Letrão março 2010

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MARÇO/2010 # 5 CHEGUEM MAIS PERTO “todo abismo é navegável a barquinhos de papel.” * Olá, calouros, estamos muito honrados em recebê-los. Não. Não é mesmo bem assim. O Dalvim dispensa pompas e firulas; antes disso, presa a simplicidade, aquela que pode levar o ser humano a caminhos interessantes por aí. Bom, considerando esse caráter um tanto peculiar do Dalvim, em se tratando de ambiente acadêmico-político, primeiro, parabenizamos a todos vocês NOVÍSSIMOS COLEGAS por terem ESCOLHIDO e INGRESSADO nos cursos de Letras e Tradução, e estamos muito felizes em ter vocês enquanto colegas de curso. Porém comunicamos que não queremos vocês apenas enquanto colegas de curso, mas, sim, recrutamos todos a entrarem no convés desse barquinho de papel. Temos muito o que discutir, direitos e deveres, ideias por criar, oficinas por fazer, saraus por declamar, sambas por dançar, jogos por brincar, viagens por viver, bares por percorrer, cafés por degustar, os cursos inteirinhos de Letras e Tradução por extrapolar – no mais feliz dos efeitos de sentido dessa palavra. Quem ainda não sabe muito ao certo o que é o Dalvim, chegue pontualmente na hora do café, que nós contamos mais um pouco. Por enquanto, asseguramos que ele acontece todo dia na sala 243 do bloco G, e, às vezes, numa Casa Verde, outras numa esquina Verde, outras... e outras... Sejam bem-vindos NOVÍSSIMOS COLEGAS e VETERANOS inveterados. Abraços do Dalvim! “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Pessoa *Desenredo, de João Guimarães Rosa. Carla E.O.F.

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Quinta edição do jornal LETRÃO, publicada em 10 de março de 2010.

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MARÇO/2010 # 5

CHEGUEM MAIS PERTO

“todo abismo é navegável a barquinhos de papel.” *

Olá, calouros, estamos muito honrados em recebê-los. Não. Não é mesmo bem assim. O Dalvim dispensa pompas e firulas; antes disso, presa a simplicidade, aquela que pode levar o ser humano a caminhos interessantes por aí. Bom, considerando esse caráter um tanto peculiar do Dalvim, em se tratando de ambiente acadêmico-político, primeiro, parabenizamos a todos vocês NOVÍSSIMOS COLEGAS por terem ESCOLHIDO e INGRESSADO nos cursos de Letras e Tradução, e estamos muito felizes em ter vocês enquanto colegas de curso. Porém comunicamos que não queremos vocês apenas enquanto colegas de curso, mas, sim, recrutamos todos a entrarem no convés desse barquinho de papel. Temos muito o que discutir, direitos e deveres, ideias por criar, oficinas por fazer, saraus por declamar, sambas por dançar,

jogos por brincar, viagens por viver, bares por percorrer, cafés por degustar, os cursos inteirinhos de Letras e Tradução por extrapolar – no mais feliz dos efeitos de sentido dessa palavra.

Quem ainda não sabe muito ao certo o que é o Dalvim, chegue pontualmente na hora do café, que nós contamos mais um pouco. Por enquanto, asseguramos que ele acontece todo dia na sala 243 do bloco G, e, às vezes, numa Casa Verde, outras numa esquina Verde, outras... e outras...

Sejam bem-vindos NOVÍSSIMOS COLEGAS e VETERANOS inveterados.

Abraços do Dalvim!

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Fernando Pessoa

*Desenredo, de João Guimarães Rosa.

Carla E.O.F.

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Nós do D.A. preparamos um manual supimpa para quem é ingressante nos cursos de Letras e Tradução e àqueles que “insistem” em permanecer no curso. Confira as dicas e veja se, algum dia, elas serão (ou são) úteis para você!

Manual sobre vivência

1) Se você quer que os professores sejam bacanas contigo, JAMAIS os contrarie.

2) Quando precisar de um documento para comprovar alguma coisa, peça com uma semana de antecedência! Aliás, um mês pra garantir!

3) Entenda que algumas pessoas nem sempre estão de bom humor e que algumas delas SEMPRE estão de mau humor!

4) Agora tudo é por sua conta! Precisa de alguma coisa? Corra atrás!

5) Correu atrás e não deu certo? Paciência, aqui não é particular!

6) Não se preocupe se você entrar na crise do 4º período: você vai achar que o curso não era aquilo que você queria, pensa até em trancar, mas vai acabar continuando a graduação, podendo até gostar do que vê nos períodos seguintes! Insistência é a palavra-chave para o sucesso!

7) Se você passar do 5º período considere-se um vencedor!

8) Prepare-se para enfrentar o final de semestre. Se você conseguir sobreviver a um, pode ter certeza de que consegue encarar os outros numa boa!

9) 80% da prova final será baseada na única aula a que você não compareceu e os outros 20% será baseada no único livro que você não leu.

10) Suco de maracujá, café, músicas relaxantes e pó de guaraná muitas vezes serão úteis. As músicas relaxantes (como as do Ivo Mamona!) e o café você encontra no D.A.!

11) Festas? Só se a sua turma for animada! Caso contrário, sua rotina será sempre a mesma... Portanto, sugerimos que você vá às festas organizadas por nós!

12) Não pense que só as aulas te preparam para as provas. Leia o máximo que puder sobre o que pode cair nelas. A dedicação também faz parte!

13) O D.A. representa os estudantes de Letras e de Tradução. Portanto, sinta-se à vontade em participar das reuniões e saber tudo o q acontece em relação ao seu curso! Nós também somos legais!

Ariane Silveira Rafael Ibrahim

EXPEDIENTE

Jornal LETRÃO: Editado pelo Diretório Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes – Gestão Dom Quixote. Editor: Rafael Ibrahim. Colaboração: Abraão Borges, Ariane Silveira, Carla Érica, Danilo Corrêa, Flávio Al., Manuel Veronez. Apoio: Instituto de Letras e Linguística (Ileel/UFU). Diretório Acadêmico Vinícius de Moraes: Bloco 1G, sala 1G243 – Campus Santa Mônica. E-mail: [email protected]

O Movimento Estudantil

Na Universidade, além de poder desenvolver atividades de Extensão e de Pesquisa, você pode participar, durante o seu curso, do Movimento Estudantil (M.E.). O M.E. é um movimento social que abrange estudantes e visa im-plementar transformações na sociedade através da educação política e cultural. É a forma que nós estudantes temos de nos organizar com objetivo de defender nossas ideias diante da sociedade.

Hoje, o ME organiza-se em entidades representativas (como o D.A, o DCE, a UNE e a ExNEL) compostas por di-retorias eleitas pelo voto dos estudantes.

A sua participação nos espaços do ME (debates, reuniões, assembleias, congressos, vi-vências e muito mais) é fun-damental para que os repre-sentantes conheçam suas opi-niões, representando-as de fato e para que as decisões sejam cada vez mais ricas, plurais e coletivas.

Diretório Central dos Estu-dantes (DCE) É a entidade representativa dos estudantes da UFU. É respon-sável por defender nossos interesses, promover a integra-ção entre os cursos, realizar recepções de calouros, ativida-des políticas, culturais, cientí-ficas e sociais, e, ainda publi-car jornais, confeccionar as carteirinhas e fazer-se repre-sentar junto a Comissões, As-sembleias Universitárias e aos Conselhos Superiores da UFU. Você também pode participar do DCE, montando uma chapa com estudantes de qualquer curso e vencendo as eleições anuais, em que todos votam, ou participando das atividades promovidas pela atual diretoria do DCE.

Saiba mais sobre a entidade no site: http://www.dce.ufu.br/.

Frávio Carbonário

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Leia mais... “É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de

virtude, como quiser. Mas embriague-se.”

Charles Baudelaire

(Continua na página seguinte)

O menino amarelo O menino amarelo sorriu e dormiu. Dormiu e sorriu e sonhou em voar. Experimentou as árvores e os ares, as ruas e os becos. Descansou e voou de novo! O menino amarelo voou e sorriu. Sorriu e voou contando as nuvens do céu. Olhou um rio, olhou um mar, olhou um mundo. Desceu, descansou e voou de novo! O menino amarelo dormiu e voou. Voou e dormiu feito um passarinho, ciente das novas descobertas e feliz por ter asas para alcançá-las. O menino amarelo, que já foi azul, verde e vermelho, agora mostra suas cores; suas asas intermináveis... Voou tão longe como uma borboleta e suas cores deixaram saudades. O menino amarelo, sorriu, dormiu e voou. Voou, dormiu e sorriu de novo! Poema dedicado ao eterno morador da Casa Verde, Jonas Mussa da Silva.

Danilo Corrêa Em Conserva Na sombra do pequizeiro o sol alaranjado repleto de espinhos. As palavras tortas de caules espessos e, raízes profundas denunciam no jornal que: meninos esquartejados pelos pais tornaram-se Frutos comestíveis.

A.J.B. Mademoiselle Natureza bela, Encantos da vida tanta... Vaga ideia dela.

Dom Veronez

Assista!

Dalvim divulga

O quê: Festa dos animais da Letras! Onde: Ant. 5, n°. 1.29, bairro Santa Mônica (Casa Verde!) Quando: 06/03, às 21h57 Porque: Open Bar! (Cerveja – Refri – Pinga)

Preço antecipado: R$10,00 R$15,00

No dia: R$15,00 R$20,00

MICRONOTAS - Intercâmbio UFU abre inscrições para a Mobilidade Internacional. - Pibid Programa de Iniciação à Docência oferece vagas para alunos da área de Humanas.

Para mais informações sobre a festa, a bolsa e o intercâmbio, visite o blog do Dalvim (http://dalvimufu.blogspot.com) ou a nossa sala (Bloco 1G, sala 1G243, Campus Santa Mônica).

Pois bem, leitores do LE-TRÃO. O Assista! dessa edição é um filme emocionante e, ao mesmo tempo, de muita ação: Chocolate. Este filme, de ori-gem tailandesa, que tem o mesmo diretor dos filmes Ong-bak e O protetor (Prachya Pin-kaew), traz uma bela reflexão e uma homenagem a todas as pessoas especiais do mundo, principalmente os autistas, pois a protagonista Zen assim o é, e vivendo dentro de seu mundo e

Título: Chocolate Gênero: Ação/Aventura Ano: 2008 Duração: 92 minutos

observando alguns vídeos de luta, ela aprende, misteriosamente, a linda arte do Muay Thai. Porém, ao descobrir que sua mãe tem câncer e que uma gangue de criminosos deve dinheiro para ela, Zen começa uma aventura de emoções e ações do início ao fim para ajudá-la. Vale a pena assistir!

Manuel Veronez

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Escreva o que pensa... Ce ne sont pas mes gestes que j’escris; c’est moi, c’est mon essence”

Michel de Montaigne

Ao dar início às publicações do

LETRÃO, em setembro de 2009, tinha dúvidas a respeito da aceitação do público... Mas percebi que estava enganado, haja vista que o jornal recebeu elogios de professores e alunos do curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia, o que fez o jornal adquirir credibilidade. Apesar disso, notei que o alunado não participava ativamente das edições do jornal, mesmo com o convite para a publicação de textos, sendo enviados, apenas, escritos literários (poesias, crônicas, entre outros). Pois bem, quero levantar aqui a seguinte questão: os alunos de Letras possuem senso crítico para escrever sobre o que pensam?

Uma possível resposta: a falta de interesse Desde quando comecei o curso de Letras, em maio de 2006, minha intenção era a de me tornar professor de língua inglesa. Com o passar dos anos, vi que a graduação oferecia outras possibilidades de atuação, como professor de literatura, de português, de redação, assessor de imprensa, redator, webwriter, revisor de textos, tradutor, consultor... e escritor. Esta última, apesar de haver poucos casos em que se remunera bem (como é o caso do grande (sic) Paulo Coelho, que vende milhões

de livros – com bons tradutores, por sinal – no mundo todo), possui um aspecto interessante: a liberdade para expressar suas ideias. A partir desse ponto, sugiro que preste atenção no que tenho a dizer. Vejo a escrita como uma forma de mostrar o que você pensa, fugindo das normas dos artigos científicos que te obrigam a citar esse ou aquele autor. Creio que falta criar esse hábito, não apenas em nosso curso, mas em toda a universidade; afinal, este é um espaço para discutirmos sobre o que pode ser feito para a sociedade, e não apenas um lugar onde se adquire certificados para incrementar o currículo.

Pense nisso! Enfim, é preciso criar a consciência de que a graduação não é apenas uma passagem que você faz pela universidade. São cursos que, a exemplo da Letras (e de outras licenciaturas), tem como objetivo principal habilitar professores a ministrarem aulas para alunos, em sua maioria, desinteressados. Se a falta de interesse parte dos cidadãos que são formados em cursos superiores, qual será o futuro do país? Comece a refletir sobre isso, pois se deve criar discussões e questionamentos acerca do que acontece na sociedade a partir de seu posicionamento. E aí, vai ficar parado? Para enviar um texto expressando suas reflexões: [email protected].

Rafael Ibrahim

Desconto de 10% para alunos do curso de Letras da UFU (válido para os cursos regulares de inglês e de espanhol)

Continuação do Leia mais...

Para Baudelaire, o vinho e o haxixe são tratados como meios de multiplicação das individualidades humanas. O vinho é visto pelo escritor como se fosse um homem, uma mistura do bem e do mal, sendo que não é possível sepa-rar os dois lados, nem como desprezá-los, nem mesmo ao ponto que se deve amar ou odiar tanto a bebida quanto o ser humano. Não hesita em taxar aqueles que não bebem vinho de imbecis ou hipócritas.

Charles afirma que “existem bêbados ruins, trata-se de pes-soas ruins por natureza. O homem mau (que bebe) torna-se execrável, assim como o bom torna-se ótimo.” Para o autor, o haxixe não se soma à ação, não consola, como faz o vinho, apenas acentua os traços da personalidade humana nas circunstâncias do momento.

O homem que procura atra-vés do haxixe pressupostos capazes de elevá-lo sobre si mesmo, o gosto pelo infinito, uma verdadeira graça paradisí-aca. Baudelaire conclui que “esses infortunados que não jejuaram nem rezaram e que recusaram a rendição pelo trabalho, pedem a magia negra (leia-se haxixe) os meios de elevar-se, de uma vez, à exis-tência sobrenatural. A magia os engana e acena para eles uma falsa felicidade.”

Livro: O Poema do Haxixe Autor: Charles Baudelaire N°. de páginas: 93

Abraão Borges