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LIDERANÇA: IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS SOBRE O POTENCIAL CRIATIVO DAS PESSOAS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Letrícia Rodrigues da Silva Souza * Resumo Em um mundo moderno, repleto de constantes mudanças, o conhecimento é uma das fontes essenciais de garantir a competitividade e o desenvolvimento das forças produtivas. As empresas de sucesso passam a exigir dos seus líderes, competência técnica e competência interpessoal. Neste sentido, torna-se essencial a discussão sobre o papel do líder nas organizações. O objetivo deste trabalho consistiu em analisar os impactos que a liderança gera sobre o potencial criativo das pessoas dentro das organizações. Para tanto utilizou-se do estudo de obras bibliográficas na área em questão, onde foi possível observar que a liderança gera tanto impactos positivos quanto negativos sobre o seus colaboradores. Palavras-chave: Liderança. Motivação. Criatividade. INTRODUÇÃO A globalização gerou impactos significativos no âmbito organizacional. O aumento da competitividade vem promovendo importantes mudanças na estrutura dos mercados de produção e consumo. Uma nova economia se forma: a “economia do conhecimento”, onde cada vez mais, as empresas passam a exigir de seus colaboradores conhecimentos e habilidades. Para Castells (1999) estamos em uma nova forma de organização social, caracterizada pela globalização das atividades econômicas, por sua forma de organização em redes, pela flexibilidade, insegurança e individualização da mão-de-obra. Neste contexto, as empresas para sobreviverem no mercado, aumentam as suas exigências em relação aos seus colaboradores. Destaca-se aqui, o papel do líder, ou também conhecido como Gestor de Pessoas. Tais profissionais, para atender a demanda das empresas precisam aliar competência técnica e competência interpessoal. Enquanto a primeira diz respeito ao saber fazer, a segunda está ligada à capacidade de lidar com pessoas, destacando assim, a importância da liderança, motivação e trabalho em equipe. * Graduada em Ciências Econômicas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Gestão Organizacional e Desenvolvimento de Talentos Humanos pela Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail [email protected]

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LIDERANÇA: IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS SOBRE O POTENCIAL CRIATIVO DAS PESSOAS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Letrícia Rodrigues da Silva Souza*

Resumo Em um mundo moderno, repleto de constantes mudanças, o conhecimento é uma das fontes essenciais de garantir a competitividade e o desenvolvimento das forças produtivas. As empresas de sucesso passam a exigir dos seus líderes, competência técnica e competência interpessoal. Neste sentido, torna-se essencial a discussão sobre o papel do líder nas organizações. O objetivo deste trabalho consistiu em analisar os impactos que a liderança gera sobre o potencial criativo das pessoas dentro das organizações. Para tanto utilizou-se do estudo de obras bibliográficas na área em questão, onde foi possível observar que a liderança gera tanto impactos positivos quanto negativos sobre o seus colaboradores. Palavras-chave: Liderança. Motivação. Criatividade. INTRODUÇÃO

A globalização gerou impactos significativos no âmbito organizacional. O aumento da

competitividade vem promovendo importantes mudanças na estrutura dos mercados de produção

e consumo. Uma nova economia se forma: a “economia do conhecimento”, onde cada vez mais,

as empresas passam a exigir de seus colaboradores conhecimentos e habilidades.

Para Castells (1999) estamos em uma nova forma de organização social, caracterizada

pela globalização das atividades econômicas, por sua forma de organização em redes, pela

flexibilidade, insegurança e individualização da mão-de-obra.

Neste contexto, as empresas para sobreviverem no mercado, aumentam as suas

exigências em relação aos seus colaboradores. Destaca-se aqui, o papel do líder, ou também

conhecido como Gestor de Pessoas. Tais profissionais, para atender a demanda das empresas

precisam aliar competência técnica e competência interpessoal. Enquanto a primeira diz respeito

ao saber fazer, a segunda está ligada à capacidade de lidar com pessoas, destacando assim, a

importância da liderança, motivação e trabalho em equipe.

* Graduada em Ciências Econômicas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Gestão Organizacional e Desenvolvimento de Talentos Humanos pela Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail [email protected]

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No âmbito organizacional, a Gestão de Pessoas passa a ser um grande diferencial

competitivo, uma vez que, hoje a preocupação das organizações com a motivação de seus

colaboradores cresce consideravelmente. As organizações se empenham em fazer com que as

pessoas permaneçam na empresa por um longo prazo, assim como, passam a reconhecer que a

motivação está diretamente ligada ao aumento da criatividade, produtividade e

conseqüentemente ao lucro.

Desta forma, é fundamental que uma empresa invista em pessoas. Destacando, portanto,

o papel do líder. Como tal cabe a ele motivar, fazendo com que cada membro de sua equipe de

trabalho, desperte individualmente seu motivo para gerar uma ação, construindo uma equipe

voltada para solucionar os problemas ou desafios organizacionais de forma criativa, caminhando

para o resultado desejado.

Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar os impactos positivos e negativos que a

liderança gera sobre o potencial criativo das pessoas dentro das organizações. Para tanto, será

realizado um estudo teórico de assuntos como liderança e criatividade, para posteriormente

realizar a análise de seus impactos sobre a criatividade das pessoas no contexto organizacional.

2. CONCEITO DE LIDERANÇA

Segundo Drucker (1967) liderar é ter imaginação, conhecimento e inteligência, e

somente sua eficácia, poderá converter estas qualidades em resultados. Quando se trata de

liderança, tem-se uma série de conotações e percepções, que resultam em inúmeros conceitos

diferentes, uma vez que a palavra liderança reflete conceitos diversos em diferentes pessoas

(BERGAMINI, 1994).

Liderança significa um processo de influenciar as atividades individuais e grupais de

forma a atingir o resultado esperado. Ressaltando, que a liderança é uma competência de caráter

relacional, ou seja, pressupõem uma relação entre duas ou mais pessoas, fundamentada no

exercício da influência. A regra é despertar o desejo, o interesse e o entusiasmo no outro, a fim

de que este passe a adotar comportamentos ou cumpra tarefas, visando atingir os objetivos

identificados como sendo o bem comum.

Conforme Predebon (1999) os líderes são agentes de mudança, pelas suas capacidades

de fazerem as coisas acontecerem. O líder é responsável em catalizar as energias de um grupo

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para a conquista e superar desafios. Um verdadeiro líder é capaz de perceber a necessidade do

grupo e responder adequadamente a ela, sendo considerado símbolo do desejo coletivo.

Porém, vale ressaltar, que a formação de um líder se faz ao longo de uma história de

vida, implica em conhecimentos, em aprendizados contínuos. No âmbito organizacional é

fundamental que os líderes desenvolvam as competências para atuar de forma a garantir o

sucesso do negócio em que trabalha, que participem ativamente, assumam responsabilidades e

riscos, sendo eternos aprendizes e mestres. Os verdadeiros líderes são aqueles que conseguem

associar senso inovador e visão de negócios.

Liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas, porém sempre

haverá duas dinâmicas em jogo: tarefa e relacionamento. Um bom líder é aquele capaz de

contribuir com as outras pessoas, que seja capaz de conhecer suas necessidades individuais, olhar

seus objetivos e desempenho. Para tanto, é necessário estabelecer uma comunicação eficaz,

desenvolver um bom trabalho em equipe e auto desenvolvimento, além de contribuir para o

desenvolvimento dos outros.

Sendo assim, a chave do sucesso da liderança é executar as tarefas enquanto se

constroem bons relacionamentos. O líder precisa saber perceber as motivações dos colaboradores

e expectativas destes, no ambiente de trabalho, saber trabalhar com as diferenças motivacionais

de cada um, compreendendo o estilo próprio de cada colaborador (BERGAMINI, 1994).

Liderar uma equipe implica em conhecimentos e habilidades para que se possa

identificar em cada colaborador individualmente e na equipe como um todo, tanto pontos fortes

assim como pontos fracos e oportunidades.

Cada pessoa é diferente entre si, na maneira de pensar, agir, e expressar seus

sentimentos e emoções. Existem diversos fatores que podem influenciar no estado físico e

psicológico dos seres humanos. Tais fatores impactam diretamente no desempenho do trabalho

dessa pessoa e conseqüentemente no resultado final do trabalho desenvolvido pela equipe.

Sabe-se que o sucesso de uma organização depende fundamentalmente do apoio dos

seus colaboradores. No entanto, é muito difícil definir e identificar quais fatores são

motivacionais ou não para determinado indivíduo, ou ainda para toda a equipe.

Neste sentido, o papel do líder nas organizações passa a ser o de promover a motivação

e o comprometimento entre os colaboradores de maneira tal a conseguir alcançar os objetivos,

transformando estratégias em ações concretas. Por esta razão, liderar pessoas é um trabalho

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desafiante. Quanto mais preparado estiver o Gestor de Pessoas, maiores serão as chances de se

obter os resultados desejados.

Disto resulta a fundamental importância de conhecer cada vez mais as ferramentas

disponíveis no mercado, participar de palestras, treinamentos, ler diferentes bibliografias, entre

outros, procurando aplicar os conhecimentos adquiridos à realidade da organização.

É importante destacar que não só os Gestores de Pessoas precisam conhecer tais

ferramentas, mas é necessário que ocorra a difusão do conhecimento para cada membro da

equipe. Os colaboradores precisam ser capacitados para assumir responsabilidades e encarar os

desafios. E isso envolve também a importante habilidade por parte da liderança em saber

disseminar conhecimentos, dar oportunidades e saber delegar tarefas.

Segundo Goffee e Jones (2001), os grandes líderes precisam ter visão, energia, coragem

e direção estratégica, entre outras qualidades que necessitam ser desenvolvidas para que as

pessoas se tornem um líder eficaz.

Para o líder, a questão fundamental é: desenvolver a capacidade criativa na equipe com

que trabalha. Desta forma, um líder pode exercer diferentes impactos sobre seus colaboradores,

sendo ele o agente de mudanças. O mundo empresarial vive em um período em que o grande

desafio é saber dominar a mudança.

No entanto, as condições em que estas mudanças estão acontecendo é extremamente

adversas, e mais desafiadoras do que nunca. Em cenário de mudanças, as pessoas tendem a se

movimentar desordenadamente, e os administradores passam a questionar: como é possível

conseguir que as pessoas sejam produtivas em ambientes em que normalmente não estariam

motivadas para produzirem?

A resposta a esta pergunta está relacionada á motivação dos colaboradores. Ao abordar

a motivação no ambiente organizacional, consequentemente liga-se á uma capacidade de agir

interna de cada indivíduo. Motivação trata de um desencadeamento de momentos interiores

experimentados, que fazem com que o indivíduo se mobilize e caminhe para a concretização de

um determinado resultado.

De acordo com o estilo de liderança, um líder pode impactar positivamente

(incentivando o desenvolvimento da criatividade) ou negativamente (bloqueando a capacidade

criativa de sua equipe).

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2.1 DEFINIÇÃO DE CRIATIVIDADE

No cenário econômico caracterizado pela disseminação do conhecimento, crescente

competitividade e globalização de mercado, a criatividade passa a ser vista pelas organizações,

como uma competência essencial para todos os colaboradores.

Para Alencar (1996) a criatividade diz respeito a pensar diferente, tendo a ver com os

processo de pensamentos relacionados com imaginação, insight, invenção, inovação, intuição,

inspiração, iluminação e originalidade.

Criatividade é uma qualidade presente em todos os seres humanos, porém cada pessoa

desenvolve essa habilidade de maneira diferente. Neste sentido, o desafio das organizações é

saber identificar os profissionais que atendam a esta demanda, ou seja, profissionais inovadores e

dinâmicos.

No âmbito organizacional, em decorrência das constantes mudanças, da globalização,

avanço tecnológico e reestruturações, é cada vez maior o interesse e a busca pela inovação e

criatividade (ALENCAR, 1996). As pessoas criativas passam a contribuir com novas idéias e

ações, estando sempre em busca de melhores soluções para os problemas apresentados. A idéia é

manter em seu quadro funcional o maior número possível de profissionais criativos.

Para responder aos desafios propostos, é de fundamental importância o

desenvolvimento de idéias inovadoras, criativas, que venham a representar um real diferencial

competitivo para a empresa. A criatividade é a ferramenta mais adequada para encontrarmos

maneiras de desenvolver um trabalho, reduzir custos, simplificar processos e sistemas, aumentar

a lucratividade, encontrar novos usos para os produtos e novos segmentos de mercado..

Conforme De Bono (1994) o pensamento criativo está crescendo de forma rápida e

adquirindo importância. Segundo o autor criatividade virá a ter uma posição tão proeminente

quanto finanças, matérias primas e pessoas. Ou seja, a criatividade passa a ser uma nova

demanda por parte das organizações e os profissionais precisam atualizar para atuar neste novo

contexto.

O papel da liderança consiste em influenciar positivamente as pessoas, em diferentes

situações e contextos. Um líder deve saber articular as necessidades demandadas das orientações

estratégicas em harmonia com as necessidades dos indivíduos, orientando as necessidades de

ambas as partes na direção do desenvolvimento da empresa assim como o desenvolvimento

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individual de cada colaborador. Uma vez exercida corretamente, a liderança é capaz de

conquistar o comprometimento e satisfação dos indivíduos, possibilitando resultados positivos

para ambas as partes.

Um líder deve saber dar assistência, orientar corretamente sua equipe, preocupando-se

com o seu desenvolvimento, com a auto-estima do grupo, com o senso de realização das pessoas,

indicando caminhos e soluções para sua equipe. Porém, deve-se destacar que para um resultado

satisfatório, um líder precisa da aceitação por parte de todos os membros de sua equipe. O líder

deve ser capaz de promover o exercício de uma gestão com foco em resultados, alinhando a

prática do desenvolvimento da satisfação dos colaboradores e comprometimento dos mesmos

com os objetivos organizacionais. Desta forma, a equipe é impulsionada e preparada

adequadamente para enfrentar os desafios propostos.

Como já foi mencionado anteriormente, as pessoas são diferentes, e cada uma reage de

maneira diferenciada perante uma situação. Ainda existem organizações que não estão abertas ás

novas perspectivas, e continuam trabalhando com o foco apenas em resultados, no cumprimento

de regras e procedimentos já estabelecidos, não permitindo o avanço da inovação, da

criatividade.

Sendo assim, ao estabelecer uma meta com o objetivo de promover o desenvolvimento

da criatividade, é necessário que ocorra o alinhamento do que está sendo proposto com a cultura

da organização. Uma cultura ou organização que deseje promover a criatividade deverá permitir

a experimentação e a possibilidade do fracasso (HOLLENBECK e WAGNERILL, 2004).

Portanto, para que a criatividade aconteça, é necessário um ambiente que permita a sua

manifestação. A organização deve ser preparada para a diversidade, permitindo a

experimentação e o compartilhamento de experiências. A empresa é responsável em promover,

instigar os colaboradores a criar, a inovar, promovendo uma competição saudável e

conseqüentemente aumentando a competitividade interna.

A organização capaz de enfrentar novos desafios, promovendo a troca de idéias,

experiências e compartilhamento de informações, contribuem para atingir o resultado desejado,

despertando a criatividade e aumentando a competitividade da empresa no mercado em que atua.

Outro aspecto relevante, é que a exposição das pessoas às mais variadas experiências auxilia a

abalar as decisões rotineiras (HOLLENBECK e WAGNERILL, 2004).

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2.3 IMPACTOS POSITIVOS SOBRE O POTENCIAL CRIATIVO

Segundo Nonaka (1991, apud ALENCAR, 1996) no ambiente organizacional, o

conhecimento é fator decisivo. Vivencia-se a formação de uma sociedade do conhecimento, onde

as empresas passam a exigir de seus colaboradores, em escala crescente, conhecimentos e

habilidades. Tais fatores passam a atuar como uma vantagem competitiva decisiva. As

organizações diante disto, demandam profissionais que sejam criativos, originais, inovadores e

conseqüentemente eficazes em suas ações.

Para tanto, tais organizações precisam de uma liderança que saiba trabalhar

adequadamente com o potencial criativo de seus colaboradores, caminhando para o resultado

desejado. Um líder bem sucedido é aquele capaz de despertar, através do amadurecimento de

suas habilidades, o potencial criativo das pessoas, motivando-as. A motivação da equipe é fator

decisivo para a otimização do relacionamento entre as pessoas e reflexos positivos na execução

das atividades, e conseqüentemente no aumento da criatividade e competitividade dentro das

organizações.

Neste sentido, Goffee e Jones (2001) afirma que nem todos têm capacidade de

liderança, seja por não possuírem autoconhecimento, ou pelo fato de não quererem assumir essa

grande responsabilidade. Trabalhar com motivação inclui primeiramente, a motivação do próprio

gestor, uma vez que líderes desmotivados dificilmente terão colaboradores motivados. Não é

suficiente, tentar transmitir uma imagem de que se está motivado se essa não for a realidade.

Predebon (1999) afirma que para que a liderança exerça um impacto positivo nas

pessoas, no que diz respeito á criatividade, é necessário acabar com a idéia do “chefe”.Ou seja,

muda-se a idéia de que o chefe é o único capaz de ditar ordens e tomar decisões. O verdadeiro

líder inova, motiva seus liderados a alcançarem suas metas e os aconselha quando necessário.

Liderança é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer, por

causa de sua influência pessoal. Liderança eficaz é saber estimular, despertar sua equipe para a

tomada de decisões, caso isto não ocorra, Predebon (1999) menciona que os colaboradores não

conseguirão usar plenamente suas competências, em especial no que diz respeito á criatividade.

Um dos grandes obstáculos para o crescimento das organizações é a falta de pessoas

eficientes, a perda de entusiasmo, a falta de motivação. As organizações precisam se

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conscientizar que está trabalhando com pessoas e não com máquinas. Precisam se conscientizar

que os colaboradores são seres humanos e precisam ser valorizados, sendo o capital humano o

grande diferencial de mercado. Estes colaboradores se vistos como parceiros, terão

conseqüentemente maior produtividade e desenvolvimento, pois passam a acreditar na sua

contribuição para a empresa.

De acordo com Bornestein e Smith (apud Drucker, 1996) segue abaixo algumas das

competências fundamentais para um bom líder, considerando os ‘Seis Cs da credibilidade”:

Quadro 1. Seis Cs da Credibilidade

Convicção entusiasmo e o compromisso que o líder demonstra por sua visão

Caráter demonstração de integridade, honestidade, respeito e mudança.

Cuidado preocupação com o bem estar pessoal e profissional dos liderados.

Coragem defender as crenças dos liderados, desafiar, admitir erros e mudar o próprio

comportamento.

Compostura manifestação coerente de reações emocionais.

Competência habilidades tangíveis (técnicas funcionais) e intangíveis (interpessoais)

Fonte: Adaptado de Bornestein e Smith (apud Drucker, 1996)

Em conjunto estas competências farão com que o líder conquiste a confiança dos

seus liderados, gerando impactos positivos no desenvolvimento da criatividade de seus

colaboradores. Diante disto, é de grande relevância, que a empresa possibilite um ambiente

aberto para a participação de todos na tomada de decisões. O líder precisa desenvolver a

capacidade de trabalhar com o foco nos objetivos, atrelado ao fator humano, e não somente em

normas, como algumas organizações infelizmente ainda trabalham.

É fundamental saber respeitar as opiniões das pessoas dentro do ambiente

organizacional. Saber prestar atenção ao que dizem, e deixar claro que podem contar com

amparo da organização, se necessário. Desta forma, surgem profissionais que passam a perceber

que têm importância, que suas opiniões são válidas, construindo a democracia e o conhecimento

por parte de todos colaboradores dos reais objetivos organizacionais.

Para alcançar este resultado as organizações precisam estabelecer um ambiente de

transparência. É importante que cada colaborador saiba para qual caminho a empresa está

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seguindo. É preciso que as pessoas entendam a sua importância para o negócio e como as

atividades que exercem são importantes para o dia-a dia da organização.

Cabe ao líder através do desenvolvimento da competência interpessoal, procurar fazer

com que as pessoas sejam capazes de lidar com os problemas, saber trabalhar em equipe,

estabelecer o complemento entre as diferenças de cada um, a pluralidade e diversidade de idéias,

trabalhando de forma produtiva, desenvolvendo conseqüentemente a criatividade de sua equipe.

Covey (2002) afirma que é necessária a maturidade da equipe para a realização de

resultados satisfatórios e para o bem estar de todos. Neste sentido, equipe é sinônimo de busca e

aproximação entre os colaboradores, trabalhando com um objetivo único.

Segundo Vieira (2005) ser líder é um grande desafio. Executar, planejar, ser eficaz,

eficiente, comunicador, saber liderar grupos, delegar tarefas, ser gestor de talentos humanos,

estar constantemente atualizado, é algo dificultoso. Para o autor, o essencial para que se alcance

resultados satisfatórios é superar as barreiras de lidar com as pessoas.

Por trabalhar em um ambiente com diversidade de pessoas, existem problemas

emocionais, como: apatia, resistência por parte de alguns colaboradores á mudanças,

insegurança, medo de errar e receio em inovar. Tais sentimentos geram impactos negativos no

desenvolvimento criativo e motivação da equipe, dificultando o trabalho a ser realizado. O líder

para promover mudanças e estimular a criatividade da sua equipe, deverá fazer com que as

pessoas se libertem destes problemas, que por sua vez impedem que as pessoas utilizem o

potencial quase ilimitado de suas mentes (ALENCAR, 1996).

Um ambiente organizacional transparente que mantenha claro os objetivos e os torne

um fator motivacional, permitindo que os colaboradores troquem experiências caminhando para

um resultado onde haja a participação de todos nas decisões tomadas, permitirá a criatividade,

gerando impactos positivos na produtividade e lucratividade da empresa.

Portanto a cultura, o clima organizacional, o modo com as decisões são tomadas, e a

maneira como os gestores trabalham dentro de uma organização são elementos decisivos para o

sucesso das organizações. Motivar à produção de idéias, a capacidade de saber enfrentar erros,

fazer com que as pessoas façam em prol do alcance dos objetivos almejados, estabelecendo

assim, um elo de confiança. Um Gestor de Pessoas que imprime confiança, que apóia novas

idéias, valoriza a competência de seus colaboradores e facilita o aproveitamento do potencial

destes, “cria” conseqüentemente uma organização criativa (ALENCAR, 1996).

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2.4 IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O POTENCIAL CRIATIVO

Segundo Alencar (1996) existem fatores que podem impactar negativamente o potencial

criativo dos colaboradores dentro das organizações. Dentre eles podemos mencionar: a

intransigência e o autoritarismo, protecionismo e paternalismo, a inexistência de integração entre

os setores, a falta de apoio para colocar novas idéias em ação e a inexistência de estímulo aos

colaboradores.

Talbot (apud ALENCAR, 1996) afirma que existem fontes externas que inibem a

criatividade, são elas: chefias, os colegas e o sistema de forma geral. O autor destaca o papel

exercido pelos “chefes”, sendo que estes podem apresentar comportamentos como ausência de

apoio, indecisão na tomada de decisões, autoritarismo em excesso, relutância á delegação de

tarefas e colocar colaborador um contra o outro. Como resultado de sua análise Talbot (1996)

constatou também que a forma como os colaboradores caracterizam as chefias, era distinta da

forma como estas se percebiam, pois, acreditavam ser mais adaptáveis e dispostas a apoiarem

sua equipe do que esta última apontou.

Ao mesmo tempo, a estrutura de uma organização, suas regras, procedimentos e o nível

de formalização, podem gerar prejuízos à inserção de inovação dentro do ambiente

organizacional. Sabe-se que empresas com uma estrutura centralizada é caracterizada por

concentrar poder apenas nos altos níveis hierárquicos. Tais empresas prejudicam a difusão do

conhecimento, a trocas de idéias e experiências. Líderes que atuam em organizações

centralizadas inibem abertura e a diversidade de idéias (ALENCAR, 1996).

Para Predebon (1999) estruturas organizacionais centralizadas aliadas a autoritarismo

geram um cenário adverso à motivação e a criatividade. Diante disto, os colaboradores passam a

obedecer apenas às regras impostas, resultando na falta da iniciativa e criatividade pessoal.

Regras e normas aumentam o conformismo, o medo de expor idéias e opiniões, o receio de ser

criticado e de correr riscos.

Predebon (2002) afirma ainda que os inimigos da inovação da empresa, são líderes com

posturas sérias e contidas. Uma liderança com uma visão formal dos negócios tende a dificultar

iniciativa individual dos liderados e o líder passa a atuar controlando sua equipe, ao invés de

compartilhar idéias e opiniões.

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A preocupação apenas com os resultados, os números em si, e pela manutenção dos

procedimentos dentro dos parâmetros estabelecidos pela empresa, geram dificuldades para a

inserção do pensamento criativo, pois não permitem idéias inovadoras que não estejam dentro de

tais parâmetros (PREDEBON, 2002).

Portanto, a liderança quando associada a políticas autoritárias e individualistas pode

gerar impactos negativos no potencial criativo das pessoas que representam uma determinada

organização e conseqüentemente no seu grau de competitividade.

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se da importância do trabalho para a vida profissional e pessoal dos indivíduos.

Através de sua profissão é que as pessoas buscam a realização de suas metas. O trabalho passou

a ser fator determinante para o sentido da vida das pessoas, uma vez que passamos a maior parte

do nosso tempo dentro das organizações, além de depender financeiramente dos seus resultados

para nossa sobrevivência.

Sendo assim, as empresas representam um importante espaço de socialização. Espaço

este onde as pessoas desenvolvem suas tarefas caminhando para um propósito único: o sucesso

nos resultados seja pessoal ou organizacional.

Porém dentro do ambiente organizacional, há uma complexidade de idéias e interesses,

resultando em um ambiente propício a conflitos de opiniões. A este cenário, soma-se a existência

da especialização das atividades, e a atenção maior no desenvolvimento das tarefas e não no

fator humano. Tal contexto exige mudanças que em algumas organizações já são discutidas e

encaradas como um desafio.

Uma organização para manter sua competitividade precisa contar com pessoas

inovadoras e criativas. Pessoas capazes de desenvolver inovações aliadas com eficiência,

oferecendo soluções criativas para os problemas apresentados.

Trabalhar adequadamente com a criatividade implica em um processo que envolve a

interação da equipe, habilidades de pensamento e conseqüentemente construir um ambiente

organizacional aberto para a exposição de idéias e opiniões inovadoras.

Uma liderança precisa se capaz de envolver sua equipe, emitir uma energia positiva e

otimista e saber ousar, correr riscos, aperfeiçoando constantemente sua equipe. Um líder incapaz

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de influenciar positivamente sua equipe, fazendo com que todos vivenciem a visão, a meta e o

objetivo que se quer chegar, não obterá sucesso em suas ações. A liderança implica na conquista

da confiança e respeito por parte dos liderados, além do trabalho desenvolvido com

transparência. Um bom líder é capaz de reconhecer os méritos de cada um de sua equipe,

resultando no envolvimento das pessoas.

Através do desenvolvimento deste artigo, foi possível destacar que a liderança

influência na criatividade das pessoas, tanto positivamente quanto negativamente.

Por um lado, um líder gera impactos positivos no desenvolvimento da criatividade de

sua equipe, desde de que contribua para a criação de um ambiente organizacional adequado à

inovação. Tal líder conquista as pessoas com as quais trabalha através da sua credibilidade,

incentivando sua equipe a responsabilidade mútua. Líderes eficazes são incansáveis no

aperfeiçoamento de sua equipe: avaliando as pessoas, treinando e construindo a autoconfiança.

Líderes pressionam sua equipe em busca de uma ação. Estimula, fornece autonomia e é flexível.

Em conjunto, um líder com essas habilidades pode desenvolver um trabalho diferenciado dentro

das organizações.

Por outro lado, liderança aliada a autoritarismo, a uma política de rigidez, falta de

comunicação e pensamento individualista, pode impactar negativamente na criatividade das

pessoas.

Portanto, uma boa liderança implica no desenvolvimento de competência técnica e

competência interpessoal, habilidades fundamentais para garantir o comprometimento das

pessoas e aumentar a competitividade das organizações no mercado globalizado. O autocontrole

emocional, a empatia com os liderados, a capacidade de comunicação, a flexibilidade, a atitude

de mostrar-se humano frente os liderados, deixando claro que também possui pontos fracos e a

confiança em suas intuições, são pontos chaves para o sucesso de um líder.

Em um cenário econômico altamente dinâmico e competitivo, onde os paradigmas são

constantemente reavaliados, há uma grande necessidade de avaliarmos os procedimentos e

desenvolver melhorias constantes para corrigir problemas no ambiente organizacional. Devido à

importância desta temática, sugere-se que se faça constantes estudos sobre a liderança, uma vez

que seus impactos na motivação dos colaboradores são de grande relevância. Tal fator deve ser

estudado e analisado com o intuito de formar uma nova concepção organizacional, buscando

aumentar o comprometimento das pessoas no cenário organizacional.

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Referências

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