LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff....

80
Nº 111 L A REVISTA D E L A PÁTRIA GRANDE 25.08.06 10:36:11 25.08.06 10:36:11

Transcript of LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff....

Page 1: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

111

- IS

SN

032

5-69

60

NO

VA

ME

RIC

A -

Rua

Dez

enov

e de

Fev

erei

ro, 1

60 -

Bot

afog

o C

EP

: 222

80-0

30

Tel/F

ax: (

55)

(021

) 25

42-6

244

E-m

ail:

nova

mer

ica@

nova

mer

ica.

org.

br R

io d

e Ja

neiro

- R

J -

Bra

sil

Nº 111 LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE

(...) O modelo de sociedade e o sentido de vida que os seres humanos projetaram para si, pelo menos nos últimos 400 anos, estão em crise. E o modelo em termos da lógica do cotidiano era e continua sendo: o importante é acumular grande número de meios de vida, de riqueza material, de bens e serviços a fi m de poder desfrutar a curta passagem por este planeta. Para realizar este propósito, nos ajudam a ciência, que conhece os mecanismos da terra, e a técnica, que faz intervenções nela para benefício humano. E isso se fará com a máxima velocidade possível. Portanto, procura-se o máximo de benefício com o mínimo de investimentos e no mais curto prazo de tempo possível. O ser humano, nesta prática cultural, se entende como um ser sobre as coisas, dispondo delas ao seu bel-prazer, jamais como alguém que está junto com as coisas, como membro de uma comunidade maior, planetária e cósmica. O efeito fi nal, somente agora visível de forma inegável, é este, expresso na frase atribuída a Gandhi: a terra é sufi ciente para todos, mas não para a voracidade dos consumistas.

A consciência que vai crescendo mais e mais no mundo, mas não ainda de forma sufi ciente, se emoldura assim: se levarmos adiante este nosso sentido de ser e se dermos livre curso à lógica de nossas máquinas produtivista, poderemos chegar a efeitos irreversíveis para a natureza e a vida humana: desertifi cação (cada ano terras férteis, equivalentes à superfície do Estado do Rio de Janeiro, fi cam desérticas); desfl orestamento: 42% das fl orestas tropicais já foram destruídas, o aquecimento da Terra e as chuvas ácidas podem dizimar a fl oresta mais importante para o sistema-Terra, a fl oresta boreal (6 bilhões de hectares); superpopulação: em 1990 éramos 5,2 bilhões de pessoas com um, crescimento entre 3 e 4% ao ano, enquanto a produção de alimentos aumenta somente 1,3%. E apontam no horizonte ainda outras conseqüências funestas para o sistema-Terra como eventuais confl itos generalizados em conseqüência das desigualdades sociais no nível planetário.

Nesse contexto dramático, a ecologia está sendo evocada. Ela já possuía um século de existência e sistematização. Mas os ecólogos pouco se faziam ouvir. Agora eles ocupam a cena ideológica, científi ca, política, ética e espiritual. Que pensamos quando falamos de ecologia?

Leonardo Boff

(Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Editora Sextante 2004)

Nova111Capas1&4.indd 1Nova111Capas1&4.indd 1 25.08.06 10:36:1125.08.06 10:36:11

Page 2: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A Terra está doente. A Terra está ameaçada. SOS Terra. Estas e outras fortes expressões têm sido usadas com freqüência para nos alertar sobre a gravidade da degradação ambiental. Degradação que afeta a toda humanidade e, em especial, a um bilhão de pessoas - homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos que vivem em estado de absoluta pobreza. Além disso, a partir de 1990, uma espécie de vida desaparece por dia, sinal de que a vida, nas suas mais variadas formas, vem sendo atingida por uma “máquina de morte”, na expressão de Leonardo Boff.

Ciente da importância e do signifi cado deste quadro, a Revista No-vamerica dedica mais uma de suas edições para tratar do tema do meio ambiente. Nosso objetivo é chamar a atenção, mais uma vez, para a “urgência” da Terra, pondo em evidência algumas dimensões dessa problemática como, por exemplo, as relações entre os desastres ambientais e a pobreza, a falta de vontade e de compromisso políti-co para a implementação de inúmeras leis e acordos internacionais dedicados à proteção da natureza, cuja simples existência, mesmo que articulada com os avanços tecnológicos que buscam minimizar os efeitos perversos sobre essa mesma natureza e as pessoas, causa-dos principalmente pelos modelos de desenvolvimento criados e/ou adotados, não é sufi ciente para reverter essa dramática situação em que está mergulhado o planeta Terra.

Nossos articulistas, em muitos momentos, parecem nos deixar sem saída, apontando a fragilidade desta ou daquela alternativa, quando o assunto é articular desenvolvimento, proteção ambiental e quali-dade de vida. Todavia, parece haver consenso, no sentido de que o consumo desenfreado não pode ser o objeto do desejo ou o caminho para a felicidade, mesmo que de poucos. Em longo prazo (e dada à gravidade da situação, talvez não tão longo), essa perspectiva tende a esgotar a própria possibilidade de vida, ou pelo menos, de vida digna para todos e todas.

Na sua entrevista, Soffi ati defende (e nós concordamos com ele) que para tratar do aquecimento global, da extinção de espécies, da devastação das fl orestas, da contaminação do planeta da implanta-ção de grandes unidades produtivas, com a ameaça que paira sobre as esponjas e os anfíbios é preciso muito mais do que a “mão dos especialistas”, é necessária uma reforma de cunho transdisciplinar e complexa, e que, acreditamos, exige a participação de todos e todas, começando pela necessidade de uma mudança de mentalidades sobre a nossa própria relação com a natureza e, portanto de estilos de vida. E essa participação e reforma parecem ser urgentes. Alguns já começaram realizando, por exemplo, projetos de manejo de bacias, de fornecimento de energias alternativas, de tratamento do lixo, em uma perspectiva integral, estrutural e participativa, com impactos econômicos, sociais e ambientais positivos.

A Revista Novamerica quer se juntar àqueles que, na medida de suas possibilidades, no seu espaço e com suas próprias ferramentas estão participando – seja pela denúncia, seja pela ação propriamente dita, seja provocando o debate e a refl exão – da luta em favor do planeta Terra e da vida.

La Tierra está enferma. La Tierra está amenazada. SOS Tierra. Estas y otras fuertes expresiones han sido usadas con frecuencia para alertar-nos sobre la gravedad de la degradación ambiental. Degradación que afecta a toda la humanidad y, en especial, a mil millones de personas –hombres, mujeres, niños, jóvenes, adultos y mayores que viven en estado de absoluta pobreza. Además, desde 1990, una especie de vida ha ido desapareciendo por día, señal de que la vida, en sus más variadas formas, viene siendo afectada por una “máquina de muerte”, según la expresión de Leonardo Boff.

Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica dedica una edición más a tratar el tema del medio ambiente. Nuestro objetivo es llamar la atención, una vez más, a la “urgencia” de la Tierra, poniendo en evidencia algunas dimensiones de esa problemática como, por ejemplo, las relaciones entre los desastres ambientales y la pobreza; la falta de voluntad y de compromiso político para la implementación de innúmeras leyes y acuerdos internacionales dedicados a la protección de la naturaleza, cuya simple existencia, a pesar de estar articulada a los avances tecnológicos que buscan minimizar los efectos perversos sobre esa misma naturaleza y sobre las personas -causados principalmente por los modelos de desarrollo creados y/o adoptados- no es sufi ciente para revertir esa dramática situación en que se sumerge el planeta Tierra.

Nuestros articulistas, en muchos momentos, parecen dejarnos sin salida al apuntar la fragilidad de unas y otras alternativas, cuando el asunto es articular desarrollo, protección ambiental y calidad de vida. Sin embargo, parece haber consenso, en el sentido de que el consumo desenfrenado no puede ser objeto del deseo o el camino hacia la felicidad, aun tratándose de una minoría. A largo plazo (y dada la gravedad de la situación, tal vez no a tan largo plazo), esta perspectiva tiende a agotar la propia posibilidad de vida o, por lo menos, de vida digna para todos y todas.

En la entrevista, Soffi ati defi ende (y nosotros concordamos con él) que para tratar el calentamiento global, la extinción de las especies, la devastación de los bosques, la contaminación del planeta, la implantación de grandes unidades productivas, con la amenaza que cae sobre las esponjas y los anfi bios, es necesario mucho más que la “mano de los especialistas”, se hace necesario una reforma de cuño interdisciplinar y compleja que –creemos- exige la participación de todos y todas, comenzando por la necesidad de un cambio de menta-lidades sobre nuestra propia relación con la naturaleza y, por lo tanto, de estilos de vida. Y esa participación y reforma parecen ser urgentes. Algunos ya comenzaron realizando, por ejemplo, proyectos de manejo de cuencas, de suministro de energías alternativas, de tratamiento de residuos, en una perspectiva integral, estructural y participativa, con impactos económicos, sociales y ambientales positivos.

La Revista Nuevamerica quiere unirse a aquellos que, en la medida de sus posibilidades, en su espacio y con sus propias herramientas están participando –sea a través de la denuncia, sea a través de la acción propiamente dicha, sea provocando el debate y la refl exión- de la lucha a favor del planeta Tierra y de la vida.

SOS Terra SOS Tierra

1NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 1Nova111.indd 1 25.08.06 10:18:1125.08.06 10:18:11

Page 3: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

52

74

64

60

36

3

18

30

26

42

EM DEBATE/EN DEBATE

CONSTRUINDO CAMINHOS/CONSTRUYENDO CAMINOS

ENTREVISTA/ENTREVISTA

IDÉIAS EM REDE/IDEAS EN RED

MOSAICO/MOSAICO

70

A questão ambiental no século XXIEl tema ambiental en el siglo XXIAristides Arthur Soffi ati Netto

As empresas e o ambientalismo anti-ecológicoGian Mario Giuliani

La visión de cuenca: base para la gestión del agua y del desarrolloGrissel Bolívar Vallejo

Educação Ambiental no Brasil: políticas e programas, realidades e desafi osMônica Armond Serrão

Patrimonio cultural y natural en la construcción de una región en el pacífi co sur colombianoLibia Rosario Grueso Castelblanco

Al otro lado del ríoOrganizado por Elvira Palacios

Desastres ambientais, vulnerabilidade social e pobrezaSelene Herculano

Desarrollo Sostenible de la Laguna Rincón o CabralLeoncio Noboa Cuevas y Josefi na Espaillat

Em disputa: nosso futuro ou a felicidade do mercado?Convenções e acordos sobre o clima, a diversidade biológica e sobre biosegurançaJean Pierre Leroy

La contaminación genética de maíces criollos en México: una responsabilidad gubernamentalSergio A. Madrigal González

Ecologista, doutor em história ambiental e professor da Universidade Federal FluminenseRio de Janeiro - Brasil

Ecologista, Doctor en Historia Ambiental y Profesor de la Universidad Federal Fluminense Río de Janeiro - Brasil

Esta entrevista foi realizada por Adélia Maria Nehme Simão e KoffEquipe Novamerica - Brasil

Foto

Joã

o R

ipp

er

2 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 2Nova111.indd 2 25.08.06 10:18:1325.08.06 10:18:13

Page 4: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I A T I N E T T O

A questão ambiental no século XXI

El tema ambiental en el siglo XXI

Foto

Joã

o R

ipp

er

3NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 3Nova111.indd 3 25.08.06 10:18:1525.08.06 10:18:15

Page 5: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Emergiu, assim, o modo de produção capitalista. Ele foi a mola propulsora da expansão da Europa

para outros continentes, originando o processo de globalização, da destruição de várias culturas

pelo mundo afora e da mudança de atitude em relação à natureza, que foi coisifi cada e se

transformou em recurso.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

NA - Estamos em pleno século XXI. Há muito tempo que diferentes ambientalistas, de diferentes partes do mundo vêm chamando a atenção para as questões ambientais e elas parecem se agravar cada vez mais. Diante deste contexto, gostaríamos de lhe perguntar: quais são para você os principais problemas ambientais, hoje? E quais as suas principais causas?

Soffi ati - Começarei pela segunda parte da pergunta. Em todas as civilizações, desenvolveu-se algo parecido com o que chamamos de economia de mercado, pelo menos no nível da circulação de produtos, ou seja, no comércio. Esta atividade apenas arranhava o corpo da sociedade e a parasitava sem causar-lhe grandes danos. Na Europa Ocidental, porém, durante a Idade Média, o capitalismo tomou um desenvolvimento inédito, parasitando de tal forma o feudalismo que, num determinado momento, a produção para subsistência do sistema feudal não pôde mais atender às necessidades do mercado. Então, o ca-

pitalismo penetrou na esfera da produção para aumentar a oferta de mercadorias. Emergiu, assim, o modo de produção capitalista. Ele foi a mola propulsora da ex-pansão da Europa para outros continentes, originando o processo de globalização, da destruição de várias culturas pelo mundo afora e da mudança de atitude em relação à natureza, que foi coisifi cada e se transformou em recur-so. Max Weber teria sido feliz em dizer que o Ocidente desencantou o mundo se ele não visse com otimismo este desencantamento.

Com a concepção mecanicista do universo, concebida pelos pensadores europeus no século XVII, abriu-se ca-minho para a expansão do capitalismo e para a revolução industrial, na segunda metade do século XVIII. Esta consolidou mais ainda o modo de produção capitalis-ta, que vinha se alastrando pela Europa Ocidental nos três séculos anteriores. Com ela, o trabalho tendeu a se tornar assalariado, e a sociedade viu o aumento das desigualdades. Não sem razão, as críticas ao modo de produção capitalista proliferaram, principalmente, pela via socialista em suas várias vertentes. Porém, a crítica

do socialismo ao capitalismo concen-trou-se mais nos planos econômico, social e político. A utopia marxista, por exemplo, vislumbra uma socie-dade igualitária e o fi m de todas as formas de alienação, como religião, igreja, Estado e família, mas não tem um projeto distinto do capitalismo para a tecnologia e para as relações da humanidade com a natureza, sal-vo em algumas passagens de Marx e Engels, bem como dos anarquistas. Assim, o socialismo que se instalou na Rússia e depois em vários outros países tinha o objetivo de dominar a natureza em benefício do “Homem”,

Foto

Ric

ard

o Fu

nari/

TYB

A

4 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 4Nova111.indd 4 25.08.06 10:18:1625.08.06 10:18:16

Page 6: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Emergió así el modo de producción capitalista. Este fue el eje propulsor de la expansión de Europa para otros continentes, originando el proceso de globalización, de la destrucción de varias culturas por el mundo y del cambio de actitud con relación a la naturaleza, que fue coisifi cada y se transformó en recurso.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

NA - Estamos en pleno siglo XXI. Hace mucho tiempo que varios ambientalistas de diferentes partes del mundo llaman la atención a los asuntos ambientales y estos parecen agravarse cada vez más. Frente a este contexto, nos gustaría preguntarle: ¿cuáles son para usted los principales problemas ambientales hoy en día?, y ¿cuáles sus causas principales?

Soffi ati - Comenzaré por la segunda parte de la pregunta. En todas las civilizaciones se desarrolló algo parecido con lo que llamamos de economía de mercado, por lo menos

a nivel de circulación de productos, es decir, en el comer-cio. Esta actividad apenas le hacía cosquillas a sociedad y la parasitaba sin causarle mayores daños. En Europa Occidental, sin embargo, durante la Edad Media el capi-talismo se desarrolló de forma inédita, parasitando de tal forma el feudalismo que en un momento determinado, la producción para subsistencia del sistema feudal no pudo más atender las necesidades del mercado. Entonces, el capitalismo penetró en la esfera de la producción para aumentar la oferta de mercaderías. Emergió así el modo de producción capitalista. Este fue el eje propulsor de la expansión de Europa para otros continentes, originando el proceso de globalización, de la destrucción de varias culturas por el mundo y del cambio de actitud con rela-ción a la naturaleza, que fue coisifi cada y se transformó en recurso. Max Weber habría sido oportuno al decir que el Occidente desencantó al mundo si no mirase con op-timismo este desencantamiento.

Con la concepción mecanicista del universo, concebida

por los pensadores europeos en el siglo XVII, se abrió el camino para la expansión del capitalismo y la revolución industrial, en la segunda mitad del siglo XVIII. Esta con-solidó todavía más el modo de producción capitalista, que se arrastraba por toda Europa Occidental durante los tres siglos anteriores. Con ella, el trabajo pasó a ser pago, y la sociedad vio el aumento de las desigualdades. No sin razón, las críticas al modo de producción capitalista proliferaron, principalmente, por la vía socialista en sus varias vertientes. Sin embargo, la crítica del socialismo al capitalismo se concentró más en los programas econó-mico, social y político. La utopía marxista, por ejemplo, vislumbra una sociedad igualitaria y el fi n de todos los tipos de alienación, como religión, iglesia, Estado y fa-milia, pero no tiene un proyecto diferente del capitalismo para la tecnología y para las relaciones de la humanidad con la naturaleza, salvo en algunos pasajes de Marx y Engels, así como de los anarquistas. Así, el socialismo que se instaló en Rusia y después en varios países tenía el objetivo de dominar a la naturaleza en benefi cio del “Hombre”, tal como en las sociedades capitalistas.

5NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 5Nova111.indd 5 25.08.06 10:18:1725.08.06 10:18:17

Page 7: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Hoje, o socialismo faliu e fi cou restrito a apenas alguns países pequenos,

como Coréia do Norte e Cuba, se é que este

socialismo não é apenas nominal. No mais, triunfou

o capitalismo em sua expressão neoliberal, a forma mais perversa de exploração

dos seres humanos e da natureza não-humana.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

1 Refere-se à civilização do Khmer, que se situava

no atual Cambodja, no Sudeste Asiático.

tal como nas sociedades capitalistas.Deste modo, tanto no socialismo como no capitalismo

acentuou-se a exploração da natureza de forma jamais pra-ticada por qualquer outra sociedade humana no passado. Claro que algumas sociedades ultrapassaram os limites de sustentabilidade da natureza e pagaram altos preços por isso. Lembremo-nos apenas dos exemplos das sociedades mesopotâmicas, índica, chinesa, grega, khmeriana1, maia e da ilha de Páscoa. No entanto, nenhuma delas pisou a natureza com um pé tão pesado como os dois modos de produção que emergiram da revolução industrial. Hoje, o socialismo faliu e fi cou restrito a apenas alguns países pequenos, como Coréia do Norte e Cuba, se é que este socialismo não é apenas nominal. No mais, triunfou o capitalismo em sua expressão neoliberal, a forma mais perversa de exploração dos seres humanos e da natureza não-humana.

Esta exploração de 250 anos tocou nos limites da natu-reza, provocando problemas ambientais em dimensão global que se tornaram mais visíveis a partir da década de 1970. No conjunto, eles constituem a primeira crise antrópica planetária da história da vida. Antes que a humanidade, considerada no seu sentido mais amplo, ou seja, incluindo todos os nossos antepassados hominídeos, entrasse em cena, várias crises planetárias assolaram a Terra, mas ne-nhuma delas foi provocada pela ação humana coletiva, pela simples razão de o Homo sapiens não ter ainda surgido. Tais crises eram geradas por vulcanismo, tectonismo, mudanças climáticas e bombardeio de asteróides.

Abro um parêntese que me parece pertinente. Nenhuma das espécies criadas pela natureza tem capacidade potencial de provocar grandes estra-gos na natureza, nem mesmo agindo coletivamente, como fazem os corais. O Homo sapiens é a única a desen-volver esta capacidade. Mesmo assim, trata-se de uma capacidade potencial só desenvolvida em sistemas sociais agressivos, como o capitalismo. Basta dizer que a humanidade, no seu sentido amplo, existe há cerca de sete milhões de anos, segundo as estimativas mais recentes, mas só começou a desenvolver técnicas e tecnologias mais destruidoras nos últimos dez mil anos, após a revolu-ção do Neolítico.

Os problemas ambientais produzi-dos pelo modo de produção capitalis-ta, na sua fase atual, alcançaram uma dimensão global que superam em grau incomensurável os problemas ambientais ao longo da história da humanidade. A meu ver, o mais greve destes problemas, na atualidade, são as mudanças climáticas, pois, além de expressarem com fi delidade a con-

6 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 6Nova111.indd 6 25.08.06 10:18:1825.08.06 10:18:18

Page 8: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Hoy, el socialismo fracasó y quedó restringido a apenas algunos pequeños países, como Corea del Norte y Cuba, si es que este socialismo no es solamente de nombre. En lo demás, triunfó el capitalismo en su expresión neoliberal, la forma más perversa de explotación de los seres humanos y de la naturaleza no humana.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

1 Se refi ere a la civilización Kmer, actualmente Camboya, en el Sudeste Asiático.

De este modo, tanto en el so-cialismo como en el capitalismo se acentuó la explotación de la natura-leza de forma jamás practicada por cualquier otra sociedad humana en el pasado. Claro que algunas sociedades ultrapasaron los límites de susten-tabilidad de la naturaleza y pagaron caro por esto. Hagamos memoria apenas a los ejemplos de las socie-dades mesopotámica, índica, china, griega, khmeriana1, maya y la de la Isla de Pascua. Sin embargo, ninguna de ellas la pisó tan fuerte como los dos modos de producción que emer-gieron de la revolución industrial. Hoy, el socialismo fracasó y quedó restringido a apenas algunos peque-ños países, como Corea del Norte y Cuba, si es que este socialismo no es solamente de nombre. En lo demás, triunfó el capitalismo en su expresión neoliberal, la forma más perversa de explotación de los seres humanos y de la naturaleza no humana.

Esta explotación de 250 años tocó los límites de la naturaleza, provocando problemas ambientales en dimensión global que se hicieron

más visibles a partir de la década de 1970. En conjunto, constituyen la primera crisis antrópica planetaria de la historia de la vida. Antes que la humanidad, considerada en su sentido más amplio, o sea, antes que todos nuestros antepasados homínedos entrasen en escena, varias crisis planetarias devastaron la Tierra, pero ninguna de ellas fue provocada por la acción humana colectiva, por la simple razón de que el Homo sapiens todavía no había surgido. Tales crisis eran generadas por vulcanismo, tectonismo, cambios climáticos y bombardeo de asteroides.

Hago un paréntesis que me parece oportuno. Ninguna de las especies creadas por la naturaleza tiene capaci-dad potencial de provocar grandes males a la misma, ni

siquiera actuando de forma colectiva, como hacen los corales. El Homo sapiens es el único que desarrolló esta capacidad. Aun así, se trata de una capacidad potencial solo desarrollada en sistemas sociales agresivos, como el capitalismo. Basta decir que la humanidad, en su sentido amplio, existe cerca de siete millones de años, según las más recientes probabilidades, pero solo comenzó a desarrollar técnicas y tecnologías más destructivas en los últimos diez mil años, después de la revolución del Neolítico.

Los problemas ambientales producidos por la forma de producción capitalista, en su actual etapa, alcanzaron una dimensión global que superan en un grado inconmensu-rable los problemas ambientales a lo largo de la historia de la humanidad. En mi opinón, lo más grave de estos problemas, en la actualidad, son los cambios climáticos, ya que aparte de expresar con fi delidad la contrapartida de la globalización económica neoliberal, regresa con furia sobre el planeta como un todo, alcanzando los más recónditos lugares de la Tierra, como el Continente Antár-tico, las heladas del Ártico, el hielo de las más elevadas cadenas de montañas, como la del Himalaya, los desiertos deshabitados y hasta las fosas abismales submarinas. En términos de sociedades humanas, el calentamiento global alcanza desigualmente las clases sociales, afectando más los pobres que a los ricos. Fo

to R

odol

pho

Oliv

a

7NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 7Nova111.indd 7 25.08.06 10:18:1925.08.06 10:18:19

Page 9: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Tenho o hábito de perguntar aos meus alunos, logo no início de minhas disciplinas, e às pessoas, de um modo geral, o que eles entendem por desenvolvimento. A resposta é invariável: indústria, grandes fábricas que gerem emprego e impostos. A maioria cala

sobre a melhoria da qualidade da vida humana e do equilíbrio dos ecossistemas.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

trapartida da globalização econômica neoliberal, volta-se com fúria sobre o planeta como um todo, atingindo os mais recônditos locais da Terra, como o Continente An-tártico, as geleiras do Ártico, os gelos das mais elevadas cadeias de montanhas, como a do Himalaia, os desertos desabitados e até as fossas abissais submarinas. Em termos de sociedades humanas, o aquecimento global atinge desigualmente as classes sociais, afetando mais os pobres que os ricos.

Vejo também no empobrecimento da biodiversidade um problema da maior gravidade. Nunca a humanidade destruiu tantas áreas de fl oresta e extinguiu tantas es-pécies. Edward Wilson, um dos maiores especialistas em biodiversidade, diz que a Terra passou por cinco grandes

crises ambientais, todas elas antes da existência da huma-nidade. Agora, está vivendo a sexta, causada exatamente pela humanidade. Eu diria que não é a humanidade gené-rica que está provocando esta crise, mas a humanidade dentro do sistema capitalista. Preocupam muito, também, a extração cada vez maior dos recursos naturais não-re-nováveis e o descarte de resíduos, por um lado, causando esgotamento, por outro lado, gerando poluição.

NA - Fale-nos sobre suas refl exões acerca da relação entre desenvolvimento e meio ambiente.

Soffi ati - O conceito de desenvolvimento foi tão banali-zado que se tornou vazio. Em fi losofi a, parece um axioma, isto é, um conceito que dispensa explicitação. Qualquer pessoa, pobre ou rica, sabe ou pensa saber o que é desen-volvimento. Tenho o hábito de perguntar aos meus alunos, logo no início de minhas disciplinas, e às pessoas, de um modo geral, o que eles entendem por desenvolvimento. A resposta é invariável: indústria, grandes fábricas que gerem emprego e impostos. A maioria cala sobre a melhoria da qualidade da vida humana e do equilíbrio dos ecossistemas. Não apenas os sistemas econômicos derivados da revolu-ção industrial impregnaram a mente das pessoas quanto a

esta visão de desenvolvimento como também o modelo norte-americano. O que é bom para os Estados Unidos, e agora para a China, é bom para todos os países, é o pensamento dominante. Associamos a idéia de desenvolvimen-to ao consumismo. Quando explico aos meus alunos e ao público que assiste às minhas palestras a possi-bilidade de um desenvolvimento que não se oponha à proteção do meio ambiente, mas se construa através da proteção do meio ambiente, a estra-nheza é muito grande. Como estamos acostumados a um desenvolvimento que só privilegia a quantidade e o ter, consideramos inviável e delirante um desenvolvimento que valorize a qualidade e o ser.

De maneira alguma, polarizo pro-teção da natureza e desenvolvimen-to. Só que trabalho com um conceito de desenvolvimento que respeite a capacidade de suporte do ambiente e objetive a boa sociedade. Este tipo de desenvolvimento distingue necessário, supérfl uo e pernicioso.

Foto

Rod

olp

ho O

liva

8 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 8Nova111.indd 8 25.08.06 10:18:1925.08.06 10:18:19

Page 10: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Tengo el hábito de preguntar a mis alumnos, apenas comienzan las clases, y a la gente de un modo general, lo que entienden por desarrollo. La respuesta es invariable: industria, grandes fábricas que generan empleo e impuestos. La mayoría calla sobre la mejora de calidad de vida humana y del equilibrio de los ecosistemas.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

Veo también en el empobrecimien-to de la biodiversidad un problema sumamente grave. Nunca la humani-dad destruyó tantas áreas de fl oresta y extinguió tantas especies. Edward Wilson, uno de los más grandes especialistas en biodiversidad, dice que la Tierra pasó por cinco grandes crisis ambientales, todas antes de la existencia de la humanidad. En este momento, está viviendo la sexta, causada exatamente por ella. Yo diría que no es la humanidad genérica que está provocando esta crisis, sino la humanidad dentro del sistema capi-talista. La extracción cada vez mayor de los recursos naturales no renova-bles y el descarte de los deshechos, preocupan mucho, por un lado, cau-sando contaminación, por otro lado, generando contaminación.

NA - Háblenos sobre sus refl exiones acerca de la relación entre desarrollo y medio ambiente.

Soffi ati - El concepto de desarrollo

fue tan banalizado que está vacío. En Filosofía parece un axioma, es decir, un concepto que dispensa explicación. Cualquier persona, pobre o rica, sabe o piensa saber lo que es desarrollo. Tengo el hábito de preguntar a mis alumnos, apenas comienzan las clases, y a la gente de un modo general, lo que entienden por desarrollo. La respuesta es invariable: industria, grandes fábricas que generan empleo e impuestos. La mayoría calla sobre la mejora de calidad de vida humana y del equilibrio de los ecosistemas. No apenas los sistemas económicos deri-vados de la revolución industrial impregnaron la mente de la gente en cuanto a esta visión de desarrollo, sino también el modelo norteamericano. Lo que es mejor para Estados Unidos, y ahora para China, es bueno para todos los países, es el pensamiento dominante. Asociamos la idea de desarrollo al consumismo. Cuando explico a mis alumnos y al público que asiste a mis ponencias, la posi-bilidad de un desarrollo que no se oponga a la protección del medio ambiente, pero que se construya a través de la protección del mismo, se quedan sorprendidos. Como estamos acostumbrados a un desarrollo que solo privilegia la cantidad y el tener, consideramos inviable y delirante un desarrollo que valore la calidad y el ser.

De ninguna manera polarizo la protección a la natura-leza y el desarrollo. Solo que trabajo con un concepto de desarrollo que respete la capacidad de soporte del ambien-te y objetive la buena sociedad. Este tipo de desarrollo

9NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 9Nova111.indd 9 25.08.06 10:18:2025.08.06 10:18:20

Page 11: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

2 Os “remediados” podem equivaler às camadas médias da

sociedade em relação à renda. Elas são

constituídas por pessoas que não se situam no

círculo restrito dos ricos nem vivem no interior do grande círculo da pobreza e no ainda maior círculo

dos miseráveis.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

Privilegia as necessidades essenciais do ser humano, como alimentação, saúde, educação, moradia, vestimenta, trabalho e tempo disponível para o desenvolvimento de valores éticos e espirituais, sempre no sentido qualitativo. Não que eu descarte o supérfl uo, mas acentuo sempre que ele deve vir depois de atendidas às necessidades essenciais, mesmo assim com moderação. Quanto ao pernicioso, como a economia de guerra, empreendo uma crítica radical a ela.

O que mais surpreende meus críticos é a ênfase que dou à economia e à produção. Acho que uma sociedade

só se sustenta se caminhar com os próprios pés. Mas isto não signifi ca calçar sapatos de chumbo para esmagar a natureza e inviabilizar a própria existência da sociedade. É preciso caminhar com sapatos de seda e com bastante leveza.

NA - E sobre a relação entre pobreza e degradação am-biental?

Soffi ati - Existe uma outra criação inédita do sistema capitalista, notadamente em sua fase neoliberal: nenhuma sociedade antes conseguiu fabricar tanta pobreza e tanta miséria, em nível mundial, como hoje. Entendo o conceito de exclusão com muita desconfi ança, pois creio que todos os seres humanos estão incluídos nesta economia global, seja como miseráveis, pobres, remediados2 e ricos. Quan-to maior a concentração de riqueza maior o número de pessoas empurradas para as esferas remediadas, pobre e miserável. Sendo assim, é preciso explicitar de que esfera uma pessoa está excluída. A maioria da humanidade, hoje, vive nas esferas pobre e miserável. A degradação do meio ambiente é incomensuravelmente mais provocada pela esfera rica, dentro de cada país e no mundo todo, que pelas outras esferas. É a esfera rica que provoca os maiores desmatamentos, o maior consumo de matéria e energia não-renovável, a maior produção de rejeitos, a maior emissão de gases, a maior extinção de espécies. Quando as outras esferas produzem estes estragos, é certo encontrar por trás delas a esfera rica. Aumenta o número de pesso-

Além do mais, as esferas pobre e miserável vivem em grande parte com o lixo ou no lixo gerado pelas esferas rica e remediada. Mais

ainda, no esforço de sobreviver, as esferas pobre e miserável, principalmente esta segunda, destroem mais ainda os poucos recursos ao seu

redor, agravando a crise geral.

as nas três esferas que sofrem com a perturbação e com a degradação da natureza provocadas pela esfera rica, pois as desigualdades sociais fazem os danos ambientais pesarem desigualmente sobre as sociedades humanas. Além do mais, as esferas pobre e miserável vivem em grande parte com o lixo ou no lixo gerado pelas esferas rica e remediada. Mais ainda, no esforço de sobreviver, as

esferas pobre e miserável, principal-mente esta segunda, destroem mais ainda os poucos recursos ao seu redor, agravando a crise geral. Mas, ao contrário de muitos defensores dos pobres e miseráveis, inclusive muitos amigos meus, considero a defesa das comunidades tradicionais uma espécie de mito dos intelectu-ais. O sistema capitalista destrói e continua destruindo as comunidades tradicionais, da mesma forma que

Foto

J. L

. Bul

cão/

TYB

A

10 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 10Nova111.indd 10 25.08.06 10:18:2225.08.06 10:18:22

Page 12: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

2 Los “remediados” pueden equivaler a los sectores medios de la sociedad en relación a la renta. Constituidas por personas que no se situan em el círculo restricto de los ricos ni viven en el interior del gran círculo de la pobreza y en el todavía mayor círculo de los miserables.

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

distingue lo necesario, superfl uo y pernicioso. Privilegia las necesidades esenciales del ser humano, como alimento, salud, educación, vivienda, vestido, trabajo y tiempo disponible para el desarrollo de valores éticos y espirituales, siempre en el sentido cualitativo. No que se descarte lo superfl uo, pero se acentúa siempre que debe venir después que las nece-sidades esenciales sean atendidas, y

aún así moderadamente. En relación a lo pernicioso, como la economía de guerra, emprendo una crítica radical a ella.

Lo que más les sorprende a mis críticos es el énfasis que doy en la economía y en la producción. Creo que una sociedad solo se sustenta si camina con sus propios pies. Pero esto no signifi ca ponernos zapatos de plomo para aplastar a la naturaleza e inviabilizar la propia existencia de

la sociedad. Es necesario caminar con zapatos de seda y muy suavemente.

NA - ¿Y sobre la relación entre pobreza y degradación ambiental?

Soffi ati - Existe otra creación inédita del sistema ca-pitalista, notadamente en su fase neoliberal: ninguna sociedad antes consiguió fabricar tanta pobreza y tanta miseria, a nivel mundial, como hoy. Entiendo el concepto de exclusión con mucha desconfi anza, pues creo que to-

dos los seres humanos están incluídos en esta economía global, sea como miserables, pobres, remediados2 y ricos. Cuanto mayor sea la concentración de riqueza mayor el número de personas empujadas hacia las esferas remedia-das, pobre y miserable. Siendo así, es necesario explicitar de qué esfera una persona está excluída. La mayor parte de la humanidad, hoy en día, vive en las esferas pobre y miserable. La degradación del medio ambiente es incon-mensurablemente más provocada por la esfera rica, dentro de cada país y en todo el mundo, que por las otras esferas. Es la esfera rica la que provoca mayores depredaciones, el más grande consumo de materia y energía no renovable, la mayor producción de desechos, la mayor emisión de gases, la mayor extinción de especies. Cuando las otras esferas producen esta destrucción, es casi seguro que se encontrará detrás de ellas gente de la esfera rica. Aumenta el número de personas en las tres esferas que sufren con la perturbación y con la degradación de la naturaleza provocadas por la esfera rica, ya que las desigualdades sociales hacen que los daños ambientales pesen desigual-mente sobre las sociedades humanas. Además, las esferas pobre y miserable viven en gran parte con la basura o en la basura generada por las esferas rica y remediada. To-davía más, en el esfuerzo por sobrevivir, las esferas pobre y miserable, principalmente esta segunda, destruyen más todavía los pocos recursos a su alrededor, agravando la crisis general. Pero, al contrario de muchos defensores

Además, las esferas pobre y miserable viven en gran parte con la basura o en la basura generada por las esferas rica y remediada. Todavía más, en el esfuerzo por sobrevivir, las esferas pobre y miserable, principalmente esta segunda, destruyen más todavía los pocos recursos a su alrededor, agravando la crisis general.

11NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 11Nova111.indd 11 25.08.06 10:18:2325.08.06 10:18:23

Page 13: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

destrói o meio ambiente. Assim, em vez de exclusão, o que ocorre é um processo de inclusão cultural e ideológico, arrastando os miseráveis e pobres para a concepção de desenvolvimento dos ricos e remediados. Pouquíssimos grupos humanos mantêm suas tradições num mundo cada vez mais globalizado pelo neoliberalismo. As sociedades tradicionais estão em franco declínio e se integrando a um sistema global. Todos ou quase todos estão no sistema, com a ressalva de que a esmagadora maioria está nas esferas pobre e miserável.

NA - Parece que já existem leis e acordos sufi cientes para proteger a Terra e por que a Terra continua sendo tão prejudicada?

Soffi ati - Mais importante que tratados, acordos, proto-colos e leis é a constituição de um novo paradigma ético, que vem sendo construído progressivamente. O grande paradigma ainda vigente foi construído sob a égide do mecanicismo e do maquiavelismo. O mecanicismo coisi-fi cou a natureza e o ser humano. O maquiavelismo valeu para época dele, mas hoje alimenta o individualismo, o egoísmo e a desonestidade. Qualquer diploma com valor legal concebido por estas duas visões não vai jamais resolver nossos problemas. Mesmo um crítico realista do desenvolvimento clássico, como o economista Ignacy

Sachs, sustenta que o Tratado de Kioto, se fosse cumprido à risca por todos os países signatários e mesmo por todos os países que fazem parte da ONU, reduziria em apenas 10% as emissões de gases causadores do aquecimento global. Assim, este tratado está servindo mais para transações econômicas com crédi-tos de carbono. O mesmo se pode dizer da lei que instituiu a política brasileira dos recursos hídricos, que, além de mal concebida em si, está sendo reduzida a transformar a água em mercadoria. É um mito dizer que as leis brasileiras são boas. Quase todas buscam, quando muito, com-patibilizar crescimento econômico capitalista e proteção da natureza. Se falham, a corda arrebenta sempre do lado do mais fraco, ou seja, dos pobres e miseráveis e do meio am-biente. Precisamos de novas leis, mas concebidas dentro de um novo para-digma, que denomino de naturalista organicista contemporâneo.

É um mito dizer que as leis brasileiras são boas.

Quase todas buscam, quando muito,

compatibilizar crescimento econômico capitalista e

proteção da natureza. Se falham, a corda

arrebenta sempre do lado do mais fraco, ou seja, dos

pobres e miseráveis e do meio ambiente.

12 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 12Nova111.indd 12 25.08.06 10:18:2325.08.06 10:18:23

Page 14: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

de los pobres y miserables, incluso muchos de mis amigos, considero la defensa de las comunidades tradi-cionales una especie de mito de los intelectuales. El sistema capitalista destruye y continúa destruyendo las comunidades tradicionales, de la misma forma que destruye el medio ambiente. Así, en vez de ex-clusión, lo que ocurre es un proceso de inclusión cultural e ideológica, arrastrando a los miserables y pobres para la concepción de desarrollo de los ricos y remediados. Poquísimos grupos humanos mantienen sus tra-diciones en un mundo cada vez más globalizado por el neoliberalismo. Las sociedades tradicionales están en franco declínio e integrándose a un sistema global. Todos o casi todos están en el sistema, con la resalva de que la aplastante mayoría está en las esferas pobre y miserable.

NA - Parece que ya existen leyes y acuerdos sufi cientes para proteger

la Tierra. ¿Por qué la Tierra continúa siendo tan perju-dicada?

Soffi ati - Más importante que los tratados, acuerdos, protocolos y leyes es la constitución de un nuevo para-digma ético, que está siendo construido progresivamente. El gran paradigma vigente todavía fue construido sobre el escudo del mecanicismo y del maquiavelismo. El mecanicismo coisifi có la naturaleza y el ser humano. El maquiavelismo valió para su época, pero hoy en día se alimenta el individualismo, el egoísmo y la deshonestidad.

Cualquier diploma con valor legal concebido por estas dos visiones no va a solucionar jamás nuestros problemas. Aún un crítico realista del desarrollo clásico, como el economista Ignacy Sachs, sustenta que con el Tratado de Kioto, si fuese cumplido al pie de la letra por todos los países signatarios y por todos los países que conforman la ONU, se reducirían en apenas 10% las emisiones de gases causadores del calentamiento global. Así, este tratado está sirviendo más para transacciones económicas con créditos de carbono. Lo mismo se puede decir de la ley que instituyó la política brasileña de recursos hídricos, que aparte de mal concebida en sí, está siendo reducida a transformar el agua en mercancía. Es un mito decir que las leyes brasileñas son buenas. Casi todas buscan, a lo sumo, compatibilizar crecimiento económico capitalista y protección de la naturaleza. Si fallan, la cuerda se rebienta siempre por el lado más débil, es decir, de los pobres y miserables y del medio ambiente. Necesitamos de nuevas leyes, pero concebidas dentro de un nuevo paradigma, que llamo de naturalista organicista contemporáneo.

NA - ¿En su opinión, qué podemos hacer para cambiar toda esta situación ambiental?

Soffi ati - Una vez más, estamos delante de la alternativa: ¿revolución o reforma? Las revoluciones inglesa, francesa, rusa, china y cubana mataron miles de personas y fueron a parar donde fueron a parar. Inglaterra y Francia no colocaron el ideario liberal plenamente en práctica. La

Es un mito decir que las leyes brasileñas son buenas. Casi todas buscan, a lo sumo, compatibilizar crecimiento económico capitalista y protección de la naturaleza. Si fallan, la cuerda se rebienta siempre por el lado más débil, es decir, de los pobres y miserables y del medio ambiente.

Foto

Joã

o R

ipp

er

13NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 13Nova111.indd 13 25.08.06 10:18:2525.08.06 10:18:25

Page 15: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

NA - Na sua opinião, o que podemos fazer para mudar toda essa situação ambiental?

Soffi ati - Mais uma vez, estamos diante da alternativa: revolução ou reforma? As revoluções inglesa, francesas, russa, chinesa e cubana mataram milhares de pessoas e deram no que deram. A Inglaterra e a França não colo-caram o ideário liberal plenamente em prática. A União Soviética se esfacelou e voltou ao capitalismo. A China combina uma economia de mercado com um governo autoritário. Cuba está muito esclerosada. Pergunto se valeu a pena tanto sacrifício de vidas humanas diante de

tamanho fracasso. Concluo que não. As grandes utopias da Modernidade são ditatoriais por planejarem o futuro para gerações que vão nascer. Cada geração tem o direi-to de pensar a sua vida. Cabe-nos tão somente, talvez, assegurar as bases ambientais para nossos descendentes e para todos os seres vivos.

Assim, só nos resta a via reformista. Mas, desde logo, deixo claro que a passagem de uma civilização pesada como a nossa para uma civilização leve não é impossível, mas muito difícil e demorada. Sempre que diagnostico a crise planetária e antrópica da atualidade, meus ouvintes parecem fi car angustiados, como se estivessem presos numa masmorra, e pedem logo para sair, pedem logo que eu apresente soluções. Agora, estou devolvendo a pergunta. Como respostas, colho aumentar a fi scali-zação, cumprir as leis, aprimorar as leis, investir mais na educação, mobilizar a população, criar mais ONGs, escolher melhor os governantes, etc. Assim, as pessoas acabam se dando conta de quão difícil é transformar a realidade. Hoje, não sou mais tão convicto de minhas convicções. Por iniciativa humana, a mudança poderia começar com a ocupação das áreas não ocupadas pelo capitalismo ou abandonadas por ele por um outro esti-lo de vida. De certa forma, muitas pessoas em todo o mundo já tomaram esta iniciativa, mas ela não merece

destaque nos meios de comunicação. De mais a mais, sempre que aparece um espaço vazio, o paradigma clás-sico indica que a melhor maneira de ocupá-lo é com estilos conven-cionais de desenvolvimento. Enfi m, creio que não devemos esmorecer no processo de mudança, como propõe Immanuel Wallerstein, do contrário eu me recusaria a falar sobre este assunto e me daria por vencido. O adversário que enfrentamos é muito grande e poderoso, o que nos leva ao pessimismo. No entanto, Edgar Morin diz que a luta deve continuar, pois fatores imprevisíveis podem

Pergunto se valeu a pena tanto sacrifício de vidas humanas diante de tamanho fracasso. Concluo

que não. As grandes utopias da Modernidade são ditatoriais por planejarem o futuro para gerações

que vão nascer. Cada geração tem o direito de pensar a sua vida. Cabe-nos tão somente, talvez,

assegurar as bases ambientais para nossos descendentes e para todos os seres vivos.

Foto

Joã

o R

ipp

er

14 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 14Nova111.indd 14 25.08.06 10:18:2625.08.06 10:18:26

Page 16: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

mista. Pero, desde luego, dejo claro que el pasaje de uma civilización de tanto peso como la nuestra hacia una civilización más suave no es imposible, pero es muy difícil y demorado. Siempre que diagnostico la crisis planetaria y antrópica de la actualidad, mis oyentes pa-rece que se angustian, como si estuviesen presos en una masmorra, y piden para salir rápido, piden rápidamente que se presenten soluciones. Ahora estoy devolviendo la pregunta. Como respuestas, elijo aumentar la fi scaliza-ción, cumplir las leyes, perfeccionar las leyes, invertir más en educación, movilizar a la población, crear más ONGs, escoger mejor a los gobernantes, etc. Así, la gente acaba dándose cuenta de cuan difícil es transformar la

realidad. Hoy por hoy, no estoy más convencido de mis convicciones. Por iniciativa humana, el cambio podría comenzar con la ocupación de áreas no ocupadas por el capitalismo o abandonadas por él por otro estilo de vida. De cierta forma, muchas personas en todo el mundo ya tomaron esta iniciativa, pero no se destaca en los medios de comunicación. Además, siempre que aparece un espacio vacío, el paradigma clásico indica que la mejor manera de ocuparlo es con estilos convencionales de desarrollo. En fi n, creo que no debemos fl aquear en el proceso de cambio, como propone Immanuel Wallerstein, de lo con-trario me rehusaría a hablar sobre este asunto y me daría por vencido. El adversario que enfrentamos es grande y poderoso, lo que nos lleva al pesimismo. Sin embargo, Edgar Morin nos dice que la lucha debe continuar, pues factores imprevisibles pueden entrar en escena. Como nos dice Boaventura de Sousa Santos, no debemos abdicar de las utopías, pero debemos ser más modestos en relación a ellas. De mi parte, continúo combatiendo el paradigma hegemónico, considerando un proyecto viable para nues-tro tiempo. Si en el tiempo de vida que me queda, pudiera asistir el crecimiento de una nueva ética, al avance de una saludable relación entre humanidad y naturaleza, disminución de las injusticias sociales y fortalecimiento de

Unión Soviética se destruyó y regre-só al capitalismo. China mezcla una economía de mercado con un gobierno autoritario. Cuba está muy esclerótica. Me pregunto si valió la pena tanto sacrifi cio de vidas humanas frente a tamaño fracaso. Concluyo que no. Las grandes utopías de la Modernidad son dictatoriales por planear el futuro para generaciones que van a nacer. Cada generación tiene el derecho de pensar su vida. Nos cabe solamente, talvez, asegurar las bases ambientales para nuestros descendientes y para todos los seres vivos.

Así, sólo nos resta la vía refor-

Me pregunto si valió la pena tanto sacrifi cio de vidas humanas frente a tamaño fracaso. Concluyo que no. Las grandes utopías de la Modernidad son dictatoriales por planear el futuro para generaciones que van a nacer. Cada generación tiene el derecho de pensar su vida. Nos cabe solamente, talvez, asegurar las bases ambientales para nuestros descendientes y para todos los seres vivos.

15NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 15Nova111.indd 15 25.08.06 10:18:2725.08.06 10:18:27

Page 17: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

entrar em cena. Seguindo Boaventura de Sousa Santos, não devemos abdicar das utopias, mas devemos ser mais modestos em relação a elas. Da minha parte, continuo a combater o paradigma hegemônico, tendo em vista um projeto viável para o nosso tempo. Se, no tempo de vida que me resta, eu puder assistir ao crescimento de uma nova ética, avanços de uma salutar relação entre humanidade e natureza, diminuição das injustiças sociais e fortalecimento da democracia, vou me sentir melhor.

Seja como for, com a nossa ação ou sem ela, o capitalismo não poderá sobreviver por muito tempo. Ele anima uma civilização insustentável. Se ela não é a única civilização inviável que a humanidade já construiu, é sem dúvida a mais inviável de todas. Prevejo seu desmoronamento na forma de desastres que acarretarão muito sofrimento e muita destruição, embora não acredite na extinção do Homo sapiens. Todavia, permanece o impasse: ou con-cluímos que mudanças drásticas devem ser feitas por iniciativa humana ou tais mudanças ocorrerão por ajustes adaptativos da ecosfera.

NA - O que você gostaria de acrescentar?

Soffi ati - Comecei meu ativismo no fi m da década de 1970 com a percepção de que nosso inimigo número um são os sistemas econômico-sociais criados pela Mo-dernidade, principalmente após a revolução industrial. Hoje, quase 30 anos depois, continuo acreditando que este é o nosso inimigo, embora minha visão dele seja bem mais complexa. No entanto, vejo que os chamados ambientalistas passaram a acreditar num capitalismo ecológico e socialmente sustentável ou adotaram as armas da própria Modernidade para lutar contra ele. Posso estar enganado, porém considero extremamente difícil, senão impossível, um capitalismo com respeito ao meio am-biente e com justiça social. Por outro lado, os socialistas, depois de considerarem por longo tempo o ecologismo

como o último obstáculo ao avanço do comunismo ou do anarquismo, concluem que a questão ambiental não é uma invenção da classe média desempregada, como proclamaram João Bernardo, Maurício Tragtenberg e Gildo Magalhães nos anos 80. Con-tudo, os socialistas que incorporam a questão ambiental em suas refl exões não estão conseguindo ultrapassar a dimensão social para chegar na dimensão ambiental. Na reforma que preconizo, a abordagem transdiscipli-nar e complexa é fundamental. O que vejo, entretanto, é o desinteresse dos ecocapitalistas e dos ecossocialistas quando manifesto preocupação com o aquecimento global, com a extin-ção de espécies, com a devastação de fl orestas, com a contaminação do planeta, com a implantação de grandes unidades produtivas, com a ameaça que paira sobre as esponjas e os anfíbios. Em outras palavras, temo que a análise dos problemas ambientais e seu combate caiam nas mãos de especialistas, reproduzindo o paradigma que combatemos.

Vejo que os chamados ambientalistas passaram a acreditar num capitalismo

ecológico e socialmente sustentável ou adotaram as armas da própria Modernidade para lutar contra ele. Posso estar enganado,

porém considero extremamente difícil, senão impossível, um capitalismo com respeito ao

meio ambiente e com justiça social.

Foto

Rod

olp

ho O

liva

16 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 16Nova111.indd 16 25.08.06 10:18:2825.08.06 10:18:28

Page 18: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A R I S T I D E S A R T H U R S O F F I AT I N E T T O

la democracia, me sentiría mejor. Sea como sea, con nuestra acción o sin ella, el capitalismo no podrá sobre-vivir por mucho tiempo. Alienta una civilización insustentable. Si no es la única civilización inviable que la humanidad ya construyó, es sin duda alguna la más inviable de todas. Pre-veo su desmoronamiento en la forma de desastres que acarretarán mucho sufrimiento y destrucción, a pesar de que no crea en la extinción del Homo sapiens. Aún así, permanece la disyuntiva: o concluímos que cam-bios drásticos deben ser hechos por iniciativa humana o tales cambios ocurrirán por ajustes adaptativos de la ecosfera.

NA - ¿Le gustaría decir algo más?

Soffi ati - Comencé a ser activista a fi nes de la década de 1970 con la percepción de que nuestro enemigo número uno son los sistemas econó-mico-sociales creados por la Moderni-dad, principalmente después de la re-volución industrial. Hoy, casi 30 años

después, continúo creyendo que este es nuestro enemigo, a pesar de que mi visión de ella sea aún más compleja. Sin embargo, veo que los dichos ambientalistas empezaron a creer en un capitalismo ecológico y socialmente susten-table o adoptaron las armas de la propia Modernidad para luchar contra él. Puedo estar equivocado, pero considero extremamente difícil, sino imposible, un capitalismo de respeto al medio ambiente y con justicia social. Por otro lado, los socialistas, después de que consideraron por un largo tiempo el ecologismo como último obstáculo al avance del comunismo o del anarquismo, concluyen que el asunto ambiental no es un invento de la clase media desempleada, como proclamaron João Bernardo, Maurício Tragtenberg y Gildo Magalhães en los años 80. Con todo esto, los socialistas que incorporan el asunto ambiental en sus refl exiones no están consiguiendo ultrapasar la dimensión social para llegar a la dimensión ambiental. En la reforma que preconizo, el abordaje transdiciplinar y complejo es fundamental. Lo que veo, sin embargo, es el desinterés de los ecocapitalistas y de los ecosocialistas cuando manifi esto preocupación con el calentamiento global, con la extinción de las especies, con la devastación de los árboles, con la contaminación del planeta, con la implantación de grandes unidades productivas, con la ameaza que paira sobre las esponjas y los anfi bios. En otras palabras, temo que el análisis de los problemas ambien-tales y su combate caigan en las manos de especialistas, reproduciendo el paradigma que combatimos.

Veo que los dichos ambientalistas empezaron a creer en un capitalismo ecológico y socialmente sustentable o adoptaron las armas de la propia Modernidad para luchar contra él. Puedo estar equivocado, pero considero extremamente difícil, sino imposible, un capitalismo de respeto al medio ambiente y con justicia social.

17NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 17Nova111.indd 17 25.08.06 10:18:2925.08.06 10:18:29

Page 19: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o c o n s t r u y e n d o

El entusiasmo mostrado por los partidarios de la nueva perspectiva de responsabilidad

ambiental corporativa es eclipsado por una serie de importantes cuestiones de orden

teórico, social, político y hasta fi losófi co que transmiten un fuerte escepticismo en relación

al potencial de reconversión ambientalista de las empresas. Los principales puntos a

debatir planteados por los ecoambientalistas al ambientalismo empresarial se refi eren a la

lógica que guía las acciones de las empresas, a las formas como las empresas entienden

las relaciones entre sus propias actividades y el medio ambiente y al tipo de humanización

de la naturaleza adoptado, considerado profundamente antiecológico.

Foto

Cla

us M

eyer

/TY

BA

As empresas

18 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 18Nova111.indd 18 25.08.06 10:18:3025.08.06 10:18:30

Page 20: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

caminhos caminos

Gian Mario Giuliani Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJRio de Janeiro - Brasil

“A economia não ensina a produzir... ensina a escolher... o que produzir

e quais métodos de produção utilizar”. Ruffolo (2006:3)

A partir dos anos de 1970, o rápido desenvolvimento dos movimentos eco-ambientalistas (McCormick, 1992) juntamente a uma série de importantes estudos que apontavam para um futuro catastrófi co caso não fosse mu-dado o modelo de crescimento econômico e populacional (Ehrlich, 1968; Club of Rome, 1972) acabam colocando as indústrias no âmago das críticas. Estas são acusadas de utilizar indiscriminadamente a natureza como um inesgotável reservatório de recursos gratuitos, de serem

e o

as grandes emissoras de resíduos que contaminam o ar, as águas e o solo, e de substituírem complexos ecossistemas naturais por monoculturas que reduzem drasticamente a biodiversidade. O conceito de desenvolvimento susten-tável, lançado em 1987 ao público global pelo relatório Bruntland (United Nations, 1987) deveria reconciliar o desenvolvimento econômico e social com o meio ambien-te e a natureza. Após a conferência UNCED realizada no Rio de Janeiro em 1992, as empresas começam a sentir crescer as pressões sociais para que se tornem ambiental-mente responsáveis. Apesar da maioria dos empresários continuarem pensando na conservação ambiental como um entrave ao desenvolvimento dos negócios, algumas grandes empresas iniciam a por em pratica programas de gestão ambiental. A partir de 1995, é implantada a certi-

ambientalismo anti-ecológico

19NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 19Nova111.indd 19 25.08.06 10:18:3125.08.06 10:18:31

Page 21: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

fi cação ISO 14000 e a sua procura por parte das grandes empresas cresce muito nos anos sucessivos, induzindo ao convencimento de que investir na área ambiental é uma proposta conveniente para as empresas. O prefi xo “eco” e o adjetivo “sustentável” parecem se adaptar rapidamente aos conceitos tradicionalmente econômico-empresariais. Fala-se de produção eco-compatível para os eco-negócios, assim como de eco-efi ciência e, ao lado do desenvolvi-mento sustentável, fala-se de “desempenho sustentável” como da necessidade da empresa ser ambientalmente correta para poder se manter no mercado (Kinlow, 1993). O esverdear das empresas é apresentado como crescente e irreversível. Louva-se a expansão da consciência am-biental e ecológica que, por fi m, atinge o setor social mais resistente às mudanças nessa ordem.

Surgem, no entanto, uma série de interrogações que colocam um freio ao entusiasmo mostrado pelos partidá-rios da nova perspectiva da responsabilidade ambiental corporativa. São colocadas importantes questões de or-dem teórica e nos planos social, político e até fi losófi co que transmitem um forte ceticismo a respeito do potencial de reconversão ambientalista das empresas.

TRÊS QUESTÕES EM DEBATE...

A seguir abordaremos, muito sinteticamente, três dos principais questionamentos movidos pelos eco-ambien-talistas ao ambientalismo empresarial, e procuraremos algumas mediações naquilo que muitas vezes se apresenta como um debate entre surdos.

O questionamento mais geral refere-se à lógica que guia as ações das empresas. Pergunta-se: poderiam as empresas combinar sua vital necessidade de lucro com o respeito da natureza e do meio ambiente? A respon-sabilidade ambiental corporativa teria a capacidade de adequar a busca dos interesses individuais na realização do interesse geral? Nas argumentações empresariais a resposta é afi rmativa, porque inspirada nos princípios da economia clássica e na fi losofi a utilitarista, muito cruamente sintetizáveis em “o que é bom para o indivi-duo, é bom para a sociedade”, assim que as atividades lucrativas e o crescimento da riqueza favorecem o bem comum independentemente de quem se apropria destas. Os críticos sustentam que tal argumentação se apóia em uma base empírica muito frágil. O lema da “respon-

Foto

Joã

o R

ipp

er

20 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 20Nova111.indd 20 25.08.06 10:18:3225.08.06 10:18:32

Page 22: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

sabilidade ambiental corporativa”, fartamente utilizado pela retórica empresarial como natural componente da “responsabilidade social corporativa”, não teria encon-trado ainda instrumentos de avaliação dos seus gabados efeitos positivos sobre a sociedade e o meio ambiente. Com efeito, além dos relatórios informativo-publicitários, não estão ainda disponíveis satisfatórias informações a respeito das práticas ambientais das empresas e menos ainda se conhece a respeito de como estas práticas se inserem no conjunto das atividades das mesmas.

Estas críticas são amplamente justifi cadas, já que pesquisas conduzidas na Europa e nos Estados Unidos mostram que os processos para decidir investimentos motivados pelas preocupações ambientais seguem uma lógica separada e distante daqueles motivados pelas preocupações econômicas. De um lado, as decisões de investimentos com fi nalidade ambiental são normalmente consideradas “obrigações” impostas pela legislação, ou são antecipações de previsíveis futuras imposições legais. De outro lado, as decisões com fi nalidade econômica nunca são avaliadas do ponto de vista ambiental. Cabe, no entanto, observar que há iniciativas para contornar o problema desde que as Nações Unidas adotaram o balanço proposto pelo Global Reporting Initiative – GRI, uma Ong criada nos Estados Unidos em 1997. O sistema do GRI

O lema da “responsabilidade ambiental corporativa”, fartamente utilizado pela retórica empresarial como natural componente da “responsabilidade social corporativa”, não teria encontrado ainda instrumentos de avaliação dos seus gabados efeitos positivos sobre a sociedade e o meio ambiente. Com efeito, além dos relatórios informativo-publicitários, não estão ainda disponíveis satisfatórias informações a respeito das práticas ambientais das empresas e menos ainda se conhece a respeito de como estas práticas se inserem no conjunto das atividades das mesmas.

21NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 21Nova111.indd 21 25.08.06 10:18:3325.08.06 10:18:33

Page 23: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Esta perspectiva economicista é sem duvidas exces-sivamente redutiva. As ciências econômicas, embora já redimensionadas nas suas pretensões de ciências posi-tivas, ainda tendem a considerar seus conhecimentos autônomos com relação à moral, à cultura, à política e à ideologia. A esse respeito, temos que observar que se o desenvolvimento do capitalismo tem imposto e univer-salizado a racionalidade econômica, mas não conseguiu torná-la nem homogênea nem independente da infl uência da cultura e dos seus específi cos âmbitos (família, grupo, território, nação). A racionalidade encontra-se ainda ex-posta a forças que não pode controlar e que a deformam ou a contrastam. Deve-se assim considerar que os valores infl uenciam a racionalidade econômico-empresarial, e que os mesmos inspiram a formulação das regras e normas que dão fundamento e orientam as ações e iniciativas

tem 96 indicadores econômicos, sociais e ambientais que medem o desempenho das empresas. A adoção desse balanço é voluntária e 253 empresas no mundo estão usando este método, mas somente 96 têm respondido a todos os 96 quesitos (Arnt, 2003). A maior preocupação de organizadores e analistas é a necessidade de encaixar diferenças culturais satisfatórias.

Um segundo questionamento é relativo à maneira em que as empresas concebem as relações entre suas próprias atividades e o meio ambiente. A visão ambientalista em-presarial considera alguns dos aspectos práticos relativos à sustentabilidade: poupar recursos naturais, buscar fon-tes energética alternativas, reduzir a poluição, preservar áreas naturais, proteger espécies ameaçadas de extinção. Temos que reconhecer que as empresas, enquanto expres-sões maiores da racionalidade econômica, buscam em continuação mudanças para melhorar seu desempenho ambiental. No entanto, ao fazê-lo não visam reduzir os desequilíbrios ambientais, mas antes de tudo buscam contornar os efeitos negativos sobre sua efi ciência pro-dutiva e seus rendimentos. Consideram que a fi nitude dos recursos naturais não deve gerar preocupações, porque estes são infi nitos pelo que se refere à produção, já que são recriados pelo homem e suas tecnologias. Por isso, a racionalidade ambiental das empresas põe ênfase nos processos produtivos, na tecnologia limpa, na reciclagem e na efi ciência energética, sendo que a palavra fi nal a respeito da intensidade da qualidade do empenho am-biental corporativo pertence ao mercado. O que deve ser sustentada é a capacidade técnica e econômica das empresas para evoluir no atendimento das demandas dos consumidores.

Temos que reconhecer que as empresas, enquanto expressões maiores da racionalidade econômica, buscam em continuação mudanças para melhorar seu desempenho ambiental. No entanto, ao fazê-lo não visam reduzir os desequilíbrios ambientais, mas antes de tudo buscam contornar os efeitos negativos sobre sua efi ciência produtiva e seus rendimentos.

22 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 22Nova111.indd 22 25.08.06 10:18:3425.08.06 10:18:34

Page 24: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

dos empresários para a manutenção do patrimônio, a acumulação do capital e a realização do lucro. Portanto, reconhecendo que a empresa se caracteriza pela racionali-dade fi nalizada ao lucro, deve-se reconhecer também que podem ser diferentes as formas pelas quais tal fi nalidade é alcançada (Cappellin e Giuliani, 2003). Sendo assim, os valores ambientalistas da sociedade moderna poderiam “contaminar” a racionalidade econômica dos empresários reorientando seus objetivos e práticas produtivas.

Um terceiro questionamento, refere-se ao tipo de humanização da natureza adotada pelo ambientalismo empresarial e considerado profundamente anti-ecolo-gica. Servir-se e transformar a natureza são atividades peculiares dos seres humanos e estão à base do processo histórico de todas as civilizações. Porém, a empresa não somente utiliza a natureza, mas sobretudo aspira a “re-

fazê-la”, a transformar elementos naturais em produtos artifi ciais (a energia a vapor, o motor a explosão, a ener-gia elétrica e nuclear, o refl orestamento, o saneamento da água, etc.) e até “reinventá-la” pela bioengenharia e, mais recentemente, pela nano-robótica. A via de ex-pansão das empresas consiste em transformar a matéria, os organismos e os serviços gratuitos da natureza em capital-dinheiro. O problema principal dessas interven-ções é que estas se aplicam sobre elementos singulares da natureza e ignoram conscientemente que esta, como dizem ecologistas e ecólogos, é um “sistema de sistemas” no qual todos os elementos estão inter-relacionados (Morin, 1980 e 1998; Maturana e Varela, 1980; Odum, 1988; Ehrenfeld, 1992). Mesmo quando os empresários pensam na conservação da biodiversidade, o fazem na perspectiva da conservação de estoques de recursos

Foto

Ric

ard

o Fu

nari/

TYB

A

23NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 23Nova111.indd 23 25.08.06 10:18:3525.08.06 10:18:35

Page 25: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

singulares para a indústria. Este tipo de ambientalismo, talvez possa atenuar a curto e médio prazo a agudização da crise ambiental e acalmar um pouco a contradição que nos angustia, entre o querer um ambiente sadio e a opulência da vida moderna. No entanto, a natureza anti-ecologica do mesmo poderá nos levar em mais longo prazo a uma substancial piora em nossa qualidade de vida. Com efeito, novos conhecimentos no campo das ciências naturais, sobretudo da física e hoje da biologia, têm mostrado que, assim como as ciências sociais, estas também não consentem prever as conseqüências das intervenções sobre a natureza. Podem controlar sistemas simples, mas não há ciência nem tecnologia capaz de governar sistemas complexos. Assim, o imprescindível crescimento das empresas não é apenas uma furiosa corrida sem linha de chegada. Mas, ao fragmentar e

simplifi car os complexos ecossistemas e procedendo através de formas arbitrárias de seleção dos aspectos do real considerados relevantes tão somente para suas atividades, as empresas colocam em movimento forças que não podem controlar. Incerteza e riscos crescem junto com o crescimento das empresas e, em um circulo que se auto-alimenta, incerteza e riscos se tornam campo de investimento e lucro das empresas (Beck, 1992; Beck, Giddens e Lash, 1992). Além disso, como foi observado por Ribeiro e Salles (1997), a fragmentação setorial e a racionalidade em curto prazo com os quais os problemas ambientais são enfrentados infl uem sobre a solução dos mesmos, já que soluções em curto prazo podem adiar as soluções mais efetivas e de maior alcance (por exemplo, tornar mais “ecológicos” os carros, inibe a ampliação do sistema de transporte coletivo).

Foto

Joã

o R

ipp

er

24 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 24Nova111.indd 24 25.08.06 10:18:3625.08.06 10:18:36

Page 26: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Em longo prazo, sente-se a necessidade de programas amplamente educativos orientados para uma substantiva mudança cultural que dê às atividades produtivas um sentido maior que o simples acúmulo de riqueza e conforto.

ARNT, R. O Esperanto da Sustentabilidade, Exame, 11/06/2003.

BARTOLOMEO, M. et alli, I concetti chiave della contabilitá ambientale, in: La contabilitá ambientale delle imprese, a cura di Matteo Bartolomeo, Il Mulino, Bologna, 1997.

BECK, U. Risk Society: towards a new modernity, Sage Pub., London, 1992.

BECK, U. Giddens, A., Lash, S., Modernização Refl exiva: política, tradição e estética na ordem social moderna, Ed. Unesp, 1992.

CAPPELLIN P. Giuliani G.M., Morel R.L., Pessanha E., “Orga-nizações empresariais em face da responsabilidade social das empresas no Brasil”, em C.E. Tribúrcio e Silva e F. Souza Freire, Balanço Social: teoria e prática, Ed. Atlas, São Paulo, 2001.

CAPPELLIN, P. e Giuliani, G.M., “A Racionalidade, a Cultura e o Espírito Empresarial”, Sociedade e Estado, UNB, 2003.

---------------. “The Political Economy of Corporate Responsi-bility in Brazil: social and Environmental Dimensions”, United Nations Research Institute for Social Development –

UNRISD, Paper N. 14, Outubro 2004.

CLUB OF ROME. The limits to Growth, 1972.

EHRENFELD, D. A Arrogância do Humanismo , Ed. Campus, Rio de Janeiro, 1992.

EHRLICH, R. e EHRLICH, H. The population bomb, Simon and

Shuster, New York, 1968.

ELSTER, J. Peças e Engrenagens das Ciências Sociais, Relume Dumará, Rio de Janeiro, 1994.

KINLAW, D. C. Competitive and Green, Pfeiffer & Company, 1993 (Empresa competitiva e ecológica. Estratégias e ferra-mentas para uma administração consciente, responsável e lucrativa, Makron Books do Brasil Ed., São Paulo, 1998).

MATURANA, H., e VARELA, F. Autopoiesis and cognition, Dordrecht, 1980.

McCORMICK, J. Rumo ao paraiso: a história do movimento ambientalista, Relume Dumará, Rio de Janeiro, 1992.

MORIN E. La Methode, 2. La Vie de la Vie, Seuil, Paris,

1980.

MORIN, E. O Método 4. As idéias, habitat, vida, costumes,

organização, Ed. Sulina, Porto Alegre, 1998.

ODUM, E. P. Ecologia (Basic Ecology, 1983), Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1988.

RIBEIRO, A., e SALLES, S., “Dinâmica de inovações sob restrição ambiental” em, AAVV, Economia do meio ambiente,

Embrapa-UNicamp, 1997.

RUFFOLO, G. Lo specchio del diavolo. La storia dell’economia dal Paradiso terrestre all’inferno della fi nanza, Einaudi, Torino, 2006.

UNITED NATIONS, Our Common Future, Oxford University Press, Oxford, 1987.

www.globalreporting.org

www.cebds.com

UM CAMINHO A PERCORRER...

Para concluir, podemos dizer que via empresarial à conservação da natureza e do meio ambiente sadio de-pende de uma série de mudanças sócio-politico-culturais que passam pelos empresários, mas que, obviamente, não dependem somente deles. A desejada sustentabilidade está no centro do antagonismo entre a certeza das ciências naturais e da economia de um lado, e a incerteza das conseqüências que as mesmas não podem prever. É mais que sabido que as respostas a este antagonismo devem ser buscadas na implementação de políticas públicas capazes de incluir a emergência ambiental em todos seus setores, das políticas para a energia, às da educação e cultura, das políticas industriais às agrícolas e agrárias, da distribuição da riqueza à justiça social, nos âmbitos locais, nacionais e internacionais. Mas isto não acontece, e a responsabili-dade também é de grande parte dos empresários, cegos e surdos aos problemas do meio ambiente. Coloca-se então, em curto prazo, o imperativo de uma efetiva aplicação das normas, fartamente já contempladas na legislação ambien-tal nacional e internacional, que ordenam as atividades produtivas, juntamente ao compromisso dos órgãos da jus-tiça, do estado e das partes sociais, de monitorar e inibir as práticas social e ambientalmente danosas. Em longo prazo, sente-se a necessidade de programas amplamente educativos orientados para uma substantiva mudança cultural que dê às atividades produtivas um sentido maior que o simples acúmulo de riqueza e conforto.

25NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 25Nova111.indd 25 25.08.06 10:18:3725.08.06 10:18:37

Page 27: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Na atualidade, torna-se necessário fortalecer políticas, visões e medidas

estratégicas orientadas a preservar e manejar adequadamente o recurso água,

sob uma visão integral que supere as visões setoriais como as de risco e água

potável e uma visão estrutural que supere a atenção à emergência e à ação

pontual. Uma experiência interessante no caso de Bolívia é desenvolvida pelo

Programa Manejo Integral de Cuencas (PROMIC), instituição que trabalha desde

1991 no desenvolvimento de projetos de manejo de bacias sob uma visão

integral, estrutural e participativa, conseguindo importantes impactos em termos

ambientais, sociais e econômicos.

La visión de cuenca: Fo

to A

lexa

ndre

Firm

ino

Foto

Arq

uivo

do

auto

r

26 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 26Nova111.indd 26 25.08.06 10:18:3725.08.06 10:18:37

Page 28: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

La disponibilidad y el acceso al recurso agua de calidad tiene un impacto determinante en el desarrollo de los pueblos. Esto, en defi nitiva, es más que un decir, es una realidad evidente que transita transversalmente desde la cotidianidad de la vida del poblador urbano y rural hasta las directrices y políticas a niveles de gobierno e instancias decisoras, al menos idealmente.

La vital importancia del recurso agua para la humani-dad en su conjunto y los problemas crecientes asociados a la escasez, la falta de acceso, la contaminación y la privatización de servicios asociados a este recurso, por citar algunos, ha sacado a relucir en más de una ocasión su condición como posible reactor de confl ictos y guerras civiles o sectoriales, experiencia vivida en la ciudad de Cochabamba-Bolivia, con la llamada “guerra del agua”.

En medio de este oscuro panorama, persiste la nece-sidad de fortalecer políticas, visiones y medidas estra-tégicas orientadas a preservar y manejar adecuadamente este recurso, bajo una visión integral que supere las visiones sectorialistas como las de riego y agua potable y una visión estructural que supere la atención a la emer-gencia y la acción puntual. Por otra parte, el agua es un recurso natural que transita, territorialmente hablando, y forma parte de ciclos en términos de su transformación, aspectos que llevan a pensar nuevamente en enfoques integrales que a diferentes escalas involucrarán a muni-cipios, departamentos, estados, naciones, continentes, territorialidades a diversa escala, que tienen al agua como elemento integrador.

base para la Grissel Bolívar VallejoBolívia

Esta visión integral es la visión de cuenca como es-pacio de ordenamiento, planifi cación y gestión para el desarrollo, que tiene asimismo una cualidad sustancial relacionada al agua y que es la de poseer, en su territorio, la fuente.

La defi nición o el fortalecimiento de políticas y la planifi cación bajo una visión de cuenca en la región, forman parte de los pasos escenciales para una adecu-ada preservación y manejo del recurso agua a favor del desarrollo.

ENFOQUE DE MANEJO INTEGRAL DE CUENCAS (MIC) EN COCHABAMBA – BOLIVIA

Una experiencia interesante en el caso de Bolivia, es la desarrollada por el Programa Manejo Integral de Cuencas, PROMIC, institución que aun lidiando con la falencia de una política nacional de cuencas consolida-da, trabaja desde 1991 en el desarrollo de proyectos de manejo de cuencas bajo una visión integral, estructural y participativa, logrando importantes impactos en términos ambientales, sociales y económicos.

La principal área de estudio y acción de este Programa es la vertiente sur de la Cordillera del Tunari, donde se sitúan 39 subcuencas pertenecientes en su conjunto a 7 municipios que alimentan sus aguas a la cuenca del Río Rocha Mailancu, la que a su vez alimenta sus aguas

gestión del agua y del desarrollo

27NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 27Nova111.indd 27 25.08.06 10:18:3825.08.06 10:18:38

Page 29: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

a la cuenca del río Caine, hasta llegar a la gran cuenca del Amazonas, haciendo así evidente la transitoriedad geográfi ca del agua.

El contexto en el que surge el proyecto es el de una región de valle rodeado de montañas que se debate to-dos los años entre las inundaciones (época de lluvias) y la sequía (época de estiaje). Se plantea transformar la problemática de los riesgos de inundaciones, desbordes y pérdidas por afectaciones a infraestructura social pública y privada de áreas urbanas y rurales, en oportunidades para la preservación del recurso agua y su mayor dispo-nibilidad a partir de un conjunto de medidas de manejo integral de cuencas. Entre estas medidas está el control de cauces y torrentes que, a la vez de brindar mayor se-guridad, permita incrementar la recarga de acuíferos en la zona coadyuvando al balance hídrico, tomando en cuenta que la extracción de agua de pozos subterráneos es una práctica común en el Valle durante la época de estiaje.

De forma inmediata e inevitable para el desarrollo de la propuesta piloto, surgieron elementos que permitieron avanzar hacia una visión estratégica integral que abarcaba aspectos ambientales pero también sociales y económi-cos. Así se incorporaron otros elementos relacionados por ejemplo a la disminución de los riesgos de erosión, degradación y pérdida de suelos en las cuencas debido a su impacto ambiental y social (aumento de la pobreza rural), entre otros, promoviéndose aspectos asociados, por ejemplo, a una agricultura sostenible para zonas de montaña.

Algunos elementos claves a considerar en la visión integral y estructural de cuenca son los siguientes:

• Visión integral, implica considerar la diversidad de aspectos biofísicos y socioeconómicos involucrados así como sus interrelaciones en la totalidad del territorio de cuenca y del desarrollo de un proceso MIC. Es decir, las características de la zona, la diversidad de recursos naturales existentes y sus interrelaciones, su población, su historia, usos y costumbres, entre otros y, particular-mente, el agua como recurso integrador en la relación cuenca – área de infl uencia.

El contexto en el que surge el proyecto es el de una región de valle rodeado de montañas que se debate todos los años entre las inundaciones (época de lluvias) y la sequía (época de estiaje).

• Visión estructural, implica desarrollar el proceso MIC participativo de forma preventiva y con visión de soste-niblidad, atendiendo los problemas donde se originan, es decir, desde la parte alta y con medidas y acciones complementarias tanto territorialmente (en la superfi cie de la cuenca) como en términos de componentes ope-rativos, como el control hidráulico de cauces, manejo y control de áreas degradadas para la estabilización de laderas y repoblamiento vegetal, manejo y conservación de suelos para una agricultura sostenible, manejo de ganado y pradera, extensión y capacitación comunitaria y estrategias de comunicación y difusión.

QUEDA MUCHO POR HACER

La visión integral y estructural de cuenca es de utilidad para el análisis, planifi cación y acción a distintas esca-las, dado que, además de lo antes mencionado, permite planifi car y actuar progresivamente a partir de procesos de priorización considerando diferentes criterios.

Volviendo al caso de Bolivia, otro de los problemas asociados a las cuencas, sus cauces y torrentes a lo largo del territorio, común también en otros territorios del con-tinente, es la contaminación producto de las actividades mineras, el uso de químicos en las actividades agrícolas, la falta de adecuados sistemas de tratamiento de aguas servidas en zonas urbanas y ciudades intermedias, la acumulación de basura y escombros en las torrenteras, la pesca con dinamita e incluso actividades ilícitas asociadas a la elaboración de droga, entre otros. El río Pilcomayo que luego suma sus aguas a la cuenca del Plata, es uno

28 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 28Nova111.indd 28 25.08.06 10:18:3925.08.06 10:18:39

Page 30: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

de los ríos más contaminados de Bolivia y es, paradóji-camente, uno de los principales ríos del país cuyas aguas son utilizadas con distintos fi nes por las poblaciones que se asientan a lo largo de su recorrido, claro está, aún más allá de nuestras fronteras.

Por otra parte, están los confl ictos intersectoriales y los cambios de uso del suelo, donde se evidencia por ejemplo el avance citadino a zonas agrícolas y la construcción de bloques de urbanizaciones asentadas en zonas con vocación agrícola, que en el marco de una mala planifi cación no disponen de agua potable, porque simplemente no se consideró la fuente. Está el caso de urbanizaciones similares que fueron construídas desvian-do o eliminando cursos naturales de los ríos y que hoy en día se ven amenazadas durante los períodos de lluvia.

El enfoque de Manejo Integral de Cuencas (MIC) que en los últimos años ha ido evolucionando hacia un enfoque de Gestión Integral de Cuencas (GIC), abarcando aspectos asociados por ejemplo a salud, educación, infraestructura básica, entre otros, a partir de la cuenca como unidad de planifi cación, se constituye hoy en un enfoque que permite preservar y manejar adecuadamente el recurso agua y que responde a las necesidades de planifi cación para un verdadero desarrollo.

Foto

Arq

uivo

do

auto

r

La visión de cuenca, supone también el promover la participación de los distintos actores y su involucramiento proactivo potenciando su capacidad de decisión, empo-deramiento y por qué no, incidencia en políticas públicas relacionadas a su desarrollo, al mismo tiempo de interna-lizar un enfoque interdisciplinario que permita abarcar las distintas problemáticas integral y estructuralmente. En este sentido los procesos participativos de sensibilización, co-municación, capacitación y educación son fundamentales, sobre todo tomando en cuenta que la sostenibilidad de los procesos pasa por la apropiación de los actores, de quienes viven un determinado proceso como suyo.

El recurso agua y su incidencia en el desarrollo pasa por diversos aspectos, pero es necesario resaltar, sin em-bargo, que la elaboración y/o consolidación de políticas y la elaboración de un marco legal claro bajo una visión MIC – GIC, considerando la cuenca como unidad de plani-fi cación, así como la coherencia entre las leyes y normas sectoriales con este mismo enfoque, son fundamentales y podrían signifi cativamente disminuir muchos de los confl ictos actuales y potenciales asociados a la disponi-bilidad, acceso y calidad del agua para los distintos usos urbanos, rurales (consumo, riego, industria, etc.) creando condiciones favorables para el desarrollo.

29NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 29Nova111.indd 29 25.08.06 10:18:3925.08.06 10:18:39

Page 31: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Foto

Joã

o R

ipp

er

Educação no Brasil:

En 1999 fue sancionada en Brasil la Ley no 9.795 que instituye la Política Nacional de

Educación Ambiental (PNEA). Esta verdadera “propuesta programática de promoción

de la educación ambiental (EA)”, defi ne papeles para cada sector de la sociedad y

ha posibilitado importantes avances en EA en el país. Sin embargo, para la plena

implementación de la PNEA habría que vencer la difi cultad de la falta de recursos

fi nancieros destinados al área y esforzarse en la formación de los recursos humanos

necesarios para vencer los obstáculos que impone el actual modelo económico.

30 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 30Nova111.indd 30 25.08.06 10:18:4025.08.06 10:18:40

Page 32: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Mônica Armond Serrão1

Rio de Janeiro - Brasil

Ambiental

Sancionada em 27 de abril de 1999, a Lei no 9.795 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) no Brasil. O Projeto de Lei reconheceu a educa-ção ambiental como um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo, formal e/ou não-formal, de acordo com os Artigos 205 e 225 da nossa Constituição Federal.

Diferente de outras Leis, a Política Nacional de Edu-cação Ambiental não estabelece regras ou sanções, mas responsabilidades e obrigações. Na verdade ela é uma proposta programática de promoção da educação ambien-tal, onde cada setor da sociedade encontra a defi nição de seu papel na implementação da Política.

O grande mérito da PNEA é que ela institucionalizou a educação ambiental no país, legalizando seus princípios e tornando-a uma atividade obrigatória em todos os segmentos: governamental, empresarial e terceiro setor. Com isso, a sociedade passou a ter um instrumento de co-brança da promoção da educação ambiental, subsidiando as reivindicações por políticas públicas específi cas.

Mas o que aconteceu desde a promulgação da PNEA? Poderíamos nos atrever a dizer que houve avanço nas ações de educação ambiental em nosso país? Para po-dermos ir adiante nessa discussão, devemos primeiro destacar alguns pontos importantes ocorridos nos últimos cinco anos.

políticas e programas, realidades e desafios

O CAMINHO PERCORRIDO...

Logo após a promulgação da Política, foi criada no MEC a Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA) e no Ministério do Meio Ambiente, a Diretoria de Educação Ambiental (DEA), como instâncias de execução da PNEA. Dessa forma, a educação ambiental passou a se inserir nas políticas públicas do Estado brasileiro no âmbito de dois ministérios.

Em 2003, o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, formulado conjuntamente pela DEA e CGEA, a partir de uma versão anterior, foi divulgado para que os educadores ambientais de todo o país participassem de um processo de discussão ampliada do Programa. Foi instaurado então um processo de mobilização com o propósito de se discutir o ProNEA e contribuir para seu aperfeiçoamento, em coletivos com essa fi nalidade es-pecífi ca, reunindo educadores em seus próprios espaços de atuação.

Em 2005, a terceira versão do ProNEA é lançada, resultado do processo de Consulta Pública, realizado em setembro e outubro de 2004, o qual envolveu mais de 800 educadores ambientais de 22 unidades federativas do país. A consulta do ProNEA foi realizada em parceria com as Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs) e as Redes de Educação Ambiental,

1 Analista Ambiental do Ibama. Especialista em Educação Ambiental, com Mestrado em Ecologia Social.

31NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 31Nova111.indd 31 25.08.06 10:18:4125.08.06 10:18:41

Page 33: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

A Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente contou com a participação direta de quase dezesseis mil escolas, onde cerca de seis milhões de pessoas entre estudantes, professores e comunidades debateram questões ambientais. Esse movimento incluiu, além das escolas regulares do ensino fundamental, escolas indígenas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, de assentamentos, de pescadores e de portadores de necessidade especiais.

por meio das ofi cinas “Construindo juntos o futuro da educação ambiental brasileira”.

Pautados pelo ProNEA, os respectivos setores de Educação Ambiental do MEC e do MMA atuam conjunta-mente, propondo programas e projetos junto às redes públicas de ensino, unidades de conservação, prefei-turas municipais, empresas, sindicatos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, consórcios e comitês de bacia hidrográfi ca, assentamentos de reforma agrária, dentre outros parceiros. Dentre os Programas desenvolvidos, podemos destacar o ProFEA – Programa Nacional de Formação de Educadoras(es) Ambientais, cuja implementação está pautada na formação de Coletivos Educadores em todo o país

O MEC vem buscando trabalhar as questões ambien-tais baseado em quatro ações estruturantes: Conferência Nacional de Meio Ambiente, Formação Continuada de Professores e Estudantes, Inclusão Digital com Ciência de Pés no Chão e Educação de Chico Mendes. O programa do MEC está voltado para a construção de um processo permanente de educação ambiental na escola.

Em 2003, os Ministérios do Meio Ambiente e da Edu-cação lançaram a campanha Vamos cuidar do Brasil por meio da Conferência Nacional do Meio Ambiente, com uma versão adulta e uma outra para jovens. A Conferên-cia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente contou com a participação direta de quase dezesseis mil escolas, onde cerca de seis milhões de pessoas entre estudantes, professores e comunidades debateram questões ambien-tais. Esse movimento incluiu, além das escolas regulares do ensino fundamental, escolas indígenas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, de assentamentos, de pescadores e de portadores de necessidade especiais.

Em termos estratégicos e de forma integrada ao Pro-NEA, foi criada, como continuidade da Conferência, uma ação presencial de formação de professores para poten-cializar o “enraizamento” da educação ambiental.

Portanto, o MEC e o MMA, em consonância com os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental e do Programa Nacional de Educação Am-biental, vêm desenvolvendo propostas de formação de educadores(as) ambientais e espera-se que, quanto mais aprofundada for a articulação entre eles, tanto mais será potencializada a sinergia das ações dos Ministérios.

32 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 32Nova111.indd 32 25.08.06 10:18:4125.08.06 10:18:41

Page 34: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Foto

Ale

xand

re F

irmin

o

CONQUISTAS E DESAFIOS...

Pelo que vimos até aqui, poderíamos sim nos atrever a dizer que houve avanços importantes para a Educação Ambiental no Brasil. Temos uma Política bem estruturada do ponto de vista legal e conceitual e um Programa Nacio-nal construído e legitimado por educadores ambientais de todo o país. Instâncias consultivas e deliberativas, como as CIEAS, sendo implementadas nos estados, que já começam a propor e elaborar suas políticas de educação ambiental. Além disso, verifi ca-se o fortalecimento das estruturas de Estado com a realização de concursos públicos em nível federal (Ibama e MMA) e estadual, alguns com vagas es-pecífi cas para atuação em educação ambiental.

Além desses indicadores, poderíamos destacar aqui outros que também demonstram que a área está se forta-lecendo, como a oferta crescente de cursos de especializa-ção, mestrado e doutorado em Educação Ambiental e um signifi cativo número de publicações, editadas a cada ano, por autores brasileiros, já reconhecidos pela qualidade de

sua produção na área da Educação Ambiental. O compare-cimento de milhares de educadores em eventos recentes como o V Encontro Nacional de Educação Ambiental, em 2004, em Goiânia/GO e o V Congresso Ibero-Americano, em Joinville/SC, em 2006, também nos indicam um cres-cimento numérico e qualitativo da Educação Ambiental no Brasil.

Contudo, não podemos perder nossa visão crítica sobre esse processo que está em plena construção, e por isso mesmo, cheio de fragilidades, lacunas e obstáculos a serem vencidos. Apesar das conquistas, o que poderíamos considerar como os principais desafi os para que a PNEA seja plenamente implementada no país?

Poderíamos começar por um grande obstáculo repre-sentado pela falta de recursos fi nanceiros destinados à área de Educação Ambiental. Esse é um ponto central, que mesmo a aprovação da PNEA não conseguiu resolver. Isso porque o Artigo 18, que garantia as fontes de fi nan-ciamento para a implementação da Política, foi vetado pelo Presidente na ocasião da sua aprovação. Tal fato

33NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 33Nova111.indd 33 25.08.06 10:18:4125.08.06 10:18:41

Page 35: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Foto

Joã

o R

ipp

er

demonstra uma ambigüidade por parte do próprio Estado, que avançou ao propor uma lei inédita e de vanguarda na América Latina, mas não garantiu a sustentabilidade econômica das ações previstas pela própria lei.

Além do orçamento do MMA ser um dos menores do país, o atual governo contingenciou, ao longo dos três últimos anos, as despesas do MMA e do Ibama. Em 2006, mais de 80% do parco orçamento aprovado não poderá ser gasto, o que signifi ca que a falta de recursos ainda permanece como um forte obstáculo para a implemen-tação da PNEA.

Como um exemplo de lacuna a ser preenchida, caberia destacar a falta de diretrizes e incentivos para que as universidades cumpram com o papel estabelecido pela PNEA, o de incorporar a dimensão ambiental na forma-ção de educadores e profi ssionais de todas as áreas. Em várias Instituições de Nível Superior (IES) do país são desenvolvidas atividades de Educação Ambiental ligadas ao estudo, à pesquisa, à extensão e à gestão do campus, contudo, em sua maioria, são desenvolvidas por grupos de professores e alunos, motivados mais por iniciativas pessoais do que por uma demanda institucional. Cabe ao MEC direcionar esforços para que as IES se insiram de forma mais orgânica e comprometida nesse processo.

Investir esforços na qualifi cação de recursos humanos

Aproveitar as estruturas já existentes em nossa sociedade para fortalecer a Educação Ambiental no país, pode ser uma das saídas para superarmos o quadro da falta de recursos fi nanceiros para uma implementação mais abrangente da Política Nacional de Educação Ambiental.

34 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 34Nova111.indd 34 25.08.06 10:18:4225.08.06 10:18:42

Page 36: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Los desastres naturales: huracanes, terre-motos, inundaciones, deslizamientos, en nuestro país, constituyen una amenaza, especialmente para los más pobres, pues son ellos/as quienes construyen a orillas de los ríos y arroyos, con los materiales más fágiles.

Por experiencia tenemos que en circuns-tancias de cataclismos se desarrollan redes de solidaridad para ayudar a los /as sobrevivientes, pero en muchos casos, esas ayudas no llegan a los destinatarios fi nales. En muchas ocasiones, personas que han sido socorridas y reubicadas, venden o alquilan las viviendas que les han sido donadas y vuelven a ocupar sus mismos lugares de peligro. Esto da a entender que la mayor pobreza de nuestra población está en la carencia de una educación de calidad y en la falta de conciencia ciudadana.Aidée Santos - República Dominicana

Creo que la pobreza aumenta después de los desastres ambientales y de la natu-raleza, visto que los pobres son quienes no disponen de recursos para arreglar sus

vidas. En esas ocasiones, es costumbre unir fuezas con la fi nalidad de ayudar las gentes atingidas...pero ni siempre la ayuda llega con la necesária precisión. Estoy de acuerdo con Aidèe Santos de Republica Dominicana: “la mayor pobreza de nuestra población está en la carencia de una educación de calidad y en la falta de conciencia ciudadana”. Maria ReginaTeixeira Hunziker Brasil

Si entendemos pobreza como el estado de privación o deprivación en el acceso a la satisfacción de necesidades materiales y espirituales de las personas, aquéllos que viven en estado de pobreza, siempre son los más afectados por los desastres am-bientales y de la naturaleza, en tanto son quienes no disponen de poder ni recursos para enfrentar tales desastres. Amalia Lira - Chile

Hay una relacion muy estrecha, como es el caso de los huracanes, inundaciones, terremotos que pasan destruyendo todo. La población se queda sin nada. Los ricos pronto se arreglan y hasta tienen ayuda

más fácil como es el caso de Cancún la zona hotelera está lista para recibir los turistas. Los pobres continuan viviendo en barracas, sin casa, sin recursos... Veo que los desastres ambientales aumentan la pobreza, la calidad de vida es indigna de un ser humano. Iolanda Maria Pires - Mexico

“Ciudadanía y participación social”: Nos podemos quedar en la relación directa de causa y consecuencia como señalan las dos intervenciones anteriores... Pero no nos quedemos en comprobar esa consecuencia directa. Vayamos más allá, pensemos en cómo prevenir o afrontar con acciones solidarias conjuntas, uniendo fuerzas la gente afectada por el desastre ambiental y las ayudas externas, los promotores sociales, el apoyo guberna-mental. tod@s junt@s sí podremos. Desde CyPARS queremos seguir dialogan-do, escríbannos a este e-mail: [email protected] y visitennos en nuestra página web: http://proyectocypars.netfi rms.com Proyecto CyPARS Proyecto sociocultural - Perú.

é uma estratégia importante para vencermos os obstáculos que o atual modelo econômico nos impõe. Ações junto às IES, somadas as que já são desenvolvidas nos demais segmentos da educação, propiciariam, em médio prazo, a formação de profi ssionais e educadores comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável do ponto de vista socioambiental.

Universidades, empresas e terceiro setor têm muito a contribuir para preenchermos as lacunas e superarmos os obstáculos, cabendo aos órgãos governamentais o papel de “orquestradores” desse processo. Da mesma forma que o MEC conta com as escolas e secretarias de educação

As relações entre os desastres ambientais e a pobreza

nos estados e municípios para implementar a PNEA, o MMA tem a seu dispor a estrutura do Ibama – com seus Núcleos de Educação Ambiental (NEAs) e Unidades de Conservação – presente em todos os estados brasileiros. Uma estrutura que pode, e precisa, ser fortalecida para ser mais bem utilizada.

Portanto, aproveitar as estruturas já existentes em nossa sociedade para fortalecer a Educação Ambiental no país, pode ser uma das saídas para superarmos o quadro da falta de recursos fi nanceiros para uma implementa-ção mais abrangente da Política Nacional de Educação Ambiental.

35NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 35Nova111.indd 35 25.08.06 10:18:4325.08.06 10:18:43

Page 37: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

Foto

s ar

qui

vo d

a au

tora

Patrimonio cultural y natural:la construcción de una

región en el pacífico sur

colombiano

Vereda San Antonio, Río Yurumanguí - Buenaventura, Colombia, 2001

36 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 36Nova111.indd 36 25.08.06 10:18:4425.08.06 10:18:44

Page 38: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

“En medio de la selva, los sonidos del tambor y de los cantos se confunden con los sonidos de los grillos y las ranas que exploran el río y las piedras que conducen al mar; es el sonido lejano de la fi esta tradicional en una vereda del Pacífi co Sur Colombiano que se resiste a olvidar su cultura, que se resiste a callar en medio del confl icto armado por la disputa de sus territorios.” (Grueso, 2001, Noviembre “Notas sobre el río”)

Libia Rosario Grueso CastelblancoColômbia

Os saberes enraizados na vida cotidiana das comunidades indígenas e afro-

descendentes do Pacífi co estão sendo seriamente ameaçados pela pressão dos modelos

de desenvolvimento aculturantes impostos na região e pela disputa territorial que a

transformou em um dos principais cenários do confl ito armado que afeta a Colômbia e

uma das zonas de maior expulsão de população. O desaparecimento dessas culturas e

do conhecimento associado ao entorno natural constituem uma grave perda para toda

a humanidade por ser a principal opção de conservação para uma das cinco regiões de

mega diversidade do planeta. O movimento social tem avançado em mecanismos de

visibilidade e proteção da identidade cultural dessas comunidades como estratégia de

conservação das sociedades alternativas baseadas em valores de alto alcance social

como solidariedade, fraternidade e horizontalidade na relação com a natureza.

La Asamblea Nacional Constituyente de la República de Colombia en 1991, marcó, sin duda, el momento mas importante en la lucha por los derechos culturales en este país; el reconocimiento como grupo étnico asociado a los derechos territoriales tuvieron en el artículo transitorio 55 de la nueva Constitución del 91 y su posterior desarrollo en la Ley 70 de 1993 –Ley de comunidades Negras- su máxima expresión. Este logro fue el resultado de un arduo trabajo liderado por sectores del movimiento social de la comunidad negra, que tuvo entre sus antecedentes las luchas por el reconocimiento y contra el racismo a fi na-les de los setenta -Movimiento Soweto y Cimarrón-, las luchas por la tierra a fi nales de los setenta y principios de los ochenta -Asociación Campesina del Atrato- y más recientemente en la década de los noventa, las luchas por el derecho a la diferencia y el derecho al territorio como grupo étnico de la red de organizaciones del Proceso de Comunidades Negras.

37NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 37Nova111.indd 37 25.08.06 10:18:4625.08.06 10:18:46

Page 39: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

La ubicación en territorios estratégicos de los princi-pales asentamientos de comunidades negras (Montes de María en Bolívar, San Andrés y Providencia, Pacifi co Co-lombiano y Urabá Chocoano, entre otras), dio un sentido particular a estas luchas que no solo se enfrentaron a la falta de reconocimiento, sino que se ubicaron en confron-tación frontal con los intereses de capitales nacionales e internacionales en la defensa de sus territorios.

La eco región y el bosque húmedo tropical del Pacífi co constituyen el hábitat de las culturas tradicionales y en particular del asentamiento de la comunidad afro des-cendiente más importante de Colombia. En torno a este espacio natural se han recreado, reconstruido y aplicado conocimientos y saberes basados en una tradición cultural que da cuenta de los ritmos naturales y de complejas relaciones entre lo natural y lo social, que han permitido que estas comunidades por más de quinientos años aun permanezcan a pesar de las condiciones de aislamiento y de la casi total ausencia del Estado y sus instituciones, al mismo tiempo que ha sido explotada por modelos de economía extractiva que aún subsisten. La tendencia dominante de desarrollo en la subregión del centro del Pacífi co con una gran infl uencia hacia el Suroccidente

no ofrece a corto y mediano plazo la posibilidad de una opción de desarrollo basada en la conservación de la diversidad biológica y cultural de la región. Variables determinantes como la economía y la política están orien-tadas al fortalecimiento de una economía de mercado en función de las posibilidades que ofrece el llamado mar del siglo XXI.

Debido a estas presiones, cinco años antes de los cambios constitucionales que reconocieron el carácter multiétnico y pluricultural de la nación colombiana -junio de 1986-, las organizaciones étnico – territoriales de la comunidad negra y de comunidades indígenas del Pacífi co colombiano exigieron ante el Estado colombiano el reconocimiento de la selva húmeda del Pacífi co como un patrimonio cultural de grupos étnicos, en su mayoría (94%) población afro descendiente (Acuerdo de Perico negro). Esta exigencia estuvo basada en la premisa de que esta selva, uno de los cinco ecosistemas más diversos del planeta aún subsiste como resultado de la interacción y resistencia cultural de la comunidad negra (94%) e indí-gena (3%) que lo habita y que se resiste a desaparecer ante las presiones de los intereses de actores externos de carácter regional, nacional e internacional que ven

38 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 38Nova111.indd 38 25.08.06 10:18:4625.08.06 10:18:46

Page 40: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

La eco región y el bosque húmedo tropical del Pacífi co constituyen el hábitat de las culturas tradicionales y en particular del asentamiento de comunidad afro descendiente más importante de Colombia.

palma aceitera y los megaproyectos viales e hidroeléctri-cos, han agudizado las contradicciones frente al llamado desarrollo y, en especial, la confrontación cultural que ha traido consigo. Así, el Pacífi co se fue confi gurando como región en disputa con serias amenazas para su riqueza y su diversidad cultural y natural; confl icto que es en esencia una confrontación por el futuro de la región en donde su dimensión cultural y ambiental se convierten en la punta de lanza en esta contradicción.

Hoy los Saberes como Conocimiento y modos de hacer enraizados en la vida cotidiana de las comunidades afro descendientes del Pacífi co manifi estas en sus prácticas de vida social y cultural, están siendo seriamente ame-nazadas; ya no solo por la presión de los modelos de desarrollo aculturizantes que han sido impuestos sobre la región, sino también por la disputa territorial que hoy se libra en ella y que la ha convertido en uno de los principales escenarios del confl icto armado que afecta el país y una de las zonas de mayor expulsión de población por desplazamiento forzado.

La desaparición de estas culturas y el conocimiento asociado al entorno natural constituyen una pérdida grave para toda la humanidad por ser estas la principal opción de conservación para una de las cinco regiones de mega diversidad del planeta.

Considerando las circunstancias que rodean a estas comunidades y a esta región, el movimiento social ha avanzado en mecanismos de visibilización y protección de su identidad cultural como estrategia en la conser-vación de sociedades alternativas basadas en valores de alto valor social como la solidaridad, la fraternidad y la horizontalidad en la relación con la naturaleza. El proceso de titulación colectiva, la dinámica organizativa en torno a los derechos sobre el territorio, la construcción política del territorio – región del Pacífi co desde los grupos étnicos de comunidades negras e indígenas-, los planes de vida y los planes de manejo para la conservación son parte de los mecanismos y estrategias para la protección y rescate del patrimonio cultural y natural del Pacífi co.

en la región una riqueza natural y un territorio para sus intereses económicos y geopolíticos (Informe Biopacífi co Proyecto 32 PNUD/Col 1993-1997).

Es sobre esta premisa que se plantea la función de conservación de los territorios ancestrales reconocidos en la Ley 70 de 1993 mediante la titulación colectiva que, a la fecha, ha reconocido 4.950.080 ha (INCODER 2005) de las 10.500.000 ha que comprende el Pacifi co colombiano. La titulación colectiva de tierras inicia como un proceso lento marcado luego por el confl icto armado por el territorio, en la que confl uyen actores armados de la insurgencia y paramilitares impulsados por los grupos de interés económicos que venían explotando los recur-sos naturales y la mano de obra barata, el narcotráfi co y los agroindustriales. Es por esto que a pesar de tan importante logro, la titulación no ha sido sufi ciente para la conservación de una cultura milenaria que se resiste a desaparecer y que ha contribuído a la sobrevivencia de importantes ecosistemas y especies. Las tendencias desarrollistas, la economía extractiva impulsada en la región desde la colonia y la creciente presencia de la economía del narcotráfi co, la expansión de monocultivos y sustitución del bosque natural por la agroindustria de la

39NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 39Nova111.indd 39 25.08.06 10:18:4925.08.06 10:18:49

Page 41: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

La propuesta de territorios de vida, alegría y libertad está orientada a la búsqueda de una perspectiva propia de futuro basada en la sostenibilidad tanto ambiental como cultural de las dinámicas de vida de las comunidades negras y sustentada en un proyecto político de reconocimiento de derechos culturales y fundamentales.

TERRITORIOS DE VIDA, ALEGRÍA Y LIBERTAD: UNA OPCIÓN CULTURAL PARA LA CONSERVACIÓN DE LA IDENTIDAD Y EL PATRIMONIO NATURAL

La propuesta de territorios de vida, alegría y libertad está orientada a la búsqueda de una perspectiva propia de futuro basada en la sostenibilidad tanto ambiental como cultural de las dinámicas de vida de las comuni-dades negras y sustentada en un proyecto político de reconocimiento de derechos culturales y fundamentales. Se considera parte de un proyecto histórico libertario que empieza en el cimarronaje, que se sostiene bajo formas de resistencia cultural a los modelos homogenizantes de sociedad basados en el mercado.

Parte también de considerar que el confl icto armado afecta de manera directa a las comunidades y que es agenciado por actores e intereses externos a sus diná-micas, desconociendo el proyecto político y de vida de las comunidades negras del Pacífi co.

Es una perspectiva en construcción que reconoce las inequidades y exclusiones sociales de las que histórica-mente ha sido víctima la población afro colombiana, que reclama sus derechos desde la diferencia, que plantea op-ciones de sociedad que aportan al conjunto de la nación, pero que es vulnerable y que reclama la autonomía en medio del confl icto como garantía de sus propuestas.

Hacen parte del desarrollo de esta perspectiva los siguientes elementos:

40 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 40Nova111.indd 40 25.08.06 10:18:4925.08.06 10:18:49

Page 42: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

c o n s t r u i n d o caminhosc o n s t r u y e n d o caminos

ACUERDO DE PERICO NEGRO: Documento de acuerdo entre comunidades negras e indígenas del Pacífi co Colombiano en torno a su relación con el Estado, Perico Negro, Cauca, 1995.

CODHES. “ Informe sobre desplazamiento forzado y Derechos Humanos en Colombia para el año 2001”; Santa Fe de Bogotá, Diciembre de 2001.

ALVAREZ, S., DAGNINO, E. y ESCOBAR, A. “Cultura Política y Política cultural”, ICAN, Santa Fe de Bogotá, versión traducida al español del original en inglés 1998.

ESCOBAR, A. y PEDROSA, A. “Pacífi co, ¿desarrollo o diversidad?, Estado, capital y movimientos sociales en el Pacífi co colombiano.”, Cerec: serie ecológica, Santa Fe de Bogotá, 1996.

GRUESO, L. “Análisis político de caso: El Proceso de Comunidades Negras –PCN”. Tesis de maestría en Estudios Políticos Universidad Javeriana de Cali, 1998.

PROCESO DE COMUNIDADES NEGRAS; “Comunidades Negras y derechos humanos en Colombia”, Buenaventura, Agosto de 1995; página 22.

ROSERO, C. Documentos políticos del Proceso de Comunidades Negras sobre la participación, el desplazamiento forzado y el desarrollo de la Ley 70/93. Documentos elaborados entre 1998 – 2002.

El proyecto de vidaBasado en prácticas y valores propios de su cosmo-

visión, de este depende, en última instancia, la conser-vación de los recursos y las diversas formas de vida que garantizan la calidad del hábitat y la oferta ambiental necesaria para el bienestar de la comunidad.

El territorio – región como estrategia para la conser-vación

La consolidación del territorio - región del Pacifi co como una unidad ecológica y socio-cultural, es la alter-nativa más viable y segura para la conservación, uso y manejo de la biodiversidad. Esta opción sólo es posible si se reconocen de manera plena y efectiva los derechos culturales y territoriales de los pueblos negros e indíge-nas que ancestralmente lo habitan, y si se potencializa su capacidad social de organización y cohesión política para decidir de acuerdo con su cosmovisión su propia opción de desarrollo.

Territorio, autonomía y gobernabilidadEl derecho al territorio constituye para las comuni-

dades afro colombianas del Pacífi co, un derecho humano fundamental. Se basa en la concepción del territorio como espacio de vida en donde se reproducen conoci-mientos, relaciones sociales y económicas que dependen de la oferta.

El Proyecto de autonomía de las organizaciones étni-co-territoriales de la comunidad negra en el Pacífi co Sur, se sustenta en la necesidad de garantías para mantener, recrear y desarrollar la identidad cultural a través de sus prácticas espirituales, sociales y económicas en sus territorios.

Su validez se sustenta en la posibilidad de construir alternativas de sociedad que tengan como base la con-servación del entorno natural y los valores culturales que reconocen la solidaridad y el respeto por las diferentes formas de vida.

El plan de manejo como herramienta para la apropia-ción y la gobernabilidad.

“El plan de manejo es parte del plan de vida. Las co-munidades negras han manejado el territorio de acuerdo con sus prácticas culturales y ese manejo les ha permitido mantenerse y también a la misma naturaleza. Las comu-nidades han tenido su propio manejo, ahora se habla de planes de manejo como algo nuevo, pero se debe tener en cuenta que hemos hecho un buen manejo desde las prác-ticas tradicionales”. (Opinión de un miembro de ACAPA-Organización étnico-territorial del Bajo Patía. Nariño).

La administración del territorio exige al Consejo Comu-nitario -como responsable del título colectivo- velar por el uso y sostenibilidad de los recursos incluídos dentro del territorio. De ahí que los procesos organizativos hayan optado por herramientas del campo ambiental para el cumplimiento de esta función; el plan de uso y manejo es uno de los ejercicios readaptado a los parámetros cultura-les del territorio colectivo. Generalmente este instrumento se aplica sectorialmente, los planes de uso y manejo se hacen de manera específi ca para bosques, para cultivos, para especies animales, etc. El PCN, en su concepción in-tegral del territorio ha desarrollado una propuesta de uso y manejo desde las prácticas tradicionales de uso en las que, por ejemplo, la extracción de la madera se distribuye por todo el territorio desde las zonas heredadas por los corteros que a su vez se intercalan en el entresaque de la madera. Los permisos otorgados según los planes de manejo institucional se hacen desde un solo frente dentro del territorio lo que genera extracción rasa del recurso natural y una pérdida sistemática de las condiciones naturales que le dan soporte al proyecto de vida.

Las innovaciones culturales a los planes de uso y mane-jo de los recursos según las prácticas de aprovechamiento se convierten en garantías para la defensa del territorio. Los reglamentos de uso y manejo resultantes del Plan son mecanismos de administración y gobierno dentro del territorio colectivo. El uso del territorio se valora y defi ne en el Consejo Comunitario a partir de estas herramientas haciendo efectiva la auto gobernabilidad en los marcos de la Ley70/93.

41NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 41Nova111.indd 41 25.08.06 10:18:5125.08.06 10:18:51

Page 43: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Joã

o R

ipp

er

42 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 42Nova111.indd 42 25.08.06 10:18:5225.08.06 10:18:52

Page 44: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Al otro lado

Organizado por Elvira PalaciosPeriodista, Argentina

Especialistas nas suas respectivas áreas analisam,

questionam e propõem soluções a respeito do confl ito

entre Uruguai e Argentina pela instalação das papeleiras

Botnia e Ence, na costa oriental do rio Uruguai. Abordam-

se problemas ecológicos, políticos, de cidadania,

científi cos e econômicos.

Los versos de esta hermosa canción expresan el sentir de las conversaciones con tres profesionales. Especialistas en sus respectivas áreas, ellos analizan, cuestionan, alertan, se autocritican y proponen soluciones respecto al con-fl icto entre Uruguay y Argentina por la instalación de las papeleras Botnia y Ence, en la costa oriental del río Uruguay. Vivimos un momento delicado, propicio para acudir a la música y la poesía, también capaces de decir lo que los gobiernos y los medios de información callan. En los días claros, se puede ver la costa uruguaya desde Buenos Aires: es tan lindo aquietarse y contemplarla…

del río

43NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 43Nova111.indd 43 25.08.06 10:18:5325.08.06 10:18:53

Page 45: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Ro

gér

io R

eis/

TY

BA

Con Alfredo Rosso. Argentino, Licenciado en Biología. Trabaja en el Instituto Nacional de Tecnología Industrial, a cargo del área de Aseguramiento de Calidad del Centro de Química. Profesor en Maestrías de Medio Ambiente, en el Instituto de Tecnología de Buenos Aires, en la Universidad Nacional de San Martín y en otros centros académicos.

Creo que he visto una luz / al otro lado del río…

Mi opinión es que los problemas ecológicos se deben enmarcar en confl ictos que van a ser globales, porque no se tiene en cuenta que ya estamos inmersos en la profunda crisis que va a caracterizar a este siglo, desde el punto de vista de la evolución humana. A fi nes del siglo XX, la especie humana adquirió la ca-pacidad de autodestruirse, de destruir a todo el planeta y va a alcanzar el máximo sostenible que puede tener la biosfera, según algunos ecólogos, entre el 2050 y el 2070 y según otros, en unos cien años más.

En Ecología, existe un concepto que se llama capacidad de carga de los ecosistemas. Para tener una idea, los veterinarios saben que una hec-tárea puede soportar una cantidad máxima de vacas, mucho menor a las que entran teóricamente en el total de la superfi cie; así las vacas pueden vivir, el pasto se puede reproducir, ellas pueden defecar y esa deyección ser reciclada dentro del campo sin afectarlas. Lo mismo sucede con la biosfera. Algunos ecólogos plantean desde hace muchos años que no ha sido tenida en cuenta la capacidad de carga ecológica del planeta en la expectativa de cuántos podremos vivir en la tierra. En la década del cincuenta, había 2.500 millones de

personas sobre el planeta, ahora se duplicó a casi 6.000 millones y para el 2050 se calcula que estaremos en 10.000 millones que, para algunos autores, es lo máximo que puede soportar ecológicamente el planeta.

El mundo desarrollado tiene perfectamente calculada y medida una nece-sidad muy real: trasladar todas las industrias contaminantes que sustenten su modo de vida actual a las regiones con menor densidad poblacional. Esto se ve en este caso de las papeleras y lo vamos a seguir viendo. En este momento, la mayor represa del mundo se está haciendo en el río Yangtzé, en China y

44 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 44Nova111.indd 44 25.08.06 10:18:5425.08.06 10:18:54

Page 46: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

es más de cien veces mayor a cualquiera de las conocidas en el planeta. Creo que nuestras regiones y sus gobiernos van a ser fuertemente presionados para que nos hagamos cargo de sostener un modo de vida particular: el del mundo desarrollado. De acuerdo a lo que sabemos hasta este momento, si Europa y Estados Unidos aplicaran su estándar de vida a todo el planeta, las reservas de energía y de alimento caerían en poquísimo tiempo.

Al respecto, un primer dato es la famosa dieta que usamos todos nosotros. Gastamos aproximadamente unas 2500 quinientas kcalorías por día, para alimentarnos. Un ser humano preindustrial gastaba unas 10.000 mil kcalorías externas (carbón, madera, ropa energía) aparte de las alimenticias. Hoy, en el mundo desarrollado, el cálculo energético por ser humano sigue siendo de 2.500 kcalorías diarias en alimentación pero gastamos unas 250.000 (cien veces más) en energía para sostener nuestro estilo de vida: calor, combus-tible, luz, alimentos de todos los ecosistemas del planeta que vienen por barco. Un segundo dato nos indica que el 10% de la población mundial sufre enfermedades de sobrealimentación: hipertensión, sobrepeso, etc., mientras el 90% restante tiene enfermedades de subalimentación. En consecuencia, los problemas ecológicos son refl ejos o síntomas de problemas sociales, po-líticos, demográfi cos y de distribución de la riqueza. Llegar a 6.000 millones de personas nos llevó casi 200 mil años y vamos a duplicar el número en solo cincuenta años. Resulta espeluznante.

En esta orilla del mundo / lo que no es presa es baldío…Creo que, intencionalmente, no se está hablando de lo que se llama la

crisis demográfi ca. En realidad, la crisis ecológica es un refl ejo de la crisis demográfi ca y de la crisis de distribución de los recursos planetarios. Por tanto, las industrias contaminantes constituyen un confl icto global que se

va a trasladar a África, Sudamérica y Asia, zonas donde todavía aceptamos recibir cargas e industrias contami-nantes sin exigir, para su radicación, los mismos estándares de calidad ambiental y de tratamiento de sus descargas.

Si Argentina hubiera recibido la oferta de instalar las papeleras, posiblemente Uruguay estaría protes-tando por la ecología. Es un confl icto simétrico que excede a los dos países. Argentina también está contaminan-do un frente común y un río común como es el sistema Paraná – Plata y estamos afectando a Uruguay. Sue-cia, Uruguay y dos o tres países más - unos de los países más “limpios” del planeta- poseían los mejores índices ambientales en sus ecosistemas. Desde el punto de vista político, Uruguay tuvo su primer desafío: no asumir un compromiso de radicación industrial, si no se aseguraba que no habría contaminación posterior. Sin embargo, dejó de lado sus políticas ambientales y aceptó la instalación de estas plantas con muy dudosos estudios de impacto ambiental, sin exigir un completo tratamiento de los efl uentes líquidos para evitar la contaminación del río. Mi opinión es que está entregando su patrimonio ecológico por variables económicas, pero no porque sea un problema particular del Uruguay, hubiese sido simétrico si la oferta hubiese venido a la Argentina. Otras plantas pasteras de celulosa se están pensando para el Alto Paraná y en la medida que haga falta, el Orinoco. Estas industrias consumen inmensas cantidades de agua y precisan de ríos importantes como el Orinoco, el Amazonas, el Nilo, el Yangtzé. Por ejemplo, Botnia va a representar el doble de las diez pasteras que tiene la Argentina en sus distintos cauces.

En la década del cincuenta, había 2.500 millones de personas sobre el planeta, ahora se duplicó a casi 6.000 millones y para el 2050 se calcula que estaremos en 10.000 millones que, para algunos autores, es lo máximo que puede soportar ecológicamente el planeta.

45NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 45Nova111.indd 45 25.08.06 10:18:5525.08.06 10:18:55

Page 47: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Clavo mi remo en el agua / Llevo tu remo en el mío…

El tema del agua es uno de los puntos más sensibles como recurso natural, sobre todo el agua que se lla-ma superfi cial, que sirve fácilmente como el agua potable. Existe mucha agua disponible pero está enterrada en acuíferos, en napas subterráneas o en los casquetes glaciares. La tecnología para transformarla en agua potable es muy cara, en cam-bio, los ríos de agua dulce de todo el planeta nos sirven para la vida humana con muy poco tratamiento. Entonces, si esto lo correlacionamos con el incremento de la población humana, sabemos que va a existir inicialmente una fuerte presión sobre el agua potable superfi cial del mundo subdesarrollado, en especial, donde existen enormes reservas de agua. La mayor parte del hemisferio norte es continental y la mayor parte del hemisferio sur es agua; tenemos agua marina y grandes ríos. En esta asime-tría entre el mundo desarrollado y el subdesarrollado, se está planteando que el mundo desarrollado explotó y consumió todos sus recursos en el he-misferio norte; aprendió y estudió la ecología de esos ecosistemas degra-dados y ahora nos dicen que dejemos el Amazonas y demás ríos como están porque los necesitan para terminar de contaminarlos y sustentar su modo de vida. Debemos cuidarnos en nuestras regiones de no caer en un fundamen-talismo ecológico dejando las cosas como están, pensando que es mejor no industrializarse, porque vamos a sostener el nivel de subdesarrollo que intenta el mundo capitalista global y aun así, ellos nos van a contaminar. Básicamente, la clave apunta a pensar un modelo de desarrollo que aprove-che la experiencia de contaminación del Primer Mundo y en el que la gente de nuestros países exija planes de

radicación de industrias en la región que produzcan y aseguren un tratamiento completo de los efl uentes.

Para remover la carga contaminante, los tratamientos de efl uentes típicos tienen etapas: primaria, secundaria, terciaria y hasta cuaternaria. Las empresas informan muy poco, aunque creo que se les descubrió el punto fl aco del estudio de impacto ambiental, intencionalmente incompleto. Estas plantas contarán con tratamientos de efl uentes líquidos primario, secundario y terciario, que remueven carga orgánica pero no los contaminantes más persistentes y más tóxicos: las famosas dioxinas, furanos y otros productos de combinación del cloro que se usa en la fábrica para blanquear el papel. Como la lignina de la madera es marrón, la forma barata de blanquearla es aplicarle cloro; cuando este se combina con productos naturales de la madera, forma compuestos -algunos cancerígenos- que son persistentes en el medio ambiente y se acumulan a lo largo de las cadenas alimentarias. Escuché ya declaraciones de gente en España que decía: “Pero si tenemos que hacer un tratamiento completo de efl uentes, no nos vamos a ir a Sudamérica. Para eso la dejamos en España”. Es carísimo remover dioxina y furano; la tecnología es conocida en España, en Argentina, en Finlandia, etc., pero termina dando un producto

Las empresas informan muy poco, aunque creo que se les descubrió el punto fl aco del estudio de impacto ambiental, intencionalmente incompleto. Estas plantas contarán con tratamientos de efl uentes líquidos primario, secundario y terciario, que remueven carga orgánica pero no los contaminantes más persistentes y más tóxicos: las famosas dioxinas, furanos y otros productos de combinación del cloro que se usa en la fábrica para blanquear el papel.

46 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 46Nova111.indd 46 25.08.06 10:18:5625.08.06 10:18:56

Page 48: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Mo

niq

ue C

abra

l/T

YB

A

muy caro. La idea de venir aquí es por mano de obra y costo ambiental bara-tos. El costo ambiental hoy es un costo muy importante porque una empresa, al calcular costos, incluye materia prima, sueldos y costo ambiental, por la presión ciudadana de tanta gente viviendo en el mundo desarrollado. Aquí el costo ambiental prácticamente no existe. Si se hace el balance de cualquier empresa, nadie calcula el costo ambiental. Desgraciadamente, los gobiernos y las empresas que toman las decisiones al respecto, no creo que estén pensando en estos aspectos, ni que la gente de medio ambiente del Uruguay no sepa del impacto que esto va a producir; sabe que impactará en algunos aspectos directos mucho más sobre Fray Bentos que está al lado y no está enfrente como nosotros. Sencillamente sé que la inversión de estas dos plantas representa un porcentaje importantísimo de producto bruto interno para Uruguay. Es un proyecto que empezó hace veinte años con los planes de forestación y en realidad, creo que los Presidentes de ambos países deben estar buscando la forma de salir de este problema, sosteniendo la radicación de industrias de alto capital porque la región las quiere sostener. De algún modo, en la opinión pública se fi ltraron conceptos de tipo ecológico que, hasta ahora, solo estaban en un ámbito científi co, sin mayor difusión. Entonces, en el ámbito científi co

de ambos países precisamos hacer una autocrítica porque tendríamos que estar, inicialmente, poniendo es-tos alertas y no admitir a los grupos fundamentalistas de la ecología como respuesta científi ca, que muchas ve-ces terminan generando en la región condiciones de pobreza y dejando asociada la contaminación.

47NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 47Nova111.indd 47 25.08.06 10:18:5725.08.06 10:18:57

Page 49: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Con Philip Kitzberger.Uruguayo. Politólogo de profesión. Profesor en la Universidad Torcuato Di Tella e investigador en el Consejo Nacional de Investigaciones Científi cas y Técnicas. Se dedica a temas de Teoría Política y de Medios y Política.

El día le irá pudiendo / poco a poco al frío…

La definición acerca de si el confl icto es bilateral, regional, del Mercosur, es algo que está en discu-sión, es algo controvertido porque justamente, según el encuadre que se le dé, van a ser diferentes los mecanismos de negociación, quiénes van a ser las partes involucradas. El problema a defi nir - si se trata de un confl icto bilateral o regional - es par-te justamente del confl icto, es parte de la discusión sobre el confl icto.

Si Uruguay trataba de encuadrarlo como un confl icto del Mercosur y, por lo tanto, hacía intervenir a los organis-mos y a las instituciones del Mercosur, Argentina no quería eso; fi nalmente terminamos en que Argentina boicoteó esa defi nición y convenció a Brasil. Me parece que eso fue parte de lo que generó esa sensación de descontento y ese amague de salir del Mercosur por parte del gobierno uruguayo porque también hace patente una situación que es previa al confl icto: el malestar de los países chicos del Mercosur como Paraguay y Uruguay, donde Argentina y Brasil son los que defi nen los términos de las políticas del Mercosur un poco a su conveniencia - digamos así - y Uruguay y Paraguay quedan un poco relegados. Entonces, el descontento previo puede ser interpretado como un antecedente del malentendido y de la triste comunicación que hubo en torno a la instalación de las papeleras.

Sobre todo creo que / no todo está perdido…Espero que ahora las audiencias en La Haya sienten, por lo menos, unas

bases para un diálogo. Creo que es un confl icto negociable. Creo que hay dos clases de confl ictos: los más difícilmente negociables y los negociables. Los confl ictos más difíciles de negociar son los que involucran cosas de uno u otro: identidades, por ejemplo, israelíes - palestinos; esos son confl ictos más difíciles porque no hay un terreno intermedio para negociar. En este confl icto, la postura argentina y del ambientalismo, por un lado, y Uruguay y su desarrollo industrial por el otro, son dos términos en los cuales se pue-de encontrar un compromiso. La difi cultad por el compromiso, que aparece ahora, es por la situación a la que se llegó, generada por una mala gestión de la relación entre Argentina y Uruguay y no por la naturaleza misma del confl icto. Lo que es realmente preocupante es que en dos países que tienen una relación política, económica y cultural tan estrecha como Argentina y Uruguay, no haya habido un diálogo previo en torno a cómo podía solventar-se esto. El desarrollo forestal en Uruguay es una política visible en torno al desarrollo de la industria papelera que empezó en los años ochenta. El que hayan dejado que el confl icto llegue y escale a este nivel es para reprocharle a ambos lados, pero es algo negociable, porque no es una cosa u otra; aquí se puede discutir dónde se instalan las papeleras, qué clase de papeleras; se pueden brindar compensaciones, hay muchos mecanismos y alternativas.

La difi cultad por el compromiso, que aparece ahora, es por la situación a la que se llegó, generada por una mala gestión de la relación entre Argentina y Uruguay y no por la naturaleza misma del confl icto. Lo que es realmente preocupante es que en dos países que tienen una relación política, económica y cultural tan estrecha como Argentina y Uruguay, no haya habido un diálogo previo en torno a cómo podía solventarse esto.

48 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 48Nova111.indd 48 25.08.06 10:18:5925.08.06 10:18:59

Page 50: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Ale

x La

rbac

/TY

BA

La ciudadanía, la opinión pública, difícilmente pueden tener una previsión en torno a esto. Uno ve bosques en Uruguay y no por eso se da cuenta que se vienen unas papeleras, pero sí a nivel gubernamental y eso nos habla del pobre estado de nuestras instituciones. Las instituciones políticas tienen la misión de hacer aquellas cosas que la ciudadanía común no puede hacer: un poco de previsión, un poco de planifi cación. Deberían funcionar para eso. Es sorprendente que no hayan tenido un contacto previo, habiendo una ins-titución como la que se crea con el convenio del río Uruguay. Ahí está el reproche que se le puede hacer al gobierno uruguayo, que haya comenzado

con las inversiones y las obras de las papeleras, sin tener acuerdo previo con Argentina. Los actores políticos de Argentina tampoco ayudaron a la resolución del confl icto, se compor-taron en forma egoísta. Me estoy refi riendo básicamente a Busti, el gobernador de Entre Ríos. Ahí, bá-sicamente, se dio el síndrome de la Argentina post 2001: los dirigentes políticos, por temor a que la ciudada-nía manifi este su descontento y los acuse de falta de representatividad, son capaces de montarse sobre los reclamos - en este caso el reclamo de la población de Gualeguaychú - ponerse de pie e incluso, echar leña al fuego.

Este confl icto también trae otro entre dos valores diferentes: el desa-rrollo industrial y la modernización de un país y el medio ambiente. Nuestra sociedad tiene que manifestar cuál es el compromiso al que está dispuesta. Si queremos un país donde haya ríos inmaculados, eso tiene que tener como contracara la aceptación de que no queremos desarrollo industrial. Me parece que el reclamo de la gente de Gualeguaychú, que es legítimo, no toma en cuenta este aspecto más amplio. Entiendo que ellos se asusten ante las chimeneas que les están erigiendo enfrente y que quieran un río Uruguay limpio, pero desarrollo industrial, fuentes de trabajo, mo-dernización, mayor igualdad quiere decir aceptar pagar un precio medio ambiental, estético. Entonces, países como Argentina y Uruguay tienen que poner en claro cuál es el grado y qué tipo de desarrollo industrial quieren. Hay un punto - expresado por Kirch-ner - que es atendible: la política de los organismos de crédito fomenta, con facilidades, que el desarrollo industrial más “sucio” vaya a parar a países de menor desarrollo y así se

49NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 49Nova111.indd 49 25.08.06 10:18:5925.08.06 10:18:59

Page 51: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Arq

uivo

Nov

amer

ica

paga el precio por el desarrollo. Debe-mos tener una política nacional y una política regional porque compartimos ríos como el río Uruguay; fronteras y una región geográfi ca.

El Mercosur o lo que quede de él en el futuro, Argentina, Brasil y Uruguay tienen que ponerse de acuerdo sobre esos puntos porque el desarrollo industrial de Brasil va a afectar a Uruguay y a Argentina y viceversa. Lamentablemente, quizás más en Argentina que en Brasil, nuestro estado tiene muy poca au-tonomía frente a lo inmediato, para tomar decisiones de un poco más largo plazo. Ojalá el Mercosur vuelva a ponerse de pie en otros términos. Yo creo que la demanda de Uruguay y Paraguay va a tener que ser escu-chada y es real. Al igual que en la Unión Europea, donde los estados menos aventajados recibieron mayor ayuda y políticas compensatorias, me parece que el Mercosur debería funcionar sobre bases similares y

hasta el momento no ha podido hacerlo. Hay un montón de problemas en el Mercosur, por el escaso desarrollo y la similitud de aquellos productos que los países participantes ponen en el mercado mundial, que hacen más complicada la integración, pero creo que no es la sentencia a muerte del Mercosur. Creo que el Mercosur se puede repensar.

Con Juan Pablo XandriUruguayo. Licenciado en Economía. Cursa la Maestría en Economía en la UTDT

Tanta lágrima, tanta lágrima / y yo, soy un vaso vacío…Creo que ambos lados están manejando el tema de una manera muy dife-

rente. En Uruguay, la gente piensa que no es un problema realmente ambiental porque constantemente se saca a relucir el hecho de que hay papeleras y Argentina tiene una tecnología mucho peor al otro lado, en el río Paraná. En realidad, no es un problema ecológico sino básicamente turístico porque a Gualeguaychú, que es una ciudad turística, la perjudica esto y, además, en Uruguay siempre se vio que Argentina fue en contra del turismo uruguayo e hizo cosas para retener a su gente en Argentina y que no viniera a Uruguay. Por ejemplo, un bloqueo se levantó justo después de que terminó la temporada y otro, después de Semana Santa. Se lo siente como un ataque directo. Pienso también que es un error como los uruguayos estamos tomando el tema, al pensar que Argentina no tiene ingerencia en eso. No sé por qué se piensa que no es un problema internacional y que Argentina se quiere meter. Hablo con gente y les digo que el río Uruguay es el límite entre los dos países, que es un problema de derecho internacional y que los argentinos tienen derecho a

50 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 50Nova111.indd 50 25.08.06 10:19:0125.08.06 10:19:01

Page 52: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

quejarse. La cuestión es que no sé por qué en los medios se dice que Argentina se mete y nos toca nuestra soberanía. Lo que sí vemos es que decir que es un problema ecológico es una excusa para traer más gente para la causa.

Yo muy serio voy remando / muy adentro sonrío…De ambos lados están muy cerrados. No hubo verdadera búsqueda de

solución diplomática. Está Uruguay que dice: “No, no voy a hacer nada” y Argentina repite: “Ustedes no van a poner las papeleras”. Se parecen a dos nenes chicos que andan pataleando cada uno para su lado, pero no hay, realmente nunca hubo, vías abiertas para la negociación. Uruguay decía: “Sí, sí, vamos a negociar” y a los meses salía: “No, las papeleras se quedan seguro”. Si afi rman: “Vamos a negociar pero yo te digo que no voy a hacer nada”, entonces, eso no es negociar. No entiendo esa diplomacia. No sé por qué Uruguay tiene esa postura tan radical. Por un lado, le sirve al gobierno, creo que de ambos lados. Uruguay quiere que la gente trabaje e incluso, la estrategia electoral que tuvo el Frente Amplio fue que había que cambiar del área de servicios por algo productivo. Justamente, esta es la mayor inversión que hemos tenido, entonces tiene que enfrentarlo porque es la base de la campaña que tuvieron; más allá de las cuestiones económicas, políticamente es muy importante para ellos.

Creo que la opinión pública uruguaya cree que en La Haya se gana seguro. No hay dudas. Están con la impresión de que si vamos a La Haya, tenemos la ley a nuestro favor, sin embargo, no tengo idea de derecho internacional.

Oigo una voz que me llama / casi un suspiro…Se percibe que Argentina ataca a la soberanía uruguaya, porque en el

Hablo con gente y les digo que el río Uruguay es el límite entre los dos países, que es un problema de derecho internacional y que los argentinos tienen derecho a quejarse. La cuestión es que no sé por qué en los medios se dice que Argentina se mete y nos toca nuestra soberanía.

Mercosur, hubo varios casos pun-tuales con la Argentina y con Brasil. Con la Argentina, se dio el caso de la empresa “Motociclos”. En su mo-mento, una industria uruguaya de bicicletas y motos tenía un embarque a Argentina, le pusieron mil trabas y estuvieron meses porque Argentina decía que tenía tal porcentaje de importación china cuando en realidad tenía ciertos pactos. Otra cosa que molestó mucho a la opinión pública fue el tema de la aftosa, hubo un brote y lo que dijo la opinión pública es que en la Argentina se sabía hace rato, pero nunca se dijo y de repente, la aftosa cayó en el Uruguay y casi fue la noticia del año porque Uruguay tiene una economía muy dependiente del ganado. Creo que se hizo mucho más mediático que otra cosa. Además sucedió en el 2000, 2001, 2002, justo con la crisis, así que molestó un poco. Rema, rema, rema / Rema, rema, rema…

51NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 51Nova111.indd 51 25.08.06 10:19:0225.08.06 10:19:02

Page 53: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Rod

olp

ho O

liva

La problemática ambiental encontró espacio permanente

en los medios de comunicación, pero presentada en

forma genérica, como si afectase a todos con la misma

intensidad y de la misma forma. Si esta percepción

es verdadera a largo plazo, a corto y medio plazo

la degradación ambiental afecta a los más pobres y

socialmente vulnerables, como es el caso de los llamados

refugiados ambientales, víctimas de desastres naturales

que ya alcanzan más de 40 millones de personas en el

mundo y que acaban cayendo en estado de miserabilidad.

Los gobiernos crean medidas que pretenden controlar la

calidad ambienal, acompañar los accidentes ambientales,

etc, pero no llegan a ser efi caces porque no se articulan

con políticas habitacionales y urbanas, con políticas de

responsabilidad social y ambiental de empresas y con una

política de gestión colectiva y participativa local.

52 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 52Nova111.indd 52 25.08.06 10:19:0325.08.06 10:19:03

Page 54: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

1 www.professores.uff.br/seleneherculano

Selene Herculano1

Rio de Janeiro - Brasil

Já há alguns anos a temática ambiental encontrou seu espaço permanente na mídia e se institu-cionalizou através de legislação e da criação de organismos ofi ciais em todos os níveis da esfera estatal; em programas educacionais e de pesquisas; em inúmeras associações civis de diferentes perfi s (movimen-tos e associações ambientalistas, comissões empresariais, ONGs de assessoria à organização popular, pastorais eclesiásticas, grupos religiosos, associações de bairro, etc.). Temas como o aquecimento do planeta pelo efeito estufa, as alterações climáticas, a extinção de espécies, os processos de de-sertifi cação, as diversas formas de poluição ambiental aérea, das águas e do solo, a elevação dos mares são de ampla veiculação e entendimento. Entretanto, se existe a divulgação

Desastres ambientais, vulnerabilidade social e pobreza

53NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 53Nova111.indd 53 25.08.06 10:19:0425.08.06 10:19:04

Page 55: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Rod

olp

ho O

liva

desse temário, ele é apresentado de forma genérica, como se afetasse a todos com a mesma intensidade e de forma igual. Embora a longo prazo isso seja verdade, a curto e médio prazo a degradação ambiental afeta os mais pobres e socialmente vulneráveis. E talvez seu enfrenta-mento continue sendo negligenciado porque os danos ambientais e seus custos em doenças, mortes e baixa qualidade de vida são empurrados para os mais vulneráveis, os pobres, os socialmente invisíveis.

Segundo o relatório do Worldwa-tch Institute, “Sinais Vitais” (2003), a degradação ambiental agrava a pobreza e acentua as desigualdades: doenças infecciosas relacionadas à inexistência ou à baixa qualidade de saneamento e da água disponí-vel matam mais do que o câncer. O PNUMA, programa ambiental da ONU, atesta que a falta de água limpa ou saneamento mata 1,7 milhões de pessoas por ano, 90% das quais são crianças. Ainda segundo o PNUMA, “pouco se pode avançar em termos de conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, se bilhões de pessoas não têm esperança ou chan-ce de se importar com isso”.

Tem sido discutido se os desastres naturais - tsunamis, furacões, erup-ções vulcânicas, avalanches, enchen-tes e terremotos - seriam causados por fenômenos meramente físicos e planetários ou se seriam agravados pelos desmatamentos, pela ocupa-ção territorial desordenada, pelos processos produtivos que alteram o clima, em suma, pelo agir humano. Não obstante tal polêmica, o fato é que tais catástrofes têm provocado o deslocamento compulsório de gran-des contingentes populacionais, dos chamados refugiados ambientais, que já alcançam mais de 40 milhões de pessoas no mundo. Ao saírem de seus territórios de vida, eles, se lá já

eram pobres e vulneráveis, ao virem para o meio urbano ou ao perambu-larem de ceca em meca, caem em estado de miserabilidade.

A população urbana miserável, seja migrante, seja nascida nas cida-des, não tem acesso aos espaços ur-banizados e seguros, habitando áreas varridas por enchentes, pirambeiras de morros que desabam, chafurdan-do em manguezais convertidos em pântanos poluídos e envenenados. Se empregados, moram nas zonas de sacrifício das áreas industriais. Quando seus casebres são soterrados ou levados pelas águas, em tragédias anunciadas e crônicas, os jornais no-ticiam que “as fortes chuvas fi zeram desabrigados...” Ou seja, a conta vai

para a fatalidade e para a fúria da natureza. Tudo isso acima descrito já é fartamente sabido. O que pouco é dito e que quero aqui sublinhar é que não há fatalidade nesses casos, há escolhas: dos governos, que de-cidem não ter política habitacional e urbana reais; de agentes imobili-ários, que decidem bloquear cursos de rios, aterrar lagoas e mangues; de empresas, que escolhem diminuir seus custos vertendo seus dejetos seja onde for.

54 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 54Nova111.indd 54 25.08.06 10:19:0525.08.06 10:19:05

Page 56: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A população urbana miserável, seja migrante, seja nascida nas cidades, não tem acesso aos espaços urbanizados e seguros, habitando áreas varridas por enchentes, pirambeiras de morros que desabam, chafurdando em manguezais convertidos em pântanos poluídos e envenenados. Se empregados, moram nas zonas de sacrifício das áreas industriais.

AVANÇANDO A REFLEXÃO...

As catástrofes naturais tendem a ganhar mais visibilidade quando são agudas, singulares, e quando os segmentos sociais mais aquinhoados são atingidos: a tsunami da Indo-nésia (26/12/2005) foi divulgada preponderantemente por imagens de belos resorts e hotéis destruídos. Mas o maremoto não pegou apenas as centenas de turistas de alto poder aquisitivo, em vilegiatura por suas belas praias e hotéis. Cerca de 150 mil pessoas nativas morreram e meio milhão tiveram suas vidas severa-mente afetadas pela tsunami que destruiu mais de 26 mil casas. Mas esse outro lado não ganhou destaque

no noticiário.Tomemos o caso do furacão Ka-

trina: no dia 29 de agosto de 2005, o furacão varreu a Louisiana, o Mississipi e a costa do Golfo no Ala-bama e expôs ao mundo a pobreza norte-americana e sua cor negra. Com um registro de 1325 mortos e gastos de seguros montando a mais de US $70 bilhões, foi um dos mais destrutivos da história dos Estados Unidos. Porém, embora o Katrina te-nha apresentado ao vivo e em cores as ligações entre raça, pobreza, risco ambiental e proteção desigual, Nova Orleans já era uma cidade em perigo mesmo antes do Katrina, como narra o Prof. Bullard, com uma taxa de desemprego de 12,4%, 68% de ne-

gros, a maioria deles pobres (84%) e habitantes dos bairros velhos da cidade, sem carro, dependentes de transporte público e que não puderam contar com um plano de emergência que os evacuasse para longe das águas que subiam.

Os desastres ambientais não se resumem, porém, à dita fúria dos elementos da natureza. Há aqueles causados pela ação humana direta: vazamentos de produtos tóxicos e explosões, tanto em processos industriais quanto em operações de transporte. Estes desastres ambien-tais da ação humana direta também podem assumir tanto a forma agu-da, abrupta, de algo que ocorre de repente, quanto a forma gradual,

55NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 55Nova111.indd 55 25.08.06 10:19:0625.08.06 10:19:06

Page 57: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Jo

ão R

ipp

er

continuada, como, por exemplo, o envenenamento de trabalhadores agrícolas pelo manuseio constante de agrotóxicos e pesticidas. O lan-çamento e o abandono propositais de resíduos tóxicos e perigosos em terrenos baldios, nas margens de es-tradas vicinais de áreas pobres, são outros exemplos de um verdadeiro processo de construção social gra-dual e paulatina de catástrofes.

Há casos já clássicos na histo-riografi a dos desastres ambientais: 1) a tragédia de Bhopal, na Índia (3/12/1984), na fábrica de pesti-cidas da Union Carbide, quando to-neladas de gases altamente tóxicos vazaram e 2500 pessoas morreram instantaneamente e mais 8 mil nos dias imediatos à explosão; 2) na antiga União Soviética, em 1957, portanto muito antes do acidente de

Chernobyl (de 1986), uma explosão em um tanque de resíduos nucleares tirou do mapa 30 pequenas comuni-dades, provocando a evacuação de 17 mil pessoas na ocasião; 3) em 1986, com a explosão de quatro reatores nucleares em Chernobyl 31 pessoas morreram, 200 fi caram feridas e 135 mil habitantes próximos à usina tiveram de abandonar suas casas, segundo um dos primeiros cálculos feitos.

No Brasil, a explosão e incêndio da Vila Socó, em Cubatão (SP) em fe-vereiro de 1984, entrou para os anais dos grandes desastres ambientais, quando um vazamento de um duto da Petrobrás sob as palafi tas de uma favela ocupada então por cerca de 6 mil moradores provocou a morte de 93 pessoas, segundo as autoridades, e de mais de 200, segundo os mo-

radores; em setembro de 1987 uma cápsula de Césio-137, inexplicavel-mente “abandonada” nos escombros do Instituto Goiano de Radioterapia, em Goiânia, foi carregada para uma ofi cina de sucatas e desmontada, e teve os fragmentos do material ra-diativo distribuídos entre dezenas de pessoas, matando 4 pessoas, dentre elas crianças e contaminando cerca de 250 de forma direta. Em 2003, a Folha de São Paulo e o Ministério Público denunciavam a contamina-ção de uma área de 94 mil m² na zona leste de São Paulo, da CETESB, ocupada pelas favelas Paraguai, da Paz e Sem-Terra, onde cerca de 450 famílias viviam em terreno usado como lixão industrial, com metais pesados, fenóis, benzeno, borras oleosas, milhões de litros de areia de fundição etc. Também vale sempre

56 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 56Nova111.indd 56 25.08.06 10:19:0825.08.06 10:19:08

Page 58: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

A situação das populações atingidas que, mesmo se não estão em estado de grande pobreza, estão vulnerabilizadas, sem condições de infl uenciarem nas decisões sobre a localização de fábricas e depósito e lixões; reféns de empregos inseguros, sem possibilidade de escolha, sem acesso à terra urbana, morando sobre palafi tas ou sobre os solos contaminados com os despejos industriais.

lembrar o absurdo da Cidade dos Me-ninos, um complexo educacional fe-deral criado pelo governo Vargas no município de Duque de Caxias (RJ), voltado para o amparo e a educação integral de crianças pobres, onde o Ministério da Saúde instalou em se-guida uma fábrica de pesticidas que, abandonada pelo próprio Ministério, contaminou com resíduos tóxicos as crianças lá internas e as famílias dos trabalhadores do local. (Será que as autoridades que instalaram tal fábrica de pesticidas na Cidade dos Meninos a colocariam no colégio de seus fi lhos e netos?)

RISCOS E POBREZA: UMA RELAÇÃO QUE SE REPETE...

Haveria centenas de casos ilus-trativos, mas seus exemplos ex-cederiam o espaço deste artigo. Façamos uma breve análise dos que aqui descrevemos. O que há em comum entre eles? A situação das populações atingidas que, mesmo se não estão em estado de grande pobreza, estão vulnerabilizadas, sem condições de infl uenciarem nas deci-sões sobre a localização de fábricas e depósito e lixões; reféns de empre-gos inseguros, sem possibilidade de escolha, sem acesso à terra urbana, morando sobre palafi tas ou sobre os solos contaminados com os despejos industriais.

Não é que os governos não façam nada, eles agem: o governo federal criou o “Proatend - Programa de Atendimento a Acidentes e Emergên-cias Ambientais”, uma “Coordena-doria Geral de Controle e Qualidade Ambiental” e uma “Sala de Situação” para acompanhar os acidentes e providenciar atendimento no mais breve período de tempo possível. Segundo a Lei nº 10.165, de 2000, há multas e penalidades previstas para os causadores de desastres ambien-tais. Havia, em 2004 a proposta de um “Plano de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2”), Em 2003 começou a transitar o Projeto de Lei 64/03, que criaria o “Siad - Subsistema de Informações sobre Áreas Degrada-das”, com o propósito de identifi car e cadastrar as áreas degradadas do território nacional: localização e mensuração da área, o nome de seu responsável e o tipo de degradação existente; as conseqüências de sua degradação para o meio ambiente; os custos e alternativas técnicas para a sua recuperação; as medidas já ado-tadas, etc... Enfi m, um belo sistema burocrático de controle de áreas degradadas, de previsão de multas, de planejamento de emergências. Um avanço? São medidas que aumentam a institucionalidade, decerto, mas, serão mesmo efi cazes?

Creio que não, uma vez que tanta institucionalidade continua deixando fora de foco as vítimas crônicas dos acidentes crônicos: a pobreza sempre atingida. Falta às políticas ambientais de prevenção e reparação dos desastres uma ação transsetorial: seu casamento com políticas habitacionais e urbanas que facultem o acesso à moradia segura e de qualidade; com políticas de responsabilidade social e ambiental de empresas, etc. Falta sobretudo

57NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 57Nova111.indd 57 25.08.06 10:19:0925.08.06 10:19:09

Page 59: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Ale

x La

rbac

/TY

BA

uma política de gestão coletiva e participativa local, a fi m de que a população tenha informação e me-canismos de decisão sobre o que se instala em sua vizinhança.

Estudos sobre desastres ambien-tais tornaram-se temas de pesquisas nas ciências humanas e sociais: quais são as variáveis humanas, políticas, econômicas e sociais que formam o mosaico das causas com-plexas da ocorrência dos desastres, a quem afetam, como elaborar e executar planos de emergência, o que é feito e o que deveria ser feito no seu enfrentamento, prevenção,

previsão, mitigação, etc. A Sociolo-gia dos Desastres e a Psicologia dos Desastres são áreas de estudos que vêm ganhando proeminência. Nas Ciências Sociais, os desastres cau-sados pela ação humana direta são referidos como “acidentes químicos ampliados”, uma vez que predomi-nam nas indústrias químicas e se espraiam espacial e temporalmente, seu grau de alcance se estendendo para além do local da ocorrência e suas conseqüências permanecendo e se multiplicando no tempo. Um outro ponto de refl exão sobre os desastres ambientais diz respeito à

sua construção, pois tais desastres ambientais seriam uma construção paulatina, uma sucessão de erros e negligências que culminariam no mo-mento agudo da sua concretização. A isso chamamos a construção social dos riscos e seus estudos analisam a produção social do erro. Pesqui-sas universitárias recentes vêm formando um acervo de estudos que mostram, em última análise, como riscos e pobreza se retroalimentam e como, há séculos, produzimos e reproduzimos, em uma sucessão de erros, negligências e omissões, o desastre da nossa miséria.

58 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 58Nova111.indd 58 25.08.06 10:19:1025.08.06 10:19:10

Page 60: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

da formação de parcerias para trabalho conjunto e desenvolvimento desta área de atuação no Brasil. Desse intercâmbio, desenvolve-se uma refl exão teórica no campo dos direitos humanos sobre as implicações do novo ciclo de apropriação privada dos recursos ambientais, de exclu-são e de expropriação. Com isso a RBJA pretende subsidiar uma agenda nacional para a pesquisa e para a ação, através da mobilização e organização de cidadãos, articulação entre atores sociais e comu-nidade científi ca, com vistas à elaboração de propostas políticas e demandas ende-reçadas ao poder público.

Representantes de movimentos sociais, ONGs, sindicatos e pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, Chile e Uruguai reuniram-se em 2001 no Colóquio In-ternacional sobre Justiça Ambiental, Trabalho e Cidadania, em Niterói, Rio de Janeiro. Durante os debates, os par-ticipantes denunciaram a preocupante dimensão ambiental das desigualdades econômicas e sociais existentes nos países representados.

Na ocasião foi elaborado o Manifesto de Lançamento da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. De acordo com o documento, a injustiça ambiental resulta da lógica perversa de um sistema de produção, ocupação do solo, destruição de ecossis-temas ou alocação espacial de processos poluentes, que penaliza as condições de saúde dos cidadãos excluídos pelos gran-des projetos de desenvolvimento. Como

Rede Brasileira de Justiça AmbientalFatima Prado

conseqüência, essa população não tem acesso à água potável, coleta adequada de lixo e tratamento de esgoto enquanto grandes empresas lucram com a imposição de riscos ambientais e sanitários a essas pessoas.

O conceito de injustiça ambiental é defi nido por um conjunto de princípios e práticas onde a carga dos danos am-bientais do desenvolvimento se concentra predominantemente em locais onde vivem populações pobres. A injustiça torna-se mais visível quando as populações de maior renda têm meios de se deslocar para áreas mais protegidas da degradação ambiental e as pobres são espacialmente segregadas, residindo em terrenos menos valorizados e geotecnicamente inseguros ou utilizando-se de terras agrícolas que perderam fertilidade.

A RBJA defende a necessidade de traba-lhar a questão do ambiente não apenas em termos de preservação, mas também de distribuição e justiça. Isso represen-ta o marco conceitual necessário para aproximar em uma mesma dinâmica as lutas populares pelos direitos sociais e humanos e pela qualidade coletiva de vida e a sustentabilidade ambiental.

O Manifesto da Rede Brasileira de Justiça Ambiental na íntegra está disponível na página http://www.justicaambiental.org.br. O site também disponibiliza textos sobre temas relacionados, como racismo ambiental e políticas ambientais.

Garantir a justiça ambiental é assegurar que nenhum grupo social, seja étnico, racial ou de classe, suporte uma par-cela desproporcional das conseqüências ambientais negativas de operações eco-nômicas ou políticas. Também signifi ca garantir o acesso justo e eqüitativo, direto e indireto, aos recursos ambientais do país e às informações relevantes sobre o uso desses recursos. A população deve ainda participar na defi nição de políticas, planos, programas e projetos da área ambiental.

Um outro principio que defi ne a justiça ambiental é o favorecimento da constitui-ção de sujeitos coletivos de direitos, mo-vimentos sociais e organizações populares para serem protagonistas na construção de modelos alternativos de desenvolvi-mento, que assegurem a democratização do acesso aos recursos ambientais e a sustentabilidade do seu uso.

Rede Brasileira de Justiça Ambiental

A Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) é uma articulação formada em 2001 por representantes de movimentos sociais, ONGs, sindicatos e pesquisadores de todo o Brasil com objetivo combater a injustiça ambiental no país. As ações das RBJA promovem a troca de experiências para a elaboração de estratégias de ação entre os protagonistas de lutas ambien-tais. Busca também aproximar pesquisa-dores e ativistas sociais brasileiros para conhecimento mútuo, encorajamento

59NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 59Nova111.indd 59 25.08.06 10:19:1225.08.06 10:19:12

Page 61: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Leoncio Noboa Cuevas y Josefi na EspaillatRepública Dominicana

Desarrollo sostenible de la Laguna Rincón o Cabral

A rica mas frágil biodiversidade da República Dominicana vê-se ameaçada pelo desmatamento

dos bosques, a erosão dos solos e a poluição das águas. Nas duas últimas décadas, as

mudanças na estrutura social e econômica –produzidas, dentre outros motivos, pelo pouco

controlado turismo- tem gerado impactos signifi cativos em termos ambientais. A Laguna Rincón,

localizada no município de Cabral, província de Barahona, é um recurso natural classifi cado

como refúgio de vida silvestre, quase único nesta parte da região sul do país e possivelmente

na região do caribe, que não está alheio aos problemas ambientais apontados. Nesse sentido,

várias associações tem juntado seus esforços no desenvolvimento da proposta Manejo

Ecoturístico Sostenible Laguna Rincón, que pretende melhorar os ingressos de 500 famílias das

comunidades do entorno da Lagoa, através do desenvolvimento do eco-turismo sustentável.

60 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 60Nova111.indd 60 25.08.06 10:19:1425.08.06 10:19:14

Page 62: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Rod

olp

ho O

liva

La República Dominicana comparte con Haití la Isla Hispaniola, una de las antillas mayores del Caribe In-sular. Con una superfi cie de 48,442 Km2, cuenta con una diversidad de zonas bioclimáticas que van desde secas con 450 mm/año a húmedas con más de 2,500 mm/año; y alturas que varían entre los 40 metros bajo el nivel del mar, a más de 3,000 me-tros sobre el nivel del mar. Esta gran diversidad de condiciones ha dado lugar a una amplia gama de ecosis-temas y hábitats, lo que ha inducido que haya sido denominado como sitio sobresaliente de biodiversidad del Caribe.

Esta rica biodiversidad así como sus recursos naturales son los princi-pales soportes de la economía domi-nicana y la base para su crecimiento económico, ya que actividades tan importantes como la agricultura y el turismo dependen de un sistema de producción sostenible y de un ambiente vibrante y diverso.

No obstante el 24% del territorio

dominicano (11,500 Km2) pertenecer al Sistema Nacional de Areas Protegi-das, la rica pero frágil biodiversidad del país se ve amenazada por la de-forestación de los bosques, la erosión de los suelos y la contaminación de las aguas. En las dos últimas décadas, los cambios en la estructura social y económica han tenido impactos sig-nifi cativos en términos ambientales. Las áreas afectadas por la erosión se han incrementado entre los años 1980 y 2000.

La sedimentación, causada por aumentos en la erosión y la defores-tación, ha reducido la capacidad de los embalses usados principalmente para fi nes agrícolas y generación de energía. El crecimiento rápido y hasta la fecha poco controlado del turismo también ha puesto tensión sobre la biodiversidad. La creciente construcción de hoteles para el tu-rismo también está afectando a los manglares y hierbas del mar, así como a los fi lones coralinos y tortugas de mar en los lugares costeros.

Otros impactos directos del tu-rismo sobre el medio ambiente son: vertimiento de desechos sólidos y de aguas servidas de manera inadecuada en las cercanías de la franja playas y/o acuíferos; adecuación de regiones costeras para fi nes turísticos (draga-do, cambio de batimetría, cambio de la composición de arenas); desmonte de zonas aledañas a fuentes, fl uviales y cuencas provocando erosión y au-mento de los sedimentos en dichos cuerpos de agua.

Como bien indica el Informe de Desarrollo Humano del país del año 2005 elaborado por el PNUD, es ne-cesario un cambio en el modelo tu-rístico que se viene implementando, ya que “si no se modifi ca, se agota”. Reconoce este informe que la acti-vidad turística puede ser una opor-tunidad en el corto y largo plazo, una fuente de dinamismo económico que solo será sostenible si es capaz de incorporar a las mujeres y a los hombres no solo como consumidores, inversionistas o trabajadores, sino

61NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 61Nova111.indd 61 25.08.06 10:19:1425.08.06 10:19:14

Page 63: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Las lluvias que caen en el área de captación, aguas arriba, arrastran toneladas de sedimentos y parte de los mismos van a parar a la laguna provocando que su área útil se reduzca, formando pequeños islotes. Esto fi nalmente trae consigo un desequilibrio ecológico, ya que si hay menos agua en su lecho muchas especies de fl ora y fauna tienden a desaparecer.

como agentes capaces de producir relaciones, bienes y recursos de alto valor. En esta dirección se inscribe la iniciativa que vienen desarrollando varias entidades de la sociedad civil y gubernamentales en la región Sur del país en la reserva natural Laguna Rincón.

La Laguna Rincón ubicada en el municipio de Cabral, provincia de Barahona, Republica Dominicana (18º 17´00” N y 71º 15´00” E) a 141m/s/n/m. Es un Recurso natural clasifi cado como Refugio de vida silvestre, casi único en esta parte de la región sur del país y posiblemente en la región del caribe. Esta laguna es una de las fuentes de agua más importantes para el equilibrio de la zona, un valioso refugio de aves migratorias y de especies nativas, así como un atractivo para el turismo por su belleza escénica.

La superfi cie total de la laguna es de 58 Kms2, sin embargo debido a la entrada de sedimento proveniente del Río Yaque del Sur (principal fuente acuífera de la laguna), esta superfi cie se ha ido reduciendo considerable-mente a tal extremo que su área útil está casi en la mitad o menos.

Otra fuente de sedimentación, aunque en menor grado, son las aguas producto de la escorrentía que proviene de la cuenca agua arriba, ubicada al sur de la laguna. Esta cuenca, desde su Parte Agua ha sido muy deforestada por pequeños agri-cultores que tradicionalmente se han dedicado a la siembra de cultivos de ciclo corto, como guandules, maíz, zanahorias y habichuelas.

Año por año, en primavera y oto-ño estos agricultores talan y queman para sembrar dichos cultivos provo-cando erosión laminar en el suelo, suelos estos que van a parar a los Arroyos y Cañadas que fi nalmente desembocan en la laguna.

La principal fuente de sedimenta-

ción es el Río Yaque del sur, (ubicado al Este de la laguna). De este Río es que le entra directamente agua a la laguna a través de un canal artifi cial que se construyó hace varios años debido a que el nivel de las aguas bajaron considerablemente por el fenómeno de la erosión provocada aguas arriba por la deforestación imperante.

El Río Yaque del sur, en los meses de agosto, septiembre y octubre, pro-

especies de fl ora y fauna tienden a desaparecer.

Hay actualmente varias especies de plantas invasoras desarrollándose en los islotes formados por los se-dimentos, tales como bayahondas, cambrones, entre otras especies que son raras al hábitat normal de la laguna.

Entre las especies de fl ora que han ido desapareciendo están: el manglar, lilas bejucos acuáticos y

ducto de la temporada ciclónica que comienza en junio provoca grandes inundaciones. Las lluvias que caen en el área de captación, aguas arriba, arrastran toneladas de sedimentos y parte de los mismos van a parar a la laguna provocando que su área útil se reduzca, formando pequeños islotes. Esto fi nalmente trae consigo un desequilibrio ecológico, ya que si hay menos agua en su lecho muchas

otras plantas acuíferas. Entre la fauna piscícola: la tilapia que se ha ido reduciendo, aves que han emigrado a otros sitios. La tilapia o viajaca ha sido tradicionalmente el sustento económico de más de 1,500 familias que viven en entorno de dicha laguna.

En la medida en que el cuerpo de agua de la laguna se reduce, en esa misma medida la posibilidad de que

62 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 62Nova111.indd 62 25.08.06 10:19:1525.08.06 10:19:15

Page 64: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

nejo participan la Secretaría de Es-tado de Medio Ambiente y Recursos Naturales, SOEBA, SOECA y el Grupo Tinglar. A través del Co-Manejo se incrementa el apoyo de la sociedad civil a la protección y preservación del patrimonio natural y cultural de las áreas protegidas.

Dentro de las acciones centrales que incluye la propuesta están:

• la capacitación de 400 personas de las organizaciones y grupos de las comunidades del entorno de la laguna para que valoren este recurso natural y hagan un uso sabio del mismo;

• la formación de 15 jóvenes como guías ecoturísticos;

• la reforestación de 2.38 ha con especies nativas y endémicas de la zona;

• la construcción de tres embarcade-ros fl otantes, una torre de observa-ción y dos senderos ecológicos;

• la realización de campañas de promoción de la Laguna Rincón y elaboración de materiales educativos sobre la misma.

Las personas interesadas en visitar este ecosistema disfrutarán de una atractiva oferta ecoturística que incluirá un recorrido por los embarcaderos, venta de productos de la pesca, así como de artesanías y productos agropecuarios locales.

Esta propuesta está generando alianzas y esperanza entre las comu-nidades involucradas en la misma. Constituye una oportunidad de desa-rrollo humano desde dentro, donde la gente de la zona es el actor principal y los benefi cios que se obtengan serán distribuidos de acuerdo con criterios de equidad, priorizando a los lugareños.

las especies piscícolas se desarrollen es precaria. Esto afecta considera-blemente a los pobladores del entor-no, sobre todo a los pescadores, que extraen su sustento familiar a través de las tilapias que capturan.

CONSTRUYENDO CAMINOS

Ante esta situación la Sociedad Ecológica de Barahona (SOEBA), la Sociedad Ecológica de Cabral (SOE-

CA) y el Grupo Tinglar han unido sus esfuerzos en el desarrollo de la propuesta “Manejo Ecoturístico Sos-tenible Laguna Rincón” que tendrá una duración de dos años, y que pre-tende mejorar de manera sostenible los ingresos de 500 familias de las comunidades del entorno de la Lagu-na (Cabral, Peñon, Cristóbal, Mena y la Lista) a través del desarrollo del ecoturismo sostenible.

Esta propuesta fue avalada por la Secretaría de Estado de Medio Ambiente y Recursos Naturales y cuenta con el apoyo fi nanciero de la Agencia de los Estados Unidos para el Desarrollo Internacional (USAID) y del Fondo para el Medio Ambiente Mundial (FMAM).

Asimismo las autoridades locales, síndicos y regidores de las comuni-dades del entorno de la laguna han dado su apoyo a esta iniciativa y

están dispuestos a aportar recursos de sus respectivos Ayuntamientos.

Esta propuesta constituye un ejemplo de la aplicación del concep-to de “co-manejo de áreas protegi-das”, que se refi ere al proceso por el cual dos o más actores sociales negocian, defi nen y formalizan roles y responsabilidades compartidas sobre la administración de un área protegida. En este caso, en el co-ma-

Foto

Arq

uivo

Nov

amer

ica

63NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 63Nova111.indd 63 25.08.06 10:19:1625.08.06 10:19:16

Page 65: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto Rodolpho Oliva

Em disputa: nosso futuro ou a felicidade do mercado?La Eco 92 buscó enfrentar algunos de los problemas

más urgentes contra los riesgos del planeta, elaborando

la Convención sobre Cambios Climáticos Globales y la

Convención sobre la Diversidad Biológica, ambas altamente

relevantes y oportunas. Sin embargo, catorce años después,

el balance es bastante negativo. El camino que toman

las Convenciones internacionales relacionadas al medio

ambiente y al desarrollo dejan en evidencia la sumisión de

la política y de los Estados a la economía y a las grandes

empresas. La lucha contra la pobreza y por la igualdad implica

la construcción y reinvención de proyectos de desarrollo,

apoyados en la sustentabilidad y la democracia.

64 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 64Nova111.indd 64 25.08.06 10:19:1725.08.06 10:19:17

Page 66: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

1 Coordenador do Projeto Brasil Sustentável e Democrático/Fase. www.fase.org.br / E.mail:[email protected]

Jean Pierre Leroy1

Rio de Janeiro - Brasil

em particular elaborando a Con-venção sobre Mudanças Climáticas Globais e a Convenção sobre a Diver-sidade Biológica. O desaparecimento acelerado de espécies vegetais e animais não é muito visível aos olhos das pessoas; e as conseqüências do empobrecimento biológico não são tão facilmente entendidas pelas pes-soas comuns, até porque as mídias tratam pouco e mal do assunto. A violenta expansão do agronegócio e, com ele, das monoculturas, em particular com a soja, as plantações de pinhos e eucalipto e a pecuária, reduz rapidamente ecossistemas ain-da bastante preservados e elimina o campesinato e populações tradicio-nais que mantinham a biodiversidade com a diversifi cação da agricultura e suas sementes nativas. As mudanças climáticas se fazem mais presentes,

Quinze anos depois da Conferên-cia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - UNCTAD, a Rio 92, se os cientistas que, na época, contestaram os riscos que corre o planeta continuam pru-dentes nas suas afi rmações, poucos deles se atreveriam a contestar que a nossa moradia está em perigo. Os oceanos estão se tornando a lixeira dos continentes, a contaminação das águas doces está se generalizando; as fl orestas equatoriais estão desapare-cendo aceleradamente, os desertos e as zonas semi-áridas estão ganhando terreno, a biodiversidade do planeta está comprometida, o clima está ini-ciando mudanças profundas... A lista das mazelas ambientais que afl igem o mundo é longa.

A Rio 92 procurou enfrentar al-guns dos problemas mais prementes,

Convenções e acordos

sobre o clima, a

diversidade biológica

e sobre biosegurança

65NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 65Nova111.indd 65 25.08.06 10:19:1825.08.06 10:19:18

Page 67: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

até porque as suas conseqüências, comprovadas ou não, são espetacu-lares e fotogênicas. Derretimento das geleiras e recuo das neves eternas nos Andes, aumento da intensidade e do número dos furacões que varrem a América Central, os Caribes e o sul dos EUA, devido ao super-aqueci-mento das águas do Atlântico, seca na Amazônia em 2005, ligada em parte ao mesmo fenômeno, furacão Catarina, o primeiro extra-tropical, que varreu a costa do sul do Brasil em 2004, chuvas diluvianas e secas prolongadas fora de época, mudan-ças nas estações, não faltam dados empíricos preocupantes.

As Convenções eram, portanto, altamente relevantes e oportunas. Quatorze anos depois, porém, o balanço é bastante negativo. Entre outras explicações, quero enfatizar uma que me parece fundamental e que sintetizaria e simplificaria dizendo que a UNCTAD confiou a salvação do planeta ao mercado. A Agenda 21, o principal documento elaborado na Rio 92, embora não engajasse os governos presentes, atribuía um papel central ao comér-cio internacional, às multinacionais e às empresas em geral na promoção do desenvolvimento sustentável que combateria a pobreza e garantiria a conservação e a gestão dos recursos para o desenvolvimento. Ambas as Convenções, cada uma a seu modo, avançam na mesma linha, embora mais devagar do que os lobbistas e muitos governos gostariam.

A QUESTÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS E A BIODIVERSIDADE AGRÍCOLA

O reconhecimento pela Convenção da Biodiversidade dos direitos dos países sobre seus recursos genéticos signifi ca tão somente o direito de negociá-los, não de subtraí-los às regras do mercado tais como defi -nidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Essa constatação, feita a partir da leitura do texto da Convenção, se verifi ca amplamente nos encontros das partes – COP – em que se debate as aplicações da Convenção. Acrescento à minha argu-mentação o Protocolo de Cartagena, sobre biossegurança, que realizou o seu 3° encontro das partes - MOP3 – em Curitiba, junto com a COP8. Quais foram os debates centrais? A manutenção da biodiversidade do planeta? A segurança alimentar e da saúde? Não. Na MOP3, foi se a rotula-

gem dos produtos que circulam entre países contendo OVM (organismos vivos modifi cados), mais conhecidos como transgênicos, deveria compor-tar a expressão “contém OVM” ou “pode conter OVM”.

No caso do “pode conter”, a prova teria que ser dada pelo consumidor, eximindo o país e as empresas expor-tadoras de fazer a prova. Monsanto, Cargill, e outras empresas contavam com numerosas pessoas presentes em delegações ofi ciais. Apesar da sua pressão, os carregamentos trans-fronteiriços com presença de OVMs deverão assinalar “contém OVMs”. Mas foi colocado um prazo de quatro anos para os paises se adequarem a essa norma. O caso do Brasil, onde as sementes transgênicas de soja foram introduzidas por contrabando e depois legalizadas, é um precedente que poderá se reproduzir. Daqui a quatro anos, poderá se descobrir que OVM estão presentes em tantos

Os camponeses fazem a gestão de um bem coletivo em nosso nome. Como e a quem atribuir título de propriedade sobre sementes e variedades que cruzaram o mundo, que foram melhoradas milhares de vezes através dos continentes e dos ecossistemas?

66 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 66Nova111.indd 66 25.08.06 10:19:2025.08.06 10:19:20

Page 68: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Joã

o R

ipp

er

produtos sem o consumidor saber que se tornará inócuo rotulá-los com a advertência.

Na COP8, uma das principais questões foi a das tecnologias gené-ticas de restrição de uso (GURTS, em inglês), tecnologias que produzem as sementes ditas “terminator”, chama-das por uns de sementes suicidas, pois, depois da colheita, as sementes oriundas delas são estéreis e, por outros, de sementes assassinas. As-sassinas de camponeses, pois, contra a tradição imemorial do camponês plantar as suas próprias sementes, ele, dentro das regras internacionais da OMC, poderá ser obrigado no fu-turo, a comprar as sementes a cada estação, colocando-o nas mãos da agroindústria. Existia uma moratória que proíbe o uso comercial dessas

sementes. Tentou-se liberá-las “a critério de cada país”, preparando aí também um fato consumado. A proposta não passou, o que mostra que ainda vale a pena lutar.

Outro grande debate: a proprie-dade dos povos indígenas sobre seus recursos naturais e sobre os seus conhecimentos. A grande questão por trás da Convenção sobre a diversidade biológica é a de saber se a vida pode ser privatizada ou não. Na história da humanidade - e isso começou há 10.000 anos, as sementes agrícolas foram produzidas e melhoradas por gerações de camponeses através do mundo; bem como gerações de sábios indígenas aprenderam a selecionar e manipular ervas medicinais. A detenção coletiva desses recursos e do conhecimento deveria garantir

um direito coletivo, mas a legislação não atribui valor a esse trabalho e não o reconhece, o que signifi ca na realidade uma expropriação do saber e dos direitos. Os camponeses fazem a gestão de um bem coletivo em nosso nome. Como e a quem atribuir título de propriedade sobre sementes e variedades que cruzaram o mundo, que foram melhoradas milhares de vezes através dos continentes e dos ecossistemas?

Sustentar e elevar a biodiversi-dade agrícola é fundamental para a sustentabilidade sócio-econômica-ambiental dos agroecossistemas e para a soberania alimentar e a se-gurança alimentar e nutricional dos povos e das nações. A captura por empresas multinacionais do patri-mônio genético, além de colocar os

67NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 67Nova111.indd 67 25.08.06 10:19:2125.08.06 10:19:21

Page 69: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Joã

o R

ipp

er

agricultores sob a sua dependência e contribuir assim ao empobrecimento do campesinato e sua saída do cam-po, provoca uma “erosão genética”, potencialmente preocupante. Reduz-se o número de variedades de milho, batata, arroz, etc. e, com isso, a possibilidade de encontrar as que terão capacidade de resistir a crises climáticas e novas doenças.

Aos povos indígenas, é colocado um dilema. Os seus conhecimentos tradicionais continuarão coletivos ou serão privadamente apropria-dos? A Convenção, reconhecendo seus direitos, os convida a aceitar o regime da propriedade privada, invenção dos “brancos”, estranha a sua cultura. Mas se, por hipótese,

uma fi rma transnacional reconhecer os direitos de um determinado povo sobre uma planta medicinal que cura tal doença e lhe pagar pelo uso dos seus conhecimentos, o que será dos direitos do povo vizinho, detentor dos mesmos conhecimentos? A COP8 não chegou a nenhuma conclusão sobre a repartição dos benefícios da biodiversidade. Não é de se admirar, pois são a OMC e a OMPI (organismo internacional que estabelece as regras da propriedade intelectual) que ditam as regras, numa ótica estritamente de mercado, longe dos direitos dos agricultores e dos povos indígenas.

A LÓGICA DE MERCADO

A lógica de mercado marca ainda mais profundamente a Convenção so-bre Mudanças Climáticas. Das discus-sões sobre a aplicação da Convenção, surgiu o Protocolo de Quioto. O pro-tocolo obriga 35 nações industriais a cortar as emissões de dióxido de carbono em 5,2% abaixo dos níveis medidos em 1990 até 2012. Em rela-ção a 1990, houve um leve queda nos países da Comunidade Europea, mas, só entre 2003 e 2004, os espanhóis elevaram em 4,8% suas emissões e a Itália vem logo atrás. Bush retirou os EUA das negociações de Quioto em 2001, alegando que a redução na emissão dos gases causadores do

68 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 68Nova111.indd 68 25.08.06 10:19:2225.08.06 10:19:22

Page 70: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

O caminho que tomam as Convenções internacionais relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento evidencia a submissão da política e dos Estados à economia e às grandes empresas. Mas isso não seria possível se o modelo de produção e consumo dominantes não tivesse conquistado os corações e as mentes das sociedades.

efeito estufa prejudicariam a econo-mia norte-americana e por ser con-tra a exclusão de países pobres das metas. Agora, é o Canadá que impera as negociações. Os países ditos “em desenvolvimento” não têm metas de redução dos gases de efeito-estufa produzidos por eles. É grave, na medi-da em que países como China e Índia conhecem um crescimento acelerado e que os desmatamentos no Brasil

industrializados continuar, mesmo que com algum freio, poluindo, não favorece mudanças reais nos países do “Sul”. O dinheiro obtido graças ao MDL poderia permitir a constituição de Fundos Públicos orientados para atenuar as distorções do desenvol-vimento. Em lugar de permitir que grandes empresas de plantações de eucaliptos se vêem atribuídos créditos e continuem destruindo os

dades. Mesmo quem não tem acesso aos bens materiais que são sinônimos de sucesso pensa que um dia chegará lá. Neste ideal de sociedade moderna, não há lugar para os vencidos, os fracassados, pouco importando se constituem a metade da população latino-americana. Mudanças climá-ticas afetaram e afetarão ainda mais em primeiro lugar as populações pobres que não têm muito como se

têm um impacto enorme. Muitos países aderiram ao Proto-

colo com a proposta, logo aprovada, de criação do Mecanismo de De-senvolvimento Limpo - MDL. O MDL permite a países que não consigam cumprir com os seus compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa apoiar fi nanceiramente projetos em países em desenvolvi-mento que possam contribuir para a redução das emissões nesses países. Além disso, se desenvolve um merca-do de carbono: “Quem tem economia de energia a me vender para eu conti-nuar poluindo? Quem quer comprar a economia de energia que vou ter para continuar poluindo?” O MDL, ao mes-mo tempo em que permite aos países

ecossistemas e expulsando o cam-pesinato, por exemplo, poderia se orientar para fortalecê-lo, ele que, com a diversifi cação da agricultura, contribui para capturar carbono; assim como os povos indígenas e os agroextrativistas que, mantendo a fl oresta e outros ecossistemas in-tactos, evitam que sejam produzidos gases de efeito-estufa.

O caminho que tomam as Conven-ções internacionais relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento evidencia a submissão da política e dos Estados à economia e às grandes empresas. Mas isso não seria possível se o modelo de produção e consumo dominantes não tivesse conquistado os corações e as mentes das socie-

proteger ou minimizar os impactos das catástrofes. Uma gestão da bio-diversidade orientada pelo mercado vai impedir o campesinato e os povos indígenas de manter a sua autono-mia, e colocará defi nitivamente a alimentação da humanidade e a sua saúde nas mãos do mercado, que não costume praticar a fi lantropia.

A luta contra a pobreza e pela igualdade passa hoje pela construção de projetos de desenvolvimento a serem reinventados, tendo como base a sustentabilidade e a democracia. Mesmo que sem visibilidade e em escalas muito pequenas, já estão se desenhando. Mas é preciso que passem de exemplos de resistência a alternativas para o mundo.

69NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 69Nova111.indd 69 25.08.06 10:19:2425.08.06 10:19:24

Page 71: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

No México, o problema sócio-ambiental da contaminação genética de milhos

“criollos” -milho que milenarmente os produtores da região meso-americana têm

cultivado e adaptado- deve ser analisado desde uma perspectiva ampla.

Recente estudo pretendeu revisar o grau de poluição de uma comunidade e

fortuitamente encontrou a principal causa de contaminação local, diferente da

tese ofi cial. A pesquisa identifi cou que certas empresas, nacionais e estrangeiras,

são avalizadas pelo governo federal para que com o seu carimbo de qualidade

fi quem protegidas da suspeita de conteúdo trasgênico por parte de organizações

campesinas que têm semeado, sem saber, os milhos geneticamente modifi cados

que estão contaminando seus próprios milhos “criollos”.

Foto

Gab

riel

Tei

xeir

a/T

YB

A

70 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 70Nova111.indd 70 25.08.06 10:19:2525.08.06 10:19:25

Page 72: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

La contaminación

genética de maíces

criollos en México:

una responsabilidad

gubernamental Sergio A. Madrigal GonzálezMéxico

El problema socio-ambiental de la contaminación genética de maíces criollos en México, como lo han de-mostrado los estudios de Chapela y Quist (2001), INE-UNAM-CINVESTAV (2002) y los de diversas organizacio-nes sociales, campesinas e indígenas (2002 y 2003), es una realidad que consideramos requería ser analizada desde una perspectiva más amplia. La construcción y difusión de la tesis ofi cial alrededor de este tema y sos-tenida desde entonces, implicaba que las importaciones masivas de maíz no segregado que el gobierno federal realizó, obligado por la necesidad de abastecer el mercado interno, desde 1996 hasta 2001, fueron distribuidas a través de la red de bodegas que DICONSA tiene en toda la República Mexicana, para el uso industrial, consumo humano y alimento para el ganado, lo que hizo posible el proce-so de contaminación que existe en el país, (Turrent, A. 2004), lo cual nos

parece una inculpación implícita y simplista hacia el sector campesino nacional.

Durante los años 2004 y 2005 de-sarrollé mi investigación de tesis de maestría en la localidad de San An-tonio Atotonilco, Estado de Tlaxcala, México. La investigación pretendía, como en los estudios citados más arriba, revisar el grado de contami-nación de dicha comunidad debido a que, en ella, se ha instaurado un metaproceso agroindustrial desde hace más de una década mediante el cual se transforma el maíz criollo y mejorado (o híbrido) en tortillas que se distribuyen regionalmente.

Cabe señalar que la instalación de dicho metaproceso signifi ca el último reducto de los productores maiceros locales y regionales, organizados en una Sociedad de Producción Rural, para enfrentar, colectivamente, una serie de procesos de degradación socioambiental a la que han sido

sometidos por largo tiempo, median-te políticas públicas nacionales y estatales erróneas, como ha quedado demostrado en dicha tesis.

Sin embargo, y lo más sorpren-dente, fue el haber encontrado de manera fortuita, la principal causa de contaminación local fuera de la tesis ofi cial ya que dicha localidad carece de bodega DICONSA e, independien-temente de ello, sus habitantes no suelen consumir ni sembrar dichas semillas que sólo se encuentran en la cabecera municipal de Ixtacuixt-la, debido a que la producción local es sufi ciente y la conservación del germoplasma nativo se lleva a cabo por los productores desde el mismo proceso de la pizca, al momento de ir separando las mazorcas de la hoja. Práctica que es tan añeja en la loca-lidad como la memoria les alcanza a sus moradores.

En el contexto anterior, se llevó a cabo la recolección de muestras de

71NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 71Nova111.indd 71 25.08.06 10:19:2625.08.06 10:19:26

Page 73: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

semillas, criollas e híbridas durante los meses de marzo y abril de 2004.

Se colectaron 20 variedades de semillas entre criollas e híbridas de la comunidad de estudio, del Banco Genético del Grupo Vicente Guerrero (BGGVG) y de la SRP local. En el caso de los maíces criollos, las semillas fueron colectadas directamente de los productores quienes, después de una plática sobre el proceso de inves-tigación participativa, procedieron a traer desde sus casas, un kg de cada una de las variedades que los pro-ductores presentes habían sembrado el año anterior. Variedades: Chalco chico, Blanco, Blanco cremoso, Azul y Rojo. En el caso del BGGVG, bajo el mismo procedimiento de información amplia, el grupo donó a la investiga-ción 5 variedades de semillas criollas regionales, las cuales también fueron enviadas para validación transgénica. Variedades: Blanco grande, Amarillo, Cremoso chico, Azul y Cañuela.

Cabe aclarar que, cuando la semilla es híbrida, esta viene empaquetada en bultos de 20 a 25 kg cada uno. La par-ticularidad del caso es que, cosida a cada saco, viene una etiqueta de color

azul la cual, además de presentar el escudo nacional a la usanza del régi-men actual, contiene una información que textualmente dice así:

SNICSCATEGORÍA CERTIFICADASEMILLA PARA SIEMBRA

LA SAGARPACERTIFICA

QUE LA SEMILLA AMPARADA POR ESTA ETIQUETA FUE

PRODUCIDA BAJO LA SUPERVISIÓN DEL SERVICIO NACIONAL DE INSPECCIÓN Y

CERTIFICACIÓN DE SEMILLAS EN CAMPOS E INSTALACIONES QUE

SATISFICIERON LAS CONDICIONES NECESARIAS PARA ASEGURAR LA CALIDAD GENÉTICA, FÍSICA,

FISIOLÓGICA Y SANITARIA DE LAS SEMILLAS EN LA FECHA DE SU

CERTIFICACIÒN.

al gerente de la SPR y obtenidas di-rectamente de los sacos originales en presencia del investigador, muchas de las cuales fueron enviadas con la etiqueta comercial original para su evaluación. Las semillas fueron pesadas, contadas y etiquetadas para su envío por paquetería al Centro de Biotecnología Genómica (CBG) del Instituto Politécnico Nacional en Reynosa, Tamaulipas.

Ahí, mediante la técnica de Re-acción en Cadena de la Polimerasa (PCR), uno de los métodos más confiables actualmente, fueron analizadas para establecer su con-tenido de plásmidos transgénicos comerciales.

Los resultados, defi nitivos y ofi -ciales, llegaron a mediados del mes de enero de 2005, vía mensajería privada (tabla abajo).

Como se puede observar en la tabla, los resultados obtenidos de-muestran no solo la contaminación local de semillas criollas, en los casos de las muestras 1 y 4, sino de semillas regionales del Banco Genético del GVG, en el caso de la muestra 9. El resto de las muestras contaminadas está representado por maíces híbri-dos cuyas marcas comerciales son Asgrow-Monsanto, en el caso de la muestra 12 y; Aspros-México, en los casos de las muestras 15, 17 y 18.

Con base en estos resultados se puede deducir que, de manera ofi -cial, ciertas empresas, nacionales y extranjeras, las cuales comercializan semilla de maíz en México, están siendo avaladas por el gobierno fede-ral a través de SAGARPA, no sabemos desde cuándo, para que con su sello azul, queden protegidas de cualquier sospecha de contenido transgénico por parte de organizaciones campe-sinas que han creído en la legalidad de dicho sello y han sembrado, a ciegas, los maíces genéticamente modifi cados que están contaminando sus propios maíces criollos.

Ciertas empresas (...) están siendo avaladas por el gobierno federal (...) para que con su sello azul, queden protegidas de cualquier sospecha de contenido transgénico por parte de organizaciones campesinas que han creído en la legalidad de dicho sello y han sembrado, a ciegas, los maíces genéticamente modifi cados que están contaminando sus propios maíces criollos.

Nueve de las 10 variedades de maíz híbrido que estaba comerciali-zando la SPR local para la siembra de ese año, con excepción del maíz H33* que fue comprada a un productor de la localidad de un sobrante de su siembra anterior, fueron solicitadas

72 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 72Nova111.indd 72 25.08.06 10:19:2725.08.06 10:19:27

Page 74: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Foto

Del

fi m M

artin

s/T

YB

A

Nº RAZA VARIEDAD DE SEMILLA Nº SEM/KG POSITIVA NEGATIVA Observaciones Marca Comercial

1 Criolla Chalco chico 2512 1 0 Comunidad

2 Criolla Blanco 3100 0 1 Comunidad

3 Criolla Azul 3031 0 1 Comunidad

4 Criolla Rojo 3130 1 0 Comunidad

5 Criolla Blanco cremoso 2556 0 1 Comunidad

6 Criolla Blanco grande 1826 0 1 BG-GVG

7 Criolla Amarillo 2325 0 1 BG-GVG

8 Criolla Cremoso chico 2580 0 1 BG-GVG

9 Criolla Azul 2369 1 0 BG-GVG

10 Criolla Cañuela 1945 0 1 BG-GVG

11 Híbrida H33* 3752 0 1 SPR Aspros-México

12 Híbrida Gavilán 5571 1 0 SPR Asgrow-Monsanto

13 Híbrida Relámpago 2664 0 1 SPR CERES

14 Híbrida Niebla 3189 0 1 SPR CERES

15 Híbrida 721 4306 1 0 SPR Aspros-México

16 Híbrida Nieve 2510 0 1 SPR CERES

17 Híbrida H33** 4517 1 0 SPR Aspros-México

18 Híbrida H34 3155 1 0 SPR Aspros-México

19 Híbrida AS-820 5300 0 1 SPR Aspros-México

20 Híbrida Promesa 2443 0 1 SPR CERES

RESULTADOS OFICIALES DEL CBG

Fuente: Construcción propia, a partir de los resultados de LBG del IPN. 2004.

73NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 73Nova111.indd 73 25.08.06 10:19:2825.08.06 10:19:28

Page 75: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Silvia Alicia Martínez

livros/librosPENSAMENTO COMPLEXO, DIALÉTICA E EDUCAÇÃO AMBIENTALCarlos. F. Loureiro, Leroy e LayrarquesSão Paulo, Cortez, 1ª edição - 2006, 216 páginas

Os autores trazem importante contribuição ao processo de refl exão das práticas existentes e às múltiplas possibilidades de se pensar a natureza de modo complexo. Contribuem com conhecimentos construídos com rigor científi co, mas sobretudo com clareza de posicionamento: a concepção da educação ambiental como um ato político-pedagógico voltado à transformação social e uma área de conhecimento em construção, cujo constante aprofundamento teórico e prático, em suas várias óticas, se faz necessário.

SEMIOTICA, EDUCACION Y GESTION AMBIENTALAndrade Frich, Bodil y Benjamín Ortiz Espejel (coords.) México, Universidad Iberoamericana Puebla, Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, 1ª edición - 2004, 212 páginas

Resultado de un proyecto de investigación aplicada sobre educación y gestión ambiental urbana, desarrollado durante los años 2001 y 2002, auspiciado por autoridades académicas y municipales. Es también un esfuerzo con-junto realizado por un grupo interdisciplinario de especialistas (estudiantes, profesores e investigadores) preocupados y atraídos por la compleja problemática ambiental contempo-ránea y la crisis de sustentabilidad de México, uno de los países más urbanizados del mundo. Asimismo, constituye una valiosa contribución al estudio de la educación ambiental. A partir de los aspectos que rigen la vida cotidiana de los sujetos, se proponen estrategias educati-vas de formación ambiental comunitaria, que contribuyan a modifi car su comportamiento para mejorar su medio ambiente.

ESTUDIO JURIDICO SOBRE CATEGORIAS REGIONALES DE AREAS PROTEGIDASEugenia Ponce de León ChauxColombia, Publicaciones Instituto Humboldt, 1ª edición - 2005

Presenta en su primera parte un análisis del marco político y jurídico en el que se inscriben las áreas protegidas regionales y otras cate-gorías nacionales y privadas. En la segunda parte se desarrollan temas específi cos en los que las autoridades regionales y locales co-lombianas encuentran las mayores difi cultades en su gestión de áreas protegidas. Los anexos presentan aclaraciones sobre competencias y defi niciones relativas a las áreas protegidas que son motivo de consulta por las autorida-des competentes.

TUTELA DE URGÊNCIA NAS LIDES AMBIENTAIS: PROVIMENTOS LIMINARES, CAUTELARES E EMANCIPATÓRIOS NAS AÇÕES COLETIVAS QUE VERSAM SOBRE MEIO AMBIENTEMarcelo Buzaglo DantasRio de Janeiro, Forense universitária1ª edição – 2006, 124 páginas

Vinculado à área do Direito Ambiental, ofe-rece uma visão sobre os aspectos práticos relacionados com as ações voltadas para a preservação do meio ambiente. O autor afi rma ainda que o provimento de urgência, uma vez concedido, paralisa a evolução do dano ambiental que produza ou venha a produzir prejuízos à coletividade no seu conjunto. Trata portanto de provimentos liminares, cautela-res e antecipatórios nas ações coletivas que versam sobre meio ambiente.

PSICOLOGIA AMBIENTAL: ENTENDENDO AS RELAÇÕES DO HOMEM E O MEIO AMBIENTEHarmut Günther, José Q. Pinheiro, Raquel Souza Lobo Guzzo (orgs.)Campinas, Editora Átomo & Alínea1ª edição - 2004, 196 páginas

O livro tem como objetivo oferecer refl exões sobre algumas das mais modernas formas de olhar o mundo e entender o homem pelos referenciais da psicologia ambiental. Com o pensamento moderno e novas relações sociais vividas em um mundo globalizado, outras

maneiras de compreender o processo vital dentro destes espaços precisam ser discutidas, sobretudo na formação de futuros profi ssio-nais. Novas leituras do mundo aparecem como elementos importantes para a compreensão da dimensão humana e subjetiva.

LA ECOLOGIA A LA COLA DE LA POLITICABarragán Lourdes, Martínez Esperanza, Abad Jorge Ecuador, Abya-Yala, FLACSO, GTX, CEP1ª edición - 2003, 122 páginas

Si en el pasado no era concebible una política que no tuviera un reference en la economía, hoy no lo es sin referirse a la ecología. Desde esta perspectiva resulta relevante detenerse en el análisis de lo que se ha denominado “la larga marcha de la ecología”. El presente volumen es el resultado de un primer foro como una contribución al debate respecto de las relaciones entre la ecología y la política (Foro de Ecologia I).

JUSTIÇA AMBIENTAL E CIDADANIA Henri Acselrad, Selene Herculano e José Augusto Pádua (orgs)Relume Dumará: Fundação Ford, 2004

Este livro tem por objetivo denunciar que a destruição sistemática do meio ambiente acontece de modo, predominante, em locais onde vivem populações negras, indígenas ou sem recursos econômicos e oferecer subsídios para que as populações atingidas possam se contrapor a esse processo. São 21 artigos de diferentes autores, pesquisadores e lideranças de movimentos sociais.

POLITICAS DE ECONOMIA, AMBIENTE Y SOCIEDAD EN TIEMPOS DE GLOBALIZACIONDaniel Mato (coord.)Universidad Central de Venezuela, Faculdad de Ciencias Económicas y Sociales1ª edición – 2005, 280 páginas

Los artículos incluidos en este libro son ver-siones ampliadas y revisadas de las ponencias presentadas e el Colóquio y Taller Internacio-nal Políticas de Economía, Ambiente y Socie-dad en Tiempos de Globalización, realizado en Caracas del 14 al 18 de mayo de 2004.

74 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 74Nova111.indd 74 25.08.06 10:19:2925.08.06 10:19:29

Page 76: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

siteswww.hortaviva.com.brO Programa Horta Viva foi criado em 2002, a partir da experiência acumulada nos 20 anos do projeto “Horta Escolar numa perspectiva de educação ambiental”, no qual se construiu e desenvolveu uma nova proposta metodológica para Educação Ambiental. O programa visa disponibilizar às pessoas interessadas nas questões sócio-ambientais, uma série de ações que colabo-rem para o desenvolvimento da Educação Ambiental, dentro de uma visão integrada de mundo, onde a natureza possa ser com-preendida como um todo dinâmico, e o ser humano como parte integrante e agente de transformações do mundo em que vive, na busca por uma sociedade ambientalmente sustentável e socialmente justa. A equipe é formada por pessoas de variadas formações que ao longo de sua trajetória profi ssional, vem acumulando uma larga experiência na área de Educação Ambiental em empresas, instituições de ensino e comunidades. O site conta com Banco de Projetos na área e uma Midiateca, com o objetivo de dis-ponibilizar informações teóricas e práticas sobre Educação Ambiental.

http://www.ecoeduca.clEl principal objetivo de este sitio es for-talecer la Educación Ambiental mediante la entrega de una herramienta virtual que fusiona medio ambiente, educación y tecnología, facilitando la búsqueda de recursos educativos e informativos útiles, tanto para la educación formal, informal y no formal. Permite el acceso a recur-sos en temáticas ambientales relevantes disponibles en Internet, a actividades educativas, consejos, noticias y interactuar y compartir experiencias con personas que trabajan o están interesadas en la Educa-ción ambiental, a partir de la inscripción en la Red Ambiental, REDAM. Ecoeduca.cl fue desarrollado en el año 2000 por Fundación Casa de la Paz, gracias al apoyo de Fundación Avina.

http://www.rds.org.coSitio de la Red de Desarrollo Sostenible de Colombia (RDS). Su misión es ser instrumento para la generación de con-ciencia entre los distintos agentes de la sociedad civil, divulgando y promoviendo los principios, recomendaciones y formu-laciones expresados por la Organización de las Naciones Unidas en la Cumbre de la Tierra. La RDS cuenta entre sus miembros con organizaciones gubernamentales y no gubernamentales, académicas y de investigación, organizaciones sociales, culturales, medios de comunicación y organismos de cooperación internacional, que ofrecen e intercambian información y opiniones sobre desarrollo sostenible a través de su página en Internet, contri-buyendo así a la difusión de información ambiental y en la disminución de la brecha en materia de datos. Variados do-cumentos se encuentran disponibles para consulta por parte de todos los miembros de las sociedades interesados.

http://www.adital.com.brAgência de notícias que nasceu para levar a agenda social latino-america-na e caribenha à mídia internacional. Seus objetivos são os de estimular um jornalismo de cunho ético e social; favo-recer a integração e a solidariedade entre os povos; desvendar para o mundo a dig-nidade dos que constroem cidadania; dar visibilidade às ações libertadoras que bro-tam nos meios populares; dar a conhecer o protagonismo dos atores sociais. Oferece notícias sobre Movimentos Sociais, Crian-ças e Adolescentes, Diversidade Sexual, Gênero, Juventude, Migrantes, Mulher, Ne-gros, Portadores de Necessidades Especiais, Povos Indígenas, Trabalhadores, Direitos Humanos, Economia, Igreja-Religiões, Bíblia, Teologia, Diálogo Inter-religioso, Meio Ambiente, Mídia, Política e Questão Agrária. Destina-se a jornalistas da mídia mundial (escrita, radial, televisiva, on-line) e à sociedade civil. Premio da UNES-CO (2005) como uma das três melhores Agências de Notícias. Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa (2005) na categoria Grande Mídia da CNBB (Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil).

http://www.cedha.org.arEl Centro de Derechos Humanos y Ambiente (CEDHA), creado en 1999, es una organi-zación no gubernamental sin fi nes de lucro cuyo objetivo es construir una relación más armoniosa entre el ambiente y las personas. Su trabajo se centra en mejorar el acceso a la justicia de víctimas de violaciones de derechos humanos producto de la degra-dación ambiental o a causa de la gestión no sustentable de los recursos naturales, y prevenir futuras violaciones. Para ello, impulsa la generación de políticas públi-cas que promuevan el desarrollo social y ambientalmente sustentable e incluyente a través de la participación comunitaria, el litigio de interés público, el fortalecimiento de instituciones democráticas y la capaci-tación de actores clave. Las actividades de CEDHA incluyen: Litigio y asesoramiento legal; cabildeo; capacitación; empode-ramiento de Víctimas y Sociedad Civil e Investigaciones y Publicaciones. Enfoques Temáticos: Participación y Acceso a la Información; Derecho Humano al Agua; Instituciones Financieras Internacionales; Derechos Humanos y Empresas; Pobreza, Derechos Humanos y Ambiente. El sitio disponibiliza documentos y publicaciones sobre Legislación, Jurisprudencia, Escritos Legales, etc.

www. remea.furg. brA Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA) da Funda-ção Universidade Federal do Rio Grande possui circulação nacional (on-line) com periodicidade irregular, de conteúdo científi co, tendo como objetivo principal a veiculação de resultados de pesquisa relacionados à Educação Ambiental com a fi nalidade de integração dos pesquisadores em Educação e/ou Ambiente/Ecologia preocupados com o desenvolvimento da Educação Ambiental como uma área de pesquisa em nosso País.

75NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 75Nova111.indd 75 25.08.06 10:19:3025.08.06 10:19:30

Page 77: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

Diretora Susana Beatriz Sacavino

Conselho EditorialArgentina - Adriana KantarianBolívia - Rina LópezBrasil - Vera Maria F. CandauChile - María Inés Wuth México - Enriqueta Castro HernándezPeru - Fabiola LunaRepública Dominicana - Fausta Polanco BorbónUruguai - Rosario Alves

Comitê TécnicoAna Waleska P. MendonçaSusana Beatriz SacavinoMaria da Consolação LucindaVera Maria F. Candau

Coordenação Editorial e Supervisão Gráfi caAdélia M.ª Nehme Simão e Koff

RevisãoAdélia M.ª Nehme Simão e KoffSílvia Alicia MartínezRocío Salazar e Cecilia Botana

Colaboração neste númeroFátima PradoMônica Armond Serrão

SecretariaRocío Salazar

TraduçãoRocío Salazar e Cecilia Botana

AdministraçãoJayme da Silva Corrêa Filho

Projeto Gráfi co, Programação Visual e CapaRodolpho Oliva

Logomarca da Capa Néstor Sacavino

Impressão - Gráfi ca Zit

NOVAMERICARua 19 de Fevereiro, 160, BotafogoRio de Janeiro, Brasil CEP: 22280 -030Tel./Fax: (021) 2542-6244/2295-8033E-mail: [email protected]

A direção da revista não se responsabiliza pelas opiniões disseminadas nos artigos.

Publicação indexada em CLASE

Apoio

NUEVAMERICAREVISTA NOVAMERICACONSELHO CONSULTIVO INTERNACIONAL 2006-2007

Argentina: Adriana KantarianAv. Santa Fe, 4990 8º B 1445 Capital Federal Buenos Aires Tel: 03482-421794E-mail: [email protected]

Bolivia: Rina LópezCalle Aureleo Meleán 753, Casilla 2419 Cochabamba Tel/Fax: /4/231851E-mail: [email protected]

Brasil: Rocío SalazarRua 19 de Fevereiro, 160, Botafogo Rio de Janeiro - RJ Cep: 22.280-030Tel/Fax: 021 2295-8033/2542-6244E-mail: [email protected]

Chile: María Inés WuthVergara 174, Santiago 3Tel: /2/6966880 Fax: /2/6988844E-mail: [email protected]

Colombia: Consuelo VélezAvda. Caracas 41-44 Apto.503Santafé de Bogotá - Colombia Tel: /1/ 2327179E-mail: [email protected]

Europa, Ásia, África y Estados Unidos: Juani ZamoraPlaza de Los Pinazo 19, 3º izquierda,28021 - Madrid Tel: 91 [email protected]

María del Carmen LópezCalle Paseo Zorrilla 346, 4º BValladolid (47008) EspañaE-mail: [email protected] de subscripciones en España por depósito bancario: Caja España - Cta. corriente nº 2096 0106 95 2041969804 Titular: María del Carmen López

Guatemala: Blanca Fuentes6ª Calle 2-42 zona 1 01001 Guatemala Tel: /502/232 3388 Fax: 323 5261E-mail: [email protected]

México: Enriqueta Castro HernándezDr Vértiz 153 Col. Doctores Delegación Cuauhtémoc C.P. 06720 México DF Tel: 55786511/55786514E-mail: [email protected]

Maribel Apaez FajardoTel: 55781146/55786519

Perú: Fabiola LunaPlaza de la Bandera 125 - Pueblo Libre Lima 21 - Perú Tel: 3323282 y 98490453E-mail: [email protected]

República Dominicana: Aidée Santos2 nº. 9 A – Urbanización La LoteríaSantiago de los Caballeros Tel. 587 9540E-mail: [email protected]

Centro Cultural PovedaPina 210 A - Ciudad Nueva Santo Domingo D.N. Fone: /809/6895689 - 6854635E-mail: [email protected]

Uruguay: María Camino TraperoPascual Costa 3265 ap. 810 Parque Posadas 11.700 - MontevideoTel: /2/ 3360027E-mail: [email protected]

Silvia Rivero - Vizconde de Maria 669 Paysandú, Tel: /72/25897

Rosario Alves - Lindoro Forteza 2496 Código postal: 11400 - Montevideo Tel: /2/5083395E-mail: [email protected]

Venezuela: Elvira MorcilloDe Platanal a Desamparados, Edif. Platanal 37, Piso 1º, Apto 1A

La Candelaria, 1001, Caracas 1011Tel: 212/4621823 e 04166359574E-mail: [email protected]

PUEDE SUSCRIBIRSE O ADQUIRIRLA EN:

Brasil

Argentina - Néstor Borri e Claudia Villamayor Bolívia - Juan Mari Lois e Fernando Andrade Brasil - Sônia Kramer e Maria da Glória Gohn Chile - Ricardo Florentino Salas Astraín e Cristian Parker Gumucio México - María Ángeles López García e Emilio Álvarez Icaza Longoria Peru - Marcial Rubio Correa e Vicente Santuc, sj. República Dominicana - Luis Quezada e Ramón Emilio Jáquez Uruguai - Mónica Maronna

76 NUEVAMERICA, nº 111, setembro, 2006

Nova111.indd 76Nova111.indd 76 25.08.06 10:19:3125.08.06 10:19:31

Page 78: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

¡Participe!

Participe respondiendo en nuestro site Participe respondendo em nosso site

Escreva para novamerica@novamerica, atualizando o seu e-mail.

Você é especial para a Revista Novamerica.Queremos estar cada vez mais próximos de você.

www.novamerica.org.br

Leitor Ativo

Lector Activo

¿Para usted, qué signifi ca tener salud?

Para você, o que signifi ca ter saúde?

Participe!

Nova111Capas2&3.indd 2Nova111Capas2&3.indd 2 25.08.06 10:32:1525.08.06 10:32:15

Page 79: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

(...) El modelo de sociedad y el sentido de vida que los seres humanos proyectaron para sí mismos, por lo menos en los últimos 400 años, están en crisis. Y el modelo en términos de la lógica de lo cotidiano era y continúa siendo: lo importante es acumular gran número de medios de vida, de riqueza material, de bienes y servicios con el fi n de poder disfrutar el breve pasaje por este planeta. Para realizar este propósito nos ayudan la ciencia, que conoce los mecanismos de la tierra, y la técnica, que interviene en ella para benefi cio humano. Y esto se hará con la máxima velocidad posible. Por lo tanto, se busca el máximo de benefi cio con el mínimo de inversiones y en el plazo más corto de tiempo que sea posible. El ser humano, en esta práctica cultural, se entiende como un ser sobre las cosas, disponiendo de ellas según su placer, jamás como alguien que está junto a las cosas, como miembro de una comunidad mayor, planetaria y cósmica. El efecto fi nal, solo visible ahora de forma innegable, es este, expresado en la frase atribuida a Gandhi: la tierra es sufi ciente para todos, pero no para la voracidad de los consumistas.

La conciencia que va creciendo más y más en el mundo, pero aún no sufi cientemente, se enmarca así: si llevamos adelante este sentido nuestro de ser y de darle libre curso a la lógica de nuestras máquinas productivistas, podremos llegar a efectos irreversibles para la naturaleza y la vida humana: la desertifi cación (cada año tierras fértiles, equivalentes a la superfi cie del Estado de Río de Janeiro, quedan desiertas); la deforestación: 42% de los bosques tropicales ya fueron destruidos, el calentamiento de la Tierra y las lluvias ácidas pueden devastar el bosque más importante para el sistema-Tierra, el bosque boreal (6 mil millones de hectáreas); la superpoblación: en 1990 éramos 5,2 mil millones de personas con un crecimiento de entre 3 y 4% al año, mientras que la producción de alimentos aumenta solamente 1,3%. Y se perfi lan en el horizonte todavía otras consecuencias funestas para el sistema-Tierra, como eventuales confl ictos generalizados como consecuencia de las desigualdades sociales en el nivel planetario.

Dentro de este contexto dramático, la ecología es evocada. La misma ya tenía un siglo de existencia y sistematización. Pero los ecólogos poco se hacían oír. Ahora ellos ocupan la escena ideológica, científi ca, política, ética y espiritual. ¿En qué pensamos cuando hablamos de ecología?

Leonardo Boff

(Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Editora Sextante, 2004)

Nova111Capas2&3.indd 3Nova111Capas2&3.indd 3 25.08.06 10:32:1825.08.06 10:32:18

Page 80: LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE · 2019. 7. 20. · según la expresión de Leonardo Boff. Concientes de la importancia y del signifi cado de este cuadro, la Re-vista Nuevamerica

111

- IS

SN

032

5-69

60

NO

VA

ME

RIC

A -

Rua

Dez

enov

e de

Fev

erei

ro, 1

60 -

Bot

afog

o C

EP

: 222

80-0

30

Tel/F

ax: (

55)

(021

) 25

42-6

244

E-m

ail:

nova

mer

ica@

nova

mer

ica.

org.

br R

io d

e Ja

neiro

- R

J -

Bra

sil

Nº 111 LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE

(...) O modelo de sociedade e o sentido de vida que os seres humanos projetaram para si, pelo menos nos últimos 400 anos, estão em crise. E o modelo em termos da lógica do cotidiano era e continua sendo: o importante é acumular grande número de meios de vida, de riqueza material, de bens e serviços a fi m de poder desfrutar a curta passagem por este planeta. Para realizar este propósito, nos ajudam a ciência, que conhece os mecanismos da terra, e a técnica, que faz intervenções nela para benefício humano. E isso se fará com a máxima velocidade possível. Portanto, procura-se o máximo de benefício com o mínimo de investimentos e no mais curto prazo de tempo possível. O ser humano, nesta prática cultural, se entende como um ser sobre as coisas, dispondo delas ao seu bel-prazer, jamais como alguém que está junto com as coisas, como membro de uma comunidade maior, planetária e cósmica. O efeito fi nal, somente agora visível de forma inegável, é este, expresso na frase atribuída a Gandhi: a terra é sufi ciente para todos, mas não para a voracidade dos consumistas.

A consciência que vai crescendo mais e mais no mundo, mas não ainda de forma sufi ciente, se emoldura assim: se levarmos adiante este nosso sentido de ser e se dermos livre curso à lógica de nossas máquinas produtivista, poderemos chegar a efeitos irreversíveis para a natureza e a vida humana: desertifi cação (cada ano terras férteis, equivalentes à superfície do Estado do Rio de Janeiro, fi cam desérticas); desfl orestamento: 42% das fl orestas tropicais já foram destruídas, o aquecimento da Terra e as chuvas ácidas podem dizimar a fl oresta mais importante para o sistema-Terra, a fl oresta boreal (6 bilhões de hectares); superpopulação: em 1990 éramos 5,2 bilhões de pessoas com um, crescimento entre 3 e 4% ao ano, enquanto a produção de alimentos aumenta somente 1,3%. E apontam no horizonte ainda outras conseqüências funestas para o sistema-Terra como eventuais confl itos generalizados em conseqüência das desigualdades sociais no nível planetário.

Nesse contexto dramático, a ecologia está sendo evocada. Ela já possuía um século de existência e sistematização. Mas os ecólogos pouco se faziam ouvir. Agora eles ocupam a cena ideológica, científi ca, política, ética e espiritual. Que pensamos quando falamos de ecologia?

Leonardo Boff

(Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Editora Sextante 2004)

Nova111Capas1&4.indd 1Nova111Capas1&4.indd 1 25.08.06 10:36:1125.08.06 10:36:11