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116 www.backstage.com.br REPORTAGEM Danielli Marinho [email protected] Sistema line array Cinco empresas de três regiões do país resolveram aderir ao sistema line array brasileiro para fazer shows e eventos. Além de economia e praticidade na hora da montagem, os empresários destacam a qualidade do equipamento brasileiro, que, comparado às marcas importadas, tem como grande diferencial a assistência técnica nacional. conquista o mercado nacional M as não foi apenas a possibilidade de ser atendido por um técnico falando português que influenciou os empresá- rios a comprarem um sistema nacional de line array. Se- gundo os entrevistados pela Backstage, outro grande diferencial é que, por ser produzido no Brasil, há uma interação entre fabri- cante e comprador no desenvolvimento dos equipamentos nunca vista antes por aqui. Um exemplo foi o que aconteceu com a Sigmatec, empresa de sonorização de Niterói que adquiriu o LAS 208 da Attack. Segundo seus sócios, Henrique Kopke e Álvaro Neiva, o sistema caiu como uma luva, porque se adaptou a todos os eventos que a empresa realiza. Quando o modelo de line array LAS 212 foi lançado, Henrique até chegou a pensar em adquiri- lo, mas achou que não atenderia à Sigmatec, já que grande parte dos eventos que a empresa faz é de pequeno e médio porte. “Eu não queria o line 212, porque era muito grande, mas comentei com o Aires (proprietário da Attack) e ele disse que assim que o sistema menor saísse do forno, me telefonava”. O telefonema veio no final de 2006, bem na hora, por sinal. “Eu estava num mato sem cachorro, porque tinha prometido ao técnico da Nana Caymmi que ia fazer o show com um sistema do tipo line array. Mas eu queria ir com ele já testado”, fala. A estréia foi no réveillon de Angra dos Reis, um evento de médio porte para três mil pessoas ao ar livre. “Funcionou muito bem”, diz Henrique. Para Álvaro Neiva, sócio e engenheiro da empresa, o grande diferencial do sistema line é a vantagem de se conseguir uma resposta mais uniforme em relação ao sistema convencional. “Tem muita gente preocupada se o line fala alto demais. A minha maior preocupação é se ele fala bonito. Eu acho que o sistema tem que ser hi-fi. Ele tem que ter uma cober- tura mais homogênea do que os outros sistemas, ele tem que ter Rave sonorizada pela Lumeaudio utilizou o LAS 212 da Attack Fotos: Divulgação

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REPORTAGEM

Danielli Marinho

[email protected]

Sistema line arrayCinco empresas de três regiões do país resolveram aderir ao sistema linearray brasileiro para fazer shows e eventos. Além de economia epraticidade na hora da montagem, os empresários destacam a qualidadedo equipamento brasileiro, que, comparado às marcas importadas, temcomo grande diferencial a assistência técnica nacional.

conquista o mercado nacional

Mas não foi apenas a possibilidade de ser atendido por umtécnico falando português que influenciou os empresá-rios a comprarem um sistema nacional de line array. Se-

gundo os entrevistados pela Backstage, outro grande diferencialé que, por ser produzido no Brasil, há uma interação entre fabri-cante e comprador no desenvolvimento dos equipamentos nuncavista antes por aqui. Um exemplo foi o que aconteceu com aSigmatec, empresa de sonorização de Niterói que adquiriu o LAS208 da Attack. Segundo seus sócios, Henrique Kopke e ÁlvaroNeiva, o sistema caiu como uma luva, porque se adaptou a todosos eventos que a empresa realiza. Quando o modelo de line arrayLAS 212 foi lançado, Henrique até chegou a pensar em adquiri-lo, mas achou que não atenderia à Sigmatec, já que grande partedos eventos que a empresa faz é de pequeno e médio porte. “Eunão queria o line 212, porque era muito grande, mas comentei

com o Aires (proprietário da Attack) e ele disse que assim que osistema menor saísse do forno, me telefonava”. O telefonema veiono final de 2006, bem na hora, por sinal. “Eu estava num mato semcachorro, porque tinha prometido ao técnico da Nana Caymmique ia fazer o show com um sistema do tipo line array. Mas euqueria ir com ele já testado”, fala.

A estréia foi no réveillon de Angra dos Reis, um evento demédio porte para três mil pessoas ao ar livre. “Funcionou muitobem”, diz Henrique. Para Álvaro Neiva, sócio e engenheiro daempresa, o grande diferencial do sistema line é a vantagem dese conseguir uma resposta mais uniforme em relação ao sistemaconvencional. “Tem muita gente preocupada se o line fala altodemais. A minha maior preocupação é se ele fala bonito. Euacho que o sistema tem que ser hi-fi. Ele tem que ter uma cober-tura mais homogênea do que os outros sistemas, ele tem que ter

Rave sonorizada pela Lumeaudio utilizou o LAS 212 da Attack

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menos comb filter queos outros sistemas, eletem que ter uma res-posta de freqüênciabastante boa”, ressaltaHenrique.

Logo depois, o sis-tema foi usado emum evento corporati-vo em Sauípe, na Ba-hia, que tinha todasas dificuldades queesse tipo de eventopode ter. “Ao invésde usar o sistema nor-malmente, ao lado dopalco, tivemos queusá-lo muito depoisdo palco, porque tinha uma tela de proje-ção enorme no meio do caminho, então,o sistema ficou completamente inverso.É aí que entra a vantagem do line, que édar uma cobertura horizontal bastanteampla, bastante larga. Deu um resultadocom bastante clareza no centro da sala ena frente do palco, e, além disso, trouxe asensação de modernidade que a genteespera que o cliente tenha”, avalia.

Passado esse desafio, veio finalmente oshow de Nana Caymmi, colocando o sis-tema mais uma vez à prova. “Era uma ten-da coberta, montada na beira da praia,num casamento para aproximadamente400 pessoas. Também funcionou maravi-lhosamente bem”, avalia Henrique, que aessa altura já tinha testado o seu equipa-mento nos dois eventos anteriores.

Prova de fogoA etapa seguinte foi um show de músi-

ca eletrônica dentro do teatro do Sesc (RJ),para 300 pessoas, com uma cantora cana-dense que veio fazer uma turnê para con-vidados do consulado do Canadá. “Aí, o sis-tema teve a chance de ser usado, como euimagino que seja a grande vantagem do sis-tema line array, que é fazer um sistema re-

almente hi-fi. O som ficou baixo, porque éassim que eles concebem o som lá fora, masficou de uma qualidade absurda ali no tea-tro”, ressalta Henrique. Em seguida, o mes-mo sistema line array foi montado no Espa-ço BNDES, no Centro do Rio, no show dogrupo Farofa Carioca. Henrique ressalta

que, além de ser em um outro ambiente,diferentes daqueles anteriores, o som dabanda é mais pesado.

Depois de fazer evento corporativo,show em uma tenda na praia, apresenta-ções dentro de um teatro e de um espaçocultural, faltava mais o quê? No início deabril, a empresa foi contratada para fazer

um evento de músi-ca ao vivo com JoãoBosco e Gabriel, o Pen-sador no Plaza Shop-ping, em Niterói. Se-gundo Henrique, umdesafio e tanto. “Éuma cúpula enorme,um lugar que rever-bera, barulhento. Tí-nhamos um problemade cobertura, porqueestávamos trabalhandocom quase 280 graus,mas o equipamentofuncionou muito bem,tanto com João Boscoquanto com Gabriel,

apesar de serem dois sons completamentediferentes”, fala.

Bom investimentoE funcionou bem mesmo, a ponto de

deixar Henrique satisfeito. “Acho quenão fizemos um mau investimento”, ava-lia. Esta certeza faz com que os sócios atémesmo indiquem o sistema para outros,como fizeram recentemente com umP.A.zeiro de Volta Redonda. Outra expe-riência da Sigmatec foi a sonorização deum evento no estádio do Maracanã, nodia 11 de abril, durante a formatura decinco mil guias cívicos que irão atuarcomo voluntários durante os Jogos Pan-Americanos. O evento contou com apresença do presidente Lula e do gover-nador do estado do Rio de Janeiro, SérgioCabral. “Nesse evento, a gente tinha ou-tra situação difícil, porque o palco foimontado no fundo do campo, atrás dogol, tínhamos que fazer uma coberturatambém enorme. As 12 mil crianças fica-ram na arquibancada e tivemos que co-brir um raio de cerca de 160 graus. Semfalar da boca de cena, com cerca de 40metros de abertura. Então, optamos porfazer um sistema LCR e usar o line pen-

Line Array LAS 208 usado em evento corporativo

“A maior vantagem doequipamento nacionalé que quando pifa um

driver ou um alto-falante, posso ligar

para o meu fornecedor.Ou seja, assistênciatécnica nacional”

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durado no centro do palco, numa treliça,no centro do orbit”, explica.

Foi neste evento que a leveza doequipamento se mostrou importante.Tanto para transporte quanto para erguero equipamento, além de a montagem sermais rápida que a dos outros sistemas. Se-gundo Henrique, esse tipo de montagemsó foi possível porque o equipamento émais leve que os outros.

Outra característica importante para aSigmatec em relação ao LAS 208 é a possi-bilidade de a empresa poder desenvolver oequipamento e achar soluções junto à fa-bricante, como aconteceu quando a caixaera colocada em pé, uma em cima da ou-tra. Segundo Henrique, a frente do linenão “zerava”, fato logo comunicado à fabri-cante. “A maior vantagem do equipamen-to nacional é que quando pifa um driverou um alto-falante, posso ligar para o meufornecedor. Ou seja, assistência técnica na-cional. Esse canal de comunicação que te-mos com as indústrias brasileiras que nosdão suporte é o diferencial”, fala Henrique,ressaltando uma das vantagens de se traba-lhar com uma empresa nacional.

Qualidade SonoraQualidade e consistência. Com essas

duas palavras, Álvaro, sócio da Sigmatec,define as características do sistema linearray LAS 208. Segundo ele, o equipa-mento respondeu com qualidade sonoraem todos os eventos realizados. “Dois as-pectos: timbre e cobertura mais eficientedo que os sistemas convencionais. A altafreqüência dele é mais bem resolvida, en-tão, você faz o conjunto, a combinação dascaixas é bem mais eficiente”, fala Álvaro.

Marcos César Guirado, mais conheci-do como Kako, é diretor-técnico da Usi-na Sonora e conta que também adquiriuum line array há cerca de três meses. Se-gundo ele, em 2006, a empresa resolveuutilizar o LAS 208 em caráter experi-mental durante o Filo - Festival Interna-cional de Londrina. “Abrimos com ZéliaDuncan e fechamos com Paulinho daViola. Foram oito dias de shows. No finaldo ano passado, quando estivemos na fá-brica da empresa, conferimos as surpre-endentes LAS 208 e já sabíamos queseria uma aquisição inevitável”, ressalta.

Quando perguntado por que adquiriu osistema, Marcos cita disponibilidade, com-prometimento, respeito, responsabilidade,coragem e parceria. Segundo ele, pela pri-meira vez numa relação comercial dentrodessa área, foi convencido de que é possívelcriar, desenvolver e fazer o melhor aqui mes-mo no país. “Os elementos necessários paraque essa fórmula dê certo são, além da compe-tência, mente aberta, paixão, acreditarmosque é possível que a indústria nacional de

áudio se sobreponha aos importados e sóapostarmos em quem realmente busca fazero melhor e com seriedade”, enumera. Den-tre as características que facilitam o dia-a-dia da equipe técnica, Marcos fala dapraticidade e da eficiência. “O sistema vempronto, é só “plugar” a energia e mandar osinal, isto é um grande facilitador. É claroque cada espaço tem uma característica di-ferente e é necessário equalizar e alinhar osistema. Mas o simples fato de tudo estardentro da mais perfeita ordem de monta-gem e plugagem facilita e nos poupa tempo,tornando nossa atividade cada vez mais ágildentro do evento”, diz.

Custo-benefícioAlém das características acima mencio-

nadas, Marcos fala especialmente de umaque o surpreendeu ao adquirir o sistema.“Penso que qualidade aliada a um preço jus-to”, menciona, acrescentando que o fato deadquirir um produto e perceber que está le-vando mais do que comprou, como outrosserviços e valores agregados, o surpreendeu.“É claro que em relação ao equipamentopropriamente dito, tanto físico como acústi-co, também me surpreendem, é tudo muitobem feito, com um excelente acabamento e

LAS 208 é ideal para pequenos e médios eventos

LAS 208 em evento sonorizado pela Sigmatec

Cotempo utiliza o line array LAS 212

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“É bem mais rápida e prática, em comparação aos sistemasde fly convencionais, além de o armazenamento e otransporte serem bem otimizados. E o ponto mais

importante: a quantidade reduzida de caixas que utilizamoscom esse sistema para eventos de grande porte”

requinte de detalhes nunca vistos ou aplica-dos em outros sistemas que tenho visto poraí”, acrescenta.

Dentre os eventos realizados, Marcoscita os últimos: um show com o GrupoRoupa Nova, dentro de um evento daAvon, onde o equipamento foi utilizadoem sua formação normal - fly 06 LAS208 por lado, com os amplificadores ProPower 1402 e 6002 -, na convenção deabertura de ano do banco Real e na fábri-ca da Bombril. Pressão sonora, levando-se em consideração seu tamanho e con-figuração com os dois falantes de 8", maiso drive, facilidade na instalação e a estéti-ca são as principais características percebi-das durante a realização dos eventos.Marcos, que está na estrada há 18 anos, jáconhecia alguns equipamentos similares,mas ressalta a importância de se apostarem um produto nacional. “Valorizar o queé nosso já seria um grande passo para me-lhorarmos o segmento e o país”.

Sergio Murilo Amorim, proprietárioda Cotempo, de Florianópolis, utiliza há13 meses um sistema line array um poucomaior, o LAS 112. Já tendo realizado di-versos eventos, como os shows de IveteSangalo, Babado Novo, Rappa, CharlieBrown Junior, Jota Quest, Skank, CidadeNegra, Zezé Di Camargo e Luciano, Bru-no e Marrone, Orquestra Sinfônica deSanta Catarina e o réveillon de Floria-nópolis, Sergio acredita que, devido aoseu peso, o sistema LAS 112 torna seu dia-a-dia profissional mais fácil. “Ele se tornamais leve no seu transporte, entre o cami-nhão e o espetáculo, e em termos de som,

devido ao sistema line array ele tem umdos melhores acoplamentos”, avalia,acrescentando a claridade sonora comooutra característica que o surpreendeu.

Na fila do gargarejoCom o LAS 112, a Cotempo alcançou

um alto índice de público durante osshows desses artistas. Segundo Amorim,com o sistema conseguiu-se fazer umasonorização muito mais equilibrada e dequalidade, desde a frente do palco (gar-garejo) até as partes mais longas.

Também foram qualidade e coberturado espaço que atraíram a atenção de ElderChaves, da Multisonorização Profissional,de Camaçari, na Bahia. Para o empresário,que usa o LAS 212, o sistema line array sa-tisfez também o contratante e as bandas.“Hoje, line array é uma tendência e novi-dade no mercado, a facilidade que ele ofe-rece e o espaço reduzido no veiculo (trans-porte), e a questão espaço na montagem”,diz Elder, há dez anos no mercado.

O resultado foi comprovado em algunseventos realizado pela Multisonorização,como o Camaçari Fest – festival com di-versas bandas nacionais, tais como Jota

Quest, Paralamas, Chiclete com Banana,Cidade Negra –, e o Semana da Cultura,evento que reuniu cerca de 60 mil pessoasao ar livre apenas em um dos dias.

Outra empresa que levou em conta ocusto-benefício foi a Lumeaudio, de Ni-terói. Tocada pelos sócios Jorge André eAnthoany Lopes, a empresa também apos-ta no sistema line array LAS 212 há umano, por causa também de sua eficiênciasonora e inteligibilidade. Usados em gran-des shows e apresentações como de DuduNobre, Asa de Águia, Jammil e uma Noi-tes, Arlindo Cruz, entre outros, para JorgeAndré, que atua há 17 anos na área desonorização, a principal característica dosistema é a facilidade na montagem. “Ébem mais rápida e prática, em comparaçãoaos sistemas de fly convencionais, além deo armazenamento e o transporte serembem otimizados. E o ponto mais importan-te: a quantidade reduzida de caixas queutilizamos com esse sistema para eventosde grande porte com público superior a 30mil pessoas”, avalia.

Para Jorge André, o evento de maiorexpressão foi a festa de réveillon na praiade Icaraí, com um público estimado de50 mil pessoas. Mas a prova de fogo mes-mo foi durante uma festa rave. “O siste-ma nos deus mais confiança duranteuma festa rave, onde o equipamento to-cou durante 24 horas seguidas no limiteda potência com um programa musicalsem dinâmica alguma, com oito módulospor lado, para um público de dez mil pes-soas. Ao final do evento, não havia quei-mado nenhum transdutor”, explica.Apesar de existirem outros sistemas, Jor-ge André acredita que o LAS 212 foi amelhor relação custo-benefício que elepôde obter entre todos que havia pesqui-sado. “O atendimento pós-venda e o su-porte técnico da Attack é incomparável.E o mais importante, que muitas pessoasnão dão valor: é um equipamento nacio-nal”, entusiasma-se.

Lume Audio usou o LAS 212 durante show de Jamil