Limpeza e desinfeção de superfícies em serviços de saúde
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M.Sc. Hugo Dias Hoffmann SantosBiólogo, Doutorando em Ciências da SaúdeServiço de Controle de Infecção Hospitalar – HUJM/UFMT
Parte I – O ambiente e a transmissão de IrAS
Parte II – Classificação das áreas em serviços de
saúde
Parte III – O serviço de limpeza e desinfecção de
superfícies
Parte IV – Produtos saneantes
Parte V – Limpeza e desinfecção de superfícies
Parte I
O ambiente e a transmissão de IrAS
• O ambiente em serviços de saúde pode atuar como
fonte de recuperação de patógenos potencialmente
causadores de IrAS.
• Superfícies apenas limpas conseguem reduzir em
cerca de 80% o número de microrganismos.
• Superfícies limpas e desinfetadas conseguem
reduzir em cerca de 99% o número de
microrganismos.
• As superfícies carreiam um risco mínimo de
transmissão direta de infecção, mas pode contribuir
para a contaminação cruzada secundária, por meio
das mãos dos profissionais de saúde ou de
instrumentos ou produtos que poderão ser
contaminados ao entrar em contato com essas
superfícies.
• Mãos dos profissionais de saúde em contato com
superfícies.
• Falha na utilização de técnicas básicas pelos
mesmos.
• Manutenção de superfícies úmidas, molhadas ou
empoeiradas.
• Condições precárias de revestimento.
• Manutenção de matéria orgânica.
FATORES QUE FAVORECEM A CONTAMINAÇÃO DO
AMBIENTE DE SERVIÇOS DE SAÚDE
TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE MICRORGANISMOS NO
AMBIENTEROTAVÍRUS (>12 dias)
Umas das principais causas de diarreia grave em
lactentes e crianças jovens (gastroenterite).
Candida spp. (48 horas)
Umas das principais causas de IPCS e ITU.
HIV vírus (3 dias)
Síndrome da imunodeficiência adquirida.
Hepatite vírus (7 dias)
Doença infecciosa que causa inflamação do fígado
etc.
A presença de sujidades, principalmente matéria
orgânica humana, pode servir de substrato para a
proliferação de microrganismos ou favorecer a
presença de vetores.
• Maior causa de IrAS, afeta 2 milhões de pacientes no
mundo e tem causado 90.000 mortes anualmente.
• Forma biofilme em cateteres e tubos de ventilação
mecânica, mas também em superfícies do leito do
paciente.
• Os biofilmes protegem estas bactérias dos
quimioterápicos e permitem a troca de informações
genéticas entre cepas para a aquisição de
mecanismos de resistência aos ATM.
Parte II
Classificação das áreas em serviços de saúde
• As áreas são classificadas em relação ao risco de
transmissão de infecções com base nas atividades
realizadas em cada local.
• O objetivo desta classificação é orientar o processo
de limpeza e desinfecção de superfícies para que
esteja adequado ao risco.
• As áreas são classificadas em:
• CRÍTICAS
• SEMICRÍTICAS
• NÃO CRÍTICAS
ÁREAS CRÍTICAS
Ambientes onde existe risco aumentado de
transmissão de infecção, onde se realizam
procedimentos de risco, com ou sem pacientes
imunodeprimidos. • CC
• UTI
• GO
• Laboratório
• Banco de sangue
• Transplante
• Un. Queimados
• Isolamentos
• CME
• Área suja
lavanderia
ÁREAS SEMICRÍTICAS
Ambientes ocupados por pacientes com doenças
infecciosas de baixa transmissibilidade (H5N1) e
doenças não infecciosas (diabetes, hipertensão etc.).
• Enfermarias
• Apartamentos
• Ambulatórios
• Banheiros
• Posto de
Enfermagem
• Corredores
• Elevadores
ÁREAS NÃO CRÍTICAS
Todos os demais ambientes não ocupados por
pacientes e onde não se realizam procedimentos de
risco.
• Vestiário
• Copa
• Administração
• Repousos
• Almoxarifado
• Secretaria
• Sala de costura
• Recepção
Parte III
O serviço de limpeza e desinfecção de superfícies
• A limpeza e desinfecção de superfícies (LDS) em
serviços de saúde são elementos primários e eficazes
nas medidas de controle para romper a cadeia
epidemiológica das infecções.
• A LDS visa garantir aos usuários uma permanência
em local limpo e em ambiente seguro (menor carga
de contaminação possível).
• O serviço de LDS compreende a limpeza, desinfecção
e conservação das superfícies fixas e equipamentos
permanentes das diferentes áreas do ambiente
hospitalar.
SUPERFÍCIES EM AMBIENTE HOSPITALAR
• Mobiliários
• Pisos
• Paredes
• Divisórias
• Portas
• Maçanetas
• Tetos
• Janelas
• Equipamentos
• Bancadas
• Pias
• Macas
• Suporte para soro
• Balança
• Computadores
• Sanitários
• Ventiladores
• Exautores
• Luminárias
• Bebedouros
• Telefones
FUNÇÕES DO SERVIÇO DE LDS
• Prevenir a deterioração de superfícies, objetos e
materiais.
• Promover conforto e segurança ao paciente e
funcionários.
• Reduzir a carga microbiana do ambiente.
• Impedir o surgimento de biofilmes (fonte de
recuperação de agentes infecciosos).
• Quebrar a cadeia epidemiológica de transmissão
cruzada.
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A LDS
• Frequente higienização das mãos.
• Não utilizar adornos.
• Cabelos presos; unhas limpas, aparadas e sem
esmalte.
• Uso de EPI’s.
• Não varrer superfícies a seco (favorece
dispersão). Utilizar a varredura úmida (MOPS).
• Desinfetantes apenas para superfícies com
matéria orgânica ou quando indicado pela CCIH.
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A LDS
• Todos os saneantes devem possuir registro na
ANVISA.
• A CCIH deve auxiliar o serviço de LDS na escolha
dos saneantes a serem adquiridos.
• Controle de materiais para atender a necessidade
do setor.
• Todos os equipamentos devem ser limpos após o
termino da jornada de trabalho.
• Sinalizar os corredores (placas sinalizadoras),
deixando área livre para o trânsito de pessoal.
Parte IV
Produtos saneantes
• Para que a limpeza atinja seus objetivos, torna-se
imprescindível a utilização de produtos
saneantes, como sabões e detergentes na
diluição recomendada.
• Em locais onde há presença de matéria orgânica,
torna-se necessária a utilização de outra
categoria de produtos saneantes, que são os
desinfetantes.
RDC ANVISA n.° 184, 22/10/2001
Produtos saneantes são substâncias ou
preparações destinadas a limpeza,
desinfecção, desinfestação,
desodorização/odorização de ambientes
domiciliar, coletivos e/ou públicos, para
utilização por qualquer pessoa, para fins
domésticos, para aplicação e manipulação por
pessoas ou entidades especializadas, para fins
profissionais.
Risco 1: pH > 2 < 11,5
Risco 2: pH ≤ 2 ≥ 11,5 (corrosivo)
O RÓTULO DO PRODUTO SANEANTE DEVE
CONTER:
• Nome do produto.
• Modo de utilização.
• Tempo de contato do produto para o efeito
esperado.
• Precauções de uso quanto à toxicidade.
• Necessidade de EPI’s.
• Restrições de uso.
• Composição do produto.
O RÓTULO DO PRODUTO SANEANTE DEVE
CONTER:
• Teor do princípio ativo descrito em percentagem
(%).
• Frases relacionadas ao risco do produto.
• Prazo de validade.
• Data de fabricação.
• Lote e volume.
• Nome da empresa fabricante, endereço, CNPJ.
• Responsável técnico com respectivo conselho de
classe.
PRODUTOS UTILIZADOS NA LIMPEZA DE
SUPERCÍCIES
SABÃO
Produto para lavagem e limpeza doméstica,
formulado à base de sais alcalinos de ácidos graxos
associados ou não a outros tensoativos (ou surfactantes,
são substâncias que diminuem a tensão superficial ou influenciam a
superfície de contato entre dois líquidos, serve para manter a
emulsão – mistura entre dois líquidos imiscíveis).
É o produto da reação natural por saponificação de
um álcali (hidróxido de sódio ou potássio) e uma
gordura vegetal ou animal.
DETERGENTES
Possuem efetivo poder de limpeza, principalmente
pela presença do surfactante em sua composição. O
surfactante modifica as propriedades da água,
diminuindo a tensão superficial, facilitando a sua
penetração nas superfícies, dispersando e
emulsificando a sujidade.
O detergente tem a função de remover tanto sujeiras
hidrossolúveis quanto aquelas não solúveis em água.
PRODUTOS UTILIZADOS NA LIMPEZA DE
SUPERCÍCIES
PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE
SUPERCÍCIES
ÁLCOOL
Características:Bactericida, virucida e
fungicida. Fácil aplicação e ação imediata.
Indicação: Mobiliário em geral
Mecanismo de ação:
Desnaturação de proteínas da parede celular
microbiana.
Desvantagens:Inflamável, volátil, opacifica acrílico, resseca plásticos,
borracha e pele.
Concentração de uso:
60 a 90% em solução de água
PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE
SUPERCÍCIESLIBERADORES DE CLORO ATIVO – INORGÂNICOS
(HIPOCLORITO DE SÓDIO)
Características:
Bactericida, virucida e fungicida. Fácil aplicação e
ação imediata. Ação rápida e baixo custo.
Indicação: Desinfecção de superfícies fixas
Mecanismo de ação:
Não elucidado.
Desvantagens:
Instável (afetado pela luz solar, temperatura >25°C e pH
ácido). Inativo na presença de matéria orgânica; corrosivo
para metais; causa irritabilidade aos olhos.
Concentração de uso:
Desinfecção 0,02 a 1,0%
PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE
SUPERCÍCIES
LIBERADORES DE CLORO ATIVO – ORGÂNICOS(ÁCIDO DICLOROISOCIANÚRICO)
Características:
Bactericida, virucida e fungicida. Fácil aplicação e ação imediata. Mais estável
que o cloro inorgânico.
Indicação: Descontaminação de superfícies
Mecanismo de ação:
Não elucidado.
Desvantagens: Não conhecido
Concentração de uso:
1,9 a 6,0% com tempo de ação conforme comprovado
pelo fabricante.
PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE
SUPERCÍCIESOXIDANTES
(ÁCIDO PERACÉTICO)
Características:Bactericida, virucida e fungicida.
Ação imediata. É efetivo em presença de matéria orgânica.
Indicação: Desinfecção de superfícies fixas
Mecanismo de ação:
Desnaturação das proteínas da parede celular microbiana
Desvantagens:
Instável quando diluído, corrosivo para metais (cobre, latão, bronze,
ferro galvanizado). Atividade reduzida pela modificação do pH.
Causa irritação para os olhos e para o trato respiratório.
Concentração de uso:
0,5%. Tempo de contato conforme indicado no rótulo.
Parte V
Limpeza e desinfecção de superfícies
Remoção das sujidades depositadas nas superfícies
inanimadas utilizando-se meios mecânicos (fricção),
físicos (temperatura) ou químicos (saneantes) em um
determinado período de tempo.
LIMPEZA
LIMPEZA
CONCORRENTE
LIMPEZA TERMINAL
Processo de limpeza
realizado diariamente em
todas as unidades
hospitalares.
Processo de limpeza mais
completo incluindo
superfícies horizontais e
verticais.
Visa organizar o ambiente, repor os materiais
de consumo diário (sabonete líquido, papel
toalha, papel higiênico etc) e recolher os
resíduos de acordo com sua classificação
(infectante ou comum).
Merece maior atenção a limpeza das
superfícies horizontais que tenham maior
contato com as mãos do paciente e das
equipes, tais como maçanetas das portas,
interruptores de luz, grades das camas etc. É
responsabilidade da equipe de Enfermagem a
limpeza e desinfecção do mobiliário do
paciente.
LIMPEZA CONCORRENTE
LIMPEZA CONCORRENTE
Trata-se de uma limpeza mais completa,
incluindo todas as superfícies horizontais e
verticais, internas e externas. É realizada na
unidade do paciente após alta hospitalar,
transferências, óbitos ou nas internações de
longa duração (programadas a cada 15 em
áreas críticas e 30 dias em áreas semicríticas).
As paredes devem ser limpas de cima para
baixo e o teto deve ser limpo em sentido
unidirecional. Em casos de surtos recomenda-
se o uso de desinfetantes em todo setor.
LIMPEZA TERMINAL
É importante o estabelecimento de um
cronograma com a definição da periodicidade
da limpeza terminal com data, dia da semana
e horários, conforme a criticidade das áreas,
que deve ser confirmada com assinatura do
chefe dos setores envolvidos.
LIMPEZA TERMINAL
TÉCNICA DE DOIS BALDES
1. VARREDURA ÚMIDA
Varredura úmida: Remover o pó e
possíveis detritos soltos no chão (recolhidos
no próprio ambiente com pá), fazendo uso
de pano úmido e rodo. A limpeza deve ser
iniciada pelos cantos. (Água | Água)
Ensaboar: Ação de fricção com sabão ou
detergente sobre a superfície com finalidade
de remoção de toda sujidade. (Água | Sabão
ou detergente).
Enxaguar e Secar: Tem a finalidade
de remover o sabão ou detergente. (Água +
Água).
Processo químico ou físico que destrói todos
os microrganismos patogênicos de objetos
inanimados e superfícies, com exceção de
esporos bacterianos.
DESINFECÇÃO
Ocorre quando estas bactérias estão em ambiente que ameaçam a sua sobrevivência, que não tem nutrientes suficientes para que cresçam e se reproduzam.
É utilizado após a limpeza de uma superfície
que teve contato com matéria orgânica
(sangue, fezes, urina, vômito, escarro etc.).
DESINFECÇÃO
SUJIDADE REMOÇÃ
O
LIMPEZ
A
DESINFECÇ
ÃO
1 2 3 4
LIMPEZA DE SUPERFÍCIE SEM PRESENÇA DE MATÉRIA
ORGÂNICA
LIMPEZA DE SUPERFÍCIE COM PRESENÇA DE MATÉRIA
ORGÂNICA
LIMPEZA E DESINFECÇÃO EM SERVIÇOS DE SAÚDE
Outros equipamentos são detalhados no manual da ANVISA.