Leitura Espírita #14

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A Revista Leitura Espírita é uma publicação independente e tem como finalidade divulgar conceitos e ideias espíritas.

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Viver é renovar-se!

Editorial

Uma das características presentes em tudo o que está vivo é a capacidade de se transformar. Os espíritos na fase humana podem ter consciência disso. Podem, não apenas perceber as transformações pelas quais passam, mas desejar mudar e agir no sentido da mudança que almejam. Mas, mesmo sem consciência de si mesmos, al-gas, plantas e animais se modificam cons-tantemente.

O jornal Leitura Espírita continha dentro de si uma vida pulsante, feita de ideias, te-mas, conversas, estudos, entusiasmo pela

causa da divulgação do espiritismo com qualidade e atualidade. E também dese-jou, num certo momento de sua existência, transformar-se. Por isso, ele agora se tornou a Revista Leitura Espírita, que chega até suas mãos recheada de novidades, no for-mato e no visual. Mantendo, porém, o mes-mo respeito em relação aos postulados es-píritas, o mesmo capricho em todas as fases de produção, a mesma vontade de oferecer, aos leitores e leitoras, conteúdos relevantes para suas reflexões, sem nos esquecermos da vida prática.

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Coordenação editorial e Jornalista responsávelRita Foelker MtB [email protected]

Coordenação administrativaMagno Azevedo

[email protected]

ComercialSilvia Beraldo

[email protected]

Projeto gráfi co, marketing e diagramaçãoCriativa Comunicação

criativacomunicacao.com.br

Colaboradores desta edição: Ariane de Assis Jordão, Frederico Eckschmidt

e Jáder Sampaio

Tiragem: 5.000Periodicidade: Bimestral

[email protected]

eDIÇÃO 14 - jul-Ago 2013

A Revista Leitura Espírita é uma publicação independente e tem como fi nalizade divulgar conceitos e ideias espíritas.

Os colaboradores devem enviar seus artigos para [email protected]. Os artigos devem ser inéditos, ter no máximo 4300 caracteres, contando os espaços, incluir as referências à bibliografi a consultada e um minicurrículo do autor.

Os anúncios e informes publicitários são de total resposabilidade de seus idealizadores. Os artigos assinados não necessariamente representam a opinião do jornal.

É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

06 Numa partida de futebol

08 Leitura Filosófi ca Para pra pensar, pensar em parar.

10 Mediunidade Como posso ter certeza de que sou médium?

12 Matéria de capa Reencarnação é castigo?

16 Livros As vidas sucessivas

17 Homenagem a Herminio C. Miranda

18 Psicologia e Espiritualidade Drogas e rock’n roll

20 Resumo O homem que construiu sobre areia /Educação para o século 21

Sumário

PARA ANUNCIAR:

(11) 4063 [email protected]

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Numa partida de futebolTudo acontece ao

mesmo tempo e tudo

tem uma razão de ser

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Existem muitas maneiras de se assistir a uma partida de futebol.

Você pode assistir como um dos milhões de técnicos espalhados pelo Brasil afora, compreendendo o que acontece, perceben-do as jogadas e as possibilidades. Ou como um leigo, apenas vendo a bola se movimen-tar no gramado entre os pés de um e de ou-tro, tendo alguma ideia do que se pretende realizar e sabendo onde fica o gol para cada time.

Você pode assistir como um torcedor, com paixão, sentindo alegria ou irritação em cada lance. Ou pode assistir com distan-ciamento, analisando calmamente a dinâ-mica do jogo. A partida é a mesma, mas o seu olhar pessoal define o que você vai ver e como vai ver. Se tentarmos compreender

melhor como funciona o futebol, vamos descobrir que existe um técnico, uma tática de jogo e um propósito principal, além de muitos propósitos individuais. Um motivo para os jogadores se movimentarem de um modo específico. Vamos descobrir algumas leis invisíveis, bolas “com efeito”, dribles com nomes específicos, alguém “fazendo cera”...

As orientações de cada técnico, a tática e os propósitos, não são visíveis para o públi-co, mas elas aparecem na maneira de jogar. Os impulsos e as intenções não são decla-rados, mas estão em cada passe e em cada falta.

Nas ruas, vemos as pessoas caminharem, conversarem. E há coisas que não vemos, como seus planos, seus desafios. Mas vemos como gesticulam e falam.

Em nossas vidas, há leis divinas que fun-cionam sob a camada visível da realidade. Elas operam desde o início dos tempos, com ou sem nosso conhecimento, condu-zindo cada um de nós ao progresso espiri-tual e ao encontro de nós mesmos. Podemos seguir pela vida com ou sem conhecimento, experimentando emoções agradáveis ou desagradáveis, mas não podemos evitar que os mecanismos divinos nos encaminhem ao aprendizado e à melhoria íntima. Se aprendermos o funcionamento dessas leis e nos adequarmos a ele, melhoramos nossos resultados e provavelmente vamos sofrer menos. Pense nisso, enquanto a bola está rolando, porque se o juiz pedir a bola e api-tar... só na outra encarnação!

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Em maio de 2013, pela primeira vez em 2 milhões de anos, a concentração de gás carbônico na atmosfera do planeta alcançou 400 partes por milhão. Partes por mi-lhão “representa a proporção de moléculas de dióxido de car-bono para cada 1 milhão de moléculas da atmosfera”, segundo o site 350.org.

A média atual é 397. Um estudo do climatologista Ja-mes E. Hansen, de 2007, concluiu que se a humanidade deseja “preservar um planeta semelhante àquele em que a ci-vilização se desenvolveu e ao qual a Terra se adaptou”, preci-samos reduzir drasticamente as nossas emissões desse gás para 350 ppm, talvez menos.

Cientistas acreditam que a queima de carvão para ele-tricidade e gasolina em veículos causou a maior parte des-se nível de carbono no ar, conforme texto publicado no Último Segundo, em maio de 2013.

Quando iniciaram as primeiras medições, em 1958, os níveis eram de 315 ppm.

Isto está modificando o planeta, com consequências que já podem ser sentidas por nós. Ou não, embora já sejam percebidas em alguns meios. Pesquisadores alertaram que os mares árticos estão ficando mais ácidos, e essa acidez também vem dissolvendo conchas de lesmas-marinhas que vivem na Antártida. Mesmo que parássemos agora, levaria milhares de anos para reverter esta acidez ao nível original.

Não é hora de parar pra pensar e pensar em parar?

Filosofia e natureza

As coisas que existem chamam a atenção e despertam a curiosidade das pessoas, há milênios.

Estar no mundo já

implica afetar o mundo

A busca do conhecimento acerca da Terra e do universo acompanha a humanidade, mas ainda não serviu para melhorar significativamente a relação do ser humano com a natureza

Parar pra pensar, pensar em parar

Leitura Filosófica

PARA SABER MAIS: A ciência de 350. Site 350.org.

http://migre.me/fk8wF

Concentração de dióxido de carbono chega a novo record. Último Segundo, Meio Ambiente, em

10/05/2013. http://migre.me/faOLl

Emissões de CO2 elevam a acidez de mares árticos. Último Segundo, Ciência, em 7/05/13.

http://migre.me/faPbv

ARIANE DE ASSIS JORDÃO é educadora e pesquisadora espírita

Por Ariane de Assis Jordão

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No princípio, as relações homem-nature-za eram consideradas sagradas e permeadas de mitos, rituais e magia. Cada fenômeno natural manifestava uma divindade, um ser responsável e ordenador: o Sol, o mar, os ventos, as chuvas, os raios.

Depois, veio a filosofia, que nasceu no sé-culo 6 a. C. como “filosofia natural”, isto é, como observação e pensamento sobre a fenômenos naturais, sem recorrer a mitos e deuses, mas à razão. Dentre os antigos gregos, Aristóteles se destaca por sua vasta obra que trata da natureza, ou “physis”, ter-mo de onde se origina palavra “física”.

Durante a Idade Média, surge a teologia, a filosofia cristã, interessada em provar a existência de Deus e da alma, enquanto a filosofia medieval se concentra em harmo-nizar fé e razão, Deus e homem, explicar a relação entre alma e corpo. O pensamento teológico passou então a preponderar sobre o pensamento filosófico. As preocupações se tornaram mais abstratas.

Correm os séculos e a filosofia vai se fo-

cando, cada vez mais, em questões emi-nentemente teóricas, deixando de lado a compreensão da natureza, que se tornou objeto da ciência. Modernamente, a fi-losofia descobre os temas da razão e do conhecimento. E suas investigações vão se afastando, ainda mais, dos fenômenos naturais.

Independente da filosofia, contudo, os seres humanos continuaram pensando a natureza e a sua relação com ela den-tro de suas culturas, por meio dos mitos cosmogônicos (narrativas sobre a criação do mundo), das histórias e tradições, mas também reunindo conhecimentos a par-tir de sua própria experiência com os ci-clos e as estações.

Descrentes das visões religiosas predo-minantes, insatisfeitos com as respostas científicas, em épocas recentes, muitos habitantes das cidades têm buscado apro-ximar-se da natureza por meio de rituais que evocam o contato mais direto com o espírito das plantas e dos animais, onde também buscam uma conexão maior

consigo próprios.

E parece que precisamos de fato reencon-trar o equilíbrio deste relacionamento tão delicado quanto inevitável entre o ser hu-mano e a natureza, visto que estar no mun-do já implica afetar o mundo, e o mundo vem sendo afetado de modo muito agressi-vo, pelas intervenções humanas.

A filosofia espírita nos oferece um sólido conjunto de conhecimentos que parte da ideia de que Deus é o criador do Universo e nós, espíritos, somos cooperadores divinos, contribuindo nas tarefas em favor da har-monia cósmica. O conhecimento do espiri-tismo pode nos ajudar na busca de soluções, oferecendo uma perspectiva não apenas espiritual, mas, sobretudo, conscientizan-do-nos da responsabilidade de cada ser no Universo.

Que planeta deixaremos, como legado, aos nossos descendentes, e para nós mes-mos, em futuras encarnações? Como o conhecimento da realidade espiritual pode nos ajudar a encontrar tais respostas?

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Médiuns intuitivos acham difícil saber se os pensamentos que transmitem são seus ou não

Como posso ter certeza de que sou médium?Por Jáder Sampaio

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Sábado à tarde. Um pedido de orientação me fez chegar mais cedo ao Célia Xavier. A jovem não havia entrado em detalhes, apenas queria conversar sobre mediunidade. A pergunta era: como eu posso ter certeza de que sou médium?

Se fosse uma mediunidade de vidência ou audiência, a pergunta seria: será que eu não sou louca? Mas tratava-se de uma mediunidade que Kardec classifi ca como intuitiva.

Mediunidade intuitiva

Mediunidade intuitiva é uma classifi cação que cabe em uma gama diversa de manifestações. Embora Kardec estivesse tratan-do de médiuns escreventes quando tocou no assunto, no capítulo XV de O livro dos médiuns, sua defi nição se aplica também a mé-diuns falantes, de pressentimentos, pintores, entre outros.

A descrição da faculdade é simples. O médium percebe o con-teúdo do que vai escrever ou falar antes do fenômeno acon-tecer, e movimenta o lápis ou a garganta de vontade própria. Como não há nenhuma interferência do es-

JÁDER SAMPAIO é psicólogo, membro da Câ-mara de Assessoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPE-MIG) e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE), além de tradutor dos livros de Alfred Russel Wallace, publicados pela Ed. Lachâtre

Mediunidade

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pírito comunicante nas vias motoras do

médium, não há mudan-ça de caligrafi a ou de entona-

ção de voz, a menos que o médium assim o deseje (e o faça por conta própria, muitas vezes para se sentir mais seguro).

O problema dos médiuns intuitivos é a distinção entre seus próprios pensamentos e os pensamentos oriundos dos espíritos. Há faculdades em que a percepção dos es-píritos é nítida e semelhante à percepção dos órgãos dos sentidos. O mesmo não se dá com a intuição. O médium tem razões para crer que o pensamento não foi criado por ele, mas também não sente segurança para afi rmar que é oriundo de um espírito, e em caso afi rmativo, hesita quanto à fi deli-

dade do que está escrevendo.

A mediunidade intuitiva é um conjunto de sugestões espirituais registradas pelo pensamento/sentimento do intermediário que é traduzido, interpretado e registrado por ele.

Para se ter noção da precariedade da co-municação intuitiva, faça uma vivência. Peça a um amigo para lhe contar, sem citar nomes, um episódio que aconteceu com ele, em ritmo de narrativa, pegue um lápis e vá anotando da forma possível o que ele diz. Compare o resultado fi nal com uma grava-ção daquilo que ele narrou. Como se saiu?

Imagine agora uma situação em que você não é capaz de ouvir claramente, em que as ideias são percebidas com difi culdade, é necessário manter a concentração sobre o conteúdo, sem dispersar-se e as suas pró-prias emoções alteram a comunicação com a fonte. Estas são algumas das difi culdades deste tipo de mediunidade.

Kardec estava atento a este tipo de situa-ções quando escreveu sobre o assunto. Acostumado a trabalhar com médiuns me-cânicos e semimecânicos, ele assim se refere à mediunidade intuitiva: “Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se. (...)”

Uma observação que Kardec faz quanto ao mecanismo desta faculdade é o que se pode chamar de criação simultânea. O médium não cria o texto em sua mente e organiza as ideias para, a seguir, redigir. O pensamento “nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à ideia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos conhecimentos e ca-pacidades do médium”. (O livro dos médiuns, parágrafo 180)

Quatro elementos identifi cadores se en-contram, portanto, no texto kardequiano: a falta de impulsos mecânicos, a volunta-riedade da escrita mediúnica, a criação si-multânea das ideias do texto e a presença de conhecimentos e informações que podem estar além das capacidades do médium.

Mesmo encontrando estas quatro carac-terísticas (e a última é muito importante para a identifi cação de um médium intui-tivo), ainda assim o produto desta mediu-nidade é passível de mescla com as ideias pessoais do intermediário. Isto fez com que os espíritos dissessem a Kardec a seguinte frase sobre os médiuns intuitivos: “São mui-to comuns, mas muito sujeitos a erro, por não poderem, muitas vezes, discernir o que provém dos Espíritos e o que deles próprios emana”. (O livro dos médiuns, parágrafo 191)

Este tipo de faculdade desaponta bastante os que desejam ver fenômenos defi nitivos, que dão evidências da vida após a morte. Parece-se com o garimpo manual, descar-ta-se muita areia para encontrar uma ou outra pepita de ouro verdadeiro. O curioso é que os céticos fi cam a dizer: “só vejo areia”, e quando surge o ouro vociferam “quem sabe este charlatão não o colocou aí quando nos dis-traímos”.

Com o surgimento da psicologia analíti-ca, a distinção entre mediunidade intuitiva e animismo fi cou ainda mais difícil. Jung afi rmou que alguns fenômenos psicológi-cos nos quais a pessoa se sente um expecta-dor, são frutos da fantasia ou da imaginação ativa; esta última, uma manifestação de ar-quétipos do inconsciente coletivo, mas isto é assunto para outro artigo.

O problema dos médiuns intuitivos é a distinção entre seus próprios

pensamentos e os pensamentos oriundos dos espíritos

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