LÍDICE DA MATA
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SENADORALDICE DA MATA
BRASLIADF
SENADORALDICE DA MATA
SENADO FEDERAL
GABINETE DA SENADORA LDICE DA MATAAla Senador Teotnio Vilela, n 15, Anexo II
Senado FederalCEP 70165-900 Braslia/DF
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SENADO FEDERAL
Senadora LDicE DA MAtA
Carlos Marighella100 Anos de Nascimento
BRASLIA DF
Carlos Marighella 100 Anos de Nascimento 3
ApReSentAo
Esta publicao uma contribuio s comemoraes do cen-tenrio de nascimento do lder revolucionrio carlos Marighella, no momento em que cresce no Brasil um amplo movimento de reconhecimento histrico da sua importncia para a redemocrati-zao do pas.
Encerrando uma srie de eventos comemorativos em mbito nacional, no dia 5 de dezembro de 2011, em que completaria seu centenrio, carlos Marighella teve a anistia post mortem aprova-da pela unanimidade dos conselheiros da comisso Nacional de Anistia, reunida no teatro Vila Velha, em Salvador.
Em nome do Estado brasileiro, o vice-presidente da comisso, Egmar Jos de Oliveira, pediu profundas desculpas ao filho carlos Marighella e viva clara charf pela perseguio poltica de duas ditaduras que levou Marighella a ser preso e torturado e cassa-o do mandato de deputado federal na Era Vargas.
Na emocionante sesso, em que estiveram presentes, entre outras autoridades, o Governador da Bahia, Jaques Wagner, o ex--Governador Waldir Pires, a Deputada Janete capiberibe (AP), o Deputado Federal Emiliano Jos, autor da biografia de Marighella, e o presidente do Grupo tortura Nunca Mais, Joviniano Neto, com-pus a mesa de abertura ao lado do colega de partido, o tambm Senador Joo capiberibe (AP), que atuou como testemunha no jul-gamento.
independente de julgamentos e das prticas polticas que de-fendeu, Marighella destacou-se e transcendeu seu tempo pela luta que empreendeu, no hesitando em doar a prpria vida em busca da concretizao de um ideal de liberdade. Liberdade, entendida como satisfao plena das necessidades humanas.
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Esta homenagem torna-se, portanto, indispensvel, no s pela identidade que eu e Marighella temos em comum em relao luta pela liberdade; assim como pelo meu compromisso em des-tacar a importncia de sua companheira de militncia Ana Mon-tenegro, de meu pai, Aurlio, de carlinhos Marighella e de todos os seus familiares como personagens relevantes na trajetria deste grande homem.
Um cordial abrao,
Sensadora ldice da mata
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Discurso Proferido pela Senadora Ldice da Mata no dia 8 de novembro
de 2011, no Plenrio do Senado Federal
No dia 4 de novembro foi realizado um ato pblico, no cemi-trio das Quintas dos Lzaros, em Salvador, dando incio s come-moraes do centenrio de carlos Marighella e do lanamento da campanha pela construo do Memorial Marighellavive, na Bahia. A homenagem, promovida por familiares e ex-companheiros, com apoio da comisso de Anistia e do Grupo tortura Nunca Mais/BA, reuniu personalidades polticas, intelectuais, artistas e represen-tantes de entidades e movimentos sociais.
As comemoraes prosseguem no prximo dia 5 de dezem-bro, data em que Marighella completaria 100 anos. Nesse dia a co-misso de Anistia estar na Bahia para a realizao de uma sesso simblica no teatro Vila Velha, oportunidade em que, em nome do Estado, ser feito o pedido de desculpa formal aos familiares do homenageado.
Esses acontecimentos revestem-se de grande relevncia por-que esclarecem fatos e circunstncias, contribuindo para que a his-tria seja recontada como realmente aconteceu, e isso que todos ns queremos.
Nascido em Salvador em 5 de dezembro de 1911, filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos hausss, Ma-righella, ainda adolescente, j questionava criticamente o capi-talismo, sistema que ele identificava como responsvel pelas desi-gualdades, injustias e demais mazelas sociais. Da o seu despertar para o engajamento nas lutas sociais, dando incio a uma trajet-ria revolucionria que no teria retorno. Muitos anos depois es-
creveria: "como homem do povo, escolhi cedo o caminho, que s podia ser o da luta pela liberdade".
Em 1929, aos 18 anos, inicia o curso de engenharia civil na an-tiga Escola Politcnica da Bahia, e em 1932 ingressa na Juventude comunista. Nesse ano, participa de manifestaes contra o regime autoritrio implantado pela Revoluo de 1930, e escreve e divul-ga um poema ridicularizando o interventor da Bahia, Juracy Ma-galhes. Em consequncia, pela primeira vez, preso e espancado, por determinao expressa do interventor.
Em 1936, abandonou o curso de engenharia e mudou-se para So Paulo por exigncia da direo do PcB, com a tarefa de re-organizar o partido, que havia sido duramente reprimido aps o fracasso da chamada intentona comunista de 1935. No dia 1o de maio de 1936, preso pela segunda vez e durante 23 dias foi bru-talmente torturado, permanecendo encarcerado por um ano sem que houvesse qualquer condenao formal contra ele.
Libertado, em 1937, pela anistia assinada pelo ministro Mace-do Soares, quatro meses depois volta a atuar na clandestinidade devido ao golpe de Getlio Vargas que instaura o Estado Novo. At 1939, quando mais uma vez preso e torturado, dedica-se reestruturao do partido e ao combate ditadura Vargas. Nos seis anos seguintes, Marighella encarcerado nos presdios de Fer-nando de Noronha e ilha Grande.
Anistiado, em abril de 1945, participa ativamente do processo de redemocratizao do pas. com a deposio de Getlio, so convocadas eleies gerais, o PcB legalizado e ele eleito de-putado federal constituinte, com expressiva votao, pelo estado da Bahia. Na cmara dos Deputados, tem uma atuao marcante, despontando como um dos mais combativos parlamentares da-quela legislatura.
Em menos de dois anos proferiu cerca de duzentos discursos, quase sempre em defesa da soberania nacional, das causas oper-rias e de denncias das pssimas condies de trabalho e aviltan-tes salrios a que eram submetidos os trabalhadores brasileiros, enfatizando o regime de explorao e a desumana carga horria praticada em alguns setores, a exemplo das mulheres da indstria
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fumageira do Recncavo Baiano, que eram obrigadas a uma jorna-da de trabalho de at 15 horas, inclusive aos domingos e feriados.
Em decorrncia da anulao do registro do PcB, em 1947, e da cassao dos mandatos dos deputados comunistas no incio de 1948, s restou a Marighella o retorno clandestinidade. Na dca-da de 1950, participa das campanhas populares em defesa do mo-noplio estatal do petrleo, contra o envio de soldados brasileiros coreia, organiza a greve geral "dos cem mil", em 1953, e visita a china Popular e a Unio Sovitica. E, tambm nesse perodo, d incio, com a publicao de Alguns aspectos da renda da terra no Brasil, a uma srie de ensaios sobre a questo agrria brasileira.
com a eleio e posse de Juscelino Kubitschek, em 1956, o pas experimentou um perodo de estabilidade poltica somente inter-rompida pelas revoltas militares de Jacareacanga e Aragaras, o que possibilitou ao PcB atuar sem ser reprimido. Sucedendo Jusce-lino, assume Jnio Quadros a Presidncia da Repblica, qual sete meses depois renuncia, o que provoca a maior crise poltico-militar do perodo republicano. contra a vontade dos militares, o vice--presidente Joo Goulart toma posse. Em 31 de maro de 1964 deflagrado o golpe militar que instala um regime autoritrio que se prolongaria por mais de vinte anos (1964-1985).
imediatamente aps o golpe, foi desencadeada uma brutal represso contra grupos e organizaes controladas pelas esquer-das, a exemplo do cGt, da Unio Nacional dos Estudantes (UNE), das Ligas camponesas e de grupos catlicos como a Juventude Universitria catlica (JUc) e a Ao Popular (AP). Milhares de pes-soas so presas ilegalmente e a tortura comea a ser aplicada aos prisioneiros polticos.
Entre 1965 e 1966 escreve e publica os livros Por que resisti priso e A Crise Brasileira. Nesse ltimo, analisa criticamente a posio do PcB frente ditadura e defende a opo pela luta ar-mada, baseada na aliana operrio-camponesa.
ignorando a orientao do PcB, em 1967, Marighella viaja a cuba para participar da conferncia da Organizao Latino-Ame-ricana de Solidariedade OLAS. Via telegrama, o partido desau-toriza sua participao e o ameaa de expulso. Marighella envia
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carta ao comit central rompendo com o PcB e declarando que ningum precisa pedir licena para praticar atos revolucionrios. Retorna ao Brasil e funda a Aliana Libertadora Nacional ALN. Outros militantes do PcB abandonam o partido e aderem pro-posta de Marighella. inicia-se, ento, a luta armada contra a dita-dura.
capturar Marighella, vivo ou morto, tornou-se, ento, uma questo de mxima prioridade para o regime militar. Mais ainda, tornou-se uma questo de "honra". cartazes de "Procurados" fo-ram espalhados por todo o Brasil e sua perseguio envolveu toda a estrutura dos rgos de represso, at seu assassinato em 4 de novembro de 1969, na Alameda casa Branca, na capital paulista.
com o advento da Lei de Anistia em 1979, os restos mortais de Marighella so levados para Salvador e sepultados em um tmulo projetado por Oscar Niemeyer. Nesse ato uma comovente mensa-gem de Jorge Amado, tambm integrante da bancada comunista de 1946, lida para uma multido de baianos presentes ao cemi-trio. reproduzida na ntegra a seguir:
Sarav, Carlos!
Chegas de longa caminhada a este teu cho natal, territrio de tua infncia e adolescncia. Vens de um si-lncio de dez anos, de um tempo vazio, quando houve espao e eco apenas para a mentira e a negao. Quan-do te vestiram de lama e sangue, quando pretenderam te marcar com o estigma da infmia, quando preten-deram enterrar na maldio tua memria e teu nome. Para que jamais se soubesse da verdade de tua gesta, da grandeza de tua saga, do humanismo que coman-dou tua vida e tua morte. Trancaram as portas e as jane-las para que ningum percebesse tua sombra erguida, nem ouvisse tua voz, teu grito de protesto.
Para que no frutificasses, no pudesses ser alento e esperana. Escreveram a histria pelo avesso para que
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ningum soubesse que eras po e no erva daninha, que eras vozeiro de reivindicaes e no pragas, que eras poeta do povo e no algoz. Cobriram-te de infmia para que tua presena se apagasse para sempre, nunca mais fosse lembrada, desfeita em lama.
Esquartejaram tua memria, salgaram teu nome em praa pblica, foste proibido em teu pas e entre os teus. Dez anos inteiros, ferozes, de calnia e dio, na tentati-va de extinguir tua verdade, para que ningum pudesse te enxergar. De nada adiantou tanta vileza, no passou de tentativa v e malograda, pois aqui ests inteiro e lmpido. Atravessaste a interminvel noite da mentira e do medo, da desrazo e da infmia, e desembarcas na aurora da Bahia, trazido por mos de amor e de amiza-de. Aqui ests e todos te reconhecem como foste e sers para sempre: incorruptvel brasileiro, um moo baiano de riso jovial e corao ardente. Aqui ests entre teus amigos e entre os que so tua carne e teu sangue. Vie-ram te receber e conversar contigo, ouvir tua voz e sen-tir teu corao. Tua luta foi contra a fome e a misria, sonhavas com a fartura e a alegria, amavas a vida, o ser humano, a liberdade. Aqui ests, plantado em teu cho e frutificars. No tiveste tempo para ter medo, vences-te o tempo do medo e do desespero. Antonio de Castro Alves, teu irmo de sonho, te adivinhou num verso: "era o porvir em frente do passado. Ests em tua casa, Carlos; tua memria restaurada, lmpida e pura, feita de verda-de e amor. Aqui chegaste pela mo do povo. Mais vivo que nunca, Carlos".
Jorge Amado, 10 de dezembro de 1979
Atualmente, cresce no Brasil um amplo movimento de reconhe-cimento histrico, que atribui a Marighella papel importante para a redemocratizao do pas. Nessa conjuntura foi recentemente lanada a campanha Pr-Memorial Marighellavive, que pretende levantar recursos para construir em Salvador um memorial dedica-do difuso do seu pensamento poltico.
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Por tudo isso, celebrar a memria de carlos Marighella, nestes quarenta anos que nos separam da sua covarde execuo, rea-firmar o compromisso com a marcha do Brasil e da Nuestra Ameri-ca rumo realizao da nossa vocao histrica para a liberdade, para a igualdade social e para a solidariedade entre os povos. ce-lebrando a memria de carlos Marighella, abrimos o dilogo com as novas geraes garantindo-lhes o resgate da verdade histrica. Reverenciando seu nome e sua luta, afirmamos nosso desejo de que nunca mais a violncia dos opressores possa se realimentar da impunidade. carlos Marighella est vivo na nossa memria e nas nossas lutas.
Muito obrigada.
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AgenDA De HomenAgenS peLo CentenRIo De mARIgHeLLA
Dia 4-11-11 Ato no local de sua morte, na Alameda Casa Branca, So paulo/Sp
Ex-companheiros de carlos Marighella (ALN) prestaram homena-gem em memria ao seu assassinato, em 1969, pelas foras milita-res. Alm das flores diante de uma pedra que marca o local exato da morte, militantes fizeram uma troca simblica das placas da Alameda casa Branca para Alameda carlos Marighella. A ex-companheira de Marighella, clara charf, esteve presente no ato.
Dia 8-11-11 Ato pblico no Cemitrio Quinta dos Lzaros, em Salvador/BA
No dia 4 de novembro foi realizado um ato pblico, no cemi-trio das Quintas dos Lzaros, em Salvador, dando incio s come-moraes do centenrio de carlos Marighella e do lanamento da campanha pela construo do Memorial Marighella-vive, na Bahia. A homenagem, promovida por familiares, ex-companheiros, com apoio da comisso de Anistia e do Grupo tortura Nunca Mais/BA, reuniu personalidades polticas, intelectuais, artistas e representan-tes de entidades e movimentos sociais.
Dias 5 e 6-12-11 53a Caravana da Anistia, Salvador/BA
A comisso de Anistia do Ministrio da Justia aprovou, por unanimidade, o processo de anistia poltica do militante poltico
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carlos Marighella, morto em 1969 por agentes da Ditadura Militar. Na sesso aberta ao pblico, no teatro Vila Velha, em Salvador, os conselheiros da comisso seguiram o voto da relatora Ana Guedes.
Dia 5-12-11 exibio doDocumentrio Marighella, Salvador/BA
Exibio do documentrio Marighella, de isa Ferraz, em sesso especial no Espao cultural Unibanco. isa Grispum Ferraz sobri-nha do guerrilheiro.
Dia 5-12-11 Inaugurao deplaca na UFBA, Salvador/BA
A Associao dos Professores Universitrios da Bahia inaugurou uma placa em sua sede em homenagem a Marighella, que estudou engenharia civil na UFBA.
Dia 5-12-11 Ato pelo centenrio de nascimento de Carlos marighella, So paulo/Sp
Militantes de diversos grupos polticos, admiradores e ami-gos comemoraram no Auditrio da Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima, em So Paulo, o centenrio de nascimento do revolucionrio carlos Marighella, assassinado em 1969, por agentes da ditadura militar. O evento contou com exibio de vdeos sobre sua vida, depoimentos sobre sua militncia, leitu-ras de textos e poesias de seu livro Rond da Liberdade e apre-sentao musical.
Dia 15-12-11 Lanamento do Ano marighella,Rio de Janeiro/RJ
A Associao Brasileira de imprensa ABi sediou o lanamen-to do Ano Marighella, em comemorao ao centenrio de nas-cimento de carlos Marighella. Para resgatar a memria do guer-
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rilheiro sero realizados ao longo do ano seminrios, debates, palestras e exposies.
Durante a solenidade foi exibido o documentrio Carlos Mari-ghella Quem samba fica, quem no samba vai embora, do cine-asta carlos Pronzato, que rene depoimentos sobre a trajetria do revolucionrio brasileiro.
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gALeRIA De FotoS
Senador Joo Capiberibe, Senadora Ldice da Mata e a Deputada Federal Janete Capiberibe
Senadora Ldice da Mata e Senador Joo Capiberibe com autoridades e polticos da Bahia
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Governador da Bahia, Jaques Wagner, e a viva de Marighella, Sra. Clara Charf
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Governador Jaques Wagner, Sra. Clara Charf, viva de Marighella, Fernando Schmidt, Domingos Leonelli,
secretrios do Governo da Bahia
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