Leitura dramática da peça O juiz de paz da roça · 2019. 6. 26. · ARARIBÁ MAIS – ARTE...

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ARARIBÁ MAIS ARTE Componente curricular: Arte – 7 º ano 1 Leitura dramática da peça O juiz de paz da roça [vinheta de abertura] >> [LOCUTORA]: Leitura dramática de um trecho da peça O juiz de paz da roça >> [Locutora]: De Martins Pena >> [Locutora]: Cena II >> [Locutora]: Entra José com calça e jaqueta branca. >> [José]: Adeus, minha Aninha! >> [Aninha]: Fique quieto! Não gosto destes brinquedos. Eu quero casar-me com o senhor, mas não quero que me abrace antes de nos casarmos. Esta gente quando vai à Corte, vem perdida. Ora diga-me, concluiu a venda do bananal que seu pai lhe deixou? >> [José]: Concluí. >> [Aninha]: Se o senhor agora tem dinheiro, por que não me pede a meu pai? >> [José]: Dinheiro? Nem vintém! >> [Aninha]: [Tom de surpresa] Nem vintém! Então o que fez do dinheiro? [Em tom choroso] É assim que me ama? >> [José]: Minha Aninha, não chores. Oh, se tu soubesses como é bonita a Corte! Tenho um projeto que te quero dizer. >> [Aninha]: Qual é? >> [José]: Você sabe que eu agora estou pobre como Jó, e então tenho pensado em uma coisa. Nós nos casaremos na freguesia, sem que teu pai o saiba; depois partiremos para a Corte e lá viveremos. >> [Aninha]: Mas como? Sem dinheiro? >> [José]: Não te dê isso cuidado: assentarei praça nos Permanentes. >> [Aninha]: E minha mãe? >> [José]: Que fique raspando mandioca, que é ofício leve. [Em tom animado] Vamos para a Corte, que você verá o que é bom. >> [Aninha]: Mas então o que é que há lá tão bonito?

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    Leitura dramática da peça O juiz de paz da roça

    [♪ vinheta de abertura♪] >> [LOCUTORA]: Leitura dramática de um trecho da peça O juiz de paz da roça >> [Locutora]: De Martins Pena >> [Locutora]: Cena II >> [Locutora]: Entra José com calça e jaqueta branca. >> [José]: Adeus, minha Aninha! >> [Aninha]: Fique quieto! Não gosto destes brinquedos. Eu quero casar-me com o senhor, mas não quero que me abrace antes de nos casarmos. Esta gente quando vai à Corte, vem perdida. Ora diga-me, concluiu a venda do bananal que seu pai lhe deixou? >> [José]: Concluí. >> [Aninha]: Se o senhor agora tem dinheiro, por que não me pede a meu pai? >> [José]: Dinheiro? Nem vintém! >> [Aninha]: [Tom de surpresa] Nem vintém! Então o que fez do dinheiro? [Em tom choroso] É assim que me ama? >> [José]: Minha Aninha, não chores. Oh, se tu soubesses como é bonita a Corte! Tenho um projeto que te quero dizer. >> [Aninha]: Qual é? >> [José]: Você sabe que eu agora estou pobre como Jó, e então tenho pensado em uma coisa. Nós nos casaremos na freguesia, sem que teu pai o saiba; depois partiremos para a Corte e lá viveremos. >> [Aninha]: Mas como? Sem dinheiro? >> [José]: Não te dê isso cuidado: assentarei praça nos Permanentes. >> [Aninha]: E minha mãe? >> [José]: Que fique raspando mandioca, que é ofício leve. [Em tom animado] Vamos para a Corte, que você verá o que é bom. >> [Aninha]: Mas então o que é que há lá tão bonito?

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    >> [José]: Eu te digo. Há três teatros, e um deles maior que o engenho do capitão-mor. >> [Aninha]: [Tom de surpresa] Oh, como é grande! >> [José]: Representa-se todas as noites. Pois uma mágica... [Tom encantado] Oh, isto é coisa grande! >> [Aninha]: O que é mágica? >> [José]: Mágica é uma peça de muito maquinismo. >> [Aninha]: Maquinismo? >> [José]: Sim, maquinismo. Eu te explico. Uma árvore se vira em uma barraca; paus viram-se em cobras, e um homem vira-se em macaco. >> [Aninha]: [Tom de surpresa] Em macaco! Coitado do homem! >> [José]: Mas não é de verdade. >> [Aninha]: Ah, como deve ser bonito! E tem rabo? >> [José]: Tem rabo, tem. >> [Aninha]: Oh, homem! [Rindo] >> [José]: Pois o curro dos cavalinhos! [Em tom enfático] Isto é que é coisa grande! Há uns cavalos tão bem ensinados, que dançam, fazem mesuras, saltam, falam etc. Porém o que mais me espantou foi ver um homem andar em pé em cima do cavalo. >> [Aninha]: [Tom de surpresa] Em pé? E não cai? >> [José]: Não. Outros fingem-se bêbados, jogam os socos, fazem exercício – e tudo isto sem caírem. E há um macaco chamado o macaco Major, que é coisa de espantar. >> [Aninha]: Há muitos macacos lá? >> [José]: Há, e macacas também. >> [Aninha]: [Em tom pensativo] Que vontade tenho eu de ver todas estas coisas! >> [José]: Além disto há outros muitos divertimentos. Na Rua do Ouvidor há um cosmorama, na Rua de São Francisco de Paula outro, e no Largo uma casa aonde se veem muitos bichos cheios, muitas conchas, cabritos com duas cabeças, porcos com cinco pernas etc. >> [Aninha]: Quando é que você pretende casar-se comigo? >> [José]: O vigário está pronto para qualquer hora. >> [Aninha]: Então, amanhã de manhã.

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    >> [José]: Pois sim. >> [Aninha]: [Em tom apreensivo] Aí vem meu pai! Vai-te embora antes que ele te veja. >> [José]: Adeus, até amanhã de manhã. >> [Aninha]: [Sussurrando] Olhe lá, não falte! [♪ vinheta de encerramento ♪] >> [Locutor]: Locução: Daniela Landin Baffi >> [Locutor]: Elenco >> [Locutor]: Personagem José: Cristiano Gouveia >> [Locutor]: Personagem Aninha: Terena Zamariolli >> [Locutor]: Estúdio: Spectrum

    CRÉDITOS

    EDITORA MODERNA Organizadora Ivonete Darci Lucírio Gonzaga Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (São Bernardo do Campo – SP). Mestra em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuei como jornalista. Editora. Elaboradoras Luciana Saito Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Editoração, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora. Marcela Rosa Mastrocola Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Cásper Líbero (São Paulo – SP), e em Letras, com habilitação em Português e Francês, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora. Edição de conteúdo Cristiane Yamazato Revisão técnica Sidnei Oliveira dos Santos

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    Revisão de texto Ramiro Morais Torres Assistência editorial Cinthia Santos Galarza, Elizangela Gomes Marques Coordenação de arte Eduardo Reche Bertolini Edição de arte Diogo de Assis Macedo Assistência de arte Ana Maria Totaro Delgado Iconografia Fabiana Manna da Silva, Renate Hartfiel Coordenação de produção Leonardo Miranda Ribeiro Programação Renato Frias Rocha Ibiapina Assistência de programação Cauê Guimarães, Rodrigo Vieira Benfica Amancio Assistência de produção e checagem Caia Amoroso, Fabiana Aparecida Martins, Natália Lamucio Andrade, Paula Pelisson Petri, Renata Campos Michelin Locução Cristiano Gouveia, Daniela Landin Baffi, Terena Zamariolli Produção Spectrum EDITORA MODERNA Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo, SP – Brasil – CEP 03303-904 www.moderna.com.br Produzido no Brasil