Liberdade interior 1

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“ONDE ESTÁ O ESPÍRITO DO SENHOR, AÍ ESTÁ A LIBERDADE.” (2COR 3,17) Palestrante: Andréia Gripp

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“ONDE ESTÁ O ESPÍRITO

DO SENHOR, AÍ ESTÁ A

LIBERDADE.”(2COR 3,17)

Palestrante:Andréia Gripp

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A liberdade O homem conquista sua

liberdade interior na medida exata em que a fé, a esperança e o amor se fortificam nele.

No Novo Testamento, as palavras “livre”, “liberdade”, “libertar” são utilizadas com frequência.

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A verdade vos libertará, diz Jesus em São João (Jo 3,2). São Paulo afirma: Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade (2Cor 3,17) , e noutra carta diz: É para sermos verdadeiramente livres que Cristo nos libertou (Gl 5,1). A lei cristã é chamada por São Tiago de lei de liberdade (Tg 2,12).

Mas qual é a verdadeira natureza desta liberdade?

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O homem e seu destino O homem não foi criado para ser

escravo, mas para “dominar” sobre a criação:

Não foi feito para levar uma vida inexpressiva, mesquinha, fechada em um espaço estreito.

Foi criado para viver livre. O confinamento lhe é insuportável,

simplesmente porque foi criado à imagem de Deus e, assim, tem em si uma necessidade irrepreensível de absoluto e de infinito.

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Liberdade e felicidade O ser humano manifesta tamanha

sede de liberdade porque sua aspiração mais fundamental é a de felicidade e ele percebe que não existe felicidade sem amor nem amor sem liberdade.

O homem foi criado por amor e para amar, e só encontrará a felicidade ao amar e ser amado.

Se é verdade que somente o amor pode preencher o homem, é também verdade que não há amor sem liberdade.

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O amor verdadeiro Só existe o amor verdadeiro e,

portanto, feliz entre pessoas que dispõem livremente delas mesmas para dar-se uma à outra.

Mas como atingir essa liberdade que permite o desabrochar do amor?

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Liberdade no sentido cristão

Para o homem moderno, ser livre significa, frequentemente, poder desembaraçar-se de todo limite e de toda autoridade.

Para o Cristianismo, ao contrário, só se pode encontrar a liberdade em uma submissão a Deus, na obediência da fé.

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Fruto do Espírito Santo A verdadeira liberdade, mais que uma

conquista do homem, é um dom gratuito de Deus, um fruto do Espírito Santo, recebido na medida em que nos colocamos em uma dependência de amor diante do nosso Criador e Salvador.

Como veremos, nossa liberdade é, na verdade, proporcional ao amor e à confiança filial que nos unem ao nosso Pai do Céu.

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Liberdade e virtudes teologais O homem conquista sua verdadeira liberdade

(que é interior e não exterior) na medida exata em que se fortificam nele as virtudes teologais, a saber: a fé, a esperança e a caridade (amor).

As virtudes teologais têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas em nós pela graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas.

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Liberdade interior A liberdade é uma realidade

interior.Frequentemente, temos a impressão de que o que limita nossa liberdade são as circunstâncias que nos cercam: os limites impostos pela sociedade, as obrigações de todo tipo que os outros colocam sobre nós, esta ou aquela limitação da qual somos prisioneiros com relação ao nosso físico, nossa saúde, etc.

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Ideias que a sociedade apresenta:

Para encontrar nossa liberdade, é preciso eliminar as barreiras e limitações.

Ser livre significa não ter limites nem precisar obedecer a nenhuma autoridade.

Livre é quem faz somente o que o que quer, quando quer, da forma que quiser.

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Será isso

mesmo?Partilhe

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A lógica do escolher Escolher onde passar as férias, o

tipo de trabalho, o número de filhos, seu sexo e a cor de seus olhos.

Sonhamos com a vida como uma espécie de imenso supermercado no qual cada prateleira apresenta um grande estoque de possibilidades e onde se pode pegar à vontade o que é do nosso gosto e deixar o que não é.

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Escolher seria a liberdade em ação?

Pensa-se frequentemente que o único exercício verdadeiro da liberdade consiste em escolher entre diferentes possibilidades aquela que mais convém.

Acredita-se, portanto, que quanto mais amplo for o leque de opções, mais se é livre.

A medida de nossa liberdade seria, assim, proporcional à amplitude deste leque de opções possíveis.

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E o que não escolhemos? Há uma multidão de aspectos

absolutamente fundamentais de nossa vida que não escolhemos: nosso sexo, nossos pais, a cor de nossos olhos, nosso temperamento, nossa língua materna.

Os elementos da existência que escolhemos são de uma importância bem menor que aqueles que não escolhemos.

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É uma lógica do egoísmo A lógica do escolher pode ser uma

simples manifestação do egoísmo de fundo do homem moderno, para o qual o respeito da liberdade seria menos o reconhecimento de uma exigência ética que uma reivindicação individualista: “que ninguém se meta a me impedir de fazer o que eu bem quiser!”.

A minha liberdade está acima da sua liberdade.

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O verdadeir

o problema

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O problema da nossa falta de liberdade e do sentimento de infelicidade talvez esteja em outro lugar: é em nosso coração que não nos sentimos bem, não nos sentimos livres.

É nele que está a origem da nossa falta de liberdade.

Se escolhermos amar sempre, o amor dará dimensões infinitas à nossa vida e não nos sentiremos mais aprisionados.

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Mesmo nas circunstâncias exteriores mais desfavoráveis, cada um dispõe em si mesmo de um espaço de liberdade que ninguém lhe pode usurpar, pois é Deus a sua fonte.

Se aprendemos a descobrir em nós esse espaço interior de liberdade, muitas coisas, inevitavelmente, nos farão sofrer, mas nada poderá verdadeiramente nos oprimir nem nos paralisar.

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A verdadeira liberdade A verdadeira liberdade, aquela liberdade

soberana de quem crê, consiste em que se disponha em toda circunstância, graças à assistência do Espírito Santo, a possibilidade de crer, de esperar e de amar.

Nenhuma circunstância no mundo poderá jamais me impedir de crer em Deus, de colocar nele toda a minha confiança, de amá-lo de todo o meu coração e de amar meu próximo.

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Ser livre é também acolher aquilo que não escolhemos

O ato mais alto e mais fecundo da liberdade humana reside antes na acolhida que na dominação.

Somos chamados a nos tornar verdadeiramente livres, a “escolher” aquilo que não desejamos e que, por vezes, não desejaríamos de forma alguma.

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Paradoxo Existe aí uma lei paradoxal da

existência: só nos tornamos verdadeiramente livres quando aceitamos não ser sempre livres!

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Revolta, resignação, acolhida

Diante daquilo que nos desagrada em nossa vida, nossa pessoa, nossa situação, daquilo que consideramos negativo, há três atitudes possíveis: revolta, resignação e acolhida.

Dessas atitudes, 2 são contrárias à verdadeira liberdade.

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Atitude livre: a acolhida A acolhida leva a uma

disposição interior; A acolhida faz dizer “sim” a

uma realidade percebida em um primeiro momento como negativa.

Há, então, uma perspectiva de esperança.

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Acolher não é resignar-se A diferença decisiva entre a

resignação e a acolhida vem do fato de que, no consentimento, mesmo que a realidade objetiva na qual me encontro continue idêntica, a atitude do coração é muito diferente, pois já é habitada pelas virtudes de fé, de esperança e de amor.

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Exemplos: Dizer sim ao que eu sou apesar dos

meus desafios porque sei que sou amado por Deus, porque tenho confiança de que, a partir da minha pobreza, o Senhor é capaz de fazer coisas maravilhosas.

Posso dizer sim à realidade mais pobre e decepcionante no plano humano porque creio que “o amor é tão poderoso em obras que sabe tirar proveito de tudo, do bem e do mal que encontra em mim” (Santa Teresinha)

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Conclusão: Acolher minha pobreza é confiar

em Deus que me criou como sou.

Neste ato de consentimento, há, então, fé em Deus, confiança nele e, portanto, amor, pois confiar em alguém é amá-lo:

Há liberdade.