Letrão abril-maio 2010

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ABRIL-MAIO/2010 # 6 O outro lado da moeda Estudantes quebram a Reitoria da Universidade Federal de Uberlândia devido à proibição de bebida? Quem esteve lá no dia viu que não foi bem assim... Tudo bem, o Movimento Estudantil não é lá grande coisa, e, na maioria das vezes, coloca os pés entre as mãos... Mas foi bonito de se ver (não o Movimento Estudantil em si, mas os estudantes reunidos, criando um movimento sem estarem vinculados a instâncias pseudoestudantis, criando uma unidade estudantil de fato)! Pela primeira vez, desde que entrei nessa Universidade, vi os estudantes se unirem em prol de uma causa. Ok, ok, você pode dizer que alunos reunidos por bebida não é de se admirar, mas quem disse que foi só pela cerveja e as festas?! Falemos de alguns pontos discutidos nesse dia em que a mídia (que muita gente adora tomar como verdade absoluta) fez questão em deixar de lado: Sabe a fila que você enfrenta todos os dias pra conseguir almoçar?! Pois então, discutiu-se sobre as filas do R.U. e a terceirização dele. Mas ah... Não são todos que almoçam lá, então talvez esse não seja um ponto relevante para todos. Mas duvido que nenhuma outra fila não esteja incomodando você que lê agora quanto a que se forma para tirar xerox! Quem de nós não fica minimamente (ou realmente) estressado com o tempo que se perde lá no bloco F ou indo a outras copiadoras fora da UFU?! Todos nós estamos, não?! No dia da suposta invasão (que na verdade foi uma manifestação) isso também foi discutido. Mais uma vez a terceirização dos espaços da Universidade foi colocada em xeque (já que essas copiadoras funcionam a partir de empresas que conseguem licitações para ocupar os espaços da UFU). Claro, falou-se de Reuni, pois as filas aumentam quando o número de alunos aumenta e, em contrapartida, a estrutura para receber esses alunos não cresce. Vale ressaltar que se falou de muita coisa que nos interessa (ou que deveria nos interessar). Falou-se de festa, claro. Mas o que interessava de fato e o que esteve presente na fala de todos (pois dessa vez os estudantes estavam em coro) é que a liberdade e a voz do estudante (a nossa voz) não podem e não vão ser abafadas. Soluções? Para esses e vá- rios outros problemas que também foram discutidos lá, mas que não cabem nesse espaço de caracteres. As soluções que deveriam partir do reitor, o mesmo que chamou a imprensa para malhar os estudantes. Ah... as soluções... elas foram deixadas para depois, pra variar. Luma Maria

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ABRIL-MAIO/2010 # 6

O outro lado da moeda

Estudantes quebram a Reitoria da Universidade Federal de Uberlândia devido à proibição de bebida? Quem esteve lá no dia viu que não foi bem assim... Tudo bem, o Movimento Estudantil não é lá grande coisa, e, na maioria das vezes, coloca os pés entre as mãos... Mas foi bonito de se ver (não o Movimento Estudantil em si, mas os estudantes reunidos, criando um movimento sem estarem vinculados a instâncias pseudoestudantis, criando uma unidade estudantil de fato)!

Pela primeira vez, desde que entrei nessa Universidade, vi os estudantes se unirem em prol de uma causa. Ok, ok, você pode dizer que alunos reunidos por bebida não é de se admirar, mas quem disse que foi só pela cerveja e as festas?!

Falemos de alguns pontos discutidos nesse dia em que a mídia (que muita gente adora tomar como verdade absoluta) fez questão em deixar de lado: Sabe a fila que você enfrenta todos os dias pra conseguir almoçar?! Pois então, discutiu-se sobre as filas do R.U. e a terceirização dele. Mas ah... Não são todos que almoçam lá, então talvez esse não seja um ponto relevante para todos. Mas duvido que nenhuma outra fila não esteja incomodando você que lê agora quanto a que se forma para tirar xerox! Quem de nós não fica minimamente (ou realmente) estressado com o tempo que se perde lá no bloco F ou indo a outras copiadoras fora da UFU?! Todos nós estamos, não?! No dia da suposta invasão (que na verdade foi uma manifestação) isso também foi discutido. Mais uma vez a terceirização dos espaços da Universidade foi colocada em xeque (já que essas copiadoras funcionam a partir de empresas que conseguem licitações para ocupar os espaços da UFU). Claro, falou-se de Reuni, pois as filas aumentam quando o número

de alunos aumenta e, em contrapartida, a estrutura para receber esses alunos não cresce. Vale ressaltar que se falou de muita coisa que nos interessa (ou que deveria nos interessar). Falou-se de festa, claro. Mas o que interessava de fato e o que esteve presente na fala de todos (pois dessa vez os estudantes estavam em coro) é que a liberdade e a voz do estudante (a nossa voz) não podem e não vão ser abafadas.

Soluções? Para esses e vá-rios outros problemas que também foram discutidos lá, mas que não cabem nesse espaço de caracteres. As soluções que deveriam partir do reitor, o mesmo que chamou a imprensa para malhar os estudantes. Ah... as soluções... elas foram deixadas para depois, pra variar.

Luma Maria

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A importância em contar Histórias

Ao estimado amigo Dimas Franco

A importância em contar histórias não está em simplesmente ouvir o passado, aguentar os mais velhos, ou os mais “experientes” como assim NÓS, os mais vividos, preferimos. Acredito haver uma razão mais forte, mais impactante para isso. E uma delas, a qual tem me surgido esguia, é a questão da identidade pessoal. Eu explico melhor.

Antiga fábrica do Grupo Fazendeira em Ituiutaba, atualmente desativada. A foto ilustra de modo saudosista a pergunta: “O que foi antes de nós?” (Foto: Anésio Neto) Ainda que eu seja um velho rabugento e ranzinza – acredito que para qualquer criatura com menos de 30 anos –, tenho amigos. Alguns até mais velhos (pois busco manter a dignidade ao ouvir conselhos e histórias dessa gente destemida e perturbada para com os tempos idos; se bem que tenho que assumir que nem todas tenham congruência com a minha realidade!). E uns desses aí têm me perguntado por que não tenho dado tanto as caras pelas ruas. É fácil: as ruas não mais emanam aquele espírito de novidade que antes tinham, é claro; a “novidade” se sobrepõe cada dia mais ao sufocado basalto das ruas. Mas, que ‘novidade’? Essa desenfreada busca pelo novo frente à sociedade que nos deixa atordoadamente entediados. Vertigem de velho... Calma!

Uma das coisas que não são “novidades” na cidade de Ituiutaba e que apenas precisa de olhares atenciosos, o crepúsculo (Foto: Rogério Costa)

Caro leitor, peço-lhe licença agora e o convido para entrar na espessa nuvem da História, o que eu deveria ter feito antes de ter apresentado isso tudo... Por meio da experiência social que obtemos ao longo de nossas vidas, as memórias se consagram como fragmentos de existência que projetam o que somos no presente. Revoltas em poeira e sangue, aos poucos vamos apagando-as, ou apenas deixando de lado. Se bem que o Alzheimer tem sua cota na fatura também... Imagine o sofrimento de uma pessoa que não consegue reconhecer um rosto, um outro, seu semelhante? Sabe-se lá se é um semelhante! Se é assim com uma pessoa, imagine com algum acontecimento que deixou sua devida marca? Acredito que a consciência que ela terá de seu passado é a de um mero lampejo enfraquecido de vida. A ausência de uma identidade. Bom, usando o típico exemplo do idoso que sofre com o Alzheimer, que em outro texto já bem dei o remédio para a sua devida prevenção, acredito que podemos transpô-lo para a vida normal, essa sem a ameaça de qualquer

EXPEDIENTE Jornal LETRÃO: Editado pelo Diretório Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes – Gestão Dom Quixote. Editor: Rafael Ibrahim. Conselho Editorial: Abraão Borges, Carla Érica, Luma Maria, Jessica Marquês, Rafael Ibrahim. Apoio: Instituto de Letras e Linguística (Ileel/UFU). Diretório Acadêmico Vinícius de Moraes: Bloco 1G, sala 1G243 – Campus Santa Mônica. E-mail: [email protected]

doença que faça nossa identi-dade ser mero fragmento. Uma pessoa que não conta história, ou é incapaz de reconhecer alguma, não reconhece a sua própria história. Se bem que eu desconheço alguém que não tenha algum fato sequer a ser narrado. Não existe otário a ponto de não saber contar um fato! Mas existem otários suficientes que não sabem sequer a origem de seus pais ou nome. Assim como não sabem que a origem do nome “Ituiutaba” provém de antigas lendas Caiapós, as quais deri-vam de outras lendas mundo afora, sobretudo as de origens Guaranis, Nambiquaras e até mesmo Cherokees. E por aí vai... O verdadeiro é o que fazemos de nossos feitos. O que vale é o que vivemos, o que experienciamos.

Leitor, jovem leitor, aí vai uma dica pertinente: a impor-tância em contar histórias não está em simplesmente deixar que um velho rabugento, sim, eu mesmo, dite o que você deve fazer quando o ‘chato’ de seu avô começa a te contar histórias que só aconteceram na cabeça dele; mas está em deixar-se afetar por uma par-cela de existência que, em algum momento, nesse ato de narrar, encontra a nossa. São experiências compartilhadas, e que, juntas pelo ato, modelam esse intricado tecido que é a História dos feitos humanos.

Sem mais delongas,

Alcibíades Nihil

Quem é Alcibíades Nihil?

Iniciei cedo minha vida na leitura, fato esse que contribuiu para o desenvolvimento precoce da escrita. Até hoje tento produzir algo decente, prescindindo da vivência e transformando-a em um pouco de existência metafórica para aqueles que gostam de histórias. Atualmente, escrevo para o blog estranhapoiesis.blogspot.com.

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Assista! Uma das bibliotecas da UFU, localizada no Campus Santa Mônica, além de ser reconhecida pelo seu acervo de livros técnicos e literários, dispõe de um setor de multimeios, localizado no 2º piso, com uma vasta gama de material e cultura, a qual possibilita ao graduando encontrar CDs, VHS e DVDs.

O acervo de DVDs é composto por 329 títulos nacionais e estrangeiros. O aluno tem a oportunidade de assistir os filmes em salas de áudio e ví-deo, ou levá-los para assistir em casa. O barato é que a biblioteca não co-bra pelo aluguel dos filmes! Cada graduando dispõe de até 2 títulos por empréstimo, num tempo correspondente de 3 a 4 dias, dependendo do dia da semana para a devolução.

Dentre os vários diretores consagrados, pode-se encontrar Werner Her-zog, Vittorio de Sica, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick, Fritz Lang, Fe-derico Fellini, Orson Welles, François Truffaut, Jean Renoir e Glauber Rocha. Os filmes seguem uma cronologia dos clássicos antigos (Cidadão Kane, Os Incompreendidos, Regra do Jogo, Deus e o Diabo na Terra do Sol), até os contemporâneos (O Labirinto do Fauno, O Cheiro do Ralo, Frida, Sociedade dos Poetas Mortos, A Lista de Schindler).

Aos cinéfilos de plantão vai a dica de títulos e uma oportunidade de se deliciarem com a sétima arte. Bom filme, e até mais...

Abraão Borges

Contágio pelo ar respiro o frescor úmido das vaginas virgens em dias de chuva fina. os pássaros norteiam aonde devo ir...

A.J.B.

Chocolat Ténu arome du rêve Perturbeur des mes instants, De mystère et pensée faible Ça, on n’a pas de fin! Saveur distant Qu’on va et viens, C’est un trouver et perdre Qu’on ne peux pas comprendre! Elle, elle est comme le chocolat, Forte, Parfumée, Délicieuse. Une tentation! Mais, Elle était Mon chocolat. Maintenant, En pleurant Je dis: Elle est le souvenir De mon coeur en morceaux…

Dom Veronez

Short Poem Bring me the sunset in a cup Make the rain pour down in black and white Find a place we both confide Help me out when my time is up; Love me now as in the very start Let me drenched by your tears And when they're gone I'll make you cheered Save my worldly heart.

Bethânia Martins

Dalvim divulga

O quê: Minicurso “Gêneros textuais, práticas acadêmicas” Inscrições? De 26/04 a 07/05, no Dalvim (bloco 1G, sala 1G243, Campus Santa Mônica) Quanto? R$ 5,00 Quando? 15/05, das 8h às 11h Onde? Anfiteatro do bloco 5O, Campus Santa Mônica Como? Minicurso com a professora Maria Cecília de Lima

O quê: Un día en Español – Música, Danza Y Poesía Inscrições? Para apresentação cultural: de 03 a 14/05; para ouvintes: de 17/05 a 18/06, no PET Letras (bloco 1G, sala 1G60, Campus Santa Mônica) Quando? 25/06, a partir das 17h Onde? Anfiteatro do bloco 3Q, Campus Santa Mônica Como? Evento com atrações artísticas e culturais

Para mais informações sobre eventos e outras atividades acadêmicas, visite o blog do Dalvim (http://dalvimufu.blogspot.com) ou a nossa sala (bloco 1G, sala 1G243, Campus Santa Mônica).

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Restaurante Universitário sofre com filas

Gisllene Rodrigues Luiz Cordeiro

Jessica Marquês Tharnier Franco

Valquíria Amaral Mais um ano letivo se inicia. Sendo assim, ingressantes de diversos cursos passam a frequentar o espaço físico que a Universidade Federal de Uberlândia proporciona. Dentre os estabelecimen-tos que compõem essa instituição de ensino público, um se destaca: o Restaurante Universitário. Verifica-se que o RU atende a vários discentes ao longo do dia. Como a cada ano são abertos novos cursos de graduação, logo se percebe que a demanda e a procura pelos serviços oferecidos pelo Restaurante Universitário cresce cada vez mais. Tal fato desencadeia diversas situações, como, por exemplo, as enormes filas formadas de acesso ao restaurante. O aluno do curso de Letras, César Donizette, afirma que, após a mudança dos responsáveis pelos serviços desenvolvidos no RU, houve uma

melhora considerável, uma vez que alteraram o cardápio, favorecendo aos estudantes que são vegetarianos, inclusive. Para Rafael Saraceni Gontijo, estudante de Engenharia Elétrica, a refeição oferecida pelo restaurante também o satisfaz, uma vez que ele a considera de qualidade; contudo, sugere mudanças em relação aos sucos oferecidos pelo estabelecimento.

Mentiras sinceras me interessam

Em um mundo todo errado, até as virtudes são vistas de maneira distorcida. Quer exemplo melhor que a supervalorização da tal verdade que só existe em um plano utópico? Você sabe, a verdade, verdade mesmo, pura, sincera e difícil de ser dita, está sempre

perdendo pra uma mentira fácil, que não dói.

Não condeno essas mentiras, são até boas de se escutar, são do bem! Na maioria das vezes sabemos que estão longe de ser verdade, mas são tão agradáveis e cômodas...

Quanto à verdade? Ah, essa é questão de ponto de vista! Uma boa mentira, uma mentira sentimental (aquela saída do fundo do coração) permanece até que deixe de ser mentira e se torne apenas ficção.

Mentiras sinceras sustentam a estrutura das pessoas e contribuem para a harmonia da humanidade.

Luma Maria

Oferecemos aulas de Inglês, Espanhol, Francês, Português e Redação. Agende sua visita!

Alunos enfrentam caos nas copiadoras da UFU Estudantes pedem novas medidas em relação à presta-ção dos serviços de Xerox

Brunner Guimarães Deisiane Cabral Jessica Marquês Marcos Vinicius Sabrina Tomaz Vanessa Duarte

Alunos da Universidade Federal de Uberlândia se deparam com extensas filas quando precisam tirar cópias de materiais impressos dispo-nibilizados pelos professores nas copiadoras do Campus Santa Mônica. Tal fato se deve ao fechamento de algu-mas delas, o que resulta em longas esperas nas que ainda restam e indignação por parte dos que utilizam o serviço. “As filas estão muito difí-ceis, preciso aproveitar horá-rios em que as copiadoras ficam mais vazias”, diz Ga-briela Morais, aluna do curso de Letras. De imediato, exis-tem poucas perspectivas para a resolução do problema. Contudo, os alunos aguardam que medidas sejam tomadas pela Prefeitura Universitária, com o intuito de facilitar a cópia dos materiais solicita-dos pelos professores. Visto que a universidade pretende aumentar o número de alunos, é relevante, por-tanto, pensar em novas estra-tégias para a melhoria nas copiadoras ou mesmo uma nova alternativa para disponi-bilizar os materiais aos alu-nos, como, por exemplo, aumentar o número de livros na biblioteca ou utilizar um sistema on-line.