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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CAMARÃO Litopenaeus vannamei: COMPONENTES DE IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA CARNE E NOS RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO LARISSA MONT’ALVERNE JUCÁ SEABRA Natal - RN 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

CAMARÃO Litopenaeus vannamei: COMPONENTES DE IMPORTÂNCIA

NUTRICIONAL NA CARNE E NOS RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO

LARISSA MONT’ALVERNE JUCÁ SEABRA

Natal - RN

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

CAMARÃO LITOPENAEUS VANNAMEI: COMPONENTES DE

IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA CARNE E NOS RESÍDUOS DO

BENEFICIAMENTO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências da Saúde da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção

do Título de Doutor em Ciências da Saúde.

Larissa Mont’Alverne Jucá Seabra

Orientadora: Prof.a Dr.a Lucia de Fátima Campos Pedrosa Schwarzschild

Natal - RN

2011

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

S438c

Seabra, Larissa Mont’Alverne Jucá.

Camarão Litopenaeus vannamei: componentes de importância

nutricional na carne e nos resíduos do beneficiamento / Larissa

Mont’Alverne Jucá Seabra. – Natal, 2011.

78f.

Orientadora: Profª Drª Lucia de Fátima Campos Pedrosa

Schwarzschild.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências

da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

1. Camarão-alecrim – tese. 2. Camarão-resíduos – tese. 3.

Camarão-valor nutricional – tese. 4. Litopenaeus vannamei – tese.

I. Schwarzschild, Lucia de Fátima Campos Pedrosa. II. Título.

RN-UF/BS-CCS CDU: 639.512(043.2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

Prof.a Dr.a Técia Maria de Oliveira Maranhão

Natal - RN

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

CAMARÃO LITOPENAEUS VANNAMEI: COMPONENTES DE

IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA CARNE E NOS RESÍDUOS DO

BENEFICIAMENTO

BANCA EXAMINADORA

Presidente:

Prof.a Dr.a Lucia de Fátima Campos Pedrosa Schwarzschild (UFRN)

Membros:

Prof. Dr. Alex Augusto Gonçalves (UFERSA)

Prof. a Dr.a Silvana Magalhães Salgado (UFPE)

Prof. a Dr.a Roberta Targino Pinto Correia (UFRN)

Prof. a Dr.a Nély Holland (UFRN)

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“Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a

sabedoria e a força” (Daniel, 2:20).

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu Senhor e meu pastor, que faz com que eu ande em verdes

pastos e que me guia por águas tranqüilas; e mesmo nos vales escuros, não

temerei, pois sei que o Senhor está comigo;

Aos meus pais, Seabra e Rita, alicerces da minha vida; meu porto-seguro!

Ao meu marido André, meu amor, por estar sempre ao meu lado;

À minha amada filha Laura, razão do meu viver, que no decorrer desse

processo, não se cansou de perguntar: “Mamãe, quando você vai terminar a

tese?”. Agora respondo, com muita alegria: Filha, mamãe terminou!

Aos meus irmãos, Igor e Lígia, minhas cunhadas Ana Cristina, Andrea e

Thaty e minha sogra Liliana, pessoas muito especiais na minha vida;

À Lucia Pedrosa, minha primeira inspiração nos “caminhos da pesquisa”;

agradeço pela confiança e pela oportunidade do imensurável aprendizado; sinto-

me privilegiada de ter tido você como minha orientadora!

À Karla Suzanne, minha amiga-irmã. Seu apoio é fundamental em todos

os meus projetos, não só os acadêmicos, mas principalmente os de vida!

Às amigas, Ingrid, Priscilla, Gidyenne e Annamaria. Vocês dão um

colorido especial aos meus dias, obrigada por tudo meninas!

À Célia Márcia, pessoa querida, que entre risos e cafés, sempre me

incentiva a seguir em frente e acreditar que sou capaz;

À Igreja Batista Cidade Jardim, em especial aos Pastores Roberval

Joaquim e Márcio Martins e respectivas esposas, minhas amigas Nely e Nilce,

pelo exemplo de vida, pelos conselhos e pelos bons momentos que passamos

juntos; aos amigos Ana Cláudia e César;

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À Daline, Keith Hellen, Nathália Karoline, Márcia Marília, Camila Ricioli,

Camila Carvalho e Jeane Pires, que fizeram parte do “time do camarão” e que

com seus valiosos trabalhos colaboraram com a presente tese;

À Samara Alvachian Cardoso Andrade, pessoa maravilhosa que

contribuiu desde o início para a realização deste trabalho;

À Ângela Cardonha, por sua amizade e por todo apoio que tem me dado;

À Nély Holland, por ter acreditado e incentivado a realização desse

trabalho desde seu planejamento;

À Liana Pinheiro, Severina Carla e Clélia Lyra, companheiras de trabalho

e parceiras nessa caminhada rumo à titulação;

Às monitoras de Gestão em Alimentação Coletiva, Dayane Patrícia e

Sarine Nóbrega;

Aos professores e funcionários do Departamento de Nutrição da UFRN,

em especial, Silvano, Ruan, Érika, Nathaly e João;

Ao professor Roberto Dimenstein, que deu todo apoio para a realização

dos testes de determinação da astaxantina;

Aos que fizeram parte do Painel de Provadores da Análise Sensorial:

Fábio Resende, Daline Araújo, Ginetta Amorim, Joanna de Ângelis, Paula Lima,

Raquel Campos, Ingrid Bezerra e Sandra Nunes, meu eterno agradecimento;

À CAMANOR Produtos Marinhos LTDA, pela concessão das amostras de

camarão utilizadas nesta pesquisa;

Ao PPGCSA/UFRN, pela oportunidade de realizar um curso de doutorado

em um programa tão bem conceituado.

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SUMÁRIO

Agradecimentos...........................................................................................

Lista de Tabelas..........................................................................................

Lista de Abreviaturas...................................................................................

Resumo.......................................................................................................

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................

3 ANEXAÇÃO DE ARTIGOS.....................................................................

3.1 Artigo 1..................................................................................................

3.2 Artigo 2..................................................................................................

3.3 Artigo 3..................................................................................................

4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES.........................................

5 APÊNDICES.............................................................................................

5.1 Apêndice 1: Composição centesimal (%) e colesterol (mg/100) da

porção muscular do camarão L. vannamei.................................................

5.2 Apêndice 2: Trabalhos publicados em anais de congressos................

5.3 Apêndice 3: TCC originados a partir da tese.......................................

5.4 Apêndice 4: Levantamento dos atributos para ADQ.............................

5.5 Apêndice 5: Ficha de ADQ do camarão................................................

5.6 Apêndice 6: Astaxantina nos resíduos do camarão..............................

5.7 Apêndice 7: Registros Fotográficos.......................................................

6 ANEXO..................................................................................................

7 REFERÊNCIAS........................................................................................

Abstract…………………………………………………………………….........

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Lista de Tabelas

Tabela 1 pH of Whole Shrimp (WS), Peeled Shrimp (PS), and Peeled

Shrimp with dehydrated rosemary (RS) over a period of 180 days of

frozen storage (Tabela 1 do artigo 1).

Tabela 2 TBARS values (mg/(MDA·kg)–1) of Whole Shrimp (WS),

Peeled Shrimp (PS), and Peeled Shrimp with dehydrated rosemary

(RS) over a period of 180 days of frozen storage (Tabela 2 do artigo 1).

Tabela 3 Total carotenoid content (µg/g) of Whole Shrimp (WS),

Peeled Shrimp (PS), and Peeled Shrimp with dehydrated rosemary

(RS) over a period of 180 days of frozen storage (Tabela 3 do artigo 1).

Tabela 4 Sensorial Analysis of Whole Shrimp (WS), Peeled Shrimp

(PS), and Peeled Shrimp with dehydrated rosemary (RS) over a period

of 180 days of frozen storage (Tabela 4 do artigo 1).

Tabela 5 Carotenóides totais (μg/g) de resíduos do camarão

Litopennaeus vannamei e da farinha obtida após secagem, ao longo

do congelamento por 180 dias (Tabela 1 do artigo 2).

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Lista de Abreviaturas

L. vannamei Litopenaeus vannamei

CI Camarão inteiro

CD Camarão descascado

CA Camarão descascado com Alecrim desidratado

TBARS Thiobarbituric Acid-Reactive Substances

WS Whole Shrimp

PS Peeled Shrimp

RS PS with dehydrated Rosemary

QDA Quantitative Descriptive Analysis

ADQ Análise Descritiva Quantitativa

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Resumo

O cultivo do camarão marinho cresce mundialmente, sendo o Litopenaeus

vannamei (L. vannamei), a espécie mais cultivada na atualidade. O camarão é

um alimento atrativo por seu valor nutricional e aspectos sensoriais, sendo

essencial, a manutenção desses atributos ao longo do armazenamento. Os

objetivos da presente pesquisa foram avaliar características de qualidade do

camarão L. vannamei adicionado de alecrim (Rosmarinus officinalis) e

armazenado sob congelamento, assim como realizar a determinação da

concentração de carotenóides totais dos resíduos do camarão e da farinha

obtida após secagem. As amostras foram colocadas em embalagens de

polietileno e estocadas como Camarão Inteiro (CI), Camarão Descascado (CD)

e Camarão descascado adicionado de 0,5% de alecrim desidratado (CA).

Análises de TBARS, pH e carotenóides totais foram realizadas, assim como

análise sensorial utilizando Análise Descritiva Quantitativa (ADQ). As análises

físico-químicas e sensoriais do camarão L. vannamei armazenado sob

congelamento (-28,3±3,8°C), foram realizadas mensalmente, por um período

de 180 dias. Com relação às análises dos resíduos, estas foram realizadas no

material in natura e na farinha recém-processada (dia 0) e aos 60, 120 e 180

dias de armazenamento sob congelamento. No final do período de

armazenamento CA apresentou menor pH (p = 0,001) e valores de TBARS (p =

0,001) e concentração mais alta de carotenóides totais (p = 0,003), enquanto

CI demonstrou maior perda de carotenóides. A análise sensorial mostrou maior

firmeza para CI, porém estas amostras apresentaram sabor e cheiro de ranço

em maior intensidade (p = 0,001). Os provadores perceberam sabor de ranço

nas amostras CA apenas aos 120 dias de armazenamento, e em menor

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intensidade do que nas amostras de CI e CD (p = 0,001). No que se refere às

análises dos resíduos, observou-se concentração de 42,74μg/g de

carotenóides totais nos resíduos frescos e 98,51μg/g na farinha recém-

processada. Após 180 dias de armazenamento sob congelamento, os teores

de carotenóides totais diminuíram significativamente quando comparados ao

dia 0 (p<0,05). A adição de alecrim pode melhorar a qualidade sensorial do

camarão congelado e reduzir perdas de seu valor nutricional ao longo do

armazenamento sob congelamento. Os resíduos e a farinha do camarão L.

vannamei, apresentaram concentração considerável de astaxantina, que foi

reduzida ao longo do congelamento.

Descritores: Camarão, Alecrim, Resíduos, Valor Nutricional, Astaxantina.

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1 – INTRODUÇÃO

O camarão marinho sempre teve um papel marcante na culinária e na

economia do Estado do Rio Grande do Norte. Essa característica despontou ao

longo da história do seu povo: a tribo que habitava uma larga faixa litorânea do

território era denominada Potiguar, do tupi, “comedores de camarão”(1). Porém,

a fartura de outrora não é mais realidade nos mares atuais.

Uma vez que a simples captura de organismos aquáticos na natureza

depara-se com sinais evidentes de esgotamento, a demanda crescente por

quantidade e qualidade de alimentos vem impulsionando o desenvolvimento da

aquicultura. Neste contexto, a carcinicultura, por meio do cultivo de camarões

marinhos, vem ganhando destaque especial, que pode ser comprovado pelas

elevadas taxas de crescimento em sua oferta, tanto global como no Brasil(2).

Baseada na exploração do camarão Litopenaeus vannamei, a

carcinicultura vem assumindo importância social crescente no Brasil, em

especial na Região Nordeste, que responde por 98% da produção nacional do

setor(3). Com a queda nas exportações, o setor concentrou sua atenção no

mercado interno, sendo indispensável o desenvolvimento de produtos

diferenciados, com valor comercial agregado(4).

O camarão marinho cultivado e congelado se constitui em uma

commoditie, com preço internacional fixado na Bolsa de Commodities dos

Estados Unidos. A homogeneidade requerida por esse tipo de mercadoria é

uma vantagem que a carcinicultura oferece em relação ao produto capturado

no mar, uma vez que é possível exercer controle dos animais em cativeiro(5).

O camarão descascado e congelado é uma opção atrativa para o

consumidor, que busca cada vez mais praticidade no preparo se suas

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refeições. Porém, o processamento do camarão gera quantidades

consideráveis de resíduos sólidos na forma de cefalotórax e exoesqueleto, que

dependendo da espécie, compreendem 48-56% do peso do camarão(6). Devido

ao fato dos resíduos terem valor nutricional considerável, destacando-se

pigmentos carotenóides como a astaxantina(7), seu aproveitamento seria uma

alternativa viável para a indústria de alimentos, que geralmente descarta a

maior parte dos resíduos sem agregação de valor aos mesmos.

O pescado é altamente susceptível a alterações químicas, devido ao seu

elevado teor de água, pH neutro, ácidos graxos insaturados, aminoácidos

livres, e a presença natural de enzimas autolíticas(8). No camarão as mudanças

post mortem ocorrem mais rapidamente(9), sendo essencial a diminuição da

temperatura do produto logo após a despesca, para preservar suas

características e frescor natural(10).

O congelamento é um dos métodos mais efetivos para a preservação de

alimentos, devido a redução do crescimento microbiano e de reações

enzimáticas, minimizando a perda de qualidade. No entanto, as reações físicas

e químicas podem continuar ocorrendo durante o congelamento,

armazenamento e posterior descongelamento. As mudanças químicas incluem

a descoloração, desenvolvimento do ranço oxidativo, bem como alterações na

textura(11).

Para retardar o processo de oxidação em alimentos, o uso de

substâncias antioxidantes naturais, em detrimento dos sintéticos, surge como

uma alternativa promissora(12,13). O alecrim (Rosmarinus officinalis), geralmente

usado como condimento, tem demonstrado viabilidade como um antioxidante

natural(14,15). Sua utilização tem se mostrado eficaz na diminuição da oxidação

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durante o armazenamento tanto em produtos cárneos(16,17,18) como em

pescado(12,13,19,20), porém, dados sobre sua utilização em camarões congelados

são inexistentes.

Considerando-se o destaque do camarão L. vannamei para a economia

do país, associado à sua alta perecibilidade, é de suma importância

caracterizar os componentes de importância nutricional na porção muscular e

nos resíduos do beneficiamento, assim como avaliar o efeito de substâncias

bioativas na manutenção da sua qualidade durante o armazenamento sob

congelamento.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Caracterizar componentes de importância nutricional na porção muscular

do camarão Litopenaeus vannamei (L. vannamei) e nos resíduos do

beneficiamento, verificando sua estabilidade durante o armazenamento sob

congelamento.

1.1.2 Objetivos Específicos

Avaliar a estabilidade oxidativa da carne do camarão L. vannamei

durante o período de armazenamento sob congelamento;

Realizar análise sensorial da carne do camarão L. vannamei ao longo do

período de armazenamento sob congelamento;

Verificar a influência da presença do alecrim desidratado durante o

armazenamento, sob parâmetros sensoriais e físico-químicos da carne

do camarão L. vannamei ;

Verificar a presença de carotenóides nos resíduos do camarão L.

vannamei, assim como na farinha obtida.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Carcinicultura no Rio Grande do Norte

A carcinicultura brasileira é uma atividade relativamente nova, sendo as

primeiras tentativas de produção de camarão, realizadas no estado de

Pernambuco entre os anos de 1972 e 1974. Na mesma década, o governo do

Rio Grande do Norte criou o “Projeto Camarão” visando estudar a viabilidade

do cultivo de camarões em salinas desativadas, porém, a espécie utilizada

(Penaeus japonicus) não apresentou adaptabilidade frente ao ambiente

apresentado pelo país(2).

O Litopenaeus vannamei, conhecido como “Camarão Branco do

pacífico”, ou “Camarão Cinza” introduzido no Brasil na década de 80,

demonstrou alta adaptabilidade às condições climáticas brasileiras, devido à

sua rusticidade, rapidez no crescimento e ampla faixa de tolerância à

salinidade(21).

A partir de 1997 a carcinicultura brasileira cresceu em ritmo acelerado,

atingindo a produção de 90.190t no ano de 2003, no entanto, a partir de 2004

confrontou-se com sérios problemas, causados por fatores como a ação

antidumping, que resultou na perda do mercado americano, a perda de

competitividade das exportações, resultado da desvalorização do dólar e ainda

a incidência do Vírus da Mionecrose Infecciosa(4).

A alternativa que se apresentou para a recuperação setorial foi a

exploração do mercado interno, o qual absorveu 98% da produção nacional de

camarão cultivado em 2010(3). O aumento da produção para o mercado interno

fez aumentar significativamente o consumo de camarão pela população

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brasileira. O consumo per capita brasileiro em 2009 foi de 0,545

kg/habitante/ano, valor maior do que o registrado no triênio 2001-2003 de

0,18kg. Entretanto, esse consumo é considerado pequeno quando comparado

ao de outros países. O México, Estados Unidos e Espanha consomem,

respectivamente, 1,6kg,1,9kg e 3,5kg de camarão por ano(22).

Assim, esse mercado se encontra hoje no alvo das atenções do setor,

sendo essencial o desenvolvimento de produtos com valor agregado e

apresentação diferenciada, elaborados especialmente para atender as

demandas do consumidor brasileiro(23). A situação atual do mercado brasileiro

justifica a necessidade do desenvolvimento de produtos de valor agregado no

menor prazo possível, compensando assim alguns prejuízos derivados de

exportação de matéria-prima a preço baixo(24).

Para atender as demandas do mercado, parte do camarão produzido é

vendido descabeçado e/ou descascado, fazendo com que exista, nas unidades

de processamento uma grande quantidade de resíduos, compostos

principalmente pelo cefalotórax e exoesqueleto(25). Tendo em vista o valor

nutricional dos resíduos do beneficiamento do camarão, tem surgido grande

interesse no seu reaproveitamento para o desenvolvimento de produtos de

valor agregado.

2.2 Valor Nutricional do Camarão

A carne do camarão é excelente fonte de proteínas, ácidos graxos

insaturados como eicosapentaenóico (20:5n3, EPA) e docosahexaenóico

(22:6n3, DHA), considerados essenciais. É também fonte de minerais como

magnésio, cálcio e ferro(26). Segundo a Tabela de Composição de Alimentos

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(27), a composição de 100g de parte comestível do camarão cru de água

salgada apresenta 89,1% de umidade; 10,0% de proteína; 0,5% de lipídeos; e

0,8% de cinzas. Estudo realizado na cidade de Natal-RN, descreve valores de

88,4% de umidade, 10,6% de proteínas e 0,36% de lipídeos no camarão da

espécie Penaeus brasiliensis (28).

Outra classe de compostos de interesse nutricional encontrada em

camarões são os pigmentos carotenóides, destacando-se a concentração de

astaxantina e seus ésteres(29). A carne rosada e a cor brilhante que

naturalmente ocorre nos camarões e em peixes como salmão e truta se devem

primeiramente a este carotenóide. Na natureza, o zooplâncton marinho

presente na dieta de animais, como o salmão e crustáceos, é o responsável

pelo suprimento de astaxantina(30).

Os carotenóides também estão presentes nos resíduos gerados durante

o processamento do camarão. A concentração de carotenóides totais no

exoesqueleto é consideravelmente maior do que no músculo abdominal(31).

Sachindra et al., (2005; 2007)(6, 7) encontraram valores de variando de 43,9 a

47,86 µg/g em resíduo constituído por cefalotórax e exoesqueleto de camarão

da espécie Penaeus indicus.

2.3 Alterações no armazenamento do camarão

O camarão congelado é um produto de alto valor comercial, com

demanda crescente devido seu preço competitivo e longa vida de prateleira(32).

O congelamento é um importante método de preservação do pescado, ainda

que alterações na qualidade, especialmente textura, sabor e cor possam

ocorrer durante o armazenamento sob congelamento(33). Camarões

descascados e congelados a -18°C possuem um vida de prateleira de cerca de

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6 meses e mudanças gradativas na qualidade são observadas devido à

exposição à luz, oxigênio na atmosfera das embalagens e flutuações de

temperatura durante o armazenamento (34).

O processo congelamento-descongelamento leva à alteração nos

tecidos musculares pela formação de cristais de gelo, desidratação e perda de

líquidos, ocasionando mudanças na textura. Sriket et al. (2007)(26) observaram

desnaturação protéica, ruptura no tecido e danos às fibras musculares no

camarão Litopenaeus vannamei submetido a diferentes ciclos de

congelamento. Yamagata & Low (1995)(35) verificaram que camarões

congelados a -10°C perderam a firmeza em 7 semanas. Os produtos

armazenados a -20°C por 6 meses também apresentaram textura menos firme.

A oxidação dos lipídeos, responsável pelo aparecimento de sabores e

aromas próprios da rancificação, é uma das reações químicas de maior

importância em produtos congelados(36). A peroxidação lipídica na carne de

pescado pode ser iniciada por autoxidação, oxidação fotosensível ou por

reações enzimáticas associadas com lipoxigenase, peroxidase e enzimas

microbianas(37). Na oxidação lipídica, hidroperóxidos instáveis são formados e

se decompõe rapidamente a hidrocarbonos de cadeia curta como os aldeídos;

estes produtos finais podem ser detectados como TBARS(38). Tsironi et al.

(2009)(32) relataram intensa oxidação lipídica em camarão armazenado a -5 e -

8°C. Para as amostras armazenadas durante 9 meses a -12 e -15°C, foi

observado um pequeno, mas significativo aumento da oxidação.

Alterações na cor dos alimentos também podem decorrer de reações

químicas ou enzimáticas que afetam compostos como os carotenóides(36).

Alterações na cor do camarão ao longo do congelamento foram relatadas por

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Tsironi et al. 2009 (32). Regost et al. 2004(39), demonstraram diminuição na

concentração de astaxantina em filé de salmão (Salmo salar), após cerca de 2

meses de congelamento a -20°C.

2.4 Uso de substâncias antioxidantes

Atualmente, há um crescente interesse no uso de substâncias naturais

em alimentos, em substituição aos antioxidantes sintéticos. Antioxidantes são

compostos ou sistemas, que retardam a autoxidação pela inibição de radicais

livres ou pela interrupção da propagação destes(40).

O alecrim (Rosmarinus officinalis L.), pertencente à família Lamiaceae,

está entre as especiarias que demonstram efeito antioxidante devido ao alto

conteúdo de componentes fenólicos(41). Os constituintes com maior atividade

antioxidante no alecrim são os fenólicos diterpenos como o ácido carnosico,

carnosol, rosmanol, rosmadial, epirosmanol; e ácidos fenólicos como o ácido

rosmarínico (40).

O uso do alecrim tem demonstrado resultados satisfatórios na

preservação da qualidade em carnes, frango, pescado e derivados(13,18,19,42,43).

Afonso & Sant’Ana 2008(12), verificaram que o alecrim exerceu ação protetora

frente à oxidação lipídica, em filés de tilápia salgados, congelados a -18 C. Em

estudo desenvolvido por Cadun et al. (2008)(20), a adição de extrato de alecrim

em camarões estocados sob refrigeração resultou em menor oxidação quando

comparados com o mesmo produto estocado sem o referido extrato. A análise

sensorial realizada por provadores treinados confirmou a qualidade superior do

camarão armazenado com o extrato de alecrim.

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3. ANEXAÇÃO DE ARTIGOS

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Artigo 1

Publicado no Journal of Food Quality, volume 34, páginas 363-369, Outubro de

2011 (J. Food Qual. - ISSN 0146-9428)

FI: 0,534 (B2 para Área Medicina II – CAPES)

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Artigo 2

Enviado para publicação em 28/04/2011 para a Revista Ceres como

“Comunicação Científica” (Rev. Ceres - ISSN 2177-3491)

(B4 para Área Medicina II – CAPES)

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Carotenóides totais em resíduos do camarão Litopenaeus vannamei*

Larissa Mont’Alverne Jucá Seabra1**, Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves

Damasceno2, Camila Ricioli da Silva3, Camila de Carvalho Gomes3, Lucia Fátima

Campos Pedrosa2

RESUMO

Considerando-se o possível aproveitamento dos resíduos provenientes do

beneficiamento do camarão, realizou-se no presente trabalho a determinação da

concentração de carotenóides totais dos resíduos do camarão Litopenaeus vannamei

e da farinha obtida após secagem. As análises foram realizadas nos resíduos in

natura e na farinha recém-processada (dia 0) e aos 60, 120 e 180 dias de

armazenamento sob congelamento. Os resíduos frescos apresentaram 42,74μg/g de

carotenóides totais e a farinha recém-processada 98,51μg/g. Após 180 dias de

armazenamento sob congelamento, os teores de carotenóides totais diminuíram

significativamente quando comparados ao dia 0 (p<0,05).

Palavras-chave: Carotenóides, astaxantina, camarão, farinha

ABSTRACT

Total carotenoids in wastes of Litopenaeus vannamei shrimp

Considering the reutilization of the processing shrimp wastes, total carotenoids

analysis were conducted in waste of Litopenaeus vannamei shrimp and in the flour

obtained after dryer. Carotenoid total analysis was carried out in fresh wastes and

processed flour (0 day) and after 60, 120 and 180 days of frozen storage. Fresh

wastes had 42.74μg/g of total carotenoids and processed flour 98.51μg/g. After 180

days of frozen storage, total carotenoids were significantly lower than 0 day (p<0,05).

Key words: Carotenoids, astaxanthin, shrimp, flour

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*Extraído da Tese de Doutorado intitulada “Camarão Litopenaeus vannamei:

componentes de importância nutricional na carne e na farinha obtida a partir dos

resíduos do beneficiamento”. 1Nutricionista, Doutoranda do Programa de Pós-

graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Avenida General Gustavo Cordeiro de Farias S/N, 59010-180, Natal, RN, Brasil.

**[email protected] (autor para correspondência)

2Nutricionistas, Doutoras. Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Avenida General Gustavo Cordeiro de Farias S/N, 59010-180,

Natal, RN, Brasil. [email protected]; [email protected]

3Nutricionistas, Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Avenida General Gustavo Cordeiro de Farias S/N, 59010-180, Natal, RN,

Brasil. [email protected]; [email protected]

INTRODUÇÃO

O camarão branco do pacífico (Litopenaeus vannamei) é uma importante

espécie comercial, responsável por 90% da produção global de camarão cultivado

(Nirmal & Benjakul, 2009). No Brasil, as condições climáticas favoráveis e o domínio

das tecnologias de produção transformaram o país em principal produtor de camarões

das Américas (Poersch et al., 2006). Parte do camarão produzido é comercializada

congelada sem o cefalotórax, ou na forma de filé, gerando grande quantidade de

resíduos, que são muitas vezes descartados incorretamente podendo acarretar

problemas ambientais.

Considerando que os resíduos do beneficiamento do camarão são constituídos

de proteínas, lipídeos, minerais, quitina, além de serem fontes de carotenóides

(Chakrabarti, 2002), seu reaproveitamento proporcionaria fonte alternativa de

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nutrientes para a alimentação animal ou mesmo humana, aumentando a produtividade

do setor, além de contribuir para a diminuição do descarte clandestino no meio

ambiente.

A astaxantina é o principal carotenóide encontrado em crustáceos (Niamnuy et

al., 2008). Seu elevado poder antioxidante tem demonstrado efeitos benéficos em

várias doenças como câncer e hipertensão, aumentado assim o interesse por fontes

de astaxantina (Hussein et al., 2005; Hix et al., 2005). Devido ao alto custo dos

pigmentos sintéticos e a valorização dos produtos naturais, os resíduos produzidos

durante o beneficiamento do camarão poderiam ser utilizados como fonte de

pigmentos carotenóides em produtos alimentícios (Mandeville et al., 1992), ou em

rações utilizadas na aquacultura (Liñán-Cabello & Paniagua-Michel, 2004; Flores et

al., 2007).

Dados referentes à concentração de carotenóides em resíduos de camarão

cultivado no Brasil, ainda são escassos. Desta forma, objetivou-se determinar a

concentração de carotenóides totais em resíduos e farinha do camarão L. vannamei

ao longo do armazenamento sob congelamento.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostras foram constituídas de três lotes do camarão L. vannamei

fornecidos por uma empresa localizada no estado do Rio Grande do Norte, Brasil.

Cada lote foi constituído de 20kg de camarão fresco (80-90 camarões/kg), proveniente

de três diferentes viveiros, os quais foram homogeneizados para uma maior

representatividade da amostra. Os lotes foram obtidos no momento da despesca,

colocados em caixa de isopor com gelo e transportados para o Laboratório de

Análises de Alimentos do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. O camarão foi descascado no mesmo dia para obtenção dos

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resíduos (cefalotórax, exoesqueleto e télsons) e da farinha utilizados nas análises. A

farinha foi obtida por meio da secagem do resíduo em estufa a 70ºC por 8 horas,

seguida de trituração em processador de alimentos doméstico, de acordo com

Damasceno (2007). A porção muscular do camarão foi destinada à outra pesquisa, no

mesmo laboratório.

A análise de carotenóides totais no tempo zero foi realizada no mesmo dia do

recebimento. O restante do resíduo e da farinha foi armazenado sob congelamento (-

28,3ºC±3,8) em embalagens individuais de polietileno (1kg) e identificados

individualmente de acordo com o tipo de amostra (resíduo ou farinha) e período de

armazenamento (60, 120 e 180 dias). Antes da realização das análises, as

embalagens contendo os resíduos, foram colocadas sob refrigeração (4ºC±0,2) por

um período de 12 horas, quando então foi realizada a trituração destes. As análises

da farinha foram realizadas imediatamente após sua retirada do freezer. Cada

amostra consistiu de porções de 1kg que foram divididas aleatoriamente para a

realização das análises em triplicata. Com o intuito de caracterizar as amostras, foi

realizada a análise da composição dos resíduos do camarão e da farinha no dia 0,

sendo as determinações de umidade e cinzas realizadas de acordo com Brasil (2005);

proteínas de acordo com Bradford (1976); e o teor de lipídeos segundo Bligh & Dyer

(1959). Os valores percentuais de umidade, cinzas, lipídeos e proteínas foram

respectivamente de 73,7±0,58; 5,0±0,14; 2,7±0,62 e 0,7±0,06, para os resíduos e de

8,9±0,23; 15,7±0,25; 8,1±0,04 e 11,8±0,78, para a farinha.

A extração dos carotenóides totais foi realizada de acordo com Sachindra et al.

(2007), em 2,5g das amostras de farinha e resíduo, utilizando-se uma mistura de

hexano e isoproponol (60:40). O cálculo da concentração de carotenóides, expresso

em µg de astaxantina/g amostra, foi realizado de acordo com a seguinte fórmula:

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Carotenóides(µg/g) = A468nm x Vextrato x F / 0,2 x P amostra

onde, A é a absorbância, V é o volume do extrato e 0,2 é absorbância a 468 nm de 1

µg/ml de astaxantina padrão e P é o peso da amostra em gramas.

Para verificar diferenças nos valores de carotenóides totais ao longo do período

de armazenamento, realizou-se Análise de Variância (ANOVA), seguida do teste de

Duncan a 5% de significância. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o

“software” “Statistica for windows” (Statsoft, Inc., 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de carotenóides totais do resíduo fresco e da farinha de

resíduos de camarão, no presente estudo, foram de 42,74 e 98,51μg/g,

respectivamente (Tabela 1). Sachindra et al., 2007 encontraram concentração de

47,86 µg/g de carotenóides totais em resíduos de camarão da espécie Penaeus

indicus.

Como a astaxantina é o principal carotenóide presente em crustáceos

(Niamnuy et al., 2008), o aproveitamento dos resíduos do camarão em produtos

alimentícios, além de contribuir para a aceitação sensorial dos mesmos, poderia

aumentar seu valor nutricional. Estudos sugerem que para se obter os efeitos

benéficos da astaxantina é necessário um consumo diário de cerca de 4mg deste

carotenóide (Parisi et al., 2008; Satoh et al. 2009). As cápsulas de astaxantina

comercializadas em alguns países possuem concentração variando entre 4 a 20mg

(Seabra & Pedrosa, 2010). Considerando os valores obtidos no presente estudo, em

100g de resíduo ou de farinha de camarão, os teores de carotenóides totais

corresponderam a 4,27 e 9,85 mg, respectivamente. Assim, sugere-se que estes

produtos tenham potencial para o desenvolvimento de produtos alimentícios ricos em

astaxantina.

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Tabela 1

Observa-se ainda na Tabela 1 que a concentração de carotenóides totais

diminuiu significativamente (p<0,05) ao longo do período de armazenamento, tanto

para os resíduos como para a farinha de camarão. Os carotenóides podem se

decompor devido a fatores como exposição ao oxigênio, luz e altas temperaturas; a

exclusão de oxigênio, proteção contra a luz, assim como a diminuição de temperatura

diminuem a decomposição de carotenóides durante o armazenamento (Rodriguez-

Amaya & Kimura, 2004).

Niamnuy et al. (2008), verificaram maior perda de astaxantina em camarões

desidratados a 80 C do que nas amostras submetidas à desidratação em temperatura

de 120 C. Segundo os autores, em temperaturas mais elevadas ocorre a diminuição

do tempo necessário para alcançar a umidade desejada para camarões desidratados,

diminuindo assim a perda do pigmento, já que períodos de secagem mais longos

resultam em maior tempo para a hidrólise da astaxantina esterificada, resultando em

maior concentração de astaxantina livre que é mais susceptível à oxidação.

Neste estudo tanto os resíduos na sua forma in natura, como a farinha obtida

após a secagem, foram armazenados sob temperatura de congelamento em

embalagens plásticas, porém sem fechamento a vácuo, o que provavelmente

contribuiu para a diminuição do teor de carotenóides.

CONCLUSÕES

Os resíduos do camarão L. vannamei e da farinha obtidos após secagem

possuem concentração considerável de carotenóides totais, entretanto, podem sofrer

perdas ao longo do tempo de armazenamento. É importante a realização de estudos

que utilizem condições especiais de armazenamento, com o intuito de diminuir a

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perda de carotenóides e potencializar o uso destes produtos como fontes de

astaxantina.

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Tabela 1 - Carotenóides totais (μg/g) de resíduos do camarão Litopennaeus

vannamei e da farinha obtida após secagem, ao longo do congelamento por 180

dias.

Tempo (dias)

0 60 120 180

Resíduo 42,74a±1,75 36,63b±0,21 34,66bc±0,83 31,47c±1,61

Farinha 98,51a±0,78 80,00b±0,27 74,20c±1,64 65,41d±1,13

Na horizontal, letras minúsculas iguais não diferem significativamente (p>0,05).

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Artigo 3

Publicado na Revista de Nutrição, volume 26(3), páginas 1041-1050,

Novembro/Dezembro de 2010 (Rev. Nutr. - ISSN 1415-5273)

FI: 0,395 (B2 para Área Medicina II – CAPES)

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4 – COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES

A importância da temática abordada na presente tese foi evidenciada após

a realização de um projeto de pesquisa desenvolvido no Departamento de

Nutrição/UFRN intitulado “Caracterização dos resíduos do camarão L. vannanei e

a viabilidade de obtenção de farinha de resíduos para utilização em produtos

alimentícios”. No referido projeto, foram realizadas análises referentes à

caracterização do resíduo gerado no beneficiamento do camarão e da farinha

obtida para ser usada como ingrediente em produtos alimentícios. A análise dos

carotenóides (astaxantina) dos resíduos não foi contemplada no projeto citado e

devido à falta de dados referentes ao camarão brasileiro, evidenciou-se a

necessidade da determinação deste composto nos resíduos do camarão L.

vannamei, que é o mais produzido no Brasil, tendo sua produção concentrada

nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará.

Devido ao fato desta espécie ser a mais produzida no país e atualmente a

mais consumida, foi evidenciada ainda, a importância de se estudar os

componentes de importância nutricional presentes na porção muscular (carne) do

camarão L. vannamei, assim como alternativas para a manutenção de sua

qualidade físico-química e sensorial durante o armazenamento. Devido à

susceptibilidade do camarão frente à oxidação lipídica, fato descrito na literatura e

reforçado em um dos trabalhos que fizeram parte do estudo piloto, optou-se por

estudar a oxidação do camarão armazenado sob congelamento e adicionado de

um ingrediente natural com poder antioxidante. Assim, foi escolhido o alecrim

(Rosmarinus officinalis), que tem sido descrito como um antioxidante natural

(Erkan et al., 2008; Georgantelis et al., 2007), e que tem sabor amplamente

aceito pelos consumidores.

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Desta forma, o foco do trabalho foi direcionado para a porção muscular do

camarão, incluindo a análise de estabilidade oxidativa (TBARS), assim como a

realização da análise sensorial durante o período de armazenamento, dados

esses que geraram o artigo “Effect of rosemary on the quality characteristics

of white shrimp (Litopenaeus vannamei)”, publicado no Journal of Food

Quality, volume 34, de Outubro de 2011, apresentado no corpo da tese.

Demonstrou-se neste estudo, a eficácia da adoção do uso de um ingrediente

natural na melhoria das características de qualidade do camarão congelado.

Os resíduos gerados no beneficiamento do camarão (cefalotórax e

exoesqueleto) foram analisados quanto à composição química e concentração de

carotenóides totais, compostos basicamente por astaxantina. Juntamente com

informações referentes à farinha obtida a partir dos resíduos, esses dados

compuseram o artigo “Carotenóides totais em resíduos do camarão

Litopenaeus vannamei”, enviado para a Revista Ceres, também já descrito na

tese.

A leitura ampla de vários trabalhos científicos sobre a astaxantina, suas

fontes e papel na saúde, forneceu a base para a escrita de 1 artigo de revisão

intitulado “Astaxanthin: Structural and functional aspects” publicado na

Revista de Nutrição volume 23(6), 2010.

O apêndice 1 mostra a composição química da carne do camarão L.

vannamei, assim como seu teor de colesterol, dados não incluídos nos artigos. É

importante ressaltar o baixo teor de lipídeos totais e colesterol na carne do

camarão L. vannamei estudado, que, somando-se ao seu alto teor protéico, e

concentração de astaxantina, tornam a carne deste crustáceo um alimento com

valor nutricional ímpar.

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No primeiro semestre do ano de 2008 foi realizado um estudo piloto, com

amostras da mesma espécie e provenientes dos mesmos viveiros que as

amostras utilizadas posteriormente para gerar os dados obtidos na tese. Dados

parciais obtidos no estudo piloto geraram 1 trabalho apresentado no XXI

Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos e 1 trabalho

apresentado no 8 Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos (apêndice

2).

Os dados obtidos ao longo do período de desenvolvimento da pesquisa

geraram, além dos 3 artigos citados anteriormente, 3 trabalhos apresentados no

Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos e 2 XXII no Congresso

Brasileiro de Ciência e Tecnologia de alimentos (apêndice 2).

Durante a execução da tese, foram realizados também, sete (7) Trabalhos

de Conclusão de Curso de graduação em Nutrição (apêndice 3). A participação

de alunas de graduação em Nutrição foi de importância imensurável, uma vez

que, o grande número de análises simultâneas, seria de difícil execução sem a

colaboração das mesmas. A participação das discentes foi muito importante pelo

fato destas vivenciarem de perto os “bastidores” do andamento de um projeto de

pesquisa, assim como pela estreita relação que os alunos de Iniciação Científica

desenvolvem com a docência. Das sete alunas que participaram da pesquisa, 3

já passaram pelo quadro de professor substituto do Departamento de Nutrição,

todas já envolvidas com seus projetos de mestrado.

É importante ressaltar o imenso aprendizado durante a realização da

Análise Sensorial das amostras. A Análise Descritiva Quantitativa (ADQ)

apresenta vantagens sobre os outros métodos de avaliação, como: a confiança

no julgamento de uma equipe de julgadores treinados, ao invés de grupos

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especializados; desenvolvimento de uma linguagem descritiva objetiva, mais

próxima à linguagem do consumidor; desenvolvimento consensual da

terminologia descritiva a ser utilizada, o que implica em maior concordância de

julgamentos entre provadores; os produtos são analisados com repetições e os

resultados são analisados estatisticamente(44,45). Tendo em vista as vantagens de

se trabalhar com uma equipe de provadores treinados e a importância do

camarão na alimentação e na economia do país, fica clara a relevância da

formação de um painel de provadores treinados para avaliar o perfil sensorial do

camarão armazenado sob congelamento.

Durante a Análise Sensorial, foi de extrema importância, a colaboração

dos demais membros do projeto de pesquisa. Estes estiveram presentes

auxiliando na organização das análises desde a fase do recrutamento e seleção

dos provadores, como também no desenvolvimento da terminologia descritiva

(apêndice 4) e ficha de ADQ (apêndice 5) e por fim, nas análises das amostras. O

protocolo referente à realização da análise sensorial foi submetido, julgado e

aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (anexo 1).

Com relação às dificuldades encontradas pode-se relatar que nos

primeiros meses das análises constatou-se a impossibilidade da continuidade da

determinação de colesterol devido à mesma ser de difícil execução, demandando

muito tempo e alto custo. O valor apresentado no apêndice 1 refere-se à média

(triplicata) dos resultados obtidos no dia zero do experimento. A análise de perfil

de ácidos graxos da carne do camarão, não foi realizada devido à não

consolidação de parcerias com Laboratórios externos à UFRN.

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A análise de astaxantina por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

(CLAE), foi realizada no Laboratório de Nutrição do Departamento de Bioquímica

da UFRN. Para esta análise foi utilizado cromatógrafo LC-10 AD Shimadzu,

acoplado a um detector SPD-10A Shimadzu UV-VIS e integrador Chromatopac

C-R6A, com uma coluna e pré-coluna CG nucleosil C18 de 4,6mm x 25cm.

Porém, devido a problemas técnicos que impossibilitaram a continuação das

análises, estes resultados, descritos no apêndice 8, também não foram incluídos

nos artigos, mas resultaram em um Trabalho de Conclusão de Curso de

graduação e um resumo publicado no Congresso Brasileiro de Ciência e

Tecnologia de Alimentos em 2010.

O cronograma previsto para o desenvolvimento da pesquisa foi cumprido.

Mesmo dentro das limitações atuais de infra-estrutura da área de Ciência de

Alimentos do Departamento de Nutrição da UFRN, foi possível obter uma

publicação em periódico relevante. Considerando a entrada como aluna regular

do PPGCSA em novembro de 2008, a defesa da tese ocorre antes do prazo final

(outubro de 2012). Vale ressaltar que a estrutura da presente tese segue o novo

modelo sugerido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

(PPGCSA/UFRN).

A doutoranda faz parte do Grupo de Pesquisa Alimentos, Nutrição e Saúde

(BCD 109-01), do Departamento de Nutrição da UFRN. No período de

desenvolvimento da tese, 5 sub-projetos foram cadastrados no referido grupo e

outros se encontram na fase de planejamento, já que o desdobramento desta

pesquisa acontecerá com a realização do estudo da extração dos pigmentos

carotenóides dos resíduos de camarão com óleo vegetal e sua utilização em

produtos comestíveis. A continuidade de estudos nesta temática resultará em

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indicadores de progresso e de acordo com as perspectivas em discussão,

fortalecerá uma linha de pesquisa na Pós-graduação em Nutrição prevista para o

próximo triênio.

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5- APÊNDICES

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60

APÊNDICE 1

Composição química (%) e colesterol (mg/100) da

porção muscular do camarão L. vannamei.

Média ± DP

Umidade 75,10 ± 0,15

Cinzas 1,76 ± 0,04

Lipídeos 0,26 ± 0,01

Proteína 20,46 ± 0,16

Colesterol 30,44 ± 5,65

A análise da composição química(46) e a determinação de colesterol(47) na

carne do camarão L. vannamei, foram realizadas no dia 0, ou seja, no dia do

recebimento das amostras.

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APÊNDICE 2

TRABALHOS PUBLICADOS EM ANAIS DE CONGRESSOS

SEABRA, L.M.J.; ARAÚJO, D.F.S.; DAMASCENO, K.F.S.C.; PEDROSA, L.F.C.

Determinação de colesterol na carne, resíduo (cefalotórax) e farinha do camarão

branco do pacífico (Litopenaeus vannamei). XXI Congresso Brasileiro de Ciência

e Tecnologia de Alimentos, 2008. Belo Horizonte.

SEABRA, L.M.J.; DANTAS, M.M.G.; DAMASCENO, K.F.S.C.; PEDROSA, L.F.C.

Estabilidade oxidativa do camarão Litopenaeus vannamei durante o período de

armazenamento. 8 Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos. 2009,

Campinas.

SEABRA, L.M.J.; SOARES, N.K.M.; DAMASCENO, K.F.S.C.; PEDROSA, L.F.C.

Seleção e treinamento de um painel sensorial para a análise de camarão. 8

Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos. 2009, Campinas.

SEABRA, L.M.J.; GOMES, C.C.; DAMASCENO, K.F.S.C.; PEDROSA, L.F.C.

Concentração de carotenóides totais no camarão L. vannamei armazenado sob

congelamento. 8 Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos. 2009,

Campinas.

SEABRA, L.M.J.; SILVA, C.R.; DAMASCENO, K.F.S.C.; PEDROSA, L.F.C.

Composição Centesimal dos Resíduos do Camarão L. vannamei. XXII Congresso

Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos. 2010, Salvador.

SEABRA, L.M.J.; PIRES, J.F.; DIMENSTEIN, R.; PEDROSA, L.F.C.

Determinação da Concentração de Astaxantina em Resíduos do Beneficiamento

do camarão Litopenaeus vannamei. XXII Congresso Brasileiro de Ciência e

Tecnologia de Alimentos. 2010, Salvador.

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APÊNDICE 3

TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇAO ORIGINADOS

A PARTIR DA TESE

1 – Determinação do colesterol da carne e do resíduo (cefalotórax) do camarão

Litopenaeus vannamei. 2008.

Aluno: Daline Fernandes Soares Araújo

Curso de Graduação: Nutrição

2 – Avaliação de carotenóides totais em resíduos no beneficiamento do camarão

(Litopenaeus vannamei). 2008.

Aluna: Keith Hellen Dias da Silva

3 – Avaliação da estabilidade oxidativa do camarão Litopenaeus vannamei

armazenado sob congelamento. 2008.

Aluna: Márcia Marília Gomes Dantas

Curso de Graduação: Nutrição

4 – Perfil sensorial do camarão Litopenaeus vannamei armazenado sob

congelamento. 2009.

Aluna: Natália Karoline de Medeiros Soares

Curso de Graduação: Nutrição

5 – Carotenóides Totais no Camarão Litopenaeus vannamei: Influência do

Alecrim (Rosmarinus officinalis) e da Presença do exoesqueleto. 2009.

Aluna: Camila Carvalho Gomes

Curso de Graduação: Nutrição

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6 – Determinação da concentração de astaxantina em resíduos do

beneficiamento do camarão Litopenaeus vannamei. 2010.

Aluna: Jeane Franco Pires

Curso de Graduação: Nutrição

7 – Carotenóides totais e composição centesimal de resíduos de camarão

Litopenaeus vannamei. 2010.

Aluna: Camila Ricioli Gomes

Curso de Graduação: Nutrição

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APÊNDICE 4

Levantamento dos atributos para Análise Descritiva Quantitativa do camarão.

ATRIBUTO DEFINIÇÃO REFERÊNCIAS

Aparência

Cor Característica de camarão cozido

Salmão: Camarão cozido Laranja: Camarão frito

Textura

Firmeza Propriedade de textura relacionada a resistência ao corte com faca ou garfo

Pouco: Filé de peixe cozido Muito: Nuggets de frango ao forno

Maciez Força mínima para mastigação e homogeneização da amostra na boca

Pouco: Nuggets de frango ao forno Muito: Filé de peixe cozido

Suculência Propriedade de textura relacionada a liberação de líquido (suco) pelo alimento ao ser mastigado

Nenhuma: Biscoito Muita: Melancia

Aroma

Aroma de camarão cozido

Aroma característico de camarão cozido

Leve Forte

Aroma de camarão com ervas

Aroma característico de camarão temperado com ervas

Nenhum: Camarão cozido sem ervas. Forte: Camarão cozido com ervas.

Cheiro de ranço Aroma de gordura ou óleo oxidado

Nenhum: óleo novo Forte: óleo velho

Sabor

Sabor de camarão cozido

Sabor característico de camarão cozido

Leve Acentuado

Sabor de camarão com ervas

Sabor característico de camarão temperado com ervas

Nenhum: Camarão cozido sem ervas. Acentuado: Camarão cozido com ervas.

Sabor adocicado Sabor característico do camarão cozido sem sal

Pouco doce: Camarão cozido com sal Muito doce: Camarão cozido sem sal

Sabor de ranço Sabor de gordura ou óleo oxidado

Nenhum: óleo novo Forte: óleo velho

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APÊNDICE 5

Ficha de Análise Descritiva Quantitativa do camarão

ANÁLISE DESCRITIVA QUANTITATIVA DO CAMARÃO FILÉ E FILÉ COM ALECRIM.

Nome: __________________________________________________________ Data _____/_____/_____

Instruções: Analise atentamente a amostra e marque com um traço vertical o ponto da escala que melhor

quantifica a intensidade de cada descritor avaliado.

APARÊNCIA

Cor _______________________________________________ Salmão Laranja

TEXTURA

Firmeza: _______________________________________________

Pouco firme Muito firme

Maciez: _______________________________________________

Pouco macio Muito macio

Suculencia: _______________________________________________

Nenhuma suculência Muita suculência

AROMA

Característico de

camarão cozido: _______________________________________________

Leve Forte

Característico de

camarão com ervas: _______________________________________________

Nenhum Forte

Cheiro de ranço: _______________________________________________

Nenhum Forte

SABOR

Sabor de

camarão cozido: _______________________________________________

Leve Intenso

Sabor de camarão

com ervas: _______________________________________________

Nenhum Intenso

Sabor adocicado: _______________________________________________ Pouco doce Muito doce

Sabor de ranço: _______________________________________________

Nenhum Forte

Muito Obrigada!

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APÊNDICE 6

Concentração de astaxantina (μg/g) nos resíduos (cefalotórax e

exoesqueleto) do camarão L. vannamei

AMOSTRA MÉDIA + DESVIO PADRÃO

1 53,61 + 0,20

2 57,51 + 0,42

3 57,92 + 0,01

4 58,83 + 0,04

Média 56,97 + 2,31

A determinação da concentração de astaxantina foi realizada em triplicata,

em 4 amostras, por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Após a

extração dos carotenóides com uma mistura de hexano:isopropanol (60:40)(7),

foram injetados 20µL de cada amostra e a fase móvel utilizada foi composta por

metanol, diclorometano, acetonitrila e água na proporção 49:40:10:1, em fluxo de

1mL/minuto(48). A identificação e quantificação da astaxantina nas amostras

foram estabelecidas por comparação com o tempo de retenção e área do padrão

de astaxantina 92% (SIGMA). O comprimento de onda utilizado para a leitura foi

470 nm e coeficiente de extinção específico (E1% = 2.100) (ε 1%, 1 cm em

metanol) (49).

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APÊNDICE 7

REGISTROS FOTOGRÁFICOS

Camarão L. vannamei recém-despescado

Resíduos do beneficiamento

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Resíduos após a secagem em estufa

Farinha de resíduos do beneficiamento do camarão

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Camarão adicionado de alecrim desidratado

Amostras de camarão apresentadas aos provadores

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6- ANEXO

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ANEXO 1

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carotenoid of biotechnological importance from yeast and salmonid fish.

Mycologist 2003; (17): 30-34.

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Abstract

Farming of marine shrimp is growing worldwide and the Litopenaeus vannamei (L.

vannamei) shrimp is the species most widely cultivated. Shrimp is an attractive food for

its nutritional value and sensory aspects, being essential the maintenance of this

attributes throughout storage, which takes place largely under freezing. The aim of this

research was to evaluate quality characteristics of Litopenaeus vannamei shrimp,

during freezing storage and to verify the effect of rosemary (Rosmarinus officinalis)

adding. Considering the reutilization of processing shrimp wastes, total carotenoids

analysis were conducted in waste of Litopenaeus vannamei shrimp and in the flour

obtained after dryer. Monthly physicochemical and sensorial analysis were carried out

on shrimp stored at 28,3 ± 3,8ºC for 180 days. Samples were placed in polyethylene

bags and were categorized as whole shrimp (WS), peeled shrimp (PS), and PS with

0,5% dehydrated rosemary (RS). TBARS, pH, total carotenoid and sensorial

Quantitative Descriptive Analysis (QDA) were carried out. Carotenoid total analysis

was conducted in fresh wastes and processed flour (0 day) and after 60, 120 and 180

days of frozen storage. After 180 days, RS had lower pH (p = 0.001) and TBARS (p =

0.001) values and higher carotenoids (p = 0.003), while WS showed higher carotenoid

losses. Sensory analysis showed that WS were firmer although rancid taste and smell

were perceived with greater intensity (p = 0.001). Rancid taste was detected in RS

only at 120 days at significantly lower intensity (p = 0.001) than WS and PS. Fresh

wastes had 42.74μg/g of total carotenoids and processed flour 98.51μg/g. After 180

days of frozen storage, total carotenoids were significantly lower than 0 day (p<0,05).

The addition of rosemary can improve sensory quality of frozen shrimp and reduce

nutritional losses during storage. Shrimp wastes and flour of L. vannamei shrimp

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showed considerable astaxanthin content however, during storage it was observed

losses in this pigment.

Key words: Shrimp, Rosemary, Wastes, Nutritional Value, Astaxanthin.