LIANAS DA AMAZÔNIA CENTRAL: relação entre abundância...

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BOTÂNICA) LIANAS DA AMAZÔNIA CENTRAL: relação entre abundância, propagação vegetativa e aspectos filogenéticos PAULO RICARDO RODRIGUES PIOVESAN Manaus, Amazonas Março de 2017

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BOTÂNICA)

LIANAS DA AMAZÔNIA CENTRAL:

relação entre abundância, propagação vegetativa e

aspectos filogenéticos

PAULO RICARDO RODRIGUES PIOVESAN

Manaus, Amazonas

Março de 2017

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PAULO RICARDO RODRIGUES PIOVESAN

LIANAS DA AMAZÔNIA CENTRAL:

relação entre abundância, propagação vegetativa e

aspectos filogenéticos

Orientadora: Isolde Dorothea K. Ferraz

Coorientadores: Robyn J. Burnham

José Luís C. Camargo

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas (Botânica).

Manaus, Amazonas

Março de 2017

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BOTÂNICA)

Comissão examinadora

Dr. Michael John Gilbert Hopkins

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Parecer: Aprovado

Dra. Regina Caetano Quisen Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA

Parecer: Aprovado

Dra. Juliana Schietti de Almeida Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Parecer: Aprovado

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P662 Piovesan, Paulo Ricardo Rodrigues

Lianas da Amazônia Central: relação entre abundância, propagação

vegetativa e aspectos filogenéticos / Paulo Ricardo Rodrigues

Piovesan. --- Manaus: [s.n.], 2017.

68 f.: il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2017.

Orientadora: Isolde Dorothea Kossmann Ferraz

Coorientador: Robyn J. Burnham e José Luis C. Camargo

Área de concentração: Botânica

1. Lianas. 2. Reprodução clonal. 3. Ecologia florestal. I. Título.

CDD 582

Sinopse

Avaliou-se a capacidade de propagação vegetativa em ambiente controlado

simulando condições de floresta tropical como forma de explicar a abundância

relativa local de lianas. Com as informações da capacidade de propagação

vegetativa foi possível fazer um mapeamento dessa característica nas

linhagens evolutivas das espécies estudadas.

Palavras-chave: enraizamento, estaquia, reprodução clonal, floresta

tropical, ecologia florestal.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, antes de tudo, pela saúde e força em todos os momentos da vida.

À minha orientadora, Dra. Isolde Ferraz, que acreditou na minha capacidade de

enfrentar desafios, me oferecendo um trabalho “desafiador”, cujo tema eu não tinha

familiaridade. Agradeço também toda atenção dedicada nesses dois anos, os ensinamentos

repassados, o carinho oferecido, fazendo com que me sentisse acolhido na equipe, e me

ajudando em momentos decisivos.

À Dra. Robyn Burnham, por aceitar a coorientação, e principalmente por ceder as

informações do banco de dados pessoal, que sem essas informações não seria possível a

realização de tal trabalho nesse mestrado. Agradeço também pela dedicação em campo, e me

apresentar a esse fantástico mundo das lianas, o qual me encantei.

Ao Dr. José Luís, que assim como a Dra. Isolde, me confiou esse trabalho, aceitou a

orientação e por muitas vezes acreditou mais que eu na realização da pesquisa. Agradeço por

todos os ensinamentos e atenção dedicada, assim como por todo o incentivo.

Aos meus pais, Sandra e Irismar, por me apoiarem nestes anos fora de casa, ajudando

nesta caminhada do mestrado, que desde o início de meus estudos me incentivaram a vencer

todas as batalhas, não importando os desafios a enfrentar, sendo, portanto, minha principal fonte

de renovação.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Programa de Pós-

Graduação em Botânica pela oportunidade do mestrado e apoio recebido durante a realização

deste curso.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas pela bolsa de estudos

concedida.

Ao Programa PDBFF de Auxílio-Pesquisa Thomas Lovejoy, que possibilitou a coleta

do material. A toda equipe do PBDFF que contribuiu para o sucesso nas atividades de campo.

Aos pesquisadores que contribuíram na avaliação do projeto e os que participaram na

aula de qualificação, com sugestões e comentários constritivos, que enriqueceram a pesquisa.

Aos que me acompanharam em campo, Fabiele, Elis, Alex e Jaynna, me auxiliando

durante as coletas das lianas. À Jacinéia pelo auxilio na montagem e desmontagem de etapas

do experimento no laboratório.

À toda equipe do laboratório de sementes, que se tornou uma família nesses dois anos,

cada um do seu jeito, mas todos com grande importância. Agradecimento especial a Diana

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(magnânima), Gisele (tia Gi), Itamara (Itinha), Geângelo (Dr. Gê), Caroline (Carol) e Neyde

por toda ajuda prestada durante a execução do experimento. A Aline e Caio, pelo apoio na reta

final do mestrado.

Aos amigos de turma, que proporcionaram momentos dignos de vivência em família:

Maju, Pri, Manu, Isa e Peterson. A vocês, meu sincero agradecimento.

A todos os meus amigos, que, de alguma forma, contribuíram durante o mestrado, seja

com auxilio presencial, com força positiva, ou simplesmente uma palavra amiga e confortadora.

A todos, um profundo sentimento de gratidão!

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“Construir pode ser a tarefa lenta e difícil de anos.

Destruir pode ser o ato impulsivo de um único dia.”

Winston Churchill.

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RESUMO

Lianas são plantas que precisam de apoio para alcançar o dossel da floresta. Alguns autores

sugerem que a alta abundância local de indivíduos de algumas espécies é devida à alta

capacidade reprodutiva através de meios vegetativos. Avaliamos se a capacidade de propagação

vegetativa de espécies de lianas pode explicar a abundância local relativa e se essa capacidade

de propagação vegetativa está correlacionada com a colocação filogenética das espécies

estudadas. Baseamos a seleção de espécies de lianas em dados de abundância relativa de lianas

em 25 ha da Reserva do KM 37, no Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais,

Manaus, Brasil (dados de Robyn J. Burnham). Prioritariamente foram selecionadas espécies

que formaram pares congêneres com espécies apresentando diferentes níveis de abundância e

um espectro de espécies que representavam a diversidade local de lianas. Cinco indivíduos

foram coletados de cada espécie com sete repetições de estacas por indivíduo, cada uma com

quatro nós. As estacas foram plantadas horizontalmente em caixas de plástico contendo uma

camada de areia coberta por uma camada de fibra de coco e mantidas em condições húmidas

durante cinco meses na casa de vegetação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,

simulando condições de floresta tropical. A porcentagem de sobrevivência, porcentagem de

enraizamento, o Índice de Potencial de Regeneração e o comprimento da maior raiz foram

registrados para cada espécie. Os resultados indicaram uma correlação significativamente

positiva entre a propagação vegetativa e a abundância relativa local. As espécies congêneres

apresentaram capacidade de propagação vegetativa semelhante. A capacidade reprodutiva

vegetativa foi comparada em todas as principais linhagens evolutivas que incluem lianas, e foi

maior nas famílias Fabaceae e Bignoniaceae, que são as duas famílias de maior abundância na

área estudada e geralmente em florestas neotropicais.

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ABSTRACT

Lianas of the central amazon: relation between abundance, vegetative propagation and

phylogenetic aspects.

Lianas are plants that need support to reach the forest canopy. Some authors suggest that the

high local abundance of individuals of some species is due to high reproductive capacity

through vegetative means. We evaluated whether vegetative propagation capacity of liana

species can explain the relative local abundance of the species, and if this vegetative

propagation capacity is correlated with the phylogenetic placement of the studied species. We

based liana species selection on relative abundance data for lianas in the 25-ha Reserve at KM

37, in the Biological Dynamics of Forest Fragments Project, Manaus, Brazil (data from Robyn

J. Burnham). Priority species were those that formed congener pairs with species showing

different levels of abundance, and a spectrum of species that represented the local diversity of

lianas. Five individuals were collected of each species with seven replicate cuttings per

individual, each with four nodes. The cuttings were planted horizontally in plastic boxes

containing a layer of sand covered by a layer of coconut fiber, and maintained in moist

conditions for five months in the greenhouse of the National Institute of Amazonian Research,

simulating tropical forest conditions. The percentage of survival, percentage rooting, the Index

of Regeneration Potential, and the length of the longest root were recorded for each species.

The results indicated a significantly positive correlation between vegetative propagation and

local relative abundance. Congeneric species showed similar vegetative propagation capacity.

Vegetative reproductive capacity was compared within all major evolutionary lineages

including lianas, and was highest in the families Fabaceae and Bignoniaceae, which are the two

families of greatest abundance in the studied area and generally in neotropical forests.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ___________________________________________________________ 10

OBJETIVOS ____________________________________________________________________ 15

CAPÍTULO 1 ____________________________________________________________________ 16

1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________________ 18

2. MATERIAL E MÉTODOS _____________________________________________________ 19

2.1. Avaliação das informações pregressas _________________________________________ 19

2.2. Área de estudo ____________________________________________________________ 20

2.3. Coleta e identificação botânica _______________________________________________ 21

2.4. Montagem do experimento em viveiro e coleta de dados ___________________________ 22

2.5. Avaliação da propagação vegetativa ___________________________________________ 23

3. RESULTADOS ______________________________________________________________ 25

3.1. Abundância relativa local e capacidade de propagação vegetativa ____________________ 30

3.2. Capacidade de propagação vegetativa em pares congêneres ________________________ 33

3.3. Mapeamento da capacidade de propagação vegetativa _____________________________ 34

4. DISCUSSÃO ________________________________________________________________ 38

4.1. Abundância relativa local e capacidade de propagação vegetativa ____________________ 42

4.2. Comparação da capacidade de propagação vegetativa de pares congêneres _____________ 44

4.3. Distribuição da capacidade de propagação vegetativa na filogenia de lianas ____________ 44

REFERÊNCIAS ________________________________________________________________ 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________________________ 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________________ 53

APÊNDICES ____________________________________________________________________ 59

ANEXOS _______________________________________________________________________ 64

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INTRODUÇÃO GERAL

A abundância das plantas e o seu padrão de distribuição tem sido objeto de vários

estudos e podem ser explicados por diversos fatores ambientais, como o gradiente de fertilidade

(ter Steege et al., 2006) ou a disponilididade de água no solo (Schnitzer, 2005; Engelbrecht et

al., 2007) ou o gradiente topográfico do terreno (Lan et al., 2012); mas, também por fatores

biológicos, como a limitação na dispersão de sementes (Chao et al., 2008; Jara-Guerrero et al.,

2011) ou as consequências causadas pela herbivoria (Burt-Smith et al., 2003; Maron e Crone,

2006). Dentre os fatores biológicos, a capacidade de propagação vegetativa constitui um outro

fator importante, pois pode aumentar a abundância local de uma determinada espécie,

principalmente após um evento de distúrbio ambiental natural ou mesmo antrópico. Em muitas

espécies, a reprodução vegetativa pode ter um maior efeito na abundância local e regional das

plantas do que a própria reprodução por sementes, sendo assim pode ser considerado um

importante preditor da abundância das espécies (Herben et al., 2014).

A propagação vegetativa ou assexuada é um processo no qual um indivíduo dá origem

a outro geneticamente idêntico (van Groenendael et al., 1996). O processo inicia com a

desdiferenciação das células do tecido adulto que reiniciam a divisão celular, formando um

novo tecido meristemático, capaz de gerar brotos e raízes. A formação de raízes adventícias

pode acontecer em diversas partes das plantas, geralmente em caules, ramos ou até mesmo nas

folhas (Hartmann et al., 2004; Carvalho et al., 2007).

Diversas funções podem ser atribuídas à propagação vegetativa, como a persistência no

ambiente após distúrbios e a exploração de novos ambientes, uma vez que essa forma de

reprodução proporciona o estabelecimento de forma mais rápida de novos indivíduos em

comparação com a reprodução por sementes (van Groenendael et al., 1996; Yufen e Dayong,

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2007; Herben et al., 2014), uma vez que ocorre independentemente de eventos fenológicos

reprodutivos.

Entre as plantas que apresentam grande capacidade de propagação vegetativa, destacam-

se as lianas ou trepadeiras (Janzen, 1980; Schnitzer et al., 2012), que são plantas lenhosas ou

herbáceas, que germinam no solo e mantêm essa conexão durante todas as fases de vida,

dependendo no entanto de outras plantas como suporte físico para alcançar o dossel das florestas

(Putz, 1990; Gentry, 1991). Esse hábito trepador é objeto de estudo desde Darwin (1865), que

associou as adaptações presentes nas lianas para rapidamente atingir o dossel de uma floresta a

inovações evolutivas das plantas. Quase metade de todas as famílias de plantas vasculares

incluem espécies de lianas. No entanto, apenas 26 famílias representam 85% de todos as

espécies de lianas neotropicais, e na maioria das famílias essas espécies pertencem a um ou dois

grandes gêneros (Gentry, 1991).

Este hábito também é resultado de alterações anatômicas nos caules das plantas

lianescentes em comparação com plantas de hábito arbóreo. Lianas possuem maior diâmetro

dos vasos, maior porcentagem de parênquima, menor porcentagem de fibras, e ainda a presença

de parênquima pouco lignificado. Essas características podem ser comparadas na espécie

Machaerium floribundum Benth. que apresenta naturalmente ambos os hábitos de crescimento

e tais diferenças anatômicas no caule (Angyalossy et al., 2012).

As adaptações anatômicas dos caules aliado a possibilidade de maior desenvolvimento

de raízes, permitem às lianas uma maior eficiência na condução de água e nutrientes, no

armazenamento de água e nutrientes no parênquima pouco lignificado e na manutenção de

folhas fotossinteticamente ativas em períodos secos do ano, de forma que conseguem passar

por períodos mais extremos, como em secas sazonais com menos estresse hídrico, enquanto

muitos concorrentes se encontram dormentes, dando às lianas, portanto, uma vantagem

competitiva durante esse período (Schnitzer 2005; Angyalossy et al., 2012; van der Sande et

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al., 2013). Essas características podem explicar a correlação negativa da abundância das lianas

com a precipitação média anual e positiva com a sazonalidade, um padrão exatamente o oposto

da maioria dos outros tipos de plantas (Schnitzer, 2005).

Melhores adaptações às condições climáticas extremas e à eficiência na competição com

outras plantas podem explicar uma alta abundância desses organismos, com uma densidade

maior do que 2.400 indivíduos/ha, formando regiões conhecidas como “florestas de lianas”,

registradas no noroeste da Bolívia (Pérez-Salicrup et al., 2001), e uma alta diversidade do grupo,

com locais que apresentam mais de 240 espécies/ha, como em Yasuní, no Equador (Burnham

e Romero-Saltos, 2015). Consequentemente, as lianas representam um importante componente

das florestas tropicais, com grande participação relativa em relação à biomassa acima do solo

(Ledo et al., 2016) e tanto espécies com características pioneiras, como as de florestas maduras,

ocorrendo em áreas em regeneração, mas também em florestas não perturbadas (Gentry e

Dodson, 1987; Schnitzer et al., 2000; Roeder et al., 2010; Roeder et al., 2012; Roeder et al.,

2013).

Inventários realizados em florestas de terra firme na Amazônia Central apresentaram

uma alta diversidade de lianas, um total de 306 espécies de lianas catalogadas na Reserva

Florestal Adolpho Ducke (Ribeiro et al., 1999) e 320 espécies catalogadas na ARIE PDBFF (R.

J. Burham, dados não publicados), representando 15% e 18% das plantas vasculares

respectivamente para essas áreas.

Muitos aspectos da estrutura das comunidades de lianas são afetados por distúrbios nas

florestas, que podem ter impactos significativos na dinâmica e funcionamento das florestas

(Laurence et al., 2001), uma vez que este grupo de plantas respondem a distúrbios com alta

reprodução vegetativa (Ledo e Schnitzer, 2014), gerando novos indivíduos após formações de

clareiras pela queda natural ou corte seletivo de árvores, assim como por desmatamento (Pérez-

Salicrup et al., 2001; Alvira et al., 2004; Schnitzer et al., 2004; Gerwing, 2006; Roeder et al.,

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2012; Roeder et al., 2015). Essa forma de reprodução resulta em uma distribuição espacial

agrupada dos indivíduos após distúrbios (Schnitzer et al., 2012; Roeder et al., 2012; Ledo e

Schnitzer, 2014), o que pode influenciar na abundância relativa das espécies ao nível local.

A dominância de Machaerium cuspidatum Kuhlm. & Hoehne em Yasuní, no Equador

(Amazônia Ocidental), foi atribuída à capacidade de propagação vegetativa pela regeneração

abundante de caules cortados ou caídos com a presença de gemas axilares latentes, tendo em

vista poucas observações de matrizes com floração, frutos caídos ou sementes germinadas dessa

espécie (Burnham, 2004; Nabe-Nielsen, 2004).

As populações naturais de Dalhousiea africana S. Moore, comum em florestas

perturbadas no nordeste do Gabão (África tropical), estão notavelmente agrupadas em

comparação com outras lianas nestas florestas e tem principalmente origem clonal, uma vez

que ocorre divisão longitudinal de indivíduos, interpretada como uma boa resposta adaptativa

às condições da floresta extremamente instáveis (Caballé, 1994).

A espécie Sericostachys scandens Gilg & Lopr. tem se expandido nas florestas

montanas do Parque Nacional Kahuzi-Biega, no leste da República Democrática do Congo

(África tropical), e difere sua estratégia reprodutiva de outras espécies nativas por combinar

tanto a propagação vegetativa quanto a reprodução sexual (Céphas et al., 2012).

Os casos relatados para essas espécies indicam que a capacidade de propagação

vegetativa das lianas tem influenciado a abundância local. Entretanto, será que a capacidade de

reprodução vegetativa é distinta entre as espécies de lianas ao nível de comunidade? Caso seja,

a reprodução vegetativa poderia então, de fato, ser uma característica relevante para explicar

abundâncias relativas das lianas?

Em outros grupos vegetais já foi observado que espécies congêneres apresentam

estratégias de colonização diferentes (Lavergne et al., 2004). Sendo assim, lianas de espécies

congêneres de abundâncias distintas apresentam capacidade de propagação vegetativa

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diferentes? Por outro lado, tendo em vista que as lianas estão distribuídas por diversas linhagens

evolutivas (Gentry, 1991; Angyallosy et al., 2015), será que as capacidades de propagação

vegetativa das espécies proximamente relacionadas geneticamente são semelhantes?

Esses questionamentos foram possíveis de serem respondidos devido a existência de 5

ha de parcelas permanentes de lianas inventariadas e identificadas ao nível de espécie em uma

das reservas da ARIE PDBFF. O inventário conduzido pela Dra. Robyn J. Burnham catalogou,

para a área, 265 espécies distribuídas em 35 famílias botânicas (R. J. Burnham, dados não

publicados). Com a área e as identidades botânica das plantas conhecidas, foi possível calcular

a abundância relativa de cada espécie, o que proporcionou a comparação a capacidade de

propagação vegetativa das espécies estudadas no presente trabalho, submetidas a mesmas

condições em ambiente controlado.

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OBJETIVOS

Testar se a abundância relativa das espécies de lianas em floresta de terra firme da

Amazônia Central pode ser explicada pela capacidade de propagação vegetativa dessas

espécies;

Comparar se pares congêneres de espécies de lianas, mas com distintas abundâncias

relativas apresentam capacidade de propagação vegetativa diferenciada;

Verificar como está distribuída a capacidade de propagação vegetativa nas diversas

linhagens evolutivas das lianas estudas.

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Capítulo 1

Piovesan, P.R.R.; Ferraz, I.D.K.; Burnham, R.J. & Camargo, J.L.C.

Lianas da Amazônia Central: relação entre abundância, propagação

vegetativa e aspectos filogenéticos. Manuscrito formatado para

Forest Ecology and Management.

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Lianas da Amazônia Central:

relação entre abundância, propagação vegetativa e aspectos filogenéticos

Paulo Ricardo Rodrigues Piovesan1, *; Isolde Dorothea Kossmann Ferraz2;

Robyn Jeanette Burnham3; José Luís Campana Camargo4

¹,* Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Programa de Pós-Graduação em Botânica. Av. André Araújo,

nº 2936, Aleixo. CEP: 69.080-971, Manaus-AM, Brasil. [email protected]

² Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade. Caixa Postal 2223, CEP:

69080-971, Manaus-AM, Brasil.

³ Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of Michigan, Ann Arbor, Michigan 48109-1079,

U.S.A. 4 Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, C.P. 478,

Manaus, AM 69011-970, Brasil.

Resumo

Lianas são plantas que precisam de apoio para alcançar o dossel da floresta. Alguns autores

sugerem que a alta abundância local de indivíduos de algumas espécies é devida à alta

capacidade reprodutiva através de meios vegetativos. Avaliamos se a capacidade de propagação

vegetativa de espécies de lianas pode explicar a abundância local relativa e se essa capacidade

de propagação vegetativa está correlacionada com a colocação filogenética das espécies

estudadas. Baseamos a seleção de espécies de lianas em dados de abundância relativa de lianas

em 25 ha da Reserva do KM 37, no Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais,

Manaus, Brasil (dados de Robyn J. Burnham). Prioritariamente foram selecionadas espécies

que formaram pares congêneres com espécies apresentando diferentes níveis de abundância e

um espectro de espécies que representavam a diversidade local de lianas. Cinco indivíduos

foram coletados de cada espécie com sete repetições de estacas por indivíduo, cada uma com

quatro nós. As estacas foram plantadas horizontalmente em caixas de plástico contendo uma

camada de areia coberta por uma camada de fibra de coco e mantidas em condições húmidas

durante cinco meses na casa de vegetação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,

simulando condições de floresta tropical. A porcentagem de sobrevivência, porcentagem de

enraizamento, o Índice de Potencial de Regeneração e o comprimento da maior raiz foram

registrados para cada espécie. Os resultados indicaram uma correlação significativamente

positiva entre a propagação vegetativa e a abundância relativa local. As espécies congêneres

apresentaram capacidade de propagação vegetativa semelhante. A capacidade reprodutiva

vegetativa foi comparada em todas as principais linhagens evolutivas incluindo lianas, e foi

maior nas famílias Fabaceae e Bignoniaceae, que são as duas famílias de maior abundância na

área estudada e geralmente em florestas neotropicais.

Palavras chave: reprodução cloral; enraizamento; estaquia; floresta tropical, ecologia florestal.

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1. INTRODUÇÃO

A abundância das plantas e o seu padrão de distribuição tem sido objeto de vários

estudos e podem ser explicados por diversos fatores abióticos, como o gradiente de fertilidade

(ter Steege et al., 2006) ou a disponilididade de água no solo (Schnitzer, 2005; Engelbrecht et

al., 2007) ou o gradiente topográfico do terreno (Lan et al., 2012); mas, também por fatores

bióticos, como a limitação na dispersão de sementes (Chao et al., 2008; Jara-Guerrero et al.,

2011) ou as consequências causadas pela herbivoria (Burt-Smith et al., 2003; Maron e Crone,

2006). Dentre os fatores biológicos, a capacidade de propagação vegetativa constitui um outro

fator importante, pois pode aumentar a abundância local de uma determinada espécie,

principalmente após um evento de distúrbio ambiental natural ou mesmo antrópico (Roeder et

al., 2012; Ledo e Schnitzer, 2014). Em muitas espécies de plantas, a reprodução vegetativa pode

ter um maior efeito na abundância local e regional do que a própria reprodução por sementes,

sendo considerado um importante preditor da abundância das espécies (Herben et al., 2014).

Muitos aspectos da estrutura das comunidades das lianas são afetados por distúrbios nas

florestas (natural ou antrópicos), que podem ter impactos significativos na dinâmica e

funcionamento das florestas, uma vez que este grupo de plantas respondem a esses distúrbios,

com reprodução vegetativa (Janzen, 1980; Laurence et al., 2001; Pérez-Salicrup et al., 2001;

Alvira et al., 2004; Schnitzer et al., 2004; Gerwing 2006; Schnitzer et al., 2012; Ledo e

Schnitzer, 2014). A propagação vegetativa resulta em uma distribuição espacial agrupada dos

indivíduos (Schnitzer et al., 2012; Roeder et al., 2012; Ledo e Schnitzer, 2014), o que pode

influenciar na abundância relativa das espécies ao nível local.

Alguns estudos sugerem que a elevada abundância local de algumas espécies se deve à

grande capacidade de reprodução por meio vegetativo, como a dominância de Machaerium

cuspidatum Kuhlm. & Hoehne em Yasuní, no Equador (Burnham, 2004; Nabe-Nielsen, 2004),

o aumento de populações naturais de Dalhousiea africana S. Moore na África tropical (Caballé

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1994) e a expansão de Sericostachys scandens Gilg & Lopr em florestas montanas no Congo,

África tropical (Céphas et al., 2012), assim como a elevada ocorrência de lianas de caules

clonais no Barro Colorado, Panamá (Schnitzer et al., 2012).

Os casos relatados para essas espécies indicam que a capacidade de propagação

vegetativa das lianas tem influenciado a abundância local. Entretanto, será que a capacidade de

reprodução vegetativa é distinta entre as espécies de lianas ao nível de comunidade? Caso seja,

a reprodução vegetativa poderia então, de fato, ser uma característica relevante para explicar

abundâncias relativas das lianas? Em outros grupos vegetais já foi observado que espécies

congêneres apresentam estratégias de colonização diferentes (Lavergne et al., 2004). Sendo

assim, lianas de espécies congêneres raras e dominantes apresentam capacidade de propagação

vegetativa diferentes, que possam justificar sua abundância localmente? Por outro lado, tendo

em vista que as lianas estão distribuídas por diversas linhagens evolutivas (Gentry, 1991;

Angyallosy et al., 2015), como a capacidades de propagação vegetativa das espécies

proximamente relacionadas geneticamente está distribuída nos grupos evolutivos?

Esses questionamentos foram possíveis de serem respondidos devido a existência de 5

ha de parcelas permanentes de lianas inventariadas e identificadas ao nível de espécie em uma

das reservas da ARIE PDBFF, na Amazônia Central. A partir do inventário conduzido pela Dra.

Robyn J. Burnham foi possível o cálculo da abundância relativa de cada espécie, propiciando a

comparação com a capacidade de propagação vegetativa das espécies estudadas, submetidas a

mesmas condições em ambiente controlado, simulando condições naturais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Avaliação das informações pregressas

No âmbito do projeto Mapping Oligarchic Lianas of the Amazon (MOLA), as lianas da

Reserva KM 37 da ARIE PDBFF foram inventariadas e identificadas por Robyn J. Burnham

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da Universidade de Michigan, EUA. O inventário contemplou 10 parcelas de 0,5 ha cada,

totalizando 5 ha, seguindo o modelo das parcelas permanentes do Center for Tropical Forest

Science - CTFS (www.ctfs.si.edu). O estudo resultou em um total de 5.909 indivíduos

inventariados e o método e os critérios utilizados para o inventário foram os sugeridos por

Gerwing et al. (2006) e Schnitzer et al. (2008), considerando como indivíduo cada liana com

circunferência do caule ≥ 1 cm a 1,30 m do solo sem conexão aparente com outra acima do

nível do solo.

Cada uma das lianas foi marcada e coletada para identificação botânica ao nível de

espécie. A identificação teve como base características vegetativas como filotaxia, forma e

venação das folhas, e também características dendrológicas como ritidoma, lenticelas, tipo de

caule, presença de exsudados e odor. A avaliação botânica resultou em um total de 265 espécies,

distribuídas em 35 famílias, com dominância de Fabaceae, Bignoniaceae, Celastraceae,

Dilleniaceae e Connaraceae. A identidade botânica associada a cada indivíduo inventariado

durante o censo das lianas permitiu o cálculo da abundância relativa para cada espécie. A

combinação dessas informações foi a base para selecionar, localizar, coletar e posteriormente

propagar os indivíduos das espécies selecionadas para esse estudo.

2.2. Área de estudo

As coletas de material potencialmente propagativo das lianas foram realizadas na

Reserva do KM 37, localizada no km 37 da estrada vicinal ZF-03, do Distrito Agropecuário da

Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), município de Rio Preto da Eva,

estado do Amazonas, com acesso ao norte de Manaus pelo km 64 da BR-174.

A área possui floresta de terra firme contínua, bem estruturada, com um dossel entre 30-

37 m de altura. A riqueza de espécies arbóreas para o local é considerada alta, com uma média

de 280 espécies por hectare (Rankin-de-Merona et al., 1990). O clima é classificado como

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tropical úmido, com temperatura média anual de 26,7 ºC, precipitação média anual de 2.200

mm e com alta umidade relativa do ar, com médias mensais entre 70 a 88%. A região possui

duas estações bem definidas: período chuvoso de dezembro a junho e período seco de julho a

novembro, com três meses de precipitação inferior a 100 mm (Radam Brasil, 1978). Os solos

são fortemente lixiviados, argilosos em porções mais altas do terreno e arenosos ao longo dos

igarapés, tipicamente ácidos, com elevada concentração de alumínio e pobres em fósforo, cobre

e potássio (Quesada et al., 2009).

2.3. Coleta e identificação botânica

As coletas ocorreram entre novembro de 2015 e maio de 2016, e foram direcionadas

para encontrar os indivíduos das espécies selecionadas de acordo com o ranking de abundância

indicado pelo inventário, e que representasse a diversidade de lianas existente no local. As

lianas selecionadas tiveram ramos coletados a partir de ramificações do caule principal, para

que a planta fosse mantida preservada. De cada espécie foram coletados cinco indivíduos, com

exceção das espécies que apresentaram uma baixa abundância relativa, as quais foram coletados

entre um e quatro indivíduos. Uma distância mínima de 50 m entre plantas da mesma espécie

foi respeitada, visando aumentar a variabilidade genotípica do material coletado e diminuir a

probabilidade de coletar mais de uma vez um mesmo indivíduo. Todos os espécimes tiveram

exsicatas depositadas nos acervos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. As amostras

férteis foram incorporadas ao Herbário INPA e as estéreis na coleção de referência do PDBFF.

Os ramos coletados foram tratados em campo, descartando três nós foliares da parte

apical e para cada indivíduo foram produzidas sete estacas com quatro nós foliares cada. O

número de nós foliares foi definido visando oferecer a mesma oportunidade de formação de

raízes e parte aérea para todas as estacas. As estacas foram mantidas, entre a coleta e o plantio,

em caixa térmica contendo substrato para plantas tipo fibra de coco de textura média Gold

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Mix®, hidratado por 12 horas e prensado para retirar o excesso de água. O substrato utilizado

visou a manutenção da umidade das estacas e proteção contra danos físicos durante o transporte

até a cidade.

2.4. Montagem do experimento em viveiro e coleta de dados

O experimento foi conduzido na casa de vegetação do INPA entre novembro de 2015 e

outubro de 2016. O local possui telhas translúcidas de polipropileno que permitem a passagem

de 70% da luz natural e laterais fechadas com telas de sombreamento de polietileno permitindo

a circulação do ar. A temperatura e umidade relativa do ar para o período foram obtidas por um

datalogger RR Group através de medições a cada 30 min, mantendo-se constantes durante todo

o período de condução de execução do experimento (Tabela 1). As temperaturas mínimas foram

registradas com maior frequência entre 4 e 7:00 h, e as máximas geralmente entre 11 e 14:00 h,

ocorrendo uma maior variação da temperatura no período diurno.

Tabela 1 – Condições climáticas registradas durante a condução do estudo na casa de vegetação

durante as estações chuvosa (nov/2015 – jun/2016) e seca (jul/2016 – out/2016). Valores

médios para temperatura, amplitude térmica diária e umidade relativa do ar (UR).

Temperatura

média (ºC)

Temperatura

mínima (ºC)

Temperatura

máxima (ºC)

Amplitude

diária (ºC)

UR

(%)

Estação chuvosa 29,4 24,5 39,8 15,0 79,9

Estação seca 30,0 24,9 39,6 14,6 73,2

As estacas foram retiradas das caixas de transporte, tiveram seus diâmetros medidos

com o auxílio de paquímetro digital (precisão de 0,01 mm) e foram em seguidas colocadas na

posição horizontal em bandejas plásticas acima de um substrato composto de uma camada de 2

cm de areia lavada e mais 2 cm do mesmo substrato para plantas utilizado para o transporte.

Logo em seguida, acima das estacas, mais 2 cm de substrato para plantas foi colocado para

finalmente encobri-las. As bandejas utilizadas eram de polietileno Plasvale® brancas

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retangulares de três tamanhos, de acordo com o comprimento das estadas (30 x 20 x 6 cm; 45

x 30 x 8 cm; 60 x 40 x 9 cm; com capacidade de 2,2; 7,0 e 17,0 L respectivamente).

Em cada bandeja foram plantadas uma estaca de cada indivíduo da mesma espécie,

totalizando sete bandejas por espécie. As bandejas foram dispostas de forma aleatória na casa

de vegetação sobre bancadas de concreto, por período de 150 dias, com irrigação diária manual.

Ao final do experimento, foram calculadas os seguintes parâmetros: 1) a porcentagem

média de sobrevivência das estacas para cada espécie, atestada pela formação de raiz e/ou parte

aérea; 2) a porcentagem média de estacas que apresentaram raízes por espécie; 3) o alcance do

sistema radicular, obtido pelo comprimento da maior raiz (cm) para cada espécie e o 4) Índice

de Potencial de Regeneração - IPR, adaptado de Silva et al. (2011), conforme a equação IPR =

[(A x 0) + (B x 1) + (C x 2) + (D x 3)] / (Nº de estacas)], sendo A = estacas sem raízes e parte

aérea; B = estacas com apenas formação de parte aérea; C = estacas com apenas formação de

raízes; D = estacas com raízes e parte aérea. Os dados foram analisados no programa estatístico

Biostat 5.3.

2.5. Avaliação da propagação vegetativa

A análise da relação entre abundância relativa e propagação vegetativa foi baseada em

32 das 34 espécies de lianas coletadas, incluindo espécies dominantes e raras, selecionadas a

partir do ranking de abundância relativa. Smilax syphilitica e Davilla kunthii não foram

utilizadas por não possuírem valores definidos de abundância, de acordo com o inventário.

Análise de correlação linear de Pearson e regressão simples foram realizadas entre cada variável

de propagação vegetativa avaliada (percentual de sobrevivência e de enraizamento, Índice de

Potencial de Regeneração e alcance do sistema radicular) com a abundância relativa das

espécies.

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Dentre as 32 espécies coletadas com valores de abundância relativa disponível, espécies

de oito gêneros foram selecionadas para a comparação da capacidade de propagação vegetativa

entre espécies congêneres (Tabela 2). Os pares foram constituídos de uma espécie de alta e

outra de baixa abundância relativa, sendo estabelecido que a abundância da espécie mais

frequente deveria ser pelo menos duas vezes maior do que a abundância da espécie rara. Como

as duas espécies tem o mesmo ancestral comum, cada par representa uma comparação

independente. Considerou-se os valores médios de cada característica de propagação vegetativa

(Índice de Potencial de Regeneração, percentual de sobrevivência e de enraizamento) das

espécies raras contra a de seus congêneres abundantes. Cada variável foi submetida ao teste t

parado para comparação das diferenças das médias (α = 0,05).

Tabela 2 – Pares congêneres de lianas selecionados, indicação da abundância relativa das

espécies e número de indivíduos coletados para este estudo.

Gênero (Família) Espécies Abundância

(%)

Coletas

(n=)

Deguelia (Fabaceae) D. negrensis 9,325 5

D. rariflora 1,130 5

Machaerium (Fabaceae) M. madeirense 3,161 5

M. ferox 0,547 5

Schnella (Fabaceae) S. sp.1 1,836 5

S. platycalyx 0,088 5

Gnetum (Gnetaceae) G. nodiflorum 0,724 5

G. leyboldii 0,211 4

Telitoxicum (Menispermaceae) T. krukovii 0,600 5

T. rodriguesii 0,141 5

Fridericia (Bignoniaceae) F. triplinervia 0,406 5

F. chica 0,035 2

Abuta (Menispermaceae) A. rufescens 0,353 5

A. panurensis 0,158 5

Passiflora (Passifloraceae) P. auriculata 0,141 3

P. coccinea 0,052 5

O mapeamento das variáveis de propagação vegetativa das lianas entre os táxons

estudados foi realizado através de uma análise visual em um cladograma com as 34 espécies

coletadas. A seleção das espécies buscou abranger diferentes grupos evolutivos, incluindo

gimnospermas, monocotiledôneas e eudicotiledôneas, totalizando 11 famílias botânicas

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agrupadas em 11 ordens. O número de espécies coletadas por família buscou representar a

abundância relativa das famílias na reserva (Tabela 3). As relações filogenéticas presentes no

cladograma foram baseadas em Cole et al. (2016) para o ordenamento das famílias,

Wojciechowski (2003) e Wojciechowski et al. (2006) para Fabaceae, Lohmann (2006) e

Lohmann e Taylor (2014) para Bignoniaceae, e Ortiz et al. (2007) para Menispermaceae. As

variáveis avaliadas foram o Índice de Potencial de Regeneração, o percentual de sobrevivência

e de enraizamento, e o alcance máximo do sistema radicular. Os resultados de todas as variáveis

foram relativizados, usando como referência o maior valor alcançado, e posteriormente

agrupados em cinco classes representadas por diferentes cores no cladograma.

Tabela 3 – Famílias (ordens) selecionadas nesta análise, indicando a abundância relativa

(Abun), número de espécies inventariadas (Inv.sp), número de espécies coletadas (Col.sp), e a

proporção entre as espécies coletadas e inventariadas (Prop.).

Família (Ordem) Abun

(%)

Col.sp

(n)

Inv.sp

(n)

Prop.

(%)

Fabaceae (Fabales) 32,66 8 29 27,6

Bignoniaceae (Lamiales) 18,68 7 35 20,0

Connaraceae (Oxalidales) 6,62 3 10 30,0

Dilleniaceae (Dilleniales) 6,09 1 15 6,7

Apocynaceae (Gentianales) 2,90 3 14 21,4

Menispermaceae (Ranunculales) 2,30 5 15 33,3

Sapindaceae (Sapindales) 1,06 1 10 10,0

Gnetaceae (Gnetales) 0,90 2 3 66,7

Passifloraceae (Malpighiales) 0,31 2 3 66,7

Smilaceae (Liliales) 0,14 1 4 25,0

Arecaceae (Arecales) 0,02 1 1 100,0

71,68 34 139 24,5

3. RESULTADOS

As estacas obtidas das ramificações apicais foram classificadas como lenhosas ou

semilenhosas, e apresentaram diâmetro médio de 5,5 mm (mínimo de 1,3 e máximo de 15,1

mm). As estacas foram agrupadas nas classes definidas pelo IPR, para verificar se a diferença

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de diâmetros poderia influenciar os resultados da propagação vegetativa, conforme demostrado

na Figura 1. Apesar da variação dos diâmetros, não foi detectada diferença entre as classes do

IPR (n = 1.084; F = 2,2; p = 0,09).

Figura 1 – Distribuição dos diâmetros das estacas (mm) de acordo com a classificação dada pelo Índice de

Potencial de Regeneração (baseado em Silva et al., 2011). A = estacas mortas; B = estacas apenas com parte aérea;

C = estacas apenas com raízes; D = estacas com raízes e parte aérea. Linha contínua nas barras representa a mediana

e linha tracejada representa a média.

O diâmetro mínimo registrado para propagação vegetativa foi em estaca de 1,6 mm

(Gnetum nodiflorum). Apenas três espécies apresentaram algumas estacas com diâmetro

inferior ao mínimo registrado para formação de raiz e/ou parte aérea: Gnetum nodiflorum (3/35

estacas), Schnella sp. 1 (2/35) e Rourea paraensis (1/35).

De maneira geral, o enraizamento das estacas ocorreu na parte basal das estacas, antes

do primeiro nó foliar, principalmente a partir das lenticelas. A formação de parte aérea foi

registrada na parte apical das estacas, com maior frequência nos terceiros e quartos nós foliares.

As lianas das 34 espécies coletadas estão distribuídas em 11 famílias e 17 gêneros

(Tabela 4). A sobrevivência das estacas, que considerou a formação de raiz e/ou parte aérea, foi

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observada para 65% das espécies, com representação em todas as famílias, exceto Arecaceae.

A média geral de sobrevivência foi de 9,5%, com máximo de 51,5% em Machaerium

madeirense. Valores superiores à média foram encontrados em 11 espécies (indicadas em

negrito na Tabela 4). Os maiores percentuais de sobrevivência das estacas pertencem às famílias

Fabaceae (4 spp.), Connaraceae (3 spp.), Bignoniaceae (2 spp.), Dilleniaceae (1 sp.) e

Menispermaceae (1 sp.).

Estacas que apresentaram apenas formação da parte aérea foram observadas em 50%

das espécies classificadas sobreviventes. As maiores diferenças entre os percentuais de estacas

sobreviventes e enraizadas foram observadas nas espécies de Connaraceae e Menispermaceae.

As espécies Abuta panurensis e Frideria chica apresentaram apenas estacas com formação de

parte aérea (Tabela 4).

A ocorrência de estacas com formação de raízes foi registrada em 91% das espécies

classificadas como sobreviventes. A média de enraizamento foi de 7,7% das estacas, com

máximo de 51,5% em Machaerium madeirense. Valores superiores à média geral foram

observados em dez espécies (identificadas em negrito na Tabela 4). Os maiores percentuais de

enraizamento foram registrados nas famílias Fabaceae (5 spp.), Bignoniaceae (2 spp.) e

Dilleniaceae (1 sp.), Connaraceae (1 sp.) e Smilacaceae (1 sp.).

O IPR, que considera as quatro classes mencionadas na Figura 1, atribui um peso maior

para estacas que possuem formação de sistema radicular e parte aérea, gerando novos

indivíduos completos, com capacidade de absorver nutrientes e realizar fotossíntese. Dessa

forma, as espécies com maiores IPR são mais eficientes em regenerar e propagar. As famílias

Fabaceae (4 spp.), Bignoniaceae (3 spp.), Connaraceae (2 spp.), Dilleniaceae (1 sp.) e

Smilacaceae (1 sp.) apresentaram os maiores valores de IPR.

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Tabela 4 – Espécies utilizadas no estudo de acordo as suas famílias botânicas, indicando o número de plantas coletadas (Pl.); abundância relativa

das espécies (AR); posição da espécie no ranking de abundância (Posição ranking); diâmetro médio em mm (mínimo e máximo) das estacas

utilizadas no experimento; IPR = Índice de Potencial de Regeneração, adaptado de Silva et al 2011; porcentagem de sobrevivência das estacas após

150 dias de plantio (Sobrev.); porcentagem de enraizamento das estacas após 150 dias de plantio (Enraiz.); e, alcance do sistema radicular em cm

(Alcance raiz). Valores de abundância local em negrito representam as dez espécies de maior abundância estudadas; valores de IPR, Sobrev. (%)

e Enraiz. (%) em negrito representam espécies estão acima da média geral para essas variáveis.

Famílias / Espécies Pl.

(n=)

AR

(%)

Posição Diâmetro (mm) IPR

Sobrev.

(%)

Enraiz.

(%)

Alcance

raiz (cm) ranking med (min-max)

Gnetaceae

Gnetum leyboldii Tul. 4 0,211 91 2,4 (1,6 - 6,6) 0,000 0,0 0,0 *

Gnetum nodiflorum Brongn. 5 0,724 34 3,6 (1,5 - 12,7) 0,200 8,6 5,7 7,5

Smilacaceae

Smilax syphilitica Humb. & Bonpl. ex Willd. 5 n.d. n.d. 6,2 (2,8 - 9,9) 0,257 8,6 8,6 20,0

Arecaceae

Desmoncus polyacanthos Mart. 4 0,017 199 7,9 (5,5 - 12,0) 0,000 0,0 0,0 *

Menispermaceae

Abuta panurensis Eichler 5 0,158 105 3,2 (1,6 - 7,7) 0,029 2,9 0,0 *

Abuta rufescens Aubl. 5 0,353 69 2,9 (1,6 - 5,1) 0,200 17,1 2,9 <1,0

Telitoxicum krukovii Moldenke 5 0,600 45 8,5 (4,2 - 15,1) 0,000 0,0 0,0 *

Telitoxicum minutiflorum (Diels) Moldenke 5 0,158 106 6,4 (3,8 - 12,6) 0,000 0,0 0,0 *

Telitoxicum rodriguesii Krukoff 5 0,141 112 5,1 (2,5 - 9,4) 0,000 0,0 0,0 *

Dilleniaceae

Davilla kunthii A.St.-Hil. 5 n.d. n.d. 5,1 (2,2 - 7,7) 0,371 17,1 11,4 28,0

Passifloraceae

Passiflora auriculata Kunth 3 0,141 113 3,6 (2,1 - 8,3) 0,000 0,0 0,0 *

Passiflora coccinea Aubl. 5 0,052 166 3,2 (1,7 - 4,3) 0,057 2,9 2,9 <1,0

Connaraceae

Pseudoconnarus rhyncosioides (Standl.) Prance 5 0,229 86 5,0 (2,2 - 8,8) 0,286 11,4 8,6 4,5

Rourea cuspidata Benth. ex Baker 5 2,366 9 4,5 (1,8 - 7,7) 0,200 11,4 5,7 <1,0

Rourea paraensis Forero 5 2,649 7 4,5 (1,4 - 11,0) 0,286 17,1 5,7 <1,0

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Fabaceae

Deguelia negrensis (Benth.) Taub. 5 9,325 1 5,3 (1,9 - 10,1) 0,200 8,6 8,6 6,0

Deguelia rariflora (Benth.) A.M.G. Azevedo 5 1,130 25 5,8 (3,4 -9,3) 0,486 17,1 17,1 34,0

Deguelia sp. 1 5 4,115 2 7,0 (3,3 - 10,8) 0,000 0,0 0,0 *

Machaerium ferox (Benth.) Ducke 5 0,547 50 4,5 (2,2 - 7,7) 0,257 11,4 11,4 7,5

Machaerium macrophyllum Mart. 5 2,348 10 7,0 (2,6 - 11,9) 1,029 40,0 37,1 37,0

Machaerium madeirense Pittier 5 3,161 4 6,0 (2,8 - 13,7) 1,257 51,5 51,5 40,0

Schnella sp. 1 (morfotipo cobre) 5 1,836 14 3,9 (1,2 - 8,9) 0,114 5,7 2,9 7,5

Schnella platycalyx (Benth.) Wunderlin 5 0,088 136 4,42 (2,0 - 8,8) 0,086 2,9 2,9 7,5

Sapindaceae

Paullinia ingiifolia Rich. 5 0,706 36 7,8 (3,6 - 11,7) 0,143 8,6 5,7 5,5

Apocynaceae

Forsteronia acouci (Aubl.) A. DC. 5 0,388 61 5,7 (2,2 - 15,4) 0,114 5,7 5,7 2,0

Forsteronia duckei Markgr. 2 0,017 197 5,5 (1,6 - 9,4) 0,000 0,0 0,0 *

Forsteronia gracilis (Benth.) Mull. Arg. 5 0,211 88 6,8 (2,2 - 13,3) 0,000 0,0 0,0 *

Bignoniaceae

Adenocalymma longilineum (A. Samp.) L.G. Lohmann 5 1,854 13 5,8 (2,5 - 10,9) 0,400 14,3 14,3 5,0

Adenocalymma validum (K.Schum.) L.G. Lohmann 5 1,660 16 5,5 (3,3 - 8,6) 0,600 25,7 25,7 13,0

Fridericia chica (Bonpl.) L.G. Lohmann 2 0,035 172 6,0 (2,8 - 12,2) 0,071 5,9 0,0 *

Fridericia nigrescens (Sandwith) L.G. Lohmann 1 0,282 75 7,9 (4,8 - 14,0) 0,000 0,0 0,0 *

Fridericia trailii (Sprague) L.G. Lohmann 5 0,035 173 7,6 (3,6- 11,2) 0,000 0,0 0,0 *

Fridericia triplinervia (Mart. ex DC.) L.G. Lohmann 5 0,406 60 3,9 (2,3 - 7,0) 0,000 0,0 0,0 *

Pleonotoma albiflora (Salzm. ex DC.) A.H. Gentry 2 0,724 33 6,3 (3,3 - 10,8) 0,214 7,1 7,1 7,5

Média 5,5 (1,3 – 15,1) 0,202 9,5 7,7

n.d. = valor de abundância local não disponível; * = espécie sem produção de raízes;

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De forma geral, as espécies que apresentaram os maiores IPR tiveram as maiores raízes

(Tabela 4). Machaerium madeirense, Machaerium macrophyllum e Deguelia rariflora, Davilla

kunthii e Smilax syphilitica, apresentaram as maiores raízes com mais de 20 cm de

comprimento. Adenocalymma longilineum, Adenocalymma validum e Pleonotoma albiflora,

apresentaram alcance máximo entre 5 e 13 cm. Os menores alcances das raízes entre os maiores

IPR foram observados nas espécies Pseudoconnarus rhyncosioides (4,5 cm) e Rourea

paraenses (< 1 cm).

A mortalidade de todas as estacas foi registrada em espécies de sete famílias. Além da

única espécie avaliada de Arecaceae (Desmocus polyacanthus), onde não houve estacas

sobreviventes, foi registrada a ausência de propagação vegetativa nas três espécies do gênero

Telitoxicum, em três das quatro espécies do gênero Fridericia, em duas das três espécies de

Forsteronia, em uma das duas espécies de Passiflora, em uma das duas espécies de Gnetum e

em uma das três espécies de Deguelia (Tabela 4).

3.1. Abundância relativa local e capacidade de propagação vegetativa

As 32 espécies com informações de abundância relativa correspondem a 37% dos caules

de lianas inventariados na Reserva do Km 37. De acordo com as classes utilizadas para o cálculo

do IPR, 62% das espécies avaliadas tiveram estacas sobreviventes (emissão de raiz e/ou parte

aérea). Lianas das demais espécies não sobreviveram nas condições testadas.

Os valores obtidos pela Correlação de Pearson (n=32) indicaram correlações fracas,

entre a abundância relativa das lianas e o percentual de sobrevivência (r = 0,3364; p = 0,0597),

o percentual de enraizamento (r = 0,3396; p = 0,0594), o IPR (r = 0,3347; p = 0,0611) e o

alcance do sistema radicular (r = 0,2673; p = 0,1391). As variáveis de propagação vegetativa

avaliadas explicam aproximadamente 11% da abundância das lianas, com exceção do alcance

do sistema radicular, que explicou apenas 7% da abundância (Figura 2).

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Figura 2 - Correlação de Pearson entre a abundância relativa das lianas e A) porcentagem de sobrevivência das

estacas após 150 dias; B) porcentagem de enraizamento das estacas após 150 dias; C) Índice de Potencial de

Regeneração - IPR; D) alcance do sistema radicular (cm). Linha pontilhada representa a reta de regressão linear:

vermelha (n=32) e azul (n=30).

Apesar de Deguelia negrensis e Deguelia sp.1, serem espécies dominantes no local

(9,3% e 4,1% do total das lianas inventariadas, respectivamente), as duas espécies com maiores

abundâncias na área apresentaram as maiores diferenças entre valores estimados pela regressão

linear e os valores reais das abundâncias relativas (Figura 3), indicando que possivelmente essas

espécies possuem outras estratégias de ocupação na área. Apenas essas duas espécies do gênero

Deguelia possuem abundância >4% na área inventariada. Dessa forma, realizou-se uma nova

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análise de correlação excluindo Deguelia negrensis e Deguelia sp.1, considerando apenas as

espécies com abundância <4% (n=30). Para as espécies com abundância <4%, foi verificada

uma correção forte entre para a sobrevivência (r = 0,7975; p = <0,0001), o enraizamento (r =

0,7401; p = <0,0001) e IPR (r = 0,7780; p = <0,0001), e moderada para o alcance do sistema

radicular (r = 0,6236; p = 0,0002).

Figura 3 – Distribuição gráfica dos resíduos (n=32) para: A) porcentagem de sobrevivência das estacas após 150

dias em viveiro; B) porcentagem de enraizamento das estacas após 150 dias em viveiro; C) Índice de Potencial de

Regeneração; D) alcance do sistema radicular, em cm.

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A porcentagem de sobrevivência das estacas e o IPR foram as variáveis de propagação

vegetativa avaliadas que melhor explicam a abundância das lianas com abundância <4%. A

sobrevivência explicou 64% da abundância (Figura 2.A) enquanto o IPR explicou 60% (Figura

2.C). Para essas duas variáveis foram obtidos a menor diferença entre valores estimados pela

regressão linear e os valores reais das abundâncias relativas das lianas, Se = 0,58 e 0,62,

respectivamente (Figura 3.A e 3.C). A porcentagem de enraizamento pode explicar 55% da

abundância relativa local das lianas (Figura 2.B). A dispersão dos valores estimados em relação

aos dados reais foi um pouco acima dos registros para sobrevivência e IPR (Se = 0,69; Figura

3.B). O alcance do sistema radicular foi a variável avaliada com o menor poder de explicar a

abundância das lianas no local, apenas 39% (Figura 2.D), e também o a maior diferença entre

os valores estimados pela regressão e os reais, Se = 0,82 (Figura 3.D).

3.2. Capacidade de propagação vegetativa em pares congêneres

Na comparação dos pares congêneres de abundâncias distintas (Figura 4), não foi

verificada diferença entre as espécies raras e abundantes a nível local para as três variáveis de

propagação vegetativa avaliadas. As médias das diferenças entre espécies raras e abundantes

foi pequena, sendo para o Índice de Potencial de Regeneração -0,12 (t = 0,90; p = 0,3960), para

a sobrevivência -5,9% (t = 1,06; p = 0,3255) e para o enraizamento -4,66 (t = 0,88; p = 0,4057).

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Figura 4 – Comparação da capacidade de propagação vegetativa nos pares congêneres de abundâncias

diferenciadas. Gêneros representados pelas letras iniciais: A – Abuta; D – Deguelia; F – Fridericia; G – Gnetum;

M – Machaerium; P – Passiflora; S – Schnella; T – Telitoxicum.

3.3. Mapeamento da capacidade de propagação vegetativa

Os resultados quantitativos das 34 espécies apresentados na Tabela 4 tiveram os valores

relativizados, usando como referência o maior valor alcançado em cada variável, e agrupados

em cinco classes qualitativa (Tabela 5), representados por escala de cinza no cladograma

(Figura 5).

Tabela 5 – Agrupamento das variáveis utilizadas no mapeamento das características de

propagação vegetativa em classes para representação em cladograma.

Classes

Índice de

Potencial de

Regeneração

Sobrevivência

(%)

Enraizamento

(%)

Alcance do

sistema radicular

(cm)

Ausente 0 0 0 Sem raízes

Fraco 0,01 – 0,15 1 – 10 1 – 10 < 1,0

Médio 0,16 – 0,39 11 – 20 11 – 20 1,0 – 5,0

Bom 0,40 – 0,79 21 – 35 21 – 35 6,0 – 10,0

Muito bom > 0,80 > 36 > 36 > 10,0

A capacidade das lianas de reprodução via propagação vegetativa está presente em

diversas linhagens evolutivas, sendo observada inclusive em uma das duas espécies avaliadas

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de gimnosperma, assim como está presente nas plantas angiospermas, tanto em

monocotiledôneas quanto nas eudicotiledôneas estudadas (Figura 5).

Em gimnosperma, as duas espécies avaliadas pertencem ao grupo Gnetum. Gnetum

nodiflorum demonstrou capacidade de se reproduzir de forma vegetativa, apresentou a

formação de raízes e parte aérea nas estacas. O IPR foi considerado médio e o alcance do

sistema radicular como bom. Apesar de ter sido registrada a propagação vegetativa, os

percentuais de sobrevivência e enraizamento foram classificados como fracos (Figura 5).

Duas famílias de monocotiledôneas tiveram espécies avaliadas. Em Smilacaceae foi

avaliada apenas Smilax syphilitica, que apresentou capacidade de propagação vegetativa. O IPR

foi classificado como médio e o desenvolvimento do sistema radicular como muito bom,

atingindo até 20 cm de comprimento (Figura 5; Tabela 4). Porém, a sobrevivência e o

enraizamento foram classificados como fracos (Figura 5). Em Arecaceae foi avaliada a única

espécie com hábito trepador ocorrente na área, Desmoncus polyacanthos, que apresentou todas

as estacas avaliadas mortas ao final do experimento (Figura 5).

Dentro das eudicotiledôneas as famílias Fabaceae e Bignoniaceae, provenientes de

grupos evolutivos distintos (clados Rosidae e Asteridae, respectivamente), concentraram os

maiores valores do IPR, percentual de sobrevivência e de enraizamento, indicados pelas cores

cinza escuro e preto nessas variáveis (Figura 5).

O clado Rosidae abriga dois grandes grupos: Fabidae (no qual estão as ordens que

incluem Fabaceae, Connaraceae e Passifloraceae) e Malvidae (no qual está presente a ordem

que contempla Sapindaceae).

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Figura 5 – Representação hipotética do mapeamento das características de propagação vegetativa das lianas, por

meio de cladograma. O tamanho dos ramos não expressa a escala de tempo. Famílias representadas pelas quatro

letras iniciais.

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Em Fabaceae foram avaliadas oito espécies de três gêneros. Nessa família estão as

espécies com melhores resultados das variáveis de propagação vegetativa. Os gêneros

Machaerium e Deguelia agrupam as espécies que apresentaram maiores valores dentro da

família, e ambos pertencem a subfamília Faboideae, enquanto o gênero Schnella, teve apenas

espécies classificadas como propagação fraca, está em Caesalpinioideae. No entanto, todas as

espécies que enraizaram apresentaram alcance do sistema radicular considerado bom e muito

bom (indicado nas cores mais escuras na Figura 5), destacando Machaerium madeirense,

Machaerium machophyllum e Deguelia rariflora com valores superiores a 30 cm (Tabela 4).

Das oito espécies avaliadas em três gêneros, apenas as estacas de Deguelia sp.1 não enraizaram

(Figura 5).

Connaraceae teve três espécies de dois gêneros avaliadas. A sobrevivência e o

enraizamento dos dois gêneros (Rourea e Pseudoconnarus) foram semelhantes, classificados

como médio e fraco, respectivamente (Figura 5), porém Pseudoconnarus rhynchosioides

apresentou desenvolvimento radicular melhor, atingindo até 4,5 cm (Tabela 4).

Passifloraceae, grupo próximo de Connaraceae, teve duas espécies de um único gênero

avaliadas. Apenas uma espécie apresentou capacidade de propagação vegetativa, classificada

como fraca em todas as variáveis (Figura 5).

A única espécie de Sapindaceae avaliada (Paullinia ingiifolia) apresentou intensidade

de propagação vegetativa fraca, porém, as estacas que enraizaram formaram sistema radicular

considerado bom (Figura 5).

A ordem Dilleniales, a qual está inserida a Dilleniaceae, é considerada próxima

evolutivamente ao clado Rosidae. Neste grupo foi avaliada apenas Davilla kunthii, que

apresentou capacidade de propagação vegetativa. Esta espécie foi a sexta melhor pelo IPR

(0,371) e quarta melhor no desenvolvimento do sistema radicular, com raízes de até 28 cm

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(Tabela 4), sendo que a intensidade da propagação foi classificada como média, representada

pela cor cinza para as variáveis sobrevivência e enraizamento (Figura 5).

O clado Asteridae compreende dois grandes grupos, Limiidae (que estão as ordens que

contemplam Bignoniaceae e Apocynaceae) e Campanulidae (que não teve famílias avaliadas).

Bignoniaceae teve sete espécies de três gêneros avaliadas. O enraizamento ocorreu

principalmente em Adenocalymma, e com menor intensidade em Pleonotoma. As quatro

espécies de Fridericia não formaram raiz durante o período avaliado, porém Fridericia chica

apresentou a formação de parte aérea desenvolvida (Figura 5). As três espécies que enraizaram

tiveram a formação de sistema radicular considerado médio/bom, com alcance máximo de 13

cm (Tabela 5).

Três espécies do gênero Forsteroria em Apocynaceae foram avaliadas. Nesse gênero,

apenas a espécie Forsteronia acouci demostrou capacidade de se reproduzir por meio

vegetativo, mas teve todas as variáveis classificadas como fraca (Figura 5).

A ordem Ranunculales, na qual está inserida Menispermaceae, é uma das primeiras

diferenciações do clado eudicotiledônea. Nesta família foram avaliados dois gêneros,

Telitoxicum e Abuta. As três espécies de Telitoxicum apresentaram ausência de enraizamento

(Figura 5), sendo que todas as estacas estiveram em decomposição ao final do experimento. Em

Abuta foi registrada sobrevivência das duas espécies estudadas, porém, a formação de sistema

radicular ocorreu apenas em Abuta rufescens, sendo classificado como fraco (Figura 5). As

estacas enraizadas tiveram formação de raízes menores de 1 cm (Tabela 4).

4. DISCUSSÃO

O presente estudo testou a capacidade da propagação vegetativa das lianas em condições

controladas, visando associar mais explicitamente a capacidade de enraizamento ou

sobrevivência das estacas com a abundância relativa das espécies de lianas de uma comunidade.

As condições ambientais encontradas pelas lianas em ambientes de florestas tropicais foram

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simuladas em ambiente controlado, mantendo a variação de temperatura diária e a alta umidade

relativa do ar (Tabela 1), assim como utilização de um substrato (fibra de coco) que ofereceu

aeração e ao mesmo tempo retenção de água, reproduzindo as condições ofertadas pela

serapilheira sobre os solos florestais.

A posição horizontal e a padronização de todas as estacas terem quatro gemas deu a

mesma oportunidade de formação de parte área em todas as gemas, assim como a possibilidade

de ocorrer enraizamento em todos os entrenós. Embora pouco utilizada, a posição horizontal dá

uma maior possibilidade de enraizamento e formação de parte aérea em relação à rotineira

posição vertical usada em muitas situações. Apesar a posição das estacas possibilitar a formação

de raízes e parte aérea em mais de um ponto da estaca, em geral, observou-se o enraizamento

concentrado na parte basal, e a formação de parte aérea na parte apical, similarmente ao que

ocorre em estacas na vertical. Porém, caracterizar essa brotação não foi o objetivo desta

pesquisa, mas sim, avaliar o potencial de regeneração das estacas. Por outro lado, a posição

horizontal também pode ocasionar algumas desvantagens, como maior espaço necessário para

a condução do estudo, restrição do crescimento de raízes que se desenvolvem bem, devido ao

espaço restrito das bandejas, e a utilização apenas de estacas sem folhas, o que pode ter

prejudicado o desenvolvimento de alguma espécie.

As estacas deste estudo foram preparadas a partir de ramos apicais das ramificações dos

caules principais das lianas, e classificadas como lenhosas ou semilenhosas. A maior

concentração de auxina é sintetizada principalmente nas gemas apicais e é um conhecido

estimulante para formação de raízes adventícias (Taiz e Zeiger, 1998; Paiva e Gomes, 2011).

Além do que ramos apicais possuem menor grau de lignificação e células meristemáticas com

metabolismo mais ativo, condições estas descritas como facilitadoras para o enraizamento

(Hartmann et al., 2004). No entanto, estacas com menor grau de lignificação estão mais

predispostas a perderem umidade (Lima et al., 2006), efeito esse minimizado pelo método

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proposto, uma vez que toda a estaca estava em contato com o substrato e foram irrigadas

regularmente.

Os diâmetros recomendados para estacas de espécies florestais arbóreas estão entre 5 e

15 mm (Paiva e Gomes, 2011), com tendência crescente para o enraizamento em estacas

lenhosas para maiores diâmetros (Santos et al., 2011). Os diâmetros utilizados no presente

estudo foram em média próximos do habitualmente recomendado para espécies florestais. No

entanto, o diâmetro de 5 mm não foi limitante, uma vez que o enraizamento das estacas ocorreu

a partir de 1,6 mm de diâmetro e não influenciaram a capacidade de propagação vegetativa e a

sobrevivência das estacas (Figura 1).

As 34 espécies de lianas deste estudo estão distribuídas em 17 gêneros de 11 famílias, e

correspondem a 37% das plantas inventariadas e 12% das espécies presentes na Reserva Km

37. A capacidade de propagação vegetativa por estaca não foi homogênea para essas espécies

para todas as variáveis avaliadas. O percentual de sobrevivência das espécies foi muito variável

em qualquer grupo de plantas estudado (Santos et al., 2011; Dias et al., 2012). Essas diferenças

na capacidade de propagação vegetativa das espécies pode refletir também uma diferença de

estratégia de colonização e de adaptação ao ambiente, com o mostrado em 20 espécies de um

estudo na Floresta Atlântica (Santos et al., 2011).

No presente estudo com lianas, as espécies com maiores percentuais de enraizamento,

pertencem às famílias Fabaceae, Bignoniaceae, Dilleniaceae e Connaraceae, que estão entre as

mais abundantes localmente, e juntas essas famílias representam aproximadamente 64% das

lianas inventariadas (R. J. Burnham, dados não publicado). Apenas Smilax syphilitica

apresentou enraizamento acima da média geral e não pertence ao grupo das famílias

dominantes. Plantas desta espécie com diâmetros pequenos foram observadas em campo,

possibilitando a coletas dos indivíduos para o estudo, no entanto, provavelmente devido ao

diâmetro do caule, ficaram fora da inclusão de tamanho do inventário, mesmo considerando

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diâmetro mínimo de 1 cm. Caules com diâmetros menores em monocotiledôneas ocorrem

devido a características particulares de grupo que limitam o seu crescimento (Rudall, 1991).

Espécies de Smilax produzirem estruturas de natureza caulinar subterrâneas (rizóforos), os

quais emitem caules aéreos (Appezzato-da-Gloria et al., 2015). No estudo com Smilax

fluminensis Steud apenas caules subterrâneos apresentaram capacidade de propagação

vegetativa quando comparadas com caules aéreos (Soares et al., 2011), diferindo do presente

estudo em que estacas de caules aéreos propagaram vegetativamente. A formação das raízes a

partir da base dos brotos foi observada tanto no trabalho realizado por Soares et al. (2011)

quanto neste estudo. A colocação das estacas em posição horizontal e totalmente cobertas pelo

substrato no presente estudo podem ser consideradas práticas simples que parecem ter

favorecido a emissão de brotos e servido como estímulo. Dessa forma, o método sugerido pode

ser especialmente adequado para esse grupo de espécies lianas.

O alcance do sistema radicular foi distinto entre as espécies, indicando fortemente que

o tempo necessário para a formação das raízes é específico. Possivelmente, as raízes mais

longas foram as primeiras a se formarem, indicando uma facilidade dessas espécies em

diferenciar seus tecidos meristemáticos em uma nova raiz, conferindo assim uma melhor

eficácia na propagação vegetativa. Estudos anatômicos mais detalhados podem confirmar se

espécies de Fabecae e Bignoniaceae, além de Davilla kunthii e Smilax syphilitica, que

apresentaram as maiores raízes em nosso estudo, possuem características anatômicas que

facilitem o processo de desdiferenciação das células do caule. A estrutura anatômica da estaca

pode interferir no processo de enraizamento de algumas espécies, como observado em quatro

cultivares de Vitis. Entre outros fatores, características anatômicas como a presença de fibras

no floema primário e de floema secundário reduzido com faixas radiais de fibras envolvendo o

parênquima axial e os elementos condutores dificultaram a emissão das raízes adventícias

nessas cultivares (Mayer et al., 2006).

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As variações no comprimento das raízes das lianas podem ajudar a compreender o seu

estabelecimento em condições naturais. Já foi registrado para Davilla kunthii indivíduos jovens

com menos de 2 m de altura com 10 m de raízes (Reston e Nepstad, 2004). No presente estudo,

estacas dessa espécie com parte aérea de 3 cm apresentaram raízes de 28 cm de comprimento,

confirmando inicialmente um maior investimento em formação do sistema radicular. Outras

três espécies (Machaerium madeirense, Machaerium macrophyllum e Deguelia rariflora)

também tiveram comprimentos das raízes considerados grandes em relação à parte aérea,

sugerindo que as mesmas também possuam alta capacidade de estabelecimento em campo,

corroborando com a hipótese de Schnitzer (2005), que sugere que lianas tenham sistemas

radiculares mais profundos que plantas arbóreas. Entretanto, comparações entre o

desenvolvimento das raízes no presente estudo com a literatura dedicada às espécies arbóreas

são difíceis, uma vez que métodos, tempo de avaliação, substratos, condições oferecidas e

variáveis avaliadas são sempre diferentes.

4.1. Abundância relativa local e capacidade de propagação vegetativa

Das 265 espécies de lianas que já foram identificadas no local, apenas 25 (9,5%)

possuem abundância relativa superior a 1% e representam aproximadamente 60% dos caules

inventariados. A dominância por poucas espécies de lianas parece ser comum, como observado

em Yasuní, Equador, onde aproximadamente 12% das espécies correspondem a 50% das lianas

inventariadas (Burnham, 2004), assim como também registrado em Barro Colorado, Panamá,

que pouco mais de 6% das espécies representam quase 48% dos caules marcados (Schnitzer et

al., 2012).

Contrariando as expectativas, Deguelia negrensis e Deguelia sp.1, não apresentaram

resultados que explique a dominância no local pela capacidade de se propagar vegetativamente.

Esse resultado diverge do observado em Yasuní, onde a abundância relativa local de

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Machaerium cuspidatum Kuhlm. & Hoehne foi atribuída à elevada capacidade de propagação

vegetativa, principalmente pela observação de caules cortados ou caídos com a presença de

gemas axilares latentes (Burnham, 2004; Nabe-Nielson, 2004), como também em Barro

Colorado, onde Coccoloba excelsa Benth., espécie dominante, possui 46% dos caules

identificados como clonais (Schnitzer et al., 2012).

A distância entre valores estivamos da abundância em relação aos valores reais (Figura

4), sugerem que Deguelia negrensis e Deguelia sp.1 podem necessitar de outras condições para

o enraizamento, como maior eficiência na formação de raízes em outras partes da planta, ou

caules com maiores diâmetros podem tem maior capacidade de enraizamento. Outra

possibilidade é que outra estratégia de colonização seja mais eficiente e importante para o

estabelecimento das espécies na área, como por exemplo a propagação por meio de sementes.

Após a exclusão das duas espécies dominantes de Deguelia e considerando apenas

espécies de lianas com abundância <4%, a análise de regressão entre abundância relativa e

capacidade de propagação vegetativa realizado nesse estudo tornou-se positiva e significativa.

99,2% das espécies inventariadas na Reserva Km 37 possuem abundância <4% (R. J. Burnham,

dados não publicados). Para essas espécies, a reprodução clonal tem um papel importante sobre

a estratégia de colonização local e a sua capacidade de regeneração. A capacidade de

reprodução clonal das lianas de uma floresta tropical já havia sido relatada em Barro Colorado

(Panamá), onde, de todos os caules enraizados, quase 1/3 ainda estavam ligados à planta mãe

(Schnitzer et al., 2012). Entretanto, o estudo não quantificou a capacidade de sobrevivência dos

caules sem a conexão com a planta mãe.

Apenas Pseudoconnarus rhyncosioides e Machaerium ferox apresentaram abundância

relativa abaixo de 1% tiveram valores de propagação vegetativa maiores que a média geral, o

que aparentemente não proporcionou uma vantagem para essas espécies ocuparem a área, sendo

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que outros fatores ambientais podem exercer uma maior influência sobre a abundância dessas

espécies.

4.2. Comparação da capacidade de propagação vegetativa de pares congêneres

A comparação da capacidade de propagação vegetativa entre os pares congêneres não

indicou uma diferenciação da estratégia e colonização no local entre espécies raras e espécies

abundantes. Esse resultado diverge do observado por Lavergne et al. (2014), que constataram

a diferenciação na estratégia ecológica de colonização entre as espécies de mesma linhagem

evolutiva foi observada em 20 pares congêneres de ocorrência generalista e restrita.

Além dos pares formados com espécies congêneres raras e abundantes, espécies de

outros gêneros, porém de abundância relativa próximas, também apresentaram capacidade de

propagação vegetativa semelhantes: espécies dominantes de Adenocalymma apresentaram altos

valores de sobrevivência e enraizamento; espécies dominantes de Rourea tiveram alta

sobrevivência, porém com baixo enraizamento; espécies raras de Forsteronia demonstraram

baixa sobrevivência e enraizamento. Essas observações de que espécies estreitamente

relacionadas geneticamente apresentassem capacidade de propagação vegetativa semelhantes

corroboram com Zulqarnain et al. (2016), que espécies estreitamente relacionadas tendem a ter

nichos semelhantes. As observações da capacidade de propagação vegetativa nos pares

indicaram que espécies proximamente relacionadas apresentam estratégias de colonização

semelhantes.

4.3. Distribuição da capacidade de propagação vegetativa na filogenia de lianas

A capacidade de propagação vegetativa foi observada em diversos grupos evolutivos

das lianas. O hábito lianescente, que também possui múltiplas origens é registrado em metade

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das famílias angiospermas (Gentry, 1991), além de outros grupos, como Monilophyta

(Samambaias) e na ordem Gnetales, em gimnosperma (Angyalossy et al., 2015).

A presença de propagação vegetativa registrada tanto em lianas gimnospermas quanto

em angiospermas indica um caso de evolução convergente. Nas gimnospermas foi observada a

capacidade de propagação vegetativa em lianas do gênero Gnetum. Esse grupo apresenta

estruturas vegetativas mais semelhantes às angiospermas do que às gimnospermas, como

características das folhas e presença de pseudofruto (Celis e Avalos, 2013). Características

anatômicas do caule, como por exemplo, diâmetro dos vasos, também são similares as de lianas

angiospermas, o que pode caracterizar uma convergência (Fisher e Ewera, 1995). Como já

mencionado anteriormente, a estrutura anatômica dos caules pode interferir no processo de

enraizamento de algumas espécies, o que pode estar associada à capacidade de propagação

vegetativa da espécie Gnetum nodiflorum.

Ao observar as angiospermas, a propagação vegetativa se mostrou distribuída entre os

grupos estudados. A propagação vegetativa, embora um traço antigo para as plantas, mostra

uma distribuição homoplástica entre táxons de plantas dicotiledôneas em geral (van

Groenendael et al., 1996). A distribuição homoplástica da propagação vegetativa também foi

observada no presente estudo para lianas eudicotiledôneas, uma vez que surge diversas vezes

em grupos distantemente relacionados. Em lianas monocotiledôneas, apenas uma das duas

famílias estudadas apresentou capacidade de propagação vegetativa por meio de estaquia.

Entretanto, é conhecida para plantas monocotiledôneas em geral uma alta capacidade de

propagação vegetativa de forma natural (van Groenendael et al., 1996), o que pode não ser

significante para formas induzidas, como estaquia.

A capacidade de propagação vegetativa não está associada a um ancestral comum, mas

sim a diversas origens, podendo ter ocorrido em vários momentos da evolução, o que pode

indicar o aparecimento e desaparecimento de formas clonais em várias linhas evolutivas das

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lianas. Entretanto, os maiores valores registrados para a propagação vegetativa foram

concentrados nas espécies de lianas das famílias Fabaceae e Bignoniaceae. Essas famílias são

as mais importantes na área do estudo (R. J. Burnham, dados não publicados), e embora o habito

lianescente tenha evoluído em muitas famílias de angiospermas, Bignoniaceae e Fabaceae são

geralmente as famílias mais importantes na maioria das florestas neotropicais (Gentry, 1991).

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51

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O método empregado para a avaliação da capacidade de propagação vegetativa foi

considerado eficiente, possibilitando a simulação de ambientes de floresta tropical. Mesmo com

o plantio na posição horizontal, verificou-se uma tendência de manutenção da polaridade na

formação de raiz e parte aérea nas estacas. Questões fisiológicas das estacas de lianas, como a

concentração de auxina em algumas partes da planta podem ser mais exploradas, podendo

indicar como ocorre o processo de regeneração por estaquia.

A espécie Smilax syphilitica demostrou boa adaptação ao plantio na horizontal, uma vez

que suas raízes foram emitidas na base dos brotos formados nas gemas. Esse método foi, em

especial, adequado para essa espécie. Estudos com outras espécies de Smilax podem indicar se

a capacidade de propagação vegetativa do gênero é maior em plantio na horizontal.

Estudos que visem entender a origem da formação de raízes, através de estudos da

estrutura anatômica dos caules de lianas podem ajudar a compreender a capacidade de

propagação vegetativa. Pode ser avaliado se espécies com maior eficiência na emissão de raízes

possuem estruturas que facilitem a desdiferenciação dos tecidos meristemáticos, e se aquelas

espécies que apresentaram baixa propagação vegetativa possuem barreiras anatômicas que

dificultam a formação de primórdios de raízes.

A capacidade de propagação vegetativa não foi capaz de predizer a abundância relativa

das lianas no local na Reserva Km 37. Principalmente para Deguelia negrensis e Deguelia sp.1,

que são as espécies com maior abundância no local, as variáveis utilizadas não refletiram essa

dominância. Dessa forma, estudos com outras partes dos caules dessa espécie ou em outras

condições podem verificar se realmente essa espécie apresenta uma alta capacidade de

propagação vegetativa que justifique sua elevada abundância. Outra hipótese que pode ser

testada é a de boa propagação por sementes. Estudos comparativos entre reprodução por

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52

sementes e de forma vegetativa podem indicar o quanto a forma de propagação pode influenciar

a abundância das lianas de maneira geral.

No entanto, para as espécies de lianas com abundância <4%, a propagação vegetativa

mostrou-se como uma ferramenta para explicar a abundância relativa, principalmente pelo

Índice de Potencial de Regeneração e percentual de sobrevivência das estacas. Para esse grupo

de espécies, que representam mais que 99% das lianas identificadas na Reserva Km 37, a

propagação vegetativa tem influência na forma de colonização/ocupação do espaço.

As capacidades de propagação vegetativa de espécies congêneres foram semelhantes,

indicando uma mesma estratégia de reprodução. Comparações com propagação por sementes e

acompanhamento do crescimento também podem ser válidas para entender melhor as

estratégias de colonização das lianas que possuem mesma linhagem evolutiva. Esses estudos

podem ajudar a confirmar se espécies proximamente relacionadas tem estratégias de

colonização diferentes, que justifiquem a diferença de abundância relativa local.

O mapeamento da capacidade de propagação vegetativa das lianas estudadas indicou

que essa característica aparece em diversos grupos evolutivos, porém, os maiores valores foram

registrados em Fabaceae e Bignoniaceae, que são as famílias dominantes da área estudada e

geralmente em outras florestas neotropicais. Estes resultados podem indicar uma vantagem

desses grupos de lianas, o que favorece a maior ocupação da área. No entanto, o trabalho precisa

ser ampliado, incluindo outros gêneros e espécies dessas famílias, para que se possa ter maior

convicção para essa afirmação. Características anatômicas dos caules das espécies dessas duas

famílias podem indicar a presença de estruturas que facilitem a formação das raízes ou com

maiores reservas para o desenvolvimento das raízes e formação de parte aérea.

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APÊNDICES

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60

Apêndice A – Registros fotográficos – condução do estudo em casa de vegetação e substrato

utilizado.

Figura 5 – Formação da parte aérea a partir de estacas colocadas na posição horizontal e em substrato

tipo fibra de coco. A) início da formação da parte aérea, com destaque para o substrato utilizado; B)

desenvolvimento da parte aérea. (Machaerium madeirense – Fabaceae).

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Apêndice B – Registros fotográficos – Avaliação final de espécies utilizadas no estudo (após

cinco meses de plantio).

Figura 6 – Estaca de Deguelia rariflora (Fabaceae) após cinco meses de plantio.

Figura 7 – Estaca de Machaerium madeirense (Fabaceae) após cinco meses de plantio.

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Figura 8 – Estaca de Adenocalymma validum (Bignoniaceae) após cinco meses de plantio.

Figura 9 – Estaca de Davilla kunthii (Dilleniaceae) após cinco meses de plantio.

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63

Apêndice C – Registros fotográficos – Exemplificação da forma de enraizamento de estacas

de Smilax syphilitica (Smilacaceae).

Figura 10 – Enraizamento das estacas de Smilax syphilitica (Smilacaceae). A) estaca após cinco meses de plantio;

B) separação da parte aérea e raízes da estaca; C) detalhe da emissão de raízes na base da parte aérea.

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ANEXO

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Anexo A – Ata da aula de qualificação

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Anexo B – Ata da defesa presencial

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