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Linha de Pesquisa: 2ª Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentabilidade
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DE LUCAS DO RIO VERDE – MT......................................................280
A IMPORTÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UM CONFINAMENTO DE
GADO DE CORTE....................................................................................................300
ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA EMPRESA BOA ESPERANÇA
AGPECUÁRIA..........................................................................................................321
ANÁLISE DE CRÉDITO: Um estudo de caso em uma cooperativa de crédito
regional.....................................................................................................................341
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Uma análise na distribuição após a
privatização da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A........................366
FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA APLICAÇÃO TÉCNICA DO PDCA..............387
LIDERANÇA E RETENÇÃO DE TALENTOS X DESEVOLVIMENTO ECONÔMICO:
Um estudo de caso..................................................................................................401
O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DO
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE.............................................................................424
OS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO EXISTENTES NO BRASIL: Uma análise
documental...............................................................................................................438
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA VISÃO DA CLASSE CONTÁBIL DO MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE.....................................................................................463
RELATO DE EXPERIÊNCIA: Case assumindo um novo setor.................................480
RELATO DE EXPERIÊNCIA: PDCA - Estudo de caso assumindo um novo setor....494
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A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DE LUCAS DO RIO VERDE – MT
Carla de Oliveira1
Marisa Claudia Jacometo Durante 2
RESUMO O planejamento financeiro é uma atividade essencial na administração empresarial. Entretanto pesquisas de multigestão empresarial apontam que as micro e pequenas empresas não estão habituadas a planejar. Desse modo, esse estudo tem como objetivo identificar a percepção das pequenas empresas de Lucas do Rio Verde – MT sobre o planejamento financeiro, buscando analisar o grau de conhecimento dessa ferramenta pelos pequenos empresários e se eles fazem o uso dela. Para isso foram aplicados questionários em 10 micro e pequenos negócios da cidade, também foi realizado um levantamento bibliográfico em livros e revistas que abordam o tema, assim como consultas eletrônicas em diversos sites nacionais como SEBRAE, IBGE, CAGED, Empresômetro, dentre outros. O artigo identifica que alguns pequenos empresários sabem da importância do planejamento financeiro para a empresa, porém, não fazem o uso em seus estabelecimentos. Baseado nesses dados, a pesquisa mostra os benefícios de ter planejamento no negócio, contribuindo com o desenvolvimento perante às diversas mudanças no cenário econômico. Palavras-chave: Administração Financeira. Planejamento Financeiro. MPEs.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil nove de cada dez empresas são classificadas como Micro ou Pequenas
(MPEs), juntas às MPEs absorvem grande parte da mão de obra nacional, inclusive
aquelas que têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, como é o caso
dos jovens à procura do primeiro emprego.
Com o cenário econômico desfavorável, abalado por inúmeras crises, sobreviver no
mercado requer estratégias ousadas e um ótimo planejamento empresarial. Diante
1 Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica de Negócios e Finanças Corporativas, na Faculdade La Salle, 2016. 2 Doutora em Educação. Professora Orientadora do artigo. E-mail [email protected]
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disto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a percepção das pequenas
empresas de Lucas do Rio Verde - MT sobre o planejamento financeiro, buscando
identificar o grau de conhecimento dessa ferramenta pelos pequenos empresários, e
se eles fazem o uso dela em seus estabelecimentos comerciais, haja vista que é de
suma importância para o crescimento da empresa.
Em Mato Grosso, segundo dados da RAIS 2010 (Relação Anual de Informações
Sociais), são 100.155 MPEs em atividade sendo 2.182 localizadas na cidade de Lucas
do Rio Verde. No estado as MPEs já são maioria e estão concentradas principalmente
no sul do estado, na região da capital Cuiabá. Os setores mais comuns são: o
comércio, com aproximadamente 57 mil estabelecimentos, e o de serviços, com pouco
mais de 27 mil empresas. No município de Lucas do Rio Verde são quase 1200 MPEs
no segmento de comércio e 602 MPEs prestadoras de serviço (RAIS, 2010).
O município de Lucas do Rio Verde está localizado na região norte de Mato Grosso e
sua distância da capital do estado é de 350 km. Ocupa o 5º lugar no ranking da
economia no estado com uma receita total de quase R$ 94 milhões de reais no ano
de 2012. Sua economia gira em torno do agronegócio, a agricultura é a base
econômica do município que hoje é responsável por 1% da produção brasileira de
grãos. Os principais produtos agrícolas cultivados são: soja, milho e o algodão. O
município é reconhecido nacionalmente por ter um dos melhores IDHs (Índice de
Desenvolvimento Humano) do país.
Hoje o mercado apresenta um elevado nível de competitividade e as empresas devem
adaptar-se às novas regras de competição, sendo assim as estratégias ganham
destaque nas organizações independente do seu porte ou tamanho. Dentro desses
temos o planejamento financeiro, atividade essencial na administração empresarial.
Planejar é estabelecer com antecedência o caminho e as ações que as empresas
necessitam para alcançar seus objetivos, dentre os quais um dos principais é o
crescimento.
É cada vez maior a participação das MPEs na economia nacional, elas já são
responsáveis por um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de acordo com
uma pesquisa divulgada pelo SEBRAE em 2007 a maior causa de mortalidade dessas
empresas no Brasil é a falta de planejamento. Sendo assim a escolha deste tema
partiu da necessidade de conhecer qual o entendimento das pequenas empresas
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sobre o planejamento financeiro, fator essencial para a sobrevivência e o
fortalecimento no mercado.
Sabe - se que o planejamento financeiro é uma ferramenta importante na
administração financeira, nas MPEs recém-criadas é constante a má administração
dos recursos financeiros. Pois os pequenos empreendedores não estão habituados a
planejar e separar as despesas pessoais das contas da empresa prejudicando o
pequeno negócio em razão de geralmente não possuírem grandes reservas de capital.
Porém só planejar não é suficiente é preciso acompanhar o processo e focar nos
resultados, esse estudo visa expor de forma simples o poder do planejamento para os
pequenos empresários.
O presente trabalho está organizado em 4 seções, incluindo a presente introdução.
Na próxima seção será apresentada uma revisão da literatura sobre o tema abordado
evidenciando o planejamento e as microempresas e empresas de pequeno porte, com
a exposição de algumas ferramentas de controle financeiro. Na terceira seção a
metodologia da pesquisa e os resultados obtidos. Na ultima seção são apresentadas
as Considerações Finais e as Referências Bibliográficas utilizadas nesse estudo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
As microempresas e empresas de pequeno porte (MPEs) são definidas na legislação
nacional conforme sua receita bruta anual. O artigo 3º, incisos I e II da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, Lei que instituí o Estatuto Nacional
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecida como Lei
Geral das MPEs, classifica os pequenos negócios da maneira a seguir: microempresa
deve ter receita bruta em cada ano-calendário igual ou inferior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais); empresa de pequeno porte deve ter receita bruta em
cada ano-calendário superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual
ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
Já o enquadramento de MPEs utilizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) se refere à quantidade de pessoas ocupadas (empregados), e leva em conta
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a diferenciação entre segmentos de comércio e indústria para suas pesquisas e
estatísticas. As microempresas do segmento industrial devem ter até 19 pessoas
ocupadas e no segmento de comércio e serviços, até 9 pessoas ocupadas. Já as
pequenas empresas do segmento industrial devem ter de 20 até 99 pessoas
ocupadas, enquanto que no segmento de comércio e serviços, estas devem ter entre
10 e 49 pessoas ocupadas (SEBRAE, 2015).
O SEBRAE é uma entidade privada sem fins lucrativos e de utilidade pública que foi
criada para dar apoio aos pequenos negócios no Brasil, trabalhando a fim de estimular
o empreendimento das MPEs. Uma de suas atividades é a promoção de orientações
para que as empresas desempenhem corretamente seu papel e alcance seus
objetivos. O SEBRAE é um importante parceiro dos pequenos empreendedores
brasileiros, pois oferece suporte à vários temas de gestão, abrangendo desde o
empresário que planeja abrir seu próprio negócio até aqueles que já estão a muitos
anos no mercado (SEBRAE, 2015).
As MPEs são fundamentais, pois tem uma importante contribuição para o
desenvolvimento e o crescimento econômico do Brasil, em razão de serem fontes de
geração de postos de trabalho e renda, melhorando as condições de vida da
população (TERENCE, 2002).
Concentram mão de obra de uma grande parcela de pessoas que em geral possuem
pouca ou nenhuma experiência profissional, ocasionando maior dificuldade de
inserção no mercado de trabalho, pois não encontram empregos nas empresas de
maior porte.
Conforme descreve o Portal Brasil (2012), a contribuição das MPEs é reconhecida
principalmente na capilaridade que estes negócios propiciam e na absorção de mão
de obra, inclusive aquela com maior dificuldade de inserção no mercado, como jovens
em busca do primeiro emprego e as pessoas com mais de 40 anos.
Segundo dados disponibilizados pelo Empresômetro (2015), no Brasil existem pouco
mais de 16 milhões de empresas e as MPEs correspondem a 93,2% das empresas
ativas no país.
Na economia brasileira, os micros e pequenos negócios já são os principais geradores
de riqueza no segmento de comércio no Brasil, sendo responsável por 53,4% do PIB
desde setor. No PIB da indústria, a participação das micro e pequenas é de
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aproximadamente 22%. Já no setor de Serviços, mais de um terço da produção
nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios (SEBRAE, 2014).
Juntas, as MPEs são decisivas para a economia nacional, pois somam 52% dos
empregos com carteira assinada, o que corresponde a 40% dos salários pagos
(SEBRAE MT, 2014).
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED,
2013), disponibilizado pelo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no ano de 2012
as MPEs geraram pouco mais de 900 mil novos empregos formais celetistas no país,
enquanto que em 2013 houve uma retração, com a criação de aproximadamente 840
mil novas vagas, ou seja, uma redução de 6,7% novos postos de trabalho. Porém, é
um excelente número se for comparado com o resultado das médias e grandes
empresas, juntas essas obtiveram um saldo negativo de pouco mais de 126 mil vagas
de trabalho, ou seja, o número de demissões foi maior que o de contratações.
Em 2012 no Mato Grosso as micro e pequenas empresas foram responsáveis pela
criação de 17 mil novos postos de trabalho. No ano de 2013 houve uma redução nas
admissões ficando com o saldo de aproximadamente 11 mil novas vagas de trabalho.
As médias e grandes empresas obtiveram um saldo liquido de pouco mais de 2 mil
novas contratações no estado (CAGED, 2013).
Conforme o empresômetro (2015), no Brasil nove de cada dez empresas são micro
ou pequeno empreendimento. Em Mato Grosso existem aproximadamente 100.155
MPEs conforme dados da RAIS 2010. Os principais setores de atividades são o
comércio e serviços, a grande maioria das MPEs está concentrada na região próxima
a capital Cuiabá, no município de Lucas do Rio Verde são 2.182 MPEs, cujo 1.147
delas são no segmento de comércio.
Em vista desta grande participação na economia nacional, diversas pesquisas sobre
as estratégias de vendas das MPEs, estatísticas, informações sobre o
empreendedorismo, sobrevivência entre outras são elaboradas a fim de apresentar
técnicas de gestão que possam reduzir o número de insolvência dessas empresas.
Um estudo realizado por Nascimento (2013) junto a 141 escritórios de contabilidade
da região metropolitana de Florianópolis mostrou que os fatores determinantes da
mortalidade precoce das MPEs sob o ponto de vista do contador são os seguintes:
falta de capital de giro; falta de planejamento estratégico; incompetência gerencial e
má gestão; falta de conhecimento do mercado; carência de mão de obra qualificada;
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ausência de políticas de preço, produtos, distribuição e propaganda; falta de plano de
negócio e; por fim; dificuldade de acesso ao crédito.
2.2 O Planejamento e as Pequenas Empresas
O planejamento é o ato ou efeito de planejar, criar um plano para alcançar
determinadas metas, é um ponto essencial na tomada de decisões, trata-se de uma
tarefa importante em qualquer administração, pois está relacionado à organização,
preparação e estruturação com o intuito de alcançar um objetivo. Conforme
Sanvicente (1987), ao planejar, uma empresa procura formular de maneira explícita
as tarefas a serem cumpridas e prever a obtenção dos recursos necessários para isso,
dentro de uma limitação específica de prazo.
O planejamento é a tentativa de prever as ocorrências futuras e estar preparado para
agir de forma a evitar surpresas desagradáveis no funcionamento e na gestão do
empreendimento (SANVICENTE E SANTOS, 1983).
As empresas vivem cada dia mais em um ambiente competitivo, onde obter novos
clientes e manter as áreas de mercados já conquistadas são considerados bases para
o crescimento, além disso, devem desenvolver uma capacidade de adaptação e
resposta rápida tendo em vista as frequentes transformações (BELO, 2009).
Em todas as organizações, sejam elas grandes ou pequenas, o uso do planejamento
é essencial, ele fornece aos gestores informações para tomada de decisões,
auxiliando nas mudanças que ocorrem frequentemente no mercado que atuam.
Quando se trata de um micro ou pequeno negócio ele se torna peça fundamental para
o crescimento e sobrevivência do empreendimento (GITMAN, 2010).
É importante ressaltar que o planejamento deve ser comunicado a todos os
interessados da equipe a fim de alcançar o que se espera no futuro, e não adianta
planejar sem verificar o que se está sendo colocado em pratica. A falta de controle
pode levar a desvios que não estavam nos planos da empresa.
Terence (2002) afirma que existe uma grande lacuna entre as teorias desenvolvidas
para as grandes empresas e a sua utilização pelas organizações de pequeno porte.
O planejamento estratégico mostra-se uma ferramenta administrativa com inúmeros
benefícios para a competitividade das empresas, porém os pequenos empresários
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praticamente a ignoram alegando rigidez no processo e dificuldade na implementação
de estratégias.
De acordo com Santos, Ferreira e Faria (2009), a gestão financeira de curto prazo nas
MPEs ainda é desconhecida ou tratada com descaso por muitos empresários. O
gerenciamento do capital de giro é deficiente devido à falta de administração
financeira. Muitas praticam autofinanciamento e operam em alto risco de liquidez,
deixando-as suscetíveis aos imprevistos que ocorrem nos negócios.
Conforme o SEBRAE (2014), os pequenos negócios são responsáveis por mais de
um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Devido essa crescente
participação na economia do nosso país o SEBRAE disponibilizou em 2007, um
relatório sobre os fatores condicionantes e as taxas de sobrevivência e mortalidade
das micro e pequenas empresas no Brasil. Apontando dados estatísticos sobre a taxa
de sobrevivência, desempenho econômico-financeiro e as principais causas de
mortalidade das MPEs em nosso país entre os anos de 2003 e 2005. Segundo este
relatório, um dos principais fatores de mortalidade dos pequenos negócios analisados
é a falta de planejamento, seguido do baixo capital de giro e falta de planejamento
estratégico (BELO, 2009).
Um dos primeiros pesquisadores que se tem noticia a trabalhar com dificuldades
financeiras em empresas foi Fitzpatrick (1932). Ele comparou os indicadores de
desempenho de 19 empresas bem-sucedidas com outras 19 que foram a falência
entre 1920 e 1929 nos Estados Unidos. O estudo concluiu que os índices extraídos
de demonstrações contábeis podem fornecer indicações importantes quanto ao risco
de insolvência das empresas (LINS, 2010).
No Brasil o pioneiro foi Stephen Charles Kanitz (1976) que criou o “Termômetro de
Kanitz”, um modelo de análise para prever a possível falência de empresas. Para tal,
Kanitz analisou aproximadamente 5.000 demonstrações contábeis entre 1972 e 1974.
Recentemente, Ercolin (2007) apresentou um estudo sobre os fatores financeiros
determinantes da mortalidade de micro e pequenas empresas, onde indicou algumas
causas para morte prematura de MPEs na cidade de São Paulo – SP, dentre elas o
fator mais relevante foi a ausência da cultura de planejamento e controle financeiro.
Belo (2009) apresentou uma dissertação na PUC/SP sobre o planejamento financeiro
em pequenas empresas com a contabilidade terceirizada, a pesquisa analisou o
ambiente administrativo da pequena empresa que terceiriza os serviços contábeis no
287
Brasil, constatando que a pequena empresa sabe da importância e seus benefícios,
porém não faz um planejamento financeiro, pois o escritório de contabilidade não
oferece esse serviço ou cobra um adicional para realizá-lo.
2.2.1 Planejamento financeiro
Planejamento Financeiro é o mapa do que se deve ser feito no futuro em relação às
finanças, pode também ser definido como os métodos que devem ser utilizados para
atingir as metas financeiras de uma organização.
De acordo com Weston (2000), o planejamento financeiro envolve a realização de
projeções de vendas, renda e ativos baseada em estratégias alternativas de produção
e de marketing, seguidas pela decisão de como atender às necessidades financeiras
previstas.
O planejamento financeiro é necessário em qualquer empresa, independente do
tamanho ou segmento, em geral as MPEs apresentam um quadro delicado devido o
baixo nível de conhecimento das técnicas administrativas que na maioria das vezes
estão relacionadas à falta de capital de giro.
O administrador financeiro deve analisar a necessidade de capital de giro, que é o
montante de recurso que o estabelecimento precisa para financiar suas operações,
ou seja, o valor que a empresa necessita para pagar seus compromissos nos prazos.
Deve ainda cogitar a necessidades de expansão da organização, selecionar com
segurança os métodos mais rentáveis e adequados com os negócios da empresa a
fim de estabelecer quais investimentos serão executados no futuro (GITMAN, 2010).
Gitman (1997) menciona que o planejamento financeiro é um dos aspectos
importantes para funcionamento e sustentação de uma empresa, pois fornece roteiros
para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos. Um
processo indispensável dentro do plano financeiro é o controle, de nada adianta ter
um planejamento e não ter controle do que está sendo feito.
Nesse sentido, percebe-se que o planejamento e o controle financeiro são
ferramentas básicas para a administração financeira, em especial para as MPEs.
Estas ferramentas auxiliam o micro e pequeno empresário no acompanhamento das
diretrizes e das metas estabelecidas, medindo o desempenho e o resultado das ações
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para melhor tomada de decisões, reduzindo assim sua probabilidade de fracasso
(MARQUES, 2008).
Controle financeiro é a fase em que os planos financeiros são implementados; o
controle se expressa como um processo de ajustamento em feedback, visando tanto
o cumprimento dos planos como a incorporação de modificações que se tornem
necessárias devido a mudanças imprevistas (WESTON, 2000)
Organizar os controles financeiros é o primeiro passo para uma boa gestão financeira,
pois eles vão expor as informações que o empresário, gerente ou responsável pela
empresa precisa para tomar decisões e traçar o planejamento financeiro mais rentável
para seu negócio (GITMAN, 2010). .
Os controles financeiros fundamentais para a administração das MPEs são: controle
de caixa, controle de contas a receber, controle de contas a pagar, controle de banco
e controle de despesas (CAMARGO, 2007).
Estes relatórios permitirão avaliar, a qualquer momento, a situação e o desempenho
da empresa, as condições do negócio, além da orientação para investimentos e para
estabelecer um planejamento estratégico por meio dos índices econômicos -
financeiros gerados (LODDI, 2008).
Diel (2001) desenvolveu um modelo de planejamento e controle financeiro que fosse
adequado à realidade brasileira, onde englobou diversas contribuições teóricas em
uma única estrutura na qual foi introduzido uma série de análises e procedimentos
fundamentais visando potencializar a capacidade analítica dos gestores financeiros.
Este estudo foi aplicado posteriormente em três empresas do setor alimentício no Rio
Grande de Sul. O intuito era que o modelo criado fosse utilizado para aperfeiçoar o
planejamento empresarial, além de verificar possíveis problemas na gestão que
poderão gerar dificuldades na busca de um planejamento controlado e eficaz. No
entanto ficou evidenciada pouca utilização de técnicas financeiras como ferramentas
de suporte nos processos decisórios do planejamento nas organizações analisadas,
demonstrando assim que o planejamento financeiro ainda tem muito a contribuir para
o melhoramento da gestão financeira (DIEL, 2001).
Com o crescimento do país, as constantes mudanças no cenário econômico
financeiro, a competitividade e a concorrência entre os estabelecimentos comerciais,
não existe outro caminho para as MPEs a não ser o de submeter-se cada vez mais a
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fazer o uso das ferramentas de gestão para continuar atuando no mercado de
negócios (TERENCE, 2002).
O planejamento financeiro é essencial para essa permanência. Na próxima seção
serão apresentadas algumas ferramentas de controle necessárias no planejamento
empresarial.
2.2.2 Métodos de Gerenciamento e Controle Financeiro
Existem diversas ferramentas que podem ser usadas no gerenciamento e controle
financeiro de uma empresa. De acordo com a pesquisa realizada por Jones (2005),
duas das principais ferramentas da gestão financeira é o planejamento financeiro e o
controle orçamentário, aliados a um sistema de informação gerencial e de
contabilidade, estas tornam-se ferramentas indispensáveis ao planejamento e
controle orçamentário em qualquer organização.
Outras ferramentas importantes nas pequenas empresas são o fluxo de caixa e o
orçamento de caixa. O Fluxo de caixa é o registro e controle da movimentação de
caixa de qualquer estabelecimento, é um instrumento de planejamento e controle
financeiro que auxilia o empresário a tomar decisões sobre a situação monetária da
empresa. É um relatório que informa toda a movimentação de dinheiro (entrada e
saída) ocorrido em determinado período (GITMAN, 2010).
Gitman (2010) descreve o planejamento de caixa como a espinha dorsal da empresa.
Sem ele não se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações
ou quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que continuamente
tenham falta de caixa e que necessitam de empréstimos de última hora poderão
perceber como é difícil encontrar um banco que os financie.
Preservar o fluxo de caixa sempre em dia deve ser uma das principais preocupações
do gerente financeiro. Nas MPEs a utilização da ferramenta de controle de caixa vai
permitir ao gestor constatar possíveis faltas ou sobras de capitais financeiros
permitindo uma melhor administração das finanças. Gitman (2010) descreve os fluxos
de caixa como o sangue que corre pelas veias da empresa, é o foco principal do gestor
financeiro, seja na gestão das finanças rotineiras, seja no planejamento e tomada de
decisões.
290
O orçamento de caixa é um instrumento essencial e muito utilizado para o
planejamento e controle financeiro, pois auxilia na gestão das finanças, ele especifica
as intenções do estabelecimento e projeta a movimentação financeira da empresa.
Nele são registradas previamente todas as fontes de despesas e receitas conforme o
período que acontecem (CAMARGO, 2007).
Segundo Camargo (2007), um orçamento é um plano escrito, expresso em termos de
unidades físicas ou monetárias (R$), que procura ilustrar a situação futura da
organização por meio do comportamento esperado de algumas variáveis.
O orçamento de caixa também é conhecido como previsão de caixa, é uma
demonstração que expõe as entradas e saídas planejadas pela empresa utilizadas
para estimar as necessidades de caixa em curto prazo. Geralmente, o orçamento de
caixa destina-se a cobrir o prazo de um ano, dividido em períodos menores. O número
e o tipo de intervalos dependem da natureza do negócio (CAMARGO, 2007).
Com o orçamento de caixa é possível identificar em tempo hábil a necessidade de
realizar empréstimos que serão necessários à manutenção das operações da
empresa, e também quando estes devem ser obtidos, pois seu principal objetivo é
projetar um determinado período, se haverá ou não recursos para suprir as
necessidades do negócio. Desta forma, o orçamento permite ao administrador,
gerente ou responsável financeiro saber com antecedência se haverá problemas com
as finanças do estabelecimento por um determinado tempo (CAMARGO, 2007).
3 METODOLOGIA
Essa pesquisa se classifica como qualitativa e descritiva, pois analisa a percepção
dos pequenos empresários sobre o planejamento financeiro, o instrumento utilizado é
o questionário.
É um estudo de campo no método de levantamento e pesquisa bibliográfica, pois
abrange a interrogação direta dos empresários que deseja ter informações, e envolve
estudos em livros e artigos de autores na área de Administração Financeira.
A fim de alcançar o objetivo da pesquisa foram entrevistados 10 pequenos
empresários de Lucas do Rio Verde – MT, dos segmentos de comércio, indústria e
prestação de serviços de diversos ramos de atuação, conforme a tabela 1. Para tal
291
pesquisa foram selecionadas empresas que possuem entre 2 e 20 funcionários e que
estão no mercado entre 3 e 15 anos.
TABELA 1 - Empresas entrevistadas - ramos e segmentos
Ramos Segmentos Nº de Empresa
Alimentício Comércio 1
Autopeças e Acessórios Comércio 1
Confecções Comércio 1
Construção Civil Serviço 1
Mecânica Serviço 1
Medicamentos Comércio 1
Móveis Indústria 1
Peças e Ferramentas Comércio/ Serviço 1
Produtos Agrícolas Comércio 1
Transportes Serviço 1
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Inicialmente foram analisadas as informações e documentos levantados para a
elaboração do artigo, o estudo se embasou em livros de autores da área de
administração financeira e artigos publicados sobre o tema, sites do SEBRAE, IBGE,
DIEESE, Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), CAGED, Ministério do
Trabalho e Emprego, Empresômetro, Receita Federal e Portal do Brasil.
As entrevistas foram realizadas no mês de abril do ano de 2015. A fonte utilizada foi
NOGUEIRA (2002) “Elaboração e Análise de Questionários”. O questionário é do tipo
fechado, ou seja, com questões objetivas. Possui 10 perguntas especificas sobre
planejamento financeiro empresarial, e rotinas financeiras, com o intuito de esclarecer
o entendimento dos pequenos empresários sobre o planejamento financeiro e se eles
fazem o uso dessa ferramenta.
As variáveis e definições das perguntas contidas no questionário são exibidas na
tabela 2, a escala de medida utilizada é a nominal.
292
TABELA 2 - Variáveis e definições
Variável Independente Questão Definição
Planejamento Financeiro 1 Sabe o que é Planejamento Financeiro
Planejamento Financeiro 2 Possui Planejamento Financeiro
Controle do dinheiro 3 Controla entrada e saída de dinheiro
Contas a Receber 4 Possui controle de contas a receber
Fluxo de Caixa 5 Possui Fluxo de Caixa
Capital de Giro 6 Calcula Capital de Giro
Recursos Financeiros 7 Dificuldade no Controle dos Recursos Financeiros
Indicadores Financeiros 8 Frequência da verificação dos Indicadores Financeiros
Insucesso da empresa 9 Fatores que contribuem para o Insucesso de uma empresa
Tomada de decisão 10 Informações contábeis na tomada de decisão
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
As entrevistas foram realizadas com 10 pequenos empresários de Lucas do Rio Verde
– MT, visando identificar a percepção deles sobre o planejamento financeiro. Dentre
estes, 40% afirmaram saber o que é planejamento financeiro, enquanto 60%
admitiram não saber o que é planejamento financeiro empresarial, essa questão
mostra a percepção do pequeno empresário e indica que o grau de conhecimento
precisa melhorar, pois é um ponto fundamental para um negócio.
Quando questionados se suas empresas possuem um planejamento financeiro,
apenas 10% dos empresários responderam que sim, e 90% admitiram que suas
293
empresas não possuem planejamento financeiro. Fica constatado que os pequenos
empresários de Lucas do Rio Verde não estão habituados a planejar.
Sobre o controle da entrada e saída de dinheiro na empresa, relatório conhecido como
fluxo de faixa. Dos entrevistados 20% responderam que não controlam, apenas fazem
um fechamento de caixa no final do dia. Outros 50% responderam que tem um
controle informal de entra e saída de dinheiro, enquanto 30% dos pequenos
empresários responderam que tem um controle formalizado e detalhado das entradas
e saídas de dinheiro. Essa questão mostra que a principal preocupação do gestor
financeiro, é cumprida integralmente por apenas 30% das empresas entrevistadas, as
demais participantes não sabem exatamente de onde veio e para onde estão indo os
recursos financeiros da empresa, mostrando que o controle de contas a pagar e a
receber é deficiente.
A fim de verificar os procedimentos básicos de planejamento empresarial que são
realizados pelos pequenos empreendedores, foi solicitado se nas suas empresas
existe um controle formal para apurar os valores a receber de clientes. Dos
empresários entrevistados 30% admitiram não possuir controle dos valores a receber,
e 70% responderam que possuem um controle formal dos valores que recebem.
Verifica-se que a maioria das micro e pequenas empresas entrevistadas possuem um
controle das contas a receber. Procedimento básico e muito importante dentro da
empresa, necessário para fazer o negócio girar e se manter no mercado.
Quando questionados se possuem informações referentes às suas disponibilidades
financeiras existentes, 40% dos entrevistados afirmaram ter a informação do valor
exato que dispõe. E 60% responderam que tem uma estimativa do valor que possui
disponível. Sabemos que fluxo de caixa é o registro e controle da movimentação de
caixa, então fica constatado que 60% das pequenas empresas de Lucas do Rio Verde
não fazem o controle das movimentações do negócio. Essa situação é muito perigosa
e pode acabar quebrando o negócio em um momento de inconstância, como por
exemplo, a baixa demanda de consumidores.
Interrogados se sabem calcular a necessidade de capital de giro, logo 70% dos
entrevistados responderam que não sabem calcular, solicitam o capital de giro de
acordo com que estimam necessitar. Já 20% afirmaram fazer um calculo informal com
base nas obrigações e informações da empresa. E apenas 10% responderam que
calculam com base em uma planilha de custos e giro. Verifica-se um quadro delicado,
294
devido o baixo nível de conhecimento de técnicas administrativas financeiras por parte
dos micro e pequenos empresários, que se arriscam fazendo estimativas que muitas
vezes podem sair mais caro do que realmente precisavam.
Sobre a principal dificuldade em controlar os recursos financeiros da empresa na
opinião dos pequenos empreendedores, 10% responderam que a principal dificuldade
é recursos financeiros para investir em controles. Outros 40% responderam que é a
falta de tempo e 50% afirmaram ser o conhecimento a principal dificuldade de controlar
os recursos financeiros. Confirmando mais uma vez o baixo nível de conhecimento
das técnicas financeiras dos pequenos empresários Luverdenses.
Quando questionados sobre a frequência que fazem a verificação dos indicadores
financeiros da empresa, 10% dos entrevistados responderam que fazem
mensalmente, e 90% afirmaram fazer a verificação anualmente. Verifica-se que a
maioria dos pequenos negócios avaliam a situação e o desempenho da empresa
apenas 1 vez ao ano. É importante que toda empresa produza seus demonstrativos
financeiros periodicamente, com os números dos indicadores em mãos será possível
analisar pontos fracos e fortes na gestão do negócio, podendo corrigir a tempo falhas
e traçar novos planos.
Questionados sobre os fatores que mais contribuem para o insucesso de uma
organização, dos empresários entrevistados 10% responderam que é o
comportamento indevido do empreendedor e problemas pessoais dos sócios. Já 80%
dos entrevistados responderam que a falta de planejamento e a ausência de gestão
empresarial são os fatores que mais contribuem para o insucesso de uma empresa, e
outros 10% responderam que o principal fator é a falta de política e apoio dos
governos. Pode-se constatar que a maioria dos entrevistados sabem que o
planejamento e a boa gestão empresarial é um dos pilares para ter um bom
desempenho no negócio, sendo pontos fundamentais para o crescimento da empresa,
porém, conforme as respostas das perguntas anteriores são observadas que eles
tratam a matéria financeira como algo superficial de importância relativa.
Por fim, os micros e pequenos empresários foram questionados se utilizam
informações contábeis no processo de tomada de decisão no negócio. Apenas 10%
dos entrevistados utilizam as informações na tomada de decisão e 90% responderam
que não utilizam essas informações quando precisam tomar alguma decisão na
empresa. Pode-se perceber que as informações geradas pela contabilidade são
295
utilizadas apenas para atender o fisco, e que os micros e pequenos empresários
praticamente ignoram as informações geradas pela contabilidade na tomada de
decisão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das informações provenientes do questionário aplicado, constata-se que as
micro e pequenas empresas de Lucas do Rio Verde – MT conhecem superficialmente
os benefícios do planejamento financeiro. Observa-se que a administração financeira
é tratada como algo de importância relativa, e que não é realizado o planejamento
financeiro empresarial nos negócios.
Com o estudo pôde-se verificar que o planejamento é muito importante para qualquer
empresa, auxiliando o empresário a traçar objetivos e escolher os meios para alcançá-
los. Proporcionando ao pequeno empresário o desenvolvimento da capacidade,
adaptação e resposta diante às frequentes mudanças no cenário econômico nacional.
Conforme o questionário aplicado a maioria dos entrevistados afirmaram que a falta
de planejamento e a ausência da gestão empresarial contribui para o insucesso de
uma empresa. Porém as demais respostas mostram que para as micro e pequenas
empresas Luverdenses, pontos básicos da gestão financeira ainda são
desconhecidos ou tratados com descaso por alguns empresários.
Positivamente, a pesquisa revelou que os micro e pequenos empresários tem
consciência das vantagens na utilização do planejamento financeiro, porém,
evidenciou falta de conhecimento técnico e pouco interesse por parte dos
empreendedores em conhecer e utilizar a ferramenta no estabelecimento comercial.
O empresário que deseja permanecer no mercado, cada dia mais competitivo, com
frequentes mudanças tem de fazer a sua parte, não pode se acomodar. Precisa estar
preparado e qualificado para agir nas adversidades que surgem no dia-a-dia das micro
e pequenas empresas; planejamento e inovação são requisitos básicos para o bom
desempenho do negócio. Como sugestão de melhoria nas empresas pesquisadas,
sugiro que os empresários invistam em conhecimento da ferramenta e façam o uso
em seu estabelecimento.
296
Para trabalhos futuros, recomendo a realização de pesquisas que desenvolvam junto
as micro e pequenas empresas um modelo de planejamento financeiro que atenda a
necessidade do empreendedor, a fim de otimizar seu negócio.
REFERÊNCIAS
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300
A IMPORTÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UM CONFINAMENTO DE
GADO DE CORTE
Jéssica Casemiro Dos Reis3
Leandro Franz4
RESUMO O presente estudo aborda o tema confinamento de gado de corte no sistema intensivo, trazendo a importância das ferramentas gerenciais nos controles internos possibilitando, identificar e corroborando no processo da gestão da engorda dos animais no confinamento. O confinamento de bovinos no sistema intensivo, é a criação de bovinos em ambiente fechado, vem galgando cada dia mais espaço no Brasil, é de suma importância que todas as fases dos processos de gestão estejam evidenciadas, bem como seus respectivos custos e receitas, observamos então a importância de gerir corretamente as ferramentas gerenciais do controle interno bem como capacitar todo o colaborador que manuseará essas ferramentas que dará ao gestor qual o direcionamento ideal que o mesmo deve seguir, podendo assim trazer um produto de alta qualidade perante o mercado e ao mesmo tempo com boa lucratividade para o produtor, solidificando assim a empresa dia após dia. Nos achados da pesquisa pode se evidenciar que as ferramentas de controles internos são de suma importância para a gestão da fazenda, uma boa utilização destas ferramentas possibilitaram à fazenda Mano Júlio agregar vários parceiros diferentes e confinar um número de mais de 12 mil animais de gado de corte no ano de 2015, além de aumentar sua eficiência e organização no que diz respeito à gestão, conferindo assim maior sustentabilidade à organização no gerenciamento dos resultados do negócio confinamento de bovinos.
Palavras-Chave: Confinamento. Ferramentas Gerenciais. Gado de Corte. Controle Interno.
1 INTRODUÇÃO
A engorda de bovinos em ambiente fechado tem se firmado no Brasil central,
no último trimestre de 2015 foram abatidas quase 8 milhões de cabeças de bovinos,
dentro destes números alguns estados ganham destaque, entre eles o estado do Mato
Grosso que lidera o ranking de estados com maior número de cabeças abatidas com
3 Acadêmica Jéssica Casemiro dos Reis do 8º Semestre de Ciências Contábeis, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: [email protected] 4 Professor Orientador Leandro Franz, Mestre em Ciências Contábeis. E-mail: [email protected].
301
a participação expressiva nesse segmento com quase 1 milhão 200 mil cabeças
abatidas, seguido pelo estado do Mato Grosso do Sul que foram abatidas 900 mil
cabeças de boi, só então em terceiro lugar vem o estado de São Paulo com um
número pouco superior a 750 mil cabeças de gado abatidas, em quarto lugar mais um
estado que pertence a região centro oeste que é Goiás com números próximos a 750
mil cabeças de gado abatidas no último trimestre do ano de 2015. Os três estados da
região centro oeste somam juntos em torno de 3 milhões de cabeças de gado
abatidas, ou seja, se comparado ao resto do Brasil estes três estados são
responsáveis por um terço do abate de bovinos, posicionando-os em destaque
quando se trata de produção de carnes bovinas para consumo (IBGE, 2016).
Em outras regiões o confinamento no sistema intensivo é visto como sendo a
garantia para manter matéria prima para a indústria frigorífica de bovinos, em época
de pouca oferta de boi terminado, reduzindo assim o tempo necessário para o abate
e automaticamente aumentando a produção, ou seja, principal objetivo do
confinamento é encurtar o ciclo de produção fazendo com que os animais sejam
abatidos mais jovens (NICHELE, et. al. 2006).
O confinamento nada mais é do que tirar o gado do pasto e colocar ele em um
ambiente fechado, e nesse ambiente será fornecida toda a alimentação que o gado
necessita. Dentre os principais insumos utilizados para alimentar os bovinos estão às
forragens e rações balanceadas, para que eles engordem com qualidade e rapidez no
sentido em curto espaço de tempo (NICHELE, et. al. 2006).
No confinamento o gado recebe uma alimentação específica, isso significa que
ele recebe diariamente uma dieta balanceada, onde contém todos os ingredientes que
eles precisam para ter um ganho de peso ideal, esse gado normalmente fica em média
100 a 120 dias no confinamento, nesse período confinado ele ganha em torno de 1,1
kg a 1,70 de ganho de peso diário. O ganho de peso diário vai depender da
alimentação que está sendo fornecida, do manejo dos animais do confinamento e das
instalações que a fazenda dispor. O ideal é confinar animais um pouco mais pesados,
inicialmente pesando em torno de 330 a 390 kg de peso vivo, animais com peso
inferior a 330 kg são praticamente inviáveis para o confinamento, porque eles
demoram um tempo maior para atingir o peso necessário que os frigoríficos exigem
para o abate, que é algo em torno de 600 kg de peso vivo (EZEQUIEL, et. al. 2006).
302
O aumento na demanda mundial de carnes, somado a colonização de regiões
interioranas do Brasil, associado à expansão das fronteiras agrícolas são fatores que
ajudam a explicar como a criação de gado ganhou espaço e hoje figura entre as
principais atividades econômicas do Brasil, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (2012) apresentou dados referentes ao rebanho brasileiro, rebanho este
que deu um salto no número de cabeças onde de 1974 o rebanho nacional
apresentava em torno de 93 milhões de cabeças e em 2011 este número chegou a
algo em torno de 213 milhões de cabeças de gado, um crescimento avassalador de
mais de 130% (RAUPP, FUGANTI, 2014).
Um dos aspectos importantes para ter bom desempenho no confinamento é a
escolha da raça, dando preferência para aquelas que dão maior conversão alimentar
(conversão alimentar é quantos kg de alimento um animal precisa para converter um
kg de carne), o ideal são animais que tenham um bom desempenho no ganho de peso
nesse aspecto com melhor desempenho são as raças Europeias e as mais rústicas
as zebuínas. Nesse aspecto a região está optando por raças cruzadas para melhor
adaptação com região do Mato Grosso (EZEQUIEL, et. al. 2006).
O Brasil hoje apresenta o segundo maior rebanho de bovinos do mundo,
perdendo apenas para Índia, país este que não explora os bovinos comercialmente, o
que aumenta ainda mais o destaque do Brasil em relação ao comércio de bovinos a
nível mundial. O Brasil se tornou o segundo maior produtor e o maior exportador de
carne bovina do mercado mundial, o número de confinamentos tem apresentado um
crescimento expressivo nos últimos anos (RAUPP, FUGANTI, 2014).
O confinamento precisa estar muito atento aos custos de produção, que
englobam na grande maioria a alimentação e a própria compra dos animais. Nesse
aspecto necessário escolher animais que tenham maior aptidão de maior ganho de
peso, rusticidade e qualidade do produto produzido na fazenda (EZEQUIEL, et. al.
2006).
O presente trabalho tem como problemática de pesquisa: quais controles
internos são utilizados no gerenciamento do confinamento de gado de corte? Assim,
o objetivo principal desta pesquisa visa evidenciar a importância das ferramentas
gerenciais para um controle de custos, despesas e gerenciamento do confinamento
do gado de corte de uma fazenda, podendo assim evidenciar a utilização das
ferramentas de controle interno do confinamento em cada fase da cadeia produtiva.
303
Essas análises vão corroborar na obtenção dos resultados do processo produtivo da
cadeia de gado de corte fortalecendo-os em um mercado extremamente competitivo.
Após o levantamento da análise dessas ferramentas gerenciais utilizadas
diariamente torna-se possível o conhecimento de cada fase do controle interno,
trazendo um conhecimento necessário e imprescindível, refletindo assim em decisões
mais fundamentadas e consequentemente com menor índice de erros na prática
diária.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Controle Interno
O controle interno tem um papel fundamental quando se diz respeito à
eficiência e produtividade em qualquer segmento e não é diferente quando falamos
do gado de corte, o controle interno nada mais é do que um planejamento
organizacional e os métodos e procedimentos que são adotados dentro de uma
empresa com o intuito de proteger os seus ativos, também visa verificar a adequação
dos dados contábeis de uma empresa, resultando em maior eficiência operacional e
fornece suporte às tomadas de decisões feitas pela administração da mesma, os
principais objetivos citados quando estamos nos referindo a controle interno é
justamente evitar erros, ineficiências e fraudes em uma administração fornecendo o
respaldo necessário para uma empresa não mergulhar em crises que possam
comprometer a sua saúde financeira (VAASSEN, MEUWISSEN e SCHELLEMAN,
2013).
A importância do controle interno está diretamente ligada à confiabilidade dos
dados fornecidos, pois são através destes que são direcionadas as decisões e
caminhos a serem seguidos em objetivo comum da empresa, sendo que são através
da contabilidade dos resultados que os administradores decidem situações a serem
seguidas e ou porventura alteradas, diante disso torna se de fundamental importância
a confiabilidade dos resultados apresentados. Quando os dados de controle interno
são incorretos ou distorcidos o procedimento torna se totalmente inútil e inviável, pois
estes podem levar a erros nas tomadas de decisões pela direção da empresa sendo
304
danosas para saúde financeira da organização impedindo assim a continuidade de
fluxo operacional com os quais é inerente a gestão da empresa (CREPALDI, 2007).
Um controle interno operante adiciona um grande valor a Organização,
trazendo elevação da sua credibilidade junto aos investidores, fornecedores e clientes,
pois permite a identificação de forma imediata de fatores que possam afetar os
negócios da empresa, sejam esses, fatores externos ou internos, possibilitando a
análise e avaliação de todo e qualquer impacto que possam ocorrer nas suas
operações, lucratividades, ativos, passivos e no seu futuro. Devido à complexidade e
o grande crescimento das organizações o administrador se distanciou da execução
propriamente dita do processo administrativo, tornando-se assim necessária a
delegação de poderes e descentralização das tarefas administrativas através da
criação de um eficiente sistema de controle interno (LIMA, et. al., 2012).
No geral o controle interno deve ter os seguintes aspectos:
a) Ser úteis salvaguardando bens e patrimônio da empresa e promovendo
bom desenvolvimento do negócio, protegendo tanto a empresa quanto os
colaboradores que nela trabalham.
b) Ser práticos seguindo os padrões e tamanho da empresa e ao poderio
de suas operações, sendo objetivo para controlar e simples de aplicar.
c) Ser econômicos que o custo de sua aplicação for inferior a receita que
potencialmente sua aplicação pode gerar, ou seja, que tenha um custo/benefício
com balanço positivo (VAASSEN, MEUWISSEN e SCHELLEMAN, 2013).
2.1.1 Objetivos do controle interno
Os principais objetivos do conjunto de sistema de controle interno estão
relacionados abaixo:
a) Assegurar e verificar os cumprimentos às normas internas e políticas
de administração da companhia, incluindo um código de ética nas relações
comerciais e profissionais.
b) Coletar informações de qualidade, adequadas e seguras, em um curto
espaço de tempo, acelerando qualquer tomada de decisão que seja conveniente e
salutar.
c) Comprovar a legitimidade das informações e relatórios contábeis,
operacionais e financeiros.
d) Proteger os ativos da entidade, o que se entende por bens e direito.
e) Tentar se prevenir contra erros e fraudes, caso seja evidenciado alguns
destes que o mesmo seja elucidado da maneira mais rápida e direta possível,
305
determinando as extensões que atingiram e atribuição corretas dos responsáveis,
possibilitando assim o saneamento da causa do erro.
f) Servir de base para localização de possíveis erros e desperdícios,
facilitando assim ao mesmo tempo a uniformidade e correção dos mesmos.
g) Fazer os registros adequados as diversas operações, assegurando
assim um melhor aproveitamento de cada recurso a ser utilizado pela gestão da
empresa.
h) Incentivar a eficiência e produção pessoal, mediante supervisão
exercida por meios de relatórios.
i) Verificar a legitimidade dos passivos da empresa, bem como fornecer o
adequado registro e controle das provisões e perdas reais e prevista da empresa.
j) Evidenciar o correto processamento nas transações da empresa,
possibilitando ainda o consentimento dos gastos gerados em cada setor por período
previamente determinado.
k) Permitir a observância e o estrito cumprimento da legislação vigente
(OLIVEIRA, PEREZ e SILVA, 2002).
2.1.2 Subdivisão dos grupos de controle
Segundo o Conselho Federal de Contabilidade através da ENA 29 (Exposição
Normas de Auditoria número 29) estabelece que o sistema de controle interno de uma
empresa se divide em dois grupos de controle, um deles o grupo que está presente
os controles de natureza contábil e o no outro grupo os controles de natureza
administrativa. Onde aos controles contábeis se enquadram o plano de organização
de todos os sistemas, métodos e procedimentos que se referem à salvaguarda dos
bens, direitos, e obrigações, além da legitimidade dos registros financeiros. Já os
controles de natureza administrativa abrangem o plano de organização, sistemas,
métodos e procedimentos a serem aplicados com o intuito de contribuir na eficiência
e eficácia operacional, cumprir as regras de diretrizes, políticas, normas e instruções
da administração, ou seja, programas de treinamentos e desenvolvimento pessoal,
avaliação de desempenho, métodos de programação entre outros (ROLIM, 2010).
2.1.3 Operacionalização do controle interno
Para que se obtenha um resultado satisfatório no controle interno é necessário
que haja um estímulo à eficiência operacional por parte da gestão da organização em
si, é dever da organização proporcionar um ambiente propício, saudável e harmônico
306
para que seus colaboradores possam desenvolver as funções a eles designadas com
alto índice de eficiência, para alcançar tal feito à organização deve pré estabelecer e
implementar objetivos e regras que deverão ser seguidos à risca em todos os setores
da empresa (LIMA, et. al. 2012).
Alguns procedimentos que geram resultados positivos são: seleção rigorosa,
ou seja, contar com mão de obra qualificada para cumprir funções específicas,
proporcionar treinamento adequado e capacitação dos colaboradores visando
diminuir custos com erros e aumentar diretamente o rendimento, oferecer plano de
carreira como recompensa aos colaboradores que contribuírem para que o controle
funcione de forma sadia, através de relatórios de desempenho enfatizar sempre os
colaboradores que cumprem suas tarefas com disciplina e obediência as políticas e
procedimentos da empresa (ATTIE, 2007).
O responsável de cada setor deve emitir relatórios de horas trabalhadas
ajudando assim administrar o tempo com mais eficiência, acompanhar os tempos e
métodos que estão sendo utilizado para execução de cada atividade, observar o custo
padrão, ou seja, identificar benefícios e ineficiências do processo de produção através
de seu acompanhamento, elaboração de manuais internos de procedimentos
operacionais padrão que possibilitam a pratica uniforme, normatização e eficiência em
cada procedimento, e por fim formular instrumentos formais a fim de deixar clara e
precisa a natureza da informação impedindo assim dupla interpretação (ROLIM,
2010).
2.2 Perspectivas de Mercado para Criação de Gado de Corte
Com o avanço do mercado de gado de corte o setor de confinamento vem
ganhando cada dia mais espaço, considerando que por meio deste consegue-se obter
através do seu processo de produção de bovinos em alta escala e rigoroso padrão de
produção com foco em qualidade na nutrição animal, haja visto que no mercado atual
a característica do consumo de carnes vem ficando cada dia mais competitivo
principalmente com o grande aumento no consumo de outras carnes, com destaque
no aumento do consumo de carne suína no mercado mundial que hoje tomou o
espaço da carne bovina. No ano de 2015 o consumo de carnes no Brasil se distribuiu
307
da seguinte forma: carnes bovinas 7.188 mil toneladas, carne de frangos 9.038 mil
toneladas e a suína 2.981 mil toneladas (BRASIL, 2015).
Um dos principais fatores que devem ser considerados na hora da compra é o
de escolher o gado mais apropriado para criação, por exemplo, animais bovinos
machos inteiros, consideram-se animais inteiros os bois machos que não foram
castrados, estes são animais que tem maior facilidade no ganho de peso, e melhor
conversão alimentar, ou seja, a capacidade de converter em ganho de peso os
alimentos por eles foram consumidos, isso ocorre devido aos hormônios, com isso ele
tem um maior ganho muscular. Animal macho castrado também tem um bom
desempenho, porém, sua conversão alimentar é menor comparado a do macho
inteiro. No tocante as fêmeas existem as novilhas, ou seja, as vacas mais jovens;
também existem as vacas de descartes que são animais mais pesados quando
comparado com as vacas mais jovens, e por serem mais velhas tendem com isso ter
uma pior conversão alimentar. O ideal seria sempre utilizar animais inteiros, ao invés
do animal castrado, porque com isso conseguem ter uma engorda mais intensiva. No
Brasil o sistema de boi confinado envolve muitos benefícios, garantem qualidade de
carne e preço relativamente baixo no que diz respeito à venda do confinamento para
os frigoríficos, com alta produtividade, resultando em um giro maior de dinheiro,
aumento de produção de qualidade. Uma das melhores épocas do ano para se vender
boi de confinamento é em meados de outubro e novembro, onde o preço encontra-se
inflacionado, resultando em maior lucratividade no mercado bovino (QUADROS,
2005).
Segundo uma estimativa feita pelo Embrapa com dados fornecidos pelo
CONAB ocorrerá uma variação de crescimento para os próximos dez anos para os
setores de carnes onde o consumo de carne suína ganhará destaque aumentando em
torno de 35% de quantidade de toneladas consumidas, logo ao lado dos suínos em
crescimento vem as aves que projeta-se um aumento de 34% no mesmo período e
por fim a carne bovina que tem perspectiva de aumento em torno de 23% até 2025.
No entanto quando se refere a quantidade de toneladas consumidas os bovinos ainda
se encontram com bons números mesmo com o alto crescimento no consumo de seus
concorrentes diretos. Acredita-se que em 2025 estarão sendo consumidas 11.355 mil
toneladas de carnes bovinas enquanto as suínas e aves estarão sendo consumidas
4.700 mil toneladas e 17.689 mil toneladas respectivamente (BRASIL, 2015).
308
O que deve ser levado em consideração ao analisar estes números é o custo
das carnes, as aves que figuram em primeiro na quantidade de consumo é também a
que tem um preço mais acessível, já os suínos que estão em franco crescimento tem
um preço intermediário e qualidade considerável justamente por isso o seu consumo
vem aumentando, o fato do seu preço final ser menor pode ser explicado pela
vantagem que os suínos e aves levam quando comparados à carne bovina no ciclo
de engorda que neste caso é longo, em torno de noventa a cento e vinte dias,
enquanto as aves levam em torno de quarenta e cinco dias para ficar prontas para o
abate. Os bovinos apesar de terem números que não são tão animadores quanto seus
concorrentes é possivelmente o que tem um mercado mais sólido e uma qualidade
indiscutível comprovada há muito mais tempo e por isso se mantém firme com
números estáveis (BRASIL, 2015).
2.3 Estudos Precedentes: Confinamento no Contexto Mundial
Na cidade do Kansas nos Estados Unidos se encontra o maior confinamento
do mundo individual onde são confinados em torno de 200 mil cabeças por ano, cada
boi consome em torno de 12 kg (quilogramas) de ração por dia, o ganho de peso fica
de 1,3 kg a 1,4 kg por dia, isso representa 50% a mais do que a média brasileira que
é de 0,9 kg por dia na presente data, números estes extremamente relevantes, pois
se levarmos em consideração que os bois ficam de 100 a 120 dias confinados
ganhando 50% a mais de peso diariamente o salto na lucratividade na hora da venda
é escandaloso contribuindo cada vez mais para a sustentabilidade do projeto. Esse
confinamento gera em torno de 250 mil toneladas de esterco por ano, e morrem de
dois a três mil animais durante este mesmo período, quando comparado com alguns
confinamentos brasileiros o número de bois mortos no Kansas ultrapassam a entrada
de bois na maioria dos confinamentos, neste confinamento do Kansas a taxa de
mortalidade não passa de 1,5%. O prejuízo chega a cem dólares por cabeça, já
comparado anualmente esse prejuízo pode chegar a vinte milhões de dólares,
contando entre parceiros e empresas (KANSAS, 2011).
3 METODOLOGIA
309
Considerando a abordagem do presente trabalho o mesmo consiste em um
estudo descritivo, pois visa identificar, registrar e analisar características, fatores ou
variáveis do processo operacional de controle interno aplicado ao confinamento de
bovinos de corte (PEROVANO, 2014).
Este estudo consiste em um método de abordagem qualitativa, devido a sua
característica de observação intensiva em uma determinada fazenda em um espaço
de tempo pré-determinado resultando em coleta de dados e procedimentos realizados
no local (DALFOVO, LANA e SILVEIRA, 2008).
Está sendo utilizado um estudo de caso porque permeia num estudo em uma
fazenda de Gado de Corte, ou seja, o estudo de caso caracteriza-se pelo estudo
realizado em um único caso, auxiliando o pesquisador a aprofundar seus
conhecimentos em um caso específico possibilitando assim reunir inúmeras
informações sobre determinado tema. A pesquisa bibliográfica é parte obrigatória de
qualquer pesquisa cientifica realizada, pois, é através deste embasamento teórico que
será possível obter conhecimento das pesquisas cientificas já existentes para um
determinado tema.
Para tal realizou-se levantamento bibliográfico, por meio de consulta eletrônica,
utilizando as bases de dados scielo, bireme, capes, além de uma extensa consulta em
livros especializados no tema e legislação pertinente, ainda foram utilizados materiais
da Fazenda Mano Júlio, bem como suas ferramentas gerenciais específicas no que
tange o processo de confinamento de gados de corte. Foram localizados vários artigos
inerentes ao tema, e destes em torno de sete atenderam ao objeto de estudo desta
pesquisa. Os critérios de inclusão determinados foram: “importância de controles
internos de um confinamento de gado de corte” publicados no período de 2000 a 2016.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Estudo de Caso
O presente estudo de caso foi realizado em uma empresa com sede
administrativa na cidade de Lucas do Rio Verde, estado do Mato Grosso, empresa
esta com história que se sobrepõe a história deste município promissor em que está
localizada. Em 2001 foi adquirida uma área de terra no município de Ipiranga do Norte,
310
localizada a 90 km de Lucas do Rio Verde, pelos irmãos visionários e hoje grandes
empreendedores na produção agropecuária, os proprietários Marino Jose Franz e
Paulo Sergio Franz, denominaram a Fazenda Mano Júlio, uma homenagem póstuma
ao irmão caçula. Nascia assim não só mais uma fazenda em Mato Grosso, mais um
novo conceito de negócios rurais e empreendimentos agropecuários com novos
valores e compromissos empresariais.
Hoje este grupo agrega várias outras empresas com diferentes finalidades de
produção, compreendendo o cultivo de grãos, soja, milho, arroz, algodão, gado
leiteiro, suinocultura com produção de leitões e terminação, avicultura com produção
de ovos férteis e granjas de terminação, e por fim com números e projeções
grandiosas para um mercado competitivo e desafiador, destaque-se o setor
bovinocultura com foco em gado de corte de excelência. Esta potência no setor
agropecuária Mato Grossense conhecida como Mano Júlio além de promover a
sustentabilidade com produção de ração animal através da utilização de boa parte da
produção agrícola para fomentar suas atividades, produz também parte da sua
energia consumida através da reutilização dos dejetos de animais por meio de
biodigestores, faz também fertirrigação, além da queima de carbono, destoa do atual
momento econômico e atualmente geram em torno 450 empregos diretos e 1.300
empregos indiretos.
Especializada no sistema de engorda a pasto (semi confinamento) e em
confinamento, com capacidade estática de produção de 4.00 animais á pasto e 16.200
animais em confinamento, tem condições de engordar 40.400 animais por ano em 2
ciclos anuais, para isso conta com uma estrutura moderna funcional que compreende:
administrativo e farmácia, possui 108 currais com uma linha de cocho e bebedouros
entre baias, num total de 216.000 m², curral de recepção e apartes com capacidade
de processar 800 animais por dia, tronco de contenção pneumático e apartador
pneumático para 4 apartes. Fábrica de ração com 6 baias de 400 m², 4 boxes de 1.000
m³ com chupim, 2 moinhos de rolo, 2 moinhos de martelo com capacidade de 100
ton/h, inclusive podendo se fazer grão úmido com altar capacidade estática.
No ano de 2015 foram confinados um total de 12.520 mil bois, sendo esses,
bois próprios da fazenda e outros decorrentes de parceiras com frigoríficos e/ou
produtores rurais, essas parcerias funcionam da seguinte forma, o parceiro compra o
gado e coloca no confinamento da fazenda, no qual a fazenda fica responsável por
311
fornecer toda a alimentação e medicamentos que o gado precisa enquanto estiver
confinado para obtenção do ganho de peso diário, quando o boi já está com peso ideal
e pronto para o abate, o parceiro vende o boi e repassa o percentual pertencente à
fazenda em um acerto final, percentual este combinado e firmado previamente em
contrato de parceria.
Traz como missão desenvolver alimentos saudáveis e sempre estar
comprometido com meio ambiente e bem-estar das pessoas, gerando retornos
econômicos sustentáveis ao longo dos anos. E ser uma empresa reconhecida no
mercado do Agronegócio, pela qualidade de seus produtos, pela ética e capacidade
técnica de seus colaboradores.
E como visão aprimorar o sistema de gestão produtiva e sustentável se
tornando modelo no agronegócio brasileiro, com excelência em suas operações e
rentabilidade superior à do mercado.
Com metas bem definidas e posicionamento de mercado bem elucidado o
grupo de gestores da empresa enfatiza a importância das ferramentas gerenciais de
controle interno funcionando de forma interligada e metódica como principal fator de
sustentabilidade e crescimento econômico mesmo em tempos de crise financeira
nacional.
4.2 Programas de Controle Utilizados
Segundo informação da gestora responsável pelo controle diário das
ferramentas gerenciais do confinamento da Fazenda Mano Júlio, existem duas
ferramentas imprescindíveis para o controle das informações observadas no dia a dia,
essas ferramentas direcionam os procedimentos diários a serem seguidos de forma
que uma boa observância das informações diárias resulta em maior confiabilidade na
averiguação dos controles gerenciais e tomadas de decisões. As ferramentas
utilizadas são os programas TGR (Tecnologia e gestão em rastreabilidade), e o TGC
(Tecnologia e gestão em confinamento).
4.3 Sistema de Tecnologia e Gestão em Rastreabilidade
312
O sistema de Tecnologia e gestão em rastreabilidade (TGR) foi desenvolvido
para atender as regras da IN14 que habilita a fazenda a realizar exportação dos
animais para União Europeia, além de servir de suporte para o manejo operacional
realizado nas fazendas e confinamento de todo o território nacional.
As opções oferecidas por este sistema já no ato da chegada dos bovinos à
fazenda podem ser evidenciadas nos seguintes quesitos:
a) Entradas: é neste campo que são lançadas as primeiras informações
do bovino, a partir desta é originado um número que ficará presente em seu brinco
de identificação, ou seja, este brinco funciona como uma carteira de identidade para
o bovino que o acompanhará até o momento do abate, as informações que são
lançadas no brinco são peso, sexo, raça, idade, propriedade de origem, data da
chegada no confinamento.
b) Saídas: no ato da saída do bovino para o abate o sistema mostra todo
histórico do mesmo enquanto esteve no confinamento, peso de saída, quantidade de
ganho de peso diário desde sua entrada, quanto tempo ele passou confinado,
rendimento de satisfação de engorda entre outros.
c) Movimentações: este mostra caso o bovino tenha sido transportado de
um confinamento para outro.
d) Pesagens: mostra o peso da entrada, peso da saída, peso de engorda
diária e eficiência de engorda de cada bovino.
e) Inventário: apresenta a quantidade de bovinos presentes na fazenda.
f) Vacinações: é neste campo que são lançadas todas as vacinas
aplicadas nos bovinos enquanto eles estão presentes na fazenda.
A utilização do sistema TGR apresenta algumas vantagens, dentre as
vantagens mais importantes oferecidas a quem utiliza o sistema controle TGR
podemos citar:
a) Precisão na coleta dos dados, obtendo assim dados mais confiáveis
resultando em melhor suporte para as tomadas de decisões.
b) Possibilidade de trabalhar com múltiplos proprietários, ou seja, caso a
fazenda adquira um bovino que já é rastreado todas as informações já se
apresentam arquivadas no seu brinco, assim não é necessário refazer sua
identificação.
c) Integração com leitores de código de barras.
d) Movimentações entre pastos e currais.
e) Controle de estoque dos brincos SISBOV separados por proprietários.
f) Bloqueio de saídas de animais com carência de medicamentos.
g) Bloqueio de saídas dos animais que não cumpriram a carência de
noventena exigidos pela normativa.
O programa ainda apresenta algumas outras ferramentas importantes para uso
diário, no seu sistema operacional o TGR apresenta uma capacidade na entrada de
313
apartação por peso e separação automático nos currais, ainda no quesito entrada é
possível separação obedecendo a regra de Cota Hilton, e a separação de animais por
contrato de parcerias, aplicação do protocolo sanitário automático na entrada dos
animais, entre outros. Na base de dados do sistema encontra-se ainda presente vários
formulários e comunicados do SISBOV onde a demais relevância levando em
consideração a frequência de utilização são: comunicado de entrada (anexo XII),
comunicado de saída (anexo XIII), comunicado de morte (anexo XIV), comunicado
TTA (termo de transferência de animais), entre outros (TGR,2007).
315
A figura 1, apresenta um comunicado de entrada de animais feito no TGR, ao
chegarem na fazenda os bois são passados no curral, no qual são pesados e em cada
boi é colocado um brinco do SISBOV de identificação, brinco este que contém 15
dígitos que formam um código de barras onde ficam gravados os dados do boi, como
por exemplo, qual o proprietário de sua origem, dados do destino, número da GTA
(guia de trânsito animal), quantidade de bois, esse brinco fica com o boi até o dia que
ele for para o abate, depois desse procedimento os bois são colocados em uma baia
separada dos outros bovinos que já estão na fazenda em outras fases de engorda.
4.4 Tecnologia e Gestão em Confinamento
Depois de feita a entrada dos bovinos, cadastramento e informação sobre sua
rastreabilidade no sistema TGR os mesmos são levados ao cocho, ou seja, a partir
deste momento podemos dizer que eles estão confinados iniciando a partir deste
momento uma busca diária de ganho de peso e rendimento, para conseguir que isso
ocorra com alta eficiência e qualidade é usada mais uma ferramenta gerencial de
controle chamada TGC (tecnologia e gestão em confinamento), é através dessa
ferramenta que as decisões sobre o trato serão tomadas diariamente. Podemos
evidenciar algumas das várias vantagens em se trabalhar com um programa gerencial
moderno como este, que são:
a) Alta precisão na coleta de dados.
b) Controle de animais.
c) Controle Fábrica de ração.
d) Gráficos gerenciais.
e) Relatórios gerenciais.
f) Custos de animais dia a dia.
g) Gerenciamento de contratos.
h) Aplicação de medicamentos.
Este sistema conta ainda com ferramentas operacionais que são utilizadas na
nutrição e manejo dos animais como:
a) Controle de alimentos
b) Controle de concentrados
c) Controle de fabricação de ração
d) Integração com balanças na fábrica de ração
e) Planejamento nutricional com possibilidade de intercalação de tratos
diferenciados.
316
f) Controle de lote manejo
g) Controle lote saída
h) Controle sanitário
i) Controle carência de medicamentos
E para finalizar o sistema é municiado com uma extensa lista de relatórios e
gráficos que praticamente desenha toda a evolução do bovino desde a sua chegada,
restando apenas a correta interpretação e aplicação das medidas cabíveis para elevar
o índice de eficiência no ganho de peso até a data de sua saída, alguns relatórios e
gráficos que merecem ser citados são os relatórios de controle diário zootécnico e
financeiro, controle de diárias das parcerias, fluxo de abate por lote, fluxo de abate
individual, custo médio por ingrediente, custo médio dos alimentos, gráficos de ração
previsto versus ração realizado, gráfico de ração fabricada versus ração fornecida,
gráfico de consumo de lote por kg/ cabeça, gráfico de mortalidade, gráfico de peso de
entrada por lote, entre outros (TGC,2007).
Figura 2: Gráfico de Consumo de Alimentação de um lote de bovinos - TGC Fonte: Dados da Pesquisa
Através da figura 2, podemos exemplificar umas das importantes funções
realizadas pelo sistema TGC, neste gráfico identificamos um lote que está confinado
a apenas 25 dias, ou seja, ele acaba de passar pela fase de adaptação que são de
21dias, este lote após sua fase de adaptação está consumindo um total de 2,62% em
317
relação ao seu peso vivo, esse percentual deve se manter crescente até a devida
estabilização de consumo do lote.
De acordo com gestora da fazenda a correta utilização de tantas ferramentas
de controle interno somado à dedicação diária dos colaboradores devidamente
treinados para tal, solidifica cada dia mais a empresa no mercado de bovinos de corte,
é de suma importância a ressalva que, de nada adianta as ferramentas de controle
interno ser as mais modernas se os colaboradores que as municiam não estiverem
capacitados para suas funções, pois se isso acontecer os dados informados serão
imprecisos e os resultados dos relatórios serão ilusórios.
Além das ferramentas gerenciais de controle interno existem os resultados da
parte de gerenciamento de custos nos quais devem ser manuseados com o mesmo
rigor e com mão de obra qualificada, para o gerenciamento de custos são utilizados
outros programas e/ou sistemas informatizados resultando em um cruzamento de
dados completo, nos quais permitem ao gestor saber todos os números da sua
organização.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o mercado do agronegócio atual a bovinocultura com foco no
confinamento mostrou-se interessante em vários aspectos, e um dos pontos mais
relevantes para solidificação desta são os sistemas gerenciais de controle interno, isso
porque, são estes que trazem um suporte para análise dos resultados e posterior
avaliação. São através destes também que são feitos controles diários em cada fase
do processo produtivo norteando assim as tomadas de decisões diárias que são
necessárias, tornando-as cada vez mais rápidas e precisas.
Com o aumento da competitividade no mercado de carnes e levando em
consideração o aumento estarrecedor no consumo de carne suína e de aves além da
atual crise financeira que se instalou no Brasil onde o preço na compra do boi magro
é alto e o preço da arroba na hora da venda para o abate é baixo toda e qualquer
vantagem que puder tirar em cada setor do processo produtivo retornará como lucro
para o produtor. Diante disso não se pode apenas pensar em produzir, mas sim
produzir o que se utiliza com alto índice de efetividade e para isso existe um único e
longo caminho a ser percorrido que é utilizar o máximo de ferramentas gerenciais de
318
controle interno possível, além de seguir metodicamente todos os passos do controle
interno.
As principais ferramentas gerenciais de controle interno utilizadas pela fazenda
Mano Júlio para procedimentos diários são os programas TGR e TGC, através destes
a gestora de campo consegue incluir todos os dados na entrada dos bovinos
deixando-os com o histórico completo, a partir disso torna-se possível também o
acompanhamento diários das dietas de engorda que serão oferecidas a cada lote,
bem como a quantidade em peso que estão sendo consumidas por lote e o ganho de
peso de cada animal, além disso, neste programa pode se ter controle das vacinas
que foram feitas em cada animal dentro do confinamento. Devido à eficiência e
praticidade destes programas o confinamento da fazenda Mano Júlio recebeu no ano
anterior mais de 12 mil cabeças de gado separando-as por lote de parceiros através
das baias.
Para que se atinja este grau de excelência no controle interno é necessário
manter as ferramentas de controle municiadas das informações coletadas da maneira
mais precisa possível, e isso só será possível se tivermos colaboradores com boa
capacidade e previamente treinados para tal função, resultando assim em números
reais exibidos por suas ferramentas de controle interno, possibilitando uma melhor
análise realizada pelos gestores e se necessário for, uma rápida alteração nos rumos
a serem seguidos, só assim qualquer empresa de qualquer segmento se manterá
firme no mercado. Tudo que se determina em controle interno é seguir os
procedimentos padrão anteriormente elaborados, aumentando a eficiência de cada
segmento do processo produtivo.
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320
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321
ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA EMPRESA BOA ESPERANÇA
AGROPECUÁRIA
Jonathan Pereira5
Rafael Zunino6
RESUMO A proposta do presente trabalho foi apresentar os procedimentos aplicados na gestão da cadeia de suprimentos de uma empresa de grande porte do ramo do agronegócio, elucidando e conceituando como fazer e aplicar cada um destes instrumentos, e evidenciando que as informações provindas desses procedimentos possibilitam um controle mais eficiente dos processos e diversos benefícios e vantagens para a empresa apresentando assim ao gestor a situação real das atividades realizadas e demonstrando que através dessa aplicação é possível reduzir erros, tempo e gastos desnecessários, facilitando a tomada de decisão. Para concretizar tal objetivo, realizou-se um estudo dos procedimentos em literaturas e meios virtuais e informações obtidas pelo autor em visitas técnicas as unidades de armazenamento da referida empresa. Ao término da análise dos dados, chegou-se à conclusão que a utilização dos procedimentos para a gestão da cadeia de suprimentos é a condição chave para uma administração produtiva eficiente e para perpetuação da empresa no mercado. Palavras-chave: Administração. Cadeia de Suprimentos. Procedimento.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente vivenciamos uma era de globalização e avanços tecnológicos em
escala mundial muito importantes e em nosso país uma era de crise e resfriamento
de mercado, tais fatores contribuem para que cada ação aplicada para trazer
vantagens de qualquer gênero para a organização detenham uma grande importância
e sejam almejadas diariamente.
Diante de tais fatos se destaca a importância da cadeia de suprimentos para
as organizações, sendo responsável pelas ações que garantem o suprimento das
necessidades de fornecimento e gerenciamento de insumos para o processo
produtivo e operacional. A cadeia de suprimentos, quando bem gerenciada, possui
5 Acadêmico do 8º sem. De Administração. Faculdade La Salle – MT. [email protected] 6 Professor orientador. Mestre em Administração. Faculdade La Salle – MT. [email protected]
322
capacidade para contribuir com a redução de custos, a melhoria da produção de
produtos e serviços de qualidade, a criação de vantagem competitiva frente aos
concorrentes e aumento da lucratividade.
O presente trabalho detalha os processos e as técnicas mais utilizadas para
gestão da cadeia de suprimentos destacando os benefícios e vantagens obtidos
através desta utilização na empresa Boa Esperança Agropecuária, localizada em
Lucas do Rio Verde - MT.
Considerando a característica da região de atuação da empresa ser
concentrada economicamente nas atividades de agronegócio, e observando-se a forte
concorrência entre as empresas nesse setor, surge o seguinte problema de pesquisa:
Como funciona a gestão da cadeia de suprimentos da empresa Boa Esperança
Agropecuária?
Para solucionar a problemática surgem como objetivos específicos: a)
descrever os procedimentos utilizados pela empresa na gestão de sua cadeia de
suprimentos; b) identificar as vantagens e benefícios gerados pelo processo de gestão
da cadeia de suprimentos na empresa; c) analisar as eventuais falhas e/ou
necessidades de melhorias no processo de gestão da cadeia de suprimentos da
empresa.
A importância desta temática de estudo justifica-se pelo enfoque dado a tornar
o mercado ainda mais competitivo, já que o conhecimento e a aplicação das técnicas
e procedimentos para a gestão da cadeia de suprimentos permitem que as empresas
reduzam seus custos, melhorem a qualidade de seus serviços e produtos e aumentem
os seus índices de lucratividade, possibilitando seu crescimento e sua valorização
frente ao nicho que está incluída.
A atual competitividade do mercado requer que as empresas em seu processo
de tomada de decisões utilizem do planejamento, para que por meio destas
ferramentas, já conhecendo e administrando suas reais necessidades, possam
usufruir dos seus benefícios para uma gestão de qualidade de forma a atender o
mercado de forma eficiente e eficaz. A elaboração deste trabalho explanará conceitos
e estratégias que possibilitarão ao administrador visualizar esta situação.
Em muitos casos, devido ao não conhecimento dos procedimentos e técnicas
para a gestão da cadeia de suprimentos, as empresas acabam por não aplica-los,
assim através desta pesquisa os gestores terão a possibilidade de visualizar de que
323
forma podem realizar no melhor formato os seus processos, quais benefícios podem
obter e posteriormente reutilizar o conhecimento em prol de sua empresa.
Através desta pesquisa realizada intui-se a transmissão dos conhecimentos
adquiridos para a sociedade acadêmica de tal forma que terceiros que atuem e
tenham preocupação com a mesma temática venham a realizar e basear novas
pesquisas sobre a gestão da cadeia de suprimentos.
Terá o aprimoramento acadêmico do pesquisador, que após o término da
pesquisa poderá colocar em prática os conhecimentos adquiridos e conquistar
destaque no mercado de trabalho, aplicando também estas ferramentas na empresa
em que atua.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Cadeia de Suprimentos
A cadeia de suprimentos ou administração de materiais é um sistema
composto por processos e estruturas compostas por diversas organizações
direcionadas em um único sentido, através do qual se planeja, controla e executa
todas as operações pertinentes as atividades de logística, compras, recebimento,
armazenamento e demais conexos desde a origem da matéria prima até a entrega do
produto acabado ao cliente final.
Segundo Martins e Alt (2010, p. 5):
A administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem seu início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final
A gestão da cadeia de suprimentos dentro de uma organização se divide em
diversas áreas, sendo que cada uma destas detém os seus próprios procedimentos,
podemos destacar como os setores fundamentais para a gestão de suprimentos os
setores de logística, compras, recebimento, faturamento e almoxarifado.
324
2.1.1 Procedimentos de logística
A logística ou distribuição pode ser definida como a área responsável pelo
planejamento e controle do fluxo de mercadorias da origem até onde está é utilizada
ou consumida.
Segundo Viana (2002, p. 363) “Distribuição é a atividade por meio da qual a
empresa efetua as entregas de seus produtos, estando, por consequência,
intimamente ligada a movimentação e a transportes”.
Um dos procedimentos para a logística é a escolha do meio de transporte,
através da escolha correta do método para transporte a empresa obtém redução de
custos com combustíveis, manutenção e também da perda de produto, os métodos
de transporte podem ser divididos em quatro categorias distintas e uma categoria
conjunta, sendo eles: transporte rodoviário, transporte hidroviário, transporte
ferroviário, transporte aeroviário e transporte intermodal.
O transporte rodoviário é realizado através de vias pavimentadas ou não e é
geralmente utilizado para cargas que possuam a necessidade de um curto prazo para
entrega, possuí como principal vantagem o fácil acesso e como desvantagem um alto
custo de combustível e de manutenção de veículos.
O transporte hidroviário é realizado através de rios e mares, é geralmente
utilizado para cargas de grandes tamanhos e que não necessitam de um curto prazo
de tempo para entrega, possui como vantagem a possibilidade de envio de uma
grande quantidade a um custo relativamente baixo, pode se destacar como
desvantagem a velocidade do transporte.
O transporte ferroviário é aquele que se dá através de locomotivas sobre
trilhos, é utilizado para grandes cargas e detém como vantagem o baixo custo de
transporte, sua desvantagem é que nem todos os ambientes possuem trilhos e estão
aptos para sua operação.
Transporte aeroviário é aquele efetuado através de aeronaves, possui como
vantagem a velocidade para o transporte, porém detém como desvantagem o alto
custo operacional.
Transporte intermodal é definido pelo transporte que envolve várias
modalidades das acimas citadas, ou seja, com parte do percurso através de um
325
método e outra parte através de outro método, muito comum para áreas remotas como
é o caso da Amazônia brasileira.
Segundo Viana (2002, p. 366):
A seleção da modalidade de transporte depende de dois fatores primordiais: A diferença entre o preço de venda do produto na origem e no local de consumo, fator este conhecido e o custo de transporte entre o centro de produção e o local de consumo.
Outro procedimento que é responsabilidade da logística da organização é a
definição de rotas, através da definição de rotas de forma correta a empresa tem a
redução de tempo e custos para o transporte, gerando grande vantagem competitiva.
2.1.2 Procedimentos de compras
A atividade de compra consiste na busca, cotação, aquisição e tratativa de
entrega de um determinado produto ou serviço, seguindo todas as especificações
solicitadas pelo requisitante, no menor período de tempo e com o menor custo
possível. Viana (2002, p.172), afirma que o ato de comprar inclui as seguintes etapas:
• Determinação do que, de quanto e de quando compras. • Estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando-os para consulta. • Promoção de concorrência, para a seleção do fornecedor vencedor. • Fechamento do pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato. • Acompanhamento ativo durante o período que decorre entre o pedido e a entrega. • Encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade e da quantidade.
O cadastro de fornecedores é um processo muito importante para o setor de
compra, através deste o comprador detém a análise de diversos índices relacionados
ao fornecedor, tal como prazo médio de entrega, preço médio de categorias de itens,
margens de desconto, etc. A utilização de tais itens gera ao comprador a segurança
para a compra, a redução de riscos e a redução de tempo durante o processo.
Segundo Viana (2002, p. 185):
326
As relações comerciais iniciam – se mediante o respectivo cadastro, que tem como objetivo averiguar a capacidade e as instalações dos fornecedores interessados, classifica – los de acordo com a política de compras vigente e avaliar o desempenho de cada fornecedor envolvido em todas as concorrências.
O processo de compra se inicia através da requisição de compra, ou seja, da
necessidade de aquisição de um bem material ou de um de serviço. Logo após ocorre
o planejamento de compra, ação na qual o comprador planeja os prazos para a
compra e outros índices que venha a interferir diretamente sobre a compra.
No processo de seleção de fornecedores o comprador analisa os itens
requisitados e os fornecedores que possam vir a suprir tal necessidade a custos
possivelmente reduzidos. Após tais processos o fornecedor inicia o processo de
concorrência, onde solicita e analisa as cotações e propostas recebidas e efetua as
negociações com seus fornecedores.
Na etapa de contratação o comprador negocia os prazos de entrega e
pagamento com o fornecedor que possui o menor preço, após estas definições é
gerado o pedido de compra ou ordem de fornecimento, tal documento descreve o
número do pedido, os dados da empresa a ser fornecida, os dados da empresa
fornecedora, os dados relacionados a condições de frete, os dados relacionados a
datas de entrega, os dados relacionados ao custo e descrição da mercadoria e
quaisquer outros que se façam necessários.
Para finalizar o processo, o comprador inicia o procedimento de controle de
entrega, através do diligenciamento (follow-up). Esta é uma ferramenta que permite
medir os dias faltantes ou em atraso para a entrega da mercadoria, permitindo que o
comprador entre em cobrança ao fornecedor se houver algum problema. Após a
entrega do produto ou serviço e seus respectivos documentos de fatura, se finda o
procedimento de compra. Viana (2002, p.177), afirma que:
A realidade do mercado fornecedor brasileiro obriga o setor de compras a se prevenir de eventuais desvios por meio da implantação do diligenciamento, atividade que objetiva garantir o cumprimento das cláusulas contratuais, com especial atenção para o prazo de entrega acordado, acompanhando,
327
documentando e fiscalizando as encomendas pendentes em observância aos interesses da empresa.
2.1.3 Procedimentos de recebimento
Cabe ao recebimento os procedimentos relacionadas a conferência de
mercadoria, se a mesma é correspondente ao solicitado no pedido de compras em
quantidade, modelo, valores e demais característica, se as notas fiscais e cobranças
foram faturadas conforme o combinado, encaminhar a documentação recebida ao
faturamento e ainda a separação e envio do produto ao destino em que será utilizado.
Viana (2002, p. 281), cita como atribuições básicas do recebimento:
Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais, analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada, confrontar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos, proceder a conferência visual, verificando condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos.
No caso de mercadorias divergentes ao solicitado cabe ao recebimento
efetuar o procedimento da mercadoria, tal processo consiste em informar à receita
federal o desacordo, tal ato serve como cancelamento da nota fiscal e o documento
fiscal gerado na recusa serve para encaminhar a mercadoria como devolução ao
fornecedor.
2.1.4 Procedimentos de faturamento
O setor de faturamento é o setor responsável pelos processos relacionados a
entrada fiscal da mercadoria no estoque da empresa, o processo pode ser efetuado
manualmente inserindo os dados de cada campo da nota fiscal ou através da
importação do XML da nota fiscal para o sistema, processo pelo qual os dados
constantes na nota fiscal são automaticamente transferidos para o sistema incluindo
as mercadorias no estoque.
328
2.1.5 Procedimentos de almoxarifado
Para o almoxarifado são destinados os procedimentos de armazenagem,
controle, requisição, contagem de inventário e entrega de materiais.
Viana (2002, p. 308), define o objetivo do armazenamento como:
Utilizar o espaço nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível. As instalações do armazém devem proporcionar a movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o recebimento até a expedição.
A forma e os locais que os materiais estão estocados são de suma importância
para a agilidade do almoxarifado, cabe ao almoxarife definir o processo de localização
que mais se enquadra para as atividades da empresa.
Segundo Dias (2011, p. 200):
O objetivo de um sistema de localização deve ser estabelecer os princípios necessário a perfeita identificação da localização dos materiais estocados sob a responsabilidade do almoxarifado. Deverá ser utilizado uma simbologia (codificação) normalmente alfanumérica representativa de cada local de estocagem, abrangendo até o menor espaço de uma unidade de estocagem.
Os procedimentos de estocagem mais utilizados são o sistema de estocagem
fixa e o sistema de estocagem livre, como os nomes descrevem, no sistema de
estocagem fixa cada item detém um determinado local no almoxarifado, ou seja,
sempre que chegam itens para reposição são armazenados no mesmo local, a
desvantagem deste sistema é o desperdício de espaço já que em uma prateleira por
exemplo, pode haver um grande espaço enquanto em outra pode estar faltando
espaços e itens terem que ficar armazenados no corredor.
Já o sistema de estocagem livre é aquele em que os produtos são alocados
no espaço que estiver disponível, não havendo local fixo para o mesmo, a
desvantagem deste processo de armazenamento é a possibilidade de se perder
mercadorias no estoque devido ao baixo controle, encontrando somente ao acaso ou
na contagem física de inventário. É importante que as empresas mantenham em seus
329
estoques apenas os itens necessários para a produção na quantidade mais
aproximada ao necessário evitando grandes acúmulos de imobilizado.
O melhor processo para verificação do desempenho de estoque são os
inventários, o inventário consiste na contagem física dos itens disponíveis no
almoxarifado. Segundo Russo (2009, p. 93):
A precisão dos inventários, sem dúvida, é um dos principais indicadores de um bom desempenho nos almoxarifados. A meta principal do inventário é garantir as quantidades físicas de materiais existentes no estoque sejam coerentes com os registros contábeis que neles constam. Uma empresa que se apresenta moderna e organizada deve ter políticas e procedimentos muito bem estabelecidos para estruturar sua administração de materiais, toda a movimentação de material deve ser adequadamente documentada, de forma a garantir máxima precisão nos registros de estoque.
Geralmente as empresas realizam o inventário dependendo da quantidade de
itens e da necessidade de acompanhamento, o inventário é categorizado em
inventário mensal, o qual ocorre uma vez a cada mês, anual, o qual ocorre uma vez a
cada ano e ainda o inventário rotativo, o qual é realizado duas vezes a cada ano.
3 METODOLOGIA
O método de abordagem utilizado para este trabalho foi o indutivo. Para sua
confecção, os tópicos foram baseados em experiências vividas em serviços
prestados, conversas informais com os gestores de cada área e visitas técnicas aos
almoxarifados da empresa Boa Esperança Agropecuária, possibilitando assim,
realizar uma análise generalizada das informações.
Quanto aos procedimentos técnicos foi utilizada uma técnica de observação
direta, a partir de visita pessoal aos setores da empresa, para analisar os processos
utilizados para a gestão de suprimentos e as vantagens obtidas através desta
utilização. Quando necessário foi realizada análise documental nos setores.
A classificação desta pesquisa possui caráter de estudo descritivo, pois foi
realizado um levantamento dos processos para gestão da cadeia de suprimentos
utilizados pela empresa Boa Esperança Agropecuária, o mesmo foi realizado para que
330
se obtenha o melhor entendimento dos processos a serem utilizados e das principais
vantagens de sua utilização.
Foi utilizado o método qualitativo, pois não se pretendia numerar ou medir
unidades ou categorias homogenias, mas sim mostrar a complexidade do problema
proposto, e ampliar os conhecimentos sobre a área da Gestão da Cadeia de
Suprimentos.
A pesquisa foi realizada na empresa Boa Esperança Agropecuária do município
de Lucas do Rio Verde-MT, sendo está o sujeito da pesquisa.
O instrumento de coleta de dados foi constituído em conversas informais com
os gestores das áreas relacionadas a gestão da cadeia de suprimentos, visitas
técnicas as unidades de armazenamento e em experiências vividas diariamente no
âmbito da organização. Não houve utilização de formulários ou questionários formais
de pesquisa, mas houve o uso de roteiro de entrevistas e observação nos setores, a
partir de tópicos essenciais ao entendimento da gestão da cadeia de suprimentos.
A coleta de dados foi realizada através de diálogos com os gestores e demais
colaboradores das áreas relacionadas com a gestão da cadeia de suprimentos
durante o período de 01/03/2016 à 26/03/2016. Também foi realizada uma visita à três
unidades de produção e armazenamento da empresa em 19/03/2016 com objetivo de
verificar como ocorre os procedimentos da empresa estudada em prática.
Foram aplicados questionamentos informais e visitas aos centros de produção
e armazenamento da empresa, questionamentos estes que fundamentaram a escrita
do referido trabalho.
A análise dos resultados é apresentada no capítulo 4 (quatro), por representar
o capítulo que será apresentado os resultados, deste modo cada categoria de análise
será baseada nos respectivos objetivos desta pesquisa.
A análise dos dados foi feita através dos resultados obtidos nos diálogos
realizados com gestores e colaboradores da empresa, das visitas técnicas e da união
entre os conceitos teóricos e as práticas visualizadas na empresa, além de demais
conhecimentos obtidos durante o curso de bacharelado em administração.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
331
O Grupo Bom Jesus surgiu da iniciativa de Luiz Vigolo, o patriarca de uma
família cujo empenho e dedicação transformaram seu pequeno negócio em uma das
maiores empresas do agronegócio do Brasil. A história do grupo a partir da experiência
do Sr. Luiz, terceiro filho entre dezoito irmãos, que começou a empreender nas terras
recebidas de seu pai na cidade de Medianeira-PR, ali em terras desfavoráveis de
acesso, já que não haviam estradas ou campos preparados, através da abertura pela
mão do próprio Luiz se iniciou as primeiras lavouras, de milho, feijão, arroz e trigo e
ainda a criação de suínos.
Em 1976, o Sr. Luiz efetuou a aquisição de 483 hectares no estado de Mato
Grosso, cujas áreas mais favoráveis as agriculturas mecanizadas mostravam-se mais
favoráveis para o ramo, a estas novas terras nomeou como Bom Jesus, nome advindo
da região que anteriormente morava na região sulista do país, neste novo local em
1978 se deu início ao plantio de soja.
No ano de 1987, foi fundada a Bom Jesus Sementes, negócio que prosperou
nos anos seguintes, gerando novos caminhos para a empresa, entre 1993 e 1994,
Luiz Vigolo transferiu o comando do negócio para o filho Nelson Vigolo, que promoveu
um ciclo de forte expansão, da produção de terras próprias começou a arrendar
diversas áreas e na safra do ano de 1987/88 iniciou o plantio de algodão.
Outra oportunidade de negócio surgiu em 2003 com a fundação da Bom Jesus
Transportes, inicialmente com o objetivo de atender a própria demanda, mas que logo
evoluiu para uma empresa de destaque na logística do agronegócio, até atingir em
dias atuais 73 filiais, divididas em 13 estados e no distrito federal.
Para consolidar as atividades comerciais, no ano de 2007 o grupo constituiu
a Bom Jesus Agropecuária, neste mesmo ano, estabeleceu o modelo inovador das
parcerias agrícolas, no ano de 2008 o grupo adquiriu 50% dos direitos da empresa
Boa Esperança Agropecuária, está composta de quatro fazendas, onde são
produzidos as culturas de milho, soja e algodão, está última a de maior destaque e
ainda três algodoeiras para o processamento e beneficiamento de colheita própria de
algodão e também prestando o serviço para terceiros, sendo a maior delas a instalada
no município de Eldorado-MT, inserindo assim todos os polos produtivos da Boa
esperança Agropecuária as atividades do grupo como um todo.
Em 2010 o grupo ultrapassou as barreiras do estado com a aquisição de 72
mil hectares no munícipio de Formosa do Rio Preto-BA, no ano de 2012, o modelo de
332
negócio vertical levou o grupo a abrir outras unidades, a ABJ Comércio (On Shore) e
ABJ Trading (Off Shore), estas responsáveis pela comercialização de commodities e
insumos no mercado nacional e internacional, em 2013, o grupo adquiriu o Posto
Transamérica e dividiu o negócio em três unidades: Agrícola, comercial e logística.
O grupo conta hoje com mail de 240 mil hectares cultivados e uma produção
de 926 mil toneladas na safra 2014/15, tonando-se um dos mais importantes do
agronegócio e não deixando se perder as suas raízes e essências, com a missão
contínua de produzir sementes, grãos e fibras a partir de critérios de elevada
eficiência, respeito ao meio ambiente e segurança, e ser reconhecido como
fornecedor de elevada qualidade.
4.1 Processos Utilizados pela Empresa para Gestão da Cadeia de Suprimentos
Devido os curtos períodos de tempo para a entrega do material na unidade de
produção e a alta carga tributária para e entrada de produtos no estado, em dias atuais
a empresa Boa Esperança Agropecuária utiliza em sua cadeia de suprimentos a
parceria com fornecedores em nível estadual, buscando em nível nacional em caso
de produto não disponível no estado, e para produtos não disponíveis no país a
empresa realiza as aquisições em níveis internacional, embora raros as ocorrências
deste último caso.
O procedimento se inicia pela necessidade do produto ou serviço na unidade
de produção, tal necessidade é direcionada ao almoxarife em caso de itens de
reposição ou peças e ao responsável da unidade pelo procedimento de manutenção
em caso de serviços, assim o almoxarife ou o P.M iniciam o processo de requisição
via sistema informatizado e documentação impressa para controle do período de
entrega, é o requisitante que informa a data de remessa do material, ou seja a data
que se faz necessária a chegada do material ou serviço para o uso na unidade de
produção, para compras normais deve ser utilizado o prazo mínimo de três dias. Ainda
é o requisitante que delibera o comprador responsável pela aquisição através de
distribuição de carteiras de categorias dos itens e serviços previamente passada aos
requisitantes.
333
Finalizado o processo de requisição anteriormente descrito, a requisição de
compra criada surge no campo de requisição pendente de compra do comprador
informado no momento de sua confecção, inicia – se então o processo de compra.
A empresa estudada utiliza o sistema S.A.P em todas a suas unidades, o
comprador seleciona a requisição de compra e inicia o procedimento de concorrência,
também denominado de cotação, geralmente quando itens em grande quantidade
como é o caso de peças para a manutenção de colheitadeiras, é importado os itens
do sistema para planilha em Excel e encaminhado a relação de itens para os
fornecedores cuja analise de cadastro determinar que detém a capacidade de
suprimento.
Por conter muitos itens para compra de mesmas marcas e praticar s compras
de todas a filiais do grupo em locais igualitários, a empresa detém uma grade
percentual de desconto frente aos fornecedores mais utilizados, criando diversas
parcerias de fornecimento.
Após o recebimento das cotações dos fornecedores o comprador inicia o
processo de lançamento dos mesmos em operação reservada para tal dentro do
sistema, tal processo permite a geração automática de relatório que determina o
fornecedor que possui o menor valor para compra, visualizando outros fatores como
tempo de entrega, distância e custo de frete entre outros, o comprador inicia as
tratativas comerciais com o fornecedor que apresentou a melhor proposta.
No processo de tratativa de compra são tratados temas como: custo de frete,
prazo de pagamento, forma de pagamento, etc. A empresa trabalha com a condição
de pagamento total do valor no prazo mínimo de 30 (trinta) dias corridos da data de
emissão da nota fiscal, havendo situações especiais que devem ser evitadas.
Após findadas as tratativas o comprador inicia através da cotação o processo
de gerar o pedido de compra, neste são inseridos todos as informações acordadas,
os dados da unidade a ser faturada, os dados da empresa a emitir a fatura e demais
necessários.
Após a geração do pedido, o mesmo está disponível para o processo de
liberação, as liberações para a empresa Boa Esperança Agropecuária são realizadas
também via sistema e são deliberadas conforme valor, para valores até R$ 5.000,00
(Cinco mil reais) a responsabilidade de aprovação é do gerente de cada unidade,
podendo este aprovar ou reprovar o pedido de compra, para valores entre R$ 5.000,00
334
(Cinco mil reais) e R$ 50.000,00 (Cinquenta mil reais), a responsabilidade é tanto do
gerente de cada unidade como do gerente geral da filial, tendo necessidade de
aprovação de ambas as partes, e a cada elevação de valor, se eleva a necessidade
de aprovações para gerente de produção, diretor financeiro e presidente do grupo,
sempre sendo necessário a liberação de todos os envolvidos para envio do pedido de
compra ao fornecedor, se apenas um dos envolvidos recusar o pedido, o mesmo é
cancelado.
Após o processo de liberação, o comprador é liberado para envio do pedido e
acrescenta as informações referente ao mesmo em sua planilha de deliberamento
(folow up), para controle de prazos de entrega e demais acompanhamentos.
Findado o processo de compra inicia – se a primeira parte da logística, o
processo de logística para a entrega de mercadorias na expedição da empresa ocorre
quase que em totalidade através de transportadoras terceirizadas, onde a empresa
encontra valores diferenciados devido ao grande nível de mercadorias recebidas
diariamente.
Em caso de veículos em reparo em outras cidades, se aproveita o seu retorno
para o envio de possíveis mercadorias.
O procedimento continua com a chegada da mercadoria ao setor de
recebimento e expedição, o recebedor efetua o procedimento de análise física do
material levando em consideração o pedido de compra, é verificado as quantidades e
demais especificações, também é listado como processo de conferência a análise das
documentações recebidas bem como o encaminhamento das mesmas ao setor de
faturamento, é atribuição do recebedor também relatar ao comprador qualquer
divergência no recebimento da mercadoria e se solicitado efetuar a recusa e a
devolução da nota fiscal e mercadoria ao fornecedor.
Na empresa Boa Esperança Agropecuária, todas as mercadorias são
enviadas para o escritório central, localizado na cidade de Lucas do Rio Verde-MT e
então expedidas para cada unidade solicitante, o processo de envio para as unidades
de produção por parte do recebimento ocorre na separação das mercadorias para o
box de armazenamento provisório de cada unidade de produção, também a confecção
de identificação de mercadoria para envio.
Neste mesmo momento o processo do setor de faturamento é a digitação da
nota fiscal para entrada fiscal do estoque, em dias atuais a empresa realiza tal
335
processo de forma manual, digitando todos os dados e também por sistema IMBOUD,
tal processo significar que o próprio sistema retira do e-mail da empresa reservado
para tal o XML da nota fiscal e realiza o pré-lançamento eletrônico, o objetivo é de que
todas a notas fiscais passem a utilizar o referido processo.
O processo de logística interna é realizado por veículos da própria empresa,
cabe como processo do setor de logística a verificação dos produtos para a escolha
do transporte até a fazenda e elaboração de rota de acordo com a emergência de
recebimento de cada unidade em caso de urgência e conciliando o menor custo em
dias normais. As mercadorias são carregadas diariamente no período vespertino das
16:00 horas ás 17:20 horas.
No recebimento interno dos produtos, o responsável é o almoxarife, este
executa o procedimento de conferência das mercadorias físicas e de seu
armazenamento, aos itens de peças para manutenção de maquinas é utilizado o
processo de armazenamento fixo, dividindo o estoque por categoria de máquinas,
sendo assim toda peça que chegar para um modelo de máquina especifico possui o
local premeditado para ser alocada, já para o armazenamento de mantimentos
alimentícios e EPI (Equipamento de Proteção Individual) é utilizado o sistema de
armazenamento livre, onde cada mercadoria recebida é atribuída ao espaço livre que
estiver disponível, o que não significa que os itens fica misturado, visando que estão
separados em salas diferentes.
Finalizado o procedimento de recebimento por parte do almoxarifado, se finda
o caminho do suprimento da origem até o local de uso.
4.2 Vantagens Obtidas Através dos Procedimentos
A principal vantagem obtida com a utilização do procedimento de requisição
no momento de uso por parte da unidade de produção é a redução de altos estoques,
fator de grande importância para a redução do ativo imobilizado da empresa, deixando
valor disponíveis para o maior giro do fluxo de caixa.
A vantagem da aplicação dos processos de compra para a empresa são o
rígido controle através da formulação do pedido de compra e dos lançamentos de
orçamento via sistema, outro fator de grande segurança é a aprovação do pedido por
parte dos gestores. Por estarem afastados das unidades de produção nem sempre os
336
compradores têm domínio das reais necessidades de compra, quando todo pedido
passa pela gerencia é possível que os mesmos saibam de todos os processos que
ocorrem na unidade, podendo assim evitar custos desnecessário para a empresa.
A vantagem do procedimento de recebimento da empresa é a redução de
custos de transporte já que estes são centralizados em um único local, tal fator implica
também da redução de colaboradores para o recebimento já que não é necessário
haver um setor para cada unidade, também facilita a comunicação direta com o
comprador e a resolução veloz de qualquer desacordo junto ao fornecedor.
Para a área de faturamento é destacado como vantagem a implantação do
sistema IMBOUD, tal prática reduz imensamente o tempo para entrada fiscal das
mercadorias e a redução de colaboradores para realizar tal tarefa, reduzindo
consideravelmente os custos para a empresa, além de que o faturamento via máquina
possibilita a maior redução de erros e processos de retrabalho.
Os procedimentos logísticos são vantajosos da maneira que a empresa aplica
a logística interna, como as unidades de produção são distantes do centro de
recebimento, o envio via transportadores externo renderia para os cofres da empresa
custos muito elevados, da forma em que a empresa pratica pode economizar
grandiosos valores e ainda agilizar o seu processo já que não depende do prazo de
entrega externo.
Através do método de recebimento nas unidades produção a empresa detém
como vantagem uma segunda verificação do material, evitando o recebimento de itens
divergentes das necessidades da empresa, a principal vantagem dos métodos
adotados para armazenagem são a facilidade e a elevação de velocidade para a
distribuição dentro do centro de produção, já que o almoxarife ou qualquer outro pode
facilmente achar a peça para a máquina desejada, apesar de que para o controle
correto, os demais colaboradores não tem permissão de acesso direto ao setor de
peças, apena o almoxarife tem a permissão de entregar as peças, é ele que retira os
itens do estoque fiscal via sistema.
4.3 Melhorias Possíveis no Processo de Gestão da Cadeia de Suprimentos
No cenário atual em que vivenciamos não há espaço para que uma empresa
que deseje se manter competitiva frente ao mercado opere seus processos de forma
337
errônea e insegura, para tanto, é necessário o aprimoramento contínuo de seus
processos e a aplicação de novos métodos executando uma atualização contínua.
Para o caso da empresa objeto deste estudo, um dos principais problemas é
o controle físico do local de armazenamento das mercadorias e ainda o controle de
informação dos itens que saem dos centros de produção para reparo na cidade,
ocorrendo em alguns casos de no retorno, os equipamentos de um centro de produção
serem encaminhados a outro ou de não ser encontrado determinado produto no
próprio centro de produção.
Como uma alternativa possível para resolver tal dificuldade a empresa pode
optar pela aquisição e utilização de um software de rastreamento via código de barras,
a rastreabilidade consiste na capacidade de seguir o histórico, aplicação e localização
do objeto, como vantagem o sistema de rastreabilidade promove a segurança nos
processos descrevendo a correta situação do item, apresenta um elemento extra para
o controle de fraudes.
A empresa deveria utilizar códigos impressos para o caso de produtos como
peças e de uso e consumo, por ser utilizados em maior quantidade e deterem menor
durabilidade e códigos metálicos para itens que compõe o ativo imobilizado, já que
estes necessitam de uma maior durabilidade.
Percebe – se que a empresa está empenhada na busca de melhorias devido
ao fato de que no presente momento fez a substituição do software operacional geral
com um considerável investimento unificando todos os setores e iniciou o
armazenamento de determinados itens em um único local gerando maior controle e
redução de desperdícios, visando que encaminha para o centro de produção apenas
a quantidade necessária no tempo de uso, trazendo ainda o benefício da redução de
espaço para armazenamento necessário no local de uso.
Outro fato que pode ser melhorado é a logística interna da empresa, visando
que as cargas são destinadas para as fazendas no início de cada dia, para tal fato
cabe a análise da viabilidade de um novo envio no período de início da tarde já que
mercadorias de urgência que chegam após a saída do transporte em alguns casos
ficam pendentes e por vezes deixando as atividades do centro de produção
comprometidas e gerando diversos prejuízos já que determinadas atividades não
permitem atrasos.
338
Através da aplicação de melhorias e correção das falhas a empresa terá a
possibilidade de manter o atual ritmo de crescimento, conquistando cada vez uma
maior parcela do mercado, gerando maior lucratividade aos acionistas e
possivelmente benefícios para a sociedade como um todo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivenciamos em dias contemporâneos um cenário caracterizado por crises
políticas, altos índices inflacionários, aumentos constantes sobre as matérias primas,
avanço tecnológico dentre outros fatores que resultam na necessidade de que os
procedimentos aplicados nas organizações detenham grandiosas vantagens e
benefícios, possibilitando as mesmas a se sobressair frente aos concorrentes.
No presente trabalho foi possível deslumbrar os procedimentos aplicados e
os benefícios obtidos através da utilização dos mesmos por uma empresa do ramo do
agronegócio.
Através da análise do presente estudo pode – se destacar como principais
processos e vantagens a logística interna da organização que é responsável por
encaminhar produtos e bens para as áreas de armazenamento das unidades de
produção diariamente e ocasiona como vantagem a rápida transmissão de
mercadorias entre as unidades e a redução de custos externos relacionados a fretes
para a empresa.
O procedimento de compras que é subdividido por carteira de itens trazendo
para a organização a vantagem de compras agregadas e possibilidade de negociação
de menores custos e outros benefícios.
Os procedimentos de recebimento que são centralizados no escritório central
que e traz a vantagem para a empresa de redução de custos com colaboradores
envolvidos no processo de recebimento e a maior agilidade em caso de erros para
que se faça a substituição dos produtos e o reparo de possíveis falhas.
Os métodos de faturamento que é responsável pela entrada fiscal das
mercadorias no estoque da empresa, o mesmo utilizado o processo IMBOUND que é
o pré-lançamento eletrônico através do arquivo XML (linguagem extensiva de
marcação genérica) da nota fiscal, tal processo atribui para a empresa a vantagem de
339
redução de erros vide que o mesmo é executado de forma eletrônica e necessita de
mínima mão de obra humana.
Os processos de recebimento e armazenamento da mercadoria por parte do
almoxarifado localizado no centro de produção, o armazenamento é realizado de
forma mista, ou seja, determinados produtos tem local pré estabelecido para
armazenamento enquanto outros são alocados nos demais espaços disponíveis, tais
processos agregam como vantagem para a empresa a segurança de uma nova
conferência de recebimento evitando erros durante o processo e a ausência de
espaços não utilizados no armazenamento, otimizando o ambiente disponível.
De forma geral, conclui – se que os procedimentos utilizados pela empresa
são condizentes com as teorias estudadas, trazendo grandes benefícios para a
organização.
Como mencionado no decorrer do trabalho, para a sugestão de melhoria,
surge a ideia de implantação de um sistema de rastreamento de mercadorias interno,
utilizado através da implantação de código de barra, por meio deste procedimento é
possível detectar com maior facilidade as condições de uso como localização, tempo
de duração, local de aplicação dentre outras características que geram índices
importantes para a necessidade de compras futuras e a redução de custos/ gerando
ainda mais benefícios para a empresa em estudo.
Através deste trabalho a sociedade de forma geral pode sanear possíveis
dúvidas quanto aos processos realizados por uma empresa coligada as atividades do
agronegócio e ainda quais as vantagens obtidas através de sua utilização.
REFERÊNCIAS CARDOSO, Jaqueline de F.; CASAROTTO FILHO, Nelson. Gestão da Cadeia de Suprimentos: contribuições para a construção de um conceito. Disponível em: <http://www.sociesc.org.br/producaoemfoco/index.php/producaoemfoco/article/download/133/71>. Acesso em: 20/03/2016. Escrito em: 2014. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
340
PIRES, Silvio Roberto Ignacio. Gestão da cadeia de suprimentos e o modelo de consórcio modular. In: RAUSP. 1997. Disponível em: <http://rausp.usp.br/wp-content/uploads/files/3303005.pdf>. Acesso em: 20/03/2016. RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. 7 ed. Curitiba: IBPEX, 2009. SILVA, Elizabete Ribeiro Sanches da; SILVA, Rafael Prudenciano da; BELAN, Ronivaldo. Uma estrutura para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/1039.pdf>. Acesso em: 20/03/2016. Escrito em: 2016. VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2002.
341
ANÁLISE DE CRÉDITO: Um Estudo de Caso em uma Cooperativa de Crédito
Regional
Paula Roberta Dias Tonon7
Fabiane Popik8
RESUMO A análise de crédito era vista como um setor desnecessário para as empresas que somente trazia gastos, porém com a constante globalização e crescimento na área do crédito, as empresas começaram se preocupar com os altos índices de inadimplência, tornando assim o setor da análise de crédito e os C’s do crédito uma importante ferramenta para avaliar e controlar os riscos envolvidos nas operações. Assim, o estudo teve como objetivo analisar a aplicação dos C’s do crédito nas análises de crédito em cooperativas. Através do estudo de caso, em uma cooperativa de crédito regional, conseguiu-se verificar que a organização pesquisada se utiliza dos C’s do crédito para realizar as análises e liberações de recursos, adotando uma política interna com critérios técnicos para realizar análise e verificar fatores que sejam ou não vantajosos para se conceder o crédito solicitado. Conseguiu-se identificar também quanto as linhas de créditos predominantes, que para as pessoas físicas destacou-se o Consignado e para as pessoas jurídicas o Desconto de Recebíveis. Assim, conclui-se a partir do estudo realizado que a cooperativa busca da melhor forma aprimorar sua análise e concessão de crédito, buscando evitar que as operações se tornem créditos inadimplentes no futuro. Palavras-chave: Análise de Crédito. Concessão de Crédito. Cooperativas.
1 INTRODUÇÃO
No cenário atual onde as pessoas possuem um fácil acesso ao crédito, os
clientes podem escolher onde tomar o seu empréstimo, incentivando assim, as
instituições financeiras apresentarem um amplo portfólio de produtos e serviços para
atenderem seus clientes. Porém as instituições financeiras devem estar cientes do
risco que cada operação possa oferecê-las, pois podem acarretar em altos índices de
inadimplência. Dessa forma, através de uma adequada concessão de crédito a
inadimplência poderá ser reduzida, porém para que isso seja possível é necessário
7 Acadêmica 8º Semestre de Ciências Contábeis na Faculdade La Salle. E-mail: [email protected] 8 Professora, Mestre em Ciências Contábeis. E-mail: [email protected]
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profissional qualificado, uma correta análise de crédito, a devida classificação do risco,
além do conhecimento dos seus clientes.
O crédito é um instrumento que está presente nas vidas das pessoas e das
organizações e a sua atividade tem um papel importante no contexto socioeconômico
do país, pois quando as pessoas precisam comprar casa, automóvel,
eletrodomésticos, móveis, sem ter que dispor de dinheiro à vista, o crédito lhes permite
adquirir tais bens, com a promessa de pagamento. As empresas por sua vez, quando
precisam adquirir equipamentos, matéria-prima, estoque, tem o crédito como uma
forma de alavancarem os seus negócios, pois com o crédito é possível conseguir
recursos para se investir na empresa. Para tal as organizações avaliam o risco de
liberação do crédito, além de identificar as reais necessidades da empresa.
Para realização da análise e uma concessão segura é necessário se embasar
em Critérios Técnicos, através desses critérios é possível detalhar os riscos
envolvidos na solicitação e se serão aplicados mitigadores ao crédito pleiteado. Dessa
forma entre os critérios técnicos disponíveis para analises de crédito, tem-se C’s do
crédito, conhecidos como caráter, condições, capacidade, capital, colateral e
conglomerado (SILVA, 2008). Essas técnicas permitem às organizações análises
mais concisas na liberação de recursos.
Apesar das cooperativas serem organizações sem fins lucrativos é de suma
importância a realização da análise de crédito, pois o crédito é um dos principais
produtos oferecidos pelas cooperativas, e não é bom para a imagem desta apresentar
aos seus associados prejuízos nas suas demonstrações pelo alto índice de
inadimplência incorridos de crédito mal concedidos.
Partindo do contexto apresentado, tem-se como problemática em questão: Os
analistas de crédito estão utilizando os C’s para a tomada de decisão na liberação de
crédito em cooperativas?
Podemos identificar que o objetivo deste trabalho é analisar a aplicação dos
C’s do crédito nas análises de crédito em cooperativas. Especificamente buscou-se
analisar os tipos de créditos que predominam nas cooperativas e verificar como está
sendo utilizada a informação dos C’s na tomada de decisão dos analistas na
cooperativa pesquisada.
A justificativa principal deste trabalho é verificar a relevância de se utilizar a
análise de crédito para mitigar o risco das operações, pois os problemas ligados à
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concessão de crédito geralmente estão relacionados pela falta de informações dos
solicitantes, falta de gerenciamento da carteira e erros na formalização da solicitação.
Inicialmente apresentou-se a fundamentação teórica, onde buscou-se
embasamento em diversos autores da área de análises, depois foi apresentada a
metodologia, onde mostrou-se como se estruturou a pesquisa. Posteriormente
demonstrou a análise dos dados com suas devidas interpretações, e pôr fim a
conclusão do trabalho.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Crédito
Para o Banco Central do Brasil (2012), operação de crédito é o contrato
realizado entre um consumidor, denominado tomador ou devedor, e uma instituição
financeira, denominada credora, que coloca à disposição do tomador determinado
montante de recursos financeiros, comprometendo-se o tomador a devolver esses
recursos em um determinado prazo, acrescido de juros.
De acordo com Santos (2009, p.1):
Crédito refere-se à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso futuro, não necessariamente certo, em virtude do “fator risco”. Daí a necessidade de que o credor faça uma análise cuidadosa da capacidade financeira de cada cliente, antes da concessão do financiamento.
Segundo Schrickel (1997, apud SECURATO, 2007 p.15) operação de crédito é
“todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente,
parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a
sua posse integralmente, após decorrer o tempo estipulado”.
Para Tomei e Lanz (2015), o crédito é qualquer relação de confiança entre
pessoas, e nessa relação pode ocorrer o risco, na qual está ligado à não devolução
ou ao uso incorreto do que lhe foi confiado.
Entende-se assim, que crédito é quando colocamos a disposição de uma
pessoa um valor, como forma de empréstimo ou financiamento, na qual tem uma
promessa de pagamento que será honrada em uma data futura.
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Para Securato (2007, p. 15) a definição de crédito é:
Em sua essência o crédito, ou mais propriamente a operação de crédito, é uma operação de empréstimo que sempre pode ser considerada dinheiro, ou caso comercial equivalente a dinheiro, sobre o qual incide uma remuneração que denominamos juros.
Conforme Securato (2007, apud, SILVA, 1998) crédito define um instrumento
de política de negócios, onde será utilizado por empresas comerciais ou industriais
nas vendas a prazo de seus produtos ou por um banco comercial, através da
concessão de empréstimos, financiamentos ou finanças.
Dessa forma, pode-se dizer que o crédito tem a importante função de fomentar
a sociedade, pois incentiva o aumento da demanda dentro do mercado, onde financia
os investimentos de pessoas físicas e pessoas jurídicas.
A análise de crédito, por sua vez, é a melhor forma de reduzir e controlar a
inadimplência, pois tem a importante função de averiguar o risco do solicitante não
pagar o crédito cedido, visto que apresenta os riscos oferecidos nas operações e
avalia a capacidade de pagamento. Para se realizar análises eficientes, faz-se
necessário a adoção de critérios técnicos, que são de extrema importância nas
concessões de crédito.
2.1.1 Critérios Técnicos para análise de crédito
Os analistas de créditos possuem ferramentas que lhe dão suporte a decidir se
irão liberar o crédito solicitado, pois devem verificar até que ponto é interessante
liberar crédito para seu solicitante. Umas das ferramentas primordiais para os
analistas são os C’s do crédito.
Gitman (2004) descreve que a análise por meio dos C’s do crédito não irá
produzir uma decisão específica, aceitação ou rejeição, logo a sua utilização requer a
intermediação de um analista experiente no estudo de solicitação de crédito e na
decisão de conceder, ou não, o crédito ao associado. A aplicação dessa análise ajuda
a garantir que os solicitantes irão pagar os débitos, dentro do prazo estabelecido, sem
que sejam pressionados.
Porém é necessário mencionar, que um dos insumos básicos para a decisão
final é o julgamento subjetivo que o analista faz para definir se é valido assumir os
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riscos, pois a experiência do analista e as informações que lhes estão disponíveis
sobre o caráter do associado são requisitos primordiais para a análise do risco de
crédito (GITMAN, 2001).
Portanto, para ser definido, se uma pessoa merece receber o crédito, é
necessário que o analista, não se baseie somente na análise subjetiva, mas sim,
utilize-se dos critérios dos C’s do crédito: Caráter, Condições, Capacidade, Capital,
Colateral e Conglomerado. Na sequência apresenta-se qual a função de cada um dos
C’s do crédito.
2.1.1.1 Caráter
O caráter indica a intenção do devedor em cumprir obrigações assumidas. É
identificado pelo credor através de informações cadastrais obtidas junto a outros
credores do solicitante do crédito, tais como bancos e fornecedores, ou por
informações cadastrais obtidas junto a empresas especializadas como SERASA, SPC
– Serviço de Proteção ao Crédito – e outras, (SILVA, 2008).
De acordo com Bem, Santos e Comitre (2007), o caráter refere-se à intenção
de pagar, onde são feitos os levantamentos de boas ou más qualidades. Esses
levantamentos começam na identificação de pontos fortes e fracos, que são
verificados através das experiências com bancos, fornecedores e clientes. São
considerados pontos fracos do caráter a impontualidade, protestos, concordada,
falência e ações judiciais de busca e apreensão, sendo esses os pontos encontrados
com maior frequência.
Para tanto, o caráter refere-se na intenção do devedor de cumprir as
respectivas obrigações financeiras nas condições que foram pactuadas. A análise do
caráter pode ser feita em consultas no SERASA e SPC, referências bancárias e
comercias e em histórico de relacionamento, onde deverão ser observados tempo de
relacionamento, operações que se encontram abertas e operações que já foram
liquidadas, histórico dos pagamentos das operações e qual a situação atual do
associado.
2.1.1.2 Condições
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Para Silva (2008), as condições são apresentadas como fatores externos e
macroeconômicos que exercem forte influência na atividade empresarial.
Nesse enfoque Santos (2009, p. 32) descreve:
Esse C está relacionado à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos, por exemplo, os decorrentes de aumento nas taxas de inflação, taxas de juros e paridade cambial, crises em economias de países desenvolvidos e emergentes, que mantêm relacionamento com o Brasil.
Esse item refere-se a fatores externos e macroeconômicos, que não são
controláveis pelo tomador, tais como as alterações na economia, questões normativas
legais e sensibilidade do segmento de mercado. Pode-se analisar esse item em
publicações sobre o cenário econômico, através de noticiários, jornais e revistas.
2.1.1.3 Capacidade
Conforme Schrickel (2000), a capacidade refere-se às condições do tomador
em pagar, ao contrário do caráter que considera a incapacidade do tomador quanto
as condições de pagar. Na capacidade o tomador pode até ter vontade de pagar,
porém pode ocorrer de não ter condições para que isso ocorra. Assim, o Caráter e a
Capacidade se misturam, e podem até ser confundidos, pois um depende do outro
para identificar qual é o estilo do tomador.
A capacidade, para Silva (2008), define-se como a habilidade vinculada à
competência empresarial das pessoas que integram empresas, bem como o potencial
dessas em produzirem e comercializarem seus produtos e serviços. Entende-se
também na capacidade de “repagamento”, conceito que está vinculado à geração de
caixa suficiente para fazer face aos compromissos assumidos.
No entanto, nota-se que a capacidade se refere à habilidade de cumprir com
as obrigações assumidas, através do gerenciamento de suas atividades. Pode-se
demonstrar a capacidade através de análises técnicas. Para as pessoas físicas são
analisados, o cargo que ocupa e a estabilidade no emprego, qual a escolaridade e
estado civil. As pessoas jurídicas, por sua vez, analisam-se o faturamento, as
demonstrações contábeis, onde são observados os indicadores de liquidez e de
endividamento.
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2.1.1.4 Capital
Silva (2008) define o capital como os bens e recursos que as empresas
possuem para saldar seus débitos. A medição deve ser através de índices financeiros.
Santos (2009, p. 31), afirma que “o capital é medido pela situação financeira do
cliente, na qual é levada em consideração a composição dos recursos, onde são
aplicados e como são financiados”.
Portanto o capital é a situação econômica financeira e patrimonial do tomador
de recursos, no que diz respeito aos bens e recursos possuídos para saldar suas
dívidas. Para as pessoas físicas é possível analisar esse C, através do holerite,
imposto de renda e cartão benefício. Para as pessoas jurídicas é possível analisar
através da apresentação do balanço, balancete, DRE e fluxos de caixa.
2.1.1.5 Colateral
Para Silva (2008), colateral refere-se à capacidade do cliente em oferecer
garantias complementares. Entende-se que a garantia é uma segurança adicional, e
às vezes será necessário à garantia para compensar as fraquezas decorrentes de
outros fatores de risco. Na definição da garantia devem-se observar fatores
relevantes, como, o risco representado pelo cliente e pela operação, o valor da
garantia em relação ao valor da dívida, o controle do credor sobre a própria garantia
e a liquidez.
A garantia, ou o colateral, deve ser interpretada como um instrumento adicional
à promessa de pagamento, para atenuar problemas decorrentes de uma eventual
incapacidade de honrar com o compromisso assumido. Quando uma operação de
crédito conta com garantia, alguns requisitos devem ser observados, como, a liquidez,
depreciabilidade e prazo de recuperação.
2.1.1.6 Conglomerado
Para Silva (2008), não se deve apenas conhecer a situação financeira da
empresa no qual é pleiteante do crédito, é necessário que se conheça a solidez do
conglomerado, verificando a situação econômico-financeira da controladora,
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interligadas e coligadas. Dessa forma, pode ocorrer de a empresa tomadora não
possuir condições para o crédito solicitado, mas ao analisar o grupo, o mesmo
demonstrar as condições necessárias para conceder o crédito. Ou pode-se verificar
que uma empresa do grupo apresente uma situação negativa, onde demonstrar uma
iliquidez das demais empresas relacionadas.
Trata-se da necessidade de avaliar todos os componentes de um grupo
econômico, para obter uma visão global sobre a solidez do conglomerado e dos riscos
que estão envolvidos.
O conglomerado demonstra uma necessidade de examinar o conjunto de
pessoas que possuem um relacionamento social, pois o problema de um dos
envolvidos no grupo pode refletir na situação das demais pessoas , onde caracteriza
uma fragilidade na hora de conceder um crédito.
2.1.2 Tipos de operações de crédito
Apesar de partirem da mesma definição as operações de crédito podem ser
divididas entre operações de empréstimo e financiamento. De acordo, com o Banco
Central do Brasil (2012), as operações de empréstimos não há obrigatoriedade de
comprovação do uso do recurso, ou seja, ele é de livre utilização, por exemplo, os
empréstimos pessoais, tais como, crédito direto ao consumidor, consignado, cheque
especial, entre outros. Já nas operações de financiamento há necessidade de
especificar e comprovar a utilização do recurso financiado, como, por exemplo,
financiamentos para aquisição de bens, veículos ou equipamentos, imobiliários,
financiamentos rurais, entre outros.
Existem várias linhas de crédito, e cada uma deve estar de acordo com a
necessidade do tomador e sua capacidade de pagamento, dessa forma, serão
apresentadas, algumas das modalidades de créditos mais comuns utilizadas por
pessoas físicas e pessoas jurídicas.
2.1.2.1 Linhas de crédito para pessoas físicas
As linhas de crédito destinadas às pessoas físicas são exclusivas para as
pessoas que possuem CPF (Cadastro de Pessoa Física), e são disponibilizadas para
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diversas finalidades na qual atende a necessidades pontuais dos solicitantes. Para as
Pessoas Físicas - PF as linhas mais tradicionais são os limites rotativos conhecidos
como cheque especial e cartão de crédito, além de possuir as linhas imobiliárias,
créditos direto ao consumidor, entre outros que serão apresentados no Quadro 1.
QUADRO 1 - Linhas de Crédito PF
Linhas de Crédito Descrição
Cheque Especial
Trata-se de um limite disponibilizado em conta corrente para atender a eventuais necessidades do tomador. Suas taxas são mais altas que os empréstimos comuns, por se trata de um limite.
Cartão de Crédito Possibilita realizar compras parceladas e saques em caixas eletrônicos, até o limite concedido. O limite é concedido de acordo com a renda de cada um.
Contrato de crédito É conhecida como Crédito Pessoal, pois está condicionada a amortização parcelada do valor principal mais os juros, sem ter que comprovar sua utilização.
Crédito Direto ao consumidor
Possibilita financiar uma prestação de serviço ou adquirir bens novos ou usados. Sua amortização é mensal e fixa, pois seus encargos estão incluídos nas parcelas. Um exemplo comum é o financiamento para aquisição de veículos.
Crédito Imobiliário Utilizado para aquisição de imóveis. A quantidade de parcelas, usualmente, é superior a cinco anos. E a garantia exigida geralmente é o imóvel, objeto do financiamento.
Leasing
Conhecida como arrendamento mercantil, utilizado para adquirir ou alugar veículos. O tomador escolhe um veículo e a instituição financeira disponibiliza-o para seu uso, através de contrato com um longo prazo de pagamento.
Fonte: Baseado em Santos (2009)
Cada linha apresentada deve ser direcionada de acordo com a necessidade do
tomador de crédito, para isso, é necessário conhecer a situação patrimonial e
financeira do cliente, e realizar todas as análises técnicas de crédito, pois assim é
possível conceder um recurso seguro, que esteja de acordo com a necessidade do
tomador a principalmente compatível com a sua capacidade de pagamento.
2.1.2.2 Linhas de crédito para pessoas jurídicas
As linhas de crédito oferecidas às pessoas jurídicas são criadas para as
empresas que possuem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e possui uma
finalidade específica, que pode ser prestadora de serviços, produção e
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comercialização de produtos. As linhas para PJ se resumem em capital de giro e em
investimento, a primeira trata dos gastos operacionais da empresa e a segunda trata
das necessidades com gastos para imobilizações para que a empresa possa exercer
suas atividades, porém deve conhecer a empresa para oferecer o crédito no momento
adequado e atender as variadas necessidades da empresa. Assim no Quadro 2 serão
apresentadas as linhas disponíveis para as PJ.
QUADRO 2 - Linhas de crédito PJ
Linhas de Crédito Descrição
Capital de giro Utilizado para atender as necessidades operacionais de curto prazo das empresas, como, compra de mercadorias, pagamentos de fornecedores e para gerar fluxo de caixa.
Compror Financiamento de bem ou serviço, onde o comprador (tomador) tem um prazo definido para pagamento e o fornecedor tem o recebimento à vista.
Vendor
Permite as empresas fazerem as vendas a prazo e receberem a vista, através de uma cessão de crédito a uma instituição financeira, ou seja, transfere seu crédito mediante uma taxa.
Adiantamento sobre Contratos de
Câmbio (ACC)
Financiamento de pré-embarque utilizado por empresas exportadoras, que necessitem de financiamento e que já possuam um contrato firmado para exportação futura.
Adiantamento sobre cambiais
entregues (ACE)
Financiamento que ocorre após o embarque, onde a responsabilidade do exportador termina quando é efetuado o pagamento das dívidas no exterior pelo importador.
Financiamento à importação
Trata de um financiamento onde o banco avaliza um importador brasileiro diante de um exportador, através de transações representativas de importação de mercadoria.
Resolução 63
Empréstimo de recursos captados no exterior, por meio da emissão de títulos. O repasse é feito em moeda nacional, indexado à variação cambial, acrescido juros e datas fixas para pagamento.
Leasing Operação de arrendamento ou aluguel destinado ao financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e imóveis. Tendo a amortização mensal e de longo prazo.
Repasses do BNDES
Trata de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que disponibiliza empresas financiarem projetos com imobilizações e expansão fabril.
Fonte: Baseado em Santos (2009)
Para oferecer a melhor linha de crédito a empresa é preciso saber para qual
finalidade será destinado o crédito e analisar como as parcelas irão influenciar no seu
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endividamento financeiro, para melhor se adaptarem aos prazos e garantias
estipuladas por cada operação.
2.2 Risco de Crédito
Para Figueira (2001), o risco de crédito está relacionado à possibilidade de não
pagamento pelo tomador. Pode ser definido também como a variabilidade de retornos
esperados de um ativo na qual é calculado a partir de dados históricos.
De acordo com Sicsú (2010, p.1):
A concessão de crédito é uma decisão sob condições de incerteza. Em empréstimos, vendas a prazo, prestação de serviços etc., quer o crédito seja solicitado ou quer seja oferecido pelo credor, sempre existe a possibilidade de perda. Se o credor puder estimar a probabilidade de que essa perda ocorra, sua decisão será mais confiável. [...] a probabilidade de perda em uma operação de crédito denominamos risco de crédito.
Entende-se que o risco de crédito é a possibilidade de perda, que resultará no
não recebimento de valores pactuados entre o tomador e o credor. Esse risco pode
ser causado por vários fatores, tanto internos como externos, fatores esses que irão
levar o tomador a não quitar os valores com o credor na data pactuada.
De acordo com Silva (2008, p. 56), em finanças, há conceitos distintos para
risco e para incerteza:
Risco: existe quando o tomador de decisões pode basear-se em probabilidade objetivas para estimar diferentes resultados, de modo que sua expectativa se baseia em dados históricos e, portanto, a decisão é tomada a partir de estimativas julgadas aceitáveis pelo tomador de decisões. Incerteza: ocorre quando não se dispõe de dados históricos acerca de um fato, o que poderá exigir que o tomador de decisões faça uma distribuição probabilística subjetiva, isto é, baseado em sua sensibilidade pessoal.
Para Xavier (2011) o risco é definido através da quantidade ou grau de
incerteza que está envolvida em uma operação de crédito. O risco é um mensurador
que auxilia o responsável pela concessão a decidir se irá ou não ceder o crédito
solicitado, além de auxiliar no cálculo do custo agregado a incerteza de recebimento.
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O risco de crédito é entendido como a possibilidade de o credor incorrer em
perdas, pois as obrigações assumidas pelo tomador podem não serem liquidadas.
Todas as operações de crédito estão expostas ao risco, porém esse risco pode ser
minimizado, pois cabe à instituição fazer à gestão do risco tendo o intuito de mitiga-
los, devendo a instituição adequar as exposições em níveis que serão aceitos pela
administração.
2.3 Cooperativas de Crédito
Segundo Fiorini e Zampar (2015), as cooperativas de crédito surgiram no Brasil
no começo do século XX, com ações oriundas principalmente nos estados de São
Paulo e Rio Grande do Sul. Ainda segundo os autores, a primeira cooperativa de
crédito surgiu no ano de 1902 na cidade de Nova Petrópolis, porém, em torno de 1950
são criadas cooperativas de crédito mútuo, baseadas nas ideias do canadense
Desjardins e hoje no Brasil existem mais de 1400 cooperativas de crédito.
De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB, 2016), a
partir do ano de 1906, foram desenvolvidas as cooperativas para o meio rural,
idealizadas por produtores agropecuários que vieram da Alemanha e Itália, esses
produtores trouxeram de seus países a cultura do trabalho associativo e de atividades
familiares comunitárias, motivando-os a organizar-se em cooperativas. Assim com a
propagação da doutrina cooperativista, a sua expansão foi num modelo autônomo,
visando suprir as necessidades dos seus membros. Segundo a OCB, a Lei 5.764/71
disciplinou a criação das cooperativas, porém restringindo a autonomia dos
associados, onde iria interferir na criação, funcionamento e fiscalização do
empreendimento cooperativo. Essa limitação foi derrotada pela Constituição de 1988,
onde foi proibida a interferência do Estado nas associações, iniciando, a partir de
então, a autogestão do cooperativismo.
Para o Banco Central do Brasil (2015), a cooperativa de crédito é uma
instituição financeira formada por uma associação autônoma de pessoas unidas
voluntariamente, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins
lucrativos, constituída para prestar serviços aos seus associados.
De acordo com Fiorini e Zampar (2015), as cooperativas de crédito tratam-se
de um empreendimento econômico-social, democrático e de autogestão, onde é
regido pela Lei 5.764/ 71 e por Resoluções do Conselho Monetário Brasileiro, tendo
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como principal a Resolução 3.321/05. Para os autores, a cooperativa é uma instituição
financeira, formada por uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica
própria, sem fins lucrativos e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil.
Para Castro (2009, p. 8):
Cooperativismo é uma maneira pela qual a sociedade se organiza, por meio de ajuda mútua, para resolver diversos problemas comuns relacionados ao dia a dia. Unindo esforços em um empreendimento coletivo, as pessoas realizam ações e obtêm resultados dificilmente alcançáveis individualmente.
As cooperativas de crédito oferecem empréstimos, captam dinheiro e prestam
serviços de natureza bancária, porém por se trata de uma sociedade de pessoas, as
cooperativas buscam promover o crescimento econômico dos associados, apostam
na sustentabilidade, além do contribuir para o crescimento das comunidades onde
estão presentes.
2.3.1 Diferença entre cooperativa de crédito e banco
Apesar de apresentar nomes diferentes, muitos sabem que existem diferenças
entre as cooperativas e os bancos, porém não sabem fazer a distinção dessas
diferenças, pois ambos se tratam de instituições financeiras que são reguladas pelo
Banco Central do Brasil e oferecem produtos e serviços parecidos, para tanto será
apresentado no Quadro 3 suas diferenças.
QUADRO 3 - Diferença entre cooperativas e banco
Cooperativa Banco
Sociedade de pessoas. Sociedade de capital.
Objetivo: Estrutura de um empreendimento econômico coletivo para o atendimento das necessidades próprias dos associados.
Objetivo: exploração de uma atividade econômica com fins lucrativos.
O capital (dinheiro) é dividido em quotas-partes iguais.
O capital é dividido em ações (quanto mais ações, mais participação no banco).
Controle democrático: 1 pessoa = 1 voto Controle exercido a partir da participação no capital.
Quórum para Assembleia = número de associados.
Quórum para Assembleia = capital representado.
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É vedada a transferência de quotas-partes do capital subscrito ou integralizado a terceiros.
Não é vedada a alienação ou transferência de capital a terceiros.
Resultado distribuído proporcionalmente às operações e serviços.
Resultado distribuído proporcionalmente ao capital integralizado.
Capital variável. Capital fixo.
A utilização das operações e dos serviços oferecidos pela cooperativa é condição básica para o sócio.
A utilização das operações e dos serviços oferecidos pela empresa não é condição para ser sócio.
Área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.
Área de atuação ilimitada.
Fonte: Fundação Sicredi (2014)
Conforme o quadro 3, pode-se observar que as cooperativas possuem
aspectos com diferenciais importantes, principalmente no que diz respeito à realização
dos negócios, na forma que os associados são tratados, além da diversidade desde a
constituição, princípios, valores e a forma de realização das ações.
Ainda é possível demonstrar as vantagens das cooperativas de crédito, de
acordo com Fiorini e Zampar (2015, p.49):
a) A cooperativa é dirigida e controlada pelos associados; b) Crédito imediato e adequado às condições do associado; c) Atendimento personalizado; d) Menor custo operacional; e) Juros mais baixos; f) Retenção e aplicação dos recursos de poupança e renda no próprio município, contribuindo para o desenvolvimento do local; g) Facilidade de abertura de contas; h) Aumento do poder aquisitivo; i) Benefícios sociais e educativos; j) Diferenciação tributária; k) Centralização financeira, com oportunidade de maior rendimento nas aplicações financeiras; l) Possibilidade dos associados se beneficiarem da distribuição de sobras ou excedentes.
As cooperativas possuem diferenciais competitivos frente ao mercado, porém
isso não é do conhecimento de toda população, e às vezes é discriminada por
acharem que tratam-se apenas de mais um banco. Cooperar está ligado a colaborar,
ajudar, se solidarizar, com essas definições pode-se notar o importante papel da
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cooperativa na sociedade, pois onde possuem cooperativas há o constante trabalho
para o desenvolvimento da comunidade.
3 METODOLOGIA
Na perspectiva metodológica, o presente artigo evidencia as características de
natureza descritiva, com uma abordagem qualitativa.
Segundo Andrade (2002, apud BEUREN, 2010) a pesquisa descritiva
preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-
los, e o pesquisador não interfere neles.
Para Beuren (2010), a pesquisa qualitativa se caracteriza em análises mais
profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. Essa abordagem
destaca características não observadas por meio de um estudo quantitativo.
De acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p. 31), “a pesquisa qualitativa não se
preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da
compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.”
Esse artigo caracteriza-se por natureza descritiva, pois no estudo foi realizada
a observação, registro e identificação de como funcionada o processo de análise de
crédito e quais são os critérios para a tomada de decisão na cooperativa escolhida. A
abordagem é qualitativa, pois neste estudo foram levantados os dados para
compreender e interpretar como são aplicados os C’s nas análises de crédito na
cooperativa.
Este trabalho foi elaborado através de um estudo de caso, pois foi escolhida
uma determinada cooperativa de crédito regional, acessível ao fornecimento de
informações, onde analisou-se a aplicação dos C’s do crédito para uma concessão de
crédito segura no período de 2015. Além, identificou-se os tipos de créditos
predominantes na cooperativa escolhida.
Para Yin (2015, p.2):
Um estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo (o “caso”) em seu contexto no mundo real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto puderem não estar claramente evidentes. A segunda parte da definição aponta para o projeto e a coleta de dados – por exemplo, como a triangulação de dados ajuda a trata a condição técnica distintiva, por meio da
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qual um estudo de caso terá mais variáveis de interesse do que pontos de dados.
Escolheu-se a metodologia de estudo de caso, pois analisou-se o cenário de
uma única cooperativa, verificando a aplicação dos C’s nas análises de créditos, tendo
as coletas de dados de fontes que nos permitiram triangular os dados levantados.
A coleta de dados foi feita por meio de consulta de documentos, principalmente
relatórios gerenciais, através de observação, bem como de uma entrevista não
estruturada.
Marconi e Lakatos (2002, apud Beuren, 2010) comenta que na coleta de dados,
de acordo com a entrevista não estrutura, as perguntas podem ser abertas e
respondidas em ambientes e em conversas informais. Considera que essa técnica
procura saber como e por que algo ocorre, e não apenas conhecer a frequência das
ocorrências permitindo que os dados obtidos possam ser utilizados para a análise
qualitativa.
A entrevistada escolhida foi a Assessora de Crédito e Analista da cooperativa,
pelo fato da mesma estar em contato direto com as solicitações de crédito de toda a
cooperativa, pois verifica através das análises de crédito se vale a pena a cooperativa
correr o risco de conceder ou não o crédito pleiteado.
Os dados informados no artigo foram coletados de relatórios referentes às
propostas recebidas na cooperativa no ano de 2015, esses dados foram analisados
de forma tabulada, onde estão estruturados em gráficos e tabelas. Por questões de
confidencialidade não será apresentado o nome da cooperativa.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Cooperativa de Crédito Pesquisada
A cooperativa escolhida possui cerca de 55 mil associados, distribuídos em 15
municípios do estado de Mato Grosso. Administra 1,5 bilhão de ativos, conforme
dados apresentados no fechamento do ano de 2015, em assembleias, além de possuir
um patrimônio líquido de aproximadamente R$ 370 milhões no mesmo ano, com mais
de 59 milhões em sobras com juros ao capital. No ano de 2015 tiveram de crédito
liberados em torno de 33 mil operações totalizando mais de R$ 1.100.000 milhões.
357
A cooperativa possui grandes impactos junto às comunidades, pois valoriza e
promove o ser humano, desenvolvendo programas e projetos que auxiliem a criar e
manter vínculos com as comunidades, através de aplicação da cultura da cooperação
e contribuindo para o crescimento e melhoria da sociedade. A cooperativa possui
programas sociais, que no ano de 2015, beneficiou cerca de 40 mil crianças e
adolescentes, onde estão distribuídas em 104 escolas de nove municípios na qual a
cooperativa está presente.
Pode-se observar que trata de uma cooperativa sólida na sua região de
atuação, onde possui associados com participação ativa e efetiva e é possível notar
que a mesma está amparada pelos princípios do cooperativismo, além de demonstrar
boas práticas de governança.
4.2 Linhas de Crédito Predominantes
Para atender aos objetivos propostos para o estudo, serão apresentadas as
linhas de créditos que predominam na cooperativa escolhida, tendo como montante
do crédito concedido em 2015 mais R$ 1.100.000 milhões.
O gráfico 1, demonstra o percentual das linhas de crédito para pessoas físicas
que mais predominam na cooperativa. Os dados foram coletados nos relatórios
referente as propostas recebidas no ano de 2015, sendo possível realizar a montagem
do gráfico 1.
GRÁFICO 1 - Linhas de Crédito predominantes na PF
358
Fonte: Dados da Pesquisa (2015)
Pode-se notar o Consignado é uma linha que apresenta maior predominância,
representando 25% das operações da cooperativa, pois trata-se de uma linha na qual
não possui risco de inadimplência, visto possuir desconto direto na folha de
pagamento do tomador, desde que o empregador possua convênio com a
cooperativa.
Posteriormente nota-se o Cartão de Crédito com representatividade de 24%
das operações, ao qual justifica-se tal utilização por ser uma modalidade que possui
várias vantagens e facilidade no seu uso. Logo após tem-se a linha de Crédito
Pessoal, que representa 23% das operações, geralmente os associados optam por
essa linha, pois não é necessário comprovar sua utilização, além de ser possível
apenas vincular avais como garantia dependendo da natureza da cobertura da
operação.
A modalidade de cheque demonstra 11%, pois trata de um limite que é
disponibilizado na conta corrente do associado e pode ser utilizado de acordo com as
necessidades temporárias e podendo amortizá-lo conforme sua conveniência. As
linhas menos utilizadas na cooperativa, de acordo com gráfico, são Veículos e
Construção e Reforma, ambos representam 6% das operações e o consórcio
representa 5%, acredita-se que por ser linhas que exigem a apresentação de garantia,
geralmente a garantia é o próprio bem a ser adquirido tornando linhas mais difíceis de
contratação.
Cartão24%
Cheque11%
Cons Contemplado
5%
Consignado25%
Constr/Ref6%
Crédito Pessoal23%
Veículos6%
359
Quanto aos créditos liberados a pessoa jurídica, o gráfico 2 apresenta as linhas
predominantes nas operações da cooperativa, no ano de 2015.
GRÁFICO 2 - LINHAS DE CRÉDITO PREDOMINANTE NA PJ
Fonte: Dados da Pesquisa (2015)
Nota-se no gráfico 2, que a linha que possui maior predominância na
cooperativa para pessoa jurídica é a modalidade de Desconto de Recebíveis, que
representa 32% de participação. Essa linha possibilita a empresa a antecipar as
vendas a prazo efetuadas por cartão de crédito, cheques e duplicatas, permitindo a
empresa ter uma liquidez imediata dos seus recebíveis.
Representando 21% das operações, está a linha de capital de giro como a
segunda modalidade mais predominantes na cooperativa, visto ser uma linha que
permite a empresa a cobrir déficit de caixa e honrar compromissos de curto prazo. A
linha de investimento tem a representatividade de 14% das operações de crédito da
cooperativa, essa linha permite a empresa a realizar investimentos nas suas
instalações, aquisição de equipamentos, compra de veículos para sua atividade, entre
outros. Ao contrário da pessoa física, os limites de cheque e cartão de crédito para
empresas são as modalidades que menos tem predominância nas operações de
crédito para pessoas jurídicas, representam 7% e 11%, respectivamente.
Foi perguntado a entrevistada, qual seria as linhas que mais predominam na
PF e na PJ, a fim de triangular as informações, conforme mencionado por Yin (2015).
Capital de Giro21%
Cartão11%
Cheque7%
Investimento14%
Desconto de Recebíveis
32%
Rotativo15%
360
Na percepção da entrevistada, as linhas que mais predominam na PF são as linhas
de cartão de crédito, cheque e crédito pessoal. Notou-se predominância dessas
modalidades, porém a linha que possui maior predominância segundo os documentos
é o Consignado. Na PJ a entrevistada, citou que seria a linha de desconto de
recebíveis, por se tratar de uma modalidade que os próprios recebíveis podem ser
considerados como garantia, além de conceder liquidez imediata as vendas a prazo,
estando em conformidade com o gráfico apresentado.
Cabe destacar que além das linhas de crédito já apresentadas, a cooperativa
possui a linha de renegociação e linhas especificas para produtores rurais, porém por
não se trata do foco do estudo, optou-se em excluir essas modalidades da análise de
dados.
Pode-se observar que as linhas que predominam na PF e PJ tratam-se de
linhas que possuem uma garantia maior de recebimento, sendo possível inferir que a
cooperativa tem prioridade para as linhas que lhes apresentam maior segurança.
4.3 Utilização dos C’s na Cooperativa
Para atender ao objetivo de como a cooperativa pesquisada está utilizando a
informação dos C’s na tomada de decisão, procurou-se demonstrar como é feita a
utilização dos C’s para averiguar qual o risco envolvido nas operações de crédito.
Na coleta de dados por meio de entrevista e observação, verificou-se que para
a análise de crédito a cooperativa utiliza-se de todos os C’s do crédito mencionados
pelos autores fundamentados, para verificação de aspectos favoráveis ou
desfavoráveis ao crédito pleiteado, onde pode ser detalhado quais os riscos
envolvidos e quais deverão ser os mitigadores aplicáveis a cada solicitação. A seguir
será demonstrado como são utilizados os C’s nas análises de crédito baseada nas
políticas de crédito da cooperativa.
QUADRO 4 - Utilização dos C’s na cooperativa
Caráter Capital Capacidade
É averiguado através das consultas em órgãos de proteção ao crédito, nas referências bancárias e comerciais, além de
É identificado pelo patrimônio líquido, nível de endividamento, participação de capital de terceiros e fluxo de caixa.
Para avaliação da capacidade é realizada uma análise do nível de formação do tomador, tempo de experiência na
361
avaliar a tradição do associado, verificando tempo de relacionamento, quantidades e tipos de operação abertas e liquidadas e o histórico de pagamento.
Para avaliação do capital de PF é utilizado o holerite ou Declaração de Imposto de Renda. Na PJ é avaliado através da análise de balanço/ balancete, Demonstração de resultados líquidos e de fluxo de caixa.
atividade, histórico curricular, além da realização de visitas técnicas para os associados que tiverem exposições mais representativas no quadro da cooperativa.
Condições Colateral Conglomerado
Por se tratar de fatores externos e macroeconômicos, que não controláveis pelo tomador, a cooperativa faz o acompanhamento da situação econômica nacional e internacional, normativos legais ligados ao setor e características especiais do ramo de atividade.
Para determinar a garantia a cooperativa leva em consideração característica referente a liquidez, segurança de formalística, depreciabilidade, controle do credor sobre a garantia oferecida e prazo de recuperação da mesma.
Quando existe grupo econômico, é realizada a análise que contemple a avaliação das informações creditícias de forma individual de todos os componentes do grupo.
Fonte: Dados da Pesquisa (2016)
Através de uma rede disponível na internet, as analistas fazem a análise de
crédito do tomador, dos garantidores e dos componentes do grupo econômico. Essa
ferramenta é chamada de análise financeira, sendo que a análise financeira importa
as informações do cadastro sendo verificado em primeiro momento a renda do
proponente, as dívidas internas que possui na cooperativa e as dívidas em outras
instituições, separadamente, além de informar valores vencidos, caso o proponente
possua, logo após é informado o valor da proposta, quantidade de parcelas e taxa de
juros, para verificação da capacidade de pagamento do associado.
Para verificar o comprometimento patrimonial a análise financeira importa do
cadastro, os bens, conforme atualização que deve ocorrer a cada 365 dias, dessa
forma faz o calculado do comprometimento patrimonial, na qual engloba as operações
que o associado já possui com o valor solicitado confrontado com os bens do mesmo.
Para verificar o caráter são feitas as consultas no Serasa, SPC e Receita
Federal, caso o associado possui algum restritivo é necessário apresentar o
comprovante de regularização para dar continuidade na solicitação. Para verificar a
tradição e reciprocidade do associado é verificada a movimentação da conta, através
362
da consulta em sistema, da utilização do limite de cheque especial, médias mensais
e semestrais, créditos na conta dentro do mês, se possui cheques devolvidos na
alínea 11 ou alínea 12 e se possui atrasos em operações de crédito na cooperativa
acima de 15 dias. A partir desses itens as analistas emitem os pareceres das
propostas, sendo recomendados ou não recomendados.
Analisou-se que as propostas de PF têm a duração da análise em torno de 30
minutos e as propostas de PJ tem duração média de 60 minutos, em virtude de ter a
necessidade de avaliar, além dos itens descritos acima, o balanço da empresa e o
seu faturamento dos últimos 12 meses.
Na percepção da entrevistada, na cooperativa são analisados todos o C’s para
concessão do crédito, pois são itens importantes que podem ajudar na redução da
inadimplência. Além dos C’s do crédito é verificado a reciprocidade do tomador com a
cooperativa, pois não basta apenas tomar crédito, é necessário possuir movimentação
em conta corrente e utilizar os serviços que são disponibilizados aos associados. É
verificado também o risco interno do associado, pois o associado pode ter boas
referências comerciais e não ser um bom associado junto a cooperativa, esse item é
verificado através da análise do histórico do mesmo, se apresenta atrasos nas
operações de crédito, quantidades de cheques devolvidos, entre outros fatores.
Considerando os conceitos estudados na fundamentação e como a cooperativa
se utiliza dos C’s do crédito, notou-se que é de alta relevância a verificação de cada
um dos C’s, pois a partir desses fatores consegue-se verificar com mais precisão
pontos que devem ser atentados na concessão do crédito. Percebe-se que as análises
podem até mesmo demonstrar impeditivos de crédito, como pode ser exemplificado o
caso de o associado apresentar um restritivo e não possuir comprovante de
regularização, a cooperativa não possui segurança nenhuma em conceder um crédito
ao associado que já possui um histórico negativo no mercado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a análise de crédito é possível reduzir o risco das operações, pois a
inadimplência está relacionada com um crédito que foi mal concedido assim com a
análise de crédito, aplicando cada um dos C’s, consegue-se analisar fatores que
363
podem demonstrar que o associado irá apresentar problemas no futuro e que a
operação possa apresentar um alto risco para a cooperativa.
A pesquisa teve como objetivo analisar a aplicação dos C’s do crédito nas
análises de crédito, além de buscar analisar os tipos de créditos predominantes na
cooperativa escolhida e verificar como está sendo utilizada a informação dos C’s na
tomada de decisão dos analistas. O estudo desenvolveu-se em uma cooperativa de
crédito regional, por meio de um estudo de caso, com coleta de dados por meio de
documentos, entrevistas e observações.
Pode-se notar que as linhas que mais predominam nos créditos liberados a PF
na cooperativa são o crédito consignado, cartão de crédito e o crédito pessoal. Na PJ
as linhas que predominam são o desconto de recebíveis e o capital de giro.
Para reduzir os riscos na concessão de crédito a cooperativa possui uma
política interna que contém os C’s do crédito como premissas para a análise, adotando
critérios onde é possível verificar se os associados possuem caráter, condições,
capacidade, capital, colateral e conglomerado.
Nesse estudo pode-se perceber que a cooperativa procura realizar a análise
de crédito conforme as teorias que foram apresentadas, e busca aprimorar os critérios
técnicos para não serem concedidos maus créditos que poderão resultar em
inadimplência.
O estudo está limitado a uma cooperativa de crédito, sendo que os dados não
podem ser generalizados. Portanto, para pesquisas futuras seria importante para dar
continuidade ao estudo, analisar como a cooperativa procede na área de recuperação
de crédito e como são feitas as negociações com os associados que encontram-se
em situação inadimplente.
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366
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Uma Análise na Distribuição Após a
Privatização da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A
Fabíola Fischer9
Renato Ferreira10
Fabiane Popik11
RESUMO A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) foi inserida pela Lei nº 11.638/2007 como um novo relatório, desenvolvido para complementar os demonstrativos contábeis, visando apresentar a riqueza gerada, e a maneira como ela está distribuída aos que contribuíram para a formação desta, objetivando evidenciar o papel social das empresas, para que todos os usuários possam ter acesso às informações e conhecer a contribuição da empresa para a comunidade em geral. Este artigo buscou analisar a variação na distribuição da riqueza criada e evidenciada nas DVA, da empresa Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A, após a sua privatização. Os períodos analisados foram os anos de 2012 a 2015, sendo os dados coletados do site do GRU Airport. O objetivo principal é verificar como está sendo feita a distribuição do valor adicionado, se houve diferença na forma de distribuição em cada período analisado, e quais as principais mudanças ocorridas nos anos que sucedem a privatização. Como resultado de pesquisa, pôde-se constatar que houve mudança na forma como foi distribuída a riqueza agregada pela empresa entre seus elementos de distribuição, e que com o passar dos anos houveram diferenças significativas estre os percentuais em relação ao ano base. Com isso, pode-se concluir que após a privatização houveram algumas alterações significativas na formação da riqueza e principalmente na distribuição do valor adicionado da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A. Palavras-chave: Demonstração do Valor Adicionado. Distribuição de Riqueza. Privatização.
1 INTRODUÇÃO
Após a lei 11.638/2007 entrar em vigor, a contabilidade sofreu várias
modificações, entre elas, a adaptação das Normas Internacionais de Contabilidade ao
Brasil. Entre as novas regras, surge a obrigação da apresentação de alguns
9 Acadêmica do 8º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected] 10 Acadêmico do 8º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected]; 11 Professora do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle. E-mail: [email protected]
367
demonstrativos financeiros pelas empresas classificadas como Sociedades
Anônimas. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)
Para Tinoco (2006 p. 64), “uma das formas que ampliam a capacidade de se
analisar o desempenho econômico e social das organizações é pelo valor econômico
que é agregado aos bens e serviços adquiridos de terceiros, valor este denominado
de Valor Adicionado”.
Apesar de ser elaborada a partir dos relatórios contábeis, principalmente da
DRE (Demonstração de Resultado do Exercício), a DVA (Demonstração do Valor
Adicionado) diferencia-se, e ao mesmo tempo complementa os outros relatórios,
apresentando informações detalhadas sobre a quantidade de riqueza produzida pela
empresa, e a forma como foi distribuída essa riqueza aos vários agentes econômicos
que colaboraram para sua produção, que são: Pessoal, Governo, Capital de Terceiros
e Capital Próprio. (AZEVEDO, 2009)
As empresas de forma geral constituem-se em pública ou privada. Dentro deste
cenário surge o fenômeno da privatização, que pode ser entendido de diversas
formas, mas conceitua-se basicamente na passagem de uma sociedade pública para
uma totalmente privada, o que pode acarretar vários impactos econômicos tanto para
a empresa quanto para a economia coletiva.
Partindo deste contexto, tem-se como problema em questão: a distribuição de
riquezas pela empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A teve variações
significativas após a sua privatização?
Assim, o objetivo da pesquisa é analisar como está sendo distribuída a riqueza
pela empresa Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A após sua
privatização, considerando o período de 2012 a 2015.
Buscou-se também explorar os demonstrativos de valor adicionado
apresentados, com a finalidade de relacionar os dados obtidos no passar dos anos,
verificando quais foram os impactos ocasionados em cada elemento da DVA.
A escolha do tema se dá pelo fato da Contabilidade passar por diversas
mudanças e adaptações constantemente, sempre procurando inovar e transmitir cada
vez mais informações com precisão e transparência aos usuários. A privatização,
apesar de ser um fenômeno já presente em nosso cotidiano, ainda é um assunto
bastante polêmico no Brasil. Com isso, buscou-se unir esses dois fatores e, através
368
das análises, constatar como apresenta-se a distribuição da riqueza de uma empresa
após a administração da mesma passar do governo para a iniciativa privada.
Em seguida será apresentado como ocorreu a convergência aos padrões
internacionais da contabilidade, a importância do Balanço Social para as empresas e
seus usuários, bem como o que é a Demonstração do Valor Adicionado, sua estrutura,
elaboração, distribuição. Logo após está apresentada a análise das demonstrações
da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A e os principais resultados.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Convergência aos Padrões Internacionais de Contabilidade
As normas internacionais vêm sendo construídas desde 1973 pelo, na época,
International Accounting Standards Committee (IASC), atualmente denominado
International Accounting Standards Board (IASB), mas a contabilidade está sempre
evoluindo e a principal evolução ocorreu no início do século XXI, no Brasil e no mundo:
a convergência para as normas internacionais. Antes de 2001, no período do IASC,
as normas internacionais já existiam, porém ainda eram pouco utilizadas pelas
empresas nesta época. A adoção destas normas ganhou maior força em 2005,
quando a União Europeia decidiu que suas empresas iriam adotá-las, e foi assim que
o IASC foi transformado no IASB (IUDÍCIBUS, et al, 2010)
É perceptível a importância de um padrão quando se trata da linguagem
contábil, pois a contabilidade assume uma relevância cada vez maior em todos os
lugares do mundo, exigindo que haja uma melhor comunicação e um melhor
entendimento, pois, os negócios estão se tornando cada vez mais globalizados, e isso
mostra que é fundamental que exista um método mundial, ao invés de cada país ter o
seu próprio método, ou seja, precisa ser aplicada da mesma forma em todos os
lugares (IUDÍCIBUS, et al, 2010)
Por isso, com a necessidade da aderência às normas internacionais, e para
unificar o método utilizado na contabilidade no Brasil, foi criado o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis – CPC, em 2005, que tem o objetivo de centralizar as
normas contábeis uma vez que, estas são emitidas por diversos órgãos. A
convergência às normas internacionais também é parte fundamental da criação do
369
CPC, proporcionando um processo democrático na produção das normas contábeis
(PEREIRA, 2013)
A alteração das leis 11.638 de 2007 e 11.941 de 2009, aliadas à criação do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, permitiram a criação de diversas novas
normas, que foram aprovadas pelos órgãos competentes e também adaptadas às
Normas Internacionais de Contabilidade. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)
Com toda essa mudança, a nova legislação representou uma grande revolução
na contabilidade, e introduziu métodos e técnicas que boa parte dos profissionais nem
estavam preparados para aderir, ressaltando principalmente a transparência na
elaboração das demonstrações contábeis na divulgação aos usuários.
Juntamente com a necessidade de elaboração e divulgação de demonstrativos
financeiros com maior transparência, surge um novo modelo de prestação de contas
aos usuários destas informações, dando um destaque maior às informações sociais,
surgindo assim o Balanço Social.
2.2 Balanço Social
A responsabilidade social é o dever de comunicar com exatidão os dados de
sua atividade para que a comunidade que se relaciona com a entidade possa avaliá-
la, compreendê-la e, talvez, se necessário, criticá-la. (TINOCO, 2006)
O Balanço Social teve origem na França em 1977, pela exigência que a
sociedade fazia sobre uma nova postura ética, com maior transparência. A partir daí
diversas empresas passaram a prestar contas de suas ações e objetivos. No início
era voltado com maior ênfase à evidenciação da parte dos recursos humanos. Foi
implantando pela grande busca de informações a respeito dos impactos que as
atividades da empresa causavam nos trabalhadores, na sociedade, na comunidade e
no meio ambiente. (TINOCO, 2006)
No Brasil, a elaboração do Balanço Social teve início na década de 70. A partir
de 1980 algumas empresas iniciaram a divulgação deste demonstrativo, porém, foi na
década de 90 que teve maior impulso, e um maior número de empresas passou a
fazer uso da elaboração e apresentação deste balanço. (DEGRAF, 2013)
370
Ainda para Degraf (2013, p. 02), “o Balanço Social se tornou mais evidente
quando Herbert de Souza, o Betinho, iniciou em junho de 1997 uma campanha para
que houvesse a divulgação voluntária dessas informações”.
O Balanço Social não é considerado um demonstrativo obrigatório e tem por
objetivo demonstrar como está a interação da empresa com o meio onde se insere,
pois busca demonstrar o nível de responsabilidade social que a empresa assume,
sendo utilizado como prestação de contas à sociedade por utilizar patrimônios
públicos e usufruir dos benefícios de toda a sociedade. (IUDÍCIBUS, et al, 2010)
Está dividido em quatro vertentes: Balanço Ambiental, que compreende os
gastos com preservação, proteção e recuperação dos recursos naturais; Balanço dos
Recursos Humanos, que visa demonstrar o perfil dos trabalhadores, bem como a
remuneração e os benefícios concedidos, entre outros gastos com funcionários;
Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral, como por exemplo, contribuições
à entidades filantrópicas e educação de necessitados, e Demonstração do Valor
Adicionado, que demonstra a contribuição da empresa para o desenvolvimento
econômico-social de onde está instalada, tema que será aprofundado neste estudo.
(IUDÍCIBUS, et al, 2010)
2.3 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
A DVA é um demonstrativo que não faz parte das demonstrações obrigatórias
à todas as empresas pelas Normas Internacionais de Contabilidade, mas assim como
o Balanço Social, tem sido incentivada já há algum tempo, devido sua importância
socioeconômica. Desde a década de 90 já era elaborada por algumas empresas de
capital aberto, porém, somente a partir da implantação da lei 11.638/2007 ela passou
a ser obrigatória às empresas classificadas como S.A.
A Lei societária 11.638/2007 em seu art. 176, inciso V estabelece sobre a
evidenciação da DVA: “se companhia aberta, demonstração do valor adicionado”.
Conforme afirma Ribeiro (2009, p. 361), “este demonstrativo que surgiu na
Europa por influência da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha tem sido cada vez
mais difundido e adotado por outros países, principalmente por recomendação
expressa da Organização das Nações Unidas (ONU) ”.
371
Tinoco (2006, p. 78) afirma que “no Brasil, as primeiras empresas a publicar a
DVA foram a Telebrás e algumas de suas controladas, no ano de 1990, CMTC de São
Paulo, em 1991 e Banespa em 1992”.
De acordo com o CPC 09 (2008, p. 02) “a DVA deve proporcionar aos usuários
das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em
determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas”.
Ou seja, precisa fornecer dados detalhados de como foi agregada a riqueza da
empresa e posteriormente, como a mesma foi distribuída entre os diversos agentes
econômicos ligados à empresa.
Não restam dúvidas de que a DVA representa um grande avanço para a própria ciência contábil, especialmente porque os indicadores e informações de natureza social que ela oferece atingem um universo maior de usuários ao evidenciar a riqueza gerada pela empresa e a forma como essa riqueza foi distribuída entre os empregados (salários e benefícios), acionistas (remuneração do capital investido em forma de juros e dividendos), financiadores (pagamentos de juros e do custo dos insumos adquiridos de fornecedores) e a sociedade (por meio do recolhimento dos tributos ao governo). (RIBEIRO, 2009, p. 363)
Observando estas linhas de raciocínio, pode-se considerar que o Valor
Adicionado representa a riqueza criada pela entidade em um determinado período de
tempo, sendo que a soma do valor agregado representa o total das riquezas criadas,
e posteriormente é distribuída entre os agentes que colaboraram na formação da
mesma.
2.4 Estrutura e Elaboração da DVA
Quanto à elaboração da demonstração do valor adicionado, é um pouco
semelhante à demonstração do resultado do exercício, pois os dados são retirados
deste, porém, o procedimento utilizado é diferente: a DRE tem o objetivo de apresentar
a parte da riqueza gerada pela empresa que pertence aos sócios e acionistas; já a
DVA procura demonstrar essa riqueza de maneira mais detalhada apresentando como
foi gerada e como foi distribuída. (AZEVEDO, 2009, p.135)
372
Existe a possibilidade de construir uma DVA “olhando” os valores de uma DRE; mas, para isso é necessário que a DRE esteja detalhada e sem feitos alguns ajustes, a exemplo do CMV – Custo da Mercadoria Vendida, enquanto que para a DRE este valor será lançado sem impostos, para a DVA deverá ser computado com os impostos. No “CMV”, deve-se excluir os valores dos salários e respectivos encargos para a DVA, enquanto que para a DRE tais valores são computados. (AZEVEDO, 2009, p. 135).
A DVA é dividida em duas partes, os dados devem ser retirados da
contabilidade, e as informações devem seguir o princípio do Regime de Competência.
Na primeira parte é apresentada de maneira detalhada a composição da riqueza da
entidade. Já na segunda parte, deve estar evidenciada a distribuição desta riqueza.
2.4.1 Primeira parte – riqueza criada pela própria entidade
Na primeira parte devem constar de forma detalhada os componentes que
fazem parte da criação da riqueza, que são divididos em: Receitas; Insumos
Adquiridos de Terceiros; Retenções; e Valor Adicionado Recebido em Transferência.
Na sequência serão apresentadas as principais características de cada item citado de
acordo com a Resolução CFC nº 1.138/2008, item 14.
As receitas compreendem a venda de mercadorias, produtos e serviços,
inclusive os tributos incidentes sobre essas receitas, ou seja, é o faturamento bruto.
As outras receitas, da mesma forma, incluem os tributos incidentes sobre as mesmas.
Provisão para créditos de liquidação duvidosa – constituição/reversão, constituem os
valores relativos a esta provisão. Insumos adquiridos de terceiros são os valores das
matérias-primas adquiridas e contidas no custo da mesma; não inclui gasto com
pessoal. Nas retenções devem ser evidenciadas as despesas com depreciação,
amortização e exaustão contabilizadas no período, e por fim, o valor adicionado
recebido em transferência, que compreende o resultado de equivalência patrimonial,
as receitas financeiras e as outras receitas (como por exemplo aluguéis e direitos de
franquia).
2.4.2 Segunda parte – distribuição da riqueza
373
Na segunda parte da DVA, devem ser apresentados de forma detalhada como
a riqueza obtida pela entidade foi distribuída entre: Pessoal; Impostos, Taxas e
Contribuições; Remuneração de Capitais de Terceiros; e por fim, Remuneração de
Capitais Próprios.
A seguir serão apresentados detalhadamente cada item da distribuição do valor
adicionado, segunda parte da DVA, com suas principais características, citados de
acordo com o CPC 09 (2008).
2.4.2.1 Pessoal
Nesta parte estão incluídos os salários, inclusive o 13º, férias, horas extras,
FGTS, seguro de acidente de trabalho, assistência médica, alimentação, transporte,
entre outros benefícios, como comissões, participações nos lucros, gratificações,
planos e seguros, exceto encargos com INSS.
2.4.2.2 Impostos, taxas e contribuições
Neste item são incluídos todos os impostos, taxas e contribuições, federais,
estaduais e municipais; inclusive as contribuições ao INSS, imposto de renda,
contribuição social, entre outros.
2.4.2.3 Remuneração de capitais de terceiros
São consideradas componentes deste item as despesas financeiras
relacionadas aos empréstimos e financiamentos, os aluguéis ou arrendamentos
operacionais pagos a terceiros, entre outras remunerações, tais como franquias,
direitos autorais, etc.
2.4.2.4 Remuneração de capitais próprios
Aqui são inclusos os valores pagos aos acionistas e sócios, ou seja, os juros
sobre capital próprio por conta do resultado do exercício, exceto os que são
contabilizados como reservas, os dividendos, os lucros retidos ou prejuízos do
374
exercício (no caso de prejuízo são incluídos com sinal negativo) e, no caso exclusivo
da DVA consolidada evidenciando a parte dos sócios não controladores, a
participação dos não controladores nos lucros retidos.
2.5 Estrutura da DVA Para Empresas em Geral
Na sequência está apresentada uma estrutura de DVA que pode ser utilizada
por empresas em geral, de acordo com o CPC 09. Pode-se verificar como deve ser
elaborada a Demonstração do Valor Adicionado, bem como sua distribuição.
QUADRO 1 – Modelo de DVA – Empresas em geral
DESCRIÇÃO
Em
Milhares
de
Reais
em
20x1
Em
Milhares
de Reais
em 20x0
1 – RECEITAS
1.1) Venda de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Outras receitas
1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa –
Reversão/ (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(Inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1) Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços
vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
2.4) Outras (especificar)
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LIQUIDO PRODUZIDO PELA
ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM
TRANSFERÊNCIA
375
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
8.1) Pessoal
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 – F.G.T.S
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 – Federais
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 – Municipais
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 – Juros
8.3.2 – Aluguéis
8.3.3 – Outras
8.4) Remuneração de capitais próprios
8.4.1 – Juros sobre capital próprio
8.4.2 – Dividendos
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício
8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos
(só para consolidação)
(*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.
Fonte: CPC 09 (2011) O Valor Adicionado é calculado subtraindo-se da Receita Operacional os custos dos recursos adquiridos de terceiros (compras de matéria-prima, mercadorias, embalagens, energia elétrica, terceirização da produção) utilizados no processo operacional. Esse primeiro valor calculado poderia ser chamado de Valor Adicionado Bruto. (MARION, 2005, p. 70)
A depreciação é um ponto fundamental que reflete na redução do Imobilizado.
Com isso há, consequentemente, uma redução da riqueza gerada pela empresa,
resultando em um segundo resultado denominado Valor Adicionado Líquido. Também
podem haver outros acréscimos e reduções, que deveriam ser sempre destacados
para uma análise mais complexa, resultando então no Valor Adicionado. (MARION,
2005)
O autor ainda destaca que após serem acrescidas todas as receitas e
subtraídas todas as despesas e os custos, obtendo-se um resultado, é evidenciada
então “a parte mais relevante dessa demonstração, temos a Distribuição do Valor
376
Adicionado que mostra a contribuição da empresa para os vários segmentos da
sociedade”. (MARION, 2005, p. 70)
Esta estrutura demonstra claramente onde devem ser evidenciados cada dado
da criação e da distribuição da riqueza das empresas, bem como o cálculo que deve
ser feito para se obter os resultados pretendidos. Pode ser utilizado para empresas
em geral, embora existam algumas estruturas específicas, como instituições
financeiras, por exemplo.
2.6 Análise da DVA
Como todas as demonstrações, a DVA também pode ser analisada, tanto
isoladamente quanto em conjunto com outros demonstrativos contábeis, ou ainda os
comparando entre empresas de mesmo ramo, segmento, região, etc.
A Demonstração do Valor Adicionado é um instrumento de análise que pode
ser utilizada por aqueles que pretendem entender as relações da empresa com a
sociedade.
Ou seja, a análise da DVA proporciona um maior entendimento da relação que
a empresa tem com a geração da riqueza no meio em que está inserida, e na
distribuição desta riqueza.
2.7 Privatizações
De acordo com a Lei 9.491 de 09 de setembro de 1997, em seu Art. 2º, § 1º é
considerada privatização ou desestatização “a transferência, para a iniciativa privada,
da execução de serviços públicos explorados pela União, diretamente ou através de
entidades controladas, bem como daqueles de sua responsabilidade”.
Normalmente, as privatizações ocorrem quando estas empresas não estão
mais proporcionando os lucros exigidos para continuar em um mercado competitivo
ou quando elas enfrentam sérias crises financeiras.
No Brasil, o processo de privatização teve início na década de 80, quando arrecadou o equivalente a cerca de 780 milhões de dólares, conforme levantamento do BNDES (2002). Entretanto, foi em meados de 1990 que a receita auferida se tornou significativa, haja vista que só nos dois primeiros anos foram
377
arrecadados o equivalente a 4 bilhões de dólares, graças ao Programa Nacional de Desestatização (PND), o qual efetivou a passagem do Estado empresário para o Estado como agente regulador. (SANTOS; CHAN; e SILVA; 2007, p. 02)
Apesar da resistência de alguns protestantes em relação a privatização, cada
vez se torna mais comum, e este fenômeno tem crescido em ritmo acelerado nos
últimos anos no nosso país.
3 METODOLOGIA
A pesquisa realizada foi feita por meio do método descritivo, buscando obter
informações e analisando suas mudanças através dos anos.
Conforme Gil (2007, p. 44), “As pesquisas descritivas são, juntamente com as
exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados
com a atuação prática”.
Tem por objetivo a descrição de determinada população, ou amostra, ao qual,
neste estudo, pauta-se determinada amostra de dados em determinado período.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram verificados os documentos
divulgados pelo website do grupo da empresa pesquisada, onde são apresentados os
demonstrativos com os dados atualizados a cada período, e divulgados de acordo
com as normas específicas.
Foi utilizada a abordagem qualitativa para compreender e analisar as possíveis
mudanças ocorridas nos períodos que sucedem a privatização da empresa Aeroporto
Internacional de Guarulhos S.A.
Conforme explica Beuren, et al (2010), “na pesquisa qualitativa concebem-se
análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”, pois é
uma tipologia de pesquisa bastante comum na contabilidade, por esta ser uma ciência
social e não exata, como muitos pensam.
Para complementar, Godoy (1995 p. 02) defende que “partindo de questões
amplas que vão se aclarando no decorrer da investigação, o estudo qualitativo pode,
no entanto, ser conduzido através de diferentes caminhos”.
O autor destaca que dentre os tipos de pesquisa com abordagem qualitativa,
os principais caminhos aos quais se refere são o estudo de caso, a etnografia e a
pesquisa documental, à qual será utilizada.
378
O procedimento utilizado para análise da pesquisa foi o documental, que para
Fachin (2006, p. 146), “consiste na coleta, classificação, seleção difusa e utilização de
toda a espécie de informações, compreendendo também as técnicas e os métodos
que facilitam a sua busca e a sua identificação”. O estudo teve base em dados dos
demonstrativos financeiros que foram divulgados pelo próprio website do grupo da
empresa pesquisada.
Ou seja, foram coletados os dados desde a sua privatização em 06 de fevereiro
de 2012, e analisadas as DVA de 2012 a 2015, por ser o período pós-privatização da
empresa Aeroporto de Guarulhos S.A.
Foram utilizadas para a parte bibliográfica do presente trabalho a literatura de
alguns autores, tais como Tinoco (2001), Azevedo (2009), Ribeiro (2009), Iudícibus,
et. al. (2010), entre outros. Também foi aplicado o uso do CPC 09 e das Leis
11.638/2007 que trata das Sociedades por Ações e 9.491/97 que trata do Programa
Nacional de Desestatização.
Para a análise de dados, foram coletados Demonstrativos do Valor Adicionado,
dos anos 2012, 2013, 2014 e 2015 da empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos
S.A por meio de seu próprio website, local onde seus demonstrativos foram expostos
a púbico, de acordo com as normas específicas, como é exigido por lei.
As contas do demonstrativo foram padronizadas informando os dados
coletados, e foram feitos os cálculos para análises vertical e horizontal. Com isso, a
análise vertical permitiu verificar onde e como está distribuída a riqueza da empresa;
já a análise horizontal permitiu avaliar se a distribuição permaneceu focada nos
mesmos grupos ou houveram alterações com o passar dos anos.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Privatização da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A
No dia 6 de fevereiro de 2012 ocorreu, na sede da BM&FBOVESPA, o leilão
em que o Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro foi arrematado
pelo valor de mais de R$ 16 bilhões e privatizado, passando a denominação Aeroporto
Internacional de Guarulhos S.A. O vencedor foi o consórcio Invepar, formado por
379
fundos de pensão brasileiros em sociedade com a sul-africana ACSA. (INFRAERO,
2012)
O aeroporto pesquisado, foi arrematado pelo maior valor no leilão dos três
maiores aeroportos do Brasil - Viracopos, Brasília e Guarulhos - sendo que foi pago
cerca de 373% acima do valor mínimo. Cabe destacar também que, de acordo com a
ANAC (Agência Nacional da Aviação Civil), o Aeroporto Internacional de Guarulhos
foi o que teve menor prazo de concessão estipulado, 20 anos. A contribuição anual
ao FNAC (Fundo Nacional da Aviação Civil), que é destinada a projetos de
investimentos e fomento da aviação civil, também é o maior em relação aos demais
aeroportos privatizados na mesma data, 10% da receita bruta. (ANAC, 2012)
Tendo em vista que a privatização é um processo de transferência de uma
empresa do setor público para a sociedade privada, percebe-se que este evento pode
acarretar em impactos econômicos e sociais tanto para a empresa quanto para a
economia coletiva.
No caso do Aeroporto pesquisado, os principais impactos identificados de
acordo com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, podem ser considerados positivos,
pois recebeu investimentos em infraestrutura, que se fez necessário pelo aumento
significativo do tráfego de passageiros, ampliou a capacidade de terminais, da pista,
do pátio das aeronaves, inclusive notou-se melhoria no nível de prestação de serviços.
4.2 Análises da DVA da Empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A
Após sua privatização, a empresa Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A
tornou-se obrigada a elaborar e apresentar a DVA como parte integrante de suas
demonstrações contábeis, que devem ser divulgadas ao final de cada período.
Por meio da evidenciação da DVA, é possível a partir de então, verificar os
seguintes quesitos: a contribuição da empresa à sociedade em geral através de
pagamentos de impostos ao governo, o nível de participação da mão de obra na
geração de sua riqueza, bem como, a sua contribuição para a riqueza regional de
onde estiver instalada.
Apresenta-se na sequência as análises vertical e horizontal da DVA, na parte
da distribuição do valor adicionado da empresa pesquisada, nos períodos pós-
privatização, que compreendem os anos de 2012 a 2015.
380
4.2.1 Análise vertical
A análise vertical é o meio utilizado para a comparação dos elementos em
relação ao total do grupo a que pertencem. Tem por objetivo mostrar, em percentuais,
qual é a participação de cada conta na demonstração financeira à qual pertence, e
através de comparações com percentuais de outros períodos da mesma empresa,
verificar se existem mudanças na participação de tais contas. (MATARAZZO, 2003;
RIBEIRO, 2010)
Na sequência apresenta-se a análise vertical da empresa pesquisada no
período de 2012 a 2015.
TABELA 1 – Análise Vertical
Fonte: Dados da Pesquisa (2016)
Através da análise vertical, tendo como base a distribuição do valor adicionado,
o valor das receitas auferidas no primeiro ano analisado era muito maior em relação
ao último, 2015. Tendo em vista essa consideração, percebe-se que o valor a distribuir
foi aumentando a proporção com o passar dos três primeiros anos, com pequena
queda no último.
A distribuição tinha maior concentração para o Pessoal, chegando a
representar, em 2012, 74,78% do total do valor adicionado total a distribuir. Em
seguida, Governo, representado pelos impostos, taxas e contribuições, que neste
mesmo ano representaram 50,51% do valor total. A conta de Remuneração de
Capitais de Terceiros teve menor significância, representando neste ano apenas
381
1,71%. E, por fim, a Remuneração de Capitais Próprios, que representa os acionistas
da empresa, que ficaram com saldo negativo de -27%. Este percentual negativo pode
ter sido ocasionado por uma distribuição excessiva para o restante dos elementos de
distribuição.
No ano de 2013 o destaque foi para o Governo, pois os impostos, taxas e
contribuições representaram um percentual de 40,2%, seguida pelo Pessoal que
desta vez representou apenas 27,16%. Já a Remuneração de Capitais de Terceiros
foi maior em relação ao ano anterior, pois desta vez representa 11,28% do total da
riqueza a ser distribuída. Quanto a Remuneração de capitais próprios, este foi o único
dos anos analisados em que se obteve aumento, pois o percentual de 21,36%
considerando o total a ser distribuído.
Enquanto em 2014, novamente houve grandes mudanças na distribuição, pois
agora a Remuneração de Capitais de Terceiros representa 88,3%, o Governo 37,58 e
o Pessoal 21,48%. Já a Remuneração de Capitais Próprios apresentou prejuízo
novamente, representando -47,36%.
No ano de 2015, a distribuição foi semelhante à do ano anterior, pois a maior
concentração permaneceu na Remuneração de Capitais de Terceiros, com 231,37%,
o Governo representou 42,21% e o Pessoal 24,71%. A Remuneração de Capitais
Próprios, novamente em queda, representou -198,29%.
Com esta análise pôde-se constatar que no decorrer dos anos a maneira como
a riqueza da empresa foi distribuída sofreu grandes alterações. No começo era
direcionada maior percentual ao Pessoal. No segundo ano, o Governo, por meio de
impostos, taxas e contribuições. Já no terceiro e quarto ano analisados constata-se
um aumento cada vez mais elevado do elemento Remuneração de Capitais de
Terceiros, o que significa um diferencial em relação ao pensamento popular que
acredita que as empresas direcionam maior parte da riqueza gerada para o Governo.
4.2.2 Análise horizontal
A análise horizontal permite acompanhar o desempenho, seja de evolução ou
de redução, que cada conta representou nas demonstrações financeiras, e quando as
contas são comparadas entre si, esta análise permite tirar conclusões sobre qual foi a
382
evolução da empresa ao longo dos períodos analisados. (MATARAZZO, 2003;
RIBEIRO, 2010)
Na sequência apresenta-se a análise horizontal, da empresa pesquisada
utilizando os dados apresentados nos anos 2012 a 2015.
TABELA 2 – Análise Horizontal
Fonte: Dados da Pesquisa (2016)
Com os dados analisados, pode-se notar que a receita da empresa obteve um
crescimento considerável do ano de 2012 para 2013. Em 2014 percebe-se novamente
um aumento considerável na receita da empresa em relação ao ano base, 2012. Já
em 2015, último período analisado, contata-se que a diferença foi menor, em relação
aos períodos anteriores, porém, também observou-se uma maior receita em relação
ao ano base.
Através da análise horizontal, percebe-se que o valor adicionado total a
distribuir vem crescendo significativamente nos anos analisados.
Nota-se um aumento considerável na distribuição em geral do ano de 2012 para
2013. No Pessoal, por exemplo, aumentou 404,8%, os Impostos tiveram uma
mudança crescente de 1.006,34%, remuneração de capitais de terceiros 9.068,89%.
Já a remuneração de capitais próprios teve uma queda muito significativa, chegando
a um percentual negativo de 1.199,56%.
Já no período de 2014, houve um aumento de 460,82% para o Pessoal em
relação ao ano base. Os Impostos tiveram uma elevação de 1.353%, a Remuneração
383
de Capitais de Terceiros aumentou 100.712,01% e a Remuneração de Capital Próprio
aumentou para 3.325,54%.
Em 2015, foi constatado em relação ao ano base, 2012, no grupo Pessoal um
aumento considerável, e bem próximo aos dos outros períodos: 433,73%. Impostos,
Taxas e Contribuições chegaram a um aumento de 1.249,66%, Remuneração de
Capitais de Terceiros representou um aumento muito significativo de 218.368,35% e,
por fim, a Remuneração de Capitais Próprios, que obteve um aumento de
11.762,87%.
Novamente conclui-se que o elemento da distribuição que teve um maior
aumento no valor adicionado a distribuir em relação ao ano base, foi a Remuneração
de Capitais de Terceiros, em todos os anos. O pessoal também teve um aumento
considerável nos três primeiros anos analisados, com pequena queda no último, 2015.
Do primeiro para o segundo ano nota-se um aumento na distribuição para
Remuneração de Capitais Próprios, já no terceiro e quarto ano, esses dados voltam a
ser negativos, representando que o aumento significativo da Remuneração de
Capitais de Terceiros implicou numa menor distribuição ao Capital Próprio, pois o
recurso precisaria sair de algum outro elemento, que geralmente segue esta ordem
de prioridade: primeiro ao Pessoal, em seguida ao Governo, depois Remuneração de
Capitais de Terceiros e, por fim, a distribuição para Remuneração de Capitais
Próprios, ou seja, entre seus acionistas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização da DVA se faz cada vez mais importante para o papel social da
empresa, pois proporciona um melhor entendimento aos usuários finais da
demonstração sobre como está sendo produzida e distribuída a riqueza das
empresas. Ela também evidencia uma dupla realidade empresarial: a econômica e a
social.
O principal objetivo deste estudo pautou-se em analisar como está sendo
distribuída a riqueza gerada pela empresa Concessionária Aeroporto Internacional de
Guarulhos S.A após sua privatização e, averiguar quais foram os possíveis impactos
tanto em relação aos acionistas, como também em relação aos funcionários, governo
e terceiros, nos períodos pós-privatização.
384
A elaboração das análises vertical e horizontal proporcionou um entendimento
de como foi feita a distribuição do valor adicionado durante os quatro anos analisados,
e que esta distribuição teve diversas mudanças no decorrer dos anos, pois em cada
período analisado houve uma diferença.
A possibilidade de análise de tais dados demonstra que a empresa encontra-
se cumprindo as regras estabelecidas e exercendo seu dever social, fornecendo
informações que auxiliam na constituição de base para a tomada de decisões por
parte dos investidores.
A distribuição do valor adicionado da empresa em questão revela que
houveram grandes mudanças na distribuição da riqueza nos anos que sucedem sua
privatização, tanto na forma como foi distribuída em cada período, quanto na
comparação entre mesmos elementos da distribuição em períodos diferentes.
Para finalizar a interpretação dos índices obtidos com a análise da Distribuição
do Valor Adicionado, pode-se também identificar para qual grupo está predominando
a distribuição da riqueza gerada, e percebe-se que no começo, ou seja, período em
que efetivou-se a privatização, ano de 2012, essa posição de destaque foi
representada pela parte do Pessoal, representando os salários, e toda a distribuição
que é feita aos empregados. Já em 2013, o grupo de maior representação no valor a
distribuir foi o Governo, que é composto pelos Impostos, Taxas e Contribuições. Isso
reflete que a carga tributária estava consumindo boa parte da riqueza gerada pela
empresa neste período. Em 2014 e 2015, a Remuneração de Capitais de Terceiros
foi quem representou maior participação na distribuição.
Com este estudo, pode-se concluir que a DVA é um demonstrativo de suma
importância e que, como é exigido pela legislação, após a privatização, quando a
empresa se tornou uma S.A, passou a ser apresentado a público pela empresa
Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A de forma detalhada e de acordo com as
normas específicas, evidenciando aos usuários o desenvolvimento econômico e social
da empresa.
Para trabalhos futuros, sugere-se a análise dos Demonstrativos de Valor
Adicionado de outras empresas privatizadas recentemente, buscando comparar se
essas mudanças são comuns à passagem da administração pública para a privada e
constatar se é comum identificar melhorias, ou se existem pontos negativos relevantes
na privatização em relação a distribuição da riqueza criada pelas empresas em geral.
385
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386
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387
FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA APLICAÇÃO TÉCNICA DO PDCA
Débora Cristina Pereira12
Rodrigo Kiyoshi Santos Sakai13
Sandra Ines Bohm14
Elizandra de Siqueira Chitolina15
RESUMO
Este é um relato de experiência que visa elaborar métodos para a boa e efetiva
movimentação de uma empresa de segmentos no ramo alimentício que passa por
problemas na rotina organizacional na unidade de Minas Gerais (MG),
especificamente no setor de embalagens secundárias, e que atualmente apresenta
diversos problemas, os quais em sua grande maioria entram em atrito tanto com o
profissionalismo dos colaboradores bem como a autoestima profissional. O setor
apresenta diversos problemas na gestão de pessoas, porém as medidas as serem
tomadas terão base o PDCA (Planejar, Desenvolver, Checar e Agir) que é um método
gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à
sobrevivência de uma organização. O maior problema detectado foi à falta de
supervisão no setor de embalagens secundárias, o qual acarretou outras pequenas
adversidades que também atrasa o bom andamento da Empresa. Diante de tal
problemática a causa raiz é elaborar um plano de ação que propõe sanar as
dificuldades encontradas até o momento e as novas habilidades a serem
desenvolvidas diante da oportunidade, assim como, identificar e eliminar possíveis
problemas que possam interferir no sucesso da carreira. Será também exposta à
forma de execução e implantação das soluções bem como as maneiras de agir e
alcançar as metas para o bom desenvolvimento da supervisão. O objetivo é detectar
os problemas no setor de embalagens secundárias, elaborar soluções viáveis com o
12 Acadêmica do segundo semestre de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected] 13 Acadêmico do segundo semestre de gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT E-mail: [email protected] 14 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Mestre em Produção Industrial. E-mail: [email protected] 15 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT Doutora em Educação E-mail: [email protected]
388
menor custo possível e contribuir para o aumento da disponibilidade operacional dos
mesmos.
Palavras-chave: PDCA. Empresa. Implantação. Execução.
1 INTRODUÇÃO
A empresa Alfa em análise faz parte do segmento de alimentos à base de proteína
animal. A Receita Operacional Anual é R$ 7 milhões e a sua margem Operacional é
de 20%. Encontrava-se sem uma supervisão há mais de 11 meses e as atividades
atribuídas à supervisão vinha sendo executadas por um líder que havia mais de cinco
anos de empresa sendo que o mesmo pediu desligamento após a nomeação do novo
supervisor da área. O índice de absenteísmo após a chegada do novo supervisor que
já era acima do aceitável, de 7% passando para 12%.
Mediante a problemática deste relato os objetivos são: Identificar os problemas
existentes na empresa, analisar os problemas de processo ou de gestão identificados,
propor um plano de ação para correção das falhas identificadas, verificar os resultados
e padronizar as boas práticas. E desta forma com a utilização do método Ciclo PDCA
que é uma ferramenta de gestão muito utilizada pelas empresas do mundo todo onde
este sistema foi concebido por Walter A. Shewhart e amplamente divulgado por Willian
E. Deming e tem como foco principal a melhoria contínua.
Visto que a identificação dos problemas é a rejeição do novo supervisor por parte dos
funcionários, problemas crônicos de manutenção, os operadores sem treinamento, os
funcionários desmotivados, estoque obsoleto de embalagens, falta de liderança na
equipe, alto índice de absenteísmo e alto índice de usuários de drogas na equipe.
Segundo WERKEMA (1995b) conceitua um problema como sendo o resultado
indesejável de um processo, ou seja, é um item de controle que não atinge o nível
desejado.
De acordo com CAMPOS (1994), na utilização do método pode-se empregar várias
ferramentas para a coleta, o processamento e a disposição das informações
necessárias à condução das etapas do PDCA.
Ou seja, estas ferramentas serão denominadas ferramentas da qualidade. Entre
estas, as técnicas estatísticas são de especial importância.
389
2 REVISÃO DA LITERATURA
O ciclo PDCA (planejar, desenvolver, controlar e ajustar), segundo Seleme, foi
“adaptado no Brasil, por Falconi para o Masp (metodologia de análise e solução de
problemas”. (SELEME, 2010, p. 27).
Foi desenvolvido na década de 30 pelo americano Shewhart, porém o seu maior
divulgador foi Deming. É também denominado método de solução de problemas, pois
cada meta de melhoria origina um problema que a empresa deve solucionar.
(MACHADO, 2007).
Segundo SELEME (2010) “o Masp apresenta como prioridade a palavra metodologia,
tamanha é a importância do conhecimento do método para a perfeita aplicação das
ferramentas. ” (SELEME, 2010, p. 27).
Pode-se dizer que é um método gerencial mais utilizado para controle e melhoria de
processos. Consideremos então que “o PDCA, como método de melhoria contínua,
não esgota sua aplicabilidade como uma única utilização no processo, visto que
implementa, na organização, uma cultura de melhoria que permeia todos os
processos. (SELEME, 2010, p. 27).
Tem como objetivo documentar a sequência de ideias para a solução do problema
mostrando o caminho percorrido desde a definição da meta até a padronização das
ações efetivas.
Na realidade, “o movimento cíclico do PDCA pode identificar novos problemas ou
avanços a cada ciclo realizado, com vistas à melhoria continua”. (SELEME, 2010, p.
27).
Observando suas melhorias, este método composto pelo Planejamento (P),
identificação e análise do problema que consiste em estabelecer metas para alcançar
as metas propostas. Execução (D), executar as tarefas exatamente como foi previsto
na etapa de planejamento, coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de
verificação do processo. Verificação (C) onde os dados coletados na execução serão
comparados com o resultado alcançado com a meta planejada. Atuação Corretiva (A),
etapa que consiste em atuar no processo em função dos resultados obtidos, adotando
como padrão o plano proposto.
390
De acordo com SILVA (2006), o PDCA é um método para a prática do controle. Já
então LIMA (2006) diz que o Ciclo PDCA é uma ferramenta utilizada para a aplicação
das ações de controle dos processos, tal como estabelecimento da “diretriz de
controle”, planejamento da qualidade, manutenção de padrões e alteração da diretriz
de controle, ou seja, realizar melhorias.
2.1 Conceito de Aplicação do PDCA
De acordo com Bezerra (2014) a primeira etapa do ciclo P = (Plan / Planejamento),
deve-se estabelecer um plano com base nas diretrizes da empresa, estabelecendo
também os objetivos, os caminhos e os métodos a serem seguidos.
Depois é feita a identificação e correção dos problemas encontrados, através de uma
ação corretiva eficiente. Nesta parte, constam os itens descritivos do problema, as
questões que se pretendem responder, as predições dessas questões (palpite sobre
algo) e o desenvolvimento de um plano de ação. (BEZERRA ,2014).
A segunda fase D (executar), autores como Falconi apenas atestam para apenas
treinamento e execução das atividades, mas Werkema (1995) visa ainda à utilização
do Gráfico de Controle, para verificação da efetividade das ações. Para tanto é o
método de Falconi, para esta etapa, que é executado no estudo de caso.
Na terceira fase C (verificar), é caracterizada pela análise dos resultados em relação
às metas pré-estabelecidas. Os números são apurados a partir dos dados da etapa
anterior D (FALCONI ,1992).
A quarta fase A (agir) é divido por Falconi (1992) primeiramente em “Padronização”,
que busca a prevenção contra o reaparecimento do problema, agindo
apropriadamente, com garantia que os procedimentos serão transmitidos a todos, e
incorporando se possível o método a prova de erros, onde o trabalho pode ser
realizado por qualquer trabalhador da empresa, sem que erros possam vir a
acontecer.
Seu modelo é realmente fácil de aplicar e traz ganhos reais para toda e qualquer
empresa que fizer uso dele. No geral, devemos lembrar que o PDCA se trata de um
ciclo e, portanto, deve continuamente "rodar". Para isso acontecer, todas as suas
fases devem ocorrer sem exceção, pois a omissão de uma das fases (qualquer uma)
pode causar prejuízos e falhas no processo como um todo. (BEZERRA, 2014)
391
Ainda segundo Bezerra (2014) Vale lembrar também, que para aumentar as
vantagens do ciclo, o mesmo pode ser utilizado em conjunto com as outras
ferramentas da qualidade, como por exemplo, a Análise Diagrama de Ishikawa e o
5W2H.
O diagrama de causa e Efeito, auxilia na identificação de possíveis causas,
estabelecendo uma relação entre a causa e seus efeitos. É também nomeada de
“Espinha de peixe” ou “Diagrama de Ishikawa” e é direcionada para identificação de
causas fundamentais, sendo a ainda divididas em sub-causas levando ao resultado
final. A grande dificuldade é que a ferramenta se limita a solução de apenas um
problema por aplicação, diferenciando-se das demais ferramentas permite uma
visibilidade maior de possíveis causas.
A ferramenta 5W2H é utilizado para permitir rápida identificação de anomalias, bem
como as soluções propostas necessárias à melhoria dos resultados. É uma sigla em
inglês que significa: “o que”, “como”, “por que”, “onde”, “quando”, “quem”, “quanto”.
3 METODOLOGIA
A atividade foi realizada na Faculdade La Salle, a partir de uma simulação de
aplicação do PDCA em uma empresa fictícia.
O relato de experiência é classificado como descritivo e caracteriza-se por ser de
caráter qualitativo que, segundo o entendimento de Malhotra (2001), proporciona
insights valiosos, que permitem alcançar uma compreensão qualitativa das razões e
motivações subjacentes ao problema proposto.
A proposição da empresa foi feita na disciplina de Gestão da Qualidade do Curso de
Gestão da Produção Industrial, a partir da relevância exercida pela mesma em seu
setor de atuação. A Empresa pertence ao ramo alimentício.
O presente relato tem como objetivo descrever a aplicação prática da técnica do PDCA
em uma situação real de busca de melhoria de processo que visa apresentar toda a
sequência de implantação e os resultados obtidos dentro da Empresa Alfa que é de
segmentos no ramo alimentício, Unidade localizada em Minas Gerias (MG); visando
alcançar os objetivos delineados no presente estudo, a coleta de dados contemplou a
descrição da metodologia que compõe a etapa do Planejamento (PLAN) do ciclo
392
PDCA, constando das fases propostas por Campos (2004), apresentadas na Figura
1.
Fases Etapa Plan
Planejamento do
ciclo PDCA
Identificação do
Problema
Problema
Observação
Análise
Plano de Ação
+
+
+
Escolha de Problema
História do Problema
Mostrar Perdas Atuais e
Ganhos Viáveis
Ganhos viáveis
gganhos vi
Análise do Problema
FIGURA 1 - Fases Etapas Plan utilizadas no presente estudo
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Aqui relata-se a experiência, a prática profissional à luz de uma teoria ou de conceitos
que possam fundamentar as observações sistematizadas.
O desafio é que durante toda a sua carreira você foi liderado por outras pessoas
juntamente com o grupo recendo ordens, realizando o trabalho demandado onde no
final do dia, você “pega” suas coisas e vai embora para sua casa, sem muitas
preocupações. E de repente, você recebe a notícia que será promovido e passará a
liderar os seus colegas de trabalho, que almoçam e participam de happy hours com
você. Como lidar com esse novo contexto? Como saber se você está preparado para
393
assumir um cargo de liderança? E como agir perante aquelas pessoas que são suas
amigas e passarão a receber suas ordens?
Foi proposto criar um plano para saber quais são as novas habilidades a serem
desenvolvidas diante da oportunidade, assim como, identificar e eliminar possíveis
problemas que possam interferir no sucesso da carreira.
Nesta empresa foi utilizada a ferramenta de gestão onde seu foco principal é a
melhoria contínua: o Ciclo PDCA. Objetivo é identificar os problemas, analisar, propor
um plano de ação, verificar os resultados e padronizar as boas praticidades.
4.1 Situação Atual do Setor de Embalagens Secundárias
A situação do setor encontrava-se sem uma supervisão há mais de 11 meses, e as
atividades atribuídas vinham sendo executadas por um líder que havia mais de 5 anos
de empresa sendo que o mesmo pediu desligamento após a nomeação do novo
supervisor da área. O índice de absenteísmo após a chegada do novo supervisor que
já era acima do aceitável, de 7% passa para 12%.
A equipe era dividida em dois grupos, um com receios da nova gestão, pois já havia
sofrido repressões na liderança anterior, e outro grupo com comportamento
inadequado, no qual era protegida pelo líder anterior.
Foram identificados que 20% dos colaboradores são usuários de entorpecentes. Não
havia manutenção preventiva nos maquinários de prioridade “A” e a grande maioria
dos equipamentos apresentavam defeitos. Também não havia treinamento para os
colaboradores operar tais maquinários.
O estoque apresentava falhas e altos números de embalagens que não eram mais
utilizadas, elevando assim o valor do imobilizado.
O antigo líder manipulava através de redes sociais os funcionários, postando
comentários contra o trabalho do atual líder para que os mesmos pedissem
desligamento da empresa.
4.2 Situação Proposta
Com o uso da ferramenta PDCA, na primeira etapa buscou-se identificar os
problemas e o problema raiz da situação atual do setor de embalagens secundarias,
394
por meio de coletas de dados no setor e uso do diagrama de causa e efeito ou
diagrama de Ishikawa, definiu-se que a falta de gestão em geral por longo período é
a causa raiz dos problemas.
FIGURA 2 – Ciclo PDCA
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Ante aos principais problemas detectados, realizou-se um estudo de possíveis
soluções para cada caso especifico, buscando com tais ações melhorar as condições
de trabalho dentro do setor.
395
FIGURA 3 – Soluções Priorizadas
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Diante das soluções propostas, determinou-se pela nova supervisão da área,
que o primeiro passo para eliminar os adversidades será a realização de um
mapeamento do setor e dos colaboradores no intuito de identificar dentre todos um
novo líder que tenha total conhecimento do processo e imparcialidade entre os
demais, a fim de auxiliar na liderança e na tratativa tanto operacional quanto pessoal
que segue o processo de produção, tendo visto que uns dos problemas apurados foi
o desligamento do antigo líder que por ventura vinha realizando a supervisão do setor.
Constatou-se em pesquisa um alto índice de absenteísmo e que o absenteísmo
pode ter diversas causas, entre elas doenças, motivos familiares, dificuldades
financeiras e transportes, falta de motivação ou ainda com relação as atitudes
impróprias da liderança, que era o caso.
396
FIGURA 4 – Absenteísmo Embalagem Secundária
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Diante de tal situação o absenteísmo detectado revelou que o responsável pela
liderança anterior gerava um clima e tratamento desfavorável entre os colaboradores.
E a rejeição por parte dos funcionários a um novo supervisor, consequentemente
gerou um aumento do absenteísmo.
Com a finalidade de reduzir os índices de absenteísmo a nova gestão tomou como
decisão proporcionar programas recreativos com finalidades sociais aos
colaboradores e estendendo esse atendimento aos familiares para fomentar as
relações humanas dentro da empresa. Dentro dos programas sociais terá o auxílio
de profissionais da saúde em todos os ramos (psicólogo, palestrantes motivacionais,
médicos etc.) com ações comunitárias, filantrópicas e governamentais em especial
para os colaboradores que são dependentes químicos e para os que apresentam
absenteísmo por causas psíquicas. Programas de prevenção e combate ao uso
de drogas sempre encontram barreiras, principalmente dentro das empresas. O
problema é que a queda na produtividade, absenteísmo e falta de motivação nem
sempre são atrelados ao uso de drogas pelos funcionários.
Ainda em relação ao absenteísmo, entendeu-se a necessidade de realização de
feedbacks entre os colaboradores para entender suas dificuldades diárias e poder
transparecer aos mesmos as ideias e métodos da nova metodologia de trabalho.
397
FIGURA 5 – Criticidade dos Equipamentos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Quanto à criticidade do equipamento está relacionada com a sua importância na
produção da empresa. A prioridade do equipamento pode ser classificada de acordo
com a sua criticidade. Uma instalação ou equipamento deve levar em conta os fatores
de perda de produção, danos ao meio ambiente, segurança, custo de reparo, tempo
entre falhas, etc.
Propôs também criar planos de manutenção para 100% dos equipamentos
classificados como “A”. Definir dentro da equipe de manutenção técnica um
colaborador para a função de planejador de manutenção.
398
FIGURA 6 – Principais Benefícios de Treinamento de Operadores
Fonte: Dados da Pesquisa 2016.
Treinamentos de operadores onde seus principais benefícios são: Investimentos e
custos operacionais menores, menor tempo de comissionamento, maior segurança e
risco reduzido, captura e transferência de conhecimento, maior disponibilidade e
confiabilidade operacional.
FIGURA 7 – Controle de Estoques
Fonte: Dados da Pesquisa 2016.
Quanto ao estoque, realizar inventários de estoques de embalagens, fazer devolução
ao fabricante das embalagens com defeito de fabricação, identificar as divergências
de estoques físicos e contábeis e encaminhar para ajustes e perdas.
Neste relato de experiência uma situação chamou a atenção: O antigo líder
manipulava através de redes sociais os funcionários, postando comentários contra o
trabalho do atual líder para que os mesmos pedissem desligamento da empresa.
399
Nesta situação cabe ao novo supervisor, tomar as devidas medidas judiciais, pois sua
imagem e seu trabalho que está em desenvolvimento corre sérios riscos de perder a
sua credibilidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste relato de experiência foi motivado pelo interesse em
demonstrar que a utilização da técnica do PDCA em conjunto com as ferramentas da
qualidade, adequadamente empregadas, pode levar as empresas a obter melhorias
em seus processos, trazendo como consequência, melhores resultados econômicos.
De acordo com a definição de CAMPOS (1992), “um produto ou serviço de qualidade
é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma
segura e no tempo certo às necessidades do cliente”.
O assunto em questão tornou-se indispensável no meio empresarial. Com a
globalização da economia mundial, as empresas se viram obrigadas a trabalhar na
busca de melhorias de seus resultados para capacitá-las a competir de maneira global
e consequentemente sobreviver nesse mercado.
Essa busca por melhoria de resultados econômicos e financeiros passa,
obrigatoriamente, pela melhoria de todos os processos internos, visando dentre outras
coisas, racionalização, agilidade e redução de custos.
Com isso, as técnicas de gerenciamento de processos que trabalham com esse foco
ganharam muita força nas empresas brasileiras a partir do início dos anos 90. Essas
empresas se associaram a entidades dedicadas ao desenvolvimento gerencial de
equipes e com a consultoria dessas entidades começaram a capacitar seu quadro de
empregados para trabalhar com essas ferramentas no dia a dia.
A partir daí, devido à interação das empresas, onde destaca-se neste trabalho os
efeitos propostos na gestão de melhoria em base no Ciclo PDCA onde a ferramenta
de gestão da qualidade para o tratamento do problema foi extremamente eficiente,
proporcionando ganhos na produtividade e maior confiabilidade no processo.
REFERÊNCIAS
400
BEZERRA, F. http://www.portal-administracao.com/2014/08/ciclo-pdca-conceito-e-
aplicacao.html. Data da pesquisa:12-09-2016 as 23:35hrs.
CAMPOS, V. FALCONI. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo japonês),
Fundação Cristiano Otoni/Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais. Belo Horizonte. 1992.
CAMPOS, V. FALCONI. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia a Dia. 6 ed.
Belo Horizonte, Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1994.
FALCONI, Vicente. TQC: Controle de qualidade total (no estilo japonês): Belo
Horizonte: Desenvolvimento Gerencial, 1992.
LIMA, Renata de Almeida. Como a relação entre clientes e fornecedores internos
à organização pode contribuir para a garantia da qualidade: o caso de uma
empresa automobilística. Ouro Preto: UFOP, 2006.
MACHADO. Aplicação da metodologia PDCA: Etapa P(Plan) com suporte das
ferramentas da qualidade. Juiz de Fora: UFJF. Trabalho de Conclusão de Curso.
2007.
SELEME, R. Controle da Qualidade: as Ferramentas Essenciais. 2 ed. Curitiba:
IBPEX, 2010.
SILVA, Jane Azevedo da. Apostila de Controle da Qualidade I. Juiz de Fora: UFJ,
2006.
WERKEMA, MARIA CRISTINA C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o
Gerenciamento de Processos. Belo Horizonte, Fundação Cristiano Otoni, Escola de
Engenharia da UFMG, 1995b.
401
LIDERANÇA E RETENÇÃO DE TALENTOS X DESEVOLVIMENTO ECONÔMICO:
Um Estudo de Caso
Angélica Bazzo16
Marisa Claudia Jacometo Durante17
RESUMO O presente artigo tem intuito de apresentar os estilos de liderança e o programa de retenção de talentos da cooperativa de crédito, que é chamada pelo pseudônimo de Coopverde e demonstrar se a gestão dos líderes e o programa tem relação com o desenvolvimento econômico da empresa. O tema liderança vem sendo discutido e apresentado como um dos principais aliados para a boa gestão das organizações, pois os colaboradores passam a respeitar um líder que incentiva e trabalha ao lado de sua equipe, diferente de um chefe, que normalmente estabelece regras e exige o cumprimento destas. Metodologicamente o artigo adotou uma abordagem indutivo, com estudo de caso e aplicação de questionário. Os principais resultados indicam que quando o trabalho de um líder é bem desenvolvido, é possível que os talentos encontrados na empresa permaneçam fiéis a ela. Porém, é necessário dedicação e compreensão dos gestores, ao perceberem que precisam desenvolver ações para que esses talentos sejam motivados a continuar em sua equipe e assim, juntos, proporcionarem o alcance dos objetivos às organizações. Considera-se que o desafio é diário, no entanto, quando são oferecidas as ferramentas corretas para o desenvolvimento das atividades e a inspiração dos líderes, as chances de aumentar o desempenho de ambos aumentam. Palavras-chave: Desenvolvimento Econômico. Liderança. Retenção de Talentos.
1 INTRODUÇÃO
São diversos os aspectos que envolvem a visão sobre o crescimento e
desenvolvimento econômico de cada nação, e um dos objetivos do desenvolvimento
econômico de um país é a melhoria da qualidade de vida de sua população.
O desenvolvimento econômico para Bresser-Pereira (2007) é basicamente um
processo de sistemática acumulação de capital e a incorporação de um progresso
técnico ao trabalho e capital que consequentemente levam ao aumento da
16 Artigo entregue como requisito parcial para conclusão do curso de pós-graduação Gestão Estratégica em Negócios Corporativos, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: angé[email protected]. 17 Doutora em Educação. Professora orientadora do artigo. E-mail: [email protected].
402
produtividade ou da renda por habitante, gerando salários e padrões de consumo de
determinada sociedade.
Ao longo dos acontecimentos na economia, é possível medir o
desenvolvimento econômico de cada país e também das empresas inseridas nesta
economia.
As taxas de desenvolvimento não são iguais para todos os países e empresas,
uma vez que depende de diversos fatores, como por exemplo, o fomento e estoque
de capital e investimentos em infraestrutura, variando assim conforme a capacidade
de cada nação ou organização.
O crescimento do Brasil nos últimos anos tem dado ênfase no aumento da
classe média e seu consumo. Entretanto essa variável não pode ser a essência para
o crescimento e desenvolvimento de um país. Pois, quando há estímulo de consumo
e não há estímulo de produção, há desequilíbrio entre oferta e demanda, o que gera
menor crescimento econômico.
Segundo o economista Ricardo Amorin mencionou em entrevista ao site da
Ricam Consultoria Empresarial (2014) infelizmente desde o ano de 2011 o
crescimento econômico do Brasil tem decepcionado. O que antes gerava uma
perspectiva de crescimento palpável, com o passar dos anos, percebeu-se o quão
otimistas as pessoas estavam tentando ser, no entanto, esqueceram que a evolução
de um país não pode se basear essencialmente em fomentar o potencial de consumo
de apenas uma classe da população.
O economista Ricardo Amorim, em mesma entrevista do site da Ricam
Consultoria (2014) citada anteriormente, avaliou que em 2013 acreditavam-se que o
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro chegaria a crescer 4%, porém em 2014
descobriu-se que esse crescimento era quase nulo.
Assim, com o aumento da inflação, crescimento do PIB próximo de 0% e um
cenário de inegável mudança no desenvolvimento econômico do país, são alguns dos
aspectos que demonstram o quanto uma empresa precisa estar mais do que
preparada para enfrentar seus problemas cotidianos, ela necessita de pessoas que
façam com que a organização evolua mesmo em meio às dificuldades.
Desta forma, podemos considerar alguns pontos relevantes quando a
economia de um país não caminha nas melhores condições, e que podem auxiliar as
empresas, como por exemplo, programas para excelência de líderes executivos e
403
para a retenção de talentos, pois a empresa que investe em capital humano também
tem vantagem competitiva.
Neste contexto, de inúmeras e constantes mudanças, da importância do capital
humano nas organizações e perspectivas diferentes a cada dia, surge um
questionamento: Liderança e retenção de talentos pode levar uma empresa ao
desenvolvimento econômico?
Para tanto, temos como objetivo geral analisar se a liderança e retenção de
talentos pode levar uma empresa ao desenvolvimento econômico. E, para que
possamos chegar à uma consideração final, será necessário trilhar alguns caminhos,
que chamamos de objetivos específicos. Sendo eles:
1. Identificar o estilo de liderança adotado pela empresa.
2. Conhecer o programa de retenção de talentos da empresa.
3. Efetuar o levantamento dos resultados econômicos da empresa em 2014 e
2015.
4. Relacionar o estilo de liderança com o programa de retenção de talentos da
empresa.
Para tanto, acredita-se que esta pesquisa auxiliará as empresas com a
notoriedade de como é importante preservar os líderes e os talentos presentes em
cada uma, e como esse investimento pode proporcionar retorno satisfatório à
organização.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Desenvolvimento Econômico
Ao refletirmos sobre desenvolvimento econômico, precisamos basicamente
olhar para a história da economia mundial, pois ao longo do tempo, percebemos
momentos marcantes para cada país na busca de superar dificuldades, superar seus
próprios índices de crescimento e estimular sua economia para alcançar os objetivos
para o crescimento.
Para Souza (1999) o desenvolvimento econômico passou a ter enfoque apenas
no século XX. No entanto, nos principais países da Europa, a preocupação com esse
tema é bem mais antiga do que se pensa.
404
Ainda segundo Souza (1999) na época, o principal objetivo das pessoas ligadas
às finanças públicas era aumentar o poder e não representava o sinônimo de melhoria
de vida da população.
No entanto, Rossetti (2000, p. 367) menciona que “durante as três décadas que
se seguiram ao segundo pós-guerra, o crescimento econômico tornou-se uma espécie
de objetivo-síntese das políticas econômicas nacionais”.
O processo de desenvolvimento econômico é basicamente o resultado da
evolução institucional que amplia a eficiência dos mercados e reduz os custos das
transações, pois o mercado acarreta custos na economia, e tal diminuição é
decorrente da existência de instituições (TOREZANI, 2014).
Os custos existentes nas transações podem ser compreendidos como os
custos encontrados quando há a necessidade de recorrer ao mercado para compra
de equipamentos, matéria prima em geral ou mesmo serviços.
Nesse caso, há a necessidade de avaliação, em que se verifica o custo das
transações no mercado, e, se estes forem maiores, a organização deve realiza-la
internamente, com o objetivo de diminuir tais custos.
Para Torezani (2014, p.1) “todos os custos de operações que ocorrem nas
empresas são diretos ou indiretamente repassados ao produto ou serviço oferecido
ao mercado pela empresa”, o que reflete na quantidade da renda em que o
consumidor destinará à compra desse produto ou serviço.
O que podemos perceber na atual política econômica, é que o Estado entende
que precisa exercer a tarefa de promotor e participante do crescimento e
desenvolvimento econômico e social, e dessa forma está trabalhando para que sejam
cumpridos seus objetivos funcionais. Dessa forma, infere-se que a economia brasileira
em 2015 sofreu o início de uma crise que estava prevista desde anos anteriores.
Após recuperar-se de forma admirável da crise de 2008 – momento em que o
mundo soube a respeito do grande problema hipotecário de uma das maiores
economias mundial, os Estados Unidos – em que ocorreu o baixo índice de
crescimento das nações de forma global, ao longo dos anos começaram a surgir
dúvidas sobre como manter a economia do país em constante crescimento.
Com uma sequência de erros, oriundos de decisões mal planejadas, o governo
passou a ser alvo de inúmeros protestos prestes a acontecer um dos maiores eventos
previstos em 2014, a Copa do Mundo, que refletia parte dessa sequência de erros,
405
como os problemas de repasse de capital para reformas e construções de estádios,
que o poder público não conseguiu sustentar.
Seguindo um pouco mais adiante, é possível perceber que desde então, o
governo não teve possibilidades de dar a volta por cima, já que a cada dia surgiu um
escândalo diferente e as tentativas de medidas corretivas não funcionou, pois o que a
economia precisava eram medidas preventivas, que deveriam ter sido tomadas há
algum tempo atrás.
O ano de 2015 foi reflexo de um conjunto de problemas que vinham se
arrastando, e em algum momento deveriam ser conhecidos, ou melhor, reconhecidos.
A baixa produtividade das indústrias e outros setores fez com que as organizações
precisassem tomar medidas mais drásticas, como por exemplo, diminuição de custos,
o que implicou diretamente em demissões em massa.
Há anos o setor automotivo não sentia o peso de uma crise, e em 2015 foi a
vez da venda de automóveis não evoluir.
Com o poder de compra do consumidor completamente ameaçado, a saída foi
esquivar-se o máximo possível de dívidas longas, provocando a desaceleração no
setor de vendas em geral. O trabalhador que antes tinha facilidade em adquirir crédito
passou a não encontrar as instituições financeiras tão flexíveis, já que estas
precisaram tomar medidas diversificadas, na tentativa de sofrer o mínimo possível
com as mudanças ao longo do ano, e provavelmente, dos anos subsequentes.
O país que em anos anteriores parecia muito promissor, ao longo dos erros e
problemas encontrados na gestão da nação, passou a ser visto pelos investidores
com olhos diferentes.
Muitas empresas preferiram investir no incentivo que os Estados Unidos
passaram a propor e começaram a fugir de investimentos no Brasil, que por sua vez,
não demonstrava segurança e confiabilidade.
Quanto às previsões para 2016, será um ano de dificuldades e por mais que
alguns setores tenham apresentado bom desempenho em 2015, o “buraco” na
economia brasileira é um tanto maior do que essa positividade, o que por sua vez, vai
depender de grandes mudanças e medidas para alavancar novamente.
Em artigo publicado pelo Jornal do Comércio em fevereiro de 2015, Fernando
Ferrari Filho cita que os ajustes fiscais não são o único caminho para períodos de
crise, defendendo que um ajuste drástico em curto prazo não permite que o país volte
406
a crescer, ao contrário do que segundo ele, outros economistas de mercado têm
afirmado.
O Brasil possui sim potencial para crescer, mas há alguns pontos a serem
corrigidos. Os investidores precisam recuperar a confiabilidade no país, problemas
políticos precisam ser resolvidos com urgência, as organizações precisam realmente
ver que terão resultados positivos, e, também ajudarão na criação de empregos,
gerando assim maior consumo.
Para Ferrari Filho (2015), o projeto de evolução de um país deve contemplar
classes e interesses diferentes, o que hoje o Brasil não possui, devido às
preocupações de cada um, em que, por exemplo, os empresários, preocupam-se com
eles mesmos e os trabalhadores preocupam-se com suas reivindicações, há
possibilidade das pessoas pensarem socialmente, mas a ação ocorre de forma
individual.
A melhor medida a ser tomada na situação atual é rever as necessidades e
desejos e manter-se informado, atualizado para criarmos a possibilidade de sermos
menos atingidos o possível pelo momento atual da economia brasileira, mesmo que
isso pareça bem difícil, pois também é o momento de os empreendedores
reconhecerem quais as fragilidades do mercado, e buscar no problema uma boa
oportunidade.
2.2 Liderança
Podemos afirmar que o líder não é o mesmo que chefe, pois suas definições
são distintas, uma vez que o chefe aceita a execução de tarefas, enquanto o líder faz
com que seus liderados tenham interesse pelo trabalho, sintam entusiasmo para
cumprir seus objetivos e mantenham-se comprometidos com a empresa.
Por mais que pareça, definir liderança não é uma tarefa fácil, pois o líder
conhece e trabalha com pessoas que pensam diferente umas das outras, sonham
com coisas distintas, tem desejos e necessidades e principalmente, possuem culturas
diferentes. O que, evidentemente transforma o trabalho do líder algo mais complexo
do que a maioria das pessoas pensam.
407
Afirma Bergamini (1994) que “o termo liderança venha sendo usado há
aproximadamente duzentos anos”, no entanto, há indícios para acreditarmos que ele
apareceu por volta de 1.300, na era cristã.
É possível que as primeiras discussões sofisticadas sobre liderança tenham
surgido com Maquiavel (1977), que defendia que liderança eficaz “era uma questão
de manutenção de um fluxo adequado de informações precisas sobre os assuntos a
serem decididos e, ao mesmo tempo, a consideração das melhores alternativas de
modo a permitir que ações decisivas fossem tomadas”.
Para Bergamini (1994) a liderança também tem sido “estudada como um
processo de interação que envolve trocas sociais”. Portanto, o líder apresenta
benefícios não apenas para a equipe em geral, mas para cada membro
individualmente, uma vez que ocorre troca de aprendizados constantemente.
Segundo Alencastro (2010) “ao interagir de forma equivocada com as pessoas
sob sua liderança, o líder não somente está comprometendo o desempenho da
empresa como pode estar dando espaço para sérios problemas de relacionamento
interpessoal”.
Dessa forma, percebemos que o líder ao perceber as necessidades de seus
liderados, tem a missão de entusiasmar seus subordinados, fazendo com que o
ambiente de trabalho seja agradável e satisfatório para a equipe.
Knapik (2011) salienta que a liderança é uma influência interpessoal exercida
em determinado contexto e pode ser tratado como um fenômeno social, devido a
capacidade de o líder influenciar as pessoas por meio de ideias e afins que façam com
que os colaboradores atinjam as metas propostas.
2.2.1 Estilos tradicionais
Os estilos de liderança dependerão do padrão de comportamento de cada líder,
que interagem diretamente com os colaboradores. Os três estilos básicos de liderança
são: autocrática, democrática e liberal.
Na liderança autocrática percebemos que o líder atua de forma mais intensa,
centralizada e diretiva, conforme observa Knapik (2011), ao qual faz com que seus
liderados obedeçam permanentemente suas ordens, e estes por sua vez, apresentam
408
estado de descontentamento e frustração, nos lembrando a liderança utilizada por
Taylor e Fayol.
O estilo autocrático é utilizado normalmente com colaboradores novos ou que
não conhecem o trabalho, com aqueles que não gostam de colaborar e não assumem
responsabilidades, ou ainda com os que são muito dependentes (KNAPIK, 2011).
A liderança democrática busca ouvir e entender as ideias de seus liderados,
aceita sugestões e ainda procura estimular a participação de cada um. Vê-se nesse
estilo que a qualidade de trabalho da equipe possui maior grau de satisfação,
comprometimento e qualidade de trabalho com melhora constante. É usada
com pessoas participativas, equipes comprometidas e que conhecem bem seu
trabalho.
O estilo liberal, também conhecido como laissez-faire, por sua vez, estimula
constante e firmemente a participação, iniciativa e criatividade dos liderados. Possui
pouco controle sobre as atividades desenvolvidas pela equipe, e a responsabilidade
maior diz respeito aos subordinados (KNAPIK, 2011).
Assim pode ser utilizada com liderados bem capacitados e que não precisam
de muitas orientações, pessoas que com extrema iniciativa e criatividade, que gostam
de trabalhar individualmente e de igual forma desenvolvem um bom trabalho.
Para tanto, podemos afirmar que o uso de um estilo específico de liderança vai
depender de como são os liderados, quais os objetivos da organização a serem
alcançados e como o líder irá conduzir as atividades.
Nesse sentido, os líderes devem possuir habilidades para conduzir os
diferentes processos existentes nas organizações e participar deles para visualizar
possíveis problemas e antecipar ideias para solucioná-los.
2.2.2 Estilos contemporâneos
Hoje o papel que o líder desempenha nas empresas não pode mais ser
confundido com uma pessoa que apenas dá as ordens, pois a função do líder é mais
do que isso.
Essa evolução foi surgindo com o passar dos anos e trouxe mudanças positivas
para o mundo corporativo, tornando, por exemplo, o ambiente de trabalho mais
409
agradável e consequentemente melhorando a produtividade dos colaboradores, e
assim sendo, impactando no aumento da rentabilidade das organizações.
Segundo João Paulo (2009), essa contribuição positiva do líder é que faz a
diferença, pois ele precisa ser mais do que um chefe, levando a equipe como um todo
ao êxito e deve mantê-la motivada.
Para tanto, ainda há algumas dificuldades a serem superadas, como por
exemplo, a falta de pessoas capacitadas para trabalhar em um ambiente de trabalho
em que existam líderes e não chefes. Desenvolver o potencial de uma equipe dividida
entre experiência e conhecimento faz com que as atitudes do líder se tornem um
verdadeiro desafio.
Dessa forma, na liderança contemporânea, encontramos três tipos de líderes:
os carismáticos, os transacionais e os transformacionais.
A liderança carismática, conforme demonstra Leite (2014) se dá uma vez que
o líder comunica as expectativas de desempenho e expressa elevado grau de
confiança para com os liderados, e estes por sua vez, certamente alcançarão os
objetivos propostos. Em artigo publicado em 2014, Leite cita que “a liderança
carismática correlaciona a altos índices de desempenho e satisfação plena entre os
liderados”, além de consistir em estabelecer padrões, valores e guiar esforços para
criar e cumprir suas metas.
A liderança transacional, por sua vez, é aquela que o gestor se comporta como
chefe e não líder, conforme menciona o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) (2015).
As táticas desse tipo de liderança estão em obedecer às regras e cumprir metas
estabelecidas, e assim os liderados são recompensados conforme seu desempenho.
Nesse caso, o gestor não se preocupa com as motivações de sua equipe, não
procura antecipar seus problemas, ele entende que sua obrigação é seguir o fluxo e
cumprir com a demanda.
O terceiro tipo de liderança contemporânea que encontramos é a
transformacional. Que, conforme cita o IBC (2015), o comportamento ideal desse tipo
de líder consiste em um gestor que estimula altamente sua equipe. É influente,
inspirador, serve de exemplo e promove a motivação. Dessa forma, os liderados
adquirem confiança, respeito e comprometem-se fortemente com a proposta das
metas estabelecidas, mantendo o prazer em cumpri-las.
410
O líder transformacional conhece seus liderados, entende as motivações e o
perfil de cada um e desenvolve estratégias de acordo com esse conhecimento,
fazendo com que sua equipe desfrute de todo o potencial que possui e garante ainda
resultados mais satisfatórios.
2.3 Talentos
O capital humano de uma empresa precisa ser tratado de maneira especial.
Temos nas organizações pessoas com ideias e culturas diferentes e os líderes têm
como missão identificar, motivar e auxiliar o desenvolvimento de talentos.
A palavra talentos vem do latim, talentum, que quer dizer “inclinação ou desejo
de fazer algo” e podemos ainda destacar a aptidão de fazer algo (ALESSANDRA,
2010). Partindo desse princípio podemos considerar que talento e dom são duas
qualidades distintas, uma vez que dom, que vem do latim donu, significa presente,
dádiva, é da natureza própria da pessoa, por isso dizemos, por exemplo, que uma
pessoa nasceu ou recebeu o dom de desenhar.
Já no caso do talento, as pessoas sentem ou adquirem vontade de fazer algo,
desenvolver determinado projeto, e a partir dessa vontade, aprimoram seus
conhecimentos e habilidades sobre o assunto.
Talento humano é a mais moderna expressão para o que autores anteriores
chamaram de recursos humanos. De fato, não é um erro as empresas considerarem
seus colaboradores como recursos, pois as organizações precisam do trabalho,
conhecimento, dedicação e experiências de cada um para atingir seus objetivos.
Dessa forma, Knapik (2011) acredita que considerar as pessoas como talentos
humanos com emoções, desejos e aspirações desencadeia a aceitação de cada uma
delas de se relacionar bem e desenvolver suas capacidades para conquistar
resultados.
Para Marques (2015), há 13 tipos de talentos e personalidades para o
mapeamento do perfil comportamental humano, que são eles: comandante,
competidor, administrador, motivador, vendedor, diplomata, aconselhador, atendente
professoral, técnico ou analista, especialista, estrategista e controlador.
Assim, os comandantes são pessoas com perfil empreendedor, independente,
exigem muito de si e dos outros, impõem suas ideias e tem facilidade em assumir
411
riscos. Já os competidores têm prazer em enfrentar desafios e veem cada dia como
uma nova batalha e a oportunidade de sagrar-se vitorioso.
Os administradores por sua vez, possuem a capacidade de potencializar os
talentos dos outros, tem habilidade de gerenciar sistemas e pessoas. A boa
comunicação é uma de suas principais qualidades. Por sua vez, o motivador possui o
poder de tirar as pessoas de sua zona de conforto, tem boa comunicação, são ótimos
palestrantes, motivadores e vendedores, pois conseguem vender o intangível.
O perfil dos vendedores possui algumas características como ótima
comunicação, são habilidosos e vendem ideias, benefícios, prestígio, são
independentes e não gostam muito de seguir sistemas e regras.
Os diplomatas são bons ouvintes, se comunicam bem e tem habilidade de
solucionar conflitos. O aconselhador consegue ouvir e fazer com que os demais
adotem suas ideias, possui habilidade de convencimento. O perfil das pessoas com
talento de atendente tem capacidade de ouvir e atender as necessidades do outro.
Essas pessoas também gostam de trabalhar com relacionamentos positivos e são
conhecidos como protetores.
Os professorais têm sua realização preparando outros profissionais. São
ótimos instrutores e demandam conhecimento técnico e transmissão desse
conhecimento. O técnico/ analista por sua vez normalmente é autodidata e
desempenha bem tudo que lhe é exigido. São especialistas e não gostam muito de
mudanças.
O especialista é um talento que se concentra nos detalhes e precisão da
execução das tarefas e trabalham de acordo com as regras estabelecidas. Já os
estrategistas conseguem ver oportunidades nas ameaças. Não são bons
comunicadores, no entanto são ótimos inventores e organizadores. E por fim, os
controladores são pessoas que sabem organizar, distribuir e cobrar tarefas para que
tudo seja mantido na rotina. São rápidos e eficientes, exigem muito de si mesmos e
dos outros e são extremamente disciplinados.
Os tipos de talentos relacionam-se diretamente com o relacionamento
interpessoal e a forma de trabalho de cada liderado (JULLIER, 2010). Cada um com
suas habilidades e contribuições desenvolvidas particularmente, e caberá ao gestor
compreender e motivar os talentos que lhe são apresentados.
412
Uma vez que os líderes precisarão analisar cada situação e procurar aplicar o
conhecimento dos talentos a favor das metas a serem cumpridas, orientando-os
através de treinamentos, programas de benefícios, planos de carreira, boas condições
de trabalho e qualidade de vida no clima organizacional, também verão os objetivos
da empresa sendo alcançados.
Conforme Jullier (2010), o principal dilema dos gestores atuais não está na
ausência de talentos, e sim na dificuldade de reconhece-los.
A cultura da empresa, estilo de liderança adotados pela organização e muitas
vezes a falta de interesse dos gestores em despertar as qualidades do capital humano,
fazem toda a diferença no processo de identificação dos talentos.
Quando o líder é realmente comprometido com a empresa, criam-se meios para
identificar talentos que possam aumentar a produtividade da empresa, apresentar
resultados mais claros e precisos e consequentemente melhorar a lucratividade.
Pode-se criar programas de identificação dos talentos dentro das organizações,
e desenvolver estratégias que revelem as habilidades de cada liderado. Desafiar os
colaboradores a desenvolver atividades, despertar a construção criativa e a geração
de novas ideias para a resolução de problemas também podem ser meios eficazes de
reconhecer quais tipos de talentos estão presentes na empresa.
Outro método que pode ajudar na identificação de um talento é estabelecer
parâmetros de desempenho, em que os colaboradores são avaliados periodicamente
por seus gestores, e estes, por sua vez, apresentam um feedback sobre o
desempenho, de maneira a enfatizar os pontos fortes e determinar quais os pontos a
melhorar, e dessa forma, ambos contribuem para o desenvolvimento do talento, bem
como da própria empresa, numa relação que podemos tratar de ganha-ganha.
Uma vez que as empresas são compostas por pessoas e os processos de
gestão em geral, percebemos que é de suma importância que haja um ambiente de
trabalho agradável para a realização das atividades.
Ao longo do tempo, através de treinamentos e dos resultados apresentados
pelos colaboradores é possível perceber quando o relacionamento interpessoal
harmônico influencia no bom desempenho.
Sendo assim, identificar a boa desenvoltura dos liderados é de extrema
importância, uma vez que estes são peças-chaves e recursos importantes, não
413
devendo ser tratados apenas como ferramentas de produção, acrescenta Knapik
(2011).
Segundo McCool (2010) o recrutamento exerce enorme influência sobre as
mudanças que têm impacto direto no desempenho financeiro das empresas, e
ressalta que as empresas que colocam as pessoas em primeiro lugar chegam em
primeiro lugar, insistindo em declarar que uma gestão excelente tem total colaboração
para a manutenção das vantagens competitivas.
É possível compreender melhor a importância do capital humano de uma
empresa através do que cita McCool (2010, p. 37-38):
A atividade de recrutamento de altos executivos tem a capacidade de alterar todo o contexto da empresa. Isso porque a inferência sobre os vastos recursos das empresas de hoje – capitais financeiros, político e humano – muitas vezes dá àqueles em posições de poder um controle desmedido sobre o destino de uma organização, bem como sobre os bolsos, as carreiras e as vidas de uma infinidade de outros indivíduos que são influenciados pelas suas decisões.
Dar a devida importância ao capital humano de cada organização faz com que
os colaboradores se sintam valorizados e posteriormente, motivam-se a melhorar a
cada dia, desempenhando suas funções de forma mais eficaz.
A aproximação entre líder e liderado faz com que ambos mantenham uma
relação sólida e de confiança, o que proporciona satisfação na realização do trabalho
e o denominador comum entre os dois seja alcançar os objetivos anteriormente
propostos.
3 METODOLOGIA
Podemos citar a metodologia como um conjunto de métodos e técnicas que
são utilizados para se chegar a um resultado e desta forma, pode também ser
entendido como o caminho percorrido para atingir um ponto final.
Neste contexto, a metodologia tem como principal característica a verificação
da coleta de dados e informações para realização de um objetivo anteriormente
traçado.
O método científico utilizado para a realização da pesquisa foi o indutivo
(indução) – é o raciocínio que parte de situações específicas para o geral, na tentativa
414
de generalizar uma afirmação verdadeira. Com base em aspectos, observamos os
fatos então parte-se para um raciocínio lógico, chegando a uma conclusão geral.
Richardson (2012) menciona que a partir das observações e constatações de
dada realidade podemos construir generalizações em realidades similares.
O tipo de pesquisa utilizado foi a qualitativa, em que os métodos são baseados
em fatos observados nos contextos sociais e assim serviu de base para a análise
fundamentada pelos autores da pesquisa bibliográfica. Minayo (2001, p. 21) cita que:
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deve ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes.
O método de procedimento adotado foi um estudo de caso, em que analisamos
e relacionamos o estilo de liderança e a retenção de talentos com o desenvolvimento
econômico da empresa com a diretoria responsável pelas unidades localizadas em 13
municípios do estado de Mato Grosso, cujo centro administrativo está localizado em
Lucas do Rio Verde – MT.
Consideramos que esta pesquisa foi descritiva e Richardson (2010, p. 71)
afirma que “Os estudos de natureza descritiva propõem-se investigar o que é, ou seja,
a descobrir características de um fenômeno. Nesse sentido, são considerados como
objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo”.
O objeto da pesquisa foi uma cooperativa de crédito localizada em vários
estados do Brasil e por solicitação da empresa, teve seu nome preservado, sendo
chamada pelo pseudônimo de Coopverde.
O sujeito de pesquisa foram dois diretores da empresa responsáveis pelas
unidades de 13 munícipios do Estado de Mato Grosso, localizada em Lucas do Rio
Verde. Os gestores aos quais aplicamos os questionários, são responsáveis pela área
de desenvolvimento da organização e acompanham o andamento dos programas em
geral e atividades centrais realizadas para atingir as metas estabelecidas.
415
A fim de responder os objetivos de nossa pesquisa, com base na revisão da
literatura, elaboramos um questionário para ser respondido pelos gestores
responsáveis pela empresa.
O questionário demonstrava as características dos estilos de liderança
existentes, sem mencionar a qual estilo cada característica pertencia e as perguntas
elaboradas foram criadas de forma a responder diretamente, porém de forma
explicativa a respeito do programa de retenção de talentos desenvolvido e os
resultados obtidos através dele.
Para a coleta de dados foram utilizados documentos como balanço patrimonial
e demonstrações financeiras, bem como o relatório de administração do ano de 2015.
Estes documentos foram disponibilizados pela empresa em seu site.
Também foram utilizados os questionários aplicados, para identificação do
estilo de liderança adotado pela empresa e entendimento do programa de retenção
de talentos existente.
O tratamento de dados foi feito através das categorias de análises propostos
por Lawrence Bardin. Sendo elas: estilo de liderança, programa de retenção de
talentos, resultados econômicos e relação entre liderança e programa de retenção de
talentos.
Optamos por elencar as etapas da análise de conteúdo segundo Bardin (2010),
a qual a organiza em três fases: Pré-análise. Exploração do material. Tratamento dos
resultados, inferência e interpretação.
A análise dos dados, assim como o tratamento de dados, se deu através da
aplicação dos questionários aos gestores da empresa, responsáveis pela área de
desenvolvimento, que, em seguida, foram verificados e analisados de acordo com as
respostas de cada gestor, a fim de compreendermos o estilo de liderança adotado
pela empresa, o programa de retenção de talentos, bem como a relação entre os dois
e o desenvolvimento apresentado por essa relação.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO RESULTADO
4.1 Identificar o Estilo de Liderança Adotado pela Empresa
416
Para atingir esse objetivo foi oferecido aos participantes um quadro contendo
as características dos estilos de liderança e solicitado a eles que assinalassem
aquelas que eles possuem e aplicam em seu ambiente de trabalho. Desse modo,
apresenta-se o quadro 1 com o resultado.
QUADRO 1 – Características dos Estilos de Liderança
CARACTERÍSTICAS %
Impõe ideias 0%
Sabe ouvir e facilita o diálogo 100%
Estimula firmemente a participação dos colaboradores 100%
Comunica as expectativas de desempenho e confia nos liderados 50%
Recompensa os liderados conforme seu desempenho 50%
Inspira sua equipe e promove a motivação 50%
Centraliza e direciona suas ordens 0%
Encoraja os liderados a expressarem suas ideais 50%
Incentiva a iniciativa e criatividade dos liderados 50%
Reconhece o bom desempenho 100%
Segue o fluxo e cumpre com a demanda 100%
Impõe obediência dos liderados 0%
Interessa-se pela carreira profissional dos colaboradores 50%
Remete maior responsabilidade aos liderados 100%
Cria um bom ambiente de trabalho 50%
Preocupa-se com a obediência às regras e cumprimento de metas 100%
Identifica os pontos fortes e necessidades de desenvolvimento da equipe 50%
Conhece sua equipe e a estimula 50%
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Conforme observado, o quadro não indicava a qual estilo de liderança cada
característica estava relacionada.
Nesse sentido, estão inseridas no estilo de liderança autocrático as seguintes
características:
Impões ideias;
Centraliza e direciona suas ordens;
417
Impõe obediência dos liderados.
Através da porcentagem demonstrada no quadro acima, é possível perceber
que nenhum dos líderes assinalou as características que dizem respeito a esse estilo
de liderança.
As características:
Sabe ouvir e facilita o diálogo;
Encoraja os liderados a expressarem suas ideias;
Interessa-se pela carreira profissional dos colaboradores.
São características do estilo de liderança democrático e apenas um dos líderes
apresentou todas as características desse estilo.
Para o estilo de liderança liberal, elencamos as seguintes características:
Estimula firmemente a participação dos colaboradores;
Incentiva a iniciativa e criatividade dos liderados;
Remete maior responsabilidade aos liderados.
Conforme as respostas do questionário, observamos que apenas um dos
líderes possui todas as características desse estilo de liderança.
Trabalhando também com a liderança contemporânea, apresentamos as
seguintes características para o estilo carismático:
Comunica as expectativas de desempenho e confia nos liderados;
Reconhece o bom desempenho;
Cria um bom ambiente de trabalho.
Observamos no quadro 01 acima, segundo respostas do questionário, que
apenas um dos líderes possui todas as características da liderança carismática.
O estilo de liderança transacional possui as seguintes características,
mencionadas no quadro 01:
Recompensa os liderados conforme seu desempenho;
Segue o fluxo e cumpre com a demanda;
Preocupa-se com a obediência às regras e cumprimento de metas.
Apenas uma das características dessa liderança foi assinalada pelos dois
líderes, e dessa forma, compreendemos que não é o estilo de liderança adotado pela
empresa.
Por fim, temos as características da liderança transformacional:
Inspira sua equipe e promove a motivação;
418
Identifica os pontos fortes e necessidades de desenvolvimento da equipe;
Conhece sua equipe e a estimula.
Esse estilo diz respeito à liderança contemporânea e os dois gestores possuem
todas as características mencionadas no quadro apresentado no questionário, o que
nos remete a identificar a liderança transformacional presentes neles, como o estilo
adotado para orientar os colaboradores e atingir os objetivos tanto da empresa quanto
dos liderados, demonstrando que predomina o bem-estar dos colaboradores tanto de
forma individual quanto em equipe.
4.2 Conhecer o Programa de Retenção de Talentos da Empresa
Após a aplicação do questionário, percebemos que a empresa possui um
programa de retenção de talentos que está em fase de implantação e
desenvolvimento, e por isso apresenta algumas ações que proporcionam essa
retenção, e aos poucos estão desenvolvendo-as de forma que essas práticas se
tornem um programa estruturado e eficaz para a organização.
Dentre as ações que a organização desenvolve para retenção de talentos em
seu quadro de colaboradores está a existência de um plano de carreira e
desenvolvimento de pessoas (PDI) que remete os colaboradores ao incentivo na
busca por conhecimento tanto EAD quanto presencial e também possui amplitude nos
benefícios oferecidos.
As ações para retenção de talentos na empresa surgiram através da eficaz
participação da área de gestão de pessoas e executivos da organização, que
perceberam a necessidade de fidelizar e manter os colaboradores que se destacam e
buscam constantemente por informação, melhorar seu conhecimento e desempenho
produtivo.
Os resultados efetivos do programa ainda não podem ser sentidos, pois está
em fase inicial de implantação. No entanto, os líderes da empresa estão otimistas com
todos os benefícios que o programa de retenção de talentos poderá proporcionar,
destacando o intuito de melhorar o crescimento e desenvolvimento das pessoas e a
melhoria nos resultados apresentados pela organização.
4.3 Efetuar o Levantamento dos Resultados Econômicos da Empresa em 2014 e 2015
419
Analisando os dados publicados pela empresa em seu site, em 2015 o
desempenho econômico teve melhores resultados dos que os apresentados ao final
do exercício de 2014.
Ao encerrar o exercício de 2015 e apresentar a situação econômica financeira,
a empresa demonstra crescimento em seus ativos totais de 14,10% em relação ao
exercício anterior, mesmo em meio ao caos político-econômico enfrentado em nosso
país nos últimos anos.
Além disso, o saldo de operações em dezembro de 2015 apresentou aumento
de 3,17% em relação ao mesmo período de 2014.
Observamos ainda, um aumento de 20,59% em 2015 com relação a 2014 no
que diz respeito aos recursos captados e administrados pela organização.
Demonstrando possibilidades de melhores desempenhos em relação ao
mesmo período do exercício de 2014, em dezembro de 2015 a empresa registrou
aumento de 17,71% em seu patrimônio líquido.
Assim sendo, com excelentes resultados apresentados no exercício de 2015
em relação ao exercício anterior, podemos observar que a gestão se empenhou em
melhorar sua produtividade e apresentar resultados satisfatórios, na busca por
manter-se rentável e economicamente viável.
4.4 Relacionar o Estilo de Liderança com o Programa de Retenção de Talentos da
Empresa
Esse objetivo contempla o resultado dos anteriores, buscando a relação entre
o estilo de liderança e o programa de retenção de talentos. O resultado apresenta-se
no quadro 2.
QUADRO 2 – Relação entre estilo de liderança e programa de retenção
ESTILO DE LIDERANÇA
PROGRAMA DE
RETENÇÃO DE
TALENTOS
RELAÇÃO
420
Transformacional
Plano de carreira
Demonstra a preocupação do
líder para com o
desenvolvimento pessoal e
profissional para com o liderado.
Desenvolvimento de
pessoas busca pelo
conhecimento
Incentivar o desenvolvimento e
busca por conhecimento faz com
que a equipe adquira confiança,
respeito e comprometimento
com as metas estabelecidas.
Amplitude de
benefícios
Conhecendo as motivações dos
liderados, há a possibilidade de
desenvolver estratégias para
mantê-lo estimulado a cumprir as
metas propostas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Ao analisarmos o quadro que demonstra a relação entre o estilo de liderança
adotado pelos gestores e o programa de retenção de talentos que está sendo
implementado na empresa, é possível verificar a preocupação constante com o
desenvolvimento dos colaboradores.
Podemos perceber ainda, o incentivo dos líderes para que os liderados
busquem ampliar seu conhecimento, de forma a melhorar pessoal e
profissionalmente.
Dessa forma, compreendemos que a expansão de horizontes que a empresa
proporciona, faz com que de alguma forma, o colaborador e/ou liderado sinta-se
importante para ela, sentindo-se estimulado constantemente e assim sendo, poderá
proporcionar à organização mais dedicação e deixará mais de si em seu cotidiano de
trabalho.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da realização da pesquisa, percebemos o quanto o capital humano tem
ganhado a dedicação dos gestores na busca por melhorar o desempenho dos
colaboradores e assim também ver melhores resultados para a organização.
421
As empresas buscam cada vez mais aumentar seu quadro de colaboradores
adequadamente qualificados para exercer suas funções, mas mais do que isso,
também procura incentivar que os liderados se mantenham em constante formação,
para assim gerar um resultado que chamamos de ganha-ganha.
O colaborador tem chances de dedicar-se mais a empresa através de seus
incentivos como plano de carreira e amplo programa de benefícios e em contrapartida,
o colaborador apresenta à empresa resultados mais satisfatórios, que fará com que
ela possa melhorar sua rentabilidade.
O desafia é diário, no entanto, quando são oferecidas as ferramentas corretas
para o desenvolvimento das atividades e a inspiração dos líderes, as chances de
aumentar o desempenho de ambos aumentam.
A empresa estudada ainda precisa implementar seu programa de retenção de
talentos, mas conforme o andamento da implantação for tomando forma, os ajustes
podem ser feitos, de forma a estabilizar o plano e proporcionar clareza nos
acontecimentos.
É de suma importância que a organização se mantenha preocupada com seus
liderados, pois devido à sua dedicação foi possível melhorar os resultados
apresentados ao final de 2015, em relação ao exercício anterior.
Quando os colaboradores estão satisfeitos e em pleno incentivo e motivação,
percebemos que os objetivos são alcançados e nos levam a grandes realizações,
como foi o caso da empresa em estudo.
Mesmo em meio ao caos atual da economia brasileira, em um ano em que
inúmeras empresas fecharam as portas por resultados incapazes de mantê-las ativas,
foi possível registrar aumento de rentabilidade.
REFERÊNCIAS
AMORIN, Ricardo. Resultados Econômicos de 2014 e Perspectivas para 2015 e os Próximos Anos. Disponível em: <http://ricamconsultoria.com.br/news/entrevistas/perspectivas_2015_e_proximos_anos>. Acesso em 13 de agosto de 2015.
422
ALESSANDRA. Lista de Palavras. Disponível em:
http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/talento/>. Acesso em 15 de março de
2016.
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424
O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DO
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Alexandre Antonio Correa18
Matheus Dilmo Gomes19
Fabiane Popik20
RESUMO O tema do presente trabalho é a aplicação do princípio da Continuidade contábil na prática. Tendo como questão norteadora a seguinte indagação os profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade contábil. O objetivo geral é analisar os motivos pelos quais os profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem ou desconhecem o princípio da continuidade contábil. Serão apresentadas aqui os objetivos específicos que são: Verificar se o princípio da continuidade caiu no esquecimento dos profissionais contábeis no exercício de sua profissão, identificar o quanto do princípio citado os profissionais sabem se aplicam na prática, analisar se os profissionais contábeis passar por constantes atualizações na área contábil. A justificativa para tal pesquisa é evidenciar os contadores, demonstrar o quanto estão sabendo sobre o princípio da continuidade e apresentar a importância para os profissionais contábeis. A metodologia utilizada foi de acordo com o método de abordagem qualitativa e funcionalista e com uma pesquisa de campo. Os resultados obtidos da pesquisa foram: grande parcela dos escritórios contábeis respondeu assertivamente somando se 70%, enquanto que 30% responderam errado ou incompletas suas afirmações. Por fim apresentar as respostas para os objetivos gerais e específicos e apresentar uma sugestão de pesquisa. Palavras-chave: Ciências Contábeis. Princípios da Contabilidade. Princípio da Continuidade. Escritórios Contábeis.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Conselho Pedagógico Resolução Nº 130 – COP (2013):
O Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentabilidade investiga sobre o Comportamento do Consumidor, Economia Solidária, Agronegócios, Empreendedorismo, Análise Macroeconômica. Analisa os determinantes regionais da
18 Acadêmico do segundo semestre de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected]. 19 Acadêmico do segundo semestre de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail: [email protected]. 20 Docente da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Orientadora da pesquisa. E-mail: [email protected].
425
atividade tecnológica brasileira, considerando a base industrial regional, o ambiente urbano e a infraestrutura científica e tecnológica. Realiza estudos e pesquisas interdisciplinares sobre a dinâmica econômica do desenvolvimento social em uma perspectiva espacial. Busca-se a compreensão tanto teórica quanto empírica da dinâmica socioeconômica regional no contexto brasileiro.
Nesta pesquisa utilizou se esta linha de pesquisa, pois o princípio da
continuidade contábil é um dos pilares da contabilidade e este motivo reforça ainda
mais a escolha desta linha porque o avanço da contabilidade está totalmente ligado
ao progresso econômico, social e institucional da sociedade.
O tema proposto foi buscar a aplicação do princípio da continuidade na prática
destacando as vertentes existentes, mostrando a aplicação deste princípio na cidade
de Lucas do Rio Verde, localizada no norte de Mato grosso a 332 km da capital
Cuiabá, tem uma economia forte voltada ao agronegócio, mas também com um
comercio forte e atuante.
O problema proposto foi à seguinte indagação: “Os profissionais contábeis de
Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade? ” Pretende se
com este problema demonstrar a preocupação em conhecer melhor e evidenciar este
assunto aos usuários contábeis desta região.
Com o objetivo geral que diz o seguinte: “analisar os motivos pelos quais os
profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem ou desconhecem o princípio
da continuidade”. Pretende se com este objetivo geral ver detalhadamente os motivos
de conhecimento ou desconhecimento e analisando a fundo as respostas ditas pelos
entrevistados.
Os objetivos específicos deste trabalho são: verificar se o princípio da
continuidade caiu no esquecimento dos profissionais contábeis no exercício de sua
profissão, identificar o quanto do princípio citado os profissionais sabem se aplicam
na prática, analisar se os profissionais contábeis passar por constantes atualizações
na área contábil. Com estes objetivos específicos pretende se demonstrar se aquele
profissional que respondeu corretamente sabe se aplica em algum momento no
escritório contábil, indagar se os contadores reciclam se constantemente e perguntar
se com o desuso do princípio os contadores acabaram se esquecendo com o tempo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
426
Os princípios contábeis são as regras que regulam o exercício da profissão,
sendo assim obrigatória a sua correta interpretação. Os princípios no começo eram
sete dentre eles o princípio da Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo
valor original, Atualização monetária, Competência e Prudência, mas depois da
resolução CFC nº 1.282/10 revoga se o princípio da Atualização Monetária. O órgão
responsável pela fiscalização e regulamentação não apenas dos princípios, mas sim
de toda a classe contábil é o Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
De acordo com o portal do CFC:
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma Autarquia Especial Corporativa dotada de personalidade jurídica de direito público. Criado e regido por legislação específica, o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, o CFC possui estrutura, organização e funcionamento regulamentados pela Resolução CFC nº 1.370, de 8 de dezembro de 2011, que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. O CFC é integrado por um representante de cada estado e mais o Distrito Federal, no total de 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes – Lei nº 11.160/05 -, e tem, dentre outras finalidades, nos termos da legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais, além de regular acerca dos princípios contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada, bem como editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional. Em 2010 foi sancionada pelo Presidente da República a Lei 12.249 /2010, que institui a obrigatoriedade do Exame de Suficiência na área contábil.
Os postulados da contabilidade são: o postulado da Entidade e o postulado da
Continuidade. Segundo Lopes e Martins (2005, p. 127):
Os postulados da contabilidade se propõem a delimitar o espaço de atuação da contabilidade e impor as situações básicas nas quais esta se aplica. Assim, estabelecem-se as condições institucionais, econômicas e sociais nas quais a contabilidade irá se firmar como provedora de informações econômicas.
427
Como postulado da contabilidade a Continuidade juntamente com a Entidade
são o alicerce do estuda da teoria da contabilidade. De acordo com o site portal de
auditoria:
Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um empreendimento em andamento, com intenção de existência indefinida, ou por tempo de duração indeterminado, devendo sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros (lucros), e não pela sua capacidade imediata de ser útil somente à entidade. Como o próprio nome diz a empresa deve ter continuidade, é função da contabilidade aprimorar pela continuidade da empresa.
Figura 1 – A casa Contábil Fonte: Sousa (2015, p.01)
Esta imagem mostra a casa contábil e reforça a dos pensadores e demonstra
os postulados no alicerce, as paredes são os princípios e o teto as convenções
contábeis.
2.1 O conceito do Princípio da Continuidade
De acordo com o CFC (2010):
428
Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade
continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a
apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta
esta circunstância. (Redação dada pela Resolução CFC nº.
1.282/10).
E ainda de acordo com Iudícibus (2006, p. 111):
Apresenta que Princípio da Continuidade é também conhecido
pela denominação “Entidade em Marcha” (Goingconcern), e que
esta é encontrada em muitos sistemas de normas no exterior e
na literatura contábil estrangeira, dizendo respeito ao
pressuposto de que a Entidade deva concretizar seus objetivos
continuamente no tempo.
Segundo Lopes de Sá (2000, p.56 a 228), “a definição dos Princípios Contábeis
são: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo Valor Original, Atualização
Monetária, Competência e Prudência”. Lopes de Sá utiliza se com base na resolução
CFC nº.750/93.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2007, p. 104), “a empresa está se
adaptando a si mesma, pela venda de ativos no curso normal de seus negócios, ou
seja, um processo ordinário de liquidação, em lugar de uma liquidação forçada”. Essa
perspectiva tornaria a caracterização da continuidade, como uma série de
descontinuidades, que se apresentam para a empresa de modo ordenado e conduzido
pela atividade de gestão.
O CPC traz em seu pronunciamento número 00 a seguinte definição:
As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade está em atividade (going concern assumption) e irá manter-se em operação por um futuro previsível. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações. Por outro lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem ter que
429
ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve ser divulgada.
2.2 Lucas do Rio Verde e sua Economia
Lucas do Rio Verde é uma cidade do interior de Mato Grosso com pouco mais
de 59.436 habitantes segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), com uma economia voltada ao agronegócio e com um forte comércio, a
contabilidade tem por característica ser voltada para o produtor rural e ao empresário,
de acordo com Megido (2014, p.01):
Essa cidade está hoje dentre as 20 melhores cidades do país
para se viver. IDH na beira dos 0,80. Escolas fundamentais com
qualidade, com piscina. Cidade limpa. Agronegócio evoluído
com alta tecnologia, integrações entre proteína e energia vegetal
com proteína animal. E, acima de tudo: lugar de muito trabalho.
Mas, trabalho só não basta, inteligência significa a diferença do
suor para o valor.
Com uma economia fortalecida e com grande crescimento anual indaga--se os
profissionais contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da
continuidade? Um dos pilares da contabilidade juntamente com o princípio da
entidade.
2.3 A Pesquisa e Comentários de dois Entrevistados
Para responder esta pergunta foi feita uma pesquisa científica entre os dias
24,25 e 26 de agosto de 2016 em doze escritórios de contabilidade, há de se destacar
que esta pesquisa não inclui todos os escritórios contábeis de Lucas do Rio Verde.
Dos doze escritórios entrevistados sete, ou seja, 58,33% conhecem e observam o
princípio da continuidade, três escritórios, ou seja, 25% não conhecem o princípio da
continuidade e dois escritórios, ou seja, 16,67 não responderam ou se recusaram a
responder. Esses números mostram que apesar de ser um assunto de ordem teórica
430
os profissionais contábeis desta cidade conhecem a legislação vigente e respeitam-
na em seu dia a dia.
De acordo com um dos entrevistados o Ricardo Bueno da Silva contador
formado pela faculdade La Salle no ano de 2012 atualmente é contador e sócio do
escritório Bueno Contabilidade, afirma que “o princípio da continuidade diz que a
empresa não data para o encerramento de suas atividades, contudo algumas
empresas ao iniciar suas atividades já entram com um risco muito grande de falir, visto
que o gestor não fez uma pesquisa de mercado, sendo assim o empresário não sabe
quais as necessidades de seu cliente e também não avaliou seu local onde funcionará
a empresa atrairá consumidores.
E ainda de acordo com outro entrevistado o Edson Paula Camargo Contador
formado pela faculdade La Salle no ano de 2007, atualmente contador do escritório
Audicon, afirma que “é a fundamentação a atividade do profissional pautada nos
embasamentos das normas relacionada ao profissional e sua ética, tendo também
todo o princípio ético da empresa”.
2.4. Os Motivos para o Conhecimento do Princípio da Continuidade
Durante o levantamento dos dados verificou-se que os profissionais que
conheciam o princípio citado alegaram os motivos para tal resposta são: necessidade
de conhecer ao começar uma demonstração contábil, conclusão do ensino superior
recentemente e leitura periódica nos finais de semana.
Os profissionais contábeis que alegaram conhecer o princípio relataram
também que utilizam a todo o momento no processo dentro do escritório, salientando
também o uso do princípio desde a abertura até o encerramento das empresas com
a devida mensuração dos elementos patrimoniais.
2.5. Os Motivos para o Desconhecimento do Princípio da Continuidade
Já aqueles profissionais que não conhecem o princípio são unânimes em dizer
que no seu dia a dia não necessitam conhecer o princípio para a execução de suas
tarefas e mostram total descontentamento com a forma de ensino nas faculdades
alegando que a teoria está totalmente desvinculada da prática.
431
Os profissionais que não souberam responder sobre o princípio da continuidade
também alegaram que na pratica do dia a dia o princípio cai em desuso pela falta de
utilização no decorrer de sua profissão, de acordo com a redação Mundo Estranho
(2011, p.01), “quando a pessoa está dispersa, fazendo muitas coisas ao mesmo
tempo e com preocupações demais, pode simplesmente desligar ao ter contato com
um dado novo, deixando de armazená-lo”.
2.5 Reciclagem Constante
Os contadores entrevistados responderam no quesito de atualizações
constantes, aqueles que conheciam o princípio da continuidade também passam por
atualizações constantes, fazendo cursos pela educação a distância e também fazem
cursinhos ofertados pela Faculdade La Salle oferece aos profissionais contábeis de
Lucas do Rio Verde, já aqueles que não conheciam o princípio também não passam
por atualizações na área. De acordo com Santos (2013, p.01):
“A busca pelo conhecimento deve ser constante. Antigamente
bastava o nível médio completo e um curso de datilografia e
pronto, já estava preparado para atuar profissionalmente. Hoje
as coisas mudaram, inclusive já não basta somente um nível
superior, há necessidade de uma pós-graduação e de estar
sempre atualizados com os assuntos gerais e fazer as devidas
adaptações. Estar de olho nas tendências e evidências
tecnológicas, o modus operandi, fazem toda a diferença. Buscar
a eficácia no resultado, ser sempre melhor que ontem.
3 METODOLOGIA
Essa pesquisa se insere em qualitativa, pois apresenta uma revisão
bibliográfica de artigos, livros e revistas na área contábil e para reforçar esta afirmação
destaca se uma frase de Lakatos e Marconi (2010, p.269):
432
Explicam que a abordagem qualitativa se trata de uma pesquisa que tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano e ainda fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento. Assim, o que percebe se é que a ênfase da pesquisa qualitativa é nos processos e nos significados.
Esta pesquisa classifica se com base nos objetivos e nos procedimentos
técnicos da pesquisa de campo, pois a pesquisa de campo caracteriza-se pelas
investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza
coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa
(pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.) (FONSECA,
2002)
Os autores que alicerçaram esta pesquisa foram: Iudícibus, Hendriksen e Van
Breda e Lopes de Sá. Iudícibus com todo o seu vasto repertório contribuiu para esta
pesquisa, trazendo informações úteis e relevantes ao artigo. Hendriksen e Van Breda
trouxeram uma definição do princípio da continuidade e demais vertentes. Lopes
apresentou uma definição do princípio e suas aplicações.
O instrumento de coleta de dados foi por meio de entrevistas realizadas com
os contadores do município de Lucas do Rio Verde. Utilizou se formulários para os
profissionais responder as questões. Entre os dias 24,25 e 26 de agosto de 2016 em
doze escritórios de contabilidade, para as indagações os profissionais responderam
em seu próprio escritório sem auxílio de nenhum equipamento que possam trazer
informações. Segundo Bandeira (2004, p.02):
No projeto de pesquisa, o pesquisador deverá descrever detalhadamente o método que usará para coletar seus dados. Basicamente ele pode adotar como método de coleta de dados a utilização de documentos, a observação de comportamentos ou então a informação dada pelo próprio sujeito, seja oralmente (entrevistas) ou de forma escrita (questionários auto administrados).
As perguntas que compõem o formulário são: 1 – Você conhece o princípio da
continuidade. Dê uma definição. 2- Você sabe em que momento utiliza o princípio da
continuidade na prática do escritório. Dê um exemplo de aplicação. 3- Você costuma
433
passar por atualizações constantes na sua área de formação. De acordo com Quivy e
Campehoudt (1995, p.44):
As entrevistas e observações completam as leituras. Elas permitem ao pesquisador tomar consciência dos aspectos da questão que sua própria experiência e suas leituras não puderam evidenciar. As entrevistas ou observações exploratórias podem preencher essa função quando não são muito diretivas, pois o objetivo não consiste em validar as ideias preconcebidas do pesquisador, mas em encontrar outras ideias. Três tipos de interlocutores são interessantes para desenvolver essas técnicas: especialistas científicos sobre o tema em estudo, informantes privilegiados e pessoas diretamente envolvidas. Ao final desta etapa, o pesquisador poderá ser levado a reformular sua questão inicial de modo que ela leve em conta o trabalho exploratório.
A pesquisa elaborada sobre o princípio da continuidade foi respondida por dez
contadores de diferentes escritórios, sendo que sete foram mulheres e 3 homens.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
No transcorrer da pesquisa percebe se que os profissionais contábeis
demonstravam nas entrevistas a importância do princípio da continuidade em todos
os momentos do processo do escritório, deixando claro que o profissional que
conhecer o princípio terá um elevado nível de conhecimento.
Sete escritórios contábeis responderam de forma assertiva em relação à
pergunta sobre o conhecimento do princípio da continuidade, isso demonstra que os
contadores apesar de aplicar a pratica da contabilidade no dia a dia, eles têm um
conhecimento grande da teoria da contabilidade.
Os mesmos sete escritórios que responderam à questão anterior de forma
assertiva, não tiveram dificuldades para responder a pesquisa sobre em que momento
utilizavam o princípio da continuidade na pratica do dia a dia no escritório.
Três escritórios contábeis responderam de forma equivocada apresentando
uma resposta totalmente diferente daquela considerada correta pela legislação. A
pergunta era sobre o conhecimento do princípio e dar um conceito pessoal ao princípio
da continuidade.
434
Dois escritórios não responderam à pesquisa, pois alegaram falta de tempo,
mas na realidade esses dois escritórios não deram à devida importância a pesquisa.
Em todos os escritórios que responderam à pesquisa demonstraram que
passam por constantes atualizações na área contábil, isso demonstra que em um
mercado de trabalho mais competitivo e com as convergências as normas
internacionais, a legislação contábil é muito dinâmica e passar por atualizações se
tornou imprescindível.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese o artigo procurou demonstrar que as maiorias dos profissionais
contábeis de Lucas do Rio Verde conhecem e observam o princípio da continuidade
no seu dia a dia dentro do escritório. Dos dez escritórios entrevistados sete conhecem
o princípio da continuidade e apenas três escritórios não conhecem o princípio.
Proporcionalmente os contadores de Lucas do Rio Verde estão mais preparados para
a convergência as normas internacionais, pois passam por constantes atualizações
na área contábil. De acordo com o site Contábeis (2012, p 01):
Com o advento da Lei 11.638/2007, torna-se necessária agora a
interpretação dessa nova e vasta legislação que, além de
convergir para a harmonização com as normas internacionais de
contabilidade, a transparência das demonstrações contábeis e a
busca da essência sobrepondo a forma, brindou-nos com a
aprovação de 14 deliberações emitidas pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC). O fato é que 2009 será um
ano de adaptação a nova lei em decorrência das diversas
interpretações que surgirão em face do entendimento de cada
uma dessas deliberações.
Na visão de Saik e Antunes (2010, p.34):
Com a Lei 11.638/2007, o Brasil passou a adotar as Normas Internacionais de Contabilidade, mais comumente conhecidas por IFRS. Essa nova lei introduziu importantes conceitos do
435
direito societário, tendo sido adaptados conceitos legais bastante utilizados em economias mais desenvolvidas, alinhando, também, a normatização brasileira às legislações dos Estados Unidos e de países da Europa. Foram trazidas inovações tanto para as demonstrações contábeis quanto para as práticas contábeis, visto que essas normas são baseadas muito mais em princípios do que em regras.
De acordo com KPMG, (2008, p. 2):
Em julho de 2007, depois de sete anos de tramitação no legislativo, foi aprovada e publicada a Lei 11.638, tendo sua aplicação no primeiro dia do ano de 2008, modificando a Lei das Sociedades Anônimas (AS), n. 6.404, de 1976. A lei publicada estabelecia, segundo a harmonização e modernização da lei societária em conformidade com os princípios fundamentais e práticas contábeis internacionais, com vistas a inserir o Brasil no contexto econômico internacional. A coordenação do processo de convergência brasileiro realizou-se pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), composto por seis entidades (ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON) e convidados.
De acordo com Idecno Brasil (2012, p.1): A adoção do padrão contábil internacional – IFRS – em conformidade aos pronunciamentos, emitidos pelo International Accouting Standards Board – IASB às normas internacionais de contabilidade, no Brasil, tem seu início com a emissão da Instrução CVM n. 457 em julho de 2007, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em conjunto com o Banco Central do Brasil. Dessa forma, torna obrigatório às companhias brasileiras de capital aberto a apresentar demonstrações financeiras consolidadas com base nas normas internacionais a partir do exercício de 2010, sendo-lhe facultada a adoção antecipada.
Analisaram-se os motivos pelos quais os profissionais conhecem ou
desconhecem o princípio da continuidade e um dos motivos de conhecerem os
princípios é a necessidade de conhecer o princípio para elaborar tempestivamente
uma demonstração contábil e um dos motivos pelo desconhecimento por parte de
alguns profissionais é a de que no dia a dia não necessitam saber deste princípio para
a execução de seus afazeres.
Identificou-se que os contadores que responderam corretamente sobre o
princípio da continuidade também disseram que se utilizam diariamente do princípio
436
em questão reforçando que este princípio é utilizado desde a abertura da empresa até
o seu imprevisível encerramento.
Uma sugestão de pesquisa seria a de apoio as pequenas e médias empresas
e ao MEI (micro empreendedor individual) uma pesquisa com o intuito de fortalecer e
dar dicas para as PME (pequenas e médias empresas), demonstrando como o
princípio da continuidade pressupõe sobre o negócio, já que os riscos que os micro
empreendedores individuais são muito maior do que as empresas com um capital
maior, portanto quanto maior informação o pequeno empresário ter menor será o risco
dele não obedecer ao princípio da continuidade e consequentemente fechar o seu
negócio repentinamente.
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Documental
Diana Scheffler Augustin¹
Marisa Claudia Jacometo Durante²
RESUMO Com o passar dos tempos, as evoluções tecnológicas e econômicas vêm exigindo cada vez mais de seus profissionais a minimização dos custos e despesas e consequentemente a maximização dos lucros. O objetivo geral desse estudo foi identificar se é possível uma empresa minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de tributação. Especificamente buscou-se: a) descrever os regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras; b) identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação; c) identificar como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais. Metodologicamente o estudo teve uma abordagem indutiva com pesquisa documental. Os principais resultados apontam que os Regimes de Tributação incidentes nas empresas brasileiras são o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional, onde todos possuem seus aspectos positivos e negativos, sendo necessário a analise da empresa para verificar a melhor forma de tributação sendo que existem várias maneiras de se obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de tributos federais, sempre através de um bom Planejamento Tributário. Após apresentação destes dados constatou-se que a melhor forma de tributação para uma empresa utilizar vai depender de sua atividade e de um Planejamento Tributário com base de dados reais ou estimados, o mais próximo possível da realidade. Cabe salientar que esse resultado pode mudar de acordo com as movimentações da empresa em exercícios posteriores, por isso a proposta do estudo foi comparar as possibilidades existentes, a fim de demonstrar a importância desse tipo de planejamento dentro de uma organização. Palavras-chave: Planejamento Tributário. Tributos. Regimes de Tributação.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade percebida como uma ciência social passa por constantes
modificações, essas sofridas com o passar do tempo para acompanhar as mudanças
globais e suprir as necessidades da sociedade moderna, que cada vez mais anseia
em deter o controle desse contexto que o rodeia em seu cotidiano.
No Brasil, o sistema tributário atual dispõe de um grande número de
legislações, tornando difícil seu entendimento e aplicação. Cada vez mais as
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empresas constituídas no Brasil e enquadradas neste sistema, precisam analisar as
possíveis opções de tributação que podem se enquadrar.
Com o passar dos tempos, a evolução tecnológica e econômica vem exigindo
cada vez mais de seus profissionais a minimização dos custos e despesas e
consequentemente a maximização dos lucros. Com isso, o planejamento tributário
caracteriza-se como um dos principais agentes para o sucesso ou não de uma
empresa, pois a carga tributária no Brasil representa um significativo montante
financeiro, o qual interfere diretamente no resultado econômico da empresa.
O planejamento tributário tornou-se indispensável, pois a legislação tributária
brasileira é muito complexa, com inúmeras leis e constantes alterações, o que dificulta
a interpretação dos empresários, assim como em se manterem atualizados em virtude
dos diversos influenciadores na gestão empresarial.
Assim a contabilidade tributária, ao exercer função de aplicação da legislação
tributária dentro de uma empresa, é considerada a base principal para análise do
enquadramento correto e menos oneroso para uma empresa, e ao mesmo tempo em
que comporta o gerenciamento dos tributos e direciona as normas aplicáveis a cada
situação. Esse gerenciamento tributário auxilia também na redução dos impostos
devidos, sem burlar as legislações existentes e vigentes em nosso país.
As empresas de uma forma geral, não possuem um setor tributário e os
responsáveis pelas atividades da empresa, em muitos casos, não têm o hábito de
analisar de forma completa a carga tributária incidente sobre o lucro da empresa. Esta
falta de avaliação relativa ao enquadramento tributário da empresa pode leva-la,
algumas vezes, a ter desembolsos financeiros expressivos e desnecessários no
pagamento de seus tributos, e por certas vezes incondizentes com sua realidade.
No Brasil, atualmente existem quatro formas de tributação da renda, em
conformidade com o Código Tributário Nacional, sendo estas: o lucro tributado pelo
Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional (Lei das Micro e
Pequenas Empresas).
Nesse contexto surgiu o seguinte questionamento: é possível uma empresa
minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de
tributação? Tendo como objetivo geral identificar se é possível uma empresa
minimizar o pagamento de impostos federais através da escolha do seu regime de
tributação. Deste modo, buscou-se:
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Descrever os regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras;
Identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação;
Identificar como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e
minimizar o recolhimento de seus tributos federais.
A escolha desse tema se deu em virtude da dificuldade das empresas em
conseguirem realizar um planejamento tributário e assim minimizar o pagamento de
tributos. A importância do estudo prevalece em demonstrar como a escolha do regime
de tributação age no recolhimento dos tributos. Desse modo, pode contribuir
significativamente para o processo de tomada de decisão das empresas.
Para a acadêmica este trabalho contribuiu de forma relevante, proporcionando
fazer uma ligação entre os conhecimentos teóricos adquiridos e a prática cotidiana
através da pesquisa desenvolvida, permitindo dessa forma aprofundar seus
conhecimentos sobre a área estudada.
Este trabalho justifica-se a partir da descrição e divulgação de dados,
informações e algumas questões tributárias, com intuito de elucidar o tema junto à
comunidade acadêmica, classe contábil e pessoas correlacionadas direta ou
indiretamente com a contabilidade, visto que a presente pesquisa facilita a
compreensão e o entendimento de algumas questões tributárias que se lidas somente
através de leis ou códigos pertinentes ao assunto não tenham tanta absorção.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Tributos
A palavra tributo possui um conceito muito amplo, sendo muitas vezes
confundido com a palavra imposto, e que na verdade é apenas uma parte da sua
definição.
O Código Tributário Nacional (CNT) define tributo em seus arts. 3° a 5, onde o.
Art. 3° (apud Fabretti, 2009, p. 104) esclarece que “tributo é todo prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada”.
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De acordo com Fabretti (2003) tributo é um pagamento independente da
vontade do contribuinte. Deve ser pago em moeda corrente, sendo que através deste
ato se dá a extinção da obrigação tributária. A forma de recolhimento dos tributos é
instituída não podendo haver alterações.
O art. 4° do CTN (apud Oliveira; Chieregato; Junior; Gomes, 2011, p. 5)
descreve que:
A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Dessa maneira podemos verificar que o tributo é instituído por lei e possui uma
legislação própria, não dependendo da vontade do contribuinte, podendo apenas
monitorar e cobrar das autoridades competentes sua devida aplicação.
O art. 5° do CTN (apud Vade Mecum, 2006, p. 721) esclarece que “os tributos
são impostos, taxas e contribuições de melhoria”.
Oliveira; et al (2011, p. 5) descrevem um conceito para impostos, taxas e
contribuições de melhoria:
Impostos: que decorrem de situação geradora independente de qualquer contraprestação de Estado em favor do contribuinte; Taxas: que estão vinculadas à utilização efetiva ou potencial por parte do contribuinte, de serviços públicos específicos e divisíveis; Contribuições de melhoria: que são cobradas quando do benefício trazido aos contribuintes por obras públicas.
Como podemos observar o conceito de tributos é amplo, sendo assim dividido
em impostos, taxas e contribuições de melhoria para então haver um melhor
entendimento sobre o assunto e sobre sua verdadeira função e aplicação na
sociedade.
2.2 Regimes de Tributação
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O Brasil possui uma legislação tributária muito especifica, onde as empresas
podem optar por qual regime de tributação ela quer seguir, ou seja, qual é a mais
viável para o seu ramo de atividade e faturamento, sempre seguindo os requisitos
exigidos para cada caso.
Silva (2007) relata que a legislação tributária do Brasil estabelece as seguintes
formas de tributação para as pessoas jurídicas, o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro
Arbitrado e Simples Nacional (Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas). Isso de
acordo com a opção de cada empresa em particular desde que se enquadre seguindo
a legislação atual. A opção pela tributação com base no Lucro Real ou Lucro
Presumido, será através do recolhimento da primeira cota de qualquer um dos
regimes na primeira competência do ano-calendário, mediante DARF, onde as guias
serão identificadas por códigos específicos, sendo que a legislação não permite mudar
a forma de tributação durante o ano-calendário. No caso de opção pelo Simples
Nacional a empresa terá que estar de acordo com os requisitos e fazer a opção pela
internet no site da Receita Federal.
De acordo com pesquisa no site www.portaltributario.com.br os
administradores das empresas devem analisar anualmente qual a opção de tributação
mais adequada à realidade da empresa. Através de cálculos estimando receitas e
custos, sempre se baseando nos dados contidos nas demonstrações contábeis da
empresa, adequando-os a situação atual a fim de desenvolver suas atividades de
forma preventiva à adequação na melhor forma de tributação.
Fávero (1997) descreve que entre os diversos tributos incidentes sobre o
faturamento das pessoas jurídicas, pode-se destacar: a CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido), IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas), PIS
(Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social).
Pode-se verificar a grande importância de uma minuciosa analise dos regimes
de tributação para qualquer empresa, como também a sua correta utilização, para que
possam pagar menos tributos e assim maximizar seus lucros.
2.2.1 Lucro real
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A tributação pelo Lucro Real é o regime mais comum estre as empresas de
grande porte, pois além de ser exigido a partir de certo faturamento é também mais
viável por poder se utilizar de créditos tributários, diminuindo assim o valor pago de
seus principais tributos.
O art. 247 do RIR/1999 (apud CHAVES; MUNIZ, 2010, p. 336) descreve que
“lucro real é o resultado contábil do período de apuração ajustado pelas adições e
exclusões ou compensações autorizadas pela legislação fiscal”.
Lucro líquido do exercício é a soma algébrica do lucro
operacional, dos resultados não operacionais e das
participações, e deverá ser determinado com observância dos
preceitos das leis comerciais e fiscais. Juridicamente, portanto,
a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda
real será determinada a partir do acréscimo patrimonial
consignado nas demonstrações financeiras, levantadas com
observância da Lei n° 6.404, de 1976 (OLIVEIRA; et al, 2011, p.
170).
Dessa maneira o Lucro Real é apurado sobre o verdadeiro lucro da empresa,
pois se leva em consideração na sua apuração todas as despesas e receitas que a
empresa realmente possui como também compensações de tributos já pagos
anteriormente. Sendo que toda essa apuração deve ser baseada na legislação
vigente, onde está descrito tudo o que pode ser deduzido, adicionado ou compensado.
Iudícibus e Marion (2006, p. 262) relatam que “segundo a legislação fiscal, lucro
real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. Logo, a alíquota do imposto não
incide sobre o lucro líquido do exercício, mas sobre o lucro real”.
Fazendo um comparativo com os outros regimes de tributação, onde a alíquota
do imposto incide sobre o faturamento bruto da empresa, no lucro real incide sobre o
verdadeiro lucro da empresa. Sendo que para escolher nesse Regime de Tributação
deve seguir algumas condições conforme descrito abaixo.
O site Guia Tributário de 2013, descreve em quais situações uma empresa é
obrigada ao regime de tributação pelo Lucro real, desde que não estejam no Programa
de Recuperação Fiscal (Refis):
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I – cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses (limite estabelecido pela Lei 12.814/2013); II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2 da Lei 9.430/1996; VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII – que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. Também estão obrigadas ao Lucro Real as empresas imobiliárias, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado (IN SRF 25/1999). O custo orçado é a modalidade de tratamento contábil dos custos futuros de conclusão de obras. As Sociedades de Propósito Específico (SPE) deverão apurar o imposto de renda das pessoas jurídicas com base no lucro real, conforme estipulado no art. 56, § 2, IV da Lei Complementar 123/2006.
Como vemos acima, não é toda empresa que se enquadra nesse Regime de
Tributação, pois possui uma legislação especifica e condições que devem ser levadas
em consideração no momento da opção.
Segundo Oliveira (2002, p. 175) “contabilmente falando, pode-se concluir que
o lucro real é aquele realmente apurado pela contabilidade, com base na completa
escrituração contábil fiscal, com a estrita e rigorosa observância dos princípios
fundamentais de contabilidade e demais normas fiscais e comerciais”.
A empresa que optar pelo Regime de Tributação do Lucro Real, com certeza
terá mais trabalho e extremo cuidado no momento da sua escrituração, pois é desse
resultado que saíra o lucro real da empresa e que posteriormente incidirá os impostos.
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Para essa apuração de acordo com a legislação são aceitas duas maneiras conforme
descrito abaixo:
Na sistemática do lucro real, a apuração poderá ser feita por
período trimestral ou anual. Se trimestral, a apuração será feita
em março, junho, setembro e dezembro de cada ano-calendário;
se anual, a apuração será feita em dezembro de cada ano-
calendário, com pagamento da CSLL e IRPJ por estimativa ou
com base em balanço/balancete de redução ou suspensão
(SILVA, 2007, p. 326).
A empresa que optar pela apuração trimestral deve estar com a sua
escrituração em dia, para que possa recolher corretamente os impostos. Já na
apuração anual é realizada uma estimativa de quanto será o lucro da empresa e ir
recolhendo os impostos, sendo que somente no mês de dezembro será realizado o
fechamento e apurado o verdadeiro lucro da empresa e assim feito a compensação
pelo valor já pago, pagando somente a diferença se for apurado um lucro maior que a
estimativa ou compensando no próximo ano se ele for menor.
2.2.2 Lucro presumido
O Lucro Presumido como o próprio nome diz é baseado na presunção do lucro
da empresa através do faturamento bruto. Mas para poder optar por esse tipo de
tributação devem ser levados em consideração alguns pontos como os descritos
abaixo.
O RIR/99 descreve em seu art. 516, § 3° a § 5° e art. 517 que:
Art. 516. § 3° A pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real (art.246), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido”. “Art. 516. § 4° A opção de que trata este artigo será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (Lei n° 9.430, de 1996, art. 26, § 1°) ”. “Art. 516. § 5° O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de
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dezembro de cada ano-calendário, observado o disposto neste Subtítulo (Lei n° 9.430, de 1996, arts. 1° e 25) ”. “Art. 517. A pessoa jurídica que houver iniciado atividade a partir do segundo trimestre manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração correspondente ao início de atividade (Lei n° 9.430, de 1996, art. 26, § 2°) ”.
O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada, onde é tomada
como base o faturamento bruto mais as demais receitas da empresa e assim aplicado
uma alíquota definida pelo governo de acordo com o ramo de atividade, para dessa
maneira apurar o valor do IRPJ e a CSLL.
O site da Receita Federal de 2014 descreve quem pode optar pelo Lucro
Presumido:
Podem optar as pessoas jurídicas: a) cuja receita bruta total tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), no ano-calendário anterior, ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior; e b) que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica.
Assim como o Lucro Real, o Lucro Presumido possui uma legislação especifica
e que determina quem pode ou não pode optar por esse regime de tributação.
Fabretti (2003) discorre que se pode considerar o lucro presumido ou estimado
como um conceito tributário. E tem como finalidade facilitar o recolhimento do IRPJ,
sem ter que fazer uma apuração complexa com base em escrituração contábil
completa para saber o lucro real da empresa, sendo que seu recolhimento será no
último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do trimestre.
As empresas que optarem pelo regime de tributação com base
no lucro presumido estão dispensadas, perante o fisco, da
escrituração contábil. A comprovação da receita bruta é feita
através dos livros fiscais, de cuja escrituração não está
desobrigada. E, se desobrigada desses por algum dispositivo
legal, através do caixa. (IUDICIBUS E MARION, 2006, p. 271).
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A apuração pelo Lucro Presumido é mais fácil de ser apurado, pois não é
necessário realizar uma escrituração contábil completa, por se tratar apenas de uma
presunção do lucro da empresa.
Machado (2009) reafirma o descrito acima que as empresas individuais ou
pessoas jurídicas que sejam dispensadas da tributação pelo lucro real, podem optar
pelo lucro presumido desde que, atendam algumas exigências da legislação,
destacando que mesmo que o contribuinte atenda os requisitos para o lucro
presumido, pode adotar outra forma de tributação.
A empresa que optar pela tributação pelo Lucro Presumido, pode a qualquer
inicio de ano calendário mudar para a tributação pelo Lucro Real, desde que atenda
as exigências para tal, e achar mais vantajoso.
Silva (2007) descreve que o Lucro Presumido foi estabelecido pelo governo
federal através de um estudo sobre a margem de lucro de várias atividades, através
do qual estipulou um percentual que aplicado sobre o faturamento da empresa obtém-
se a base de cálculo para os impostos devidos.
Esse estudo mostrou uma média da margem de lucro das empresas, onde nem
sempre reflete a realidade, ainda mais em ramos que sofrem com a sazonalidade. É
importante avaliar bem antes de escolher o regime de tributação, pois uma escolha
errada pode levar a empresa à falência a médio e longo prazo.
3.2.3 Lucro arbitrado
O Lucro Arbitrado tem como base o principio do Lucro Presumido, pois não é
apurado sobre o lucro real da empresa e sim sobre uma presunção que o governo
estabelece, já que a empresa não possui controle sobre seu faturamento e
escrituração fiscal.
Oliveira (2005, p. 181) discorre que “o arbitramento do lucro é, em geral, uma
prerrogativa das autoridades fiscais. O arbitramento do lucro representa, quase
sempre, maior carga tributária para a pessoa jurídica”.
A regra repita-se, é ser o imposto calculado sobre o lucro real. A tributação com base no lucro arbitrado poderá ocorrer nos seguintes casos:
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O contribuinte, sujeito à tributação com base no lucro real, não dispõe de escrituração na forma das leis comerciais ou fiscais, ou deixa de elaborar as demonstrações financeiras legalmente exigidas. O contribuinte, sujeito à tributação com base no lucro presumido, deixa de cumprir as obrigações acessórias relativas à sua determinação. Recusa-se o contribuinte a apresentar à autoridade da Administração tributária os livros ou documentos de sua escrituração. A escrituração mantida pelo contribuinte contém vícios, erros ou deficiências que a tornam imprestável para a determinação do lucro, real ou presumido. O comissário ou representante de pessoa jurídica estrangeira deixa de fazer, em sua escrituração contábil, a apuração de seu lucro separadamente do lucro do comitente ou representado domiciliado no exterior. O contribuinte espontaneamente opta por essa forma de cálculo do imposto. (MACHADO, 2009, p. 323).
Como podemos observar na citação acima, o Lucro Arbitrado não é uma opção
que a empresa pode escolher no inicio do seu exercício e seguir a apuração
normalmente durante o ano, mas sim é utilizado como ultima alternativa para atender
ao fisco e poder recolher os tributos quando não há informações suficientes para uma
apuração correta pelo Lucro Real ou Lucro Presumido.
Santos e Barros (2008, p. 81) em sua definição relatam, “pode-se dizer que
lucro arbitrado é, basicamente, uma modalidade de tributação utilizada pelo Fisco para
determinar o imposto devido quando não há como fazê-lo por meio do lucro real ou
presumido”.
O lucro arbitrado é uma forma de tributação (na pior das
hipóteses uma penalidade) para se apurar a CSLL e o IRPJ, pois
é uma maneira utilizada pelo Fisco, mas que pode ser adotada
pelo contribuinte, quando a receita bruta não é conhecida e
somente poderá ser adotada na ocorrência de qualquer uma das
hipóteses de arbitramento. (SILVA, 2007, p. 344).
O Lucro Arbitrado é considerado uma penalidade para as empresas, onde tanto
o Fisco como o contribuinte pode adotar, por não possuir uma escrituração contábil e
fiscal que permita apurar o valor dos tributos, sendo que na maioria das vezes o lucro
apurado é maior que a realidade da empresa.
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2.2.4 Simples nacional (lei geral das micro e pequenas empresas)
Instituído pela Lei Complementar n.º 123/06, o Regime Especial Unificado de
Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte – Simples Nacional estabelece normas gerais relativas ao
tratamento diferenciado e favorecido dispensado às microempresas e empresas de
pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
De acordo com Young (2009) o Simples Nacional é uma forma de tributação
que se pode considerar progressiva, pois à medida que aumenta o faturamento,
aumenta a alíquota de contribuição.
Além disso, “neste regime não são computadas as despesas, sendo o Simples
Nacional calculado sobre o faturamento mensal, levando-se em consideração a
receita bruta acumulada dos doze últimos meses” (Young, 2009, p. 15).
O Simples Nacional como o próprio nome diz, foi criado com o intuito de tornar
mais simples o recolhimento dos impostos das Micro e Pequenas Empresas, pois é
levado em consideração o faturamento mensal da empresa para a apuração de seus
tributos.
Conforme o site www.portaltributario.com.br “a aparente simplicidade do
regime do Simples Nacional e as alíquotas relativamente baixas são os grandes
atrativos deste regime. Entretanto, há inúmeras restrições legais para opção (além do
limite de receita bruta, que é R$ 3.600.000,00 no ano) ”.
Santos e Barros (2008) relatam que o Simples Nacional que começou a vigorar
a partir de julho de 2007, foi em substituição ao Simples Federal que vigorava desde
janeiro de 1997.
Esse sistema se institui com o objetivo de simplificar o recolhimento dos tributos
e de forma unificada, sendo incluídos os impostos IRPJ, IPI, CSL, COFINS, PIS-
PASEP, ICMS, ISS, e, ainda, o INSS - parte da empresa.
De acordo com SEBRAE (2007) nesse sistema só se enquadram as
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A opção por esse sistema de
tributação é feita pela internet no inicio do ano-calendário passando a ter validade no
primeiro dia do ano da opção e é irretratável para o ano todo. O Simples Nacional é
450
calculado mensalmente, tendo como base de cálculo a receita de vendas ou serviço
da empresa no mês. A alíquota desse imposto é apurada com base na receita
acumulada nos últimos doze meses, que a definirá conforme a faixa que se enquadrar
nas tabelas. Essa alíquota será aplicada sobre o faturamento de acordo com cada
situação. As empresas enquadradas nesse sistema são obrigadas a emissão de
documentos fiscais, escrituração de livros fiscais e contábeis.
Por mais que pareça mais fácil e vantajoso optar por esse regime de tributação,
deve-se tomar cuidado, pois é necessário apurar corretamente o faturamento da
empresa e aplicar as alíquotas corretas, pois muitas vezes quando se opta por esse
regime tem-se uma previsão de faturamento que na maioria das vezes é ultrapassada
durante o ano e deve-se fazer a devida correção, ou até mesmo ter que mudar para
outro regime de tributação.
2.3 Planejamento Tributário
Os contribuintes sempre resistiram às investidas do Fisco contra seu
patrimônio, pela exigência de tributos. Para fugir desta obrigação, o contribuinte pode
escolher entre desviar-se da norma impositiva, se posicionando fora do seu alcance,
ou, já sujeito a sua incidência, utilizar-se de meios ilícitos para impedir, reduzir ou
retardar o recolhimento do imposto devido, pela descaracterização do fato gerador ou
pela redução indevida da base de cálculo do tributo.
A economia lícita de impostos é representada pelo Planejamento Tributário.
Qualquer ato jurídico, praticado pelo contribuinte por meio de um planejamento
tributário, deve estar amparado pela lei, e existindo qualquer elemento contrário, o
contribuinte estará sujeito às imposições legais. A finalidade do planejamento
tributário é sempre a redução dos impostos, mediante a realização de atos ou
negócios segundo os limites da lei.
O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do
fato administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e
econômicos e as alternativas legais menos onerosas, denomina-
se Planejamento Tributário (FABRETTI, 2009, p. 8).
451
Atualmente, encontram-se vários esquemas de planejamento tributário. São
inúmeras as consultorias jurídico-tributárias que oferecem a redução do pagamento
de impostos. Independe se a empresa é de grande ou médio porte, sempre haverá a
possibilidade de tornar fiscalmente menos onerosa sua atividade econômica. Reduzir
custos, inclusive o tributário, é o objetivo de qualquer empresa que almeja conquistar
novos mercados ou ampliar seus negócios. Em outras situações, a redução da carga
tributária, por meio do planejamento tributário, é a única forma de a empresa manter
sua participação no mercado, diante da concorrência que adota práticas agressivas
de economia de tributos.
Redução de custos é a estratégia que mais de ouve ser
empregada nos dias atuais, em todo o mundo globalizado. Sem
dúvida, para obter o melhor resultado em uma economia instável
com altas taxas de tributação como a brasileira, um dos mais
significativos instrumentos que as empresas dispõem, para que
possam racionalizar seus custos tributários, sem afrontar as
diversas legislações que regem os mais diversificados tributos,
é o planejamento tributário, em todas as fases da cadeia de
valores do ciclo produtivo e comercial (OLIVEIRA;
CHIEREGATO, JUNIOR, GOMES, 2011, p. 19).
Contudo, em contrapartida as administrações tributárias registram uma
sensível perda de arrecadação. As amplas utilizações de planejamentos tributários
pelas contribuintes pessoas físicas e jurídicas deixam o fisco apreensivo. No centro
dessa atual relação entre Fisco e contribuinte, está o confronto entre a liberdade do
indivíduo em organizar seus negócios e a necessidade cada vez mais intensa de o
Estado arrecadar impostos.
O contribuinte tem sempre o ônus de provar o “motivo” e a “finalidade” dos atos
e negócios que pretende opor ao Fisco atestando a legitimidade do seu planejamento.
Ele deve apresentar uma justificativa do por que e para quê realizou tais operações.
O Fisco possui o ônus de provar que a qualificação jurídica apresentada pelo
contribuinte não procede e adicionalmente, deve conferir a nova qualificação do
planejamento tributário e demonstrar comprovadamente a caracterização do fato
gerador e a consequente incidência da norma tributária.
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3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se o método indutivo com
pesquisa qualitativa, com demonstração dos resultados através de uma pesquisa
descritiva. O método de procedimento adotado é um estudo de caso com pesquisa
documental, pois visou identificar se é possível uma empresa minimizar o pagamento
de impostos federais através da escolha do seu regime de tributação. Utilizou-se
também o uso de tabela para melhor apresentar e visualizar o resultado da pesquisa.
O objeto da pesquisa é o planejamento tributário e os possíveis regimes de tributação
que uma empresa pode optar como também seus aspectos positivos e negativos.
A pesquisa é estritamente documental, baseada na literatura nacional que trata
sobre o assunto proposto buscando novos conhecimentos e conhecendo a opinião de
vários autores sobre um mesmo assunto, para então formar uma opinião própria sobre
o tema.
Com base na coleta de dados e o estudo documental, os resultados dessa
pesquisa são apresentados no capítulo quatro. Assim, opta-se pela codificação em
número. As categorias de análise foram estabelecidas com base nos objetivos
específicos, sendo apresentados:
4.1 Regimes de tributação incidentes nas empresas brasileiras;
4.2 Aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação;
4.3 Como uma empresa pode obter melhores resultados econômicos e minimizar o
recolhimento de seus tributos federais.
A partir dos dados coletados utilizou-se o método indutivo para a interpretação
e comparação da teoria estudada.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Regimes de Tributação Incidentes nas Empresas Brasileiras
Com a utilização da análise documental pode-se estabelecer as seguintes
formas de tributação para as pessoas jurídicas: o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro
Arbitrado e Simples Nacional. A sua escolha é de acordo com a opção de cada
453
empresa em particular desde que se enquadre seguindo a legislação atual. A opção
pela tributação com base no Lucro Real ou Lucro Presumido, será através do
recolhimento da primeira cota de qualquer um dos regimes na primeira competência
do ano-calendário, mediante DARF, onde as guias serão identificadas por códigos
específicos, sendo que a legislação não permite mudar a forma de tributação durante
o ano-calendário. No caso da opção pelo Simples Nacional a empresa terá que estar
de acordo com os requisitos e fazer a opção pela internet no site da Receita Federal.
Os administradores das empresas devem analisar anualmente qual a opção de
tributação mais adequada à realidade da empresa. Através de cálculos estimando
receitas e custos, sempre se baseando nos dados contidos nas demonstrações
contábeis da empresa, adequando-se a situação atual a fim de desenvolver suas
atividades de forma preventiva à adequação na melhor forma de tributação.
Entre os tributos incidentes sobre o faturamento das pessoas jurídicas, pode-
se destacar: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), Imposto de Renda das
Pessoas Jurídicas (IRPJ), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
Analisando o regime de tributação pelo Lucro Real, pode-se destacar que os
tributos incidem realmente sobre o lucro real da empresa, e não somente sobre o seu
faturamento, pois de acordo com a legislação pode-se realizar adições, exclusões ou
compensações de acordo a realidade da empresa e suas movimentações.
A apuração do Lucro Real envolve maior complexidade na execução das
rotinas contábeis e tributárias, para a completa escrituração das atividades e posterior
apuração do lucro real, que é a base para o cálculo dos tributos para as empresas que
não podem ou não querem optar pelo Lucro Presumido. Para que o resultado seja
apurado corretamente, o contador deve adotar uma série de procedimentos
corriqueiros no ambiente profissional, como a rigorosa observância aos princípios
contábeis, constituição de provisões necessárias, completa escrituração fiscal e
contábil, preparação das demonstrações contábeis e livros.
Ao contrário do Lucro Real, no Lucro Presumido, o montante a ser tributado é
determinado com base na receita bruta, através da aplicação de alíquotas variáveis
em função da atividade geradora da receita. Pode-se dizer que o Lucro Presumido é
uma presunção por parte do fisco, do que seria o lucro de uma empresa caso não
existisse a contabilidade. Porém, nota-se que algumas empresas possuem uma
454
escrituração contábil completa, e mesmo assim acabam por optar pela tributação
baseada no Lucro Presumido. Isso ocorre na maioria das vezes por falta de
conhecimento dos empresários ou até mesmo dos próprios contadores, os quais
desconhecem ou possuem pouca informação sobre os demais regimes de tributação.
No entanto, pode-se verificar que a apuração pelo Lucro Presumido tem como
finalidade facilitar o recolhimento dos tributos, sem ter que fazer uma apuração
complexa com base em escrituração contábil completa para saber o lucro real da
empresa.
Por outro lado, temos a apuração pelo Lucro Arbitrado, que geralmente é
utilizado quando a empresa deixa de cumprir as obrigações acessórias relativas à
determinação do Lucro Real ou Lucro Presumido, como por exemplo, no caso do
Lucro Real, não ter o livro diário ou razão.
Quando conhecida a receita bruta, e, desde que ocorrida qualquer das
hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal, o contribuinte poderá efetuar
o pagamento do imposto de renda correspondente com base nas regras do lucro
arbitrado.
O lucro arbitrado será apurado mediante a aplicação de percentuais: sobre a
receita bruta quando conhecida, segundo a natureza da atividade econômica
explorada (RIR/1999, art. 532) e quando desconhecida a receita bruta, sobre valores
(bases) expressamente fixados pela legislação fiscal (RIR/1999, art. 535).
Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta, quando conhecida, são
os mesmos aplicáveis para o cálculo da estimativa mensal e do lucro presumido,
acrescidos de 20%, exceto quanto ao fixado para as instituições financeiras
(RIR/1999, arts. 532 e 533).
E por fim o Simples Nacional que estabelece normas gerais relativas ao
tratamento diferenciado e favorecido dispensado às microempresas e empresas de
pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, Distrito Federal e dos
Municípios.
Esse sistema tem como objetivo simplificar o recolhimento dos tributos e de
forma unificada, sendo incluídos os impostos IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS-PASEP,
ICMS, ISS e ainda o INSS parte da empresa.
O Simples Nacional é calculado mensalmente, tendo como base de cálculo a
receita de vendas ou serviço da empresa no mês. A alíquota de imposto é apurada
455
com base na receita acumulada nos últimos doze meses, que a definirá conforme a
faixa que se enquadrar nas tabelas. Essa alíquota será aplicada sobre o faturamento
de acordo com cada situação. As empresas enquadradas nesse sistema são
obrigadas a emissão de documentos fiscais, escrituração de livros fiscais e contábeis.
Dessa maneira, o primeiro objetivo específico proposto foi realizado, onde com
a descrição de cada regime de tributação incidente nas empresas brasileiras, pode-
se verificar que cada um possui suas particularidades e sua legislação. Deve-se tomar
cuidado no momento da escolha, pois existem itens impeditivos para cada regime de
tributação, mesmo que às vezes pela analise seja o mais vantajoso para a empresa.
4.2 Aspectos Positivos e Negativos de Cada Regime de Tributação
Para poder identificar os aspectos positivos e negativos de cada regime de
tributação foi utilizado a analise documental e assim fazer um comparativo entre os
mesmos, sendo que foi observada a opinião de vários autores para assim poder
chegar a uma resposta mais abrangente do assunto.
Deste modo será apresentado um quadro demostrando os regimes de
tributação estudados e os aspectos positivos e negativos de cada um.
QUADRO 1 – Aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação
REGIMES DE TRIBUTAÇÃO ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS
LUCRO REAL
-TRIBUTAÇÃO TEORICAMENTE
MAIS JUSTA, SOBRE OS
RESULTADOS (E NÃO SOBRE
UMA BASE DE FATURAMENTO,
COMO NO LUCRO PRESUMIDO);
-APROVEITAMENTO DE
CRÉDITOS DO PIS E COFINS
(ESPECIALEMNTE
INTERESSANTE PARA
EMPRESAS QUE TEM
MENORES MARGENS DE
COMERCIALIZAÇÃO);
-POSSIBILIDADE DE
UTILIZAÇÃO DE DEZENAS DE
FORMAS DE PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO.
-MAIOR ÔNUS BUROCRÁTICO,
PELA NECESSIDADE DE
CONTROLES E
ACOMPANHAMENTOS FISCAIS
E CONTÁBEIS ESPECIAIS.
INCIDÊNCIA DO PIS E COFINS;
- ALIQUOTAS MAIS ALTAS (MAS
PERMITINDO OS CRÉDITOS
ESTIPULADOS NA
LEGISLAÇÃO).
456
LUCRO PRESUMIDO
-O FISCO DISPENSA AS
EMPRESAS DE CUMPRIR AS
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
DESDE QUE SEJA MANTIDO UM
LIVRO CAIXA;
-AS ALIQUOTAS DE PIS E
COFINS SÃO MENORES QUE AS
PRATICADAS NO LUCRO REAL
(MAS NÃO SE PODE ABATER
NENHUM CRÉDITO FISCAL EM
SUA BASE DE CÁLCULO);
-MENOR ONEROSIDADE;
- PARA AS EMPRESAS QUE
NÃO POSSUAM MUITAS
DESPESAS, TAL TRIBUTAÇÃO
PODE REPRESENTAR UMA
MENOR CARGA TRIBUTÁRIA.
-O IMPOSTO É CALCULADO
SOBRE UMA BASE ESTIMADA,
NÃO REPRESENTANDO,
PORTANTO, O RESULTADO
REAL DA EMPRESA;
- SÃO DESPREZADOS OS
PREJUÍZOS E AS
DESPESAS/CUSTOS;
- DEVIDO À ESCRITURAÇÃO
SIMPLIFICADA, PODE HAVER
PROBLEMAS DE ORDEM
COMERCIAL, JUDICIAL,
FALIMENTAR OU
PREVIDENCIÁRIA;
- NÃO EXISTE COMPENSAÇÃO
DE PREJUÍZOS FISCAIS;
- É VEDADA A UTILIZAÇÃO DE
INCENTIVOS FISCAIS, TAIS
COMO O PAT – PROGRAMA DE
ALIMENTAÇÃO AO
TRABALHADOR, AUDIOVISUAL,
CRIANÇA E ADOLESCENTE E
CULTURA;
- FALTA DE ESCRITURAÇÃO
CONTÁBIL COMPLETA PODE
SER PREJUDICIAL NO
MOMENTO DE SE APURAR O
LUCRO ISENTO A SER
DISTRIBUÍDO.
LUCRO ARBITRADO
-A ESCRITURAÇÃO É
SIMPLIFICADA.
-NEM SEMPRE OS
PERCENTUAIS DETERMINADOS
PELO FISCO REPRESENTAM A
VERDADEIRA MARGEM DE
LUCRO AUFERIDA PELA
EMPRESA.
SIMPLES NACIONAL
-TRIBUTAÇÃO COM ALÍQUOTAS
MAIS FAVORECIDAS E
PROGRESSIVAS, DE ACORDO
COM A RECEITA BRUTA
AUFERIDA;
-RECOLHIMENTO UNIFICADO E
CENTRALIZADO DE IMPOSTOS
E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS,
-ENUMERAS SITUAÇÕES
IMPEDITIVAS DE OPÇÃO POR
ESTE SISTEMA DE
TRIBUTAÇÃO;
-NÃO PERMISSÃO DE
APROVEITAMENTO DOS
BENEFÍCIOS FISCAIS.
457
COM A UTILIZAÇÃO DE UM
ÚNICO DARF (DARF-SIMPLES);
-CÁLCULO SIMPLIFICADO DO
VALOR A SER RECOLHIDO,
APURADO COM BASE NA
APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS
UNIFICADAS E PROGRESSIVAS,
FIXADAS EM LEI, INCIDENTES
SOBRE UMA ÚNICA BASE, A
RECEITA BRUTA MENSAL;
-DISPENSA DA
OBRIGATORIEDADE DE
ESCRITURAÇÃO COMERCIAL
PARA FINS FISCAIS, DESDE
QUE MANTENHA EM BOA
ORDEM E GUARDA, ENQUANTO
NÃO DECORRIDO O PRAZO
DECADENCIAL E NÃO
PRESCRITAS EVENTUAIS
AÇÕES, OS LIVROS CAIXA E
REGISTRO DE INVENTÁRIO, E
TODOS OS DOCUMENTOS QUE
SERVIRAM DE BASE PARA A
ESCRITURAÇÃO.
Fonte: http://jus.com.br/artigos/8400/aspectos-a-serem-levados-em-consideracao-no-momento-de-opcao-de-tributacao, 2015. Nota: Dados trabalhados pelo autor
Deste modo, podem-se identificar os principais aspectos positivos e negativos
de cada regime de tributação e que, portanto, cada empresa deve efetuar um
levantamento sobre suas receitas e despesas, aplicações em incentivos fiscais e
projetar valores dentro das formas de tributação existentes para verificar qual as
opções de tributação são mais pertinentes à sua capacidade contributiva.
Por fim, deve ser lembrado que uma vez efetuado a opção de tributação para
o ano corrente, este deverá ser mantido, sem qualquer possibilidade de alteração de
regime.
Assim sendo, o segundo objetivo especifico proposto foi realizado, onde com
a identificação dos aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação pode-
se observar a importância da sua correta opção dependendo da atividade de cada
empresa.
458
4.3 Como uma Empresa Pode Obter Melhores Resultados Econômicos e Minimizar o
Recolhimento de seus Tributos Federais
Para poder identificar como uma empresa pode obter melhores resultados
econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais, foi utilizado
novamente a analise documental e assim verificar as opções e as brechas que a lei
da para realizar um planejamento tributário licito.
É de conhecimento de todos que o nível de tributação sobre as empresas e
pessoas físicas no Brasil é absurdo, chegando muitas vezes a inviabilizar certos
negócios.
Mas se o contribuinte pretende diminuir os seus encargos tributários, poderá
fazê-lo legal ou ilegalmente. A maneira legal chama-se elisão fiscal ou economia legal
(planejamento tributário) e a forma ilegal denomina-se sonegação fiscal.
O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam diminuir
o pagamento de tributos e dessa maneira aumentar os resultados econômicos da
empresa. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu negócio da maneira que
melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos de seu empreendimento,
inclusive dos impostos. Se a forma escolhida é jurídica e lícita, a fazenda pública deve
respeitá-la.
É conhecido também que os tributos (impostos, taxas e contribuições)
representam importante parcela dos custos das empresas, senão a maior. E com a
globalização da economia, tornou-se questão de sobrevivência empresarial a correta
administração do ônus tributário.
O princípio constitucional não deixa dúvidas que, dentro da lei, o contribuinte
pode agir no seu interesse. Planejar tributos é um direito tão essencial quanto planejar
o fluxo de caixa.
A primeira analise que toda empresa deve fazer, antes mesmo de abrir é
certamente em qual regime de tributação ela pode se enquadrar e qual a melhor para
o seu ramo de atividade, visto que todos os regimes de tributação têm suas restrições
que vai desde o ramo de atividade até o valor do faturamento da empresa.
459
Após ser realizada a devida análise para a escolha do melhor regime de
tributação para a empresa, existem pequenas medidas operacionais do cotidiano da
empresa que podem fazer a diferença para reduzir o pagamento de tributos.
A finalidade do planejamento é para evitar a incidência de tributos, evitando a
ocorrência do fato gerador procurando meios para reduzir o montante dos impostos e
as alíquotas das quais se baseia o calculo tributário, variando algumas de acordo com
estado e a espécie de serviço, a exemplo tem-se o ICMS que varia entre 12% e 17%.
Por isso, através de medidas gerenciais há meios legais para diminuir a carga
tributária, para isso, deve-se buscar na lei medidas que garantam a diminuição do
ônus, adotando um sistema de economia fiscal, desde que a empresa esteja com boa
saúde financeira e em dias com os tributos, para isso faz estudos analíticos e
preventivos para evitar o fato gerador.
Pode-se citar como exemplo, evitar a incidência do fato gerador do tributo
substituindo a maior parte do valor do pró-labore dos sócios por distribuição de lucro,
pois sobre esses não incidem IR e INSS; reduzir o montante do tributo, sua alíquota
ou reduzir a base de cálculo do tributo; retardar o pagamento do tributo, adiando o seu
pagamento, sem ocorrência de multa faturando no inicio ou no final do mês
dependendo da operação ou até mesmo conceder a um cliente um desconto
financeiro ou comercial pode alterar a base de cálculo para a apuração dos tributos.
Esses são pequenos exemplos que as empresas podem incluir no seu
planejamento e praticar no seu cotidiano. Sempre quando se pensa em planejamento
tributário logo vem à mente algo muito grande e complexo e difícil de ser aplicado,
mas na verdade são nos pequenos detalhes e ações diárias dentro da empresa que
fazem a diferença na hora da apuração dos tributos.
Dessa maneira, o terceiro objetivo específico proposto foi realizado, onde se
podem identificar maneiras simples e práticas que uma empresa pode adotar para
obter melhores resultados econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos
federais, tomando sempre como ponto de partida um bom planejamento tributário e a
escolha pela melhor forma de regime de tributação para a empresa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
460
Durante a realização desta pesquisa pode-se concluir que os objetivos
propostos pelo trabalho foram respondidos satisfatoriamente no decorrer do
desenvolvimento deste trabalho.
Ao findar esta pesquisa pode-se constatar que os regimes tributários incidentes
nas empresas brasileiras são o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e o
Simples Nacional, sendo eles diferenciados, mas com ampla abrangência para que
as empresas possam escolher a melhor forma de tributação de acordo com sua
atividade e faturamento.
Identificando os aspectos positivos e negativos de cada regime de tributação,
pode-se verificar que todos os Regimes de Tributação possuem seu diferencial e que
dependendo da empresa em que ele for apurado pode aumentar ou diminuir a
arrecadação de tributos. Dessa maneira deve-se analisar cada ponto positivo ou
negativo para verificar qual o melhor Regime de Tributação para a empresa em
questão.
Sobre a identificação de como uma empresa pode obter melhores resultados
econômicos e minimizar o recolhimento de seus tributos federais pode-se constatar
que é possível esse feito, no entanto é um assunto muito abrangente que vai desde
pequenas modificações no dia a dia da empresa até um amplo e complexo
Planejamento Tributário. Foram também abordados alguns simples exemplos de
como se pode minimizar o recolhimento dos tributos dentro de uma empresa para
melhor identificar a operacionalidade do assunto.
Após apresentação destes dados constatou-se que a melhor forma de
tributação para uma empresa utilizar vai depender de sua atividade e de um
planejamento tributário em cima de dados reais ou estimados, o mais próximo possível
da realidade. Cabe salientar que esse resultado pode mudar de acordo com as
movimentações da empresa em exercícios posteriores, por isso a proposta do estudo
foi estudar e comparar as possibilidades existentes, a fim de demonstrar a importância
deste tipo de planejamento dentro de uma organização.
Com a devida apuração dos resultados e a constatação de que, quando se opta
pelo regime tributário correto, obedecendo sempre os princípios e as determinações
da legislação tributária, a minimização e a influência desses resultados se dão de
forma bastante significativa, e em muitos casos resulta na própria manutenção e
permanência da empresa no mercado de trabalho.
461
Verificou-se que, independentemente do tamanho da empresa, pequeno,
médio ou grande porte, um bom Planejamento Tributário é essencial para se obtiver
sucesso nos negócios, além de proporcionar uma apuração de resultado mais precisa
e confiável.
O presente trabalho contribuiu de forma significativa para a formação
profissional e enriquecimento do conhecimento da acadêmica, pois pode conhecer
melhor sobre o assunto abordado e entender a grande importância de um bom
Planejamento Tributário para uma empresa.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Ricardo Lopes. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2007. CHAVES, Francisco Coutinho. MUNIZ, Érika Gadelha. Contabilidade Tributária na Prática. São Paulo: Atlas, 2010. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2003. ______.______. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2009. FAVERO, Hamilton Luiz. Contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1997. GUIA TRIBUTÁRIO Lucro Real/ 2014 - Obrigatoriedade. Disponível em < http://guiatributario.net/2013/11/01/lucro-real2014-obrigatoriedade/> Acesso em 15/01/2015. IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial: atualizado conforme novo código civil. São Paulo: Atlas, 2006. SILVA, Lorivaldo Lopes de. Contabilidade Geral e Tributária. São Paulo: IOB Thomson, 2007. LOPES, Alexsandro Broedel. GALDI, Fernando Caio. LIMA, Iran Siqueira. Manual de Contabilidade e Tributação de Instrumentos Financeiros e Derivativos. São Paulo: Atlas, 2011. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2009. OLIVEIRA, Luís Martins de. CHIERIGATO, Renato. JUNIOR, José Hernandez Perez. GOMES, Marliete Bezerra. Manual de Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2002. ______.______. Manual de Contabilidade Tributária São Paulo: Atlas, 2005.
462
______.______. Manual de Contabilidade Tributária São Paulo: Atlas, 2011. PORTAL TRIBUTARIO. Noticias lucro real e presumido. Disponível em <http://www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_presumido.htm> Acesso em 14/022015. SANTOS, Cleônimo dos. BARROS, Sidney Ferro. Imposto de Renda Pessoa Jurídica. São Paulo: IOB, 2008. SEBRAE; FENACOM. Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Copyright, 2007. VADE MECUM SARAIVA. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. São Paulo: Saraiva, 2006.
463
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA VISÃO DA CLASSE CONTÁBIL DO
MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE
Bruna Tommasini21
Airton Pedroso de Morais22
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo realizar o levantamento da opinião da classe
contábil a respeito da relação dos empresários com a área tributária em Lucas do Rio
Verde no ano de 2016, verificando o nível de interesse dos empresários com a área,
a reação destes frente a carga tributária, as dificuldades dos contadores na prestação
de serviços fiscais/tributários e o conhecimento dos empresários de alternativas legais
para pagamento de menor carga tributária. Para responder a problemática e alcance
dos objetivos da pesquisa usou-se como metodologia a pesquisa de campo, através
de questionário aplicado a 16 profissionais da área tributária das empresas de
contabilidade atuantes no município em 2016. Como resultados, têm-se que a maioria
dos empresários ficam indignados com a carga tributária a que são submetidos, porém
tem pouco interesse em entender melhor esta tributação, pois acreditam que este é o
papel do contador e só precisam saber do resultado da empresa e do valor a pagar
dos tributos. Isto se reflete nas dificuldades encontradas pelos contadores na
prestação de serviço nesta área, onde a falta de documentação fornecida pelos
empresários e falta de conhecimento, prejudicam esta prestação. Fica claro a
importância do profissional contábil na correta orientação dos empresários quanto ao
planejamento tributário, pois a pesquisa demonstrou que os empresários só
conhecem alternativas legais para pagamento de tributos quando estas são
apresentadas pelo profissional contábil, sendo então o contador um importante agente
na extinção da prática de evasão fiscal.
Palavras-chave: Elisão Fiscal. Evasão Fiscal. Planejamento Tributário.
21 Acadêmica de Ciências Contábeis, 8º Semestre, na Faculdade La Salle, 2016. E-mail: [email protected]; 22 Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM (2006), graduado em Ciências Contábeis pela FUNDAMES (1986), Professor da Graduação da Faculdade La Salle. Professor orientador. E-mail: [email protected].
464
1 INTRODUÇÃO
A legislação tributária no Brasil é alvo de constantes alterações, semanalmente
vê-se a edição e reedição de medidas provisórias gerando nos contribuintes confusão
e insegurança na hora de realizar operações nesta esfera.
Segundo cálculo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT) em relação a legislação tributária desde 1988 até 2015, foram
editadas 352.366 normas, sendo 30.680 normas tributárias federais (8,71% das
normas tributárias), 103.867 normas tributárias estaduais (29,48% das normas
tributárias) e 217.819 normas tributárias municipais (61,82% das normas tributárias).
Estas atualizações acabam confundindo os contribuintes e tornando difícil
acompanhar estas alterações, os empresários questionam a carga tributária a que são
submetidos e não se conformam com isso.
Muitas vezes as empresas recorrem a meios que ferem a legislação,
dissimulando resultados ou operações de forma a “driblar” a incidência dos tributos,
pagando assim menos impostos. A esse fato dá-se o nome de evasão fiscal.
Neste cenário o planejamento tributário tem se mostrado como uma importante
ferramenta para a maximização do lucro das empresas, visto que este é um dos
principais objetivos dos empresários. O planejamento nada mais é que uma forma
lícita de se planejar as operações da empresa para alcance de uma opção tributária
que seja menos onerosa para empresa. O contador passa a ter um papel fundamental
na disseminação e orientação desta prática, buscando trazer para os empresários o
entendimento de que se pode sim ter melhores resultados pagando-se os impostos,
sem burlar as leis.
Diante do exposto surgiu o problema que dá origem a este trabalho: os
empresários têm conhecimento do que é o planejamento tributário?
Assim, este estudo tem por objetivo realizar o levantamento da opinião da
classe contábil a respeito da relação dos empresários com a área tributária em Lucas
do Rio Verde no ano de 2016.
Procurou também identificar verificar o nível de interesse dos empresários com
a área, a reação destes frente a carga tributária, as dificuldades dos contadores na
prestação de serviços fiscais/tributários e o conhecimento dos empresários de
465
alternativas legais para pagamento de menor carga tributária.
Justifica-se a escolha do tema pelo interesse acadêmico sobre a área do
planejamento tributário, buscando aprofundamento sobre planejamento tributário e a
importância da educação fiscal dos empresários, deixando claro o papel dos
contadores neste processo. Entender sobre o tema planejamento tributário ajudará
profissionalmente no momento de orientar os empresários e mostrar-lhes a
importância e o valor de um bom planejamento tributário.
O presente artigo foi elaborado em cinco capítulos, no segundo capítulo trata
do referencial teórico que embasou a pesquisa, seguido do terceiro capítulo que traz
a metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo. No quarto capítulo tem-se
a análise e discussão dos dados coletados na pesquisa de campo, seguido do quinto
capítulo que mostra a apresentação das considerações finais e por fim, as referências
bibliográficas.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Contabilidade Tributária
A Contabilidade Tributária é definida por Fabretti (2009) como sendo o “ramo
da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas
básicas da contabilidade e legislação tributária, de forma simultânea e adequada” e
muitas vezes para atender a legislação, na contabilidade tributária apresenta-se
resultado fiscal diferente do resultado contábil, por decorrência de deduções e adições
legais que visam atender à exigência fiscal por meio de demonstrativos extra
contábeis.
Na concepção de Oliveira et. al (2005) a contabilidade tributária tem por
responsabilidade a gestão dos tributos de uma empresa, buscando a adaptação dos
processos empresariais à legislação tributária, protegendo a empresa de sofrer
sanções legais.
Entende-se assim que a contabilidade tributária tem um importante papel nas
organizações, pois esta área afeta diretamente o resultado das empresas uma vez
que todas as operações e processos realizados no ambiente empresarial devem estar
submetidos à lei tributária.
466
2.2 Conceito de Tributos
O Código Tributário Nacional (CTN) em seu artigo 3º traz a definição de tributo
como segue:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Oliveira et al (2005) complementa dizendo que o pagamento dos tributos não
decorre de descumprimento de leis ou normas, e sim de uma norma jurídica que dá
origem a esta obrigação e que estabelece todos os passos para esta cobrança.
Desta forma entende-se que tributo é um pagamento feito em moeda corrente
ou unidade correspondente, que independe da vontade do contribuinte (uma vez
ocorrido o fato gerador) e que tem sua origem estabelecida por lei.
2.2.1 Espécies de tributos
Fabretti (2009) divide os tributos em duas espécies: tributos vinculados e
tributos não vinculados. São considerados vinculados aqueles tributos que decorrem
de alguma contraprestação por parte do Estado, a exemplo das taxas e contribuições.
Já os tributos não vinculados são aqueles que independem de alguma
contraprestação do Estado, ou seja, são os impostos.
Comumente os tributos são divididos em: impostos, contribuições de melhoria,
contribuições federais, taxas e empréstimos compulsórios.
Com relação aos impostos Oliveira et al (2005) e Fabretti (2009) afirmam que
estes têm sua origem instituída por lei e independe de qualquer atividade por parte do
Estado em relação ao contribuinte.
O CTN conceitua a contribuição de melhoria conforme definição a seguir:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
467
As taxas têm seu conceito e finalidade definidos nos artigos 77 e 78 do CTN e
tem sua origem no exercício do poder de polícia, ou seja, decorre do uso de algum
serviço público ou de algo que foi posto à disposição do contribuinte, mesmo que ele
não lhe faça uso, como exemplo temos a taxa de iluminação pública.
Outra espécie de tributo é o empréstimo compulsório, que segundo a
Constituição Federal de 1988 são instituídos com as seguintes finalidades:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Fabretti (2009) ainda apresenta as contribuições federais, divididas em
contribuições sociais, contribuições de interesse das categorias profissionais ou
econômicas e contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE).
Oliveira (2005) complementa esta definição e cita que estas contribuições
federais têm por finalidade apoiar financeiramente órgãos de classe de categorias
profissionais, previdenciários, assistenciais, e também buscam custear o poder de
controle do Estado sobre um determinado mercado.
2.3 Obrigação Tributária
Segundo o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser de dois tipos,
acessória ou principal:
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
Assim, para se configurar legalmente a obrigação tributária é preciso se
conhecer o fato gerador, que conforme apresenta Fabretti (2009) é a realização da
468
hipótese de incidência do tributo gerando assim a obrigação de pagar o mesmo. A
obrigação pode ser acessória que é um dever administrativo ou principal que leva ao
pagamento do tributo.
Sob a mesma perspectiva Oliveira et al (2005, p. 29) afirma que o fato gerador
é “a situação definida em lei como legal e suficiente para sua ocorrência. De forma
mais simples, conceitua-se como o “fato” que gera a obrigação de pagar o tributo. ”
Como exemplo tem-se o ato de realizar uma venda que gera uma obrigação
principal de pagar os impostos (ICMS) e uma obrigação acessória (emitir Nota Fiscal).
Desta forma, conclui-se que a obrigação tributária só existe quando o fato
gerador determinado por lei efetivamente ocorre. Este entendimento é fundamental
para a conceituação da elisão e evasão fiscal.
2.4 Planejamento Tributário
Na concepção de Fabretti (2009) o planejamento tributário como sendo um
método da contabilidade tributária que consiste em um estudo realizado antes da
ocorrência do fato gerador do tributo e tem por finalidade levantar os efeitos jurídicos
e econômicos das operações de modo que a empresa escolha a alternativa menos
onerosa tributariamente.
Cabe ressaltar que tudo isto é feito de forma legal, seja por situações previstas
em lei ou por situações não previstas na lei.
Pode-se perceber através dos conceitos acima a importância do Planejamento
Tributário para as empresas, que tem no planejamento mais uma ferramenta para
auxiliar na perenidade dos negócios aumentando a competitividade através da
economia fiscal.
2.4.1 Elisão fiscal
Sá e Hoog (2008) explicam que a elisão fiscal tem por objetivo obter a maior
economia fiscal possível para a empresa sempre observando a legislação vigente.
Assim o planejamento tributário produz a elisão fiscal.
Cabe ressaltar a importância do tempo nesta definição, pois a elisão só ocorre
quando o fato gerador ainda não se concretizou, ou seja, existe um planejamento das
469
operações para que estas ocorram de forma lícita, como apresenta Fabretti (2009, p.
131) “devem-se estudar e identificar todas as alternativas legais aplicáveis ao caso ou
a existência de lacunas (“brechas”) na lei, que possibilitem realizar essa operação da
forma menos onerosa possível para o contribuinte, sem contrariar a lei”.
Ainda segundo o autor supracitado, essas lacunas têm sua origem nas
constantes edições e reedições de medidas provisórias que geram confusão e
insegurança jurídica, abrindo assim alternativas para que o contribuinte possa
aproveitar estas brechas a seu favor.
Entende-se desta forma que a elisão fiscal é uma prática lícita e que requer
profundo conhecimento da legislação para que possa formular alternativas legais para
execução das operações na empresa buscando economia tributária.
2.4.2 Evasão fiscal
Ao contrário da elisão, a evasão por sua vez infringe a lei. No entendimento de
Fabretti (2009) ela ocorre no momento da ocorrência do fato gerador ou após este,
buscando ocultar ou reduzir a obrigação tributária dele decorrente.
Complementando esta ideia Sá e Hoog (2008) afirmam que a evasão fiscal
configura-se como um ato doloso contra a ordem tributária, econômica e contra as
relações de consumo (Lei nº 8.137 de 1990).
Conclui-se assim que a evasão fiscal é uma prática criminosa que ocorre no
momento ou após o fato gerador de forma a reduzir a carga tributária incidente,
lesando assim o fisco e beneficiando o contribuinte.
2.5 O Papel do Contador
O contador depara-se constantemente com questões éticas em suas
atividades. Por produzir informações de interesse de diversos públicos dentro e fora
da organização, a Contabilidade tem grandes desafios,
[...] ora, está no meio da disputa entre o fisco e o contribuinte, ora entre os sócios, ora entre a empresa e seus empregados, entre o chefe e seus subordinados, entre os proprietários e os administradores, entre os concorrentes etc. Seu produto, a informação para o controle, para a avaliação de desempenho e para a decisão é, cada vez mais
470
relevante e, por causa disso, maiores tendem a ser as pressões sobre o Contador por parte de seus tão diferentes e, comumente, conflitantes usuários. (FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS, 2010, p.12)
O Código de Ética Profissional do Contador foi instituído pela Resolução CFC
nº 803/96 de 10 de outubro de 1996, neste documento são definidos os direitos e
deveres do contador, dentre as obrigações tem-se que é dever do contador:
I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade
técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos
Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade,
e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores,
sem prejuízo da dignidade e independência profissionais.
Desta forma, entende-se que o contador deve sempre buscar atualização de
seus conhecimentos técnicos para atender de forma eficaz aos seus clientes,
seguindo as normas que regem a sua profissão informando sempre seus clientes
sobre qualquer informação que afete seus negócios.
A Lei 5844/43 em seu art. 39 define a responsabilidade dos contadores quanto
a crimes de ordem tributária:
Art. 39. Os balanços, demonstrações da conta de lucros e perdas, extratos, discriminações contas ou lançamentos e quaisquer outros documentos de contabilidade, deverão ser assinados por atuários, peritos-contadores, ou guarda-livros legalmente registrados, com indicação do número do respectivo registro. § 1º Esses profissionais, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte técnica, serão responsabilizados, juntamente com os contribuintes, por qualquer falsidade dos documentos que assinarem e pelas irregularidades de escrituração praticadas no sentido de fraudar o imposto de renda.
Assim os contadores devem buscar sempre orientar seus clientes quanto a
importância de seguir a legislação, visto que respondem juntamente com o
contribuinte em caso de haver qualquer problema com relação as escriturações por
ele assinadas.
3 METODOLOGIA
O referido estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa descritiva, que
471
segundo Gil (1991) este tipo de pesquisa usa de técnicas padronizadas de coleta de
dados, com o intuito de descrever as características de determinado fenômeno ou
população.
Este estudo também se caracteriza como uma pesquisa de campo, pois com
base no referencial teórico foram elaborados instrumentos de pesquisa, no caso
questionários que foram aplicados aos profissionais de contabilidade dos escritórios
de contabilidade de Lucas do Rio Verde.
O método utilizado foi o indutivo, que segundo Prestes (2003) parte de dados
particulares, devidamente constatados, para se inferir uma verdade geral.
A pesquisa tem abordagem qualitativa, pelo fato dos dados serem obtidos no
ambiente natural, seguindo de um tratamento lógico de obtenção e devido à realização
da interpretação das informações obtidas pelas opiniões pesquisadas.
(RICHARDSON, 1999)
O universo desta pesquisa é composto por todos os escritórios de contabilidade
do município de Lucas do Rio Verde, que na data de início deste artigo eram 31,
caracterizando-se, assim, como uma pesquisa censitária. Já a amostra pesquisada
foram 16 escritórios, que devolveram a pesquisa devidamente respondida por meio
eletrônico.
O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário eletrônico
elaborado através do referencial teórico, contendo uma breve apresentação da
pesquisa e da pesquisadora, mais 5 (cinco) questões sendo 2 (duas) de
caracterização dos respondentes e 3 (três) questões acerca do tema estudado.
O questionário continha tanto questões abertas, questões fechadas com
resposta única e também de múltipla escolha, que buscaram identificar na visão dos
contadores o nível de interesse dos empresários sobre as informações da área
fiscal/tributária, bem como verificar quais as reações dos empresários frente a carga
tributária e o conhecimento dos mesmos sobre o planejamento tributário.
A coleta de dados foi realizada de 18 de abril de 2016 a 7 de maio de 2016,
através de questionário eletrônico formulado através do Google e enviado por e-mail
a todos os escritórios de contabilidade do município pesquisado.
O tratamento dos dados foi realizado através de planilhas eletrônicas, sendo as
informações coletadas na pesquisa de campo convertidas em tabelas e gráficos, que
serão confrontados com a teoria.
472
Para a análise dos dados, foi utilizada a análise interpretativa, que consiste na
associação de ideias expressas por autores com outras de conhecimento a
acadêmica.
Os dados coletados foram utilizados para verificar a visão da classe contábil a
respeito da relação dos empresários com a área tributária, quais as dificuldades dos
profissionais contábeis na relação com os empresários e qual a percepção dos
profissionais quanto ao conhecimento dos empresários sobre o planejamento
tributário no município de Lucas do Rio Verde oferecendo assim subsídios para
orientação dos contribuintes.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Verificando-se a amostra pesquisada neste estudo, pode-se observar que os
respondentes têm experiência relevante na área visto que 56,25% tem mais de 6 anos
de experiência na área, 31,25% tem de 4 a 5 anos, 6,25% tem de 2 a 3 anos e 6,25%
tem de 6 meses a 1 ano, podendo-se afirmar que estes têm bom tempo de
relacionamento com os empresários, podendo responder com propriedade acerca do
tema, conforme Gráfico 1.
GRÁFICO 1 - Tempo na área fiscal/tributária
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
6,25% 6,25%
31,25%
56,25%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
De 6 meses a 1 ano De 2 a 3 anos De 4 a 5 anos 6 anos ou mais
Respondentes - Tempo na área fiscal/tributária
473
Com relação a formação, apresentada no Gráfico 2, 12,25% são acadêmicos
de Ciências Contábeis, 12,50% são bacharéis em Ciências Contábeis (ainda não
possuem CRC), 56,25% são Contadores e 18,75% são Técnicos em Contabilidade.
Assim, em sua maioria 75% são profissionais habilitados e devidamente registrados
no órgão de fiscalização da classe.
GRÁFICO 2 - Formação
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Com relação ao nível geral de interesse dos empresários na área
fiscal/tributária, Gráfico 3, 50% dos respondentes acreditam que em geral os
empresários só querem saber o valor a pagar e qual o resultado da empresa, já
43,75% dizem que os empresários não interferem em nada e acham que a
responsabilidade é toda do contador e 6,25% afirmam que tem clientes em todas as
situações apresentadas.
GRÁFICO 3 - No geral, qual o interesse do empresário na área tributária?
12,50% 12,50%
56,25%
18,75%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Acadêmico deCiências Contábeis
Bacharel em CiênciasContábeis
Contador Técnico emContabilidade
Respondentes - Formação
474
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Complementando a questão acima, foi perguntado aos profissionais da área
quais são as principais dificuldades enfrentadas por eles para prestação de serviços
na área fiscal/tributária onde 43,75% identificam a escassez de
informações/documentação fornecidas pelos empresários como principal dificuldade,
já 31,25% identificam a falta de conhecimento do empresário e 25% classificam a
omissão de informações, ou seja, informações pouco consistentes como a principal
dificuldade enfrentada. Parte destas dificuldades podem ser explicadas pela falta de
interesse na área demonstrada no Gráfico 4.
Como a principal ferramenta dos profissionais da área contábil é a informação
e documentação apresentada pelos empresários, verifica-se a necessidade de
conscientização dos empresários por parte dos escritórios buscando informá-los da
importância do fornecimento dos documentos fiscais/tributários, quais são estes
documentos, quando são necessários e qual sua finalidade para a correta escrituração
fiscal/tributária. Esta conscientização pode ser feita através de reuniões com
empresários, folhetos e também por meio de lembretes via e-mail com a relação de
documentos a serem entregues por data.
GRÁFICO 4 - Dificuldades da área na relação com empresários
50,00%43,75%
6,25%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Só querem saber quando tem quepagar e qual o resultado na
empresa
Não interferem em nada e achamque a responsabilidade é toda do
contador
Existem empresários de todas ascategorias apresentadas acima..!!
Nível de interesse dos empresários na área fiscal/tributária
475
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Quando questionados a respeito da reação dos empresários diante da carga
tributária que são submetidos, Tabela 1, no geral a reação descrita pelos profissionais
contábeis é ruim, em sua maioria os empresários ficam indignados, acham a carga
tributária alta em função do retorno recebido e reclamam dos valores a pagar ao Fisco.
TABELA 1-Respostas à questão: descreva qual a principal reação dos empresários
diante da carga tributária que pagam?
Transcrição das respostas Qtd
“Indignação. ” 2
“Acham alta, ficam indignados. ” 1
“Indignação e omissão. ” 1
“Indignação, carga tributária muito alta e pouco retorno em serviços de
qualidade do governo. ” 1
“Indignação, pois pagam e não veem o retorno em serviços. ” 1
“Muito assustadora pelo pouco retorno que tem. ” 1
“Acham exorbitante a carga tributária apresentada pelo governo. ” 1
“Consideram alta pelo pouco retorno em serviços. ” 1
“Em geral há revolta por pagar valores elevados e um retorno social baixo. ” 1
“Ficam inconformados com o valor pago de tributos. ” 1
43,75%
31,25%
25,00%
0,00%5,00%
10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%
Escassezinformações/documentação
fornecidas pelosempresários
Falta de conhecimento doempresário
Omissão de informações(informações pouco
consistentes)
Dificuldades da área na relação com empresários
476
“Ficam inconformados com os valores. ” 1
“Perplexidade. ” 1
“Reclamam da alta carga tributária, não conseguem acompanhar. ” 1
“Reclamam dos valores a pagar, acham alto. ” 1
“Acham a carga tributária alta. ” 1
Total Geral 16
Fonte: Dados trabalhados pela autora, 2016.
Ao serem questionados se os empresários conhecem alternativas legais para
pagar menos tributos, 93,75% das respostas dadas pelos profissionais da área
demonstram que os empresários não conhecem, ou tem pouco conhecimento destas
alternativas necessitando de auxilio de profissional da área contábil para tanto. Fica
assim evidente que os empresários não possuem conhecimento suficiente para isto,
necessitando do profissional da área contábil para orientá-lo na realização de suas
atividades de forma a obter a menor carga tributária possível.
TABELA 2 - Respostas à questão: os empresários conhecem alternativas legais para
pagar menos tributos?
Transcrição das respostas Qtd
“Não conhecem. ” 4
“Não conhecem, mas buscamos orientá-los. ” 1
“Não, e não tem interesse, querem sonegar. ” 1
“Não, exceto alguns mais qualificados em gestão!! Em geral é o Contador que
tem que mostrar alternativas!!” 1
“Não, preferem sonegar. ” 1
“Na sua maioria, não tem conhecimentos das alternativas. ” 1
“Só conhecem quando explicamos a eles. ” 1
“Poucos tem este conhecimento, a maioria não conhece planejamento
tributário. ” 1
“Quando são informados por nós contadores sim. ” 1
“Muitos esperam a orientação dos contadores e não estudam, se capacitam
para tal. ” 1
477
“Conhecem pouco. ” 1
“Muito pouco. ” 1
“Os nossos clientes, sim. ” 1
Total Geral 16
Fonte: Dados trabalhados pela autora, 2016.
Reforça-se aqui a importância da orientação do contador aos empresários, visto
que estes em sua maioria não têm todo conhecimento necessário muitas vezes até
para cobrar o contador quanto a este quesito tributário, cabendo ao profissional
também ser proativo e fazer estas orientações para cada vez mais fidelizar seus
clientes, diferenciando-se assim no mercado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O problema levantado no início deste estudo foi respondido, onde se identificou
que os empresários não têm total conhecimento do planejamento tributário, tendo este
conhecimento apenas com o auxílio do profissional contábil.
Quanto aos objetivos, todos foram alcançados. A pesquisa demonstrou que a
maioria dos empresários busca apenas saber os valores a pagar de tributos e qual foi
o resultado da empresa, sem buscar aprofundar seu conhecimento na área tributária,
quanto a origem e melhores alternativas de tributação.
Mesmo com o acesso facilitado ao conhecimento graças ao advento das
tecnologias de informação, os empresários ainda não apresentam muito interesse na
área tributária e em conhecer melhor a legislação a qual as empresas que estes
administram está submetida.
Fica evidente neste estudo a importância do profissional da área contábil na
orientação dos empresários quanto ao planejamento tributário, tendo papel
fundamental em mostrar os benefícios e vantagens da análise tributária para melhoria
da rentabilidade dos negócios e correta adequação à legislação vigente.
A pesquisa ajudou academicamente, pois foi possível demonstrar o papel do
contador na orientação dos contribuintes e permitiu também um maior
aprofundamento sobre o tema do planejamento tributário.
Este estudo não se encerra aqui, ficando para próximas pesquisas identificar
478
quais os tributos que, na visão dos contadores, existe maior entendimento por parte
dos empresários, qual o nível de informação que os contribuintes (empresas) têm a
respeito de tributação, quais os principais motivos que levam as empresas a praticar
a evasão fiscal, as principais práticas de evasão fiscal realizadas pelos empresários e
desta forma propor, soluções para conscientização dos empresários sobre o
planejamento tributário.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União
05 de outubro de 1988.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.844, de 23 de setembro de 1943. Dispõe sobre a cobrança
e fiscalização do imposto de renda. Diário Oficial, Brasília, DF, 01 out. 1943.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5844.htm>
Acesso em: 2 maio 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 803 de 10 out.
1996, Aprova o Código de Ética Profissional do Contador CEPC. Disponível em: <
www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_803.doc> Acesso em: 2 maio 2016.
FABRETTI, Láudio Carmargo. Contabilidade tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas,
2009.
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E
FINANCEIRAS; LISBOA, Lázaro Plácido (Coord.). Ética geral e profissional em
contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas,
1991.
INSTITUTO BASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. Mais de 700 normas
são editadas diariamente no Brasil, desde a constituição de 88. Disponível em:
479
<https://www.ibpt.com.br/noticia/2272/Mais-de-700-normas-sao-editadas-
diariamente-no-Brasil-desde-a-constituicao-de-88>. Acesso em: 2 maio 2016.
OLIVEIRA, Luís Martins de; et al. Manual de contabilidade tributária. 4 ed. São
Paulo: Atlas, 2005.
OLIVEIRA, G. P. Contabilidade tributária. São Paulo: Saraiva 2005.
PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento
científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 2.ed. São Paulo:
Rêspel, 2003.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
SÁ, Antônio Lopes de; HOOG, Wilson Alberto Zappa. Corrupção, fraude e
contabilidade. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2008.
480
RELATO DE EXPERIÊNCIA: Case Assumindo Um Novo Setor
Djully Camille Bongiovani Mantoani23
Paula Eduarda Balsan Stefanello24
Elizandra de Siqueira Chitolina25
RESUMO Este relato baseia-se na experiência obtida a partir da apresentação de um case problema para solução e melhorias em um determinado setor da empresa Alfa (embalagem secundária), sendo realizado em grupo e apresentado em forma de seminário para banca externa. A empresa Alfa estava com problemas na linha de produção de embalagens secundarias, sendo os principais a gerencia de setor, o absenteísmo elevado e a falta de motivação dos funcionários. Utilizando o método PDCA (Planejar; Desenvolver; Checar; Agir) para solução do problema podemos verificar excelentes melhorias em todo o processo produtivo, tais como o aumento da produção, a queda do absenteísmo, a motivação do colaborador, a diminuição do estoque e um ambiente mais colaborativo no setor de embalagens secundárias.
Palavras-chave: PDCA. Planejamento Estratégico. Clima Organizacional.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Filipe Bezerra (08/2014) o PDCA trata-se de uma ferramenta
de gestão muito conhecida na administração geral. A qual visa melhorar e controlar
produtos e processos de modo contínuo. Filipe ainda diz que este processo pode ser
conhecido também como ciclo de Deming ou clico de Shewhart, pois em 1930 Walter
Shewhart deu início a um clico aplicável sobre a administração de qualidade, porém
somente após 50 anos William Edwards Deming através da realização de suas
palestras no Japão fez com que o ciclo do PDCA se torna conhecido mundialmente.
O conceito do método de melhorias, conhecido atualmente pela sigla PDCA, foi
originalmente desenvolvido na década de trinta, nos laboratórios da Beel Laboratories
– EUA, pelo estatístico americano Walter A. Shewahaert, como sendo um ciclo de
controle estatístico do processo, que pode ser repetido continuamente sobre qualquer
processo ou problema. Em 1931, Shewahaert publica o livro Economic Controlo f
23 Acadêmica de Gestão da Produção Industrial e-mail: [email protected] 24 Acadêmica de Gestão da Produção Industrial e-mail: [email protected] 25 Professora Orientadora e-mail: [email protected]
481
Qualit of Manufactured Product, o qual confere um caratê cientifico ás relacionada a
qualidade (SOUSA, 1997)
Tendo como base a melhoria continua dos processos administrativos, o PDCA
visa a agilidade, aperfeiçoamento e padronização dos processos produtivos de forma
a qual diminui a chance de erros, identifica as causas e implementa soluções, não
tendo um tempo pré-determinado para ocorrer por se tratar de um ciclo. Inicia-se na
parte do planejamento (Plan), em seguida ocorre a execução (Do), que gera a
necessidade para utilização do processo de checagem (Check). Por fim de toda a
analise, tendo necessidade para executar as ações (Act).
P (Plan / Planejamento) – Na primeira etapa é elaborado um plano com base
nas diretrizes da empresa, estabelecendo uma estratégia com os objetivos, caminhos
e os métodos a serem seguidos para resolver os problemas levantados. Após é feita
a identificação e correção dos problemas encontrados
D (Do / Fazer) – Na segunda etapa é quando é executado rigorosamente o
planejamento pré-estabelecido na primeira etapa do PDCA.
C (Check / Verificar) – Na terceira etapa é feito a análise dos resultados
alcançados e dos dados coletados. Nela deve-se avaliar o que foi feito durante a
execução do plano e comparar identificando diferenças entre o que foi feito e o que
foi planejado.
A (Act / Ação) – Na última etapa do PDCA são executadas as ações corretivas
com base no que foi verificado. Após essas medidas serem tomadas é necessário
iniciar o ciclo novamente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Para Campos (1996, p. 262) o PDCA “é um método de gerenciamento de
processo ou de sistemas. É o caminho para se atingirem as metas atribuídas aos
produtos dos sistemas empresariais”.
De acordo com Andrade (2003, p.10) a palavra método “é a união de duas
palavras gregas/; meta + hodos, ou seja, caminho para a meta”. Logo Campos (1996,
p. 263) diz que o método PDCA “é um caminho para se atingir uma meta”.
482
Slack (1996) diz que a natureza repetida e cíclica do melhoramento contínuo
pode ser resumida no ciclo PDCA, definido como uma sequência de atividades que
são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades.
Percebemos que a natureza do ciclo PDCA gera através da repetição e da
montagem de padronização de processos criando assim mecanismos que gerem
resultados mais satisfatórios para a empresa diminuindo os riscos e os gastos
investidos nas atividades.
2.1 Qualidade
Estabelecido pelo International Standardization Organization (ISO),
responsável pelas normas de qualidade em diversos setores no mundo inteiro,
“qualidade é a adequação ao uso. É a conformidade às exigências”. Mas sabe-se que
a qualidade não está estabelecida apenas no resultado final, e sim em todos os
processos da atividade, ou seja, se todos os processos forem executados com
qualidade, o produto final terá qualidade.
O ponto objetivo da qualidade é o processo, através dele que pode implantar
sistemas como o da ISSO-9000. A qualidade total dedica-se a estudar a satisfação do
cliente, sendo clientes externos e internos. Dessa forma são avaliados de várias
formas, pois para pessoas leigas, qualidade está ligada a subjetivos que refletem as
necessidades de cada um, por isso obtêm-se repostas diferentes. Muitas pessoas
avaliam pela aparência, outras pela qualidade do produto, outras avaliam pelo preço.
Sendo assim, para muitos, o conceito de qualidade bem amplo.
2.2 Normas ISO
Com o objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços foram criadas
as normas ISO pela Organização Internacional de Padronização (ISO). Usadas para
certificar produtos e serviços no mundo todo. Oferece um padrão para a implantação
do Sistema de Gestão de Qualidade.
No Brasil, estas normas criadas e gerenciadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT). Geralmente são usadas as normas ISO 9000, ISO 9001,
ISO 9004.
483
ABNT NBR ISO 9000 - Sistema de Gestão da Qualidade (Fundamentos
e Vocabulário) - documento que contém todos os termos utilizados no sistema;
Conceitos básicos e diretrizes gerais (não certificável);
ABNT NBR ISO 9001 - Sistema de Gestão da Qualidade (Requisitos) -
explica os requisitos para obter a certificação; Ênfase em projetos e processos de
produção. (Certificável);
ABNT NBR ISO 9002 – Ênfase em processo de produção (certificável)
ABNT NBR ISO 9003 – Ênfase em inspeção de produtos (certificável)
ABNT NBR ISO 9004 - Gestão para o Sucesso Sustentado de uma
Organização (Uma abordagem de Gestão da Qualidade) - é um documento com
instruções para implantar o Sistema de Gestão da Qualidade. Diretrizes para
aplicação das Normas 9001, 9002 e 9003 (não certificável)
A empresa que decide seguir estas normas deve estipular as metas a serem
atingidas, e passar por um projeto com várias etapas para implantar a gestão da
qualidade e obter o certificado ISO.
Deve-se ser enfatizado que as normas ISO séria 9000 são normas que dizem
respeito apenas ao sistema de gestão da qualidade de uma empresa, e não às
especificações dos produtos fabricados por esta empresa. Ou seja, o fato de um
produto ser fabricado por um processo certificado segundo as normas ISO 9000 não
significa que estes produtos terão maior ou menor qualidade que um outro similar.
Significa apenas que todos os produtos fabricados segundo este processo
apresentarão as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade (Oliveira,
2001, p.33).
As normas são formadas de acordo com a área da atividade. Algumas normas:
484
2.3 Gestão da Qualidade
Tem como foco a qualidade a produção e dos serviços de uma determinada
empresa. Com o aumento da exigência dos consumidores viu-se a necessidade de
uma Gestão de qualidade da produção e dos serviços de uma determinada empresa.
A partir disso surgiram programas governamentais como o Sistema Nacional de
Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC) e o Procon.
Durante a segunda Guerra Mundial e com a crescente necessidade de
produção de materiais bélicos, em 1931 W. A. Shewart iniciou estudos sobre
485
qualidade, onde desenvolveu o CEP (Controle Estatístico de Processos) e o ciclo
PDCA, visando melhorar e controlar de forma constante o processo de produção.
2.3.1 Gestão de qualidade no Brasil
Começou a ser reconhecido e implantado no Brasil a partir de 1990. Através da
gestão de qualidade, empresas começaram a aprender novos procedimentos, ter
interação com todos tipos de clientes, como externo e interno, ter opiniões
diferenciadas. Começou a ser utilizado também as normas ISO-9000, e foi implantado
pelo Governo Federal o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, com o
objetivo auxiliar na competitividade dos produtos brasileiros.
2.4 Sistemas de Qualidade
O objetivo dos sistemas de gestão de qualidade (SGQ) é verificar todos os
processos da empresa e analisar como esses processos podem melhorar a qualidade
do produto e serviço. Nesse sistema, são aplicados princípios da qualidade que
envolve o dia a dia da instituição. Através disso, é possível obter segurança em
decisões, pois facilitará que o gestor verifique os indicadores de desempenho. O SGQ
é utilizado no mundo todo, para implantação de novos processos, gerenciar e checar
a qualidade. Para que obter o certificado da qualidade, uma empresa especializada
em auditoria de gestão de qualidade vistorie. Dependendo da área atuante da
empresa e também das normas, existem dois tipos de certificados
Certificado de acreditação: baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC
17025, relacionada aos Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de
Ensaio e Calibração, e a ABNT NBR ISO 15189, que diz respeito aos Laboratórios de
Análises Clínicas.
Certificação: a empresa baseia-se na norma NBR ISO 9001, ISO
14001, etc.
2.5 Controle Estatístico de Processos (CEP)
486
O CEP tem como objetivo monitorar um produto ou serviço no processo de
produção, pois caso apresente problemas, seu procedimento será interrompido para
que as falhas sejam sanadas e o mesmo retorne a sua condição normal. É uma
importante ferramenta para controle da variação de processos, pois trata com precisão
os desvios que ocorrem no processo, fazendo com que seja atuado no momento certo
para corrigir os problemas apresentados. CEP possibilita o monitoramento das
características de interesse, assegurando que elas irão se manter dentro de limites
preestabelecidos e indicando quando devem ser tomadas ações de correção e
melhoria. Também objetiva aumentar a capacidade dos processos, reduzindo refugo
e retrabalho, e, por consequência, o custo da má qualidade. Assim, ele proporciona
às empresas a base para melhorar a qualidade de produtos e serviços e,
simultaneamente, reduzir substancialmente o custo da má qualidade.
O CEP estabelece:
Informação permanente sobre o comportamento do processo;
Utilização da informação para detectar e caracterizar as causas que
geram instabilidade no processo;
Indicação de ações para corrigir e prevenir as causas de instabilidade;
Informações para melhoria contínua do processo.
2.7 Diagrama de Ishikawa
Diagrama de Ishikawa, que também é conhecido como Espinha de Peixe e
Diagrama de Causa e Efeito, possuiu como objetivo apresentar a relação entre causa
487
e efeito. Existem seis tipos de categorias utilizada para classificar o problema. É usada
para efetuar o gerenciamento e o controle de qualidade dos processos.
Para estrutura-lo é necessário verificar claramente o problema (efeito), fazer
um brainstorming com a equipe para verificar a maior quantidade de causas que estão
ocasionando o problema.
A partir de um conceito 6M’s pode-se agrupar em categorias as causas dos
problemas que podem estar em um processo:
Meio ambiente – o problema está no ambiente externo ou interno. Exemplo a
poluição, falta de espaço, etc.
Material – o problema está no material que está sendo utilizado.
Mão de obra – o problema pode estar num ato errado do colaborador.
Método – o problema pode estar na forma de desenvolver o produto.
Máquina – o problema pode estar numa máquina utilizada no processo.
Medida – o problema pode estar numa medida que foi realizada.
FIGURA 1 - Diagramas de Ishikawa utilizando os 6M’s
3 METODOLOGIA
488
O presente artigo trata-se de um estudo de caso fictício, elaborado pelo grupo.
Mesmo sendo fictício se torna importante definir os conceitos do mesmo. Um estudo
de caso utiliza o método qualitativo, respondendo a questões onde o pesquisador não
possui controle sobre o objeto ou fenômeno de estudo. Este tipo de estudo contribui
para melhor compreender os processos políticos organizacionais, levando o
pesquisador a compreender os motivos para as tomadas de decisões. De acordo com
Martins (2008, p.80), o estudo de caso terá sua confiabilidade garantida, “através do
uso de várias fontes de evidencia, sendo que a significância dos achados terá mais
qualidade ainda se as técnicas forem distintas”.
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Analisamos uma empresa do ramo de alimentos a qual se destaca no país,
sendo a primeira em produção a base de proteína animal, representada por 25
unidades distribuídas na região sul e sudeste, possuindo uma receita de R$ 7 milhões
e margem operacional de 20% a.a. A unidade analisada está situada em Minas Gerais,
possuindo 12 anos de funcionamento no local.
4.1 Situação Atual
Em 12 anos de funcionamento esta unidade sofre com a mudança de gestores,
onde setores passam meses sem um supervisor, um exemplo é o setor de embalagem
secundária que passou 11 meses sem supervisão adequada.
Nesse período o responsável pela gestão era um líder da equipe e o mesmo se
preparava para ser o futuro supervisor, porém não obtinha o respeito total da equipe,
apenas da metade, enquanto a outra metade não aprovava seus métodos, mas
realizava o trabalho com receio de punição, não sentindo vontade de desempenhar
as atividades da melhor forma possível.
O gerente observou que o setor estava dividido e com o líder atual não
apresentando condições para assumir a supervisão, realizou a contratação de um
novo colaborador, sendo este novato na empresa e com uma excelente qualificação
profissional, porém, ao ser apresentado para a equipe, alguns funcionários olham com
reprovação e não dão atenção quando conversado com eles.
489
Após a apresentação do novo supervisor, o atual líder pede demissão,
sentindo-se desvalorizado com a chegada do novo chefe. No dia seguinte à empresa
se encontra sem um líder para auxiliar o supervisor, fazendo com que aumente o
processo de absenteísmo de 7% para 12%. Metade da equipe que ficava pela
proteção do antigo líder apresenta um comportamento inadequado e a outra metade
que era injustiçada não confiava que o atual supervisor fará algo diferente por eles.
Dos 120 funcionários, foi identificado que 24 são usuários de drogas e 04 procuraram
o atual gestor para pedir ajuda.
Ao verificar os maquinários foi identificado que as maquinas de prioridade “A”
não estão tendo manutenção preventiva e quase todas apresentam defeitos além de
seus operadores não ter o treinamento adequado para operá-las.
O estoque está falho e apresenta um alto número de embalagens que não são
mais utilizadas, isso eleva o valor imobilizado, esse fato interfere nos pedidos das
embalagens necessárias, pois o sistema não permite novas compras pelo volume
atual registrado. O Antigo líder monta um grupo na rede social e inclui os seus
funcionários como membros e diariamente posta comentários contra o novo líder e
tenta manipulá-los para que saiam da empresa.
4.2 Plan
O novo líder decide tomar decisões referente a problemática que vem
enfrentando desde o dia da entrada na empresa. Com isso decide usar a ferramenta
PDCA para manter a organização e o controle do estoque. Analisando os pontos
aparentes no início chegou à seguinte conclusão das causas dos problemas:
o Não tem líder no setor.
o A equipe está desmotivada.
o O absenteísmo sobe de 7% para 12%.
o O estoque das embalagens não funciona.
o Funcionários dependentes químicos na equipe.
Através desses pontos, elaborou o Diagrama de Ishikawa da seguinte forma:
490
A partir da elaboração do diagrama torna-se mais prático a montagem do
PDCA, pois já se sabe as causas bases dos problemas e tem-se uma maior dimensão
das causas e efeitos. Após este processo, foi criada a seguinte tabela de causas
prováveis, testes e resultados:
CAUSA
PROVÁVEL TESTE RESULTADO
FALTA DE
FEEDBACK
Verificar a
necessidade de
feedback trimestrais.
HIPÓTESE CONFIRMADA
Quando realizado o
primeiro feedback, observa-se a
desconfiança por parte dos
funcionários, além disso é um
questionamento de alguns que
dizem não obterem retorno de
seus questionamentos.
FALTA DE
CONHECIMENTO SOBRE
A POSSIBILIDADE DE
AJUDA POR PARTE DA
EMPRESA AOS
DEPENDENTES.
Buscar junto à
assistência social e
psicólogos ajuda e se os
outros querem ser
ajudados.
HIPÓTESE CONFIRMADA
Os funcionários que
pediram ajuda sentem-se
amparados, isso eleva sua
autoestima, fazendo com que os
outros também busquem apoio.
491
Isto, faz com que tenham
determinação de vencer o vício
em grupo.
INEXISTÊNCIA DE
PLANO DE CARREIRA.
Realizar durante o
feedback perguntas
como: Quais seus planos
futuros? Você está se
preparando para isso?
HIPÓTESE CONFIRMADA
Os primeiros qualificados
que tiveram oportunidade
inspiram os outros a buscarem
qualificação.
INEXISTENCIA DE
TREINAMENTO PARA
OPERADORES DE
MÁQUINA.
Verificar o tempo
de parada do
equipamento até a
chegada do manutentor.
HIPÓTESE CONFIRMADA
Na maioria dos casos o
manutentor está ocupado em
outro equipamento, sendo que a
máquina fica sem atendimento até
que ele termine o atendimento.
EQUIPE DIVIDIDA.
Verificar os
motivos que geram a
divisão da equipe.
HIPÓTESE CONFIRMADA
Com o antigo líder alguns
eram favorecidos e outros
injustiçados, gerando a desunião
entre a equipe.
4.3 DO e CHECK
Na etapa “DO” foram coletados os dados e analisados, gerando assim
relatórios de absenteísmo, de volume de estoque, controle de funcionários,
manutenção preventiva dos equipamentos, treinamento do colaborador e outros
dados, para colocar em práticas as melhorias já pensadas agregando a elas os custos,
duração e pessoas responsáveis.
Durante o “CHECK” é analisado se as questões vistas no “DO” estão saindo de
acordo com o planejado. Ou seja, se o trabalho ocorre de forma que esteja sendo bem
feito, se existe uma queda no absenteísmo, o funcionário se sente mais motivado, se
492
o treinamento segue sendo adequado para a função do colaborador, a manutenção
preventiva está em dia, o imobilizado encontra-se nos padrões adequados da fábrica,
se os funcionários que solicitaram auxilio por motivos de entorpecentes estão
seguindo com o tratamento, entre outros.
4.4 Act
Esta etapa serve para realizar uma verificação total do processo, procurar a
falha e corrigir os erros, que caso encontrados deveram constar em um novo ciclo de
PDCA.
Por mais que os processos adotados se tornem rotineiros, pode haver falhas,
pois, sempre precisamos estar cientes de que trabalhamos com humanos e é normal
que hajam diferenças nos produtos finais, mas precisamos ter o bom senso de que
estes fatos ocorrem e precisamos buscar melhorias de processos para que sejam
cada vez mais isolados.
5 CONSIDERAÇOES FINAIS
Conseguimos por meio da ferramenta PDCA, resolver os problemas chave de
case da empresa Alfa do ramo alimentício, buscando alternativas para solucionar o
que à primeira vista nos parecia não haver formas de resolver.
Caso o case fosse real, provavelmente teríamos uma grande redução do
absenteísmo, pois seria investido na motivação do profissional através de cursos,
palestras e demonstrando o que a empresa tem a oferecer ao seu colaborador, o
estoque teria um maior controle além de ser verificada uma forma de dar baixa nas
embalagens que não mais seriam utilizadas.
Quanto aos colaboradores que utilizam entorpecentes, a empresa se
responsabilizaria em dar todos os encaminhamentos necessários (das funções que
compete a empresa) para auxilia-los na busca de tratamento.
De acordo com as pesquisas, os métodos adotados no ciclo são de extrema
confiança para obtenção de resultados positivos, porém por se tratar de um caso
fictício não podemos comprovar a teoria adotada, somente comprovando a qualidade
493
do ciclo de PDCA e de qual forma ele nos auxilia a encontrar o problema chave e
resolve-lo da forma mais prática possível, gerando menos custo para a empresa.
REFERÊNCIAS ANDRADE, Fabio Felippe de. O método de melhorias PDCA. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) - Escola Politécnica, University of São Paulo, São Paulo, 2003. doi: 10.11606/D.3.2003.tde-04092003-150859. Acesso em: 2016-09-21. CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni Escola de Engenharia da UFMG, 1996. MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisas no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 2, n. 2, p. 9-18, jan./abr. 2008. MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da Produção. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. OLIVEIRA, O. J. Gestão da qualidade na indústria da construção civil. 2001. 192p. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2001. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Editora Atlas, 1996. SLACK, Nigel. Administração de Produção. São Paulo: Atlas, 2002. SOUZA, R. Metodologia para desenvolvimento e implantação de sistemas de gestão da qualidade em empresas construtoras de pequeno e médio porte. 1997, 387p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo 1997.
494
RELATO DE EXPERIÊNCIA: PDCA - Estudo de Caso Assumindo Um Novo Setor
Evandro Remus26
Elizandra de Siqueira27
RESUMO Este é um relatório de experiência que tem o objetivo de descrever a utilização do método PDCA em um estudo de caso de uma empresa que apresenta uma série de problemas internos de gestão. Nesta análise de caso foi utilizado o método PDCA através das ferramentas Brainstorming, Diagrama de Ishikawa, Matriz de Priorização e Plano de Ação cujos conceitos estão relatados de forma a facilitar o seu entendimento na forma e sequencia de utilização destas principais ferramentas que compõem este método que tem como foco principal a melhoria contínua. Estão representados através de gráficos e imagens a priorização dos problemas, a associação do Brainstorming (Tempestade de Ideias) ao Diagrama de Ishikawa, a elaboração de uma matriz genérica de priorização e elaboração de um plano de ação através dos resultados obtidos através da matriz de priorização. Palavras-chave: PDCA. Brainstorming. Ishikawa. Matriz de Priorização.
1 INTRODUÇÃO
Este relatório de experiência vem apresentar uma análise de caso de uma
situação identificada em uma empresa através do uso de ferramentas de gestão. Com
o objetivo de identificar, quantificar e propor um plano de ação para correção destes
problemas serão utilizadas algumas ferramentas de gestão que podem ser utilizadas
tanto em pequenas como em grandes empresas em quaisquer áreas de atuação.
A empresa em estudo faz parte do segmento de alimentos que se destaca no
cenário nacional, é a primeira no país em produção a base de proteína animal. Sua
receita operacional no último ano foi de R$ 7 milhões e Margem Operacional de 20%.
A empresa é representada por 25 unidades nas regiões sul e sudeste do Brasil.
A Unidade localizada em Minas Gerais tem 12 anos de funcionamento e desde
sua inauguração sofre com a constante mudança de gestores, o setor de maior
26 Acadêmico do segundo semestre de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. E-mail. [email protected] 27 Docente do Curso de Gestão da Produção Industrial da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Doutora em Educação. Orientadora do Trabalho. E-mail. [email protected]
495
problema é o de embalagem secundária, o mesmo estava sem supervisor há mais de
11 meses e quem vinha fazendo a gestão da equipe era um líder de mais de cinco
anos de empresa e que se preparava para ser supervisor, o mesmo tinha o domínio
do processo e era aceito por metade da equipe, a outra metade que não aprovava,
fazia o trabalho com receio de ser punida, mas não sentia motivação para
desempenhar suas atividades.
O gerente da unidade vendo que o setor está dividido ao meio e que o líder
atual não apresenta condições de assumir a supervisão resolve então nomear um
supervisor da área que tem um ótimo resultado com gestão de pessoas. Ao ser
apresentado para a equipe o supervisor nomeado percebe que alguns funcionários
olham com reprovação e não dão muita atenção a conversa iniciada com eles.
Após a apresentação do novo supervisor o atual líder pede desligamento, pois
se sente desvalorizado com a sua chegada. Nos dias seguintes o supervisor está sem
um líder lhe dar auxilio, não tem intimidade com o processo e o absenteísmo do setor
sobe de 7% para 12%. A metade da equipe que era protegida pelo antigo líder
apresenta comportamento inadequado e a outra metade que era injustiçada não
confia que será feito algo diferente por eles.
Dos 120 funcionários do setor são identificados 24 como usuários de drogas e
4 deles procuraram o novo supervisor para pedir ajuda.
A situação apresenta-se muito complicada com as pessoas e ao se verificar os
equipamentos, e identificado que para todas as máquinas de prioridade “A” não está
sendo executada nenhuma manutenção preventiva e quase todas apresentam
defeitos e seus operadores não tem o treinamento para operá-las.
O estoque está falho e apresenta um alto número de embalagens que não são
mais utilizadas e isso eleva o valor imobilizado, esse fato interfere nos pedidos das
embalagens necessárias, pois o sistema não permite novas compras pelo volume
atual registrado.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 PDCA
496
Desde os primeiros anos do século passado, as organizações industriais já
conheciam os três processos da produção em massa: especificação, produção e
inspeção. Ishikawa (1986) relembra que Taylor recomendava o plan-do-see (planeje,
execute e veja) como referência para o planejamento das etapas básicas de um
processo produtivo. Esses processos se encadeiam numa sequência linear simples,
aberta e representavam a estrutura de funcionamento das indústrias daquela época
(Figura 1).
FIGURA 1 - Conceito de controle de Taylor e os três processos de produção em massa. Fonte: Moen e Norman (2007).
Um pouco adiante, no final da década de 30, o norte-americano Walter A.
Shewhart, em sua obra intitulada Statistical method from the viewpoint of quality
control propõe o modelo de produção visto como um sistema, que representa os
mesmos passos, porém de forma cíclica (Figura 2). Shewhart argumenta que esses
três passos devem fazer um círculo ao invés de uma linha reta, pois eles constituem
um “processo científico dinâmico de aquisição de conhecimento”. Essa pequena
modificação transformou o modelo de ciclo aberto para um ciclo fechado, em que os
resultados obtidos numa passagem são considerados no planejamento da próxima
passagem. Isso realimenta o processo e permite que ele seja aprimorado pela análise
dos erros e problemas das etapas anteriores. Esse modelo, denominado ciclo de
Shewhart, é levado por Deming ao Japão em 1950.
497
FIGURA 2 - Ciclo de Shewhart de 1939. Fonte: Moen e Norman (2007).
Em 1951, o ciclo de Shewhart ganhou mais dois passos passando a
compreender: (a) o desenho do produto; (b) produzi-lo testando na linha de produção
e no laboratório; (c) colocar no mercado; (d) testar no mercado por meio de pesquisas;
(e) redesenhar o produto à luz da reação dos consumidores e continuar girando o ciclo
(Figura 3).
FIGURA 3 - Ciclo de Shewhart para desenvolvimento de produto. Fonte: Moen e Norman (2007).
Shewhart percebeu que seu modelo também é aplicável para processos
repetitivos de melhoria, substituindo as etapas de desenvolvimento e comercialização
de produtos por atividades de planejamento e análise de melhorias, mantendo o
caráter cíclico (Figura 4).
FIGURA 4 - Ciclo de Shewhart para processos repetitivos. Fonte: Moen e Norman (2007).
Após sua introdução no Japão, o primeiro ciclo de Shewhart foi muito bem
aceito, mas sua ideia original foi alvo de objeções. Ishikawa logo concluiu que o plan-
do-see não era adequado para o povo japonês pois, a seu ver, o significado do verbo
see – ver, olhar “propicia a atitude passiva de apenas se manter em expectativa”.
498
Deming explicou aos japoneses que a interpretação correta do verbo see não é
apenas ver ou revisar, mas sim tomar uma ação, ou take action em inglês. Como essa
ideia lhes pareceram mais consistente, os japoneses rapidamente incorporaram action
ao modelo, omitindo take, conforme relembra o Dr. Noriaki Kano, autor deste relato.
Assim, o modelo adotado no Japão passou a ser o plan-do-check-action, que é o
PDCA conhecido nos dias de hoje (Figura 5). Em português, essas etapas podem ser
traduzidas como planejar-executar-verificar-agir.
FIGURA 5 - Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão. Fonte: Hosotani (1992)
Esse modelo passou ainda por novos desdobramentos. Na década de 80,
Deming criou o modelo plan, do study, action – PDSA – e defende a ideia de que o
ciclo de Shewhart pode ser utilizado por qualquer pessoa na organização, não apenas
em ambiente industrial. Deming preferia o ciclo PDSA, pois ele incorporaria melhor a
ideia original de Shewhart. Embora seja bastante popular nos Estados Unidos, essa
ideia nunca pegou no Japão, pois para eles o verbo study, estudar em português, é
uma diretriz que não foi bem compreendida, sendo até considerada como “uma ordem
pouco significativa”.
Mais ou menos na mesma época, Ishikawa desdobra o PDCA em seis etapas,
subdividindo o P – Plan e o D – Do em duas novas etapas cada uma. A etapa de
Planejamento – P – é decomposta nas atividades de definir objetivos e metas e
estabelecer os meios que possibilitarão o cumprimento da meta. Já a etapa de
Execução – D – é decomposta nas atividades de efetuar educação e treinamento e
realizar as tarefas.
Embora o PDCA seja bastante utilizado e referenciado na literatura, é possível
observar que ele é, ora chamado de conceito, ora de modelo, ora de método, ora de
técnica.
499
Os modelos são padrões criados, a partir de algum critério restritivo, para
representar ou desenvolver algum processo ou atividade. São representações
simbólicas com um propósito claro, mas que, ao construí-lo, se reconhece, ao mesmo
tempo, que há uma limitação. Como o PDCA não é restritivo, mas uma ideia ampla
sob o qual métodos específicos podem ser criados, então ele não se enquadra na
definição de modelo.
Já as técnicas são ferramentas ou artifícios para a consecução de um propósito
parcial e temporário que faz parte de um caminho para um objetivo mais amplo.
A técnica se refere à prática direta e, por isso não serviria como inspiração para
a construção de ideias mais abrangentes.
Os métodos, por sua vez, possuem várias definições segundo a ótica utilizada.
Uma denominação geral e aceita de método é aquela que define como um
procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma
coisa, seja material ou conceitual. Essa definição não se enquadra no PDCA, pois ele
tem uma natureza mais abstrata, não tem um propósito específico, mas comum, e não
se destina a obtenção de resultados comuns por meio de repetição.
Assim, embora essa seja uma discussão meramente epistemológica, é
incorreto denominar do PDCA de método, pois se trata de um conceito sobre os quais
os métodos e modelos são derivados.
500
FIGURA 6 – Apresentação do Método PDCA e suas respectivas fases.
2.2 Brainstorming
A ferramenta Brainstorming (Tempestade de ideias), é empregado em reuniões
nas quais as pessoas têm liberdade total de expor suas ideias, sem se preocuparem
com os outros, dos quais recebem ou não influências. Segundo Godoy (1998, p.9),
brainstorming é uma dinâmica de grupo em que as pessoas, de forma organizada e
com oportunidades iguais, fazem um grande esforço mental para opinar sobre
determinado assunto. É também uma técnica utilizada na fase de planejamento do
ciclo PDCA.
O brainstorming apresenta características e premissas para os resultados
aparecerem, tais como: capacidade de auto expressão; livre de inibições ou
preconceitos da própria pessoa ou de qualquer outro do grupo; criatividade;
capacidade de aceitar e conviver com diferenças conceituais e multidisciplinares;
ausência de julgamento prévio; anotações das ideias e manifestações ocorridas;
capacidade de síntese; delimitação de tempo individual e coletivo; e os membros da
equipe não são distinguíveis por cargo, autoridade ou qualquer outro tipo de papel que
exerçam na organização.
De acordo com Godoy (1998), recomenda-se a realização do brainstorming em
quatro etapas:
1º Explicação da meta ou problema: onde se reúne a equipe que tenha
conhecimento sobre o problema e possam contribuir para sua solução. Solicita os
colaboradores que pensem sobre os fatores que influenciam o problema e suas
possíveis causas.
2º Determinação das causas: a equipe apontará as causas que provocam as
características mais importantes do problema. É necessário refletir sobre as causas
para hierarquizá-las.
3º Determinação das causas mais importantes: os colaboradores determinaram
as causas mais importantes entre todas as listadas. Pode-se utilizar alguma forma de
ponderação para facilitar na hierarquização das causas.
4º Determinação das contramedidas relativas às causas mais importantes/
Plano de ação: São determinadas as contramedidas para atacar as causas mais
importantes e suas análises segundo a aplicabilidade.
501
A prática do Brainstorming produz excelentes resultados, uma vez que as
pessoas que convivem numa determinada empresa conhecem como ninguém as
causas de um determinado problema e, consequentemente, estarão aptas a apontar
as ações para atacá-las. Além disto, esta técnica possui um excelente mecanismo de
educação e treinamento, que possibilita o envolvimento pleno das pessoas,
procurando entender o problema, as suas causas e as contramedidas para atacá-las.
2.3 Diagrama de Ishikawa
Para relacionar as causas e os possíveis efeitos, utiliza-se o Diagrama de
Ishikawa, Espinha de Peixe ou Diagrama de Causa e Efeito. É uma representação
gráfica que permite estabelecer, após uma análise criteriosa, quais são as causas que
fazem com que o efeito ocorra. De acordo com Silva (1996, p. 229), este Diagrama é
uma ferramenta para organizar o pensamento, esclarecendo a confusão usual entre
o que é causa e o que é efeito, além de criar uma distinção útil para definir a verdadeira
causa de um problema. É um diagrama que pretende mostrar a relação entre uma
característica da qualidade e seus diversos fatores determinantes.
Aplica-se o diagrama quando o efeito de um processo é problemático, isto é,
quando o processo não gera o efeito desejado. A vantagem apresentada nesta
ferramenta é a possibilidade de desdobramento e ramificação das causas até chegar
àquela que é a origem do problema.
O diagrama é de fácil representação e construção, a grande linha horizontal
representa o efeito ou meta/ problema, as linhas inclinadas que partem da linha
principal, são consideradas as causas do problema (Figura 7). Sua construção pode
assumir formas variadas, dependendo de grau de detalhe que se queira imprimir ao
levantamento e ao registro dos dados a respeito de uma certa atividade. Deve-se
definir claramente o problema e seu histórico, e levantar as causas por meio do
brainstorming. A análise permite definir prioridades das causas e as necessidades que
a empresa deve seguir para alcançar o resultado desejado.
502
FIGURA 7 – Apresentação de Diagrama de Ishikawa.
2.4 Matriz de Priorização
A matriz de priorização mais conhecida é a Matriz GUT (Figura 8), considerada
uma ferramenta de gestão para identificar, observar, analisar e buscar soluções para
os problemas e desafios em uma organização. Esta matriz estabelece a priorização
baseada nos fatores de Gravidade, Urgência e Tendência e consiste em uma tabela
de pontuação, onde pode-se visualizar facilmente quais itens tem maior prioridade em
relação aos demais.
A Matriz de Prioridade é uma ferramenta utilizada para selecionar os problemas
ou causas que apresentam maior prioridade, diante das condições próprias,
customizadas e da especificidade do processo. É utilizada na priorização das
estratégias, tomadas de decisão e solução de problemas de organizações e projetos.
Cada critério deverá ser conceituado de forma própria e de acordo com as
características do processo e da realidade da empresa, como: gravidade diante do
objetivo final (G); urgência para diminuir o problema diante das condições estruturais,
operacionais e financeiras (U); tendência de ocorrer o problema diante das condições
estruturais e operacionais (T).
O resultado apresentado pela matriz GUT tem como objetivo apontar as
prioridades, orientando a organização para as ações a serem tomadas em prol
da melhoria dos processos.
503
FIGURA 8 - Representação de uma matriz de GUT.
2.5 Matriz Genérica de Priorização
As ferramentas apresentadas possuem variáveis pré-definidas que determinam
a prioridade. Porém, todas partem do princípio que a priorização de problemas parte
da percepção de valor para o time, isto é, os problemas a serem resolvidos por
primeiro devem agregar valor para o time e/ou para o projeto. Isso significa melhorar
o processo de trabalho e a qualidade das entregas.
Times Scrum são, por essência, auto organizáveis. Sendo assim, os times
podem definir variáveis, valores ou critérios de priorização diferentes das
apresentadas nesse trabalho. O time tem autonomia para definir seus critérios de
priorização, podendo este ser único, duplo ou múltiplo. Sendo único, a análise de uma
variável apenas define a priorização. Como duplo, uma matriz cartesiana semelhante
as “Importância x Urgência” e “Esforço x Benefício”, deve ser adotada. A partir de três
critérios, a sistemática da matriz GUT pode ser atualizada.
3 METODOLOGIA
A atividade foi realizada na Faculdade La Salle, a partir de uma simulação de
aplicação do PDCA em uma empresa fictícia.
504
O relato de experiência é classificado como descritivo e caracteriza-se por ser
de caráter qualitativo que, segundo o entendimento de Malhotra (2001), proporciona
insights valiosos, que permitem alcançar uma compreensão qualitativa das razões e
motivações subjacentes ao problema proposto.
A proposição da empresa foi feita na disciplina de Gestão da Qualidade do
Curso de Gestão da Produção Industrial, a partir da relevância exercida pela mesma
em seu setor de atuação. A Empresa pertence ao ramo alimentício.
O presente relato tem como objetivo descrever a aplicação prática da técnica
do PDCA em uma situação real de busca de melhoria de processo que visa apresentar
toda a sequência de implantação e os resultados obtidos dentro da Empresa Alfa que
é de segmentos no ramo alimentício, Unidade localizada em Minas Gerias (MG);
visando alcançar os objetivos delineados no presente estudo, a coleta de dados
contemplou a descrição da metodologia que compõe a etapa do Planejamento (PLAN)
do ciclo PDCA, constando das fases propostas por Campos (2004), apresentadas na
Figura 9.
Fases Etapa Plan
Planejamento do
ciclo PDCA
Identificação do
Problema
Problema
Observação
Análise
Plano de Ação
+
+
+
Escolha de Problema
História do Problema
Mostrar Perdas Atuais e
Ganhos Viáveis
Ganhos viáveis
gganhos vi
Análise do Problema
FIGURA 9 - Fases Etapas Plan utilizadas no presente estudo
505
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA
O estudo de caso proposto mostra problemas comuns encontrados dentro das
empresas e ambientes de trabalho, são muitos os fatores que podem interferir nos
processos ocasionando perdas de rendimentos, de produção, absenteísmo, turnover,
desmotivação entre outros problemas.
Na primeira parte do trabalho montou-se uma equipe que a partir do estudo do
caso proposto identificou e quantificou os problemas relacionados ao setor de
embalagens de empresa; problemas de manutenção, operadores sem treinamento,
rejeição dos funcionários ao novo supervisor, estoque obsoleto de embalagens,
problemas com colaboradores usuários de drogas e absenteísmo (Figura 9).
Os problemas identificados foram quantificados e apresentados através de um
gráfico e através desta quantificação definiu-se quais os problemas seriam priorizados
para o desenvolvimento do PDCA.
Também através deste foram definidas as primeiras metas propostas como
resultado a ser buscado ao término do trabalho.
506
FIGURA 10 – Quantificação dos problemas identificados no estudo de caso.
Como sequência do trabalho depois de identificados e priorizados os problemas
e propostas as metas a serem atingidas foram relacionadas às possíveis causas,
utilizando-se a ferramenta Brainstorming onde a equipe de análise através de sua
experiência na empresa ou adquiridos em outras experiências ou estudos levantou
todas as hipóteses possíveis como causas prováveis. Estas prováveis causas foram
relacionadas em grupos através do Diagrama de Ishikawa (Figura 10) para que
fossem apresentadas e posteriormente fossem analisadas através de uma matriz de
priorização.
FIGURA 11 - Diagrama de Ishikawa utilizado para um dos problemas identificados.
Seguindo os conceitos de elaboração de uma matriz genérica de priorização foi
elaborada uma matriz onde para cada possível causa dos problemas relatados os
membros da equipe de trabalho atribuíram uma nota conforme sua própria avaliação
do problema, notas que variavam de 1 a 5, menor valor para causas consideradas
5 5 5 5 5 5 6 6 6
100,00 100,00 50,00 30,00 24,00 12,00 0,50 0,70 0,00
PO 2016 15 20 10 5 4 4 1 1 0
PO 2017 5 0 2 1 0 1 0,5 0,5 0
TURNOVERRECLAMA
ÇÕESACA
ALFA OPERADORES
SEM
TREINAMENTO
REJEIÇÃO DOS
FUNCIONÁRIOS
EQUIPAMENTOS SEM
PLANO DE
MANUTENÇÃO
ESTOQUE
OBSOLETO
USUARIOS DE
DROGASABSENTEÍSMO
Método Maquina Medição
13 14 15
7 8 9
1 2 3
4 5 6
10 11 12
16 17 18
Meio Ambiente Mão Obra Materia Prima
Causas Prováveis
FALHA NO FLUXO DE
TREINAMENTO PARA
FUNÇÃO
LOCAL PARA REALIZAR O
TREINAMENTO
ALTO CUSTO PARA
REALIZAR TREINAMENTO
Problema
MÁQUINAS COM
PROBLEMAS POR FALTA DE
MANUTEÇÃO PREVENTIVA
FALTA DE PESSOAS PARA
REALIZAR TREINAMENTO
RISCO DE ACIDENTE
TREINAMENTO EXISTENTE
NÃO ADEQUADO PARA A
FUNÇÃO
OPERADORES SEM
TREINAMENTO
507
menos importantes e maior valor para causas consideradas mais importantes (Figura
12).
FIGURA 12 – Matriz elaborada para priorização das causas de um dos problemas identificados.
Após a análise individual de cada membro da equipe de trabalho, o resultado
da soma da pontuação obtida para cada hipótese determinou a sequência em que
estas causas deveriam ser tratadas.
A partir dos problemas identificados, as causas identificadas e priorizadas
iniciam-se então a segunda fase do ciclo PDCA onde são propostas e executadas as
ações para correção destas falhas através da elaboração do plano de ações; O que
fazer, quem vai fazer, qual o prazo de execução e quanto cada ação vai custar (Figura
13).
FIGURA 13 – Exemplo do plano de ação elaborado para correção dos problemas.
Causa Influente ADRIANO PAULO DEBORA NATAN WANDO Total
1 FALHA NO FLUXO DE TREINAMENTO PARA FUNÇÃO5 5 5 3 5 23
2MÁQUINAS COM PROBLEMAS POR FALTA DE
MANUTEÇÃO PREVENTIVA 1 1 1 1 1 5
3 FALTA DE PESSOAS PARA REALIZAR TREINAMENTO3 3 5 3 3 17
4 LOCAL PARA REALIZAR O TREINAMENTO1 1 1 1 1 5
5 ALTO CUSTO PARA REALIZAR TREINAMENTO1 1 1 1 1 5
7TREINAMENTO EXISTENTE NÃO ADEQUADO PARA A
FUNÇÃO
5 5 3 3 5 21
TOTAL 6 16 16 16 12 16 76
Notas 5 2 2 2 0 2
Notas 3 1 1 1 3 1
Notas 1 3 3 3 3 3
Total 6 6 6 6 6
PARTICIPANTES
OPERADORES SEM
TREINAMENTO
UP / Gerência O quê Quem Quando Impacto R$ ou TPA
MG/ALFA
IDENTIFICAR TODOS OS OPERADORES
DE MAQUINA SUA FUNÇÃO E FICHAS DE
TREINAMENTO
DEBORA
(SESMT)31/08/2016 0
MG/ALFAELABORAR/ADEQUAR MATERIAL PARA
TREINAMENTO DE OPERADORES
PAULO
MANUTENÇAO30/09/2016 o
MG/ALFA
ELABORAR CRONOGRAMA PARA
TREINAMENTO DOS OPERADORES NÃO
TREINADOS PARA A FUNÇÃO
DEBORA
(SESMT)30/09/2016 o
MG/ALFA
APLICAR TREINAMENTO DE
OPERADORES CONFORME CRONOGRAMA
ELABORADO
PAULO
MANUTENÇAO30/12/2016 o
508
A próxima fase do ciclo PDCA é a Checagem, é o estágio do ciclo PDCA onde
são identificadas possíveis brechas no projeto. As metas alcançadas e resultados
obtidos são mensurados através dos dados coletados e do mapeamento de
processos ao final da execução do plano de ação. A checagem pode e deve ser feita
de duas maneiras: paralelamente à execução, de modo a ter certeza que o trabalho
está sendo bem feito, e ao final dela, para uma análise estatística mais abrangente
que permita os ajustes e acertos necessários.
A última etapa do ciclo é a ação onde os bons resultados obtidos são
padronizados e também são aplicadas ações corretivas de modo a estar sempre e
continuamente aperfeiçoando o projeto. É simultaneamente fim e começo, pois após
uma minuciosa apuração do que tenha causado erros anteriores, todo o ciclo PDCA
é refeito com novas diretrizes e parâmetros.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No atual universo corporativo, onde predomina a competitividade e a excelência
faz a diferença, as empresas cada vez mais buscam meios de aperfeiçoarem seus
processos para poderem reduzir custos, ampliar lucros e aumentar a satisfação de
seus clientes.
Neste contexto o planejamento estratégico é uma obrigação, e para executá-lo
com eficácia e de forma contínua, para isto os gestores podem utilizar esta excelente
metodologia conhecida como ciclo PDCA.
A primeira análise do problema do case proposto mostra uma série de
dificuldades que dão a impressão de um problema de dimensões gigantescas, mas,
ao se iniciar uma análise mais detalhada observa-se que na sua grande maioria os
problemas são causados por uma série de combinações de outros problemas de
menor dimensão que acabam evoluindo para outros problemas maiores e estes sim
causam grandes prejuízos às empresas.
O conceito do ciclo PDCA é exatamente identificar cada um desses problemas
e cada vez mais evoluir nas suas tratativas a cada vez que o ciclo se repete. Para
cada ciclo que se repete novos problemas são identificados, outras metas são
definidas e novas ações tomadas levam as empresas a atingir o máximo de sua
eficiência com o mínimo de custos possíveis para entrega do seu produto final. Um
509
método simples de ser utilizado pelos gestores, onde toda equipe de trabalho pode
ser envolvida e onde podem ser aproveitadas todas as experiências e ideias dos
colaboradores que participam do projeto.
REFERÊNCIAS PDCA http://www.qualypro.com.br/artigos/pdca-origem-conceitos-e-variantes-dessa-ideia-de-70-anos (Acessado em 21/09/2016: 16:56) Matriz de Priorização http://www.blogdaqualidade.com.br/matriz-de-prioridade/(Acessado em 21/09/2016: 17:25) Matriz de Priorização http://www.arrudaconsult.com.br/2015/02/matriz-de-priorizacao-ceb-aprenda-usar.html / (Acessado em 21/09/2016: 17:36) ANDER-EGG, Ezequiel. Introdución a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7 ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. DEMING, William Edwards. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques-Saraiva, 1990. EDGAR, Andrew; SEDGWICK, Peter. Teoria cultural de A a Z: conceitos chave para entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003. FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. Rumo a Excelência e Compromisso com a Excelência. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2007. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de A. Metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004.