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unespUNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAO.

FBIO ALEXANDRE MOIZS

Painis de Bambu, uso e aplicaes: uma experincia didtica nos cursos de Design em Bauru, So Paulo.

Bauru, SP 2007

FBIO ALEXANDRE MOIZS

Painis de Bambu, uso e aplicaes: uma experincia didtica nos cursos de Design em Bauru, So Paulo.

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Desenho Industrial da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao, Campus de Bauru, como requisito parcial obteno do Ttulo de Mestre em Desenho Industrialrea de Concentrao: Planejamento de Produto. Orientadora: Prof. Dra. Paula da Cruz Landim. Co-orientador: Prof. Dr. Marco Antonio dos Reis Pereira.

Bauru, SP 2007

DIVISO TCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAO UNESP BAURU

Moizs, Fbio Alexandre. Painis de bambu, uso e aplicaes: uma experincia didtica nos cursos de Design em Bauru, So Paulo / Fbio Alexandre Moizs, 2007. 113 f. il. Orientador: Paula da Cruz Landim. Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao, 2007. 1. Design. 2. Painis. 3. Bambu. 4. Didtica. Design Ambiental. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao. II. Ttulo.

Ficha catalogrfica elaborada por Maricy Fvaro Braga CRB-8 1.622

FBIO ALEXANDRE MOIZS

Painis de Bambu, uso e aplicaes: uma experincia didtica nos cursos de Design em Bauru, So Paulo.Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Desenho Industrial da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao, Campus de Bauru, como requisito parcial obteno do Ttulo de Mestre em Desenho Industrialrea de Concentrao: Planejamento de Produto.

BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Marco Antonio dos Reis Pereira Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia.

Prof. Dr. Jos Carlos Plcido da Silva Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao.

Prof. Dra. Maria Ceclia Loschiavo dos Santos Universidade de So Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Bauru, 23 abril de 2007.

DEDICATRIA

Especialmente minha esposa e amiga Michelle. Aos meus pais, Arlindo e Darci. Aos meus irmos, Gisele e Salim.

AGRADECIMENTOS

A todos que participaram diretamente desta proposta, em especial minha orientadora Prof. Dra. Paula da Cruz Landim, por sua praticidade, sabedoria e pacincia inesgotvel. Ao meu co-orientador Prof. Dr. Marco Antonio dos Reis Pereira, pela compreenso, coorientao, e principalmente por abrir as portas desse universo chamado bambu em minha vida, contemplando algo nunca imaginvel por mim. Hidalgo Lpez (pesquisador) define muito bem no ttulo do seu livro Bambu, o presente dos Deuses, essa emoo e prazer explorados durante este trabalho. A todos os alunos das universidades onde foram realizadas as interferncias, participando no estudo de caso, e principalmente a Ndia, Rodolfo, Tatiana, Caroline, Vanessa e Samara, que acreditaram nas possibilidades do bambu no desenvolvimento dos seus projetos, e ainda as duas ltimas alunas, pelo desempenho e incansveis dias de trabalho nas oficinas processando o bambu e produzindo seus prottipos. Aos diretores, professores e pesquisadores da UNESP e IESB, que incentivaram e participaram de alguma forma no encaminhamento desta pesquisa. Especialmente ao Prof. Dr. Jos Luis Valero Figueiredo. Aos tcnicos Richard e Paulo, dos Laboratrios de Madeira e Bambu da FEB e FAAC (UNESP), por suas contribuies e desdobramentos no atendimento aos alunos e pesquisadores. Ao pessoal da Ps-Graduao, Slvio, Hlder e Prof. Dra. Marizilda dos Santos Menezes, pela ateno necessria para a elaborao deste trabalho em todas as etapas. banca examinadora. Aos meus amigos, minha famlia, e especialmente as sobrinhas Mayra e Nai, pela compreenso, fora, amor e dedicao.

RESUMO

O design como uma rea do conhecimento, prope o desenvolvimento e planejamento de produtos considerando aspectos sociais e humanos. Atualmente os produtos com requisitos ambientais possibilitam a diminuio do desgaste causado pelo homem nas ltimas dcadas ao meio ambiente natural, mediante a utilizao de processos de fabricao mais limpos, matrias-primas renovveis e ciclos de vida mais longos dos produtos. Entretanto, para que este contexto se confirme, so necessrios materiais com tendncias ecolgicas e o bambu apresenta-se como uma possibilidade. Alm de ser renovvel, o bambu absorve rapidamente grandes quantidades de carbono, perene, com grande potencial agrcola, desenvolvimento em clima tropical, possui milhares de aplicaes, pode ser utilizado nos reflorestamentos e se reproduz assexuadamente no necessitando de replantio. Essas particularidades do bambu possibilitam a insero do mesmo no desenvolvimento de pases como o Brasil, por sua grande rea territorial e clima favorvel. O estudo teve por objetivo fazer um levantamento bibliogrfico dos painis de bambu, que auxiliou na interferncia realizada posteriormente, com a utilizao desses materiais. Com o objetivo prtico, props uma interao com os alunos dos cursos de Desenho Industrial, nas disciplinas de Projeto III-Mobilirio da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e no Design de Interiores no Instituto Ensino Superior de Bauru (IESB) na cidade de Bauru, So Paulo. Neste contexto, os alunos puderam pesquisar e projetar em sala de aula e nos laboratrios apropriados e como resultado deste estudo foram executados alguns prottipos.

Palavras chave: design; painis de bambu; uso e aplicaes; experincia didtica.

ABSTRACT

Design as an area of the knowledge, it propose the development and planning of products considering social and human aspects. Currently the products with environment requirements make possible the reduction of the consuming caused by human beings in the last few decades to the natural environment, by the use of cleaner processes of manufacture, raw materials renewed and cycles longest of life of the products. However for this context to be confirmed materials with ecological trends are necessary and the bamboo presents itself as a possibility. Beyond being renewable, the bamboo absorbs great amounts of carbon quickly, is perennial, possess a great agricultural potential of development in tropical climate, possess thousand of applications, can be used in the reforestations and it reproduces itself asexually, which means the replanting is not necessary. These particularities of the bamboo make possible the insertion of the same in the development of countries as Brazil for its great territorial area and favorable climate. The objective of this study was to make a bibliographical survey of the bamboo panels, that assisted later in the carried through interference, with the use of these materials. With the practical objective, interaction is proposed to the students of the courses of Industrial Design, in the disciplines of III-Furniture Project of Universidade Estadual Paulista (UNESP) and in Interior Design in the Instituto de Ensino Superior de Bauru (IESB) at Bauru city, So Paulo. In this context, the students were able to search and to project in classroom and in appropriate laboratories and as result of this study some archetypes were executed.

Key words: design; panels of bamboo; use and applications; didactic experience.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Seo de um colmo de bambu e suas denominaes Figura 02. Crescimento e partes de um colmo de bambu, do broto fase adulta. Figura 03. Mapa de localizao (assinalado em verde) das espcies de bambu entre os trpicos. Figura 04. Floresta de bambu na China, espcie Phyllostachys pubescens (Moso) em detalhes. Figura 05. Espcie de Dendrocalamus giganteus ou Bambu Gigante no campus da UNESP-Bauru. Figura 06. Espcie de Guadua angustiflia cultivada na UNESP-Bauru. Figura 07. Trs partes que podem ser aproveitadas do colmo. Figura 08- Esquema de retirada das ripas, observado da seo transversal. Figura 09. a) Cortes transversais do colmo; b) Cortes longitudinais de um colmo; c) e d) tanques para imerso no tratamento de imunizao. Figura 10. a) e b) Colagem com adesivos; c) e d) Processamento de ripas. Figura 11. a) Painel compensado de bambu; b e c) Pisos de bambu no processo com UV; d) Seleo e controle de qualidade de pisos de bambu. Figura 12. a, a1, a2, a3) Painis de ripas coladas na horizontal; b, b1, b2, b3) Painis com ripas coladas na vertical; c, c1, c2) Painis com ripas coladas em direes invertidas (Contra-placados); d) Painis com tiras entrelaadas. Figura 13. Painis com revestimentos de laminas naturais. Figura 14- Processo de descolorir (Bleaching) tiras de bambu. Figura 15- Lminas de bambu descoloridas, alvejadas(Bleaching). Figura 16- Forno ou caldeira para a carbonizao da ripas. Figura 17- Lminas ou painis carbonizados. Figura 18. Laminas, lascas, ripas ou partculas: amostras de material empregado nos painis. Figura 19. Organograma. O bambu, a matria-prima proveniente do bambu e seus derivados de painis.

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Figura 20. a) Bambu laminado colado; b) BLC, com duas camadas verticais; c) BLC com uma camada. Figura 21. a) e b) Bancos e buffet em bambu laminado colado plano; c) Criado mudo em bambu laminado colado plano.

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Figura 22. a) Cadeira Yolanda, de GERARD MINAKAWA para a empresa Ukao; b) Mesas e assento (cadeira) de bambu laminado curvo de DOMINIC MUREN. 50 Figura 23. Moldes de metal. Figura 24. a) Painel contra-placado carbonizado; b) Painel contra-placado natural. Figura 25. Painis empilhados de compensado laminado de bambu e amostra reduzida do painel vista em perspectiva e topo. Figura 26. Carroceria de caminho tipo ba e de nibus urbano. Figura 27. a) e b) Piso de bambu laminado, carbonizado ou natural, colados verticalmente; c) Piso de bambu natural e carbonizado. Figura 28. Ambientes com pisos de bambu. Figura 29. a) Mulheres tecendo a esteira; b, c) Amostras de esteiras de bambu moldado sob presso. Figura 30. a) Mesa; b) Bandejas. Figura 31. a) Laminados de bambu natural e carbonizado; b) Laminado de bambu. Figura 32. a) Dormitrio e cozinhas revestido com laminados de bambu; e Luminria com laminas de bambu. Figura 33. Processo de fabricao do painel ondulado. Figura 34. Painis de partculas de bambu sem revestimento. Figura 35. Painel de partculas aglomeradas compostas. Figura 36. Painel de bambu com partculas orientadas, OSB. Figura 37. Estrutura para casas em OSB de bambu (Fotos: Paula Landim). Figura 38. Painel de MDF revestido com ripas de bambu e p-de-coco colado. Figura 39. Mesa Bambu, do arquiteto e designer SALIM MOIZS. Figura 40. a) Wall paper; b)Tiras de bambu coladas em tecido. Figura 41. Cobertura do aeroporto de Madri, Espanha. 50 51

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Figura 42. Alunos do IESB durante a exposio das amostras de bambu. Figura 43. Alunos da UNESP durante a exposio das amostras de bambu. Figura 44. a) Desenhos esquemticos da estante para televiso; b) Implantao do projeto eltrico para a fixao do mvel. Figura 45. a) Maquete eletrnica do ambiente projetado com a estante; b) Implantao com os mveis no seu entorno; c) Perspectiva do ambiente. Figura 46. a) e c) Esboos desenvolvidos para a criao da poltrona; b) e d) Detalhamento do projeto da PoltronaBambu. Figura 47. a) e b) Desenhos esquemticos da poltrona; c) e d) Rendering mo livre e modelo em 3D Studio MAX. Figura 48. a) Desenhos na elaborao do projeto da Cadeira Rede; b), c) e d) Fotos do modelo em escala reduzida. Figura 49. a), b) e c) Desenho e esboos na criao do chapeleiro no Hat; d) Desenho tcnico do mvel. Figura 50. a) Esboos e estudos do chapeleiro; b), c) e d) Ilustraes em 3D do objeto chapeleiro noHat. Figura 51. a) Desenhos tridimensionais do andador modelados no Solid Edge; b) Desenhos esquemticos do andador. Figura 52. Esboos finais da linha de bolsas O 2 . Figura 53. a) Medio do colmo; b) Cortes transversais. Figura 54. Cortes longitudinais. Figura 55. a) Ripas antes e depois da retirada das imperfeies; b) Ripas sendo processadas pelos alunos. Figura 56.a) Aluna e tcnico processando ripas na plaina quatro faces. Figura 57. Tanque para imerso das ripas. Figura 58. Colagem das peas. Figura 59. Prensagem das ripas. Figura 60. Painis e peas laminadas desenvolvidas pelos alunos. Figura 61. a) Detalhes da pea processando; b) Pea trabalhada na tupia por um dos alunos.

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Figura 62. Prottipo do andador. Figura 63. Prottipo de uma das bolsas. Figura 64. Prottipo da segunda bolsa.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Distribuio de alunos por sexo. Tabela 02. Distribuio de alunos por faixa etria. Tabela 03. Numero de alunos que tinham algum conhecimento em painis de bambu. Tabela 04. Distribuio dos tipos de painis que os alunos conheciam. Tabela 05. Distribuio das questes levantadas pelos alunos durante a interferncia no processo criativo.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01. Resistncia mecnica de amostras de bambu laminado colado. Quadro 02. Resistncia de bambus em flexo. Quadro 03. Valores mdios da resistncia (fco) do mdulo de elasticidade longitudinal (Eco) obtidos no ensaio de Compresso paralela, flexo e Trao de tiras de bambu sem n e com n e do Laminado Colado.

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LISTA DE ABREVIATURAS

BB - Chapa de Madeira Sarrafeada. BLC- Bambu Laminado Colado. CNBRC China National Bamboo Research Center. ECO-92 Conferncia Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. FAAC Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao. FEB Faculdade de Engenharia de Bauru. GPa Gigapascal. HB - Chapa Dura. IB - Chapa Isolante. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. IDRC International Canadian Research & Development. IESB Instituto de Ensino Superior de Bauru. INBAR International Network for Bamboo and Ratam. LVL - Pea Micro-Laminada. MDF Medium Density Fiberboard, Chapa de Fibra de Mdia Densidade. MMA Ministrio do Meio Ambiente. MOE Mdulo de Elasticidade. MOR Mdulo de Ruptura. MPa - Megapascal. NID National Institute of Design. ONU Organizao das Naes Unidas. OSB Oriented Strand Board, Chapa de Flocos Orientados.

OSL - Pea de Flocos Orientados. PB - Chapa de Madeira Aglomerada. PSL - Pea de Ripas Paralelas. PW - Chapa de Madeira Compensada. UNDP United Nations Development Program.UNESP Universidade Estadual Paulista.

WB - Chapa de Flocos No-Orientados.

SUMRIO

Lista de Figuras Lista de Tabelas Lista de Quadros Lista de Abreviaturas

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Introduo 1. Reviso Bibliogrfica 2. O Bambu 3. Painis de Bambu 3.1 Espcies de Bambu usados na Fabricao de Painis 3.2 Caractersticas Fsicas e Mecnicas do Bambu e dos Painis 3.3 Processos de Fabricao dos Painis ou Peas de Bambu 3.3.1 Processo de Fabricao dos Painis BLC (Bambu Laminado Colado) e Peas Laminadas 3.3.2 Fabricao dos Painis com Partculas 3.4 Estrutura dos Painis de Bambu 3.5 Cores e Tonalidades obtidas a partir do Processamento dos Painis de Bambu 3.5.1 Painis e Peas Descoloridas (Bleaching) 3.5.2 Painis Carbonizados 3.6 Classificao dos Painis de Bambu 3.7 Painis de Bambu: Amostras e aplicaes 3.7.1 Painis de Laminados e Ripas 3.7.1.1 Painis ou peas de Bambu Laminado Colado (BLC, Bamboo Laminated Glued) 3.7.1.2 Painel Contra-placado de Bambu

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3.7.1.3 Painel Compensado de Lminas de Bambu (Plyboo) 3.7.1.4 Pisos de Bambu Laminado Colado (Bamboo Floor Laminated) 3.7.2 Painis de Lascas ou Fatias Finas 3.7.2.1 Esteiras de Bambu Colado (Bamboo Mat Board) 3.7.2.2 Laminado ou folheado de Bambu (Bamboo Laminated) 3.7.2.3 Painel de Lascas de Bambu Ondulado para Telhados (Corrugated Bamboo Roofing Sheets) 3.7.3 Painis de Partculas ou Flocos 3.7.3.1 Painel Aglomerado de Partculas de Bambu (Bamboo Particleboard) 3.7.3.2 Painel Aglomerado de partculas aglomeradas de bambu composto (Particle Board Composite) 3.7.3.3 Painel OSB de Bambu (Oriented Strand Board of Bamboo) 3.7.4 Painis de Bambu Compostos 3.7.4.1 Painel de Revestimento com Tiras de bambu e P-de-Coco Colado e MDF 3.7.4.2 Painel para Papel de Parede com Ripas de Bambu (Bamboo Strips Wallpaper) 4. Interferncia com os Painis de Bambu 4.1 Procedimentos da Pesquisa 4.1.1 Pesquisa em Sala de Aula 4.1.2 Populao 4.1.3 Sujeitos 4.1.4 Instrumentos de Pesquisa 4.1.5 Propostas Desenvolvidas pelos Alunos 4.1.6 Anlise das Propostas em Sala de Aula 4.1.7 A Elaborao de Novas Propostas

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4.1.7.1 Proposta Andador 4.1.7.2 Proposta Linha de Bolsas O 2 4.1.7.3 A Execuo dos Prottipos 5. Concluses Referncias Bibliogrficas Anexos Glossrio

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As transformaes polticas e econmicas nas ltimas dcadas ocasionaram grandes mudanas sociais e ambientais. O consumo e o rpido crescimento demogrfico se fez acompanhar de inmeras mudanas no modo de vida das pessoas, que agora enfrentam os graves problemas ambientais causados pelo prprio modelo econmico. O INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS, o IBAMA (2001) descreve as caractersticas de uma sociedade que cresceu alm de seus limites, utilizando os recursos naturais mais rpidos do que eles podem ser restaurados e liberando resduos e poluentes acima da capacidade de absoro da biosfera. Ressalta ainda, que uma sociedade sustentvel tcnica e economicamente vivel. O crescimento da populao mundial tem provocado fortes presses no meio ambiente proporcionando um decrscimo na quantidade e na qualidade dos recursos florestais, contribuindo desta forma, para o interesse de novos recursos vegetais, como a utilizao do bambu (LEE et alii, 1994). Paralelamente, nos ltimos 50 anos o ritmo de devastao de florestas foi de 24,9 milhes de ha/ ano, ou o equivalente a 47,41 ha/ minuto, condio esta que deve contribuir tambm para o aumento das reas de reflorestamento. Assim, o bambu pode ser introduzido por suas vantagens, tais como o menor tempo de crescimento e como regenerador ambiental. No mundo as reas de cultivo de bambu totalizam hoje cerca de 22 a 25 milhes de hectares (ZHOU, 2000). Os nveis de desmatamento das florestas naturais no mundo so preocupantes, especialmente no Brasil, principalmente pela dificuldade no controle dessas atividades pela sua extensa rea territorial. Segundo o INSTITUTO BRASILEIRO de GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE, apud VASCONCELLOS, 2006) o Brasil possui uma rea plantada de 58 milhes de hectares com produtos agrcolas, sendo que o maior rendimento em kg por hectare o da cana de acar. Ainda Vasconcellos avalia que a China tem uma produtividade de varas de bambu de 35 t/ h; na Colmbia a produo de 42 t/ ano de espcies de Guadua angustiflia, e no Brasil a espcie de Dendrocalamus giganteus maduros pode chegar de 70 a 80 t/ ano, sendo esta produo anual positiva comparada com outras culturas (PEREIRA & GARBINO, 2003).

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O bambu naturalmente um material considerado leve, resistente, verstil, com adequadas caractersticas fsicas e mecnicas. Ele pode substituir muitos materiais na fabricao de vrios produtos e pode ser usado na construo civil, na arquitetura e no design. Do bambu so produzidos painis com excelentes qualidades estruturais e estticas provenientes de matas plantadas, e produzidos atravs de processos limpos e ecologicamente corretos. O uso do bambu no Ocidente restrito comparado com a China, ndia e Japo, principalmente por questes culturais, sendo que no Oriente o uso milenar no seu cotidiano. Nesses pases o uso do bambu no est restrito s formas naturais, mas na fabricao de pisos laminados, painis laminados e derivados. Na Amrica Latina, e mais precisamente no Brasil, o bambu utilizado em estruturas das casas e em objetos em geral, aplicados na forma natural (colmos), vinculado s tradies indgenas e aos imigrantes orientais. O bambu seqestrador de carbono atmosfrico, sendo uma cultura

predominantemente tropical, renovvel, e perene, ou seja, sem a necessidade de replantio de produo anual, de rpido crescimento (colmos) o que o torna apto no desenvolvimento sustentvel. Alm da questo ambiental, para alcanar um desenvolvimento sustentvel so necessrias mudanas: na forma de pensar, viver, produzir e consumir. Os aspectos sociais, econmicos e ecolgicos objetivado pelo desenvolvimento sustentvel so necessidades atuais. Assim sendo, o IBAMA (2001), mediante suas polticas de orientao para o uso devido dos recursos naturais e de tecnologias ambientalmente saudveis, prope solues prticas e acessveis: - Processos mais eficientes e ambientalmente saudveis; - Processos mais limpos na sua produo; - Processos mais limpos na utilizao de produtos; - Produtos mais limpos; - Produtos alternativos.

A importncia da tecnologia, como alternativa na conservao dos recursos naturais, sempre fomentada nas discusses dos acordos multilaterais das Naes Unidas. Na conferncia Mundial no Rio de Janeiro (ECO-92), criou-se a Agenda 21 (IBAMA, 2006), onde definiram as tecnologias ambientais saudveis como: - as que protegem o meio ambiente; - so menos poluentes; - usam todos os recursos de forma mais sustentvel;

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- reciclam mais seus resduos e produtos; - e tratam os dejetos residuais de uma maneira mais aceitvel do que as tecnologias que vieram substituir.

Porm, GUIMARES (2006) observa que os problemas ambientais esto estreitamente ligados ao nvel de desenvolvimento de cada regio, e ressalta tambm a determinao atravs do Relatrio final da Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987, (Texto: Nosso Futuro Comum), que definiu design sustentvel como aquele, que atende as necessidades do presente sem comprometer as geraes futuras.

Sob o aspecto econmico, recursos naturais so todos os objetos materiais e servios obtidos diretamente da natureza, disponveis em quantidades limitadas (escassos) que tm a propriedade de satisfazer desejos humanos (utilidade). Para um produto ou servio, seja considerado um bem econmico. A escassez fundamental. Assim, o ar e gua, por exemplo, existindo em quantidades superiores s necessidades humanas so considerados bens livres e no bens econmicos. Essa classificao se rompe quando o capital se apropria do ar e da gua, engarrafa, rotula e vende. Sob o aspecto ecolgico, Recurso Natural todo e qualquer elemento, produto ou servio necessrio manuteno e reproduo da vida seja de um organismo, de uma populao, de uma comunidade ou de um ecossistema, (IBAMA, 2001).

PAPANEK (1995) define algumas capacidades e talentos no repertrio dos designers, que hoje especialmente deveriam ser pr-requisitos nos produtos: o talento para combinar rigorosas consideraes tcnicas com fatores sociais e humanos, e da harmonia esttica; a sabedoria para prever as conseqncias ambientais, ecolgicas, econmicas e polticas provocadas pelo design; resolver problemas novos ou recm surgidos; e a capacidade de trabalhar com pessoas de diferentes culturas.

Um designer um ser humano que tenta atravessar a ponte estreita entre a ordem e o caos, a liberdade e o niilismo, entre realizaes passadas e possibilidades futuras, (PAPANEK, 1995).

O designer, para desenvolver as suas atividades no planejamento de um produto, necessita de requisitos no seu repertrio, e esse planejamento est relacionado informao e ao conhecimento das suas interfaces. Desta forma os requisitos para o projetar esto cada vez mais inseridos no conhecimento do uso de diferentes tecnologias, da satisfao do ser humano e de suas contribuies para o meio ambiente artificial e natural.

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O pesquisador RANJAN (2007) conduziu vrios estudos em reas do design pedaggico nas ltimas dcadas, dedicando sua carreira na explorao do uso inovador do bambu, e em quase todos os projetos incluem-se lminas de bambu prensadas utilizando moldes. RANJAN coordenou alguns projetos na ndia, atravs do National Institute of Design NID, que tem atuado como a principal organizao para o design no pas desde 1961, tendo a misso de criar conhecimento conduzindo pesquisas e educando estudantes para operar no setor de design (Fonte: http://www.designbrasil.org.br). O conhecimento sobre os painis baseados em bambu, suas caractersticas e aplicaes no design, contribuiro para o aprofundamento dos alunos e profissionais, permitindo solues ambientais para o design no Brasil. So poucas as interferncias didticas ou oficinas realizadas sobre o uso do bambu nos cursos de Desenho Industrial na regio de Bauru / SP (So Paulo). Com isso houve o interesse de apresentar aos alunos dos cursos de Design, as vantagens do bambu em sua forma natural e aps ser processado na forma de painis. Como existe uma srie de painis e peas de bambu laminado, inicialmente foram coletados alguns exemplares para serem estudados e posteriormente avaliados quanto aplicao. Esta pesquisa prope um levantamento sobre os painis e peas laminadas de bambu, possibilitando uma srie de aplicaes a partir dessa matria-prima pouco conhecida e pouco explorada na Amrica Latina e, principalmente, no Brasil, tambm prope uma interferncia nas disciplinas de Projeto III Mobilirio e Design de Interiores nos cursos de design em duas universidades na cidade de Bauru.

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O bambu um material utilizado milenarmente e acompanha a evoluo do ser humano nas mais diversas atividades, na alimentao, como abrigo, na confeco de ferramentas manuais, utenslios e objetos. No mundo so cultivados aproximadamente 22 milhes de hectares de bambu com mais de 4.000 usos para esta planta (HSIUNG, 1988). De acordo com FARRELY (1984), LIESE (1985), HSIUNG (1988), SASTRY (1999), e PEREIRA (2000), o bambu conhecido e utilizado h sculos pelos habitantes de pases tropicais, especialmente da sia, devido as suas caractersticas de dureza, leveza, resistncia, contedo de fibras, flexibilidade e facilidade de trabalho. Segundo LOPEZ (1974), a histria do bambu remonta ao comeo da civilizao na sia, sendo aceito que o bambu teve sua origem no Cretceo, um pouco antes do incio da era Terciria, quando surgiu o homem. O bambu tem servido a humanidade, especialmente no Oriente, por milhares de anos e sempre foi utilizado na construo de casas, mveis, produzindo carvo vegetal, papel e outros artigos da vida diria. Vrios objetos so confeccionados com o bambu, como leques, sombrinhas, esteiras, cestos, proa de navios, flechas, instrumentos musicais e ferramentas (LEE et alii, 1994). Na China, homem e bambu esto relacionados desde os tempos pr-histricos como pode ser notado pelo fato de que um dos primeiros radicais ou elementos da ideologia chinesa que existiu, foi um desenho de bambu constitudo por dois talos com folhas e ramos e que se denomina CHU, sendo a utilizao do bambu reconhecida desde os anos 1600 a 1100 a.C, conforme os mais antigos caracteres chineses. A China utiliza a polpa do bambu para produzir papel h mais de 1700 anos (PEREIRA, 1997a), possuindo atualmente uma rea cultivada de 7 milhes de hectares, segundo dados do CHINA NATIONAL BAMBOO RESEARCH CENTER (CNBRC, 2001), representando aproximadamente 32% dos 25 milhes de hectares de bambu plantados em todo o mundo (SASTRY, 1999). Desde 1970, o governo chins tem dado maior ateno s pesquisas relativas proteo, melhoramentos genticos e processamento de painis base de bambu.

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Cooperativas Internacionais como a INTERNATIONAL CANADIAN RESEARCH & DEVELOPMENT (IDRC), UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM (UNDP), tambm deram incio e apoio a projetos relacionados com bambu, os quais, hoje, se encontram em alto nvel de desenvolvimento (CNBRC, 2001). Como parte da histria ocidental, sabe-se que o primeiro filamento utilizado por Thomas Alva em uma lmpada foi de bambu, e que na construo de um dos primeiros avies, o modelo Demoiselle, Santos Dumont utilizou colmos de bambu para sua estrutura. Na Amrica Latina, vrios pases como Equador, Colmbia, Brasil e Costa Rica cultivam o bambu para vrios usos e pesquisas, mas a Colmbia o pas que mais utiliza esse material em construes rurais e urbanas. A Colmbia utiliza o bambu na construo, pisos, estruturas e em paredes do tipo taipa. VASCONCELLOS (2006) ressalta que o Brasil atravs dos ndios brasileiros utilizavam o bambu como instrumentos manuais e em construes de habitaes e estruturas desenvolvendo tcnicas especficas. J os portugueses introduziram outras tcnicas durante a colonizao em reforos de estruturas de moradias do tipo taipa. A maior produo no Brasil est destinada fabricao de vara-de-pescar, mobilirios tradicionais utilizando colmos de bambu, artesanato, brotos comestveis, instrumentos e papis de fibras longas. No Brasil a empresa ITAPAG S. A Celulose, Papis e Artefatos, fundada em 1974 no estado do Maranho, s margens do Rio Parnaba, possui mais de 30.000 hectares destinados cultura de bambu, que suporte florestal para a produo de celulose de fibra longa, de alta resistncia, ideal para a fabricao de papel kraft (Fonte: http//.www.itapage.com, 2006). O bambu cresce mais rapidamente do que qualquer madeira; a produo de colmos rpida sem haver necessidade de replantio, podendo ser imediatamente implementada a sua cultura e explorao no campo (PEREIRA, 1997a). De acordo com JARAMILO (1992), o bambu o recurso florestal natural que menos tempo leva para ser renovado, no havendo nenhuma espcie florestal que possa competir em velocidade quanto ao crescimento. Observadas as propores territoriais e o clima da China, que o maior produtor de bambu, no Brasil visualiza-se tambm o favorecimento de uma produo em larga escala, principalmente pelo clima tropical e subtropical das extensas reas existentes. JANSSEN (2000) define que as propriedades estruturais do bambu tomadas pelas relaes resistncia/massa especfica e rigidez/massa especfica, superam as madeiras e o concreto, podendo ser inclusive, comparadas ao ao.

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QISHENG e SHENXUE (2001), atravs dos seus estudos, ressaltam a importncia do bambu, principalmente por suas caractersticas como a sua resistncia, facilidade de processamento, ao ser cortado e lascado para vrios usos. GUIMARES (2006) lembra que a ONU, Organizao das Naes Unidas, criou a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento e, em 1987, publicou um relatrio sobre o futuro comum descrevendo o estado do planeta e a relao das comunidades humanas e das comunidades ecolgicas. Este relatrio auxiliou a Eco 92, introduzindo pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentvel. No Brasil, o IBAMA (2006) prope uma sntese que descreve os princpios do design com caractersticas ecolgicas, sendo as mais importantes: responder s necessidades bsicas da vida com a gua, alimentao, abrigo e outros; priorizar a produo para as condies locais e regionais; os sistemas devem ser flexveis e aptos s variaes temporais e espaciais; uma soluo deve resolver muitos desafios, gerando poucos impactos indesejveis; projetos devem ser sustentveis e as propostas devem contemplar todos os reinos da natureza. A adoo de novos materiais alternativos, com o mnimo de requisitos ambientais, utilizando recursos renovveis ou de reas plantadas como o bambu e derivados, possibilitaria uma infinidade de alternativas no desenvolvimento industrial. Paralelamente, os materiais, suas tecnologias e processos de produo empregados, podero ampliar e viabilizar o seu ciclo de vida com o mnimo de requisitos ambientais, proporcionando uma industrializao factvel com as necessidades do ser humano. LOBACH (2001) diz que a configurao de um produto no resulta apenas das propostas estticas do designer industrial, mas tambm fortemente do uso de materiais e de processos de fabricao econmicos. Atravs dos materiais alternativos poderemos modificar, adaptar, transformar ou recuperar reas degradadas, ou desenvolver socialmente e economicamente uma regio. A gerao de solues viveis para populaes de baixa renda, o aproveitamento adequado dos recursos do planeta e um planejamento para um crescimento industrial controlado, contribuiro para o desenvolvimento da Amrica Latina. Segundo GUI BONSIEPE (1997) o design, uma rea importante para o desenvolvimento de qualquer pas, e que atravs de suas tecnologias inovadoras, podem se beneficiar. O uso do bambu na fabricao de produtos contribuir para um futuro mais responsvel, e o design poder ser uma das potencialidades na gerao de alternativas no desenvolvimento econmico, social e sustentvel.

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[..] o designer tem um papel relevante na escolha e aplicao dos materiais empregados em produtos de produo em srie, mesmo sabendo que no vai estar envolvido com a origem ou com o fim destes materiais ao cessar o ciclo de vida dos produtos [..] (MANZINI & VEZZOLI, 2005).

Neste contexto, o designer deve estar preparado para as transformaes sociais, econmicas ou tecnolgicas, que est sendo proposto, contribuindo para uma diminuio dos recursos naturais.

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O bambu uma planta gramnea lenhosa, monocotilednea, e pertencente s Angiospermas. Produz colmos assexuadamente atravs dos seus rizomas, podendo ser do tipo moita ou do tipo alastrante. O bambu uma rvore-gramnea nica no reino vegetal, restaurador e protetor de solos degradados (PEREIRA, 1997b). HIDALGO LPEZ (1982) define que os bambus, tal como as rvores, acham-se constitudos por uma parte area e outra subterrnea. JANSSEN (1988) faz referncia que a parte area (tronco ou caule das rvores) denominada de colmo no bambu, sendo normalmente oco. Estes espaos dentro do colmo so denominados cavidades, as quais so separadas uma das outras por diafragmas, que aparecem externamente como ns, de onde saem ramos e folhas. A poro do colmo entre os dois ns chamada de intern e a espessura do colmo denominada de parede, como mostra a figura 01.

Figura 01. Seo de um colmo de bambu e suas denominaes (Fonte: JANSSEN, 1988).

As propriedades de um colmo de bambu so determinadas por sua estrutura anatmica, na forma de lenho, sendo que nos interns as clulas so axialmente orientadas, enquanto que nos ns aparecem interconexes transversais (LIESE, 1985; 1998). O tecido de

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um colmo composto pelas clulas de parnquima, pelos feixes vasculares e pelas fibras. O colmo todo, de um modo geral, compreende cerca de 50% de parnquima, 40% de fibra e 10% de tecidos condutores. O que diferencia o bambu, de imediato, de outros materiais vegetais estruturais, a sua alta produtividade, sendo que em 2 anos e meio aps ter brotado do solo o bambu possui resistncia mecnica estrutural, no havendo, portanto, neste aspecto, nenhum concorrente no reino vegetal (GHAVAMI, 1989). Alm de ser renovvel, o bambu absorve grandes quantidades de carbono, perene, possui um grande potencial agrcola em clima tropical, apto a ser utilizado em grandes reas de reflorestamento e se reproduz assexuadamente no necessitando de replantio. Particularmente, o bambu leve, resistente e verstil, com caractersticas que so apropriadas na fabricao de objetos, utenslios (ANEXO 01), e ainda na construo de moradias.[...] o bambu possui caractersticas fsicas, qumicas e mecnicas que lhe conferem milhares de usos especialmente nos pases orientais, e que na Amrica Latina e principalmente no Brasil, esse material pouco utilizado. Destaca-se pelo possvel uso como material alternativo para construes diversas, engenharia, conduo de gua, compsitos vegetais, placas compensadas, sarrafos, reflorestamento, entre outros [..] (PEREIRA, 1997).

QISHENG et alii (2003) lembraram que o bambu cresce rpido e amadurece cedo, e com a diminuio dos recursos das florestas, essa fonte de energia renovvel de extrema importncia. O aumento do dimetro dos colmos originrios de uma mesma moita funo da idade, alcanando um mximo aps quatro a cinco anos do plantio. O dimetro dos colmos diminui gradualmente em direo ao topo, enquanto os interns aumentam da base do colmo at parte mdia, diminuindo, aps, em direo ao topo, define (LIESE, 1985). O uso do bambu milenar, portanto no decorrer desse perodo foram acrescidas inmeras funes. O bambu serve a humanidade desde os seus primeiros dias de idade (Figura 02), produzindo brotos comestveis. Do sexto ms at o fim do primeiro ano produz lminas e lascas para cestas, esteiras, e para o artesanato em geral. A partir do segundo ano produz tiras para esteiras e chapas, e a partir do terceiro ano, o bambu pode ser utilizado em estruturas arquitetnicas, ripas para pisos e chapas de bambu (HIDALGO LOPEZ, 1981).

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Figura 02. Crescimento e partes de um colmo de bambu, do broto fase adulta (Fonte: HIDALGO LOPEZ, 2003).

O bambu cresce mais facilmente em florestas de mones e preferencialmente em terrenos bem drenados. Os colmos do bambu so cilndricos e geralmente ocos. A maioria das espcies de bambu se localiza em clima tropical e subtropical (Figura 03), e uma minoria das espcies est localizada em regies de altas latitudes temperadas (LEE et alii, 1994).

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Figura 03. Mapa de localizao (assinalado em verde) das espcies de bambu entre os trpicos (Fonte: HIDALGO LPEZ, 2003).

De acordo com JANSENN (1988), a durabilidade natural do bambu quando no tratado de 1-3 anos em contato com o solo e exposto as intempries, de 4-6 anos sob cobertura de 10-15 anos sob cobertura e clima mais seco. O bambu na condio seca apresenta maior resistncia do que na condio verde, sendo que esta diferena mais perceptvel em colmos jovens do que em colmos de maior idade (PEREIRA, 2001). De acordo com LIESE (1998), a variao nas propriedades de resistncia do colmo mais acentuada na direo horizontal do que na direo vertical. A densidade dos ns maior do que a dos interns devido ao fato de existirem menor quantidade de clulas de parnquima, porm, sua resistncia trao, flexo, compresso e cisalhamento so menores, conduzindo assim, a presena dos ns, a uma reduo em todas as propriedades de resistncia do colmo. BERALDO & RIVERO (2003) definem que o teor de umidade de um colmo de bambu (em base seca) recm cortado de cerca de 80%. Esse valor varia em funo da idade do colmo e da posio escolhida no mesmo para se efetuar a amostragem, alm da poca do ano em que foi efetuado o abate. Aps o corte do colmo, torna-se necessrio um perodo de um a quatro meses de secagem ao ar, para que o colmo atinja uma umidade de 10-15%. Mediante essas consideraes, o bambu se apresenta como um material apto aos requisitos ambientais necessrios atualmente, e possvel ao desenvolvimento de novos produtos. O bambu em forma de painis amplia as possibilidades de uso e aplicaes propondo solues imediatas ou ento no planejamento de produtos no futuro.

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3.1 Espcies de Bambu usados na Fabricao de Painis

O bambu possui cerca de 50 gneros e 1250 espcies distribudas dos trpicos s regies temperadas, sendo a maior ocorrncia em zonas quentes e com chuvas abundantes. Todas as espcies de bambu na sua maioria so originrias de pases orientais, exceto para algumas como a espcie Guadua angustifolia, originria da Amrica do Sul, que muito utilizada na Colmbia. A China tem a maior produo de bambu, sendo que e a espcie mais cultivada Phyllostachys pubescens (Moso), apresentado na figura 04.

Figura 04. Floresta de bambu na China, espcie Phyllostachys pubescens (Moso) em detalhes, (Fotos: MARCO PEREIRA).

No entanto, vrias espcies podem ser cultivadas e utilizadas para inmeros usos em cada regio. O INTERNATIONAL NETWORK FOR BAMBOO AND RATAM, (INBAR, 1994) relaciona algumas espcies entre os gneros de bambu, auxiliando na escolha para o cultivo e na obteno das inmeras aplicaes. Assim, o INBAR define que 75% das espcies de bambu tenham algum uso local e 50 delas sejam extensivamente utilizadas, e recomenda a introduo e experimentao de 19 espcies consideradas prioritrias, com critrios como a

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utilizao, cultivo, processamento e produtos, agronomia, ecologia e recursos genticos. Um exemplo a espcie Dendrocalamus giganteus, apresentado na figura 05.

Figura 05. Espcie de Dendrocalamus giganteus ou Bambu Gigante no campus da UNESP-Bauru (Fotos: FBIO MOIZS, 2006).

No campus da UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP) de Bauru so cultivadas vrias espcies de bambu para pesquisas de manejo, reflorestamento e principalmente no processamento de laminados e ripas, como visto na figura 05 e 06. A seguir esto dispostas algumas espcies de bambu cultivadas nessa rea de manejo:Dendrocalamus giganteus*, Dendrocalamus strictus*, Dendrocalamus latiflorus*, Dendrocalamus asper*, Bambusa vulgaris, Bambusa vulgaris v. vitatta, Bambusa tuldoides, Bambusa tulda*, Bambusa textilis*, Bambusa nutans*, Bambusa oldhami*, Bambusa mangensis, Bambusa ventriculata, Bambusa mitis, Bambusa longispiculata, Bambusa multiplex, Guadua angustifolia*, Guadua amplexifolia, Gigantochloa apus / levis*, Gigantochloa verticilata e Melocana baccifear,(*Espcies prioritrias segundo o INBAR).

A altura do colmo da espcie G. angustifolia (Figura 06), pode ser avaliada como sendo, de 60 vezes a circunferncia altura dos olhos (HIDALGO LOPEZ, 1974). Os colmos de bambus apresentam uma forma tronco-cnica, com espessura da parede e espaamento entre os ns variveis em funo da altura.

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Figura 06. Espcie de Guadua angustifolia cultivada na UNESP-Bauru (Fotos: FBIO MOIZS, 2006).

No geral, para a retirada de lminas, ripas ou partculas as espcies mais utilizadas so: Dendrocalamus giganteus (bambu gigante), Bambusa vulgaris, Guadua angustifolia, Gigantochloa apus, Phyllostachys pubescens e Dendrocalamus latiflorus, que podem ser cultivadas e exploradas comercialmente na forma de ripas, laminados, e conseqentemente, empregados na fabricao de painis.

3.2 Caractersticas Fsicas e Mecnicas do Bambu e dos Painis

A variao nas propriedades de resistncia do colmo muito maior na direo horizontal do que na vertical. A densidade dos ns maior do que dos interns, por possurem menos parnquima, porm, sua resistncia trao, flexo, compresso e cisalhamento so menores, conduzindo assim a presena dos ns a uma reduo em todas as propriedades de resistncia do colmo. As propriedades de resistncia do bambu so influenciadas pelo contedo de umidade do colmo. Na condio seca a resistncia maior do que na condio verde, sendo esta diferena mais facilmente percebida em colmos jovens do que nos colmos de maior idade (LIESE, 1998). O bambu naturalmente j possui resistncias flexo, trao e compresso muito superiores quelas de outros materiais naturais, e pode fornecer resultados mais satisfatrios dessas caractersticas quando for agregado com adesivos.

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QISHENG e SHENXUE (2001), atravs dos seus estudos, ressaltam a importncia do bambu, principalmente por caractersticas como resistncia, facilidade de processamento, de ser cortado ou lascado. Segundo LIESE (1998), JANSSEN (2000), HIDALGO LOPEZ (2003), o bambu possui excelentes propriedades mecnicas influenciadas principalmente pelo contedo de umidade do colmo, idade e densidade, contedo de fibras, responsvel por sua resistncia. HIDALGO LOPEZ (2003) considera que foram cometidos muitos erros na determinao das caractersticas mecnicas dos colmos, pois o bambu foi considerado como sendo uma rvore. O bambu uma gramnea gigante, com propriedades de resistncia mecnica que diferem horizontalmente da base ao topo do colmo e lateralmente atravs da parede do colmo, o que muitas vezes no se leva em considerao. Vrias pesquisas foram realizadas para obter caractersticas fsicas e mecnicas de peas laminadas de bambu. Para RIVERO & BERALDO (2003), o bambu possui boas caractersticas fsicas bem como a sua forma geomtrica peculiar. A facilidade de encontr-lo e com seu custo acessvel, o torna muito utilizado como material de construo. Ainda, RIVERO & BERALDO (2003) avaliaram caractersticas fsicas e mecnicas do Bambu Laminado Colado (BLC), e verificaram que ele pode ser considerado: um material leve com massa especfica aparente na faixa de 0,50g/cm a 0,75g/cm; nos testes o adesivo resorcinol-formaldedo se mostrou mais estvel do que com uria-formaldedo; no cisalhamento o BLC mostrou-se adequado para a fabricao de cavilhas. O BLC produzido com B. vulgaris resultou em um material mais resistente pelo nmero maior de linhas de colagem. GONALVES et alii (2000), atravs de normas adaptadas da madeira, mediram a resistncia trao normal e paralela s fibras, compresso normal e paralela s fibras e cisalhamento das espcies Dendrocalamus giganteus, com no mnimo trs anos de idade, cujos resultados esto apresentados no quadro 01.

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Quadro 01. Resistncia mecnica de amostras de bambu laminado colado (GONALVES et alii 2000).

BAMBU LAMINADO COLADO Ensaio Dureza Compresso Paralela s Fibras Compresso Normal s Fibras Trao Paralela s Fibras Trao Normal s Fibras Cisalhamento Flexo esttica Resistncia (MPa) 352 55 18 195 2,5 10 166

Nesses experimentos, os autores mostraram que a metodologia empregada foi satisfatria e que os resultados e valores apresentados, condizem com a literatura sobre testes com o bambu. BERALDO & ZOULALIAN (1995) apresentam valores gerais para as propriedades mecnicas do bambu como sendo: -Resistncia compresso: 50 a 90 MPa. -Resistncia trao: 2,5-3,5 vezes a sua resistncia compresso. -Resistncia flexo: 70 a 150 MPa. Ainda, BERALDO (1987) apresentou valores de resistncia flexo (quadro 02), de cinco espcies de bambu, ensaiados na forma de corpos-de-prova cilndricos (forma natural).Quadro 02. Resistncia de bambus em flexo (BERALDO, 1987).

Espcie

Limite elstico (MPa)

Tenso de ruptura (MPa) 153 106 75 151 69

MOE (GPa) 20 8 5 12 8

B. tuldoides B. vulgaris B. v. vittata D. giganteus P. purpuratta

95 48 40 86 42

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PEREIRA & SALGADO (2006) estudaram uma espcie de bambu gigante (Dendrocalamus giganteus), onde testaram ripas com espessuras de 8 mm e sempre prximas casca. Utilizaram amostras das trs partes que compem um colmo, inferior, meio e superior (figura 07).

Figura 07. Trs partes que podem ser aproveitadas do colmo para laminao (PEREIRA, 2006).

Na anlise de varincia foi constatada uma diferena de 10% inferior na base do colmo, em relao s outras duas partes, meio e superior. Esses resultados confirmam a possibilidade do uso, sem restries, das trs partes que compe um colmo de bambu na utilizao das ripas e dos laminados colados (quadro 03).

Quadro 03. Valores mdios da resistncia f (MPa), do mdulo de elasticidade longitudinal E (GPa) obtido no ensaio de compresso paralela, flexo e Trao de tiras de bambu sem n e com n e do Laminado Colado (PEREIRA & SALGADO, 2006).

Caractersticas Mecnicas f Trao Flexo Compresso (g/cm3) 245,6 167,0 70,3

Material Simples Ripas Sem n E 20,5 15,6 17,8 0,81 f 111,7 111,9 63,4 0,88 Com n E 18,3 12,3 18,3

Bambu Laminado Colado (BLC) f 143,7 98,9 65,5 0,79 E 20,6 13,6 18,1

Para os testes de flexo foram verificadas diferenas significativas no mdulo de elasticidade longitudinal nos corpos-de-prova com no e sem n, com 27% e 49%

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respectivamente. Nos testes de trao observou-se que nas amostras com n a ruptura sempre ocorreu na regio do n, independentemente deste estar deslocado do centro.

3.3 Processos de Fabricao dos Painis ou Peas de Bambu

Para a fabricao dos painis de bambu alguns procedimentos geralmente utilizados para a madeira so aproveitados, principalmente as tcnicas e os processos utilizados para obteno da matria-prima que ir compor as peas, no caso lascas finas ou lminas, ripas e partculas. A grande vantagem dos painis que estes possuem formatos ou dimenses que a natureza dificilmente poderia proporcionar (GONALVES, 2000). O bambu apesar de seu dimetro reduzido, quando comparado s madeiras, pode alcanar padres de chapas considerveis para certas aplicaes. Os maquinrios para madeira, alguns mtodos e processos podem ser adaptados para o bambu. Alm disso, apesar do seu grande porte, esse material possui pequenas deformaes e uma boa estabilidade para a produo de painis. QISHENG & SHENXUE (2001) citam que h a possibilidade de moldagem como na madeira (prender com molde), e que a parte central (miolo da parede) a melhor para ser colada com adesivos. As ripas ou tiras para os painis ou peas laminadas so retiradas mais prximas rea externa do colmo, pois possuem maior resistncia, (figura 08).

Figura 08- Esquema de retirada das ripas, observado da seo transversal (Fonte: FBIO MOIZS, 2006).

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Nos painis base de bambu, os processos de fabricao dependero do formato da matria-prima utilizada (lminas, ripas, flocos ou fibras) e do tipo de aplicao, que ir definir o produto final. No geral, as etapas desses processos para a fabricao dos painis resumem-se em: 1- Cortes dos colmos (transversais e longitudinais); 2- Imerso em tanques para tratamento de imunizao (figura 09, c e d); 3- Colagem e disposio das peas; 4- Processamento das peas; 5- Acabamentos superficiais. Nos cortes, os colmos so divididos em partes menores (figura 09- a, b) para facilitar o transporte no cho de fbrica; posteriormente so processados em tiras, lminas ou partculas com maquinrios especficos similares aos de madeira. Basicamente, no tratamento de imunizao contra insetos (xilfagos), so utilizados produtos como: Querosene; Sais de Boro; CCB (Cobre, Cromo e Boro); PENTOX, sendo os colmos pulverizados ou imersos em tanques, veja (figura 09- c, d). Para a obteno de peas usinadas com diferentes perfis so utilizados ferramentas do tipo fresa.

Figura 09. a) Cortes transversais do colmo; b) Cortes longitudinais de um colmo; c) e d) tanques para imerso no tratamento de imunizao (Fotos: MARCO PEREIRA, China, 2000).

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Geralmente h uma seleo manual das ripas e tiras e, em seguida, a colagem (Figura 10- a, b) com adesivos prprios base dgua, poliuretanas e outros base de mamona, utilizada atualmente em vrias pesquisas. Dependendo da finalidade, as peas so aparadas nas extremidades (bordas) e lixadas. Em alguns casos, ainda, processada para obteno de encaixes (como nos pisos de bambu) para a montagem no destino final.

Figura 10. a) e b) Colagem com adesivos; c) e d) Processamento de ripas (Foto: MARCO PEREIRA, China, 2000).

Na seqncia so dados acabamentos com seladores, bases poliuretanas com ou sem UV (Ultra Violeta), como na figura 11, e para o acabamento, abrasivos (lixas) ou tintas e bases poliuretanas.

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Figura 11. a) painel compensado de bambu; b e c) Pisos de bambu no processo com UV; d) Seleo e controle de qualidade de pisos de bambu (Fotos: MARCO PEREIRA, China, 2000).

Vrias pesquisas so realizadas utilizando o bambu como matria-prima na fabricao de painis no Brasil. Como existem uma quantidade e diversidade de painis, na seqncia esto descritos dois dos processos realizados na FEB-UNESP.

3.3.1 Processo de Fabricao dos Painis BLC (Bambu Laminado Colado) e Peas Laminadas

A produo de painis de laminados (ou ripas) colados depender do formato da pea e do maquinrio disponvel. Aps o corte e a colheita no campo, os colmos so divididos em partes nas medidas necessrias para serem processados, conforme as tcnicas e os processos

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de cada fbrica ou centros de pesquisa. No geral PEREIRA (1997) diz que as pea laminadas de bambu so executadas a partir dessa seqncia: 1- Desdobro em serra circular (corte transversal), com o comprimento necessrio para o processamento das ripas e do tamanho de cada tanque de tratamento de imerso; 2- Desdobro em serra circular dupla (corte longitudinal), para obteno de ripas com largura desejada; 3- Beneficiamento inicial em plaina para a remoo da protuberncia provocada pela presena dos ns internamente e externamente. Nesta etapa espera-se remover o mnimo possvel de material proveniente da regio mais externa prxima casca (rica em fibras) e o mximo possvel da regio mais interna (rica em parnquima); 4- Imerso das ripas em tanque para proteo contra insetos xilfagos (Imunizao); 5- Armazenamento das ripas para secagem ao ar at a umidade de equilbrio; 6- Beneficiamento final em plaina de quatro faces para a obteno de ripas com as dimenses necessrias sem a necessidade da retirada dos ns conforme a pea desejada, na sua largura e espessura; 7- Colagem das peas com adesivos especiais; 8- Prensagem das peas, e dependendo da sua forma ser usado um tipo especfico de molde na prensa; 9- Acabamento da pea na lixadeira.

3.3.2 Fabricao dos Painis com Partculas

Na fabricao dos painis com partculas basicamente so apropriados os procedimentos usados na produo de chapas para madeiras. NASCIMENTO (2003), utilizou os seguintes processos na obteno de chapas de partculas homogneas, de madeira, adaptados para o bambu por (VALLARELI et alii, 2006): 1- Obteno das partculas em cavacos ou flocos no moinho ou atravs de desengrosso e desempenadeira; 2- Secagem dos cavacos ou flocos; 3- Seleo das partculas, dependendo do painel; 4- Misturador para aglutinar as partculas e o adesivo;

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5- Montagem e formao do colcho com as partculas; 6- Prensagem; 7- Acabamento das chapas usando lixadeiras; 8- Para partculas de bambu, importante o tratamento contra fungos e insetos para sua proteo.

3.4 Estrutura dos Painis de Bambu

Estruturalmente os painis podem ter uma ou mais camadas, com diferentes formatos, direes e disposies das ripas, lminas ou tiras. Essas podem ser coladas lateralmente na vertical e horizontal, na mesma linha cola (Figura 12- a2, b2) ou no (Figura 12- a3, b3) e ainda podem ser contra-placados ou entrelaados (esteiras), como mostra a figura 12 (c e d). Na composio dos painis e peas o material empregado e a disposio das tiras ou ripas definiro as caractersticas estruturais do produto final.

Figura 12. a, a1, a2, a3) Painis de ripas coladas na horizontal; b, b1, b2, b3) Painis com ripas coladas na vertical; c, c1, c2) Painis com ripas coladas em direes invertidas (Contra-placados); d) Painis com tiras entrelaadas.

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3.5 Cores e Tonalidades obtidas a partir do Processamento dos Painis de Bambu

Os painis podem variar de cor e tonalidades, dependendo das espcies e do processo final de fabricao. Podem adquirir cores naturais (Figura 13), serem descoloridas ou carbonizadas.

Figura 13. Painis com revestimentos de lminas naturais (Fonte: http//:www.zenbamboo.com, 2006).

3.5.1 Painis e Peas Descoloridas (Bleaching)

Esse processo de descolorir com substncias qumicas atravs do cozimento remove a lignina das polpas, tiras ou lminas de bambu. No tanque, conforme figura 14, as tiras de bambu so imersas em solues a altas temperaturas descolorindo-as em porcentagens dependendo do tempo e da concentrao destas solues.

Figura 14- Processo de descolorir (Bleaching) tiras de bambu (Fonte: http//.www.ecobamboo.net).

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De acordo com o INBAR (1995), o tempo da imerso das peas deve ser regulado de modo que a resistncia das ripas ou tiras de bambu no seja danificada, alm disso, as peas podero perder colorao, resinas e substncias oleosas estragando sua aparncia. De acordo com DHAMODARAN et alii (2003), depender do tempo e da quantidade de soluo da qumica para obter peas descoloridas com nveis maiores (90%), ou semi-descoloridas (60% a 70%). As solues normalmente utilizadas nestes processos so o Dixido de cloro, Hipoclorito de sdio e Perxido de hidrognio. As lminas ou ripas de bambu (Figura 15) so submetidas ao processo de fervura base de Hipoclorito de Sdio 1%, ou Dixido de cloro, em tanques por uma hora, mas dependendo do dimetro da pea esse tempo deve estender-se. Estas qumicas apresentam o grande inconveniente da formao de compostos organoclorados. O grande volume de gua, utilizado nestes processos de branqueamento e o descarte dessas guas residurias contendo organoclorados constituem um dos mais srios problemas ambientais do setor de celulose e papel. O Perxido de Hidrognio, tambm conhecido como gua oxigenada, no forma os organoclorados, contribuindo para o controle ambiental. comumente usado para branquear, deslignificar e tratar efluentes industriais. Pode substituir efetivamente o dixido de cloro em uma seqncia de branqueamento de polpa celulsica convencional, e uma excelente opo para aumentar o rendimento ou reduzir os custos de branqueamento (Fonte: http: // www.peroxidos.com.br).

Figura 15- Lminas de bambu descoradas, alvejadas (Bleaching).

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3.5.2 Painis Carbonizados

A carbonizao do bambu usada para mudar a cor natural para uma colorao mais escura. No processo, as peas so aquecidas provocando o escurecimento do amido presente nas clulas de parnquima. Nesse caso de carbonizao para os pisos de bambu, as peas perdem aproximadamente 20% de sua dureza; as fibras so enfraquecidas pela presena do vapor e da alta presso (Figura 16).

Figura 16- Forno ou caldeira para a carbonizao das ripas, China. (Fotos: MARCO PEREIRA, 2000).

A ao de carbonizar possibilita a obteno de tons diferentes que no podem ser precisamente controlados, mas alcanam cores nos tons do mbar, marrom ou negra. O bambu cortado em tiras e colocado dentro de uma caldeira a vapor por aproximadamente 20-30 minutos em 5 kg/cm a uma temperatura de 150 C, resultando em coloraes uniformes. O bambu cortado no comprimento desejado e a pele exterior eliminada. (INBAR, 1995). Na carbonizao, as peas de bambu assumem caractersticas como durabilidade e impermeabilidade, necessrias para as taxas de absoro proporcionando uma vida longa para o produto. Ainda as peas podem ser oxidadas com resina, obtendo um acabamento superficial com maior resistncia (HUANGSHAN TIANYU BAMBOO, 2006).

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Os pisos de bambu esto disponveis na colorao natural e caramelo. Natural uma cor loura, clara, ou seja, similar ao natural e o caramelo uma cor ambarina escura (Figura 17).

Figura 17- Lminas ou painis carbonizados (Fonte: http: //www. chinathj. com, 2007 e www.zenbamboo.com).

3.6 Classificao dos Painis de Bambu

Os painis so classificados geralmente a partir do seu processo de fabricao, estruturas, uso, e tambm pelo formato e tamanho do material empregado no seu processo. Os painis podem ser compostos de lascas finas, lminas, ripas finas, ripas, partculas, fibras e outros materiais como os adesivos para colagem, mostrado na figura 18.

Figura 18. Lminas, lascas, ripas ou partculas: amostras de material empregado nos painis.

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De acordo com QISHENG e SHENXUE (2001), os painis de bambu se dividem conforme o material: - Tiras ou ripas de bambu (Strips); - Lascas ou fatias finas de bambu (Sliver); - Partculas (Particles). Atravs dessa diviso, os autores classificam as chapas de bambu processado em: Painis de tiras: compensado de bambu, bambu laminado colado e piso de madeira e bambu; Painis de lascas: compensados de bambu rasgado, placas de cortinas de bambu, placas de laminados, esteiras e cortinas de bambu; Painis de partculas: painis de partculas; Painis ou Chapas compostas de bambu: piso composto de madeira e bambu, chapa de lminas de bambu e ripas de madeira, assoalho de bambu composto de madeira, chapas de partculas de bambu reforado, bambu sobre chapas de partculas, compensado de bambu folheado com lmina de madeira. GONALVES (2000), organizou os produtos base de madeira, a partir do material a ser empregado: Lminas: chapa de madeira compensada (PW), chapa de madeira sarrafeada (BB) e pea micro-laminada (LVL); Partculas: chapa de madeira aglomerada (PB), chapa de flocos orientados (OSB), chapa de flocos no-orientados (WB), pea de ripas paralelas (PSL) e pea de flocos orientados (OSL); Fibras: chapa isolante (IB) chapa dura (HB) e chapa de mdia densidade (MDF). O INBAR (1999) define que os painis so formados com partculas ou chips, fibras, p, lascas, lminas e ripas e que so produzidos utilizando-se de adesivos base de uria formaldedo, uria melamina formaldedo, fenol formaldedo, Isocianato, cimentos e outros materiais. Com base nesses autores, o bambu e seus painis esto classificados e divididos segundo o tamanho e o formato do material, de sua aplicao e uso. Na literatura mundial so encontrados painis com diferentes definies para cada aplicao, com isso, as suas denominaes variam conforme o pas de origem. Essas derivaes do bambu, geralmente so produzidas e encontradas comercialmente, principalmente na China, ndia, Vietnam, Malsia, Indonsia, Taiwan, Philipinas.

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Os painis ou peas mais encontrados nesses pases so: Chapa de cortina de bambu (Bamboo Curtain Board); Chapa de esteira de bambu (Bamboo Mat Board); Esteira de Bambu (Bamboo Mat); Bambu Laminado Colado (Bamboo Laminated Glued); Bambu Laminado Colado contra-placado (Bamboo Laminated Plybamboo); Pisos de bambu (Bamboo Floor Laminated Board); Chapa de aglomerado de Bambu (Bamboo Fiber Board); Chapa de partculas de bambu (Bamboo Particle Board). Porm, so inmeros os painis de bambu encontrados comercialmente ou pesquisados nos vrios pases citados anteriormente, e que podem ser distribudos e divididos como no organograma (Figura 19).

Figura 19. Organograma, o bambu, a matria-prima proveniente do bambu e seus derivados de painis.

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3.7 Painis de Bambu: Amostras e aplicaes

3.7.1 Painis de Laminados e Ripas

3.7.1.1 Painis ou peas de Bambu Laminado Colado (BLC, Bamboo Laminated Glued)

O Bambu Laminado Colado (Figura 20), produzido com a mesma tecnologia dos compensados de madeira, com a distribuio e colagem lateral de ripas na direo longitudinal, utilizando adesivos base de gua.

Figura 20. a) Bambu laminado colado (PEREIRA, 1997); b) BLC, com duas camadas verticais. (Fonte: http//.zenbamboo.com, 2006); c) BLC com uma camada. (Fonte: http//www.cbamboo.com 2006).

O BLC, como chamado, possui caractersticas estruturais e superficiais, portanto um material, verstil, resistente e aplicvel no design de produtos (Figura 21), interiores e construo civil.

Figura 21. a) e b) Bancos e buffet em bambu laminado colado plano (UKAO, 2006); c) Criado mudo em bambu laminado colado plano. (Fonte: http//www.sustainableflooring.com, 2006).

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Pode ser usado na fabricao de produtos com superfcies planas (figura 21) ou curvas, com a utilizao de moldes de madeira ou de metal (Figura 22).

Figura 22. a) Cadeira Yolanda, de GERARD MINAKAWA para a empresa Ukao (BROWER et alii., 2005); b) Mesas e assento (cadeira) de bambu laminado curvo de DOMINIC MUREN, Chicago (Fonte: http//www.treehugger.com, 2007).

As peas de mobilirios desenvolvidos por Gerard Minakawa para a Ukao, utilizam basicamente peas curvadas com BLC, confeccionados a partir de moldes (Figura 23).

Figura 23. Moldes de metal (Fonte: INBAR, 2001).

3.7.1.2 Painel Contra-placado de Bambu

O contra-placado indicado para a fabricao de tampos de mesas (Figura 24), assentos, encostos de cadeiras e poltronas, portas de mveis e usos internos. RIVERO & BERALDO (2003) confeccionaram amostras desse material, e nos teste de flexo obtiveram um bom desempenho.

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Figura 24. a) Painel contra-placado carbonizado (Fonte: http://www.tigerbamboo.com); b) Painel contra-placado natural (Fonte: http://www.dingobamboo.com).

3.7.1.3 Painel Compensado de Lminas de Bambu (Plyboo)

Os painis de compensado de bambu so fabricados com a disposio das lminas similar dos painis de madeira. So cortadas tiras de 60 mm a 120 mm, aproximadamente, e dispostas na direo transversal para cada camada, aplicando-se adesivo e depois prensando a quente ou a frio com uma camada protetora. Na amostra em perspectiva e topo (Figura 25) percebe-se o compensado laminado empilhado que fabricado com 100% de matria-prima renovvel. So usados adesivos fortes, mas com emisses livres de gases contaminantes. O compensado de bambu pode ser cortado e lixado usando um equipamento convencional. Pode tambm ser colado e prensado mecanicamente. Na Colmbia o compensado usado como frma de concreto, estruturas, vigas e montagem de paredes.

Figura 25. Compensados laminados de bambu e amostra reduzida do mesmo painel adquirida na FORESTRY UNIVERSITY NANJING (Fotos: Marco Pereira, 2000).

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Na China o compensado tambm usado como frmas de concreto, plataformas de caminhes (Figura 26), nibus e trens, piso na construo civil, como a embalagem para componentes de mquina, para embarcaes como o material para mveis de interiores de navios e barcos. Esse painel possui caractersticas como boa elasticidade, longa durabilidade e reciclagem rpida, abraso, peso leve e resistncia de choque e ainda carter impermevel, com medidas aproximadas de 2440 mm no comprimento (mximo), 1220 mm na largura (mximo) e 6-30 mm na espessura (FUSTAR BAMBOO, 2007).

Figura 26. Carroceria de caminho tipo ba e de nibus urbano (Fonte: http//:www.fustarbamboo.com, 2006).

3.7.1.4 Pisos de Bambu Laminado Colado (Bamboo Floor Laminated)

Os pisos de bambu possuem uma boa resistncia e durabilidade, principalmente em gua, e so fabricados com ripas de bambu colados lateralmente na horizontal ou na vertical (Figura 27). Sua principal aplicao destinada para pisos e assoalhos de ambientes internos.

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Figura 27. a) e b) Pisos de bambu laminado, carbonizado ou natural colados verticalmente (Fonte: http//:www.greencorp.com, 2006); c) Piso de bambu natural e carbonizado. (Fonte: http//:www.fustarbamboo.com, 2006).

A qualidade dos assoalhos (Figura 28) devido a seu processo exclusivo e aos materiais que usam somente o bambu colhido de florestas controladas. Esses processos foram aprovados aps longos anos de pesquisa e experincia nessa rea (ZEN BAMBU, 2006).

Figura 28. Ambientes com pisos de bambu. (Fonte: http//:www.zenbamboo.com, 2006).

3.7.2 Painis de Lascas ou Fatias Finas

3.7.2.1 Esteiras de Bambu Colado (Bamboo Mat Board)

Na produo das chapas de esteira de bambu entrelaado (Figura 29), as fatias finas so classificadas quanto qualidade, depois organizadas e tranadas, posteriormente

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mergulhadas em adesivo e prensadas quente, podendo ser utilizadas diferentes frmas para moldar.

Figura 29. a) Mulheres tecendo a esteira; b, c) Amostras de esteiras de bambu moldado sob presso. (Fonte: http//:www.bambooworldindia.com, 2006).

Na empresa Kerala State Bamboo, (2006), os painis so manufaturados em vrios

tamanhos: (1.83 m x 0.92 m); (1.83 m x 1.22 m); (2.44 m x 1.22 m) e com espessuras de 3 mm, 4 mm, 6 mm, 9 mm e 12 mm. A principal propriedade apresentada pelos painis a resistncia gua. Esses produtos possibilitam diversas aplicaes em interiores como revestimentos, utenslios para culinria, mobilirio (Figura 30), tetos (forros), divisrias, e em automveis. So desenvolvidos na ndia desde 1956 e possuem caractersticas como rigidez (MOR) e flexibilidade, podendo ser prensado em temperaturas de 130 C.

Figura 30. a) mesa; b) bandejas. (Fonte: http//:www.bambooworldindia.com, 2006).

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3.7.2.2 Laminado ou folheado de Bambu (Bamboo Laminated)

As lminas ou folhas de bambu so usadas principalmente para revestimentos, como folheados ou em painis montados e colados, ou composto com outras folhas mais espessas. Podem ainda ser compostas com placas de madeira como o chipboard, o multiplex, MDF, compensados, aglomerados. Possuem vrias tonalidades conforme mostra a figura 31, so aplicados na arquitetura de interiores, em revestimentos de divisrias e pisos, no mobilirio como tampos de mesas, armrios para dormitrios e reas de servio (reas frias) como lavanderias e cozinhas.

Figura 31. a) Laminados de bambu natural e carbonizado. (Fonte: http//:www.jj-gao.com, 2006); b) Laminado de bambu. (Fonte: http//:www.123bamboo.com).

O folheado de bambu fabricado pressionando folhas finas de bambu cortado, fixados com adesivos especiais (Figura 32). Para o acabamento, as lminas de bambu podem ser lixadas, impermeabilizadas com bases seladoras para a proteo, e posteriormente, finalizadas com camadas de vernizes ou ceras (Fonte: http//:www.123bamboo.com).

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Figura 32. a) Dormitrio e cozinhas revestido com laminados de bambu. (Fonte: http//:www.zenbamboo.com, 2006); e Luminria com laminas de bambu. (Fonte: http//:www.plyboo.com, 2007).

3.7.2.3 Painel de Lascas de Bambu Ondulado para Telhados (corrugated Bamboo Roofing Sheets)

Os bambus so cortados, tecidos em lascas finas, e embebidos em resina (adesivo), como uma esteira. Em seguida as esteiras so comprimidas e prensadas juntas. Assim, aps a secagem os painis (Figura 33) so aparados, e sero aplicados especificamente em coberturas (telhados).

Figura 33. Processo de fabricao do painel ondulado (Fonte: http//:www.bamboocomposites.com).

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3.7.3 Painis de Partculas ou Flocos

3.7.3.1 Painel Aglomerado de Partculas de Bambu (Bamboo of Particleboard)

Os painis de partculas so produzidos com o mesmo processo utilizado para a madeira. O colmo do bambu modo ou triturado em partculas, seco em estufas; em seguida misturado com um adesivo e prensado. Esses materiais, mostrados na figura 34, so fabricados geralmente com resduos e podem receber revestimento de lminas de bambu ou mesmo de madeira nos dois lados da chapa. Geralmente so aproveitados resduos da produo de outras chapas como compensados de bambu e esteiras na fabricao desses painis de partculas. O produto pode ser usado na construo para diversas aplicaes (aps cobrir com os revestimentos) como o teto, forros, vrios tipos de divisrias e painis decorativos.

Figura 34. Painis de partculas de bambu sem revestimento (Fonte: http//:greencorp.jp.com, 2006).

Muitos materiais podem ser aplicados para revestir esses painis, como as esteiras de bambu, folheados de resina impregnada, papel kraft, folheados de madeira ou bambu e papis decorativos. Sua aplicao destinada principalmente para divisria, portas ocas, preenchimento de paredes, forros rebaixados e na fabricao de tampos para mobilirio.

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3.7.3.2 Painel Aglomerado de partculas aglomeradas de bambu composto (Particle Board Composite)

Esse painel homogneo composto de partculas de bambu (Figura 35), material este proveniente do aproveitamento total dos colmos, galhos e folhas caulinares, que em outras situaes poderiam ser considerados resduos agrcolas.

Figura 35. Painel de partculas aglomeradas compostas (SAMPAIO et alii, 2006).

Na Unesp, Bauru/ SP esto sendo feitos testes para obteno de mais resultados especficos do material, mas inicialmente sua aplicao est prevista tambm como material estrutural, mas por enquanto, indicado para divisrias, forros, vedaes e para o mobilirio.

3.7.3.3 Painel OSB de Bambu (Oriented Strand Board of Bamboo)

Esse painel composto de partculas ou flocos (flakes) de bambu, orientados e prensados em colcho especfico para essa finalidade. So fabricados com a mesma tecnologia dos painis de madeira (Figura 36).

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Figura 36. Painel de bambu com partculas orientadas - OSB. (Fonte: http//:www.greencorp.com, 2006).

A sua aplicao destinada estruturao de paredes, pilares e vigas de casas, divisrias para interiores e edificaes em geral (figura 37).

Figura 37. Estrutura para casas em OSB de bambu (Fotos: Paula Landim).

3.7.4 Painis de Bambu Compostos

3.7.4.1 Painel de Revestimento com Tiras de bambu e P de Coco Colado e MDF

Esse painel (figura 38) foi desenvolvido pelo designer Salim Moizs, suprindo a necessidade de um revestimento ecolgico para os mveis da loja Living Interiores, de Recife. Trata-se de um material alternativo que pode ser usado como estrutura e acabamento,

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tanto para superfcies de mobilirio, revestimento de paredes e divisrias (REVISTA SIM, 2005).

Figura 38. Painel de MDF revestido com ripas de bambu e p de coco colado (Fotos: SALIM MOIZS).

Neste exemplo com a mesa bambu, mostrada na figura 39, a matria prima o ponto forte mediante seu apelo ecolgico e cultural. O arquiteto Salim prope que "para que as pessoas possam se aproximar da nossa cultura, criar uma relao ntima com o mvel, agregar um valor incalculvel que as indstrias no tm, gerando um mvel com a nossa cara".

Figura 39. Mesa Bambu, do arquiteto e designer SALIM MOIZS, (Fonte:http//:www.revistasim.com.br, 2006).

3.7.4.2 Painel para Papel de Parede com Ripas de Bambu (Bamboo Strips Wallpaper)

No painel de bambu para papis de paredes (Strips Wallpaper), as tiras so dispostas lateralmente sobre manta de tecido. Entretanto, no so coladas lateralmente permitindo uma flexibilidade da esteira ou manta (figura 40).

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Figura 40. a) Wall paper; b)Tiras de bambu coladas em tecido. (Fonte: http//:www.dmvpbamboo.com, 2006).

As esteiras consistem em tiras de bambu de 50 milmetros de largura e com 2,4 milmetros da espessura e dispondo de uma camada de bambu. O material fornecido em rolo (largura padro 204 cm, comprimento padro 30 m). As esteiras de bambu so aconselhveis em muitas aplicaes internas, como tapetes, pisos e em forros (Figura 41). No mobilirio, para portas de armrio em superfcie plana, cncava ou convexa (HANGZHOU DMVP TIMBER, 2006).

Figura 41. Cobertura do aeroporto de Madri, Espanha (Fonte: http//:www.dmvpbamboo.com, 2006).

Todos esses painis so fabricados utilizando o bambu como matria-prima bsica e dependendo da aplicao ir determinar os acabamentos superficiais. Geralmente so fabricados a partir de recursos de cada regio. Na maioria utilizam adesivos pouco agressivos ao meio ambiente e agregados na sua maioria com outros materiais como resinas, madeiras, fibras. Com base nessa reviso, foi possvel propor o estudo e o desenvolvimento de produtos nos cursos de Design da cidade de Bauru nas disciplinas de Projeto.

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As metodologias e os procedimentos desta pesquisa foram definidos durante a abordagem inicial do tema. Com a possibilidade dos sujeitos da pesquisa serem alunos do curso de graduao em design, estabeleceu-se que os estudos seriam qualitativos e de carter descritivo. A pesquisa pode ser realizada atravs de documentao indireta bibliogrfica e documental e, posteriormente, por documentao direta na pesquisa de campo (LAKATOS & MARCONI, 1991). Esta pesquisa foi realizada inicialmente na forma de questionrio, orientaes em salas de aula e na prtica nos Laboratrios de bambu e madeira, com os alunos do curso em graduao em Design. O objetivo especfico da interveno foi o de difundir o bambu como matria-prima para o desenvolvimento de produtos e proporcionar conhecimento sobre os painis de bambu nas disciplinas de projetos. A pesquisa iniciou-se por meio do levantamento inicial dos painis baseados em bambu, realizado sob a orientao do Prof. Dr. Marco Antonio dos Reis Pereira do Laboratrio de madeiras e bambu, da FACULDADE DE ENGENHARIA-FEB no departamento de engenharia mecnica, UNESP, visando inserir o uso do bambu nos cursos de Design. Com isso, uma interferncia foi possvel atravs do convite da Profa. Dra. Paula da Cruz Landim, que orientou os procedimentos da pesquisa, na qual foram desenvolvidas, com os alunos de Design, atividades relacionadas ao uso e aplicao do bambu nas disciplinas de projeto. O estudo ocorreu nos cursos de Design na cidade de Bauru, especificamente nas disciplinas de projeto III (Mobilirio), sob a orientao da Profa. Dra. Paula da Cruz Landim da UNESP-FAAC, e em Design de Interiores (Projetos de ambientes residenciais e comerciais), sob a orientao do professor Fbio A Moizs do INSTITUTO ENSINO SUPERIOR DE BAURU-IESB.

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4.1 Procedimentos da pesquisa

4.1.1 Pesquisa em Sala de Aula

A interferncia com palestra de curta durao, as orientaes e todo o trabalho de campo aconteceram durante as aulas de projeto no primeiro semestre de 2006, paralelamente ao contedo das ementas de cada disciplina, portanto contribuindo dos objetivos estabelecidos dentro do programa de cada curso. A reviso bibliogrfica do bambu e de seus painis derivados confirmou a importncia para a palestra inicial, conseguindo a ateno dos presentes, mostrando o interesse onde foram abordados temas para a continuidade das orientaes durante o semestre, como questes relacionadas ao material bambu e suas particularidades, sua importncia para reflorestamento, o processamento do material, os maquinrios usados na fabricao, os adesivos e acabamentos utilizados na produo e mais uma srie de questionamentos. Mediante questionrio aberto foram obtidos os dados pessoais de cada sujeito, como sexo, idade, e questes sobre os painis base de bambu.

4.1.2 Populao

A populao da amostra foi definida por estudantes universitrios dos cursos de Desenho Industrial na cidade de Bauru, sendo uma instituio privada e outra universidade pblica, matriculados em duas disciplinas de projeto no 1 semestre do ano de 2006, sob orientao dos professores responsveis.

4.1.3 Sujeitos

Foram abordados num total 40 alunos ambos do ano letivo 2006, sendo 17 alunos no curso de Desenho Industrial do Instituto de Ensino Superior (IESB), matriculados na

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disciplina de Design de Interiores 7 termo, e 23 alunos no curso de Desenho Industrial, Projeto de Produto, na disciplina de Projeto III, Mobilirio, 5 termo da Universidade Estadual Paulista (UNESP). No foram fixados faixa etria e sexo, e sim todos os alunos matriculados na disciplina ou presentes em sala de aula e, dessa forma, esses sujeitos foram suficientes para a coleta de informaes. Os alunos esto distribudos quanto ao gnero, 50% masculinos e 50% femininos, mostrando a homogeneidade das turmas. Na universidade pblica destaca-se uma populao masculina (70%) em relao universidade privada (30%) conforme tabela 01.

Tabela 01. Distribuio de alunos por sexo.

Sexo Alunos universidades Feminino Masculino Total IESB UNESP 11 09 06 14 17 23

Na tabela 02 mostra-se a faixa etria correspondente aos alunos de cada instituio. H um predomnio de alunos entre 15 e 24 anos num total de 31 sujeitos. Nota-se que apenas 09 alunos esto na faixa de 25 a 40 anos.

Tabela 02. Distribuio de alunos por faixa etria.

Idades Alunos universidades 15 a 19 20 a 24 25 a 30 31 a 35 36 a 40 Total IESB UNESP 01 04 10 16 01 03 04 00 01 00 17 23

4.1.4 Instrumentos de Pesquisa

O pesquisador foi preparado pela Profa. Dra. Paula da Cruz Landim para efetuar a coleta de dados e sobre o assunto bambu, atravs da orientao do Prof. Dr. Marcos Pereira, FEB da Unesp de Bauru/SP. Esta pesquisa foi realizada em sala de aula, sob forma de

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questionrio, palestra e orientaes durante todo o 1 semestre do ano de 2006, e aplicado para cada curso, atendendo ao maior nmero de alunos possveis sem alterar a rotina das aulas.

- Palestra

Na palestra foi utilizado material didtico produzido no programa Microsoft PowerPoint, contendo caractersticas sobre o bambu; imagens de amostras do material empregado como partculas, ripas e lascas e ainda compostos com outros materiais; fotos de produtos produzidos com os painis; e fotos de amostras de painis e peas de outros pases como China, ndia e ouros pases (ANEXO 02);

- Amostras de Painis de Bambu

As amostras dos painis de bambu foram cedidas pelo professor Pereira, provenientes de sua visita China em 2001 (Figuras 20 a, 25, 27 b, 29, 35 e 40 a) e de estudos realizados no Laboratrio de Madeira e Bambu, FEB. Nas figuras 42 e 43 esto dispostos os alunos das duas instituies, IESB e UNESP, respectivamente, observando algumas amostras e respondendo s questes abordadas. O equipamento utilizado para captura das imagens foi uma Mquina Fotogrfica Digital Modelo SONY DSC-W1, 5 Mega Pixel;

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Figura 42. Alunos do IESB durante a exposio das amostras de bambu.

Figura 43. Alunos da UNESP durante a exposio das amostras de bambu.

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- Questionrio

O objetivo do questionrio foi o de esclarecer o nvel de conhecimento dos alunos quanto aos materiais derivados do bambu (ANEXO 03). Na primeira parte do questionrio, foram abordados os seguintes dados pelo pesquisador: sexo, idade, instituio, termo, curso, disciplina, sem identificar o aluno. Posteriormente, foram aplicadas questes objetivas como: - Se o aluno conhecia algum painel ou pea de bambu processado para o uso no design. - Caso a resposta fosse sim, que ele (aluno) apontasse uma das trs opes de materiais presentes no questionrio. Para finalizar: - Alguma dvida sobre o uso e aplicao dos painis de bambu no design. Mediante a tabulao dos resultados do questionrio, a anlise inicial se mostrou satisfatria para a continuidade das intervenes. Os alunos, em sua maioria, mais de 75%, no conheciam nenhum painel ou pea feita de bambu, e os que j tiveram contato anterior, somente isso acontecera em viagem de trabalho para pases orientais ou em leitura de revistas de design, arquitetura e engenharia, como mostra tabela 03.

Tabela 03. Nmero de alunos que tinham algum conhecimento em painis de bambu.

Conhecimento anterior sobre os painis e peas de bambu para o uso no design. Alunos universidades IESB UNESP Sim 04 05 No 13 18 Total 17 23

Para os que conheciam algum tipo de painel de bambu, foi perguntado, qual material constitua esses painis, ou seja, de partculas, lascas ou fatias finas ou de lminas e ripas, tabela 04.

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Tabela 04. Distribuio dos tipos de painis que os alunos conheciam.

Conhecimento sobre os painis de bambu. Alunos universidades Partculas Fatias ou lascas finas Lminas e Ripas IESB UNESP Total 01 01 02 02 04 06 04 03 07

Os maiores percentuais se referiram aos painis de lascas finas, lminas e ripas que correspondem aos produtos tradicionalmente usados no Japo e no Brasil, como pisos de bambu para o interior de casas e escritrios, utenslios de cozinha de bambu tranado e colado e ainda em mveis de Bambu Laminado Colado (Tabela 04).

Tabela 05. Distribuio das questes levantadas pelos alunos durante a interferncia no processo criativo.

Dvidas sobre os painis de bambu. Alunos universidades IESB UNESP A B C D E F1 F2 G H I J K Total 44 18

09 01 03 01 07 06 01 00 00 00 00 06

11 01 01 03 01 00 08 00 00 01 00 02

Legenda: A Resistncia dos materiais; B Manuteno dos painis; C Aplicao dos painis na construo civil, design e arquitetura; D Reaproveitamento do material; E Durabilidade das peas ao tempo (intemperismo) natural e artificial; F Processos de fabricao: F1 das chapas, dos painis, do bambu; F2 dos produtos; G Comparao com madeiras, com a qualidade dos painis de madeira; H Aceitao de mercado; I Custo; J Bambu como agro-negcio (reflorestamento e auto-sustento); K Caractersticas Fsicas (massa especfica do bambu).

Quanto ao levantamento questionado pelos alunos das duas turmas, foi necessrio distribuio de caractersticas como mostra a tabela 05, categorizando cada dvida para

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facilitar a leitura dos resultados. Os processos de fabricao das chapas e dos produtos foram temas das dvidas mais freqentes, principalmente pelo interesse espontneo de poder projetar usando processos mais limpos e eficientes. A resistncia dos painis e a durabilidade das peas foram caractersticas acentuadamente enfatizadas.

- Bibliografia bsica

Foi apresentada apostila sobre o assunto bambu (PEREIRA, 2001) com os conceitos bsicos sobre planta, suas espcies, vantagens, usos e aplicaes. Para acrescentar foram introduzidos mais dois ttulos durante o desenvolvimento dos projetos sendo HIDALGO LOPEZ, (2003) com uma referncia no uso do bambu e BROWER et alii (2005), nos estudos de similares com caractersticas de eco-design. A bibliografia bsica contribuiu para somar com o contedo de cada disciplina.

4.1.5 Propostas desenvolvidas pelos alunos

Por meio da interferncia inicial, os alunos se mostraram interessados pelo material bambu e por suas inmeras aplicaes. Cogitaram, assim, a possibilidade de a sua insero em seus projetos nas disciplinas que estavam cursando: Projeto III (Mobilirio) e Design de Interiores I (Projetos Residenciais e comerciais). Os projetos foram desenvolvidos no 1 semestre de 2006, orientados pelos professores responsveis de cada disciplina. No geral, todos os alunos ficaram surpresos com as vantagens que o bambu pode proporcionar, alm de seus requisitos ambientais como protetor ambiental, um bom regenerador de solos degradados e principalmente como um timo seqestrador de carbono, mas tambm como um material que possui uma diversidade nas suas aplicaes, da construo civil ao mobilirio. Nesse momento inicial do semestre os alunos comearam a questionar em pequenos grupos, idias e possveis aplicaes do bambu e de seus painis. Os alunos puderam definir livremente seus temas, utilizando ou no o bambu e seus painis como material a ser empregado, principalmente por agregarem valores especficos

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como boa aparncia esttica, resistncias fsicas e mecnicas e requisitos ambientais no emprego do material para o desenvolvimento do projeto. Nas duas universidades as metodologias empregadas no desenvolvimento dos projetos foram baseadas nas anlises do produto, na definio do problema, na pesquisa de similares e de mercado e, posteriormente, nas etapas de desenvolvimento do produto atravs de ferramentas como desenhos (esboos), tcnicas de criatividade, uso da computao grfica e na construo de modelos e prottipos. Durante as interferncias o autor obteve um enriquecimento no trabalho devido ao interesse manifestado naturalmente pelos alunos do curso de Design de Bauru, que mediante suas dvidas, provocou o aprofundamento do assunto bambu. No curso de Design de Interiores do IESB, uma aluna definiu os painis de bambu (BLC) como matria-prima para a elaborao do mvel estante para televiso, no ambiente conjugado com sala de estar/TV/ jantar / cozinha (figura 44).

Figura 44. a) Desenhos esquemticos da estante para televiso; b) Implantao do projeto eltrico para a fixao do mvel (Aluna: Ndia Pedroso Vieira, 2006).

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Neste caso, o painel atende ao projeto como elemento estrutural e de revestimento, utilizando-se de ripas na posio horizontal, assentadas lateralmente, possibilitando uma linguagem visual ampliando as dimenses do ambiente. Como arremate da estante foram utilizadas colunas em MDF laqueado compondo a pea final traduzindo as aspiraes do projetista atendendo os requisitos como um design limpo (clean) e um projeto com eco-design (figura 45).

Figura 45. a) Maquete eletrnica do ambiente projetado com a estante; b) Implantao com os mveis no seu entorno; c) Perspectiva do ambiente (Aluna: Ndia Pedroso, 2006).

Na disciplina de mobilirio na UNESP, foram trs os projetos utilizando os painis, sendo uma poltrona, uma cadeira-rede e um chapeleiro/guarda-volumes, todos para ambientes internos.

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Foram projetados observando-se e pesquisando-se alguns painis de bambu apresentados em sala de aula, valendo-se de metodologia empregadas para o Design e das caractersticas prprias de cada objeto em estudo. Na pea denominada poltrona bambu, caracterizou-se pela conscientizao do uso do material e seu possvel descarte frente natureza, e ainda, projetar um mobilirio resistente, esteticamente atraente e ecologicamente correto. O projeto foi planejado pensando no uso de poucas pecas, na facilidade na montagem, na resistncia e no pequeno porte, (Figura 46).

Figura 46. a) e c) Esboos desenvolvidos para a criao da poltrona; b) e d) Detalhamento do projeto da PoltronaBambu. (Aluno: Rodolfo Vanni, 2006).

Nesse mobilirio em bambu laminado colado com uma esteira de bambu para o encosto, ressaltaram-se as suas prprias caractersticas como a leveza, o emprego de peas

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desmontveis e sem o uso de pregos e parafusos, a fixao por encaixes, o uso de adesivos a base de gua, com todos os materiais sendo reciclveis, facilitando seu descarte ps-uso, (Figura 47).

Figura 47. a) e b) Desenhos esquemticos da poltrona; c) e d) Rendering mo livre e modelo em 3D Studio MAX (Aluno Rodolfo, 2006).

No mobilirio, cadeira rede, a preocupao da aluna foi com a utilizao dos meios renovveis e durveis no sculo XXI, ressaltando a importncia dessa preocupao em seu objetivo. Como ponto de partida desenvolvem estudos dos materiais e dos painis de bambu com a possibilidade de desenvolver uma cadeira com dupla funo, adaptvel para uma rede de repouso, harmonizando o material com o espao habitvel.

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Os painis empregados no projeto da cadeira rede foram o BLC para sua estrutura, e uma esteira laminada de bambu para o assento, (Figura 48).

Figura 48. a) Desenhos na elaborao do projeto da Cadeira Rede; b), c) e d) Fotos do modelo em escala reduzida (Aluna: Tatiana Sperancin, 2006).

No mvel, chapeleiro noHAT (Figura 49), houve a preocupao de reformular um produto que estava ultrapassado nas ltimas dcadas. O mvel foi reestruturado para atender as necessidades atuais de um consumidor que mesmo em um produto obsoleto pode encontrar a praticidade e a funcionalidade.

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Figura 49. a), b) e c) Desenho e esboos na criao do chapeleiro no Hat; d) Desenho tcnico do mvel.(Alunas: Caroline Bonfim, Samara Pereira e Vanessa Sueishi, 2006).

Nesta pea foram planejadas divises para acomodar pertences como celulares, bolsas, guarda-chuva, chapu e objetos do cotidiano (Figuras 49 e 50). O material escolhido no emprego da pea foi o BLC, atendendo as necessidades estruturais do objeto de estudo, no caso, um mdulo para guardar.

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Figura 50. a) Esboos e estudos do chapeleiro; b), c) e d) Ilustraes em 3D do objeto chapeleiro noHat, (Alunas: Caroline, Smara e Vanessa, 2006).

4.1.6 Anlise das Propostas em Sala d