Kutchinga

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Transcript of Kutchinga

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Elisa Jacinto Zandamela Turma AE2, 11ª Classe, Nº 22, Sala 2

Kutchinga

Escola Secundária Machava Sede

Matola, Abril de 2012.

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Indice

Introdução ..................................................................................................................................................... 3

Desevolvimento ............................................................................................................................................ 4

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Introdução

Existe no seio da maior parte dasfamílias moçambicanas, uma necessidade de buscaruma

culpada ou culpado pela morte.

Apreocupaçãodebuscarculpadosderiva do facto de acreditar-se que as pessoas morrem por

causas sobre-naturais (feitiço) e não por doenças diagnosticadas em um hospital. Isto faz com

que as pessoas continuem abuscar respostas e culpados para a morte.

As mulheres são vistas como culpadas pelamorte dos homens. Raros sãoos casos em que os

homens são vistos como culpados.

“A viúva/o precisa se purificar para evitar queesse estado cause doenças aos seusfilhos/as, que

crie obstáculos a sua vida pessoal e profissional”

No presente trabalho debruçar-se-a sobre essa purificação dos viovos – chamada Kutchinga .

Este trabalho é fruto duma pesquisa bibliografica que se encontra na última página.

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Desevolvimento

Kutchinga é o rito que exige uma mulher que recentemente perdeu o marido a ter relações

sexuais com o irmão mais novo de seu falecido marido. Isto é para fins de purificação, e para

evitar uma grande tragédia de golpear dentro da família.

Práticas similares registam-se noutros pontos de Moçambique, mas com outras denominações.

Em Sofala, por exemplo, temos a kupitakufa.

A ideia central é que entre a morte (ou lifu em Tsonga) não constitui, somente, um

acontecimento triste, um grande momento de dor pela perda do defunto, mas também “uma

origem terrível “Impureza” de alta contaminação, que põe todos os objectos e todas as pessoas

que estiveram em contacto com o morto, todos os parentes, mesmo os que vivem muito longe e

trabalham [por lá], num estado de impureza”.

Pessoas nesse estado de „impureza‟ (encontradas pelo lifu) são tidas como um perigo, havendo a

crença de que transmitem o perigo aos outros, em virtude do carácter colectivo da educação

tradicional não permitir nem a separação da vida mundana do “além”, muito menos a

particularização dos comportamentos individuais.

É nesses termos que a morte de um cônjuge numa família constitui um grande embaraço e fonte

de contaminação dos membros em luto: essa impureza atinge também todos os presentes,

incluindo os objectos com que o defunto tinha contacto em vida.

Como forma de contornar essa impureza, procede-se à prática da kutchinga, um exercício

“purificador”.

“Esta purificação sexual ou

Kutchinga é decidida, passado 8

diasa 24 meses após o

desaparecimento físico do seu

marido,em uma reunião ou

assembleia familiar em que

estão presentes as pessoas idosas

da família“

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Deum modo geral (homens e mulheres) mostram adesão à prática porque são da opinião

de que se não realizam o ritual alguma coisa negativa pode acontecer. Aprevalência da

prática, portanto, tem a ver com o “medo” que homens e mulheres reconhecem ter as

consequências de evitar Kutchinga.

Se o falecido não possui um irmão (sempre mais novo que o falecido), a „purificação‟ pode ser

ainda feita por um neto ou por um dos primos daquele, ou ainda por via de um homem alheio à

família, desde que fosse reconhecido como sendo um “purificador nato e experiente”. Homens

nessas condições eram, num passado recente, contratado no seio da comunidade de Motaze (um

distrito da província de Gaza), e era-lhes pago, pelo “serviço”, 50 meticais.

O ritual da kutchinga tem duração de seis dias consecutivos de relações sexuais, sendo que estes

seis dias são precedidos por uma sessão de relações sexuais em que o homem passa boa parte da

noite em casa da viúva, dia este que não é contabilizado: em se tratando dum homem casado,

este informa à esposa que vai „purificar‟ a viúva X ou Y, de tal sorte que a esposa fica à sua

espera naquela noite, para que ela seja „purificada‟ na mesma noite, como forma de os “maus

espíritos” do falecido não ficarem com ela.

Em algumas regiões do país, houve casos em que, no “kutchinga”, o pai do falecido era o

primeiro a manter relações sexuais com a nora: só depois é que era chamado o cunhado

escolhido pela viúva, que por sua vez completava a “sessão”.

Nos dias que correm, a situação mudou, na medida em que a viúva pode se recusar a ser

„purificada‟ por algum parente da linha recta ou linha colateral do seu falecido marido, ou seja,

ela pode indicar alguém de fora.

E, tendo em conta que, nos últimos dias, muitos homens perecem por causas relacionadas com o

HIV e Sida, as famílias ganharam certa consciência, na medida em que o ritual de „purificação‟

da viúva já pode ser substituído por uma cerimónia simbólica, que passa por a viúva preparar e

servir papas, ou chá, a todos membros da família do falecido.

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Conclusão

No fim do presente trabalho pude concluir que:

Kutchinga é uma cerimonia “purificadora” dos “pertences” do falecido (digo a vuva, os filhos, os

familiares e objectos). Existem em quase todo Moçambique (conhecido em Sofala como Pita

Kufa). A viuva faz relações sexuais durante 6 dias com um dos irmãos mais novo do falecido, ou

com o neto, primo. Na ausencia dum familiar contrata-se um varão, um purificador nato e

experiente. Em 8 dias após o falecimento inicia a cermonia e o mais tardar é de 24 meses.

Kutchinga sofreu modernização, houve altura em que primeiro era o pai do falecido a fazer sexo

com a nora depois o indicado para a purificação, passou para um periodo em a viuva escolheia o

“purificador” e agora a viuva recusa o kutchinga.

Kutchinga está sendo banido por muitas razões, algumas são:

A transmissão de infecões sexuais (o mais temido é o HIV/SIDA);

Não é um acto voluntário (não é por prazer);

São muitos dias de relações sexuais;

Hoje em dia a mulher encontra-se nos altos status sociais, economicos e muito mais.

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Bibliografia

CHIZIANE, Paulina. Niketche. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

WLSA(1994).Direito de Sucessão e Herança. Departamentode Estudos da Mulher e

Género. Centro de Estudos Africanos. Universidade Eduardo Mondlane. Maputo, Moçambique .

Blanco, E. R e Domingos, M. H,Tradição, Cultura e Género nos programas de desenvolvimento,

Fórum Mulher Maputo 2008

Jornal o País – online

http://www.opais.co.mz/index.php/opiniao/132-ericino-de-salema/8609-dinamicas-do-

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Club of Mozambique

http://www.clubofmozambique.com/solutions1/blog/mozambique_culture/kutchinga

Forum Mulher de Moçambique

http://www.forumulher.org.mz/index.php/2011-05-08-09-59-

01/Genero,%20Cultura%20e%20Tradic%CC%A7ao%20nos%20Programas%20de%20Desenvol

vimento.pdf