Leon Denis - O Porque Da Vida

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    www.autoresespiritasclassicos.com

    Lon Denis

    O Porqu da Vida

    Le Pourquoi de la Vie

    1885

    Soluo Racional do Problema da Existncia

    O que somos?

    De onde viemos?

    Para onde vamos?

    Auguste Rodin

    O Pensador

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    Edio eletrnica original:Centre spirite Lyonnais Allan Kardec

    23 rue Jeanne Collay69500 BRON

    04-78-41-19-03http://spirite.free.fr

    Contedo resumido

    Como o ttulo indica, seu autor mostra, com inteligncia eexplicaes lgicas, as razes primordiais da existncia fsica,focalizando princpios que demonstram o que somos, de ondeviemos e para onde vamos aps a desencarnao. Desenvolve

    temtica do maior interesse, com assuntos variados, fixando aateno do leitor no rumo dos mais altos objetivos da alma humana.

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    Sumrio

    queles que sofrem ....................................................................... 4IDever e liberdade ...........................................................................5

    IIOs problemas da existncia .......................................................... 7

    IIIEsprito e matria ........................................................................10

    IVHarmonia do universo ................................................................ 12

    VAs vidas sucessivas ...................................................................... 15

    VIJustia e progresso ...................................................................... 18

    VII

    O propsito supremo .................................................................. 24VIIIProvas experimentais ..................................................................26

    IXResumo e concluso .....................................................................31

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    queles que sofrem

    a vocs, meus irmos e irms em humanidade, a todosvocs a quem o fardo da vida tem curvado, a vocs a quem assperas lutas, os cuidados, as provas tm sobrecarregado, quededico estas pginas. inteno de vocs, aflitos, deserdadosdeste mundo, que escrevo. Humilde pioneiro da verdade e do

    progresso, coloco nelas o fruto de minhas viglias, de minhasreflexes, de minhas esperanas, de tudo que me tem consolado,sustentado na minha caminhada aqui em baixo.

    Possam vocs a encontrar alguns ensinamentos teis, um pouco de luz para aclarar os seus caminhos. Possa esta obramodesta ser para seus espritos entristecidos aquilo que a sombrarepresenta para o trabalhador queimado de sol, aquilo querepresenta, no deserto rido, a fonte lmpida e refrescante seofertando aos olhos do viajante sedento!

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    I

    Dever e liberdade

    Quem que, nas horas de silncio e recolhimento, nuncainterrogou natureza e ao seu prprio corao, perguntando-lhes osegredo das coisas, o porqu da vida, a razo de ser do universo?Onde est aquele que jamais procurou conhecer seu destino,levantar o vu da morte, saber se Deus uma fico ou uma

    realidade? No seria um ser humano, por mais descuidado quefosse, se no tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas. A dificuldade de os resolver, a incoerncia e amultiplicidade das teorias que tm sido feitas, as deplorveisconseqncias que decorrem da maior parte dos sistemas jdivulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espritohumano, os tm relegado indiferena e ao ceticismo.

    Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que

    esclarea, da esperana que console, da certeza que o guie esustente. Mas tem tambm os meios para conhecer, a possibilidadede ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazejaluz. Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descerao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, eque os sofismas no podem enganar: a voz da razo, a voz daconscincia.

    Assim tenho feito. Por muito tempo refleti, meditei sobre os

    problemas da vida e da morte e com perseverana sondei essesprofundos abismos. Dirigi Eterna Sabedoria um ardente apelo eEla me respondeu, como sempre responde a todos.

    Com o esprito animado do amor ao bem, provas evidentes efatos da observao direta vieram confirmar as dedues do meu

    pensamento, oferecer s minhas convices uma base slida einabalvel. Aps haver duvidado, acreditei, aps haver negado, vi.

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    E a paz, a confiana e a fora moral desceram em mim. Esses soos bens que, na sinceridade de meu corao desejoso de ser til aosmeus semelhantes, venho oferecer queles que sofrem e se

    desesperam.Jamais a necessidade de luz fez-se sentir de maneira mais

    imperiosa. Uma imensa transformao se opera no seio dassociedades. Aps haver sido submetido, durante uma longaseqncia de sculos, aos princpios da autoridade, o homem aspiracada vez mais a libertar-se de todo entrave e a dirigir a si prprio.Ao mesmo tempo em que as instituies polticas e sociais semodificam, as crenas religiosas e a f nos dogmas se tornam

    enfraquecidas. ainda uma das conseqncias da liberdade em suaaplicao s coisas do pensamento e da conscincia. A liberdade,em todos os domnios, tende a substituir a coao e o autoritarismoe a guiar as naes para horizontes novos. O direito de algunstorna-se o direito de todos; mas, para que esse direito soberanoesteja conforme com a justia e traga seus frutos, preciso que oconhecimento das leis morais venha regulamentar seu exerccio.Para que a liberdade seja fecunda, para que oferea s aes

    humanas uma base certa e durvel, deve ser complementada pelaluz, pela sabedoria e pela verdade. A liberdade, para os homensignorantes e viciosos, no seria como uma arma possante nas mosda criana? A arma, nesse caso, freqentemente se volta contraaquele que a porta e o fere.

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    II

    Os problemas da existncia

    O que importa ao homem saber, acima de tudo, : o que ele ,de onde vem, para onde vai, qual o seu destino. As idias quefazemos do universo e de suas leis, da funo que cada um deveexercer sobre este vasto teatro, so de uma importncia capital. Porelas dirigimos nossos atos. Consultando-as, estabelecemos um

    objetivo em nossas vidas e para ele caminhamos. Nisso est a base,o que verdadeiramente motiva toda civilizao. To superficial seu ideal, quanto superficial o homem. Para as coletividades,como para o indivduo, a concepo do mundo e da vida quedetermina os deveres, fixa o caminho a seguir e as resolues aadotar.

    Mas, como dissemos, a dificuldade em resolver essesproblemas, muito freqentemente, nos faz rejeit-los. A opinio da

    grande maioria vacilante e indecisa, seus atos e caracteres dissosofrem a conseqncia. o mal da poca, a causa da perturbao qual se mantm presa. Tem-se o instinto do progresso, pode-secaminhar mas, para chegar aonde? nisto que no se pensa o

    bastante. O homem, ignorante de seus destinos, semelhante a umviajante que percorre maquinalmente um caminho sem conhecer o

    ponto de partida nem o de chegada, sem saber porque viaja e que,por conseguinte, est sempre disposto a parar ao menor obstculo,perdendo tempo e descuidando-se do objetivo a atingir.

    A insuficincia e obscuridade das doutrinas religiosas e osabusos que tm engendrado, lanam numerosos espritos aomaterialismo. Cr-se, voluntariamente, que tudo acaba com amorte, que o homem no tem outro destino seno o de se esvanecerno nada.

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    Demonstraremos a seguir como esta maneira de ver est emoposio flagrante experincia e razo. Digamos, desde j, queest destituda de toda noo de justia e progresso.

    Se a vida estivesse circunscrita ao perodo que vai do bero tumba, se as perspectivas da imortalidade no viessem esclarecersua existncia, o homem no teria outra lei seno a de seusinstintos, apetites e gozos. Pouco importaria que amasse o bem e aeqidade. Se no faz seno aparecer e desaparecer nesse mundo, setraz consigo o esquecimento de suas esperanas e afeies, sofreriatanto mais quanto mais puras e mais elevadas fossem suasaspiraes; amando a justia, soldado do direito, acreditar-se-ia

    condenado a quase nunca ver sua realizao; apaixonado peloprogresso, sensvel aos males de seus semelhantes, imaginaria quese extinguiria antes de ver triunfarem seus princpios.

    Com a perspectiva do nada, quanto mais tivesse praticado odevotamento e a justia, mais sua vida seria frtil em amarguras edecepes. O egosmo, bem compreendido, seria a supremasabedoria; a existncia perderia toda sua grandeza e dignidade. Asmais nobres faculdades e as mais generosas tendncias do esprito

    humano terminariam por se dobrar e extinguir inteiramente.A negao da vida futura suprime tambm toda sano moral.Com ela, quer sejam bons ou maus, criminosos ou sublimes, todosos atos levariam aos mesmos resultados. No haveriacompensaes s existncias miserveis, obscuridade, opresso, dor; no haveria consolao nas provas, esperana para os aflitos.

    Nenhuma diferena se poderia esperar, no porvir, entre o egosta,que viveu somente para si, e freqentemente na dependncia de

    seus semelhantes, e o mrtir ou o apstolo que sofreu, quesucumbiu em combate para a emancipao e o progresso da raahumana. A mesma treva lhes serviria de mortalha.

    Se tudo terminasse com a morte o ser no teria nenhuma razode se constranger, de conter seus instintos e seus gostos. Fora dasleis terrestres, ningum o poderia deter. O bem e o mal, o justo e oinjusto se confundiriam igualmente e se misturariam no nada. E o

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    suicdio seria sempre um meio de escapar aos rigores das leishumanas.

    A crena no nada, ao mesmo tempo em que arruna toda

    sano moral, deixa sem soluo o problema da desigualdade dasexistncias, naquilo que toca diversidade das faculdades, dasaptides, das situaes e dos mritos. Com efeito, por que a unstodos os dons de esprito e do corao e os favores da fortuna,enquanto que tantos outros no tm compartilhado seno a pobrezaintelectual, os vcios e a misria? Por que, na mesma famlia,

    parentes e irmos, sados da mesma carne e do mesmo sangue,diferem essencialmente sobre tantos pontos? Tantas questes

    insolveis para os materialistas e que podem ser respondidas to bem pelos crentes. Essas questes, ns iremos examinarbrevemente luz da razo.

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    III

    Esprito e matria

    No h efeito sem causa; nada procede do nada. Esses soaxiomas, isto , verdades incontestveis. Ora, como se constata emcada um de ns a existncia de foras e de poderes que no podemser considerados como materiais, h a necessidade, para explicarsua causa, de se chegar a uma outra fonte alm da matria, a esse

    princpio que chamamos alma ou esprito.Quando, descendo ao fundo de ns mesmos, querendoaprender a nos conhecer, a analisar nossas faculdades; quando,afastando de nossa alma a borra que a vida acumula, o espessoenvelope de preconceitos, erros e sofismas que tm revestido nossainteligncia; penetrando nos recessos mais ntimos de nosso ser,encontramo-nos face a face com esses princpios augustos sem osquais no haveria grandeza para a humanidade: o amor ao bem, o

    sentimento de justia e de progresso. Esses princpios, que seencontram em diversos graus, tanto entre os ignorantes quantoentre os homens de gnio, no podem vir da matria, desprovidaque est de tais atributos. E se a matria no possui essasqualidades, como poderia formar, sozinha, os seres que delas sodotados? O senso do belo e do verdadeiro, a admirao quesentimos pelas grandes e generosas obras, no poderia ter a mesmaorigem que a carne de nossos membros ou o sangue de nossasveias. Est l, na sua maior parte, como os reflexos de uma luzsublime e pura que brilha em cada um de ns, da mesma forma queo sol se reflete sobre as guas, quer estejam perturbadas oulmpidas.

    Em vo se pretende que tudo seja matria. E apesar de queainda que nos ressintamos de poderosos impulsos de amor e de

    bondade, j conseguimos amar a virtude, o devotamento, o

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    herosmo; o sentimento da beleza moral est gravado em ns; aharmonia das coisas e das leis nos penetra, nos arrebata. E, comtudo isso, nada nos distinguiria da matria? Sentimos, amamos,

    possumos conscincia, vontade e razo e procederamos de umacausa que no encerra essas qualidades em nenhum grau, de umacausa que no sente, no ama nem conhece nada, que cega emuda? Superiores fora que nos produziu, seramos mais

    perfeitos e melhores que ela!Uma tal maneira de ver no suporta um exame. O homem

    participa de duas naturezas. Por seu corpo, por seus rgos, derivada matria; por suas faculdades intelectuais e morais, esprito.

    Dizendo ainda mais exatamente, relativamente ao corpohumano, os rgos que compem essa admirvel mquina sosemelhantes a rodas incapazes de agir sem um motor, sem umavontade que as coloque em ao. Esse motor a alma. Um terceiroelemento religa os dois outros, transmitindo aos rgos as ordensdo pensamento. Esse elemento o perisprito, matria etrea queescapa aos nossos sentidos. Envolve a alma, acompanha-a aps amorte nas suas peregrinaes infinitas, depurando-se, progredindo

    com ela, constituindo um corpo difano, vaporoso. Voltaremos,mais adiante, a comentar sobre a existncia desse perisprito,chamado tambm de duplo fludico1.

    O esprito jaz na matria como um prisioneiro em sua cela; ossentidos so as aberturas pelas quais se comunica com o mundoexterior. Mas, enquanto a matria, cedo ou tarde, declina, periclita ese desagrega, o esprito aumenta em poder, fortifica-se pelaeducao e experincia. Suas aspiraes se engrandecem, se

    estendem para alm do tmulo; sua necessidade de saber, deconhecer e de viver no tem limites. Tudo mostra que o ser humanopertence apenas temporariamente matria. O corpo no senouma vestimenta emprestada, uma forma passageira, um instrumentocom a ajuda do qual a alma prossegue, nesse mundo, sua obra dedepurao e de progresso. A vida espiritual a vida normal,verdadeira, sem fim.

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    IV

    Harmonia do universo

    Vimos acima a existncia em ns de um princpio inteligentee racional; retornamos agora at a fonte de onde decorre paraexplicar sua origem pelo encadeamento das causas e dos efeitos. Oshomens chamam essa fonte, na sua pobre e insuficiente linguagem,de Deus.

    Deus o centro de onde emanam e para onde retornam todasas potncias do Universo. Ele o foco de onde se irradia toda idiade justia, solidariedade e amor; o objetivo comum para o qualtodos os seres se encaminham, consciente ou inconscientemente. de nosso relacionamento com o grande Arquiteto dos mundos quedecorrem a harmonia universal, a comunidade e a fraternidade.Para sermos irmos, com efeito, preciso haver um pai comum, eesse pai somente pode ser Deus.

    Deus, dir voc, tem estado presente sob aspectos toestranhos, por vezes to revoltantes para os homens crentes, que oesprito moderno se est afastando dEle. Mas que importam essasdivagaes sectrias? Pretender que Deus possa ser diminudo

    pelos propsitos dos homens equivale a dizer que o monte Branco eo Himalaia possam ser manchados pelo sopro de um mosquito. Averdade paira radiosa, deslumbrante, bem acima das obscuridadesteolgicas.

    Para entrever esta verdade, o pensamento deve se desligar dasregras estreitas, das prticas vulgares, rejeitar as formas pueris comas quais certas religies tm envolvido o supremo ideal. Deveestudar Deus na majestade de suas obras.

    Na hora em que tudo repousa nas nossas cidades, quando anoite est transparente e o silncio se faz sobre a terra adormecida,

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    ento, homens, meus irmos, elevem seus olhos e contemplem oinfinito dos cus!

    Observem a marcha ritmada dos astros, evoluindo nas

    profundezas. Esses fogos inumerveis so mundos perto dos quais aTerra no mais que um tomo, sis prodigiosos contornados porcortejos de esferas e dos quais as distncias espantosas que nosseparam se medem por milhes de anos-luz. Por isso nos parecemsimples pontos luminosos. Mas, dirijam para eles esse olho colossalda cincia, o radiotelescpio, e vocs distinguiro suas superfcies,semelhantes a oceanos em chamas.

    Procurem em vo cont-los; eles se multiplicam at nas

    regies mais remotas e confundem-se na distncia, como uma poeira luminosa. Observem tambm, como sobre os mundosvizinhos da Terra se desenham os vales e as montanhas, mares socavados, nuvens se movem. Reconheam que as manifestaes davida se produzem por toda parte, e que uma ordem admirvel une,sob leis uniformes e por destinos comuns, a Terra e seus irmos, os

    planetas errantes no infinito. Verifiquem que todos esses mundos,habitados por outras sociedades humanas, se agitam, se afastam e

    aproximam dotados de velocidades diversas, percorrendo orbesimensos; por todo lado o movimento, a atividade e a vida semostram em um espetculo grandioso. Observem nosso prprioglobo, a Terra, que parece nos dizer:Vossa carne a minha,vossos entes minhas crianas. Observem-na, esta grande ama deleite da humanidade; vejam a harmonia de seus contornos, seuscontinentes, no seio dos quais as naes germinam e crescem, seusvastos oceanos sempre em movimento; acompanhem a renovaodas estaes revestindo-a, cada vez, de verdes adornos ou de lourascolheitas; contemplem os seres vivos que a povoam: pssaros,insetos, plantas e flores; cada um deles um cinzeladomaravilhoso, uma jia do estojo divino. Observem a si mesmos;vejam o desempenho admirvel de seus rgos, o mecanismomaravilhoso e complicado de seus sentidos. Que gnio humano

    poderia imitar essas delicadas obras-primas?

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    Considerem todas essas coisas e perguntem sua razo setanta beleza, esplendor e harmonia, podem resultar do acaso, ou seno existe, sobretudo, uma causa inteligente presidindo a ordem do

    mundo e a evoluo da vida. E se vocs me opusessem os flagelos,as catstrofes, tudo o que vem perturbar essa ordem admirvel, lhesresponderia: Sondem os problemas da natureza, no se fixem nasuperfcie, desam ao fundo das coisas e descobriro, com surpresa,que as aparentes contradies mais no fazem que confirmar aharmonia geral, que so teis ao progresso dos seres, nico

    propsito da existncia.Se Deus fez o mundo, replicam triunfalmente certos

    materialistas, quem ento fez Deus? Esta objeo no tem sentido.Deus no um ser que se junte srie dos seres. Ele o Seruniversal, sem limites no tempo e no espao, por conseqnciainfinito, eterno. No pode haver nenhum ser acima nem ao ladodele. Deus a fonte e o princpio de toda vida. por ele que sereligam, unem e harmonizam todas as foras individuais, e que semEle estariam isoladas e divergentes.

    Abandonadas a si mesmas, no estando regidas por uma lei,

    uma vontade superior, essas foras no teriam produzido senoconfuso e caos. O fato de existir um plano geral, um propsitocomum, do qual participem todas as potncias do universo, prova aexistncia de uma causa, uma inteligncia suprema, que Deus.

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    V

    As vidas sucessivas

    Como tnhamos dito, o homem deve antes de tudo aprender ase conhecer a fim de clarear seu porvir. Para caminhar com passofirme, precisa saber para onde vai. conformando seus atos com asleis superiores que o homem trabalhar eficazmente para a prpriamelhoria e do meio social. O importante discernir essas leis,

    determinar os deveres que elas nos impem, prever asconseqncias de suas aes. O dia em que estiver compenetradoda grandeza de sua funo, o ser humano poder melhor sedesapegar daquilo que o diminui e rebaixa; poder se governar comsabedoria, preparar por seus esforos a unio fecunda dos homensem uma grande famlia de irmos.

    Mas estamos longe desse estado de coisas. Ainda que ahumanidade avance na via do progresso, pode-se dizer, entretanto,

    que a imensa maioria de seus membros caminha pela via comum,em meio noite escura, ignorante de si mesma, nadacompreendendo do propsito real da existncia.

    Espessas trevas obscurecem a razo humana. As radiaes daverdade chegam empalidecidas, enfraquecidas, impotentes paraaclarar as rotas sinuosas trilhadas pelas inumerveis legies emmarcha e para fazer resplender aos seus olhos o objetivo ideal elongnquo.

    Ignorando seus destinos, flutuando sem cessar entre opreconceito e o erro, o homem maldiz, por vezes, a vida. Curvando-se sob seu fardo, lana sobre seus semelhantes a culpa das provasque suporta e que, muito freqentemente, so geradas por suaimprevidncia. Revoltado contra Deus, a quem acusa de injustia,chega mesmo, algumas vezes, na sua loucura e desespero, adesertar do combate salutar, da luta que, por si s, poderia fortificar

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    sua alma, esclarecer seu julgamento, prepar-lo para os trabalhos deuma ordem mais elevada.

    Por que assim? Por que o homem desce fraco e desarmado

    na grande arena onde trava sem trgua, sem descanso, a eterna egigantesca batalha? porque este globo, a Terra, est em umdegrau inferior na escala dos mundos. Aqui residem em sua maior

    parte espritos infantis, isto , almas nascidas h pouco tempo paraa razo. A matria reina soberana em nosso mundo. Nos curva sobseu jugo, limita nossas faculdades, estanca nossos impulsos para o

    bem e nossas aspiraes para o ideal.Alm disso, para discernir o porqu da vida, para entrever a

    lei suprema que rege as almas e os mundos, preciso saber selibertar dessas pesadas influncias, desapegar-se das preocupaesde ordem material, de todas essas coisas passageiras e cambiantesque encobrem nosso esprito e que obscurecem nossos julgamentos. nos elevando pelo pensamento acima dos horizontes da vida,fazendo abstrao do tempo e do lugar, pairando, de alguma forma,acima dos detalhes da existncia, que perceberemos a verdade.

    Por um esforo de vontade, abandonemos um instante a Terra

    e gravitemos nessas alturas imponentes. De cima se desenrolarpara ns o imenso panorama das idades sem conta, e dos espaossem limites. Da mesma forma que o soldado, perdido no conflito,no v seno confuso em torno dele, enquanto o general, cujoolhar abraa todas as peripcias da batalha, calcula e prev osresultados; da mesma forma que o viajante, perdido nassinuosidades do terreno pode, escalando a montanha, v-las sefundir em um plano grandioso; assim a alma humana, da altura

    onde plana, longe dos rudos da terra e longe dos baixios obscuros,descobre a harmonia universal. Aquilo que, aqui em baixo, lheparece contraditrio, inexplicvel e injusto, quando visto do alto, sereata, se aclara; as sinuosidades do caminho se endireitam; tudo seune, se encadeia; ao esprito, fascinado, aparece a ordem majestosaque regula o curso das existncias e a marcha do universo.

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    Dessas alturas iluminadas, a vida no mais, para os nossosolhos, como para os da multido - uma v perseguio desatisfaes efmeras - mas antes um meio de aperfeioamento

    intelectual, de elevao moral, uma escola onde se aprende adoura, a pacincia e o dever. E essa vida, para ser eficaz, no podeser isolada. Fora de seus limites, antes do nascimento e aps amorte, vemos, em uma espcie de penumbra, desenrolar-seinmeras existncias atravs das quais, ao preo do trabalho e dosofrimento, conquistamos, pea por pea, retalho por retalho, o

    pouco de saber e de qualidades que possumos; por elas igualmenteconquistaremos o que nos falta: uma razo perfeita, uma cincia

    sem lacunas, um amor infinito por tudo que vive.A imortalidade se assemelha a uma cadeia sem fim e sedesenrola para cada um de ns na imensidade dos tempos. Cadaexistncia um elo que se religa, na frente e atrs, a elos distintos,a vidas diferentes, mas solidrias entre si. O presente aconseqncia do passado e a preparao do futuro. De degrau emdegrau, o ser se eleva e cresce. Artes de seu prprio destino, aalma humana, livre e responsvel, escolhe seu caminho e, se este

    caminho mau, as quedas que adviro, as pedras e os espinhos quea dilaceraro, tero o efeito de desenvolver sua experincia eesclarecer sua razo nascente.

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    VI

    Justia e progresso

    A lei superior do universo o progresso incessante, aascenso dos seres para Deus, foco das perfeies. Das profundezasdo abismo da vida, por uma rota infinita e uma evoluo constante,nos aproximamos dEle. No fundo de cada alma est depositado ogerme de todas as faculdades, de todos os poderes cabendo a ela

    faz-los eclodir por seus esforos e seus trabalhos. Visto sob esteaspecto, nosso avano e felicidade futura, so obra nossa. A Graano tem mais razo de ser. A justia se irradia sobre o mundo

    porque, se todos tivermos lutado e sofrido, todos seremos salvos.Da mesma forma, revela-se aqui em toda sua grandeza a

    funo da dor e sua utilidade para o avano dos seres. Cada globo,girando no espao, vasta oficina onde incessantemente trabalha asubstncia espiritual. Assim como o mineral grosseiro, quando sob

    a ao do fogo e da gua, transforma-se pouco a pouco em metalpuro, tambm a alma humana, sob os pesados martelos da dor setransforma e fortifica. por meio das provas que se temperam osgrandes caracteres. A dor a purificao suprema, a fornalha ondese fundem todos os elementos impuros que nos mancham: oorgulho, o egosmo e a indiferena. a nica escola onde serefinam as sensaes, onde se aprende a piedade e a resignaoestica. Os gozos sensuais, ligando-nos matria, retardam nossaelevao, enquanto que o sacrifcio e a abnegao, nos libertam porantecipao dessa espessa ganga, nos preparam para novas etapas,

    para uma ascenso mais alta. A alma, purificada, santificada pelasprovas, v cessar as encarnaes dolorosas. Deixa para sempre osglobos materiais e eleva-se sobre a escala magnfica dos mundosfelizes. Percorre o campo sem limites dos espaos e das idades. Acada passo adiante, v seus horizontes se alargarem e sua esfera deao crescer; percebe mais e mais distintamente a grande harmonia

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    das leis e das coisas, delas participando de uma maneira maisestreita, mais efetiva. Ento o tempo se eclipsa, os sculos seescoam como horas. Unida s suas irms, companheiras da eterna

    viagem, prossegue sua ascenso intelectual e moral no seio de umaluz sempre grandiosa.De nossas observaes e pesquisas se destaca, assim, uma

    grande lei: a pluralidade das existncias da alma. J tnhamosvivido antes do nascimento e reviveremos aps a morte. Esta lei da chave desses problemas, at aqui insolveis. Por si s, explica adesigualdade das condies, a variedade infinita das aptides e doscaracteres. Temos conhecido ou conheceremos sucessivamente

    todas as fases da vida social e percorreremos todos os seus meios. No passado, ramos como os selvagens que povoavam oscontinentes atrasados; no porvir, poderemos nos elevar altura dosgnios imortais, dos espritos gigantes que, semelhantes a farisluminosos, aclaram a marcha da humanidade. A histria deles nossa histria e, dela participantes, percorremos os seus rduoscaminhos, suportamos as evolues seculares relatadas nos anaisdas naes. Tempo e trabalho: eis os elementos de nosso progresso.

    Esta lei da reencarnao mostra, de maneira evidente, asoberana justia que reina sobre todos os seres. A cada vezforjamos e quebramos nossos prprios grilhes. As provasassustadoras que alguns entre ns sofrem so, em geral,conseqncia de nossa conduta passada. O dspota torna-seescravo; a mulher altiva, vaidosa de sua beleza, retoma em umcorpo informe, sofredor; o ocioso torna-se mercenrio, curvado sobum servio ingrato. Aquele que tem feito sofrer sofrer por sua vez.Intil procurar o inferno nas regies desconhecidas ou longnquas,o inferno est em ns, esconde-se nos recessos ignorados da almaculpada, da qual somente a expiao pode fazer cessar as dores.

    No h penas eternas. Mas, dir voc, se outras vidas precederam onascimento, por que delas perdemos a lembrana? Como

    poderamos expiar com proveito quando as faltas so esquecidas?

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    A lembrana no seria uma pesada bola presa aos nossos ps?Penosamente sados das idades de furor e de bestialidade, comodeve ter sido esse passado de cada um de ns! Atravs as etapas

    transpostas, quantas lgrimas vertidas, quanto sangue derramadopor nossos atos! Conhecemos o dio e praticamos a injustia. Quefardo moral seria esta longa perspectiva de faltas para espritosainda dbeis e vacilantes!

    E depois, a lembrana de nosso prprio passado no estarialigada de maneira ntima s lembranas do passado dos outros? Quesituao para o culpado, marcado pelo ferro em brasa, por toda aeternidade! Pela mesma razo, os dios e os erros se perpetuariam,

    cavando divises profundas, indelveis, no seio desta humanidadej to dilacerada. Deus fez bem apagando de nossos fracos crebrosa lembrana de um passado terrvel. Aps haver sorvido a

    beberagem do esquecimento, renascemos para uma nova vida. Umaeducao diferente, uma civilizao mais adiantada, faz desvaneceras quimeras que outrora visitaram nosso esprito. Aliviados dessa

    bagagem bloqueante, avanamos com passos mais rpidos nas viasque nos so abertas.

    Todavia, esse passado no est apagado de tal maneira queno possamos entrever alguns de seus vestgios. Se nosdesapegarmos das influncias exteriores, descermos ao fundo denosso ser; se nos analisarmos com cuidado, nossos gostos easpiraes, descobriremos coisas, em nossa existncia atual e com aeducao recebida, que nada poderia explicar. Partindo da,chegaremos a reconstituir esse passado, seno em todos os seusdetalhes, pelo menos em suas grandes linhas. Quanto s faltas, queimplicam numa expiao necessria nesta vida, ainda que apagadasmomentaneamente aos nossos olhos, sua causa primeira continuaexistindo, sempre visvel, qual seja, nossas paixes e caracteresimpetuosos, que as novas encarnaes tm por objetivo domar,dobrar.

    Assim ento, se deixamos no limiar da vida as mais perigosaslembranas, levamos ao menos conosco os frutos e as

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    conseqncias dos trabalhos realizados, isto uma conscincia, umjulgamento, um carter tal qual o houvermos talhado. Tudo que nos inato no outra coisa seno a herana intelectual e moral que as

    vidas desvanecidas nos legaram.E cada vez que se abrem para ns as portas da morte, quando,

    liberta do jugo material, nossa alma escapa de sua priso na carne para reentrar no imprio dos Espritos, ento seu passado sereconstitui pouco a pouco. Uma aps outra, sobre o caminhoseguido, rev suas existncias, as quedas, os altos, os avanosrpidos. Julga a si mesma, medindo o caminho percorrido. Noespetculo de seus descrditos ou de seus mritos, expostos ante

    ela, encontra sua punio ou sua recompensa.Sendo o propsito da vida o aperfeioamento intelectual emoral do ser, que condies, que meios nos conviriam melhor pararealiz-lo? O homem pode trabalhar em seu aperfeioamento emtodas as condies, em todos os meios sociais; entretanto, se sairia

    bem mais facilmente dentro de certas condies determinadas.A riqueza proporciona ao homem meios de estudo

    poderosos; permite-lhe dar ao seu esprito uma cultura mais

    desenvolvida e mais perfeita; coloca em suas mos facilidadesmaiores para aliviar seus irmos infelizes, participando pormeio de fundaes de utilidade pblica, visando omelhoramento de seus destinos. Mas so raros os queconsideram como um dever trabalhar no alvio da misria, nainstruo e melhoria de seus semelhantes.

    A riqueza, freqentemente, seca o corao humano; extingueessa chama interior, esse amor ao progresso e s melhorias sociais

    que anima toda alma generosa; ergue uma barreira entre ospoderosos e os humildes; leva a viver em um meio onde no sealcana os deserdados desse mundo e onde, por conseqncia, suasnecessidades e males permanecem quase sempre ignorados edesconhecidos.

    A misria tambm tem seus pavorosos perigos: a degradaodos caracteres, o desespero, o suicdio. Mas, enquanto a riqueza nos

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    torna indiferentes e egostas, a pobreza, ao nos aproximar doshumildes, nos faz compartilhar a dor. preciso ter sofrido, por simesmo, para apreciar os sofrimentos do outro. Enquanto os

    poderosos, no seio dos honrados, invejam-se e procuram rivalizarem brilho, os pequenos, aproximados pela necessidade, vivem, porvezes, em tocante confraternizao.

    Observem as aves de nossa regio durante os meses deinverno, quando o cu est sombrio, quando a terra est coberta deum manto branco de neve; apertados uns contra os outros, na bordade um telhado, aquecem-se mutuamente em silncio. A necessidadeos une. Mas vm os belos dias, o sol resplandecente, a proviso

    abundante, e eles chilreiam, perseguem-se, combatem-se,dilaceram-se. Assim o homem. Doce, afetuoso com seussemelhantes nos dias de tristeza, a posse de bens materiais o torna,muito freqentemente, esquecido e duro.

    Uma condio modesta convm melhor ao esprito desejosode progredir, de adquirir as virtudes necessrias sua ascensomoral. Longe do turbilho dos prazeres enganadores, aquilatarmelhor a vida. Solicitar da matria o que necessrio

    conservao de seu organismo, mas evitar cair nos hbitosperniciosos, tornar-se presa das inumerveis necessidades fictciasque so os flagelos da humanidade. Ser sbrio e trabalhador,contentando-se com pouco, ligando-se, acima de tudo, aos prazeresda inteligncia e s jias do corao.

    Assim, fortificado contra os assaltos da matria, o sbio, sob apura luz da razo, ver resplandecer seu destino. Esclarecido sobreo objetivo da vida e o porqu das coisas, permanecer firme,

    resignado diante da dor; saber faz-la servir sua depurao, aoseu adiantamento. Afrontar a prova com coragem, compreendendoser salutar, que o choque que rasgar nossas almas, e que s poresse dilaceramento que poder ser derramado o fel que est em ns.Se os homens rirem dele, se for vtima da injustia e da intriga,aprender a suportar pacientemente seus males, dirigindo seus

    pensamentos para nossos irmos mais velhos: Scrates bebendo a

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    cicuta, Jesus na cruz, Joana na fogueira. Consolar-se- nopensamento de que os maiores, os mais virtuosos, os mais dignos,sofreram e morreram pela humanidade.

    E quando, enfim, aps uma existncia bem completada, vier ahora solene, ser com calma, sem pesar, que acolher a morte; amorte, que os homens envolvem com sinistro aparato; a morte,espanto dos poderosos e dos sensuais, e que, para o pensadoraustero, no mais que a libertao, a hora da transformao, a

    porta que se abre para o imprio luminoso dos Espritos.Esse umbral das regies supraterrestres, flanquea-lo- com

    serenidade. Sua conscincia, desapegada das sombras materiais, se

    vestir ante ele como um juiz, representante de Deus, perguntando:Que fez da vida? E responder : - Tenho lutado, sofrido, amado,ensinado o bem, a verdade, a justia; tenho dado aos meus irmos oexemplo da retido, da doura; tenho socorrido aqueles que sofrem,consolado os que choram. E agora, que O Eterno me julga, eis-meaqui em Suas mos!

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    VII

    O propsito supremo

    Homem, meu irmo, tenha f em seu destino, porque ele grande. Voc nasceu com faculdades inatas, aspiraes infinitas, ea eternidade lhe dada para desenvolver uns e satisfazer os outros.Crescer vida a vida, esclarecer-se pelo estudo, purificar-se pela dor,adquirir uma cincia sempre mais vasta, qualidades cada vez mais

    nobres; eis o que lhe est reservado. Deus tem feito ainda mais porvoc. Deu os meios de colaborar em Sua obra; de participar na leido progresso sem limites, abrindo novas vias aos seus semelhantes,elevando seus irmos, atraindo-os a voc, iniciando-os nosesplendores do verdadeiro e do belo, s sublimes harmonias douniverso. No isso criar, transformar almas e mundos? E essetrabalho imenso, frtil em caracteres, no prefervel a um repousomorno e estril? Colaborar com Deus! Realizar em tudo e por tudoo bem e a justia! Que pode ser maior, mais digno ao seu espritoimortal!

    Eleve ento seu olhar e abrace as vastas perspectivas de seuporvir. Ponha nesse espetculo a energia necessria para afrontar osventos e as tempestades do mundo. Marche, valente, lutador, suba arampa que conduz aos cumes que chamamos virtude, dever,sacrifcio. No se detenha no caminho para colher floretes ou mato,

    para brincar com seixos dourados. Para frente, sempre em frente!

    V voc nos cus esplndidos esses astros flamejantes, essessis inumerveis arrastando, em suas evolues prodigiosas,brilhantes cortejos de planetas? Quantos sculos acumulados noforam necessrios para os formar! Quantos sculos no sero

    precisos para os dissolver! Bem! Um dia vir em que todos essesfogos estaro extintos, onde esses mundos gigantescos seesvanecero para dar lugar a novos globos, a outras famlias de

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    astros emergentes das profundezas. Nada daquilo que v hojeexistir mais. O vento dos espaos ter para sempre varrido a

    poeira, esses mundos usados; mas voc, voc viver sempre,

    prosseguindo sua marcha eterna no seio de uma criaoincessantemente renovada. Que sero ento para tua almapurificada, engrandecida, as sombras e os cuidados do presente?Acidentes efmeros de nosso curso, no deixaro, no fundo denossa memria, mais do que tristes ou doces lembranas. Diantedos horizontes infinitos da imortalidade, os males do presente, as

    provas sofridas, sero como uma nuvem fugitiva no meio de umcu sereno.

    Mea ento, em seu justo valor, as coisas da Terra. No asdesdenhe, sem dvida, porque so necessrias ao progresso, e suamisso de contribuir para o seu aperfeioamento peloaperfeioamento de si mesmo; mas no ligue sua almaexclusivamente nisso, antes de tudo, procure os ensinamentos quetrazem. Por eles, voc compreender que os objetivos da vida noso os gozos, nem a felicidade, mas, acima de tudo, uma forma detrabalho, de estudo e de cumprimento do dever, o desenvolvimento

    da alma, da personalidade que voc reconhecer alm da tumba, talqual a tem estado talhando, voc mesmo, no curso de sua existnciaterrestre.

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    VIII

    Provas experimentais

    A soluo que acabamos de dar aos problemas da vida estbaseada na mais rigorosa lgica. Est de acordo com as convicesdos grandes gnios da Antiguidade, com os ensinamentos deScrates, de Plato, de Orgenes, dos drudas, cujas profundasvises, hoje reconstitudas pela histria, tm confundido o esprito

    humano h vinte sculos. Ela forma o fundo das filosofias doOriente. Tem inspirado obras e atos sublimes; nossos pais, osGauleses, da tiraram sua indomvel coragem, seu desdm pelamorte. Nos tempos modernos, tem sido professada por JeanReynaud, Henri Martin, Esquirros, Pierre Leroux, Victor Hugo, etc.

    Todavia, malgrado seu carter absolutamente racional,malgrado a autoridade das tradies sobre as quais repousam, essasconcepes seriam qualificadas de puras hipteses e relegadas ao

    domnio da imaginao, se no pudssemos assent-las sobre uma base inquebrantvel, sobre experincias diretas e sensveis, disposio de todos.

    Fatigado das teorias e dos sistemas, o esprito humano, antetoda nova afirmao, reclama hoje por provas. Essas provas daexistncia da alma, de sua imortalidade, o espiritualismoexperimental nos traz, materiais, evidentes. Basta observ-las fria eseriamente, estudando com perseverana os fenmenos psquicos,

    para se convencer de sua realidade e de sua importncia e parasentir as vastas conseqncias que tero, do ponto de vista dastransformaes sociais, por trazer uma base positiva, um slido

    ponto de apoio s leis morais e ao ideal de justia, sem os quaisnenhuma civilizao poderia crescer.

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    As almas dos mortos se revelam aos humanos. Manifestamsua presena, conversam conosco, nos iniciam nos mistrios dasreencarnaes, nos esplendores desse porvir que ser nosso.

    Isto um fato real, muito pouco conhecido e muitofreqentemente contestado. As experincias Espritas tm sidoacolhidas com sarcasmo e todos que disso tm se ocupado, desde oincio, tm sido achincalhados, ridicularizados, considerados comotolos.

    Tal tem sido em todos os tempos o destino das novas idias, oacolhimento reservado s grandes descobertas. Considera-se comotrivial a utilizao das mesas girantes; mas as maiores leis do

    universo, as mais poderosas foras da natureza, no foramreveladas de uma maneira mais imponente. No graas sexperincias feitas com rs que a eletricidade foi descoberta? Aqueda de uma ma demonstrou a atrao universal, e a ebulio deuma marmita, a ao do vapor. Quanto a serem taxados de loucos,os espritas compartilham nesse ponto a sorte de Salomo de Caus2,de Harvey3, de Galvani4 e de tantos outros homens de gnio.

    digno de nota que: a maior parte dos que criticam

    apaixonadamente esses fenmenos no os tm nem observado nemestudado, ou o tm feito bem superficialmente; ora, entre o nmerodos que os conhecem e afirmam a sua existncia, esto os maioressbios da poca. Entre esses esto, na Inglaterra: Sir W. Crookes,membro da Sociedade Real de Londres, fsico eminente a quem sedeve a descoberta da matria radiante; Russel Wallace, o adversriode Darwin; Warley, engenheiro chefe dos telgrafos; F. Myers,

    presidente da Sociedade de Pesquisas Psquicas; O. Lodge, reitor

    da Universidade de Birmingham; na Amrica, o jurisconsultoEdmonds, presidente do Senado; o professor Mappes, da Academianacional; na Alemanha: o astrnomo Zoellner; na Frana: CamilleFlammarion, o doutor Peul Gibier, aluno de Pasteur, Vacquerie,Eugne Nus, C. Fauvety, o Coronel de Rochas, o professor Ch.Richet, membro do Instituto, o doutor Maxwell, procurador geralda Corte de apelao de Bordeaux.

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    Na Itlia o clebre professor Lombroso, que aps tercontestado por muito tempo a possibilidade dos fatos espritas, osestudou e ento reconheceu publicamente a realidade. Quanto tem

    sido dito sobre qual lado teria garantias de ter procedido a umexame srio e a uma madura reflexo! Galileu, queles quenegavam o movimento da Terra respondia "E por si move!"Crookesse pronuncia assim no assunto dos fatos espritas: "Eu no disseque isso poderia ser, disse que . A verdade, no incioqualificada de utopia, acaba sempre por prevalecer.

    Constatamos, entretanto que a atitude da imprensa a respeitodesses fenmenos est sensivelmente modificada. No se graceja e

    ridiculariza mais; entrev-se a que h qualquer coisa de seriedade.Os grandes jornais de Paris, O Figaro, o Matin, o Eclair, o Journal, o Petit Parisien, etc., publicam freqentemente sriosartigos sobre essas matrias. A doutrina do espiritualismoexperimental se expande no mundo com uma rapidez prodigiosa.

    Nos Estados-Unidos, seus adeptos se contam por milhes; naEuropa ocidental ela est comeando e at nos meios maisafastados, sociedades de investigao se fundam, numerosas

    publicaes aparecem. Um instituto metafsico foi fundado emParis, com o concurso do Estado, para o estudo experimental dessesfatos.

    O concurso de indivduos particularmente dotados indispensvel para a obteno dos fenmenos psquicos. OsEspritos no podem agir sobre os corpos materiais,impressionando nossos sentidos, sem uma proviso de fluidosanimais que tomam por emprstimo a indivduos denominadosmdiuns. Todo o mundo possui rudimentos de mediunidade, que

    pode ser desenvolvida pelo trabalho e pelo exerccio.A alma, em sua existncia de alm-tmulo, no est

    desprovida de forma. Possui um corpo fludico, de matriavaporosa, quintessenciada, chamada perisprito, que pr-existe esobrevive ao corpo material, do qual ao mesmo tempo a matriz, omodelo e o motor. Esse perisprito ou corpo fludico possui todo

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    um organismo sutil, e por sua ao, combinada com o fluido vitaldos mdiuns, que o Esprito se manifesta aos homens, fazendo-osouvir golpes, deslocando objetos, correspondendo-se por sinais

    convencionados. Em certos casos, pode mesmo se tornar visvel,tangvel, produzir a escrita direta, mensagens, e at impresses emoldagens de seu envelope materializado. Todos esses fatos tmsido observados milhares de vezes pelos sbios para istodesignados e por pessoas de toda classe, de todas as idades e detodos os pases. Eles provam experimentalmente a existncia, emtorno de ns, de um mundo invisvel, povoado de almas quedeixaram a Terra, entre as quais se encontram as que tnhamos

    conhecido e amado, e a quem nos juntaremos um dia. So elas quenos ensinam a filosofia consoladora e grandiosa da qual esboamosacima os traos essenciais.

    E que se repare bem que essas manifestaes, consideradas,por tantos homens - sob o imprio dos prejulgamentos estreitos -como estranhas, anormais, impossveis, sempre tm existido.Relacionamentos constantes tm unido o mundo dos Espritos aomundo dos vivos. A histria o comprova. A apario de Samuel a

    Saul, o gnio familiar de Scrates, aqueles do Tasse

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    e de JrmeCardan6, as vozes de Joana d'Arc e tantos outros fatos anlogos, procedem das mesmas causas. Somente, que eram consideradosoutrora como sobrenaturais e miraculosos, apresentando-se hojecom um carter racional, como um conjunto de fatos regidos porleis rigorosas, cujo estudo faz nascer em ns uma convico

    profunda, esclarecida.O mundo invisvel no em realidade seno o prolongamento

    do mundo visvel. Alm dos limites traados por nossos sentidos,h formas de matria e de vida das quais a cincia cada vez maisadmite a possibilidade, depois que a descoberta da matria radiante,a aplicao dos raios X, os trabalhos de Hertz sobre a telegrafiasem fio, de Lockyer sobre as nebulosas, aqueles de Becquerel,Curie e de Lebon sobre a radioatividade dos corpos, lhe abriramtodo um domnio ignorado da natureza.

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    Os fatos espritas, como se v, longe de serem desprezveis,constituem umas das maiores revolues intelectuais e morais quese tem produzido na histria do globo. Eles so o mais srio

    argumento que se pode opor ao materialismo. A certeza de viver dolado de l do tmulo, na plenitude de nossas faculdades e de nossaconscincia, faz perder o temor da morte. O conhecimento dassituaes felizes ou penosas, vividas pelos Espritos por suas boasou ms aes, tem uma poderosa ao moral. A perspectiva dos

    progressos infinitos, das conquistas intelectuais, que esperam todosos seres e os conduz para destinos comuns, pode, por si s,aproximar os homens, unindo-os por laos fraternais. A doutrina do

    Espiritismo experimental a nica filosofia positiva que responde atodas as necessidades morais da humanidade.

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    IX

    Resumo e concluso

    Em resumo, os princpios que decorrem do Espiritismo, princpios ensinados pelos Espritos desencarnados - em muitomelhor posio do que ns para discernir a verdade - so osseguintes:

    Existncia de Deus, inteligncia diretriz, lei vivente, alma do

    universo, unidade suprema para onde se destinam eharmonizam todos os relacionamentos, foco imenso dasperfeies de onde se irradiam e expandem ao infinito todasas potncias morais: Justia, Sabedoria e Amor!

    Imortalidade da alma, essncia espiritual que encerra, noestado de germe, todas as faculdades, todos os poderes; queest destinada a desenvolv-los pelo seu trabalho,encarnando sobre mundos materiais, elevando-se por

    existncias sucessivas e inumerveis, de degrau em degrau,at a perfeio.

    Comunicao dos vivos e com os mortos; ao recproca deuns sobre os outros: permanncia das relaes entre os doismundos; solidariedade de todos os seres, idnticos na suaorigem e nos seus fins, diferentes somente pela sua situaotransitria: uns no estado de Esprito, livres no espao, osoutros, revestidos de um envelope perecvel, mas passando

    alternadamente de um estado ao outro, a morte no sendoseno um perodo transitrio entre duas existnciasterrestres.

    Progresso infinito, Justia eterna, sano moral; a alma,tendo liberdade nos seus atos responsvel, cria para simesma seu porvir; segundo seu estado normal, os fluidos

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    grosseiros ou sutis que compem o perisprito, e que tm sidoatrados para ela por seus hbitos e tendncias; esses fluidos,submetidos lei universal de atrao e de gravidade, a

    arrastam para os globos inferiores, para os mundos de dor,onde ela sofre, expia, resgata o passado, ou para onde amatria tem menos supremacia, onde reinam a harmonia e afelicidade. A alma, na sua vida superior e perfeita, colaboracom Deus, forma os mundos, dirige suas evolues, vigia oprogresso das humanidades, o cumprimento das leis eternas.

    Tais so os ensinamentos que o Espiritismo experimental nostraz. No so outros que os do Cristianismo primitivo, desapegado

    das formas de culto material, despojado dos dogmas, das falsasinterpretaes, dos erros, sob os quais o homem tem ocultado,mantido irreconhecvel, a filosofia do Cristo.

    A nova doutrina, revelando a existncia de um mundoespiritual invisvel, to real e to vivo quanto o nosso, abrehorizontes ao pensamento humano diante dos quais hesita ainda,interdito, ofuscado. Mas as relaes que esta revelao facilita entreos mortos e ns, as consolaes, os encorajamentos que da

    decorrem, a certeza de encontrar todos aqueles que acreditvamosperdidos para sempre, de receber deles os supremos ensinamentos,tudo isso constitui um conjunto de foras, de recursos morais que ohomem no poderia desconhecer ou desdenhar sem perigo para ele.

    Todavia, malgrado o alto valor desta doutrina, o homem destesculo, profundamente ctico, embotado com seus preconceitos,quase no teria dela feito sentido, se fatos no tivessem vindoapoi-la. Para atingir o esprito humano, superficial, indiferente,

    foram necessrias as manifestaes materiais, ruidosas. por issoque, em 1850 e por diversos meios, mveis de todas as formas sebalanavam, paredes retiniam golpes sonoros, corpos pesados sedeslocavam contrariamente s leis fsicas conhecidas; mas, apsesta primeira fase grosseira, os fenmenos espritas se tornaramcada vez mais inteligentes. Os fatos de ordem psquica (do gregopsuck, alma) sucederam-se s manifestaes fsicas, mdiuns,

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    escritores, oradores, sonmbulos, curandeiros, se revelaram,recebendo, mecnica ou intuitivamente, inspiraes cuja causaestava fora deles, aparies visveis e tangveis se produziam, e a

    existncia dos Espritos tornou-se incontestvel para todos osobservadores a quem no fascinava mais a opo tomada.Assim apareceu para a humanidade a nova crena; apoiada de

    um lado sobre as tradies do passado, sobre a universalidade deprincpios que se encontram na fonte de todas as religies e damaioria das filosofias, de outro sobre inumerveis testemunhos

    psicolgicos, sobre fatos observados em todos os pases porhomens de todas as condies.

    Coisa notvel, esta cincia, esta filosofia nova, simples eacessvel a todos, livre de todo aparato ou forma de culto, estacincia chega na hora em que os costumes se corrompem, os laossociais se relaxam; em que o velho mundo erra deriva, sem freio,sem ideal, sem lei moral, como um navio privado de governoflutuando ao sabor dos ventos.

    Todo homem que observa e reflete no pode dissimular que asociedade moderna atravessa uma crise ameaadora. Uma profunda

    decomposio a corri surdamente. O dio que divide as classes, oengodo do lucro, o desejo dos gozos, tornam-se a cada dia maisrudes, mais ardentes. Quer-se possuir a todo preo. Todos os meiosso bons para adquirir o bem-estar, a fortuna, nico objetivo que se

    julga digno da vida. Tais aspiraes no podem produzir senoduas conseqncias: o egosmo impiedoso entre os felizes, odesespero e a revolta entre os infortunados. A situao dos

    pequenos, dos humildes dolorosa, e muito freqentemente,

    mergulhados em uma noite moral onde nenhuma consolaoilumina, so levados a procurar no suicdio o fim de seus males.O espetculo das desigualdades sociais, os sofrimentos de

    uns, em oposio s aparentes alegrias e a indiferena de outros,atiam entre os deserdados ardentes cobias. Da ento areivindicao de bens materiais se acentua. Basta que as massas

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    inferiorizadas se levantem, e o mundo estar perto de ser abaladopor atrozes convulses.

    A cincia impotente para conjurar o mal, recuperar

    caracteres, curar ferimentos dos combates da vida. Na realidade, emnossa poca, quase que s existem cincias especializadas emcertos aspectos da natureza, reunindo fatos, trazendo ao espritohumano uma soma de conhecimentos que lhe prpria. Foi assimque as cincias fsicas tornaram-se prodigiosamente enriquecidasaps meio sculo, mas a essas construes esparsas faltam o laode unio e de harmonia. A cincia por excelncia, aquela que dasrie de fatos remonta causa que os produziram, que deve religar,

    unir essas diversas cincias em uma grande e magnfica sntese,fazendo brotar uma concepo geral da vida, fixando nossosdestinos, destacando uma lei moral, uma base de melhoria social,esta cincia universal, indispensvel, ainda no existe.

    Se as religies agonizam, se a f vigilante morreu, se a cinciaest impotente para fornecer ao homem o ideal necessrio, pararegulamentar sua marcha e melhorar as sociedades, ficaremostodos, ento, sem esperana?

    No, porque uma doutrina de paz, fraternidade e progresso seeleva sobre o mundo conturbado, vindo apaziguar os diosselvagens, acalmar as paixes, ensinar a todos a solidariedade, o

    perdo e a bondade.Ela oferece cincia esta sntese, aguardada, sem a qual tudo

    permaneceria para sempre estril. Triunfa da morte e, para adiantedesta vida de provas e de males, abre ao esprito as perspectivasradiosas de um progresso sem limites na imortalidade.

    Diz a todos: Venham a mim, eu os aquecerei, osconsolarei, tornarei suas vidas mais doces, a coragem e apacincia mais fceis, as provas mais suportveis. Aclarareicom uma poderosa razo seus obscuros e tortuosos caminhos.queles que sofrem darei a esperana; aos que buscam, darei aluz ; aos que duvidam e desesperam, darei a certeza e a f.

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    Diz ainda: Sejam irmos, ajudem-se, socorram-se em suamarcha coletiva. Seus objetivos esto alm desta vida material etransitria; ser nesse porvir espiritual que vocs se reuniro

    como membros de uma s famlia, ao abrigo das preocupaes,das necessidades e dos inmeros males. Meream-no ento porseus esforos e seus trabalhos!

    A humanidade se erguer grande e forte no dia em que estadoutrina, fonte infinita de consolaes, for compreendida e aceita.

    Nesse dia, a inveja e a raiva se extinguiro no corao dospequeninos; o poderoso, compreendendo que tem sido fraco, e quepode redimir-se, que sua riqueza apenas um emprstimo do alto,

    tornar-se- mais caridoso e mais doce com seus irmos infelizes. Acincia, concluda, fecundada pela nova filosofia, ver cair diantedela as supersties e as trevas. No mais ateus e cticos. Uma fsimples, grande, fraterna, se estender sobre as naes, fazendocessar seus ressentimentos e suas rivalidades profundas. A Terra,liberta dos flagelos que a devoram, prosseguir sua ascenso moral,elevar-se- um degrau na escala dos mundos.

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    preciso lembrar que em cada um de ns dormem inteis eimprodutivas, riquezas infinitas. Da, nossa indigncia aparente,nossa tristeza e, por vezes mesmo, nosso desgosto pela vida. Mas

    abra seu corao, deixe descer o raio, o sopro regenerador, e entouma vida mais intensa e mais bela o despertar. Voc passar a seinteressar por milhares de coisas que lhe eram indiferentes, mas quefaro o encanto de seus dias. Sentir-se- crescer; caminhar naexistncia com passos mais firmes e seguros, e sua alma tornar-se-um templo pleno de luz, de esplendor e de harmonia.

    Lon Denis

    Extrado do livro Joana dArc Mdium.

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    O Espiritismo expandiu-se, invadiu o mundo. De inciomenosprezado, amaldioado, acabou por atrair a ateno edespertar interesse. Todos os que no se conservaram nas raias

    dos preconceitos e da rotina e que o abordaram comsinceridade, foram por ele conquistados. Agora, penetra portoda parte, senta-se em todas as mesas, toma lugar em todos oslares. A seus apelos, as velhas fortalezas seculares, a Cincia ea Igreja, at aqui, por si mesmas, hermeticamente fechadas,abaixam suas muralhas, entreabrindo seus resultados. Logo seimpor como um mestre.

    Lon Denis

    Extrado do livro No Invisvel.

    FIM

  • 8/14/2019 Leon Denis - O Porque Da Vida

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    Notas:

  • 8/14/2019 Leon Denis - O Porque Da Vida

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    1 Aps alguns anos, uma certa escola se esforou em substituir o dualismoda matria e do esprito pela teoria da unidade de substncia. Para ela amatria e o esprito so estados diversos de uma s e mesma substnciaque, na sua evoluo eterna, se afina, se depura, tornando-se inteligente e

    consciente. Sem abordar aqui a questo de fundo, que necessita de longosdesenvolvimentos, preciso reconhecer que a idia que at agora se faziada matria estava errada. Graas s descobertas de Crookes, Becquerel,Curie, Lebon, a matria nos aparece hoje sob estados muito sutis e, nessesestados, reveste-se de propriedades infinitamente variadas. Suaflexibilidade extrema. A um certo grau de rarefao, transforma-se emenergia. G. Lebon pode dizer, com aparente razo, que a matria no mais que a energia condensada e a energia, a matria dissociada. Quanto adeduzir desses fatos que a energia inteligente, em um momento dado desua evoluo, torna-se consciente, ainda uma hiptese. Para ns, h,entre o ser e o no ser, uma diferena de essncia. Por outro lado, omonismo Haeckelien, recusando ao esprito humano uma vidaindependente do corpo e rejeitando toda noo de sobrevivncia, terminalogicamente nas mesmas conseqncias que o materialismo positivista eincorre nas mesmas crticas.

    2 Salomon de Caus. Engenheiro francs (1576-1626). Devemos consider-lo como o verdadeiro inventor da mquina a vapor normal.

    3 Harvey Mdico ingls (1578-1657). Descobriu a circulao do sangue.4 Galvani Fsico italiano (1737-1798).5 Tache: Poeta italiano (1544-1595).6 Jrme Cardan: matemtico, mdico e filsofo italiano (1501-1576).