Aí>fvíd!^icile f í s i ca^ s a ú d e e l a z e r A s crianças tôm v i n d o a c o n q u i s t a r o s e u espaço e e s t a t u t o n u m a s o c i e d a d e e m rápida mutação, t e n t a n d o a d a p t a r - s e a o s c o n t e x t o s e m q u e s e I n s e r e m . N u m a e s t r u t u r a f a m i l i a r n u c l e a r e f u n c i o n a l o recém-nascido começa p o r e s t a t ) e l e c e r f b r i e Mnculaçâo c o m a s u a p r o g e n i t o r a , q u e a s s u m e u m p a p e l p r e p ' X K l e r a n t e n o d e s e n N o l \ ^ m e n t o i n f a n t i l e n o s c u k l a d o s básicos d e saúde e educação. A o e n t r a r p a r a a e s c o l a , a criança e s t a b e l e c e a p r e n d i z a g e n s n a relação c o m o s o u t r o s e d e s e n v D l \ e compelôfKias d e socialização. E m m e i o e s c o l a r a criança p o d e c o n f r o n t a r - s e c o m d i f i c u l d a d e s d e a p r e n d i z a g e m , d e \ 4 d a s a lesões o u p a t o l o g i a s , a d q u i r i r c o n h e c i m e n t o s e m domínios m a i s sensíveis c o m o ó o d a s e x u a l i d a d e , i n i c i a r o c o n s u m o d e substâncias p s i c o a t i v e s e a d o t a r c o m p o r t a m e n t o s , t a n t o saudáwis c o m o d e caráter m a i s n e g a t i w . c o m o ó o c a s o d o b u l l y i n g . T o d a s e s t a s problemáticas sâo a q u i a b o r d a d a s , p e l o q u e e s t e l i v r o s e d e s t i n a a a d u l t o s q u e l i d a m d i a r i a m e n t e c o m crianças e a d o l e s c e n t e s , e m e s p e c i a l a p r o f e s s o r e s , i n v e s t i g a d o r e s e p a i s . O t e o r p o d e s e r e n t e n d i d o t a n t o n u m a p e r s p e c t i v a e d u c a t i v a c o m o n u m a p e r s p e c t i v e i n v e s t i g a t i v e , s e r v i n d o o c o n h e c i m e n t o c i e n t i f i c o p r o d u z i d o d e s u p o r t e à prática e d u c a t i v a .

7t,Vx!K Anastácio é P r o f e s s o r a A u x i l i a r n o I n s t i t u t o d e Educação d a _

t ^ . ^ ^ ^ ^ CBo'Sz pZTé P r o f e s s o r a Ca.edrâ.ica d o l E -U M e m e m t ) r o d o C I E C . Z e H a

( E d . ) Anbstácio • Graça

A t i J i d a d e física, saúde e l a z € r D e s e i v o l v i m e n t o d a s crianças e

íprcfbl ímátiçasVelacionadas c o f n a s a u n -

Graça C a r v a l h o , B e a t r i z P e r e i r a ( E d s . ) Zélia Anastácio

A t i v i d a d e física, saúde o l a z e r D e s e n v o l v i m e n t o d a s crianças e problemáticas

r e l a c i o n a d a s c o m a saúdo

N o v a s Edições A c 2 d ê m i c a s

I m p r t f s s u m / Impressão D i b l i o g r a f i s c h o I n f o r m a t i o n d e r D e u t s c h e n Nationalbiblíothek: D i e D e u t s c h e N a t i o n a l b i b l i o t h e k v e r z c i c h n e t d i e s e P u b l i k a t i o n i n d e r D e u t s c h e n N . i i i o i i . i l b i b l i o q r a f i e ; d e t a i l l i e r t e b i b l i o g r a f i s c h e D a t e n s i n d i m I n t e r n e t úber h t t p y / d n b . d - n b . d e «ibrufbar. A l i e i n d i c s e m B u c h g e n a n n t e n M a r k e n u n d P r o d u k t n a m e n u n t e r l i e g e n w a r c n z e i c h e n - , m a r k e n - o d e r p a t e n t r e c h t t i c h e m S c h u t z b z w . s i r K i W a r c n z c i c h c n o d e r e i n g e t r a g n n e W a r c n z e i c h e n d e r j e w c i l i g e n I n h a b e r . D i e W i e d c r g a b e v o n M a r k e n , P r o t ' u k t n a m e n , G e b r a u c h s n a m e n , M a n d e i s n a m e n , W a r o n b o z e i c h n u n g e n u . s . w . i n d i e s e m W e r k b e r e c h t i g t a u c h o h n e b e s o n d e r e K e n n z e i c h n u n g n i c h t z u d e r A n n a h m e . d a s s s o l c h e N a m e n i m S i n n e d e r

- W a r c n z e i c h e n - u n d M a r k e n s c h u t z g e s e t z g e b u n g a i s f r e i z u b e t r a c h t e n w A r t n u n d d a h c r v o n j c d c r m a n n b e n u t z t w e r d e n dúrften.

Informação biográfica p u b l i c a d a p o r D e u t s c h e N a t i o n a l b i b l i o t h e k : N a t i o n a l b i b l i o t h e k n u m e r a e s s a publicação e m D e u t s c h e N a t i o n a l b i b l i o g r a f i e ; d a d o s biográficos d e t a l h a d o s estáo disponíveis n a I n t e r n e t : h t t p y / d n b . d - n b . d e . O s o u t r o s n o m e s d e m a r c a s e p r o d u t o s c i t a d o s n e s t e l i v r o estão s u j e i t o s à m a r c a r e g i s t r a d a o u a proteção d e p a t e n t e s e são m a r c a s c o m e r c i a i s r e g i s t r a d a s d o s s e u s r e s p e c t i v o s proprietários. O u s o d o s n o m e s d e m a r c a s , n o m e d e p r o d u t o , n o m e s c o m u n s , n o m e c o m e r c i a i s , descrições d e p r o d u t o s , e t c . I n c l u s i v e s e m u m a m a r c a p a r t i c u l a r n e s t a s publicações, d e f o r m a a l g u m a d e v o i n t e r p r e t a r - s e n o s e n t i d o d e q u e e s t e s n o m e s p o s s a m s e r c o n s i d e r a d o s i l i m i t a d o s c m matérias d e m a r c a s e legislação d e proteção d e m a r c a s e , p o r t a n t o , s e r u t i l i z a d a s p o r q u a l q u e r p e s s o a .

C o v e d > i l d / I m a g e m d a c a p a : w v v w . i n g i m a g e . c o m

V e r l a g / E d i t o r a : N o v a s Edições Académicas

e i n I m p r i n t d e r / 6 u m a m a r c a d e O m i i i S c i i p t u m G m b H & C o . K G Heinrich-Dõcking-Str. 6-8 , 6 6 1 2 1 S a a r b r u c k e n , D e u t s c h l a n d / N i e m c y E m a i l / C o r r e i o eletrõnico: info©nea-edicoes.com

H e r s t e l l u n g : s i e h e l e t z t e S e i t e / P u b l i c a d o : v e j a a última página I S R N : 9 7 8 - 6 1 3 - 0 - 1 6 2 7 0 - 2

C o p y r i g h t / C o p i n a i t e © 2 0 1 5 O m n i S c r i p t u m G m b H & C o . K G A l l c R c c h t e v o i b c h a l t e n . / T o d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s . S a a r b r u c k e n 2 0 1 5

ÍNDICE

P A R T E I DESENVOLVIMENTO INFANTIL E JUVENIL SAUDÁVEL

1 . A b o r d a r a S e x u a l i d a d e n o 1 C i c l o d o E n s i n o Básico - a s

crianças também são c a p a z e s d e d i s c u t i r

Zélia Anastácio & Cláudia Pinto 7

2 . ConceçOes s o b r e S e x u a l i d a d e e Educação S e x u a l -

Diferenças d e Género n o s 2 . " e 3 ° C i c l o s d o E n s i n o Básico

Susana Marinho & Zélia Anastácio 2'.)

3 . Caraterizaçao d o c o n s u m o d e álcool e n t r e o s e s c o l a r e s d o

d i s t r i t o d e B e j a

T e r e s a T a v a r e s , Jorge Bonito & Maria Manuela Oliveira 5 1

4 . Educação p e l a a r t e : perceções n o c o n t e x t o d o g r u p o d e

a p o i o a crianças c o m câncer e m S a l v a d o r - B a h i a Denise Rocha & Graça S. Carvalho 7 7

5 . D e s e n v o l v i m e n t o i n f a n t i l e capacitação m a t e r n a c o m o

r e s u l t a d o d a aplicação d o p r o g r a m a d e e m p o w e r m e n t p a r e n t a l

p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o i n f a n t i l ( P E P D I )

Simõo Vilaça & Graça S. Carvalho 9 5

6 . Associação d a s competências a u d i t i v a s e m crianças c o m

d i f i c u l d a d e s d e a p r e n d i z a g e m

Cristiane Nunes. Liliane Pereira & Graça S Carvalho 1 1 5

7 . B o m - e s t a r d e j o v e n s i n s t i t u c i o n a l i z a d a s : d o d i z e r d e

p r o f i s s i o n a i s à intervenção d e Aceitação e C o m p r o m e t i m e n t o

Alice Lopes & Judite Zami thCruz

• • •

1 3 7

P A R T E II VIOLÊNCIA E B U L L Y I N G N A E S C O L A 0 . Violôncia e c l i m e e s c o l a r , u m a intervenção g l o b a l Marcelo Molim & Beatriz O. Pereira 1 6 3

9 . Â violõiicia n o coníext i i r : f a t o r o s I n t e r v e n i e n t e s n o p r o c e s s o e d u c a t i v o

Lóiio Moura Lourenço A Luciana Xavier Senra 1 9 7

1 0 . Prevaíôncia d e b u i l y i n g eníre a d o l e s c e n t e s d e u m

município d e módio p o r t e b r a s i l e i r o

Luciana Xavier Senra, Beatriz O. Pereira & Lélio Moura Lourenço 2 4 1

B E M - E S T A R D E J O V E N S I N S T I T U C I O N A L I Z A D A S : D O D I Z E R D E P R O F I S S I O N A I S À INTERVENÇÃO D E

ACEITAÇÃO E C O M P R O M E T I M E N T O

Alice Lopes" & Judite Zamith-Cruz^'

R E S U M O A saúde f i s i c a e m e n t a l está p e j a d a d e crenças f a l s a s e

d i s f u n c i o n a i s , c o m o j u l g a r - s e q u e a v i d a c o r r e " b e m " , e m p/7oío

automático, s e m a g i r . O b e m - e s t a r s u b j e t i v o é. e m t e r m o s

científicos, m a i s u m a colação d e m o m e n t o s d o q u e u m flash i n t e n s o

q u e vem lá longe.

C o m v i s t a à criação d e melhores vivências q u o t i d i a n a s , t e m - s e a

b a s e teórica d e investigação q u a l i t a t i v a e m e s t u d o d e c a s o s a

P s i c o t e r a p i a d e Aceitação e C o m p r o m e t i m e n t o , p a r a c o n h e c e r e

i n t e r v i r j u n t o d e j o v e n s i n s t i t u c i o n a l i z a d o s ,

N o a n o d e 2 0 1 1 , B r a g a f o i i d e n t i f i c a d a c o m o a q u a r t a c i d a d e , c o m

m a i o r número d e p r o c e s s o s l e g a i s , p o r p r o b l e m a s d e

crianças/jovens e m p e r i g o ( 4 . 3 9 6 ) . r e s p e t i v a m e n t e . 6 , 5 % d o p a i s ,

d e p o i s d e L i s b o a , P o r t o e Setúbal.

A p r e s e n t a r a análise d e e n t r e v i s t a s s e m i e s t r u t u r a d a s a i n f o r m a n t e s -

c h a v e , n a região N o r t e : d i r e t o r a d e Núcleo d e Infância e J u v e n t u d e

d e Ministério d e S o l i d a r i e d a d e e Segurança S o c i a l ; p r o f e s s o r - t u t o r ,

u m m e m b r o d e Comissão d e Proteção d e Crianças e J o v e n s ; e u m a

" D o u t o r a n d a d o i n s t i t u t o d e Educação d a U n i v e r s i d a d e d o M i n h o - E s t u d o s d a Criança. E s p e c i a l i d a d e d e P s i c o l o g i a d e D e s e n v o l v i m e n t o e Educação e m e m b r o d o C e n t r o d e Investigação e m EdUcaçSo " I n v e s t i g a d o r a d o C e n t r o d e Investigação e m Educação e d o c e n t e d o I n s t i t u t o d e Educação d a U n i v e r s i d a d e d o M i n h o

d i r e t o r a técnica, responsável p o r u m a residência d e a c o l h i m e n t o .

P r o b l e m a t i z a m - s e informações, c o n h e c i m e n t o e experiências, a

organização e f u n c i o n a m e n t o d e l a r e s d e l o n g a duração, n a região

N o r t e , a s atribuições p e r c e b i d a s p o r e n t i d a d e s responsáveis, o

p r o c e s s o d e institucionalização d e j o v e m , o s p l a n o s e intervenção

s u p r a r e f e r i d a , e m q u e a ação l i b e r t a d o r a v e n h a a s e r o c a m i n h o

e n c o n t r a d o n a v i d a c o m s e n t i d o .

P a l a v r a s - c h a v e : vinculação; j u v e n t u d e ; r i s c o ; institucionalização;

intervenção.

INTRODUÇÃO A ação d e t e r m i n a d a p a r a e n c a r a r o s próprios v a l o r e s p r o v o c a

mudança, e m q u e é c e n t r a l o s o f r i m e n t o i n t e r i o r a m i n o r a r , p o r

T e r a p i a d e Aceitação e C o m p r o m e t i m e n t o ( A C T , " a c t o " ) , u m a

orientação d e nova geração, n a p s i c o t e r a p i a c o m p o r t a m e n t a l e

c o g n i t i v a - T C C (Monestès. 2 0 1 2 ; S c h o e n d o r f f . 2 0 1 2 ) . A ação

l i b e r t a d o r a é o c a m i n h o e n c o n t r a d o n a v i d a c o m s e n t i d o . N e s s a

b a s e c o n c e t u a l . a o s e d e i x a r u m a adição ( u m a l u t a i n t e r i o r s e m f i m ;

u m a b u s o d e substância) p e r s i s t e m s i n t o m a s , não d o m i n a d o o

c i r c u l o v i c i o s o . Poder-se-á i n i c i a r a trajetória a l t e r n a t i v a ,

e n c o n t r a n d o - s e p e s s o a q u e dê a p o i o q u a s e a b s o l u t o , consideração

e r e s p e i t o , alguém q u e a p o s t e e m q u a l i d a d e s ( c u r i o s i d a d e

i n t e l e c t u a l , v o n t a d e d e a j u d a . . . ) , características p e s s o a i s q u e n e m

s e c h e g u e m a a p e r c e b e r . B e n j a m i m S c h o e n d o r f f f o i u m d o s

i n t r o d u t o r e s d a t e o r i a , a q u e s e a l i a a d e f e s a d e criação d e vinculo

seguro c o m c u i d a d o r , u m a p e s s o a d e referência ( B o w l b y . 1 9 8 0 ) .

13ê

M e d i a n t e e n t r e v i s t a s a três p e s s o a s q u e f a z e m d a s u a profissão

u m a missão e d u c a t i v a , e n c a r a - s e a p o s s i b i l i d a d e d e a j u d a a

crianças/jovens, q u e v i v e m e m residências d e a c o l h i m e n t o , n a

região N o r t e d e P o r t u g a l .

P e r m i t i m o - n o s c o n d u z i r o e s t u d o q u a l i t a t i v o d e investigação e m

Grounded Theory ( S t r a u s s . 1 9 8 7 ; S t r a u s s & C o r b i n . 1 9 9 0 ; Z a m i t h -

C r u z , 1 9 9 7 ) , n a b a s e d e fenómenos s o c i a i s , p a r a " p e r g u n t a s d e

investigação", c o m o a condição d e institucionalização, e m L a r e s d e

Infância e J u v e n t u d e .

U m fenómeno g l o b a l é não p o d e r m o s a f i r m a r s e a s e l e v a d a s t a x a s

d e perturbação psíquica são a c a u s a o u a consequência d e

custódia ( H a r r i s o n e t a l . 2 0 0 6 ) e n c o n t r a m - s e e m residências d e

a c o l h i m e n t o d e l o n g a duração ( L a r e s d e Infância e J u v e n t u d e )

j o v e n s c o m perturbação d e c o m p o r t a m e n t o , a b u s o d e substâncias,

autoagressão e a b u s o (físico, e m o c i o n a l e s e x u a l ) .

P r e t e n d e - s e n o f u t u r o v i r a c o n h e c e r m e l h o r a s e s t r u t u r a s

p s i c o s s o c i a i s q u e a c o l h e m m e n o r e s d e 1 8 a n o s , n o d i s t r i t o d e

B r a g a , o q u e s e d i f e r e n c i a d e g r u p o p a r a g r u p o d e e n t i d a d e s

e n v o l v i d a s n o p a i s . v a r i a n d o a p a r t i r d e n a r r a t i v a s p r o f i s s i o n a i s ,

experiências s i g n i f i c a t i v a s d e técnicos d e domínios s o c i a l e

e d u c a t i v o .

N o m o d o d e e n t r e v i s t a s - n a r r a t i v a ( M i s h i e r . 1 9 8 6 a ; 1 9 8 6 b ) .

p r o c u r o u - s e a p r e e n d e r o p r o b l e m a d e interação d e r e c i p r o c i d a d e o u

t r o c a , c o m b a s e e m p e r s p e t i v a s d e p e s s o a s c o m t r a b a l h o n o

domínio. E m p r i m e i r o l u g a r , o diálogo f o i e s t a b e l e c i d o c o m a a t u a l

orientação d a c o o r d e n a d o r a d e c e r c a d e 5 0 técnicos d e C e n t r o

D i s t r i t a l d e B r a g a d a Segurança S o c i a l - I n s t i t u t o d e Segurança

S o c i a l . E m s e g u i d a , falámos c o m u m d o c e n t e , t u t o r e m e m b r o d e

Comissão d e Proteção d e Crianças e J o v e n s e m P e r i g o ( C P C J ) .

P o r último, a conversação d e s e n r o l o u - s e c o m u m a d i r i g e n t e d e

instituição n a região N o r t e , c o o r d e n a d o r a d e L a r d e Infância e

J u v e n t u d e ( d i r e t o r a técnica) - a Associação p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o

d e C o m u n i d a d e s L o c a i s ( A D C L ) ,

Possuímos r e g i s t o s e s c r i t o s d e interação e m e n t r e v i s t a - n a r r a t i v a .

além d e d o c u m e n t o s i n f o r m a t i v o s d e o r d e m jurídica, estatutária e

d e observação in locu d e residências l o c a i s .

T e r a p i a d a aceitação e c o m p r o m i s s o : c o n t r a a adição à luta

interior

N a aceitação d e u m " p r o b l e m a insolúvel" q u e s e j a d u r a d o u r o c o m o

v i v e r u m a experiência i n t e n s a d e a b a n d o n o o u d e m a u s t r a t o s , q u e

l e v a n t e emoções f o r t e s e p e n s a m e n t o s n e g a t i v o s , p e n s o u - s e n a

reconciliação d e u m a a m i z a d e d o j o v e m s e p a r a d o d a família c o m o

p a i . A c e i t a r o q u e a c o n t e c e e x i g e - l h e q u e baixe a guarda e a c o l h a

s e n t i m e n t o s e p e n s a m e n t o s p a r a s e r e m d e i x a d o s p a r a trás, i n d o - s e

a o e n c o n t r o d o alcançável - u m c o m p r o m i s s o r e a l i s t a c o m e s t u d o e

t r a b a l h o . U m a orientação c o m p l e m e n t a r , n a T e r a p i a d e Aceitação e

C o m p r o m i s s o , é d e f i n i d a c o m o «canalizando e n e r g i a p a r a a ação

e m direção a valores» ( S c h o e n d o r f f , 2 0 1 2 ) . C o m e s s e s

p r e s s u p o s t o s , a s t r a d i c i o n a i s T e r a p i a s C o m p o r t a m e n t a i s - C o g n i t i v a s

evoluíram, n o f i n a l d o século p a s s a d o , p a r a p e r s p e t i v a s h u m a n i s t a s

e e x i s t e n c i a i s ( S c h o e n d o r f f , 2 0 1 2 ; D u c h e s n e . 2 0 1 2 ) . e n c o n t r a d a s

e m "psicófilos", u m a união e n t r e «o filósofo q u e a m a e o psicólogo

q u e estuda» (Monestès. 2 0 1 2 ) .

140

A s s i m c o l o c a d o , s a b e - s e q u e n o s m o d e l o s m a i s a n t i g o s - a s

T e r a p i a s C o m p o r t a m e n t a i s - C o g n i t i v a s - d e s i g n o u - s e d e "reforço

p o s i t i v o " a u m somatório d e consequências agradáveis, e m q u e o

c o n s u m o d e substâncias ( e n t r e o u t r a s adições) t e m o e f e i t o d e

p r a z e r , s e b e m q u e a m p l i e a s d i f i c u l d a d e s d e relação. O e f e i t o

s u b s e q u e n t e ó u m "reforço n e g a t i v o " , c o m o q u a n d o o c o n s u m i d o r

d e i x a d e v e r q u e a dimensão h u m a n a l h e e s t e j a l i m i t a d a .

A p e s s o a estar-se-á a e m p e n h a r e m e l i m i n a r u m a adição, q u a n d o

s e l u t a c o n t r a o q u e a f e t e . c o m o p r o c u r a r i s o l a r - s e , p r a t i c a r r i t u a i s ,

f u g i r , t r a b a l h a r m u i t o , dístrair-se d e obrigações, p r e o c u p a r - s e ,

ruminar, p r o c u r a r s e r t r a n q u i l i z a d o , b e b e r , c o m e r , c o n s u m i r

substâncias. E m a l t e r n a t i v a , não l u t a r c o n t r a a adição o u a

inquietação/medo p a r e c e c o n t r a i n t u i t i v o . M a s é m a i s p r o d u t i v o , u m

p a r a d o x o d o p e n s a m e n t o , e x p l o r a d o p o r investigação d e W e g n e r

( 1 9 8 9 ) . q u a n d o e s c r e v e u «Ursos b r a n c o s e o u t r o s p e n s a m e n t o s

indesejados». I m p o r t a p o i s começar-se a d e i x a r d e " c o n t r o l a r " o

p e n s a m e n t o o u o c o m p o r t a m e n t o , p o r q u e o p s i q u i s m o é dinâmico.

N a experiência a l t e r n a d a d e adição/ausência d e adição também

não r e s u l t a p e n s a r , a t e n d e n d o a q u e não s e j a m compreensíveis a s

motivações d e t a l " l u t a " e s e j a possível desaprender hábitos - o

v a l o r d e p e n s a r , m a s s e m a g i r . A s g r a n d e s a p r e n d i z a g e n s s e f a z e m

n a prática: «O q u e i m p o r t a m e s m o n a vida?»; «Quais são o s m e u s

s i g n i f i c a d o s p a r a viver?»

Q u a n d o B e n j a m i m S c h o e n d o r f f ( 2 0 1 2 ) c o n t o u o q u e p a s s o u c o m o

u m a l u t a , f r i s o u t e r l i d o m u i t o n a infância, e m b o r a a e s c o l a e a

institucionalização, e m residência c o m i n t e r n a t o d e j o v e n s , o

a f a s t a s s e p e l o «tédio e aborrecimento». E r a " i n s o l e n t e " e l o g o

e x p u l s o . P a s s o u d a e s c o l a pública à frequência d o e n s i n o p r i v a d o ,

t e n d o v i a j a d o p a r a l o n g e , p o r a p o i o d e p r o g r a m a d e intercâmbio.

D e p o i s d o s 1 3 a n o s , e v i t o u d u r a n t e a n o s o álcool; a o s 1 5 a n o s .

f u g i u ; t o m o u - s e heroinómano. A adição i n s t a l a r a - s e e . a o s 1 6 a n o s ,

a e s c o l a r i d a d e f o i i n t e r r o m p i d a . Q u a n d o c o n h e c e u Maria, f o i e m

f r e n t e e v o l t o u a e s t u d a r e a t r a b a l h a r . C a s o u - s e , s e b e m q u e

r e c o n h e c e s s e q u e o c o n s u m o d e opiáceos e n t r a v e o ( s e u )

d e s e n v o l v i m e n t o e m o c i o n a l e s o c i a l . O d e s c o n f o r t o v i n h a c o m o

s e n t i m e n t o d e v u l n e r a b i l i d a d e e d e l h e c u s t a r m a n t e r i n t i m i d a d e , a

confiança e m s i m e s m o e a p r o x i m i d a d e e m o c i o n a l c o m u m a

p e s s o a , m e s m o s i g n i f i c a t i v a p a r a s i .

N a adição, " u m a l u t a c o n t r a a experiência i n t e r n a / i n t e r i o r " ,

S c h o e n d o r f f v o l t o u a o s e u p a i s , o n d e s e d e d i c o u á música

eletrónica, além d e t r a b a l h a r e r e a l i z a r t e r a p i a s , c o m a meditação

z e n : s e n t a v a - s e a e s c u t a r o s s e u s p e n s a m e n t o s e emoções, c o m o

nuvens e s e m i n t e r v i r / p e n s a r d i f e r e n t e d o q u e l h e t r a r i a m a s

nuvens, s e d i s t a n c i a v a d o q u e l h e g e r a v a m a l - e s t a r . P e n s a v a

m u i t a s v e z e s : «Sempre d e s e j e i m u d a r o q u e s e n t i a . . . : só, t r i s t e ,

i n c o m p r e e n d i d o e mal-amado.»

S e a ação p a r a e n c a r a r o s próprios v a l o r e s p r o v o c a mudança,

c o m o é possível a g i r j u n t o d e j o v e n s d i s c r i m i n a d o s c o m o e l e ?

S c h o e n d o r f f ( 2 0 1 2 ) r e f e r e t e r d e s c o b e r t o o q u e o f a z i a s o f r e r , o s

r e l a c i o n a m e n t o s e s c a s s o s . Sentíu-se a i n d a p i o r , q u a n d o p e n s o u n o

q u e o u t r o s p o d e r i a m v e r e m s i . Q u i s e s t a r próximo, disponível e útil

n a p s i c o t e r a p i a . I n t r o d u z i u e m França, d e p o i s d e 2 0 0 2 . a T e r a p i a d a

Aceitação e C o m p r o m i s s o ( A C T ) . M a i s e s c r e v e u e s e d e u a

c o n h e c e r . A experiência v i t a l e n s i n o u - l h e o q u e l h e i n t e r e s s a h a

" m a i s " , c o m o a p r e n d e r história, p o l i t i c a , l i t e r a t u r a , música e alcançar

a p o s s i b i l i d a d e d e e s t a b e l e c e r u m r e l a c i o n a m e n t o d e a m o r . Q u i s

s e m p r e a p r e n d e r e a j u d a r - s e , e s c r e v e r e t r a b a l h a r , a j u d a n d o o u t r o s

c o m p r o b l e m a s idênticos,

R e c o n h e c e - s e q u e a l u t a i n t e r i o r , a l o n g o p r a z o , s e v e m a t o r n a r

i n e f i c a z , p o r q u e a s T e r a p i a s C o g n i t i v a s e C o m p o r t a m e n t a i s

f r a c a s s a m m e s m o , d i r e t a m e n t e , n a adição d e substâncias. O

f r a c a s s o d o " c o n d i c i o n a m e n t o a v e r s i v o " é e s p e l h a d o p o r

c o n s u m i d o r e s d e a t i v i d a d e s e s e x o : não d e i x a m o q u e t o l h e p o r

aversão. O s p e n s a m e n t o s p e r t u r b a d o r e s e a s emoções d o l o r o s a s

p o d e m a m p l i a r - s e e o c u p a m m a i s espaço n a s n o s s a s v i d a s d e

s o f h m e n t o , q u a n d o n e m s e m p r e s e m u d a m . O a c e n t o m a i s a m p l o

n a s sensações e emoções é j u s t i f i c a d o n a l u t a i n t e r i o r , q u e n o s t r a z

memórias a e v i t a r o u a m o d i f i c a r , n a m e d i d a e m q u e v i v e r s e t o r n e

d o l o r o s o . P o r s u a v e z , q u a n d o s e j a r e f e r i d o o e w f a m e n t o / e s c a p e .

estar-se-á a u t i l i z a r o u t r a s m e d i d a s d e c o p / n g / e n f r e n t a m e n t o , n e m

s e m p r e d e a j u d a , c o m o s e d i s s e a o i s o l a r - s e a p e s s o a , p r a t i c a r

r i t u a i s , f u g i r , t r a b a l h a r , d i s t r a i r - s e , p r e o c u p a r - s e , r u m i n a r , p r o c u r a r

s e r t r a n q u i l i z a d o , b e b e r , c o m e r , c o n s u m i r substâncias. Q u a n d o s e

a u m e n t a a " d o s e " d e m e c a n i s m o s d e c o n d i c i o n a m e n t o q u e f a l h a m ,

então, a a r m a d i l h a é l u t a r m a i s a i n d a . E não r e s u l t a .

C o m o e l i m i n a r então a l u t a i n t e r i o r ? D e i x a n d o d e a n d a r c o m a

cabeça em ebulição (Monestès, 2 0 1 2 ) , q u a n d o a distração s e j a

crónica e n a d a s e j a f e i t o d e " c o n s t r u t i v o " , p a r a d e s g a s t e tão g r a n d e

c o m c o m p r a s a m b i c i o n a d a s , aquisição d e c o n h e c i m e n t o e m

"mudanças", d e p o i s d o q u e s e i n i c i a a arrumação da casa o u s e

c o m a um iogurte. P o n d o e m ação a observação d a sequência d e

p e n s a m e n t o s t r i v i a i s atrás t r a n s c r i t o s ( o u o u t r o s ) , a c r e d i t a - s e não

s e r m e s m o possível o s e u controlo/domínio. Q u a n t o m a i s s e q u e r

c o n t r o l a r a l g o , m e n o s s e c o n t r o l a . A c e i t a r a s emoções a p r e n d e - s e .

J e a n - L o u i s Monestès ( 2 0 1 2 ) e n f a t i z o u , n e s s a p r o p o s t a

revolucionária, q u e o s a s p e t o s a n t e c e d e n t e s ( " c a u s a s " ) não s e j a m o

q u e s e n t i m o s n o m e d o . P o d e s e r d a d o o e x e m p l o d e p o d e r m o s v i r a

s e r r o u b a d o s e , p o r consequência, a t e n d e r m o s m a i s a informações

mediáticas d e m u i t o s r o u b o s . V o l t a r a atenção p a r a a s condições

a n t e c e d e n t e s , fará c o m q u e s e d e s t r i n c e o p e r i g o p a s s a d o n o

e x t e r i o r {lá fora) d o m e d o i n t e r i o r (cá dentro). C o m o f o i f r i s a d o , não

l u t a r c o n t r a a inquietação ó c o n t r a i n t u i t i v o m a s r e s u l t a ( W e g n e r ,

1 9 8 9 ) .

A i n d a a s s i m , q u a n d o s e o r i e n t a m a n t e s o s n o s s o s a t o s p a r a o

" r e a l " , não s e estará a l u t a r c o n t r a o s p e n s a m e n t o s e emoções q u e

a r e a l i d a d e s u b j e t i v a c o m p o r t a ? Não. n e s s a aceção d a prática

c o n c r e t a é q u e s e m u d a o q u e é possível m u d a r n o q u o t i d i a n o . Nâo

é possível m u d a r a t r i s t e z a : «não é p r e c i s o e s t a r t r i s t e . A g o r a ,

esquece...» P e n s a - s e e s e n t e - s e m e s m o t r i s t e z a m a s , q u a n d o s e

a c e i t a a t r i s t e z a , o m e d o o u o embaraço, começa-se a s e n / / r a l g u m

a l i v i o .

S e g u n d o evidência d e investigação (Monestès, 2 0 1 2 ) . a s p e s s o a s

m a i s d e p r i m i d a s , p r e o c u p a d a s , t e n s a s e a n s i o s a s são a s q u e m a i s

l u t a m c o n t r a s i m e s m a s . P o r c o n s e g u i n t e , o c o n t r o l o d e emoções e

p e n s a m e n t o s não s e j u s t i f i c a útil. d e a j u d a o u a d e q u a d o .

E x i s t e m p r o b l e m a s s e m solução e a s u a aceitação r e v e l a - s e u m

esforço perpétuo. A s s i m é q u e t o d o s v i v e m o s . «Mal d e ser» não é

«mal-estar». A organização psíquica nâo é a circunstância: «Não

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S O U t r i s t e , sinto tristeza.» S e r m e s m o t r i s t e , a g i t a d a , a p r e e n s i v a não

é t e r a perceção d e s e s e n / / r t r i s t e z a , agitação o u s e n t i r apreensão

f a c e a condições d e m o m e n t o a d v e r s a s o u instáveis.

Monestès ( 2 0 1 2 ) d e f e n d e q u e n o s v e n h a m o s a t o r n a r e m

amadores, o b s e r v a d o r e s e e s p e t a d o r e s d e q u e m s o m o s .

Vinculação s e g u r a e institucionalização

E n t e n d i d o o q u a n t o s e j a difícil e d u c a r , a vinculação/apego ( B o w l b y ,

1 9 8 0 ) é condição biopsicológica d o n o s s o c r e s c i m e n t o ( e m período

sensível) c o m o s e r e s h u m a n o s e m relação. T o r n a - s e p e r t i n e n t e

começar p o r e n t e n d e r c o m o a s ligações d e a f e t o s e d e s e n r o l a m , n o

c o n t e x t o d e institucionalização, através d a s p a l a v r a s d e

p r o f i s s i o n a i s e n t r e v i s t a d o s , q u e l i d a m c o m crianças/jovens,

d i a r i a m e n t e .

N a b a s e d e segurança e confiança, a instituição t o r n o u - s e , e m

c e r c a d e 7 0 0 situações, e m B r a g a , «a a l t e r n a t i v a m a i s a p r o p r i a d a

p a r a a c o l h e r crianças q u e , e m c o n f l i t o c o m a família d e o r i g e m , nâo

s e e n c o n t r a m e m condições d e p e r m a n e c e r e m c a s a , o u n o

convívio d a m e s m a , e m situações c o m c a r a c t e r d e violação d o s

d i r e i t o s d a criança» ( O l i v e i r a & Próchno, 2 0 1 0 : 6 5 ) . " C o n f l i t o "

s i g n i f i c a , n e s s a circunstância, a s situações d e m a u s t r a t o s / a b u s o s ,

a b a n d o n o s , negligências, e n t r e o u t r a s .

C o m o é q u e p r o f i s s i o n a i s v i v e n c i a m o s vínculos c o m m e n o r e s ? Q u e

s i g n i f i c a d o s dão a interações q u e c r i a m , d e s e n v o l v e m e p e r d e m

c o m crianças/jovens?

A relevância n o c u i d a r p a s s a p o r a u t o c o n h e c i m e n t o e p e l a

interpretação q u e crianças/jovens têm d e c u i d a d o r e s , não l i m i t a d a à

p e s s o a q u e estó ali para e d u c a r e a s s e g u r a r m e l h o r b e m - e s t a r

s u b j e t i v o . O s m a i s j o v e n s a p r e e n d e m , p o r e x e m p l o , q u e u m a

relação p r i v i l e g i a d a é c o m a p e s s o a q u e t e m funções-chave e q u e

t e m u m espaço próprio d e "direção".

A c r e s c e q u e o L a r d e Infância e J u v e n t u d e é o l o c a l d e proteção,

m a s também é o n d e é v i o l a d o o d i r e i t o d e l i t > e r d a d e , d e prestação

d e c u i d a d o s d e u m s e r i n d i v i d u a l , p o d e n d o c r i a r d i f i c u l d a d e s n a

construção d a s u a i d e n t i d a d e .

C o m p r e e n d e - s e q u e h a j a u m prévio r o m p i m e n t o d e vínculos,

r e q u e r e n d o a n e c e s s i d a d e d a construção d e n o v a s experiências

g r a t i f i c a n t e s . O a p e g o é c o n s i d e r a d o , p o r t a n t o , c o m o «a c a p a c i d a d e

d o i n d i v i d u o d e s e v i n c u l a r a o u t r e m p o r m e i o d e u m a c a p a c i d a d e

q u e v e m a c o m p a n h a d a d e u m s e n t i m e n t o d e e s t a r j u n t o c o m o u t r o ,

r e a l i z a n d o m o v i m e n t o s d e t r o c a e n t r e pares» ( O l i v e i r a & Próchno.

2 0 1 0 ) . A s u a ausência é passível d e s e r e n t e n d i d a c o m o u m a

ameaça d e p e r d a , p o d e n d o c r i a r a n s i e d a d e e angústia e , n o

e x e m p l o d e p e r d a , «um s e n t i m e n t o d e p e n e t r a n t e tristeza» ( O l i v e i r a

& Próchno. 2 0 1 0 ) .

D e f o r m a d i f e r e n t e , crianças e j o v e n s c o n s e g u e m b e m c r i a r laços

c o m o s p a r e s , c o m q u e m c o n v i v e m n o s m e s m o s espaços, p a r t i l h a m

g o s t o s , b r i n q u e d o s e a f e t o s . N o b r i n c a r , n o j o g o e n o

d e s e n v o l v i m e n t o e m o c i o n a l - s o c i a l e n c o n t r a - s e u m e l o c o m u m : «um

e n c o n t r o c o m o o u t r o e u m e n c o n t r o c o n s i g o m e s m o , n a elaboração

d a s f a n t a s i a s , d a s frustrações e d o s d e s e j o s d a criança» ( O l i v e i r a &

Próchno. 2 0 1 0 : 6 3 ) q u a n d o s o f r e m d e negligência e a b u s o , vínculos

i n s e g u r o s e d e s a d e q u a d o s p o d e m p e r s i s t i r .

N o a c o l h i m e n t o , o a d u l t o c r i a u m vínculo seguro c o m u m a

criança/jovem, q u a n d o e s t a / e também está a b e r t a / o p a r a a t r o c a ,

d e s d e q u e p a s s e p o r u m a f a s e d e " l u t o " d o q u e o r o d e a v a . M a s a

recetivídade á n o v a situação, a o n o v o l u g a r , é g e r a l m e n t e l i m i t a d a e

exígua. N a condição a d v e r s a , o l u t o p o d e s e r e n t e n d i d o c o m o u m a

reação à r u t u r a d e u m vínculo a n t e r i o r ( T i n o c o & F r a n c o . 2 0 1 1 ) .

S e n d o ambíguo e varável o s e n t i m e n t o d e l u t o . n a investigação

r e a l i z a d a p o r O l i v e i r a & Próchno ( 2 0 1 0 ) . a s crianças i n q u i r i d a s

i d e n t i f i c a r a m a instituição c o m o u m bom lugar p a r a v i v e r , s e n t i n d o

f a l t a d o l a r f a m i l i a r e c o n t i n u a r i a m c o m esperança de um dia

voltarem para o seio familiar. E s s e s i n v e s t i g a d o r e s r e s s a l t a r a m a

n e c e s s i d a d e d e u m a reabilitação d a família, p a r a q u e t a l

a c o n t e c e s s e , p o r q u e «uma e s t r u t u r a f a m i l i a r d i s f u n c i o n a l q u e é

precária d e s u b j e t i v i d a d e . d e a f e t o . b e m c o m o d e condições

económicas, r e f l e t e a f r a g i l i d a d e d a s relações s o c i a i s e

i n t e r p e s s o a i s , e c o l o c a o s u j e i t o e m u m l u g a r d e c o n f l i t o e d e

abandono» ( O l i v e i r a & Próchno. 2 0 1 0 ) . E n t e n d e - s e q u e n u m a

experiência e m q u e o m e n o r p a s s a p o r u m a desvinculação

temporária o u p e r m a n e n t e , t e n h a c a p a c i d a d e d e c r i a r e l o s c o m

o u t r a s p e s s o a s e , q u a n d o n e c e s s i t e d e s e v o l t a r a s e p a r a r , «reaja

d e f o r m a negativa» ( T i n o c o & F r a n c o , 2 0 1 1 ) . E s t e s p e s q u i s a d o r e s

c o n s i d e r a m , aliás, q u e «a ausência d e reações [ s i n a i s e s i n t o m a s ] ,

p o d e l e v a r a c r e r q u e a criança/jovem está a p a r e n t e m e n t e

a d a p t a d o / a a o m e i o , m a s e s s a é u m a adaptação s u p e r f i c i a l , n a

t e n t a t i v a d e p r o t e g e r - s e d e n o v a s perdas» ( p . 4 2 9 ) . A s s i m s e n d o ,

p a r a q u e a criança/jovem p o s s a u l t r a p a s s a r e s t e t i p o d e l u t o é

imprescindível q u e c o n s t r u a relações d e a f e t o c o m o s p r o f i s s i o n a i s

q u e a r o d e i a m , a u s c u l t a n d o a s s u a s n e c e s s i d a d e s e exigências

n e s s e n o v o a m b i e n t e . N a investigação c o n d u z i d a p o r T i n o c o &

F r a n c o ( 2 0 1 1 ) , também f o i o b s e r v a d o q u e «as c u i d a d o r a s a t u a m d e

m o d o a p r o p o r c i o n a r f a t o r e s d e proteção n o s m o m e n t o s d e

separação, experiências e l a b o r a d a s e c o n s e q u e n t e m e n t e

i n t e g r a d a s m a i s f a c i l m e n t e p o r t o d o s , i s t o é, t a n t o p o r

i n s t i t u c i o n a l i z a d o s q u a n t o p o r cuidadores» ( p . 4 3 2 ) . O s f a t o r e s d e

equilíbrio o u m o d e r a d o r e s são i d e n t i f i c a d o s c o m o a s relações d e

a f e t o , confiança, r e s p e i t o , d a n d o - s e v o z a criança/jovem n o q u e

s e n t e , p e n s a e f a z - " a s s u a s n e c e s s i d a d e s " . P r e s u m e - s e s e r d e t e r

atenção a a s p e t o s p s i c o s s o c i a i s p r e j u d i c i a i s , q u e o L a r d e Infância

e J u v e n t u d e a c a r r e t a p a r a o s r e t i r a d o s d e famílias, a f o m e n t a r n a

educação d o s e d u c a d o r e s e técnicos, n u m a m a i o r vigilância a o q u e

o c o r r e d e n t r o e f o r a d a residência, v i s t o q u e e x i s t e m e v i d e n c i a d o s

f a t o r e s d e r i s c o / p e r i g o , c o m o o i s o l a m e n t o d e criança/jovem d e

p a r e s , o s s e u s c o m p o r t a m e n t o s d e r i s c o / p e r i g o , e n t r e o u t r a s

condições d e mal de sere m a l - e s t a r s u b j e t i v o

E m a l t e r n a t i v a à " l u t a i n t e r i o r " , a o "reforço p o s i t i v o " n a s interações

d e domínio d o m e n o r ( e d e "punição" s u b s e q u e n t e ) , p r o d u z - s e

m a i o r e f e i t o n a r e c i p r o c i d a d e possível, q u a n d o s e a j u d a o u t r e m , d e

f o r m a autêntica e genuína, p r o f u n d a . A atenção b e n e v o l e n t e e

d e s i n t e r e s s a d a , o e n c o n t r o incondicional ao l a d o d e q u e m s o f r e é

d e v a l o r extraordinário p a r a q u e m a s s i m p r o c e d a . R e c e b e - s e a

aceitação e a consideração, o r e s p e i t o , o q u e n e m s e m p r e é

e s p e r a d o p o r gratidão.

E x i s t e u m a s u b j e t i v i d a d e própria à p e s s o a a c o l h i d a , d i f e r e n t e d e

o u t r a , o q u e f a z c o m q u e s e p r e t e n d a m e l u c i d a r orientações d e r i g o r

científico e d e s e n s i b i l i d a d e clínica ( S c h o e n d o r f f , 2 0 1 2 ) , o q u e

148

p o s s a p a s s a r p o r e l i m i n a r a «adição à l u t a p a r a m u d a r a

experiência interior» própria o u d o m e n o r .

Método d e investigação: Grounded Theory

U m fenómeno p a r a elucidação p o r Grounded Analysis ( S t r a u s s &

C o r b i n , 1 9 9 0 : 9 6 ) , «é a i d e i a c e n t r a l , o a c o n t e c i m e n t o , o happening,

o i n c i d e n t e , a q u e são d i r i g i d a s u m c o n j u n t o d e ações/interações,

c o m v i s t a a v i r e m a s e r r e c o n h e c i d a s , g e r i d a s e integradas». E s s a

a b o r d a g e m p s i c o s s o c i a l pressupõe a reflexão d e i n v e s t i g a d o r e s , o

a p e l o à s u a " s e n s i b i l i d a d e teórica" ( S t r a u s s . 1 9 8 7 ; S t r a u s s & C o r b i n ,

1 9 9 0 ) , a t e n d e n d o a p r o c e s s o s s o c i a i s , fenómenos e diálogos e m

c o n t e x t o , p a r a a s u a interpretação - análise d e t e x t o s c o m o

e n t r e v i s t a s .

E s t a é u m a p e s q u i s a p o r t e o r i a " e n r a i z a d a " {grounded), u m a t e o r i a

" c r i a t i v a " ( S t r a u s s & C o r b i n , 1 9 9 0 ) e u m a m e t o d o l o g i a sistemática

q u e u t i l i z a técnicas e s p e c i f i c a s e b e m d e s c r i t a s , e f e t i v a e m

e n t i d a d e s i n s t i t u c i o n a i s , j u n t o d o s q u e t r a b a l h a m d e f o r m a d i r e t a o u

i n d i r e t a c o m crianças e j o v e n s .

Técnica d e e n t r e v i s t a - n a r r a t i v a

C o m e n t r e v i s t a s , a s " n a r r a t i v a s " são s e m p r e "representações" d e

ações e d e imaginações ( R i e s s m a n , 1 9 9 3 ) , n o q u e s e j a m a b e r t a s a

c o n j e t u r a s e a mudança d e p o n t o d e v i s t a .

A n a l i s a r a m - s e conversações e m c o n t e x t o p r o f i s s i o n a l e r e l a t i v a s a o

q u o t i d i a n o . C l a r i f i c a m - s e . p r e v i a m e n t e , o s c o n c e i t o s e a s o u t r a s

c a t e g o r i a s s o c i a i s (infâncias, famílias " d e s e s t r u t u r a d a s " , vínculos

s e g u r o s e i n s e g u r o s . . . ) , a n t e s d e s e v i r e m a f i x a r

" r e g u l a r i d a d e s / r u / e s of thumb' d e e s p e c i a l i s t a s . P o r t a n t o , f o r a m

e l a b o r a d a s c a t e g o h a s a priori e a posteriori. A explicitação d e

" p r o b l e m a s " d i v i d i u - o s e m resolúveis o u indecidíveis. c o m relação a

u t e n t e s .

O s r e l a t o s q u e s e a p r e s e n t a m não são d e m o m e n t o c r u z a d o s , m a s

d e m a r c a m três diálogos s e p a r a d o s , c o m u m m e s m o guião d e

e n t r e v i s t a , c o m p e s s o a s d o g r u p o d e e s t u d o m a i s a m p l o : v i n t e

i n f o r m a n t e s - c h a v e d e fenómeno d e institucionalização. O s s e u s

itinerários p r o f i s s i o n a i s são d i s t i n t o s e não são comparáveis n a f a s e

i n i c i a l e exploratória d e investigação.

Análise d e n a r r a t i v a s p r o f i s s i o n a i s : Técnica d e e n t r e v i s t a

Q u a n d o s e vê u m a p e s s o a o u u m a p i n t u r a , p o d e o l h a r - s e o s e r

h u m a n o o u o o b j e t o d e várias p e r s p e t i v a s : i n t e r e s s a m o - n o s p e l o

q u e t r a n s m i t a ( j u l g a m o s t r a n s m i t i r ) , e n q u a d r a m o s a p e s s o a n o m e i o

o u a p i n t u r a n o m o v i m e n t o artístico d a t a d o , o b s e r v a d a s c o r e s e

f o r m a s , c o m espírito crítico. O u t r a aceitação v e m q u a n d o s e o l h e m

p e s s o a s d e i x a n d o q u e a s s u a s impressões n o s p e n e t r e m p e l a

a g u d e z a d a expressão v e r b a l :

«Estou p r e o c u p a d a c o m o f u t u r o p r o f i s s i o n a l d o Manuel ( n o m e

fictício d e m e n i n o q u e v i v e n a instituição). P e n s o n o m e d o d o

d e s e m p r e g o . M a s já m e d i s s e r a m s e r u m p r o b l e m a s e m solução

p e n s a r q u e e l e alcançará o l u g a r q u e s o n h a : s e r e n g e n h e i r o . D a q u i

a a l g u n s a n o s , o p r o b l e m a subsistirá: Irá s e r e n g e n h e i r o ? E s s a

apreensão virá a d e s a p a r e c e r e m m i m , q u e l i d o c o m e l e ,

diariamente.»

ISO

M o s t r a - s e i r r e l e v a n t e , s e m solução, a preocupação. A técnica

Madalena ( n o m e fictício) a p r e n d e u a v e r c o m distância, a " s e r

e s p e c t a d o r a " , u m a c a t e g o n a c o n c e b i d a a posteriori, para análise d e

e n t r e v i s t a s e m i e s t r u t u r a d a . R e a l i z a r então u m a "codificação a b e r t a " ,

e m Grounded Analysis, é criar c a t e g o r i a s a p a r t i r d o s d a d o s / t e x t o s ,

n o q u e s e introduzirá a técnica d e o s " q u e s t i o n a r m a i s " ( S t r a u s s &

C o r b i n , 1 9 9 0 ) - u m l e v a n t a m e n t o d e questões g e r a i s e d e

investigação c o m o g r u p o d e e s t u d o i d e n t i f i c a d o .

Q u e m s e e n t r e v i s t o u , e m p r i m e i r o l u g a r , f o i u m a p e s s o a q u e t e m

funções d e d i r i g e n t e d e Instituição Pública, s e g u i n d o - s e o u t r a s d u a s

q u e têm c o n t a c t o d i r e t o c o m j o v e n s - u m d o c e n t e d e e s c o l a q u e é

t u t o r e m e m b r o d a Comissão p a r a a Proteção d e Crianças e J o v e n s

e m R i s c o . «São e n t i d a d e s independentes», n a s p a l a v r a s d a

s e n h o r a d i r e t o r a d e serviços d o I n s t i t u t o d e Segurança S o c i a l -

Instituição Pública.

A s interpretações p a r a a s q u a i s não e x i s t e u m único m o d o c o r r e t o

d e o f a z e r ( u m só s e n t i d o ) são a s s i m "representações", d e s t a c a d a s

p r o C a t h e r i n e K . R i e s s m a n ( 1 9 9 3 ) p a r a u m "nível analítico" d e

experiência e m e n t r e v i s t a - o 4° nível d e representação. Surgirão

s o m e n t e d e p o i s d e s e " t r a n s c r e v e r c o m a p o i o áudio g r a v a d o " (3°

nível), " n a r r a d a s a s experiências e m e n t r e v i s t a " (2° nível), d e a

p e s s o a i n q u i r i d a " l h e s d a r s i g n i f i c a d o " (1° nível, attending

experience), u m m o m e n t o d e e s c u t a , e s t a n d o - s e presente, o q u e

i m p l i c a o q u e s e j a c o m p r e e n d i d o d e u m a experiência primária

( R i e s s m a n , 1 9 9 3 ) . E n c o n t r a m o - n o s , p o r c o n s e g u i n t e , a n a r r a r

experiências p r o f i s s i o n a i s p o r "codificação/categorização a b e r t a "

(representações d e 2° nível), a n t e c e d i d a d e transcrição s e g u n d o

r e g r a s e s t i p u l a d a s .

P o r s u a v e z , u m " s e g m e n t o d e t e x t o " ó então u m a «parte d e t e x t o

i n f o r m a t i v o , u m episódio, u m a u n i d a d e d e s i g n i f i c a d o ,

compreensível p o r s i própria» ( T e s c h . 1 9 9 0 : 1 1 6 ) .

A n a l i s a r a m - s e d e t a l h a d a m e n t e m a t e r i a i s v e r b a i s e e s c r i t o s , n e m

s e m p r e s e d e s c u r a n d o a s p e s s o a s i n d i v i d u a i s e a s s u a s funções

p r o f i s s i o n a i s . N o e n t a n t o , a orientação d a d a p o r A n s e l m S t r a u s s e

J u l i e t C o r b i n é f o c a d a m a i s n o t e x t o d o q u e n a p e s s o a , e m

c o n f o r m i d a d e c o m a c o r r e n t e Pós-Estruturalista. p o r segmentação

d e n a r r a t i v a s e m g r a n d e s e x t r a t o s d e t e x t o - o s conteúdos

temáticos - e e m u n i d a d e s d e significação - o s segmentos de

tópico. E s s a é também a e x i g i d a descentração d a p r i m e i r a e s c u t a

d a s p a l a v r a s d e i n f o r m a n t e s - c h a v e . e m q u e s e p r i v i l e g i a a análise

e m d e t r i m e n t o d a descrição ( S t r a u s s & C o r b i n . 1 9 9 0 ) , s e b e m q u e a

l i n g u a g e m n u n c a s e j a m e r a m e n t e d e s c r i t i v a . F a z e m - s e então

e m e r g i r vários s e n t i d o s d o q u e s e j a d i t o , n a m e d i d a e m q u e s e

c o l o q u e m a s relações d e e n t r e v i s t a s d e f o r m a m e n o s assimétrica e

m a i s dialógica d o q u e t r a d i c i o n a l m e n t e . Poder-se-á a i n d a s e p a r a r o

q u e é possível d i z e r e m f o r m a n a r r a t i v a , p o r oposição a u m

q u a l q u e r s e m s e n t i d o , p a r a a e n t r e v i s t a d o r a incompreensível, s e m

o q u e s t i o n a r .

Questões d e investigação

N a instituição d e t u t e l a d a s residências d e c a r i z s o c i a l ( e r e l i g i o s o ) ,

a técnica c o o r d e n a d o r a - e n t r e v i s t a 1 - f o c a r i a , n a s s u a s p r i m e i r a s

p a l a v r a s , q u e são r e a l i z a d a s «avaliações ( d e diagnóstico d e

situação familiar)» por o u t r o s técnicos q u e d i r i g e n o I n s t i t u t o d e

Segurança Social-Instítuição Pública, e ( r e ) a b e r t o s processos,

a n t e r i o r m e n t e a s e r a d o t a d a u m a medida d e institucionalização.

D i s s e - o p a r a r e s p o n d e r a p e r g u n t a r e l a t i v a a medidas a d o t a d a s p o r

legislação d e 2 0 0 8 , s e b e m q u e f o s s e m c o n h e c i d a s : «meio n a t u r a l

d e vida», família a l a r g a d a , adoção, residência d e c u r t a o u l o n g a

duração. O s e u f o c o s e r i a a avaliação d e condições problemáticas

e m famílias e o p r o c e d i m e n t o d e criação d e " p r o c e s s o s e d u c a t i v o s

i n d i v i d u a i s " , à d a t a d e admissão?

A o s e r a b e r t o o diálogo, r e c o n h e c e - s e o q u e p o s s a s e r "fácil" d e

r e s p o n d e r , o q u e n e m e n c o b r e o c e r n e d o t r a b a l h o - a s t o m a d a s d e

decisão e o s p r o c e d i m e n t o s , «quando s e percebe q u e não será

e s s e projeto ( d e s e j a d o d e v i d a f a m i l i a r ) o u nâo há m e s m o q u a l q u e r

a l t e r n a t i v a , e m t e r m o s d e família alargada.» A s questões d e v a l o r

s u b j e t i v o d e manutenção d e laços f a m i l i a r e s colocar-se-âo, s e m p r e ,

p a r a q u e m d e c i d e a m e d i d a a a d o t a r .

P a s s a m - s e a a n a l i s a r o u t r o s parágrafos d a e n t r e v i s t a t r a n s c r i t a ( 1 ) .

p a r a l h e s e n c o n t r a r possíveis orientações n a u n i d a d e d e s i g n i f i c a d o

- a v a l i a r .

Q u e m a v a l i a também a s circunstâncias é a Comissão d e Proteção

d e Crianças e J o v e n s , d i t o p e l o s e u m e m b r o ( e n t r e v i s t a 2 ) . q u e o

T r i b u n a l ( d e Família e M e n o r e s ) " a p l i c a a s medidas", «em função

d o s relatórios, q u e nós f a z e m o s d a s situações ( e m p a r a l e l o a o s

p r o c e s s o s d o I n s t i t u t o d e Segurança S o c i a l - Instituição Pública).»

É o n o s s o parecer, s e b e m q u e o T r i b u n a l p o s s a «ir n o u t r o

sentido.»

R e c o n h e c e u o r e p r e s e n t a n t e d a Comissão q u e o T r i b u n a l é a

terceira instância decisória e d e m a i o r p e s o i m p o s i t i v o p a r a " o

s u p e r i o r i n t e r e s s e d a criança".

A e n t r e v i s t a f o i d i r i g i d a à coordenação d e serviços. P o r

c o n s e g u i n t e , s o u b e m o s q u e u m q u a l q u e r técnico d a Comissão d e

Proteção d e Crianças e J o v e n s é «responsável, p o r aquele

processo, daquela criança...».

F o i f r i s a d o n a e n t r e v i s t a 2 o carácter d e condições d e v i d a d e q u e

não s e v e m a f a l a r : «lidamos a q u i também c o m a confidencialidade

d o s dados.»

N e m s e m p r e a s inten/enções d a Comissão são b e m - s u c e d i d a s . Há

s e m p r e «processos (não) arquivados», q u e s e g u e m ( o u não) p a r a

u m a «instância d e t e r c e i r a linha», e x p l i c i t a d o , t r a t a r - s e d o T r i b u n a l

d e Família e M e n o r e s , a "instância máxima".

Q u a n d o h a j a " i n c u m p r i m e n t o r e i t e r a d o " d o q u e s e j a a disposição

j u d i c i a l , t a n t o a Comissão, c o m o a Instituição Pública, traçam

«planos d e intervenção», c o m v i s t a à desejável «remoção d e

situação ( d e p e r i g o o u d e r i s c o ) a q u e criança e s t e v e exposta».

M a s p a r a a d i r e t o r a i n q u i r i d a , «um p l a n o d e inten/enção é outra

coisa», s e b e m q u e d i t o e m o u t r o m o m e n t o . U m p l a n o d a I S S - I P ó

a l g o d i s t i n t o d e p l a n o s e d u c a t i v o s e f o r m a t i v o s :

«Os planos de intervenção são quando fazemos uma

avaliação diagnóstica. Fazemos ao mesmo tempo um

plano de intervenção e definimos... - dizemos - em

conjunto com a família - que neste caso. em particular, por

exemplo, a integração daquela bebé [ô exigida], numa ama

ou numa creche, para que haja uma [maior] estimulação

ou a [disponibilidade de tempo para a] procura de

emprego, por parte do pai. Se o pai ou a mãe tem

problemas de tendência alcoólica ou outras drogas, [a

exigência ê] fazer um tratamento.»

A v a l i a r é i n t e r v i r , p o r t a n t o , s e g u n d o circunstâncias i n d i v i d u a l i z a d a s

e não comparáveis. N e s s e s e n t i d o , o I n s t i t u t o d e Segurança S o c i a l

- Instituição Pública «delineia u m p l a n o e , d e p o i s , há a

consideração d o Tribunal», d i t o q u e t o d a a criança o u j o v e m t e n h a

«um p r o c e s s o a decorrer» e s e e n c o n t r a f e i t a a "sinalização" p o r

avaliação.

A avaliação diagnóstica também é c o n c e b i d a e m serviço

psicológico, não só q u a n d o o T r i b u n a l d e Família e M e n o r e s o

p e d e . «Um relatório d e avaliação psicológica» r e a l i z a - s e , n a

U n i v e r s i d a d e d o M i n h o , p o r orientação p e d i d a p e l o I n s t i t u t o d e

Segurança S o c i a l - Instituição Pública:

«... n e s f e pai o u nesía mãe. [há] traços d e p e r s o n a l i d a d e

[ d e perturbação psíquica] o u a l i [criança o u j o v e m e m

c o n t e x t o f a m i l i a r o u e m c o n t e x t o e s c o l a r ] , [há] qualquer

coisa q u e a c h a m o s q u e p o d e s e r u m a p a t o l o g i a , m a s não

estamos habilitados, n e m s o m o s e n t i d a d e q u e p o s s a f a z e r

isso [ d i a g n o s t i c a r e m t e r m o s d e perícia j u d i c i a l ] . . . a f e r i r

m e s m o a s competências parentais.»

S a b e m o s q u e a Instituição Pública, m e s m o t e n d o técnicos q u e são

psicólogos h a b i l i t a d o s , p o r formação específica, l i m i t a o a l c a n c e d o

s e u diagnóstico e intervenção.

U m s e g u n d o s e g m e n t o d e tópico s a l i e n t a - s e , e m s e g u i d a , s e m q u e

s e j a q u e s t i o n a d o : o " p r o j e t o d e v i d a " e a ênfase l e g i s l a t i v a n a

155

" a u t o n o m i a " d e j o v e n s a d u l t o s q u e v i v e r a m e m L a r d e Infância e

J u v e n t u d e . E s s a s são temáticas m u i t o a b o r d a d a s p e l o s

p r o f i s s i o n a i s . P o u c o s j o v e n s frequentarão a " u n i v e r s i d a d e " , não

i n d o a m a i o r i a além d e u m c u r s o d e "formação p r o f i s s i o n a l " . O

p r o j e t o d e v i d a q u e v e n h a a s e r c o n c e b i d o ( c o m / s e m o j o v e m ) é

s u j e i t o a limitação e d u c a t i v a , p o r razões não i d e n t i f i c a d a s , m a s

c o n h e c i d a s : a b s e n t i s m o , a b a n d o n o e s c o l a r , ausência d a e s c o l a s e r

r e c o n h e c i d a c o m o f a t o r p r o t e t o r p o r e s t u d a n t e .

P o r último, n a p r i m e i r a e n t r e v i s t a , a s e n h o r a d i r e t o r a f r i s o u u m

m o t i v o p a r a o a f a s t a m e n t o d e investigação d e instituições d e q u e m

não e s t e j a l i g a d o às m e s m a s : a s residências d e v e m p r o t e g e r

m e n o r e s , d i t o q u e s e j a m " b o m b a r d e a d a s " , q u e r p o r u n i v e r s i d a d e s ,

q u e r p o r e s c o l a s secundárias ..». P r o c u r a - s e r e c o l h e r d a d o s p a r a

p e s q u i s a s e estágios. C o m o a i n q u i r i d a o c o l o c a , o s j o v e n s «não

f o r a m r e t i r a d o s [ d o ' m e i o n a t u r a l d e v i d a ' ] p o r b o n s motivos.» S o b r e

a s e s c o l a s d e formação, e s c l a r e c e e s t a r - s e a «relembrar ( o

s u c e d i d o ] , constantemente.» P a r a a m e d i a d o r a e c o o r d e n a d o r a d e

serviços, não d e v e m o s " e x p o r " crianças, o q u e r e t o m a o p o n t o

prévio d e «confidencialidade d o s dados».

Não é n o m e a d a a p a l a v r a " r e v i t i m i z a r " , q u e r e t o m a o p a s s a d o c o m

o s m e n o r e s , o q u e c o n d i c i o n o u o s s e u s m o d o s d e v i v e r .

C o m o f o i r e f e r i d o a n t e r i o r m e n t e , o s m a i s n o v o s p a s s a m p o r u m

p r o c e s s o d e l u t o . n o q u e a responsável p o r Associação p a r a o

D e s e n v o l v i m e n t o d e C o m u n i d a d e s L o c a i s r e f e r i u q u e u m a d a s

crianças f o i l e v a d a p e l a p o l i c i a . A família, n e s s a situação, não terá

t i d o o p o r t u n i d a d e d e s e r o u v i d a p o r p r o f i s s i o n a i s .

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O r a p a z d e 2 2 a n o s , r e t i r a d o p o r u m polícia, dirá até a o s d i a s d e

h o j e q u e " . . . s e e u f e c h a r o s o l h o s , v e j o o pedaço d e r e l v a , q u e

a g a r r e i d o chão". F o i " a r r a s t a d o " .

J u s t i f i c a - s e a formação d o s q u e t r a b a l h a m n a p o l i c i a , e m o u t r o s

níveis d e atuação d e s i g n a d o s d e Polícias d e J o v e n s ( n a

C o m u n i d a d e E u r o p e i a - Bélgica). Não é fácil l i d a r c o m o s q u e são

a r r a s t a d o s d a família. V i s t o q u e o c o r r e u m r o m p i m e n t o d e relação,

já p o r s i insegura, c o m o poderão p e s s o a s e o r g a n i s m o s l o c a i s

p r e s t a r a j u d a e m separações ( e t a n t a s v e z e s e m f u g a s ) ?

N a admissão, a responsável c o m e n t a r i a q u e «há u m a f a s e d e

a c o l h i m e n t o , s e g u i d a d e a c o m p a n h a m e n t o e orientação p a r a o u t r a s

r e s p o s t a s [ a c o l h i m e n t o temporário. e s c o l a r i d a d e . v i s i t a s

f a m i l i a r e s ..]», n o q u e s e c o n s i d e r a a "proteção" u m f a t o r d e

r e c o n h e c i d o v a l o r .

O u t r o a s p e t o , o " c o m p a n h e i r i s m o " e n t r e p a r e s f o i p o r s i f r i s a d o : «os

q u e v i v e m n a residência d e a c o l h i m e n t o estão a l e r t a p a r a s i n a i s . . .

E l e está a o s b e r r o s , e l a está n a v a r a n d a a c h o r a r . . . O s o u t r o s

a j u d a m q u e m c h e g a ( a o L a r d e Infância e Juventude)».

O d i r e i t o à " l i b e r d a d e " , a orientação d e dar voz a r e s i d e n t e s também

f o i e n f a t i z a d o n e s s a declaração: «os j o v e n s têm q u e t e r a

c a p a c i d a d e d e d e c i d i r n o d i a - a - d i a e têm q u e c o n t r o l a r ,

p r o g r e s s i v a m e n t e , i m p u l s o s . F a z e m reuniões d e g r u p o ( c o m a

f i n a l i d a d e d e c r i a r autodomínio n o s menores)».

P o r último, e m relação á vinculação, c o n t a r - n o s - i a u m episódio q u e

o c o r r e u s o b o s e u o l h a r , m a s e m q u e a t u o u d e f o r m a m u i t o

a d e q u a d a , s e g u n d o j u l g a : «Um d o s q u e c h e g o u [à Associação]

t r e p o u a u m a árvore e e u s u b i c o m e l e . F i z espelho dele...». E s s e é

u m p r o c e d i m e n t o d e rapport - c o l o c a r - s e n o l u g a r e a g i r d o outro.

p a r a d e p o i s o c o n f r o n t a r c o m o s u c e d i d o . A c r e s c e n t a r i a a c u i d a d o r a

q u e «antigamente, d e f e n d e u - s e a ausência d e relação criança-

técnico». s e n d o h o j e r e c o n h e c i d o o carácter p r e j u d i c i a l d e

insegurança, n a eliminação d e p r o x i m i d a d e e d e

confiança/intimidade.

DISCUSSÃO

N o g r e g o , pt}ilôo c o n d u z i u a " a m a r " ( v i v e r a p a r t i r d e d e n t r o ) e logos

ao t e r m o " e s t u d a r " ( o b s e r v a r d o e x t e r i o r o q u e s e a n a l i s e ) , n o q u e

s e r e s h u m a n o s , a t o r e s s o c i a i s q u e s e j a m r e f l e x i v o s , práticos e

a s s e r t i v o s , t e n d e m a s e r m a i s s e r e n o s e a r e l a c i o n a r e m - s e m e l h o r .

A j u d a - n o s a a s s e r t i v i d a d e a d e f e n d e r d i r e i t o s e a r e s p e i t a r o u t r o s .

Há épocas d e v i d a q u e n o s d e i x a m traços indeléveis c o m o a

infância e a j u v e n t u d e . O s q u e s o f r e r a m condições a d v e r s a s n e m

c h e g a m p o r v e z e s a s e r t o c a d o s p e l o a m o r , q u a n d o o d e t e t e m n a s

p a l a v r a s d e q u e m nâo o s a m e .

N e s s e s e n t i d o , a s três temáticas c e n t r a i s , n a e n t r e v i s t a 1 .

a f a s t a r a m - s e d o domínio d a relação d e t r o c a : avaliação diagnóstica

d e "situações", projeto de vida ( e a u t o n o m i a d o s j o v e n s a d u l t o s ) e o

s i g n i f i c a d o e n c o n t r a d o e m p r e s e r v a r a s instituições d a relação a

i n v e s t i g a d o r e s .

Não s e r e o r i e n t o u o diálogo. A l i n g u a g e m v a i fazendo mover as

pessoas, nâo «se t e n t a n d o d i z e r ás p e s s o a s c o m o a s coisas são»

( B u r k e . 1 9 5 0 ; c i t a d o p o r C . R i e s s m a n , 1 9 9 3 ) .

A e n t r e v i s t a 2 f o i o r i e n t a d a n o e s c l a r e c i m e n t o d e p r o c e d i m e n t o s e

t r a b a l h o s d e instâncias c o m d i f e r e n t e s incumbências: Comissão d e

iSê

Proteção d e Crianças e J o v e n s , I n s t i t u t o d e Segurança S o c i a l e

T r i b u n a l .

A ênfase, e m a m b o s o s c a s o s ( e n t r e v i s t a 1 e e n t r e v i s t a 2 ) , f o i d a d a

a p r o c e s s o s s o c i o c o g n i t i v o s ( c o m o p r o c e d i m e n t o s e interações d e

p r o f i s s i o n a i s ) , nâo e n q u a d r a n d o ações e mudanças e d u c a t i v a s d o s

r e s i d e n t e s e m l a r e s , colégios e o u t r o s m o d e l o s instituídos d e

relação e c u l t u r a d i s t i n t a d e u m a família.

C o m o u t r o o l h a r , a c o o r d e n a d o r a d e u m L a r d e Infância e

J u v e n t u d e , m o s t r o u s e r u m a i n t e r v e n i e n t e a t i v a . N a s p s i c o l o g i a s

e m e r g e n t e s , é possível exercitar m o d e l o s d e investigação abertos,

e m " c o n t e x t o s d e d e s c o b e r t a ( d e n o r m a s o u r e g u l a r i d a d e s ) " ,

f o r m u l a r p e r g u n t a s m a i s d o q u e d a r r e s p o s t a s , o u até m e s m o

c o n s i d e r a r a v i d a q u o t i d i a n a c o m o h a b i t a t p r i v i l e g i a d o d e

a p r e n d i z a g e m .

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P A R T E II VIOLÊNCIA E BULLYING NA ESCOLA

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