Lesões Reversíveis e Irreversíveis
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Disciplina: Processos Patológicos
LESÕES REVERSÍVEIS E IRREVERSÍVEIS
Profa. Ms. Bruna Rocha de Souza
As agressões podem alterar os mecanismos homeostáticos da
célula e fazê-la:
• Diminuir sua função
• Acumular uma série de substâncias no citoplasma
alterações que de modo geral tem caráter de
reversibilidade
INTRODUÇÃO
Adaptações podem ter caráter fisiológico, se o estímulo
agressivo é fisiológico, ex:
Nas respostas das células a estímulos hormonais normais
• Das mamas e do útero na gravidez
• Atrofia das gônadas na senilidade
LESÕES REVERSÍVEIS
As adaptações patológicas propiciam que a célula module o
seu meio ambiente e se adapte, sobrevivendo das agressões
LESÕES REVERSÍVEIS
Agressões que alteram função celular compreendem aos
distúrbios do crescimento:
• Hipertrofia
• Hipotrofia
• Hiperplasia
• Hipoplasia
• Metaplasia
• Neoplasia
LESÕES REVERSÍVEIS
Em patologia as alterações constituem as degenerações
As degenerações se situam entre a célula normal e a morte
celular (lesão irreversível)
Célula normal + célula adaptada + morte celular
LESÕES REVERSÍVEIS
Com a da função celular acumula-se dentro e fora das
células, diversas substâncias que são produto do metabolismo
perturbado
Desse modo, as lesões são classificadas de acordo com o
acúmulo dessas substâncias
LESÕES REVERSÍVEIS
• Água: Degeneração Hidrópica
• Lipídeos: Degeneração Gordurosa
• Proteínas: Degenerações Hialinas (Hialinoses)
• Muco: Degenerações Mucóides
• Carboidratos: Degeneração Glicogênica
Embora classificadas como lesões reversíveis, algumas destas
degenerações constituem-se em grave dano celular
LESÕES REVERSÍVEIS
As reações celulares em sua maioria se dão em uma cascata
de acontecimentos
sendo assim a alteração de uma enzima pode levar a
formação de substâncias anômalas interferindo em outros
sistemas
LESÕES REVERSÍVEIS
Degeneração Hidrópica
Caracteriza-se pelo acúmulo de água no citoplasma, que se
torna volumoso e pálido
Consequência de desequilíbrios na membrana citoplasmática
e nos mecanismos de absorção e eliminação de água
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
O órgão atingido é pálido, e com volume e peso aumentados,
apresentam perda do brilho (tumefação turva)
O do volume é consequência da água dentro das células
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Fotomicrografia mostrando extensas áreas de degeneração hidrópica Observar clareamento citoplasmático
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Alterações afetam:
• Mitocôndrias (aumentam de volume)
• Retículo endoplasmático
• Aparelho de Golgi (dilatação)
• Ribossomos ( do RNA e da síntese proteica)
• Membrana plasmática
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Essas alterações denotam perda de capacidade energética
mitocondrial com queda subsequente de ATP
Todas essas alterações são reversíveis uma vez que a agressão
inicial é retirada, não produzindo transtornos funcionais
graves
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Patogenia: ocorre em função do comprometimento da
regulação do volume celular, que é basicamente concentrado
no controle de Na+ (sódio) e K+ (potássio) no citoplasma
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Membrana celular imperfeita retém Na+ no citoplasma,
deixando escapar o k+ há de água citoplasma para
manter condições isosmóticas ( iguais de Na+ e k+ ) inchaço
da célula
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Etiologia: Hipóxia (causa mais comum). A falta de oxigênio
altera a respiração celular levando a de ATP
Todos os processos que interfiram na fosforilação oxidativa
que produzirá ATP podem levar a degeneração hidrópica
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Hidrópica
Processos que interferem na fosforilação oxidativa:
• Carência de oxigênio (hipóxia)
• Falta de substratos (glicose, aminoácidos)
• Destruição de enzimas de oxidação (ATPase) – como ocorre
nos estados infecciosos (toxinas bacterianas) e tóxicos
(cloreto de mercúrio)
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE ÁGUA
Degeneração Gordurosa
Deposição anormal e reversível de triglicerídeos nas células
parenquimatosas
Geralmente ocorre no fígado, por ser principal órgão
envolvido no metabolismo das gorduras ocorrer também
no coração e nos rins
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Degeneração Gordurosa pode ser:
Esteatose: Triglicerídeos se acumulam (aspecto de bolhas ou
vesículas)
Lipoidose: Outro tipo de gordura se acumula (aspecto de
cristais)
Patogenia: incluem toxinas, diabetes mellitus, obesidade,
alcoolismo
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Degeneração Gordurosa
Exemplo:
Substâncias tóxicas (ex.tetraciclina) podem levar a
degeneração gordurosa do fígado devido lesão mitocondrial
provocando falha no processo de metabolização de
gorduras e ainda levar à destruição de células e inflamação
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Degeneração Gordurosa
Fígado normal (N) e fígado com esteatose hepática (F) Volume aumentado e coloração amarelada do fígado (F)
com a degeneração gordurosa que caracteriza a esteatose
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Degeneração Gordurosa
Os lipídeos chegam ao fígado proveniente de duas fontes:
• alimentos ingeridos
• reserva orgânica que é o tecido adiposo
O de triglicérides no fígado pode ocorrer devido:
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Degeneração Gordurosa
• Entrada excessiva de ácidos graxos livres
• Decréscimo na síntese protéica
• Diminuição na oxidação de ácidos graxos
• Aumento da esterificação de ácidos graxos para
triglicérides
• Aumento de triglicérides plasmáticos
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE LIPÍDEOS
Aterosclerose
Há acúmulo de colesterol:
• No interior das células musculares lisas e macrófagos da
aorta
• Grandes vasos arteriais
• Coronárias
• Polígono de Willis (região onde podem surgir aneurismas)
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS INTRACITOPLASMÁTICOS
Aterosclerose
Placas de ateroma formam agregados que com o tempo
podem sofrer fibrose e outras complicações (hemorragias,
tromboses e aneurisma) levando a obstrução do vaso e
consequente infarto
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS INTRACITOPLASMÁTICOS
Vista inferior do cérebro e suas artérias principais
Aneurisma cerebral
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS INTRACITOPLASMÁTICOS
Hiperlipidemia
Caracterizada pelo de colesterol plasmático podendo ter
origem genética (primárias) ou adquirida (secundárias)
Nestes casos além de aterosclerose, encontram-se lipídeos
em monócitos e macrófagos, na pele e mais raramente na
córnea e nos tendões
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Lipídeos livres no interstício
Os lipídeos podem ser liberados no interstício por:
• Traumatismo no tecido gorduroso
• Consequência da lise de tecidos em foco inflamatório ou da
necrose de células nervosas aos infartos cerebrais
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Lipídeos livres no interstício
Quando um destes eventos ocorre a gordura é fagocitada por
macrófagos, cujo citoplasma torna-se espumoso dado pela
presença de gotículas de gordura, constituindo-se nas células
grânulo-gordurosas
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Acúmulo de lipídeos de patogenia incerta
Situações extremamente graves, acompanhadas de
degeneração gordurosa dos hepatócitos de patogenia pouco
conhecida como por exemplo:
• Esteatose aguda da gravidez (ocorre em mulheres no último
trimestre da gestação)
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
Caracteriza-se pelo aumento anormal do peso corporal por
aumento de tecido adiposo e decorrente de excesso crônico
de ingestão calórica
Fatores culturais e socioeconômicos são importantes pois
podem influenciar:
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
• Aceitação social do indivíduo obeso
• Tipo e quantidade de ingestão de alimentos
• Além de fatores genéticos, psicológicos e hormonais
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
Pode-se dizer que há dois tipos de obesidade, porém sem
distinção totalmente clara
• Inicia na infância e dura a vida toda
• Inicia na vida adulta
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
Parece ser geneticamente determinada, e os adipócitos estão
em maior número do que o normal (hiperplasia)
- a gordura é mais uniformemente distribuída
I) Inicia na infância e dura a vida toda
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
Adipócitos são maiores (hipertrofia)
- gordura acumula-se mais na região dos quadris e nádegas
nas mulheres e abdome no homem
II) Inicia na vida adulta
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Obesidade
Mortalidade superior ao resto da população
Morbidade superior por doenças associadas (hipertensão,
diabetes, aterosclerose, infarto do miocárdio)
II) Inicia na vida adulta
LESÕES COM AUMENTO DE LIPÍDEOS
Degenerações Hialinas (Hialinoses)
Produção e acúmulo de proteínas no interior de células que
tomam aspecto hialino (eosinófilo)
Hialino proteínas histologicamente tem aspecto
homogêneo e refringente e cor rósea forte quando coradas
por HE
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
Degenerações Hialinas (Hialinoses)
As diversas lesões denominadas hialinoses ou degenerações
hialinas apresentam em comum apenas o aspecto
morfológico
Cada uma tem a sua causa e patogênese
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
Deposição intersticial de material hialino
Atinge a parede dos vasos
Comum em quelóides, nas cicatrizes extensas e nos folículos
ovarianos em atresia (fechados)
Hialinose Extracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
Dentro da célula, substância com forma de pequenos
grânulos acidófilos ou aglomerados irregulares
Há vários tipos de degeneração hialina intracelular, entre eles
estão:
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
I) Degeneração hialina goticular
• Presença de várias gotículas hialinas dentro das células
• Ocorre principalmente em doenças renais onde o glomérulo
permite a passagem de proteínas
• Há aumento na reabsorção de proteínas nas vesículas e
proteinúria
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
II) Corpúsculo de Russell
Em 1890, Russell descreveu a presença de corpúsculos
hialinos em células localizadas na proximidade de certos
cânceres
Atualmente sabe-se que estas células são plasmócitos que
podem fazer parte do processo inflamatório crônico
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
II) Corpúsculo de Russell
A substância hialina corresponde a imunoglobulinas que se
cristalizam no citoplasma dos plasmócitos
O motivo pelo qual essas imunoglobulinas não são eliminadas
e por que se cristalizam no citoplasma não é conhecido
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
III) Corpúsculo de Councilman - Rocha Lima
Nas doenças virais que agridem o fígado e na febre amarela
aparecem hepatócitos diminuídos de tamanho com
citoplasma hialino
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
III) Corpúsculo de Councilman - Rocha Lima
Esta hialinose representa agregados de mitocôndrias
alteradas
Na verdade não são relacionadas com
o vírus e representam hepatócitos em
morte celular
Hialinose Intracelular
Corpo de Councilman
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
IV) Degeneração hialina de Mallory
Foi descrita por Mallory, é mais frequente na cirrose alcoólica
do fígado podendo estar presente em diversas enfermidades
hepáticas
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
V) Degeneração Cérea de Zenker
Observada nas células musculares estriadas de músculos
como diafragma , retroabdominais e gastrocnêmio nos casos
de doenças febris graves como a difteria, leptospirose e
septicemia
Hialinose Intracelular
LESÕES CELULARES COM ACÚMULO DE PROTEÍNAS
Ocorre nas células que produzem muco Nas inflamações
das mucosas há acúmulo excessivo de muco no interior das
células
Em alguns cânceres (estômago e ovário) observa-se aspecto
gelatinoso dado por células malignas que produzem muco em
excesso
Degenerações mucóides ou mucopolissacaridoses
LESÕES COM ACÚMULO DE MUCO
Na mucoviscidose de crianças, o muco produzido pelas
células mucosas do pâncreas, glândulas salivares, brônquios e
fígado é muito viscoso, obstruindo os ductos excretores,
acarretando infecções como broncopneumonia
Degenerações mucóides ou mucopolissacaridoses
LESÕES COM ACÚMULO DE MUCO
Nas mucopolissacaridoses que se constituem em doenças
genéticas essas substâncias são encontradas depositadas nos
monócitos e macrófagos e no coração
Degenerações mucóides ou mucopolissacaridoses
LESÕES COM ACÚMULO DE MUCO
O metabolismo alterado dos carboidratos pode levar a
alterações recorrentes de sua diminuição intracelular ou
alterações recorrente do armazenamento anômalo
Degenerações glicogênica
LESÕES COM ACÚMULO DE CARBOIDRATOS
No Diabetes há distúrbio crônico do metabolismo dos
hidratos de carbono, gorduras e proteínas
Os carboidratos têm o maior efeito direto nos níveis de
glicose
Degenerações glicogênica
Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
LESÕES COM ACÚMULO DE CARBOIDRATOS