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LEITURA EM FAMÍLIA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Sílvia Regina Freitas da Silva

RESUMO Descobrir o prazer da leitura. Desvendar os mistérios do mundo imaginário. Perceber-se como leitor crítico e autônomo. Cada vez mais se faz necessário mobilizar a criatividade do professor para encantar os alunos na aquisição da leitura com práticas e ações de aprendizagens significativas que promovam um leitor criativo e consciente da sua potencialidade. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência vivenciada na Escola X da rede particular de ensino, situada na cidade de Natal / RN, que teve início no ano de 2002 apenas com alunos do 3º ano do ensino fundamental e hoje envolvendo todos os alunos dos anos iniciais, na busca da interação família-escola no sentido de melhorar o desempenho dos alunos no domínio da leitura.

Palavras chave: família, escola e leitura.

RÉSUMÉ LA LECTURE EN FAMILLE: UNE EXPÉRIENCE DANS L’ENSEIGNEMENT

PRIMAIRE

Découvrir le plaisir de la lecture. Dévoiler les mystères du monde imaginaire. Se percevoir comme lecteur critique et autonome. On se doit de mobiliser, à chaque fois, et de plus em plus, la criativité des maîtres afin de captiver les élèves par la lecture, et cela par des pratiques et des actions d'apprendissages significatives, produisant un lecteur créatif et conscient de ses capacités. L’objectif de ce travail est de décrire une expérience vécue dans l’école privée X, située dans la ville de Natal/RN. Cette expérience a vu le jour au début de 2002 avec des élèves de la 3º année de l’enseignement primaire et aujourd´hui s’étend à tout le secteur de l’enseignement primaire, et vise à stimuler l’interaction famille-école et son but est d’améliorer la compétence des élèves dans le domaine de la lecture..

Mots clés : famille, école, lecture.

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LEITURA EM FAMÍLIA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Saber ler é uma forma de conquistar a autonomia, de deixar de ler pelos olhos de outrem.

Martins

As condições atuais em que ocorre o desenvolvimento da linguagem permitem um

repensar sobre o ensino das práticas da leitura e da escrita considerando não só o

conhecimento didático acumulado, mas também as contribuições de outras áreas, como a

psicologia da aprendizagem, a ciência cultural e as ciências da linguagem.

Na linguagem oral, também ocorrem contribuições das diferentes áreas afins

possibilitando identificar o real papel da escola no desenvolvimento da linguagem e da

aprendizagem que se sabe ocorrer dentro e fora da escola. Assim, acredita-se que quando

a escola oportuniza e instrumentaliza o leitor para que ele possa compreender o que está

lendo ela vai possibilitando uma aproximação da sociedade letrada e,

consequentemente, vai formalizando a função principal da linguagem que é a

comunicação, ou como afirma Solé (1998, p.46):

À medida que sua leitura o informa, permite que se aproxime do

mundo de significados... A leitura nos aproxima da cultura, ou

melhor, das múltiplas culturas e, neste sentido, sempre é uma

contribuição essencial para a cultura própria do leitor.

Nesse sentido, não se trata de ensinar ou a falar a fala correta, mas sim as falas

adequadas ao contexto e ao uso da linguagem, possibilitando ao educando a reflexão e

compreensão do uso eficaz da linguagem para poder utilizá-la adequadamente. Assim, formar

um leitor competente é inseri-lo no contexto social efetivamente, para que ele possa exercer

plenamente a sua cidadania. Neste contexto, a partir das possibilidades dos diferentes

gêneros textuais que são usados com facilidade, descobre-se mais depressa e melhor

a nossa individualidade nos textos, refletindo a situação irreproduzível da

comunicação verbal (BAKHTIN, 2000).

Desse modo, a leitura é uma atividade básica, indispensável à aprendizagem em todos

os componentes curriculares e níveis de escolaridade. No entanto, a escola faz muito pouco

para estimular a formação de leitor.

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Como constatam Ferreira e Soares (2001, p.60):

Frequentemente, o ato de ler limita-se a leitura em voz alta, individual ou em grupo, de um texto do manual escolar adotado, seguindo-se a cópia e a execução de exercícios, seja do próprio livro ou escrito no quadro de giz.

As autoras atribuem esse fato a representação de leitura que permeia o contexto

escolar.

Essa prática advém da concepção de leitura predominante no meio

escolar. De um modo geral, a leitura é entendida como objeto de

ensino. Urge que ela se constitua objeto de aprendizagem. Nessa

perspectiva, é necessário que a leitura torne-se significativa para o

aluno. (FERREIRA SOARES, 2001, p. 60).

Estratégias de leitura são interessantes, mas merecem a atenção do professor sobre a

sua intenção. Sobre o alcance que se deseja junto ao aluno. Só haverá motivação se o aluno

entender o que ele vai fazer e o motivo. Interesse e sentido são requisitos que garantirão uma

experiência significativa com o ato de ler. No entanto, o ato de ensinar a ler deve transcender a

ação individual, ele deve ser compartilhado e assumido por todos os professores, envolvendo

todos os níveis de ensino só assim, a formação que se deseja de um leitor crítico e autônomo

ocorrerá.

Observamos, contudo, que em alguns casos a escola é cobrada, pelos pais, em

relação à leitura alegando a falta de interesse dos alunos em ler, o “pouco”

envolvimento da escola nestes estímulos e a falta de projetos voltados para essa

competência reforça a falta de interesse, dos alunos, pela leitura.

Nesse trabalho relatamos a experiência vivenciada na Escola X da rede

particular de ensino, situada na cidade de Natal / RN, que teve início no ano de 2002 na busca

da interação família-escola no sentido de melhorar o desempenho dos alunos no domínio da

leitura.

A Escola X, ao contrário da maioria das escolas, sempre esteve preocupada com estas

questões relativas ao ensino-aprendizagem da leitura e da escrita. Projetos foram

desenvolvidos, mas, constantemente ouvia-se reclamações e críticas. Em momentos de

reflexão e também de inquietação, na tentativa de encontrar caminhos, foi sugerido ao

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grupo de professoras do terceiro ano que socializasse o projeto Leitura em Família com o

intuito de que as outras professoras “comprassem” a idéia e, que cada uma pudesse

desenvolver o “seu” projeto, respeitando as peculiaridades e interesses de cada turma.

A prática de socializar experiências significativas no espaço escolar permite

horizontalizar as ações favorecendo uma unidade de situações de aprendizagem dos anos

iniciais (sem perda das especificidades de cada um) e incentivar as iniciativas dos professores

possibilitando reflexões, trocas de experiências, combinados coletivos e, um esforço conjunto

de resolver as dificuldades encontradas no processo de ensino e aprendizagem . Com

esta prática o processo de aquisição dos saberes e o ensino deles são apreendidos de forma

colaborativa, já que o professor não se vê isolado na sua sala de aula.

O Projeto Leitura em Família

Entendendo a presença da família como base estruturante na formação do

educando enquanto pessoa, o projeto “Leitura em Família” nasce como objetivo de

proporcionar momentos de interação entre aluno/família/escola para que possam

descobrir o prazer da boa leitura, envolver as famílias no processo pedagógico da escola e

contribuir na formação de leitores críticos e competentes.

A experiência iniciou-se envolvendo apenas os alunos do 3º ano, na faixa etária entre 8

e 9 anos, inscritos no ano letivo antes referido, com o tema geral do projeto “Ler é Viajar do

Real ao Imaginário”.

A intenção das professoras era proporcionar aos alunos atividades prazerosas sobre

a importância da leitura e o papel que ela desempenha na aprendizagem, oferecendo

livros e materiais que fossem próximos da sua realidade e que levantassem questões e

inquietações significativas na vida das crianças.

Alguns objetivos foram elencados prioritariamente:

retomar experiências individuais e favorecer a criação literária apoiada nas

lembranças e experiências pessoais;

reinventar histórias conhecidas e perceber que o mundo é feito de

múltiplos pontos de vista;

ressaltar o caráter lúdico da linguagem colocando os alunos em contato com

ritmos e rimas;

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perceber nas histórias o mundo real e o mundo imaginário;

relacionar os conflitos e as atitudes das personagens com o dia a dia das

crianças buscando o enriquecimento pessoal e a formação de valores;

promover através dos vínculos afetivos com os familiares, experiências

emocionais significativas.

Para isso, foram determinadas algumas ações de aprendizagens que precisariam ser

alcançadas e propiciadas para que o projeto obtivesse o sucesso esperado. Podendo ser citado

como exemplo dessas ações:

o manuseio com livros paradidáticos;

a contação de histórias com os diferentes gêneros narrativos;

análise do livro (autor, ilustrador, personagens, título);

empréstimo de livros na biblioteca;

roda de leitura;

dramatização e memorização de textos;

produção de textos coletivos e individuais;

troca de livros;

exposição de trabalhos;

confecção do livro para a tarde de autógrafos;

projeto Leitura em Família.

Cada ação deste projeto tinha o propósito de culminar nesta Tarde de

Autógrafos, em que todos os trabalhos produzidos seriam apresentados à comunidade

escolar e à família.

Cada família receberia o livro impresso contendo a biografia do aluno, as

histórias dele e dos colegas da sala e o fotograma da sala, apresentação, dedicatória e

índice.

A maioria dessas ações, de uma forma ou de outra, já acontecia nos anos

escolares anteriores, porém, faltava sistematizá-las. Fato que, no decorrer do

acompanhamento do desenvolvimento dos projetos, foi sendo realizado e, dentre esses, o

projeto envolvendo a família.

Como o projeto teve resultados significativos para aprendizagem dos alunos e,

também, o reconhecimento, tanto da escola como das famílias pela relevância das suas

intenções, ele foi ampliado para todo o nível dos anos iniciais do ensino fundamental desde

de 2007.

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Foi realizada a apresentação da experiência do 3º ano (Ler é Viajar do Real ao

Imaginário) ao grupo de professores dos outros anos e esse percebeu que poderia

redimensioná-lo considerando que diante de tantas experiências significativas de leitura

vivenciada na escola, o problema poderia relacionar-se com o contexto familiar.

Nesse sentido, nos questionávamos:

Como despertar o interesse pela leitura se a criança, em casa, não vê ninguém lendo?

Se não há tempo dedicado às leituras?

Aceita a proposta pelos outros professores, foram desencadeadas algumas

estratégias para sua divulgação do projeto Leitura em Família.

Para divulgar a proposta para as famílias a escola programou um evento. Para isso,

durante todo o primeiro trimestre as professoras buscaram formas de registros das leituras

que possibilitassem o acompanhamento e a socialização de todos os projetos envolvendo

práticas de leitura e escrita. Então, entre outras estratégias foram

privilegiadas:

leitura e releitura de textos;

declamações de poesias;

livros de produção textual;

CD de poemas;

convite para as famílias;

apresentação de contos;

faixas para divulgação à toda comunidade escolar;

peça de teatro de vários contos de fada, tendo as professoras como

personagens. (Anexo 1).

Na abertura do evento foi dado destaque a importância da leitura, a presença da

família na escola, a valorização dos trabalhos expostos, o acompanhamento da família nas

atividades realizadas pela criança.

No outro dia, foi encaminhado para casa o registro no formato de livro (Anexo 2), para acompanhamento da leitura efetivada em família. Essa leitura poderia ser

realizada por qualquer um dos membros (pai, mãe, avô, tio, irmão ou outros), desde que

tivessem vínculo familiar com o aluno.

No livro de Registro da Leitura constam:

a justificativa (resumidamente);

um convite;

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metodologia para acompanhar a leitura de um livro escolhido por eles (por

um tempo de 10 a 15 minutos, diariamente), ou teria ainda como outra

sugestão ouvir a história quando o aluno já sabe ler ou o inverso, a pessoa da

família é quem conta a história;

avaliação de cada história lida ou do momento.

Ao término de cada encontro a ficha seria preenchida e todo final de mês seria dada

à professora para que ela pudesse acompanhar e valorizar os momentos vivenciados.

A ficha, que está incluída no livrinho, contém os seguintes itens:

data;

título do livro;

o autor;

o tempo dedicado para a leitura;

a assinatura da pessoa que leu;

sugestões de metodologias que poderão enriquecer o momento de

leitura;

um espaço para a avaliação ao final de cada mês, tanto para o aluno

quanto para o familiar;

um texto de sensibilização ou poesia relacionada à prática da leitura

O livrinho poderia conter todos os meses que seriam trabalhados ou ser

elaborado um para cada mês. Por uma questão de economia, tempo e praticidade o grupo

optou por constar todos os meses do primeiro semestre e no retorno do recesso, se faria outro

livrinho para o segundo semestre.

É oportuno lembrar que essa é uma das formas, cada professora foi

acrescentando, ou retirando o que melhor atenderia ao perfil do seu grupo. Daí, ao final, se ter

algumas opções diferenciadas de registros.

Reconhecendo que a escola poderia ser um agente de mudança de hábitos foi

incluída a família nesse processo considerando que as vivências com as práticas de leitura e

escrita possibilitam condições ao aluno para que desenvolva sua competência comunicativa,

discursiva, sua capacidade de utilizar de modo variado e adequado ao contexto e, ainda, que

desperte o interesse pela leitura a partir da familiarização dos diferentes gêneros textuais.

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Espera-se, assim, que o aluno possa ampliar sua visão de mundo inserindo-se como

leitor autônomo na cultura letrada, que ele sinta-se motivado a conhecer e procurar as

suas próprias leituras, que se estabeleçam vínculos que proporcionem o fortalecimento da

sua auto-estima e um contato mais próximo com os seus.

Como destacam Ferreira e Soares (2001, p. 59 - 60):

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento de mundo e do tema; sobre o autor e, ainda, de tudo que sabe sobre a língua: características do texto, do portador que o apresenta, do sistema de escrita, etc. Isto significa que a leitura é um trabalho cuja realização se dá a partir de todos os conhecimentos que o leitor traz para o texto, anterior à leitura e daqueles que ele põe enquanto lê.

Assim, criar uma prática de leitura em casa, em tempos de isolamento quando as

pessoas estão cada vez mais centradas em si mesmo, é desafiar o próprio tempo. Com esta

ousadia a escola vai até a casa do aluno e organiza encontros, favorece registros, aproxima as

pessoas para responder a inquietações em relação ao domínio efetivo da linguagem verbal

(oral escrita).

É importante que os alunos aprendam a ver a leitura como instrumento de

prazer, como ferramenta lúdica que os permitam explorar seu imaginário. “Uma prática de

leitura que não desperte o desejo de ler, não é uma prática pedagógica eficiente.” (PCN/LP,

2000 – p.58).

Sendo assim, a opção por uma metodologia que envolvesse a família poderia gerar

um clima afetivo entre os seus membros, de modo a torná-los (co) responsáveis no processo de

aquisição da leitura (a partir do momento que passariam também a avaliar o desenvolvimento

do aluno).

Entrar em contato com uma diversidade de textos, ouvir histórias com as

diferentes entonações e poder recontá-las, aproxima a família da escola e com certeza outras

possibilidades poderão surgir diante da riqueza que esta prática possibilita. Como podemos

observar pelos depoimentos de alguns familiares e alunos:

“A leitura gera o conhecimento. Todo estímulo para o desenvolvimento dos alunos é válido. A parceria professores/pais/alunos e a qualidade dos textos devem ser mantidas e ampliadas. As leituras feitas nesta unidade é um estímulo para uma abrangência maior de histórias e conhecimentos.” (mãe do aluno do 3º ano).

“Gostei bastante, pois ficamos mais juntos. Ele desenvolveu muito, estava

procurando livros para ler e descobriu o prazer pela leitura.” (mãe de aluno do 2º ano)

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“O projeto Leitura em Família possibilita a vivência de emoções dos contos, fazendo com que a criança desenvolva seus conhecimentos na leitura e na escrita”. (mãe do 5º ano).

“Meu filho ainda não tem o domínio da leitura, porém está se esforçando para

conseguir.” (mãe de aluno do 2º ano).

“Para os familiares foi muito gratificante, pois podemos participar de um momento de leitura aprendizado vendo o que o filho pode melhorar.” (mãe do 2º ano).

“A dinâmica do trabalho é bastante interessante. Espero que continue o próximo

semestre.” (mãe do 4º ano).

Os alunos também puderam expressar os seus sentimentos ao final das leituras

realizadas, conforme os depoimentos a seguir:

“Adorei as leituras infantis com meus pais e com minha mãe maravilhosa!” (aluno do 3º ano).

”Eu achei maravilhoso o Leitura em Família. Muito importante para o meu futuro, pois com essas leituras eu comecei a gostar mais de ler livros, principalmente com a presença dos meus pais!” (aluno do 3º ano).

“Eu melhorei a leitura porque a minha mãe filmava e depois mostrava para mim. Eu

só não gosto muito de escrever porque fico cansado”. (aluno do 2º ano).

“Eu gostei das histórias e aprendi a ler um pouco melhor.” (aluno do 2º ano).

“Eu gostei de realizar essa atividade de Leitura em Família, porque a gente desenvolve a nossa leitura e com isso aprendemos a falar, escrever e conversar melhor.” (aluno do 4º ano).

Gostaríamos de destacar que nem todos os pais assumiram o Projeto de forma

entusiástica. Alguns tiveram dificuldades em desencadear o processo junto aos seus filhos.

As justificativas foram inúmeras, reforçando a nossa “tese” de que o estímulo familiar, a

presença e o acompanhamento dos pais no processo de ensino e aprendizagem

favorecem uma apreensão mais qualitativa dos conhecimentos e saberes vivenciados, pelo

aluno.

Desafiar o próprio tempo

Como toda mudança de hábito, muitas vezes, desestabiliza o cotidiano, a rotina, isso,

com certeza, gera desconforto e faz com que os atores se neguem a participar. Mesmo

tendo aprovação do projeto, como se pode observar através dos depoimentos (orais) de

alguns familiares:

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ano).

“Ah professora, vocês inventam coisas demais! Eu trabalho muito” (mãe de aluno do 2º

“Professora, eu não recebi o papel. Você pode me mandar outro. Por isso é que eu não fiz.” (Final do semestre. Mãe de um aluno do 2º ano).

“Eu não sabia! Não recebi nenhum comunicado.” (mãe do 5º ano).

No entanto, persistir! Essa é a palavra de ordem. Porque os resultados são

infinitamente superiores aos empecilhos. Uma das alternativas encontradas é expor os nomes

dos alunos que conseguiram ler mais livros, ou leram muitos livros em pouco tempo.

Propor encontros formais ao final do semestre, entregar certificado àqueles que realizaram um

efetivo acompanhamento, destacar a interação das famílias com a escola.

Em relação aos que tiveram dificuldades de estabelecer essa interação, optamos por

estabelecer uma estratégia de atendimento individual no sentido de descobrir formas que

possam ajudá-los a superar as dificuldades, encontrado um “tempinho” para leitura com os

seus filhos.

Entendendo ser um projeto que promove a interação escola-família, cabe aos

educadores que desejarem adotar essa prática de ensino, fortalecerem-se enquanto

agentes transformadores de mudança para que possam introduzir os alunos no mundo das

letras, símbolos, significados, signos e fantasias.

Socializar esta experiência é poder oportunizar aos outros educadores que se pode

ter, na família, uma grande aliada para o processo de aquisição e ampliação da leitura.

Referências Bibliográficas:

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 19995.

. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

FERREIRA, Maria Salonilde e SOARES, Maria de Lourdes G. F. A Leitura no

Cotidiano Escolar. In: Gurgel, Márcia Maria R. e Ferreira, Maria Salonilde. (Orgs.). Oficina

Pedagógica: uma estratégia de ensino-aprendizagem. Natal: EDUFRN, 2001, p. 59 – 64.

MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos).

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10 Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa / Secretária de Educação

fundamental. – 2. ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura; trad.Cláudia Shilling – 6. ed. – Porto Alegre:

ArtMed, 1998.