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MAURÍCIO FERREIRA
LEVANTAMENTO DO POTENCIAL HIDRELÉTRICO NA ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA - PR PARA PEQUENAS CENTRAIS
COM O USO DE FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Industrial Elétrica- Ênfase Eletrotécnica, Departamento de Eletrotécnica, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Orientador: Prof. Msc. Gilberto Manoel Alves
Co-orientador: Profª. PhD. Líbia Patrícia Peralta Agudelo
CURITIBA ABRIL 2004
ii
Dedico este trabalho as pessoas que tornaram essa jornada possível:
Aos meus pais, Manoel e Marina, exemplos de vida, eternamente em minha memória.
Aos meus irmãos José, Edvaldo,Maria, Moisés e Donizete, exemplos de luta e perseverança.
As minhas cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, pelo carinho e motivação.
iii
Ter problemas na vida é inevitável. Ser derrotado por eles é opcional.
Roger Crawford
É melhor tentar, ao invés de sentar-se e nada fazer;
É melhor falhar, mas não deixar a vida passar; Eu prefiro na chuva caminhar, do que em dias tristes em casa me esconder;
Prefiro ser feliz, embora louco, do que viver infeliz em são conformismo. Martin Luther King
Longe é um lugar que não existe.
Richard Bach
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por manter-me confiante da realização desse
sonho, e por ter colocado em meu caminho tantas pessoas maravilhosas, que
ajudaram na concretização deste trabalho.
Aos professores Gilberto Alves e Líbia Patrícia, por terem acreditado em
uma idéia, e por meio de seus ensinamentos, orientações e apoio, terem
transformado-a em realidade.
A amiga Ana Célia Vieira, por meus primeiros ensinamentos de
geoprocessamento, por materiais fornecidos e por seu companheirismo, paciência e
dedicação, nos passos inicias deste trabalho.
Ao professor Rodolfo Humberto Ramina por suas orientações inicias de
como desenvolver esse trabalho.
A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, no nome do Engenheiro Joel
Larocca Júnior, por sua contribuição através informações e materiais.
Ao Departamento de Eletrotécnica, nos nomes dos professores, Antônio
Carlos Pinho, Carlos Alberto Dallabona, Ney José Araújo Kloster e Paulo Sérgio
Walenia, e a todos os professores que direta ou indiretamente, auxiliaram na
realização deste trabalho.
Aos amigos de turma, que tanto me escutaram falar sobre “esse tal mundo”
do geoprocessamento e sempre me apoiaram em seguir nesse caminho, em
especial aos colegas Juliano De Pellegrin Pacheco e Rodrigo Fagundes Eggea, por
suas contribuições a esse trabalho.
A minha família: irmãos,cunhadas,sobrinhos e sobrinhas; razão dos meus
esforços, por sua compreensão, carinho e companheirismo, em especial, meu irmão
Donizete e meu sobrinho Lincoln César pela paciência nas visitas de campo finais.
v
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS ..................................................................................................................... vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES.............................................................................................................. viii LISTA DE SIGLAS........................................................................................................................... ix RESUMO .................................................................................................................................. x ABSTRACT .................................................................................................................................. xi 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................ 4 2.1 O MERCADO DE ENERGIA NO BRASIL ...................................................................................................... 4 2.2 CENTRAIS HIDRELÉTRICAS NO BRASIL.................................................................................................... 5 2.2.1 Classificação das centrais quanto à potência de geração........................................................................... 6 2.2.1.1 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH’s) ...............................................................................7 2.2.1.2 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s).................................................................................7 2.2.2 Centrais a Fio D’água e Centrais de Regularização.................................................................................. 10 2.3 BACIA HIDROGRÁFICA .............................................................................................................................. 10 2.4 CÁLCULO DE VAZÕES...............................................................................................................................12 2.4.1 Método de Transposição de Vazões ......................................................................................................... 12 2.4.2 Método Racional para o cálculo de vazões............................................................................................... 14 2.5 CÁLCULO DE POTENCIAL ELÉTRICO ...................................................................................................... 15 2.6 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)............................................................................. 16 2.6.1 Modelo Digital de Elevação ( MDE ).......................................................................................................... 18 3 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 21 3.1 DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................ 21 3.2 MATERIAL ................................................................................................................................................... 21 3.2.1 Material Cartográfico ................................................................................................................................. 21 3.2.2 Equipamentos ........................................................................................................................................... 23 3.2.3 Programas utilizados................................................................................................................................. 23 3.3 MÉTODOS ................................................................................................................................................... 23 3.3.1 Visita de campo inicial ...............................................................................................................................23 3.3.1.1 Utilização do programa Hidro .................................................................................................24 3.3.1.2 Aplicação do método racional.................................................................................................25 3.3.2 Geração do MDE....................................................................................................................................... 26 3.3.3 Integração das informações ...................................................................................................................... 28 3.3.4 Cálculo do potencial hidrelétrico................................................................................................................ 29 3.3.5 Visita de campo para verificação dos pontos escolhidos .......................................................................... 31 4 RESULTADOS................................................................................................................................. 32 4.1 PONTOS ESCOLHIDOS.............................................................................................................................. 32 4.2 PONTOS NÃO ESCOLHIDOS..................................................................................................................... 42 4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................................................. 44 5 CONSIDERAÇÕES GERAIS DO PROJETO.................................................................................. 46 5.1 ENERGIA ELÉTRICA EM PONTA GROSSA............................................................................................... 46 5.1.1 Um breve histórico da energia elétrica em Ponta Grossa ......................................................................... 46 5.1.2 Consumo de energia atualmente .............................................................................................................. 47 5.1.3 Contribuição desta pesquisa ..................................................................................................................... 48 5.1.3.1 Energia como fator de melhora da vida das pessoas ............................................................49 5.2 A VISÃO OBTIDA AO LONGO DO PROJETO ............................................................................................ 50 5.3 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS.................................................................................... 51 5.4 SUGESTÕES DE PESQUISAS PARA OS PRÓXIMOS TRABALHOS........................................................ 52 6 CONCLUSÕES................................................................................................................................ 53 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 56
vi
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRINCIPAIS USINAS DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO........................................ 6 QUADRO 2- CLASSIFICAÇÃO DAS PCH’S QUANTO À POTÊNCIA E QUANTO À QUEDA DE
PROJETO ........................................................................................................................... 8 QUADRO 3- DADOS DOS POSTOS .................................................................................................... 13 QUADRO 4- VALORES DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL................................ 15 QUADRO 5- POSTOS PLUVIOMÉTRICOS ESCOLHIDOS................................................................. 25 QUADRO 6- DADOS NECESSÁRIOS PARA O CÁLCULO DOS PONTOS ESCOLHIDOS ............... 45 QUADRO 7- EVOLUÇÃO DO PIB DO MUNICÍPIO EM ALGUNS SETORES ECONÔMICOS
(VALORES EM R$)........................................................................................................... 47 QUADRO 8- CONSUMIDORES E CONSUMO NA CIDADE PONTA GROSSA .................................. 48
vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1- LOCALIZAÇÃO DOS PEQUENOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS (MICRO
CENTRAIS E PCH’S) EXISTENTES NO BRASIL ............................................................ 9 FIGURA 2- MODELO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA................................................................... 11 FIGURA 3- REPRESENTAÇÃO DE UM SIG DE INFORMAÇÕES ESPACIAIS................................ 18 FIGURA 4- OCUPAÇÃO URBANA DE PONTA GROSSA ................................................................. 22 FIGURA 5- ÁREAS VISITADAS.......................................................................................................... 24 FIGURA 6- DETALHE DA URBANIZAÇÃO NO ENTORNO DE UM DOS PONTOS ESTUDADOS . 26 FIGURA 7- CURVAS DE NÍVEL DA ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA..................................... 27 FIGURA 8- DETALHE DE UMA REGIÃO ONDE FOI GERADO O MDE A PARTIR DAS CURVAS DE
NÍVEL................................................................................................................................ 28 FIGURA 9- INTEGRAÇÃO DO TEMAS: MDE, MALHA URBANA E HIDROGRAFIA ........................ 30 FIGURA 10- CURVAS DE NÍVEL COM AS COTAS DE ALTITUDE E HIDROGRAFIA....................... 31 FIGURA 11- ARROIO UEPG................................................................................................................. 33 FIGURA 12- ARROIO UEPG COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO ............................ 34 FIGURA 13- ARROIO MADUREIRA .................................................................................................... 35 FIGURA 14- ARROIO MADUREIRA COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO................. 36 FIGURA 15- ARROIO PILÃO DE PEDRA, PONTO I............................................................................ 37 FIGURA 16- ARROIO PILÃO DE PEDRA, PONTO II........................................................................... 38 FIGURA 17- RIO VERDE ...................................................................................................................... 39 FIGURA 18- RIO VERDE COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO .................................. 40 FIGURA 19- DETALHE DO RIO VERDE .............................................................................................. 41 FIGURA 20- DETALHE DA OCUPAÇÃO EM TORNO DE UM ARROIO ............................................. 42 FIGURA 21- DETALHE DE UMA REGIÃO PLANA .............................................................................. 43 FIGURA 22- DETALHE DE UMA REGIÃO COM PRESENÇA DE MATA............................................ 44 FIGURA 23- PONTOS AVALIADOS ..................................................................................................... 54 FIGURA 24- PONTOS AVALIADOS COM A MALHA URBANA........................................................... 55
viii
LISTA DE SIGLAS
ANA - Agência Nacional das Águas
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
CCC - Conta de Consumo de Combustível
CGH - Central Geradora Hidrelétrica
CNPE - Conselho Nacional de Política Energética
ESRI - Environmental Systems Research Institute
GIS - Geographical Information Systems
MAE - Mercado Atacadista de Energia Elétrica
MDE - Modelo Digital de Elevação
MDT - Modelo Digital de Terreno
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
PCH - Pequena Central Hidrelétrica
PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
SIG - Sistemas de Informações Geográficas
TIN - Triangular Irregular Network
UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa
ix
RESUMO
Este trabalho apresenta o levantamento do potencial hidrelétrico de Ponta
Grossa-PR, com o uso de ferramentas de geoprocessamento. Esta ferramenta é
hoje muito utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento, sendo que
especificamente nesse trabalho usou-se o recurso da integração de um Modelo
Digital de Elevação do local em estudo, com dados de vazão, mapas de hidrografia
e malha urbana. A integração destes dados permitiu o conhecimento do potencial
hidrelétrico de um determinado local. Para o desenvolvimento da pesquisa utilizou-
se como ferramenta de trabalho, o programa Arcview, da empresa ESRI, com as
extensões 3D Analyst e Spatial Analyst. Os principais dados para desenvolvimento
do projeto foram; os temas de hidrografia e malha urbana obtidos junto à Prefeitura
Municipal de Ponta Grossa, os dados de vazão junto à Agência Nacional das Águas
(ANA), o Modelo Digital de Elevação, desenvolvido em 2001, por Vieira, como
trabalho de conclusão de curso na Universidade Estadual de Ponta Grossa. O
levantamento do potencial hidrelétrico constitui uma importante informação para o
desenvolvimento de projetos de centrais geradoras elétricas, além de permitir que
políticas de desenvolvimento na cidade possam ser elaboradas visando a
exploração dos potênciais avaliados. E também com relevância, foram levantados
problemas de ocupação urbana nas margens dos arroios o que representa um fator
dificultador para projetos de construção de centrais elétricas. Os dados obtidos e
suas aplicações se constituem em uma importante ferramenta para o planejamento e
desenvolvimento da cidade e a melhora de vida de seus habitantes.
Palavras-chave: Geoprocessamento; Ponta Grossa; potencial hidrelétrico;
planejamento.
ABSTRACT
This work presents the hydroelectric potential survey of the city of Ponta
Grossa-PR, state of Paraná, Brazil, with the use of Geographical Information
Systems-GIS tools. These tools have been used in various areas of knowledge, and
specifically in this work were used to integrate a Digital Elevation Model (DEM) of the
study area, with sewage data, area survey, hydrographic maps and city maps. The
integration allowed the assessment of hydro electrical potential of a particular area.
The software that supported the development of this survey was Arcview, from the
ESRI Company, with the 3D Analyst extension. Main data was obtained as follows:
the maps were obtained at Ponta Grossa’s city hall, the sewage data with the
National Agency of Water, the Digital Elevation Model, was developed in 2001, by
Ms. Vieira, for the final project of graduation in the State University of Ponta Grossa.
The hydro electrical potential survey represents an important source of information to
the development of small hydro electrical power plants, and allows the development
of new projects where this potential can be explored. As a second point, but not less
important, urban occupation rates were obtained on the borders of little rivers, that
can represent a difficult point to construct little power plants and can be a risk to the
residents due to floods. The data and its applications compose an important tool for
the planning and the development of the city and to improve the quality of life of its
citizens.
Key-word: GIS; Ponta Grossa; hydroelectric potential; development;
planning.
x
1
1 INTRODUÇÃO
A presença da energia elétrica nos mais diversos setores da economia, fez
com que a mesma adquirisse importância nas sociedades de tal forma que o
domínio de sua exploração tornou-se essencial para o desenvolvimento dos países
e conseqüentemente da melhora de condições de vida de sua população.
Hoje, a nível mundial, a geração de energia elétrica concentra-se
principalmente em termelétricas a carvão, a petróleo e nucleares e usinas
hidrelétricas, sendo que outras formas de geração atualmente não são de grande
representatividade.
No Brasil, a energia hidráulica responde por 42% da nossa matriz
energética e por 90% da energia elétrica produzida (Agencia Nacional de Energia
Elétrica, 2002).
Esse elevado percentual foi atingido ao longo dos anos com a construção
de dezenas de usinas nos melhores pontos potênciais, tanto no aspecto do
aproveitamento dos melhores cursos d’água, quanto do aspecto comercial, por
estarem mais próximas dos grandes centros consumidores.
Em função dos melhores aproveitamentos do ponto de vista técnico e
comercial já estarem quase todos explorados surge a necessidade de termos em
nosso país alternativas para geração de energia, como é o caso da construção de
pequenas centrais, uma vez que as mesmas apresentam algumas vantagens, como
seu tempo de construção menor, que representa um mais rápido retorno aos seus
investidores. Estas ainda apresentam menores impactos ambientais por não
necessitarem de grandes reservatórios nem de grandes cursos de água.
Isso torna viável sua construção em áreas urbanas onde as exigências de
otimização do espaço são uma necessidade e por estarem nessas áreas a maior
concentração de consumidores, diminuindo os custos com transmissão como é o
caso em usinas tradicionais que estão mais longe dos centros consumidores quando
comparada a centrais na área urbana.
Especificamente na área urbana de Ponta Grossa-PR, local onde será
desenvolvido todo o projeto, os aspectos positivos associados às pequenas centrais,
em conjunto com condições geográficas e hidrológicas favoráveis da cidade,
acentuadas declividades e regimes de chuvas constante, permitem que projetos
2
associados a pequenas centrais possam ser viabilizados de forma a ampliar a oferta
de energia elétrica no município, condição essencial para o desenvolvimento
econômico, além de ser mais uma fonte de energia para a matriz energética já
existente na cidade.
Baseado nessas condições favoráveis, o objetivo geral do trabalho foi fazer
o levantamento do potencial hidrelétrico instalado na área urbana, a fim de propor
uma nova alternativa para a matriz energética no município de Ponta Grossa visando
em conjunto com outras formas de geração de energia, sua auto-suficiência.
Como objetivos específicos destacam-se os seguintes pontos:
• Delimitação e analise de pontos potenciais;
• levantamento de dados sobre a vazão dos cursos de água
considerados aproveitáveis;
• avaliação do potencial elétrico aproveitável na área urbana de Ponta
Grossa;
• geração de um mapa dos pontos aproveitáveis e seus potenciais;
• geração de dados para a tomada de decisões de planejamento em
temas relacionados à geração de energia no município de Ponta
Grossa.
O objetivo principal no desenvolvimento deste trabalho foi obter o
conhecimento do potencial elétrico instalado na área urbana de Ponta Grossa para
subsidiar decisões de maneira a propiciar a construção de pequenas centrais,
garantindo assim uma maior disponibilidade de energia.
Com esse conhecimento, decisões relacionadas à geração de energia,
podem ser mais ágeis e permitir um melhor planejamento do desenvolvimento do
município em função de suas necessidades energéticas.
Saliento ainda o aspecto de ser um trabalho inovador no país, já que a
princípio não foi encontrada referência de trabalhos semelhantes de levantamento
de potenciais hidrelétricos em área urbana.
Há ainda a multidisciplinaridade envolvida, com a união de conhecimentos
da engenharia elétrica, engenharia civil, geografia, geologia, entre outras, que
motivam a uma visão mais ampla do engenheiro no desempenho de suas
atribuições.
3
Para uma melhor compreensão do trabalho, será apresentado no próximo
capítulo o principal conceito dos temas envolvido nesse trabalho: método racional
para cálculo de vazão, cálculo do potencial hidrelétrico, central geradora hidrelétrica,
sistemas de informação geográfica, geoprocessamento.
A seguir no capítulo 3, será apresentada a região de estudo, os materiais,
métodos, dados e ferramentas envolvidas para o desenvolvimento do projeto.
No capítulo 4 é feita uma análise dos dados levantados e uma descrição
dos resultados obtidos, a partir desses a aplicação na matriz de energia do
município.
No capítulo 5 são feitas considerações gerais do projeto, aspectos
relevantes, a importância da energia na qualidade de vida das pessoas, dificuldades
encontradas e sugestões de pesquisa.
No capítulo 6 são apresentadas as conclusões finais do projeto.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O MERCADO DE ENERGIA NO BRASIL
A partir de 1995 o mercado de energia do Brasil passou a sofrer grandes
transformações com a desestatização das empresas, abertura do mercado a
investimentos estrangeiros e o fortalecimento de órgãos reguladores.
Para concretizar as mudanças de 1995, algumas decisões foram tomadas
como a criação de um agente regulador para o setor de energia, a Agência Nacional
de Energia Elétrica-ANEEL, a instituição de um modelo comercial competitivo com a
criação do Mercado Atacadista de Energia Elétrica-MAE e a transição do modelo de
mercado regulado pelo governo, para o mercado competitivo (ANEEL, 2003, p. 13).
As principais leis que regulamentaram essas mudanças foram as
seguintes:
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 - Lei de Concessões de Serviços
Públicos, de caráter geral;
Lei n.º 9.074, de 07 de julho de 1995, especifica para o setor elétrico, onde
seus principais pontos estão associados a criação do Produtor Independente de
Energia Elétrica, a instituição dos consumidores livres e a garantia do livre acesso
aos sistemas de transmissão e de distribuição;
Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que criou a ANEEL;
Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, estabeleceu a segmentação das
atividades de geração, transmissão/distribuição e comercialização, além da criação
do Operador Nacional do Sistema Elétrico-ONS e a instituição do Mercado Ataca-
dista de Energia Elétrica – MAE.
Esse modelo de mercado, que procurava abrir o mercado de maneira a
aumentar a oferta de geração, transmissão e distribuição, passou a ser repensado
em 2002 após a real ameaça de racionamento em 2000, pois se verificou que os
investimentos necessários não haviam acontecido na proporção necessária para
que fatos como esse não viessem a acontecer.
Com o novo governo no inicio de 2003, o mercado de energia iniciou um
processo de mudanças. A Resolução nº 005, de 21 de julho de 2003, do Conselho
5
Nacional de Política Energética – CNPE, que aprovou as diretrizes básicas para
reforma institucional do setor elétrico, como prevalência do conceito de serviço
público, universalização do acesso e do uso dos serviços de eletricidade, deixa claro
essa tendência do governo do aumento de oferta ao consumidor final.
Outra indicação da preocupação do governo no aumento da oferta de
energia é no fortalecimento do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica – PROINFA, para aumentar a participação da energia elétrica
produzida por empreendimentos de produtores independentes autônomos,
concebidos com base em PCH, e fontes eólica e biomassa, mediante procedimentos
estabelecidos nas Leis 10.438, de 26 de abril de 2002, Lei 10.762, de 11 de
novembro de 2003, e Decreto 4.541, de 23 de dezembro de 2002
(ANEEL,2003, p. 9,13-18).
2.2 CENTRAIS HIDRELÉTRICAS NO BRASIL
No Brasil as centrais hidrelétricas são responsáveis por 90% da energia
elétrica gerada. Entretanto mesmo com essa grande representatividade o parágrafo
a seguir nos mostra como ainda temos um grande potencial a ser explorado.
O potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em cerca de 260 GW, dos quais 40,5% estão localizados na Bacia Hidrográfica do Amazonas. Entre as demais bacias, destacam-se a do Paraná, com 23% desse potencial, a do Tocantins (10,6%) e a do São Francisco (10%). As bacias do Uruguai e do Atlântico Leste representam cerca de 5% cada uma e as demais (Atlântico Sudeste e Atlântico Norte/Nordeste) somam juntas apenas 5% do referido potencial. Contudo, apenas 63% desse potencial foi inventariado, de modo que essas proporções mudam significativamente em termos de potencial conhecido. (ANEEL,2002,p.19)
O Brasil possuía 433 centrais hidrelétricas em 2002, gerando um total de
62.020MW, sendo que 337 centrais eram projetos de pequeno porte (abaixo de 30
MW) e responsáveis por 2,41% do total gerado (ANEEL,2002,p.50).
6
As 3 maiores usinas do sistema elétrico brasileiro respondem por 32,32%
do total gerado (Quadro 1).
QUADRO 1- PRINCIPAIS USINAS DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO
Usina Proprietário Município -UF Rio Potência Instalada (MW)
Itaipu (lado brasileiro
e lado paraguaio)
Itaipu Binacional Foz do Iguaçu-PR Paraná 12.600
Tucuruí I e II Centrais Elétricas do Norte
do Brasil S/A
Tucuruí - PA Tocantins 4.001
Ilha Solteira Companhia Enérgica do
Estado de SP
Ilha Solteira -SP Paraná 3.444
FONTE: ANEEL.
NOTA: Dados retirados do Atlas de energia elétrica do Brasil. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/arquivos/
PDF/livro_atlas.pdf > Acesso em: 20 nov. 2002.
O Brasil se caracterizou nas décadas de 70 e 80 na construção de grandes
obras, como é o caso de Itaipu, ainda a maior usina em operação no mundo, obras
essas caracterizadas por grandes investimentos e grandes áreas inundadas.
Com as mudanças colocadas ao mercado, tanto do ponto de vista
econômico, com menor disponibilidade de recurso, e ambiental, com leis mais
severas de preservação procura-se atualmente que empreendimentos de menor
porte sejam incentivados, de maneira a garantir investimentos em geração, com
menores impactos ao meio ambiente.
2.2.1 Classificação das centrais quanto à potência de geração
A ANEEL em seu Guia do Empreendedor de Pequenas Centrais
Hidrelétricas classifica as centrais em três grandes grupos, que são eles:
• Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH’s), empreendimentos com
potência instalada de até 1.000KW;
• Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s), empreendimentos com
potência instalada entre 1.000kW até 30.000kW e com reservatório
inferior a 3 km²;
• Grandes Centrais Hidrelétricas, com potência instalada, superior a
30.000kW.
7
2.2.1.1 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH’s)
O artigo 5 do Decreto nº 2.003, de 1996, regulamentou que as CGH’s
independem de concessão ou autorização, devendo, entretanto, ser comunicados ao
órgão regulador e fiscalizador do poder concedente para fins de registro
(ANEEL, 2003, p.71).
O que se procurou com tal medida foi facilitar a construção de CGH’s, por
produtores independentes, sendo que em 2003, tivemos mais uma lei vindo de
encontro a esse propósito, a Lei nº 10.762, de 11 de novembro de 2003, alterando
os artigos 17 e 26 da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, incluindo para a
CGH o desconto não inferior a cinqüenta por cento a ser aplicado às tarifas de uso
dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, além de autorizar a
comercialização energia elétrica para consumidor, cuja carga seja maior ou igual a
500 kW (ANEEL, 2003, p.71-72).
2.2.1.2 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s)
As recentes mudanças institucionais e regulamentares, introduzindo incentivos aos empreendedores interessados e removendo uma série de barreiras à entrada de novos agentes na indústria de energia elétrica, assim como as revisões do conceito de pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) têm estimulado a proliferação de aproveitamentos hidrelétricos de pequeno porte e baixo impactos ambiental no Brasil. Esses empreendimentos procuram atender demandas próximas aos centros de carga, em áreas periféricas ao sistema de transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola nacional, promovendo o desenvolvimento de regiões remotas do País. Com isso, espera-se adicionar ao sistema elétrico nacional cerca de 5.000 MW de potência nos próximos 10 anos (ANEEL, 2002, p.59).
Para estimular a construção de novas PCH’s, a ANEEL criou condições de
incentivo aos empreendedores, destacando-se as seguintes, citadas no Atlas de
Energia Elétrica do Brasil: 1. Autorização não-onerosa para explorar o potencial hidráulico (Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, e Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996); 2. Descontos superiores a 50% nos encargos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (Resolução no 281, de 10 de outubro de 1999); 3. Livre comercialização de energia para consumidores de carga igual ou superior a 500 kW (Lei no 9.648, de 27 de maio de 1998); 4. Isenção relativa à compensação financeira pela utilização de recursos hídricos (Lei no 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996); 5. Participação no rateio da Conta de Consumo de Combustível – CCC, quando
8
substituir geração térmica a óleo diesel, nos sistemas isolados (Resolução no 245, de 11 de agosto de 1999); 6. Comercialização da energia gerada pelas PCH’s com concessionárias de serviço público, tendo como limite tarifário o valor normativo estabelecido pela Resolução no 22, de 1o de fevereiro de 2001. Ainda hoje se encontram bibliografias que classificam uma PCH baseada
na primeira edição do Manual da Eletrobrás para pequenas centrais hidrelétricas
(ELETROBRÁS/DNAEE, 1982), que considerava ser uma PCH quando:
• a potência instalada total estivesse compreendida entre 1,0 MW e
10 MW;
• a capacidade do conjunto turbina - gerador estivesse compreendida
entre 1,0 MW e 5,0 MW;
• não fossem necessárias obras em túneis (conduto adutor, conduto
forçado, desvio de rio, etc.);
• a altura máxima das estruturas de barramento do rio (barragens,
diques, vertedouro, tomada d’água, etc.) não ultrapassasse 10 m;
• a vazão de dimensionamento da tomada d’água fosse igual ou
inferior a 20 m3/s.
Além dos itens anteriores, as PCH’s podem ser ainda classificadas quanto
à potência instalada e quanto à queda de projeto, em micro, minis e pequenas
centrais (Quadro 2).
QUADRO 2- CLASSIFICAÇÃO DAS PCH’S QUANTO À POTÊNCIA E QUANTO À QUEDA DE PROJETO
POTÊNCIA - INSTALADA
QUEDA DE PROJETO - Hd (m) CLASSIFICAÇÃO DAS CENTRAIS
(kW) BAIXA MÉDIA ALTA MICRO P < 100 Hd < 15 15 < Hd < 50 Hd > 50
MINI 100 < P < 1.000 Hd < 20 20 < Hd < 100 Hd > 100 PEQUENAS 1.000 < P < 30.000 Hd < 25 25 < Hd < 130 Hd > 130
FONTE: ELETROBRÁS.
NOTA: Disponível em: < http://www.eletrobras.com.br/downloads/EM_Atuacao_Manuais/Cap2_maninv.zip>
Acesso em 16 nov. 2002.
No Brasil a maior concentração de micro centrais e PCH’s instaladas é nas
regiões sul e sudeste (Figura 1).
9
FIGURA 1- LOCALIZAÇÃO DOS PEQUENOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS (MICRO CENTRAIS E
PCH’S) EXISTENTES NO BRASIL
FONTE: ANEEL.
NOTA: Dados retirados do Atlas de energia elétrica do Brasil. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/arquivos/
PDF/livro_atlas.pdf > Acesso em: 20 nov. 2002.
10
2.2.2 Centrais a Fio D’água e Centrais de Regularização
As centrais a fio d’água são empregadas quando a vazão mínima do rio é
igual ou maior que a vazão necessária à potência a ser instalada para atender à
demanda do mercado consumidor.
Neste caso, a captação da água poderá ser feita através de uma pequena barragem, desprezando-se o volume do reservatório criado e projetando-se todo o sistema de adução para conduzir a descarga necessária à potência que atenda à demanda máxima. O aproveitamento energético do local será parcial e haverá descargas pelo vertedouro na quase totalidade do tempo (Eletrobrás,1985,p.4).
O outro tipo de central é a central de regularização. Esse tipo de central é
empregado quando a vazão mínima do rio não é suficiente para atender à descarga
necessária à potência para suprimir a demanda máxima do mercado consumidor e
recorre-se à contribuição de reservatórios que, através do seu volume d’água
utilizável diariamente, acresce à descarga mínima do rio uma descarga regularizada
correspondente.
Quando, mesmo com a regularização diária do reservatório, não for obtido um valor suficiente para a descarga desejada, pode-se ainda assim projetar a adução para uma descarga maior que a mínima e suficiente para, juntamente com a descarga de contribuição de regularização diária do reservatório, atender, na maior parte do tempo, à descarga necessária ao mercado. Nesse caso, haverá períodos de águas baixas nos quais a descarga de adução será insuficiente para alimentar a unidade geradora em sua potência máxima (Eletrobrás, 1985, p.4).
2.3 BACIA HIDROGRÁFICA
Podemos definir como a bacia hidrográfica de um curso de água, a área
superficial do solo, que coleta a água das chuvas e a conduz para esse curso de
água, diretamente ou indiretamente, por meio de seus afluentes. Ela é delimitada,
portanto, pelos divisores de água que a circundam (Souza, 1983, p.87).
Segundo Silveira, citado por Grossi (2003, p. 9), a bacia hidrográfica pode
ser considerada um sistema físico, onde a entrada é o volume de água precipitado e
a saída e o volume escoado, considerando-se como perdas intermediárias os
volumes evaporados, transpirados e também os infiltrados através do escoamento
subterrâneo (Figura 2). O papel hidrológico da bacia hidrográfica é o de transformar
uma entrada de volume concentrada no tempo (precipitação) em uma única saída de
11
água (escoamento).
FIGURA 2- MODELO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA
FONTE: Grossi,2003.
Quanto ao tamanho as bacias hidrográficas podem ser classificadas em
pequenas, médias e grandes.
Essa classificação considera que pequenas bacias são as que possuem
uma área inferior a 100 km², médias as situadas entre 100 e 1000 km² e grandes
bacias as com área acima de 1000 km² (Grossi, 2003, p.11).
Outro critério para classificação é quanto à vazão da bacia, pequenas
bacias são influenciadas pelas condições físicas do solo e sua ocupação, do clima e
da vegetação. A medição da vazão é feita por métodos indiretos, uma vez que o
homem tem ação direta nas condições de escoamento e conseqüentemente da
vazão. Nas grandes bacias há também uma influencia das condições do solo, do
clima e vegetação na vazão da bacia, porém aqui a ação do homem é
12
mais limitada, e as medições de vazão são feitas por métodos
diretos (Costa; Lança, 2001, p.10-11).
2.4 CÁLCULO DE VAZÕES
Umas das características fundamentais para que um determinado rio possa
ser utilizado para um aproveitamento hidrelétrico é a sua vazão, ou seja, o volume
de água que passa em uma seção reta do mesmo, na unidade de tempo, a unidade
usualmente utilizada é m³/s(Reis; Silveira, p.64-65).
As vazões podem ser calculadas por métodos diretos, através de medições
realizadas diretamente nos rios, ou por métodos indiretos, quando não há
possibilidade de uma medição no próprio rio em estudo.
E importante salientar que mesmo nos grandes paises os dados de vazões
para pequenos rios são raros, uma vez que não há menor interesse econômico
(Costa; Lança, 2001, p. 42-43).
Para o cálculo da vazão os métodos que serão aqui apresentados serão
métodos indiretos, sendo o método de transposição de vazões, mais utilizado
quando não se tem a série histórica da área de estudo,mas tem-se o dado de áreas
de drenagem semelhante e o método racional, que leva em consideração a
precipitação média anual sobre uma bacia.
2.4.1 Método de Transposição de Vazões
Esse método calcula a vazão de uma determinada área de drenagem, a
partir de dados de vazão conhecidos de áreas com características como topografia,
geologia e cobertura vegetal semelhante. E preferencialmente que estejam na
mesma faixa de paralelos terrestres (Souza;Santos;Bortoni, 1999, p.55-59).
13
O método baseia na procura de uma função que relacione a vazão no
ponto de interesse, com os dados de outros pontos avaliados. Essa função
exponencial é descrita por:
Q= α.Aβ (1)
Onde :
Q é a vazão procurada (m³/s);
α é um estimador calculado pelo método dos mínimos quadrados;
A é a área da bacia hidrográfica em estudo (km²);
β é um estimador calculado pelo método dos mínimos quadrados.
Eis um exemplo prático do cálculo de uma função para alguns pontos da
região de Ponta Grossa (Quadro 3). Esses pontos foram obtidos da base de dados
da Agência Nacional das Águas.
QUADRO 3- DADOS DOS POSTOS
Nome do Posto
Código do
Posto Cidade Rio Área da
Bacia (km²) Vazão média
(m³/s) BOM JARDIM 64460000 Tibagi Capivari 722 12,4
CASTRO 64475000 Castro Iapó 1193 18,9 FUNDÃO 64476000 Castro Iapó 1232 23,4
CHÁCARA CACHOEIRA 64477600 Castro Iapó 1604 42,3 ENGENHEIRO ROSALDO LEITÃO 64447000 Ponta Grossa Tibaji 5731 126
SANTA CRUZ 64440000 Ponta Grossa Tibaji 1340 21,5 TIBAGI 64465000 Tibagi Tibaji 8948 159
PONTE DO ACUNGUI 65021800 Campo Largo Acungui 540 11,5 FONTE: ANA.
NOTA: Dados compilados a partir das informações disponíveis na base de dados da ANA. Disponível em: <
http://www.hidroweb.ana.gov.br > Acesso em: 15 set. 2003.
14
Para a determinação dos estimadores da função, o método utiliza o cálculo
dos mínimos quadrados. Para os postos do quadro 3, o método foi aplicado e os
estimadores obtidos foram, α= 0,01695605059 e β= 1,01648269. Sendo a função
resultante:
Q= 0,01695605059. A1,01648269 (2)
Onde:
Q é a vazão média procurada para a bacia hidrográfica em estudo (m³/s);
A é a área da bacia hidrográfica em estudo (km²).
Com essa função podemos calcular a vazão para bacias hidrográficas de
áreas conhecidas, que atendam aos requisitos mostrados nos parágrafos inicias.
2.4.2 Método Racional para o cálculo de vazões
É utilizado nos casos em que dispomos apenas dos índices pluviométricos
de uma determinada área de estudo e necessitamos da vazão de um determinado
curso d’água, que se encontre nessa região.
Esse método pode ser empregado em projetos de drenagem urbana, que
possuam galerias pluviais e bueiros, por exemplo (Pedrazzi, cap.10, p.10-3). O método leva em consideração três variáveis da bacia hidrográfica em
estudo, sua área, índice pluviométrico e o coeficiente de escoamento superficial ou
coeficiente de “run off” (Quadro 4), que é relacionado às características da bacia
(Costa e Lanza, p.50).
O cálculo da vazão pelo método racional é dado pela seguinte fórmula:
Q= C. I.A (3)
Onde :
Q é a vazão procurada (m³/s);
C é coeficiente de escoamento superficial, adimensional (Quadro 4);
I é a intensidade pluviométrica na região de estudo (m/s);
A é a área da bacia hidrográfica em estudo (m²).
15
QUADRO 4- VALORES DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Tipo de Ocupação C Tipo de Ocupação C
Zonas verdes (jardins, parques) 0,05-0,35 Ruas e entradas 0,70-0,95
Zonas comerciais 0,50-0,95 Passeios 0,75-0,85
Zonas residenciais 0,25-0,70 Baldios 0,10-0,30
Zonas industriais 0,20-0,90 Zonas industriais 0,20-0,90
Vias férreas 0,20-0,40 Áreas agrícolas 0,10-0,50
Centro da cidade 0,70-0,90 Asfalto 0,70-0,95
FONTE: Costa, T.; Lança, R.
NOTA: Adaptado pelo autor do trabalho Hidrologia de Superfície. Disponível em: <http://w3.ualg.pt/~rlanca/
sebenta-hid-aplicada/ha-01-hidrologia.pdf> Acesso em 14 jan. 2004.
Cabe ao pesquisador levar em conta as características da área em estudo
para a escolha do coeficiente de escoamento superficial.
2.5 CÁLCULO DE POTENCIAL ELÉTRICO
Essa terminologia, potencial hidrelétrico, está associada à energia cinética
ou potencial das águas dos rios que se concentra nos aproveitamentos hidrelétricos
e é transformada em energia mecânica, e posteriormente em elétrica.
Uma determinada quantidade de água caindo de uma altura produz um
trabalho (Schreiber,1977, p.9) :
Tt= V.γ.H (4)
onde:
T é o trabalho teórico ( J );
V é volume de água (m3);
У é peso específico da água (1t/m3);
H é altura da queda bruta (m).
16
A potência que podemos ter é (Schreiber,1977, p.10):
Pt = Q.H (5)
Onde:
Pt é a potência (tm/s);
Q é a vazão do curso d’água (m3/s);
H é altura da queda bruta (m).
Como unidade de potência temos (Schreiber,1977, p.10):
1tm/s = 9,81kW = 13,33 CV (6)
Para cálculos mais detalhados, um fator de rendimento η deverá ser
considerado, sendo que esse parâmetro é função de características do gerador e
turbina, (Souza,1983) e um parâmetro Ht, queda líquida, dado em função da queda
bruta menos as perdas nós órgãos de adução, em função dessas considerações
temos a potência efetiva que é (Schreiber,1977, p.10):
Pe= 9,81.η.Q.Ht (7)
onde:
Pe é a potência efetiva a ser gerada (kW);
η é o fator de rendimento (rendimento da turbina vezes o rendimento do
gerador);
Q é a vazão (m3/s);
Ht é a queda liquida (m), sendo a queda líquida igual à queda bruta menos
as perdas nos órgão de adução.
2.6 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)
Com a evolução da informática e conseqüentemente a facilitação de uma
série de atividades, além de uma maior agilidade e confiabilidade na organização
das informações, foi possível realizar a integração dos mais diversos dados com
vistas a um mais rápido acesso e disponibilidade das informações de maneira muito
mais confiável.
17
Com as informações georeferenciadas, ou seja, dados referenciados à
superfície terrestre por meio de um sistema de coordenadas conhecidas, não foi
diferente, possibilitando que informações espaciais pudessem ser disponibilizadas
muito mais facilmente
Essa evolução fez com que surgisse uma nova tecnologia, o
Geoprocessamento e o SIG, sendo que suas definições apresentam uma série de
pontos de vistas apresentados a seguir.
Segundo definição de Rocha (2000, pg.210):
”...geoprocessamento é uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georeferenciados.”
Para Teixeira, citado por Grassi (2003, p.14-15), há claramente a
associação dos dois temas Geoprocessamento e SIG:
Em um contexto mais amplo, os SIG incluem-se no ambiente tecnológico que se convencionou chamar de geoprocessamento, cuja área de atuação envolve a coleta e tratamento da informação espacial, assim como o desenvolvimento de novos sistemas e aplicações. A tecnologia ligada ao geoprocessamento envolve equipamentos e programas de computador com diversos níveis de sofisticação destinados à implementação de sistemas com fins didáticos, de pesquisa acadêmica ou aplicações profissionais e cientificas nos mais diversos ramos das geociências.
Lima (2001, p.1), nos apresenta uma definição onde, “...SIG , são mapas
em formato digital, ligados a banco de dados através de códigos de identificação que
oferecem a facilidade e conveniência de criação de mapas temáticos e análise de
dados através do cruzamento de informações alfanuméricas.”
Rocha (2000, p.48) define SIG como “...um sistema com capacidade para
aquisição, armazenamento, tratamento, integração, processamento, recuperação,
transformação, manipulação, modelagem, atualização, análise e exibição de
informações digitais georeferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas ou
não a um banco de dados alfanumérico.”
Devido ao seu caráter multidisciplinar o SIG tem sido usado nas mais
diversas áreas do conhecimento, por facilitar a integração e manipulação de dados,
e com isso conseguir extrair relações que permitam um melhor entendimento de um
18
determinado fenômeno em estudo (Rosa, 2002, p.7).
Com o SIG pode-se ter a união de vários temas em um mesmo sistema de
informação (Figura 3).
FIGURA 3- REPRESENTAÇÃO DE UM SIG DE INFORMAÇÕES ESPACIAIS
FONTE: Rosa, 2002.
2.6.1 Modelo Digital de Elevação ( MDE )
Com a evolução da informática, principalmente no aspecto de máquinas
com maiores poder de processamento, aliadas a software com maior capacidade de
recursos, tornou-se possível que os modelos digitais de elevação, representações
digitais de uma superfície de maneira tridimensional, pudessem ser muito mais
facilmente construídos.
Segundo Vieira (2001, p13):
”...MDE, é um dos instrumentos analíticos usados para tratar informações tridimensionais, disponíveis na fase de manipulação dos dados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Ele pode ser definido como uma representação contínua da superfície terrestre ou de qualquer área desta superfície a partir das coordenadas cartesianas (x, y, z), gerando informações primárias relativas a altimetria, deste modo mantendo uma relação de grande importância com a
19
topografia.”
Há ainda outros termos associados a MDE, BORROUGH (1988, p.39),
mostra-nos a diferença entre modelo de elevação e modelo de terreno:
“qualquer representação digital da variação de relevo sobre a superfície é conhecida como Modelo Digital de Elevação (MDE), já o termo Modelo Digital de Terreno (MDT) também é usado comumente. Porque o termo terreno implica freqüentemente atributos de uma paisagem diferente de altitude da superfície terrestre, o termo que MDE é mais utilizado para modelos que contêm só dados de elevação”.
Os MDE’s normalmente são feitos sobre estruturas que podem ser
regulares ou irregulares, essas estruturas são polígonos que associados cobrem
toda a superfície.
A estrutura regular mais utilizada é a retangular, que possui uma estrutura
matricial regular, por possuir espaçamentos constantes no eixo X e Y e retangular,
pois mesmos estes espaçamentos sendo constantes, são diferentes no eixo e X e Y.
A estruturas irregulares, como a estrutura “Triangular Irregular Network-
TIN” , representa a superfícies através de polígonos irregulares, neste caso por
triângulos. Há varias formas matemáticas de interligar esses polígonos, como é o
caso da triangulação de Delaunay, que é a triangulação utilizada pelo software
Arcview 3.2 da empresa “Environmental Systems Research Institute – ESRI”,
software utilizado no presente projeto.
Felgueiras, citado por Vieira (2001, p.19) apresenta sua definição para a
triangulação de Delaunay como sendo “....a maximização dos ângulos mínimos de
cada triângulo. Isto é equivalente a dizer que a malha final, deve conter triângulos o
mais próximo de eqüiláteros evitando a criação de triângulos afinados, ou seja,
triângulos com ângulos muito agudos”.
O que se procura com esses métodos é representar a superfície sempre o
mais próximo do real, para que se possam obter informações confiáveis, de maneira
que possam ser integradas a outros sistemas e obtenha-se resultados dentro uma
precisão esperada.
Os MDE’s podem ser usados em conjunto com outros temas para
representar informações meteorológicas, geológicas, fenômenos geofísicos e
geoquímicos.
20
Vieira (2001, p.15) apresenta algumas aplicações usuais para os MDE’s:
• Localização de represas;
• extrações de padrões (vales, divisores e forma de vertentes);
• planejamento de rotas de estradas;
• realização de estudos sobre problemas em corte e aterro;
• análise estatística e comparação de tipos diferentes de terreno;
• exibição de informações temáticas como uso da terra em
combinação com o relevo;
• exibição tridimensional de formas da terra, com finalidades
paisagísticas de planejamento;
• extração de perfis de terreno.
O MDE é uma importante ferramenta para manipulação, análise e
visualização de dados georeferenciados.
21
3 METODOLOGIA
3.1 DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO
Ponta Grossa está situada no 2º Planalto paranaense da região dos
Campos Gerais. Seu marco zero encontra-se na latitude 25º 50’ 58 “sul e longitude
50º 09’ 30” oeste . Limita-se ao norte com Castro e Carambeí, ao sul com Palmeira e
Teixeira Soares, ao leste com Campo Largo e ao oeste com Tibagi e Ipiranga.
Possui área total de 2.063,697 km² e área urbana de cerca de 200,33km² (Prefeitura
Municipal de Ponta Grossa,2002).
Temos uma imagem de satélite que mostra a ocupação urbana de Ponta
Grossa (figura 4).
A área urbana de Ponta Grossa apresenta uma amplitude altimétrica de
205 m, sendo que a altura mínima encontra-se as margens do rio Tibagi, com 780 m
e a maior altitude encontra-se, nas proximidades da TV Esplanada Ltda, no Bairro
Nossa Senhora das Graças, com altitude de 985 m.
3.2 MATERIAL
3.2.1 Material Cartográfico
Para desenvolvimento do trabalho foram utilizados os seguintes arquivos
georeferenciados,com informações relativas a área urbana :
• Arquivo com as curvas de nível,todas com suas cotas de altitude
(Vieira,2001);
• arquivo com os cursos d’água (Prefeitura Municipal de Ponta
Grossa, Departamento de Geoprocessamento,2000);
• arquivo com a malha urbana, apresentando quadras e ruas
(Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, Departamento de
Geoprocessamento,2000);
22
• arquivo com informações da Bacia Hidrográfica do Paraná, com
informações dos municípios presentes na bacia, principais rios,
nomes dos postos pluviométricos e fluviométricos, tipo de solo
(Agência Nacional das Águas,2003).
Ainda foi utilizado como referência para análise da área de estudo uma
carta topográfica do município Ponta Grossa na escala 1:50.000, Folha SG.22-X-C-
II/2 MI-2840/2 (Ministério do Exército, Departamento de Engenharia e
Comunicações,1980).
FIGURA 4- OCUPAÇÃO URBANA DE PONTA GROSSA
FONTE: EMBRAPA.
NOTA: Imagem Landsat do município de Ponta Grossa, com destaque para sua malha urbana.
Coordenadas Centrais da imagem: latitude 25º03’45’’S e longitude 50º11’15’’ . Disponível em <
http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br/pr/htm0/pr24_54.htm> Acesso em 10 mai.2003.
23
3.2.2 Equipamentos
Todas as atividades de entrada, manipulação, armazenamento,
apresentação dos dados foram realizadas nos seguintes equipamentos:
• Computador AMD Athlon XP 2000, 2GHz, com 512MB de memória
RAM, disco rígido de 80 GB, monitor SVGA 17 “, placa de vídeo
G-Force IV 64 MB”;
• Impressora HP Deskjet 3820;
• Scanner Genius, Colorpage Vivid 4XE.
3.2.3 Programas utilizados
Como plataforma para o tratamento, análise e manipulação dos dados
georeferenciados foi utilizado o programa Arcview 3.2 (ESRI,2000), com as
extensões 3D Analyst, para geração do MDE, Spatial Analyst para análise de
superfícies, X-Tools para gerenciamento de unidades (área e comprimento).
Para tratamento dos dados de vazões e os dados pluviométricos, foi
utilizado o programa Hidro 1.0.8 (Agência Nacional das Águas, 2002).
3.3 MÉTODOS
3.3.1 Visita de campo inicial
Em janeiro de 2003 foi realizada uma visita de campo inicial em alguns
pontos da área de estudo (Figura 5) de maneira a ser ter uma visão mais realista dos
arroios de Ponta Grossa.
Essa vista de campo ocorreu durante um período de duas semanas, e
caracterizava-se, por percorrer as margens dos arroios, descrevendo características
marcantes, como cachoeiras, áreas assoreadas, ocupação urbana, poluição dos
arroios e pontos possíveis de aproveitamento para geração de energia.
24
FIGURA 5- ÁREAS VISITADAS
FONTE: O autor. NOTAS: 1 A visita de campo ocorreu nas áreas circundadas.
2 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas e arquivo de
hidrografia, processados no programa Arcview 3.2.
Nessa visita aproveitou-se para obter as cotas altimétricas com um GPS,
de alguns pontos marcantes da cidade (cruzamento de ruas importantes, cotas junto
aos rios, por exemplo), para que posteriormente pudessem ser avaliados os valores
das cotas altimétricas do arquivo de curvas de nível.
3.3.1.1 Utilização do programa Hidro
Inicialmente foram obtidas junto ao endereço eletrônico da Agência
Nacional das Águas - ANA, as bases de dados dos postos pluviométricos
compreendidos na região de estudo.
A escolha desses postos usou como referência o arquivo da ANA de
informações da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, pois nele foi possível encontrar os
postos compreendidos na área de estudo, com informações detalhadas de
localização e codificação do posto necessário.
25
No programa Hidro, foi possível fazer a análise dos postos pluviométricos
obter a informações necessárias ao projeto (Quadro 5).
QUADRO 5- POSTOS PLUVIOMÉTRICOS ESCOLHIDOS
Coordenadas
Nome do Posto Cidade Rio
Código
do Posto
Índice
Pluviométrico
(mm/ano)
Período de
Observação Latitude Longitude
Altitude
(m)
ENGENHEIRO
ROSALDO
LEITÃO
Ponta
Grossa Rio Tibaji 2450056 1522 12/75-12/98 -24º57’00 “ -050º03’00” 780
SANTA CRUZ
Ponta
Grossa Rio Tibaji 2550003 1513 10/45-12/98 -25º08’00” -050º09’00” 790
TIBAGI Tibagi Rio Tibaji 2450002 1518 01/38-12/98 -24º30’00” -050º24’00” 720
FONTE: ANA.
NOTA: Dados compilados a partir das informações disponíveis na base de dados da ANA. Disponível em: <
http://www.hidroweb.ana.gov.br > Acesso em: 15 set. 2003.
3.3.1.2 Aplicação do método racional
Com os dados dos índices pluviométricos foi obtida uma média deste
índice e feita sua conversão de unidades de mm/ano (milímetro por ano) para m/s
(metro por segundo), unidade de referência para aplicação do método.
O valor obtido para o índice pluviométrico foi de 4,28623.10-8 m/s (metros
por segundo).
A escolha do coeficiente superficial levou em consideração o fato de
termos na área em estudo uma grande diversidade de ocupações, com áreas com
forte urbanização (Figura 6), grande malha viária asfaltada, sistemas de drenagem
por bueiros com descargas diretas nos arroios, contrastando com áreas de pouca
ocupação urbana. Baseado nessas informações, e nos valores do coeficiente de
escoamento superficial do Quadro 4 optou-se no uso de um coeficiente de
escoamento superficial de 0,8; para efeitos de estudo.
26
Com esses dados tivemos uma equação geral para área de estudo:
Q= 0,8. 4,82623.10-8.A (8)
Onde :
Q é a vazão procurada (m³/s);
A é a área da bacia hidrográfica considerada (m²).
FIGURA 6- DETALHE DA URBANIZAÇÃO NO ENTORNO DE UM DOS PONTOS ESTUDADOS
FONTE: O autor.
NOTA: Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas, arquivo de hidrografia e
arquivo da malha urbana de Ponta Grossa, processados no programa Arcview 3.2.
3.3.2 Geração do MDE
A partir das curvas de nível (Figura 7) da área urbana de Ponta Grossa
(Vieira,2001), foi possível no programa Arcview 3.2 com a extensão 3D Analyst,
gerar o MDE das áreas de interesse (Figura 8). Para gerar o MDE foi utilizada a opção “Create Tin from Feature”, sendo
27
que para uma melhor visualização do modelo o número de escalas da elevação
(Elevation Range) foi estipulada em 10 níveis de elevação.
FIGURA 7- CURVAS DE NÍVEL DA ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA
FONTE:O autor NOTA: Essa figura foi produzida a partir do arquivo de curvas de nível de Ponta Grossa processado no programa
Arcview 3.2.
28
3.3.3 Integração das informações
No programa Arcview passou-se para a fase de integração das
informações do arquivo de curvas, MDT, hidrografia e malha urbana.
FIGURA 8- DETALHE DE UMA REGIÃO ONDE FOI GERADO O MDE A PARTIR DAS CURVAS DE NÍVEL
FONTE:O Autor
NOTA: Essa figura foi produzida a partir do arquivo de curvas de curvas de nível de Ponta
Grossa, processado no programa Arcview 3.2 com a extensão 3D Analyst.
29
Nessa fase houve combinações para observar as melhores possibilidades
para integração e visualização dos dados. Algumas das combinações feitas foram
união de temas, como:
• MDE e malha urbana, utilizado para um conhecimento prévio das
áreas urbanizadas;
• MDE, Malha Urbana e hidrografia, para uma avaliação do quão
ocupados estavam os entornos dos arroios (Figura 9);
• MDE e hidrografia para delimitação das bacias hidrográficas;
• Arquivo das curvas de nível e hidrografia, para uma determinação
das cotas altimétricas nos entornos dos arroios (Figura 10).
A partir das combinações anteriores foi possível definir as melhores bacias
hidrográficas para o estudo. No MDE foram delimitadas suas áreas em m² (metro
quadrado) e com esse dado partiu-se para a fase final: o cálculo do potencial
hidrelétrico.
3.3.4 Cálculo do potencial hidrelétrico
Uma vez encontradas todas as variáveis (vazão, cota altimétrica do ponto
considerado e cota bruta possível), foi efetuado o cálculo do potencial dos pontos
escolhidos. Como rendimento do sistema (η) , foi adotado um valor de 0,815, média
aritmética dos valores considerados para esse tipo de projeto, que estão entre 0,76
e 0,87 (Souza, 1983, p.10),
Ao todo foram considerados cinco pontos para estudo, os quais têm seus
resultados apresentados no próximo capitulo.
30
FIGURA 9- INTEGRAÇÃO DO TEMAS: MDE, MALHA URBANA E HIDROGRAFIA
FONTE: O autor.
NOTA: Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas,
arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta Grossa, processados no
programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
31
FIGURA 10- CURVAS DE NÍVEL COM AS COTAS DE ALTITUDE E HIDROGRAFIA
FONTE: O autor
NOTA: Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas, arquivo de hidrografia,
processados no programa Arcview 3.2.
3.3.5 Visita de campo para verificação dos pontos escolhidos
Após as simulações e determinação dos potenciais dos pontos, houve uma
nova visita em campo aos arroios, para garantir que os pontos escolhidos condiziam
com as informações obtidas no software com relação à ocupação urbana, e para
efetuar os registros destes pontos através de fotos.
32
4 RESULTADOS
4.1 PONTOS ESCOLHIDOS
Como dito anteriormente cinco foram os pontos escolhidos para avaliar o
potencial da região escolhida em Ponta Grossa. Suas escolhas levaram em conta,
condições geográficas favoráveis e que as populações no entorno dessas áreas não
fossem atingidas diretamente por reservatórios.
Os cinco pontos são apresentados com detalhes do local.
33
Arroio UEPG, potência avaliada de 4,73kW, valor calculado a partir do
método racional. (Figura 11); FIGURA 11- ARROIO UEPG
FONTE: O autor.
NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo
de curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta
Grossa, processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
2 Os valores utilizados para o cálculo do método racional aparecem em
um quadro ao final do capitulo.
34
Arroio UEPG, com o detalhe ilustrativo da área a ser ocupada por um
eventual reservatório (Figura 12); FIGURA 12- ARROIO UEPG COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO
FONTE: O autor.
NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta Grossa,
processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
35
Arroio Madureira, potência avaliada de 10 kW(Figura 13); FIGURA 13- ARROIO MADUREIRA
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta
Grossa, processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
2 Os valores utilizados para o cálculo do método racional aparecem em
um quadro ao final do capitulo.
36
Arroio Madureira com o detalhe ilustrativo da área a ser ocupada por um
eventual reservatório (Figura 14); FIGURA 14- ARROIO MADUREIRA COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta
Grossa, processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
37
Arroio Pilão de Pedra,ponto 1, potência avaliada de 33,5kW(Figura 15); FIGURA 15- ARROIO PILÃO DE PEDRA, PONTO I
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta Grossa,
processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
2 Os valores utilizados para o cálculo do método racional aparecem em um
quadro ao final do capitulo.
38
Arroio Pilão de Pedra, ponto 2, potência avaliada de 107 kW(Figura 16); FIGURA 16- ARROIO PILÃO DE PEDRA, PONTO II
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo
de curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta
Grossa, processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
2 Os valores utilizados para o cálculo do método racional aparecem em
um quadro ao final do capitulo.
39
Rio Verde, potência avaliada de 51,3kW. (Figura 17), FIGURA 17- RIO VERDE
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta Grossa,
processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
2 Os valores utilizados para o cálculo do método racional aparecem em um
quadro ao final do capitulo.
40
Rio Verde, com o detalhe ilustrativo da área a ser ocupada por um
eventual reservatório (Figura 18); FIGURA 18- RIO VERDE COM O DETALHE DA ÁREA DO RESERVATÓRIO
FONTE: O autor. NOTAS: 1 Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de
curvas, arquivo de hidrografia e arquivo da malha urbana de Ponta Grossa,
processados no programa Arcview 3.2 e 3D Analyst.
41
O Rio Verde, apresenta uma característica de estar em pequeno vale, o
que poderia ser uma característica interessante, para a exploração de uma pequena
usina, associada a um parque no entorno (Figura 19).
FIGURA 19- DETALHE DO RIO VERDE
FONTE: O autor.
NOTA: Foto retirada em 15/02/04.
Dentro desta escolha dos pontos anteriores, um dos pontos estudados
merece atenção especial, o ponto do Arroio UEPG, pois a escolha desde ponto
levou em consideração,além das condições citadas inicialmente, um pedido do
diretor do Instituto de Planejamento de Ponta Grossa-IPLAN, em função de um
caráter social. A idéia é de construir um parque para ensinar a comunidade sobre
temas de ciência, como é o caso da geração de energia elétrica, e neste caso
teríamos um sistema completo simulando a geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica.
42
4.2 PONTOS NÃO ESCOLHIDOS
Ao iniciar a pesquisa havia uma proposta de fazer um levantamento do
potencial hidrelétrico de toda á área urbana, porém nas visitas de campo vimos
alguns fatores decisivos para descartarmos alguns locais:
Elevada ocupação urbana das margens dos arroios (Figura 20);
FIGURA 20- DETALHE DA OCUPAÇÃO EM TORNO DE UM ARROIO
FONTE: O autor.
NOTA: Foto retirada em 14/02/04.
43
Regiões muito planas, onde mesmo com pequenas barragens já
poderíamos ter grandes áreas inundadas (Figura 21);
FIGURA 21- DETALHE DE UMA REGIÃO PLANA
FONTE: O autor.
NOTA: Foto retirada em 15/02/04.
44
Áreas com presença de matas (Figura 22).
FIGURA 22- DETALHE DE UMA REGIÃO COM PRESENÇA DE MATA
FONTE: O autor.
NOTA: Foto retirada em 15/02/04.
4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os pontos escolhidos tiveram seus potenciais calculados pelo método
racional e para tanto, os dados necessários foram obtidos conforme o descrito no
capítulo 3, e são apresentados no Quadro 6.
45
QUADRO 6- DADOS NECESSÁRIOS PARA O CÁLCULO DOS PONTOS ESCOLHIDOS
Ponto considerado Vazão
(m³/s)
Escoamento
Superficial
Índice
Pluviométrico
(m/s)
Área da bacia
(m²)
Queda
considerada
(m)
Potencial
Estimado
(kW)
Arroio UEPG 0,03941 0,8 4,28623.10-8 1.020.772,23 15 4,73
Arroio Madureira 0,125 0,8 4,28623.10-8 3.246.122,57 10 10
Arroio Pilão de Pedra,
Ponto I
0,332 0,8 4,28623.10-8 8.608.561,01 10 26,57
Arroio Pilão de Pedra,
Ponto II
1,33 0,8 4,28623.10-8 34.435.093,26 10 107
Rio Verde 0,428 0,8 4,28623.10-8 11.078.207,86 15 51,3
FONTE: O autor.
NOTA: Os dados de área das bacias hidrográficas, foram obtidos diretamente do programa Arcview 3.2, após ter
sido feito a delimitação da bacia hidrográfica.
O uso do geoprocessamento para a análise dos pontos de estudo foi de
fundamental importância para uma maior precisão dos resultados, tanto para uma
delimitação clara da bacia hidrográfica, quanto para a obtenção da área da bacia.
Com o uso do MDE combinado ao tema da malha urbana pode-se obter
diretamente as quedas a serem consideradas, de maneira a não atingir áreas com
ocupação urbana.
A facilidade em combinar temas como ocupação urbana (residências e
malha viária), com hidrografia e com o MDE, tornou a análise mais rápida e precisa
de onde poderiam, ou não, ser escolhidos os pontos de estudo.
46
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS DO PROJETO
5.1 ENERGIA ELÉTRICA EM PONTA GROSSA
A história da energia em Ponta Grossa iniciou-se em 1902, tendo várias
fases e companhias operando no município até chegar aos dias atuais tendo a
Companhia Paranaense de Energia- COPEL, como fornecedora.
Como toda cidade urbanizada, tem na energia elétrica sua principal fonte
de energia, daí a importância em se ter o conhecimento das oportunidades de
exploração de energia no município.
Nos próximos parágrafos serão apresentados um pouco dessa história da
energia em Ponta Grossa, passando pelo consumo nos últimos anos e
apresentando como esse trabalho pode contribuir em futuras explorações de
geração.
5.1.1 Um breve histórico da energia elétrica em Ponta Grossa
Os principais fatos que marcam a historia da energia elétrica em Ponta
Grossa são (Silva,2001):
1902- primeiras tentativas de implantação de energia elétrica na cidade;
1904- primeiro contrato de fornecimento de energia elétrica, celebrado
entre a Prefeitura Municipal e os empresários Ericksen Filho e Osório Guimarães;
1905- Inauguração oficial da chegada da energia elétrica na cidade;
1909- troca prestadora de serviço de energia elétrica pela empresa Martins
& Carvalho;
1911- instalação do primeiro motor elétrico na cidade de Ponta Grossa na
Cervejaria Adriática;
1923- compra da empresa Martins & Carvalho, pela empresa Prada;
1935- inauguração da Usina do Sumidouro, que por problemas de projeto
operou apenas até 1947;
1945- inauguração da Usina de São Jorge;
1961- COPEL inicia um plano estadual de eletrificação, com construção de
47
usinas e interligação de centros consumidores;
1963- inauguração da linha de transmissão da Usina Termelétrica de
Figueira a Ponta Grossa;
1973- COPEL assume, desde então, os serviços de energia elétrica na
cidade, após a encampação da empresa Prada, por determinação do Ministério de
Minas e Energia.
5.1.2 Consumo de energia atualmente
A cidade de Ponta Grossa nos últimos anos apresentou um crescimento de
seu parque industrial, através da chegada de grandes industrias e
conseqüentemente isso representa aumento do consumo. Esse aumento da cidade
também se verifica pelo crescimento da área urbana com novos loteamentos.
O crescimento fica claro quando analisados a evolução do produto interno
bruto do município nos últimos anos (Quadro 7).
QUADRO 7- EVOLUÇÃO DO PIB DO MUNICÍPIO EM ALGUNS SETORES ECONÔMICOS (VALORES EM R$)
SETOR 1996 1997 1998 1999 2000
Indústria 1.777.798.953 1.884.852.505 1.919.488.067 2.628.048.467 3.359.418.732
Comércio 1.118.545.051 1.194.026.476 1.167.866.761 1.275.650.637 1.450.274.000
Energia Elétrica 26.502.661 32.594.739 33.774.836 35.145.980 49.401.112
Água 9.033.704 10.504.678 11.603.998 12.728.948 14.388.298
FONTE: Secretaria Municipal das Finanças.
NOTA: Dados da Coordenadoria de ICMS e ISS,2002.
Especificamente em relação ao consumo de energia os maiores
consumidores são os industriais (Quadro 8).
48
QUADRO 8- CONSUMIDORES E CONSUMO NA CIDADE PONTA GROSSA
CLASSE CONSUMIDORES CONSUMO EM kWH
Residencial 75.598 10.362.000
Industrial 944 28.097.000
Comercial 5.984 5.258.000
Rural 1.732 590.000
Poder Público 629 980.000
Iluminação
Pública
76 1.840.000
Serviços
Públicos
27 1.197.000
Próprio 7 39.000
TOTAL 84.997 48.367.000
FONTE: Prefeitura Municipal de Ponta Grossa
NOTA: Dados da COPEL,2002.
5.1.3 Contribuição desta pesquisa
Com essa pesquisa algumas hipóteses levantadas quanto a exploração
dos pontos avaliados para geração:
• O valor total avaliado (199,6kW), soma do potencial dos cinco
pontos considerados, corresponderia a aproximadamente 10,67%
(Quadro 8) da energia necessária para iluminação pública;
• com estas centrais operando no sistema a fio d’água uma alternativa
para o aumento de geração durante um período, seria operar o
reservatório com acumulação, em um sistema de armazenamento
de água durante o dia, quando a oferta de energia é maior, para a
liberação da vazão durante a noite, quando essa oferta é menor;
• os projetos de construção de parques que possuem reservatórios,
por exemplo, já levassem em consideração a possibilidade da
construção de pequenas centrais associadas ao projeto principal,
para geração da energia, seja para consumo da própria estrutura do
parque, seja para fornecimento a consumidores do entorno;
• o crescimento da cidade fosse planejado, de modo a usar esses
49
potênciais de geração, de maneira a aliviar o sistema.
Outras contribuições que podem ser consideradas:
• Obtenção de uma curva de vazão que poderá auxiliar em outras
áreas do conhecimento;
• dados para o cálculo de outros pontos possíveis de geração que não
levantados neste trabalho;
• um mapa com os pontos avaliados, para facilitar a compreensão das
informações obtidas, e tornar mais ágeis processos de análise
desse tema (geração de energia) pelos organismos de planejamento
da cidade.
5.1.3.1 Energia como fator de melhora da vida das pessoas
Ao disponibilizarmos mais energia à população, principalmente para as
comunidades com menores poderes aquisitivos, estaremos conseqüentemente,
melhorando suas condições de sobrevivência.
Com esse intuito também esse trabalho procura contribuir, pois pequenos
potênciais hidrelétricos podem ser usados por comunidades, que nem sempre têm
um acesso tão fácil e barato à energia, sendo importante a presença do Estado em
investimentos nessa área.
A disponibilidade de energia está intimamente ligada ao desenvolvimento
de uma comunidade.
Os indicadores internacionais evidenciam que quanto maior a quantidade
de energia por habitante, maior o estado de desenvolvimento dessa nação. Esse
indicador pode parecer óbvio, mas é importante analisarmos outras informações que
esses números podem representar, como :
• Menor uso da força humana e animal no desempenho de atividades;
• menores taxas de analfabetismo;
• menores taxas de mortalidade;
• maior expectativa de vida;
• melhores índices de desenvolvimento humano (IDH).
Logo, disponibilizar energia elétrica às pessoas que ainda não têm acesso,
além de trazer um bem estar imediato, traz uma melhora para toda a sociedade em
50
função da melhora de índices sociais, como a diminuição da mortalidade infantil, por
exemplo (Goldemberg,2001, p.37-59).
5.2 A VISÃO OBTIDA AO LONGO DO PROJETO
Ao ter os primeiros contatos com o a tecnologia de geoprocessamento em
meados de 2000, e começar a ter as primeiras idéias de como aplicar essa
tecnologia na minha área do conhecimento, a engenharia elétrica, não imaginava o
quão fascinante seria esse caminho, até chegar à realização desse projeto.
A multidisciplinaridade ficou evidente ao longo das pesquisas, pois para o
desenvolvimento foi necessário conhecimento de algumas áreas como a seguir:
• Engenharia Elétrica, nos conceitos de geração de energia e sua
distribuição;
• Geografia, nos conceitos básicos sobre ocupação e
desenvolvimento urbano;
• Topografia na compreensão dos conceitos de relevo;
• Cartografia, em uma melhor compreensão de coordenadas
geográficas e mapas;
• Hidrologia, nos modelos de cálculo de vazão;
• História, ao conhecer a evolução do uso de energia elétrica em
Ponta Grossa;
• Questões sociais ligadas ao uso de energia elétrica;
• Legislações regulatórias do mercado de energia.
Muitas vezes era difícil de saber quando começava uma ciência ou outra,
tal era a inter-relação dos temas.
Essa possibilidade de coletar, filtrar, analisar e aplicar informações de
várias ciências na análise um problema especifico da minha área do conhecimento,
além de ser desafiador, motivam a uma visão mais ampla dos engenheiros no
desempenho suas atribuições.
E não menos importante, o conhecimento de uma realidade que eu sabia
existir, porém nunca havia me deparado tão claramente; as condições sociais das
pessoas que têm suas residências à margem de arroios, pois em muitos casos, vi
51
que as mesmas não possuíam energia elétrica, fazendo-me refletir do papel que nós
engenheiros eletricistas temos com essas populações e como projetos deste tipo
podem contribuir para que no futuro fatos assim não ocorram.
5.3 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS
Para a realização das simulações a dificuldade foi obter uma máquina que
atendesse aos requisitos necessários dos programas que seriam utilizados. Essa
dificuldade também se apresentava na obtenção do programas necessários, uma
vez que são programas relativamente caros. Essa dificuldade foi superada, após a
compra do computador descrito no item 3.2.2 deste trabalho e da obtenção do
software Arcview 3.2 e das extensões necessárias.
No levantamento de dados de vazão, verificou-se que não há dados
específicos para pequenos rios. Sendo necessário fazer o cálculo vazão da região
de estudo, a partir de dados de outros postos, assim como postos pluviométricos,
não localizados dentro da área urbana.
Na delimitação das bacias hidrográficas a atividade foi feita manualmente,
sendo que no inicio do ano de 2004, consegui-se um programa, Basins versão 3.0
de 2001, com a função de delimitar as bacias de maneira automática, o que
resultaria em maior precisão, porém o fator tempo não permitiu um maior
conhecimento de suas funcionalidades.
Por ser um trabalho multidisciplinar, requereu muitos estudos de áreas, a
principio, distantes da engenharia elétrica, o que por outro lado permitiu o contato
com pessoas de várias áreas com visões e posições sobre os temas que eu
pesquisava.
A falta de se ter mais profissionais do departamento de eletrotécnica
atuando na área de geoprocessamento, fazia com que muitos conhecimentos
viessem de outros departamentos e de outras instituições.
Ficando aqui o registro da necessidade, de formarmos mais engenheiros
eletricistas com conhecimento nas áreas afins ao geoprocessamento, devido o
campo para pesquisas integrando as duas áreas de estudo.
52
5.4 SUGESTÕES DE PESQUISAS PARA OS PRÓXIMOS TRABALHOS
As possibilidades que se abrem com o uso do geoprocessamento são
muitas, aqui algumas que vimos como possíveis de desenvolvimento futuro:
• A integração de pequenas centrais ao sistema elétrico de energia
(questões técnicas e econômicas);
• análises de viabilidade técnica e econômica de pequenas centrais
elétricas. Ressaltamos que está sendo iniciado uma pesquisa, como
continuação deste trabalho, já fazendo uma abordagem sobre essa
questão;
• questões ambientais relacionadas ao desenvolvimento de projetos
de geração de energia elétrica a partir do uso de cursos de água;
• panorama do setor de construção de pequenas centrais, a fim de
levantar o perfil do profissional necessários nesses projetos, visto o
quão multidisciplinares são;
• a questão energética como fator de melhora da qualidade de vida e
índices sociais e como o engenheiro eletricista pode atuar na
obtenção deste objetivo;
• uso do geoprocessamento para visualização de linhas de
transmissão e melhores análises na operação do sistema elétrico;
• integração de dados pluviométricos, obtidos em tempo real, com
informações de demanda, uma melhor operação de pequenas ou
grandes usinas, sendo que o ambiente de integração são softwares
de geoprocessamento.
53
6 CONCLUSÕES
Os resultados alcançados no estudo do levantamento do potencial
hidrelétrico, levam às seguintes conclusões:
• O uso do geoprocessamento tornou rápido e eficiente a delimitação
das áreas das bacias hidrográficas;
• o uso do geoprocessamento facilitou a integração de temas
distintos, como hidrografia, malha urbana, postos pluviométricos,
agilizando a análise dessas informações em conjunto;
• o uso do MDE tornou rápida a obtenção das cotas para o cálculo
das potências dos pontos de estudo;
• há na cidade pontos interessantes para desenvolvimento de projetos
de centrais geradoras hidrelétricas do ponto de vista técnico, sendo
necessário uma análise mais aprofundada das questões
econômicas e ambientais envolvidas;
• há outros pontos na cidade ainda a serem explorados, e não
levantados nesse projeto, para tanto é necessário um amplo estudo
da re-alocação das populações que vivem a margem dos arroios e
projetos urbanos que levem em consideração a hipótese do uso dos
arroios como meio de geração de energia.
O desenvolvimento desse projeto alcançou seus propósitos iniciais:
• Levantamento dos potênciais hidrelétricos de vários pontos na
cidade e apresentá-los como alternativa para matriz energética do
município de Ponta Grossa-PR;
• levantamento de dados de vazão para o município, baseado no
software Hydro da Agência Nacional das Águas e cálculo manuais
com os dados hidrológicos;
• geração de um mapa com os pontos levantados (Figura 23 e Figura
24);
• visão multidisciplinar obtida, através de conhecimentos de áreas
distintas, para a realização das várias etapas do mesmo.
54
FIGURA 23- PONTOS AVALIADOS
FONTE: O autor. NOTAS: Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas
e arquivo de hidrografia de Ponta Grossa, processados no programa Arcview
3.2 e 3D Analyst.
55
FIGURA 24- PONTOS AVALIADOS COM A MALHA URBANA
FONTE: O autor. NOTAS: Essa figura foi produzida a partir da combinação dos temas: arquivo de curvas,
malha urbana e arquivo de hidrografia de Ponta Grossa, processados no programa
Arcview 3.2 e 3D Analyst.
56
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