para tomada de decisões,

auxiliando nas mudanças que ocorrem frequentemente no mercado que atuam.

Quando se trata de um micro ou pequeno negócio ele se torna peça fundamental para

o crescimento e sobrevivência do empreendimento (GITMAN, 2010).

É importante ressaltar que o planejamento deve ser comunicado a todos os

interessados da equipe a fim de alcançar o que se espera no futuro, e não adianta

planejar sem verificar o que se está sendo colocado em pratica. A falta de controle

pode levar a desvios que não estavam nos planos da empresa.

Terence (2002) afirma que existe uma grande lacuna entre as teorias desenvolvidas

para as grandes empresas e a sua utilização pelas organizações de pequeno porte.

O planejamento estratégico mostra-se uma ferramenta administrativa com inúmeros

benefícios para a competitividade das empresas, porém os pequenos empresários

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praticamente a ignoram alegando rigidez no processo e dificuldade na implementação

de estratégias.

De acordo com Santos, Ferreira e Faria (2009), a gestão financeira de curto prazo nas

MPEs ainda é desconhecida ou tratada com descaso por muitos empresários. O

gerenciamento do capital de giro é deficiente devido à falta de administração

financeira. Muitas praticam autofinanciamento e operam em alto risco de liquidez,

deixando-as suscetíveis aos imprevistos que ocorrem nos negócios.

Conforme o SEBRAE (2014), os pequenos negócios são responsáveis por mais de

um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Devido essa crescente

participação na economia do nosso país o SEBRAE disponibilizou em 2007, um

relatório sobre os fatores condicionantes e as taxas de sobrevivência e mortalidade

das micro e pequenas empresas no Brasil. Apontando dados estatísticos sobre a taxa

de sobrevivência, desempenho econômico-financeiro e as principais causas de

mortalidade das MPEs em nosso país entre os anos de 2003 e 2005. Segundo este

relatório, um dos principais fatores de mortalidade dos pequenos negócios analisados

é a falta de planejamento, seguido do baixo capital de giro e falta de planejamento

estratégico (BELO, 2009).

Um dos primeiros pesquisadores que se tem noticia a trabalhar com dificuldades

financeiras em empresas foi Fitzpatrick (1932). Ele comparou os indicadores de

desempenho de 19 empresas bem-sucedidas com outras 19 que foram a falência

entre 1920 e 1929 nos Estados Unidos. O estudo concluiu que os índices extraídos

de demonstrações contábeis podem fornecer indicações importantes quanto ao risco

de insolvência das empresas (LINS, 2010).

No Brasil o pioneiro foi Stephen Charles Kanitz (1976) que criou o “Termômetro de

Kanitz”, um modelo de análise para prever a possível falência de empresas. Para tal,

Kanitz analisou aproximadamente 5.000 demonstrações contábeis entre 1972 e 1974.

Recentemente, Ercolin (2007) apresentou um estudo sobre os fatores financeiros

determinantes da mortalidade de micro e pequenas empresas, onde indicou algumas

causas para morte prematura de MPEs na cidade de São Paulo – SP, dentre elas o

fator mais relevante foi a ausência da cultura de planejamento e controle financeiro.

Belo (2009) apresentou uma dissertação na PUC/SP sobre o planejamento financeiro

em pequenas empresas com a contabilidade terceirizada, a pesquisa analisou o

ambiente administrativo da pequena empresa que terceiriza os serviços contábeis no

287

Brasil, constatando que a pequena empresa sabe da importância e seus benefícios,

porém não faz um planejamento financeiro, pois o escritório de contabilidade não

oferece esse serviço ou cobra um adicional para realizá-lo.

2.2.1 Planejamento financeiro

Planejamento Financeiro é o mapa do que se deve ser feito no futuro em relação às

finanças, pode também ser definido como os métodos que devem ser utilizados para

atingir as metas financeiras de uma organização.

De acordo com Weston (2000), o planejamento financeiro envolve a realização de

projeções de vendas, renda e ativos baseada em estratégias alternativas de produção

e de marketing, seguidas pela decisão de como atender às necessidades financeiras

previstas.

O planejamento financeiro é necessário em qualquer empresa, independente do

tamanho ou segmento, em geral as MPEs apresentam um quadro delicado devido o

baixo nível de conhecimento das técnicas administrativas que na maioria das vezes

estão relacionadas à falta de capital de giro.

O administrador financeiro deve analisar a necessidade de capital de giro, que é o

montante de recurso que o estabelecimento precisa para financiar suas operações,

ou seja, o valor que a empresa necessita para pagar seus compromissos nos prazos.

Deve ainda cogitar a necessidades de expansão da organização, selecionar com

segurança os métodos mais rentáveis e adequados com os negócios da empresa a

fim de estabelecer quais investimentos serão executados no futuro (GITMAN, 2010).

Gitman (1997) menciona que o planejamento financeiro é um dos aspectos

importantes para funcionamento e sustentação de uma empresa, pois fornece roteiros

para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos. Um

processo indispensável dentro do plano financeiro é o controle, de nada adianta ter

um planejamento e não ter controle do que está sendo feito.

Nesse sentido, percebe-se que o planejamento e o controle financeiro são

ferramentas básicas para a administração financeira, em especial para as MPEs.

Estas ferramentas auxiliam o micro e pequeno empresário no acompanhamento das

diretrizes e das metas estabelecidas, medindo o desempenho e o resultado das ações

288

para melhor tomada de decisões, reduzindo assim sua probabilidade de fracasso

(MARQUES, 2008).

Controle financeiro é a fase em que os planos financeiros são implementados; o

controle se expressa como um processo de ajustamento em feedback, visando tanto

o cumprimento dos planos como a incorporação de modificações que se tornem

necessárias devido a mudanças imprevistas (WESTON, 2000)

Organizar os controles financeiros é o primeiro passo para uma boa gestão financeira,

pois eles vão expor as informações que o empresário, gerente ou responsável pela

empresa precisa para tomar decisões e traçar o planejamento financeiro mais rentável

para seu negócio (GITMAN, 2010). .

Os controles financeiros fundamentais para a administração das MPEs são: controle

de caixa, controle de contas a receber, controle de contas a pagar, controle de banco

e controle de despesas (CAMARGO, 2007).

Estes relatórios permitirão avaliar, a qualquer momento, a situação e o desempenho

da empresa, as condições do negócio, além da orientação para investimentos e para

estabelecer um planejamento estratégico por meio dos índices econômicos -

financeiros gerados (LODDI, 2008).

Diel (2001) desenvolveu um modelo de planejamento e controle financeiro que fosse

adequado à realidade brasileira, onde englobou diversas contribuições teóricas em

uma única estrutura na qual foi introduzido uma série de análises e procedimentos

fundamentais visando potencializar a capacidade analítica dos gestores financeiros.

Este estudo foi aplicado posteriormente em três empresas do setor alimentício no Rio

Grande de Sul. O intuito era que o modelo criado fosse utilizado para aperfeiçoar o

planejamento empresarial, além de verificar possíveis problemas na gestão que

poderão gerar dificuldades na busca de um planejamento controlado e eficaz. No

entanto ficou evidenciada pouca utilização de técnicas financeiras como ferramentas

de suporte nos processos decisórios do planejamento nas organizações analisadas,

demonstrando assim que o planejamento financeiro ainda tem muito a contribuir para

o melhoramento da gestão financeira (DIEL, 2001).

Com o crescimento do país, as constantes mudanças no cenário econômico

financeiro, a competitividade e a concorrência entre os estabelecimentos comerciais,

não existe outro caminho para as MPEs a não ser o de submeter-se cada vez mais a

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fazer o uso das ferramentas de gestão para continuar atuando no mercado de

negócios (TERENCE, 2002).

O planejamento financeiro é essencial para essa permanência. Na próxima seção

serão apresentadas algumas ferramentas de controle necessárias no planejamento

empresarial.

2.2.2 Métodos de Gerenciamento e Controle Financeiro

Existem diversas ferramentas que podem ser usadas no gerenciamento e controle

financeiro de uma empresa. De acordo com a pesquisa realizada por Jones (2005),

duas das principais ferramentas da gestão financeira é o planejamento financeiro e o

controle orçamentário, aliados a um sistema de informação gerencial e de

contabilidade, estas tornam-se ferramentas indispensáveis ao planejamento e

controle orçamentário em qualquer organização.

Outras ferramentas importantes nas pequenas empresas são o fluxo de caixa e o

orçamento de caixa. O Fluxo de caixa é o registro e controle da movimentação de

caixa de qualquer estabelecimento, é um instrumento de planejamento e controle

financeiro que auxilia o empresário a tomar decisões sobre a situação monetária da

empresa. É um relatório que informa toda a movimentação de dinheiro (entrada e

saída) ocorrido em determinado período (GITMAN, 2010).

Gitman (2010) descreve o planejamento de caixa como a espinha dorsal da empresa.

Sem ele não se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações

ou quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que continuamente

tenham falta de caixa e que necessitam de empréstimos de última hora poderão

perceber como é difícil encontrar um banco que os financie.

Preservar o fluxo de caixa sempre em dia deve ser uma das principais preocupações

do gerente financeiro. Nas MPEs a utilização da ferramenta de controle de caixa vai

permitir ao gestor constatar possíveis faltas ou sobras de capitais financeiros

permitindo uma melhor administração das finanças. Gitman (2010) descreve os fluxos

de caixa como o sangue que corre pelas veias da empresa, é o foco principal do gestor

financeiro, seja na gestão das finanças rotineiras, seja no planejamento e tomada de

decisões.

290

O orçamento de caixa é um instrumento essencial e muito utilizado para o

planejamento e controle financeiro, pois auxilia na gestão das finanças, ele especifica

as intenções do estabelecimento e projeta a movimentação financeira da empresa.

Nele são registradas previamente todas as fontes de despesas e receitas conforme o

período que acontecem (CAMARGO, 2007).

Segundo Camargo (2007), um orçamento é um plano escrito, expresso em termos de

unidades físicas ou monetárias (R$), que procura ilustrar a situação futura da

organização por meio do comportamento esperado de algumas variáveis.

O orçamento de caixa também é conhecido como previsão de caixa, é uma

demonstração que expõe as entradas e saídas planejadas pela empresa utilizadas

para estimar as necessidades de caixa em curto prazo. Geralmente, o orçamento de

caixa destina-se a cobrir o prazo de um ano, dividido em períodos menores. O número

e o tipo de intervalos dependem da natureza do negócio (CAMARGO, 2007).

Com o orçamento de caixa é possível identificar em tempo hábil a necessidade de

realizar empréstimos que serão necessários à manutenção das operações da

empresa, e também quando estes devem ser obtidos, pois seu principal objetivo é

projetar um determinado período, se haverá ou não recursos para suprir as

necessidades do negócio. Desta forma, o orçamento permite ao administrador,

gerente ou responsável financeiro saber com antecedência se haverá problemas com

as finanças do estabelecimento por um determinado tempo (CAMARGO, 2007).

3 METODOLOGIA

Essa pesquisa se classifica como qualitativa e descritiva, pois analisa a percepção

dos pequenos empresários sobre o planejamento financeiro, o instrumento utilizado é

o questionário.

É um estudo de campo no método de levantamento e pesquisa bibliográfica, pois

abrange a interrogação direta dos empresários que deseja ter informações, e envolve

estudos em livros e artigos de autores na área de Administração Financeira.

A fim de alcançar o objetivo da pesquisa foram entrevistados 10 pequenos

empresários de Lucas do Rio Verde – MT, dos segmentos de comércio, indústria e

prestação de serviços de diversos ramos de atuação, conforme a tabela 1. Para tal

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pesquisa foram selecionadas empresas que possuem entre 2 e 20 funcionários e que

estão no mercado entre 3 e 15 anos.

TABELA 1 - Empresas entrevistadas - ramos e segmentos

Ramos Segmentos Nº de Empresa

Alimentício Comércio 1

Autopeças e Acessórios Comércio 1

Confecções Comércio 1

Construção Civil Serviço 1

Mecânica Serviço 1

Medicamentos Comércio 1

Móveis Indústria 1

Peças e Ferramentas Comércio/ Serviço 1

Produtos Agrícolas Comércio 1

Transportes Serviço 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Inicialmente foram analisadas as informações e documentos levantados para a

elaboração do artigo, o estudo se embasou em livros de autores da área de

administração financeira e artigos publicados sobre o tema, sites do SEBRAE, IBGE,

DIEESE, Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), CAGED, Ministério do

Trabalho e Emprego, Empresômetro, Receita Federal e Portal do Brasil.

As entrevistas foram realizadas no mês de abril do ano de 2015. A fonte utilizada foi

NOGUEIRA (2002) “Elaboração e Análise de Questionários”. O questionário é do tipo

fechado, ou seja, com questões objetivas. Possui 10 perguntas especificas sobre

planejamento financeiro empresarial, e rotinas financeiras, com o intuito de esclarecer

o entendimento dos pequenos empresários sobre o planejamento financeiro e se eles

fazem o uso dessa ferramenta.

As variáveis e definições das perguntas contidas no questionário são exibidas na

tabela 2, a escala de medida utilizada é a nominal.

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TABELA 2 - Variáveis e definições

Variável Independente Questão Definição

Planejamento Financeiro 1 Sabe o que é Planejamento Financeiro

Planejamento Financeiro 2 Possui Planejamento Financeiro

Controle do dinheiro 3 Controla entrada e saída de dinheiro

Contas a Receber 4 Possui controle de contas a receber

Fluxo de Caixa 5 Possui Fluxo de Caixa

Capital de Giro 6 Calcula Capital de Giro

Recursos Financeiros 7 Dificuldade no Controle dos Recursos Financeiros

Indicadores Financeiros 8 Frequência da verificação dos Indicadores Financeiros

Insucesso da empresa 9 Fatores que contribuem para o Insucesso de uma empresa

Tomada de decisão 10 Informações contábeis na tomada de decisão

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

As entrevistas foram realizadas com 10 pequenos empresários de Lucas do Rio Verde

– MT, visando identificar a percepção deles sobre o planejamento financeiro. Dentre

estes, 40% afirmaram saber o que é planejamento financeiro, enquanto 60%

admitiram não saber o que é planejamento financeiro empresarial, essa questão

mostra a percepção do pequeno empresário e indica que o grau de conhecimento

precisa melhorar, pois é um ponto fundamental para um negócio.

Quando questionados se suas empresas possuem um planejamento financeiro,

apenas 10% dos empresários responderam que sim, e 90% admitiram que suas

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empresas não possuem planejamento financeiro. Fica constatado que os pequenos

empresários de Lucas do Rio Verde não estão habituados a planejar.

Sobre o controle da entrada e saída de dinheiro na empresa, relatório conhecido como

fluxo de faixa. Dos entrevistados 20% responderam que não controlam, apenas fazem

um fechamento de caixa no final do dia. Outros 50% responderam que tem um

controle informal de entra e saída de dinheiro, enquanto 30% dos pequenos

empresários responderam que tem um controle formalizado e detalhado das entradas

e saídas de dinheiro. Essa questão mostra que a principal preocupação do gestor

financeiro, é cumprida integralmente por apenas 30% das empresas entrevistadas, as

demais participantes não sabem exatamente de onde veio e para onde estão indo os

recursos financeiros da empresa, mostrando que o controle de contas a pagar e a

receber é deficiente.

A fim de verificar os procedimentos básicos de planejamento empresarial que são

realizados pelos pequenos empreendedores, foi solicitado se nas suas empresas

existe um controle formal para apurar os valores a receber de clientes. Dos

empresários entrevistados 30% admitiram não possuir controle dos valores a receber,

e 70% responderam que possuem um controle formal dos valores que recebem.

Verifica-se que a maioria das micro e pequenas empresas entrevistadas possuem um

controle das contas a receber. Procedimento básico e muito importante dentro da

empresa, necessário para fazer o negócio girar e se manter no mercado.

Quando questionados se possuem informações referentes às suas disponibilidades

financeiras existentes, 40% dos entrevistados afirmaram ter a informação do valor

exato que dispõe. E 60% responderam que tem uma estimativa do valor que possui

disponível. Sabemos que fluxo de caixa é o registro e controle da movimentação de

caixa, então fica constatado que 60% das pequenas empresas de Lucas do Rio Verde

não fazem o controle das movimentações do negócio. Essa situação é muito perigosa

e pode acabar quebrando o negócio em um momento de inconstância, como por

exemplo, a baixa demanda de consumidores.

Interrogados se sabem calcular a necessidade de capital de giro, logo 70% dos

entrevistados responderam que não sabem calcular, solicitam o capital de giro de

acordo com que estimam necessitar. Já 20% afirmaram fazer um calculo informal com

base nas obrigações e informações da empresa. E apenas 10% responderam que

calculam com base em uma planilha de custos e giro. Verifica-se um quadro delicado,

294

devido o baixo nível de conhecimento de técnicas administrativas financeiras por parte

dos micro e pequenos empresários, que se arriscam fazendo estimativas que muitas

vezes podem sair mais caro do que realmente precisavam.

Sobre a principal dificuldade em controlar os recursos financeiros da empresa na

opinião dos pequenos empreendedores, 10% responderam que a principal dificuldade

é recursos financeiros para investir em controles. Outros 40% responderam que é a

falta de tempo e 50% afirmaram ser o conhecimento a principal dificuldade de controlar

os recursos financeiros. Confirmando mais uma vez o baixo nível de conhecimento

das técnicas financeiras dos pequenos empresários Luverdenses.

Quando questionados sobre a frequência que fazem a verificação dos indicadores

financeiros da empresa, 10% dos entrevistados responderam que fazem

mensalmente, e 90% afirmaram fazer a verificação anualmente. Verifica-se que a

maioria dos pequenos negócios avaliam a situação e o desempenho da empresa

apenas 1 vez ao ano. É importante que toda empresa produza seus demonstrativos

financeiros periodicamente, com os números dos indicadores em mãos será possível

analisar pontos fracos e fortes na gestão do negócio, podendo corrigir a tempo falhas

e traçar novos planos.

Questionados sobre os fatores que mais contribuem para o insucesso de uma

organização, dos empresários entrevistados 10% responderam que é o

comportamento indevido do empreendedor e problemas pessoais dos sócios. Já 80%

dos entrevistados responderam que a falta de planejamento e a ausência de gestão

empresarial são os fatores que mais contribuem para o insucesso de uma empresa, e

outros 10% responderam que o principal fator é a falta de política e apoio dos

governos. Pode-se constatar que a maioria dos entrevistados sabem que o

planejamento e a boa gestão empresarial é um dos pilares para ter um bom

desempenho no negócio, sendo pontos fundamentais para o crescimento da empresa,

porém, conforme as respostas das perguntas anteriores são observadas que eles

tratam a matéria financeira como algo superficial de importância relativa.

Por fim, os micros e pequenos empresários foram questionados se utilizam

informações contábeis no processo de tomada de decisão no negócio. Apenas 10%

dos entrevistados utilizam as informações na tomada de decisão e 90% responderam

que não utilizam essas informações quando precisam tomar alguma decisão na

empresa. Pode-se perceber que as informações geradas pela contabilidade são

295

utilizadas apenas para atender o fisco, e que os micros e pequenos empresários

praticamente ignoram as informações geradas pela contabilidade na tomada de

decisão.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das informações provenientes do questionário aplicado, constata-se que as

micro e pequenas empresas de Lucas do Rio Verde – MT conhecem superficialmente

os benefícios do planejamento financeiro. Observa-se que a administração financeira

é tratada como algo de importância relativa, e que não é realizado o planejamento

financeiro empresarial nos negócios.

Com o estudo pôde-se verificar que o planejamento é muito importante para qualquer

empresa, auxiliando o empresário a traçar objetivos e escolher os meios para alcançá-

los. Proporcionando ao pequeno empresário o desenvolvimento da capacidade,

adaptação e resposta diante às frequentes mudanças no cenário econômico nacional.

Conforme o questionário aplicado a maioria dos entrevistados afirmaram que a falta

de planejamento e a ausência da gestão empresarial contribui para o insucesso de

uma empresa. Porém as demais respostas mostram que para as micro e pequenas

empresas Luverdenses, pontos básicos da gestão financeira ainda são

desconhecidos ou tratados com descaso por alguns empresários.

Positivamente, a pesquisa revelou que os micro e pequenos empresários tem

consciência das vantagens na utilização do planejamento financeiro, porém,

evidenciou falta de conhecimento técnico e pouco interesse por parte dos

empreendedores em conhecer e utilizar a ferramenta no estabelecimento comercial.

O empresário que deseja permanecer no mercado, cada dia mais competitivo, com

frequentes mudanças tem de fazer a sua parte, não pode se acomodar. Precisa estar

preparado e qualificado para agir nas adversidades que surgem no dia-a-dia das micro

e pequenas empresas; planejamento e inovação são requisitos básicos para o bom

desempenho do negócio. Como sugestão de melhoria nas empresas pesquisadas,

sugiro que os empresários invistam em conhecimento da ferramenta e façam o uso

em seu estabelecimento.

296

Para trabalhos futuros, recomendo a realização de pesquisas que desenvolvam junto

as micro e pequenas empresas um modelo de planejamento financeiro que atenda a

necessidade do empreendedor, a fim de otimizar seu negócio.

REFERÊNCIAS

BELO, Luiz Carlos. Contribuição para o Estudo do Planejamento Financeiro em Pequenas Empresas com Contabilidade Terceirizada. 2009. Dissertação (Mestrado Ciências Contábeis e Atuariais. Área de concentração: Controladoria e Contabilidade) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo – SP, 2009. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=10319>. Acesso em: 05 dez. 2014. BRASIL, Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Diário Oficial da União: República Federativa do Brasil: Congresso Nacional, Brasília, 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 02 jan. 2015. CAETANO, Bruno. Micro e Pequenas Empresas Não Terão Saudades de 2014. Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2014/12/12/micro-e-pequenas-empresas-nao-terao-saudades-de-2014.htm>. Acesso em: 21 jan. 2015. CAMARGO, Camila. Planejamento Financeiro. Camila Camargo. 2 ed. Curitiba: IBPEX, 2007. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS– DIEESE. DIEESE e SEBRAE Lançam Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa. São Paulo, 05 de dezembro de 2011. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notaaimprensa/2011/anuarioSebraeRelease.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2015. DUARTE, Vânia Maria do N. Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. Disponível em: <http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/pesquisa-quantitativa-qualitativa.htm>. Acesso em: 27 jan. 2015 ERCOLIN, Carlos Alberto. 2007. Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade Fatores financeiros determinantes da mortalidade de micro e pequenas empresas de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-30012008-094646/>. Acesso em: 20 jan. 2015. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7 ed. São Paulo: Harbra, 1997.

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300

A IMPORTÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UM CONFINAMENTO DE

GADO DE CORTE

Jéssica Casemiro Dos Reis3

Leandro Franz4

RESUMO O presente estudo aborda o tema confinamento de gado de corte no sistema intensivo, trazendo a importância das ferramentas gerenciais nos controles internos possibilitando, identificar e corroborando no processo da gestão da engorda dos animais no confinamento. O confinamento de bovinos no sistema intensivo, é a criação de bovinos em ambiente fechado, vem galgando cada dia mais espaço no Brasil, é de suma importância que todas as fases dos processos de gestão estejam evidenciadas, bem como seus respectivos custos e receitas, observamos então a importância de gerir corretamente as ferramentas gerenciais do controle interno bem como capacitar todo o colaborador que manuseará essas ferramentas que dará ao gestor qual o direcionamento ideal que o mesmo deve seguir, podendo assim trazer um produto de alta qualidade perante o mercado e ao mesmo tempo com boa lucratividade para o produtor, solidificando assim a empresa dia após dia. Nos achados da pesquisa pode se evidenciar que as ferramentas de controles internos são de suma importância para a gestão da fazenda, uma boa utilização destas ferramentas possibilitaram à fazenda Mano Júlio agregar vários parceiros diferentes e confinar um número de mais de 12 mil animais de gado de corte no ano de 2015, além de aumentar sua eficiência e organização no que diz respeito à gestão, conferindo assim maior sustentabilidade à organização no gerenciamento dos resultados do negócio confinamento de bovinos.

Palavras-Chave: Confinamento. Ferramentas Gerenciais. Gado de Corte. Controle Interno.

1 INTRODUÇÃO

A engorda de bovinos em ambiente fechado tem se firmado no Brasil central,

no último trimestre de 2015 foram abatidas quase 8 milhões de cabeças de bovinos,

dentro destes números alguns estados ganham destaque, entre eles o estado do Mato

Grosso que lidera o ranking de estados com maior número de cabeças abatidas com

3 Acadêmica Jéssica Casemiro dos Reis do 8º Semestre de Ciências Contábeis, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: [email protected] 4 Professor Orientador Leandro Franz, Mestre em Ciências Contábeis. E-mail: [email protected].

301

a participação expressiva nesse segmento com quase 1 milhão 200 mil cabeças

abatidas, seguido pelo estado do Mato Grosso do Sul que foram abatidas 900 mil

cabeças de boi, só então em terceiro lugar vem o estado de São Paulo com um

número pouco superior a 750 mil cabeças de gado abatidas, em quarto lugar mais um

estado que pertence a região centro oeste que é Goiás com números próximos a 750

mil cabeças de gado abatidas no último trimestre do ano de 2015. Os três estados da

região centro oeste somam juntos em torno de 3 milhões de cabeças de gado

abatidas, ou seja, se comparado ao resto do Brasil estes três estados são

responsáveis por um terço do abate de bovinos, posicionando-os em destaque

quando se trata de produção de carnes bovinas para consumo (IBGE, 2016).

Em outras regiões o confinamento no sistema intensivo é visto como sendo a

garantia para manter matéria prima para a indústria frigorífica de bovinos, em época

de pouca oferta de boi terminado, reduzindo assim o tempo necessário para o abate

e automaticamente aumentando a produção, ou seja, principal objetivo do

confinamento é encurtar o ciclo de produção fazendo com que os animais sejam

abatidos mais jovens (NICHELE, et. al. 2006).

O confinamento nada mais é do que tirar o gado do pasto e colocar ele em um

ambiente fechado, e nesse ambiente será fornecida toda a alimentação que o gado

necessita. Dentre os principais insumos utilizados para alimentar os bovinos estão às

forragens e rações balanceadas, para que eles engordem com qualidade e rapidez no

sentido em curto espaço de tempo (NICHELE, et. al. 2006).

No confinamento o gado recebe uma alimentação específica, isso significa que

ele recebe diariamente uma dieta balanceada, onde contém todos os ingredientes que

eles precisam para ter um ganho de peso ideal, esse gado normalmente fica em média

100 a 120 dias no confinamento, nesse período confinado ele ganha em torno de 1,1

kg a 1,70 de ganho de peso diário. O ganho de peso diário vai depender da

alimentação que está sendo fornecida, do manejo dos animais do confinamento e das

instalações que a fazenda dispor. O ideal é confinar animais um pouco mais pesados,

inicialmente pesando em torno de 330 a 390 kg de peso vivo, animais com peso

inferior a 330 kg são praticamente inviáveis para o confinamento, porque eles

demoram um tempo maior para atingir o peso necessário que os frigoríficos exigem

para o abate, que é algo em torno de 600 kg de peso vivo (EZEQUIEL, et. al. 2006).

302

O aumento na demanda mundial de carnes, somado a colonização de regiões

interioranas do Brasil, associado à expansão das fronteiras agrícolas são fatores que

ajudam a explicar como a criação de gado ganhou espaço e hoje figura entre as

principais atividades econômicas do Brasil, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (2012) apresentou dados referentes ao rebanho brasileiro, rebanho este

que deu um salto no número de cabeças onde de 1974 o rebanho nacional

apresentava em torno de 93 milhões de cabeças e em 2011 este número chegou a

algo em torno de 213 milhões de cabeças de gado, um crescimento avassalador de

mais de 130% (RAUPP, FUGANTI, 2014).

Um dos aspectos importantes para ter bom desempenho no confinamento é a

escolha da raça, dando preferência para aquelas que dão maior conversão alimentar

(conversão alimentar é quantos kg de alimento um animal precisa para converter um

kg de carne), o ideal são animais que tenham um bom desempenho no ganho de peso

nesse aspecto com melhor desempenho são as raças Europeias e as mais rústicas

as zebuínas. Nesse aspecto a região está optando por raças cruzadas para melhor

adaptação com região do Mato Grosso (EZEQUIEL, et. al. 2006).

O Brasil hoje apresenta o segundo maior rebanho de bovinos do mundo,

perdendo apenas para Índia, país este que não explora os bovinos comercialmente, o

que aumenta ainda mais o destaque do Brasil em relação ao comércio de bovinos a

nível mundial. O Brasil se tornou o segundo maior produtor e o maior exportador de

carne bovina do mercado mundial, o número de confinamentos tem apresentado um

crescimento expressivo nos últimos anos (RAUPP, FUGANTI, 2014).

O confinamento precisa estar muito atento aos custos de produção, que

englobam na grande maioria a alimentação e a própria compra dos animais. Nesse

aspecto necessário escolher animais que tenham maior aptidão de maior ganho de

peso, rusticidade e qualidade do produto produzido na fazenda (EZEQUIEL, et. al.

2006).

O presente trabalho tem como problemática de pesquisa: quais controles

internos são utilizados no gerenciamento do confinamento de gado de corte? Assim,

o objetivo principal desta pesquisa visa evidenciar a importância das ferramentas

gerenciais para um controle de custos, despesas e gerenciamento do confinamento

do gado de corte de uma fazenda, podendo assim evidenciar a utilização das

ferramentas de controle interno do confinamento em cada fase da cadeia produtiva.

303

Essas análises vão corroborar na obtenção dos resultados do processo produtivo da

cadeia de gado de corte fortalecendo-os em um mercado extremamente competitivo.

Após o levantamento da análise dessas ferramentas gerenciais utilizadas

diariamente torna-se possível o conhecimento de cada fase do controle interno,

trazendo um conhecimento necessário e imprescindível, refletindo assim em decisões

mais fundamentadas e consequentemente com menor índice de erros na prática

diária.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Controle Interno

O controle interno tem um papel fundamental quando se diz respeito à

eficiência e produtividade em qualquer segmento e não é diferente quando falamos

do gado de corte, o controle interno nada mais é do que um planejamento

organizacional e os métodos e procedimentos que são adotados dentro de uma

empresa com o intuito de proteger os seus ativos, também visa verificar a adequação

dos dados contábeis de uma empresa, resultando em maior eficiência operacional e

fornece suporte às tomadas de decisões feitas pela administração da mesma, os

principais objetivos citados quando estamos nos referindo a controle interno é

justamente evitar erros, ineficiências e fraudes em uma administração fornecendo o

respaldo necessário para uma empresa não mergulhar em crises que possam

comprometer a sua saúde financeira (VAASSEN, MEUWISSEN e SCHELLEMAN,

2013).

A importância do controle interno está diretamente ligada à confiabilidade dos

dados fornecidos, pois são através destes que são direcionadas as decisões e

caminhos a serem seguidos em objetivo comum da empresa, sendo que são através

da contabilidade dos resultados que os administradores decidem situações a serem

seguidas e ou porventura alteradas, diante disso torna se de fundamental importância

a confiabilidade dos resultados apresentados. Quando os dados de controle interno

são incorretos ou distorcidos o procedimento torna se totalmente inútil e inviável, pois

estes podem levar a erros nas tomadas de decisões pela direção da empresa sendo

304

danosas para saúde financeira da organização impedindo assim a continuidade de

fluxo operacional com os quais é inerente a gestão da empresa (CREPALDI, 2007).

Um controle interno operante adiciona um grande valor a Organização,

trazendo elevação da sua credibilidade junto aos investidores, fornecedores e clientes,

pois permite a identificação de forma imediata de fatores que possam afetar os

negócios da empresa, sejam esses, fatores externos ou internos, possibilitando a

análise e avaliação de todo e qualquer impacto que possam ocorrer nas suas

operações, lucratividades, ativos, passivos e no seu futuro. Devido à complexidade e

o grande crescimento das organizações o administrador se distanciou da execução

propriamente dita do processo administrativo, tornando-se assim necessária a

delegação de poderes e descentralização das tarefas administrativas através da

criação de um eficiente sistema de controle interno (LIMA, et. al., 2012).

No geral o controle interno deve ter os seguintes aspectos:

a) Ser úteis salvaguardando bens e patrimônio da empresa e promovendo

bom desenvolvimento do negócio, protegendo tanto a empresa quanto os

colaboradores que nela trabalham.

b) Ser práticos seguindo os padrões e tamanho da empresa e ao poderio

de suas operações, sendo objetivo para controlar e simples de aplicar.

c) Ser econômicos que o custo de sua aplicação for inferior a receita que

potencialmente sua aplicação pode gerar, ou seja, que tenha um custo/benefício

com balanço positivo (VAASSEN, MEUWISSEN e SCHELLEMAN, 2013).

2.1.1 Objetivos do controle interno

Os principais objetivos do conjunto de sistema de controle interno estão

relacionados abaixo:

a) Assegurar e verificar os cumprimentos às normas internas e políticas

de administração da companhia, incluindo um código de ética nas relações

comerciais e profissionais.

b) Coletar informações de qualidade, adequadas e seguras, em um curto

espaço de tempo, acelerando qualquer tomada de decisão que seja conveniente e

salutar.

c) Comprovar a legitimidade das informações e relatórios contábeis,

operacionais e financeiros.

d) Proteger os ativos da entidade, o que se entende por bens e direito.

e) Tentar se prevenir contra erros e fraudes, caso seja evidenciado alguns

destes que o mesmo seja elucidado da maneira mais rápida e direta possível,

305

determinando as extensões que atingiram e atribuição corretas dos responsáveis,

possibilitando assim o saneamento da causa do erro.

f) Servir de base para localização de possíveis erros e desperdícios,

facilitando assim ao mesmo tempo a uniformidade e correção dos mesmos.

g) Fazer os registros adequados as diversas operações, assegurando

assim um melhor aproveitamento de cada recurso a ser utilizado pela gestão da

empresa.

h) Incentivar a eficiência e produção pessoal, mediante supervisão

exercida por meios de relatórios.

i) Verificar a legitimidade dos passivos da empresa, bem como fornecer o

adequado registro e controle das provisões e perdas reais e prevista da empresa.

j) Evidenciar o correto processamento nas transações da empresa,

possibilitando ainda o consentimento dos gastos gerados em cada setor por período

previamente determinado.

k) Permitir a observância e o estrito cumprimento da legislação vigente

(OLIVEIRA, PEREZ e SILVA, 2002).

2.1.2 Subdivisão dos grupos de controle

Segundo o Conselho Federal de Contabilidade através da ENA 29 (Exposição

Normas de Auditoria número 29) estabelece que o sistema de controle interno de uma

empresa se divide em dois grupos de controle, um deles o grupo que está presente

os controles de natureza contábil e o no outro grupo os controles de natureza

administrativa. Onde aos controles contábeis se enquadram o plano de organização

de todos os sistemas, métodos e procedimentos que se referem à salvaguarda dos

bens, direitos, e obrigações, além da legitimidade dos registros financeiros. Já os

controles de natureza administrativa abrangem o plano de organização, sistemas,

métodos e procedimentos a serem aplicados com o intuito de contribuir na eficiência

e eficácia operacional, cumprir as regras de diretrizes, políticas, normas e instruções

da administração, ou seja, programas de treinamentos e desenvolvimento pessoal,

avaliação de desempenho, métodos de programação entre outros (ROLIM, 2010).

2.1.3 Operacionalização do controle interno

Para que se obtenha um resultado satisfatório no controle interno é necessário

que haja um estímulo à eficiência operacional por parte da gestão da organização em

si, é dever da organização proporcionar um ambiente propício, saudável e harmônico

306

para que seus colaboradores possam desenvolver as funções a eles designadas com

alto índice de eficiência, para alcançar tal feito à organização deve pré estabelecer e

implementar objetivos e regras que deverão ser seguidos à risca em todos os setores

da empresa (LIMA, et. al. 2012).

Alguns procedimentos que geram resultados positivos são: seleção rigorosa,

ou seja, contar com mão de obra qualificada para cumprir funções específicas,

proporcionar treinamento adequado e capacitação dos colaboradores visando

diminuir custos com erros e aumentar diretamente o rendimento, oferecer plano de

carreira como recompensa aos colaboradores que contribuírem para que o controle

funcione de forma sadia, através de relatórios de desempenho enfatizar sempre os

colaboradores que cumprem suas tarefas com disciplina e obediência as políticas e

procedimentos da empresa (ATTIE, 2007).

O responsável de cada setor deve emitir relatórios de horas trabalhadas

ajudando assim administrar o tempo com mais eficiência, acompanhar os tempos e

métodos que estão sendo utilizado para execução de cada atividade, observar o custo

padrão, ou seja, identificar benefícios e ineficiências do processo de produção através

de seu acompanhamento, elaboração de manuais internos de procedimentos

operacionais padrão que possibilitam a pratica uniforme, normatização e eficiência em

cada procedimento, e por fim formular instrumentos formais a fim de deixar clara e

precisa a natureza da informação impedindo assim dupla interpretação (ROLIM,

2010).

2.2 Perspectivas de Mercado para Criação de Gado de Corte

Com o avanço do mercado de gado de corte o setor de confinamento vem

ganhando cada dia mais espaço, considerando que por meio deste consegue-se obter

através do seu processo de produção de bovinos em alta escala e rigoroso padrão de

produção com foco em qualidade na nutrição animal, haja visto que no mercado atual

a característica do consumo de carnes vem ficando cada dia mais competitivo

principalmente com o grande aumento no consumo de outras carnes, com destaque

no aumento do consumo de carne suína no mercado mundial que hoje tomou o

espaço da carne bovina. No ano de 2015 o consumo de carnes no Brasil se distribuiu

307

da seguinte forma: carnes bovinas 7.188 mil toneladas, carne de frangos 9.038 mil

toneladas e a suína 2.981 mil toneladas (BRASIL, 2015).

Um dos principais fatores que devem ser considerados na hora da compra é o

de escolher o gado mais apropriado para criação, por exemplo, animais bovinos

machos inteiros, consideram-se animais inteiros os bois machos que não foram

castrados, estes são animais que tem maior facilidade no ganho de peso, e melhor

conversão alimentar, ou seja, a capacidade de converter em ganho de peso os

alimentos por eles foram consumidos, isso ocorre devido aos hormônios, com isso ele

tem um maior ganho muscular. Animal macho castrado também tem um bom

desempenho, porém, sua conversão alimentar é menor comparado a do macho

inteiro. No tocante as fêmeas existem as novilhas, ou seja, as vacas mais jovens;

também existem as vacas de descartes que são animais mais pesados quando

comparado com as vacas mais jovens, e por serem mais velhas tendem com isso ter

uma pior conversão alimentar. O ideal seria sempre utilizar animais inteiros, ao invés

do animal castrado, porque com isso conseguem ter uma engorda mais intensiva. No

Brasil o sistema de boi confinado envolve muitos benefícios, garantem qualidade de

carne e preço relativamente baixo no que diz respeito à venda do confinamento para

os frigoríficos, com alta produtividade, resultando em um giro maior de dinheiro,

aumento de produção de qualidade. Uma das melhores épocas do ano para se vender

boi de confinamento é em meados de outubro e novembro, onde o preço encontra-se

inflacionado, resultando em maior lucratividade no mercado bovino (QUADROS,

2005).

Segundo uma estimativa feita pelo Embrapa com dados fornecidos pelo

CONAB ocorrerá uma variação de crescimento para os próximos dez anos para os

setores de carnes onde o consumo de carne suína ganhará destaque aumentando em

torno de 35% de quantidade de toneladas consumidas, logo ao lado dos suínos em

crescimento vem as aves que projeta-se um aumento de 34% no mesmo período e

por fim a carne bovina que tem perspectiva de aumento em torno de 23% até 2025.

No entanto quando se refere a quantidade de toneladas consumidas os bovinos ainda

se encontram com bons números mesmo com o alto crescimento no consumo de seus

concorrentes diretos. Acredita-se que em 2025 estarão sendo consumidas 11.355 mil

toneladas de carnes bovinas enquanto as suínas e aves estarão sendo consumidas

4.700 mil toneladas e 17.689 mil toneladas respectivamente (BRASIL, 2015).

308

O que deve ser levado em consideração ao analisar estes números é o custo

das carnes, as aves que figuram em primeiro na quantidade de consumo é também a

que tem um preço mais acessível, já os suínos que estão em franco crescimento tem

um preço intermediário e qualidade considerável justamente por isso o seu consumo

vem aumentando, o fato do seu preço final ser menor pode ser explicado pela

vantagem que os suínos e aves levam quando comparados à carne bovina no ciclo

de engorda que neste caso é longo, em torno de noventa a cento e vinte dias,

enquanto as aves levam em torno de quarenta e cinco dias para ficar prontas para o

abate. Os bovinos apesar de terem números que não são tão animadores quanto seus

concorrentes é possivelmente o que tem um mercado mais sólido e uma qualidade

indiscutível comprovada há muito mais tempo e por isso se mantém firme com

números estáveis (BRASIL, 2015).

2.3 Estudos Precedentes: Confinamento no Contexto Mundial

Na cidade do Kansas nos Estados Unidos se encontra o maior confinamento

do mundo individual onde são confinados em torno de 200 mil cabeças por ano, cada

boi consome em torno de 12 kg (quilogramas) de ração por dia, o ganho de peso fica

de 1,3 kg a 1,4 kg por dia, isso representa 50% a mais do que a média brasileira que

é de 0,9 kg por dia na presente data, números estes extremamente relevantes, pois

se levarmos em consideração que os bois ficam de 100 a 120 dias confinados

ganhando 50% a mais de peso diariamente o salto na lucratividade na hora da venda

é escandaloso contribuindo cada vez mais para a sustentabilidade do projeto. Esse

confinamento gera em torno de 250 mil toneladas de esterco por ano, e morrem de

dois a três mil animais durante este mesmo período, quando comparado com alguns

confinamentos brasileiros o número de bois mortos no Kansas ultrapassam a entrada

de bois na maioria dos confinamentos, neste confinamento do Kansas a taxa de

mortalidade não passa de 1,5%. O prejuízo chega a cem dólares por cabeça, já

comparado anualmente esse prejuízo pode chegar a vinte milhões de dólares,

contando entre parceiros e empresas (KANSAS, 2011).

3 METODOLOGIA

309

Considerando a abordagem do presente trabalho o mesmo consiste em um

estudo descritivo, pois visa identificar, registrar e analisar características, fatores ou

variáveis do processo operacional de controle interno aplicado ao confinamento de

bovinos de corte (PEROVANO, 2014).

Este estudo consiste em um método de abordagem qualitativa, devido a sua

característica de observação intensiva em uma determinada fazenda em um espaço

de tempo pré-determinado resultando em coleta de dados e procedimentos realizados

no local (DALFOVO, LANA e SILVEIRA, 2008).

Está sendo utilizado um estudo de caso porque permeia num estudo em uma

fazenda de Gado de Corte, ou seja, o estudo de caso caracteriza-se pelo estudo

realizado em um único caso, auxiliando o pesquisador a aprofundar seus

conhecimentos em um caso específico possibilitando assim reunir inúmeras

informações sobre determinado tema. A pesquisa bibliográfica é parte obrigatória de

qualquer pesquisa cientifica realizada, pois, é através deste embasamento teórico que

será possível obter conhecimento das pesquisas cientificas já existentes para um

determinado tema.

Para tal realizou-se levantamento bibliográfico, por meio de consulta eletrônica,

utilizando as bases de dados scielo, bireme, capes, além de uma extensa consulta em

livros especializados no tema e legislação pertinente, ainda foram utilizados materiais

da Fazenda Mano Júlio, bem como suas ferramentas gerenciais específicas no que

tange o processo de confinamento de gados de corte. Foram localizados vários artigos

inerentes ao tema, e destes em torno de sete atenderam ao objeto de estudo desta

pesquisa. Os critérios de inclusão determinados foram: “importância de controles

internos de um confinamento de gado de corte” publicados no período de 2000 a 2016.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Estudo de Caso

O presente estudo de caso foi realizado em uma empresa com sede

administrativa na cidade de Lucas do Rio Verde, estado do Mato Grosso, empresa

esta com história que se sobrepõe a história deste município promissor em que está

localizada. Em 2001 foi adquirida uma área de terra no município de Ipiranga do Norte,

310

localizada a 90 km de Lucas do Rio Verde, pelos irmãos visionários e hoje grandes

empreendedores na produção agropecuária, os proprietários Marino Jose Franz e

Paulo Sergio Franz, denominaram a Fazenda Mano Júlio, uma homenagem póstuma

ao irmão caçula. Nascia assim não só mais uma fazenda em Mato Grosso, mais um

novo conceito de negócios rurais e empreendimentos agropecuários com novos

valores e compromissos empresariais.

Hoje este grupo agrega várias outras empresas com diferentes finalidades de

produção, compreendendo o cultivo de grãos, soja, milho, arroz, algodão, gado

leiteiro, suinocultura com produção de leitões e terminação, avicultura com produção

de ovos férteis e granjas de terminação, e por fim com números e projeções

grandiosas para um mercado competitivo e desafiador, destaque-se o setor

bovinocultura com foco em gado de corte de excelência. Esta potência no setor

agropecuária Mato Grossense conhecida como Mano Júlio além de promover a

sustentabilidade com produção de ração animal através da utilização de boa parte da

produção agrícola para fomentar suas atividades, produz também parte da sua

energia consumida através da reutilização dos dejetos de animais por meio de

biodigestores, faz também fertirrigação, além da queima de carbono, destoa do atual

momento econômico e atualmente geram em torno 450 empregos diretos e 1.300

empregos indiretos.

Especializada no sistema de engorda a pasto (semi confinamento) e em

confinamento, com capacidade estática de produção de 4.00 animais á pasto e 16.200

animais em confinamento, tem condições de engordar 40.400 animais por ano em 2

ciclos anuais, para isso conta com uma estrutura moderna funcional que compreende:

administrativo e farmácia, possui 108 currais com uma linha de cocho e bebedouros

entre baias, num total de 216.000 m², curral de recepção e apartes com capacidade

de processar 800 animais por dia, tronco de contenção pneumático e apartador

pneumático para 4 apartes. Fábrica de ração com 6 baias de 400 m², 4 boxes de 1.000

m³ com chupim, 2 moinhos de rolo, 2 moinhos de martelo com capacidade de 100

ton/h, inclusive podendo se fazer grão úmido com altar capacidade estática.

No ano de 2015 foram confinados um total de 12.520 mil bois, sendo esses,

bois próprios da fazenda e outros decorrentes de parceiras com frigoríficos e/ou

produtores rurais, essas parcerias funcionam da seguinte forma, o parceiro compra o

gado e coloca no confinamento da fazenda, no qual a fazenda fica responsável por

311

fornecer toda a alimentação e medicamentos que o gado precisa enquanto estiver

confinado para obtenção do ganho de peso diário, quando o boi já está com peso ideal

e pronto para o abate, o parceiro vende o boi e repassa o percentual pertencente à

fazenda em um acerto final, percentual este combinado e firmado previamente em

contrato de parceria.

Traz como missão desenvolver alimentos saudáveis e sempre estar

comprometido com meio ambiente e bem-estar das pessoas, gerando retornos

econômicos sustentáveis ao longo dos anos. E ser uma empresa reconhecida no

mercado do Agronegócio, pela qualidade de seus produtos, pela ética e capacidade

técnica de seus colaboradores.

E como visão aprimorar o sistema de gestão produtiva e sustentável se

tornando modelo no agronegócio brasileiro, com excelência em suas operações e

rentabilidade superior à do mercado.

Com metas bem definidas e posicionamento de mercado bem elucidado o

grupo de gestores da empresa enfatiza a importância das ferramentas gerenciais de

controle interno funcionando de forma interligada e metódica como principal fator de

sustentabilidade e crescimento econômico mesmo em tempos de crise financeira

nacional.

4.2 Programas de Controle Utilizados

Segundo informação da gestora responsável pelo controle diário das

ferramentas gerenciais do confinamento da Fazenda Mano Júlio, existem duas

ferramentas imprescindíveis para o controle das informações observadas no dia a dia,

essas ferramentas direcionam os procedimentos diários a serem seguidos de forma

que uma boa observância das informações diárias resulta em maior confiabilidade na

averiguação dos controles gerenciais e tomadas de decisões. As ferramentas

utilizadas são os programas TGR (Tecnologia e gestão em rastreabilidade), e o TGC

(Tecnologia e gestão em confinamento).

4.3 Sistema de Tecnologia e Gestão em Rastreabilidade

312

O sistema de Tecnologia e gestão em rastreabilidade (TGR) foi desenvolvido

para atender as regras da IN14 que habilita a fazenda a realizar exportação dos

animais para União Europeia, além de servir de suporte para o manejo operacional

realizado nas fazendas e confinamento de todo o território nacional.

As opções oferecidas por este sistema já no ato da chegada dos bovinos à

fazenda podem ser evidenciadas nos seguintes quesitos:

a) Entradas: é neste campo que são lançadas as primeiras informações

do bovino, a partir desta é originado um número que ficará presente em seu brinco

de identificação, ou seja, este brinco funciona como uma carteira de identidade para

o bovino que o acompanhará até o momento do abate, as informações que são

lançadas no brinco são peso, sexo, raça, idade, propriedade de origem, data da

chegada no confinamento.

b) Saídas: no ato da saída do bovino para o abate o sistema mostra todo

histórico do mesmo enquanto esteve no confinamento, peso de saída, quantidade de

ganho de peso diário desde sua entrada, quanto tempo ele passou confinado,

rendimento de satisfação de engorda entre outros.

c) Movimentações: este mostra caso o bovino tenha sido transportado de

um confinamento para outro.

d) Pesagens: mostra o peso da entrada, peso da saída, peso de engorda

diária e eficiência de engorda de cada bovino.

e) Inventário: apresenta a quantidade de bovinos presentes na fazenda.

f) Vacinações: é neste campo que são lançadas todas as vacinas

aplicadas nos bovinos enquanto eles estão presentes na fazenda.

A utilização do sistema TGR apresenta algumas vantagens, dentre as

vantagens mais importantes oferecidas a quem utiliza o sistema controle TGR

podemos citar:

a) Precisão na coleta dos dados, obtendo assim dados mais confiáveis

resultando em melhor suporte para as tomadas de decisões.

b) Possibilidade de trabalhar com múltiplos proprietários, ou seja, caso a

fazenda adquira um bovino que já é rastreado todas as informações já se

apresentam arquivadas no seu brinco, assim não é necessário refazer sua

identificação.

c) Integração com leitores de código de barras.

d) Movimentações entre pastos e currais.

e) Controle de estoque dos brincos SISBOV separados por proprietários.

f) Bloqueio de saídas de animais com carência de medicamentos.

g) Bloqueio de saídas dos animais que não cumpriram a carência de

noventena exigidos pela normativa.

O programa ainda apresenta algumas outras ferramentas importantes para uso

diário, no seu sistema operacional o TGR apresenta uma capacidade na entrada de

313

apartação por peso e separação automático nos currais, ainda no quesito entrada é

possível separação obedecendo a regra de Cota Hilton, e a separação de animais por

contrato de parcerias, aplicação do protocolo sanitário automático na entrada dos

animais, entre outros. Na base de dados do sistema encontra-se ainda presente vários

formulários e comunicados do SISBOV onde a demais relevância levando em

consideração a frequência de utilização são: comunicado de entrada (anexo XII),

comunicado de saída (anexo XIII), comunicado de morte (anexo XIV), comunicado

TTA (termo de transferência de animais), entre outros (TGR,2007).

314

Figura 1: Comunicado de Entrada de Animais - TGR Fonte: Dados da Pesquisa

315

A figura 1, apresenta um comunicado de entrada de animais feito no TGR, ao

chegarem na fazenda os bois são passados no curral, no qual são pesados e em cada

boi é colocado um brinco do SISBOV de identificação, brinco este que contém 15

dígitos que formam um código de barras onde ficam gravados os dados do boi, como

por exemplo, qual o proprietário de sua origem, dados do destino, número da GTA

(guia de trânsito animal), quantidade de bois, esse brinco fica com o boi até o dia que

ele for para o abate, depois desse procedimento os bois são colocados em uma baia

separada dos outros bovinos que já estão na fazenda em outras fases de engorda.

4.4 Tecnologia e Gestão em Confinamento

Depois de feita a entrada dos bovinos, cadastramento e informação sobre sua

rastreabilidade no sistema TGR os mesmos são levados ao cocho, ou seja, a partir

deste momento podemos dizer que eles estão confinados iniciando a partir deste

momento uma busca diária de ganho de peso e rendimento, para conseguir que isso

ocorra com alta eficiência e qualidade é usada mais uma ferramenta gerencial de

controle chamada TGC (tecnologia e gestão em confinamento), é através dessa

ferramenta que as decisões sobre o trato serão tomadas diariamente. Podemos

evidenciar algumas das várias vantagens em se trabalhar com um programa gerencial

moderno como este, que são:

a) Alta precisão na coleta de dados.

b) Controle de animais.

c) Controle Fábrica de ração.

d) Gráficos gerenciais.

e) Relatórios gerenciais.

f) Custos de animais dia a dia.

g) Gerenciamento de contratos.

h) Aplicação de medicamentos.

Este sistema conta ainda com ferramentas operacionais que são utilizadas na

nutrição e manejo dos animais como:

a) Controle de alimentos

b) Controle de concentrados

c) Controle de fabricação de ração

d) Integração com balanças na fábrica de ração

e) Planejamento nutricional com possibilidade de intercalação de tratos

diferenciados.

316

f) Controle de lote manejo

g) Controle lote saída

h) Controle sanitário

i) Controle carência de medicamentos

E para finalizar o sistema é municiado com uma extensa lista de relatórios e

gráficos que praticamente desenha toda a evolução do bovino desde a sua chegada,

restando apenas a correta interpretação e aplicação das medidas cabíveis para elevar

o índice de eficiência no ganho de peso até a data de sua saída, alguns relatórios e

gráficos que merecem ser citados são os relatórios de controle diário zootécnico e

financeiro, controle de diárias das parcerias, fluxo de abate por lote, fluxo de abate

individual, custo médio por ingrediente, custo médio dos alimentos, gráficos de ração

previsto versus ração realizado, gráfico de ração fabricada versus ração fornecida,

gráfico de consumo de lote por kg/ cabeça, gráfico de mortalidade, gráfico de peso de

entrada por lote, entre outros (TGC,2007).

Figura 2: Gráfico de Consumo de Alimentação de um lote de bovinos - TGC Fonte: Dados da Pesquisa

Através da figura 2, podemos exemplificar umas das importantes funções

realizadas pelo sistema TGC, neste gráfico identificamos um lote que está confinado

a apenas 25 dias, ou seja, ele acaba de passar pela fase de adaptação que são de

21dias, este lote após sua fase de adaptação está consumindo um total de 2,62% em

317

relação ao seu peso vivo, esse percentual deve se manter crescente até a devida

estabilização de consumo do lote.

De acordo com gestora da fazenda a correta utilização de tantas ferramentas

de controle interno somado à dedicação diária dos colaboradores devidamente

treinados para tal, solidifica cada dia mais a empresa no mercado de bovinos de corte,

é de suma importância a ressalva que, de nada adianta as ferramentas de controle

interno ser as mais modernas se os colaboradores que as municiam não estiverem

capacitados para suas funções, pois se isso acontecer os dados informados serão

imprecisos e os resultados dos relatórios serão ilusórios.

Além das ferramentas gerenciais de controle interno existem os resultados da

parte de gerenciamento de custos nos quais devem ser manuseados com o mesmo

rigor e com mão de obra qualificada, para o gerenciamento de custos são utilizados

outros programas e/ou sistemas informatizados resultando em um cruzamento de

dados completo, nos quais permitem ao gestor saber todos os números da sua

organização.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o mercado do agronegócio atual a bovinocultura com foco no

confinamento mostrou-se interessante em vários aspectos, e um dos pontos mais

relevantes para solidificação desta são os sistemas gerenciais de controle interno, isso

porque, são estes que trazem um suporte para análise dos resultados e posterior

avaliação. São através destes também que são feitos controles diários em cada fase

do processo produtivo norteando assim as tomadas de decisões diárias que são

necessárias, tornando-as cada vez mais rápidas e precisas.

Com o aumento da competitividade no mercado de carnes e levando em

consideração o aumento estarrecedor no consumo de carne suína e de aves além da

atual crise financeira que se instalou no Brasil onde o preço na compra do boi magro

é alto e o preço da arroba na hora da venda para o abate é baixo toda e qualquer

vantagem que puder tirar em cada setor do processo produtivo retornará como lucro

para o produtor. Diante disso não se pode apenas pensar em produzir, mas sim

produzir o que se utiliza com alto índice de efetividade e para isso existe um único e

longo caminho a ser percorrido que é utilizar o máximo de ferramentas gerenciais de

318

controle interno possível, além de seguir metodicamente todos os passos do controle

interno.

As principais ferramentas gerenciais de controle interno utilizadas pela fazenda

Mano Júlio para procedimentos diários são os programas TGR e TGC, através destes

a gestora de campo consegue incluir todos os dados na entrada dos bovinos

deixando-os com o histórico completo, a partir disso torna-se possível também o

acompanhamento diários das dietas de engorda que serão oferecidas a cada lote,

bem como a quantidade em peso que estão sendo consumidas por lote e o ganho de

peso de cada animal, além disso, neste programa pode se ter controle das vacinas

que foram feitas em cada animal dentro do confinamento. Devido à eficiência e

praticidade destes programas o confinamento da fazenda Mano Júlio recebeu no ano

anterior mais de 12 mil cabeças de gado separando-as por lote de parceiros através

das baias.

Para que se atinja este grau de excelência no controle interno é necessário

manter as ferramentas de controle municiadas das informações coletadas da maneira

mais precisa possível, e isso só será possível se tivermos colaboradores com boa

capacidade e previamente treinados para tal função, resultando assim em números

reais exibidos por suas ferramentas de controle interno, possibilitando uma melhor

análise realizada pelos gestores e se necessário for, uma rápida alteração nos rumos

a serem seguidos, só assim qualquer empresa de qualquer segmento se manterá

firme no mercado. Tudo que se determina em controle interno é seguir os

procedimentos padrão anteriormente elaborados, aumentando a eficiência de cada

segmento do processo produtivo.

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321

ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA EMPRESA BOA ESPERANÇA

AGROPECUÁRIA

Jonathan Pereira5

Rafael Zunino6

RESUMO A proposta do presente trabalho foi apresentar os procedimentos aplicados na gestão da cadeia de suprimentos de uma empresa de grande porte do ramo do agronegócio, elucidando e conceituando como fazer e aplicar cada um destes instrumentos, e evidenciando que as informações provindas desses procedimentos possibilitam um controle mais eficiente dos processos e diversos benefícios e vantagens para a empresa apresentando assim ao gestor a situação real das atividades realizadas e demonstrando que através dessa aplicação é possível reduzir erros, tempo e gastos desnecessários, facilitando a tomada de decisão. Para concretizar tal objetivo, realizou-se um estudo dos procedimentos em literaturas e meios virtuais e informações obtidas pelo autor em visitas técnicas as unidades de armazenamento da referida empresa. Ao término da análise dos dados, chegou-se à conclusão que a utilização dos procedimentos para a gestão da cadeia de suprimentos é a condição chave para uma administração produtiva eficiente e para perpetuação da empresa no mercado. Palavras-chave: Administração. Cadeia de Suprimentos. Procedimento.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente vivenciamos uma era de globalização e avanços tecnológicos em

escala mundial muito importantes e em nosso país uma era de crise e resfriamento

de mercado, tais fatores contribuem para que cada ação aplicada para trazer

vantagens de qualquer gênero para a organização detenham uma grande importância

e sejam almejadas diariamente.

Diante de tais fatos se destaca a importância da cadeia de suprimentos para

as organizações, sendo responsável pelas ações que garantem o suprimento das

necessidades de fornecimento e gerenciamento de insumos para o processo

produtivo e operacional. A cadeia de suprimentos, quando bem gerenciada, possui

5 Acadêmico do 8º sem. De Administração. Faculdade La Salle – MT. [email protected] 6 Professor orientador. Mestre em Administração. Faculdade La Salle – MT. [email protected]

322

capacidade para contribuir com a redução de custos, a melhoria da produção de

produtos e serviços de qualidade, a criação de vantagem competitiva frente aos

concorrentes e aumento da lucratividade.

O presente trabalho detalha os processos e as técnicas mais utilizadas para

gestão da cadeia de suprimentos destacando os benefícios e vantagens obtidos

através desta utilização na empresa Boa Esperança Agropecuária, localizada em

Lucas do Rio Verde - MT.

Considerando a característica da região de atuação da empresa ser

concentrada economicamente nas atividades de agronegócio, e observando-se a forte

concorrência entre as empresas nesse setor, surge o seguinte problema de pesquisa:

Como funciona a gestão da cadeia de suprimentos da empresa Boa Esperança

Agropecuária?

Para solucionar a problemática surgem como objetivos específicos: a)

descrever os procedimentos utilizados pela empresa na gestão de sua cadeia de

suprimentos; b) identificar as vantagens e benefícios gerados pelo processo de gestão

da cadeia de suprimentos na empresa; c) analisar as eventuais falhas e/ou

necessidades de melhorias no processo de gestão da cadeia de suprimentos da

empresa.

A importância desta temática de estudo justifica-se pelo enfoque dado a tornar

o mercado ainda mais competitivo, já que o conhecimento e a aplicação das técnicas

e procedimentos para a gestão da cadeia de suprimentos permitem que as empresas

reduzam seus custos, melhorem a qualidade de seus serviços e produtos e aumentem

os seus índices de lucratividade, possibilitando seu crescimento e sua valorização

frente ao nicho que está incluída.

A atual competitividade do mercado requer que as empresas em seu processo

de tomada de decisões utilizem do planejamento, para que por meio destas

ferramentas, já conhecendo e administrando suas reais necessidades, possam

usufruir dos seus benefícios para uma gestão de qualidade de forma a atender o

mercado de forma eficiente e eficaz. A elaboração deste trabalho explanará conceitos

e estratégias que possibilitarão ao administrador visualizar esta situação.

Em muitos casos, devido ao não conhecimento dos procedimentos e técnicas

para a gestão da cadeia de suprimentos, as empresas acabam por não aplica-los,

assim através desta pesquisa os gestores terão a possibilidade de visualizar de que

323

forma podem realizar no melhor formato os seus processos, quais benefícios podem

obter e posteriormente reutilizar o conhecimento em prol de sua empresa.

Através desta pesquisa realizada intui-se a transmissão dos conhecimentos

adquiridos para a sociedade acadêmica de tal forma que terceiros que atuem e

tenham preocupação com a mesma temática venham a realizar e basear novas

pesquisas sobre a gestão da cadeia de suprimentos.

Terá o aprimoramento acadêmico do pesquisador, que após o término da

pesquisa poderá colocar em prática os conhecimentos adquiridos e conquistar

destaque no mercado de trabalho, aplicando também estas ferramentas na empresa

em que atua.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Cadeia de Suprimentos

A cadeia de suprimentos ou administração de materiais é um sistema

composto por processos e estruturas compostas por diversas organizações

direcionadas em um único sentido, através do qual se planeja, controla e executa

todas as operações pertinentes as atividades de logística, compras, recebimento,

armazenamento e demais conexos desde a origem da matéria prima até a entrega do

produto acabado ao cliente final.

Segundo Martins e Alt (2010, p. 5):

A administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem seu início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final

A gestão da cadeia de suprimentos dentro de uma organização se divide em

diversas áreas, sendo que cada uma destas detém os seus próprios procedimentos,

podemos destacar como os setores fundamentais para a gestão de suprimentos os

setores de logística, compras, recebimento, faturamento e almoxarifado.

324

2.1.1 Procedimentos de logística

A logística ou distribuição pode ser definida como a área responsável pelo

planejamento e controle do fluxo de mercadorias da origem até onde está é utilizada

ou consumida.

Segundo Viana (2002, p. 363) “Distribuição é a atividade por meio da qual a

empresa efetua as entregas de seus produtos, estando, por consequência,

intimamente ligada a movimentação e a transportes”.

Um dos procedimentos para a logística é a escolha do meio de transporte,

através da escolha correta do método para transporte a empresa obtém redução de

custos com combustíveis, manutenção e também da perda de produto, os métodos

de transporte podem ser divididos em quatro categorias distintas e uma categoria

conjunta, sendo eles: transporte rodoviário, transporte hidroviário, transporte

ferroviário, transporte aeroviário e transporte intermodal.

O transporte rodoviário é realizado através de vias pavimentadas ou não e é

geralmente utilizado para cargas que possuam a necessidade de um curto prazo para

entrega, possuí como principal vantagem o fácil acesso e como desvantagem um alto

custo de combustível e de manutenção de veículos.

O transporte hidroviário é realizado através de rios e mares, é geralmente

utilizado para cargas de grandes tamanhos e que não necessitam de um curto prazo

de tempo para entrega, possui como vantagem a possibilidade de envio de uma

grande quantidade a um custo relativamente baixo, pode se destacar como

desvantagem a velocidade do transporte.

O transporte ferroviário é aquele que se dá através de locomotivas sobre

trilhos, é utilizado para grandes cargas e detém como vantagem o baixo custo de

transporte, sua desvantagem é que nem todos os ambientes possuem trilhos e estão

aptos para sua operação.

Transporte aeroviário é aquele efetuado através de aeronaves, possui como

vantagem a velocidade para o transporte, porém detém como desvantagem o alto

custo operacional.

Transporte intermodal é definido pelo transporte que envolve várias

modalidades das acimas citadas, ou seja, com parte do percurso através de um

325

método e outra parte através de outro método, muito comum para áreas remotas como

é o caso da Amazônia brasileira.

Segundo Viana (2002, p. 366):

A seleção da modalidade de transporte depende de dois fatores primordiais: A diferença entre o preço de venda do produto na origem e no local de consumo, fator este conhecido e o custo de transporte entre o centro de produção e o local de consumo.

Outro procedimento que é responsabilidade da logística da organização é a

definição de rotas, através da definição de rotas de forma correta a empresa tem a

redução de tempo e custos para o transporte, gerando grande vantagem competitiva.

2.1.2 Procedimentos de compras

A atividade de compra consiste na busca, cotação, aquisição e tratativa de

entrega de um determinado produto ou serviço, seguindo todas as especificações

solicitadas pelo requisitante, no menor período de tempo e com o menor custo

possível. Viana (2002, p.172), afirma que o ato de comprar inclui as seguintes etapas:

• Determinação do que, de quanto e de quando compras. • Estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando-os para consulta. • Promoção de concorrência, para a seleção do fornecedor vencedor. • Fechamento do pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato. • Acompanhamento ativo durante o período que decorre entre o pedido e a entrega. • Encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade e da quantidade.

O cadastro de fornecedores é um processo muito importante para o setor de

compra, através deste o comprador detém a análise de diversos índices relacionados

ao fornecedor, tal como prazo médio de entrega, preço médio de categorias de itens,

margens de desconto, etc. A utilização de tais itens gera ao comprador a segurança

para a compra, a redução de riscos e a redução de tempo durante o processo.

Segundo Viana (2002, p. 185):

326

As relações comerciais iniciam – se mediante o respectivo cadastro, que tem como objetivo averiguar a capacidade e as instalações dos fornecedores interessados, classifica – los de acordo com a política de compras vigente e avaliar o desempenho de cada fornecedor envolvido em todas as concorrências.

O processo de compra se inicia através da requisição de compra, ou seja, da

necessidade de aquisição de um bem material ou de um de serviço. Logo após ocorre

o planejamento de compra, ação na qual o comprador planeja os prazos para a

compra e outros índices que venha a interferir diretamente sobre a compra.

No processo de seleção de fornecedores o comprador analisa os itens

requisitados e os fornecedores que possam vir a suprir tal necessidade a custos

possivelmente reduzidos. Após tais processos o fornecedor inicia o processo de

concorrência, onde solicita e analisa as cotações e propostas recebidas e efetua as

negociações com seus fornecedores.

Na etapa de contratação o comprador negocia os prazos de entrega e

pagamento com o fornecedor que possui o menor preço, após estas definições é

gerado o pedido de compra ou ordem de fornecimento, tal documento descreve o

número do pedido, os dados da empresa a ser fornecida, os dados da empresa

fornecedora, os dados relacionados a condições de frete, os dados relacionados a

datas de entrega, os dados relacionados ao custo e descrição da mercadoria e

quaisquer outros que se façam necessários.

Para finalizar o processo, o comprador inicia o procedimento de controle de

entrega, através do diligenciamento (follow-up). Esta é uma ferramenta que permite

medir os dias faltantes ou em atraso para a entrega da mercadoria, permitindo que o

comprador entre em cobrança ao fornecedor se houver algum problema. Após a

entrega do produto ou serviço e seus respectivos documentos de fatura, se finda o

procedimento de compra. Viana (2002, p.177), afirma que:

A realidade do mercado fornecedor brasileiro obriga o setor de compras a se prevenir de eventuais desvios por meio da implantação do diligenciamento, atividade que objetiva garantir o cumprimento das cláusulas contratuais, com especial atenção para o prazo de entrega acordado, acompanhando,

327

documentando e fiscalizando as encomendas pendentes em observância aos interesses da empresa.

2.1.3 Procedimentos de recebimento

Cabe ao recebimento os procedimentos relacionadas a conferência de

mercadoria, se a mesma é correspondente ao solicitado no pedido de compras em

quantidade, modelo, valores e demais característica, se as notas fiscais e cobranças

foram faturadas conforme o combinado, encaminhar a documentação recebida ao

faturamento e ainda a separação e envio do produto ao destino em que será utilizado.

Viana (2002, p. 281), cita como atribuições básicas do recebimento:

Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais, analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada, confrontar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos, proceder a conferência visual, verificando condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos.

No caso de mercadorias divergentes ao solicitado cabe ao recebimento

efetuar o procedimento da mercadoria, tal processo consiste em informar à receita

federal o desacordo, tal ato serve como cancelamento da nota fiscal e o documento

fiscal gerado na recusa serve para encaminhar a mercadoria como devolução ao

fornecedor.

2.1.4 Procedimentos de faturamento

O setor de faturamento é o setor responsável pelos processos relacionados a

entrada fiscal da mercadoria no estoque da empresa, o processo pode ser efetuado

manualmente inserindo os dados de cada campo da nota fiscal ou através da

importação do XML da nota fiscal para o sistema, processo pelo qual os dados

constantes na nota fiscal são automaticamente transferidos para o sistema incluindo

as mercadorias no estoque.

328

2.1.5 Procedimentos de almoxarifado

Para o almoxarifado são destinados os procedimentos de armazenagem,

controle, requisição, contagem de inventário e entrega de materiais.

Viana (2002, p. 308), define o objetivo do armazenamento como:

Utilizar o espaço nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível. As instalações do armazém devem proporcionar a movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o recebimento até a expedição.

A forma e os locais que os materiais estão estocados são de suma importância

para a agilidade do almoxarifado, cabe ao almoxarife definir o processo de localização

que mais se enquadra para as atividades da empresa.

Segundo Dias (2011, p. 200):

O objetivo de um sistema de localização deve ser estabelecer os princípios necessário a perfeita identificação da localização dos materiais estocados sob a responsabilidade do almoxarifado. Deverá ser utilizado uma simbologia (codificação) normalmente alfanumérica representativa de cada local de estocagem, abrangendo até o menor espaço de uma unidade de estocagem.

Os procedimentos de estocagem mais utilizados são o sistema de estocagem

fixa e o sistema de estocagem livre, como os nomes descrevem, no sistema de

estocagem fixa cada item detém um determinado local no almoxarifado, ou seja,

sempre que chegam itens para reposição são armazenados no mesmo local, a

desvantagem deste sistema é o desperdício de espaço já que em uma prateleira por

exemplo, pode haver um grande espaço enquanto em outra pode estar faltando

espaços e itens terem que ficar armazenados no corredor.

Já o sistema de estocagem livre é aquele em que os produtos são alocados

no espaço que estiver disponível, não havendo local fixo para o mesmo, a

desvantagem deste processo de armazenamento é a possibilidade de se perder

mercadorias no estoque devido ao baixo controle, encontrando somente ao acaso ou

na contagem física de inventário. É importante que as empresas mantenham em seus

329

estoques apenas os itens necessários para a produção na quantidade mais

aproximada ao necessário evitando grandes acúmulos de imobilizado.

O melhor processo para verificação do desempenho de estoque são os

inventários, o inventário consiste na contagem física dos itens disponíveis no

almoxarifado. Segundo Russo (2009, p. 93):

A precisão dos inventários, sem dúvida, é um dos principais indicadores de um bom desempenho nos almoxarifados. A meta principal do inventário é garantir as quantidades físicas de materiais existentes no estoque sejam coerentes com os registros contábeis que neles constam. Uma empresa que se apresenta moderna e organizada deve ter políticas e procedimentos muito bem estabelecidos para estruturar sua administração de materiais, toda a movimentação de material deve ser adequadamente documentada, de forma a garantir máxima precisão nos registros de estoque.

Geralmente as empresas realizam o inventário dependendo da quantidade de

itens e da necessidade de acompanhamento, o inventário é categorizado em

inventário mensal, o qual ocorre uma vez a cada mês, anual, o qual ocorre uma vez a

cada ano e ainda o inventário rotativo, o qual é realizado duas vezes a cada ano.

3 METODOLOGIA

O método de abordagem utilizado para este trabalho foi o indutivo. Para sua

confecção, os tópicos foram baseados em experiências vividas em serviços

prestados, conversas informais com os gestores de cada área e visitas técnicas aos

almoxarifados da empresa Boa Esperança Agropecuária, possibilitando assim,

realizar uma análise generalizada das informações.

Quanto aos procedimentos técnicos foi utilizada uma técnica de observação

direta, a partir de visita pessoal aos setores da empresa, para analisar os processos

utilizados para a gestão de suprimentos e as vantagens obtidas através desta

utilização. Quando necessário foi realizada análise documental nos setores.

A classificação desta pesquisa possui caráter de estudo descritivo, pois foi

realizado um levantamento dos processos para gestão da cadeia de suprimentos

utilizados pela empresa Boa Esperança Agropecuária, o mesmo foi realizado para que

330

se obtenha o melhor entendimento dos processos a serem utilizados e das principais

vantagens de sua utilização.

Foi utilizado o método qualitativo, pois não se pretendia numerar ou medir

unidades ou categorias homogenias, mas sim mostrar a complexidade do problema

proposto, e ampliar os conhecimentos sobre a área da Gestão da Cadeia de

Suprimentos.

A pesquisa foi realizada na empresa Boa Esperança Agropecuária do município

de Lucas do Rio Verde-MT, sendo está o sujeito da pesquisa.

O instrumento de coleta de dados foi constituído em conversas informais com

os gestores das áreas relacionadas a gestão da cadeia de suprimentos, visitas

técnicas as unidades de armazenamento e em experiências vividas diariamente no

âmbito da organização. Não houve utilização de formulários ou questionários formais

de pesquisa, mas houve o uso de roteiro de entrevistas e observação nos setores, a

partir de tópicos essenciais ao entendimento da gestão da cadeia de suprimentos.

A coleta de dados foi realizada através de diálogos com os gestores e demais

colaboradores das áreas relacionadas com a gestão da cadeia de suprimentos

durante o período de 01/03/2016 à 26/03/2016. Também foi realizada uma visita à três

unidades de produção e armazenamento da empresa em 19/03/2016 com objetivo de

verificar como ocorre os procedimentos da empresa estudada em prática.

Foram aplicados questionamentos informais e visitas aos centros de produção

e armazenamento da empresa, questionamentos estes que fundamentaram a escrita

do referido trabalho.

A análise dos resultados é apresentada no capítulo 4 (quatro), por representar

o capítulo que será apresentado os resultados, deste modo cada categoria de análise

será baseada nos respectivos objetivos desta pesquisa.

A análise dos dados foi feita através dos resultados obtidos nos diálogos

realizados com gestores e colaboradores da empresa, das visitas técnicas e da união

entre os conceitos teóricos e as práticas visualizadas na empresa, além de demais

conhecimentos obtidos durante o curso de bacharelado em administração.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

331

O Grupo Bom Jesus surgiu da iniciativa de Luiz Vigolo, o patriarca de uma

família cujo empenho e dedicação transformaram seu pequeno negócio em uma das

maiores empresas do agronegócio do Brasil. A história do grupo a partir da experiência

do Sr. Luiz, terceiro filho entre dezoito irmãos, que começou a empreender nas terras

recebidas de seu pai na cidade de Medianeira-PR, ali em terras desfavoráveis de

acesso, já que não haviam estradas ou campos preparados, através da abertura pela

mão do próprio Luiz se iniciou as primeiras lavouras, de milho, feijão, arroz e trigo e

ainda a criação de suínos.

Em 1976, o Sr. Luiz efetuou a aquisição de 483 hectares no estado de Mato

Grosso, cujas áreas mais favoráveis as agriculturas mecanizadas mostravam-se mais

favoráveis para o ramo, a estas novas terras nomeou como Bom Jesus, nome advindo

da região que anteriormente morava na região sulista do país, neste novo local em

1978 se deu início ao plantio de soja.

No ano de 1987, foi fundada a Bom Jesus Sementes, negócio que prosperou

nos anos seguintes, gerando novos caminhos para a empresa, entre 1993 e 1994,

Luiz Vigolo transferiu o comando do negócio para o filho Nelson Vigolo, que promoveu

um ciclo de forte expansão, da produção de terras próprias começou a arrendar

diversas áreas e na safra do ano de 1987/88 iniciou o plantio de algodão.

Outra oportunidade de negócio surgiu em 2003 com a fundação da Bom Jesus

Transportes, inicialmente com o objetivo de atender a própria demanda, mas que logo

evoluiu para uma empresa de destaque na logística do agronegócio, até atingir em

dias atuais 73 filiais, divididas em 13 estados e no distrito federal.

Para consolidar as atividades comerciais, no ano de 2007 o grupo constituiu

a Bom Jesus Agropecuária, neste mesmo ano, estabeleceu o modelo inovador das

parcerias agrícolas, no ano de 2008 o grupo adquiriu 50% dos direitos da empresa

Boa Esperança Agropecuária, está composta de quatro fazendas, onde são

produzidos as culturas de milho, soja e algodão, está última a de maior destaque e

ainda três algodoeiras para o processamento e beneficiamento de colheita própria de

algodão e também prestando o serviço para terceiros, sendo a maior delas a instalada

no município de Eldorado-MT, inserindo assim todos os polos produtivos da Boa

esperança Agropecuária as atividades do grupo como um todo.

Em 2010 o grupo ultrapassou as barreiras do estado com a aquisição de 72

mil hectares no munícipio de Formosa do Rio Preto-BA, no ano de 2012, o modelo de

332

negócio vertical levou o grupo a abrir outras unidades, a ABJ Comércio (On Shore) e

ABJ Trading (Off Shore), estas responsáveis pela comercialização de commodities e

insumos no mercado nacional e internacional, em 2013, o grupo adquiriu o Posto

Transamérica e dividiu o negócio em três unidades: Agrícola, comercial e logística.

O grupo conta hoje com mail de 240 mil hectares cultivados e uma produção

de 926 mil toneladas na safra 2014/15, tonando-se um dos mais importantes do

agronegócio e não deixando se perder as suas raízes e essências, com a missão

contínua de produzir sementes, grãos e fibras a partir de critérios de elevada

eficiência, respeito ao meio ambiente e segurança, e ser reconhecido como

fornecedor de elevada qualidade.

4.1 Processos Utilizados pela Empresa para Gestão da Cadeia de Suprimentos

Devido os curtos períodos de tempo para a entrega do material na unidade de

produção e a alta carga tributária para e entrada de produtos no estado, em dias atuais

a empresa Boa Esperança Agropecuária utiliza em sua cadeia de suprimentos a

parceria com fornecedores em nível estadual, buscando em nível nacional em caso

de produto não disponível no estado, e para produtos não disponíveis no país a

empresa realiza as aquisições em níveis internacional, embora raros as ocorrências

deste último caso.

O procedimento se inicia pela necessidade do produto ou serviço na unidade

de produção, tal necessidade é direcionada ao almoxarife em caso de itens de

reposição ou peças e ao responsável da unidade pelo procedimento de manutenção

em caso de serviços, assim o almoxarife ou o P.M iniciam o processo de requisição

via sistema informatizado e documentação impressa para controle do período de

entrega, é o requisitante que informa a data de remessa do material, ou seja a data

que se faz necessária a chegada do material ou serviço para o uso na unidade de

produção, para compras normais deve ser utilizado o prazo mínimo de três dias. Ainda

é o requisitante que delibera o comprador responsável pela aquisição através de

distribuição de carteiras de categorias dos itens e serviços previamente passada aos

requisitantes.

333

Finalizado o processo de requisição anteriormente descrito, a requisição de

compra criada surge no campo de requisição pendente de compra do comprador

informado no momento de sua confecção, inicia – se então o processo de compra.

A empresa estudada utiliza o sistema S.A.P em todas a suas unidades, o

comprador seleciona a requisição de compra e inicia o procedimento de concorrência,

também denominado de cotação, geralmente quando itens em grande quantidade

como é o caso de peças para a manutenção de colheitadeiras, é importado os itens

do sistema para planilha em Excel e encaminhado a relação de itens para os

fornecedores cuja analise de cadastro determinar que detém a capacidade de

suprimento.

Por conter muitos itens para compra de mesmas marcas e praticar s compras

de todas a filiais do grupo em locais igualitários, a empresa detém uma grade

percentual de desconto frente aos fornecedores mais utilizados, criando diversas

parcerias de fornecimento.

Após o recebimento das cotações dos fornecedores o comprador inicia o

processo de lançamento dos mesmos em operação reservada para tal dentro do

sistema, tal processo permite a geração automática de relatório que determina o

fornecedor que possui o menor valor para compra, visualizando outros fatores como

tempo de entrega, distância e custo de frete entre outros, o comprador inicia as

tratativas comerciais com o fornecedor que apresentou a melhor proposta.

No processo de tratativa de compra são tratados temas como: custo de frete,

prazo de pagamento, forma de pagamento, etc. A empresa trabalha com a condição

de pagamento total do valor no prazo mínimo de 30 (trinta) dias corridos da data de

emissão da nota fiscal, havendo situações especiais que devem ser evitadas.

Após findadas as tratativas o comprador inicia através da cotação o processo

de gerar o pedido de compra, neste são inseridos todos as informações acordadas,

os dados da unidade a ser faturada, os dados da empresa a emitir a fatura e demais

necessários.

Após a geração do pedido, o mesmo está disponível para o processo de

liberação, as liberações para a empresa Boa Esperança Agropecuária são realizadas

também via sistema e são deliberadas conforme valor, para valores até R$ 5.000,00

(Cinco mil reais) a responsabilidade de aprovação é do gerente de cada unidade,

podendo este aprovar ou reprovar o pedido de compra, para valores entre R$ 5.000,00

334

(Cinco mil reais) e R$ 50.000,00 (Cinquenta mil reais), a responsabilidade é tanto do

gerente de cada unidade como do gerente geral da filial, tendo necessidade de

aprovação de ambas as partes, e a cada elevação de valor, se eleva a necessidade

de aprovações para gerente de produção, diretor financeiro e presidente do grupo,

sempre sendo necessário a liberação de todos os envolvidos para envio do pedido de

compra ao fornecedor, se apenas um dos envolvidos recusar o pedido, o mesmo é

cancelado.

Após o processo de liberação, o comprador é liberado para envio do pedido e

acrescenta as informações referente ao mesmo em sua planilha de deliberamento

(folow up), para controle de prazos de entrega e demais acompanhamentos.

Findado o processo de compra inicia – se a primeira parte da logística, o

processo de logística para a entrega de mercadorias na expedição da empresa ocorre

quase que em totalidade através de transportadoras terceirizadas, onde a empresa

encontra valores diferenciados devido ao grande nível de mercadorias recebidas

diariamente.

Em caso de veículos em reparo em outras cidades, se aproveita o seu retorno

para o envio de possíveis mercadorias.

O procedimento continua com a chegada da mercadoria ao setor de

recebimento e expedição, o recebedor efetua o procedimento de análise física do

material levando em consideração o pedido de compra, é verificado as quantidades e

demais especificações, também é listado como processo de conferência a análise das

documentações recebidas bem como o encaminhamento das mesmas ao setor de

faturamento, é atribuição do recebedor também relatar ao comprador qualquer

divergência no recebimento da mercadoria e se solicitado efetuar a recusa e a

devolução da nota fiscal e mercadoria ao fornecedor.

Na empresa Boa Esperança Agropecuária, todas as mercadorias são

enviadas para o escritório central, localizado na cidade de Lucas do Rio Verde-MT e

então expedidas para cada unidade solicitante, o processo de envio para as unidades

de produção por parte do recebimento ocorre na separação das mercadorias para o

box de armazenamento provisório de cada unidade de produção, também a confecção

de identificação de mercadoria para envio.

Neste mesmo momento o processo do setor de faturamento é a digitação da

nota fiscal para entrada fiscal do estoque, em dias atuais a empresa realiza tal

335

processo de forma manual, digitando todos os dados e também por sistema IMBOUD,

tal processo significar que o próprio sistema retira do e-mail da empresa reservado

para tal o XML da nota fiscal e realiza o pré-lançamento eletrônico, o objetivo é de que

todas a notas fiscais passem a utilizar o referido processo.

O processo de logística interna é realizado por veículos da própria empresa,

cabe como processo do setor de logística a verificação dos produtos para a escolha

do transporte até a fazenda e elaboração de rota de acordo com a emergência de

recebimento de cada unidade em caso de urgência e conciliando o menor custo em

dias normais. As mercadorias são carregadas diariamente no período vespertino das

16:00 horas ás 17:20 horas.

No recebimento interno dos produtos, o responsável é o almoxarife, este

executa o procedimento de conferência das mercadorias físicas e de seu

armazenamento, aos itens de peças para manutenção de maquinas é utilizado o

processo de armazenamento fixo, dividindo o estoque por categoria de máquinas,

sendo assim toda peça que chegar para um modelo de máquina especifico possui o

local premeditado para ser alocada, já para o armazenamento de mantimentos

alimentícios e EPI (Equipamento de Proteção Individual) é utilizado o sistema de

armazenamento livre, onde cada mercadoria recebida é atribuída ao espaço livre que

estiver disponível, o que não significa que os itens fica misturado, visando que estão

separados em salas diferentes.

Finalizado o procedimento de recebimento por parte do almoxarifado, se finda

o caminho do suprimento da origem até o local de uso.

4.2 Vantagens Obtidas Através dos Procedimentos

A principal vantagem obtida com a utilização do procedimento de requisição

no momento de uso por parte da unidade de produção é a redução de altos estoques,

fator de grande importância para a redução do ativo imobilizado da empresa, deixando

valor disponíveis para o maior giro do fluxo de caixa.

A vantagem da aplicação dos processos de compra para a empresa são o

rígido controle através da formulação do pedido de compra e dos lançamentos de

orçamento via sistema, outro fator de grande segurança é a aprovação do pedido por

parte dos gestores. Por estarem afastados das unidades de produção nem sempre os

336

compradores têm domínio das reais necessidades de compra, quando todo pedido

passa pela gerencia é possível que os mesmos saibam de todos os processos que

ocorrem na unidade, podendo assim evitar custos desnecessário para a empresa.

A vantagem do procedimento de recebimento da empresa é a redução de

custos de transporte já que estes são centralizados em um único local, tal fator implica

também da redução de colaboradores para o recebimento já que não é necessário

haver um setor para cada unidade, também facilita a comunicação direta com o

comprador e a resolução veloz de qualquer desacordo junto ao fornecedor.

Para a área de faturamento é destacado como vantagem a implantação do

sistema IMBOUD, tal prática reduz imensamente o tempo para entrada fiscal das

mercadorias e a redução de colaboradores para realizar tal tarefa, reduzindo

consideravelmente os custos para a empresa, além de que o faturamento via máquina

possibilita a maior redução de erros e processos de retrabalho.

Os procedimentos logísticos são vantajosos da maneira que a empresa aplica

a logística interna, como as unidades de produção são distantes do centro de

recebimento, o envio via transportadores externo renderia para os cofres da empresa

custos muito elevados, da forma em que a empresa pratica pode economizar

grandiosos valores e ainda agilizar o seu processo já que não depende do prazo de

entrega externo.

Através do método de recebimento nas unidades produção a empresa detém

como vantagem uma segunda verificação do material, evitando o recebimento de itens

divergentes das necessidades da empresa, a principal vantagem dos métodos

adotados para armazenagem são a facilidade e a elevação de velocidade para a

distribuição dentro do centro de produção, já que o almoxarife ou qualquer outro pode

facilmente achar a peça para a máquina desejada, apesar de que para o controle

correto, os demais colaboradores não tem permissão de acesso direto ao setor de

peças, apena o almoxarife tem a permissão de entregar as peças, é ele que retira os

itens do estoque fiscal via sistema.

4.3 Melhorias Possíveis no Processo de Gestão da Cadeia de Suprimentos

No cenário atual em que vivenciamos não há espaço para que uma empresa

que deseje se manter competitiva frente ao mercado opere seus processos de forma

337

errônea e insegura, para tanto, é necessário o aprimoramento contínuo de seus

processos e a aplicação de novos métodos executando uma atualização contínua.

Para o caso da empresa objeto deste estudo, um dos principais problemas é

o controle físico do local de armazenamento das mercadorias e ainda o controle de

informação dos itens que saem dos centros de produção para reparo na cidade,

ocorrendo em alguns casos de no retorno, os equipamentos de um centro de produção

serem encaminhados a outro ou de não ser encontrado determinado produto no

próprio centro de produção.

Como uma alternativa possível para resolver tal dificuldade a empresa pode

optar pela aquisição e utilização de um software de rastreamento via código de barras,

a rastreabilidade consiste na capacidade de seguir o histórico, aplicação e localização

do objeto, como vantagem o sistema de rastreabilidade promove a segurança nos

processos descrevendo a correta situação do item, apresenta um elemento extra para

o controle de fraudes.

A empresa deveria utilizar códigos impressos para o caso de produtos como

peças e de uso e consumo, por ser utilizados em maior quantidade e deterem menor

durabilidade e códigos metálicos para itens que compõe o ativo imobilizado, já que

estes necessitam de uma maior durabilidade.

Percebe – se que a empresa está empenhada na busca de melhorias devido

ao fato de que no presente momento fez a substituição do software operacional geral

com um considerável investimento unificando todos os setores e iniciou o

armazenamento de determinados itens em um único local gerando maior controle e

redução de desperdícios, visando que encaminha para o centro de produção apenas

a quantidade necessária no tempo de uso, trazendo ainda o benefício da redução de

espaço para armazenamento necessário no local de uso.

Outro fato que pode ser melhorado é a logística interna da empresa, visando

que as cargas são destinadas para as fazendas no início de cada dia, para tal fato

cabe a análise da viabilidade de um novo envio no período de início da tarde já que

mercadorias de urgência que chegam após a saída do transporte em alguns casos

ficam pendentes e por vezes deixando as atividades do centro de produção

comprometidas e gerando diversos prejuízos já que determinadas atividades não

permitem atrasos.

338

Através da aplicação de melhorias e correção das falhas a empresa terá a

possibilidade de manter o atual ritmo de crescimento, conquistando cada vez uma

maior parcela do mercado, gerando maior lucratividade aos acionistas e

possivelmente benefícios para a sociedade como um todo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivenciamos em dias contemporâneos um cenário caracterizado por crises

políticas, altos índices inflacionários, aumentos constantes sobre as matérias primas,

avanço tecnológico dentre outros fatores que resultam na necessidade de que os

procedimentos aplicados nas organizações detenham grandiosas vantagens e

benefícios, possibilitando as mesmas a se sobressair frente aos concorrentes.

No presente trabalho foi possível deslumbrar os procedimentos aplicados e

os benefícios obtidos através da utilização dos mesmos por uma empresa do ramo do

agronegócio.

Através da análise do presente estudo pode – se destacar como principais

processos e vantagens a logística interna da organização que é responsável por

encaminhar produtos e bens para as áreas de armazenamento das unidades de

produção diariamente e ocasiona como vantagem a rápida transmissão de

mercadorias entre as unidades e a redução de custos externos relacionados a fretes

para a empresa.

O procedimento de compras que é subdividido por carteira de itens trazendo

para a organização a vantagem de compras agregadas e possibilidade de negociação

de menores custos e outros benefícios.

Os procedimentos de recebimento que são centralizados no escritório central

que e traz a vantagem para a empresa de redução de custos com colaboradores

envolvidos no processo de recebimento e a maior agilidade em caso de erros para

que se faça a substituição dos produtos e o reparo de possíveis falhas.

Os métodos de faturamento que é responsável pela entrada fiscal das

mercadorias no estoque da empresa, o mesmo utilizado o processo IMBOUND que é

o pré-lançamento eletrônico através do arquivo XML (linguagem extensiva de

marcação genérica) da nota fiscal, tal processo atribui para a empresa a vantagem de

339

redução de erros vide que o mesmo é executado de forma eletrônica e necessita de

mínima mão de obra humana.

Os processos de recebimento e armazenamento da mercadoria por parte do

almoxarifado localizado no centro de produção, o armazenamento é realizado de

forma mista, ou seja, determinados produtos tem local pré estabelecido para

armazenamento enquanto outros são alocados nos demais espaços disponíveis, tais

processos agregam como vantagem para a empresa a segurança de uma nova

conferência de recebimento evitando erros durante o processo e a ausência de

espaços não utilizados no armazenamento, otimizando o ambiente disponível.

De forma geral, conclui – se que os procedimentos utilizados pela empresa

são condizentes com as teorias estudadas, trazendo grandes benefícios para a

organização.

Como mencionado no decorrer do trabalho, para a sugestão de melhoria,

surge a ideia de implantação de um sistema de rastreamento de mercadorias interno,

utilizado através da implantação de código de barra, por meio deste procedimento é

possível detectar com maior facilidade as condições de uso como localização, tempo

de duração, local de aplicação dentre outras características que geram índices

importantes para a necessidade de compras futuras e a redução de custos/ gerando

ainda mais benefícios para a empresa em estudo.

Através deste trabalho a sociedade de forma geral pode sanear possíveis

dúvidas quanto aos processos realizados por uma empresa coligada as atividades do

agronegócio e ainda quais as vantagens obtidas através de sua utilização.

REFERÊNCIAS CARDOSO, Jaqueline de F.; CASAROTTO FILHO, Nelson. Gestão da Cadeia de Suprimentos: contribuições para a construção de um conceito. Disponível em: <http://www.sociesc.org.br/producaoemfoco/index.php/producaoemfoco/article/download/133/71>. Acesso em: 20/03/2016. Escrito em: 2014. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

340

PIRES, Silvio Roberto Ignacio. Gestão da cadeia de suprimentos e o modelo de consórcio modular. In: RAUSP. 1997. Disponível em: <http://rausp.usp.br/wp-content/uploads/files/3303005.pdf>. Acesso em: 20/03/2016. RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. 7 ed. Curitiba: IBPEX, 2009. SILVA, Elizabete Ribeiro Sanches da; SILVA, Rafael Prudenciano da; BELAN, Ronivaldo. Uma estrutura para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/1039.pdf>. Acesso em: 20/03/2016. Escrito em: 2016. VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2002.

341

ANÁLISE DE CRÉDITO: Um Estudo de Caso em uma Cooperativa de Crédito

Regional

Paula Roberta Dias Tonon7

Fabiane Popik8

RESUMO A análise de crédito era vista como um setor desnecessário para as empresas que somente trazia gastos, porém com a constante globalização e crescimento na área do crédito, as empresas começaram se preocupar com os altos índices de inadimplência, tornando assim o setor da análise de crédito e os C’s do crédito uma importante ferramenta para avaliar e controlar os riscos envolvidos nas operações. Assim, o estudo teve como objetivo analisar a aplicação dos C’s do crédito nas análises de crédito em cooperativas. Através do estudo de caso, em uma cooperativa de crédito regional, conseguiu-se verificar que a organização pesquisada se utiliza dos C’s do crédito para realizar as análises e liberações de recursos, adotando uma política interna com critérios técnicos para realizar análise e verificar fatores que sejam ou não vantajosos para se conceder o crédito solicitado. Conseguiu-se identificar também quanto as linhas de créditos predominantes, que para as pessoas físicas destacou-se o Consignado e para as pessoas jurídicas o Desconto de Recebíveis. Assim, conclui-se a partir do estudo realizado que a cooperativa busca da melhor forma aprimorar sua análise e concessão de crédito, buscando evitar que as operações se tornem créditos inadimplentes no futuro. Palavras-chave: Análise de Crédito. Concessão de Crédito. Cooperativas.

1 INTRODUÇÃO

No cenário atual onde as pessoas possuem um fácil acesso ao crédito, os

clientes podem escolher onde tomar o seu empréstimo, incentivando assim, as

instituições financeiras apresentarem um amplo portfólio de produtos e serviços para

atenderem seus clientes. Porém as instituições financeiras devem estar cientes do

risco que cada operação possa oferecê-las, pois podem acarretar em altos índices de

inadimplência. Dessa forma, através de uma adequada concessão de crédito a

inadimplência poderá ser reduzida, porém para que isso seja possível é necessário

7 Acadêmica 8º Semestre de Ciências Contábeis na Faculdade La Salle. E-mail: [email protected] 8 Professora, Mestre em Ciências Contábeis. E-mail: [email protected]

342

profissional qualificado, uma correta análise de crédito, a devida classificação do risco,

além do conhecimento dos seus clientes.

O crédito é um instrumento que está presente nas vidas das pessoas e das

organizações e a sua atividade tem um papel importante no contexto socioeconômico

do país, pois quando as pessoas precisam comprar casa, automóvel,

eletrodomésticos, móveis, sem ter que dispor de dinheiro à vista, o crédito lhes permite

adquirir tais bens, com a promessa de pagamento. As empresas por sua vez, quando

precisam adquirir equipamentos, matéria-prima, estoque, tem o crédito como uma

forma de alavancarem os seus negócios, pois com o crédito é possível conseguir

recursos para se investir na empresa. Para tal as organizações avaliam o risco de

liberação do crédito, além de identificar as reais necessidades da empresa.

Para realização da análise e uma concessão segura é necessário se embasar

em Critérios Técnicos, através desses critérios é possível detalhar os riscos

envolvidos na solicitação e se serão aplicados mitigadores ao crédito pleiteado. Dessa

forma entre os critérios técnicos disponíveis para analises de crédito, tem-se C’s do

crédito, conhecidos como caráter, condições, capacidade, capital, colateral e

conglomerado (SILVA, 2008). Essas técnicas permitem às organizações análises

mais concisas na liberação de recursos.

Apesar das cooperativas serem organizações sem fins lucrativos é de suma

importância a realização da análise de crédito, pois o crédito é um dos principais

produtos oferecidos pelas cooperativas, e não é bom para a imagem desta apresentar

aos seus associados prejuízos nas suas demonstrações pelo alto índice de

inadimplência incorridos de crédito mal concedidos.

Partindo do contexto apresentado, tem-se como problemática em questão: Os

analistas de crédito estão utilizando os C’s para a tomada de decisão na liberação de

crédito em cooperativas?

Podemos identificar que o objetivo deste trabalho é analisar a aplicação dos

C’s do crédito nas análises de crédito em cooperativas. Especificamente buscou-se

analisar os tipos de créditos que predominam nas cooperativas e verificar como está

sendo utilizada a informação dos C’s na tomada de decisão dos analistas na

cooperativa pesquisada.

A justificativa principal deste trabalho é verificar a relevância de se utilizar a

análise de crédito para mitigar o risco das operações, pois os problemas ligados à

343

concessão de crédito geralmente estão relacionados pela falta de informações dos

solicitantes, falta de gerenciamento da carteira e erros na formalização da solicitação.

Inicialmente apresentou-se a fundamentação teórica, onde buscou-se

embasamento em diversos autores da área de análises, depois foi apresentada a

metodologia, onde mostrou-se como se estruturou a pesquisa. Posteriormente

demonstrou a análise dos dados com suas devidas interpretações, e pôr fim a

conclusão do trabalho.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Crédito

Para o Banco Central do Brasil (2012), operação de crédito é o contrato

realizado entre um consumidor, denominado tomador ou devedor, e uma instituição

financeira, denominada credora, que coloca à disposição do tomador determinado

montante de recursos financeiros, comprometendo-se o tomador a devolver esses

recursos em um determinado prazo, acrescido de juros.

De acordo com Santos (2009, p.1):

Crédito refere-se à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso futuro, não necessariamente certo, em virtude do “fator risco”. Daí a necessidade de que o credor faça uma análise cuidadosa da capacidade financeira de cada cliente, antes da concessão do financiamento.

Segundo Schrickel (1997, apud SECURATO, 2007 p.15) operação de crédito é

“todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente,

parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a

sua posse integralmente, após decorrer o tempo estipulado”.

Para Tomei e Lanz (2015), o crédito é qualquer relação de confiança entre

pessoas, e nessa relação pode ocorrer o risco, na qual está ligado à não devolução

ou ao uso incorreto do que lhe foi confiado.

Entende-se assim, que crédito é quando colocamos a disposição de uma

pessoa um valor, como forma de empréstimo ou financiamento, na qual tem uma

promessa de pagamento que será honrada em uma data futura.

344

Para Securato (2007, p. 15) a definição de crédito é:

Em sua essência o crédito, ou mais propriamente a operação de crédito, é uma operação de empréstimo que sempre pode ser considerada dinheiro, ou caso comercial equivalente a dinheiro, sobre o qual incide uma remuneração que denominamos juros.

Conforme Securato (2007, apud, SILVA, 1998) crédito define um instrumento

de política de negócios, onde será utilizado por empresas comerciais ou industriais

nas vendas a prazo de seus produtos ou por um banco comercial, através da

concessão de empréstimos, financiamentos ou finanças.

Dessa forma, pode-se dizer que o crédito tem a importante função de fomentar

a sociedade, pois incentiva o aumento da demanda dentro do mercado, onde financia

os investimentos de pessoas físicas e pessoas jurídicas.

A análise de crédito, por sua vez, é a melhor forma de reduzir e controlar a

inadimplência, pois tem a importante função de averiguar o risco do solicitante não

pagar o crédito cedido, visto que apresenta os riscos oferecidos nas operações e

avalia a capacidade de pagamento. Para se realizar análises eficientes, faz-se

necessário a adoção de critérios técnicos, que são de extrema importância nas

concessões de crédito.

2.1.1 Critérios Técnicos para análise de crédito

Os analistas de créditos possuem ferramentas que lhe dão suporte a decidir se

irão liberar o crédito solicitado, pois devem verificar até que ponto é interessante

liberar crédito para seu solicitante. Umas das ferramentas primordiais para os

analistas são os C’s do crédito.

Gitman (2004) descreve que a análise por meio dos C’s do crédito não irá

produzir uma decisão específica, aceitação ou rejeição, logo a sua utilização requer a

intermediação de um analista experiente no estudo de solicitação de crédito e na

decisão de conceder, ou não, o crédito ao associado. A aplicação dessa análise ajuda

a garantir que os solicitantes irão pagar os débitos, dentro do prazo estabelecido, sem

que sejam pressionados.

Porém é necessário mencionar, que um dos insumos básicos para a decisão

final é o julgamento subjetivo que o analista faz para definir se é valido assumir os

345

riscos, pois a experiência do analista e as informações que lhes estão disponíveis

sobre o caráter do associado são requisitos primordiais para a análise do risco de

crédito (GITMAN, 2001).

Portanto, para ser definido, se uma pessoa merece receber o crédito, é

necessário que o analista, não se baseie somente na análise subjetiva, mas sim,

utilize-se dos critérios dos C’s do crédito: Caráter, Condições, Capacidade, Capital,

Colateral e Conglomerado. Na sequência apresenta-se qual a função de cada um dos

C’s do crédito.

2.1.1.1 Caráter

O caráter indica a intenção do devedor em cumprir obrigações assumidas. É

identificado pelo credor através de informações cadastrais obtidas junto a outros

credores do solicitante do crédito, tais como bancos e fornecedores, ou por

informações cadastrais obtidas junto a empresas especializadas como SERASA, SPC

– Serviço de Proteção ao Crédito – e outras, (SILVA, 2008).

De acordo com Bem, Santos e Comitre (2007), o caráter refere-se à intenção

de pagar, onde são feitos os levantamentos de boas ou más qualidades. Esses

levantamentos começam na identificação de pontos fortes e fracos, que são

verificados através das experiências com bancos, fornecedores e clientes. São

considerados pontos fracos do caráter a impontualidade, protestos, concordada,

falência e ações judiciais de busca e apreensão, sendo esses os pontos encontrados

com maior frequência.

Para tanto, o caráter refere-se na intenção do devedor de cumprir as

respectivas obrigações financeiras nas condições que foram pactuadas. A análise do

caráter pode ser feita em consultas no SERASA e SPC, referências bancárias e

comercias e em histórico de relacionamento, onde deverão ser observados tempo de

relacionamento, operações que se encontram abertas e operações que já foram

liquidadas, histórico dos pagamentos das operações e qual a situação atual do

associado.

2.1.1.2 Condições

346

Para Silva (2008), as condições são apresentadas como fatores externos e

macroeconômicos que exercem forte influência na atividade empresarial.

Nesse enfoque Santos (2009, p. 32) descreve:

Esse C está relacionado à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos, por exemplo, os decorrentes de aumento nas taxas de inflação, taxas de juros e paridade cambial, crises em economias de países desenvolvidos e emergentes, que mantêm relacionamento com o Brasil.

Esse item refere-se a fatores externos e macroeconômicos, que não são

controláveis pelo tomador, tais como as alterações na economia, questões normativas

legais e sensibilidade do segmento de mercado. Pode-se analisar esse item em

publicações sobre o cenário econômico, através de noticiários, jornais e revistas.

2.1.1.3 Capacidade

Conforme Schrickel (2000), a capacidade refere-se às condições do tomador

em pagar, ao contrário do caráter que considera a incapacidade do tomador quanto

as condições de pagar. Na capacidade o tomador pode até ter vontade de pagar,

porém pode ocorrer de não ter condições para que isso ocorra. Assim, o Caráter e a

Capacidade se misturam, e podem até ser confundidos, pois um depende do outro

para identificar qual é o estilo do tomador.

A capacidade, para Silva (2008), define-se como a habilidade vinculada à

competência empresarial das pessoas que integram empresas, bem como o potencial

dessas em produzirem e comercializarem seus produtos e serviços. Entende-se

também na capacidade de “repagamento”, conceito que está vinculado à geração de

caixa suficiente para fazer face aos compromissos assumidos.

No entanto, nota-se que a capacidade se refere à habilidade de cumprir com

as obrigações assumidas, através do gerenciamento de suas atividades. Pode-se

demonstrar a capacidade através de análises técnicas. Para as pessoas físicas são

analisados, o cargo que ocupa e a estabilidade no emprego, qual a escolaridade e

estado civil. As pessoas jurídicas, por sua vez, analisam-se o faturamento, as

demonstrações contábeis, onde são observados os indicadores de liquidez e de

endividamento.

347

2.1.1.4 Capital

Silva (2008) define o capital como os bens e recursos que as empresas

possuem para saldar seus débitos. A medição deve ser através de índices financeiros.

Santos (2009, p. 31), afirma que “o capital é medido pela situação financeira do

cliente, na qual é levada em consideração a composição dos recursos, onde são

aplicados e como são financiados”.

Portanto o capital é a situação econômica financeira e patrimonial do tomador

de recursos, no que diz respeito aos bens e recursos possuídos para saldar suas

dívidas. Para as pessoas físicas é possível analisar esse C, através do holerite,

imposto de renda e cartão benefício. Para as pessoas jurídicas é possível analisar

através da apresentação do balanço, balancete, DRE e fluxos de caixa.

2.1.1.5 Colateral

Para Silva (2008), colateral refere-se à capacidade do cliente em oferecer

garantias complementares. Entende-se que a garantia é uma segurança adicional, e

às vezes será necessário à garantia para compensar as fraquezas decorrentes de

outros fatores de risco. Na definição da garantia devem-se observar fatores

relevantes, como, o risco representado pelo cliente e pela operação, o valor da

garantia em relação ao valor da dívida, o controle do credor sobre a própria garantia

e a liquidez.

A garantia, ou o colateral, deve ser interpretada como um instrumento adicional

à promessa de pagamento, para atenuar problemas decorrentes de uma eventual

incapacidade de honrar com o compromisso assumido. Quando uma operação de

crédito conta com garantia, alguns requisitos devem ser observados, como, a liquidez,

depreciabilidade e prazo de recuperação.

2.1.1.6 Conglomerado

Para Silva (2008), não se deve apenas conhecer a situação financeira da

empresa no qual é pleiteante do crédito, é necessário que se conheça a solidez do

conglomerado, verificando a situação econômico-financeira da controladora,

348

interligadas e coligadas. Dessa forma, pode ocorrer de a empresa tomadora não

possuir condições para o crédito solicitado, mas ao analisar o grupo, o mesmo

demonstrar as condições necessárias para conceder o crédito. Ou pode-se verificar

que uma empresa do grupo apresente uma situação negativa, onde demonstrar uma

iliquidez das demais empresas relacionadas.

Trata-se da necessidade de avaliar todos os componentes de um grupo

econômico, para obter uma visão global sobre a solidez do conglomerado e dos riscos

que estão envolvidos.

O conglomerado demonstra uma necessidade de examinar o conjunto de

pessoas que possuem um relacionamento social, pois o problema de um dos

envolvidos no grupo pode refletir na situação das demais pessoas , onde caracteriza

uma fragilidade na hora de conceder um crédito.

2.1.2 Tipos de operações de crédito

Apesar de partirem da mesma definição as operações de crédito podem ser

divididas entre operações de empréstimo e financiamento. De acordo, com o Banco

Central do Brasil (2012), as operações de empréstimos não há obrigatoriedade de

comprovação do uso do recurso, ou seja, ele é de livre utilização, por exemplo, os

empréstimos pessoais, tais como, crédito direto ao consumidor, consignado, cheque

especial, entre outros. Já nas operações de financiamento há necessidade de

especificar e comprovar a utilização do recurso financiado, como, por exemplo,

financiamentos para aquisição de bens, veículos ou equipamentos, imobiliários,

financiamentos rurais, entre outros.

Existem várias linhas de crédito, e cada uma deve estar de acordo com a

necessidade do tomador e sua capacidade de pagamento, dessa forma, serão

apresentadas, algumas das modalidades de créditos mais comuns utilizadas por

pessoas físicas e pessoas jurídicas.

2.1.2.1 Linhas de crédito para pessoas físicas

As linhas de crédito destinadas às pessoas físicas são exclusivas para as

pessoas que possuem CPF (Cadastro de Pessoa Física), e são disponibilizadas para

349

diversas finalidades na qual atende a necessidades pontuais dos solicitantes. Para as

Pessoas Físicas - PF as linhas mais tradicionais são os limites rotativos conhecidos

como cheque especial e cartão de crédito, além de possuir as linhas imobiliárias,

créditos direto ao consumidor, entre outros que serão apresentados no Quadro 1.

QUADRO 1 - Linhas de Crédito PF

Linhas de Crédito Descrição

Cheque Especial

Trata-se de um limite disponibilizado em conta corrente para atender a eventuais necessidades do tomador. Suas taxas são mais altas que os empréstimos comuns, por se trata de um limite.

Cartão de Crédito Possibilita realizar compras parceladas e saques em caixas eletrônicos, até o limite concedido. O limite é concedido de acordo com a renda de cada um.

Contrato de crédito É conhecida como Crédito Pessoal, pois está condicionada a amortização parcelada do valor principal mais os juros, sem ter que comprovar sua utilização.

Crédito Direto ao consumidor

Possibilita financiar uma prestação de serviço ou adquirir bens novos ou usados. Sua amortização é mensal e fixa, pois seus encargos estão incluídos nas parcelas. Um exemplo comum é o financiamento para aquisição de veículos.

Crédito Imobiliário Utilizado para aquisição de imóveis. A quantidade de parcelas, usualmente, é superior a cinco anos. E a garantia exigida geralmente é o imóvel, objeto do financiamento.

Leasing

Conhecida como arrendamento mercantil, utilizado para adquirir ou alugar veículos. O tomador escolhe um veículo e a instituição financeira disponibiliza-o para seu uso, através de contrato com um longo prazo de pagamento.

Fonte: Baseado em Santos (2009)

Cada linha apresentada deve ser direcionada de acordo com a necessidade do

tomador de crédito, para isso, é necessário conhecer a situação patrimonial e

financeira do cliente, e realizar todas as análises técnicas de crédito, pois assim é

possível conceder um recurso seguro, que esteja de acordo com a necessidade do

tomador a principalmente compatível com a sua capacidade de pagamento.

2.1.2.2 Linhas de crédito para pessoas jurídicas

As linhas de crédito oferecidas às pessoas jurídicas são criadas para as

empresas que possuem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e possui uma

finalidade específica, que pode ser prestadora de serviços, produção e

350

comercialização de produtos. As linhas para PJ se resumem em capital de giro e em

investimento, a primeira trata dos gastos operacionais da empresa e a segunda trata

das necessidades com gastos para imobilizações para que a empresa possa exercer

suas atividades, porém deve conhecer a empresa para oferecer o crédito no momento

adequado e atender as variadas necessidades da empresa. Assim no Quadro 2 serão

apresentadas as linhas disponíveis para as PJ.

QUADRO 2 - Linhas de crédito PJ

Linhas de Crédito Descrição

Capital de giro Utilizado para atender as necessidades operacionais de curto prazo das empresas, como, compra de mercadorias, pagamentos de fornecedores e para gerar fluxo de caixa.

Compror Financiamento de bem ou serviço, onde o comprador (tomador) tem um prazo definido para pagamento e o fornecedor tem o recebimento à vista.

Vendor

Permite as empresas fazerem as vendas a prazo e receberem a vista, através de uma cessão de crédito a uma instituição financeira, ou seja, transfere seu crédito mediante uma taxa.

Adiantamento sobre Contratos de

Câmbio (ACC)

Financiamento de pré-embarque utilizado por empresas exportadoras, que necessitem de financiamento e que já possuam um contrato firmado para exportação futura.

Adiantamento sobre cambiais

entregues (ACE)

Financiamento que ocorre após o embarque, onde a responsabilidade do exportador termina quando é efetuado o pagamento das dívidas no exterior pelo importador.

Financiamento à importação

Trata de um financiamento onde o banco avaliza um importador brasileiro diante de um exportador, através de transações representativas de importação de mercadoria.

Resolução 63

Empréstimo de recursos captados no exterior, por meio da emissão de títulos. O repasse é feito em moeda nacional, indexado à variação cambial, acrescido juros e datas fixas para pagamento.

Leasing Operação de arrendamento ou aluguel destinado ao financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e imóveis. Tendo a amortização mensal e de longo prazo.

Repasses do BNDES

Trata de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que disponibiliza empresas financiarem projetos com imobilizações e expansão fabril.

Fonte: Baseado em Santos (2009)

Para oferecer a melhor linha de crédito a empresa é preciso saber para qual

finalidade será destinado o crédito e analisar como as parcelas irão influenciar no seu

351

endividamento financeiro, para melhor se adaptarem aos prazos e garantias

estipuladas por cada operação.

2.2 Risco de Crédito

Para Figueira (2001), o risco de crédito está relacionado à possibilidade de não

pagamento pelo tomador. Pode ser definido também como a variabilidade de retornos

esperados de um ativo na qual é calculado a partir de dados históricos.

De acordo com Sicsú (2010, p.1):

A concessão de crédito é uma decisão sob condições de incerteza. Em empréstimos, vendas a prazo, prestação de serviços etc., quer o crédito seja solicitado ou quer seja oferecido pelo credor, sempre existe a possibilidade de perda. Se o credor puder estimar a probabilidade de que essa perda ocorra, sua decisão será mais confiável. [...] a probabilidade de perda em uma operação de crédito denominamos risco de crédito.

Entende-se que o risco de crédito é a possibilidade de perda, que resultará no

não recebimento de valores pactuados entre o tomador e o credor. Esse risco pode

ser causado por vários fatores, tanto internos como externos, fatores esses que irão

levar o tomador a não quitar os valores com o credor na data pactuada.

De acordo com Silva (2008, p. 56), em finanças, há conceitos distintos para

risco e para incerteza:

Risco: existe quando o tomador de decisões pode basear-se em probabilidade objetivas para estimar diferentes resultados, de modo que sua expectativa se baseia em dados históricos e, portanto, a decisão é tomada a partir de estimativas julgadas aceitáveis pelo tomador de decisões. Incerteza: ocorre quando não se dispõe de dados históricos acerca de um fato, o que poderá exigir que o tomador de decisões faça uma distribuição probabilística subjetiva, isto é, baseado em sua sensibilidade pessoal.

Para Xavier (2011) o risco é definido através da quantidade ou grau de

incerteza que está envolvida em uma operação de crédito. O risco é um mensurador

que auxilia o responsável pela concessão a decidir se irá ou não ceder o crédito

solicitado, além de auxiliar no cálculo do custo agregado a incerteza de recebimento.

352

O risco de crédito é entendido como a possibilidade de o credor incorrer em

perdas, pois as obrigações assumidas pelo tomador podem não serem liquidadas.

Todas as operações de crédito estão expostas ao risco, porém esse risco pode ser

minimizado, pois cabe à instituição fazer à gestão do risco tendo o intuito de mitiga-

los, devendo a instituição adequar as exposições em níveis que serão aceitos pela

administração.

2.3 Cooperativas de Crédito

Segundo Fiorini e Zampar (2015), as cooperativas de crédito surgiram no Brasil

no começo do século XX, com ações oriundas principalmente nos estados de São

Paulo e Rio Grande do Sul. Ainda segundo os autores, a primeira cooperativa de

crédito surgiu no ano de 1902 na cidade de Nova Petrópolis, porém, em torno de 1950

são criadas cooperativas de crédito mútuo, baseadas nas ideias do canadense

Desjardins e hoje no Brasil existem mais de 1400 cooperativas de crédito.

De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB, 2016), a

partir do ano de 1906, foram desenvolvidas as cooperativas para o meio rural,

idealizadas por produtores agropecuários que vieram da Alemanha e Itália, esses

produtores trouxeram de seus países a cultura do trabalho associativo e de atividades

familiares comunitárias, motivando-os a organizar-se em cooperativas. Assim com a

propagação da doutrina cooperativista, a sua expansão foi num modelo autônomo,

visando suprir as necessidades dos seus membros. Segundo a OCB, a Lei 5.764/71

disciplinou a criação das cooperativas, porém restringindo a autonomia dos

associados, onde iria interferir na criação, funcionamento e fiscalização do

empreendimento cooperativo. Essa limitação foi derrotada pela Constituição de 1988,

onde foi proibida a interferência do Estado nas associações, iniciando, a partir de

então, a autogestão do cooperativismo.

Para o Banco Central do Brasil (2015), a cooperativa de crédito é uma

instituição financeira formada por uma associação autônoma de pessoas unidas

voluntariamente, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins

lucrativos, constituída para prestar serviços aos seus associados.

De acordo com Fiorini e Zampar (2015), as cooperativas de crédito tratam-se

de um empreendimento econômico-social, democrático e de autogestão, onde é

regido pela Lei 5.764/ 71 e por Resoluções do Conselho Monetário Brasileiro, tendo

353

como principal a Resolução 3.321/05. Para os autores, a cooperativa é uma instituição

financeira, formada por uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica

própria, sem fins lucrativos e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil.

Para Castro (2009, p. 8):

Cooperativismo é uma maneira pela qual a sociedade se organiza, por meio de ajuda mútua, para resolver diversos problemas comuns relacionados ao dia a dia. Unindo esforços em um empreendimento coletivo, as pessoas realizam ações e obtêm resultados dificilmente alcançáveis individualmente.

As cooperativas de crédito oferecem empréstimos, captam dinheiro e prestam

serviços de natureza bancária, porém por se trata de uma sociedade de pessoas, as

cooperativas buscam promover o crescimento econômico dos associados, apostam

na sustentabilidade, além do contribuir para o crescimento das comunidades onde

estão presentes.

2.3.1 Diferença entre cooperativa de crédito e banco

Apesar de apresentar nomes diferentes, muitos sabem que existem diferenças

entre as cooperativas e os bancos, porém não sabem fazer a distinção dessas

diferenças, pois ambos se tratam de instituições financeiras que são reguladas pelo

Banco Central do Brasil e oferecem produtos e serviços parecidos, para tanto será

apresentado no Quadro 3 suas diferenças.

QUADRO 3 - Diferença entre cooperativas e banco

Cooperativa Banco

Sociedade de pessoas. Sociedade de capital.

Objetivo: Estrutura de um empreendimento econômico coletivo para o atendimento das necessidades próprias dos associados.

Objetivo: exploração de uma atividade econômica com fins lucrativos.

O capital (dinheiro) é dividido em quotas-partes iguais.

O capital é dividido em ações (quanto mais ações, mais participação no banco).

Controle democrático: 1 pessoa = 1 voto Controle exercido a partir da participação no capital.

Quórum para Assembleia = número de associados.

Quórum para Assembleia = capital representado.

354

É vedada a transferência de quotas-partes do capital subscrito ou integralizado a terceiros.

Não é vedada a alienação ou transferência de capital a terceiros.

Resultado distribuído proporcionalmente às operações e serviços.

Resultado distribuído proporcionalmente ao capital integralizado.

Capital variável. Capital fixo.

A utilização das operações e dos serviços oferecidos pela cooperativa é condição básica para o sócio.

A utilização das operações e dos serviços oferecidos pela empresa não é condição para ser sócio.

Área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

Área de atuação ilimitada.

Fonte: Fundação Sicredi (2014)

Conforme o quadro 3, pode-se observar que as cooperativas possuem

aspectos com diferenciais importantes, principalmente no que diz respeito à realização

dos negócios, na forma que os associados são tratados, além da diversidade desde a

constituição, princípios, valores e a forma de realização das ações.

Ainda é possível demonstrar as vantagens das cooperativas de crédito, de

acordo com Fiorini e Zampar (2015, p.49):

a) A cooperativa é dirigida e controlada pelos associados; b) Crédito imediato e adequado às condições do associado; c) Atendimento personalizado; d) Menor custo operacional; e) Juros mais baixos; f) Retenção e aplicação dos recursos de poupança e renda no próprio município, contribuindo para o desenvolvimento do local; g) Facilidade de abertura de contas; h) Aumento do poder aquisitivo; i) Benefícios sociais e educativos; j) Diferenciação tributária; k) Centralização financeira, com oportunidade de maior rendimento nas aplicações financeiras; l) Possibilidade dos associados se beneficiarem da distribuição de sobras ou excedentes.

As cooperativas possuem diferenciais competitivos frente ao mercado, porém

isso não é do conhecimento de toda população, e às vezes é discriminada por

acharem que tratam-se apenas de mais um banco. Cooperar está ligado a colaborar,

ajudar, se solidarizar, com essas definições pode-se notar o importante papel da

355

cooperativa na sociedade, pois onde possuem cooperativas há o constante trabalho

para o desenvolvimento da comunidade.

3 METODOLOGIA

Na perspectiva metodológica, o presente artigo evidencia as características de

natureza descritiva, com uma abordagem qualitativa.

Segundo Andrade (2002, apud BEUREN, 2010) a pesquisa descritiva

preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-

los, e o pesquisador não interfere neles.

Para Beuren (2010), a pesquisa qualitativa se caracteriza em análises mais

profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. Essa abordagem

destaca características não observadas por meio de um estudo quantitativo.

De acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p. 31), “a pesquisa qualitativa não se

preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da

compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.”

Esse artigo caracteriza-se por natureza descritiva, pois no estudo foi realizada

a observação, registro e identificação de como funcionada o processo de análise de

crédito e quais são os critérios para a tomada de decisão na cooperativa escolhida. A

abordagem é qualitativa, pois neste estudo foram levantados os dados para

compreender e interpretar como são aplicados os C’s nas análises de crédito na

cooperativa.

Este trabalho foi elaborado através de um estudo de caso, pois foi escolhida

uma determinada cooperativa de crédito regional, acessível ao fornecimento de

informações, onde analisou-se a aplicação dos C’s do crédito para uma concessão de

crédito segura no período de 2015. Além, identificou-se os tipos de créditos

predominantes na cooperativa escolhida.

Para Yin (2015, p.2):

Um estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo (o “caso”) em seu contexto no mundo real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto puderem não estar claramente evidentes. A segunda parte da definição aponta para o projeto e a coleta de dados – por exemplo, como a triangulação de dados ajuda a trata a condição técnica distintiva, por meio da

356

qual um estudo de caso terá mais variáveis de interesse do que pontos de dados.

Escolheu-se a metodologia de estudo de caso, pois analisou-se o cenário de

uma única cooperativa, verificando a aplicação dos C’s nas análises de créditos, tendo

as coletas de dados de fontes que nos permitiram triangular os dados levantados.

A coleta de dados foi feita por meio de consulta de documentos, principalmente

relatórios gerenciais, através de observação, bem como de uma entrevista não

estruturada.

Marconi e Lakatos (2002, apud Beuren, 2010) comenta que na coleta de dados,

de acordo com a entrevista não estrutura, as perguntas podem ser abertas e

respondidas em ambientes e em conversas informais. Considera que essa técnica

procura saber como e por que algo ocorre, e não apenas conhecer a frequência das

ocorrências permitindo que os dados obtidos possam ser utilizados para a análise

qualitativa.

A entrevistada escolhida foi a Assessora de Crédito e Analista da cooperativa,

pelo fato da mesma estar em contato direto com as solicitações de crédito de toda a

cooperativa, pois verifica através das análises de crédito se vale a pena a cooperativa

correr o risco de conceder ou não o crédito pleiteado.

Os dados informados no artigo foram coletados de relatórios referentes às

propostas recebidas na cooperativa no ano de 2015, esses dados foram analisados

de forma tabulada, onde estão estruturados em gráficos e tabelas. Por questões de

confidencialidade não será apresentado o nome da cooperativa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Cooperativa de Crédito Pesquisada

A cooperativa escolhida possui cerca de 55 mil associados, distribuídos em 15

municípios do estado de Mato Grosso. Administra 1,5 bilhão de ativos, conforme

dados apresentados no fechamento do ano de 2015, em assembleias, além de possuir

um patrimônio líquido de aproximadamente R$ 370 milhões no mesmo ano, com mais

de 59 milhões em sobras com juros ao capital. No ano de 2015 tiveram de crédito

liberados em torno de 33 mil operações totalizando mais de R$ 1.100.000 milhões.

357

A cooperativa possui grandes impactos junto às comunidades, pois valoriza e

promove o ser humano, desenvolvendo programas e projetos que auxiliem a criar e

manter vínculos com as comunidades, através de aplicação da cultura da cooperação

e contribuindo para o crescimento e melhoria da sociedade. A cooperativa possui

programas sociais, que no ano de 2015, beneficiou cerca de 40 mil crianças e

adolescentes, onde estão distribuídas em 104 escolas de nove municípios na qual a

cooperativa está presente.

Pode-se observar que trata de uma cooperativa sólida na sua região de

atuação, onde possui associados com participação ativa e efetiva e é possível notar

que a mesma está amparada pelos princípios do cooperativismo, além de demonstrar

boas práticas de governança.

4.2 Linhas de Crédito Predominantes

Para atender aos objetivos propostos para o estudo, serão apresentadas as

linhas de créditos que predominam na cooperativa escolhida, tendo como montante

do crédito concedido em 2015 mais R$ 1.100.000 milhões.

O gráfico 1, demonstra o percentual das linhas de crédito para pessoas físicas

que mais predominam na cooperativa. Os dados foram coletados nos relatórios

referente as propostas recebidas no ano de 2015, sendo possível realizar a montagem

do gráfico 1.

GRÁFICO 1 - Linhas de Crédito predominantes na PF

358

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

Pode-se notar o Consignado é uma linha que apresenta maior predominância,

representando 25% das operações da cooperativa, pois trata-se de uma linha na qual

não possui risco de inadimplência, visto possuir desconto direto na folha de

pagamento do tomador, desde que o empregador possua convênio com a

cooperativa.

Posteriormente nota-se o Cartão de Crédito com representatividade de 24%

das operações, ao qual justifica-se tal utilização por ser uma modalidade que possui

várias vantagens e facilidade no seu uso. Logo após tem-se a linha de Crédito

Pessoal, que representa 23% das operações, geralmente os associados optam por

essa linha, pois não é necessário comprovar sua utilização, além de ser possível

apenas vincular avais como garantia dependendo da natureza da cobertura da

operação.

A modalidade de cheque demonstra 11%, pois trata de um limite que é

disponibilizado na conta corrente do associado e pode ser utilizado de acordo com as

necessidades temporárias e podendo amortizá-lo conforme sua conveniência. As

linhas menos utilizadas na cooperativa, de acordo com gráfico, são Veículos e

Construção e Reforma, ambos representam 6% das operações e o consórcio

representa 5%, acredita-se que por ser linhas que exigem a apresentação de garantia,

geralmente a garantia é o próprio bem a ser adquirido tornando linhas mais difíceis de

contratação.

Cartão24%

Cheque11%

Cons Contemplado

5%

Consignado25%

Constr/Ref6%

Crédito Pessoal23%

Veículos6%

359

Quanto aos créditos liberados a pessoa jurídica, o gráfico 2 apresenta as linhas

predominantes nas operações da cooperativa, no ano de 2015.

GRÁFICO 2 - LINHAS DE CRÉDITO PREDOMINANTE NA PJ

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

Nota-se no gráfico 2, que a linha que possui maior predominância na

cooperativa para pessoa jurídica é a modalidade de Desconto de Recebíveis, que

representa 32% de participação. Essa linha possibilita a empresa a antecipar as

vendas a prazo efetuadas por cartão de crédito, cheques e duplicatas, permitindo a

empresa ter uma liquidez imediata dos seus recebíveis.

Representando 21% das operações, está a linha de capital de giro como a

segunda modalidade mais predominantes na cooperativa, visto ser uma linha que

permite a empresa a cobrir déficit de caixa e honrar compromissos de curto prazo. A

linha de investimento tem a representatividade de 14% das operações de crédito da

cooperativa, essa linha permite a empresa a realizar investimentos nas suas

instalações, aquisição de equipamentos, compra de veículos para sua atividade, entre

outros. Ao contrário da pessoa física, os limites de cheque e cartão de crédito para

empresas são as modalidades que menos tem predominância nas operações de

crédito para pessoas jurídicas, representam 7% e 11%, respectivamente.

Foi perguntado a entrevistada, qual seria as linhas que mais predominam na

PF e na PJ, a fim de triangular as informações, conforme mencionado por Yin (2015).

Capital de Giro21%

Cartão11%

Cheque7%

Investimento14%

Desconto de Recebíveis

32%

Rotativo15%

360

Na percepção da entrevistada, as linhas que mais predominam na PF são as linhas

de cartão de crédito, cheque e crédito pessoal. Notou-se predominância dessas

modalidades, porém a linha que possui maior predominância segundo os documentos

é o Consignado. Na PJ a entrevistada, citou que seria a linha de desconto de

recebíveis, por se tratar de uma modalidade que os próprios recebíveis podem ser

considerados como garantia, além de conceder liquidez imediata as vendas a prazo,

estando em conformidade com o gráfico apresentado.

Cabe destacar que além das linhas de crédito já apresentadas, a cooperativa

possui a linha de renegociação e linhas especificas para produtores rurais, porém por

não se trata do foco do estudo, optou-se em excluir essas modalidades da análise de

dados.

Pode-se observar que as linhas que predominam na PF e PJ tratam-se de

linhas que possuem uma garantia maior de recebimento, sendo possível inferir que a

cooperativa tem prioridade para as linhas que lhes apresentam maior segurança.

4.3 Utilização dos C’s na Cooperativa

Para atender ao objetivo de como a cooperativa pesquisada está utilizando a

informação dos C’s na tomada de decisão, procurou-se demonstrar como é feita a

utilização dos C’s para averiguar qual o risco envolvido nas operações de crédito.

Na coleta de dados por meio de entrevista e observação, verificou-se que para

a análise de crédito a cooperativa utiliza-se de todos os C’s do crédito mencionados

pelos autores fundamentados, para verificação de aspectos favoráveis ou

desfavoráveis ao crédito pleiteado, onde pode ser detalhado quais os riscos

envolvidos e quais deverão ser os mitigadores aplicáveis a cada solicitação. A seguir

será demonstrado como são utilizados os C’s nas análises de crédito baseada nas

políticas de crédito da cooperativa.

QUADRO 4 - Utilização dos C’s na cooperativa

Caráter Capital Capacidade

É averiguado através das consultas em órgãos de proteção ao crédito, nas referências bancárias e comerciais, além de

É identificado pelo patrimônio líquido, nível de endividamento, participação de capital de terceiros e fluxo de caixa.

Para avaliação da capacidade é realizada uma análise do nível de formação do tomador, tempo de experiência na

361

avaliar a tradição do associado, verificando tempo de relacionamento, quantidades e tipos de operação abertas e liquidadas e o histórico de pagamento.

Para avaliação do capital de PF é utilizado o holerite ou Declaração de Imposto de Renda. Na PJ é avaliado através da análise de balanço/ balancete, Demonstração de resultados líquidos e de fluxo de caixa.

atividade, histórico curricular, além da realização de visitas técnicas para os associados que tiverem exposições mais representativas no quadro da cooperativa.

Condições Colateral Conglomerado

Por se tratar de fatores externos e macroeconômicos, que não controláveis pelo tomador, a cooperativa faz o acompanhamento da situação econômica nacional e internacional, normativos legais ligados ao setor e características especiais do ramo de atividade.

Para determinar a garantia a cooperativa leva em consideração característica referente a liquidez, segurança de formalística, depreciabilidade, controle do credor sobre a garantia oferecida e prazo de recuperação da mesma.

Quando existe grupo econômico, é realizada a análise que contemple a avaliação das informações creditícias de forma individual de todos os componentes do grupo.

Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

Através de uma rede disponível na internet, as analistas fazem a análise de

crédito do tomador, dos garantidores e dos componentes do grupo econômico. Essa

ferramenta é chamada de análise financeira, sendo que a análise financeira importa

as informações do cadastro sendo verificado em primeiro momento a renda do

proponente, as dívidas internas que possui na cooperativa e as dívidas em outras

instituições, separadamente, além de informar valores vencidos, caso o proponente

possua, logo após é informado o valor da proposta, quantidade de parcelas e taxa de

juros, para verificação da capacidade de pagamento do associado.

Para verificar o comprometimento patrimonial a análise financeira importa do

cadastro, os bens, conforme atualização que deve ocorrer a cada 365 dias, dessa

forma faz o calculado do comprometimento patrimonial, na qual engloba as operações

que o associado já possui com o valor solicitado confrontado com os bens do mesmo.

Para verificar o caráter são feitas as consultas no Serasa, SPC e Receita

Federal, caso o associado possui algum restritivo é necessário apresentar o

comprovante de regularização para dar continuidade na solicitação. Para verificar a

tradição e reciprocidade do associado é verificada a movimentação da conta, através

362

da consulta em sistema, da utilização do limite de cheque especial, médias mensais

e semestrais, créditos na conta dentro do mês, se possui cheques devolvidos na

alínea 11 ou alínea 12 e se possui atrasos em operações de crédito na cooperativa

acima de 15 dias. A partir desses itens as analistas emitem os pareceres das

propostas, sendo recomendados ou não recomendados.

Analisou-se que as propostas de PF têm a duração da análise em torno de 30

minutos e as propostas de PJ tem duração média de 60 minutos, em virtude de ter a

necessidade de avaliar, além dos itens descritos acima, o balanço da empresa e o

seu faturamento dos últimos 12 meses.

Na percepção da entrevistada, na cooperativa são analisados todos o C’s para

concessão do crédito, pois são itens importantes que podem ajudar na redução da

inadimplência. Além dos C’s do crédito é verificado a reciprocidade do tomador com a

cooperativa, pois não basta apenas tomar crédito, é necessário possuir movimentação

em conta corrente e utilizar os serviços que são disponibilizados aos associados. É

verificado também o risco interno do associado, pois o associado pode ter boas

referências comerciais e não ser um bom associado junto a cooperativa, esse item é

verificado através da análise do histórico do mesmo, se apresenta atrasos nas

operações de crédito, quantidades de cheques devolvidos, entre outros fatores.

Considerando os conceitos estudados na fundamentação e como a cooperativa

se utiliza dos C’s do crédito, notou-se que é de alta relevância a verificação de cada

um dos C’s, pois a partir desses fatores consegue-se verificar com mais precisão

pontos que devem ser atentados na concessão do crédito. Percebe-se que as análises

podem até mesmo demonstrar impeditivos de crédito, como pode ser exemplificado o

caso de o associado apresentar um restritivo e não possuir comprovante de

regularização, a cooperativa não possui segurança nenhuma em conceder um crédito

ao associado que já possui um histórico negativo no mercado.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a análise de crédito é possível reduzir o risco das operações, pois a

inadimplência está relacionada com um crédito que foi mal concedido assim com a

análise de crédito, aplicando cada um dos C’s, consegue-se analisar fatores que

363

podem demonstrar que o associado irá apresentar problemas no futuro e que a

operação possa apresentar um alto risco para a cooperativa.

A pesquisa teve como objetivo analisar a aplicação dos C’s do crédito nas

análises de crédito, além de buscar analisar os tipos de créditos predominantes na

cooperativa escolhida e verificar como está sendo utilizada a informação dos C’s na

tomada de decisão dos analistas. O estudo desenvolveu-se em uma cooperativa de

crédito regional, por meio de um estudo de caso, com coleta de dados por meio de

documentos, entrevistas e observações.

Pode-se notar que as linhas que mais predominam nos créditos liberados a PF

na cooperativa são o crédito consignado, cartão de crédito e o crédito pessoal. Na PJ

as linhas que predominam são o desconto de recebíveis e o capital de giro.

Para reduzir os riscos na concessão de crédito a cooperativa possui uma

política interna que contém os C’s do crédito como premissas para a análise, adotando

critérios onde é possível verificar se os associados possuem caráter, condições,

capacidade, capital, colateral e conglomerado.

Nesse estudo pode-se perceber que a cooperativa procura realizar a análise

de crédito conforme as teorias que foram apresentadas, e busca aprimorar os critérios

técnicos para não serem concedidos maus créditos que poderão resultar em

inadimplência.

O estudo está limitado a uma cooperativa de crédito, sendo que os dados não

podem ser generalizados. Portanto, para pesquisas futuras seria importante para dar

continuidade ao estudo, analisar como a cooperativa procede na área de recuperação

de crédito e como são feitas as negociações com os associados que encontram-se

em situação inadimplente.

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366

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Uma Análise na Distribuição Após a

Privatização da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A

Fabíola Fischer9

Renato Ferreira10

Fabiane Popik11

RESUMO A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) foi inserida pela Lei nº 11.638/2007 como um novo relatório, desenvolvido para complementar os demonstrativos contábeis, visando apresentar a riqueza gerada, e a maneira como ela está distribuída aos que contribuíram para a formação desta, objetivando evidenciar o papel social das empresas, para que todos os usuários possam ter acesso às informações e conhecer a contribuição da empresa para a comunidade em geral. Este artigo buscou analisar a variação na distribuição da riqueza criada e evidenciada nas DVA, da empresa Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A, após a sua privatização. Os períodos analisados foram os anos de 2012 a 2015, sendo os dados coletados do site do GRU Airport. O objetivo principal é verificar como está sendo feita a distribuição do valor adicionado, se houve diferença na forma de distribuição em cada período analisado, e quais as principais mudanças ocorridas nos anos que sucedem a privatização. Como resultado de pesquisa, pôde-se constatar que houve mudança na forma como foi distribuída a riqueza agregada pela empresa entre seus elementos de distribuição, e que com o passar dos anos houveram diferenças significativas estre os percentuais em relação ao ano base. Com isso, pode-se concluir que após a privatização houveram algumas alterações significativas na formação da riqueza e principalmente na distribuição do valor adicionado da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A. Palavras-chave: Demonstração do Valor Adicionado. Distribuição de Riqueza. Privatização.

1 INTRODUÇÃO

Após a lei 11.638/2007 entrar em vigor, a contabilidade sofreu várias

modificações, entre elas, a adaptação das Normas Internacionais de Contabilidade ao

Brasil. Entre as novas regras, surge a obrigação da apresentação de alguns

9 Acadêmica do 8º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected] 10 Acadêmico do 8º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected]; 11 Professora do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected]

367

demonstrativos financeiros pelas empresas classificadas como Sociedades

Anônimas. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)

Para Tinoco (2006 p. 64), “uma das formas que ampliam a capacidade de se

analisar o desempenho econômico e social das organizações é pelo valor econômico

que é agregado aos bens e serviços adquiridos de terceiros, valor este denominado

de Valor Adicionado”.

Apesar de ser elaborada a partir dos relatórios contábeis, principalmente da

DRE (Demonstração de Resultado do Exercício), a DVA (Demonstração do Valor

Adicionado) diferencia-se, e ao mesmo tempo complementa os outros relatórios,

apresentando informações detalhadas sobre a quantidade de riqueza produzida pela

empresa, e a forma como foi distribuída essa riqueza aos vários agentes econômicos

que colaboraram para sua produção, que são: Pessoal, Governo, Capital de Terceiros

e Capital Próprio. (AZEVEDO, 2009)

As empresas de forma geral constituem-se em pública ou privada. Dentro deste

cenário surge o fenômeno da privatização, que pode ser entendido de diversas

formas, mas conceitua-se basicamente na passagem de uma sociedade pública para

uma totalmente privada, o que pode acarretar vários impactos econômicos tanto para

a empresa quanto para a economia coletiva.

Partindo deste contexto, tem-se como problema em questão: a distribuição de

riquezas pela empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A teve variações

significativas após a sua privatização?

Assim, o objetivo da pesquisa é analisar como está sendo distribuída a riqueza

pela empresa Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A após sua

privatização, considerando o período de 2012 a 2015.

Buscou-se também explorar os demonstrativos de valor adicionado

apresentados, com a finalidade de relacionar os dados obtidos no passar dos anos,

verificando quais foram os impactos ocasionados em cada elemento da DVA.

A escolha do tema se dá pelo fato da Contabilidade passar por diversas

mudanças e adaptações constantemente, sempre procurando inovar e transmitir cada

vez mais informações com precisão e transparência aos usuários. A privatização,

apesar de ser um fenômeno já presente em nosso cotidiano, ainda é um assunto

bastante polêmico no Brasil. Com isso, buscou-se unir esses dois fatores e, através

368

das análises, constatar como apresenta-se a distribuição da riqueza de uma empresa

após a administração da mesma passar do governo para a iniciativa privada.

Em seguida será apresentado como ocorreu a convergência aos padrões

internacionais da contabilidade, a importância do Balanço Social para as empresas e

seus usuários, bem como o que é a Demonstração do Valor Adicionado, sua estrutura,

elaboração, distribuição. Logo após está apresentada a análise das demonstrações

da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A e os principais resultados.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Convergência aos Padrões Internacionais de Contabilidade

As normas internacionais vêm sendo construídas desde 1973 pelo, na época,

International Accounting Standards Committee (IASC), atualmente denominado

International Accounting Standards Board (IASB), mas a contabilidade está sempre

evoluindo e a principal evolução ocorreu no início do século XXI, no Brasil e no mundo:

a convergência para as normas internacionais. Antes de 2001, no período do IASC,

as normas internacionais já existiam, porém ainda eram pouco utilizadas pelas

empresas nesta época. A adoção destas normas ganhou maior força em 2005,

quando a União Europeia decidiu que suas empresas iriam adotá-las, e foi assim que

o IASC foi transformado no IASB (IUDÍCIBUS, et al, 2010)

É perceptível a importância de um padrão quando se trata da linguagem

contábil, pois a contabilidade assume uma relevância cada vez maior em todos os

lugares do mundo, exigindo que haja uma melhor comunicação e um melhor

entendimento, pois, os negócios estão se tornando cada vez mais globalizados, e isso

mostra que é fundamental que exista um método mundial, ao invés de cada país ter o

seu próprio método, ou seja, precisa ser aplicada da mesma forma em todos os

lugares (IUDÍCIBUS, et al, 2010)

Por isso, com a necessidade da aderência às normas internacionais, e para

unificar o método utilizado na contabilidade no Brasil, foi criado o Comitê de

Pronunciamentos Contábeis – CPC, em 2005, que tem o objetivo de centralizar as

normas contábeis uma vez que, estas são emitidas por diversos órgãos. A

convergência às normas internacionais também é parte fundamental da criação do

369

CPC, proporcionando um processo democrático na produção das normas contábeis

(PEREIRA, 2013)

A alteração das leis 11.638 de 2007 e 11.941 de 2009, aliadas à criação do

Comitê de Pronunciamentos Contábeis, permitiram a criação de diversas novas

normas, que foram aprovadas pelos órgãos competentes e também adaptadas às

Normas Internacionais de Contabilidade. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)

Com toda essa mudança, a nova legislação representou uma grande revolução

na contabilidade, e introduziu métodos e técnicas que boa parte dos profissionais nem

estavam preparados para aderir, ressaltando principalmente a transparência na

elaboração das demonstrações contábeis na divulgação aos usuários.

Juntamente com a necessidade de elaboração e divulgação de demonstrativos

financeiros com maior transparência, surge um novo modelo de prestação de contas

aos usuários destas informações, dando um destaque maior às informações sociais,

surgindo assim o Balanço Social.

2.2 Balanço Social

A responsabilidade social é o dever de comunicar com exatidão os dados de

sua atividade para que a comunidade que se relaciona com a entidade possa avaliá-

la, compreendê-la e, talvez, se necessário, criticá-la. (TINOCO, 2006)

O Balanço Social teve origem na França em 1977, pela exigência que a

sociedade fazia sobre uma nova postura ética, com maior transparência. A partir daí

diversas empresas passaram a prestar contas de suas ações e objetivos. No início

era voltado com maior ênfase à evidenciação da parte dos recursos humanos. Foi

implantando pela grande busca de informações a respeito dos impactos que as

atividades da empresa causavam nos trabalhadores, na sociedade, na comunidade e

no meio ambiente. (TINOCO, 2006)

No Brasil, a elaboração do Balanço Social teve início na década de 70. A partir

de 1980 algumas empresas iniciaram a divulgação deste demonstrativo, porém, foi na

década de 90 que teve maior impulso, e um maior número de empresas passou a

fazer uso da elaboração e apresentação deste balanço. (DEGRAF, 2013)

370

Ainda para Degraf (2013, p. 02), “o Balanço Social se tornou mais evidente

quando Herbert de Souza, o Betinho, iniciou em junho de 1997 uma campanha para

que houvesse a divulgação voluntária dessas informações”.

O Balanço Social não é considerado um demonstrativo obrigatório e tem por

objetivo demonstrar como está a interação da empresa com o meio onde se insere,

pois busca demonstrar o nível de responsabilidade social que a empresa assume,

sendo utilizado como prestação de contas à sociedade por utilizar patrimônios

públicos e usufruir dos benefícios de toda a sociedade. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)

Está dividido em quatro vertentes: Balanço Ambiental, que compreende os

gastos com preservação, proteção e recuperação dos recursos naturais; Balanço dos

Recursos Humanos, que visa demonstrar o perfil dos trabalhadores, bem como a

remuneração e os benefícios concedidos, entre outros gastos com funcionários;

Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral, como por exemplo, contribuições

à entidades filantrópicas e educação de necessitados, e Demonstração do Valor

Adicionado, que demonstra a contribuição da empresa para o desenvolvimento

econômico-social de onde está instalada, tema que será aprofundado neste estudo.

(IUDÍCIBUS, et al, 2010)

2.3 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

A DVA é um demonstrativo que não faz parte das demonstrações obrigatórias

à todas as empresas pelas Normas Internacionais de Contabilidade, mas assim como

o Balanço Social, tem sido incentivada já há algum tempo, devido sua importância

socioeconômica. Desde a década de 90 já era elaborada por algumas empresas de

capital aberto, porém, somente a partir da implantação da lei 11.638/2007 ela passou

a ser obrigatória às empresas classificadas como S.A.

A Lei societária 11.638/2007 em seu art. 176, inciso V estabelece sobre a

evidenciação da DVA: “se companhia aberta, demonstração do valor adicionado”.

Conforme afirma Ribeiro (2009, p. 361), “este demonstrativo que surgiu na

Europa por influência da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha tem sido cada vez

mais difundido e adotado por outros países, principalmente por recomendação

expressa da Organização das Nações Unidas (ONU) ”.

371

Tinoco (2006, p. 78) afirma que “no Brasil, as primeiras empresas a publicar a

DVA foram a Telebrás e algumas de suas controladas, no ano de 1990, CMTC de São

Paulo, em 1991 e Banespa em 1992”.

De acordo com o CPC 09 (2008, p. 02) “a DVA deve proporcionar aos usuários

das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em

determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas”.

Ou seja, precisa fornecer dados detalhados de como foi agregada a riqueza da

empresa e posteriormente, como a mesma foi distribuída entre os diversos agentes

econômicos ligados à empresa.

Não restam dúvidas de que a DVA representa um grande avanço para a própria ciência contábil, especialmente porque os indicadores e informações de natureza social que ela oferece atingem um universo maior de usuários ao evidenciar a riqueza gerada pela empresa e a forma como essa riqueza foi distribuída entre os empregados (salários e benefícios), acionistas (remuneração do capital investido em forma de juros e dividendos), financiadores (pagamentos de juros e do custo dos insumos adquiridos de fornecedores) e a sociedade (por meio do recolhimento dos tributos ao governo). (RIBEIRO, 2009, p. 363)

Observando estas linhas de raciocínio, pode-se considerar que o Valor

Adicionado representa a riqueza criada pela entidade em um determinado período de

tempo, sendo que a soma do valor agregado representa o total das riquezas criadas,

e posteriormente é distribuída entre os agentes que colaboraram na formação da

mesma.

2.4 Estrutura e Elaboração da DVA

Quanto à elaboração da demonstração do valor adicionado, é um pouco

semelhante à demonstração do resultado do exercício, pois os dados são retirados

deste, porém, o procedimento utilizado é diferente: a DRE tem o objetivo de apresentar

a parte da riqueza gerada pela empresa que pertence aos sócios e acionistas; já a

DVA procura demonstrar essa riqueza de maneira mais detalhada apresentando como

foi gerada e como foi distribuída. (AZEVEDO, 2009, p.135)

372

Existe a possibilidade de construir uma DVA “olhando” os valores de uma DRE; mas, para isso é necessário que a DRE esteja detalhada e sem feitos alguns ajustes, a exemplo do CMV – Custo da Mercadoria Vendida, enquanto que para a DRE este valor será lançado sem impostos, para a DVA deverá ser computado com os impostos. No “CMV”, deve-se excluir os valores dos salários e respectivos encargos para a DVA, enquanto que para a DRE tais valores são computados. (AZEVEDO, 2009, p. 135).

A DVA é dividida em duas partes, os dados devem ser retirados da

contabilidade, e as informações devem seguir o princípio do Regime de Competência.

Na primeira parte é apresentada de maneira detalhada a composição da riqueza da

entidade. Já na segunda parte, deve estar evidenciada a distribuição desta riqueza.

2.4.1 Primeira parte – riqueza criada pela própria entidade

Na primeira parte devem constar de forma detalhada os componentes que

fazem parte da criação da riqueza, que são divididos em: Receitas; Insumos

Adquiridos de Terceiros; Retenções; e Valor Adicionado Recebido em Transferência.

Na sequência serão apresentadas as principais características de cada item citado de

acordo com a Resolução CFC nº 1.138/2008, item 14.

As receitas compreendem a venda de mercadorias, produtos e serviços,

inclusive os tributos incidentes sobre essas receitas, ou seja, é o faturamento bruto.

As outras receitas, da mesma forma, incluem os tributos incidentes sobre as mesmas.

Provisão para créditos de liquidação duvidosa – constituição/reversão, constituem os

valores relativos a esta provisão. Insumos adquiridos de terceiros são os valores das

matérias-primas adquiridas e contidas no custo da mesma; não inclui gasto com

pessoal. Nas retenções devem ser evidenciadas as despesas com depreciação,

amortização e exaustão contabilizadas no período, e por fim, o valor adicionado

recebido em transferência, que compreende o resultado de equivalência patrimonial,

as receitas financeiras e as outras receitas (como por exemplo aluguéis e direitos de

franquia).

2.4.2 Segunda parte – distribuição da riqueza

373

Na segunda parte da DVA, devem ser apresentados de forma detalhada como

a riqueza obtida pela entidade foi distribuída entre: Pessoal; Impostos, Taxas e

Contribuições; Remuneração de Capitais de Terceiros; e por fim, Remuneração de

Capitais Próprios.

A seguir serão apresentados detalhadamente cada item da distribuição do valor

adicionado, segunda parte da DVA, com suas principais características, citados de

acordo com o CPC 09 (2008).

2.4.2.1 Pessoal

Nesta parte estão incluídos os salários, inclusive o 13º, férias, horas extras,

FGTS, seguro de acidente de trabalho, assistência médica, alimentação, transporte,

entre outros benefícios, como comissões, participações nos lucros, gratificações,

planos e seguros, exceto encargos com INSS.

2.4.2.2 Impostos, taxas e contribuições

Neste item são incluídos todos os impostos, taxas e contribuições, federais,

estaduais e municipais; inclusive as contribuições ao INSS, imposto de renda,

contribuição social, entre outros.

2.4.2.3 Remuneração de capitais de terceiros

São consideradas componentes deste item as despesas financeiras

relacionadas aos empréstimos e financiamentos, os aluguéis ou arrendamentos

operacionais pagos a terceiros, entre outras remunerações, tais como franquias,

direitos autorais, etc.

2.4.2.4 Remuneração de capitais próprios

Aqui são inclusos os valores pagos aos acionistas e sócios, ou seja, os juros

sobre capital próprio por conta do resultado do exercício, exceto os que são

contabilizados como reservas, os dividendos, os lucros retidos ou prejuízos do

374

exercício (no caso de prejuízo são incluídos com sinal negativo) e, no caso exclusivo

da DVA consolidada evidenciando a parte dos sócios não controladores, a

participação dos não controladores nos lucros retidos.

2.5 Estrutura da DVA Para Empresas em Geral

Na sequência está apresentada uma estrutura de DVA que pode ser utilizada

por empresas em geral, de acordo com o CPC 09. Pode-se verificar como deve ser

elaborada a Demonstração do Valor Adicionado, bem como sua distribuição.

QUADRO 1 – Modelo de DVA – Empresas em geral

DESCRIÇÃO

Em

Milhares

de

Reais

em

20x1

Em

Milhares

de Reais

em 20x0

1 – RECEITAS

1.1) Venda de mercadorias, produtos e serviços

1.2) Outras receitas

1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios

1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa –

Reversão/ (Constituição)

2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

(Inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)

2.1) Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços

vendidos

2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros

2.3) Perda / Recuperação de valores ativos

2.4) Outras (especificar)

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

5 – VALOR ADICIONADO LIQUIDO PRODUZIDO PELA

ENTIDADE (3-4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM

TRANSFERÊNCIA

375

6.1) Resultado de equivalência patrimonial

6.2) Receitas financeiras

6.3) Outras

7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)

8.1) Pessoal

8.1.1 – Remuneração direta

8.1.2 – Benefícios

8.1.3 – F.G.T.S

8.2) Impostos, taxas e contribuições

8.2.1 – Federais

8.2.2 – Estaduais

8.2.3 – Municipais

8.3) Remuneração de capitais de terceiros

8.3.1 – Juros

8.3.2 – Aluguéis

8.3.3 – Outras

8.4) Remuneração de capitais próprios

8.4.1 – Juros sobre capital próprio

8.4.2 – Dividendos

8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício

8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos

(só para consolidação)

(*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

Fonte: CPC 09 (2011) O Valor Adicionado é calculado subtraindo-se da Receita Operacional os custos dos recursos adquiridos de terceiros (compras de matéria-prima, mercadorias, embalagens, energia elétrica, terceirização da produção) utilizados no processo operacional. Esse primeiro valor calculado poderia ser chamado de Valor Adicionado Bruto. (MARION, 2005, p. 70)

A depreciação é um ponto fundamental que reflete na redução do Imobilizado.

Com isso há, consequentemente, uma redução da riqueza gerada pela empresa,

resultando em um segundo resultado denominado Valor Adicionado Líquido. Também

podem haver outros acréscimos e reduções, que deveriam ser sempre destacados

para uma análise mais complexa, resultando então no Valor Adicionado. (MARION,

2005)

O autor ainda destaca que após serem acrescidas todas as receitas e

subtraídas todas as despesas e os custos, obtendo-se um resultado, é evidenciada

então “a parte mais relevante dessa demonstração, temos a Distribuição do Valor

376

Adicionado que mostra a contribuição da empresa para os vários segmentos da

sociedade”. (MARION, 2005, p. 70)

Esta estrutura demonstra claramente onde devem ser evidenciados cada dado

da criação e da distribuição da riqueza das empresas, bem como o cálculo que deve

ser feito para se obter os resultados pretendidos. Pode ser utilizado para empresas

em geral, embora existam algumas estruturas específicas, como instituições

financeiras, por exemplo.

2.6 Análise da DVA

Como todas as demonstrações, a DVA também pode ser analisada, tanto

isoladamente quanto em conjunto com outros demonstrativos contábeis, ou ainda os

comparando entre empresas de mesmo ramo, segmento, região, etc.

A Demonstração do Valor Adicionado é um instrumento de análise que pode

ser utilizada por aqueles que pretendem entender as relações da empresa com a

sociedade.

Ou seja, a análise da DVA proporciona um maior entendimento da relação que

a empresa tem com a geração da riqueza no meio em que está inserida, e na

distribuição desta riqueza.

2.7 Privatizações

De acordo com a Lei 9.491 de 09 de setembro de 1997, em seu Art. 2º, § 1º é

considerada privatização ou desestatização “a transferência, para a iniciativa privada,

da execução de serviços públicos explorados pela União, diretamente ou através de

entidades controladas, bem como daqueles de sua responsabilidade”.

Normalmente, as privatizações ocorrem quando estas empresas não estão

mais proporcionando os lucros exigidos para continuar em um mercado competitivo

ou quando elas enfrentam sérias crises financeiras.

No Brasil, o processo de privatização teve início na década de 80, quando arrecadou o equivalente a cerca de 780 milhões de dólares, conforme levantamento do BNDES (2002). Entretanto, foi em meados de 1990 que a receita auferida se tornou significativa, haja vista que só nos dois primeiros anos foram

377

arrecadados o equivalente a 4 bilhões de dólares, graças ao Programa Nacional de Desestatização (PND), o qual efetivou a passagem do Estado empresário para o Estado como agente regulador. (SANTOS; CHAN; e SILVA; 2007, p. 02)

Apesar da resistência de alguns protestantes em relação a privatização, cada

vez se torna mais comum, e este fenômeno tem crescido em ritmo acelerado nos

últimos anos no nosso país.

3 METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi feita por meio do método descritivo, buscando obter

informações e analisando suas mudanças através dos anos.

Conforme Gil (2007, p. 44), “As pesquisas descritivas são, juntamente com as

exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados

com a atuação prática”.

Tem por objetivo a descrição de determinada população, ou amostra, ao qual,

neste estudo, pauta-se determinada amostra de dados em determinado período.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram verificados os documentos

divulgados pelo website do grupo da empresa pesquisada, onde são apresentados os

demonstrativos com os dados atualizados a cada período, e divulgados de acordo

com as normas específicas.

Foi utilizada a abordagem qualitativa para compreender e analisar as possíveis

mudanças ocorridas nos períodos que sucedem a privatização da empresa Aeroporto

Internacional de Guarulhos S.A.

Conforme explica Beuren, et al (2010), “na pesquisa qualitativa concebem-se

análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”, pois é

uma tipologia de pesquisa bastante comum na contabilidade, por esta ser uma ciência

social e não exata, como muitos pensam.

Para complementar, Godoy (1995 p. 02) defende que “partindo de questões

amplas que vão se aclarando no decorrer da investigação, o estudo qualitativo pode,

no entanto, ser conduzido através de diferentes caminhos”.

O autor destaca que dentre os tipos de pesquisa com abordagem qualitativa,

os principais caminhos aos quais se refere são o estudo de caso, a etnografia e a

pesquisa documental, à qual será utilizada.

378

O procedimento utilizado para análise da pesquisa foi o documental, que para

Fachin (2006, p. 146), “consiste na coleta, classificação, seleção difusa e utilização de

toda a espécie de informações, compreendendo também as técnicas e os métodos

que facilitam a sua busca e a sua identificação”. O estudo teve base em dados dos

demonstrativos financeiros que foram divulgados pelo próprio website do grupo da

empresa pesquisada.

Ou seja, foram coletados os dados desde a sua privatização em 06 de fevereiro

de 2012, e analisadas as DVA de 2012 a 2015, por ser o período pós-privatização da

empresa Aeroporto de Guarulhos S.A.

Foram utilizadas para a parte bibliográfica do presente trabalho a literatura de

alguns autores, tais como Tinoco (2001), Azevedo (2009), Ribeiro (2009), Iudícibus,

et. al. (2010), entre outros. Também foi aplicado o uso do CPC 09 e das Leis

11.638/2007 que trata das Sociedades por Ações e 9.491/97 que trata do Programa

Nacional de Desestatização.

Para a análise de dados, foram coletados Demonstrativos do Valor Adicionado,

dos anos 2012, 2013, 2014 e 2015 da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos

S.A por meio de seu próprio website, local onde seus demonstrativos foram expostos

a púbico, de acordo com as normas específicas, como é exigido por lei.

As contas do demonstrativo foram padronizadas informando os dados

coletados, e foram feitos os cálculos para análises vertical e horizontal. Com isso, a

análise vertical permitiu verificar onde e como está distribuída a riqueza da empresa;

já a análise horizontal permitiu avaliar se a distribuição permaneceu focada nos

mesmos grupos ou houveram alterações com o passar dos anos.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Privatização da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A

No dia 6 de fevereiro de 2012 ocorreu, na sede da BM&FBOVESPA, o leilão

em que o Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro foi arrematado

pelo valor de mais de R$ 16 bilhões e privatizado, passando a denominação Aeroporto

Internacional de Guarulhos S.A. O vencedor foi o consórcio Invepar, formado por

379

fundos de pensão brasileiros em sociedade com a sul-africana ACSA. (INFRAERO,

2012)

O aeroporto pesquisado, foi arrematado pelo maior valor no leilão dos três

maiores aeroportos do Brasil - Viracopos, Brasília e Guarulhos - sendo que foi pago

cerca de 373% acima do valor mínimo. Cabe destacar também que, de acordo com a

ANAC (Agência Nacional da Aviação Civil), o Aeroporto Internacional de Guarulhos

foi o que teve menor prazo de concessão estipulado, 20 anos. A contribuição anual

ao FNAC (Fundo Nacional da Aviação Civil), que é destinada a projetos de

investimentos e fomento da aviação civil, também é o maior em relação aos demais

aeroportos privatizados na mesma data, 10% da receita bruta. (ANAC, 2012)

Tendo em vista que a privatização é um processo de transferência de uma

empresa do setor público para a sociedade privada, percebe-se que este evento pode

acarretar em impactos econômicos e sociais tanto para a empresa quanto para a

economia coletiva.

No caso do Aeroporto pesquisado, os principais impactos identificados de

acordo com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, podem ser considerados positivos,

pois recebeu investimentos em infraestrutura, que se fez necessário pelo aumento

significativo do tráfego de passageiros, ampliou a capacidade de terminais, da pista,

do pátio das aeronaves, inclusive notou-se melhoria no nível de prestação de serviços.

4.2 Análises da DVA da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A

Após sua privatização, a empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A

tornou-se obrigada a elaborar e apresentar a DVA como parte integrante de suas

demonstrações contábeis, que devem ser divulgadas ao final de cada período.

Por meio da evidenciação da DVA, é possível a partir de então, verificar os

seguintes quesitos: a contribuição da empresa à sociedade em geral através de

pagamentos de impostos ao governo, o nível de participação da mão de obra na

geração de sua riqueza, bem como, a sua contribuição para a riqueza regional de

onde estiver instalada.

Apresenta-se na sequência as análises vertical e horizontal da DVA, na parte

da distribuição do valor adicionado da empresa pesquisada, nos períodos pós-

privatização, que compreendem os anos de 2012 a 2015.

380

4.2.1 Análise vertical

A análise vertical é o meio utilizado para a comparação dos elementos em

relação ao total do grupo a que pertencem. Tem por objetivo mostrar, em percentuais,

qual é a participação de cada conta na demonstração financeira à qual pertence, e

através de comparações com percentuais de outros períodos da mesma empresa,

verificar se existem mudanças na participação de tais contas. (MATARAZZO, 2003;

RIBEIRO, 2010)

Na sequência apresenta-se a análise vertical da empresa pesquisada no

período de 2012 a 2015.

TABELA 1 – Análise Vertical

Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

Através da análise vertical, tendo como base a distribuição do valor adicionado,

o valor das receitas auferidas no primeiro ano analisado era muito maior em relação

ao último, 2015. Tendo em vista essa consideração, percebe-se que o valor a distribuir

foi aumentando a proporção com o passar dos três primeiros anos, com pequena

queda no último.

A distribuição tinha maior concentração para o Pessoal, chegando a

representar, em 2012, 74,78% do total do valor adicionado total a distribuir. Em

seguida, Governo, representado pelos impostos, taxas e contribuições, que neste

mesmo ano representaram 50,51% do valor total. A conta de Remuneração de

Capitais de Terceiros teve menor significância, representando neste ano apenas

381

1,71%. E, por fim, a Remuneração de Capitais Próprios, que representa os acionistas

da empresa, que ficaram com saldo negativo de -27%. Este percentual negativo pode

ter sido ocasionado por uma distribuição excessiva para o restante dos elementos de

distribuição.

No ano de 2013 o destaque foi para o Governo, pois os impostos, taxas e

contribuições representaram um percentual de 40,2%, seguida pelo Pessoal que

desta vez representou apenas 27,16%. Já a Remuneração de Capitais de Terceiros

foi maior em relação ao ano anterior, pois desta vez representa 11,28% do total da

riqueza a ser distribuída. Quanto a Remuneração de capitais próprios, este foi o único

dos anos analisados em que se obteve aumento, pois o percentual de 21,36%

considerando o total a ser distribuído.

Enquanto em 2014, novamente houve grandes mudanças na distribuição, pois

agora a Remuneração de Capitais de Terceiros representa 88,3%, o Governo 37,58 e

o Pessoal 21,48%. Já a Remuneração de Capitais Próprios apresentou prejuízo

novamente, representando -47,36%.

No ano de 2015, a distribuição foi semelhante à do ano anterior, pois a maior

concentração permaneceu na Remuneração de Capitais de Terceiros, com 231,37%,

o Governo representou 42,21% e o Pessoal 24,71%. A Remuneração de Capitais

Próprios, novamente em queda, representou -198,29%.

Com esta análise pôde-se constatar que no decorrer dos anos a maneira como

a riqueza da empresa foi distribuída sofreu grandes alterações. No começo era

direcionada maior percentual ao Pessoal. No segundo ano, o Governo, por meio de

impostos, taxas e contribuições. Já no terceiro e quarto ano analisados constata-se

um aumento cada vez mais elevado do elemento Remuneração de Capitais de

Terceiros, o que significa um diferencial em relação ao pensamento popular que

acredita que as empresas direcionam maior parte da riqueza gerada para o Governo.

4.2.2 Análise horizontal

A análise horizontal permite acompanhar o desempenho, seja de evolução ou

de redução, que cada conta representou nas demonstrações financeiras, e quando as

contas são comparadas entre si, esta análise permite tirar conclusões sobre qual foi a

382

evolução da empresa ao longo dos períodos analisados. (MATARAZZO, 2003;

RIBEIRO, 2010)

Na sequência apresenta-se a análise horizontal, da empresa pesquisada

utilizando os dados apresentados nos anos 2012 a 2015.

TABELA 2 – Análise Horizontal

Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

Com os dados analisados, pode-se notar que a receita da empresa obteve um

crescimento considerável do ano de 2012 para 2013. Em 2014 percebe-se novamente

um aumento considerável na receita da empresa em relação ao ano base, 2012. Já

em 2015, último período analisado, contata-se que a diferença foi menor, em relação

aos períodos anteriores, porém, também observou-se uma maior receita em relação

ao ano base.

Através da análise horizontal, percebe-se que o valor adicionado total a

distribuir vem crescendo significativamente nos anos analisados.

Nota-se um aumento considerável na distribuição em geral do ano de 2012 para

2013. No Pessoal, por exemplo, aumentou 404,8%, os Impostos tiveram uma

mudança crescente de 1.006,34%, remuneração de capitais de terceiros 9.068,89%.

Já a remuneração de capitais próprios teve uma queda muito significativa, chegando

a um percentual negativo de 1.199,56%.

Já no período de 2014, houve um aumento de 460,82% para o Pessoal em

relação ao ano base. Os Impostos tiveram uma elevação de 1.353%, a Remuneração

383

de Capitais de Terceiros aumentou 100.712,01% e a Remuneração de Capital Próprio

aumentou para 3.325,54%.

Em 2015, foi constatado em relação ao ano base, 2012, no grupo Pessoal um

aumento considerável, e bem próximo aos dos outros períodos: 433,73%. Impostos,

Taxas e Contribuições chegaram a um aumento de 1.249,66%, Remuneração de

Capitais de Terceiros representou um aumento muito significativo de 218.368,35% e,

por fim, a Remuneração de Capitais Próprios, que obteve um aumento de

11.762,87%.

Novamente conclui-se que o elemento da distribuição que teve um maior

aumento no valor adicionado a distribuir em relação ao ano base, foi a Remuneração

de Capitais de Terceiros, em todos os anos. O pessoal também teve um aumento

considerável nos três primeiros anos analisados, com pequena queda no último, 2015.

Do primeiro para o segundo ano nota-se um aumento na distribuição para

Remuneração de Capitais Próprios, já no terceiro e quarto ano, esses dados voltam a

ser negativos, representando que o aumento significativo da Remuneração de

Capitais de Terceiros implicou numa menor distribuição ao Capital Próprio, pois o

recurso precisaria sair de algum outro elemento, que geralmente segue esta ordem

de prioridade: primeiro ao Pessoal, em seguida ao Governo, depois Remuneração de

Capitais de Terceiros e, por fim, a distribuição para Remuneração de Capitais

Próprios, ou seja, entre seus acionistas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da DVA se faz cada vez mais importante para o papel social da

empresa, pois proporciona um melhor entendimento aos usuários finais da

demonstração sobre como está sendo produzida e distribuída a riqueza das

empresas. Ela também evidencia uma dupla realidade empresarial: a econômica e a

social.

O principal objetivo deste estudo pautou-se em analisar como está sendo

distribuída a riqueza gerada pela empresa Concessionária Aeroporto Internacional de

Guarulhos S.A após sua privatização e, averiguar quais foram os possíveis impactos

tanto em relação aos acionistas, como também em relação aos funcionários, governo

e terceiros, nos períodos pós-privatização.

384

A elaboração das análises vertical e horizontal proporcionou um entendimento

de como foi feita a distribuição do valor adicionado durante os quatro anos analisados,

e que esta distribuição teve diversas mudanças no decorrer dos anos, pois em cada

período analisado houve uma diferença.

A possibilidade de análise de tais dados demonstra que a empresa encontra-

se cumprindo as regras estabelecidas e exercendo seu dever social, fornecendo

informações que auxiliam na constituição de base para a tomada de decisões por

parte dos investidores.

A distribuição do valor adicionado da empresa em questão revela que

houveram grandes mudanças na distribuição da riqueza nos anos que sucedem sua

privatização, tanto na forma como foi distribuída em cada período, quanto na

comparação entre mesmos elementos da distribuição em períodos diferentes.

Para finalizar a interpretação dos índices obtidos com a análise da Distribuição

do Valor Adicionado, pode-se também identificar para qual grupo está predominando

a distribuição da riqueza gerada, e percebe-se que no começo, ou seja, período em

que efetivou-se a privatização, ano de 2012, essa posição de destaque foi

representada pela parte do Pessoal, representando os salários, e toda a distribuição

que é feita aos empregados. Já em 2013, o grupo de maior representação no valor a

distribuir foi o Governo, que é composto pelos Impostos, Taxas e Contribuições. Isso

reflete que a carga tributária estava consumindo boa parte da riqueza gerada pela

empresa neste período. Em 2014 e 2015, a Remuneração de Capitais de Terceiros

foi quem representou maior participação na distribuição.

Com este estudo, pode-se concluir que a DVA é um demonstrativo de suma

importância e que, como é exigido pela legislação, após a privatização, quando a

empresa se tornou uma S.A, passou a ser apresentado a público pela empresa

Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A de forma detalhada e de acordo com as

normas específicas, evidenciando aos usuários o desenvolvimento econômico e social

da empresa.

Para trabalhos futuros, sugere-se a análise dos Demonstrativos de Valor

Adicionado de outras empresas privatizadas recentemente, buscando comparar se

essas mudanças são comuns à passagem da administração pública para a privada e

constatar se é comum identificar melhorias, ou se existem pontos negativos relevantes

na privatização em relação a distribuição da riqueza criada pelas empresas em geral.

385

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387

FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA APLICAÇÃO TÉCNICA DO PDCA

Débora Cristina Pereira12

Rodrigo Kiyoshi Santos Sakai13

Sandra Ines Bohm14

Elizandra de Siqueira Chitolina15

RESUMO

Este é um relato de experiência que visa elaborar métodos para a boa e efetiva

movimentação de uma empresa de segmentos no ramo alimentício que passa por

problemas na rotina organizacional na unidade de Minas Gerais (MG),

especificamente no setor de embalagens secundárias, e que atualmente apresenta

diversos problemas, os quais em sua grande maioria entram em atrito tanto com o

profissionalismo dos colaboradores bem como a autoestima profissional. O setor

apresenta diversos problemas na gestão de pessoas, porém as medidas as serem

tomadas terão base o PDCA (Planejar, Desenvolver, Checar e Agir) que é um método

gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à

sobrevivência de uma organização. O maior problema detectado foi à falta de

supervisão no setor de embalagens secundárias, o qual acarretou outras pequenas

adversidades que também atrasa o bom andamento da Empresa. Diante de tal

problemática a causa raiz é elaborar um plano de ação que propõe sanar as

dificuldades encontradas até o momento e as novas habilidades a serem

desenvolvidas diante da oportunidade, assim como, identificar e eliminar possíveis

problemas que possam interferir no sucesso da carreira. Será também exposta à

forma de execução e implantação das soluções bem como as maneiras de agir e

alcançar as metas para o bom desenvolvimento da supervisão. O objetivo é detectar

os problemas no setor de embalagens secundárias, elaborar soluções viáveis com o

12 Acadêmica do segundo semestre de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected] 13 Acadêmico do segundo semestre de gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT E-mail: [email protected] 14 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Mestre em Produção Industrial. E-mail: [email protected] 15 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT Doutora em Educação E-mail: [email protected]

388

menor custo possível e contribuir para o aumento da disponibilidade operacional dos

mesmos.

Palavras-chave: PDCA. Empresa. Implantação. Execução.

1 INTRODUÇÃO

A empresa Alfa em análise faz parte do segmento de alimentos à base de proteína

animal. A Receita Operacional Anual é R$ 7 milhões e a sua margem Operacional é

de 20%. Encontrava-se sem uma supervisão há mais de 11 meses e as atividades

atribuídas à supervisão vinha sendo executadas por um líder que havia mais de cinco

anos de empresa sendo que o mesmo pediu desligamento após a nomeação do novo

supervisor da área. O índice de absenteísmo após a chegada do novo supervisor que

já era acima do aceitável, de 7% passando para 12%.

Mediante a problemática deste relato os objetivos são: Identificar os problemas

existentes na empresa, analisar os problemas de processo ou de gestão identificados,

propor um plano de ação para correção das falhas identificadas, verificar os resultados

e padronizar as boas práticas. E desta forma com a utilização do método Ciclo PDCA

que é uma ferramenta de gestão muito utilizada pelas empresas do mundo todo onde

este sistema foi concebido por Walter A. Shewhart e amplamente divulgado por Willian

E. Deming e tem como foco principal a melhoria contínua.

Visto que a identificação dos problemas é a rejeição do novo supervisor por parte dos

funcionários, problemas crônicos de manutenção, os operadores sem treinamento, os

funcionários desmotivados, estoque obsoleto de embalagens, falta de liderança na

equipe, alto índice de absenteísmo e alto índice de usuários de drogas na equipe.

Segundo WERKEMA (1995b) conceitua um problema como sendo o resultado

indesejável de um processo, ou seja, é um item de controle que não atinge o nível

desejado.

De acordo com CAMPOS (1994), na utilização do método pode-se empregar várias

ferramentas para a coleta, o processamento e a disposição das informações

necessárias à condução das etapas do PDCA.

Ou seja, estas ferramentas serão denominadas ferramentas da qualidade. Entre

estas, as técnicas estatísticas são de especial importância.

389

2 REVISÃO DA LITERATURA

O ciclo PDCA (planejar, desenvolver, controlar e ajustar), segundo Seleme, foi

“adaptado no Brasil, por Falconi para o Masp (metodologia de análise e solução de

problemas”. (SELEME, 2010, p. 27).

Foi desenvolvido na década de 30 pelo americano Shewhart, porém o seu maior

divulgador foi Deming. É também denominado método de solução de problemas, pois

cada meta de melhoria origina um problema que a empresa deve solucionar.

(MACHADO, 2007).

Segundo SELEME (2010) “o Masp apresenta como prioridade a palavra metodologia,

tamanha é a importância do conhecimento do método para a perfeita aplicação das

ferramentas. ” (SELEME, 2010, p. 27).

Pode-se dizer que é um método gerencial mais utilizado para controle e melhoria de

processos. Consideremos então que “o PDCA, como método de melhoria contínua,

não esgota sua aplicabilidade como uma única utilização no processo, visto que

implementa, na organização, uma cultura de melhoria que permeia todos os

processos. (SELEME, 2010, p. 27).

Tem como objetivo documentar a sequência de ideias para a solução do problema

mostrando o caminho percorrido desde a definição da meta até a padronização das

ações efetivas.

Na realidade, “o movimento cíclico do PDCA pode identificar novos problemas ou

avanços a cada ciclo realizado, com vistas à melhoria continua”. (SELEME, 2010, p.

27).

Observando suas melhorias, este método composto pelo Planejamento (P),

identificação e análise do problema que consiste em estabelecer metas para alcançar

as metas propostas. Execução (D), executar as tarefas exatamente como foi previsto

na etapa de planejamento, coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de

verificação do processo. Verificação (C) onde os dados coletados na execução serão

comparados com o resultado alcançado com a meta planejada. Atuação Corretiva (A),

etapa que consiste em atuar no processo em função dos resultados obtidos, adotando

como padrão o plano proposto.

390

De acordo com SILVA (2006), o PDCA é um método para a prática do controle. Já

então LIMA (2006) diz que o Ciclo PDCA é uma ferramenta utilizada para a aplicação

das ações de controle dos processos, tal como estabelecimento da “diretriz de

controle”, planejamento da qualidade, manutenção de padrões e alteração da diretriz

de controle, ou seja, realizar melhorias.

2.1 Conceito de Aplicação do PDCA

De acordo com Bezerra (2014) a primeira etapa do ciclo P = (Plan / Planejamento),

deve-se estabelecer um plano com base nas diretrizes da empresa, estabelecendo

também os objetivos, os caminhos e os métodos a serem seguidos.

Depois é feita a identificação e correção dos problemas encontrados, através de uma

ação corretiva eficiente. Nesta parte, constam os itens descritivos do problema, as

questões que se pretendem responder, as predições dessas questões (palpite sobre

algo) e o desenvolvimento de um plano de ação. (BEZERRA ,2014).

A segunda fase D (executar), autores como Falconi apenas atestam para apenas

treinamento e execução das atividades, mas Werkema (1995) visa ainda à utilização

do Gráfico de Controle, para verificação da efetividade das ações. Para tanto é o

método de Falconi, para esta etapa, que é executado no estudo de caso.

Na terceira fase C (verificar), é caracterizada pela análise dos resultados em relação

às metas pré-estabelecidas. Os números são apurados a partir dos dados da etapa

anterior D (FALCONI ,1992).

A quarta fase A (agir) é divido por Falconi (1992) primeiramente em “Padronização”,

que busca a prevenção contra o reaparecimento do problema, agindo

apropriadamente, com garantia que os procedimentos serão transmitidos a todos, e

incorporando se possível o método a prova de erros, onde o trabalho pode ser

realizado por qualquer trabalhador da empresa, sem que erros possam vir a

acontecer.

Seu modelo é realmente fácil de aplicar e traz ganhos reais para toda e qualquer

empresa que fizer uso dele. No geral, devemos lembrar que o PDCA se trata de um

ciclo e, portanto, deve continuamente "rodar". Para isso acontecer, todas as suas

fases devem ocorrer sem exceção, pois a omissão de uma das fases (qualquer uma)

pode causar prejuízos e falhas no processo como um todo. (BEZERRA, 2014)

391

Ainda segundo Bezerra (2014) Vale lembrar também, que para aumentar as

vantagens do ciclo, o mesmo pode ser utilizado em conjunto com as outras

ferramentas da qualidade, como por exemplo, a Análise Diagrama de Ishikawa e o

5W2H.

O diagrama de causa e Efeito, auxilia na identificação de possíveis causas,

estabelecendo uma relação entre a causa e seus efeitos. É também nomeada de

“Espinha de peixe” ou “Diagrama de Ishikawa” e é direcionada para identificação de

causas fundamentais, sendo a ainda divididas em sub-causas levando ao resultado

final. A grande dificuldade é que a ferramenta se limita a solução de apenas um

problema por aplicação, diferenciando-se das demais ferramentas permite uma

visibilidade maior de possíveis causas.

A ferramenta 5W2H é utilizado para permitir rápida identificação de anomalias, bem

como as soluções propostas necessárias à melhoria dos resultados. É uma sigla em

inglês que significa: “o que”, “como”, “por que”, “onde”, “quando”, “quem”, “quanto”.

3 METODOLOGIA

A atividade foi realizada na Faculdade La Salle, a partir de uma simulação de

aplicação do PDCA em uma empresa fictícia.

O relato de experiência é classificado como descritivo e caracteriza-se por ser de

caráter qualitativo que, segundo o entendimento de Malhotra (2001), proporciona

insights valiosos, que permitem alcançar uma compreensão qualitativa das razões e

motivações subjacentes ao problema proposto.

A proposição da empresa foi feita na disciplina de Gestão da Qualidade do Curso de

Gestão da Produção Industrial, a partir da relevância exercida pela mesma em seu

setor de atuação. A Empresa pertence ao ramo alimentício.

O presente relato tem como objetivo descrever a aplicação prática da técnica do PDCA

em uma situação real de busca de melhoria de processo que visa apresentar toda a

sequência de implantação e os resultados obtidos dentro da Empresa Alfa que é de

segmentos no ramo alimentício, Unidade localizada em Minas Gerias (MG); visando

alcançar os objetivos delineados no presente estudo, a coleta de dados contemplou a

descrição da metodologia que compõe a etapa do Planejamento (PLAN) do ciclo

392

PDCA, constando das fases propostas por Campos (2004), apresentadas na Figura

1.

Fases Etapa Plan

Planejamento do

ciclo PDCA

Identificação do

Problema

Problema

Observação

Análise

Plano de Ação

+

+

+

Escolha de Problema

História do Problema

Mostrar Perdas Atuais e

Ganhos Viáveis

Ganhos viáveis

gganhos vi

Análise do Problema

FIGURA 1 - Fases Etapas Plan utilizadas no presente estudo

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Aqui relata-se a experiência, a prática profissional à luz de uma teoria ou de conceitos

que possam fundamentar as observações sistematizadas.

O desafio é que durante toda a sua carreira você foi liderado por outras pessoas

juntamente com o grupo recendo ordens, realizando o trabalho demandado onde no

final do dia, você “pega” suas coisas e vai embora para sua casa, sem muitas

preocupações. E de repente, você recebe a notícia que será promovido e passará a

liderar os seus colegas de trabalho, que almoçam e participam de happy hours com

você. Como lidar com esse novo contexto? Como saber se você está preparado para

393

assumir um cargo de liderança? E como agir perante aquelas pessoas que são suas

amigas e passarão a receber suas ordens?

Foi proposto criar um plano para saber quais são as novas habilidades a serem

desenvolvidas diante da oportunidade, assim como, identificar e eliminar possíveis

problemas que possam interferir no sucesso da carreira.

Nesta empresa foi utilizada a ferramenta de gestão onde seu foco principal é a

melhoria contínua: o Ciclo PDCA. Objetivo é identificar os problemas, analisar, propor

um plano de ação, verificar os resultados e padronizar as boas praticidades.

4.1 Situação Atual do Setor de Embalagens Secundárias

A situação do setor encontrava-se sem uma supervisão há mais de 11 meses, e as

atividades atribuídas vinham sendo executadas por um líder que havia mais de 5 anos

de empresa sendo que o mesmo pediu desligamento após a nomeação do novo

supervisor da área. O índice de absenteísmo após a chegada do novo supervisor que

já era acima do aceitável, de 7% passa para 12%.

A equipe era dividida em dois grupos, um com receios da nova gestão, pois já havia

sofrido repressões na liderança anterior, e outro grupo com comportamento

inadequado, no qual era protegida pelo líder anterior.

Foram identificados que 20% dos colaboradores são usuários de entorpecentes. Não

havia manutenção preventiva nos maquinários de prioridade “A” e a grande maioria

dos equipamentos apresentavam defeitos. Também não havia treinamento para os

colaboradores operar tais maquinários.

O estoque apresentava falhas e altos números de embalagens que não eram mais

utilizadas, elevando assim o valor do imobilizado.

O antigo líder manipulava através de redes sociais os funcionários, postando

comentários contra o trabalho do atual líder para que os mesmos pedissem

desligamento da empresa.

4.2 Situação Proposta

Com o uso da ferramenta PDCA, na primeira etapa buscou-se identificar os

problemas e o problema raiz da situação atual do setor de embalagens secundarias,

394

por meio de coletas de dados no setor e uso do diagrama de causa e efeito ou

diagrama de Ishikawa, definiu-se que a falta de gestão em geral por longo período é

a causa raiz dos problemas.

FIGURA 2 – Ciclo PDCA

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Ante aos principais problemas detectados, realizou-se um estudo de possíveis

soluções para cada caso especifico, buscando com tais ações melhorar as condições

de trabalho dentro do setor.

395

FIGURA 3 – Soluções Priorizadas

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Diante das soluções propostas, determinou-se pela nova supervisão da área,

que o primeiro passo para eliminar os adversidades será a realização de um

mapeamento do setor e dos colaboradores no intuito de identificar dentre todos um

novo líder que tenha total conhecimento do processo e imparcialidade entre os

demais, a fim de auxiliar na liderança e na tratativa tanto operacional quanto pessoal

que segue o processo de produção, tendo visto que uns dos problemas apurados foi

o desligamento do antigo líder que por ventura vinha realizando a supervisão do setor.

Constatou-se em pesquisa um alto índice de absenteísmo e que o absenteísmo

pode ter diversas causas, entre elas doenças, motivos familiares, dificuldades

financeiras e transportes, falta de motivação ou ainda com relação as atitudes

impróprias da liderança, que era o caso.

396

FIGURA 4 – Absenteísmo Embalagem Secundária

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Diante de tal situação o absenteísmo detectado revelou que o responsável pela

liderança anterior gerava um clima e tratamento desfavorável entre os colaboradores.

E a rejeição por parte dos funcionários a um novo supervisor, consequentemente

gerou um aumento do absenteísmo.

Com a finalidade de reduzir os índices de absenteísmo a nova gestão tomou como

decisão proporcionar programas recreativos com finalidades sociais aos

colaboradores e estendendo esse atendimento aos familiares para fomentar as

relações humanas dentro da empresa. Dentro dos programas sociais terá o auxílio

de profissionais da saúde em todos os ramos (psicólogo, palestrantes motivacionais,

médicos etc.) com ações comunitárias, filantrópicas e governamentais em especial

para os colaboradores que são dependentes químicos e para os que apresentam

absenteísmo por causas psíquicas. Programas de prevenção e combate ao uso

de drogas sempre encontram barreiras, principalmente dentro das empresas. O

problema é que a queda na produtividade, absenteísmo e falta de motivação nem

sempre são atrelados ao uso de drogas pelos funcionários.

Ainda em relação ao absenteísmo, entendeu-se a necessidade de realização de

feedbacks entre os colaboradores para entender suas dificuldades diárias e poder

transparecer aos mesmos as ideias e métodos da nova metodologia de trabalho.

397

FIGURA 5 – Criticidade dos Equipamentos

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Quanto à criticidade do equipamento está relacionada com a sua importância na

produção da empresa. A prioridade do equipamento pode ser classificada de acordo

com a sua criticidade. Uma instalação ou equipamento deve levar em conta os fatores

de perda de produção, danos ao meio ambiente, segurança, custo de reparo, tempo

entre falhas, etc.

Propôs também criar planos de manutenção para 100% dos equipamentos

classificados como “A”. Definir dentro da equipe de manutenção técnica um

colaborador para a função de planejador de manutenção.

398

FIGURA 6 – Principais Benefícios de Treinamento de Operadores

Fonte: Dados da Pesquisa 2016.

Treinamentos de operadores onde seus principais benefícios são: Investimentos e

custos operacionais menores, menor tempo de comissionamento, maior segurança e

risco reduzido, captura e transferência de conhecimento, maior disponibilidade e

confiabilidade operacional.

FIGURA 7 – Controle de Estoques

Fonte: Dados da Pesquisa 2016.

Quanto ao estoque, realizar inventários de estoques de embalagens, fazer devolução

ao fabricante das embalagens com defeito de fabricação, identificar as divergências

de estoques físicos e contábeis e encaminhar para ajustes e perdas.

Neste relato de experiência uma situação chamou a atenção: O antigo líder

manipulava através de redes sociais os funcionários, postando comentários contra o

trabalho do atual líder para que os mesmos pedissem desligamento da empresa.

399

Nesta situação cabe ao novo supervisor, tomar as devidas medidas judiciais, pois sua

imagem e seu trabalho que está em desenvolvimento corre sérios riscos de perder a

sua credibilidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste relato de experiência foi motivado pelo interesse em

demonstrar que a utilização da técnica do PDCA em conjunto com as ferramentas da

qualidade, adequadamente empregadas, pode levar as empresas a obter melhorias

em seus processos, trazendo como consequência, melhores resultados econômicos.

De acordo com a definição de CAMPOS (1992), “um produto ou serviço de qualidade

é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma

segura e no tempo certo às necessidades do cliente”.

O assunto em questão tornou-se indispensável no meio empresarial. Com a

globalização da economia mundial, as empresas se viram obrigadas a trabalhar na

busca de melhorias de seus resultados para capacitá-las a competir de maneira global

e consequentemente sobreviver nesse mercado.

Essa busca por melhoria de resultados econômicos e financeiros passa,

obrigatoriamente, pela melhoria de todos os processos internos, visando dentre outras

coisas, racionalização, agilidade e redução de custos.

Com isso, as técnicas de gerenciamento de processos que trabalham com esse foco

ganharam muita força nas empresas brasileiras a partir do início dos anos 90. Essas

empresas se associaram a entidades dedicadas ao desenvolvimento gerencial de

equipes e com a consultoria dessas entidades começaram a capacitar seu quadro de

empregados para trabalhar com essas ferramentas no dia a dia.

A partir daí, devido à interação das empresas, onde destaca-se neste trabalho os

efeitos propostos na gestão de melhoria em base no Ciclo PDCA onde a ferramenta

de gestão da qualidade para o tratamento do problema foi extremamente eficiente,

proporcionando ganhos na produtividade e maior confiabilidade no processo.

REFERÊNCIAS

400

BEZERRA, F. http://www.portal-administracao.com/2014/08/ciclo-pdca-conceito-e-

aplicacao.html. Data da pesquisa:12-09-2016 as 23:35hrs.

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Fundação Cristiano Otoni/Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas

Gerais. Belo Horizonte. 1992.

CAMPOS, V. FALCONI. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia a Dia. 6 ed.

Belo Horizonte, Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1994.

FALCONI, Vicente. TQC: Controle de qualidade total (no estilo japonês): Belo

Horizonte: Desenvolvimento Gerencial, 1992.

LIMA, Renata de Almeida. Como a relação entre clientes e fornecedores internos

à organização pode contribuir para a garantia da qualidade: o caso de uma

empresa automobilística. Ouro Preto: UFOP, 2006.

MACHADO. Aplicação da metodologia PDCA: Etapa P(Plan) com suporte das

ferramentas da qualidade. Juiz de Fora: UFJF. Trabalho de Conclusão de Curso.

2007.

SELEME, R. Controle da Qualidade: as Ferramentas Essenciais. 2 ed. Curitiba:

IBPEX, 2010.

SILVA, Jane Azevedo da. Apostila de Controle da Qualidade I. Juiz de Fora: UFJ,

2006.

WERKEMA, MARIA CRISTINA C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o

Gerenciamento de Processos. Belo Horizonte, Fundação Cristiano Otoni, Escola de

Engenharia da UFMG, 1995b.

401

LIDERANÇA E RETENÇÃO DE TALENTOS X DESEVOLVIMENTO ECONÔMICO:

Um Estudo de Caso

Angélica Bazzo16

Marisa Claudia Jacometo Durante17

RESUMO O presente artigo tem intuito de apresentar os estilos de liderança e o programa de retenção de talentos da cooperativa de crédito, que é chamada pelo pseudônimo de Coopverde e demonstrar se a gestão dos líderes e o programa tem relação com o desenvolvimento econômico da empresa. O tema liderança vem sendo discutido e apresentado como um dos principais aliados para a boa gestão das organizações, pois os colaboradores passam a respeitar um líder que incentiva e trabalha ao lado de sua equipe, diferente de um chefe, que normalmente estabelece regras e exige o cumprimento destas. Metodologicamente o artigo adotou uma abordagem indutivo, com estudo de caso e aplicação de questionário. Os principais resultados indicam que quando o trabalho de um líder é bem desenvolvido, é possível que os talentos encontrados na empresa permaneçam fiéis a ela. Porém, é necessário dedicação e compreensão dos gestores, ao perceberem que precisam desenvolver ações para que esses talentos sejam motivados a continuar em sua equipe e assim, juntos, proporcionarem o alcance dos objetivos às organizações. Considera-se que o desafio é diário, no entanto, quando são oferecidas as ferramentas corretas para o desenvolvimento das atividades e a inspiração dos líderes, as chances de aumentar o desempenho de ambos aumentam. Palavras-chave: Desenvolvimento Econômico. Liderança. Retenção de Talentos.

1 INTRODUÇÃO

São diversos os aspectos que envolvem a visão sobre o crescimento e

desenvolvimento econômico de cada nação, e um dos objetivos do desenvolvimento

econômico de um país é a melhoria da qualidade de vida de sua população.

O desenvolvimento econômico para Bresser-Pereira (2007) é basicamente um

processo de sistemática acumulação de capital e a incorporação de um progresso

técnico ao trabalho e capital que consequentemente levam ao aumento da

16 Artigo entregue como requisito parcial para conclusão do curso de pós-graduação Gestão Estratégica em Negócios Corporativos, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: angé[email protected]. 17 Doutora em Educação. Professora orientadora do artigo. E-mail: [email protected].

402

produtividade ou da renda por habitante, gerando salários e padrões de consumo de

determinada sociedade.

Ao longo dos acontecimentos na economia, é possível medir o

desenvolvimento econômico de cada país e também das empresas inseridas nesta

economia.

As taxas de desenvolvimento não são iguais para todos os países e empresas,

uma vez que depende de diversos fatores, como por exemplo, o fomento e estoque

de capital e investimentos em infraestrutura, variando assim conforme a capacidade

de cada nação ou organização.

O crescimento do Brasil nos últimos anos tem dado ênfase no aumento da

classe média e seu consumo. Entretanto essa variável não pode ser a essência para

o crescimento e desenvolvimento de um país. Pois, quando há estímulo de consumo

e não há estímulo de produção, há desequilíbrio entre oferta e demanda, o que gera

menor crescimento econômico.

Segundo o economista Ricardo Amorin mencionou em entrevista ao site da

Ricam Consultoria Empresarial (2014) infelizmente desde o ano de 2011 o

crescimento econômico do Brasil tem decepcionado. O que antes gerava uma

perspectiva de crescimento palpável, com o passar dos anos, percebeu-se o quão

otimistas as pessoas estavam tentando ser, no entanto, esqueceram que a evolução

de um país não pode se basear essencialmente em fomentar o potencial de consumo

de apenas uma classe da população.

O economista Ricardo Amorim, em mesma entrevista do site da Ricam

Consultoria (2014) citada anteriormente, avaliou que em 2013 acreditavam-se que o

Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro chegaria a crescer 4%, porém em 2014

descobriu-se que esse crescimento era quase nulo.

Assim, com o aumento da inflação, crescimento do PIB próximo de 0% e um

cenário de inegável mudança no desenvolvimento econômico do país, são alguns dos

aspectos que demonstram o quanto uma empresa precisa estar mais do que

preparada para enfrentar seus problemas cotidianos, ela necessita de pessoas que

façam com que a organização evolua mesmo em meio às dificuldades.

Desta forma, podemos considerar alguns pontos relevantes quando a

economia de um país não caminha nas melhores condições, e que podem auxiliar as

empresas, como por exemplo, programas para excelência de líderes executivos e

403

para a retenção de talentos, pois a empresa que investe em capital humano também

tem vantagem competitiva.

Neste contexto, de inúmeras e constantes mudanças, da importância do capital

humano nas organizações e perspectivas diferentes a cada dia, surge um

questionamento: Liderança e retenção de talentos pode levar uma empresa ao

desenvolvimento econômico?

Para tanto, temos como objetivo geral analisar se a liderança e retenção de

talentos pode levar uma empresa ao desenvolvimento econômico. E, para que

possamos chegar à uma consideração final, será necessário trilhar alguns caminhos,

que chamamos de objetivos específicos. Sendo eles:

1. Identificar o estilo de liderança adotado pela empresa.

2. Conhecer o programa de retenção de talentos da empresa.

3. Efetuar o levantamento dos resultados econômicos da empresa em 2014 e

2015.

4. Relacionar o estilo de liderança com o programa de retenção de talentos da

empresa.

Para tanto, acredita-se que esta pesquisa auxiliará as empresas com a

notoriedade de como é importante preservar os líderes e os talentos presentes em

cada uma, e como esse investimento pode proporcionar retorno satisfatório à

organização.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Desenvolvimento Econômico

Ao refletirmos sobre desenvolvimento econômico, precisamos basicamente

olhar para a história da economia mundial, pois ao longo do tempo, percebemos

momentos marcantes para cada país na busca de superar dificuldades, superar seus

próprios índices de crescimento e estimular sua economia para alcançar os objetivos

para o crescimento.

Para Souza (1999) o desenvolvimento econômico passou a ter enfoque apenas

no século XX. No entanto, nos principais países da Europa, a preocupação com esse

tema é bem mais antiga do que se pensa.

404

Ainda segundo Souza (1999) na época, o principal objetivo das pessoas ligadas

às finanças públicas era aumentar o poder e não representava o sinônimo de melhoria

de vida da população.

No entanto, Rossetti (2000, p. 367) menciona que “durante as três décadas que

se seguiram ao segundo pós-guerra, o crescimento econômico tornou-se uma espécie

de objetivo-síntese das políticas econômicas nacionais”.

O processo de desenvolvimento econômico é basicamente o resultado da

evolução institucional que amplia a eficiência dos mercados e reduz os custos das

transações, pois o mercado acarreta custos na economia, e tal diminuição é

decorrente da existência de instituições (TOREZANI, 2014).

Os custos existentes nas transações podem ser compreendidos como os

custos encontrados quando há a necessidade de recorrer ao mercado para compra

de equipamentos, matéria prima em geral ou mesmo serviços.

Nesse caso, há a necessidade de avaliação, em que se verifica o custo das

transações no mercado, e, se estes forem maiores, a organização deve realiza-la

internamente, com o objetivo de diminuir tais custos.

Para Torezani (2014, p.1) “todos os custos de operações que ocorrem nas

empresas são diretos ou indiretamente repassados ao produto ou serviço oferecido

ao mercado pela empresa”, o que reflete na quantidade da renda em que o

consumidor destinará à compra desse produto ou serviço.

O que podemos perceber na atual política econômica, é que o Estado entende

que precisa exercer a tarefa de promotor e participante do crescimento e

desenvolvimento econômico e social, e dessa forma está trabalhando para que sejam

cumpridos seus objetivos funcionais. Dessa forma, infere-se que a economia brasileira

em 2015 sofreu o início de uma crise que estava prevista desde anos anteriores.

Após recuperar-se de forma admirável da crise de 2008 – momento em que o

mundo soube a respeito do grande problema hipotecário de uma das maiores

economias mundial, os Estados Unidos – em que ocorreu o baixo índice de

crescimento das nações de forma global, ao longo dos anos começaram a surgir

dúvidas sobre como manter a economia do país em constante crescimento.

Com uma sequência de erros, oriundos de decisões mal planejadas, o governo

passou a ser alvo de inúmeros protestos prestes a acontecer um dos maiores eventos

previstos em 2014, a Copa do Mundo, que refletia parte dessa sequência de erros,

405

como os problemas de repasse de capital para reformas e construções de estádios,

que o poder público não conseguiu sustentar.

Seguindo um pouco mais adiante, é possível perceber que desde então, o

governo não teve possibilidades de dar a volta por cima, já que a cada dia surgiu um

escândalo diferente e as tentativas de medidas corretivas não funcionou, pois o que a

economia precisava eram medidas preventivas, que deveriam ter sido tomadas há

algum tempo atrás.

O ano de 2015 foi reflexo de um conjunto de problemas que vinham se

arrastando, e em algum momento deveriam ser conhecidos, ou melhor, reconhecidos.

A baixa produtividade das indústrias e outros setores fez com que as organizações

precisassem tomar medidas mais drásticas, como por exemplo, diminuição de custos,

o que implicou diretamente em demissões em massa.

Há anos o setor automotivo não sentia o peso de uma crise, e em 2015 foi a

vez da venda de automóveis não evoluir.

Com o poder de compra do consumidor completamente ameaçado, a saída foi

esquivar-se o máximo possível de dívidas longas, provocando a desaceleração no

setor de vendas em geral. O trabalhador que antes tinha facilidade em adquirir crédito

passou a não encontrar as instituições financeiras tão flexíveis, já que estas

precisaram tomar medidas diversificadas, na tentativa de sofrer o mínimo possível

com as mudanças ao longo do ano, e provavelmente, dos anos subsequentes.

O país que em anos anteriores parecia muito promissor, ao longo dos erros e

problemas encontrados na gestão da nação, passou a ser visto pelos investidores

com olhos diferentes.

Muitas empresas preferiram investir no incentivo que os Estados Unidos

passaram a propor e começaram a fugir de investimentos no Brasil, que por sua vez,

não demonstrava segurança e confiabilidade.

Quanto às previsões para 2016, será um ano de dificuldades e por mais que

alguns setores tenham apresentado bom desempenho em 2015, o “buraco” na

economia brasileira é um tanto maior do que essa positividade, o que por sua vez, vai

depender de grandes mudanças e medidas para alavancar novamente.

Em artigo publicado pelo Jornal do Comércio em fevereiro de 2015, Fernando

Ferrari Filho cita que os ajustes fiscais não são o único caminho para períodos de

crise, defendendo que um ajuste drástico em curto prazo não permite que o país volte

406

a crescer, ao contrário do que segundo ele, outros economistas de mercado têm

afirmado.

O Brasil possui sim potencial para crescer, mas há alguns pontos a serem

corrigidos. Os investidores precisam recuperar a confiabilidade no país, problemas

políticos precisam ser resolvidos com urgência, as organizações precisam realmente

ver que terão resultados positivos, e, também ajudarão na criação de empregos,

gerando assim maior consumo.

Para Ferrari Filho (2015), o projeto de evolução de um país deve contemplar

classes e interesses diferentes, o que hoje o Brasil não possui, devido às

preocupações de cada um, em que, por exemplo, os empresários, preocupam-se com

eles mesmos e os trabalhadores preocupam-se com suas reivindicações, há

possibilidade das pessoas pensarem socialmente, mas a ação ocorre de forma

individual.

A melhor medida a ser tomada na situação atual é rever as necessidades e

desejos e manter-se informado, atualizado para criarmos a possibilidade de sermos

menos atingidos o possível pelo momento atual da economia brasileira, mesmo que

isso pareça bem difícil, pois também é o momento de os empreendedores

reconhecerem quais as fragilidades do mercado, e buscar no problema uma boa

oportunidade.

2.2 Liderança

Podemos afirmar que o líder não é o mesmo que chefe, pois suas definições

são distintas, uma vez que o chefe aceita a execução de tarefas, enquanto o líder faz

com que seus liderados tenham interesse pelo trabalho, sintam entusiasmo para

cumprir seus objetivos e mantenham-se comprometidos com a empresa.

Por mais que pareça, definir liderança não é uma tarefa fácil, pois o líder

conhece e trabalha com pessoas que pensam diferente umas das outras, sonham

com coisas distintas, tem desejos e necessidades e principalmente, possuem culturas

diferentes. O que, evidentemente transforma o trabalho do líder algo mais complexo

do que a maioria das pessoas pensam.

407

Afirma Bergamini (1994) que “o termo liderança venha sendo usado há

aproximadamente duzentos anos”, no entanto, há indícios para acreditarmos que ele

apareceu por volta de 1.300, na era cristã.

É possível que as primeiras discussões sofisticadas sobre liderança tenham

surgido com Maquiavel (1977), que defendia que liderança eficaz “era uma questão

de manutenção de um fluxo adequado de informações precisas sobre os assuntos a

serem decididos e, ao mesmo tempo, a consideração das melhores alternativas de

modo a permitir que ações decisivas fossem tomadas”.

Para Bergamini (1994) a liderança também tem sido “estudada como um

processo de interação que envolve trocas sociais”. Portanto, o líder apresenta

benefícios não apenas para a equipe em geral, mas para cada membro

individualmente, uma vez que ocorre troca de aprendizados constantemente.

Segundo Alencastro (2010) “ao interagir de forma equivocada com as pessoas

sob sua liderança, o líder não somente está comprometendo o desempenho da

empresa como pode estar dando espaço para sérios problemas de relacionamento

interpessoal”.

Dessa forma, percebemos que o líder ao perceber as necessidades de seus

liderados, tem a missão de entusiasmar seus subordinados, fazendo com que o

ambiente de trabalho seja agradável e satisfatório para a equipe.

Knapik (2011) salienta que a liderança é uma influência interpessoal exercida

em determinado contexto e pode ser tratado como um fenômeno social, devido a

capacidade de o líder influenciar as pessoas por meio de ideias e afins que façam com

que os colaboradores atinjam as metas propostas.

2.2.1 Estilos tradicionais

Os estilos de liderança dependerão do padrão de comportamento de cada líder,

que interagem diretamente com os colaboradores. Os três estilos básicos de liderança

são: autocrática, democrática e liberal.

Na liderança autocrática percebemos que o líder atua de forma mais intensa,

centralizada e diretiva, conforme observa Knapik (2011), ao qual faz com que seus

liderados obedeçam permanentemente suas ordens, e estes por sua vez, apresentam

408

estado de descontentamento e frustração, nos lembrando a liderança utilizada por

Taylor e Fayol.

O estilo autocrático é utilizado normalmente com colaboradores novos ou que

não conhecem o trabalho, com aqueles que não gostam de colaborar e não assumem

responsabilidades, ou ainda com os que são muito dependentes (KNAPIK, 2011).

A liderança democrática busca ouvir e entender as ideias de seus liderados,

aceita sugestões e ainda procura estimular a participação de cada um. Vê-se nesse

estilo que a qualidade de trabalho da equipe possui maior grau de satisfação,

comprometimento e qualidade de trabalho com melhora constante. É usada

com pessoas participativas, equipes comprometidas e que conhecem bem seu

trabalho.

O estilo liberal, também conhecido como laissez-faire, por sua vez, estimula

constante e firmemente a participação, iniciativa e criatividade dos liderados. Possui

pouco controle sobre as atividades desenvolvidas pela equipe, e a responsabilidade

maior diz respeito aos subordinados (KNAPIK, 2011).

Assim pode ser utilizada com liderados bem capacitados e que não precisam

de muitas orientações, pessoas que com extrema iniciativa e criatividade, que gostam

de trabalhar individualmente e de igual forma desenvolvem um bom trabalho.

Para tanto, podemos afirmar que o uso de um estilo específico de liderança vai

depender de como são os liderados, quais os objetivos da organização a serem

alcançados e como o líder irá conduzir as atividades.

Nesse sentido, os líderes devem possuir habilidades para conduzir os

diferentes processos existentes nas organizações e participar deles para visualizar

possíveis problemas e antecipar ideias para solucioná-los.

2.2.2 Estilos contemporâneos

Hoje o papel que o líder desempenha nas empresas não pode mais ser

confundido com uma pessoa que apenas dá as ordens, pois a função do líder é mais

do que isso.

Essa evolução foi surgindo com o passar dos anos e trouxe mudanças positivas

para o mundo corporativo, tornando, por exemplo, o ambiente de trabalho mais

409

agradável e consequentemente melhorando a produtividade dos colaboradores, e

assim sendo, impactando no aumento da rentabilidade das organizações.

Segundo João Paulo (2009), essa contribuição positiva do líder é que faz a

diferença, pois ele precisa ser mais do que um chefe, levando a equipe como um todo

ao êxito e deve mantê-la motivada.

Para tanto, ainda há algumas dificuldades a serem superadas, como por

exemplo, a falta de pessoas capacitadas para trabalhar em um ambiente de trabalho

em que existam líderes e não chefes. Desenvolver o potencial de uma equipe dividida

entre experiência e conhecimento faz com que as atitudes do líder se tornem um

verdadeiro desafio.

Dessa forma, na liderança contemporânea, encontramos três tipos de líderes:

os carismáticos, os transacionais e os transformacionais.

A liderança carismática, conforme demonstra Leite (2014) se dá uma vez que

o líder comunica as expectativas de desempenho e expressa elevado grau de

confiança para com os liderados, e estes por sua vez, certamente alcançarão os

objetivos propostos. Em artigo publicado em 2014, Leite cita que “a liderança

carismática correlaciona a altos índices de desempenho e satisfação plena entre os

liderados”, além de consistir em estabelecer padrões, valores e guiar esforços para

criar e cumprir suas metas.

A liderança transacional, por sua vez, é aquela que o gestor se comporta como

chefe e não líder, conforme menciona o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) (2015).

As táticas desse tipo de liderança estão em obedecer às regras e cumprir metas

estabelecidas, e assim os liderados são recompensados conforme seu desempenho.

Nesse caso, o gestor não se preocupa com as motivações de sua equipe, não

procura antecipar seus problemas, ele entende que sua obrigação é seguir o fluxo e

cumprir com a demanda.

O terceiro tipo de liderança contemporânea que encontramos é a

transformacional. Que, conforme cita o IBC (2015), o comportamento ideal desse tipo

de líder consiste em um gestor que estimula altamente sua equipe. É influente,

inspirador, serve de exemplo e promove a motivação. Dessa forma, os liderados

adquirem confiança, respeito e comprometem-se fortemente com a proposta das

metas estabelecidas, mantendo o prazer em cumpri-las.

410

O líder transformacional conhece seus liderados, entende as motivações e o

perfil de cada um e desenvolve estratégias de acordo com esse conhecimento,

fazendo com que sua equipe desfrute de todo o potencial que possui e garante ainda

resultados mais satisfatórios.

2.3 Talentos

O capital humano de uma empresa precisa ser tratado de maneira especial.

Temos nas organizações pessoas com ideias e culturas diferentes e os líderes têm

como missão identificar, motivar e auxiliar o desenvolvimento de talentos.

A palavra talentos vem do latim, talentum, que quer dizer “inclinação ou desejo

de fazer algo” e podemos ainda destacar a aptidão de fazer algo (ALESSANDRA,

2010). Partindo desse princípio podemos considerar que talento e dom são duas

qualidades distintas, uma vez que dom, que vem do latim donu, significa presente,

dádiva, é da natureza própria da pessoa, por isso dizemos, por exemplo, que uma

pessoa nasceu ou recebeu o dom de desenhar.

Já no caso do talento, as pessoas sentem ou adquirem vontade de fazer algo,

desenvolver determinado projeto, e a partir dessa vontade, aprimoram seus

conhecimentos e habilidades sobre o assunto.

Talento humano é a mais moderna expressão para o que autores anteriores

chamaram de recursos humanos. De fato, não é um erro as empresas considerarem

seus colaboradores como recursos, pois as organizações precisam do trabalho,

conhecimento, dedicação e experiências de cada um para atingir seus objetivos.

Dessa forma, Knapik (2011) acredita que considerar as pessoas como talentos

humanos com emoções, desejos e aspirações desencadeia a aceitação de cada uma

delas de se relacionar bem e desenvolver suas capacidades para conquistar

resultados.

Para Marques (2015), há 13 tipos de talentos e personalidades para o

mapeamento do perfil comportamental humano, que são eles: comandante,

competidor, administrador, motivador, vendedor, diplomata, aconselhador, atendente

professoral, técnico ou analista, especialista, estrategista e controlador.

Assim, os comandantes são pessoas com perfil empreendedor, independente,

exigem muito de si e dos outros, impõem suas ideias e tem facilidade em assumir

411

riscos. Já os competidores têm prazer em enfrentar desafios e veem cada dia como

uma nova batalha e a oportunidade de sagrar-se vitorioso.

Os administradores por sua vez, possuem a capacidade de potencializar os

talentos dos outros, tem habilidade de gerenciar sistemas e pessoas. A boa

comunicação é uma de suas principais qualidades. Por sua vez, o motivador possui o

poder de tirar as pessoas de sua zona de conforto, tem boa comunicação, são ótimos

palestrantes, motivadores e vendedores, pois conseguem vender o intangível.

O perfil dos vendedores possui algumas características como ótima

comunicação, são habilidosos e vendem ideias, benefícios, prestígio, são

independentes e não gostam muito de seguir sistemas e regras.

Os diplomatas são bons ouvintes, se comunicam bem e tem habilidade de

solucionar conflitos. O aconselhador consegue ouvir e fazer com que os demais

adotem suas ideias, possui habilidade de convencimento. O perfil das pessoas com

talento de atendente tem capacidade de ouvir e atender as necessidades do outro.

Essas pessoas também gostam de trabalhar com relacionamentos positivos e são

conhecidos como protetores.

Os professorais têm sua realização preparando outros profissionais. São

ótimos instrutores e demandam conhecimento técnico e transmissão desse

conhecimento. O técnico/ analista por sua vez normalmente é autodidata e

desempenha bem tudo que lhe é exigido. São especialistas e não gostam muito de

mudanças.

O especialista é um talento que se concentra nos detalhes e precisão da

execução das tarefas e trabalham de acordo com as regras estabelecidas. Já os

estrategistas conseguem ver oportunidades nas ameaças. Não são bons

comunicadores, no entanto são ótimos inventores e organizadores. E por fim, os

controladores são pessoas que sabem organizar, distribuir e cobrar tarefas para que

tudo seja mantido na rotina. São rápidos e eficientes, exigem muito de si mesmos e

dos outros e são extremamente disciplinados.

Os tipos de talentos relacionam-se diretamente com o relacionamento

interpessoal e a forma de trabalho de cada liderado (JULLIER, 2010). Cada um com

suas habilidades e contribuições desenvolvidas particularmente, e caberá ao gestor

compreender e motivar os talentos que lhe são apresentados.

412

Uma vez que os líderes precisarão analisar cada situação e procurar aplicar o

conhecimento dos talentos a favor das metas a serem cumpridas, orientando-os

através de treinamentos, programas de benefícios, planos de carreira, boas condições

de trabalho e qualidade de vida no clima organizacional, também verão os objetivos

da empresa sendo alcançados.

Conforme Jullier (2010), o principal dilema dos gestores atuais não está na

ausência de talentos, e sim na dificuldade de reconhece-los.

A cultura da empresa, estilo de liderança adotados pela organização e muitas

vezes a falta de interesse dos gestores em despertar as qualidades do capital humano,

fazem toda a diferença no processo de identificação dos talentos.

Quando o líder é realmente comprometido com a empresa, criam-se meios para

identificar talentos que possam aumentar a produtividade da empresa, apresentar

resultados mais claros e precisos e consequentemente melhorar a lucratividade.

Pode-se criar programas de identificação dos talentos dentro das organizações,

e desenvolver estratégias que revelem as habilidades de cada liderado. Desafiar os

colaboradores a desenvolver atividades, despertar a construção criativa e a geração

de novas ideias para a resolução de problemas também podem ser meios eficazes de

reconhecer quais tipos de talentos estão presentes na empresa.

Outro método que pode ajudar na identificação de um talento é estabelecer

parâmetros de desempenho, em que os colaboradores são avaliados periodicamente

por seus gestores, e estes, por sua vez, apresentam um feedback sobre o

desempenho, de maneira a enfatizar os pontos fortes e determinar quais os pontos a

melhorar, e dessa forma, ambos contribuem para o desenvolvimento do talento, bem

como da própria empresa, numa relação que podemos tratar de ganha-ganha.

Uma vez que as empresas são compostas por pessoas e os processos de

gestão em geral, percebemos que é de suma importância que haja um ambiente de

trabalho agradável para a realização das atividades.

Ao longo do tempo, através de treinamentos e dos resultados apresentados

pelos colaboradores é possível perceber quando o relacionamento interpessoal

harmônico influencia no bom desempenho.

Sendo assim, identificar a boa desenvoltura dos liderados é de extrema

importância, uma vez que estes são peças-chaves e recursos importantes, não

413

devendo ser tratados apenas como ferramentas de produção, acrescenta Knapik

(2011).

Segundo McCool (2010) o recrutamento exerce enorme influência sobre as

mudanças que têm impacto direto no desempenho financeiro das empresas, e

ressalta que as empresas que colocam as pessoas em primeiro lugar chegam em

primeiro lugar, insistindo em declarar que uma gestão excelente tem total colaboração

para a manutenção das vantagens competitivas.

É possível compreender melhor a importância do capital humano de uma

empresa através do que cita McCool (2010, p. 37-38):

A atividade de recrutamento de altos executivos tem a capacidade de alterar todo o contexto da empresa. Isso porque a inferência sobre os vastos recursos das empresas de hoje – capitais financeiros, político e humano – muitas vezes dá àqueles em posições de poder um controle desmedido sobre o destino de uma organização, bem como sobre os bolsos, as carreiras e as vidas de uma infinidade de outros indivíduos que são influenciados pelas suas decisões.

Dar a devida importância ao capital humano de cada organização faz com que

os colaboradores se sintam valorizados e posteriormente, motivam-se a melhorar a

cada dia, desempenhando suas funções de forma mais eficaz.

A aproximação entre líder e liderado faz com que ambos mantenham uma

relação sólida e de confiança, o que proporciona satisfação na realização do trabalho

e o denominador comum entre os dois seja alcançar os objetivos anteriormente

propostos.

3 METODOLOGIA

Podemos citar a metodologia como um conjunto de métodos e técnicas que

são utilizados para se chegar a um resultado e desta forma, pode também ser

entendido como o caminho percorrido para atingir um ponto final.

Neste contexto, a metodologia tem como principal característica a verificação

da coleta de dados e informações para realização de um objetivo anteriormente

traçado.

O método científico utilizado para a realização da pesquisa foi o indutivo

(indução) – é o raciocínio que parte de situações específicas para o geral, na tentativa

414

de generalizar uma afirmação verdadeira. Com base em aspectos, observamos os

fatos então parte-se para um raciocínio lógico, chegando a uma conclusão geral.

Richardson (2012) menciona que a partir das observações e constatações de

dada realidade podemos construir generalizações em realidades similares.

O tipo de pesquisa utilizado foi a qualitativa, em que os métodos são baseados

em fatos observados nos contextos sociais e assim serviu de base para a análise

fundamentada pelos autores da pesquisa bibliográfica. Minayo (2001, p. 21) cita que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deve ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes.

O método de procedimento adotado foi um estudo de caso, em que analisamos

e relacionamos o estilo de liderança e a retenção de talentos com o desenvolvimento

econômico da empresa com a diretoria responsável pelas unidades localizadas em 13

municípios do estado de Mato Grosso, cujo centro administrativo está localizado em

Lucas do Rio Verde – MT.

Consideramos que esta pesquisa foi descritiva e Richardson (2010, p. 71)

afirma que “Os estudos de natureza descritiva propõem-se investigar o que é, ou seja,

a descobrir características de um fenômeno. Nesse sentido, são considerados como

objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo”.

O objeto da pesquisa foi uma cooperativa de crédito localizada em vários

estados do Brasil e por solicitação da empresa, teve seu nome preservado, sendo

chamada pelo pseudônimo de Coopverde.

O sujeito de pesquisa foram dois diretores da empresa responsáveis pelas

unidades de 13 munícipios do Estado de Mato Grosso, localizada em Lucas do Rio

Verde. Os gestores aos quais aplicamos os questionários, são responsáveis pela área

de desenvolvimento da organização e acompanham o andamento dos programas em

geral e atividades centrais realizadas para atingir as metas estabelecidas.

415

A fim de responder os objetivos de nossa pesquisa, com base na revisão da

literatura, elaboramos um questionário para ser respondido pelos gestores

responsáveis pela empresa.

O questionário demonstrava as características dos estilos de liderança

existentes, sem mencionar a qual estilo cada característica pertencia e as perguntas

elaboradas foram criadas de forma a responder diretamente, porém de forma

explicativa a respeito do programa de retenção de talentos desenvolvido e os

resultados obtidos através dele.

Para a coleta de dados foram utilizados documentos como balanço patrimonial

e demonstrações financeiras, bem como o relatório de administração do ano de 2015.

Estes documentos foram disponibilizados pela empresa em seu site.

Também foram utilizados os questionários aplicados, para identificação do

estilo de liderança adotado pela empresa e entendimento do programa de retenção

de talentos existente.

O tratamento de dados foi feito através das categorias de análises propostos

por Lawrence Bardin. Sendo elas: estilo de liderança, programa de retenção de

talentos, resultados econômicos e relação entre liderança e programa de retenção de

talentos.

Optamos por elencar as etapas da análise de conteúdo segundo Bardin (2010),

a qual a organiza em três fases: Pré-análise. Exploração do material. Tratamento dos

resultados, inferência e interpretação.

A análise dos dados, assim como o tratamento de dados, se deu através da

aplicação dos questionários aos gestores da empresa, responsáveis pela área de

desenvolvimento, que, em seguida, foram verificados e analisados de acordo com as

respostas de cada gestor, a fim de compreendermos o estilo de liderança adotado

pela empresa, o programa de retenção de talentos, bem como a relação entre os dois

e o desenvolvimento apresentado por essa relação.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO RESULTADO

4.1 Identificar o Estilo de Liderança Adotado pela Empresa

416

Para atingir esse objetivo foi oferecido aos participantes um quadro contendo

as características dos estilos de liderança e solicitado a eles que assinalassem

aquelas que eles possuem e aplicam em seu ambiente de trabalho. Desse modo,

apresenta-se o quadro 1 com o resultado.

QUADRO 1 – Características dos Estilos de Liderança

CARACTERÍSTICAS %

Impõe ideias 0%

Sabe ouvir e facilita o diálogo 100%

Estimula firmemente a participação dos colaboradores 100%

Comunica as expectativas de desempenho e confia nos liderados 50%

Recompensa os liderados conforme seu desempenho 50%

Inspira sua equipe e promove a motivação 50%

Centraliza e direciona suas ordens 0%

Encoraja os liderados a expressarem suas ideais 50%

Incentiva a iniciativa e criatividade dos liderados 50%

Reconhece o bom desempenho 100%

Segue o fluxo e cumpre com a demanda 100%

Impõe obediência dos liderados 0%

Interessa-se pela carreira profissional dos colaboradores 50%

Remete maior responsabilidade aos liderados 100%

Cria um bom ambiente de trabalho 50%

Preocupa-se com a obediência às regras e cumprimento de metas 100%

Identifica os pontos fortes e necessidades de desenvolvimento da equipe 50%

Conhece sua equipe e a estimula 50%

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Conforme observado, o quadro não indicava a qual estilo de liderança cada

característica estava relacionada.

Nesse sentido, estão inseridas no estilo de liderança autocrático as seguintes

características:

Impões ideias;

Centraliza e direciona suas ordens;

417

Impõe obediência dos liderados.

Através da porcentagem demonstrada no quadro acima, é possível perceber

que nenhum dos líderes assinalou as características que dizem respeito a esse estilo

de liderança.

As características:

Sabe ouvir e facilita o diálogo;

Encoraja os liderados a expressarem suas ideias;

Interessa-se pela carreira profissional dos colaboradores.

São características do estilo de liderança democrático e apenas um dos líderes

apresentou todas as características desse estilo.

Para o estilo de liderança liberal, elencamos as seguintes características:

Estimula firmemente a participação dos colaboradores;

Incentiva a iniciativa e criatividade dos liderados;

Remete maior responsabilidade aos liderados.

Conforme as respostas do questionário, observamos que apenas um dos

líderes possui todas as características desse estilo de liderança.

Trabalhando também com a liderança contemporânea, apresentamos as

seguintes características para o estilo carismático:

Comunica as expectativas de desempenho e confia nos liderados;

Reconhece o bom desempenho;

Cria um bom ambiente de trabalho.

Observamos no quadro 01 acima, segundo respostas do questionário, que

apenas um dos líderes possui todas as características da liderança carismática.

O estilo de liderança transacional possui as seguintes características,

mencionadas no quadro 01:

Recompensa os liderados conforme seu desempenho;

Segue o fluxo e cumpre com a demanda;

Preocupa-se com a obediência às regras e cumprimento de metas.

Apenas uma das características dessa liderança foi assinalada pelos dois

líderes, e dessa forma, compreendemos que não é o estilo de liderança adotado pela

empresa.

Por fim, temos as características da liderança transformacional:

Inspira sua equipe e promove a motivação;

418

Identifica os pontos fortes e necessidades de desenvolvimento da equipe;

Conhece sua equipe e a estimula.

Esse estilo diz respeito à liderança contemporânea e os dois gestores possuem

todas as características mencionadas no quadro apresentado no questionário, o que

nos remete a identificar a liderança transformacional presentes neles, como o estilo

adotado para orientar os colaboradores e atingir os objetivos tanto da empresa quanto

dos liderados, demonstrando que predomina o bem-estar dos colaboradores tanto de

forma individual quanto em equipe.

4.2 Conhecer o Programa de Retenção de Talentos da Empresa

Após a aplicação do questionário, percebemos que a empresa possui um

programa de retenção de talentos que está em fase de implantação e

desenvolvimento, e por isso apresenta algumas ações que proporcionam essa

retenção, e aos poucos estão desenvolvendo-as de forma que essas práticas se

tornem um programa estruturado e eficaz para a organização.

Dentre as ações que a organização desenvolve para retenção de talentos em

seu quadro de colaboradores está a existência de um plano de carreira e

desenvolvimento de pessoas (PDI) que remete os colaboradores ao incentivo na

busca por conhecimento tanto EAD quanto presencial e também possui amplitude nos

benefícios oferecidos.

As ações para retenção de talentos na empresa surgiram através da eficaz

participação da área de gestão de pessoas e executivos da organização, que

perceberam a necessidade de fidelizar e manter os colaboradores que se destacam e

buscam constantemente por informação, melhorar seu conhecimento e desempenho

produtivo.

Os resultados efetivos do programa ainda não podem ser sentidos, pois está

em fase inicial de implantação. No entanto, os líderes da empresa estão otimistas com

todos os benefícios que o programa de retenção de talentos poderá proporcionar,

destacando o intuito de melhorar o crescimento e desenvolvimento das pessoas e a

melhoria nos resultados apresentados pela organização.

4.3 Efetuar o Levantamento dos Resultados Econômicos da Empresa em 2014 e 2015

419

Analisando os dados publicados pela empresa em seu site, em 2015 o

desempenho econômico teve melhores resultados dos que os apresentados ao final

do exercício de 2014.

Ao encerrar o exercício de 2015 e apresentar a situação econômica financeira,

a empresa demonstra crescimento em seus ativos totais de 14,10% em relação ao

exercício anterior, mesmo em meio ao caos político-econômico enfrentado em nosso

país nos últimos anos.

Além disso, o saldo de operações em dezembro de 2015 apresentou aumento

de 3,17% em relação ao mesmo período de 2014.

Observamos ainda, um aumento de 20,59% em 2015 com relação a 2014 no

que diz respeito aos recursos captados e administrados pela organização.

Demonstrando possibilidades de melhores desempenhos em relação ao

mesmo período do exercício de 2014, em dezembro de 2015 a empresa registrou

aumento de 17,71% em seu patrimônio líquido.

Assim sendo, com excelentes resultados apresentados no exercício de 2015

em relação ao exercício anterior, podemos observar que a gestão se empenhou em

melhorar sua produtividade e apresentar resultados satisfatórios, na busca por

manter-se rentável e economicamente viável.

4.4 Relacionar o Estilo de Liderança com o Programa de Retenção de Talentos da

Empresa

Esse objetivo contempla o resultado dos anteriores, buscando a relação entre

o estilo de liderança e o programa de retenção de talentos. O resultado apresenta-se

no quadro 2.

QUADRO 2 – Relação entre estilo de liderança e programa de retenção

ESTILO DE LIDERANÇA

PROGRAMA DE

RETENÇÃO DE

TALENTOS

RELAÇÃO

420

Transformacional

Plano de carreira

Demonstra a preocupação do

líder para com o

desenvolvimento pessoal e

profissional para com o liderado.

Desenvolvimento de

pessoas busca pelo

conhecimento

Incentivar o desenvolvimento e

busca por conhecimento faz com

que a equipe adquira confiança,

respeito e comprometimento

com as metas estabelecidas.

Amplitude de

benefícios

Conhecendo as motivações dos

liderados, há a possibilidade de

desenvolver estratégias para

mantê-lo estimulado a cumprir as

metas propostas.

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Ao analisarmos o quadro que demonstra a relação entre o estilo de liderança

adotado pelos gestores e o programa de retenção de talentos que está sendo

implementado na empresa, é possível verificar a preocupação constante com o

desenvolvimento dos colaboradores.

Podemos perceber ainda, o incentivo dos líderes para que os liderados

busquem ampliar seu conhecimento, de forma a melhorar pessoal e

profissionalmente.

Dessa forma, compreendemos que a expansão de horizontes que a empresa

proporciona, faz com que de alguma forma, o colaborador e/ou liderado sinta-se

importante para ela, sentindo-se estimulado constantemente e assim sendo, poderá

proporcionar à organização mais dedicação e deixará mais de si em seu cotidiano de

trabalho.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da realização da pesquisa, percebemos o quanto o capital humano tem

ganhado a dedicação dos gestores na busca por melhorar o desempenho dos

colaboradores e assim também ver melhores resultados para a organização.

421

As empresas buscam cada vez mais aumentar seu quadro de colaboradores

adequadamente qualificados para exercer suas funções, mas mais do que isso,

também procura incentivar que os liderados se mantenham em constante formação,

para assim gerar um resultado que chamamos de ganha-ganha.

O colaborador tem chances de dedicar-se mais a empresa através de seus

incentivos como plano de carreira e amplo programa de benefícios e em contrapartida,

o colaborador apresenta à empresa resultados mais satisfatórios, que fará com que

ela possa melhorar sua rentabilidade.

O desafia é diário, no entanto, quando são oferecidas as ferramentas corretas

para o desenvolvimento das atividades e a inspiração dos líderes, as chances de

aumentar o desempenho de ambos aumentam.

A empresa estudada ainda precisa implementar seu programa de retenção de

talentos, mas conforme o andamento da implantação for tomando forma, os ajustes

podem ser feitos, de forma a estabilizar o plano e proporcionar clareza nos

acontecimentos.

É de suma importância que a organização se mantenha preocupada com seus

liderados, pois devido à sua dedicação foi possível melhorar os resultados

apresentados ao final de 2015, em relação ao exercício anterior.

Quando os colaboradores estão satisfeitos e em pleno incentivo e motivação,

percebemos que os objetivos são alcançados e nos levam a grandes realizações,

como foi o caso da empresa em estudo.

Mesmo em meio ao caos atual da economia brasileira, em um ano em que

inúmeras empresas fecharam as portas por resultados incapazes de mantê-las ativas,

foi possível registrar aumento de rentabilidade.

REFERÊNCIAS

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2016.

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ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

423

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento Econômico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

VERGARA, Sylvia C. Gestão de Pessoas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

424

O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DO

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Alexandre Antonio Correa18

Matheus Dilmo Gomes19

Fabiane Popik20

RESUMO O tema do presente trabalho é a aplicação do princípio da Continuidade contábil na prática. Tendo como questão norteadora a seguinte indagação os profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade contábil. O objetivo geral é analisar os motivos pelos quais os profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem ou desconhecem o princípio da continuidade contábil. Serão apresentadas aqui os objetivos específicos que são: Verificar se o princípio da continuidade caiu no esquecimento dos profissionais contábeis no exercício de sua profissão, identificar o quanto do princípio citado os profissionais sabem se aplicam na prática, analisar se os profissionais contábeis passar por constantes atualizações na área contábil. A justificativa para tal pesquisa é evidenciar os contadores, demonstrar o quanto estão sabendo sobre o princípio da continuidade e apresentar a importância para os profissionais contábeis. A metodologia utilizada foi de acordo com o método de abordagem qualitativa e funcionalista e com uma pesquisa de campo. Os resultados obtidos da pesquisa foram: grande parcela dos escritórios contábeis respondeu assertivamente somando se 70%, enquanto que 30% responderam errado ou incompletas suas afirmações. Por fim apresentar as respostas para os objetivos gerais e específicos e apresentar uma sugestão de pesquisa. Palavras-chave: Ciências Contábeis. Princípios da Contabilidade. Princípio da Continuidade. Escritórios Contábeis.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Conselho Pedagógico Resolução Nº 130 – COP (2013):

O Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentabilidade investiga sobre o Comportamento do Consumidor, Economia Solidária, Agronegócios, Empreendedorismo, Análise Macroeconômica. Analisa os determinantes regionais da

18 Acadêmico do segundo semestre de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected]. 19 Acadêmico do segundo semestre de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected]. 20 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Orientadora da pesquisa. E-mail: [email protected].

425

atividade tecnológica brasileira, considerando a base industrial regional, o ambiente urbano e a infraestrutura científica e tecnológica. Realiza estudos e pesquisas interdisciplinares sobre a dinâmica econômica do desenvolvimento social em uma perspectiva espacial. Busca-se a compreensão tanto teórica quanto empírica da dinâmica socioeconômica regional no contexto brasileiro.

Nesta pesquisa utilizou se esta linha de pesquisa, pois o princípio da

continuidade contábil é um dos pilares da contabilidade e este motivo reforça ainda

mais a escolha desta linha porque o avanço da contabilidade está totalmente ligado

ao progresso econômico, social e institucional da sociedade.

O tema proposto foi buscar a aplicação do princípio da continuidade na prática

destacando as vertentes existentes, mostrando a aplicação deste princípio na cidade

de Lucas do Rio Verde, localizada no norte de Mato grosso a 332 km da capital

Cuiabá, tem uma economia forte voltada ao agronegócio, mas também com um

comercio forte e atuante.

O problema proposto foi à seguinte indagação: “Os profissionais contábeis de

Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade? ” Pretende se

com este problema demonstrar a preocupação em conhecer melhor e evidenciar este

assunto aos usuários contábeis desta região.

Com o objetivo geral que diz o seguinte: “analisar os motivos pelos quais os

profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem ou desconhecem o princípio

da continuidade”. Pretende se com este objetivo geral ver detalhadamente os motivos

de conhecimento ou desconhecimento e analisando a fundo as respostas ditas pelos

entrevistados.

Os objetivos específicos deste trabalho são: verificar se o princípio da

continuidade caiu no esquecimento dos profissionais contábeis no exercício de sua

profissão, identificar o quanto do princípio citado os profissionais sabem se aplicam

na prática, analisar se os profissionais contábeis passar por constantes atualizações

na área contábil. Com estes objetivos específicos pretende se demonstrar se aquele

profissional que respondeu corretamente sabe se aplica em algum momento no

escritório contábil, indagar se os contadores reciclam se constantemente e perguntar

se com o desuso do princípio os contadores acabaram se esquecendo com o tempo.

2 REVISÃO DA LITERATURA

426

Os princípios contábeis são as regras que regulam o exercício da profissão,

sendo assim obrigatória a sua correta interpretação. Os princípios no começo eram

sete dentre eles o princípio da Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo

valor original, Atualização monetária, Competência e Prudência, mas depois da

resolução CFC nº 1.282/10 revoga se o princípio da Atualização Monetária. O órgão

responsável pela fiscalização e regulamentação não apenas dos princípios, mas sim

de toda a classe contábil é o Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

De acordo com o portal do CFC:

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma Autarquia Especial Corporativa dotada de personalidade jurídica de direito público. Criado e regido por legislação específica, o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, o CFC possui estrutura, organização e funcionamento regulamentados pela Resolução CFC nº 1.370, de 8 de dezembro de 2011, que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. O CFC é integrado por um representante de cada estado e mais o Distrito Federal, no total de 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes – Lei nº 11.160/05 -, e tem, dentre outras finalidades, nos termos da legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais, além de regular acerca dos princípios contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada, bem como editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional. Em 2010 foi sancionada pelo Presidente da República a Lei 12.249 /2010, que institui a obrigatoriedade do Exame de Suficiência na área contábil.

Os postulados da contabilidade são: o postulado da Entidade e o postulado da

Continuidade. Segundo Lopes e Martins (2005, p. 127):

Os postulados da contabilidade se propõem a delimitar o espaço de atuação da contabilidade e impor as situações básicas nas quais esta se aplica. Assim, estabelecem-se as condições institucionais, econômicas e sociais nas quais a contabilidade irá se firmar como provedora de informações econômicas.

427

Como postulado da contabilidade a Continuidade juntamente com a Entidade

são o alicerce do estuda da teoria da contabilidade. De acordo com o site portal de

auditoria:

Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um empreendimento em andamento, com intenção de existência indefinida, ou por tempo de duração indeterminado, devendo sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros (lucros), e não pela sua capacidade imediata de ser útil somente à entidade. Como o próprio nome diz a empresa deve ter continuidade, é função da contabilidade aprimorar pela continuidade da empresa.

Figura 1 – A casa Contábil Fonte: Sousa (2015, p.01)

Esta imagem mostra a casa contábil e reforça a dos pensadores e demonstra

os postulados no alicerce, as paredes são os princípios e o teto as convenções

contábeis.

2.1 O conceito do Princípio da Continuidade

De acordo com o CFC (2010):

428

Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade

continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a

apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta

esta circunstância. (Redação dada pela Resolução CFC nº.

1.282/10).

E ainda de acordo com Iudícibus (2006, p. 111):

Apresenta que Princípio da Continuidade é também conhecido

pela denominação “Entidade em Marcha” (Goingconcern), e que

esta é encontrada em muitos sistemas de normas no exterior e

na literatura contábil estrangeira, dizendo respeito ao

pressuposto de que a Entidade deva concretizar seus objetivos

continuamente no tempo.

Segundo Lopes de Sá (2000, p.56 a 228), “a definição dos Princípios Contábeis

são: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo Valor Original, Atualização

Monetária, Competência e Prudência”. Lopes de Sá utiliza se com base na resolução

CFC nº.750/93.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2007, p. 104), “a empresa está se

adaptando a si mesma, pela venda de ativos no curso normal de seus negócios, ou

seja, um processo ordinário de liquidação, em lugar de uma liquidação forçada”. Essa

perspectiva tornaria a caracterização da continuidade, como uma série de

descontinuidades, que se apresentam para a empresa de modo ordenado e conduzido

pela atividade de gestão.

O CPC traz em seu pronunciamento número 00 a seguinte definição:

As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade está em atividade (going concern assumption) e irá manter-se em operação por um futuro previsível. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações. Por outro lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem ter que

429

ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve ser divulgada.

2.2 Lucas do Rio Verde e sua Economia

Lucas do Rio Verde é uma cidade do interior de Mato Grosso com pouco mais

de 59.436 habitantes segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), com uma economia voltada ao agronegócio e com um forte comércio, a

contabilidade tem por característica ser voltada para o produtor rural e ao empresário,

de acordo com Megido (2014, p.01):

Essa cidade está hoje dentre as 20 melhores cidades do país

para se viver. IDH na beira dos 0,80. Escolas fundamentais com

qualidade, com piscina. Cidade limpa. Agronegócio evoluído

com alta tecnologia, integrações entre proteína e energia vegetal

com proteína animal. E, acima de tudo: lugar de muito trabalho.

Mas, trabalho só não basta, inteligência significa a diferença do

suor para o valor.

Com uma economia fortalecida e com grande crescimento anual indaga--se os

profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da

continuidade? Um dos pilares da contabilidade juntamente com o princípio da

entidade.

2.3 A Pesquisa e Comentários de dois Entrevistados

Para responder esta pergunta foi feita uma pesquisa científica entre os dias

24,25 e 26 de agosto de 2016 em doze escritórios de contabilidade, há de se destacar

que esta pesquisa não inclui todos os escritórios contábeis de Lucas do Rio Verde.

Dos doze escritórios entrevistados sete, ou seja, 58,33% conhecem e observam o

princípio da continuidade, três escritórios, ou seja, 25% não conhecem o princípio da

continuidade e dois escritórios, ou seja, 16,67 não responderam ou se recusaram a

responder. Esses números mostram que apesar de ser um assunto de ordem teórica

430

os profissionais contábeis desta cidade conhecem a legislação vigente e respeitam-

na em seu dia a dia.

De acordo com um dos entrevistados o Ricardo Bueno da Silva contador

formado pela faculdade La Salle no ano de 2012 atualmente é contador e sócio do

escritório Bueno Contabilidade, afirma que “o princípio da continuidade diz que a

empresa não data para o encerramento de suas atividades, contudo algumas

empresas ao iniciar suas atividades já entram com um risco muito grande de falir, visto

que o gestor não fez uma pesquisa de mercado, sendo assim o empresário não sabe

quais as necessidades de seu cliente e também não avaliou seu local onde funcionará

a empresa atrairá consumidores.

E ainda de acordo com outro entrevistado o Edson Paula Camargo Contador

formado pela faculdade La Salle no ano de 2007, atualmente contador do escritório

Audicon, afirma que “é a fundamentação a atividade do profissional pautada nos

embasamentos das normas relacionada ao profissional e sua ética, tendo também

todo o princípio ético da empresa”.

2.4. Os Motivos para o Conhecimento do Princípio da Continuidade

Durante o levantamento dos dados verificou-se que os profissionais que

conheciam o princípio citado alegaram os motivos para tal resposta são: necessidade

de conhecer ao começar uma demonstração contábil, conclusão do ensino superior

recentemente e leitura periódica nos finais de semana.

Os profissionais contábeis que alegaram conhecer o princípio relataram

também que utilizam a todo o momento no processo dentro do escritório, salientando

também o uso do princípio desde a abertura até o encerramento das empresas com

a devida mensuração dos elementos patrimoniais.

2.5. Os Motivos para o Desconhecimento do Princípio da Continuidade

Já aqueles profissionais que não conhecem o princípio são unânimes em dizer

que no seu dia a dia não necessitam conhecer o princípio para a execução de suas

tarefas e mostram total descontentamento com a forma de ensino nas faculdades

alegando que a teoria está totalmente desvinculada da prática.

431

Os profissionais que não souberam responder sobre o princípio da continuidade

também alegaram que na pratica do dia a dia o princípio cai em desuso pela falta de

utilização no decorrer de sua profissão, de acordo com a redação Mundo Estranho

(2011, p.01), “quando a pessoa está dispersa, fazendo muitas coisas ao mesmo

tempo e com preocupações demais, pode simplesmente desligar ao ter contato com

um dado novo, deixando de armazená-lo”.

2.5 Reciclagem Constante

Os contadores entrevistados responderam no quesito de atualizações

constantes, aqueles que conheciam o princípio da continuidade também passam por

atualizações constantes, fazendo cursos pela educação a distância e também fazem

cursinhos ofertados pela Faculdade La Salle oferece aos profissionais contábeis de

Lucas do Rio Verde, já aqueles que não conheciam o princípio também não passam

por atualizações na área. De acordo com Santos (2013, p.01):

“A busca pelo conhecimento deve ser constante. Antigamente

bastava o nível médio completo e um curso de datilografia e

pronto, já estava preparado para atuar profissionalmente. Hoje

as coisas mudaram, inclusive já não basta somente um nível

superior, há necessidade de uma pós-graduação e de estar

sempre atualizados com os assuntos gerais e fazer as devidas

adaptações. Estar de olho nas tendências e evidências

tecnológicas, o modus operandi, fazem toda a diferença. Buscar

a eficácia no resultado, ser sempre melhor que ontem.

3 METODOLOGIA

Essa pesquisa se insere em qualitativa, pois apresenta uma revisão

bibliográfica de artigos, livros e revistas na área contábil e para reforçar esta afirmação

destaca se uma frase de Lakatos e Marconi (2010, p.269):

432

Explicam que a abordagem qualitativa se trata de uma pesquisa que tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano e ainda fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento. Assim, o que percebe se é que a ênfase da pesquisa qualitativa é nos processos e nos significados.

Esta pesquisa classifica se com base nos objetivos e nos procedimentos

técnicos da pesquisa de campo, pois a pesquisa de campo caracteriza-se pelas

investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza

coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa

(pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.) (FONSECA,

2002)

Os autores que alicerçaram esta pesquisa foram: Iudícibus, Hendriksen e Van

Breda e Lopes de Sá. Iudícibus com todo o seu vasto repertório contribuiu para esta

pesquisa, trazendo informações úteis e relevantes ao artigo. Hendriksen e Van Breda

trouxeram uma definição do princípio da continuidade e demais vertentes. Lopes

apresentou uma definição do princípio e suas aplicações.

O instrumento de coleta de dados foi por meio de entrevistas realizadas com

os contadores do município de Lucas do Rio Verde. Utilizou se formulários para os

profissionais responder as questões. Entre os dias 24,25 e 26 de agosto de 2016 em

doze escritórios de contabilidade, para as indagações os profissionais responderam

em seu próprio escritório sem auxílio de nenhum equipamento que possam trazer

informações. Segundo Bandeira (2004, p.02):

No projeto de pesquisa, o pesquisador deverá descrever detalhadamente o método que usará para coletar seus dados. Basicamente ele pode adotar como método de coleta de dados a utilização de documentos, a observação de comportamentos ou então a informação dada pelo próprio sujeito, seja oralmente (entrevistas) ou de forma escrita (questionários auto administrados).

As perguntas que compõem o formulário são: 1 – Você conhece o princípio da

continuidade. Dê uma definição. 2- Você sabe em que momento utiliza o princípio da

continuidade na prática do escritório. Dê um exemplo de aplicação. 3- Você costuma

433

passar por atualizações constantes na sua área de formação. De acordo com Quivy e

Campehoudt (1995, p.44):

As entrevistas e observações completam as leituras. Elas permitem ao pesquisador tomar consciência dos aspectos da questão que sua própria experiência e suas leituras não puderam evidenciar. As entrevistas ou observações exploratórias podem preencher essa função quando não são muito diretivas, pois o objetivo não consiste em validar as ideias preconcebidas do pesquisador, mas em encontrar outras ideias. Três tipos de interlocutores são interessantes para desenvolver essas técnicas: especialistas científicos sobre o tema em estudo, informantes privilegiados e pessoas diretamente envolvidas. Ao final desta etapa, o pesquisador poderá ser levado a reformular sua questão inicial de modo que ela leve em conta o trabalho exploratório.

A pesquisa elaborada sobre o princípio da continuidade foi respondida por dez

contadores de diferentes escritórios, sendo que sete foram mulheres e 3 homens.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No transcorrer da pesquisa percebe se que os profissionais contábeis

demonstravam nas entrevistas a importância do princípio da continuidade em todos

os momentos do processo do escritório, deixando claro que o profissional que

conhecer o princípio terá um elevado nível de conhecimento.

Sete escritórios contábeis responderam de forma assertiva em relação à

pergunta sobre o conhecimento do princípio da continuidade, isso demonstra que os

contadores apesar de aplicar a pratica da contabilidade no dia a dia, eles têm um

conhecimento grande da teoria da contabilidade.

Os mesmos sete escritórios que responderam à questão anterior de forma

assertiva, não tiveram dificuldades para responder a pesquisa sobre em que momento

utilizavam o princípio da continuidade na pratica do dia a dia no escritório.

Três escritórios contábeis responderam de forma equivocada apresentando

uma resposta totalmente diferente daquela considerada correta pela legislação. A

pergunta era sobre o conhecimento do princípio e dar um conceito pessoal ao princípio

da continuidade.

434

Dois escritórios não responderam à pesquisa, pois alegaram falta de tempo,

mas na realidade esses dois escritórios não deram à devida importância a pesquisa.

Em todos os escritórios que responderam à pesquisa demonstraram que

passam por constantes atualizações na área contábil, isso demonstra que em um

mercado de trabalho mais competitivo e com as convergências as normas

internacionais, a legislação contábil é muito dinâmica e passar por atualizações se

tornou imprescindível.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese o artigo procurou demonstrar que as maiorias dos profissionais

contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade

no seu dia a dia dentro do escritório. Dos dez escritórios entrevistados sete conhecem

o princípio da continuidade e apenas três escritórios não conhecem o princípio.

Proporcionalmente os contadores de Lucas do Rio Verde estão mais preparados para

a convergência as normas internacionais, pois passam por constantes atualizações

na área contábil. De acordo com o site Contábeis (2012, p 01):

Com o advento da Lei 11.638/2007, torna-se necessária agora a

interpretação dessa nova e vasta legislação que, além de

convergir para a harmonização com as normas internacionais de

contabilidade, a transparência das demonstrações contábeis e a

busca da essência sobrepondo a forma, brindou-nos com a

aprovação de 14 deliberações emitidas pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC). O fato é que 2009 será um

ano de adaptação a nova lei em decorrência das diversas

interpretações que surgirão em face do entendimento de cada

uma dessas deliberações.

Na visão de Saik e Antunes (2010, p.34):

Com a Lei 11.638/2007, o Brasil passou a adotar as Normas Internacionais de Contabilidade, mais comumente conhecidas por IFRS. Essa nova lei introduziu importantes conceitos do

435

direito societário, tendo sido adaptados conceitos legais bastante utilizados em economias mais desenvolvidas, alinhando, também, a normatização brasileira às legislações dos Estados Unidos e de países da Europa. Foram trazidas inovações tanto para as demonstrações contábeis quanto para as práticas contábeis, visto que essas normas são baseadas muito mais em princípios do que em regras.

De acordo com KPMG, (2008, p. 2):

Em julho de 2007, depois de sete anos de tramitação no legislativo, foi aprovada e publicada a Lei 11.638, tendo sua aplicação no primeiro dia do ano de 2008, modificando a Lei das Sociedades Anônimas (AS), n. 6.404, de 1976. A lei publicada estabelecia, segundo a harmonização e modernização da lei societária em conformidade com os princípios fundamentais e práticas contábeis internacionais, com vistas a inserir o Brasil no contexto econômico internacional. A coordenação do processo de convergência brasileiro realizou-se pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), composto por seis entidades (ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON) e convidados.

De acordo com Idecno Brasil (2012, p.1): A adoção do padrão contábil internacional – IFRS – em conformidade aos pronunciamentos, emitidos pelo International Accouting Standards Board – IASB às normas internacionais de contabilidade, no Brasil, tem seu início com a emissão da Instrução CVM n. 457 em julho de 2007, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em conjunto com o Banco Central do Brasil. Dessa forma, torna obrigatório às companhias brasileiras de capital aberto a apresentar demonstrações financeiras consolidadas com base nas normas internacionais a partir do exercício de 2010, sendo-lhe facultada a adoção antecipada.

Analisaram-se os motivos pelos quais os profissionais conhecem ou

desconhecem o princípio da continuidade e um dos motivos de conhecerem os

princípios é a necessidade de conhecer o princípio para elaborar tempestivamente

uma demonstração contábil e um dos motivos pelo desconhecimento por parte de

alguns profissionais é a de que no dia a dia não necessitam saber deste princípio para

a execução de seus afazeres.

Identificou-se que os contadores que responderam corretamente sobre o

princípio da continuidade também disseram que se utilizam diariamente do princípio

436

em questão reforçando que este princípio é utilizado desde a abertura da empresa até

o seu imprevisível encerramento.

Uma sugestão de pesquisa seria a de apoio as pequenas e médias empresas

e ao MEI (micro empreendedor individual) uma pesquisa com o intuito de fortalecer e

dar dicas para as PME (pequenas e médias empresas), demonstrando como o

princípio da continuidade pressupõe sobre o negócio, já que os riscos que os micro

empreendedores individuais são muito maior do que as empresas com um capital

maior, portanto quanto maior informação o pequeno empresário ter menor será o risco

dele não obedecer ao princípio da continuidade e consequentemente fechar o seu

negócio repentinamente.

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438

OS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO EXISTENTES NO BRASIL: Uma Análise

Documental

Diana Scheffler Augustin¹

Marisa Claudia Jacometo Durante²

RESUMO Com o passar dos tempos, as evoluções tecnológicas e econômicas vêm exigindo cada vez mais de seus profissionais a minimização dos custos e despesas e consequentemente a maximização dos lucros. O objetivo geral desse estudo foi identificar se é possível uma empresa minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de tributação. Especificamente buscou-se: a) descrever os regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras; b) identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação; c) identificar como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais. Metodologicamente o estudo teve uma abordagem indutiva com pesquisa documental. Os principais resultados apontam que os Regimes de Tributação incidentes nas empresas brasileiras são o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional, onde todos possuem seus aspectos positivos e negativos, sendo necessário a analise da empresa para verificar a melhor forma de tributação sendo que existem várias maneiras de se obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de tributos federais, sempre através de um bom Planejamento Tributário. Após apresentação destes dados constatou-se que a melhor forma de tributação para uma empresa utilizar vai depender de sua atividade e de um Planejamento Tributário com base de dados reais ou estimados, o mais próximo possível da realidade. Cabe salientar que esse resultado pode mudar de acordo com as movimentações da empresa em exercícios posteriores, por isso a proposta do estudo foi comparar as possibilidades existentes, a fim de demonstrar a importância desse tipo de planejamento dentro de uma organização. Palavras-chave: Planejamento Tributário. Tributos. Regimes de Tributação.

1 INTRODUÇÃO

A contabilidade percebida como uma ciência social passa por constantes

modificações, essas sofridas com o passar do tempo para acompanhar as mudanças

globais e suprir as necessidades da sociedade moderna, que cada vez mais anseia

em deter o controle desse contexto que o rodeia em seu cotidiano.

No Brasil, o sistema tributário atual dispõe de um grande número de

legislações, tornando difícil seu entendimento e aplicação. Cada vez mais as

439

empresas constituídas no Brasil e enquadradas neste sistema, precisam analisar as

possíveis opções de tributação que podem se enquadrar.

Com o passar dos tempos, a evolução tecnológica e econômica vem exigindo

cada vez mais de seus profissionais a minimização dos custos e despesas e

consequentemente a maximização dos lucros. Com isso, o planejamento tributário

caracteriza-se como um dos principais agentes para o sucesso ou não de uma

empresa, pois a carga tributária no Brasil representa um significativo montante

financeiro, o qual interfere diretamente no resultado econômico da empresa.

O planejamento tributário tornou-se indispensável, pois a legislação tributária

brasileira é muito complexa, com inúmeras leis e constantes alterações, o que dificulta

a interpretação dos empresários, assim como em se manterem atualizados em virtude

dos diversos influenciadores na gestão empresarial.

Assim a contabilidade tributária, ao exercer função de aplicação da legislação

tributária dentro de uma empresa, é considerada a base principal para análise do

enquadramento correto e menos oneroso para uma empresa, e ao mesmo tempo em

que comporta o gerenciamento dos tributos e direciona as normas aplicáveis a cada

situação. Esse gerenciamento tributário auxilia também na redução dos impostos

devidos, sem burlar as legislações existentes e vigentes em nosso país.

As empresas de uma forma geral, não possuem um setor tributário e os

responsáveis pelas atividades da empresa, em muitos casos, não têm o hábito de

analisar de forma completa a carga tributária incidente sobre o lucro da empresa. Esta

falta de avaliação relativa ao enquadramento tributário da empresa pode leva-la,

algumas vezes, a ter desembolsos financeiros expressivos e desnecessários no

pagamento de seus tributos, e por certas vezes incondizentes com sua realidade.

No Brasil, atualmente existem quatro formas de tributação da renda, em

conformidade com o Código Tributário Nacional, sendo estas: o lucro tributado pelo

Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional (Lei das Micro e

Pequenas Empresas).

Nesse contexto surgiu o seguinte questionamento: é possível uma empresa

minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de

tributação? Tendo como objetivo geral identificar se é possível uma empresa

minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de

tributação. Deste modo, buscou-se:

440

Descrever os regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras;

Identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação;

Identificar como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e

minimizar o recolhimento de seus tributos federais.

A escolha desse tema se deu em virtude da dificuldade das empresas em

conseguirem realizar um planejamento tributário e assim minimizar o pagamento de

tributos. A importância do estudo prevalece em demonstrar como a escolha do regime

de tributação age no recolhimento dos tributos. Desse modo, pode contribuir

significativamente para o processo de tomada de decisão das empresas.

Para a acadêmica este trabalho contribuiu de forma relevante, proporcionando

fazer uma ligação entre os conhecimentos teóricos adquiridos e a prática cotidiana

através da pesquisa desenvolvida, permitindo dessa forma aprofundar seus

conhecimentos sobre a área estudada.

Este trabalho justifica-se a partir da descrição e divulgação de dados,

informações e algumas questões tributárias, com intuito de elucidar o tema junto à

comunidade acadêmica, classe contábil e pessoas correlacionadas direta ou

indiretamente com a contabilidade, visto que a presente pesquisa facilita a

compreensão e o entendimento de algumas questões tributárias que se lidas somente

através de leis ou códigos pertinentes ao assunto não tenham tanta absorção.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Tributos

A palavra tributo possui um conceito muito amplo, sendo muitas vezes

confundido com a palavra imposto, e que na verdade é apenas uma parte da sua

definição.

O Código Tributário Nacional (CNT) define tributo em seus arts. 3° a 5, onde o.

Art. 3° (apud Fabretti, 2009, p. 104) esclarece que “tributo é todo prestação pecuniária

compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua

sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa

plenamente vinculada”.

441

De acordo com Fabretti (2003) tributo é um pagamento independente da

vontade do contribuinte. Deve ser pago em moeda corrente, sendo que através deste

ato se dá a extinção da obrigação tributária. A forma de recolhimento dos tributos é

instituída não podendo haver alterações.

O art. 4° do CTN (apud Oliveira; Chieregato; Junior; Gomes, 2011, p. 5)

descreve que:

A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Dessa maneira podemos verificar que o tributo é instituído por lei e possui uma

legislação própria, não dependendo da vontade do contribuinte, podendo apenas

monitorar e cobrar das autoridades competentes sua devida aplicação.

O art. 5° do CTN (apud Vade Mecum, 2006, p. 721) esclarece que “os tributos

são impostos, taxas e contribuições de melhoria”.

Oliveira; et al (2011, p. 5) descrevem um conceito para impostos, taxas e

contribuições de melhoria:

Impostos: que decorrem de situação geradora independente de qualquer contraprestação de Estado em favor do contribuinte; Taxas: que estão vinculadas à utilização efetiva ou potencial por parte do contribuinte, de serviços públicos específicos e divisíveis; Contribuições de melhoria: que são cobradas quando do benefício trazido aos contribuintes por obras públicas.

Como podemos observar o conceito de tributos é amplo, sendo assim dividido

em impostos, taxas e contribuições de melhoria para então haver um melhor

entendimento sobre o assunto e sobre sua verdadeira função e aplicação na

sociedade.

2.2 Regimes de Tributação

442

O Brasil possui uma legislação tributária muito especifica, onde as empresas

podem optar por qual regime de tributação ela quer seguir, ou seja, qual é a mais

viável para o seu ramo de atividade e faturamento, sempre seguindo os requisitos

exigidos para cada caso.

Silva (2007) relata que a legislação tributária do Brasil estabelece as seguintes

formas de tributação para as pessoas jurídicas, o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro

Arbitrado e Simples Nacional (Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas). Isso de

acordo com a opção de cada empresa em particular desde que se enquadre seguindo

a legislação atual. A opção pela tributação com base no Lucro Real ou Lucro

Presumido, será através do recolhimento da primeira cota de qualquer um dos

regimes na primeira competência do ano-calendário, mediante DARF, onde as guias

serão identificadas por códigos específicos, sendo que a legislação não permite mudar

a forma de tributação durante o ano-calendário. No caso de opção pelo Simples

Nacional a empresa terá que estar de acordo com os requisitos e fazer a opção pela

internet no site da Receita Federal.

De acordo com pesquisa no site www.portaltributario.com.br os

administradores das empresas devem analisar anualmente qual a opção de tributação

mais adequada à realidade da empresa. Através de cálculos estimando receitas e

custos, sempre se baseando nos dados contidos nas demonstrações contábeis da

empresa, adequando-os a situação atual a fim de desenvolver suas atividades de

forma preventiva à adequação na melhor forma de tributação.

Fávero (1997) descreve que entre os diversos tributos incidentes sobre o

faturamento das pessoas jurídicas, pode-se destacar: a CSLL (Contribuição Social

sobre o Lucro Líquido), IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas), PIS

(Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para Financiamento da

Seguridade Social).

Pode-se verificar a grande importância de uma minuciosa analise dos regimes

de tributação para qualquer empresa, como também a sua correta utilização, para que

possam pagar menos tributos e assim maximizar seus lucros.

2.2.1 Lucro real

443

A tributação pelo Lucro Real é o regime mais comum estre as empresas de

grande porte, pois além de ser exigido a partir de certo faturamento é também mais

viável por poder se utilizar de créditos tributários, diminuindo assim o valor pago de

seus principais tributos.

O art. 247 do RIR/1999 (apud CHAVES; MUNIZ, 2010, p. 336) descreve que

“lucro real é o resultado contábil do período de apuração ajustado pelas adições e

exclusões ou compensações autorizadas pela legislação fiscal”.

Lucro líquido do exercício é a soma algébrica do lucro

operacional, dos resultados não operacionais e das

participações, e deverá ser determinado com observância dos

preceitos das leis comerciais e fiscais. Juridicamente, portanto,

a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda

real será determinada a partir do acréscimo patrimonial

consignado nas demonstrações financeiras, levantadas com

observância da Lei n° 6.404, de 1976 (OLIVEIRA; et al, 2011, p.

170).

Dessa maneira o Lucro Real é apurado sobre o verdadeiro lucro da empresa,

pois se leva em consideração na sua apuração todas as despesas e receitas que a

empresa realmente possui como também compensações de tributos já pagos

anteriormente. Sendo que toda essa apuração deve ser baseada na legislação

vigente, onde está descrito tudo o que pode ser deduzido, adicionado ou compensado.

Iudícibus e Marion (2006, p. 262) relatam que “segundo a legislação fiscal, lucro

real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações

prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. Logo, a alíquota do imposto não

incide sobre o lucro líquido do exercício, mas sobre o lucro real”.

Fazendo um comparativo com os outros regimes de tributação, onde a alíquota

do imposto incide sobre o faturamento bruto da empresa, no lucro real incide sobre o

verdadeiro lucro da empresa. Sendo que para escolher nesse Regime de Tributação

deve seguir algumas condições conforme descrito abaixo.

O site Guia Tributário de 2013, descreve em quais situações uma empresa é

obrigada ao regime de tributação pelo Lucro real, desde que não estejam no Programa

de Recuperação Fiscal (Refis):

444

I – cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses (limite estabelecido pela Lei 12.814/2013); II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2 da Lei 9.430/1996; VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII – que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. Também estão obrigadas ao Lucro Real as empresas imobiliárias, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado (IN SRF 25/1999). O custo orçado é a modalidade de tratamento contábil dos custos futuros de conclusão de obras. As Sociedades de Propósito Específico (SPE) deverão apurar o imposto de renda das pessoas jurídicas com base no lucro real, conforme estipulado no art. 56, § 2, IV da Lei Complementar 123/2006.

Como vemos acima, não é toda empresa que se enquadra nesse Regime de

Tributação, pois possui uma legislação especifica e condições que devem ser levadas

em consideração no momento da opção.

Segundo Oliveira (2002, p. 175) “contabilmente falando, pode-se concluir que

o lucro real é aquele realmente apurado pela contabilidade, com base na completa

escrituração contábil fiscal, com a estrita e rigorosa observância dos princípios

fundamentais de contabilidade e demais normas fiscais e comerciais”.

A empresa que optar pelo Regime de Tributação do Lucro Real, com certeza

terá mais trabalho e extremo cuidado no momento da sua escrituração, pois é desse

resultado que saíra o lucro real da empresa e que posteriormente incidirá os impostos.

445

Para essa apuração de acordo com a legislação são aceitas duas maneiras conforme

descrito abaixo:

Na sistemática do lucro real, a apuração poderá ser feita por

período trimestral ou anual. Se trimestral, a apuração será feita

em março, junho, setembro e dezembro de cada ano-calendário;

se anual, a apuração será feita em dezembro de cada ano-

calendário, com pagamento da CSLL e IRPJ por estimativa ou

com base em balanço/balancete de redução ou suspensão

(SILVA, 2007, p. 326).

A empresa que optar pela apuração trimestral deve estar com a sua

escrituração em dia, para que possa recolher corretamente os impostos. Já na

apuração anual é realizada uma estimativa de quanto será o lucro da empresa e ir

recolhendo os impostos, sendo que somente no mês de dezembro será realizado o

fechamento e apurado o verdadeiro lucro da empresa e assim feito a compensação

pelo valor já pago, pagando somente a diferença se for apurado um lucro maior que a

estimativa ou compensando no próximo ano se ele for menor.

2.2.2 Lucro presumido

O Lucro Presumido como o próprio nome diz é baseado na presunção do lucro

da empresa através do faturamento bruto. Mas para poder optar por esse tipo de

tributação devem ser levados em consideração alguns pontos como os descritos

abaixo.

O RIR/99 descreve em seu art. 516, § 3° a § 5° e art. 517 que:

Art. 516. § 3° A pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real (art.246), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido”. “Art. 516. § 4° A opção de que trata este artigo será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (Lei n° 9.430, de 1996, art. 26, § 1°) ”. “Art. 516. § 5° O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de

446

dezembro de cada ano-calendário, observado o disposto neste Subtítulo (Lei n° 9.430, de 1996, arts. 1° e 25) ”. “Art. 517. A pessoa jurídica que houver iniciado atividade a partir do segundo trimestre manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração correspondente ao início de atividade (Lei n° 9.430, de 1996, art. 26, § 2°) ”.

O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada, onde é tomada

como base o faturamento bruto mais as demais receitas da empresa e assim aplicado

uma alíquota definida pelo governo de acordo com o ramo de atividade, para dessa

maneira apurar o valor do IRPJ e a CSLL.

O site da Receita Federal de 2014 descreve quem pode optar pelo Lucro

Presumido:

Podem optar as pessoas jurídicas: a) cuja receita bruta total tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), no ano-calendário anterior, ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior; e b) que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica.

Assim como o Lucro Real, o Lucro Presumido possui uma legislação especifica

e que determina quem pode ou não pode optar por esse regime de tributação.

Fabretti (2003) discorre que se pode considerar o lucro presumido ou estimado

como um conceito tributário. E tem como finalidade facilitar o recolhimento do IRPJ,

sem ter que fazer uma apuração complexa com base em escrituração contábil

completa para saber o lucro real da empresa, sendo que seu recolhimento será no

último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do trimestre.

As empresas que optarem pelo regime de tributação com base

no lucro presumido estão dispensadas, perante o fisco, da

escrituração contábil. A comprovação da receita bruta é feita

através dos livros fiscais, de cuja escrituração não está

desobrigada. E, se desobrigada desses por algum dispositivo

legal, através do caixa. (IUDICIBUS E MARION, 2006, p. 271).

447

A apuração pelo Lucro Presumido é mais fácil de ser apurado, pois não é

necessário realizar uma escrituração contábil completa, por se tratar apenas de uma

presunção do lucro da empresa.

Machado (2009) reafirma o descrito acima que as empresas individuais ou

pessoas jurídicas que sejam dispensadas da tributação pelo lucro real, podem optar

pelo lucro presumido desde que, atendam algumas exigências da legislação,

destacando que mesmo que o contribuinte atenda os requisitos para o lucro

presumido, pode adotar outra forma de tributação.

A empresa que optar pela tributação pelo Lucro Presumido, pode a qualquer

inicio de ano calendário mudar para a tributação pelo Lucro Real, desde que atenda

as exigências para tal, e achar mais vantajoso.

Silva (2007) descreve que o Lucro Presumido foi estabelecido pelo governo

federal através de um estudo sobre a margem de lucro de várias atividades, através

do qual estipulou um percentual que aplicado sobre o faturamento da empresa obtém-

se a base de cálculo para os impostos devidos.

Esse estudo mostrou uma média da margem de lucro das empresas, onde nem

sempre reflete a realidade, ainda mais em ramos que sofrem com a sazonalidade. É

importante avaliar bem antes de escolher o regime de tributação, pois uma escolha

errada pode levar a empresa à falência a médio e longo prazo.

3.2.3 Lucro arbitrado

O Lucro Arbitrado tem como base o principio do Lucro Presumido, pois não é

apurado sobre o lucro real da empresa e sim sobre uma presunção que o governo

estabelece, já que a empresa não possui controle sobre seu faturamento e

escrituração fiscal.

Oliveira (2005, p. 181) discorre que “o arbitramento do lucro é, em geral, uma

prerrogativa das autoridades fiscais. O arbitramento do lucro representa, quase

sempre, maior carga tributária para a pessoa jurídica”.

A regra repita-se, é ser o imposto calculado sobre o lucro real. A tributação com base no lucro arbitrado poderá ocorrer nos seguintes casos:

448

O contribuinte, sujeito à tributação com base no lucro real, não dispõe de escrituração na forma das leis comerciais ou fiscais, ou deixa de elaborar as demonstrações financeiras legalmente exigidas. O contribuinte, sujeito à tributação com base no lucro presumido, deixa de cumprir as obrigações acessórias relativas à sua determinação. Recusa-se o contribuinte a apresentar à autoridade da Administração tributária os livros ou documentos de sua escrituração. A escrituração mantida pelo contribuinte contém vícios, erros ou deficiências que a tornam imprestável para a determinação do lucro, real ou presumido. O comissário ou representante de pessoa jurídica estrangeira deixa de fazer, em sua escrituração contábil, a apuração de seu lucro separadamente do lucro do comitente ou representado domiciliado no exterior. O contribuinte espontaneamente opta por essa forma de cálculo do imposto. (MACHADO, 2009, p. 323).

Como podemos observar na citação acima, o Lucro Arbitrado não é uma opção

que a empresa pode escolher no inicio do seu exercício e seguir a apuração

normalmente durante o ano, mas sim é utilizado como ultima alternativa para atender

ao fisco e poder recolher os tributos quando não há informações suficientes para uma

apuração correta pelo Lucro Real ou Lucro Presumido.

Santos e Barros (2008, p. 81) em sua definição relatam, “pode-se dizer que

lucro arbitrado é, basicamente, uma modalidade de tributação utilizada pelo Fisco para

determinar o imposto devido quando não há como fazê-lo por meio do lucro real ou

presumido”.

O lucro arbitrado é uma forma de tributação (na pior das

hipóteses uma penalidade) para se apurar a CSLL e o IRPJ, pois

é uma maneira utilizada pelo Fisco, mas que pode ser adotada

pelo contribuinte, quando a receita bruta não é conhecida e

somente poderá ser adotada na ocorrência de qualquer uma das

hipóteses de arbitramento. (SILVA, 2007, p. 344).

O Lucro Arbitrado é considerado uma penalidade para as empresas, onde tanto

o Fisco como o contribuinte pode adotar, por não possuir uma escrituração contábil e

fiscal que permita apurar o valor dos tributos, sendo que na maioria das vezes o lucro

apurado é maior que a realidade da empresa.

449

2.2.4 Simples nacional (lei geral das micro e pequenas empresas)

Instituído pela Lei Complementar n.º 123/06, o Regime Especial Unificado de

Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte – Simples Nacional estabelece normas gerais relativas ao

tratamento diferenciado e favorecido dispensado às microempresas e empresas de

pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios.

De acordo com Young (2009) o Simples Nacional é uma forma de tributação

que se pode considerar progressiva, pois à medida que aumenta o faturamento,

aumenta a alíquota de contribuição.

Além disso, “neste regime não são computadas as despesas, sendo o Simples

Nacional calculado sobre o faturamento mensal, levando-se em consideração a

receita bruta acumulada dos doze últimos meses” (Young, 2009, p. 15).

O Simples Nacional como o próprio nome diz, foi criado com o intuito de tornar

mais simples o recolhimento dos impostos das Micro e Pequenas Empresas, pois é

levado em consideração o faturamento mensal da empresa para a apuração de seus

tributos.

Conforme o site www.portaltributario.com.br “a aparente simplicidade do

regime do Simples Nacional e as alíquotas relativamente baixas são os grandes

atrativos deste regime. Entretanto, há inúmeras restrições legais para opção (além do

limite de receita bruta, que é R$ 3.600.000,00 no ano) ”.

Santos e Barros (2008) relatam que o Simples Nacional que começou a vigorar

a partir de julho de 2007, foi em substituição ao Simples Federal que vigorava desde

janeiro de 1997.

Esse sistema se institui com o objetivo de simplificar o recolhimento dos tributos

e de forma unificada, sendo incluídos os impostos IRPJ, IPI, CSL, COFINS, PIS-

PASEP, ICMS, ISS, e, ainda, o INSS - parte da empresa.

De acordo com SEBRAE (2007) nesse sistema só se enquadram as

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A opção por esse sistema de

tributação é feita pela internet no inicio do ano-calendário passando a ter validade no

primeiro dia do ano da opção e é irretratável para o ano todo. O Simples Nacional é

450

calculado mensalmente, tendo como base de cálculo a receita de vendas ou serviço

da empresa no mês. A alíquota desse imposto é apurada com base na receita

acumulada nos últimos doze meses, que a definirá conforme a faixa que se enquadrar

nas tabelas. Essa alíquota será aplicada sobre o faturamento de acordo com cada

situação. As empresas enquadradas nesse sistema são obrigadas a emissão de

documentos fiscais, escrituração de livros fiscais e contábeis.

Por mais que pareça mais fácil e vantajoso optar por esse regime de tributação,

deve-se tomar cuidado, pois é necessário apurar corretamente o faturamento da

empresa e aplicar as alíquotas corretas, pois muitas vezes quando se opta por esse

regime tem-se uma previsão de faturamento que na maioria das vezes é ultrapassada

durante o ano e deve-se fazer a devida correção, ou até mesmo ter que mudar para

outro regime de tributação.

2.3 Planejamento Tributário

Os contribuintes sempre resistiram às investidas do Fisco contra seu

patrimônio, pela exigência de tributos. Para fugir desta obrigação, o contribuinte pode

escolher entre desviar-se da norma impositiva, se posicionando fora do seu alcance,

ou, já sujeito a sua incidência, utilizar-se de meios ilícitos para impedir, reduzir ou

retardar o recolhimento do imposto devido, pela descaracterização do fato gerador ou

pela redução indevida da base de cálculo do tributo.

A economia lícita de impostos é representada pelo Planejamento Tributário.

Qualquer ato jurídico, praticado pelo contribuinte por meio de um planejamento

tributário, deve estar amparado pela lei, e existindo qualquer elemento contrário, o

contribuinte estará sujeito às imposições legais. A finalidade do planejamento

tributário é sempre a redução dos impostos, mediante a realização de atos ou

negócios segundo os limites da lei.

O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do

fato administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e

econômicos e as alternativas legais menos onerosas, denomina-

se Planejamento Tributário (FABRETTI, 2009, p. 8).

451

Atualmente, encontram-se vários esquemas de planejamento tributário. São

inúmeras as consultorias jurídico-tributárias que oferecem a redução do pagamento

de impostos. Independe se a empresa é de grande ou médio porte, sempre haverá a

possibilidade de tornar fiscalmente menos onerosa sua atividade econômica. Reduzir

custos, inclusive o tributário, é o objetivo de qualquer empresa que almeja conquistar

novos mercados ou ampliar seus negócios. Em outras situações, a redução da carga

tributária, por meio do planejamento tributário, é a única forma de a empresa manter

sua participação no mercado, diante da concorrência que adota práticas agressivas

de economia de tributos.

Redução de custos é a estratégia que mais de ouve ser

empregada nos dias atuais, em todo o mundo globalizado. Sem

dúvida, para obter o melhor resultado em uma economia instável

com altas taxas de tributação como a brasileira, um dos mais

significativos instrumentos que as empresas dispõem, para que

possam racionalizar seus custos tributários, sem afrontar as

diversas legislações que regem os mais diversificados tributos,

é o planejamento tributário, em todas as fases da cadeia de

valores do ciclo produtivo e comercial (OLIVEIRA;

CHIEREGATO, JUNIOR, GOMES, 2011, p. 19).

Contudo, em contrapartida as administrações tributárias registram uma

sensível perda de arrecadação. As amplas utilizações de planejamentos tributários

pelas contribuintes pessoas físicas e jurídicas deixam o fisco apreensivo. No centro

dessa atual relação entre Fisco e contribuinte, está o confronto entre a liberdade do

indivíduo em organizar seus negócios e a necessidade cada vez mais intensa de o

Estado arrecadar impostos.

O contribuinte tem sempre o ônus de provar o “motivo” e a “finalidade” dos atos

e negócios que pretende opor ao Fisco atestando a legitimidade do seu planejamento.

Ele deve apresentar uma justificativa do por que e para quê realizou tais operações.

O Fisco possui o ônus de provar que a qualificação jurídica apresentada pelo

contribuinte não procede e adicionalmente, deve conferir a nova qualificação do

planejamento tributário e demonstrar comprovadamente a caracterização do fato

gerador e a consequente incidência da norma tributária.

452

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se o método indutivo com

pesquisa qualitativa, com demonstração dos resultados através de uma pesquisa

descritiva. O método de procedimento adotado é um estudo de caso com pesquisa

documental, pois visou identificar se é possível uma empresa minimizar o pagamento

de impostos federais através da escolha do seu regime de tributação. Utilizou-se

também o uso de tabela para melhor apresentar e visualizar o resultado da pesquisa.

O objeto da pesquisa é o planejamento tributário e os possíveis regimes de tributação

que uma empresa pode optar como também seus aspectos positivos e negativos.

A pesquisa é estritamente documental, baseada na literatura nacional que trata

sobre o assunto proposto buscando novos conhecimentos e conhecendo a opinião de

vários autores sobre um mesmo assunto, para então formar uma opinião própria sobre

o tema.

Com base na coleta de dados e o estudo documental, os resultados dessa

pesquisa são apresentados no capítulo quatro. Assim, opta-se pela codificação em

número. As categorias de análise foram estabelecidas com base nos objetivos

específicos, sendo apresentados:

4.1 Regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras;

4.2 Aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação;

4.3 Como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e minimizar o

recolhimento de seus tributos federais.

A partir dos dados coletados utilizou-se o método indutivo para a interpretação

e comparação da teoria estudada.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Regimes de Tributação Incidentes nas Empresas Brasileiras

Com a utilização da análise documental pode-se estabelecer as seguintes

formas de tributação para as pessoas jurídicas: o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro

Arbitrado e Simples Nacional. A sua escolha é de acordo com a opção de cada

453

empresa em particular desde que se enquadre seguindo a legislação atual. A opção

pela tributação com base no Lucro Real ou Lucro Presumido, será através do

recolhimento da primeira cota de qualquer um dos regimes na primeira competência

do ano-calendário, mediante DARF, onde as guias serão identificadas por códigos

específicos, sendo que a legislação não permite mudar a forma de tributação durante

o ano-calendário. No caso da opção pelo Simples Nacional a empresa terá que estar

de acordo com os requisitos e fazer a opção pela internet no site da Receita Federal.

Os administradores das empresas devem analisar anualmente qual a opção de

tributação mais adequada à realidade da empresa. Através de cálculos estimando

receitas e custos, sempre se baseando nos dados contidos nas demonstrações

contábeis da empresa, adequando-se a situação atual a fim de desenvolver suas

atividades de forma preventiva à adequação na melhor forma de tributação.

Entre os tributos incidentes sobre o faturamento das pessoas jurídicas, pode-

se destacar: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), Imposto de Renda das

Pessoas Jurídicas (IRPJ), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para

Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

Analisando o regime de tributação pelo Lucro Real, pode-se destacar que os

tributos incidem realmente sobre o lucro real da empresa, e não somente sobre o seu

faturamento, pois de acordo com a legislação pode-se realizar adições, exclusões ou

compensações de acordo a realidade da empresa e suas movimentações.

A apuração do Lucro Real envolve maior complexidade na execução das

rotinas contábeis e tributárias, para a completa escrituração das atividades e posterior

apuração do lucro real, que é a base para o cálculo dos tributos para as empresas que

não podem ou não querem optar pelo Lucro Presumido. Para que o resultado seja

apurado corretamente, o contador deve adotar uma série de procedimentos

corriqueiros no ambiente profissional, como a rigorosa observância aos princípios

contábeis, constituição de provisões necessárias, completa escrituração fiscal e

contábil, preparação das demonstrações contábeis e livros.

Ao contrário do Lucro Real, no Lucro Presumido, o montante a ser tributado é

determinado com base na receita bruta, através da aplicação de alíquotas variáveis

em função da atividade geradora da receita. Pode-se dizer que o Lucro Presumido é

uma presunção por parte do fisco, do que seria o lucro de uma empresa caso não

existisse a contabilidade. Porém, nota-se que algumas empresas possuem uma

454

escrituração contábil completa, e mesmo assim acabam por optar pela tributação

baseada no Lucro Presumido. Isso ocorre na maioria das vezes por falta de

conhecimento dos empresários ou até mesmo dos próprios contadores, os quais

desconhecem ou possuem pouca informação sobre os demais regimes de tributação.

No entanto, pode-se verificar que a apuração pelo Lucro Presumido tem como

finalidade facilitar o recolhimento dos tributos, sem ter que fazer uma apuração

complexa com base em escrituração contábil completa para saber o lucro real da

empresa.

Por outro lado, temos a apuração pelo Lucro Arbitrado, que geralmente é

utilizado quando a empresa deixa de cumprir as obrigações acessórias relativas à

determinação do Lucro Real ou Lucro Presumido, como por exemplo, no caso do

Lucro Real, não ter o livro diário ou razão.

Quando conhecida a receita bruta, e, desde que ocorrida qualquer das

hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal, o contribuinte poderá efetuar

o pagamento do imposto de renda correspondente com base nas regras do lucro

arbitrado.

O lucro arbitrado será apurado mediante a aplicação de percentuais: sobre a

receita bruta quando conhecida, segundo a natureza da atividade econômica

explorada (RIR/1999, art. 532) e quando desconhecida a receita bruta, sobre valores

(bases) expressamente fixados pela legislação fiscal (RIR/1999, art. 535).

Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta, quando conhecida, são

os mesmos aplicáveis para o cálculo da estimativa mensal e do lucro presumido,

acrescidos de 20%, exceto quanto ao fixado para as instituições financeiras

(RIR/1999, arts. 532 e 533).

E por fim o Simples Nacional que estabelece normas gerais relativas ao

tratamento diferenciado e favorecido dispensado às microempresas e empresas de

pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, Distrito Federal e dos

Municípios.

Esse sistema tem como objetivo simplificar o recolhimento dos tributos e de

forma unificada, sendo incluídos os impostos IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS-PASEP,

ICMS, ISS e ainda o INSS parte da empresa.

O Simples Nacional é calculado mensalmente, tendo como base de cálculo a

receita de vendas ou serviço da empresa no mês. A alíquota de imposto é apurada

455

com base na receita acumulada nos últimos doze meses, que a definirá conforme a

faixa que se enquadrar nas tabelas. Essa alíquota será aplicada sobre o faturamento

de acordo com cada situação. As empresas enquadradas nesse sistema são

obrigadas a emissão de documentos fiscais, escrituração de livros fiscais e contábeis.

Dessa maneira, o primeiro objetivo específico proposto foi realizado, onde com

a descrição de cada regime de tributação incidente nas empresas brasileiras, pode-

se verificar que cada um possui suas particularidades e sua legislação. Deve-se tomar

cuidado no momento da escolha, pois existem itens impeditivos para cada regime de

tributação, mesmo que às vezes pela analise seja o mais vantajoso para a empresa.

4.2 Aspectos Positivos e Negativos de Cada Regime de Tributação

Para poder identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de

tributação foi utilizado a analise documental e assim fazer um comparativo entre os

mesmos, sendo que foi observada a opinião de vários autores para assim poder

chegar a uma resposta mais abrangente do assunto.

Deste modo será apresentado um quadro demostrando os regimes de

tributação estudados e os aspectos positivos e negativos de cada um.

QUADRO 1 – Aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação

REGIMES DE TRIBUTAÇÃO ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS

LUCRO REAL

-TRIBUTAÇÃO TEORICAMENTE

MAIS JUSTA, SOBRE OS

RESULTADOS (E NÃO SOBRE

UMA BASE DE FATURAMENTO,

COMO NO LUCRO PRESUMIDO);

-APROVEITAMENTO DE

CRÉDITOS DO PIS E COFINS

(ESPECIALEMNTE

INTERESSANTE PARA

EMPRESAS QUE TEM

MENORES MARGENS DE

COMERCIALIZAÇÃO);

-POSSIBILIDADE DE

UTILIZAÇÃO DE DEZENAS DE

FORMAS DE PLANEJAMENTO

TRIBUTÁRIO.

-MAIOR ÔNUS BUROCRÁTICO,

PELA NECESSIDADE DE

CONTROLES E

ACOMPANHAMENTOS FISCAIS

E CONTÁBEIS ESPECIAIS.

INCIDÊNCIA DO PIS E COFINS;

- ALIQUOTAS MAIS ALTAS (MAS

PERMITINDO OS CRÉDITOS

ESTIPULADOS NA

LEGISLAÇÃO).

456

LUCRO PRESUMIDO

-O FISCO DISPENSA AS

EMPRESAS DE CUMPRIR AS

OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

DESDE QUE SEJA MANTIDO UM

LIVRO CAIXA;

-AS ALIQUOTAS DE PIS E

COFINS SÃO MENORES QUE AS

PRATICADAS NO LUCRO REAL

(MAS NÃO SE PODE ABATER

NENHUM CRÉDITO FISCAL EM

SUA BASE DE CÁLCULO);

-MENOR ONEROSIDADE;

- PARA AS EMPRESAS QUE

NÃO POSSUAM MUITAS

DESPESAS, TAL TRIBUTAÇÃO

PODE REPRESENTAR UMA

MENOR CARGA TRIBUTÁRIA.

-O IMPOSTO É CALCULADO

SOBRE UMA BASE ESTIMADA,

NÃO REPRESENTANDO,

PORTANTO, O RESULTADO

REAL DA EMPRESA;

- SÃO DESPREZADOS OS

PREJUÍZOS E AS

DESPESAS/CUSTOS;

- DEVIDO À ESCRITURAÇÃO

SIMPLIFICADA, PODE HAVER

PROBLEMAS DE ORDEM

COMERCIAL, JUDICIAL,

FALIMENTAR OU

PREVIDENCIÁRIA;

- NÃO EXISTE COMPENSAÇÃO

DE PREJUÍZOS FISCAIS;

- É VEDADA A UTILIZAÇÃO DE

INCENTIVOS FISCAIS, TAIS

COMO O PAT – PROGRAMA DE

ALIMENTAÇÃO AO

TRABALHADOR, AUDIOVISUAL,

CRIANÇA E ADOLESCENTE E

CULTURA;

- FALTA DE ESCRITURAÇÃO

CONTÁBIL COMPLETA PODE

SER PREJUDICIAL NO

MOMENTO DE SE APURAR O

LUCRO ISENTO A SER

DISTRIBUÍDO.

LUCRO ARBITRADO

-A ESCRITURAÇÃO É

SIMPLIFICADA.

-NEM SEMPRE OS

PERCENTUAIS DETERMINADOS

PELO FISCO REPRESENTAM A

VERDADEIRA MARGEM DE

LUCRO AUFERIDA PELA

EMPRESA.

SIMPLES NACIONAL

-TRIBUTAÇÃO COM ALÍQUOTAS

MAIS FAVORECIDAS E

PROGRESSIVAS, DE ACORDO

COM A RECEITA BRUTA

AUFERIDA;

-RECOLHIMENTO UNIFICADO E

CENTRALIZADO DE IMPOSTOS

E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS,

-ENUMERAS SITUAÇÕES

IMPEDITIVAS DE OPÇÃO POR

ESTE SISTEMA DE

TRIBUTAÇÃO;

-NÃO PERMISSÃO DE

APROVEITAMENTO DOS

BENEFÍCIOS FISCAIS.

457

COM A UTILIZAÇÃO DE UM

ÚNICO DARF (DARF-SIMPLES);

-CÁLCULO SIMPLIFICADO DO

VALOR A SER RECOLHIDO,

APURADO COM BASE NA

APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS

UNIFICADAS E PROGRESSIVAS,

FIXADAS EM LEI, INCIDENTES

SOBRE UMA ÚNICA BASE, A

RECEITA BRUTA MENSAL;

-DISPENSA DA

OBRIGATORIEDADE DE

ESCRITURAÇÃO COMERCIAL

PARA FINS FISCAIS, DESDE

QUE MANTENHA EM BOA

ORDEM E GUARDA, ENQUANTO

NÃO DECORRIDO O PRAZO

DECADENCIAL E NÃO

PRESCRITAS EVENTUAIS

AÇÕES, OS LIVROS CAIXA E

REGISTRO DE INVENTÁRIO, E

TODOS OS DOCUMENTOS QUE

SERVIRAM DE BASE PARA A

ESCRITURAÇÃO.

Fonte: http://jus.com.br/artigos/8400/aspectos-a-serem-levados-em-consideracao-no-momento-de-opcao-de-tributacao, 2015. Nota: Dados trabalhados pelo autor

Deste modo, podem-se identificar os principais aspectos positivos e negativos

de cada regime de tributação e que, portanto, cada empresa deve efetuar um

levantamento sobre suas receitas e despesas, aplicações em incentivos fiscais e

projetar valores dentro das formas de tributação existentes para verificar qual as

opções de tributação são mais pertinentes à sua capacidade contributiva.

Por fim, deve ser lembrado que uma vez efetuado a opção de tributação para

o ano corrente, este deverá ser mantido, sem qualquer possibilidade de alteração de

regime.

Assim sendo, o segundo objetivo especifico proposto foi realizado, onde com

a identificação dos aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação pode-

se observar a importância da sua correta opção dependendo da atividade de cada

empresa.

458

4.3 Como uma Empresa Pode Obter Melhores Resultados Econômicos e Minimizar o

Recolhimento de seus Tributos Federais

Para poder identificar como uma empresa pode obter melhores resultados

econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais, foi utilizado

novamente a analise documental e assim verificar as opções e as brechas que a lei

da para realizar um planejamento tributário licito.

É de conhecimento de todos que o nível de tributação sobre as empresas e

pessoas físicas no Brasil é absurdo, chegando muitas vezes a inviabilizar certos

negócios.

Mas se o contribuinte pretende diminuir os seus encargos tributários, poderá

fazê-lo legal ou ilegalmente. A maneira legal chama-se elisão fiscal ou economia legal

(planejamento tributário) e a forma ilegal denomina-se sonegação fiscal.

O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam diminuir

o pagamento de tributos e dessa maneira aumentar os resultados econômicos da

empresa. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu negócio da maneira que

melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos de seu empreendimento,

inclusive dos impostos. Se a forma escolhida é jurídica e lícita, a fazenda pública deve

respeitá-la.

É conhecido também que os tributos (impostos, taxas e contribuições)

representam importante parcela dos custos das empresas, senão a maior. E com a

globalização da economia, tornou-se questão de sobrevivência empresarial a correta

administração do ônus tributário.

O princípio constitucional não deixa dúvidas que, dentro da lei, o contribuinte

pode agir no seu interesse. Planejar tributos é um direito tão essencial quanto planejar

o fluxo de caixa.

A primeira analise que toda empresa deve fazer, antes mesmo de abrir é

certamente em qual regime de tributação ela pode se enquadrar e qual a melhor para

o seu ramo de atividade, visto que todos os regimes de tributação têm suas restrições

que vai desde o ramo de atividade até o valor do faturamento da empresa.

459

Após ser realizada a devida análise para a escolha do melhor regime de

tributação para a empresa, existem pequenas medidas operacionais do cotidiano da

empresa que podem fazer a diferença para reduzir o pagamento de tributos.

A finalidade do planejamento é para evitar a incidência de tributos, evitando a

ocorrência do fato gerador procurando meios para reduzir o montante dos impostos e

as alíquotas das quais se baseia o calculo tributário, variando algumas de acordo com

estado e a espécie de serviço, a exemplo tem-se o ICMS que varia entre 12% e 17%.

Por isso, através de medidas gerenciais há meios legais para diminuir a carga

tributária, para isso, deve-se buscar na lei medidas que garantam a diminuição do

ônus, adotando um sistema de economia fiscal, desde que a empresa esteja com boa

saúde financeira e em dias com os tributos, para isso faz estudos analíticos e

preventivos para evitar o fato gerador.

Pode-se citar como exemplo, evitar a incidência do fato gerador do tributo

substituindo a maior parte do valor do pró-labore dos sócios por distribuição de lucro,

pois sobre esses não incidem IR e INSS; reduzir o montante do tributo, sua alíquota

ou reduzir a base de cálculo do tributo; retardar o pagamento do tributo, adiando o seu

pagamento, sem ocorrência de multa faturando no inicio ou no final do mês

dependendo da operação ou até mesmo conceder a um cliente um desconto

financeiro ou comercial pode alterar a base de cálculo para a apuração dos tributos.

Esses são pequenos exemplos que as empresas podem incluir no seu

planejamento e praticar no seu cotidiano. Sempre quando se pensa em planejamento

tributário logo vem à mente algo muito grande e complexo e difícil de ser aplicado,

mas na verdade são nos pequenos detalhes e ações diárias dentro da empresa que

fazem a diferença na hora da apuração dos tributos.

Dessa maneira, o terceiro objetivo específico proposto foi realizado, onde se

podem identificar maneiras simples e práticas que uma empresa pode adotar para

obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos

federais, tomando sempre como ponto de partida um bom planejamento tributário e a

escolha pela melhor forma de regime de tributação para a empresa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

460

Durante a realização desta pesquisa pode-se concluir que os objetivos

propostos pelo trabalho foram respondidos satisfatoriamente no decorrer do

desenvolvimento deste trabalho.

Ao findar esta pesquisa pode-se constatar que os regimes tributários incidentes

nas empresas brasileiras são o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e o

Simples Nacional, sendo eles diferenciados, mas com ampla abrangência para que

as empresas possam escolher a melhor forma de tributação de acordo com sua

atividade e faturamento.

Identificando os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação,

pode-se verificar que todos os Regimes de Tributação possuem seu diferencial e que

dependendo da empresa em que ele for apurado pode aumentar ou diminuir a

arrecadação de tributos. Dessa maneira deve-se analisar cada ponto positivo ou

negativo para verificar qual o melhor Regime de Tributação para a empresa em

questão.

Sobre a identificação de como uma empresa pode obter melhores resultados

econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais pode-se constatar

que é possível esse feito, no entanto é um assunto muito abrangente que vai desde

pequenas modificações no dia a dia da empresa até um amplo e complexo

Planejamento Tributário. Foram também abordados alguns simples exemplos de

como se pode minimizar o recolhimento dos tributos dentro de uma empresa para

melhor identificar a operacionalidade do assunto.

Após apresentação destes dados constatou-se que a melhor forma de

tributação para uma empresa utilizar vai depender de sua atividade e de um

planejamento tributário em cima de dados reais ou estimados, o mais próximo possível

da realidade. Cabe salientar que esse resultado pode mudar de acordo com as

movimentações da empresa em exercícios posteriores, por isso a proposta do estudo

foi estudar e comparar as possibilidades existentes, a fim de demonstrar a importância

deste tipo de planejamento dentro de uma organização.

Com a devida apuração dos resultados e a constatação de que, quando se opta

pelo regime tributário correto, obedecendo sempre os princípios e as determinações

da legislação tributária, a minimização e a influência desses resultados se dão de

forma bastante significativa, e em muitos casos resulta na própria manutenção e

permanência da empresa no mercado de trabalho.

461

Verificou-se que, independentemente do tamanho da empresa, pequeno,

médio ou grande porte, um bom Planejamento Tributário é essencial para se obtiver

sucesso nos negócios, além de proporcionar uma apuração de resultado mais precisa

e confiável.

O presente trabalho contribuiu de forma significativa para a formação

profissional e enriquecimento do conhecimento da acadêmica, pois pode conhecer

melhor sobre o assunto abordado e entender a grande importância de um bom

Planejamento Tributário para uma empresa.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Ricardo Lopes. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2007. CHAVES, Francisco Coutinho. MUNIZ, Érika Gadelha. Contabilidade Tributária na Prática. São Paulo: Atlas, 2010. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2003. ______.______. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2009. FAVERO, Hamilton Luiz. Contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1997. GUIA TRIBUTÁRIO Lucro Real/ 2014 - Obrigatoriedade. Disponível em < http://guiatributario.net/2013/11/01/lucro-real2014-obrigatoriedade/> Acesso em 15/01/2015. IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial: atualizado conforme novo código civil. São Paulo: Atlas, 2006. SILVA, Lorivaldo Lopes de. Contabilidade Geral e Tributária. São Paulo: IOB Thomson, 2007. LOPES, Alexsandro Broedel. GALDI, Fernando Caio. LIMA, Iran Siqueira. Manual de Contabilidade e Tributação de Instrumentos Financeiros e Derivativos. São Paulo: Atlas, 2011. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2009. OLIVEIRA, Luís Martins de. CHIERIGATO, Renato. JUNIOR, José Hernandez Perez. GOMES, Marliete Bezerra. Manual de Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2002. ______.______. Manual de Contabilidade Tributária São Paulo: Atlas, 2005.

462

______.______. Manual de Contabilidade Tributária São Paulo: Atlas, 2011. PORTAL TRIBUTARIO. Noticias lucro real e presumido. Disponível em <http://www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_presumido.htm> Acesso em 14/022015. SANTOS, Cleônimo dos. BARROS, Sidney Ferro. Imposto de Renda Pessoa Jurídica. São Paulo: IOB, 2008. SEBRAE; FENACOM. Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Copyright, 2007. VADE MECUM SARAIVA. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. São Paulo: Saraiva, 2006.

463

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA VISÃO DA CLASSE CONTÁBIL DO

MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE

Bruna Tommasini21

Airton Pedroso de Morais22

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo realizar o levantamento da opinião da classe

contábil a respeito da relação dos empresários com a área tributária em Lucas do Rio

Verde no ano de 2016, verificando o nível de interesse dos empresários com a área,

a reação destes frente a carga tributária, as dificuldades dos contadores na prestação

de serviços fiscais/tributários e o conhecimento dos empresários de alternativas legais

para pagamento de menor carga tributária. Para responder a problemática e alcance

dos objetivos da pesquisa usou-se como metodologia a pesquisa de campo, através

de questionário aplicado a 16 profissionais da área tributária das empresas de

contabilidade atuantes no município em 2016. Como resultados, têm-se que a maioria

dos empresários ficam indignados com a carga tributária a que são submetidos, porém

tem pouco interesse em entender melhor esta tributação, pois acreditam que este é o

papel do contador e só precisam saber do resultado da empresa e do valor a pagar

dos tributos. Isto se reflete nas dificuldades encontradas pelos contadores na

prestação de serviço nesta área, onde a falta de documentação fornecida pelos

empresários e falta de conhecimento, prejudicam esta prestação. Fica claro a

importância do profissional contábil na correta orientação dos empresários quanto ao

planejamento tributário, pois a pesquisa demonstrou que os empresários só

conhecem alternativas legais para pagamento de tributos quando estas são

apresentadas pelo profissional contábil, sendo então o contador um importante agente

na extinção da prática de evasão fiscal.

Palavras-chave: Elisão Fiscal. Evasão Fiscal. Planejamento Tributário.

21 Acadêmica de Ciências Contábeis, 8º Semestre, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: [email protected]; 22 Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM (2006), graduado em Ciências Contábeis pela FUNDAMES (1986), Professor da Graduação da Faculdade La Salle. Professor orientador. E-mail: [email protected].

464

1 INTRODUÇÃO

A legislação tributária no Brasil é alvo de constantes alterações, semanalmente

vê-se a edição e reedição de medidas provisórias gerando nos contribuintes confusão

e insegurança na hora de realizar operações nesta esfera.

Segundo cálculo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e

Tributação (IBPT) em relação a legislação tributária desde 1988 até 2015, foram

editadas 352.366 normas, sendo 30.680 normas tributárias federais (8,71% das

normas tributárias), 103.867 normas tributárias estaduais (29,48% das normas

tributárias) e 217.819 normas tributárias municipais (61,82% das normas tributárias).

Estas atualizações acabam confundindo os contribuintes e tornando difícil

acompanhar estas alterações, os empresários questionam a carga tributária a que são

submetidos e não se conformam com isso.

Muitas vezes as empresas recorrem a meios que ferem a legislação,

dissimulando resultados ou operações de forma a “driblar” a incidência dos tributos,

pagando assim menos impostos. A esse fato dá-se o nome de evasão fiscal.

Neste cenário o planejamento tributário tem se mostrado como uma importante

ferramenta para a maximização do lucro das empresas, visto que este é um dos

principais objetivos dos empresários. O planejamento nada mais é que uma forma

lícita de se planejar as operações da empresa para alcance de uma opção tributária

que seja menos onerosa para empresa. O contador passa a ter um papel fundamental

na disseminação e orientação desta prática, buscando trazer para os empresários o

entendimento de que se pode sim ter melhores resultados pagando-se os impostos,

sem burlar as leis.

Diante do exposto surgiu o problema que dá origem a este trabalho: os

empresários têm conhecimento do que é o planejamento tributário?

Assim, este estudo tem por objetivo realizar o levantamento da opinião da

classe contábil a respeito da relação dos empresários com a área tributária em Lucas

do Rio Verde no ano de 2016.

Procurou também identificar verificar o nível de interesse dos empresários com

a área, a reação destes frente a carga tributária, as dificuldades dos contadores na

prestação de serviços fiscais/tributários e o conhecimento dos empresários de

465

alternativas legais para pagamento de menor carga tributária.

Justifica-se a escolha do tema pelo interesse acadêmico sobre a área do

planejamento tributário, buscando aprofundamento sobre planejamento tributário e a

importância da educação fiscal dos empresários, deixando claro o papel dos

contadores neste processo. Entender sobre o tema planejamento tributário ajudará

profissionalmente no momento de orientar os empresários e mostrar-lhes a

importância e o valor de um bom planejamento tributário.

O presente artigo foi elaborado em cinco capítulos, no segundo capítulo trata

do referencial teórico que embasou a pesquisa, seguido do terceiro capítulo que traz

a metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo. No quarto capítulo tem-se

a análise e discussão dos dados coletados na pesquisa de campo, seguido do quinto

capítulo que mostra a apresentação das considerações finais e por fim, as referências

bibliográficas.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Contabilidade Tributária

A Contabilidade Tributária é definida por Fabretti (2009) como sendo o “ramo

da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas

básicas da contabilidade e legislação tributária, de forma simultânea e adequada” e

muitas vezes para atender a legislação, na contabilidade tributária apresenta-se

resultado fiscal diferente do resultado contábil, por decorrência de deduções e adições

legais que visam atender à exigência fiscal por meio de demonstrativos extra

contábeis.

Na concepção de Oliveira et. al (2005) a contabilidade tributária tem por

responsabilidade a gestão dos tributos de uma empresa, buscando a adaptação dos

processos empresariais à legislação tributária, protegendo a empresa de sofrer

sanções legais.

Entende-se assim que a contabilidade tributária tem um importante papel nas

organizações, pois esta área afeta diretamente o resultado das empresas uma vez

que todas as operações e processos realizados no ambiente empresarial devem estar

submetidos à lei tributária.

466

2.2 Conceito de Tributos

O Código Tributário Nacional (CTN) em seu artigo 3º traz a definição de tributo

como segue:

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Oliveira et al (2005) complementa dizendo que o pagamento dos tributos não

decorre de descumprimento de leis ou normas, e sim de uma norma jurídica que dá

origem a esta obrigação e que estabelece todos os passos para esta cobrança.

Desta forma entende-se que tributo é um pagamento feito em moeda corrente

ou unidade correspondente, que independe da vontade do contribuinte (uma vez

ocorrido o fato gerador) e que tem sua origem estabelecida por lei.

2.2.1 Espécies de tributos

Fabretti (2009) divide os tributos em duas espécies: tributos vinculados e

tributos não vinculados. São considerados vinculados aqueles tributos que decorrem

de alguma contraprestação por parte do Estado, a exemplo das taxas e contribuições.

Já os tributos não vinculados são aqueles que independem de alguma

contraprestação do Estado, ou seja, são os impostos.

Comumente os tributos são divididos em: impostos, contribuições de melhoria,

contribuições federais, taxas e empréstimos compulsórios.

Com relação aos impostos Oliveira et al (2005) e Fabretti (2009) afirmam que

estes têm sua origem instituída por lei e independe de qualquer atividade por parte do

Estado em relação ao contribuinte.

O CTN conceitua a contribuição de melhoria conforme definição a seguir:

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

467

As taxas têm seu conceito e finalidade definidos nos artigos 77 e 78 do CTN e

tem sua origem no exercício do poder de polícia, ou seja, decorre do uso de algum

serviço público ou de algo que foi posto à disposição do contribuinte, mesmo que ele

não lhe faça uso, como exemplo temos a taxa de iluminação pública.

Outra espécie de tributo é o empréstimo compulsório, que segundo a

Constituição Federal de 1988 são instituídos com as seguintes finalidades:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Fabretti (2009) ainda apresenta as contribuições federais, divididas em

contribuições sociais, contribuições de interesse das categorias profissionais ou

econômicas e contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE).

Oliveira (2005) complementa esta definição e cita que estas contribuições

federais têm por finalidade apoiar financeiramente órgãos de classe de categorias

profissionais, previdenciários, assistenciais, e também buscam custear o poder de

controle do Estado sobre um determinado mercado.

2.3 Obrigação Tributária

Segundo o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser de dois tipos,

acessória ou principal:

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Assim, para se configurar legalmente a obrigação tributária é preciso se

conhecer o fato gerador, que conforme apresenta Fabretti (2009) é a realização da

468

hipótese de incidência do tributo gerando assim a obrigação de pagar o mesmo. A

obrigação pode ser acessória que é um dever administrativo ou principal que leva ao

pagamento do tributo.

Sob a mesma perspectiva Oliveira et al (2005, p. 29) afirma que o fato gerador

é “a situação definida em lei como legal e suficiente para sua ocorrência. De forma

mais simples, conceitua-se como o “fato” que gera a obrigação de pagar o tributo. ”

Como exemplo tem-se o ato de realizar uma venda que gera uma obrigação

principal de pagar os impostos (ICMS) e uma obrigação acessória (emitir Nota Fiscal).

Desta forma, conclui-se que a obrigação tributária só existe quando o fato

gerador determinado por lei efetivamente ocorre. Este entendimento é fundamental

para a conceituação da elisão e evasão fiscal.

2.4 Planejamento Tributário

Na concepção de Fabretti (2009) o planejamento tributário como sendo um

método da contabilidade tributária que consiste em um estudo realizado antes da

ocorrência do fato gerador do tributo e tem por finalidade levantar os efeitos jurídicos

e econômicos das operações de modo que a empresa escolha a alternativa menos

onerosa tributariamente.

Cabe ressaltar que tudo isto é feito de forma legal, seja por situações previstas

em lei ou por situações não previstas na lei.

Pode-se perceber através dos conceitos acima a importância do Planejamento

Tributário para as empresas, que tem no planejamento mais uma ferramenta para

auxiliar na perenidade dos negócios aumentando a competitividade através da

economia fiscal.

2.4.1 Elisão fiscal

Sá e Hoog (2008) explicam que a elisão fiscal tem por objetivo obter a maior

economia fiscal possível para a empresa sempre observando a legislação vigente.

Assim o planejamento tributário produz a elisão fiscal.

Cabe ressaltar a importância do tempo nesta definição, pois a elisão só ocorre

quando o fato gerador ainda não se concretizou, ou seja, existe um planejamento das

469

operações para que estas ocorram de forma lícita, como apresenta Fabretti (2009, p.

131) “devem-se estudar e identificar todas as alternativas legais aplicáveis ao caso ou

a existência de lacunas (“brechas”) na lei, que possibilitem realizar essa operação da

forma menos onerosa possível para o contribuinte, sem contrariar a lei”.

Ainda segundo o autor supracitado, essas lacunas têm sua origem nas

constantes edições e reedições de medidas provisórias que geram confusão e

insegurança jurídica, abrindo assim alternativas para que o contribuinte possa

aproveitar estas brechas a seu favor.

Entende-se desta forma que a elisão fiscal é uma prática lícita e que requer

profundo conhecimento da legislação para que possa formular alternativas legais para

execução das operações na empresa buscando economia tributária.

2.4.2 Evasão fiscal

Ao contrário da elisão, a evasão por sua vez infringe a lei. No entendimento de

Fabretti (2009) ela ocorre no momento da ocorrência do fato gerador ou após este,

buscando ocultar ou reduzir a obrigação tributária dele decorrente.

Complementando esta ideia Sá e Hoog (2008) afirmam que a evasão fiscal

configura-se como um ato doloso contra a ordem tributária, econômica e contra as

relações de consumo (Lei nº 8.137 de 1990).

Conclui-se assim que a evasão fiscal é uma prática criminosa que ocorre no

momento ou após o fato gerador de forma a reduzir a carga tributária incidente,

lesando assim o fisco e beneficiando o contribuinte.

2.5 O Papel do Contador

O contador depara-se constantemente com questões éticas em suas

atividades. Por produzir informações de interesse de diversos públicos dentro e fora

da organização, a Contabilidade tem grandes desafios,

[...] ora, está no meio da disputa entre o fisco e o contribuinte, ora entre os sócios, ora entre a empresa e seus empregados, entre o chefe e seus subordinados, entre os proprietários e os administradores, entre os concorrentes etc. Seu produto, a informação para o controle, para a avaliação de desempenho e para a decisão é, cada vez mais

470

relevante e, por causa disso, maiores tendem a ser as pressões sobre o Contador por parte de seus tão diferentes e, comumente, conflitantes usuários. (FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS, 2010, p.12)

O Código de Ética Profissional do Contador foi instituído pela Resolução CFC

nº 803/96 de 10 de outubro de 1996, neste documento são definidos os direitos e

deveres do contador, dentre as obrigações tem-se que é dever do contador:

I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade

técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos

Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade,

e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores,

sem prejuízo da dignidade e independência profissionais.

Desta forma, entende-se que o contador deve sempre buscar atualização de

seus conhecimentos técnicos para atender de forma eficaz aos seus clientes,

seguindo as normas que regem a sua profissão informando sempre seus clientes

sobre qualquer informação que afete seus negócios.

A Lei 5844/43 em seu art. 39 define a responsabilidade dos contadores quanto

a crimes de ordem tributária:

Art. 39. Os balanços, demonstrações da conta de lucros e perdas, extratos, discriminações contas ou lançamentos e quaisquer outros documentos de contabilidade, deverão ser assinados por atuários, peritos-contadores, ou guarda-livros legalmente registrados, com indicação do número do respectivo registro. § 1º Esses profissionais, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte técnica, serão responsabilizados, juntamente com os contribuintes, por qualquer falsidade dos documentos que assinarem e pelas irregularidades de escrituração praticadas no sentido de fraudar o imposto de renda.

Assim os contadores devem buscar sempre orientar seus clientes quanto a

importância de seguir a legislação, visto que respondem juntamente com o

contribuinte em caso de haver qualquer problema com relação as escriturações por

ele assinadas.

3 METODOLOGIA

O referido estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa descritiva, que

471

segundo Gil (1991) este tipo de pesquisa usa de técnicas padronizadas de coleta de

dados, com o intuito de descrever as características de determinado fenômeno ou

população.

Este estudo também se caracteriza como uma pesquisa de campo, pois com

base no referencial teórico foram elaborados instrumentos de pesquisa, no caso

questionários que foram aplicados aos profissionais de contabilidade dos escritórios

de contabilidade de Lucas do Rio Verde.

O método utilizado foi o indutivo, que segundo Prestes (2003) parte de dados

particulares, devidamente constatados, para se inferir uma verdade geral.

A pesquisa tem abordagem qualitativa, pelo fato dos dados serem obtidos no

ambiente natural, seguindo de um tratamento lógico de obtenção e devido à realização

da interpretação das informações obtidas pelas opiniões pesquisadas.

(RICHARDSON, 1999)

O universo desta pesquisa é composto por todos os escritórios de contabilidade

do município de Lucas do Rio Verde, que na data de início deste artigo eram 31,

caracterizando-se, assim, como uma pesquisa censitária. Já a amostra pesquisada

foram 16 escritórios, que devolveram a pesquisa devidamente respondida por meio

eletrônico.

O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário eletrônico

elaborado através do referencial teórico, contendo uma breve apresentação da

pesquisa e da pesquisadora, mais 5 (cinco) questões sendo 2 (duas) de

caracterização dos respondentes e 3 (três) questões acerca do tema estudado.

O questionário continha tanto questões abertas, questões fechadas com

resposta única e também de múltipla escolha, que buscaram identificar na visão dos

contadores o nível de interesse dos empresários sobre as informações da área

fiscal/tributária, bem como verificar quais as reações dos empresários frente a carga

tributária e o conhecimento dos mesmos sobre o planejamento tributário.

A coleta de dados foi realizada de 18 de abril de 2016 a 7 de maio de 2016,

através de questionário eletrônico formulado através do Google e enviado por e-mail

a todos os escritórios de contabilidade do município pesquisado.

O tratamento dos dados foi realizado através de planilhas eletrônicas, sendo as

informações coletadas na pesquisa de campo convertidas em tabelas e gráficos, que

serão confrontados com a teoria.

472

Para a análise dos dados, foi utilizada a análise interpretativa, que consiste na

associação de ideias expressas por autores com outras de conhecimento a

acadêmica.

Os dados coletados foram utilizados para verificar a visão da classe contábil a

respeito da relação dos empresários com a área tributária, quais as dificuldades dos

profissionais contábeis na relação com os empresários e qual a percepção dos

profissionais quanto ao conhecimento dos empresários sobre o planejamento

tributário no município de Lucas do Rio Verde oferecendo assim subsídios para

orientação dos contribuintes.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Verificando-se a amostra pesquisada neste estudo, pode-se observar que os

respondentes têm experiência relevante na área visto que 56,25% tem mais de 6 anos

de experiência na área, 31,25% tem de 4 a 5 anos, 6,25% tem de 2 a 3 anos e 6,25%

tem de 6 meses a 1 ano, podendo-se afirmar que estes têm bom tempo de

relacionamento com os empresários, podendo responder com propriedade acerca do

tema, conforme Gráfico 1.

GRÁFICO 1 - Tempo na área fiscal/tributária

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

6,25% 6,25%

31,25%

56,25%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

De 6 meses a 1 ano De 2 a 3 anos De 4 a 5 anos 6 anos ou mais

Respondentes - Tempo na área fiscal/tributária

473

Com relação a formação, apresentada no Gráfico 2, 12,25% são acadêmicos

de Ciências Contábeis, 12,50% são bacharéis em Ciências Contábeis (ainda não

possuem CRC), 56,25% são Contadores e 18,75% são Técnicos em Contabilidade.

Assim, em sua maioria 75% são profissionais habilitados e devidamente registrados

no órgão de fiscalização da classe.

GRÁFICO 2 - Formação

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Com relação ao nível geral de interesse dos empresários na área

fiscal/tributária, Gráfico 3, 50% dos respondentes acreditam que em geral os

empresários só querem saber o valor a pagar e qual o resultado da empresa, já

43,75% dizem que os empresários não interferem em nada e acham que a

responsabilidade é toda do contador e 6,25% afirmam que tem clientes em todas as

situações apresentadas.

GRÁFICO 3 - No geral, qual o interesse do empresário na área tributária?

12,50% 12,50%

56,25%

18,75%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Acadêmico deCiências Contábeis

Bacharel em CiênciasContábeis

Contador Técnico emContabilidade

Respondentes - Formação

474

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Complementando a questão acima, foi perguntado aos profissionais da área

quais são as principais dificuldades enfrentadas por eles para prestação de serviços

na área fiscal/tributária onde 43,75% identificam a escassez de

informações/documentação fornecidas pelos empresários como principal dificuldade,

já 31,25% identificam a falta de conhecimento do empresário e 25% classificam a

omissão de informações, ou seja, informações pouco consistentes como a principal

dificuldade enfrentada. Parte destas dificuldades podem ser explicadas pela falta de

interesse na área demonstrada no Gráfico 4.

Como a principal ferramenta dos profissionais da área contábil é a informação

e documentação apresentada pelos empresários, verifica-se a necessidade de

conscientização dos empresários por parte dos escritórios buscando informá-los da

importância do fornecimento dos documentos fiscais/tributários, quais são estes

documentos, quando são necessários e qual sua finalidade para a correta escrituração

fiscal/tributária. Esta conscientização pode ser feita através de reuniões com

empresários, folhetos e também por meio de lembretes via e-mail com a relação de

documentos a serem entregues por data.

GRÁFICO 4 - Dificuldades da área na relação com empresários

50,00%43,75%

6,25%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Só querem saber quando tem quepagar e qual o resultado na

empresa

Não interferem em nada e achamque a responsabilidade é toda do

contador

Existem empresários de todas ascategorias apresentadas acima..!!

Nível de interesse dos empresários na área fiscal/tributária

475

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Quando questionados a respeito da reação dos empresários diante da carga

tributária que são submetidos, Tabela 1, no geral a reação descrita pelos profissionais

contábeis é ruim, em sua maioria os empresários ficam indignados, acham a carga

tributária alta em função do retorno recebido e reclamam dos valores a pagar ao Fisco.

TABELA 1-Respostas à questão: descreva qual a principal reação dos empresários

diante da carga tributária que pagam?

Transcrição das respostas Qtd

“Indignação. ” 2

“Acham alta, ficam indignados. ” 1

“Indignação e omissão. ” 1

“Indignação, carga tributária muito alta e pouco retorno em serviços de

qualidade do governo. ” 1

“Indignação, pois pagam e não veem o retorno em serviços. ” 1

“Muito assustadora pelo pouco retorno que tem. ” 1

“Acham exorbitante a carga tributária apresentada pelo governo. ” 1

“Consideram alta pelo pouco retorno em serviços. ” 1

“Em geral há revolta por pagar valores elevados e um retorno social baixo. ” 1

“Ficam inconformados com o valor pago de tributos. ” 1

43,75%

31,25%

25,00%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%

Escassezinformações/documentação

fornecidas pelosempresários

Falta de conhecimento doempresário

Omissão de informações(informações pouco

consistentes)

Dificuldades da área na relação com empresários

476

“Ficam inconformados com os valores. ” 1

“Perplexidade. ” 1

“Reclamam da alta carga tributária, não conseguem acompanhar. ” 1

“Reclamam dos valores a pagar, acham alto. ” 1

“Acham a carga tributária alta. ” 1

Total Geral 16

Fonte: Dados trabalhados pela autora, 2016.

Ao serem questionados se os empresários conhecem alternativas legais para

pagar menos tributos, 93,75% das respostas dadas pelos profissionais da área

demonstram que os empresários não conhecem, ou tem pouco conhecimento destas

alternativas necessitando de auxilio de profissional da área contábil para tanto. Fica

assim evidente que os empresários não possuem conhecimento suficiente para isto,

necessitando do profissional da área contábil para orientá-lo na realização de suas

atividades de forma a obter a menor carga tributária possível.

TABELA 2 - Respostas à questão: os empresários conhecem alternativas legais para

pagar menos tributos?

Transcrição das respostas Qtd

“Não conhecem. ” 4

“Não conhecem, mas buscamos orientá-los. ” 1

“Não, e não tem interesse, querem sonegar. ” 1

“Não, exceto alguns mais qualificados em gestão!! Em geral é o Contador que

tem que mostrar alternativas!!” 1

“Não, preferem sonegar. ” 1

“Na sua maioria, não tem conhecimentos das alternativas. ” 1

“Só conhecem quando explicamos a eles. ” 1

“Poucos tem este conhecimento, a maioria não conhece planejamento

tributário. ” 1

“Quando são informados por nós contadores sim. ” 1

“Muitos esperam a orientação dos contadores e não estudam, se capacitam

para tal. ” 1

477

“Conhecem pouco. ” 1

“Muito pouco. ” 1

“Os nossos clientes, sim. ” 1

Total Geral 16

Fonte: Dados trabalhados pela autora, 2016.

Reforça-se aqui a importância da orientação do contador aos empresários, visto

que estes em sua maioria não têm todo conhecimento necessário muitas vezes até

para cobrar o contador quanto a este quesito tributário, cabendo ao profissional

também ser proativo e fazer estas orientações para cada vez mais fidelizar seus

clientes, diferenciando-se assim no mercado.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema levantado no início deste estudo foi respondido, onde se identificou

que os empresários não têm total conhecimento do planejamento tributário, tendo este

conhecimento apenas com o auxílio do profissional contábil.

Quanto aos objetivos, todos foram alcançados. A pesquisa demonstrou que a

maioria dos empresários busca apenas saber os valores a pagar de tributos e qual foi

o resultado da empresa, sem buscar aprofundar seu conhecimento na área tributária,

quanto a origem e melhores alternativas de tributação.

Mesmo com o acesso facilitado ao conhecimento graças ao advento das

tecnologias de informação, os empresários ainda não apresentam muito interesse na

área tributária e em conhecer melhor a legislação a qual as empresas que estes

administram está submetida.

Fica evidente neste estudo a importância do profissional da área contábil na

orientação dos empresários quanto ao planejamento tributário, tendo papel

fundamental em mostrar os benefícios e vantagens da análise tributária para melhoria

da rentabilidade dos negócios e correta adequação à legislação vigente.

A pesquisa ajudou academicamente, pois foi possível demonstrar o papel do

contador na orientação dos contribuintes e permitiu também um maior

aprofundamento sobre o tema do planejamento tributário.

Este estudo não se encerra aqui, ficando para próximas pesquisas identificar

478

quais os tributos que, na visão dos contadores, existe maior entendimento por parte

dos empresários, qual o nível de informação que os contribuintes (empresas) têm a

respeito de tributação, quais os principais motivos que levam as empresas a praticar

a evasão fiscal, as principais práticas de evasão fiscal realizadas pelos empresários e

desta forma propor, soluções para conscientização dos empresários sobre o

planejamento tributário.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União

05 de outubro de 1988.

BRASIL. Decreto-Lei n. 5.844, de 23 de setembro de 1943. Dispõe sobre a cobrança

e fiscalização do imposto de renda. Diário Oficial, Brasília, DF, 01 out. 1943.

Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5844.htm>

Acesso em: 2 maio 2016.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 803 de 10 out.

1996, Aprova o Código de Ética Profissional do Contador CEPC. Disponível em: <

www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_803.doc> Acesso em: 2 maio 2016.

FABRETTI, Láudio Carmargo. Contabilidade tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas,

2009.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E

FINANCEIRAS; LISBOA, Lázaro Plácido (Coord.). Ética geral e profissional em

contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1997.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas,

1991.

INSTITUTO BASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. Mais de 700 normas

são editadas diariamente no Brasil, desde a constituição de 88. Disponível em:

479

<https://www.ibpt.com.br/noticia/2272/Mais-de-700-normas-sao-editadas-

diariamente-no-Brasil-desde-a-constituicao-de-88>. Acesso em: 2 maio 2016.

OLIVEIRA, Luís Martins de; et al. Manual de contabilidade tributária. 4 ed. São

Paulo: Atlas, 2005.

OLIVEIRA, G. P. Contabilidade tributária. São Paulo: Saraiva 2005.

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento

científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 2.ed. São Paulo:

Rêspel, 2003.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São

Paulo: Atlas, 1999.

SÁ, Antônio Lopes de; HOOG, Wilson Alberto Zappa. Corrupção, fraude e

contabilidade. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2008.

480

RELATO DE EXPERIÊNCIA: Case Assumindo Um Novo Setor

Djully Camille Bongiovani Mantoani23

Paula Eduarda Balsan Stefanello24

Elizandra de Siqueira Chitolina25

RESUMO Este relato baseia-se na experiência obtida a partir da apresentação de um case problema para solução e melhorias em um determinado setor da empresa Alfa (embalagem secundária), sendo realizado em grupo e apresentado em forma de seminário para banca externa. A empresa Alfa estava com problemas na linha de produção de embalagens secundarias, sendo os principais a gerencia de setor, o absenteísmo elevado e a falta de motivação dos funcionários. Utilizando o método PDCA (Planejar; Desenvolver; Checar; Agir) para solução do problema podemos verificar excelentes melhorias em todo o processo produtivo, tais como o aumento da produção, a queda do absenteísmo, a motivação do colaborador, a diminuição do estoque e um ambiente mais colaborativo no setor de embalagens secundárias.

Palavras-chave: PDCA. Planejamento Estratégico. Clima Organizacional.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Filipe Bezerra (08/2014) o PDCA trata-se de uma ferramenta

de gestão muito conhecida na administração geral. A qual visa melhorar e controlar

produtos e processos de modo contínuo. Filipe ainda diz que este processo pode ser

conhecido também como ciclo de Deming ou clico de Shewhart, pois em 1930 Walter

Shewhart deu início a um clico aplicável sobre a administração de qualidade, porém

somente após 50 anos William Edwards Deming através da realização de suas

palestras no Japão fez com que o ciclo do PDCA se torna conhecido mundialmente.

O conceito do método de melhorias, conhecido atualmente pela sigla PDCA, foi

originalmente desenvolvido na década de trinta, nos laboratórios da Beel Laboratories

– EUA, pelo estatístico americano Walter A. Shewahaert, como sendo um ciclo de

controle estatístico do processo, que pode ser repetido continuamente sobre qualquer

processo ou problema. Em 1931, Shewahaert publica o livro Economic Controlo f

23 Acadêmica de Gestão da Produção Industrial e-mail: [email protected] 24 Acadêmica de Gestão da Produção Industrial e-mail: [email protected] 25 Professora Orientadora e-mail: [email protected]

481

Qualit of Manufactured Product, o qual confere um caratê cientifico ás relacionada a

qualidade (SOUSA, 1997)

Tendo como base a melhoria continua dos processos administrativos, o PDCA

visa a agilidade, aperfeiçoamento e padronização dos processos produtivos de forma

a qual diminui a chance de erros, identifica as causas e implementa soluções, não

tendo um tempo pré-determinado para ocorrer por se tratar de um ciclo. Inicia-se na

parte do planejamento (Plan), em seguida ocorre a execução (Do), que gera a

necessidade para utilização do processo de checagem (Check). Por fim de toda a

analise, tendo necessidade para executar as ações (Act).

P (Plan / Planejamento) – Na primeira etapa é elaborado um plano com base

nas diretrizes da empresa, estabelecendo uma estratégia com os objetivos, caminhos

e os métodos a serem seguidos para resolver os problemas levantados. Após é feita

a identificação e correção dos problemas encontrados

D (Do / Fazer) – Na segunda etapa é quando é executado rigorosamente o

planejamento pré-estabelecido na primeira etapa do PDCA.

C (Check / Verificar) – Na terceira etapa é feito a análise dos resultados

alcançados e dos dados coletados. Nela deve-se avaliar o que foi feito durante a

execução do plano e comparar identificando diferenças entre o que foi feito e o que

foi planejado.

A (Act / Ação) – Na última etapa do PDCA são executadas as ações corretivas

com base no que foi verificado. Após essas medidas serem tomadas é necessário

iniciar o ciclo novamente.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Para Campos (1996, p. 262) o PDCA “é um método de gerenciamento de

processo ou de sistemas. É o caminho para se atingirem as metas atribuídas aos

produtos dos sistemas empresariais”.

De acordo com Andrade (2003, p.10) a palavra método “é a união de duas

palavras gregas/; meta + hodos, ou seja, caminho para a meta”. Logo Campos (1996,

p. 263) diz que o método PDCA “é um caminho para se atingir uma meta”.

482

Slack (1996) diz que a natureza repetida e cíclica do melhoramento contínuo

pode ser resumida no ciclo PDCA, definido como uma sequência de atividades que

são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades.

Percebemos que a natureza do ciclo PDCA gera através da repetição e da

montagem de padronização de processos criando assim mecanismos que gerem

resultados mais satisfatórios para a empresa diminuindo os riscos e os gastos

investidos nas atividades.

2.1 Qualidade

Estabelecido pelo International Standardization Organization (ISO),

responsável pelas normas de qualidade em diversos setores no mundo inteiro,

“qualidade é a adequação ao uso. É a conformidade às exigências”. Mas sabe-se que

a qualidade não está estabelecida apenas no resultado final, e sim em todos os

processos da atividade, ou seja, se todos os processos forem executados com

qualidade, o produto final terá qualidade.

O ponto objetivo da qualidade é o processo, através dele que pode implantar

sistemas como o da ISSO-9000. A qualidade total dedica-se a estudar a satisfação do

cliente, sendo clientes externos e internos. Dessa forma são avaliados de várias

formas, pois para pessoas leigas, qualidade está ligada a subjetivos que refletem as

necessidades de cada um, por isso obtêm-se repostas diferentes. Muitas pessoas

avaliam pela aparência, outras pela qualidade do produto, outras avaliam pelo preço.

Sendo assim, para muitos, o conceito de qualidade bem amplo.

2.2 Normas ISO

Com o objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços foram criadas

as normas ISO pela Organização Internacional de Padronização (ISO). Usadas para

certificar produtos e serviços no mundo todo. Oferece um padrão para a implantação

do Sistema de Gestão de Qualidade.

No Brasil, estas normas criadas e gerenciadas pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT). Geralmente são usadas as normas ISO 9000, ISO 9001,

ISO 9004.

483

ABNT NBR ISO 9000 - Sistema de Gestão da Qualidade (Fundamentos

e Vocabulário) - documento que contém todos os termos utilizados no sistema;

Conceitos básicos e diretrizes gerais (não certificável);

ABNT NBR ISO 9001 - Sistema de Gestão da Qualidade (Requisitos) -

explica os requisitos para obter a certificação; Ênfase em projetos e processos de

produção. (Certificável);

ABNT NBR ISO 9002 – Ênfase em processo de produção (certificável)

ABNT NBR ISO 9003 – Ênfase em inspeção de produtos (certificável)

ABNT NBR ISO 9004 - Gestão para o Sucesso Sustentado de uma

Organização (Uma abordagem de Gestão da Qualidade) - é um documento com

instruções para implantar o Sistema de Gestão da Qualidade. Diretrizes para

aplicação das Normas 9001, 9002 e 9003 (não certificável)

A empresa que decide seguir estas normas deve estipular as metas a serem

atingidas, e passar por um projeto com várias etapas para implantar a gestão da

qualidade e obter o certificado ISO.

Deve-se ser enfatizado que as normas ISO séria 9000 são normas que dizem

respeito apenas ao sistema de gestão da qualidade de uma empresa, e não às

especificações dos produtos fabricados por esta empresa. Ou seja, o fato de um

produto ser fabricado por um processo certificado segundo as normas ISO 9000 não

significa que estes produtos terão maior ou menor qualidade que um outro similar.

Significa apenas que todos os produtos fabricados segundo este processo

apresentarão as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade (Oliveira,

2001, p.33).

As normas são formadas de acordo com a área da atividade. Algumas normas:

484

2.3 Gestão da Qualidade

Tem como foco a qualidade a produção e dos serviços de uma determinada

empresa. Com o aumento da exigência dos consumidores viu-se a necessidade de

uma Gestão de qualidade da produção e dos serviços de uma determinada empresa.

A partir disso surgiram programas governamentais como o Sistema Nacional de

Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC) e o Procon.

Durante a segunda Guerra Mundial e com a crescente necessidade de

produção de materiais bélicos, em 1931 W. A. Shewart iniciou estudos sobre

485

qualidade, onde desenvolveu o CEP (Controle Estatístico de Processos) e o ciclo

PDCA, visando melhorar e controlar de forma constante o processo de produção.

2.3.1 Gestão de qualidade no Brasil

Começou a ser reconhecido e implantado no Brasil a partir de 1990. Através da

gestão de qualidade, empresas começaram a aprender novos procedimentos, ter

interação com todos tipos de clientes, como externo e interno, ter opiniões

diferenciadas. Começou a ser utilizado também as normas ISO-9000, e foi implantado

pelo Governo Federal o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, com o

objetivo auxiliar na competitividade dos produtos brasileiros.

2.4 Sistemas de Qualidade

O objetivo dos sistemas de gestão de qualidade (SGQ) é verificar todos os

processos da empresa e analisar como esses processos podem melhorar a qualidade

do produto e serviço. Nesse sistema, são aplicados princípios da qualidade que

envolve o dia a dia da instituição. Através disso, é possível obter segurança em

decisões, pois facilitará que o gestor verifique os indicadores de desempenho. O SGQ

é utilizado no mundo todo, para implantação de novos processos, gerenciar e checar

a qualidade. Para que obter o certificado da qualidade, uma empresa especializada

em auditoria de gestão de qualidade vistorie. Dependendo da área atuante da

empresa e também das normas, existem dois tipos de certificados

Certificado de acreditação: baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC

17025, relacionada aos Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de

Ensaio e Calibração, e a ABNT NBR ISO 15189, que diz respeito aos Laboratórios de

Análises Clínicas.

Certificação: a empresa baseia-se na norma NBR ISO 9001, ISO

14001, etc.

2.5 Controle Estatístico de Processos (CEP)

486

O CEP tem como objetivo monitorar um produto ou serviço no processo de

produção, pois caso apresente problemas, seu procedimento será interrompido para

que as falhas sejam sanadas e o mesmo retorne a sua condição normal. É uma

importante ferramenta para controle da variação de processos, pois trata com precisão

os desvios que ocorrem no processo, fazendo com que seja atuado no momento certo

para corrigir os problemas apresentados. CEP possibilita o monitoramento das

características de interesse, assegurando que elas irão se manter dentro de limites

preestabelecidos e indicando quando devem ser tomadas ações de correção e

melhoria. Também objetiva aumentar a capacidade dos processos, reduzindo refugo

e retrabalho, e, por consequência, o custo da má qualidade. Assim, ele proporciona

às empresas a base para melhorar a qualidade de produtos e serviços e,

simultaneamente, reduzir substancialmente o custo da má qualidade.

O CEP estabelece:

Informação permanente sobre o comportamento do processo;

Utilização da informação para detectar e caracterizar as causas que

geram instabilidade no processo;

Indicação de ações para corrigir e prevenir as causas de instabilidade;

Informações para melhoria contínua do processo.

2.7 Diagrama de Ishikawa

Diagrama de Ishikawa, que também é conhecido como Espinha de Peixe e

Diagrama de Causa e Efeito, possuiu como objetivo apresentar a relação entre causa

487

e efeito. Existem seis tipos de categorias utilizada para classificar o problema. É usada

para efetuar o gerenciamento e o controle de qualidade dos processos.

Para estrutura-lo é necessário verificar claramente o problema (efeito), fazer

um brainstorming com a equipe para verificar a maior quantidade de causas que estão

ocasionando o problema.

A partir de um conceito 6M’s pode-se agrupar em categorias as causas dos

problemas que podem estar em um processo:

Meio ambiente – o problema está no ambiente externo ou interno. Exemplo a

poluição, falta de espaço, etc.

Material – o problema está no material que está sendo utilizado.

Mão de obra – o problema pode estar num ato errado do colaborador.

Método – o problema pode estar na forma de desenvolver o produto.

Máquina – o problema pode estar numa máquina utilizada no processo.

Medida – o problema pode estar numa medida que foi realizada.

FIGURA 1 - Diagramas de Ishikawa utilizando os 6M’s

3 METODOLOGIA

488

O presente artigo trata-se de um estudo de caso fictício, elaborado pelo grupo.

Mesmo sendo fictício se torna importante definir os conceitos do mesmo. Um estudo

de caso utiliza o método qualitativo, respondendo a questões onde o pesquisador não

possui controle sobre o objeto ou fenômeno de estudo. Este tipo de estudo contribui

para melhor compreender os processos políticos organizacionais, levando o

pesquisador a compreender os motivos para as tomadas de decisões. De acordo com

Martins (2008, p.80), o estudo de caso terá sua confiabilidade garantida, “através do

uso de várias fontes de evidencia, sendo que a significância dos achados terá mais

qualidade ainda se as técnicas forem distintas”.

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Analisamos uma empresa do ramo de alimentos a qual se destaca no país,

sendo a primeira em produção a base de proteína animal, representada por 25

unidades distribuídas na região sul e sudeste, possuindo uma receita de R$ 7 milhões

e margem operacional de 20% a.a. A unidade analisada está situada em Minas Gerais,

possuindo 12 anos de funcionamento no local.

4.1 Situação Atual

Em 12 anos de funcionamento esta unidade sofre com a mudança de gestores,

onde setores passam meses sem um supervisor, um exemplo é o setor de embalagem

secundária que passou 11 meses sem supervisão adequada.

Nesse período o responsável pela gestão era um líder da equipe e o mesmo se

preparava para ser o futuro supervisor, porém não obtinha o respeito total da equipe,

apenas da metade, enquanto a outra metade não aprovava seus métodos, mas

realizava o trabalho com receio de punição, não sentindo vontade de desempenhar

as atividades da melhor forma possível.

O gerente observou que o setor estava dividido e com o líder atual não

apresentando condições para assumir a supervisão, realizou a contratação de um

novo colaborador, sendo este novato na empresa e com uma excelente qualificação

profissional, porém, ao ser apresentado para a equipe, alguns funcionários olham com

reprovação e não dão atenção quando conversado com eles.

489

Após a apresentação do novo supervisor, o atual líder pede demissão,

sentindo-se desvalorizado com a chegada do novo chefe. No dia seguinte à empresa

se encontra sem um líder para auxiliar o supervisor, fazendo com que aumente o

processo de absenteísmo de 7% para 12%. Metade da equipe que ficava pela

proteção do antigo líder apresenta um comportamento inadequado e a outra metade

que era injustiçada não confiava que o atual supervisor fará algo diferente por eles.

Dos 120 funcionários, foi identificado que 24 são usuários de drogas e 04 procuraram

o atual gestor para pedir ajuda.

Ao verificar os maquinários foi identificado que as maquinas de prioridade “A”

não estão tendo manutenção preventiva e quase todas apresentam defeitos além de

seus operadores não ter o treinamento adequado para operá-las.

O estoque está falho e apresenta um alto número de embalagens que não são

mais utilizadas, isso eleva o valor imobilizado, esse fato interfere nos pedidos das

embalagens necessárias, pois o sistema não permite novas compras pelo volume

atual registrado. O Antigo líder monta um grupo na rede social e inclui os seus

funcionários como membros e diariamente posta comentários contra o novo líder e

tenta manipulá-los para que saiam da empresa.

4.2 Plan

O novo líder decide tomar decisões referente a problemática que vem

enfrentando desde o dia da entrada na empresa. Com isso decide usar a ferramenta

PDCA para manter a organização e o controle do estoque. Analisando os pontos

aparentes no início chegou à seguinte conclusão das causas dos problemas:

o Não tem líder no setor.

o A equipe está desmotivada.

o O absenteísmo sobe de 7% para 12%.

o O estoque das embalagens não funciona.

o Funcionários dependentes químicos na equipe.

Através desses pontos, elaborou o Diagrama de Ishikawa da seguinte forma:

490

A partir da elaboração do diagrama torna-se mais prático a montagem do

PDCA, pois já se sabe as causas bases dos problemas e tem-se uma maior dimensão

das causas e efeitos. Após este processo, foi criada a seguinte tabela de causas

prováveis, testes e resultados:

CAUSA

PROVÁVEL TESTE RESULTADO

FALTA DE

FEEDBACK

Verificar a

necessidade de

feedback trimestrais.

HIPÓTESE CONFIRMADA

Quando realizado o

primeiro feedback, observa-se a

desconfiança por parte dos

funcionários, além disso é um

questionamento de alguns que

dizem não obterem retorno de

seus questionamentos.

FALTA DE

CONHECIMENTO SOBRE

A POSSIBILIDADE DE

AJUDA POR PARTE DA

EMPRESA AOS

DEPENDENTES.

Buscar junto à

assistência social e

psicólogos ajuda e se os

outros querem ser

ajudados.

HIPÓTESE CONFIRMADA

Os funcionários que

pediram ajuda sentem-se

amparados, isso eleva sua

autoestima, fazendo com que os

outros também busquem apoio.

491

Isto, faz com que tenham

determinação de vencer o vício

em grupo.

INEXISTÊNCIA DE

PLANO DE CARREIRA.

Realizar durante o

feedback perguntas

como: Quais seus planos

futuros? Você está se

preparando para isso?

HIPÓTESE CONFIRMADA

Os primeiros qualificados

que tiveram oportunidade

inspiram os outros a buscarem

qualificação.

INEXISTENCIA DE

TREINAMENTO PARA

OPERADORES DE

MÁQUINA.

Verificar o tempo

de parada do

equipamento até a

chegada do manutentor.

HIPÓTESE CONFIRMADA

Na maioria dos casos o

manutentor está ocupado em

outro equipamento, sendo que a

máquina fica sem atendimento até

que ele termine o atendimento.

EQUIPE DIVIDIDA.

Verificar os

motivos que geram a

divisão da equipe.

HIPÓTESE CONFIRMADA

Com o antigo líder alguns

eram favorecidos e outros

injustiçados, gerando a desunião

entre a equipe.

4.3 DO e CHECK

Na etapa “DO” foram coletados os dados e analisados, gerando assim

relatórios de absenteísmo, de volume de estoque, controle de funcionários,

manutenção preventiva dos equipamentos, treinamento do colaborador e outros

dados, para colocar em práticas as melhorias já pensadas agregando a elas os custos,

duração e pessoas responsáveis.

Durante o “CHECK” é analisado se as questões vistas no “DO” estão saindo de

acordo com o planejado. Ou seja, se o trabalho ocorre de forma que esteja sendo bem

feito, se existe uma queda no absenteísmo, o funcionário se sente mais motivado, se

492

o treinamento segue sendo adequado para a função do colaborador, a manutenção

preventiva está em dia, o imobilizado encontra-se nos padrões adequados da fábrica,

se os funcionários que solicitaram auxilio por motivos de entorpecentes estão

seguindo com o tratamento, entre outros.

4.4 Act

Esta etapa serve para realizar uma verificação total do processo, procurar a

falha e corrigir os erros, que caso encontrados deveram constar em um novo ciclo de

PDCA.

Por mais que os processos adotados se tornem rotineiros, pode haver falhas,

pois, sempre precisamos estar cientes de que trabalhamos com humanos e é normal

que hajam diferenças nos produtos finais, mas precisamos ter o bom senso de que

estes fatos ocorrem e precisamos buscar melhorias de processos para que sejam

cada vez mais isolados.

5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Conseguimos por meio da ferramenta PDCA, resolver os problemas chave de

case da empresa Alfa do ramo alimentício, buscando alternativas para solucionar o

que à primeira vista nos parecia não haver formas de resolver.

Caso o case fosse real, provavelmente teríamos uma grande redução do

absenteísmo, pois seria investido na motivação do profissional através de cursos,

palestras e demonstrando o que a empresa tem a oferecer ao seu colaborador, o

estoque teria um maior controle além de ser verificada uma forma de dar baixa nas

embalagens que não mais seriam utilizadas.

Quanto aos colaboradores que utilizam entorpecentes, a empresa se

responsabilizaria em dar todos os encaminhamentos necessários (das funções que

compete a empresa) para auxilia-los na busca de tratamento.

De acordo com as pesquisas, os métodos adotados no ciclo são de extrema

confiança para obtenção de resultados positivos, porém por se tratar de um caso

fictício não podemos comprovar a teoria adotada, somente comprovando a qualidade

493

do ciclo de PDCA e de qual forma ele nos auxilia a encontrar o problema chave e

resolve-lo da forma mais prática possível, gerando menos custo para a empresa.

REFERÊNCIAS ANDRADE, Fabio Felippe de. O método de melhorias PDCA. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) - Escola Politécnica, University of São Paulo, São Paulo, 2003. doi: 10.11606/D.3.2003.tde-04092003-150859. Acesso em: 2016-09-21. CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni Escola de Engenharia da UFMG, 1996. MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisas no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 2, n. 2, p. 9-18, jan./abr. 2008. MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da Produção. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. OLIVEIRA, O. J. Gestão da qualidade na indústria da construção civil. 2001. 192p. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2001. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Editora Atlas, 1996. SLACK, Nigel. Administração de Produção. São Paulo: Atlas, 2002. SOUZA, R. Metodologia para desenvolvimento e implantação de sistemas de gestão da qualidade em empresas construtoras de pequeno e médio porte. 1997, 387p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo 1997.

494

RELATO DE EXPERIÊNCIA: PDCA - Estudo de Caso Assumindo Um Novo Setor

Evandro Remus26

Elizandra de Siqueira27

RESUMO Este é um relatório de experiência que tem o objetivo de descrever a utilização do método PDCA em um estudo de caso de uma empresa que apresenta uma série de problemas internos de gestão. Nesta análise de caso foi utilizado o método PDCA através das ferramentas Brainstorming, Diagrama de Ishikawa, Matriz de Priorização e Plano de Ação cujos conceitos estão relatados de forma a facilitar o seu entendimento na forma e sequencia de utilização destas principais ferramentas que compõem este método que tem como foco principal a melhoria contínua. Estão representados através de gráficos e imagens a priorização dos problemas, a associação do Brainstorming (Tempestade de Ideias) ao Diagrama de Ishikawa, a elaboração de uma matriz genérica de priorização e elaboração de um plano de ação através dos resultados obtidos através da matriz de priorização. Palavras-chave: PDCA. Brainstorming. Ishikawa. Matriz de Priorização.

1 INTRODUÇÃO

Este relatório de experiência vem apresentar uma análise de caso de uma

situação identificada em uma empresa através do uso de ferramentas de gestão. Com

o objetivo de identificar, quantificar e propor um plano de ação para correção destes

problemas serão utilizadas algumas ferramentas de gestão que podem ser utilizadas

tanto em pequenas como em grandes empresas em quaisquer áreas de atuação.

A empresa em estudo faz parte do segmento de alimentos que se destaca no

cenário nacional, é a primeira no país em produção a base de proteína animal. Sua

receita operacional no último ano foi de R$ 7 milhões e Margem Operacional de 20%.

A empresa é representada por 25 unidades nas regiões sul e sudeste do Brasil.

A Unidade localizada em Minas Gerais tem 12 anos de funcionamento e desde

sua inauguração sofre com a constante mudança de gestores, o setor de maior

26 Acadêmico do segundo semestre de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail. [email protected] 27 Docente do Curso de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Doutora em Educação. Orientadora do Trabalho. E-mail. [email protected]

495

problema é o de embalagem secundária, o mesmo estava sem supervisor há mais de

11 meses e quem vinha fazendo a gestão da equipe era um líder de mais de cinco

anos de empresa e que se preparava para ser supervisor, o mesmo tinha o domínio

do processo e era aceito por metade da equipe, a outra metade que não aprovava,

fazia o trabalho com receio de ser punida, mas não sentia motivação para

desempenhar suas atividades.

O gerente da unidade vendo que o setor está dividido ao meio e que o líder

atual não apresenta condições de assumir a supervisão resolve então nomear um

supervisor da área que tem um ótimo resultado com gestão de pessoas. Ao ser

apresentado para a equipe o supervisor nomeado percebe que alguns funcionários

olham com reprovação e não dão muita atenção a conversa iniciada com eles.

Após a apresentação do novo supervisor o atual líder pede desligamento, pois

se sente desvalorizado com a sua chegada. Nos dias seguintes o supervisor está sem

um líder lhe dar auxilio, não tem intimidade com o processo e o absenteísmo do setor

sobe de 7% para 12%. A metade da equipe que era protegida pelo antigo líder

apresenta comportamento inadequado e a outra metade que era injustiçada não

confia que será feito algo diferente por eles.

Dos 120 funcionários do setor são identificados 24 como usuários de drogas e

4 deles procuraram o novo supervisor para pedir ajuda.

A situação apresenta-se muito complicada com as pessoas e ao se verificar os

equipamentos, e identificado que para todas as máquinas de prioridade “A” não está

sendo executada nenhuma manutenção preventiva e quase todas apresentam

defeitos e seus operadores não tem o treinamento para operá-las.

O estoque está falho e apresenta um alto número de embalagens que não são

mais utilizadas e isso eleva o valor imobilizado, esse fato interfere nos pedidos das

embalagens necessárias, pois o sistema não permite novas compras pelo volume

atual registrado.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 PDCA

496

Desde os primeiros anos do século passado, as organizações industriais já

conheciam os três processos da produção em massa: especificação, produção e

inspeção. Ishikawa (1986) relembra que Taylor recomendava o plan-do-see (planeje,

execute e veja) como referência para o planejamento das etapas básicas de um

processo produtivo. Esses processos se encadeiam numa sequência linear simples,

aberta e representavam a estrutura de funcionamento das indústrias daquela época

(Figura 1).

FIGURA 1 - Conceito de controle de Taylor e os três processos de produção em massa. Fonte: Moen e Norman (2007).

Um pouco adiante, no final da década de 30, o norte-americano Walter A.

Shewhart, em sua obra intitulada Statistical method from the viewpoint of quality

control propõe o modelo de produção visto como um sistema, que representa os

mesmos passos, porém de forma cíclica (Figura 2). Shewhart argumenta que esses

três passos devem fazer um círculo ao invés de uma linha reta, pois eles constituem

um “processo científico dinâmico de aquisição de conhecimento”. Essa pequena

modificação transformou o modelo de ciclo aberto para um ciclo fechado, em que os

resultados obtidos numa passagem são considerados no planejamento da próxima

passagem. Isso realimenta o processo e permite que ele seja aprimorado pela análise

dos erros e problemas das etapas anteriores. Esse modelo, denominado ciclo de

Shewhart, é levado por Deming ao Japão em 1950.

497

FIGURA 2 - Ciclo de Shewhart de 1939. Fonte: Moen e Norman (2007).

Em 1951, o ciclo de Shewhart ganhou mais dois passos passando a

compreender: (a) o desenho do produto; (b) produzi-lo testando na linha de produção

e no laboratório; (c) colocar no mercado; (d) testar no mercado por meio de pesquisas;

(e) redesenhar o produto à luz da reação dos consumidores e continuar girando o ciclo

(Figura 3).

FIGURA 3 - Ciclo de Shewhart para desenvolvimento de produto. Fonte: Moen e Norman (2007).

Shewhart percebeu que seu modelo também é aplicável para processos

repetitivos de melhoria, substituindo as etapas de desenvolvimento e comercialização

de produtos por atividades de planejamento e análise de melhorias, mantendo o

caráter cíclico (Figura 4).

FIGURA 4 - Ciclo de Shewhart para processos repetitivos. Fonte: Moen e Norman (2007).

Após sua introdução no Japão, o primeiro ciclo de Shewhart foi muito bem

aceito, mas sua ideia original foi alvo de objeções. Ishikawa logo concluiu que o plan-

do-see não era adequado para o povo japonês pois, a seu ver, o significado do verbo

see – ver, olhar “propicia a atitude passiva de apenas se manter em expectativa”.

498

Deming explicou aos japoneses que a interpretação correta do verbo see não é

apenas ver ou revisar, mas sim tomar uma ação, ou take action em inglês. Como essa

ideia lhes pareceram mais consistente, os japoneses rapidamente incorporaram action

ao modelo, omitindo take, conforme relembra o Dr. Noriaki Kano, autor deste relato.

Assim, o modelo adotado no Japão passou a ser o plan-do-check-action, que é o

PDCA conhecido nos dias de hoje (Figura 5). Em português, essas etapas podem ser

traduzidas como planejar-executar-verificar-agir.

FIGURA 5 - Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão. Fonte: Hosotani (1992)

Esse modelo passou ainda por novos desdobramentos. Na década de 80,

Deming criou o modelo plan, do study, action – PDSA – e defende a ideia de que o

ciclo de Shewhart pode ser utilizado por qualquer pessoa na organização, não apenas

em ambiente industrial. Deming preferia o ciclo PDSA, pois ele incorporaria melhor a

ideia original de Shewhart. Embora seja bastante popular nos Estados Unidos, essa

ideia nunca pegou no Japão, pois para eles o verbo study, estudar em português, é

uma diretriz que não foi bem compreendida, sendo até considerada como “uma ordem

pouco significativa”.

Mais ou menos na mesma época, Ishikawa desdobra o PDCA em seis etapas,

subdividindo o P – Plan e o D – Do em duas novas etapas cada uma. A etapa de

Planejamento – P – é decomposta nas atividades de definir objetivos e metas e

estabelecer os meios que possibilitarão o cumprimento da meta. Já a etapa de

Execução – D – é decomposta nas atividades de efetuar educação e treinamento e

realizar as tarefas.

Embora o PDCA seja bastante utilizado e referenciado na literatura, é possível

observar que ele é, ora chamado de conceito, ora de modelo, ora de método, ora de

técnica.

499

Os modelos são padrões criados, a partir de algum critério restritivo, para

representar ou desenvolver algum processo ou atividade. São representações

simbólicas com um propósito claro, mas que, ao construí-lo, se reconhece, ao mesmo

tempo, que há uma limitação. Como o PDCA não é restritivo, mas uma ideia ampla

sob o qual métodos específicos podem ser criados, então ele não se enquadra na

definição de modelo.

Já as técnicas são ferramentas ou artifícios para a consecução de um propósito

parcial e temporário que faz parte de um caminho para um objetivo mais amplo.

A técnica se refere à prática direta e, por isso não serviria como inspiração para

a construção de ideias mais abrangentes.

Os métodos, por sua vez, possuem várias definições segundo a ótica utilizada.

Uma denominação geral e aceita de método é aquela que define como um

procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma

coisa, seja material ou conceitual. Essa definição não se enquadra no PDCA, pois ele

tem uma natureza mais abstrata, não tem um propósito específico, mas comum, e não

se destina a obtenção de resultados comuns por meio de repetição.

Assim, embora essa seja uma discussão meramente epistemológica, é

incorreto denominar do PDCA de método, pois se trata de um conceito sobre os quais

os métodos e modelos são derivados.

500

FIGURA 6 – Apresentação do Método PDCA e suas respectivas fases.

2.2 Brainstorming

A ferramenta Brainstorming (Tempestade de ideias), é empregado em reuniões

nas quais as pessoas têm liberdade total de expor suas ideias, sem se preocuparem

com os outros, dos quais recebem ou não influências. Segundo Godoy (1998, p.9),

brainstorming é uma dinâmica de grupo em que as pessoas, de forma organizada e

com oportunidades iguais, fazem um grande esforço mental para opinar sobre

determinado assunto. É também uma técnica utilizada na fase de planejamento do

ciclo PDCA.

O brainstorming apresenta características e premissas para os resultados

aparecerem, tais como: capacidade de auto expressão; livre de inibições ou

preconceitos da própria pessoa ou de qualquer outro do grupo; criatividade;

capacidade de aceitar e conviver com diferenças conceituais e multidisciplinares;

ausência de julgamento prévio; anotações das ideias e manifestações ocorridas;

capacidade de síntese; delimitação de tempo individual e coletivo; e os membros da

equipe não são distinguíveis por cargo, autoridade ou qualquer outro tipo de papel que

exerçam na organização.

De acordo com Godoy (1998), recomenda-se a realização do brainstorming em

quatro etapas:

1º Explicação da meta ou problema: onde se reúne a equipe que tenha

conhecimento sobre o problema e possam contribuir para sua solução. Solicita os

colaboradores que pensem sobre os fatores que influenciam o problema e suas

possíveis causas.

2º Determinação das causas: a equipe apontará as causas que provocam as

características mais importantes do problema. É necessário refletir sobre as causas

para hierarquizá-las.

3º Determinação das causas mais importantes: os colaboradores determinaram

as causas mais importantes entre todas as listadas. Pode-se utilizar alguma forma de

ponderação para facilitar na hierarquização das causas.

4º Determinação das contramedidas relativas às causas mais importantes/

Plano de ação: São determinadas as contramedidas para atacar as causas mais

importantes e suas análises segundo a aplicabilidade.

501

A prática do Brainstorming produz excelentes resultados, uma vez que as

pessoas que convivem numa determinada empresa conhecem como ninguém as

causas de um determinado problema e, consequentemente, estarão aptas a apontar

as ações para atacá-las. Além disto, esta técnica possui um excelente mecanismo de

educação e treinamento, que possibilita o envolvimento pleno das pessoas,

procurando entender o problema, as suas causas e as contramedidas para atacá-las.

2.3 Diagrama de Ishikawa

Para relacionar as causas e os possíveis efeitos, utiliza-se o Diagrama de

Ishikawa, Espinha de Peixe ou Diagrama de Causa e Efeito. É uma representação

gráfica que permite estabelecer, após uma análise criteriosa, quais são as causas que

fazem com que o efeito ocorra. De acordo com Silva (1996, p. 229), este Diagrama é

uma ferramenta para organizar o pensamento, esclarecendo a confusão usual entre

o que é causa e o que é efeito, além de criar uma distinção útil para definir a verdadeira

causa de um problema. É um diagrama que pretende mostrar a relação entre uma

característica da qualidade e seus diversos fatores determinantes.

Aplica-se o diagrama quando o efeito de um processo é problemático, isto é,

quando o processo não gera o efeito desejado. A vantagem apresentada nesta

ferramenta é a possibilidade de desdobramento e ramificação das causas até chegar

àquela que é a origem do problema.

O diagrama é de fácil representação e construção, a grande linha horizontal

representa o efeito ou meta/ problema, as linhas inclinadas que partem da linha

principal, são consideradas as causas do problema (Figura 7). Sua construção pode

assumir formas variadas, dependendo de grau de detalhe que se queira imprimir ao

levantamento e ao registro dos dados a respeito de uma certa atividade. Deve-se

definir claramente o problema e seu histórico, e levantar as causas por meio do

brainstorming. A análise permite definir prioridades das causas e as necessidades que

a empresa deve seguir para alcançar o resultado desejado.

502

FIGURA 7 – Apresentação de Diagrama de Ishikawa.

2.4 Matriz de Priorização

A matriz de priorização mais conhecida é a Matriz GUT (Figura 8), considerada

uma ferramenta de gestão para identificar, observar, analisar e buscar soluções para

os problemas e desafios em uma organização. Esta matriz estabelece a priorização

baseada nos fatores de Gravidade, Urgência e Tendência e consiste em uma tabela

de pontuação, onde pode-se visualizar facilmente quais itens tem maior prioridade em

relação aos demais.

A Matriz de Prioridade é uma ferramenta utilizada para selecionar os problemas

ou causas que apresentam maior prioridade, diante das condições próprias,

customizadas e da especificidade do processo. É utilizada na priorização das

estratégias, tomadas de decisão e solução de problemas de organizações e projetos.

Cada critério deverá ser conceituado de forma própria e de acordo com as

características do processo e da realidade da empresa, como: gravidade diante do

objetivo final (G); urgência para diminuir o problema diante das condições estruturais,

operacionais e financeiras (U); tendência de ocorrer o problema diante das condições

estruturais e operacionais (T).

O resultado apresentado pela matriz GUT tem como objetivo apontar as

prioridades, orientando a organização para as ações a serem tomadas em prol

da melhoria dos processos.

503

FIGURA 8 - Representação de uma matriz de GUT.

2.5 Matriz Genérica de Priorização

As ferramentas apresentadas possuem variáveis pré-definidas que determinam

a prioridade. Porém, todas partem do princípio que a priorização de problemas parte

da percepção de valor para o time, isto é, os problemas a serem resolvidos por

primeiro devem agregar valor para o time e/ou para o projeto. Isso significa melhorar

o processo de trabalho e a qualidade das entregas.

Times Scrum são, por essência, auto organizáveis. Sendo assim, os times

podem definir variáveis, valores ou critérios de priorização diferentes das

apresentadas nesse trabalho. O time tem autonomia para definir seus critérios de

priorização, podendo este ser único, duplo ou múltiplo. Sendo único, a análise de uma

variável apenas define a priorização. Como duplo, uma matriz cartesiana semelhante

as “Importância x Urgência” e “Esforço x Benefício”, deve ser adotada. A partir de três

critérios, a sistemática da matriz GUT pode ser atualizada.

3 METODOLOGIA

A atividade foi realizada na Faculdade La Salle, a partir de uma simulação de

aplicação do PDCA em uma empresa fictícia.

504

O relato de experiência é classificado como descritivo e caracteriza-se por ser

de caráter qualitativo que, segundo o entendimento de Malhotra (2001), proporciona

insights valiosos, que permitem alcançar uma compreensão qualitativa das razões e

motivações subjacentes ao problema proposto.

A proposição da empresa foi feita na disciplina de Gestão da Qualidade do

Curso de Gestão da Produção Industrial, a partir da relevância exercida pela mesma

em seu setor de atuação. A Empresa pertence ao ramo alimentício.

O presente relato tem como objetivo descrever a aplicação prática da técnica

do PDCA em uma situação real de busca de melhoria de processo que visa apresentar

toda a sequência de implantação e os resultados obtidos dentro da Empresa Alfa que

é de segmentos no ramo alimentício, Unidade localizada em Minas Gerias (MG);

visando alcançar os objetivos delineados no presente estudo, a coleta de dados

contemplou a descrição da metodologia que compõe a etapa do Planejamento (PLAN)

do ciclo PDCA, constando das fases propostas por Campos (2004), apresentadas na

Figura 9.

Fases Etapa Plan

Planejamento do

ciclo PDCA

Identificação do

Problema

Problema

Observação

Análise

Plano de Ação

+

+

+

Escolha de Problema

História do Problema

Mostrar Perdas Atuais e

Ganhos Viáveis

Ganhos viáveis

gganhos vi

Análise do Problema

FIGURA 9 - Fases Etapas Plan utilizadas no presente estudo

505

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

O estudo de caso proposto mostra problemas comuns encontrados dentro das

empresas e ambientes de trabalho, são muitos os fatores que podem interferir nos

processos ocasionando perdas de rendimentos, de produção, absenteísmo, turnover,

desmotivação entre outros problemas.

Na primeira parte do trabalho montou-se uma equipe que a partir do estudo do

caso proposto identificou e quantificou os problemas relacionados ao setor de

embalagens de empresa; problemas de manutenção, operadores sem treinamento,

rejeição dos funcionários ao novo supervisor, estoque obsoleto de embalagens,

problemas com colaboradores usuários de drogas e absenteísmo (Figura 9).

Os problemas identificados foram quantificados e apresentados através de um

gráfico e através desta quantificação definiu-se quais os problemas seriam priorizados

para o desenvolvimento do PDCA.

Também através deste foram definidas as primeiras metas propostas como

resultado a ser buscado ao término do trabalho.

506

FIGURA 10 – Quantificação dos problemas identificados no estudo de caso.

Como sequência do trabalho depois de identificados e priorizados os problemas

e propostas as metas a serem atingidas foram relacionadas às possíveis causas,

utilizando-se a ferramenta Brainstorming onde a equipe de análise através de sua

experiência na empresa ou adquiridos em outras experiências ou estudos levantou

todas as hipóteses possíveis como causas prováveis. Estas prováveis causas foram

relacionadas em grupos através do Diagrama de Ishikawa (Figura 10) para que

fossem apresentadas e posteriormente fossem analisadas através de uma matriz de

priorização.

FIGURA 11 - Diagrama de Ishikawa utilizado para um dos problemas identificados.

Seguindo os conceitos de elaboração de uma matriz genérica de priorização foi

elaborada uma matriz onde para cada possível causa dos problemas relatados os

membros da equipe de trabalho atribuíram uma nota conforme sua própria avaliação

do problema, notas que variavam de 1 a 5, menor valor para causas consideradas

5 5 5 5 5 5 6 6 6

100,00 100,00 50,00 30,00 24,00 12,00 0,50 0,70 0,00

PO 2016 15 20 10 5 4 4 1 1 0

PO 2017 5 0 2 1 0 1 0,5 0,5 0

TURNOVERRECLAMA

ÇÕESACA

ALFA OPERADORES

SEM

TREINAMENTO

REJEIÇÃO DOS

FUNCIONÁRIOS

EQUIPAMENTOS SEM

PLANO DE

MANUTENÇÃO

ESTOQUE

OBSOLETO

USUARIOS DE

DROGASABSENTEÍSMO

Método Maquina Medição

13 14 15

7 8 9

1 2 3

4 5 6

10 11 12

16 17 18

Meio Ambiente Mão Obra Materia Prima

Causas Prováveis

FALHA NO FLUXO DE

TREINAMENTO PARA

FUNÇÃO

LOCAL PARA REALIZAR O

TREINAMENTO

ALTO CUSTO PARA

REALIZAR TREINAMENTO

Problema

MÁQUINAS COM

PROBLEMAS POR FALTA DE

MANUTEÇÃO PREVENTIVA

FALTA DE PESSOAS PARA

REALIZAR TREINAMENTO

RISCO DE ACIDENTE

TREINAMENTO EXISTENTE

NÃO ADEQUADO PARA A

FUNÇÃO

OPERADORES SEM

TREINAMENTO

507

menos importantes e maior valor para causas consideradas mais importantes (Figura

12).

FIGURA 12 – Matriz elaborada para priorização das causas de um dos problemas identificados.

Após a análise individual de cada membro da equipe de trabalho, o resultado

da soma da pontuação obtida para cada hipótese determinou a sequência em que

estas causas deveriam ser tratadas.

A partir dos problemas identificados, as causas identificadas e priorizadas

iniciam-se então a segunda fase do ciclo PDCA onde são propostas e executadas as

ações para correção destas falhas através da elaboração do plano de ações; O que

fazer, quem vai fazer, qual o prazo de execução e quanto cada ação vai custar (Figura

13).

FIGURA 13 – Exemplo do plano de ação elaborado para correção dos problemas.

Causa Influente ADRIANO PAULO DEBORA NATAN WANDO Total

1 FALHA NO FLUXO DE TREINAMENTO PARA FUNÇÃO5 5 5 3 5 23

2MÁQUINAS COM PROBLEMAS POR FALTA DE

MANUTEÇÃO PREVENTIVA 1 1 1 1 1 5

3 FALTA DE PESSOAS PARA REALIZAR TREINAMENTO3 3 5 3 3 17

4 LOCAL PARA REALIZAR O TREINAMENTO1 1 1 1 1 5

5 ALTO CUSTO PARA REALIZAR TREINAMENTO1 1 1 1 1 5

7TREINAMENTO EXISTENTE NÃO ADEQUADO PARA A

FUNÇÃO

5 5 3 3 5 21

TOTAL 6 16 16 16 12 16 76

Notas 5 2 2 2 0 2

Notas 3 1 1 1 3 1

Notas 1 3 3 3 3 3

Total 6 6 6 6 6

PARTICIPANTES

OPERADORES SEM

TREINAMENTO

UP / Gerência O quê Quem Quando Impacto R$ ou TPA

MG/ALFA

IDENTIFICAR TODOS OS OPERADORES

DE MAQUINA SUA FUNÇÃO E FICHAS DE

TREINAMENTO

DEBORA

(SESMT)31/08/2016 0

MG/ALFAELABORAR/ADEQUAR MATERIAL PARA

TREINAMENTO DE OPERADORES

PAULO

MANUTENÇAO30/09/2016 o

MG/ALFA

ELABORAR CRONOGRAMA PARA

TREINAMENTO DOS OPERADORES NÃO

TREINADOS PARA A FUNÇÃO

DEBORA

(SESMT)30/09/2016 o

MG/ALFA

APLICAR TREINAMENTO DE

OPERADORES CONFORME CRONOGRAMA

ELABORADO

PAULO

MANUTENÇAO30/12/2016 o

508

A próxima fase do ciclo PDCA é a Checagem, é o estágio do ciclo PDCA onde

são identificadas possíveis brechas no projeto. As metas alcançadas e resultados

obtidos são mensurados através dos dados coletados e do mapeamento de

processos ao final da execução do plano de ação. A checagem pode e deve ser feita

de duas maneiras: paralelamente à execução, de modo a ter certeza que o trabalho

está sendo bem feito, e ao final dela, para uma análise estatística mais abrangente

que permita os ajustes e acertos necessários.

A última etapa do ciclo é a ação onde os bons resultados obtidos são

padronizados e também são aplicadas ações corretivas de modo a estar sempre e

continuamente aperfeiçoando o projeto. É simultaneamente fim e começo, pois após

uma minuciosa apuração do que tenha causado erros anteriores, todo o ciclo PDCA

é refeito com novas diretrizes e parâmetros.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No atual universo corporativo, onde predomina a competitividade e a excelência

faz a diferença, as empresas cada vez mais buscam meios de aperfeiçoarem seus

processos para poderem reduzir custos, ampliar lucros e aumentar a satisfação de

seus clientes.

Neste contexto o planejamento estratégico é uma obrigação, e para executá-lo

com eficácia e de forma contínua, para isto os gestores podem utilizar esta excelente

metodologia conhecida como ciclo PDCA.

A primeira análise do problema do case proposto mostra uma série de

dificuldades que dão a impressão de um problema de dimensões gigantescas, mas,

ao se iniciar uma análise mais detalhada observa-se que na sua grande maioria os

problemas são causados por uma série de combinações de outros problemas de

menor dimensão que acabam evoluindo para outros problemas maiores e estes sim

causam grandes prejuízos às empresas.

O conceito do ciclo PDCA é exatamente identificar cada um desses problemas

e cada vez mais evoluir nas suas tratativas a cada vez que o ciclo se repete. Para

cada ciclo que se repete novos problemas são identificados, outras metas são

definidas e novas ações tomadas levam as empresas a atingir o máximo de sua

eficiência com o mínimo de custos possíveis para entrega do seu produto final. Um

509

método simples de ser utilizado pelos gestores, onde toda equipe de trabalho pode

ser envolvida e onde podem ser aproveitadas todas as experiências e ideias dos

colaboradores que participam do projeto.

REFERÊNCIAS PDCA http://www.qualypro.com.br/artigos/pdca-origem-conceitos-e-variantes-dessa-ideia-de-70-anos (Acessado em 21/09/2016: 16:56) Matriz de Priorização http://www.blogdaqualidade.com.br/matriz-de-prioridade/(Acessado em 21/09/2016: 17:25) Matriz de Priorização http://www.arrudaconsult.com.br/2015/02/matriz-de-priorizacao-ceb-aprenda-usar.html / (Acessado em 21/09/2016: 17:36) ANDER-EGG, Ezequiel. Introdución a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7 ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. DEMING, William Edwards. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques-Saraiva, 1990. EDGAR, Andrew; SEDGWICK, Peter. Teoria cultural de A a Z: conceitos chave para entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003. FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. Rumo a Excelência e Compromisso com a Excelência. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2007. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de A. Metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004.