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A A pequena Ladispoli, no Lazio, fica a 45 km de Roma. Lá, me instalei no encantador La Posta Vecchia, um casarão do século 17 que, no passa- do, serviu de residência de verão para uma famí- lia abastada. Ela permaneceu fechada por várias décadas, até que foi adquirida e transformada em um hotel de luxo. No subsolo, uma reforma reve- lou ânforas, pisos e artefatos ricamente elabora- dos de nada menos de 2 mil anos de idade. Hoje, esse subsolo abriga um pequeno museu, aberto aos hóspedes, onde eventualmente são servidos jantares muito exclusivos. O hotel tem uma at- mosfera única. Erguido em frente ao mar, tem em sua extensão um longo terraço de piso de tijolos. Ao lado, um castelo sempre fechado e cinzento reforça a atmosfera de mistério. A visão da cons- trução em terracota, banhada pela luz dourada de um final de tarde quente e luminoso, diante de um mar cinzento, emprestava ao hotel uma ca- racterística singular. Ao cair da noite, as últimas luzes do dia acentuavam a atmosfera de calma e acolhimento. Na cozinha do restaurante do hotel, o premiado The Cesar, detentor de uma estrela Michelin, o bem-humorado chef Michelino Gioia preparava um menu degustação cujo foco princi- pal eram os frutos do mar da região, harmoniza- dos com diferentes rótulos do Lazio, uma região de excelentes vinhos ainda pouco conhecidos no cenário mundial. Após uma única noite nesse lu- gar tão exclusivo, segui viagem rumo à Toscana. POLO LIFE VIAGEM LAZIO Cair da tarde no La Posta Vecchia Chef Michelino Gioia POLO life 89 POLO life 88

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AA pequena ladispoli, no lazio, fica a 45 km de Roma. lá, me instalei no encantador la posta Vecchia, um casarão do século 17 que, no passa-do, serviu de residência de verão para uma famí-lia abastada. ela permaneceu fechada por várias décadas, até que foi adquirida e transformada em um hotel de luxo. No subsolo, uma reforma reve-lou ânforas, pisos e artefatos ricamente elabora-dos de nada menos de 2 mil anos de idade. Hoje, esse subsolo abriga um pequeno museu, aberto aos hóspedes, onde eventualmente são servidos jantares muito exclusivos. o hotel tem uma at-mosfera única. erguido em frente ao mar, tem em sua extensão um longo terraço de piso de tijolos. Ao lado, um castelo sempre fechado e cinzento

reforça a atmosfera de mistério. A visão da cons-trução em terracota, banhada pela luz dourada de um final de tarde quente e luminoso, diante de um mar cinzento, emprestava ao hotel uma ca-racterística singular. Ao cair da noite, as últimas luzes do dia acentuavam a atmosfera de calma e acolhimento. Na cozinha do restaurante do hotel, o premiado The Cesar, detentor de uma estrela Michelin, o bem-humorado chef Michelino Gioia preparava um menu degustação cujo foco princi-pal eram os frutos do mar da região, harmoniza-dos com diferentes rótulos do lazio, uma região de excelentes vinhos ainda pouco conhecidos no cenário mundial. Após uma única noite nesse lu-gar tão exclusivo, segui viagem rumo à Toscana.

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LAzIo

Cair da tarde no La Posta Vecchia

Chef Michelino Gioia

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AAlgumas horas depois, cheguei ao charmoso bal-neário de Castiglione dela pescaia e me hospedei no l’Andana, na região de Maremma, famosa por tantas vinícolas que produzem excelentes Rossos e Brunellos de Montalcinos. A colheita das uvas já havia terminado, e os vinhedos ganhavam ra-pidamente uma coloração vermelha. Na manhã seguinte, visitei a belíssima vinícola petra, a 40 minutos de distância, em Sureveto. lá, fui re-cebido pelo administrador da vinícola, que me levou a toda parte, explicando as características dos diferentes terroirs da propriedade e também os métodos de produção. o agradável passeio se encerrou com uma deliciosa degustação dos vinhos lá produzidos. Voltando ao l’Andana, emendei outra degustação na famosa Tenuta la Badiola, situada ao lado do hotel, onde Alan Du-casse tem um estrelado restaurante com duas es-trelas Michelin. Após duas noites, deixei a região e tomei o rumo da Brescia, ao norte.

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ToscAnA

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eDo hotel segui para florença, onde tomei um trem para Milão e, de lá, ao l’Albereta Relais Chateaux, um SpA médico em meio aos vinhedos da vinícola Bellavista, o maior produtor de franciacorta da re-gião. A região da Brescia é famosa por seus deliciosos espumantes produzidos pelo método clássico, deno-minados franciacorta. Todo o processo de vinificação fica a cargo do enólogo italiano Mattia Vezolla, eleito pela segunda vez o melhor enólogo da itália, título que, dada a tradição e a enorme e variada produção de vinhos no país, não é para qualquer um. Mattia vinifica separadamente mais de uma centena de par-celas de cultivo e decide depois quais blends elaborar com que parcelas, ciência que beira a alquimia. Se o l’Andana, na Toscana, tinha uma atmosfera mais tranquila e intimista, por sua vez o l’Albereta tem uma pegada mais dinâmica e agitada, com muitos hóspedes em busca da excelente gastronomia e de tratamentos médicos e estéticos. Após três dias nessa vibe, bebendo espumantes de manhã, de tarde e de noite (e sem ter emagrecido nada), deixei a Brescia e segui rumo a Veneza.

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BrescIA

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nNa estação de trens de Santa lucia, um acqua taxi me levou direto ao il pallazzo Bauer. eu já havia estado em Veneza antes e, assim como da primeira vez, fiz o que deve ser feito para explorar e redes-cobrir a cidade: andei, andei e andei, até o can-saço vencer. Cruzei vielas, becos, pontes, canais, me perdi e reencontrei o caminho sei lá quantas vezes, passei repetidamente em frente aos mesmos lugares até reencontrar o caminho. isso tornou as caminhadas mais desimpedidas e prazerosas. Vene-za é um dos famosos “umbigos do mundo”, aqueles lugares onde todo mundo vai, de mochileiros a mi-lionários, de jovens casais a animados grupos de ja-poneses; todo mundo quer visitar Veneza pelo me-nos uma vez na vida. o fluxo de turistas na cidade é algo quase ininterrupto. Se da primeira vez que es-tive lá os dias eram quentes e luminosos, desta vez Veneza estava envolta em uma bruma que rendeu belas imagens em preto e branco. Veneza pode ser muito cara, mas há ótimas trattorias com preços

bastante razoáveis. No segundo dia, encontrei uma guia veneziana que conhece a cidade como poucos. Giordana losi me levou para um agradável passeio de barco e me mostrou áreas da cidade completa-mente fora do circuito turístico. Desembarcamos defronte de um pequeno estabelecimento, o ines-quecível Vino al Bottegon, um pequeno alimentari e loja de vinhos, onde me empanturrei de delicio-sas porções de picles, tapas e afins, regados a vi-nhos deliciosos e simples, servidos por taças. esse passeio revelou a mim outra Veneza, diferente dos cartões-postais por onde circula a maioria dos tu-ristas. A noite, um maravilhoso jantar no il pallazzo Bauer encerrou essa etapa da viagem com chave de ouro. Defronte do Grand Canal, após muitas taças, eu escutava o burburinho das conversas que pare-ciam chegar a mim em múltiplos idiomas embara-lhados. No dia seguinte, descansei um pouco, me recompus dos excessos da noite anterior e tomei o rumo norte, em direção ao belíssimo Alto Ádige.

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Vini al Bottegon Anoitecer em Rialto

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eo Alto Ádige, próximo à fronteira da Áustria, é co-nhecido também por seu nome em alemão, Sud Tirol. Cheguei a Cortina, uma cidade encantadora ainda situada no vizinho Veneto, e de lá adentrei no Alto Ádige através de pequenas vilas bucólicas, onde os nomes são primeiro grafados em alemão e depois em italiano. fala-se ainda, na região, o ladi-no, um idioma quase extinto, falado hoje por não mais do que 25 mil pessoas. A paisagem de colinas suaves recobertas de vinhedos verdejantes se trans-mutou em um cenário pontuado por centenas de montanhas rochosas e escarpadas, com enormes paredões verticais e cumes pontiagudos, uma pai-sagem completamente diferente de tudo que eu ha-via visto por onde tinha antes passado. lá, me hos-pedei no acolhedor San lorenzo Mountain lodge, uma propriedade com uma história muito curiosa e interessante. De um casario abandonado, construí-do no século 16, ele foi completamente restaurado, porém preservando suas características da época. os proprietários, Stefano e Georgia, recebem os viajantes como ninguém. enquanto Stefano entre-

tém os hóspedes, levando-os a conhecer a proprie-dade e seu peculiar campo de golfe, servindo-lhes os deliciosos vinhos produzidos na região, Georgia cozinha magnificamente bem a deliciosa culinária típica do Alto Ádige, com ingredientes regionais sempre muito frescos.Stefano me leva a conhecer sua adega, na parte de baixo da casa, muito bem abastecida com ró-tulos célebres do mundo todo, mas seu orgulho são os vinhos locais, produzidos em pequenas pro-priedades, com vinhedos diminutos formados por vinhas autóctones, ou seja, originárias da região, como lagrein e pinot Grigio. Seguiu-se um jantar e um delicioso bate papo na “sala de conversação”, como ele se refere a uma acolhedora sala aqueci-da, onde bebericamos uma deliciosa grappa local. Na manhã seguinte, após uma curtíssima noite de sono, muito cedo deixei o lodge e tomei o rumo de Turim, onde participei do evento bienal Salo-ne internazionale Del Gusto, do Movimento Slow food, fundado pelo italiano Carlo petrini. Mas isso é outra história.

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ALTo ádIge

A belíssima cidade de Cortina, norte do Veneto e porta de entrada para o Alto Ádige

O anfitrião Stefano Barbini e sua acolhedora adega

Tre Cime di Lavaredo, o conjunto mais emblemático das Dolomitas

Info & By YourselfQuem leva: A Swiss tem voos diários de São Paulo a Zurique e de lá a Roma, Milão e Florença. www.swiss.com.br. (11) 3048 5810Onde Ficar: Ladispoli – La Posta Vecchia: www.lapostavecchia.com Toscana – L’Andana: www.andana.it Brescia – L’Albereta: www.albereta.it Veneza – Il Pallazzo Bauer: www.ilpalazzovenezia.com Alto Ádige (Dolomitas): San Lorenzo Lodge: www.sanlorenzomountainlodge.comTOur de barcO pOr veneza:A guia veneziana Giordana Losi é exímia conhecedora da cidade e leva turistas para conhecer tanto a parte mais convencional de Veneza como as atrações mais distantes do batido circuito turístico. +393453979803. [email protected]

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