Kmms - Minas Gerais
Transcript of Kmms - Minas Gerais
3 5 5 . . V b JJj-faJr.K.)
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
ESCOLA DE GOVERNO
Willer Ferreira do Amaral
UMA CIDADE SEM FAVELAS - A EXPERIÊNCIA DE ITAÚNA/MG.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Administração Pública, área de concentração em
gestão de políticas sociais, da Escola de Governo da
Fundação João Pinheiro, como requisito parcial para
obtenção do titulo de Mestre em Administração
Pública.
Orientadora - Profa. Berenice Martins Guimarães
Belo Horizonte
Outubro/2003
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
ATA DA DEFESA PUBLICA DE DISSERTAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO DE POLÍTICAS SOCIAIS
Aos 30 (trinta) dias do mes de outubro de 2003, foi realizada a defesa pública da dissertação
intitulada "Uma cidade sem favelas - a experiência de haüna/Mii" elaborada por WILEER
FERREIRA DO AMARAL, como requisito parcial para obtenção do título de mestre do
Programa de Mestrado em Administração Pública: Gestão de Políticas Sociais, da Fscola de
Governo da Fundação João Pinheiro. Após a apresentação do trabalho, o mestrando foi
arguido pelos membros da Comissão Examinadora, composta por ProP. Berenice Martins
Guimarães (Orientadora); Prof Paulo Henrique Osório Coelho e Prof. Ricardo Carneiro. A
Comissão Examinadora reuniu-se para deliberar e, considerando que a dissertação atende aos
requisitos técnicos e acadêmicos previstos na legislação do Programa, decidiu, por
unanimidade, pela aprovação da mesma. Este documento expressa o que ocorreu na sessão
da defesa e será assinado pelos membros da Comissão Examinadora.
Belo Horizonte, 30 de outubro de 2003.
Prof. Berenice Martins Guimarães (FJP/EG 77
y
Prof. Paulo Henrique Osório Coelho ( U F M g ) \ k ^ A U ^ w ^ w V/.Í\^-Prof. Ricardo Carneiro (FJP/UG) ^ JZ&*>~*~
MCKJ 7 0 0 3
Dedico este trabalho à vida, dádiva de Deus.
À Teresa, mulher de todos os dias e das horas insanas pelo desânimo e cansaço,
que com seu apoio e compreensão incessante, me faz crer na necessidade de
enriquecimento do conhecimento, do "Aprender a Ser" um.
À Fernanda e Daniel, meus fi lhos, que são puros nos sentimentos, na verdade e de
coração, por compreenderem e respeitarem, não poucas vezes, minha ausência.
A meus familiares que contribuíram com a essência da minha formação, de maneira
especiai ao meu pai, Edvar, o Sr. ZJco, e à minha mãe, Maria Francisca, Dona Uca.
A colaboração, a persistência, a paciência e o ensinamento constante de minha
professora, Berenice Martins Guimarães, pelo privilégio de sua orientação e,
fundamentalmente, porque não importa nem mesmo se suas idéias vão contra os
mais óbvios bons sensos . O que importa mesmo, é quem é seu orientador.
Agradecimentos
Uma dissertação de mestrado é o resultado de um conjunto de esforços. A pesquisa
real izada pelo mestrando necessita da colaboração indispensável de várias outras
pessoas. Gostaria que f icasse aqui registrado o agradecimento a todos aqueles que
direta e indiretamente, contribuíram para que a presente dissertação pudesse ser
concret izada e, em especial , a:
Laura da Veiga, professora e coordenadora do Mestrado da Escola de Governo da
Fundação João Pinheiro, pela sua administração competente e compromissada com
a qual idade da produção académico-científ ica e pelo pulso forte na condução dos
projetos e prazos.
Aos professores, Ricardo Carneiro (atual coordenador do Mestrado, FJP) e Paulo
Henr ique Osóno Coelho (UFMG), que muito me honraram em aceitar participar da
banca examinadora.
Ao apoio e incentivo dos professores do curso, em especial a Bruno Lazzarott i Diniz
Costa que soube manter-me incentivado e compromissado.
À Prefeitura Municipal de Itaúna, na pessoa do Prefeito, e ao corpo administrativo
das Secretarias Municipais de Educação e Cultura, de Bem-Estar Social , de Meio
Ambiente e da Saúde.
A paciência e colaboração irrestnta de Ângelo Braz de Matos, professor da
Universidade de Itaúna e Assessor de Desenvolvimento da Prefeitura Municipal de
I taúna.
A todos os entrevistados que disponibi l izaram tempo e preciosas informações, e m
especial a Dona Geralda Pereira dos Santos, mulher guerreira e pioneira nos brejos
de Itaúna.
Acs meus amigos, companheiros constantes e aos colegas do Mestrado que através
de incentivos, mostraram-me o caminho para chegar até aqui .
Muito obrigado! A todos, meu sincero reconhecimento e eterna grat idão.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS 006
LISTA DE SIGLAS 007
RESUMO 010
INTRODUÇÃO 011
CAPÍTULO 1 - AS FAVELAS, O PODER PÚBLICO E NOVA GESTÃO URBANA 015 1 . 1 0 fenômeno das favelas 017 1.2 C poder público e a questão da moradia popular 021 1.3 A nova gestão urbana: poder público e sociedade organizada 029
CAPÍTULO 2 - DAS MINAS DE OURO À SIDERURGIA - O MUNICÍPIO DE ITAÚNA 037 2.1 De povoado a cidade 037 2.2 Itaúna hoje 043
2.2.1 Aspectos demográf icos 044 2.2.2 Situação sócio-econômica 048 2.2.3 Habitação e meio urbano 055
CAPÍTULO 3 - UMA CIDADE SEM FAVELAS - A EXPERIÊ NCIA DE ITAÚNA 064
3.1 A Cidade Educativa 065 3.2 Os focos de favela em Itaúna 074 3.3 Desfavelando a cidade 077 3.4 A questão da moradia popular em Itaúna 087
CONSIDERAÇÕES FINAIS 098
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103
ANEXOS 1- Tabelas de Itaúna 111 2- Prefeitos, Secrétanos e Parlamentares Itaunenses 119 3- Lei n. 1.733, de 27 de setembro de 1984 123 4- Decreto n. 1449, de 5 de dezembro de 1984 126 5- Relação de Conselhos/Associações Comunitár ias de Itaúna 130 zona urbana e rural
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 População de Itaúna por zona urbana e rural e taxa anual de crescimento, 1940/2000 045
Tabe 2.2 Evolução da população de Itaúna, Minas Gerais e Brasil, 1940/2000 046
Tabela 2.3 Taxas de crescimento ao ano de Itaúna, Minas Gerais e Brasil, 1940/2000 047
Tabela 2.4 População residente em Itaúna por grupos de idade e sexo, segundo zona urbana e rurai, 2000 048
Tabela 2.5 índices do Valor Adic ionado Fiscal (VAF) 1976/2003 051 Tabela 2.6 Distribuição percentual da PEA por setores econômicos em
Itaúna, Pará de Minas e Divinópolis, 1991 053 Tabela 2.7 Produto Interno Bruto (PIB) total e per capita, a preços
constantes de 1996, em R$ 1.000,00, 1985, 1991,1996 e 1997 ... 054 Tabela 2.8 Rendimento mensal médio (em salários mínimos) dos chefes de
família dos domicílios particulares permanentes Brasil, Minas Gerais e Itaúna, 2000 055
Tabela 2.9 Domicílios particulares ocupados Brasil, Minas Gerais e Itaúna, segundo situação e localização da área, 2000 056
Tabela 2.10 Número de população e domicí l ios, por zona rural e urbana e densidade domicil iar Brasil, Minas Gerais e Itaúna, 2000 056
Tabela 2.11 Condição de ocupação dos domicíl ios particulares permanentes Brasil, Minas Gerais e Itaúna, por área urbana e rural, 2 0 0 0 - (%) 057
Tabela 2.12 Domicíl ios particulares permanentes de Itaúna por c lasse de rendimento mensal do chefe, segundo o tipo, 2000 - (%) 058
Tabela 2.13 Número domicíl ios particulares permanentes Brasil, Minas Gerais e Itaúna, segundo forma de abastecimento de água, 2000 058
Tabela 2.14 Destino do esgoto sanitário domicíl ios particulares permanentes Brasil, Minas Gerais e Itaúna, 2000 059
Tabela 2.15 Destino do lixo dos domicíl ios particulares permanentes Brasil, Minas Gerais e Itaúna, 2000 059
Tabela 2.16 Evolução do índice de Desenvolv imento Humano (IDH) de Itaúna, 1970, 1980, 1991 e 2000 061
Tabela 2.17 Indicadores Sociais do Brasil e de Itaúna, 1991 e 2001 062 Tabela 2.18 Evolução do índice de Condições de Vida (ICV) de Itaúna, 1970,
I 9 8 0 e 1991 062 Tabela 3.1 Organizações Comunitár ias de Itaúna, por zona urbana e rural,
1985, 1988 e 2003 072 Tabela 3.2 Organizações Comunitár ias de Itaúna, por t ipo, segundo zona
urbana e rural, 1985, 1988 e 2003 073 Tabela 3.3 Número de moradias e habitantes dos focos favelados de Itaúna
em 1984, por denominação, segundo a época de surgimento 076 Tabela 3.4 População e domicíl ios focos de favelas urbanizados em Itaúna,
por denominação anterior e atual, segundo densidade domiciliar, 1984 e 2000 086
Tabela 3.5 Lotes e casas doadas pela Prefeitura Municipal de Itaúna, segundo bairro e ano do empreendimento, 1984/2003 093
6
LISTA DE SIGLAS
A B C - Associação Brasileira das COHAB
ABECIP - Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e de Poupança
AC - Associação Comunitária
A F - Arrecadação Fazendária
A IST - Associação Itaunense dos Sem Teto
ARENA - Al iança Renovadora Nacional
BNH - Banco Nacional de Habitação
CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CC - Conselho Comunitário
CEF - Caixa Econômica Federal
CEH - Conselho Estadual de Habitação
CDHI - Conselho Deliberativo de Habitação de Itaúna
CNM - Comissão Nacional dos Mutuários
COHAB - Companhia de Habitação
DIEESE - Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Estatísticos
DIEF - Diretoria de Informações Econômicas e Fiscais
FAT - Fundo de Apoio ao Trabalhador
FEH - Fundo Estadual de Habitação
FCP - Fundação da Casa Popular
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FJP - Fundação João Pinheiro
FMAS - Fundo Municipal de Assistência Social
FPM - Fundo de Participação de Municípios
GTR/SFH - Grupo de Trabalho de Reformulação do Sistema Financeiro de
Habitação
IAP - Instituto de Aposentadoria e Pensões
IBAM - Instituto Brasileiro de Assistência aos Municípios
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicações
IGPM - índice Geral de Preços de Mercado
IGP-DI - índice Geral de Preços - Disponibi l idade Interina (FGV)
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados
IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana
IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte
ISS - Imposto Sobre Serviços
ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
ITER - Instituto da Terra
ITR - Imposto Territorial Rural
M T E - Ministério do Trabalho, Emprego e Renda
OEA - Organização dos Estados Amer icanos
OIT - Organização Internacional do Trabalho
O N G - Organização Não Governamental
O N U - Organização das Nações Unidas
PDS - Partido Democrático Socialista
PMDB - Partido Movimento Democrát ico Brasileiro
PAI - Plano de Ação Imediata
PEA - População Economicamente Ativa
PIB - Produto Interno Bruto
8
PMI - Prefeitura Municipal de Itaúna
PP - Partido Popular
PROCED - Projeto Cidade Educativa
PT - Partido do Trabalhador
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
RFFSA - Rede Ferroviária Federal S/A
SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SBPE - Sistema Brasileiro de Poupança e Emprést imo
SE - Setores Especiais
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Assistência à Pequena e Média Empresa
SEF - Secretaria de Estado da Fazenda
SENAI - Serviço Nacional de Assistência a Indústria
SERFHAU - Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
SESI - Serviço Social da Indústria
SFH - Sistema Financeiro da Habitação
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SICAF - Sistema de Controle e Administração Financeira
SMBES - Secretaria Municipal de Bem-Estar Social
SRE - Superintendência de Receitas Estadual
SSVP - Sociedade São Vicente de Paula
Ul - Universidade de Itaúna
UNESCO - Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas
USIFAST - Estação Aduaneira do Interior
VAF - Valor Adicionado Fiscal
9
R E S U M O
Este é um estudo sobre o papel desempenhado pelo poder público e a sociedade
itaunense, no tocante à erradicação de favelas em seu território, na década de 80, e
realizado através de ampla pesquisa bibl iográfica, entrevistas com cidadãos e
líderes locais, bem como levantamento de dados e documentos em bibliotecas,
arquivos, órgãos locais, estaduais e federais. A crise econômica do País e do
município nos fins da década de 70, a virada político-partidária na Administração
local na década de 80, com conseqüente incentivo à organização das formas
associativas e a constituição de atores coletivos, resultaram em relevante densidade
organizativa da sociedade local e no estabelecimento de um processo interativo
entre poder público local e sociedade, oficial izado na década de 90. Tudo isto
permitiu a adoção de políticas de habitação popular que erradicaram as favelas de
Itaúna e melhoraram as condições de moradia para a população de baixa renda no
município.
O trabalho pretende mostrar que, ao se implementar uma experiência participativa,
estimular a criação de organizações comunitár ias e permitir a part icipação dos
excluídos, a gestão da cidade toma-se mais democrát ica e, com um governo
eficiente, aumenta o acesso aos serviços urbanos e se desenvolvem valores éticos
como solidariedade, cooperação e just iça.
Palavras-chave: desfavelamento - política habitacional - favelas - Itaúna - parceria-
poder público e sociedade organizada - habitação - gestão municipal
Número de páginas: 139
10
INTRODUÇÃO
Dentro dos limites da cidade pode-se distinguir dois tipos de edif icações: as que
estão legalizadas, pagam impostos e taxas e são reconhecidas oficialmente, e as
que são fruto de invasão ou posse, e que const i tuem as favelas ou aglomerados.
As favelas surgem no Brasil no início do século XX em conseqüência do processo de
desenvolv imento econômico e da ausência de políticas ou de políticas inadequadas
do governo. Não são de forma alguma causa. Surgem como mecanismo de defesa,
estratégias de sobrevivência de uma parcela da população que não tem condições
f inanceiras de ter acesso ã moradia através do mercado.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Assistência aos Municípios ( IBAM) (2001),
27 ,6% dos municípios brasileiros possuem favelas. O menor percentual de favelas é
encontrado nos municípios com população inferior a 10 mil habitantes (14,3%), única
faixa que se situa abaixo da média brasileira. Nos municípios que têm entre 10 e 20
mil habitantes, em 31,4% deles existem favelas, e em 40 ,6% daqueles com
população entre 20 a 50 mil habitantes.
Em municípios como o de Itaúna, que têm entre 50 a 100 mil habitantes, de acordo
com o IBAM (2001), as favelas existem em 56 ,6% deles, o mesmo acontecendo em
79 ,9% daqueles com população entre 100 a 500 mil habitantes e na total idade dos
municípios com população superior a 500 mil habitantes.
A inda segundo o IBAM (2001), os municípios da região Sul do País são os que
concentram o maior percentual de favelas (38,1%). Em seguida vêem os da região
Nordeste (29,1%), Norte (25,6%), Sudeste (23,2%) e Centro Oeste (12,4%).
De acordo com dados do IBGE (1999, apud IBAM, 2001:12), em 1999 existia no
Brasil um total de 921.782 domicíl ios em favelas. Considerando uma média de 6
pessoas por domicil io, isso representa uma população favelada e m tomo de 5,5
milhões de pessoas, o que corresponde a 3,5% da população brasileira.
Outro fato relevante é que somente em 28,5% dos municípios brasileiros existe um
órgão especif ico para gerir a política municipal de habitação. Na maioria deles,
53,8%, não há leis regulamentando o tamanho mínimo dos lotes, em 33 ,3% existem
programas de oferta de lotes e em apenas 14,4% programas de urbanização de
assentamentos.
Em 2000, o déficit habitacional no Brasil, entendido como necessidade de
construção de novas moradias, foi est imado em 6.656.526 novas moradias (FJP,
2002), com incidência nit idamente urbana, o que corresponde a 14,8% do total de
domicíl ios particulares permanentes do Brasil (44.721.434) ( IBGE, 2000).
Ao mesmo tempo, a maioria das famílias em situação de déficit habitacional possui
renda familiar mensal inferior a três salários mínimos, o que corresponde a 83,2% do
total de famíl ias urbano brasileiras (FJP, 2002:5). Ass im sendo, não é de se
estranhar a existência e o crescimento do fenômeno das favelas num país como o
Brasil .
Segundo a FJP (2002:10),
"a concentração da população-alvo em segmentos de baixa renda faz perceber o ataque às Necessidades Habitacionais como faceta do combate à pobreza (...) Esta população dispõe apenas de sua própna força de trabalho, que pode ser usada como fornia de pagamente de benefícios obtidos, através de serviços comunitários prestados em regime de mutirão, (...) A criatividade deve vir em auxílio do planejador, de modo a viabilizar a superação de entraves legais/burocráticos e a baratear os custos das obras, principalmente as de menor porte, através de inovações tecnológicas e ce gestão viáveis".
Os dados apontam a tendência de que quanto maior a população do município,
maior a part icipação relativa de favelas. Refletem, também, um fenômeno que a
cada dia se faz mais presente no cenário urbano brasileiro, resultado não apenas do
processo de imigração, da falência e inexistência de uma política nacional de
habitação popular, mas, e pr incipalmente, do empobrecimento das famílias que,
cada vez mais, têm dif iculdade de arcarem com as despesas do aluguel de uma
casa e, mais ainda, de um f inanciamento para adquirir um imóvel próprio.
Ainda que sendo um município de economia predominantemente industrial, Itaúna
se diferencia por não ter esse tipo de aglomerado em sua periferia. A cidade tem
hoje cerca de 77 mil habitantes, e embora uma parcela significativa de sua
população esteja na linha da pobreza, ela tem qualidade de vida.
Essa se traduz no fato da maioria da população ter acesso à moradia e m condições
adequadas, aos serviços de infra-estrutura urbana, à urbanização e ao transporte,
a lém do acesso à educação - do ensino básico à Universidade - , e à saúde, com
assistência descentral izada.
12
Esses fatores têm atraído, desde os anos 70, diversas pessoas das localidades mais
próximas para Itaúna. Entre 1981 e 1991, só de Belo Horizonte, vieram 1145
pessoas (Matos, 1995:19).
Já há algum tempo, o poder público local vem implementando polít icas públicas
voltadas para a questão habitacional da população de baixa renda, iniciativa essa
que conta com a parceria da sociedade organizada e que é responsável pela não
existência de favelas em seu espaço.
E é a análise desse processo, das iniciativas e políticas adotadas em Itaúna v isando
garantir a existência de uma cidade com melhor qual idade de vida e sem favelas que
constitui o objeto desta dissertação.
O estudo foi feito a partir de levantamento bibliográfico de temas l igados à questão,
bem como de documentos e dados sobre a cidade e a situação habitacional,
incluindo a pesquisa de sites. Foram realizadas, também, entrevistas com pessoas
chaves que estão ou est iveram ligadas ao processo de desfavel ização em Itaúna
como os ex-prefeitos e ex-secretários do Bem-Estar Social, que foram os
ideal izadores do projeto Pro-l taúna, com o atual Prefeito e seus secretários l igados
ao planejamento e a ação social e pessoas chaves que foram identif icadas ao longo
da pesquisa como líderes comunitários e moradores ant igos de bairros de periferia,
onde havia favelas.
A dissertação está estruturada em três capítulos. O primeiro capítulo é a referência
teórica da pesquisa. Ele se inicia com uma breve retrospectiva histórica sobre a
or igem da favela no Brasil, seguida da descrição sobre as condições de vida nesses
aglomerados e as conseqüências de sua proli feração, e apresenta alguns dados
comparat ivos sobre a situação da população das favelas e m cidades do País, como
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Em seguida, reporta-se às relações entre o poder público e a questão da moradia
para a população de baixa renda, fazendo uma breve retrospectiva da polit ica
nacional de habitação popular desde os anos 30 até os dias atuais. O objetivo é
mostrar como a ausência de polit icas urbanas e habitacionais adequadas levou à
formação e crescimento das favelas, fenômeno conhecido dos brasileiros e
estratégia de sobrevivência das famílias que não têm condições de acesso à
mcradia através do mercado.
Por últ imo, é feita uma discussão sobre a nova forma de gestão urbana, das
relações entre poder público e sociedade organizada, descrevendo as mudanças
ocorr idas com o processo de descentral ização e transferência da responsabil idade
das políticas sociais, entre elas a de habitação, para os municípios. Inclui ainda uma
referência à constituição das organizações comunitárias como forma de participação
do cidadão na dinâmica democrát ica das c idades.
O segundo capítulo descreve o cenário onde transcorre a experiência objeto de
estudo da dissertação, no caso, o município de Itaúna. Ele se inicia com uma
retrospectiva histórica da formação do município e aspectos gerais de sua história,
v isando dar ao leitor uma idéia de como Itaúna se transforma de um povoado de
onde era extraído o ouro em um centro industrial.
Em seguida busca-se retratar Itaúna hoje, contemplando aqueles aspectos mais
diretamente l igados à questão habitacional e urbana, quais sejam, o crescimento
demográf ico desde 1940, a situação sócio-econômica e as condições de vida urbana
no município.
O terceiro capítulo trata da experiência de desfavelamento e da implementação de
uma política de habitação popular em Itaúna, objeto de análise deste trabalho. Ele
se inicia com um relato sobre os antecedentes históricos da exper iência, da situação
que levou a Prefeitura a adotar o caráter participativo e a envolver a comunidade
local na solução de seus problemas.
A experiência de Itaúna, as politicas adotadas e os arranjos que tornaram possível
promover o desfavelamento na cidade e instituir uma prática de prevenção é o que
vem a seguir. Por último se retrata a situação atual no que diz respeito à questão da
habitação popular e de regularização de terrenos no município, e dos arranjos de
parceria que hoje são feitos entre o poder público local, a Caixa Econômica Federal,
as organizações sociais e o setor de construção no intuito de garantir a construção
de loteamentos e conjuntos de casas populares para a população de baixa renda.
A dissertação se encerra com as considerações finais do trabalho, seguidas das
referências bibliográficas e de alguns anexos.
14
CAPÍTULO 1 - AS FAVELAS, O PODER PÚBLICO E A NOVA GESTÃO URBANA
A cidade reflete as relações sociais, econômicas e políticas entre as classes que
compõem a sociedade que nela vive. Nesse sentido, a existência de favelas é
produto de um processo sócio-econômico que perpetua e aprofunda as
desigualdades sociais, da ausência de uma política urbana e de habitação popular.
Desse processo fazem parte diversos fatores, entre eles, a imigração rural, a baixa
qualif icação da mão-de-obra imigrante e sua dif iculdade de inserção no mercado de
trabalho, o desemprego e o subemprego e a conseqüente pobreza que impede a um
grande contingente de famílias ter condições f inanceiras de acesso à compra ou ao
aluguel de uma moradia.
Ao lado disso, a ausência de um planejamento urbano e de investimentos em
saneamento básico, infra-estrutura urbana e transporte, e de políticas habitacionais
adequadas às necessidades da população, especialmente a de baixa renda, levou à
formação e crescimento do fenômeno conhecido como uma estratégia de
sobrevivência das famílias que não têm condições de ter acesso à moradia através
do mercado - a favela.
O fenômeno se traduz pela invasão de terrenos particulares e públicos, sem infra-
estrutura urbana, onde as famílias constroem barracos em geral de má qualidade e
cuja distr ibuição no espaço se dá de forma desordenada, não obedecendo aos
parâmetros urbanísticos estabelecidos. A maior parte das favelas acha-se localizada
em terras da União, dos estados e municipios, sendo que algumas construções
encontram-se em áreas insalubres e de risco, estando seus moradores expostos a
enchentes e a desmoronamentos de encostas.
Ao longo da história, o comportamento do poder público em relação ao fenômeno
das favelas tem sido, no mínimo, contraditório. Inicialmente permite e até mesmo
colabora 1 com a formação dessas áreas. E m seguida adota a política de erradicação
1 Na literatura, há relatos sobre a papei desempenhado pelo poder público na formação de áreas de ocupação, seja fornecendo caminhão para o transporte da mudança das famílias para novas áreas, especialmente em caso de remocãc, seja permitindo a ocupação. Há também registro da participação de vereadores e funcionários municipais "indicando" e "autorizando" a ocupação de áreas. Ver a respeito Guimarães (1990) e Póvoa (2002).
15
dessas áreas e remoção de seus moradores, em geral transferidos para conjuntos
habitacionais distantes do lugar de or igem. E, nos últimos 20 anos, passa a
reconhecer o direito das famílias de permanecerem nesses locais, ao mesmo tempo
e m que as áreas de favela tomam-se objeto de programas de urbanização e de
planos diretores específ icos, visando transformá-las em bairros integrados à malha
urbana, e melhorar as condições de vida de sua população.
Ao par disso, a implementação de políticas de habitação para a população de baixa
renda não tem sido capaz de atender a demanda e, conseqüentemente, de impedir
ou minorar o crescimento das favelas. Elas, hoje, estão presentes não apenas nas
grandes metrópoles, como também fazem parte do cenário das cidades médias e
pequenas do País.
Dentro da proposta de reforma do Estado e do processo de descentral ização, com a
municipal ização das políticas sociais e até mesmo antes dela, surgem experiências
de parceria entre o poder público local e a sociedade organizada, dentro de uma
nova forma de gestão urbana (Júnior, 2000; Chaffun, 1997; Bonduki , 1997). Essas
experiências têm procurado minimizar os problemas na sociedade, entre eles o da
habitação e suas conseqüências, seja atuando junto às comunidades visando
diminuir a desigualdade social e evitar o aumento da cr iminal idade, seja buscando
soluções alternativas de moradia para as famílias de baixa renda.
É sobre essa realidade que trata o presente capítulo. Ele se inicia com uma
discussão sobre a questão das favelas no País, as conseqüências da sua
proliferação, o impacto e prejuízo que elas t razem ao meio urbano e à sociedade em
geral , entre eles o que hoje constitui um problema de d imensão nacional: o
crescimento vertiginoso da violência fomentada pelo tráfico de drogas e de armas.
Na segunda parte é feita uma descrição panorâmica das diversas iniciativas do
poder público para enfrentar a questão da moradia para a população de baixa renda.
Por último discute-se a nova proposta de gestão urbana, a parceria entre poder
público e sociedade organizada, seus limites e possibi l idades, dentro do processo de
municipal ização da política habitacional.
16
1.1 O fenômeno das favelas
As favelas surgem no Brasil no início do século XX em conseqüência do processo de
desenvolvimento econômico e de polit icas do governo. Não são de forma alguma
causa. Surgem como estratégias de sobrevivência de uma parcela da população
que não tem condições f inanceiras de ter acesso à moradia através do mercado e
que passa a invadir, em geral, áreas desvalor izadas, de difícil acesso, sem infra-
estrutura urbana, "esquecidas" pelo poder público e sem interesse para o mercado
imobiliário e ali constrói sua moradia.
Nestes pouco mais de 100 anos, a favela recebeu tratamento diferenciado, tanto por
parte do poder público, como pela sociedade em geral. Formada sob o olhar
indiferente do poder público, e muitas vezes até por ele est imulada, começa, a partir
de certo momento, dentro do processo da campanha higienista, a ser considerada
um problema de saúde pública, foco de insalubridade e epidemias. Nos anos 30
toma-se um caso de polícia e seus moradores vistos como seres inferiores,
marginais e vagabundos, colocando-se a erradicação das famílias dessas áreas
como a solução do problema.
Inúmeros foram os processos de remoção de favelas implementados no País, muitas
vezes acompanhados de ações violentas de retirada de seus moradores, o que
ocorreu em vários momentos na história e ainda acontece hoje em dia,
especialmente no caso de algumas novas invasões e de construções em áreas de
risco, principalmente na época das chuvas.
A partir dos anos 80, veri f icam-se mudanças na postura do poder público e da
sociedade em relação às favelas. Em conseqüência da mobi l ização e organização
da população moradora de favelas e do apoio de organizações humanitárias, com
destaque para a Pastoral da Terra, passa a ser reconhecido o direito das famílias -
que ocupam há vários anos terrenos invadidos e não se encontram e m áreas de
risco - de permanecerem no local, e inicia-se uma polít ica de urbanização e
regularização dessas áreas v isando, em última instância, integrá-las à malha urbana.
Ainda que essa política tenha se traduzido e m melhoria das condições de v ida da
população, que passa a ter acesso aos serviços urbanos, esta mudança, no entanto,
não é acompanhada de uma política de controle do adensamento, de invasão das
17
áreas já urbanizadas e de novas áreas, ao mesmo tempo em que não se verifica um
processo de integração à maíha urbana.
Na grande maioria dos casos, é cada vez mais visível o processo de segregação a
que essas áreas estão submet idas, especialmente após o advento do tráfico de
drogas. Hoje a questão das favelas não apenas constitui um desafio social, mas vem
se tornando uma questão de segurança quase nacional 2 .
As condições de vida dos moradores dessas áreas são marcadas pela carência e
pela violência, onde se faz presente uma violência estrutural ainda maior, aquela
que agride a sua condição de ser humano. Moradias precárias e muitas vezes
sujei tas a calamidades, falta de infra-estrutura urbana básica como rede de água e
esgoto, dif iculdade de acesso à educação de qual idade, quando conseguem ter
acesso a ela, à saúde e ao transporte.
A atuação violenta da polícia nessas áreas é marcante e a convivência forçada com
o tráfico também agride a l iberdade dos moradores das favelas. A estas pessoas é
negado seu direito básico: o de cidadão, ao mesmo tempo e m que contra elas se
desenvolve um preconceito maior. Hoje, favela e favelado são expressões usadas,
na l inguagem comum, como parâmetro para se referir a uma situação de moradia ou
de condição de vida identif icadas como as de maior penúria.
Quando se compara, através de pesquisas realizadas no País, a situação socio
económica e educacional da população das áreas de favelas com o restante da
população, as diferenças são marcantes e fica bem evidenciada a desigualdade
social , ainda que esta não seja prerrogativa das áreas de favelas, se fazendo
também presente em outras áreas das cidades.
E m São Pauio, em 1991, 2 6 % da população moradora de favela acima de cinco
anos não sabiam ler e nem escrever, enquanto que na população do município este
percentual era bem menor, 10,55%. A renda é outro fator de discrepância: nas áreas
de favela 32,23% da população com 10 anos ou mais usufruíam renda até dois
salários mínimos mensais, enquanto que nc município esse percentual era de
2 Foge ao escopo deste trabalho discutir a questão das favelas e a incidência do tráfico de drogas. No entanto, é fato público e notório, especialmente presente na mídia do País, que hoje grande parte das áreas de favelas, mesmo aquelas localizadas em cidades de porte médio e pequeno, acha-se submetida a essa realidade, algumas mais do que outras. Raras são aquelas onde o fenômeno não está presente.
18
24,96%. E essas ciscrepâncias aparecem não só na renda e na educação, como
também na questão do emprego, da posição na ocupação e em outras variáveis
como gênero e cor (Taschner, 2000:13).
A mesma situação se reproduz em Belo Horizonte. Em 1991, 14,9% da população
de favelas não sabiam ler nem escrever, enquanto que na população total esse
percentual era de 7,09%. Quanto ao rendimento mensal, 70,2% dos chefes de
família em área de favelas recebiam menos de dois salários mínimos mensais,
enquanto esse percentual para o total dos chefes de família era de 27 ,72%
(Guimarães, 2000:367-371 e IBGE, 1991).
Embora esses dados se refiram à realidade paulistana e belorizontina, certamente
eles se reproduzem em outras cidades do País, pois se estima que o déficit de
moradias no Brasil seja de seis milhões de moradias, com uma notável incidência
urbana. A região Nordeste lidera com uma demanda de mais de dois milhões de
moradias, seguida da Sudeste, onde a demanda também está c ima dos dois
milhões. As duas regiões somadas perfazem 7 5 , 8 % do déficit habitacional brasileiro
(FJP, 2002).
A cada dia aumenta o número de famílias moradoras de áreas de favelas em todo
País, especialmente nas grandes cidades, e m virtude do empobrecimento e da
perda de poder aquisitivo da população, o que tem levado cada vez mais famílias a
optarem por morar nessas áreas e m condições de v ida precárias. E esse
crescimento é fomentado pelo desemprego, subemprego, imigração e políticas
governamentais inadequadas que aumentam o número de pessoas que vivem
abaixo da linha de pobreza. Estudos reve lam 3 que nos últimos 10 anos o
crescimento das favelas não se deve à imigração rural urbana, tal como no passado,
mas à transferência para essas áreas de famílias que até então v iv iam de aluguel
em bairros periféricos, como uma estratégia de baratear o custo de sobrevivência.
Chaffun (1997) comenta, com base em pesquisa feita pela Fundação João Pinheiro
em 1991, que "o déficit habitacional relativo aos domici l ios improvisados, rústicos e
as famílias em coabitação é de cinco milhões de unidades, sendo 2 5 % nas áreas
metropol i tanas, 4 2 % nas demais áreas urbanas e 3 3 % nas áreas rurais" (Chaffun,
1997:25).
3 Ver a respeito Guimarães (2000) e Taschner (2001). 19
Se de um lado se tem o empobrecimento da população e a dif iculdade das famílias
e m arcarem com o ônus do pagamento de um aluguel, a ausência de intervenção do
poder público no setor da habitação popular, onde, através de programas,
possibi l i tasse o acesso à moradia, contribuí em grande parte para o agravamento do
problema das favelas expresso no surgimento de novas áreas, no adensamento e
vert ical ização das já existentes.
Quando se compara a taxa de crescimento da população das áreas de iavelas com
a da população total verif ica-se que a população favelada no País tem crescido a
taxas bem superiores a da população total . Em São Paulo, de 1980 a 1996,
enquanto a taxa de crescimento anual da população das áreas de favela foi de
5,14%, a população total cresceu a 0 ,92% (Taschner, 2000:18). Em Belo Horizonte,
no período de 1991 a 1996, a população favelada cresceu 3,5% e a população total
0 ,7% (Guimarães, 2000:357). No Rio de Janeiro, entre 1970-80, o crescimento da
população favelada foi de 32%, enquanto a população total cresceu a 17% (Azevedo
& Ribeiro, 1996:14).
Segundo Carvalho (2002), se hoje assola o Pais a violência urbana, o desemprego,
o analfabet ismo, a má qual idade da educação, as desigualdades econômicas e
sociais, uma parte substancial dessa responsabil idade se deve ao impedimento dos
avanços da cidadania, especialmente no que se refere aos direitos civis e políticos,
provocado, sobretudo, pelo regime ditatorial que durante 21 anos aqui se manteve.
Os direitos civis garantem a l iberdade, a propriedade, a igualdade perante a lei, e os
direitos políticos a organização em partidos e outras instituições representativas, de
votar e ser votado. Já os direitos sociais se referem ao acesso à educação, à saúde,
ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança e à previdência social. Pode haver
direitos civis sem direitos políticos, como também direitos sociais sem direitos
polít icos. No entanto, a ausência de qualquer um desses direitos - civil, político e
social - gera uma cidadania frágil e os direitos existentes tornam-se falaciosos, uma
vez que podem ser uti l izados como mecanismos de cooptação de parte da
população (Carvalho, 2002).
Resolver o problema de infra-estrutura das favelas é realmente importante, mas
integrá-las ao resto da cidade é fundamental . E isto não depende apenas da infra-
estrutura urbana, é necessário que se desenvolvam mecanismos que garantam a
20
cidadania desta população, especialmente no que diz respeito aos direitos sociais.
Somente a partir do momento em que a população moradora das áreas menos
privi legiadas, como as favelas, passe a usufruir o direito de acesso à educação,
saúde, trabalho, moradia, lazer e até mesmo da previdência social é que se
conseguirá diminuir a desigualdade econômica e social no País (Carvalho, 2002).
A favela vista como um problema de saúde pública, como anti-higiênica, do início do
século passado, não faz sentido. Tratá-la como o espaço da moradia da
malandragem dos anos 30 ou da marginalidade social dos anos 50, também não
cabe mais. O problema do tráfico de drogas, que fomenta consideravelmente a
violência nas grandes cidades e que atinge, principalmente, aos moradores dessas
áreas, al iado ao crescimento acelerado do fenômeno está a exigir uma nova
resposta do poder público à questão.
1.2 O poder público e a questão da moradia para a população de baixa renda
Desde os anos 30, faz parte da história do Brasil a existência de órgãos voltados
para o f inanciamento e a produção de moradias para a população de baixa renda. É
neste período que o padrão de acumulação da economia brasileira se transforma e a
indústna, sediada principalmente nas grandes cidades das regiões Sul e Sudeste,
passa a atrair um contingente cada vez maior de população, tomando-se um fator
acelerador do processo de urbanização 4 .
É também nos anos 30 que o Estado, ainda que t imidamente, dá inicio à formação
do sistema de proteção social brasileiro, considerado relevante na formação
ideológica, política e moral do trabalhador (Bonduki , 1998). A part ir dele é que
ocorrem as primeiras intervenções na questão da habitação popular.
Em 1933 começam a ser criados os Institutos de Aposentador ias e Pensões (!AP)
que, através de suas Carteiras Prediais, instituem programas de construção de casa
própria para seus associados, com financiamento a longo prazo, para a compra do
imóvel, com juros subsidiados. Os recursos para esses invest imentos provinham de
4 Esse processo se deve à mudança do padrão de acumulação da economia brasileira que. a partir de 1930. passou a ser baseada na expansão industrial, em substituição ao modelo agro-exportador até então vigente, e também a fatores climáticos gerando calamidades como a seca na região Nordeste e a procura por condições de vida melhor nas proximidades do meio urbano.
21
três fontes de contribuições: do Estado, do empregador e do empregado, dentro de
um modelo tripartide e paritário. Nesta época, também as Caixas Econômicas e até
mesmo incorporadores imobiliários facil i tavam o acesso à casa própria.
Nos anos 30, o tema habitação toma-se objeto de discussão em vários momentos.
No entanto, somente em 1945, após a II Grande Guerra, com a crise no setor da
construção civil, em conseqüência da desenfreada especulação imobiliária devido à
aceleração do processo de urbanização e de imigração campo cidade, é que ele se
torna relevante. Segundo Póvoa,
"O candidato a Presidente da República na época, Eurico Gaspar Dutra, em seu programa de governo propôs a criação de uma Caixa Nacional de Habitação para construção de 100 mil casas populares. Após vencer as eleições, ele institui, oficialmente, em 1 o de maio de 1946, a primeira política nacional de habitação cnando a Fundação da Casa Popular FCP), órgão de âmbito federal com a atribuição exclusiva de solucionar o problema da habitação popular no Brasil". (Póvoa, 2001:11).
Ass im, em 1946, é criado o primeiro órgão federal especial izado em habitação
social, a Fundação da Casa Popular (FCP), e definida uma política nacional de
habitação.
Durante sua existência, foram vános os problemas enfrentados pela FCP, sendo um
dos principais a falta de recursos necessários à implementação da política
habitacional. Na sua criação f icou definido que a Fundação contaria com recursos
tradicionais tais como doações e transferências do tesouro e receberia, também, 1 %
do valor dos imóveis adquir idos, com valor igual ou superior a 100 mil cruzeiros,
caracterizando, assim, uma política de cunho redistributivo.
No entanto, essa medida não teve eficácia. Os contnbuintes falsif icavam os valores
dos imóveis e o governo do Estado, responsável por repassar o valor da contribuição
à FCP, não o fazia. Ass im, ainda que a Fundação da Casa Popular tenha sido
responsável por uma expressiva produção de conjuntos habitacionais no Pais, esta
foi insuficiente para atender a demanda de moradias na época. O formato
institucional do órgão terminou per impossibil i tar a sua cont inu idade 5 e favoreceu a
adoção de critérios cüentelistas na escolha dos beneficiados, estabelecendo uma
política habitacional não universalista, ao contrário do que se propunha.
5 Maiores nformações ver a respeito Andrade & Azevedo (1982). 22
Nos anos 60, devido às imigrações maciças para as cidades e as tensões nas
favelas, a questão habitacional toma-se objeto de uma nova política. Em 1964, o
primeiro governo da revolução militar cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), o
Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU) e o Sistema Financeiro de
Habitação (SFH). Nessa ocasião, a FCP e as Carteiras Prediais dos Institutos de
Aposentadoria são extintas, e o BNH passa a centralizar todas as ações relativas à
política de habitação para a população de baixa renda.
Para garantir recursos ao BNH foram criados o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS), constituído pela poupança compulsória dos trabalhadores, e o
Sistema Brasileiro de Poupança e Emprést imo (SBPE), constituído pela poupança
voluntária captada através das cadernetas de poupança.
O FGTS é constituído de 8% do valor dos salários pagos mensalmente aos
trabalhadores com carteira assinada e deposi tado pelo empregador em uma conta
específica do trabalhador que fica à disposição do governo para ser utilizado no
f inanciamento da casa popular, e caracteriza a principal fonte de recurso para o
f inanciamento da política de habitação.
Em decorrência da nova política são também criadas as Companhias de Habitação
(COHAB) em vários estados e municípios, que passam a ser encarregadas de
implementar os programas de habitação. Dessa forma, o BNH era o gestor dos
recursos do Sistema Financeiro Habitacional e o responsável pela definição da
política nacional de habitação, f icando a implementação dos programas
habitacionais destinados à população de baixa renda a cargo das COHAB.
Ass im, o BNH surge
"(...) com competência para orientar, disciplinar, controlar o Sistema Financeiro da Habitação, para promover a construção e a aquisição de casa própria, especialmente pelas classes de menos renda (...) veda-lhe operar diretamente em financiamento, compra e venda ou construção de habitação. Essas funções deveriam ser exercidas pelos agentes executivos do sistema". (Andrade & Azevedo. 1982: 61).
O objetivo oficial e definido como principal da politica do BNH era possibilitar à
população de baixa renda o acesso ã casa própria, mas havia outros objetivos a
serem alcançados como mobiíizar c setor da construção civil, v isando atenuar a
23
crise econômica e gerar novos empregos, e também obter o apoio das massas
populares ao novo governo 6 .
A captação de recursos, sob gestão do BNH, ultrapassou todas as expectat ivas 7 e é
inegável que a existência do Banco possibil itou uma produção significativa de novas
moradias no País através dos diversos programas. De acordo com Azevedo (1996) e
Chaffun (1997), durante toda a existência do BNH (1964-1986) foram financiadas
cerca de 4,8 milhões de unidades habitacionais, o que corresponde a 25% do total
das moradias construídas no Brasil no período, que, no entanto, serviram
principalmente para subsidiar as classes médias e altas. Somente 3 9 , 1 % das
unidades construídas foram dest inadas aos setores populares e aos programas
alternativos de baixa renda, com repercussões inversas ao esperado.
No entanto, a partir do final dos anos 70, com a crise mundial , o processo
inflacionário, o achatamento dos salários e a má administração dos recursos
provocaram a inadimplência e u m desequilíbrio entre ativo e passivo do BNH,
comprometendo a continuidade dos programas e a saúde f inanceira do Banco.
Na época da implantação da chamada Nova República (1985), o B N H enfrentava
grave crise institucional. O Sistema Financeiro da Habitação vinha acumulando
déficits crescentes, em que pese inúmeras medidas adotadas ao longo da trajetória
do BNH visando compatibil izar o desempenho financeiro com a capacidade de
pagamento de sua diversificada clientela.
Diante da situação o governo cria um Grupo de Trabalho de Reformulação do
Sistema Financeiro de Habitação (GTR/SFH), composto por representantes da
Comissão Nacional dos Mutuários (CNM), do Departamento Intersindical de Estudos
Econômicos e Estatísticos (DIEE3E) , da Associação Brasileira das COHAB (ABC) e
da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobil iário e de Poupança
(ABECIP). Após inúmeras recomendações do GTR/SFH, análise consensual do
governo e sociedade, pressões e contrapressões e a persistência dos problemas
econômicos financeiros, a falta de liquidez e o déficit do SFH, o governo adota
reajustes e políticas que, de certa maneira, a tendem aos anseios dos mutuários.
Durante um curto prazo, o sistema obteve uma melhora sensível. Porém, longe de
6 Ver mais sobre a criação do BNH em Guimarães (1974). 7 Em 1985, o BNH controlava 1/3 de todos os valores não monetários do País, através do FGTS e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo.
24
se alcançar o consenso tendo em vista os diferentes interesses envolvidos, o
governo decretou a extinção do Banco (Melo, 1990).
Na visão de Azevedo (1988), as medidas adotadas visando a busca do equilíbrio
f inanceiro terminaram por comprometer os objetivos sociais que justif icaram a
criação do Banco Nacional da Habitação. Ass im, estava em cheque não só a
capacidade do BNH em produzir casas para os setores de baixa renda, mas também
o próprio modelo em que se assentava a captação de recursos e o f inanciamento
das unidades habitacionais. Em 1986 o Banco Nacional da Habitação é extinto e
suas atr ibuições transferidas para a Caixa Econômica Federal (CEF).
A extinção do BNH não contou com medidas capazes de enfrentar a crise do
Sistema, crise esta que se agravou quando ocorreu a substituição do B N H pela CEF,
um banco de cunho comercial, o que tomou ainda mais agudos os problemas
institucionais da habitação e dificultou os f inanciamentos de programas voltados
para a habitação popular. A Caixa Econômica Federal
"(...) ainda que considerada uma agência financeira de vocação social, a Caixa possui, como é natural, alguns paradigmas institucionais de um banco comercial (...). Neste contexto, tomou-se muito difícil, por exemplo, dinamizar programas alternativos, voltados para os setores de menor renda e que exigem elevado grau de subsídios, envolvimento institucional, desenvolvimento de pesquisas etc". (Azevedo 1996: 81).
A Caixa Econômica Federal assume as funções e encargos do sistema. A partir de
então, ocorrem sucessivas mudanças contribuindo para desart icular quase que
completamente o setor governamental responsável pelas políticas urbana e
habitacional, evidenciando a ausência de uma proposta por parte do governo com
relação à questão habitacional no País.
C o m a promulgação da Constituição Federal de 1988, outra mudança significativa é
introduzida na área de política de habitação. Com a proposta de reforma do Estado
e o processo de descentral ização das polit icas públicas, vistos enquanto a estratégia
adequada para alcançar a eficiência do Estado brasileiro, uma série de atribuições
do âmbito federal é transferida para os governos dos estados e municípios, em
especial as relativas às políticas sociais e, entre elas, a de habitação.
A proposta de reforma é acompanhada de indicativos de mudanças no aparato
organizacional e trouxe, como novidade, a participação da sociedade organizada no
25
processo decisório de definição e implementação das políticas sociais, enquanto um
instrumento de controle e fiscalização das ações do poder público, v isando torná-las,
a priori, mais democrát icas, transparentes e, conseqüentemente, capazes de
promover maior eqüidade social.
Desse modo, a partir dos anos 90, a definição e a implementação da política de
habitação popular tornam-se responsabi l idades do poder público local (estadual ou
municipal) sem que se verif ique, no entanto, qualquer definição a respeito. As
mudanças ocorridas na política habitacional, a partir da extinção do BNH e com a
nova Carta Magna são relatadas em Azevedo (1996):
"(...) devido às mudanças da política habitacional a partir da Resolução 1464, de 26/02788, do Conselho Monetário Nacional e normas posteriores (CEF, 1988) (...) e sob a alegação de controle das dívidas dos estados e municípios, criou medidas restritivas ao acesso a créditos por parte das COHABs. Do mesmo modo a Caixa Econômica Federal, ao criar novas normas para se adaptar à citada resolução e outras que lhe sucederam, terminou, na prática, não só por transferir à iniciativa privada os créditos para habitação popular, como também diminuiu a capacidade dos estados e municípios de disciplinar a questão habitacional". (Azevedo,1996:81-82).
Como conseqüência, as COHAB se t ransformam de agentes promotores em simples
órgãos assessores e os mutuários finais passam a assumir os custos totais dos
terrenos e da urbanização, t razendo inúmeras conseqüências negativas.
"'Entre elas poder-se-ia destacar: paulatina diminuição de poder das Companhias Habitacionais; elevação do nível de renda da clientela dos programas tradicionais, devendo agora atingir fundamentalmente famílias com rendimentos mensais acima de cinco salários mínimos; e inviabilidade de dinamização de programas alternativos". (Azevedo, 1996: 82).
No início dos anos 90, o governo Collor procura desenvolver uma política
habitacional pouco expressiva com o Plano de Ação Imediata (PAI) para habitação.
E m 1991, foi facilitada a quitação da casa própria como forma de aumentar o fluxo
de caixa para novos f inanciamentos habitacionais, mas isso não minimizou a crise
de moradia no País.
C o m a saída de Collor, Itamar Franco (1991-1993) chega ao poder e lança o Habitar
Brast/8, programa que pretendia atender famílias de baixa renda em municípios com
mais de 50 mil habitantes e o Morar Município para municípios menores. Devido à
B Maiores informações sobre os programas Habitar Brasil e Morar Município ver Azevedo (2000) e Ministério (1993).
26
inexistência de um fundo destinado ao programa proposto, o mesmo não surtiu o
efeito esperado: a crise da moradia cont inua e o programa, sob a coordenação do
Ministério do Bem-Estar social, que deveria melhorar as condições de vida das
famílias de baixa renda, principalmente em grandes centros urbanos, promovendo a
desfavel ização com a produção de moradias e a urbanização das favelas, não
consegue atingir seus objetivos.
Após um período de desart iculação da política habitacional no País, em 1992, o
debate encontra novos canais de expressão via Congresso Nacional e, sobretudo,
devido à ação de alguns setores da sociedade: os movimentos de moradia, as
associações e entidades empresariais e o Fórum de Secretarias Estaduais de
Habitação.
Em função desse período de indefinição institucional, os diversos segmentos l igados
à provisão de moradias mobi l izaram esforços visando suplementar a ação
governamental , reconhecendo que o Estado sozinho não poderia dar conta da tarefa
de reduzir o déficit habitacional. Várias propostas são encaminhadas ao Congresso
Nacional sob a forma de projetos de leis.
Neste processo, uma nova tendência é incorporada pelo governo Federal, a de
descentral ização da política e transferência da responsabil idade para o âmbito
estadual e municipal. A proposta era reduzir a centralização das decisões na
alocação de recursos e fortalecer o papel dos estados e municípios na execução da
política habitacional, fornecendo a estes, maior flexibilidade na definição das
alternativas a serem adotadas. Ao mesmo tempo, o governo deixa de priorizar a
casa pronta, produzida por empreiteiras, e cria o Pró-Moradia, delegando ao
colegiado estadual, integrado por representantes do governo e sociedade, a
deliberação quanto aos programas e projetos a serem financiados (Chaffun, 1997).
No governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), há uma tentativa de se
discutir a questão habitacional, a política urbana e o saneamento ambiental , bem
como o papel cos municípios no quesito descentral ização e política habitacional.
Nesse período foram desenvolvidos e implementados programas de habitação,
todos voltados para as classes média e alta, com renda mensal até 12 salários
mínimos. Uma vez mais, o problema de moradia para as classes mais pobres no
País ficou esquecido e/ou protelado.
27
Na visão de Azevedo (1996), o governo se propõe a discutir a questão habitacional
de forma integrada à política urbana aliada ao saneamento ambiental, reforçando o
papel dos municípios como responsáveis pela moradia popular, est imulando-os a
adotarem ações diversif icadas, voltadas para a urbanização das favelas e
recuperação das áreas degradadas. Essa mesma política incentiva a adoção de
tecnologia simplif icada na construção de moradia de qualidade, com baixo custo
(Azevedo, 1996). Entretanto, segundo o autor, quase nada ou nada foi feito na
questão de moradia nos últimos governos, não por falta de proposta e sim por falta
de vontade política.
No caso de Minas Gerais, na década de 90, novos instrumentos passam a compor o
novo formato da polit ica habitacional: o Fundo Estadual de Habitação (FEH) e o
Conselho Estadual de Habitação (CEH) e as prefeituras municipais passam a ser
responsáveis pela implementação dos programas, bem como pelo retorno financeiro
dos emprést imos concedidos através de recursos do Fundo, tornando-se, assim, os
órgãos promotores da política de habitação em seus municípios.
Os municípios, nesta época, achavam-se pressionados pelo aumento dos
assentamentos informais, invasões e ocupações clandestinas de áreas públicas.
Neste contexto, alguns deles desenvolveram polít icas no setor, com a criação de
programas visando à melhoria das condições de moradia para os mais pobres,
através da implementação de experiências de baixo custo e da regularização de
assentamentos.
Segundo Bonduki (1997), a partir de meados dos anos 80, sobretudo nos anos 90,
surgem no Brasil experiências inovadoras na área da habitação popular, que
marcam uma nova postura de intervenção ou de gestão urbana, cr iando alternativas
crescentemente adotadas por prefeituras que se preocupam com a renovação da
ação governamental e com a questão social voltada para políticas urbanas.
Dentre as características dessa nova postura democrát ica de experiências
inovadoras, pode-se destacar a participação popular nas decisões sobre as
prioridades de governo, através da criação de Conselhos de gestão urbana, da
implementação de orçamentos participativos e acompanhamento da alocação
orçamentária.
28
A partir de então, assiste-se no País a diversas iniciativas do poder local na área da
habitação, com concepções que variam de município para município, e cujas fontes
dos recursos nem sempre são constantes já que, em sua maioria, dependem da
conjuntura e da "vontade política" da administração local (Azevedo e Prates, 1991 ;
Melo, 1996; Arretche, 1996),
Do ponto de vista democrát ico, o grande desafio é criar novas instituições que sejam
capazes de tomar oportuna e estimular a part icipação direta da população nos
assuntos públ icos, um dos únicos caminhos para romper o abismo que separa
Estado e sociedade, visando reconstruir, permanentemente, a legit imidade das
decisões de governo.
1.3 A nova forma de gestão urbana: poder público e sociedade organizada
As mudanças ocorridas a partir da Constituição Federal de 1988 favoreceram a
autonomia dos municípios, o estabelecimento de novos formatos de organização do
poder local e de novas práticas de gestão. Em seu artigo 23, IX, a Carta Magna
estabelece que a União, os estados e os municípios têm competênc ia concorrente
na promoção de programas de construção de moradias e melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico.
As reformas institucionais, especialmente aquelas que visam ao fortalecimento da
autonomia dos municípios e ao estabelecimento de novos formatos de organização
do poder local, estão sendo implementadas com vistas à criação de parcerias entre
o poder público e setores da sociedade organizada, que vêm se efet ivando e m um
processo crescente de municipalização das políticas sociais e de descentral ização
administrat iva.
"São essas novas formas de interação entre governo e sociedade que permitiriam o surgimento nos municípios brasileiros de novos padrões de governo, baseados nos princípios do modelo de governança democrática. Ao falar em governança democrática estamos falando, portanto, em formas específicas de interação entre governo e sociedade, características do funcionamento dos sistemas político-institucionais do regime democrático de governo". (Santos Júnior, 2001:66).
29
O crescente processo de municipal ização das políticas sociais e de descentralização
administrativa tem como base a noção de que o ámbito local é não só a dimensão
espacial ou o território mais propício, como também o mais estratégico para viabilizar
a participação cidadã (Melo, 1995).
Prat icamente foi incorporada ao senso comum a idéia de que governo municipal é a
esfera polít ico-administrativa do Estado que mais faci lmente pode ser
democrat izada, em termos de formas e instrumentos de gestão, e também de
possibi l idades e facil idades para a distr ibuição mais equil ibrada de poder entre
diferentes segmentos da população.
Os fatores mais diretamente l igados a esse argumento são a escala dos problemas
e a atuação governamental , a proximidade entre governantes e governados, a
responsabi l idade do município pelos serviços públicos que devem ser oferecidos à
população, levando-se em conta a necessidade e a qual idade dos mesmos, o grau
de burocratização das organizações locais, que deve obedecer à hierarquia de
poderes estaduais e federais e, em última análise, a tradição histórica dos
municípios.
Dentre os aspectos que podem caracterizar o governo local como democrático,
destacam-se duas dimensões fundamentais para a participação dos cidadãos na
dinâmica democrát ica do município. A primeira é a condição de exercício efetivo dos
direitos de cidadania. Apesar dos direitos civis, sociais e políticos fundamentais
serem definidos pelo sistema legal em âmbito nacional, os municípios têm
autonomia e podem, através da adoção de polít icas, alargar ou restringir o exercício
efetivo desses direitos. No tocante aos direitos sociais, os municipios podem
desempenhar um papel determinante no exercício desses direitos por meio da
regulamentação das políticas urbanas, de educação, de saúde, dos transportes, das
referentes à criança e aos adolescentes etc.
No Brasil, há exempios inovadores no plano local em tomo da atribuição de novos
direitos sociais. Os municípios brasileiros têm-se diferenciado no enfrentamento dos
problemas da pobreza e da miséria, por meio de políticas redistributivas da renda e
da riqueza produzidas no espaço das cidades; da inversão de prioridades na
alocação de recursos públicos; de invest imentos nas áreas de educação e da
formação profissional; e de políticas de prevenção e combate à violência.
30
Segundo Santos Júnior (2001), atualmente, pode-se destacar alguns dos programas
inovadores implementados por esses municípios no âmbito das políticas sociais,
como o de renda mínima/bolsa escola; os de habitação para a população de baixa
renda; de urbanização de favelas; de regularização fundiária de áreas de especial
interesse social ; de aleitamento materno e de acompanhamento da saúde da
mulher; de f inanciamento de empreendimentos econômicos populares através da
criação de bancos do povo.
A segunda condição essencial para a participação dos cidadãos na dinâmica
democrát ica das cidades é a cultura cívica. Putnam (1996), em seu clássico estudo
sobre a reforma institucional da Itália, conclui que o contexto social condiciona o
funcionamento e o desempenho das instituições de governo. Para ele, "o contexto
social está relacionado à natureza da vida cívica, que denomina de 'comunidade
cívica', caracterizada por cidadãos atuantes e imbuídos de espírito público, por
relações políticas igualitárias, por uma estrutura social f i rmada na confiança e na
colaboração" (Putnam, 1996:31). Na visão de Santos Júnior (2001:92), "a cultura
cívica é a expressão não apenas das regras de reciprocidade, mas da corporif icação
de sistemas de participação social, formados pelas associações da sociedade civil,
que representam uma forma de capital social".
Para a teoria democrática (Santos Júnior, 2001), as desigualdades sociais possuem
relevância na medida em que produzem desigualdades nas condições de exercício
da cidadania e, portanto, desigualdades de poder, e impedem, ainda, o acesso aos
recursos e habil idades necessários ao exercício dos direitos e à participação social.
Partindo da abordagem da exclusão centrada na inserção dos indivíduos no sistema
produtivo, percebe-se que são pequenas as possibil idades de respostas das esferas
municipais de governo, já que a estrutura de empregos vincula-se à estrutura política
produtiva de cada país e é diretamente influenciada pela lógica das cadeias globais.
Ass im, neste aspecto, a política municipal é limitada pelo quadro de referência
nacional.
Mas, apesar de se reconhecer a l imitada capacidade das esferas locais para
enfrentar o fenômeno da exclusão social, a abordagem em tomo das desigualdades
sociais permite identificar possibil idades de intervenção no plano local, pelo menos
em dois componentes fundamentais à integração social:
31
a) as redes de sol idariedade e de fil iação social que se constituem como
componentes fundamentais de integração social, uma vez que sem elas
aprofundam-se os riscos de fragmentação do tecido social. A descentral ização e a
municipal ização das políticas sociais, pr incipalmente no tocante à assistência social,
abrem possibil idades de intervenção da esfera local de governo para fortalecer
essas redes.
b) o reconhecimento da habil i tação dos c idadãos à sua participação social e política.
Se jam quais forem as fontes das desigualdades, elas interferem na habilitação dos
membros de uma sociedade para o exercício dos seus direitos de cidadania e para
sua participação social e política. Nesse sentido, há de se destacar o papel
integrador das associações e organizações da sociedade, pois elas acabam
tomando-se um espaço de participação social e política e incidindo sobre a
habil itação dos cidadãos para o exercício da sua autonomia e a efetividade da sua
cidadania
A discussão sobre o modelo de governar é, pois, a discussão sobre a democracia, e
é importante identificar os aspectos que podem caracterizar um sistema de governo
democrát ico no plano local/municipal, de forma a discutir os avanços, bloqueios e
desafios da reforma institucional empreendida no contexto brasileiro, no que se
refere à questão habitacional nas três esferas de governo, mais precisamente na
municipal.
No contexto da exclusão, há que se destacar a questão da moradia desse
contingente populacional que, por falta de políticas vol tadas para o social, em
especial para a habitação, se vê obrigado a investir nos grandes bolsões de pobreza
para morar. Nesse panorama social de moradias em bolsões de pobreza, uma
iniciativa bastante discutida pelos estudiosos do assunto é o Estatuto das Cidades,
cujo objetivo principal é a regulamentação da função social da terra urbana e de
outras instalações.
De fato, hoje nas grandes e médias cidades existem muitos terrenos baldios que
servem para fins especulat ivos, encarecendo a moradia urbana e agravando o
problema habitacional, sem que nenhuma legislação coíba a especulação,
conferindo uma função social à terra urbana e a outras instalações e prédios
desocupados. A crise habitacional deve ser enfrentada também por um sistema de
32
parcerias entre União, estados e municípios no sentido de buscar formas
diferenciadas de soluções, mais adequadas a cada região.
Apesar de vaga a definição de responsabil idades entre os diferentes níveis de
governo, os municípios, em larga medida, assumiram a política habitacional em suas
Leis Orgânicas e Planos Diretores, f ixando diretrizes e alocando recursos. Com isso,
ampl ia-se a contribuição para o debate em nível local e cria-se a oportunidade para
a revisão de antigas práticas relacionadas à forma de organização e atuação. Ao se
ampl iar a responsabil idade e atribuições dos municípios, coloca-se e m discussão a
necessidade de se fortalecer as instituições que interagem com os governos locais.
Em suma, a administração pública deve ser permeável à maior part icipação dos
agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil uma vez que "essas
instituições permitem maior participação de grupos organizados da sociedade na
elaboração e na fiscalização das políticas públicas" (Azevedo & Anastasia, 2001:4).
Impõem-se, assim, novas formas de governar e gerenciar.
Para alguns autores (Gomes, 2000), o fortalecimento do poder local pode colocar e m
risco a integração nacional, à medida que tais reformulações estão se processando
em um contexto de competição entre cidades pela atração de novos investimentos
produtivos. No caso brasileiro, os municípios têm de conviver com processos de
urbanização, de concentração de pobreza urbana nas metrópoles e com fortes
desigualdades sociais.
No entanto, essa opinião não é comparti lhada por outros autores. Para Ribeiro
"Não se trata da adoção de polít icas pautadas pela compet ição predatória por capitais, cujo resultado, em muitos casos, tem sido a destru ição das condições locais que sustentam a reprodução social em cada c idade, levando à dualização das economias urbanas. Trata-se, ao contrário, de construir um projeto orientado (...) em que a produção industrial ocupa um lugar importante e a dinâmica econômica está fundada na reprodução das condições locais de aprend izagem: fatores não-mercant is, polít ico-culturáis, consti tuídos pelas convenções entre os agentes econômicos. (...) Na polít ica habitacional, por exemplo , combinam-se ações tradicionais de provisão de moradia, via f inanciamento e/ou construção mais o u menos subsidiado, com outras que objet ivam proteger os grupos sociais considerados em situação de vulnerabi l idade: urbanização de favelas, regular ização fundiária, área especial de interesse social e t c " . (Ribeiro, 1995:151-152).
(1995),
Enquanto alguns municípios, pressionados pelo aumento dos assentamentos,
invasões e ocupações clandestinas de áreas públicas, têm desenvolvido com
criatividade experiências bem sucedidas, de baixo custo, dest inadas a melhorar as
condições de moradia para os mais pobres, outros vêem procurando complementar
essas intervenções com a regularização fundiária dos assentamentos, junto ao
governo Federal e à sociedade organizada, buscando estratégias objetivas de
planejamento que visam identificar oportunidades de desenvolv imento econômico e
social.
Nesse sentido, diversas formas colegiadas de gestão local urbana e ambiental têm-
se multiplicado por todo o País 9 v isando enfrentar os desaf ios trazidos pelo momento
atual. E estes são muitos. Como afirma Santos Júnior (1996),
"As metrópoles brasileiras são marcadas por processos de d esen ra ¡zarrientos, massificação, desigualdades sociais e segregação (...) redução formal no mercado de trabalho, difusão de valores individualistas e associados á sociedade de consumo, mercantilização da cultura e monopolização dos meios de comunicação de massa; recuo nas políticas públicas e privatização ampla dos serviços de educação, saúde e previdência social (...) desestabilização de organizações da sociedade capazes de amenizar os custos da modernização e manter expectativas sociais". (Santos Júnior, 1996:43).
É evidente a baixa resposta do governo na formulação de novas políticas que
amenizem os problemas sociais. Com isso há uma tendência ao aumento da
exclusão e das desigualdades sociais que podem ser combat idas com a participação
da sociedade nos diversos âmbitos do governo v isando não apenas reivindicar
soluções, mas também, e principalmente, contribuir na definição dos rumos a serem
adotados e exercer controle sobre as ações do poder público (Santos Júnior, 1996).
Nesse sentido, a estratégia de ação é
*'(...) buscar fortalecer movimentos e redes de controle e formas institucionais participativas com ênfase aos conselhos setoriais de orçamento, desenvolvimento urbano, saneamento e meio ambiente; fóruns, articulações e movimentos sociais; projetos e programas mais ou menos formais, isoladamente
g Vitória (ES) tem sido um exemplo, Porto Alegre (RS) tem se destacado com experiências no Orçamento Participativo. Belo Horizonte (MG) oferece exemplo na coleta e tratamento do lixo. O Serviço Brasileiro de Assistência à Pequena e Média Empresa (SEBRAE), Organizações Não Governamentais (ONG) e organizações sociais têm criado alternativas ao estímulo de pequenas e micro empresas locais. No combate à pobreza, multiplicam-se as iniciativas voltadas para assegurar às familias pobres, complementação ca renda, através dos Programas de Renda Mínima e de Bolsas-Escola.
34
cu em parceria que podem envolver diferentes esferas e niveis de governo; movimentos reivindicatórios clássicos, como Federações de associações de moradores e movimentos de moradia, e de caráter étnico, de gênero e ecológico; as articulações e movimentos de pressão e caráter socioeconómico popular, ccmo associações e cooperativas; meios de comunicação de massa e de formação da consciência cidadã, disputando a hegemonia e a formação da opinião pública". (Santos Júnior, "!996:57).
Aqui é importante, fazer uma ressalva: nem sempre a participação da sociedade
organizada na gestão do governo, especialmente no que se refere às associações
de moradores, se dá através do que a literatura denomina de part icipação ampliada,
sendo a forma instrumental ou restr i ta 1 0 a mais comum.
No primeiro caso, a participação por parte das associações ocone e m virtude do
interesse na obtenção de ganhos, como o acesso à moradia, calçamento de rua,
extensão da rede de água e t c , sendo vista como um canal de acesso a melhorias e
f icando a ele restrita. Da parte do poder público a mobil ização à participação se dá
e m função de socializar e minimizar os custos de alguns empreendimentos onde se
estabelecem contrapart idas como mutirões de moradores para construir realizar
obras de urbanização e construir casas, o que representa uma economia.
A participação ampliada é de outra natureza e se baseia e m princípios e não em
estratégias para a obtenção de ganhos. Ela se verifica, principalmente, em
movimentos que lutam por direitos como os de gênero, raça, meio ambiente etc.
Segundo Azevedo&Anastasia (2001), os atores, no início, part icipam do processo
com uma visão micro, l igada a seus interesses imediatos. Paulat inamente, no
decorrer do tempo e com a evolução do processo, eles vão adquir indo uma visão
macro dos problemas urbanos e até mesmo das limitações governamentais, e aí,
s im, passam a defender uma causa mais abrangente, que engloba os interesses da
colet ividade.
A inda que os dados apontem para níveis muitos baixos de associat iv ismo 1 1 no
Brasi l , e que na maioria das situações prevaleça a participação de tipo restrita, cada
vez mais se evidencia que somente uma ação integrada entre o poder público e a
sociedade organizada será capaz de enfrentar os desafios que hoje estão postos,
especialmente no que diz respeito ã questão da moradia popular.
1° Ver a respeito da natureza da participação em Azevedo e Prates (1991). 1 1 Ver mais sobre associativismo em Azevedo (1991) (2001) e (2002).
35
Como se verá nos próximos capítulos, o caso de Itaúna acompanha, em linhas
gerais, a tendência apontada na literatura. A mobil ização e participação se iniciam
dentro do que é definido como de natureza restrita e evolui ao longo do processo.
Hoje o poder público local vem implementando políticas públicas em parceria com a
sociedade organizada, apoiada no Estatuto da Cidade, no Plano Diretor e nas Leis
Orgânicas, construindo casas, regularizando lotes e distribuindo títulos de posse
para as famíl ias carentes, evitando, assim, que em seu espaço urbano tenha
cont inuidade o processo de formação de favelas.
36
CAPÍTULO 2 - DAS MINAS DE OURO À SIDERURGIA - O MUNICÍPIO DE
ITAÚNA
O presente capítulo lança um olhar sobre o município de Itaúna, do seu surgimento
até os dias de hoje, visando reconstituir o cenário onde se desenvolve a experiência
que se pretende analisar - a parceria entre o poder público e a sociedade
organizada tendo em vista a questão da moradia popular.
Busca-se, através deste relato, retratar as principais características e mudanças
ocorr idas ao longo do processo de desenvolvimento de Itaúna, bem como identificar
os elementos responsáveis pelos acontecimentos que determinaram a situação
atual.
Tendo em vista o escopo deste trabalho, somente são aqui considerados aqueles
aspectos que se relacionam mais diretamente com o objeto da pesquisa, quais
se jam: o crescimento demográf ico, a estrutura sócio-econômica, o processo de
urbanização, a situação habitacional e as condições de acesso aos serviços de infra-
estrutura urbana no município. Ao final é apresentada a evolução dos índices de
Desenvolv imento Humano e de Condições de Vida de Itaúna que possibil i tam
visualizar o grau de desenvolvimento de Itaúna.
A maioria dos dados aqui apresentada refere-se não apenas à situação de Itaúna,
mas também a do Brasil e a do estado de Minas Gerais, possibil i tando uma visão
comparat iva entre eles.
2.1 De povoado a cidade
O município de Itaúna localiza-se na região Centro-Oeste de Minas Gerais, em sítio
de topografia montanhosa, com altitudes de 860 a 1200. Registra a história (Souza,
1986) que, em 1674, a expedição de Fernão Dias Paes, contando com Manoel da
Borba Gato e seu filho Garcia Rodngues Paes, saiu de Taubaté, em São Paulo,
deslocou-se pelo Vale do Pama iba, atravessou a Serra da Mantiqueira e chegou a
lugares onde sucederam povoados diversos como Ibituruna 1 e Paraopeba dentre
outros, até atingir a região do atual município de Sabará.
Em 1710, o tenente general Manoel da Borba Gato requereu uma sesmaria entre o
Rio Paraopeba e a Cordilheira de Itatiaia onde, hoje, se encontra a cidade de
Mateus Leme, bem próxima de Itaúna.
Segundo Nogueira,
"Não se tem uma data precisa do início do povoamento de Itaúna. A região delimitada pelos rios Paraopeba, Pará e São João começou a ser povoada desde o início do século XVIII. Existimos há quase 300 anos! As cartas de sesmarias, na região, começaram a ser distribuídas a partir de 1710. Os primeiros documentos a nosso respeito falam 'em um rio chamado São João, termo da vila de Pitangui, comarca de Sabará' (...) por volta de 1746, aparece especificamente ã expressão 'Paragem do Rio São João'. Aos poucos vai se definindo o local". (Nogueira, Folha do Povo de 20/12/97).
Segundo Souza (1986:36), "foram quatro fatores que intensif icaram o povoamento
da região Centro-Oeste do Estado: I- A bandeira de Fernão Dias Paes; I I - A Guerra
dos Emboabas; III- A escassez de al imento na região aurífera; IV- A decadência das
Minas e o conseqüente fluxo migratório centri fugo".
Não cabe aqui dissertar sobre esses fatores, mas relacioná-íos ao inicio do
povoamento do município de I taúna. Com o término da guerra civil dos Emboabas,
alguns paulistas que não obt iveram a reintegração da posse de suas terras dão
inicio a devassa de novas terras. Começam descendo o Rio Paraopeba, se desviam
para o Rio São João, descobrem e se apossam das minas de Pitangui. Nas minas,
entretanto, não obtiveram grandes lucros uma vez que elas não eram da grandeza
que supunham. Em função da extração do ouro, ao longo e nos arredores do Rio
São João, foram se formando povoados, entre eles o da Povoação de Nossa
Senhora do São João Ac ima 2 .
Com a decadência do ouro, novas atividades econômicas vão surgindo, como a
pecuária e a agricultura, impondo-se à decadente atividade de mineração. Mesmo a
lavoura de subsistência, que já vinha sendo prat icada, se toma uma força
econômica.
1 Ibituruna é o povoado mais antigo de Micas Gerais e Bonfim, município próximo de Itaúna, o segundo. 2 Maiores detalhes sobre a histeria do povoamento e do inicio de Itaúna ver em Souza (1986).
33
Nas primeiras décadas do século XIX, o povoamento mais estável da região, se deu,
sobretudo, em Bonfim, Pitangui e Betim, locais mais antigos e mais próximos do
futuro município. Entre 1841 e 1874 o desenvolv imento do povoado foi lento e
modesto, mas ele começa a sofrer t ransformações. Grandes fazendeiros, que já
haviam acumulado valiosos patr imônios, em 1840 iniciam e em 1875 completam a
edif icação da Matriz de Santana, marco nobre da cidade. Em 1850 é criada a
primeira escola.
A partir de 1877, com a criação da agência do correio, surgem os primeiros sinais de
progresso. O comércio de gado de corte se intensifica, especialmente com os
estados de Goiás e do Rio de Janeiro e o "distrito de Santana firmava-se como
pouso obrigatório dos boiadeiros, dos mascates e dos cometas, com as suas luzidias
tropas" (Souza, 1986:95). De acordo com o recenseamento de 1890, entre 1872 e
1890, a população de Santana cresce 21 ,34% e atinge um total de 5.168 habitantes,
época da Abol ição da Escravatura e da proclamação da República, quando se
verifica a ruptura da ordem econômica e política vigente no País.
Em 1891, Santana elege seu primeiro deputado estadual, o dr. Augusto Gonçalves
de Souza Moreira, e inicia sua era industrial, com a fundação da Companhia de
Tecidos Santanense, cuja inauguração se deu em 1895, depois de ultrapassadas as
barreiras que surgiram com o advento da Repúbl ica em 1889, e crise econômica e a
violenta inflação. Segundo Souza (1986:92), época difícil na história brasileira e de
Itaúna quando "determinados segmentos industriais, para aos quais somos
historicamente vocacionados, como o siderúrgico e o têxti l, enfrentavam, em seu
nascedouro, acirrada e desigual concorrência forânea, e m especial a inglesa".
Na última década do século XIX, a população de Santana do São João Acima
cresce expressivamente, a lavoura de subsistência, a pecuária e o comércio
prosperam e tem início o seu processo de industrialização. Com a Companhia de
Tecidos surge um dos primeiros bairros planejado da cidade, de idêntico nome da
indústria, o Santanense, e dá-se impulso à criação de novos núcleos comerciais,
residenciais e à pavimentação das ruas.
AJargam-se, assim, as fronteiras do município que passa a se relacionar com outras
localidades industriais como Pitangui, Pará de Minas, São João Del'Rei, Montes
39
Claros, e a integrar o parque industrial das únicas indústrias têxteis fundadas no
século XIX, em Minas Gerais.
Entre 1892 a 1902, Minas Gerais foi presidida por Augusto Moreira Pena, Crispim
Jacques Bias Fortes e Francisco Silviano de Almeida Brandão, colegas do primeiro
deputado estadual de Santana na Assembléia Constituinte de 1 8 9 1 , entre eles,
inclusive, Wenceslau Brás Pereira, futuro presidente da República, situação que
favoreceu sobremaneira aos interesses de Santana. Conforme narra Souza (1986),
foi só aguardar a época em que foi revista a organização administrat iva e judiciária
do estado, para solicitar a elevação de Santana à condição de Vila, c o m o nome de
Itaúna o que, após pleito junto ao Congresso Mineiro, foi promulgado em 16 de
setembro de 1901.
Surge, assim, a vila de Itaúna "composta dos districtos de S a n f A n a de São João
Ac ima, Carmo do Cajuru e do povoado dos Tinôcos, desmembrados do município de
Pará e dos districtos de Itatyaiussú e Conquista, desmembrados de Bonf im" (Souza,
1986:133) 3 . O nome Itaúna foi escolhido após várias sugestões. De origem Tupi
significa pedra preta, inspirado na existência de uma grande pedra de cor negra na
colina do Rosário, lugar onde se originou a c idade.
O século XX foi envolto de grandes acontecimentos e progresso para Itaúna. Inicia-
se com a aprovação do pleito para o povoado transformar-se em Vi la. Segue com a
chegada do trem de ferro que trouxe um avanço econômico ao setor produtivo
permitindo o escoamento da sua produção. Em 1911 é fundada a segunda indústria
têxtil, a Companhia Industrial I taunense; e m 1912 é a vez da eletricidade e do
serviço de i luminação pública chegarem e quando circula o primeiro automóvel pelas
ruas da cidade. Em 1915, pela Lei n. 633, de 18 de setembro, a Vi la de Itaúna é
elevada à categoria de cidade.
a Extraído da Lei número 319, de 16 de Setembro de 1901. 40
Em 1924, com a vinda da família Corradi de Ouro Preto para Itaúna, tem início uma
nova atividade econômica no município com a construção da Metalúrgica Irmãos
Corradi. Essa fundição, inaugurada em 1925, transforma o minério de ferro
produzido na região e passa a comercial izar seus produtos - arados, engenhos e
moinhos para moagem de café - para todo o estado e o País. Também em 1925,
pela Lei n. 879, Itaúna é eleita comarca, sendo todo esse processo acompanhado de
melhoria do serviço de abastecimento de água da cidade, que se transforma em um
novo pólo econômico do estado de Minas Gerais com a presença das siderurgias.
Segundo Souza (1986), os Corradi também foram os precursores da construção do
primeiro alto-fomo de gusa no município, com capacidade de processamento de oito
toneladas diárias. Em Itaúna a primeira histórica "corrida de fogo" - lava quente que
escorre do minério de ferro após seu alto aquecimento nos fomos - aconteceu em
10 de junho de 1942. Outros altos-fomos v ieram na década de 50, como a
Siderúrgica Itatiaia que, nos mesmos moldes das indústrias têxteis, influenciou o
povoamento de outro bairro ao seu redor, o Padre Eustáquio. A siderurgia se
transforma no setor de maior relevância na economia do município, favorecendo o
incremento de vários segmentos de pequeno, médio e grande porte na produção de
aço, ferro gusa, produtos metalúrgicos acabados, chegando a ultrapassar fronteiras
como a da China.
Segundo depoimento de um ex-vice-prefeito 4 , a implantação da Cia de Tecidos
Santanense e dos al tos- fomos foram os atos precursores para a expansão da
cidade para fora do perímetro central na época, com a criação dos primeiros bairros
planejados do município, projetados por um engenheiro, com ruas largas e
quarteirões definidos com infra-estrutura básica. Esses bairros foram criados em
terrenos cedidos pelos fundadores das mesmas indústrias, em troca de ações de
capitais e/ou benefícios da Prefeitura, tais como implantação de infra-estrutura
básica: água, energia elétr ica, redes de esgotos e calçamento, entre outros.
Na década de 1960, surge uma nova indústria na cidade, a Usina São João
pertencente à Companhia Industrial I taunense. É também dessa época a construção
da BR 262 e da Rodovia Fernão Dias (BR 381), seguindo os eixos rodoviários.
4 Entrevista realizada em 09/06/03.
41
ferroviários e o leito do Rio São João, o que impulsionou a expansão do município e
trouxe para Itaúna um corpo empresarial diversif icado e complexo.
E m 1966 é criada a Universidade de Itaúna que nas décadas seguintes consolida-se
como um dos centros universitários mais importantes do interior mineiro. Como
símbolo da vocação industrial do município, na década de 70 foi implantado em
Itaúna o Centro Tecnológico de Fundição Marcelino Corradi, um projeto do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), e m parceria com a Organização das
Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o primeiro
do gênero na América Latina e cujo objetivo é a formação e treinamento em três
graus de ensino, simultaneamente.
Em 1975 a cidade recebe o titulo de Cidade Educativa, da Organização das Nações
Unidas (ONU), episódio que teve significativa importância na história da cidade,
especialmente por despertar na população um sentimento de pertencimento,
responsável pelas ações de parceria e integração que se desenvolveram entre a
sociedade e o poder público a partir de então, cuja descrição e análise será objeto
do próximo capítulo.
No decorrer das décadas de 60 e até os meados dos anos 70, Itaúna vive o apogeu
do progresso. A partir de então, ocorre o processo de expansão e maior
diversif icação industrial no estado e Itaúna fica à margem do processo. Em
conseqüência, as indústrias têxteis locais ent ram em declínio, a lgumas indústrias
siderúrgicas fecham e outras mudam de estado.
A crise e decadência no setor industrial i taunense se deveu a três fatores: primeiro,
apesar de situada relativamente próxima ao pólo de Belo Horizonte, a cidade não
constitui uma alternativa locacional relevante para investimentos setoriais, uma vez
que Divinópolis, c idade vizinha de 200 mil habitantes, considerada um centro
regional, é quem atrai os investimentos. Segundo, a falta de incentivos fiscais por
parte do estado de Minas Gerais somada ao desânimo dos empresár ios industriais
locais em investir, especialmente os da área siderúrgica, que preferiram, então,
transferir suas indústrias para outros estados. Por último, os empresár ios da área
têxtil, desest imulados, não modernizaram e nem diversif icaram suas unidades de
produção (Carneiro, 1992).
42
Esse processo foi acompanhado de mudanças na pauta produtiva do município que
hoje se caracteriza pela presença de pequenas e médias unidades produtivas que
fazem uso mais intensivo de tecnologia e que afetaram a dinâmica da cidade sob
vários aspectos, como se verá a seguir.
2.2 Itaúna hoje
Situada a 72 quilômetros de distância de Belo Horizonte através das rodovias BR
262, a BR 381 e a BR 050, Itaúna é cortada pela Ferrovia Centro-Atlântica (antiga
Rede Ferroviána Federal - RFFSA), o que possibilita fácil acesso à Estação
Aduaneira de Interior (USIFAST), onde se dá o entroncamento da ferrovia com a
rodovia, o que facilita o escoamento da produção.
A cidade possui 51 bairros e 18 áreas rurais, segundo a Secretaria Municipal do
Meio Ambiente e Urbanismo (SMMAU), e o transporte coletivo urbano é realizado
por duas concessionárias. Possui dois hospitais e 28 postos de saúde, localizados
em vários pontos da cidade e na área rural, e plantão médico 24 horas, o que
garante o atendimento descentral izado à população.
Na parte de serviços Itaúna conta com três agências de correios, quatro agências
bancárias, quatro agências de turismo, cinco estações de rádio, seis repetidoras de
TV, uma emissora local, sete jornais e 76 estações de rádio amadores. Na área de
lazer, além de vários barzinhos, clubes e discotecas, Itaúna possui sete cachoeiras
que são atração turística da cidade.
Com relação ao mercado de trabalho local, 42 ,26% da População Economicamente
Ativa (PEA) se encontra vinculada ao setor industrial, 32,74% ao setor de serviços e
os demais 25 ,00% distribuídos entre os setores do comércio, transporte e
agropecuária. Existe uma forte evidência de incremento do setor de serviços, uma
vez que esforços estão sendo direcionados para dotar o municipio de pequenas e
médias empresas, o que tende a gerar mais empregos.
A área Central de Itaúna tem um sistema viário acanhado e descont inuo, com pistas
de rolamento e passeios estreitos, típico de cidades antigas e históricas de Minas.
As vias que dão acesso às regiões Leste, Sul e Sudeste são acanhadas e algumas
têm a desvantagem da travessia da ferrovia (RFFSA) e das rodovias (BR 050 e 431)
43
que margeiam a cidade. Avenidas estão sendo reestruturadas para melhoria desses
acessos. A região Sudoeste é a que tem melhores condições topográficas (poucas
serras e montanhas, é mais plana e regular), favorecendo a expansão da cidade
nessa direção.
Devido a essa infra-estrutura e a Universidade, o município tem atraído população
em busca de moradia, emprego e qual idade de vida, ao mesmo tempo em que a
proximidade com Belo Horizonte e outros centros urbanos toma-se um atrativo a
mais para fixar residência na cidade. Os centros urbanos próximos a Itaúna são
Divinópolis, onde existe grande centro comercial de roupas; Juatuba, onde há uma
faculdade e uma filial da fábrica da Cervejaria Brahma e Antárt ica (AMBEV); Carmo
do Cajuru, que é um centro moveleiro da região e Mateus Leme, onde existem várias
indústrias de pequeno porte.
2.2.1 Aspectos demográficos
Desde os primórdios do seu surgimento, Itaúna foi povoada por imigrantes de
localidades vizinhas, Bonfim, Cruciiãndia e Rio Manso, estas também constituídas
na época do ciclo do ouro. Quando as minas ent ram em decadência, parte da
população busca novos lugares para viver, entre eles Itaúna. Desde 1872, a
população veio crescendo, crescimento esse que se acentua na década de 50 e nas
posteriores com o processo de industrial ização da c idade, onde se destacam os
setores: têxtil, metalúrgico, mecânico e de produção de al imentos. Segundo
depoimento de um ex-vice-prefeito 5 , as pessoas vieram à procura de emprego,
principalmente na década de 50, quando se inicia o ciclo siderúrgico na cidade.
De acordo com o Censo Demográf ico de 2000, o município de Itaúna conta hoje com
76.783 habitantes, sendo 71.695 habitantes na área urbana e 5.088 habitantes na
rural.
Acompanhando a evolução demográf ica do município, de 1940 até os dias atuais, o
que primeiro se observa é que no período entre os anos 1940/50 o município
apresenta taxa de crescimento negativo e a diminuição de quase dez mil habitantes
e m sua população (tabela 2.1). Tal fato se explica pela perda de dois distritos que
5 Entrevista realizada em 9/06/03. 44
pertenciam ao município e que são emancipados nesse período: Itaguara em 1943 e
Carmo do Cajuru em 1948.
No período 50/60 dois fenômenos merecem registro: o aumento excessivo da
população urbana, que passa de 4 1 % para mais de 70%, e o aumento da taxa
crescimento anual que passa de - 3,2% para 3 , 1 % . Isto se deve, em grande parte,
ao desenvolvimento e crescimento do parque siderúrgico da cidade que atraiu
imigrantes à procura de melhores condições de vida e trabalho. Estes vieram tanto
da zona rural do município, quanto de cidades vizinhas como Bonf im, Piedade
Gerais e Itaguara que t iveram sua população reduzida no per íodo 6 .
Por último, há de se registrar a baixa taxa de 1,5% de crescimento anual da
população no período 60/70, que pode ser devida à emancipação de mais um
distrito de Itaúna, no caso Itatiaiuçú, ocorrido em 1962.
Ass im, os anos 60 são um ponto de inflexão no município: a população de
predominantemente rural toma-se predominantemente urbana, tendência que se
acentua cada vez mais até os dias de hoje. A partir de meados da década de 50,
com o surgimento de uma nova siderúrgica, a Itatiaia, o município consolida-se como
pólo industrial e a imigração se intensifica com a procura de empregos nas indústrias
de pessoas vindas da área rural do município, de localidades próximas e até mesmo
da capital, em busca de melhores condições de vida, de recursos educacionais para
os f i lhos, de assistência médica e de emprego.
Tabela 2 . 1 : População de Itaúna por zona urbana e rural e taxa anua l de crescimento, 1940/2000
Anos Urbana Rural Total Taxa cresciN N % N mento a.a. %
1940 7.762 23,52 25.240 76,48 33.002 -1950 9.817 41,23 13.995 58,77 23.812 -3,2 1960 23 036 70,97 9.423 29,03 32.459 3,1 1970 32.716 86,90 4.932 13,10 37.648 1,5 1980 49.408 92,47 4.024 7,53 53.432 3,6 1991 61.891 93,30 4.442 6,70 66.333 2,0 1996 66.369 93,58 4.550 6,42 70.919 1,3 2000 71.695 93,37 5.088 6,63 76.783 2.0
Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 2000. Contagem de População de 1996 e Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA (www. sidra, ibge.gov.br).
6 Entrevista realizada em 09-06-03. 45
Anal isando a evolução da população do município e comparando-a com a evolução
ocorrida no estado de Minas Gerais e no País, observa-se que em Itaúna houve um
crescimento populacional percentual superior ao verificado no estado e no Pais.
No periodo entre 1970 e 2000, a população de Itaúna apresenta um crescimento de
103,95%, enquanto a do estado de Minas Gerais cresceu 55,77% e a do País,
82,32%. Anal isando as variações populacionais apuradas em cada Censo, verif ica
se que Itaúna teve um crescimento de 41 ,94% de sua população em 1980 em
relação ao Censo de 1970, enquanto o estado de Minas Gerais 16,49% e o País,
27,78%, o mesmo acontecendo nos demais períodos.
Durante o período de 1970/2000 houve uma redução na média da taxa de
crescimento da ordem 30 .55% em Itaúna e de 20 ,00% no Brasil, enquanto Minas
Gerais manteve-se relativamente constante, ao se comparar com a década de 80,
como pode ser observado na tabela 2.2.
Tabela 2.2: Evolução da população de Itaúna, Minas Gerais e Brasi l , 1940/2000
Anos Itaúna % por I Minas Censo : Gerais
^ P ° r ! Brasil C e n s o !
% por Censo
1940 33.002 6.763.368 41.236.315 -1950 23.812 7.782.188 15,06 51.944.397 25,97 1960 32.459 36,31 9.960.040 27,99 70.992.343 36,54 1970 37.648 16,38 11.485.663 15,32 93.134.846 31,19 1980 53.438 41,94 13.380.105 16,49 119.011.052 27,78 1991 66.395 24,25 15.743.152 17,66 146.825.475 23,37 1996 70.919 6.81 16.672.613 5,90 157.070.163 6,98 2000 76.783 8,26 17.891.494 7,31 169.799.170 8,10 2000/1970 103,95 55,77 82,32 Fonte: IBGE - Censos Demográficos e Contagem Populacional de 1996. Internet - site: www.sidra.ibge.qov.br
Quando se comparam as taxas de crescimento percentual ao ano entre Itaúna,
Minas Gerais e o Brasil, percebe-se que Itaúna, a partir da década de 80, apresenta
taxas superiores aos demais.
46
Tabela 2.3: Taxas de crescimento ao ano de Itaúna, Minas Gerais e Brasil, 1940/2000
Anos Itaúna Minas Gerais Brasil 1940 - - -1950 -3,2 1,4 2,3 1960 3.1 1.4 3,2 1970 1.5 1,5 2,7 1980 3,6 1.5 2,5 1991 2,0 1,5 1.9 1996 1,3 1,2 1.3 2000 2,0 1,8 2,0
1970/2000 2,5 1,5 2,0 Fonte: FIBGE, Censos Demográficos e Contagem Populacional de 1996.
Segundo Azzoni (1995, apud Gonçalves, 1995: 293),
"Em todas as regiões, a queda na taxa de crescimento das regiões metropolitanas é mais acentuada do que a média do decréscimo das cidades de mais de 100 mil habitantes, sendo de se destacar que nas regiões sul e sudeste encontram-se as maiores variações negativas. (...) o crescimento mais acentuado nas taxas situa-se nos níveis intermedtános de tamanho de cidade: entre 20 mil e 100 habitantes". (Grifo meu)
T am bém em Azzoni (1995, 303),
"Resta a consideração do setor industrial, esse sim tendente, ao longo do tempo, a reforçar o crescimento de cidades intermediarias próximas aos grandes centros industriais naturais de centralização do poder econômico, mantendo a concentração do poder decisório no local tradicional: a arena metropolitana".
Itaúna se enquadra no que é mencionado nas citações: é um pólo industrial desde a
década de 60, está entre as pequenas cidades de mais de 50 mil habitantes e
próxima de dois grandes centros industriais que são Contagem e Bet im, cidades da
Região Metropolitana de Belo Horizonte, e sua taxa de crescimento condiz com as
tendências.
Quando se analisa a distribuição da população por faixa etária, verif ica-se que é
significativo o percentual daqueles que se encontram em idade ativa, entre 20 e 59
anos, 55,09%. A população jovem, de zero a 19 anos, representa 36%, enquanto
que os acima de 60 anos 8,90%.
47
Tabela 2.4: População residente em Itaúna por grupos de idade e sexo, segundo zona urbana e rural, 2000 Grupos de Urbana Rural Tota l idade Homens Mulheres Homens i Mulheres O a 9 anos 6.205 6.055 475 457 13.192 10 a 14 anos 3.294 3.230 262 212 6.998 15 a 19 anos 3.641 3.337 260 256 7.494 20 a 59 anos 19.604 20.083 1.445 1.209 42 .341 59 anos e mais 2.656 3.665 296 220 6.837 Tota l 35.400 36.370 2.738 2.354 7 6 . 8 6 2 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 - Internet - site www.sidra.ibqe.gov.br
2.2.2 Situação sócio-econòmica
O final dos anos 70 representa um ponto de inflexão no processo de
desenvolvimento da economia de Itaúna, conseqüência das mudanças verif icadas
na economia em geral.
A partir dos anos 60, começam a definhar os ganhos de produtividade, o Japão e a
Europa alcançam competit ividade e superam os Estados Unidos (Lipietz.1991 apud
Carneiro, 1992:37). Com isso os países capital istas adotam novos padrões de
acumulação, tendo como suporte a produção baseada em alta tecnologia e em
arranjos flexíveis, envolvendo também a redução ao máximo da presença do Estado
(Tavares, 1991). Ao mesmo tempo, "o modelo de substi tuição de importações, que
sustenta o processo de industrialização e modernização da economia nacional, no
entanto, mostra claros sinais de esgotamento no final dos anos 70 e inicio dos anos
80" (Carneiro, 1992:38).
Neste contexto, a indústria siderúrgica, na estratégia de reestruturação e de
modernização, busca não somente racionalizar capacidade produtiva, que era
dificultada pelos altos custos envolvidos, como também atender a demanda cada
vez mais sofisticada por aços especiais de alguns setores. Somente nos anos 90 é
que essa situação começa a se alterar, quando a industrial ização se consolida e se
toma relativamente forte e dinâmica no País.
As polit icas industriais têm, então, s imultaneamente caráter ofensivo e defensivo:
caráter ofensivo na medida em que buscam reestruturar e ajustar a organização
industrial aos novos desafios (informática, te lecomunicações, biologia molecular e
48
genética); e defensivo na medida em que desenvolvem estratégias visando
recuperar a competit ividade industrial e m setores tradicionais (siderurgia, química,
têxtil e t c ) . Nesse sentido, o Estado passa a empregar instrumentos fiscais e
f inanceiros visando garantir espaço no mercado, produzindo efeitos distintos na
estrutura industrial (Miranda, 1989).
De acordo com Carneiro (1992:38), o desenvolvimento no município de Itaúna,
especif icamente o de industrialização, acompanha, em linhas gerais, o que ocorreu
no estado de Minas cujos problemas t iveram or igem na "estagnação econômica e no
estrangulamento dos mecanismos institucionais de f inanciamentos, c o m a crise da
dívida externa e a emergência do problema do déficit públ ico" 7 , afetando a produção
e o emprego e exigindo mudanças no setor produtivo.
Nessa época, a base industrial de Itaúna assentava-se nas indústrias têxtil e
metalúrgica, especializadas e tecnicamente equipadas à moda antiga, que
apresentavam defasagem tecnológica frente aos padrões vigentes em nível
internacional (Carneiro, 1992). Para enfrentar a crise tem início no País e em Minas
um movimento de expansão e diversif icação do setor industrial. No caso de Minas, a
expansão ocorre de maneira mais rápida nos municípios integrados à Região
Metropoli tana de Belo Horizonte cujas condições de acesso à Capital eram mais
favoráveis, e que já possuíam distritos industriais implantados. Itaúna fica à margem
do processo. Com a crise na indústria, e m meados dos anos 70, a arrecadação do
município foi afetada e, conseqüentemente, a receita da Prefeitura.
Para que se possa visualizar a situação econômica e analisar o comportamento da
arrecadação do município, considerou-se a evolução do Valor Arrecadado Fiscal
(VAF) e do Produto Interno Bruto (PIB), no período de meados dos anos 70 até
2003. A adoção do V A F 8 se deve ao fato deste Valor ser o reflexo do movimento
7 Ver mais sobre a crise em Diniz (1981). FJP (1990, 1997) e Simões (1990). 8 O VAF corresponde ao valer das mercadorias saídas de uma empresa, acrescido do valor das prestações de serviços, deduzido o valor das mercadonas e serviços recebidos em cada ano civil na mesma empresa. Em termos de municípios, ele significa o somatóno dos valores adicionados de cada empresa, representando, assim, o movimento económico do município. Neste sentido, ele serve como parâmetro de avaliação preliminar do desempenho econômico do município ao longo de um período, tornando possível, através dele, a análise das taxas de crescimento econômico. Por determinação Constitucional, 25% co produto ca arrecadação do ICMS pertencem aos municípios, a serem distnbuídos da seguinte forma:
a) 75%, no mínimo, na proporção do valor adicionado, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços realizadas em seus territórios;
49
econômico realizado nos municípios, e o indicador da participação dos municípios na
arrecadação total de ICMS do Estado. No caso de Itaúna, as receitas com
transferências intergovernais de ICMS representam, em média, 2 5 % das receitas
totais da Prefeitura, como se pode verificar na tabela 1-E em anexo.
Segundo Moreira (2003:10),
"(...) em poucas e simples palavras e para entendimento rápido, significa que quanto mais ICMS o município gera, a mais ICMS terá direito sobre o total que o Estado arrecadou. Portanto, quanto mais empresas comerciais e industnais estiverem gerando impostos em seu território, maior o retomo".
Conforme pode ser observado na tabela 2.5 e gráfico 1.0, o índice do VAF do
município, que em 1976 era de 0,925536, inicia um processo de queda a partir de
1977, alcançando o índice 0,566830 em 1985, que representou uma perda de
38,76%. Esta se deveu, pr incipalmente, ao desaquecimento da economia industrial
local e à transferência de indústrias locais para outros estados.
A partir de 1986 e até o ano de 1990, o índice do VAF volta a crescer, sem,
entretanto, alcançar os patamares anteriores. Porém, este crescimento, devido ao
reaquecimento da economia e a volta à atividade de algumas empresas que
estavam inativas, foi capaz de melhorar a arrecadação do município, uma vez que
como reflexo do crescimento do VAF, outras fontes de receita acabam aumentando.
Toda a variação observada no gráfico se deve aos fatos já citados, e ainda, pelas
circunstâncias locacionais de Itaúna. A cidade fica inibida pelo centro regional de
Divinópolis, que se encontrava mais bem equipado em termos de infra-estrutura para
atração do capital setorial e que também exercia maior efeito polarizador.
b) até 25%, de acordo com o que dispuser lei estadual (em Minas Gerais a Lei 12.040, alterada pela Lei 12.428, definiu os critérios a serem utilizados).
A importância do VAF está exatamente no fato dele ser um instrumento previsto na Constituição Feceral e utilizado pelos estados para apurar o índice ae participação que cada município terá no total da arrecadação do ICMS, além de ser determinante na participação dos municípios no Imposto de Produtos Industrializados (IPI) repassado aos estados pela União, em decorrência à imunidade concedida nas exportações de produtos industrializados.
50
Tabela 2.5: índices do Valor Adic ionado Fiscal (VAF) - Período: 1976-2003
Anos Indice V A F Anos I Indice V A F 1976 0,925536 1990 0,818143 1977 0,877801 1991 0,817539 1978 0,727726 1992 0,722684 1979 0,639332 1993 0,629535 1980 0,628763 1994 0,595490 1981 0,695786 1995 0,573055 1982 0,675494 1996 0,543779 1983 0,589253 1997 0,521115 1934 0,572541 1998 0A68822 1985 0,566830 1999 0,423866 1986 0,661930 2000 0,434931 1987 0,791220 2001 0,458192 1988 0,767512 2002 0,467539 1989 0,782517 2003 0,480031
Fonte: Prefeitura Municipal de líaúna - Secretaria Municipal de Finanças - S MF.
Gráfico 1.0 - Indices do VAF - 1 9 7 6 - 2 0 0 3
1,000000
0,900000 -
0,800000 -
0,700000 -
0,600000 -
0,500000 -
0,400000 -
0,300000 -
0,200000 -
0,100000 -
$ & & & N<£ N # & # ^ ^
Fonte: Tabela 2.5
51
Diante da situação, a lgumas das indústrias siderúrgicas da cidade vão sendo
remanejadas para outros estados, em virtude dos incentivos fiscais que eram
oferecidos, e também devido à pressão de políticas ambientais implantadas neste
período e que passam a regulamentar a lgumas atividades econômicas como a
extração e o plantio de madeira e ao controle da poluição ambiental e sua respectiva
exigência de l icenciamento ambiental pelos órgãos reguladores, como, no caso de
Minas Gerais. A saída destas indústrias gera desemprego e esses fatores fazem
com que a economia do município sofra uma queda, levando a Administração local a
buscar novos meios de produção para a cidade, aproveitando-se do momento vivido
no estado de Minas Gerais quando
"(...) um novo padrão de industr ial ização começa a aflorar em Minas Gerais . Este padrão f incado em indústrias de maior vulto e com bases tecnológicas mais avançadas, tem uma conf iguração espacial bem determinada, sempre atraído especia lmente por uma dinâmica (...) de economias de aglomeração". (Simão, 1990, apud Carneiro, 1992:39).
C o m a crise da siderurgia verif icada no final da década de 70 e a mudança do eixo
siderúrgico para o norte do País concluída na década de 90, o município se viu na
necessidade de procurar outros investimentos capazes de gerar novas fontes de
renda e empregos, part indo, então, para o incentivo da instalação de indústrias de
pequeno e médio porte. As atividades industriais e de serviços são centradas nos
setores de transformação, comércio e na agropecuária, o que pode ser visualizado
na distribuição da população economicamente ativa pelos setores de produção.
Hoje existe uma concentração da população economicamente ativa nos setores de
indústria e serviços no município, enquanto essa concentração, anteriormente, se
dava somente na área industrial. Comparada com a situação de Divinópolís e de
Pará de Minas 9 , verif ica-se que apesar das mudanças ocorridas, ainda assim Itaúna,
e m 1991, apresenta um percentual de população no setor industrial superior ao de
Divinópolis e Pará de Minas, conforme tabela 2.6.
9 A inclusão de Divinópolis e Pará de Minas na tabela 2.5 se justifica para efeito comparativo. Divinópolis por ser um município maior (190.000 habitantes), o mais próximo de Itaúna depois da Capital, e por ter influenciado na mudança econômica de Itaúna, conforme mencionado. Pará de Minas por ser o município que deu origem a Itaúna e cuja população se assemelha (75.000 habitantes). As duas cidades possuem o mesmo perfil histórico de Itaúna: passaram pela pecuária, pela industrialização têxtil e siderúrgica estando hoje com uma economia similar no que tange aos tipos de indústria e comércio, porém, com uma ressalva que as diferencia - possuem favelas.
52
Tabela 2.6: Distribuição percentual da PEA por setores económicos em Itaúna. Pará de Minas e Divinópolis 1991 Setor econômico Itaúna Pará de
Minas Divinópolis
Indústria 42,20 35.31 34,26 Outros Serviços 32,74 31.06 37,95 Transporte e Comunicação 4,62 5,32 6,74 Comércio 12,31 11,57 16,28 Agropecuária 8,13 16,54 4,77 Total 100,00 100,00 100,00 Fonte: IBGE, 1991
Os anos 90 foram marcados pela instabil idade na condução da política econômica
brasileira, instabil idade esta que provocou osci lações na receita da Prefeitura
conforme demonstrado (tabela 2.5 e gráfico 1.0) e na taxa de var iação anual do PIB,
cujos reflexos se fizeram presentes na economia de Minas Gerais, na região Centro
Oeste e em Itaúna (ver tabelas em anexo).
Para amenizar os impactos das polit icas econômicas, durante a década de 90, a
Administração Municipal local cria uma política de incentivos para atrair novos
investimentos e, com isso, amplia o parque industrial do município com a
implantação de empresas de pequeno, médio e até grande porte. A partir da
implantação destas empresas, o índice do VAF passa, gradualmente, a apresentar
crescimento e a economia volta a se aquecer.
Em 1991 , a Administração Municipal toma-se responsável pelas despesas de
educação e saúde que, até então, eram de responsabi l idade exclusiva do governo
do estado. A partir deste ano, os índices do VAF voltaram a sofrer quedas drásticas,
até o ano de 1999, quando atingiu o seu menor valor. Passou de 0,817539 em 1991
para 0,423866 em 1999, reduzindo, desta forma, 49 ,15% a receita da Prefeitura, fato
que se deveu, em sua maior parte, ao fechamento de uma das maiores e mais
antigas empresas do município, a Cia Industrial I taunense, que teve sua falência
decretada.
Como resultado, verifica-se uma diferença no crescimento do Produto Interno Bruto
(P IB ) 1 0 de Itaúna entre 91/85 e 97/96, já sem a Companhia I taunense. Ainda assim,
1 0 A preços constantes da região na qual o municipio está inserido e de Minas Gerais.
53
o PIB per capita de Itaúna é 57,88% maior do que o da região Centro Oeste e
29 ,24% maior que o de Minas Gerais no período de 1985 a 1997 (média do período)
( tabela 2.7).
Tabela 2.7: Produto Interno Bruto (PIB) total e per capita, a preços constantes de 1996, em R$ 1.000,00, 1985, 1991,1996 e 1997 „ _ ^ _ A n o s PIB Itaúna
Total I Per Capita PIB Região Centro-Oeste
Total 1985 1991 1996 1997
257.733.993 289.820.009 305.041.982 306.383.235
4.351,78 4.365,09 4.301,27 4.271,58
1.903.284.296 2.280.442.688 2.672.234.326 2.841.769.604
Per Capita 2.405,29 2.653,46 2.876,42 3.015,49
PIB Minas Gerais Total Per Capita
44.124.530.472 49.832.600.962 58.548.715.833 61.341.840.295
3.062,97 3.165,35 3.511,57 3.640,91
Fonte: Fundação João Pinheiro, Produto Interno Bruto ae Minas Gerais - Municípios e Regiões -1998.
C o m o encerramento das atividades industriais no município, o setor perdeu
part icipação relativa (que caiu de 6 3 % do total do PIB em 1990, para 5 1 % em 1999)
para o setor de serviços (que aumentou de 35% em 1990, para 4 5 % em 1999). A
part icipação do setor agropecuário foi residual e f icou estabil izada em tomo de 2 %
(tabela em anexo). Esses dados mostram que Itaúna alcançou a terceira fase do
processo de desenvolvimento econômico, na qual o setor agropecuário estabil izou-
se e o setor industrial foi perdendo participação para o setor de serviços.
Em um balanço geral do que foi apresentado até agora, a economia de Itaúna,
inicialmente, se baseia nas atividades de subsistência, desenvolve a agropecuária
de corte e leiteira, introduz a indústria têxtil e siderúrgica e hoje conta com mais de
250 indústrias que respondem por cerca de 4 4 % da arrecadação de ICMS no
município. Os destaques ainda são os setores metalúrgico e têxtil, seguidos pelos
curtumes, abatedouros e mineradoras. Na pauta de exportações do município,
destacam-se o aço, tecidos, fundidos e minérios.
A Administração local vem desenvolvendo esforços no sentido de construir na
c idade um parque industrial diversificado visando manter a arrecadação do ICMS e
com empresas voltadas para o compromisso social do município.
O PIB per capita, no entanto, não se reflete na renda dos chefes de família dos
domicí l ios particulares permanentes. Segundo dados do Censo de 2000, em Itaúna,
57 ,14% dos chefes têm renda de até 3 salários mínimos, sendo 60,30% nesta
mesma faixa no Estado e 54 ,82% no País. Ass im, os chefes de famíl ia de Itaúna
54
estão numa situação melhor do que os de Minas, porém pior do que a do País, como
pode ser visto na tabela 2 .8 .
Tabela 2 .8 : Rendimento mensal médio (em salários mín imos) dos chefes de família dos domicíl ios part iculares permanentes do Brasil, de Minas Gerais e de Itaúna, 2000 ^ _ Rendimento nominal Minas mensai Brasil % Gerais % Itaúna ' % De 1 a 3 24.556.187 54.82 2 8 7 3 . 4 8 2 60.30 12.140 57,14 Mais de 3 a 5 6 . 0 4 5 6 7 1 13,50 595.859 12,50 3.708 17,45 Mais de 5 a 10 5.874.877 13,11 553.490 11.62 2.730 12,85 Mais de 10 a 15 1.579 606 3,53 148.254 3.11 626 2,95 Mais de 15 a 20 1.084.781 2,42 97.138 2,04 415 1,95 Mais de 20 a 30 651.079 1,45 57.149 1,20 233 1,10 Mais de 30 903.889 2.02 76.251 1.60 238 1,12 Sem rendimento 4.099.011 9,15 363.635 7.63 1.157 5,45 Total 44.795.101 100,00 4.765.258 100,00 21.247 100.00
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.
2.2.3 Habitação e meio urbano
De acordo com o Censo Demográf ico, em 2000, 9 2 , 9 1 % dos domicíl ios particulares
permanentes ocupados em Itaúna acham-se localizados em área urbana urbanizada
e somente 0,03% em área sem urbanização; 5,40% se encontram na área rural e
1,66% em povoados. Não há registro de qualquer domicílio em área rural constituída
de aglomerado de extensão urbana, em área urbana isolada ou e m área rural,
conforme pode ser verificado na tabela 2.10.
Comparando-se estes dados com os do estado de Minas Gerais e do País, verif ica-
se que Itaúna apresenta um processo de urbanização mais consol idado e avançado
em relação aos demais. Isto se deve ás ações realizadas pelo poder público desde o
século XIX, quando do incentivo à industrialização com a criação da Indústria Têxtil
Santanense e surgimento dos primeiros bairros planejados, os quais contavam com
projeto de arruamento e infra-estrutura urbana. No século XX, a chegada da
eletr icidade, das siderúrgicas e da universidade consol idam o progresso do
município havendo cont inuismo, por parte dos administradores públicos, no que diz
respeito ao cuidado com a manutenção dos padrões urbanísticos adotados.
55
Tabela 2.9: Domici l ies part iculares ocupados no Brasi l , em Minas Gerais e em Itaúna, segundo
Minas i Situação e localização da área í Brasil % Gerais I % Itaúna. %
Urbana - área urbanizada 36.848.003 81,85 3.917.064 81 ,8919.778 92,91 Urbana - área não urbanizada 326.901 0,73 18.644 0,39 7 0,03 Urbana - área urbana isolada 279.836 0,62 41 .657 0,87 - -Rural - área rural (exceto aglomerado) 6.453.212 14,33 745.985 15,60 1.149 5,40 Rural - ag lomerado - de extensão urbana 276 .057 0,61 6.680 0,14 - -Rural - ag lomerado - povoado 778.539 1,73 51.227 1,07 353 1,66 Rural - ag lomerado - núcleo 34.497 0,08 1.376 0,03 - -Rural - ag lomerado - outros 24.433 0,05 472 0,01 -Total 45 .021.478100,00 4 .783 .105100 ,0021 .287100 .00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.
A moradia constitui uma das maiores aspirações do homem e o grande desafio para
os governos de todos os países. Em 2000 Itaúna possuía um total de 21.247
domicíl ios sendo a maioria desses local izada na zona urbana e uma densidade
habitacional de 3,61 habitantes por domicíl io ( tabela 2.10).
Tabela 2.10: Número de população e domicí l ios, por zona rural e dens idade domicil iar no Brasi l , em Minas Gerais e em Itaúna, 2000 Zonas População total Número de domicílios Habitante/Domicilio
Brasil M.Gerais | Itaúna ; Brasil M. Gerais Itaúna Brasil MG Itaúna
Urbana
Rural
Total
137.953.959
31 845.211
169.799.170
14.671. 820
3219.666
17. 891.494
71.770
5.093
76.862
37 454.740
7566.738
45.021.478
3.977.365
805.740
4.783.105
19. 860
1.427
21.247
3,68
4,20
3.77
3.69
4,00
3,74
3,61
3,70
3.61
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 www ibge.gov br)
Considerando o tipo de domicilio é importante comparar a situação da moradia tipo
cômodo no Brasil , em Minas e em Itaúna (tabela anexo 1.0). Enquanto no Brasil
1,06% da população reside em cômodos, em Minas Gerais esse índice é de 0,86% e
em Itaúna apenas 0,32%, o que indica melhores condições de moradia no que diz
respeito ao t ipo.
No entanto, quando se compara a situação da renda do responsável pelo domicílio,
enquanto em Itaúna em mais de 5 7 % dos domicíl ios a renda mensal do responsável
56
peio domicilio está entre V< até três salários mínimos, em Minas esse percentual é de
60 .3% e no Brasil, mais de 54 ,% ( IBGE, 2000).
Quanto à condição de ocupação, a maioria dos domicíl ios é de próprios já quitados,
seguindo-se a condição de alugados. Chama a atenção o percentual de imóveis
cedidos pelo empregador, especialmente na área rural (30%), situação que se
assemelha a de Minas Gerais, mas que é quase o dobro da encontrada no País. Em
linhas gerais a condição de ocupação de i taúna é semelhante a existente no estado
de Minas e no Brasil .
Tabela 2 .11 ; Condição de ocupação dos domicí l ios part iculares permanentes Brasil . Minas Gera is e Itaúna, por área urbana e rural, 2000 - (%) Condição de Situação por área ocupação do domicil io
Brasil Minas Gerais I taúna
Urb = Rur Total Urb Rur ' T o t a l Urb Rur Total
Próprio já quitado Próprio em aquisição Alugado Cecido p/empregador Cedido outra forma Outra forma Total
66,9 70,8 67,5 68,2 67,3 68.0 65,7 57,8 65,2 7.8
16,8 1,4 6.0 1,1
1,9 1,9
16.2 7,6 1.6
6,8 14,3
3,8 6,3 1,3
5,8 17,6
0,9 6,9 0.6
0,7 1,7
22,2 7,1 1.0
5,0 15.0 4.4 7,0 0,6
8,5 18,9
0.4 5.9 0.6
0,1 4.8
30.0 6,6 0,6
7.9 17,9 2.5 5.9 0,6
100,0 100,0 100.0 100,0 100.0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: IBGE - Censo demográfico 2000.
No entanto, quando se analisa o tipo de moradia venfica-se que, ainda que com
mais de 5 7 % dos chefes de famílias com renda entre 1 a 3 salários mínimos, a
população apresenta um padrão melhor de moradia, comparat ivamente ao estado
de Minas e Brasil. Em Itaúna aproximadamente 5 6 % da população que ganha até
três salários mínimos mora em casas, 1,08% em apartamentos e 0,25% em
cômodos. Comparando-se a situação dos que moram em cômodos, enquanto no
Brasil esse percentual é de 0,74% e em Minas de 0,66%, em Itaúna ele representa
apenas 0,25% o que indica melhores condições de moradia.
57
Tabela 2.12: Domicí l ios part iculares permanentes por classe de rendimento nominal mensal da pessoa responsável pelo domicil io e tipo do domici l io, 2000 - (%) Classe de Rendimento
Brasil Minas Gerais Itaúna Casa Apto i Cômodo ! Casa Apto : Cômodo Casa Apto Cômodo
1/4 a 3 salários mínimos
51,70 1,61 0,74 58,16 1.48 0,66 55,88 1,08 0,25
Fonte: http-//www sidra.ibae.QQv.br.
Quanto ás condições de infra-estrutura urbana, o abastecimento de água, uma das
característ icas marcantes da qual idade de vida de uma população, 93 ,96% dos
domicíl ios particulares permanentes em Itaúna acham-se l igados à rede geral de
abastecimento da autarquia municipal, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto
(SAAE); 5 ,76% se abastecem através de poços artesianos e apenas 0 ,29% de outra
forma (tabela 2.13). Comparando a situação com a de Minas Gerais e do País,
verif ica-se que Itaúna apresenta um percentual relativamente superior de domicíl ios
abastecidos pela rede geral, sendo quase nuío o abastecimento sob outra forma
(0,29%).
Tabela 2.13: Número domicíl ios part iculares permanentes Brasi l , Minas Gerais e Itaúna, segundo forma de abastecimento de água, 2000
Formas de Brasil I Minas Gerais I taúna abastec imento N N I % N I %
Rede geral 34.859.393 77,82 3.953.396 82.96 19.963 93 96 Poço ou nascente 6.976.877 15,57 685.220 14,38 1.223 5 76 Outra forma 2.958.831 6,61 126.642 2,66 61 0 29 Total 44.795.101 100,00 4.765.258 100,00 21.247 100 00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.
Quanto ao destino do esgoto sanitário, em Itaúna 92 ,12% dos domicíl ios estão
l igados à rede geral de esgoto, 6,95% util izam fossa e apenas 0 ,93% de outros
meios, sendo o serviço administrado pelo SAAE, uma autarquia municipal.
Em Minas, apenas 68,19% dos domicíl ios estão ligados à rede geral e no País
47 ,24%, o que revela que Itaúna apresenta uma situação de acesso ao serviço de
esgotamento sanitário bem superior, como pode ser verif icado na tabela 2.14.
58
Tabela 2.14: Destino do esgoto sanitar io domic i l ios part iculares permanentes Brasil, Minas Géra is e Itaúna, 2000 Tipo de esgotamento sanitario Brasil Rede geral de esgoto Fossa Outros meios Total
Minas Gerais I taúna 21.160.735 47,24 3 2 4 9 . 3 1 3 68,19 19.573 92,12 17.294.467 38,61 883.480 18,54 1.477 6,95
6 339.899 14,15 632.465 13.27 197 0.93 44 795.101 100,00 4.765.258 100,00 21 .247 100,00
Fonte; IBGE. Censo Demográfico, 2000.
De acordo com o Censo de 2000, e m 93 ,74% dos domicíl ios particulares
permanentes de Itaúna o destino do lixo é a coleta pública. Em apenas 4,73% dos
domici l ios ele é queimado na própria propnedade, em 0,24% é enterrado e em
menos de 1,50% ele tem outro destino. Comparando com a situação de Minas e do
País, onde 78,35% e 7 9 , 0 1 % dos domicí l ios, respectivamente, têm acesso ao
serviço de coleta, constata-se que o município consegue atingir u m índice de
atendimento elevado.
Tabela 2.15: Destino do lixo dos domici l ios part iculares permanentes Brasil , Minas Gérais e I taúna, 2000
Dest ino do lixo Brasi l % Minas Gerais % I I taúna %
Coletado 35.393.331 79,01 3.733.665 78,35 19.916 93,74 Que imado (na propr iedade) 5.029.000 11,23 685.913 14.39 1.005 4,73 Enterraco (na propr iedade) 521.785 1,16 32.855 0.69 52 0,24 Jogado terreno baldio/ logradouro 3.102.584 6,93 248.788 5.22 147 0,69 Outro destino 748.401 1,67 64.037 1,34 127 0.60 Total 44.795.101 100.00 4.765.258 100,00 21.247 100,00 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 2000.
Os dados sobre a situação de infra-estrutura urbana de Itaúna indicam que as
políticas públicas adotadas pelo poder público local, ao longo dos últimos anos,
possibi l i taram atingir um nível elevado de qual idade de urbanização e de acesso aos
serviços urbanos que abrange percentuais de atendimento acima de 90% dos
domicíl ios.
Em 2003, 100% das moradias urbanas de Itaúna são atendidas com infra-estrutura
básica (água tratada, rede de esgoto sanitário, energia elétrica e coleta de lixo) o
que revela uma superior qualidade de vida quanto a esses aspectos.
59
Com a evolução e os avanços tecnológicos do mundo moderno, o homem tem
procurado muito uma qual idade de vida que o satisfaça. O Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) tem entre seus objetivos avaliar, através de
cálculos, a situação do bem-estar sócio-econômico de uma população, ou seja, a
qual idade de vida das pessoas.
Esse cálculo é baseado na média aritmética simples de três indicadores: a) um
indicador de renda tendo em conta o Produto Interno Bruto (PIB) per capita; b) um
indicador de esperança de vida ao nascer e; c) um indicador relacionado com a
educação, que é resultado de média ponderada de dois outros indicadores: taxa de
alfabetização de adultos e a taxa combinada de matricula nos ensinos fundamental ,
médio e supehor.
Em 2001 , segundo o relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das
Nações Unidas (ONU), no ranking dos países o Brasil ocupa o 65° lugar, com um
IDH 0,757. A Noruega lidera (0,939), seguida da Austrália (0,936) e do Canadá
(0,936). Minas Gerais ocupa o 11° lugar (0,766) e Itaúna o 196° (0,823) no rank
Brasil, sendo que Itaúna é o 12° no rank do estado. Os municípios mineiros mais
bem classif icados em 2000 são Poços de Caldas (0,841), Belo Horizonte (0,839),
Uberaba (0,834), Divinópolis (0,831) (FJP, 1991-2000).
Nos últimos dez anos, houve uma sensível melhora no IDH de Itaúna, que cresceu
11,67% (de 0,737 para 0,823). A d imensão que mais contribuiu para este
crescimento foi a expectativa de vida, com 4 1 , 1 % , seguida da educação, com 31 ,8%
e da renda, com 2 7 , 1 % , o que revela uma melhora na qualidade de vida das
pessoas, demonstrada pela redução do hiato de desenvolvimento h u m a n o 1 1 em
32,7%, no período e, conseqüentemente, um atrativo para novos investimentos, o
que pode ser um forte diferencial em relação aos municípios vizinhos.
Como pode ser observado na tabela 2.16, o IDH de Itaúna no período 1970-2000
mostra uma evolução de 0,494 para 0,823, o que significa ter havido melhoria na
qual idade de vida do município. Com esse índice de IDH (maior que 0,8), Itaúna está
entre as regiões consideradas de alto desenvolv imento humano.
1 1 Hiato de desenvolvimento é a distância entre o IDH do município e o limite máximo co IDH, ou seja, IDH=1.
60
Não obstante, observa-se uma alternância significativa no IDH Renda, na passagem
dos anos 70 para 80, e no IDH Municipal, de 80 para 90. Isto se deve às mudanças
ocorridas na economia local com a crise da indústria siderúrgica, no f inal da década
de 70 e início dos anos 80, quando 16 das 17 siderúrgicas encerram suas atividades
no município. Na transição dos anos 80 para 90, a Cia Industrial I taunense, que
sempre f igurou entre as maiores empregadoras, maior contr ibuinte do Valor
Adicionado Fiscal (VAF) e maior arrecadadora de ICMS em Itaúna, também entra
em crise que culmina em falência definitiva e m 1999.
A melhora ao longo dos anos pode ser expl icada, entre outros fatores, pelos
investimentos que a Prefeitura Municipal vem realizando, v isando manter o padrão
dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, e que têm
impacto posit ivo na saúde da população; pela aplicação de 2 5 % da receita municipal
na educação, conforme determinação constitucional, mantendo o número de vagas
nas escolas públicas de acordo com a necessidade, o que contribui para que o aluno
permaneça por mais tempo na escola; e, por último, pelo crescimento da renda por
habitante.
Tabela 2.16: Evolução do índice de Desenvolv imento Humano (IDH) de Itaúna, 1970, 1980, 1991 e 2000
Índice 1970 I 1980 1991 2000 IDH - Longevidade 0.542 0,680 0,731 0,837 IDH - Educação 0,554 0,659 0,817 0,899 IDH - Renda 0,387 0,949 0,665 0,733 IDH - Municipal 0,494 0,762 0,737 0,823 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Estatística e informações (CE)) 1970-2000.
Centro de
Segundo dados da FJP sobre indicadores sociais, relativos aos anos 1991 e 2 0 0 1 ,
houve melhora nas condições de vida em Itaúna. A expectativa de vida ao nascer
aumenta de 68,85 para 75,22 anos em 2 0 0 1 ; o percentual de alfabetizados de
89 ,8% para 90,42%; a mortal idade infantil cai de 38,90 para 14,20 e a taxa bruta de
freqüência escolar aumenta de 65,39% para 83,67%. Houve um acréscimo da renda
per capita média do município de 52,76%, passando de R$ 206,52 para R$ 315,49,
61
a pobreza diminuiu 46 ,76%, passando de 25 ,3% para 13,5% no mesmo período.
Entretanto, a desigualdade cresceu, passou de 0,52 para 0,56. A situação brasileira
também melhora neste período, embora não tanto quanto a de Itaúna (tabela 2.17).
Tabela 2.17: Indicadores Sociais do Brasil e de Itaúna, 1991 e 2001
Brasil Itaúna Indicadores sociais
1991 2000 1991 2001
Esperança de vida ao nascer (em anos) 67,3 67,5 68,85 75,22 % de Adul tos al fabet izados 84,5 84,9 89,80 90,42 Taxa de Mortal idade Infantil 38.90 14,20 Taxa bruta de freqüência escolar 78,0 80,0 5,39 83,67 Renda per capita (RS) 206,52 315,49 IDH 0,746 0,757 0,737 0.823 Proporção de Pobres %) 25,3 13,5 índice de Gini 0,52 0,56 Fonte: Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Aplicada. Condições de vida nos municípios de Minas Gerais: 1970, 1980, 1991. Belo Horizonte, MG - 1997-2001: Prefeitura Municipal de Itaúna - Secretaria Municipal de Saúde de Itaúna -SEMSI. Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Itaúna - SEMEC. Universidade de Itaúna- Ul- IBGE-SIDRA.
O Índice de Condição de Vida (ICV) de Itaúna também melhorou entre os anos 70 e
9 1 , conforme se pode observar na tabela 2.18. Tudo leva a crer que as políticas de
saúde, de educação, de assistência à cr iança, bem como a de geração de emprego
no município, estão dando certo.
Tabela 2 .18: Evolução do índice de Condições de
índice • 1970 I 1980 I 1991 I C V - Saúde 0,512 0.671 0.798 I C V - Educação 0,464 0,570 0.649 I C V - Criança 0,793 0,814 0,854 I C V - Renda 0,490 0,865 0.814 I C V - Médio 0.564 0,730 0,778 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Observação: Classificação dos índices IDH e ICV segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Até 0,5: baixo desenvolvimento 0,5 a 0,8: médio desenvolvimento Acima de 0,8 (máximo 1.0): alto desenvolvimento
" A pobreza é medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior ao equivalente à metade do salário mínimo vigente L'm ayosto de 2000 (FJP, 2003).
62
A situação hoje existente em Itaúna, município e m que mais da metade dos chefes
de família tem renda abaixo de três salários mínimos e que, no entanto, não possui
favelas, é resultado de políticas implementadas pelo poder público local ao longo
dos anos, o que é objeto de análise do próximo capítulo.
63
CAPÍTULO 3 - UMA CIDADE SEM FAVELAS - A EXPERIÊNCIA DE ITAÚNA
No Estado brasileiro, a partir de meados dos anos 80, se processam profundas
mudanças políticas, econômicas e institucionais. Há a abertura política e o processo
de redemocrat ização, uma nova Constituição é promulgada e uma agenda de
reformas econômicas estruturais é implementada no País, com a adoção de políticas
de liberalização econômica e privatização de empresas estatais.
Ao mesmo tempo, a União transfere responsabil idades e competências para os
estados e municípios, provocando transformações nas instituições, no processo
decisório e nas práticas dos atores políticos no âmbito local.
Ensejados por esse processo, os governos locais têm reaYizaóo mudanças na
organização e no funcionamento da administração, incorporando, ainda que de
forma diferenciada, as diretrizes relativas ao grau de institucionalização dos canais
de gestão democrát ica como instrumentos redistributivos da renda e da riqueza
produzida.
A Administração local toma-se, a cada dia, a principal protagonista tanto na vida
política quanto na econômica, social e cultural. A ela são atribuídos papéis cada vez
mais relevantes no desenvolvimento das cidades, tomando-se responsáveis não só
pela administração burocrático-financeira, como por atrair investimentos, gerar
empregos e promover a renovação da base produtiva dos municípios.
É nesse contexto global de profundas transformações econômicas e de reformas,
que o poder local necessita de uma forma de gestão sintonizada com esse conjunto
de mudanças, implementando a governança e garantindo, assim, o bom governo.
A mudança do poder local no município de Itaúna, nos anos 80, estimula a formação
de associações e de parcerias entre o poder público e setores da sociedade
organizada, incentivando a implementação de uma gestão participativa na qual se
insere uma proposta de governança, aqui entendida como:
"...) uma fornia de relação entre atores políticos, alguns no governo, outros na sociedade civil, relação esta regida por regras modernas e democráticas. Modernas nc sentido de que elas são universalistas, eficientes e transparentes, e cemocráticas porque abrem espaços à participação dos agentes coletivos e organizações da sociedade civil. O conceito de governança amplia a idéia de
64
governar e não é um atributo apenas do Estado - com sua capacidade de mando e prerrogativas de tomar decisões e implementá-las de forma eficiente mas também da sociedade civil, da sua capacidade de organização e de mobilização em tomo de questões públicas*. (CEURB/FAF1CH/UFMG, 1996:52).
O presente capítulo procura mostrar como o poder público do município de Itaúna,
usando de sua capacidade de l iderança, mobil izou os meios e recursos necessários
para a formulação e implementação de políticas urbanas e de habitação e promoveu
o desfavelamento na cidade. Políticas que, em parceria com a sociedade
organizada, resultaram em promoção de melhores condições de vida urbana e de
acesso à moradia para a população carente, evitando, assim, a formação de bolsões
de pobreza e de favelas na cidade.
Embora tenha como foco a experiência levada a efeito em Itaúna a partir da década
de 80, fatos ocorridos anteriormente e que foram importantes para o desenrolar dos
acontecimentos são aqui recuperados na primeira parte deste capítulo denominada
a Cidade Educativa. Ela trata dos antecedentes históricos da experiência, da
situação que levou a Administração local a adotar o caráter participativo e a envolver
a comunidade local na solução de seus problemas, resultando na definição de ações
quanto aos focos de favelas, na década de 80.
Em seguida é feita a descrição da or igem e situação dos focos de favela existentes
em Itaúna na década de 80. O processo de desfavelamento da cidade, a experiência
de parceria entre Prefeitura e sociedade organizada, as decisões e os arranjos
adotados que tornaram possível promover o desfavelamento de Itaúna e, ao mesmo
tempo, instituir uma prática de prevenção é o que trata a terceira parte. Na última
apresenta-se a política de habitação popular hoje implementada em Itaúna.
3.1 A Cidade Educativa
O desfavelamento e a melhoria na estrutura básica dos bairros pobres de Itaúna
ocorre, em grande parte, no inicio da década de 80. Porém, a viabil idade desse
processo se deu em função de acontecimentos que se verif icaram na cidade na
década anterior.
65
Na década de 70, surge na Câmara Municipal um personagem, o vereador
Osmando Pereira Silva, assim descrito pela imprensa local,
"(...) o mais jovem vereador da historia de Itaúna. Foi líder estudantil e eleito como o representante do meio rural na Câmara. Ocupou a Secretaria da Cámara Municipal quando de sua primeira eleição. Foi eleito novamente vereador em 1982, como vereador ajudou a organizar a sociedade civil itaunense, sendo um dos responsáveis pela criação das Associações de Bairro de Itaúna". (Jornal Espaço - Coluna Profissionais de Talento, Janeiro 1999, Itaúna).
Cabe a esse vereador o mérito de estimular o movimento comunitário em Itaúna,
tomando-se, na época, o representante das l ideranças de bairros junto ao poder
local. No início, o movimento não tem reconhecimento oficial. As associações se
formavam est imuladas pelo vereador e em virtude do interesse de moradores em
defenderem suas comunidades. E estas nomeiam o vereador, um comerciante, para
representá-las, devido ao seu relacionamento com povo e dele ser um representante
do mesmo junto ao poder local.
Foi também na década de 70, em 1975, que o então Reitor da Universidade de
Itaúna mobil izou toda a comunidade i taunense para se candidatar ao titulo de
Cidade Educativa, um projeto das Organizações das Nações Unidas (ONU). O
Projeto Cidade Educativa (PROCED) consubstanciava a filosofia do educador
francês Edgar Faure, ex-Ministro da Educação na França, e tinha por objetivo uma
experiência mundial e pioneira.
Segundo o ex-reitor 1 , o PROCED se baseava na idéia de um mundo voltado para
uma filosofia participativa, comunitária. Possuía três grandes cernes: o primeiro,
est imulava a ação comunitária, participativa; o segundo se referia à suplencia, a
possibi l idade do homem em qualquer idade voltar à escola; e, por últ imo, a escola
aberta, ou seja, manter a escola e as universidades fora das quatro paredes, aberta
ao acesso de qualquer pessoa através, por exemplo, das bibliotecas públicas e do
ensino profissionalizante em períodos contínuos, facil itando a parceria com
empresas privadas que, durante os períodos de férias, encaminharia seus
empregados para fazerem cursos rápidos de interesse comum.
Part ic ipavam do PROCED, como cooperadores, pessoas das mais diversas
nacional idades, como americanos, russos, chineses dentre outros, e o projeto
! Entrevista realizada em 09/06/2003. 66
circulou o mundo através da UNESCO. Para ser escolhida, a cidade deveria possuir
os meios e os recursos disponíveis para colocar em prática os princípios do projeto e
possibil itar a alfabetização, a autodidaxia e o aprendizado contínuo visando a uma
melhor qual idade de vida. Ass im, a cidade educativa teria o seu fruto, o
conhecimento.
Segundo Edgard Faure,
"é a existência duma comunidade internacional que. sob a diversidade de nações e de culturas, das opções políticas e dos níveis de desenvolvimento, se exprime pela unidade de aspirações, de problemas e de tendências e pela convergência para um mesmo destino. O seu corolário é, para além das divergências e dos conflitos transitórios, a solidariedade fundamental dos governos e dos povos". (Faure, 1972:10).
De acordo com o ex-reitor 2 , "o PROCED visava criar a mental idade de participação
da comunidade no desenvolvimento auto-sustentável, nas decisões do poder, criar
uma mental idade de futuro, desenvolver a 'autodidaxia'".
Na época, o então reitor freqüentava um curso na Escola Superior de Guerra, do
qual part ic ipavam pessoas ligadas à Secretaria de Estado da Educação de Minas
Gerais, onde f icou sabendo que a Organização Educacional, Científ ica e Cultural
das Nações Unidas (UNESCO) e a Organização dos Estados Americanos (OEA)
acabavam de assumir o compromisso de implantar o PROCED no Bras i l 3 .
Cabe aqui uma explicação sobre as instituições envolvidas na promoção do
PROCED. Inicialmente o Projeto era uma promoção da O N U e da UNESCO e
dest inava-se a países desenvolvidos, mas estes não acei taram implantá-lo.
Poster iormente, em uma reunião da UNESCO com a OEA, a idéia foi novamente
discutida e retomada e a OEA decidiu implantar o PROCED no Brasil.
O então reitor da Universidade começou a tomar as providências necessárias para
que Itaúna entrasse na disputa. O fato do projeto se iniciar e m países em
desenvolv imento, principalmente Brasil, se deu em função dos países
desenvolvidos, pelo momento político que passavam, não acei tarem implantar o
projeto. A França, por exemplo, atravessava uma crise estudantil.
2 Entrevista realizada em 9/06/2003. 3 Na época, o Secretário de Estado da Educação de Minas Gerais era o representante do Brasil na reunião da UNESCO/OEA. em Washington.
67
O fator preponderante da ONU e da UNESCO para a escolha da cidade era a
comunidade ter uma mental idade participativa e um setor educacional estruturado.
Isto porque visava implantar o Projeto e mostrar que era possível e necessária a
educação contínua. Daí ser necessário que a cidade já possuísse uma infra-
estrutura de educação.
A escolha se baseava nos princípios da "Cidade Educativa", ou seja, seria escolhida
a cidade que obtivesse maior pontuação nos seguintes pré-requisitos estabelecidos
pela ordem:
a) possuir escolas e universidade abertas, para que todos possam ter acesso às
mesmas, inclusive à biblioteca, onde a criança, o operário e até o intelectual
possam utilizá-la;
b) possuir cursos profissionalizantes de curta duração;
c) possuir uma comunidade participativa nas decisões polít icas, através de
"bureaux de bairro", possuir espirito comunitário, participativo;
d) possuir ensino suplet ivo;
e) possuir um jornal, impresso nos moldes artesanais, que constasse uma breve
história da civil ização local.
Nesse processo de candidatura de Itaúna até a obtenção do título, o principal
protagonista foi o reitor da época que conseguiu, através do seu relacionamento na
cidade, mobil izar a comunidade no sentido de participar para desenvolver os pré-
requisitos básicos que o projeto exigia.
No que diz respeito à estrutura educacional, desde os seus primórdios Itaúna t inha
escolas e, nessa época, já possuía a universidade e vários centros educacionais e
profissionalizantes como a Escola do SENAI.
A Cidade Educativa levou os administradores da educação de Itaúna a estruturarem
alguns projetos, como o pré-escolar, para trazer a criança mais cedo para escola,
desenvolvendo a sociabil idade através do convívio, cuidando da sua saúde e
al imentação. Durante o período Cidade Educat iva, foram criados onze centros pré-
escolares e o ensino supletivo, bem como implementado treinamento especial para
os professores do nível pré-escolar.
68
Quanto às organizações, os "bureaux de bairros", Itaúna, até então, não tinha nada
formalmente definido. Já existiam associações de bairro e o vereador Osmando era
o elo de l igação entre as reivindicações populares e o poder público.
Sendo a participação comunitária representativa um dos itens do concurso, coube
ao reitor, através de seu relacionamento político, instar junto às entidades sociais,
educacionais e de classes, solicitando o empenho e a participação da comunidade
e m uma passeata no dia de visita da comitiva de avaliação a Itaúna. Coincidindo a
data da visita com a proximidade da Semana Santa, o reitor aproveitou uma missa,
quando a igreja estava cheia devido a uma procissão, pediu l icença ao padre e
expôs o projeto à população presente, solicitando que todos part ic ipassem da
passeata, a fim de demonstrar que existia part icipação no município. No dia da visita
as ruas da praça principal estavam lotadas de pessoas que empunhavam cartazes
manifestando ser Itaúna uma comunidade part ic ipat iva 4 .
A exigência de que a cidade possuísse um tablóide com tamanho, forma de
tipografia especifica, tipo de papel e com publ icações da história da cidade e de seu
povo também era fácil de ser cumprida. Itaúna já possuía vários jornais desde 1890
e era só uma questão de colaboração dos editores e adaptação, o que foi feito em
tempo recorde.
O projeto despertou na comunidade uma consciência para a participação
comunitár ia, mobil izando a todos no sentido de contr ibuírem, cada u m em sua área
específ ica, para que a cidade fosse a escolhida. De mostrar aos organizadores a
união e a força da comunidade, o quanto ela estava preparada para receber o título.
A lém da Universidade foram mobil izados vários setores l igados à educação, como o
Centro de Educação Pré-escolar, o Centro de Educação Supletiva, a Escola do
SENAI , onde já estava implantada a mental idade de formação contínua. Com o
Projeto a cidade evoluiu, voltando o pensamento para o futuro educacional da
população, com menos analfabet ismo, o que já vinha sendo desenvolvido desde os
anos 70.
Quando da visita de Edgard Faure e sua comitiva a Itaúna para avaliação, o mesmo
pode presenciar a manifestação das pessoas nas ruas, empunhando cartazes como
4 Entrevista realizaria em 09-06-2003. 69
se já fossem os escolhidos. Após várias análises pelo comitê da UNESCO, que
envolvia representantes de vários países, quanto à situação das mais 31 cidades
concorrentes,
"Em 20 de fevereiro de 1975, foi publicado o tablóide, 'Nós Somos Cidade Educativa'. Então, por todo o entrosamento das partes de um conjunto, Itaúna foi escolhida, juntamente com Itabira, para a implantação do Projeto Cidade Educativa (PROCED)". (Carvalho, 2001:73).
Na visão do ex-reitor 5 , o movimento que se criou na época voltado para a obtenção
do título, a união das pessoas em torno de um objetivo comum, de mostrar que o
associativismo estava presente em Itaúna teve seus efeitos anos mais tarde,
facil itando a interação entre poder público e comunidade quando do processo de
desfavelamento. Assim, de um certo modo, o PROCED,
"contribuiu para acabar com a favela, contribuiu para que houvesse cada vez mais escolas e menos analfabetos, contribuiu de uma forma decisiva para a formação de recursos humanos através da formação da educação supletiva (...) para formação da mentalidade de futuro na população (...) as demais cidades foram eliminadas porque faltava o grande espírito comunitário".
Durante um bom tempo, em tudo que ocorria e m Itaúna ouvia-se a expressão
"somos Cidade Educativa isso não pode ocorrer" (se fosse algo ruim) ou então "por
isso somos Cidade Educativa" (se fosse algo de bom). Esse pensamento, essa
maneira de agir, intemalizou nas pessoas um sentimento de origem, de part icipação,
de fazer parte de algo diferente. A cidade de Itaúna, a Universidade e a
manifestação do povo nas aias se tomaram manchete nos jornais da Capital, de
Itaúna e de Itabira, e o povo se orgulhava disso.
No entanto, a Cidade Educativa não vingou enquanto projeto. A escolha de Itaúna
representou na realidade a obtenção do título e o recebimento de um carro doado
pela UNESCO. Um ano após a cidade receber o título, houve mudança na
administração da universidade, e a própria UNESCO não levou à frente o projeto de
apoiar a cidade com educadores que preparariam os instrutores das escolas para
desenvolverem uma formação com uma visão mais futurista.
Mas o movimento criado na época fez com que o povo f icasse alerta para a força da
participação e é quando despontam as l ideranças de bairros e se estabelece um
vínculo maior entre as pessoas na comunidade. Quando da passeata, cada líder
5 Entrevista realizada em 9/06/2003. 70
in formal 6 dos bairros, preparou sua caravana, fez demonstrar a força de uma
participação conjunta. Assim, perceberam que poderiam ir a lém de reivindicações
individualistas e que, a lém do vereador, eles mesmos poderiam ter uma expressão
maior junto ao poder local, através da formal ização da organização comunitária.
Mas somente na década de 80 é que as associações vão emergir no cenário político
de Itaúna como atores. E é também quando, pela primeira vez, os resultados
eleitorais representam uma quebra na tradição política do município com a vitória de
um candidato da oposição e que não pertencia à elite política local.
Até então o município havia sido administrado pelo Partido Democrát ico Socialista
(PDS), sucessor da antiga Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Nas eleições de
1982, o PDS apresentou três candidatos, o Partido Democrát ico Brasileiro (PMDB)
três e o Partido dos Trabalhadores (PT) um. Na visão de Souza,
"As eleições de 15 de novembro de 1982 foram as mais importantes real izadas no Pais após a redemocrat ização ocorr ida no ano de 1946, em seguida à queda do Estado Novo, instaurado por Getúl io Vargas, tão fortes os seus impactos sobre a vida Nacional , Estadual e a I taunense, em particular". (Souza, 1996:613).
Assim, na vigésima-terceira Administração municipal, assume a Prefeitura Municipal
de Itaúna um membro do PMDB - partido oposicionista na época - que não fazia
parte da elite política, o que representou uma mudança na estrutura do poder local.
O então candidato à Prefeito inicialmente era filiado ao Partido Popular (PP) que
acabara de ser absorvido pelo PMDB, e que tinha forte influência em Itaúna por ter
sido criado por Magalhães Pinto e Tancredo Neves, cuja esposa, Dona Risoleta, era
de Cláudio, município vizinho de Itaúna.
A Administração da Prefeitura passa, então, a ser responsabi l idade de um professor
de história que, durante seis anos (1983/1988), administrou voltado para o social,
incentivou e regulamentou as associações de bairros, quando se estabelece a
exigência delas adotarem uma estrutura de organização, com estatuto, presidente,
vice-presidente, conselheiros e t c , e se cadastrarem na Secretaria de Bem-Estar
Pessoas que têm facilidade de mooiüzar os moradores, que participam ou não de grupos festeiros. Itaúna. desde o séc. XVIII, possui grupos festeiros de congado cue na época das festas ocupam espaços públicos na cidade c que amplia o relacionamento da comumdace envolvida.
71
Social , passando, ' então, a serem reconhecidas como representantes da
comunidade junto ao poder local.
Em resumo, o desenvolv imento do associativismo comunitáno em Itaúna obedeceu
a seguinte cronologia: na década de 70, através da intermediação de um vereador,
aflora a idéia de se formar associações. Em 1975, como pré-requisito do PROCED,
a cidade se manifesta como uma comunidade participativa e percebe a força de sua
part icipação para alcançar o resultado vitorioso do título. Em 1983, com a mudança
na estrutura do poder local, as associações tomam-se atores polit icamente
reconhecidos, ou seja, o Prefeito regulariza a existência das associações, passando
seus líderes a serem escolhidos através de eleições diretas, regulamentadas por
estatutos.
Daí em diante a idéia de associar-se frutificou fazendo surgir novas associações de
moradores e organizações que hoje são em número de 52, e estão presentes tanto
na zona urbana quanto na rural (tabela 3.1).
Tabela 3 . 1 : Organizações comuni tár ias de I taúna, por zona urbana e rural, 1985,1988 e 2003
Zona Número 1985 1988 • 2003
Urbana 09 17 35 Rural 11 15 17 Tota j 20 32 52 _ Fonte: Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (SMBES), Itaúna, 2003.
Quando se analisa as organizações sociais de Itaúna, por tipo, verifica-se que a
maioria é de associações de moradores de bairros e localidades. Em 1985, eram
nove associações de moradores, praticamente as dos focos de favelas e que foram
as pnmeiras a surgirem no município, entre o finai de 1983 e inicio de 1984.
Poster iormente elas foram aumentando em número, tanto na zona urbana quanto na
rural (relação em anexo).
As organizações da zona rural recebem o nome de Conselhos, mas possuem as
mesmas prerrogativas das associações de bairro, se diferenciando apenas no nome.
Em geral, elas defendem melhorias semelhantes às associações urbanas como vias
72
de acesso, escolas', assistência médica, manutenção da rede de energia entre
outras.
As associações possuem membros representantes nos Conselhos da Habitação,
Conselho Tutelar, Conselho Municipal de Assistência Social e, no Conselho
Municipal dos Direitos da Chança e do Adolescente, todos de caráter deliberativo.
Tabela 3.2: Organizações comunitánas de Itaúna, por tipo, segundo zona urbana e rural, 1985,1988 e 2003
Zona Número 1985 i 1988 ; 2003
Associação de Moradores de focos de favelas 6 6 6 Associação de Moradores de bairros urbanos 3 11 29 Associações de Moradores área rural 11 15 17 Total 20 32 52 Fonte: Secretaria Municipal do Bem-Éstar Social (SMBES), Itaúna, 2003.
Além das associações há em Itaúna organizações de outra natureza como
Sindicatos patronais e de trabalhadores, Clube dos Diretores Loj istas, Clubes de
mães, Associação de Jovens, Associação Médica e t c , que também participam da
vida associativa do município.
Na década de 80, o incentivo à criação de associações e a regularização das já
existentes se deram em função da necessidade de controlar a procura que o novo
Prefeito passou a ter quando da sua posse na Prefeitura local e, de certo modo,
evitar o paternalismo ou o atendimento voltado para soluções individualistas, devido
à proximidade do relacionamento, fato característico de uma c idade interiorana,
onde os eleitos são pessoas mais próximas dos eleitores. Com isto o Prefeito visava
simplificar e tomar mais ágil o atendimento à população que constantemente recorria
à Administração para fazer reivindicações 7 .
As reivindicações direcionadas ao Prefeito, oriundas de bairros já urbanizados, eram
na maioria pedidos de melhoramentos como asfaltamento de ruas, escolas, creches,
transporte e melhoria da i luminação. Já nos focos de moradias considerados como
favelas, as reivindicações eram no sentido de instalação da infra-estrutura básica,
rede de água e esgoto, energia elétrica, abertura das ruas e regular ização da posse
dos lotes, uma vez que nesses locais nada existia e, aí sim, as reivindicações eram
" Entrevista realizada em 30/05/2003. 73
bern individualistas. As pessoas quer iam que a Administração melhorasse a "minha
rua", e não se preocupavam com o local como um todo.
É nesse momento que a Prefeitura Municipal reconhece a necessidade de
estabelecer relações entre o poder público e a sociedade organizada e que as
entidades comunitárias poderiam se tomar eficientes canais de comunicação entre
ambos. Daí adveio a regulamentação das associações, que passam a ser
reconhecidas oficialmente, tomando-se uma espécie de filtro das reivindicações
individuais levando à Prefeitura reivindicações mais procedentes. Ao mesmo tempo,
há o reconhecimento de que as associações poder iam se constituir no âmbito
adequado para suprir a falta de uma vivência comunitár ia, onde se poderia
estabelecer diálogos e emergir idéias criativas.
É importante lembrar que, nessa época, se estabelece no País, em vários
municípios, a prática do poder público, especialmente no caso de favelas, se
relacionar com seus moradores através de uma representação, no caso, as
Associações.
3.2 Os focos de favelas em Itaúna
Antes de prosseguir, é importante esclarecer que o que aqui se denomina focos de
favelas, ainda que não apresentem as d imensões de um aglomerado, tal como
ocorre nas grandes cidades do País como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, ainda assim, esses focos consti tuíam um problema para a cidade. Trata-
se da existência de áreas invadidas, sem acesso aos serviços de infra-estrutura
urbana e sem urbanização, sendo parte das casas feitas com materiais
inapropnados como tábuas e pedaços de latas e plásticos, algumas situadas em
áreas de risco como encostas e à beira de rio.
Nos anos 80, existiam em Itaúna oito áreas de invasões (conforme mapa anexo). A
primeira, denominada Alto do Cascalho, hoje Alto do Rosário (1), em terras
devolutas, localizada no morro da Pedra Negra, onde se originou a cidade. Duas
outras à beira do Rio São João (2,3), em área pertencente ao município. Um foco no
chamado Lixão (4), área do município e ponto de descarga do lixo da cidade na
época. Outra de nome Açude (5) em uma área do município onde hoje se encontra
74
uma avenida (Av. Jove Soares). Mais duas áreas sendo uma na aia Amianto (6) em
áraa devoluta regularizada em 2003, no bairro Padre Eustáquio, e a Vila dos
atrevidos (7), localizada em terreno do município. E, por último, uma denominada
Vila Imperial (8) , em área também do município.
De acordo com o depoimento do ex-prefei to 8 , dos lugares citados, três eram
considerados favelas pelo volume de famílias aglomeradas: a Vila Imperial, o Alto do
Rosário e o Lixão sendo os demais vistos apenas como lotes invadidos.
O primeiro foco, Alto do Cascalho, surge no início da formação da c idade (1750). Era
constituído de casas de alvenaria que foram sendo construídas pelas famílias pobres
e pelos negros que, após a abolição da escravatura, chegavam e m Itaúna e não
t inham onde morar. As casas eram feitas sem nenhum planejamento e ao longo dos
anos o local se transformou num aglomerado de casas sem infra-estrutura urbana.
Em 1984 havia 124 casas e 600 habitantes morando no lugar.
Os dois focos à beira do Rio São João e o da rua Amianto se formaram no final da
década de 70, quando vários chefes de família perderam o emprego com a crise da
siderúrgica e invadiram o local, sendo as moradias dessas áreas as mais precárias.
As famílias desses locais, por serem menos numerosas (estimativa de
aproximadamente 10 casas e 50 pessoas), posteriormente foram remanejadas,
juntamente com as do Lixão, para o loteamento construído pela Prefeitura.
A área do Açude, hoje Nogueira Machado (Av. Jove Soares), se formou por volta de
1980 e nela havia cerca de 47 moradias e 218 habitantes, sendo 4 7 % das famílias
provenientes da zona rural e 5 3 % da zona urbana.
No Lixão e na Vila dos Atrevidos, locais também conhecidos como Alto do Cruzeiro,
a ocupação começou na década de 50 e se intensificou na década de 80, com
famílias que viviam da coleta e tr iagem do lixo e, para ficar mais perto, ali
construíram seus barracos, t ambém bastante precários. Neles havia 54 moradias
com 237 habitantes, sendo 2 7 % das famílias or iundas da zona rural, 7 0 % da zona e
3% não declararam a or igem.
O foco da Vila Imperial, hoje Vila Tavares tinha em tomo de 60 moraaias com 287
habitantes e uma situação bastante precária. A ocupação começou na década de 60
3 Entrevista realizada em 3C/05/2C03. 75
quando uma famíl ia 9 não tendo como manter o aluguel, uma vez que o chefe da
família encontrava-se doente e desempregado, invadiu o locai ao descobrir que ele
não tinha d o n o 1 0 .
Segundo depoimento de uma ex-moradora 1 1 , no finai da década de 70 e inicio de 80,
com a crise de desemprego na cidade, provocada pelo início da retirada das
indústrias siderúrgicas, houve um aumento considerável da população no local. "As
famílias não t inham como pagar o aluguel e foram Invadindo o lugar e construindo
suas moradias de madeira, lona e papelão. A lguns conseguiam ajuda ou vend iam
parte dos móveis e construíam uma casa melhor em alvenaria ou de muro prefabricado". Em 1983 havia mais de 50 moradias no local, sem infra-estrutura urbana
e as famílias sofrendo danos com as enchentes do Rio São João.
Vale ressaltar que até 1983, esses focos não d ispunham de energia elétrica, nem
rede de esgoto, e o abastecimento de água, e m partes de algumas delas, era feito
através de uma torneira comunitária.
Tabela 3.3: Número de moradias e habi tantes dos focos favelados de Itaúna em 1984, por denominação, segundo a época de surgimento Denominação
Açude
AJto do Cascalho Alto do Cruzeiro Amianto Beira do Rio Vila Impenal Total
Época de surgimento
1980 1750 1950 1970 1970
1970/82
Número Focos : Moradias
01 01 02 01 02 01 08
47 124
54 5* 5* 60
295 Fonte: Secretaria Municipal de Bem-Estar Social (SMBES), Itaúna, 2003. " Número estimado de casas. Não há registro de dados
A mudança na Administração Municipal na década de 80 foi um fato histórico no
município. A Prefeitura se encontrava f inanceiramente bem, em relação aos anos
9 Entrevista realizada 17/06/2003 com membro da primeira familia a invacir o local. •° Depoimento de moradora da Vila, realizada 17/06/2003. I ! Entrevista realizada em 2/06/2003.
76
anter iores ' 2 . O novo Prefeito era um homem simples e cio meio universitário e queria
resolver os problemas de moradia reivindicados pela população carente,
compromisso assumido durante a campanha eleitoral, ao mesmo tempo em que se
colocava a necessidade de se urbanizar a lgumas áreas da cidade para viabilizar a
sua expansão e que estavam ocupadas pelos focos de favela.
Ass im que assumiu o cargo (1983), o Prefeito solicitou à Secretaria Municipal do
Bem-Estar Social que levantasse a situação dos focos de favelas do município e deu
início ao projeto de desfaveiamento. Tratava-se não apenas de cumprir um
compromisso de campanha e atender ás reivindicações populares, mas, também,
era preciso garantir o visual e a harmonia urbana ao redor da Escola do SENAI e da
nova rodoviária, ponto de referência dos que chegavam à cidade.
Nos arredores, quase que emparelhadas a essas edif icações encontravam-se dois
focos de favelas prejudicando a imagem da cidade: a do Açude (perto do SENAI) e o
da Vila Imperial (Rodoviána). O mesmo ocorria com o Alto do Cascalho que se
encontrava no local onde havia sido construída a primeira capela de I taúna, hoje um
ponto turístico da cidade. Tudo isso, sem dúvida, contribuiu, para que ocorresse o
processo de desfaveiamento, com a remoção de famílias em alguns casos, e a
urbanização dos focos de favelas em outros, como se verá em seguida.
3.3 Desfavelando a cidade
O fato da Prefeitura se encontrar bem f inanceiramente, possuir a exploração de uma
pedreira e diante da necessidade de urbanizar a cidade que, nesse momento,
precisava crescer no sentido das áreas invadidas, iniciou-se em Itaúna um projeto de
renovação urbana.
No final de 1983 a Prefeitura elabora um projeto de urbanização dessas áreas ao
mesmo tempo em que começa o envolvimento das comunidades no processo. O
projeto de urbanização abrangia a abertura de ruas, a instalação de redes de água,
de esgoto e de energia elétrica. Em algumas áreas de invasão não havia o acesso a
1 2 No finai da década de 70 a receita do município vinha definhando em proporção assustadora. A partir de 1980 ela volta a melhorar, embora continue caindo nos anos seguintes, ainda que com índices menores, voltando a se re-equiübrar, especialmente a partir de 1985, conforme mostrado no item situação sócio econômica no capitulo 2, :.abela 2.5 e gráfico 1.
77
esses serviços, embora e m toda a extensão da cidade já exist issem redes que
abasteciam os bairros vizinhos.
O projeto se inicia em 1984 pela Vila dos Atrevidos, hoje Vila Nazaré, localizada à
oeste do centro urbano de Itaúna, cuja população dependia do comércio, do trabalho
e do transporte coletivo, que circundava apenas o centro urbano. Até então os
comerciantes não demonstravam qualquer interesse por essas áreas, talvez em
função do pequeno número de pessoas que ali residiam, mas também não
expandiam seus negócios para essa região. As indústrias, por sua vez, estavam
localizadas no lado oposto da Vila e do centro urbano, fazendo com que as pessoas
t ivessem de se deslocar para o trabalho ou a procura de emprego, atravessando o
Centro. Enfim, o morar nessa Vila era dificultado pela falta de estrutura e de
recursos.
Nessa época (1984), a Vila se compunha de residências unifamil iares, de padrão
construtivo médio, embora no seu interior houvesse residências de padrão bem
inferior. Este fato modif icava a paisagem do bairro Cerqueira Lima, que circundava a
Vila, alterando o valor do metro quadrado dos imóveis e de seus lotes.
A Prefeitura decide, então, redesenhar a área e refazer o traçado das ruas evitando,
no entanto, deslocamentos excessivos de moradias, v isando, assim, diminuir o
número de novas construções e minimizar o custo do projeto. Hoje e m dia, esse
bairro e o Alto do Cascalho são os únicos locais da cidade em que as ruas têm
traçado irregular.
Nessa Vila é criado o primeiro mutirão para construir as casas das famíl ias que
foram removidas dentro da própria área, e o projeto incorporou as reivindicações e o
interesse manifestado pela população em participar. A Prefeitura fornecia o material
necessário como areia, pó-de-pedra, e pedra e o trator para desaterros e
terraplenagem e toda mão-de-obra utilizada nessas construções era da própria
comunidade, inclusive moradores das casas remanejadas. Foram também
instaladas, as redes de água, esgoto e energia elétrica.
No decorrer da urbanização dessa área, a Prefeitura continua a envolver e a
incentivar a constituição de novas associações comunitár ias. Nesse processo, a
parceria entre o poder local e as organizações comunitár ias, através dos mutirões
para a construção das moradias, elimina o custo da mão-de-obra viabil izando a 78
construção de novas casas em outros focos (cf. tabela 3.3). Dá-se início, então, a
fase II do projeto, a urbanização do Alto do Cruzeiro, visando el iminar o Lixão que
está próximo do centro da cidade.
Com base no levantamento feito pelas associações comunitárias da Vila dos
Atrevidos, do Lixão e da Vila Imperial, a Prefeitura inicia, no final de 1984, a remoção
e terraplenagem do Lixão, visando atender as 140 famílias moradoras desse foco,
onde a média de ocupação era de mais de uma família por casa.
O levantamento consistia na definição das famíl ias que de fato residiam nos
arredores do Lixão e dependiam dele para sua sobrevivência, e das famílias que
t inham interesse em sair da beira do Rio São João, e a Vila Imperial, definindo
assim, a quant idade de casas e/ou lotes que seriam necessários nessa etapa.
Para tornar possível a terraplenagem da área a Prefeitura deu início à construção da
Usina de Recic lagem e Compostagem do Lixo em uma área mais afastada do centro
da cidade e, aproveitando a experiência da população que já trabalhava na tr iagem
do lixo, criou emprego para todos na Prefeitura. Parte dos trabalhadores foram
envolvidos nos mutirões para construção de novas casas na área do lixão que foi
aterrada e transformada em lotes, beneficiando famílias que ali residiam em
casebres. Os mutirões eram coordenados pela Prefeitura que cedia caminhões,
pedra, pó-de-pedra e escoramento de madeira. O tamanho inicial do lote era 125m2.
Hoje, nos novos loteamentos populares os lotes são, no mínimo, de 200 m2.
Ass im, as áreas do Lixão e da Vila dos Atrevidos, hoje bairro Novo Horizonte e Vila
Nazaré, respect ivamente, se transformaram nas primeiras áreas urbanizadas e no
primeiro loteamento para o qual fo ram remanejadas as famílias das áreas carentes e
de riscos. Os catadores de lixo da época hoje são funcionários da Usina de Lixo, que
foi transformada em uma Cooperativa.
Enquanto a área do Lixão estava sendo urbanizada, em 1984/85, a Administração
local começou a urbanizar a Vi la Imperial, nos mesmos moldes da Vila dos
Atrevidos, abrindo ruas, redesenhando o espaço e instalando redes de água, esgoto
9 energia elétrica, e aqui também se f izeram presentes os mutirões de moradores.
A Prefeitura negociava com as famíl ias no sentido de que elas ganhariam o lote
participando do mutirão de construção da sua casa e de outras moradias. Na medida
79
em que as famílias saíam da Vila, a área era estruturada, ruas eram abertas e a
infra-estrutura implantada, construindo-se, assim, um novo loteamento.
As áreas que confrontavam com a BR 4 3 1 , que faz a l igação de Itaúna com a BR
381 (SP) e BR 262 (Araxá), passam a ser cedidas a empresár ios, sob o sistema de
Concessão de Uso 1 3 . Os empresános selecionados recebiam o terreno para
concessão durante cinco anos, e se nele exist issem barracos, eles dever iam
construir uma nova moradia compatível com a família, em alvenaria, no bairro Novo
Horizonte, para que a mesma deixasse a área cedida.
As famíl ias que t inham seus barracos nos locais onde foram abertas as ruas eram
remanejadas para o loteamento Novo Horizonte já existente. Hoje o locai da Vila
Imperial é denominado Vila Tavares e nela existem indústrias e moradias. Entre os
moradores estão nove famílias que não precisaram sair na época da urbanização
porque estavam fora do traçado das ruas abertas.
Há, ainda, seis famílias que insistem em morar no terreno cedido para as indústrias
e que não querem sair da área que é próxima ao centro urbano, para evitar gastos
com transporte. Elas aguardam o surgimento de novos loteamentos ou novas
propostas dos industriais que permitam a elas viver em áreas mais próximas ao
Centro para que a mudança não altere o orçamento familiar.
E, por último, há também famílias que adquir iram lotes quando do processo de
urbanização e que moram no local. No processo de urbanização e remanejamento
da Vila dos Atrevidos, Vila Imperial e do Lixão foram doados e regularizados 280
lotes, e construídas e doadas 55 casas pela Prefeitura.
No início, a negociação com as famílias era feita através de um representante da
Secretaria de Ação Social (hoje Secretaria do Bem-Estar Social) de quem recebiam
a proposta diretamente" 4 , quando eram indagadas se quer iam sair do foco para um
local recém construído recebendo um lote em troca do atual. Em 55 casos as
famílias receberam uma casa pronta no bairro Novo Horizonte, em geral as mais
Concessão de Uso de Terra - Lei Municipai n. 1.861, de 4 de outubro de 1985, através da qual o Prefeito autoriza o Executivo Municipal a ceder, gratuita ou sob forma de remuneração, áreas de terreno não ocupadas a microempresas, por prazo .ndeterminado, para unicamente ser exploradas para instalações de industriais. 1 4 Entrevista realizada com ex-moradores dos focos, em 2"/06/03.
80
necessitadas. Na maioria dos casos as famílias receberam o Jote, algum material
básico e o apoio da Prefeitura no projeto de construção da casa.
Segundo ex-moradores 1 5 , para alguns deles o remanejamento foi a melhor coisa que
pode acontecer. Outros, entretanto, acham que não havia opção, que t inham que
sair porque iria ser aberta uma rua no local onde estavam suas casas. E nem todos
se mostram satisfeitos com a mudança. Alguns comentam que gostar iam de estar
morando no foco, pois era mais perto do centro da cidade e o ambiente era mais
tranqüilo.
A lgumas famíl ias que saíram do Lixão e até mesmo da Vila Imperial acham que o
local onde moram hoje (Novo Horizonte e Morada Nova) não é seguro. Esses bairros
possuem as construções de casas mais simples, a maioria sem muros, o que as
torna inseguras e facilita os assattos. São também os bairros onde reside a
população de mais baixa renda e que, em geral, se desloca a pé, o que a toma
vulnerável aos assaltos de rua.
Segundo uma moradora do Bairro Novo Hor izonte 1 6 , essa região é onde se
concentra o maior número de desempregados e "malandros" da cidade, o que deixa
os moradores inseguros.
De acordo com líderes comuni tár ios 1 7 do bairro Nogueira Machado, Nogueirinha, e
um ex-líder comuni tár io 1 8 , hoje membro do Conselho Deliberativo de Habitação, na
época do remanejamento das famílias para o Novo Horizonte, a experiência serviu
de exemplo. Os primeiros lotes foram distr ibuídos de maneira imprópria,
indiscriminada e sem qualquer critério básico. Com isso, muitas famílias ganharam
mais de um lote, o pai ganhou, o filho ou outro membro da família ganhou, e até
mesmo pessoas que acabavam de chegar á cidade, v indas de outros municípios,
também ganharam, pois no inicio não havia qualquer cadastro ou ficha de interesse
dos candidatos.
De acordo com as l ideranças, muitos dos problemas que ocorreram foi devido ao
fato das associações serem recentes e delas não terem sido chamadas a participar
do projeto de implantação. Este foi idealizado e real izado sem que os representantes
1 5 Entrevista realizada em 21/06/03. 1 6 Entrevista realizada em 21/06703. 1 7 Entrevista realizada em 02/08/03. : í Entrevista realizada em 02/08/03.
S I
das comunidades fcssem ouvidos. Somente na etapa de distribuição dos lotes ou
casas é que as associações foram convocadas para auxiliar na escolha das famíl ias.
Ass im, nesse primeiro momento, a participação das l ideranças l imitou-se a ajudar no
remanejamento ou encaminhamento das famílias para os locais já definidos pela
Administração Municipal. Eles não part iciparam da decisão de localização do
loteamento, os critérios para a escolha das famíl ias não foram bem definidos, eles
não t inham experiência do processo e nem estavam preparados. A inda assim, foram
as l ideranças das associações criadas na época que definiram as famíl ias que ir iam
ganhar os lotes, baseado no levantamento econômico que elas f izeram das famíl ias
moradoras.
Segundo as l ideranças, o que elas queriam era dar sugestões em todas as etapas,
desde a localização até as condições de construção das casas e instalação da infra-
estrutura urbana. Como resultado do processo, aquelas famílias em cujos lotes não
era prevista a abertura de ruas se recusaram a sair e ainda moram nos focos. As
que foram para os loteamentos e reclamam de estar morando lá é porque o
remanejamento quebrou a amizade que existia nos focos, Para os loteamentos
foram além das famílias remanejadas de um mesmo foco, todas as que estavam em
situação precária de moradia, de outros focos, mais os que ganharam os lotes,
independente de morar ou não nos focos. Ou seja, o remanejamento quebrou a
amizade que existia nos focos e hoje há reclamações quanto à vizinhança, quanto à
pobreza que existe nos bairros Novo Horizonte e Morada Nova, onde hoje residem
mais de oito mil pessoas, de várias origens e de vários focos de favela de Itaúna.
Mas, no entanto, também foram dados depoimentos como:
"Com esse remanejamento inicial (Novo Horizonte, Vila Nazaré), tivemos a oportunidade de aprender, de conscientizar que critérios eram precisos, e que a organização comunitária precisa e deve participar sempre". (Ex-líder comunitário. Entrevista realizada em 02708/03).
"Eu fui convidada a sair porque senão iriam derrubar minha casa, não saí, e não saio enquanto não arrumar outro lugar mais perto pra morar. Onde me ofereceram eu não vou. É muito longe e fica caro morar lá". (Moradora da Vila Imperiai. Entrevista realizada em 17/06/03).
"A associação no inicio indicou as pessoas mais necessitadas, mas sem muito critério. Só a partir da Morada Nova é que as coisas melhoraram. Vila Nazaré e Novo Horizonte foram o embrião, com lotes pequenos e muito pouco critério". (Líder comunitário. Entrevista reahzaôa em 02/08/03).
82
Ainda em 1984, buscando atender a população de baixa renda e sem moradia, o
Prefeito solicita aos órgãos competentes que elaborem um programa visando, assim,
formalizar as ações até então desenvolvidas e regularizar a si tuação. Em 27 de
setembro é votada a Lei n.1733 que autoriza o Executivo municipal a criar o
Programa de Ação Sócio-Urbana para regu/arização de Favelas, o Pró- l taúna.
A lém de autorizar a criação do Programa, a Lei estabelecia um zoneamento para as
áreas faveladas do município, definidas como Setor Especial-SE, delimitadas pelo
Executivo municipal, a quem também caberia definir o uso e a ocupação do solo,
conceder isenção de impostos, contribuição de melhorias e taxas municipais
incidentes para as famílias beneficiárias, pelo prazo de cinco anos, contados a partir
da regularização fundiária.
Em dezembro de 1984, o Prefeito assinava o Decreto n. 1499 criando o Programa
de Ação Sócio-Urbana, o Pró-ltaúna, "com o objetivo principal de realizar
materialmente os direitos dos cidadãos marginal izados, oferecendo condições que
permitam sua integração plena ao meio social" (Decreto n. 1499, de 05 de dezembro
de 1984).
Alguns pontos desse Decreto merecem destaque. Ele estabelece, no artigo 4 o , que
"São beneficiários do Programa de Ação Sócio-Urbana as famílias de baixa renda
que vivem em condições de faveladas". No Art. 8 o , § 1 o que o valor do lote al ienado
poderá ser pago em até 60 (sessenta) parcelas mensais e no § 2 o que comprovada
a incapacidade f inanceira do adquirente para solver o saldo devedor, poderá o
Chefe do Executivo transformar a al ienação em concessão gratuita.
No Art. 12° , fica criado o Fundo de Urbanização do Pró-l taúna com a finalidade de
gerar recursos para serem aplicados exclusivamente em obras de infra-estrutura dos
Setores Especiais (SE). O § 2 o estabelece que serão revertidos ao Fundo de
Urbanização os recursos obtidos através de dotações próprias do Orçamento
Municipal, ou repasses de organismos estaduais, federais, internacionais ou da
sociedade civil.
Assim, são definidas as regras de vão orientar a ação do poder público local no que
diz respeito ao processo de desfavelamento, loteamento e construção de casas para
as famílias carentes, ou seja, oficializa-se em Itaúna uma política de habitação
83
popular. Os lotes, que até então eram doados, passam a ser pagos através de
f inanciamentos em condições especiais.
Em 1985 a Prefeitura inicia a urbanização do Alto do Cascalho ou Alto do Rosário,
ass im denominado por causa da Capela do Rosár io, ponto turístico e histórico, área
que faz parte do centro da cidade de Itaúna e que apresentava as melhores
característ icas para ser urbanizada. A urbanização começa peia abertura de vielas,
calçamento, escoamento e instalação de infra-estrutura urbana, melhorando a
estrutura das casas e o visual do morro do Rosár io. O processo de regularização
dos terrenos foi feito, posteriormente, em parceria com o Instituto da Terra (ITER),
ex-Ruraíminas e beneficiou a 124 famíl ias.
O foco do Açude, hoje conhecido como Nogueira Machado (Av. Jove Soares), último
a ser contemplado, é praticamente central na malha urbana. A área circunda a
Escola do SENAI que foi ampliada e remodelada. E m conseqüência, a área que era
um brejo foi aterrada surgindo em seu lugar um descampado limpo e f i rme.
No início dos anos 80, essa área, que pertencia ao município e se localizava próximo
a um estádio de futebol, cujo acesso era por uma avenida que terminava
exatamente no brejo, começou a ser invadida, invasão essa que ocorre juntamente
com o acréscimo da Vila Imperial. Em ambas as áreas o que motivou a invasão
foram a crise econômica e o desemprego na cidade, como foi visto no capítulo
anterior.
A área do Açude somente vai ser urbanizada na década de 90, em conseqüência da
necessidade de ampliação da avenida Jove Soares, já com uma nova Administração
em Itaúna. A área foi remodelada e as 4 7 moradias ali existentes cont inuaram no
local à exceção de quatro casas que t iveram de ser removidas porque se
encontravam no trajeto da avenida, mas estas foram reconstruídas na própria área e
todos receberam a posse do terreno.
Em 1988, tem início um novo loteamento, o da Morada Nova, e m terreno adquirido
pela Prefeitura em área onde já existia um projeto de loteamento e considerado por
alguns moradores remanejados para o lugar como o primeiro loteamento que foi
realizado com critério e participação da comunidade, como mencionado.
84
A Prefeitura realizou a implantação da infra-estrutura urbana, calçou as ruas e fez
lotes de 200 m2, redimensionando o projeto originai que previa iotes de 300 m2. Os
lotes foram doados à população e as moradias construídas através de mutirões
formados pelos próprios candidatos aos lotes com o apoio da Prefeitura.
Segundo o Prefe i to 1 9 da época (83/88), o redimensionamento dos lotes foi para
evitar que mais de uma família se instalasse em um mesmo lote gerando, assim, um
novo aglomerado, ao mesmo tempo em que possibil itava a existência de um número
maior de lotes para ceder às famílias carentes. No total 1325 famílias foram
beneficiadas com o loteamento Morada Nova e o processo de ocupação durou
quatro anos (1988/91).
O terceiro loteamento realizado pela Prefeitura foi no bairro Aeroporto e feito a partir
de uma negociação da Prefeitura com a incorporadora, responsável pelo
loteamento, que não cumprira a exigência de infra-estrutura. A Prefeitura assumiu a
implantação da infra-estrutura em troca de lotes, com tamanho de 200m2, que foram
doados à população que não possuía habitação, mas que t inha um nível de renda
melhor do que a do Morada Nova 2 0 .
Os loteamentos preparados no Lixão e em outras áreas da cidade, criados pela
Administração local nesse período (83/86), permit iram que fossem construídas casas
populares com custo bem inferior ao padrão, o que possibil i tou a Prefeitura doar 55
casas para famílias muito pobres. Nesse processo, as associações de bairro é que
eram incumbidas de realizar a t r iagem das famíl ias através de inscrições e
formulários próprios com declarações certif icadas e estas t inham que comprovar
residência em Itaúna no mínimo há cinco anos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Bem-Estar Social de Itaúna, na década de
80 havia 295 famílias morando nos antigos focos de favela, perfazendo um total de
quase 1400 habitantes, agora transformadas em vilas e bairros e que perfazem um
total de quase 3000 moradias e 10002 habitantes, incluído o Centro da cidade, do
qual hoje faz parte o Alto do Rosário.
1 9 Entrevista realizada em 30/05/02003. 1 0 Depoimento do ex-prefeito em entrevista realizada em 30/C5/2003.
85
Na tabela 3.4 pode ser observado que, com a melhoria e distribuição de casas nos
focos de favelas, conseguiu-se a diminuição da densidade domicil iar melhorando o
nível da qualidade de moradia, à exceção de uma das áreas, o Alto do Cruzeiro.
Nessa área o número de crianças por família é elevado e verif ica-se também o
fenômeno da família extensa, ou seja, composta por membros de várias gerações, e
é também uma das mais pobres de Itaúna.
Tabela 3.4: População e domicí l ios focos de favelas urbanizados em Itaúna, por denominação anlerior e atual, segundo dens idade domici l iar, 1984 e 2000
Denominação j Número i Habi tantes/ Anterior Atual : Domicí l ios Habitantes Domicí l ios Anterior
i 1984_[ 2000 1984 i 2000 1984 2000 Açude Nogueira Machado 47 156 218 574 4,6 3,7 Alto do Cascalho Alto do Rosário (") 124 2117 600 6710 4 ,8 3,2 Alto do Cruzeiro Novo Horizonte 54 255 235 1135 4,4 4,5 Vila dos Atrevidos Vila Nazaré ND 305 ND 1037 N D 3,4 Amianto (") 10 N D 50 ND N D 5,0 Beira do Rio n ND ND ND ND N D ND Vila Imperial Vila Tavares 60 161 287 546 4,8 3,4 Total 295 2994 1390 10002 4,7 3,3 Fonte: Secretaria Municipal do Bem Estar Sociai - Levantamento de 1984 - site www ¡bge.sidra.Qov.br. Censo 2000. (*) Hoje pertence ao Centro da cidade. ( " ) Áreas remanejadas em 1984. ND- dados não disponiveis.
Em 1984, a população dos focos de favela (2994) representava 5,6% da população
de Itaúna (53.432). Em 2000, com a el iminação desses focos, a população dessas
áreas representa 13,02% (10.002) do total de habitantes (76.783). i
Esse crescimento direcionado para as regiões onde se concentravam os focos de
favela se deve, principalmente, ao fato dessas áreas terem sido reestruturadas
urbanisticamente e, atualmente, contarem com os serviços de infra-estrutura básica,
transporte coletivo, ruas asfaltadas ou calçadas, comércio local, bem como
equipamentos públicos, como escolas, postos de saúdes e áreas de lazer, o que
constitui um atrativo para as famílias com níveis de renda superior buscarem essas
áreas como local de moradia.
É importante fazer um parêntese sobre a situação dos loteamentos em Itaúna,
especialmente no que diz respeito à distância em relação ao centro da cidade que é
em torno de 3,5 qui lômetros. As famíl ias remanejadas dos focos para esses
86
loteamentos têm baixa renda, não possuem carro e o transporte representa um ônus
no orçamento. Assim a maioria dos moradores se desloca a pé, como já comentado.
Já os moradores das áreas novas, bairros que surgiram nos arredores dos focos
urbanizados, têm melhor nível de renda e normalmente não dependem de transporte
coletivo. Essas áreas hoje são afastadas do grande centro, do barulho, da poluição e
suas casas totalmente seguras com alarmes contra ladrões, com cães e t c , enfim, o
padrão de vida é outro. Isso explica o fato dos moradores de mais baixa renda
reclamarem da moradia nesses locais, enquanto outros, que para ali foram por
opção, estarem satisfeitos.
Esse processo de expansão direcionado tem contribuído para que Itaúna cresça no
sentido Sudoeste do Centro urbano, o que significa dizer que a cidade está
crescendo para dentro, ou seja, a ocupação do espaço vem se dando no sentido
oposto de onde se encontra a capital, Belo Horizonte, distanciando-se da rodovia BR
050, que liga Itaúna á Beío Horizonte. Desse modo, tem-se evitado que a cidade
tenha de "atravessar" a rodovia para crescer e mais, que o crescimento de novos
bairros gere proximidade com o cinturão da Região Metropolitana de Belo Horizonte,
o que poderia atrair mais imigrantes para a cidade.
A lém desses aspectos de reestruturação, a topografia facilita o crescimento para o
Sudoeste. Os relevos das áreas circundantes, ao Sul e a Leste do Centro urbano,
possuem limitadores de crescimento, ora em função do tipo de terreno, ora em
função da proximidade da rodovia (BR 050). Se o crescimento se direcionasse para
esses pontos, haveria o congest ionamento do tráfego urbano com o rodoviário,
dentre outras desvantagens.
3.4 A questão da moradia popular em Itaúna
A Administração local de ítaúna, no período 1983/88 provocou uma reviravolta no
contexto político e, na década de 90 modifica, especialmente, a questão habitacional
quando o município passa a ter uma política de habitação popular, bem como
instrumentos cue garantem uma gestão participativa na definição, implementação e
acompanhamento das ações do poder público no setor.
87
As Administrações que se seguiram, daquela época até hoje, independentemente da
fil iação partidária, não só deram continuidade ao programa e a política de habitação
popular como também introduziram várias alterações no Decreto n. 1499 que criou o
Pró-l taúna, visando cada vez mais aperfeiçoar o Programa.
Dentre as alterações feitas cabe citar as seguintes: o Decreto 2.346, de 27 de julho
de 1992, limita o tamanho mínimo dos lotes (125m2.) ; a Lei n. 2.733, de 7 de maio
de 1993, cria a inalienabil idade dos lotes pelo prazo de cinco anos; o Decreto n.
3463, de 9 de outubro de 1996, possibilita a criação de projetos comerciais de
pequenos e médios portes, desde que não poluentes, nas áreas SE; a Lei n. 3.367,
de 17 de abril de 1996, atribui ás Associações ou Conselhos Comunitár ios a
responsabi l idade pela seleção dos pretendentes à aquisição de unidade habitacional
na zona rural e urbana e cria o Conselho Deliberativo Habitacional de l taúna. Em
2000, de acordo com a Resolução Número 002, o Conselho Deliberativo
Habitacional de ltaúna passa a ser responsável pelo controle e tr iagem de todas as
inscrições das famílias interessadas.
Em 1990, o legislativo i taunense, sintonizado com a Constituição de 1988, elabora e
promulga a I Lei Orgânica do Município de l taúna. O Legislativo de l taúna,
exercitando os princípios de autonomia e l iberdade dos municípios garantidos na
Constituição de 1988, e reforçando o instrumento de defesa dos municípios, inclui na
Lei Orgânica dispositivos tornando-se permeável à participação dos cidadãos.
Exemplo disso é o apoio e o estímulo ao associativismo (art. 163-X), a regularização
da função do poder público no que diz respeito à habitação na Seção II (páginas 99
e 100), na oferta de lotes de terrenos urbanizados para construção de casas
populares e o assessoramento jurídico à população carente com relação ao
usucapião urbano e reintegração de posse.
Dentre as alterações feitas na pofítica habitacional de l taúna, a mais importante
delas é a Lei n. 3.367, de 17 de abril de 1998, que atribui às Associações
Comunitár ias (AC), na zona urbana, e aos Conselhos Comunitár ios (CC), na zona
rural, a responsabil idade pela seleção dos pretendentes a aquisição de uma unidade
habitacional, e cria o Conselho Deliberativo Habitacional de ltaúna (CDHI). Este é
constituído por um representante da SMBES, três das Associações Comunitár ias,
um dos Conselhos Comunitár ios, um da Associação Itaunense dos Sem Teto (AIST),
88
um do Sindicato de Classe, um da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) e um do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. A seleção dos
candidatos é realizada pelas entidades associat ivas e entregues ao Conselho
Deliberativo de Habitação que é quem dá a palavra final, conforme os princípios e
critérios estabelecidos na Lei Orgânica do Município para a escolha dos candidatos.
Segundo depoimento da Diretora da Divisão de Serviços Sociais e Habitação da
SMBES de I taúna 2 1 "o Conselho trabalha com total autonomia, sem nenhuma
interferência política e particular", na seleção das famílias.
E m 2000, de acordo com a Resolução n. 002, do Conselho Deliberativo Habitacional
de Itaúna, são fixados critérios para inscrição dos candidatos à aquisição de lotes,
conforme as Leis Municipais 3.367/98 e 3.461/99. Para se inscrever a família tem de
residir em Itaúna há pelo menos cinco anos, não ter sido anteriormente beneficiada
com imóvel da Prefeitura Municipal de Itaúna, não ser proprietário de imóvel rural ou
urbano e ter renda mensal familiar igual ou inferior a três salários. A lém de
preencher os requisitos acima o candidato no momento da inscrição tem de
apresentar um conjunto de documentos que comprovem que o que ele está
af irmando é ve rdade 2 2 . Se o candidato não tem condições de arcar com os custos
da documentação, a SMBES o auxil ia com os xerox e, às vezes, as associações
comunitáñas e as filantrópicas bancam os custos. E m Itaúna, apenas a certidão de
cartório tem um custo maior, cerca de RS 3,00 (três reais) em setembro de 2003.
As mudanças introduzidas nas leis resultam não de uma antecipação à prática, mas
são feitas a reboque de situações vivenciadas em realidade, tal como ocorreu com o
decreto n. 1499. Ou seja, à medida que a Prefeitura criava programas e se deparava
com situações novas, essas iam sendo regularizadas na legislação, criando-se,
2 1 Entrevista realizada em 30/08/03. 2 2 Os documentos exigidos são: a) ficha sócio-econômica fornecida pelo Conselho/Associação, devidamente preenchida; b) Cadeira de Trabalho do candidato e do seu cônjuge/companheira (o); c) cópia da Carreira de Identidade do candidato e do seu cônjuge/coinpanheira (o); d) cópia do CPF e do Título de Eleitor do candidato e do seu cônjuge/companheira (o); e) cópia da Cenidão de Casamento e da Certidão de Nascimento cos filhos, se houver; f) ceclaração de renda familiar mensal igual ou inferior a três salários mínimos; g) certidão negativa do Cartório de Registro de Imóveis de Itaúna comprovando não possuir imóvel rural ou urbano, em nome do casal ou individual; h) cópia (s) de contrato (s) de Locação firmado pelo candidato, ou declaração do cedente do imóvel, com firma reconhecia e i) apresentação de documentos que comprovem residência no município no mínimo há 5 (cinco) anos através de titulo de eleitor, contratos de aluguel, certidão de nascimento dos filhos e outros.
89
ass im, um instrumento legal que referenciava e regulamentava as ações
desenvolvidas.
A Administração que assume em 1989 (89/92), embora não tenha encontrado uma
Prefeitura em condições f inanceiras tão boas quanto seus antecessores, dá
prosseguimento ao trabalho, concluindo as obras e o processo de assentamento das
famíl ias, no bairro Morada Nova, que se encontrava em curso.
Terminada a etapa de assentamento, o Prefeito inicia, em 1991, um novo formato de
programa habitacional com a compra de uma área para loteamento que recebe o
nome de Cidade Nova, com 500 lotes. Nele a Prefeitura faz a abertura das ruas, a
implantação de infra-estrutura urbana e repassa os lotes para a Caixa Econômica
Federal (CEF) que, através de recursos dos programas Carta de Crédito do Fundo
de Apoio ao Trabalhador (FAT) e Carta de Crédito do FGTS financia a construção do
imóvel na planta e ou a construção da casa para o candidato que ass im o desejar e
tiver aprovado o seu crédito.
A Prefeitura, sempre que cria um loteamento novo destinado a atender as famíl ias
de baixa renda, e que é repassado para a Caixa Econômica Federal (CEF), e labora
uma Lei Municipal específica que autoriza a construção de conjunto habitacional.
Pelo fato da Prefeitura arcar com a infra-estrutura urbana dos conjuntos e repassar
lotes para a Caixa, as unidades são financiadas por um valor abaixo do preço médio
de mercado. A construção é feita por uma firma privada, escolhida pela facil itadora
(CEF) mediante licitação e depósito de caução como garantia. A firma privada segue
padrões de utilização de matenais e de acabamento estabelecidos por uma
comissão formada por representantes do poder público através da Câmara
Municipal, do Conselho Deliberativo Habitacional de ftaúna e da facilitadora, a CEF,
v isando manter o custo de construção e o preço final abaixo do mercado,
concret izando, assim, a parceria. Essa comissão elabora uma planilha de custo
através da quai ela acompanha a obra durante iodo o seu processo de execução.
As famílias interessadas se inscrevem nas Associações Comunitárias (AC), nos
Conselhos Comunitár ios (CC) e na Secretaria Municipal de Bem-Estar Social
(SMBES). O Conselho Deliberativo Habitacional de Itaúna (CDHI) analisa as
inscrições visando verificar se a família atende aos pré-requisitos, tais como, residir
e m Itaúna pelo menos há cinco anos, não ter imóvel em seu nome ou dos
90
dependentes e não ter sido anteriormente beneficiada com imóveis do poder público
municipal. Após análise, o Conselho encaminha a relação de candidatos à CEF que
aprova ou não a indicação das famíl ias, segundo as normas do Sistema Financeiro
da Habitação para o determinado programa.
Segundo o atual Prefe i to 2 3 , este novo Programa, em real idade, é uma extensão do
Pró-ltaúna e visa atender a demanda das famílias que ganham entre 2 e 4,5 salários
mínimos. Nessa época, as famílias de menor renda já estavam praticamente
atendidas e as que não foram atendidas era porque as áreas que foram colocadas
disponíveis não as interessavam, e est ima-se, também, que o número dessas
famílias é bem pequeno.
Inicialmente e durante alguns anos, os lotes eram doados às famílias carentes, a
partir do ju lgamento de que para se remover famílias de áreas de invasão estas não
sairiam a não ser que houvesse um bom motivo, uma vez que os focos se
encontram próximos ao centro da cidade. Resolvida em grande parte essa questão
verif ica-se uma mudança quanto a esse aspecto na politica de habitação popular de
Itaúna. Os lotes bem como as casas passam a ser adquir idos pelas famílias. Na
opinião do atual Prefeito (00/04), os lotes
"Não são doados para não levar ao processo de favelização, pois a pessoa não valoriza o ganho e repassa para outro visando lucros e dá início a um novo foco de necessidade. Ass im, a pessoa assumindo uma prestação passa a ter responsabilidade sobre a propriedade, evitando que outros passem a invadir seu terreno, fato que ocorreu no início do loteamento Morada Neva em 1982. As pessoas trocavam os lotes por garrafão de pinga ou maço de cigarros".
Outros loteamentos foram abertos nos mesmos moldes como o Três Marias (1996) e
a continuação do bairro Aeroporto. Na medida em que surgia um novo loteamento, a
área se valorizava, novas ruas e avenidas eram abertas e novos loteamentos
particulares surgiam nos arredores, como o Murilo Gonçalves (2001), o Aeroporto II
(2000) e vários outros.
Em 2001 , visando atender famílias com renda mínima familiar de RS 700,00
(setecentos reais), a Prefeitura, em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF),
através do Processo Associativo - nome dado peia CEF ao Programa que utiliza
3 Entrevista realizada em 30/07/03. 91
recursos do FAT e Carta de Crédito FGTS constrói e entrega 192 casas às
famílias cadastradas (até setembro de 2003, etapa II do bairro Aeroporto).
Essa parceria se completa com participação de uma construtora escolhida pela CEF.
Neste processo a Prefeitura doa o lote, a construtora constrói uma casa padrão de
42 m2 com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, cobertura de laje
e telha francesa, e a CEF libera o f inanciamento para os candidatos aprovados.
A casa padrão, pelo tamanho, é isenta de taxas e impostos, inclusive de
recolhimento do INSS, o que diminui o custo construção. A Prefeitura a lém de doar o
lote também é responsável pela implantação da infra-estrutura urbana - rede de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário, energia elétrica e asfaltamento
das ruas - e o Conselho Deliberativo Habitacional analisa os cadastros das famílias,
que recebe através das Associações e Conselhos, e os repassa à CEF , sendo desta
a responsabi l idade de aprovar o candidato.
Em 2002, a Administração atual, usando de um terreno de sua propriedade
adquirido e m 1995 e que estava em processo judicial de reintegração de posse, cria
o loteamento do bairro Santa Edviges, o último aberto pela Prefeitura, que se
encontra na seguinte situação: são 180 lotes no valor de RS 1.200,00 (hum mil e
duzentos reais), cuja forma de pagamento é o f inanciamento em 36 meses, corrigido
pelo I G P M 2 4 sendo as primeiras 12 parcelas no valor de R$ 20,00 (vinte reais) e as
24 restantes no valor de RS 40,00 (quarenta reais).
Entre 1990 e 2003, várias outras medidas são implantadas para suprir o déficit de
moradia, dentre elas a manutenção de projetos pelas diversas administrações,
juntamente com a COHAB, cedendo áreas para a construção de moradias
populares. Ass im, o município está conseguindo suprir, nesta últ ima década, o seu
déficit de moradia em praticamente todos os níveis salariais.
Nesse período foram criados novos bairros como o Jardim Marinho, o Centenário e o
Santa Mônica I e II onde foram construídas mais de 800 moradias. No total foram
produzidos e doados 2.352 lotes e 55 casas para a população, conforme tabela 3.5.
' 4 IGPM - índice Geral de Preços de Mercado. 92
Tabela 3.5: Lotes e casas doadas pela Prefeitura Municipal de Itaúna,- segundo bairro e ano do empreendimento, 1984/2003
Bairro | Ano Lotes | Casas Açude Ovídio Silva - Rural 2001 15 Aeroporto 2001 77 Alto do Cascalho 1985 124 Campos - Rural (*) 1998 27 Córrego do Soldado - Rural 1998 187 João Paulo II (*) 1995 08 Morada Nova 1987 1325 Nogueira Machado 1990 42 Novo Horizonte 1984 280 55 Parque Jardim Santanense (*) 1995 04 Residencial São Geraldo (*) 1985 05 Santa Edviges 2002 23 Sítio tio Enoque (*) 1987 35 Total 2.352 55 Fonte. Secretaria Municipal do Bem Estar Social de Itaúna (SMBES), 2003. 0) Área remanescente 2 5
V á r i a s f o r a m a s po l í t i cas q u e d i re ta o u i n d i r e t a m e n t e c o n t r i b u í r a m p a r a o s u c e s s o
d a s m e d i d a s a d o t a d a s v i s a n d o g a r a n t i r a q u a l i d a d e d e v i d a d a p o p u l a ç ã o d o
m u n i c í p i o . A i m p l a n t a ç ã o d e á g u a e e s g o t o e m 1 0 0 % d a s m o r a d i a s u r b a n a s d e
I taúna , a a d e q u a ç ã o d a s v a g a s n a s e s c o l a s p ú b l i c a s , a u r b a n i z a ç ã o d o s f o c o s d e
f a v e l a s e a i l u m i n a ç ã o d a s ruas d a c i d a d e , b e m c o m o o t r a n s p o r t e co le t i vo g ra tu i t o
pa ra a p o p u l a ç ã o es tudan t i l nas z o n a s ru ra i s , a c o m p o s t a g e m e c o l e t a se le t i va d e
l ixo, a r e g u l a m e n t a ç ã o d e vár ios l o t e a m e n t o s , a s o b r a s d e c o n t e n ç ã o d o Rio S ã o
J o ã o p a r a ev i ta r a s e n c h e n t e s , d e n t r e o u t r a s .
E m I taúna o S e r v i ç o d e Á g u a e E s g o t o fo i c n a d o e m 1 9 6 7 e, e m 1 9 6 9 a F u n d a ç ã o
do S e r v i ç o d e S a ú d e Púb l i ca ( F S E S P ) 2 6 a s s u m i u a d i r e ç ã o d o se rv i ço a t r avés d e
c o n v ê n i o f i r m a d o c o m a P re fe i t u ra . E m 1 9 9 0 o c o n v ê n i o foi r o m p i d o e o se rv i ço d e
á g u a e e s g o t o v o l t o u a se r a d m i n i s t r a d o p e l o p o d e r púb l i co m u n i c i p a l s o b a f o r m a d e
a u t a r q u i a . N e s s a é p o c a o se rv i ço d e á g u a s e e s g o t o q u a s e foi t r a n s f e r i d o p a r a a
C o m p a n h i a d e Á g u a e S a n e a m e n t o d e M i n a s G e r a i s ( C O P A S A ) o q u e , en t re tan to ,
n ã o foi ace i t o pe lo a tua l Pre fe i to q u e , na é p o c a , e s t a v a e m s e u p r i m e i r o m a n d a t o . O
25 Área remanescente são pontas de terrenos que sobram após loteamentos particulares que o incorporadcr cede para a Prefeitura em troca de infra-estrutura urbana, ou que é aproveitado das áreas legais para ins;aiaçào de equipamentos coletivos (igreja, escolas, postos de saúde) ou, até mesmo, apos melhoria de saneamento de córregos, rios ou área de brejo. * 6 Fundação do Serviço de Saúde Púhlica (FSESP), órgão do Ministéno da Saúde (SAAE, Relatório de atividades 2002. Prefeitura Municipal de Itaúna).
93
SAAE possibilita um serviço de qual idade com uma tarifa mais barata, o que pode
ser comprovado comparando a tarifa praticada em Itaúna com a de outras cidades,
pr incipalmente as administradas pela COPASA. Nas redondezas do Centro Oeste,
Itaúna é a única cidade que ainda possui o serviço de água e esgoto municipal izado.
Segundo o atual Prefe i to 2 7 , as políticas que f izeram Itaúna obter sucesso na
el iminação das favelas na década de 80 e garantir, até hoje, a inexistência delas na
cidade foram, sem dúvida, os pesados invest imentos realizados pela Prefeitura em
infra-estrutura e em equipamentos urbanos.
A o mesmo tempo, existem as ent idades sociais que hoje t rabalham em conjunto
com a Administração na melhoria do social, com políticas de atendimento às famílias
de baixa renda. Como exemplo de entidade, a SSVP recebe lotes doados pela
Prefeitura e os repassa para famílias totalmente carentes, sem renda, e ainda auxilia
na construção das casas, o que contribui para a melhoria da qual idade de vida da
cidade.
Cabe também ressaltar a política de bom relacionamento com a Polícia Militar que
faz uma tr iagem constante dos mendigos e transeuntes que aparecem na cidade
procurando esmolas ou se acomodando em lugares como lotes vagos, debaixo de
pontes, dentre outros, e que tem caráter preventivo evitando, assim, que se fo rmem
novos aglomerados.
Os mendigos e transeuntes são encaminhados pela PM à SMBES, a qual através de
parceria com a empresa de transporte de passageiros interestadual, concede aos
mesmos autorização de v iagem de volta à or igem. Tudo isso, após uma tr iagem
onde se verifica se os mendigos ou transeuntes não possuem parentes no
município, ou motivo que justi f ique ficar.
As associações comunitárias hoje participam at ivamente das decisões públicas,
através de reuniões do Orçamento Participativo para definição dos valores
dest inados a cada bairro; do Governo Itinerante e através do diversos Conselhos
Municipais existentes como o de Saúde, o Tutelar, o de Educação, o de Geração de
Emprego ajudando a manter a Administração informada e atual izada no seu novo
perfil de prestadora de serviços.
Entrevista realizada em 30/07/03. 94
No Conseiho Municipal de Habitação ainda que a participação hoje se limite à
seleção dos candidatos inscritos ã casa própria ou a um lote, as associações estão
pressionando no sentido de estarem presentes nos acontecimentos e mudanças que
estão por vir. Já estão trabalhando na unificação das mesmas em uma
confederação, procurando definir, através das associações, seus candidatos para as
próximas eleições municipais para vereador e chegar a um consenso para Prefeito.
Nesse sentido, poder-se-ia dizer que há um processo em transição de passagem da
participação restrita para a ampliada, a que se refere Azevedo&Prates (1991).
No caso do loteamento Santa Edviges, por exemplo, a decisão de se financiar lotes
ao invés de casas prontas foi da Prefeitura sem ouvir a Associação do bairro.
Segundo a associação, essa decisão deveria ter sido discutida com os interessados
ou os aprovados e/ou até mesmo com a Associação para ao invés de financiar o lote
já f inanciar a casa, por mais simples que fosse. Isto porque "fica difícil pagar o lote e
construir ao mesmo tempo, o que dificulta a construção e aumenta o prazo de
mudança do candidato, que primeiro vai pagar o lote para depois construir, porque
se faz os dois ao mesmo tempo, provoca atraso das prestações e corre-se o risco de
perder o lote" (Líder Comunitário. Entrevista de 02/08/03).
O âmbito municipal onde se verifica uma participação mais abrangente e efetiva é
quanto ao Orçamento Participativo onde as associações def inem como será gasto o
orçamento, ou seja, que obras serão realizadas e onde, e acompanham também as
obras escolhidas como calçamento e i luminação de ruas, linhas de transporte etc.
A lém disso as associações recebem verbas da Prefeitura que são por elas
gerenciadas dest inadas a realização de eventos culturais e melhor ias das suas
sedes, ampliação de áreas de lazer etc. aprovadas pelo legislativo.
O Governo Itinerante, implantado em Itaúna, visa um atendimento direto à
população, "in loco", tendo por base a racionalidade burocrática. Essa racionalização
propicia o estabelecimento de uma comunicação mais direta dos cidadãos com a
Prefeitura. A Administração Local se transfere da sede da Prefeitura com todo o
secretariado para uma região da cidade, uma por exemplo, durante quatro dias. No
decorrer desses dias, a população dessa região tem acesso ao Prefeito para fazer
suas reivindicações que são providenciadas diretamente peio Prefeito, através de
encaminhamento imediato aos seus secretariados. A lém disso, a população que vai
95
ao local do atendimento fica conhecendo as providências e trabalhos que estão
sendo realizados em outras áreas da cidade, através de fotos, divulgações e
informações que o pessoal de apoio passa nos stands montados para atendimento.
No ato do governo itinerante, existem também atendimentos diversos como dentário,
social , divulgação de vagas para empregos através Sistema Nacional de Empregos
(SINE), dentre outros.
Até outubro de 2003, o Governo Itinerante, esteve presente em quatro pontos de
concentração que abrangeram 17 bainos. Foram mais de oito mil e quinhentos
atendimentos, que resultaram em mais de três mil visitas domicil iares da vigilância
sanitária, a lém de diversas outras providências tomadas de Imediato quando da
instalação do projeto na área.
Outro fator de relevância no município é a adoção de políticas na área educacional,
que desde os anos 70 vem incentivando, melhorando e propiciando o acesso de
todos em todas as idades nas escolas, desde o ensino básico até o ensino de
segundo grau. Além disso, a c idade conta com uma Infra-estrutura moderna e única
da região no tocante à universidade do ensino superior.
Polít icas têm sido criadas também na área de emprego. O município conta com uma
agência do SINE, que cadastra os desempregados e os encaminha, quando surge
oportunidade de emprego na cidade. Esse trabalho é realizado em parceria com as
empresas de pequeno, médio e grande porte que estão alocadas no município.
Essas empresas, principalmente as de pequeno porte, são or ientadas pelos órgãos
de classe para recorrerem ao cadastro do SINE. em caso de existência de vagas de
trabalho.
De uma forma geral, as associações criadas na época foram e têm sido indutores de
mudanças na cultura política local, d isseminando novas práticas e novas idéias a
respeito dos direitos sociais e políticos de todos os cidadãos. Através de encontros
semanais , as lideranças hoje discutem e reivindicam seus problemas de uma forma
mais ampla, com uma visão voltada para a c idade e não só para o seu meio. São
também realizadas palestras educat ivas para os moradores e eventos, como rua de
lazer e gincanas, visando a integração dos bairros e moradores, iniciativas que são
apoiadas por profissionais diversos que se colocam à disposição, especialmente
palestras educativas e preventivas.
96
O trabalho voltado para o social, dentro de uma perspectiva não assistencialista,
com políticas claras de investimento no setor da habitação popular, como os
loteamentos realizados através de parceria entre Prefeitura, Caixa Econômica
Federal, incorporadores e construtores, levou ao surgimento de bairros como o Novo
Horizonte, Morada Nova, Cidade Nova, Jardim Marinho dentre outros.
Com o crescimento da cidade em direção a esses bairros, a Administração local
ampl iou redes de energia, de água e esgoto levando ao aumento do número de
moradias nessas áreas que passam, também, a ser objeto de maior interesse para o
mercado imobiliário.
É através dessas medidas e procedimentos que Itaúna caminha para uma
integração maior entre comunidade e governo local, para uma gestão efetivamente
participativa e moderna.
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão da habitação no Brasil em geral, mas, especialmente, a da população
de baixa renda, data de mais de um século e representa, a cada dia que passa,
um desafio cada vez maior para o poder público equacioná-la.
Resultado de um processo de desenvolvimento calcado na desigualdade,
somado às crises econômicas e as ações pouco efetivas e eficazes do poder
público em enfrentar a questão, a cada dia cresce o número de favelas não só
nos grandes centros urbanos, mas também nos médios e nos pequenos, e já se
faz presente até mesmo no meio rural. A situação de crise da moradia no País é
evidenciada pela proliferação de movimentos dos sem - sem terra, sem teto,
sem moradia - , no País exigindo uma solução para o problema.
Em 1940, a maioria da população brasileira vivia na área rurai (68,8%),
(Azevedo, 1996:73), e em Itaúna não era diferente, 76 ,4% de seus habitantes
morava na área rural e somente 23 ,5% na urbana ( IBGE). No espaço de 60 anos
estes índices inverteram-se e a população urbana brasileira representa hoje algo
em tomo de 80%, o mesmo ocorrendo em Itaúna cujo percentual é ainda mais
elevado, 93%, com uma tendência contínua ao crescimento urbano, ainda que
em ritmo mais lento.
O fenômeno do processo de imigração campo cidade se fez presente em
diversos municípios brasileiros, com a população das áreas rurais se deslocando
para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida. O aumento
da população urbana, o crescer indiscriminado das cidades se fez acompanhar
da detenoração das condições de vida, ao mesmo tempo em que o modelo de
desenvolvimento econômico gerou concentração de renda e desigualdade social
e, como conseqüência, grandes bolsões de pobreza. A organização da cidade
tcma-se, então, um poderoso mecanismo de ampliação das desigualdades
sociais já existentes.
No decorrer dos anos, a ausência de políticas adequadas levou ao crescimento
dos bolsões de pobreza e a constituição de novas áreas de moradias nas
98
periferias, em áreas devolutas, à beira de rios e córregos e em encostas do
perímetro urbano.
Como já mencionado, o Brasil tem hoje mais de 900 mil domicíl ios em áreas de
favela. Por mais que se tenha urbanizado e reestruturado essas áreas, ainda é
grande o processo de segregação. A questão das favelas, hoje, não é apenas
uma questão urbana, econômica e social . Após o advento do tráfico de drogas,
ela se tomou, também, uma questão de segurança nacional.
Assim, integrar as áreas de favela ao meio urbano não basta. Existem vários
outros indicadores que precisam ser resolvidos: a desigualdade, a cidadania e o
preconceito.
Daí o interesse em es tudara experiência da Itaúna, cidade onde mais da metade
dos chefes de família ganha menos de três salários mínimos por mês, e que
conseguiu com sucesso não apenas implementar um processo de
desfavelamento como, através da adoção de políticas adequadas, melhorar as
condições de moradia para a população de baixa renda e garantir a não
existência de favelas em seu espaço.
Itaúna, como tantos outros municípios brasileiros, e pr incipalmente os mineiros,
passou por várias etapas na sua evolução histórica. De um vilarejo oriundo de
bandeirantes, caçadores de pedras preciosas, do mascate ao pequeno agricultor
domést ico, se transformou, através da implantação da siderurgia, em uma cidade
industrial.
Passou por crises acompanhando o próprio País na escalada da substituição de
um modelo primário exportador por um modelo de substituição de importações
(FJP, 1990), o processo de migração rural urbano, os efeitos da modernização
no final da década de 70 e início dos anos 80, e acumulou pobreza e
desemprego, tendo parcela de sua população pobre invadido áreas e constituído
favelas.
Na década de 80, devido a um conjunto de fatores como a mudança política na
Administração do município quando vence, pela primeira vez, um partido da
oposição, às condições f inanceiras favoráveis em que se encontrava a Prefeitura
naquele momento, à necessidade de realizar um processo de renovação urbana
99
visando à expansão da cidade e, pr incipalmente, à vontade polit ica do novo
Prefeito tem inicio em Itaúna um processo de desfavelamento.
A intervenção do poder público na área habitacional, visando a desfavel lzação, é
acompanhada de uma política de urbanização de áreas, de saneamento básico,
de infra-estrutura urbana e de habitação popular, com a construção de conjuntos
habitacionais a preços populares, o que permite a população de baixa renda ter
acesso à moradia em áreas urbanizadas, dotadas de infra-estrutura urbana e de
equipamentos.
Para aquela parcela da população mais pobre, quase indigente, a Administração
local, em parceria com entidades assistencial istas como a Sociedade São
Vicente de Paula, garante o acesso a casa através de doações. E, para evitar
que se formem novas áreas de invasão, conta, ainda, com o apoio da Polícia
Militar e a ação da Secretaria de Bem-Estar Social do município.
Ao mesmo tempo, o poder público desenvolve mecanismos v isando a uma maior
integração e participação dos cidadãos na Administração do município, o que
representou um marco na história da política local, quando as formas
"tradicionais" da relação poder público e sociedade foram se modif icando com a
abertura dos organismos públicos à part icipação das camadas populares.
Esta abertura se deu, à bem da verdade, quando no País se verif ica a retomada
do processo de democrat ização e uma nova cultura, v inculada à dimensão dos
direitos sociais, estava sendo inscrita na Constituição de 1988. Esta valorizava a
presença e a participação de atores sociais na cena pública, o que levou o
governo a buscar mecanismos de integração da sociedade na gestão pública.
O incentivo ao associativismo em Itaúna tem início na década de 70, através do
trabalho de um vereador junto às comunidades locais est imulando-as a se
organizarem e também à mobil ização desencadeada quando da candidatura da
cidade ao título de Cidade Educativa, momento em que a população descobre o
potencial e a força da organização e da participação.
Na campanha eleitoral de 1982, a população mais pobre se manifesta pedindo,
ao então candidato à Prefeito pela oposição, um lugar definit ivo e urbanizado
para morar, um lote, uma casa, enfim, a solução para o problema de moradia.
100
Nessa época, o município se encontrava em um momento de transição, as
indústrias siderúrgicas se retirando para outros estados, em função dos
incentivos e facil idades, as indústrias têxteis precisando reestruturar seus
parques produtivos, mas a política de incentivo a instalação de pequenas e
médias empresas no município manteve a arrecadação do ICMS como uma das
maiores fontes de recursos.
Ao assumir o poder o Prefeito encontra uma Prefeitura em boas condições
financeiras, ao mesmo tempo em que se estabelece a necessidade de uma
reforma urbana que encontrava nas áreas ocupadas pelos focos de favelas
entraves à sua realização. Essa situação, somada ao compromisso assumido
pelo novo Prefeito com a população, levou a que a nova Administração desse
inicio ao processo de desfavelamento da cidade.
O que diferencia o processo vivido em Itaúna e que hoje garante a inexistência
de favelas em seu espaço é a maneira como ele foi efetuado. Ao mesmo tempo
em que se removiam famílias de áreas inadequadas ou que precisavam ser
desocupadas em virtude da abertura de vias, se construíam loteamentos para o
assentamento dessas famílias que recebiam auxílio de material e orientação
para a construção de suas casas, e os focos existentes foram sendo
urbanizados. Ass im, atuava-se, concomitantemente, com uma ação corretiva e
preventiva evitando o surgimento e a expansão de focos.
A vontade política no novo Prefeito, a existência de recursos e o apoio e
mobil ização da sociedade local em tomo do projeto foram decisivos para
enfrentar o problema da precariedade de moradia e desfavelar o município.
Nesse processo o poder público local gradat ivamente passa a reconhecer as
organizações comunitárias, a estimular a criação de novas organizações e abre
espaço para sua participação na gestão local, propiciando uma forma de
interação entre governo e comunidades.
Outro elemento diferenciador é o fato de que, pnncipalmente na década de 90,
as Administrações que se seguiram deram continuidade à política de habitação
popular estabelecida, ao contrário do que se costuma observar no cenário
politico brasileiro, onde a tendência é a do abandono daquilo que foi feito pelo
antecessor. Nesse sentido promovem avanços na política e na prática 101
democrát ica, tornando a gestão urbana mais participativa e as relações entre
governante e governados mais transparentes.
O município conta hoje com diversos instrumentos de gestão como o Orçamento
Participativo, os Conselhos Deliberativos em diversas áreas, um Governo
Itinerante e várias outras formas de participação comunitár ia.
Não se pretende aqui esgotar a riqueza do tema. Acredi ta-se que esta produção
possa despertar novas pesquisas relacionadas à real idade habitacional, política,
econômica, social, cultural e ambiental de Itaúna.
A cidade, a empresa, os atores sociais, o poder público municipal e,
principalmente, as entidades formadoras de opinião, que sempre est iveram na
vanguarda das decisões no município, têm pela frente grandes desafios que não
se esgotarão pela ação isolada de um ator ou de uma instituição, mas pela
mobil ização de sujeitos coletivos comprometidos com as mudanças necessárias
que virão.
Essas passam pela conf irmação do poder público enquanto coordenador e
implementador de políticas, capaz de exercer a racional idade governat iva, eficaz
e eficiente, num contexto democrát ico constituído por classes, segmentos e
categorias sociais com interesses divergentes.
Sabe-se não ser tarefa fácil , porém, fundamental para fazer a democracia
funcionar.
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS E ARTIGOS
ALMEIDA, Maria Hermínia Tavares de & SORJ , Bernardo (orgs.) Sociedade e política no Brasil pós -64. São Paulo: Brasil iense, 2 a Ed. ,1984.
ALMEIDA, Wanderley de & SILVA, Maria da Conceição, Dinâmica do Setor Serviços no Brasil - Emprego e Produto, IPEA, Relatório de Pesquisa n. 18, 1973.
ANDRADE, Luís Aureliano Gama de & AZEVEDO, Sérgio de. Habitação e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
ARRETCHE, M. T. S. Mitos da Descentral ização: Mais democracia e eficiência nas políticas públicas? Revista Brasileira de Ciências Sociais, v . 1 1 , n.31, pp. 44-66, São Paulo, 1996.
AZEVEDO, Sérgio. Vinte e dois anos de políticas e habitação popular (1964-1986): criação, trajetória e extinção do BNH, Revista de Administração Pública, v.22, pp.107-119, Rio de Janeiro, out. 1988.
AZEVEDO, Sérgio. A Questão da Moradia no Brasil: necessidades habitacionais, políticas e tendências. FÓRUM INTERNACIONAL DE HABITAÇÃO, Universidade Estadual de Pernambuco e Programa Ibero - Amer icano de Ciência y Tecnologia para el Desarrollo (CYTED), Recife, novembro de 2000.
AZEVEDO, Sérgio &. ANASTÁSIA, Fát ima. Governança, Accountabil i ty" e Responsividade: reflexões sobre a institucionalização da participação popular em expenências desenvolvidas em Minas Gerais. XVIII C O N G R E S S O DA IPSA, Quebec, Canadá, agosto de 2000.
AZEVEDO, Sérgio & RIBEIRO, Luiz César de Queiroz. A Crise das Moradias nas Grandes Cidades, Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
AZEVEDO, Sérgio & PRATES, Antônio Augusto. Planejamento participativo, movimentos sociais e ação coletiva. Anuário de Antropologia, Política e Sociologia, Ciências Sociais Hoje, pp. 122-152, Editora Revista dos Tribunais Ltda., São Paulo ,1991.
AZEVEDO, Sérgio & GUIA, Virgínia Rennó dos Mares. Governança, associativismo e participação: notas para discussão, UENF, 2002. mimeo.
AZEVEDO, Sérgio & PRATES, Antonio Augusto Pereira. Planejamento Participativo, Movimentos Sociais e Ação Coletiva. Ciências Sociais Hoje. São Paulo, Vértice Ed. /ANPOCS, 1991.
103
AZZONI , Carlos Roberto. Formação Sócio-espacial metropolitana: novas tendências o u novas evidências? In: GONÇALVES, Maria Flora (org.) O Novo Brasil Urbano Impasses - Di lemas - Perspectivas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1995. pp.289-304.
A L B U Q U E R Q U E , Roberto Cavalcanti de. O Brasil Social: Real idades, Desafios, Opções. IPEA.139, pp. 127-151, Rio de Janeiro, 1993.
BONDUKI , Nabil. Habitat. São Paulo: Stúdio Nobel , 1997. 2* Ed.267 pgs. BORJA, Jordi . Movimientos sociales urbanos. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vision. 1975.
BORJA, Jordi . Movimientos sociales urbanos. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vis ion, 1975.
BRAGA, José C. S. & PAULA, Sérgio G. Saúde e Previdência: estudos da política social. São Paulo: CEBES/HUCITEC, 1981.
BRETAS, Paulo Roberto P. Aspectos Urbanísticos da Cidade Informai - Movimento Preparatório da Conferência Habitat II: Projeto para Integração dos Assentamentos Per i -Urbanos. 1995.
CARNEIRO, Ricardo. A economia sob a perspectiva espacial: uma visão geral da importância da abordagem regional, Revista da Universidade de Itaúna, Aspectos recentes da economia e da política brasileira, pp.38-45, Itaúna, 1992.
CARVALHO, David. Anuário dos Aspectos Históricos de Itaúna. Itaúna: Vile Editora e Escritório d e Cultura, 2001 .
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasii. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civi l ização Brasileira, 2002.
CHAFFUN, Nelson. Dinâmica global e desafio urbano. In: BONDUKI , Nabil (org.). Habitat, As práticas bem-sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. Petrópolis: Vozes, 1982. pp.18-37.
COSTA, Manoel A. Cenários Demográf icos do Brasil para o Ano 2000 : Grandes Regiões, Urbanização, Metropol ização In: ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti de. O Brasii Social: Real idades, Desafios, Opções. IPEA, 139, pp. 245-274, Rio de Janeiro, 1993.
COVE, M. de Lourdes Manzini . (org.) A cidadania que não temos. São Paulo: Brasil iense, 1986.
DAHL, Robert. A Políarquia: participação e oposição. São Paulo: EDUSP, 1997.
DINIZ, Clélio Campol ina. Estado e Capitai Estrangeiro na industrialização Mineira. UFMG, Série Dissertações e Teses, 3, Belo Horizonte, 1981.
I04
DINIZ, Eli. Governabil idade, Democracia e Reforma do Estado: os desafios da construção de uma nova ordem no Brasil nos anos 90. In: DINIZ, Eli, AZEVEDO & Sérgio de (org.). Reforma do Estado e Democracia no Brasil: di lemas e perspectivas. Brasília: UNB/ENAP, 1997. pp. 19-53.
FAURE, Edgar. Aprendera Ser, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972.
GOMES, Octávio da Costa. Governança e Novas Tendências da Gestão Urbana Local, Caderno de Textos, n. 2, pp .55-61 , FJP, Belo Horizonte, 2000.
GUIMARÃES, Berenice M. As Vi las-Favelas de Belo Horizonte - o desafio dos números. In: RIBEIRO, Luiz César de Queiroz (org.). O futuro das metrópoles: desigualdades e governabilidade. Rio de Janeiro: Renavan, 2000. pp.351-374.
HOUAISS, Antônio & Villar, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda, 2 0 0 1 .
HUNTINGTON, Samuel P. The United States. In: CROZIER, M., HUNTINGTON, S. P. e WATANUKI , J. The Crisis of Democracy. Report on the Governabil i ty of Democracies to the Trilateral Commissiopn. New York: N Y University Press, 1975.
JÚNIOR, Nelson Saule. Sistema Democrát ico e Participativos de Gestão de Política Habitacional: Experiências Brasileiras, Caderno de Textos, n. 2, pp. 197-219, FJP, Belo Honzonte, 2000.
KRISCHKE, Paulo (org.) Brasii: do milagre à abertura. São Paulo: Cortez, 1982.
LIPIETZ, A. Audácia. Uma alternativa para o século XX I . São Paulo: Nobel , 1991.
MARIA, Ana. O Município como Sistema Político. Rio de Janeiro: FGV, 1973.
MARINI , Patrícia. Afinal, o que é o Estado?, Revista Dirigente Municipal, V. XXIII , n. 1 e 2, pp. 6-23, São Paulo, jan/fev, 1992.
MATOS, Ângelo Braz de. Itaúna em dados. 1 a . edição. Itaúna: Ed. Vile, 2003. 36p.
MATOS, Raifo. Dispersão e desconcentração espacial da população em Minas Gerais. Site www.pbh.qov.br/ informações. anuar iobh2000.
MELO, Marcus André B.C. Ingovernabil idade: desagregando o argumento. In: VALLADARES, Lícia & COELHO, Magda Prates (orgs.). Governabilidade e Pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Civil ização Brasileira, 1995. pp. 107-108.
MELO, Marcus André B. C. Expl icando a formação de polít icas: atores, interesses, agendas e a análise da política habitacional. XIV REUNIÃO A N U A L DA ANPOCS, Caxambu, 1990.
MENDONÇA, Sônia R. & FONTES, Virgínia M. História do Brasil recente -1964-1980. São Paulo: Ática, 1988.
105
MIRANDA, José Carlos. Política Industrial. Instrumentos e relações com a política macroeconômica. In: SUZIGAN, Wilson (org.). Reestruturação Industrial e competitividade internacional. São Paulo: SEADE, 1989. pp. 37-56.
MOREIRA, Elmo Néüo. A importância da atividade empresarial nas finanças do Município. Revista Cidade de Itaúna, n. V, ano 3, ed. Vile, pp. 09-10, Itaúna, maio 2003.
OLIVEN, Ruben G. Urbanização e mudança social no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.
PASTORE, José & ZYLBERSTAJN, Hélio & PAGOTTO, Carmem Silva. Mudança Social e Pobreza no Brasil: 1970-1980. (o que ocorreu com a família brasileira?). São Paulo: Editora Livraria Pioneira, FIPE, 1983. Capítulo II, pp. 31-90.
PIRES, Cecília. A violência no Brasil. São Paulo: Moderna, 1985.
PÓVOA, Fabiana Machado Rangel. A municipalização da politica de habitação popular em Campos dos Goytacazes, RJ (1989-2001). Dissertação de Mestrado em Políticas Sociais, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Centro de Ciências do Homem, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2002.
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: Experiência da Itália Moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.
REIS, Elisa P. Governabi l idade e Sol idariedade. IUPERJ. In: VALLADARES, Lícia & COELHO, Magda Prates (orgs.). Governabilidade e Pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Civil ização Brasileira, 1995. pp.49-64.
REIS, Elisa P. e CHEIBUB, Zairo B. Pobreza, Desigualdade e Consol idação Democrát ica. Dados, vol. 36, n.2, pp. 233-259, Rio de Janeiro, 1993.
RIBEIRO, Darcy. Aos trancos e barrancos: como o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.
RIBEIRO, Luiz César de Queiroz. A (in) Governabi l idade da Cidade?: Avanços e Desafios da Reforma Urbana. In: VALLADARES, Lícia & COELHO, Magda Prates (orgs.). Governabilidade e Pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Civi l ização Brasileira, 1995. pp. 107-160.
ROCHA, Sônia. Governabil idade e Pobreza: o desafio dos números. IPEA/DIPES. In: VALLADARES, Lícia & COELHO, Magda Prates (orgs.). Governabilidade e Pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Civil ização Brasileira, 1995. pp. 221-265.
RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas Cidades Brasileiras. São Paulo: Contexto, 2001 .
ROMÃO, Mauricio Costa. Distribuição de Renda, Pobreza e Desigualdade Regionais no Brasil. In: IRJ (CAMARGOS, José Márcio & GIAMBIAGI , Fábio) (orgs.) Distribuição de Renda no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Tsrra, 1991. pp. 97-120.
106
SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. SANTOS, Roberto. Leis sociais e Custo da Mão de Obra no Brasil. São Paulo: LTR, 1973.
SANTOS, Wanderley Gui lherme dos. A Politica social na Ordem brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1979. SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Movimentos urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1981 .
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. Cidadania e Reforma Urbana. In: ACTIONAID BRASIL.1996. As Faces da Pobreza no Brasil, programa de trabalho. Rio de Janeiro: ACTIONAID BRASIL, 1996. pp. 39-58.
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. Gestão urbana, associativismo e participação nas metrópoles brasileiras. In: RIBEIRO, Luiz César de Queiroz (org.). O futuro das metrópoles: desigualdades e governabi l idade. Rio de Janeiro: Renavan, 2000. pp.575-599.
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. Democracia e Governo Local: di lemas da reforma municipal no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Renavan, 2 0 0 1 .
SILVA Fernando Resende da. O Imposto sobre a Renda e a Justiça Fiscal, Série Monográfica, n.14, IPEA, Rio de Janeiro, 1974. 114 p.
SIMÕES, R.F. Padrão locacional da industria mineira da década de setenta. Anais do Seminário sobre Economia Mineira, 5. Belo Horizonte: CEDEPLAR/UFMG, 1990.
SINGER, Paul. Globalização e Desemprego. Diagnóstico e Alternativas. São Paulo: Contexto, 2000, 4 a . Edição.
SKIDMORE, Thomas. Brasil de Castelo a Tancredo - 1964-1985. São Paulo; Paz e Terra, 1988.
SOMARRIBA, Mercês. Movimentos Reivindicatórios Urbanos - Elementos de Um Marco Interpretativo, Análise e Conjuntura, v.7, n° 2 e 3, pp. 2-10, FJP, Belo Horizonte, maio/dez 1992.
SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de. História de Itaúna. Vo l . l/ll. Belo Horizonte: Ed. Littera Maciel Ltda., 1986.
. Capitu/os da história Itaunense. ítaúna: Ed. Universidade de Itaúna, 2 0 0 1 . 543p.
. itaúna 1765 - 2002. Belo Horizonte: Ed. Santa Clara, 2002. 640p.
TASCHNER, Suzana Pasternak. Favelas em São Paulo - censos, consensos e contra-sensos. In: BÓGUS, Lúcia M. & RIBEIRO, Luiz Cesar de Q. (orgs.). Cadernos Metrópole - desigualdade e governança n. 5, pp. 11-35, EDUC, São Paulo, 2000.
I07
T A V A R E S , Hermes Magalhães. Inovações tecnológicas e suas implicações territoriais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
TOLOSA, H.C. Pobreza no Brasil: uma avaliação dos anos 80. In: VELLOSO, João Paulo dos Reis. (org.). A Questão Social no Brasil. São Paulo: Nobel, 1991.
JORNAIS E REVISTAS
Boletim Econômico, ano 4, n. 24, Faculdade de Ciências Economias da Universidade de Itaúna, fevereiro de 2002.
Cidade de Itaúna. Ano I, n. 0 1 , dezembro de 2 0 0 1 . Ed. Vile, Itaúna.
Cidade de Itaúna Ano I, n. 02 de abril de 2000. Ed. Vile, Itaúna,
NOGUEIRA, Guaracy de Castro. Or igem de Itaúna, Folha do Povo, Itaúna, 20 de dezembro, 1997.
Jornal Espaço, Artigo Profissionais de Talento, Itaúna, Janeiro de 1999.
LEGISLAÇÃO
BRASIL. Centro Gráfico do Senado Federal. Constituição da República do Brasil de 1988. Brasília, Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
D O C U M E N T O S
BDMG. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Economia Mineira 1989. Diagnóstico e perspectivas. Belo Horizonte, 1989. Síntese e propostas.
CEURB/FAFICH/UFMG, Governança em Belo Horizonte. Relatório Técnico de Consultoria ao Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e ao projeto Global Urban Research Initiative (GURI). Belo Horizonte: CEURB/UFMG/ lUPERJ/GURI , 1996.107 p.
FJP. Fundação João Pinheiro. Informativo CEI - Demograf ia - Déficit Habitacional no Brasil 2000. Belo Horizonte. Junho de 2002. 24 p.
FJP. Fundação João Pinheiro. Informe Especial-Demograf ia. Migrações em Minas Gerais: Um panorama do seu comportamento nas ultimas décadas. CE). Belo Horizonte, 2001 .
FJP. Caderno de Textos, número 2. Belo Horizonte, agosto 2000. 320 p.
FJP. Centro de Estudos Econômicos Regionais. Anál ise regional da funcional idade da economia mineira. Belo Horizonte, 1990.
108
FJP. Diretoria de Planejamento. Estrutura Espacial do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1977.
FJP. Centro de Estudos Regionais. Estrutura Espacial do Estado de Minas Gerais. 2. Ed. Belo Horizonte, 1988.
Ministério da Previdência e Assistência Social . 1992/93. Plano de ação 1992/93. Brasília, 1992. (arquivo, Folheto 2229.PUC).
Secretaria Municipal do Bem-Estar Social de Itaúna. Levantamento Social de 1984. Itaúna, 1984. Arquivo da SMBES.
ENTREVISTAS
1 . Ex-Prefeito do município de Itaúna, dois mandatos 1973/77 e 1993/96. Entrevista realizada em 26 de maio de 2003. Entrevistador Wil ier Ferreira do Amaral , Itaúna.
2. Ex-Prefeito do município de Itaúna, período 1983/88. Entrevista realizada em 30 de maio de 2003. Entrevistador: Wil ier Ferreira do Amaral , I taúna.
3. Ex-Reitor da Universidade de Itaúna, período 1965/1983 e ex-Prefeito do município de Itaúna, período 1993/96. Entrevista realizada em 9 de junho de 2003. Entrevistador Wilier Ferreira do Amaral , i taúna.
4. Ex-Prefeito do município de Itaúna em dois mandatos 1989/92 e 1997/2000, e atual Prefeito da cidade, período 2001/2004. Entrevista realizada em 30 de julho de 2003. Entrevistador. Wilier Ferreira do Amaral , Itaúna.
5. Ex-moradora da Vila Imperial. Entrevista realizada em 2 de junho de 2003. Entrevistador Wilier Ferreira do Amaral , I taúna.
6. Três moradoras da Vila Imperial. Entrevista realizada em 17 de junho de 2003. Entrevistador: Wilier Ferreira do Amara l , Itaúna.
7. Ex-vice-Prefeito do município de Itaúna, período 1983/88. Entrevista realizada em 22 de julho de 2003. Entrevistador Wil ier Ferreira do Amara l , Itaúna.
8. Líder da Associação Comunitár ia Morro do Engenho e Membro do Conselho Deliberativo de Habitação de Itaúna. Entrevista realizada em 2 de agosto de 2003. Entrevistador: Wilier Ferreira do Amaral , Itaúna.
9. Líder da Associação Comunitária do Bairro Nogueir inha, Nogueira Machado e Santo Antônio. Entrevista realizada em 2 de agosto de 2003. Entrevistador Wilier Ferreira do Amaral , I taúna.
10. Vereador da Câmara Municipal de ítaúna. Entrevista realizada em 30 de agosto de 2003. (30/0/2003). Entrevistador Wil ier Ferreira do Amaral , Itaúna.
109
SITES CONSULTADOS
www.sidra.ibge.QOv br
www.fip.qov.br
www.pbh.gov
110
A N E X O 1
TABELAS DE ITAÚNA
A N E X O 1-A: Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de Itaúna e Minas Gerais - 1990/1999
Di5Crim.
i
I Setor -!990 1991 '992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Agropecuário 9100 7370 7299 8542 9232 7535 7421 7437 11684 13466
Itaúna Industrial 278981 255059 279112 276467 281946 237877 241791 229098 234597 203045
Serviços 154025 173127 208437 231273 186884 182755 192706 191471 185232 179711
Total 442*. 06 435556 494848 516293 478062 428167 441919 418006 431513 396222
Agropecuário 7726987 7603222 6609787 7935607 11956135 8150305 7934465 7623861 9054634 8206723
Minas Gerais Industrial 28401341 27907386 30558019 33291543 33746833 31868864 35015162 37369718 35430823 36215815
Services 32876520 36C32794 39031556 44189629 39997152 41716341 44182545 44680724 44364049 43068395
Total 69004348 71543402 76199362 85416779 85700120 81735511 87132172 89674303 87849506 87490933
Fonte: Dacos básicos Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatistica e Informações. Eiaboraçáo: Faculdade de Ciènaas Econõmicas/Universiüatíe ae ttauna.
A N E X O 1-B: Var iação do Produto Interno Bruto por setor, Itaúna e Minas Gerais, 1990-1999 (%) Discnnr 'Setor /Ano | 1991/90 | 1992 /91TT993 /92 I 1994 /93 j 1995 /94 I 1996/95 | 1997/96 | 1 9 9 6 / 9 7 | 1999/98 11999/90
Agropecuário -19.0 -1.0 17,0 8.1 -18.4 -1.5 0.2 57,1 15.3 48.0 Itaúna Incustnal -8.6 9.4 -0.9 2.0 -15,6 1.6 -5,2 2.4 -13.4 -27,2
Serviços 12.4 20,4 11.0 -19.2 -2.2 5.4 -0,6 -3.3 -3.0 16.7 Total -1.5 *3.6 4.3 -7.4 -1C.4 3.2 -3,1 0.8 -8.2 -10,4
Agropecuário -1.6 -13.1 20.1 50.7 -31.8 -2.6 -3,9 5,7 1.9 6.2 M. Gerais Industrial -1.7 9,5 8.9 1.4 -5,6 9.9 6,7 -5,2 2.2 27,5
Serviços 9,6 8,3 13.2 -9.5 4.3 5,9 1.1 -0.7 -2.9 31.0 Tctal 3.7 6.5 12.1 0.3 -4.6 6.6 2.9 -2.0 -0.4 26,8
Fonte: Elaboração da FacUdace de Ciências Econômicas da Universidade de Itaúna.
A N E X O 1-C: Estrutura do Produto Interno Bruto por setor, Itaúna e Minas Gerais, 1990-1999 (%) Discnm. | Setor/Ano j 1990 H 9 9 1 ; 19G2 1993 | 1994 ' 1995 1996 • 1997 | 1998 | 1999
Agropecuário 2 2 1 2 2 2 2 2 3 3 Üaúna Industrial 63 59 56 54 59 56 55 5 4 54 51
Serviços T C 40 42 45 39 4 3 4 4 4 5 43 4 5
Agropecuário 11 11 9 9 14 10 9 9 9 9 M,Gerais incustrial 41 39 40 39 40 39 4 0 4 2 40 41
Serviços 48 50 51 52 47 51 5 1 50 51 59 Fonte: Eiaboraçáo ca Faculdade de Ciências Económicas da Universidade de Itaúna.
] l l
A N E X O 1-0: Evolução do PIB per capita Itaúna - 1990/99 -(RS de 1999)
Ano 1990 1191 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
PIB per capita 6.781,70 6.560,07 7.350.25 7.565,47 6.913.61 6.113,18 6.231,32 5.954,20 5.930.56 5.376,00
Indice 1990=100 100 97
108 112 102 90 92 88 87 79
Fonte: Elaboração da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Itaúna.
A N E X O 1-E: Perfil da receita do município de Itaúna, 1997/2000
Receita 1997 1 1
0/ /O.
I 1998 I %. 1999 %. 2000 %
FPM 3.986.871.58 20,92 4.620.338,78 21,12 5.284.817,07 23,94 5.879.591,83 22,62
ICMS 6 883.692,63 36,13 6.011.412.93 27,48 6.220.581,96 28,17 7.752.139,90 29,82
ICMS LEI 87/96 - - 362.598,89 1,66 465.374,83 2.11 500.908,34 1.93
IPI/ Exportadores 270.278,69 1.42 234.362.64 1,07 279.604,23 1.27 287.696,45 1,11
IPVA 784.534,03 4,12 1.128.663,90 5,16 1.214.546,39 5,50 1.460.680,02 5,62
FUNDEF - - 912.824,90 4,17 1.928.084,70 8.73 2.189.922,89 8,42
Convênios - - 1.167.076,19 5,34 427.194,11 1,93 404.678,80 1,56
CTB/Tránsito - - - - 55.210,33 0,25 88.597,09 0,34
IPTU 1.435 614.79 7,53 1.393.327,60 6,37 1.463.386,25 6,63 1.816.976,30 6,99
ITBI 220.508,97 1.16 199.207,25 0.91 258.286,34 1,17 248.189,71 0,95
ISS 845.641,71 4,44 897.018,27 4,10 923.775,84 4,18 940.274,43 3,62
Taxas 719.875.21 3,78 815.558.31 3,73 905.931,48 4,10 1.037.114,36 3.99
Receitas 1.480.268.14 7,77 2.954.276.19 13,51 1.973.904,58 8,94 2.685.853,66 10,33 diversas (•) Receita Capital 2.425.873,03 12.73 1.176 393.92 5.38 678.965,32 3,08 705.737,77 2,71
Total 19.053.158.78 100.00 21.873.059,77 100,00 22.079.663,43 100,00 25.998.361,55 100,00
Fonte: Secretaria Municipal de F inanças/PMI , 1997 /2000 . Valores a preços correntes (RS). (") Receitas Diversas: Contnbuições Sociais. Receita Patrimonial, Receita de Serviços, Transferência I R R F , ITR, FMAS e outras receitas correntes.
112
A N E X O 1-F: Part icipação das at iv idades econômicas na ar recadação de ICMS dos 100 maiores contribuintes de I taúna, 1998/2000 At iv idade Econômica % de part ic ipação At iv idade Econômica
1998 1999 2000
Comerc ia l 14,79 20,94 18,41 Industr ial 76,18 70,75 73,06 Prestação de Serviços 9.03 8,31 8,53 T O T A L 100,00 100.00 100,00 Fonte: dados básicos; pesquisa direta na DlEF/SER, Secretaria de Estado da Fazenda de MG-AF-ltauna
A N E X O 1-G: Compos ição do Valor Agregado Fiscal (VAF) no setor industr ial de Itaúna, 1997,1998 e 1999 . ,
Setor 1997 1998 1999 Variação 98/99 RS - 000 I % RS 1000 i % RS 1000 % R$ 1000 %
Têxtil 37.967 32,19 49.495 41,80 67.001 41,79 17.506 35,37 Metalúrg./Siderúrg. 15.011 12,73 17.765 15,00 34.854 21,74 17.089 96,19 Auto peças 22.886 19,41 26.407 22,40 42.804 26,70 16.397 62,09 Outros segmentos 39.937 35,67 24.619 20,80 15.663 9,77 (8.956) (36,38) Total 115.801 100,00 118.286 100,00 160.322 100.0 42.036 35,54
0 Fonte: Prefeitura Municipal de Itaúna - Secretana Municipal de Finanças/Relatório do V A F - 2 0 0 0 .
A N E X O 1-H: Va lor Agregado Fiscal (VAF) por setores da economia, Itaúna, 1997,1998 e 1999 Setor 1997 1998 1999
RS 1000 !RS 1000 Var iação 98/99
RS 1000 R$ 1000 Indústria 115.801 59,50 Comérc io e Serv. 52.272 26,90 Agropecuár ia 4.039 2,00 Crédi tos Externos 22.645 11,60 Total 194.757 100,00
118.286 70.681
7.258 22.367
218.592
54,11 32.34
3,32 10,23
100.00
160.332 61.175
8.509 25.865
255.881
62,66 23,91
3,32 10,11
100,00
42.046 -9.506
1.251 3.498
37.289
35,55 (13.45)
17,24 15,64 17,06
Fonte: Prefeitura Municipal de Itaúna - Secretaria Municipal de Finanças/Relatório do VAF-2000.
A N E X O 1-1: Part icipação setorial das 100 maiores Adicional Fiscal (VAF) em itaúna 1 9 9 8 e 1999
empresas declarantes do Valor
Setor 1998 1999 Número emoresas
VAF declarado RS 1000
% Número empresas
VAF declarado i RS 1000
Industrial 31 119.963,00 71,30 48 162.949.81 Comercial 50 42.756.00 25,41 44 34.286.68 Serviços 19 5521,00 3,29 08 3.466.38 Tojaj 100 168.24O.0O 100,00 100 200.702.87.
~Fcnte: Prefeitura Municipal de Itaúna - Secretana Municipal de Finanças/Relatório do V A F - 2 0 0 0
o/ /o
81.19 17,08
1,73 100,00
113
ANEXO 1-J: Arrecadação de PI , 1994,1995,1998,1999 e 2000 (valores a preços corrente») Origem 1994 1995 1998 1999 2000
R$1.000 R$ 1.000 R$ 1.000 RS 1.000 R$ 1.000 ttaúna 3.287,79 2537,05 5.900,65 6.948,13 6.365,09 Minas Gerais 879.580.53 1.247.338,01 1.254.682.35 1.391.557.61 1.591 638,66 Fonte: Secretaria da Receita Federal. Drvinópolis
ANEXO 1-K: 100 maiores contribuintes de ICMS em Haúna, por número de contribuintes, seguido setores econômicos, 1998/2000 - , . .
Setores Número de C O rttríbuirrtes
1998 1999 2000 Comercial 40 48 52 Industrial 42 36 37 Prestação de serviços 18 16 11 Total 100 100 100 Forte: Dados báeiooc pesquisa direta na DlEF/SER -Secretaria de Estado da FazBnda de MG - AF- ttaúna
ANEXO 1-L: Arrecadação de CMS em ttaúna por Atividades Principais, 1997/2000 a valores constantes - Preços de dezembro/2QQ0=10Q
Atividades Principais
(emR$ 1.00) Deflator IGP-M
Minerais 9.144 5.355 36.240 56.871 Siderurgia 474 146.058 35.346 131.049 Veículos Automotores 0 0 0 33.589 C o mbustfve i sfLubrific ante t 117 206 109 55 Café 0 66 0 0 Godo/Come Bovina e Suína 24.277 22.252 20.074 15.161 Leite/Derivados 328.807 299.084 273.196 302403 Bebidas 0 1.180 1.895 1.189 Medicamentos 2.327 16.353 8.095 91.878 Transportes 1.442.845 1.375.934 1.115.103 1.230.890 Agropecuária - outros 197 25 0 0 Comércio - outros 5.130.375 3.983.027 3.373.132 3.437.270 Indústria - outros 12 972.48212.455.181 11.774.41911.093.409 Subtotal 19.911 045 18.304.720 16.637.61016.393.763 Substituição Tnbutória 743.796 496 612 34 8 862 442.692
Gado/Carne Bovina£u/na 393.672 124.348 18.748 24.624 Bebidas 0 17.747 100.329 131443 Transportes 170.525 136.367 130.992 205.847 Indústria - oufros 162.701 87.154 50.973 44.692 Outros 16.898 148742 47.777 36.185
Outros 1.424,428 1.325.775 2.651.733 2.519.045 Importação 452.941 328.340 949.561 1.282 561
Total 22.079.27020.127.106 19.638.20919.355.499
114
A N E X O 1-M: Mov imentação do emprego formal, por setores da economia, Itaúna, 1997/2000 Setores da economia ' 1997 I 1998 • 1999 I 2000
Admit idos Indústria 2.293 2.142 2.090 2.308 Construção civil 423 567 730 498 Comérc io 1.407 1.360 1.326 1.540 Serviços 1.798 1.574 1.473 2.009 Agropecuár ia 161 70 44 165 Outros/ ignorado 81 48 38 18 Total de admit idos 6.153 5.761 5.701 6.538
Desl igados Indústria 2077 2.343 3.046 1.733 Construção civil 498 491 811 561 Comérc io 1.092 1.162 1.2C8 1.361 Serviços 1.853 1.464 1.287 1.533 Agropecuár ia 140 76 32 118 Outros/ ignorado 76 59 39 27 Total de desl igados 5.763 5.595 6.423 5.333 Fonte: MTE/SINE/RAIS/CAGED- Lei 4923765.
A N E X O 1-0: Condição de ocupação domicíl ios part iculares permanentes Brasi l , Minas Gerais e I taúna - 2000
Conaição de Situação por área ocupação do
domicilio —
Brasil M nas Gerais taúna
Urbana Rural Totai Urbana Rural Total Urbano Rural Total
Próprio já quitado 24.969.569 5.279.100 30.248 669 2.705 338 537.120 3.242.458 12.979 867 13.846 Próprio em aquisição 2.913 040 144.427 3.057 467 230.624 5.269 235.893 1.683 2 1.685
Alugado 6.264712 138.613 6.4C3 325 699.528 13.336 712.864 3.738 72 3.810 Cedido p/mpregador 510.265 1.208.742 1.719 007 33.976 177.366 211.342 75 449 524 Cedido outra forma 2.242 391 570.695 2.813 086 275.800 56.968 332.768 1.162 99 1.261
Outra forma 434 389 118.658 553 547 22.1C4 7829 29.933 112 9 121 Total 37.334 .866 7.460.235 44.795.101 3 967 370 797.888 4.765258 19.749 1.498 21.247
Fonte: IBGE - Censo demográfico 2000.
A N E X O 1-P: Estrutura física dos serviços de água e esgoto de Itaúna. 2000
Estrutura Física Dimensão Capacidade total dos reservatórios (m^)
Extensão da rede de água (em km) Extensão da rede de esgoto (em km)
Fonte: Serviço Autônomo de Agua e Esgoto (SAAE), Autarquia Municipal de Itaúna.
17.655 299.574 238.753
l l 5
A N E X O 1-Q: Evolução da Taxa de Morta l idade Infantil de Itaúna e Minas Gerais, 1970, 1980, 1991, 1997, 1998, 1999 E 2 0 C 0
Município e Taxa de Mortal idade Infantil Estado 197C 1980 1991 1997 1998 I 1999 2000
Itaúna 103,4 67,7 38,9 16,7 15,8 12,9 14,95 Minas Gerais 116,8 78,9 49,2 29,83 29,59 27,8 27,75 Fonte; Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Aplicada. Condições de vida nos municípios de Minas Gerais: 1970,1980 e 1991. Belo Honzonte, MG - 1997, 1998 e 1999: Prefeitura Municipal de Itaúna - Secretaria Municipal de Saúde de Itaúna. C) N° de crianças falecidas com até um ano oe idade, para cada grupo de 1000 nascidas vivas.
A N E X O 1-R: Evolução dos serviços de água e esgoto de Itaúna, 1997/2000 Tipo de serviços ! 1997 i 1998 | 1999 | 2000
Ligações domici l iares de rede de água 18.940 19.713 20.993 21.533 Ligações domici l iares de rede de esgoto 16.743 18.441 19.720 20.010 Capacidade instai, t ra tam, água ( l i t ro/segundo) 350 350 360 360 Vo lume de água tratada (em m3/dia) 19.457 19.182 21.677 20.481 Vo lume de água consumida (em m3/dia) 12.827 12.005 12.696 11.970
Fonte: Serviço Autônomo de Agua e Esgoto (SAAE), Autarquia Municipal de Itaúna.
116
N° de Número de Alunos REDÉ Estabelec imentos Educação
Infantil Ensino
Fundamental Ensino Médio
Tota l
Anos 99 00 01 02 99 T 00 I 01 02 """99 ] 00 01 Í"~ 02 99 oq~\ oY 02 99 00 01 02
Estadual 11 11 14 14 863 1.300 8.720 7 9 1 5 7.612 7.622 4.780 4 893 4.717 4.179 13 511 12.819 13.206 13.115
Municipal 30 30 24 24 2.708 2.615 1.803 1.580 5.041 5.315 4.834 4.879 139 164 137 165 7 888 8.094 6.774 6 624
Particular 15 15 17 17 906 902 851 851 1.265 1.401 1.555 1.540 394 456 653 533 2.565 2.759 3.059 2.924
Superior*) 1 1 1 1 - - - - - - - - - 4.084 5.358 6.349 6.489
Total 57 57 56 56 3.614 3.517 3.517 3.731 15.026 14.631 14.001 14.041_ 5.313 5.513 5.507 4.877 28.048 29.030 29.388 29.152 Fonte: Prefeitura Municipal de ilaúna - Sec Municipal de Educação e Cultura - (*) Educação Superior: Trata-se da Universidade de Itaúna, que oferece 19 cursos -
117
A n e x o 1 . T : D o tu ¡ c i l i o s • A n o 2 0 0 0
p a r t i c u l a r e s p e r m a n e n t e s por c l a s s e s d e r e n d i m e n t o n o m i n a l m e n s a l d a p e s s o a r e s p o n s á v e l p u l o d o m i c i l i o e t i p o do d o m i c i l i o
R e n d i m e n t o n o m i n a l m e n s a l
B r a s i l
A t ó 1/4 d e S M M a i s d e 1 /4 a 1/2 d e S M . M d i s d o 1 /2 a 3 / 4 de S . M .
M a i s d e 3 / 4 a 1 S . M . M a i s d e 1 a 1 1/4 d e S . M . M a i s d o 1 1/4 a 1 1 /2 S . M . M a i s d e 1 1 /2 a 2 S . M .
M a i s d e 2 a 3 S . M
M a i s d e 3 a 5 S . M
M a i s d e 5 a 10 S . M . M a i s d e 10 a 15 S . M . M a i s d e 15 a 2 0 S . M . M a i s d e 2 0 a 3 0
S . M .
M a i s d e 3 0 S . M .
S e m r e n d i m e n t o
T o t a l F o n t e : I B G E - C e n s o
C a s a
3 4 5 6 8 2
9 2 9 3 3 6
1 3 1 9 4 6 7
8 0 3 / 3 2 1
8 9 7 . 7 7 1
2 . 2 7 7 . 0 4 0
5 . 0 9 2 . 9 7 3
4 . 6 1 0 . 4 5 6
5 . 4 2 0 . 1 27
4 . 7 2 7 . 4 7 6
1 . 0 8 0 . 9 1 9
6 5 6 7 2 8
3 4 4 . 2 7 4
4 4 8 6 8 1
3 . 8 3 0 . 1 22
_ . 4Q : 018 ,_3 7 3
D e m o g r á f i c o
M i n a s Gerais
_ A p a r t . C ô m o d o
1 2 0 9 4 4 0 8
4 . 0 6 2 1 3 . 4 0 5
9 . 2 6 9 1 9 . 3 3 2
1 3 4 . 2 3 2 10 1 . 7 5 0
2 1 . 2 3 3 1 7 . 0 3 /
61 2 0 / 3 9 . 2 4 1
1 9 9 . 5 8 4 7 4 . 3 2 3
2 8 5 . 5 6 4 6 0 . 2 8 5
5 8 0 . 9 8 8 4 4 . 5 5 6
1 . 1 2 7 8 8 1 1 9 . 5 2 0
4 9 6 . 1 4 1 2 . 5 4 6
4 2 6 . 9 4 1 1.1 12
3 0 6 . 3 5 7 4 4 8
4 5 4 . 6 2 7 5 8 1
1 8 9 . 6 8 5 7 9 . 2 0 4
4 2 9 8 . 9 8 0 4 / 7 . 7 4 8
T o t a l
3 5 1 . 2 9 9
9 4 6 . 8 0 3
1 . 3 4 8 . 0 6 8
8 . 2 7 3 3 0 3
9 3 6 . 0 4 1
2 3 7 7 . 4 8 8
5 . 3 6 6 . 8 8 0
4 9 5 6 . 3 0 5
6 0 4 5 6 7 1
5 . 8 7 4 . 8 7 7
1 . 5 7 9 6 0 6
1 . 0 8 4 , 7 8 1
6 5 1 . 0 7 9
9 0 3 . 8 8 9
4 . 0 9 9 . 0 1 1
4 4 . 7 9 5 . 1 0 1
C a s a
1 8 . 1 4 6
6 9 . 2 8 9
1 0 3 4 6 6
1 0 6 1 1 6 4
1 0 9 . 2 7 3
2 8 7 . 3 1 4
6 1 3 . 3 9 0
5 1 0 . 0 7 9
5 3 9 . 7 1 2
4 4 7 . 5 5 2
1 0 4 . 0 1 8
6 1 . 8 0 8
3 2 . 1 9 6
4 2 . 3 3 5
3 4 4 , 2 4 1
4 . 3 4 3 . 9 8 3
Aj>a_r_t:
8 6
3 4 4
/ 9 6
C ô m o d o
3 7 3
1 3 3 2
1 . 6 4 9
T o t a l
1 4 . 9 3 6 1 2 . 1 9 7 1
2 . 2 6 7 1 . 8 3 6
6 . 2 0 0
1 9 . 6 2 9
2 6 0 5 8
5 3 7 8 1
1 0 4 . 8 8 1
4 4 . 0 7 9
3 5 2 6 9
2 4 . 9 2 2
3 3 8 8 8
1 2 . 7 8 7
3 . 8 0 4
6 0 2 6
3 . 8 2 8
2 3 6 6
1 . 0 5 7
1 5 7
61
3 1
2 8
6 . 6 0 7
1 8 . 6 0 5
7 0 . 9 6 5
1 0 5 9 1 1
. 0 8 8 2 9 7
1 1 3 . 3 7 6
2 9 7 . 3 1 8
6 3 9 . 0 4 5
5 3 9 . 9 6 5
1 4 8 . 2 5 4
9 7 , 1 3 8
5 7 . 1 4 9
7 6 2 5 1
3 6 3 . 6 3 5
C a s a I
2 1
1 0 2
1 3 2
3 2 7 9
44 6
1.2 16
3 . 1 4 7
3 5 1 4
5 9 5 . 8 5 9 3 5 0 4
5 5 3 , 4 9 0 2 , 3 6 2
4 8 1
2 9 8
1 6 7
1 6 0
1 . 1 1 8
_ ¡launa
A p a r t
3 7 9 9 2 3 4 1 . 3 5 2 4 7 6 5 2 5 8 1 9 . 9 4 7
4
4 3
3
1 4
74
Ü 1
2 0 2
3 6 7
1 4 5
1 1 7
6 5
7B
2 8
1 2 3 1
C ó m o d o
1
4 3
2 4 3 1
3 5
1 4 3
1 7 4 2
9 1 9
2
1
1 1
6 9
T o t a l
2 1
1 0 3
1 39
3 . 3 4 3
4 5 4
1 . 2 3 3
3 . 2 3 3
3 . 6 1 4
3 . 7 0 8
2 . 7 3 0
6 2 6
4 1 5
2 3 3
2 3 8
1 . 1 5 7
2 1 2 4 7
1 1 8
A N E X O 2 PREFEITOS, SECRETÁRIOS E PARLAMENTARES
ITAUNENSES
PREFEITOS
1 - A U G U S T O GONÇALVES DE SOUZA MOREIRA, 5 mandatos, período de 16 anos, 02 meses e 20 dias. 1 o Mandato - 02/01/1902 a 31/12/1904 2 o M a n d a t o - 1 c / 0 1 / 1 9 0 5 a 31/12/1907 3 o Mandato - 1 c /01/1908 a 31/05/1912 4 o Mandato - 1°/01/1916 a 31/12/1918 e 5 o Mandato - 1°/01/1919 a 20/10/1921. O vice no 1 o mandato foi o vigário Antônio Maximiano de Campos. Part ido Politico: Partido Republ icano (PR)
2- ANTÔNIO PEREIRA DE MATOS Vice - Josias Nogueira Machado Período: 1*706/1912 a 31/12/1915 Part ido Polit ico: Partido Republ icano (PR)
3- MARDOCHEU GONÇALVES DE SOUZA Período: 20/10/1921 a 31/12/1922. Se afastou antes do término do mandato por mot ivo de doença e foi substituído por Augusto Gonçalves de Souza. Partido Politico: Partido Republ icano (PR)
4 - DARIO GONÇALVES DE SOUZA Vice : Mário Gonçalves de Matos Período: 1°/01/1923 a 17/05/1927 Part ido Polit ico: Partido Republicano (PR)
5- A R T U R CONTAGEM VILAÇA Vice: Mário Goncalves de Matos Período: 18/05/1927 a 30/01/1936 Part ido Politico: Aliança Liberal (Getúlio Vargas- AL)
6- L INCOLN NOGVBRA M A C H A D O Período: 31/01/1936 a 02/01/1947 Como Prefeito nomeado e eleito Part ido Polit ico: Partido Progressista (PP)
7 - T O M A Z MOREIRA DE A N D R A D E Período: 03/01/1947 a 19/04/1947 Por nomeação. Part ido Politico: Partido Social Democrático (PSD)
119
8- GERALDO ALVES PARREIRAS Período: 19/04/1947 a 14/12'1947 Por nomeação Partido Político: União Democrática Nacional (UDN)
9- ANTÔNIO A U G U S T O DE LIMA COUTINHO Período: 15/12/1947 a 31/01/1951 Vice: Tomaz Moreira de Andrade Partido Político: Partido Repubíícano Progressista (PRP)
10- V ÍTOR GONÇALVES DE SOUZA Período: 1°/02/1951 a 31/01/1955 Vice: Joaquim Soares Nogueira Partido Politico: Partido Social Democrát ico (PSD)
11 -M ILTON DE OLIVEIRA PENIDO Período: 1°/02/1955 a 3 1 / 0 1 / 1 9 5 9 - 1 ° . Mandato Vice: Dirceu Alves de Souza Período: 1°/02/1963 a 31/01/1967 Vice: Jadir Marinho de Faria Partido Politico: Partido Social Democrata
12- CÉLIO SOARES DE OLIVEIRA Período: 1°/02/1959 a 31/01/1963 - 1°. Mandato Vice: Hely Gonçalves de Souza Período: 1°/02/1977 a 31/01/1983 Vice: Marcos de Oliveira Guimarães - 2 o . Mandato Partido Politico: Coligação PSD, UDN, PR
13- ANTÔNIO DORNAS DE LIMA Período: 1°/02/1967 a 30/11/1970 Vice: Will iam Leão Partido Politico: Al iança Renovadora Nacional (ARENA)
14- WILLIAM LEÃO - Como sucessor do titular Período: 1°/12/1970 a 31/01/1971 Partido Politico: Al iança Renovadora Nacional (ARENA)
15- JADIR MARINHO DE FARIA Período: 1°/02/1971 a 31/01/1973 Vice: Antônio Peres Guerra Partido Politico: Al iança Renovadora Nacional (ARENA)
16- HIDELBRANDO CANABRAVA RODRIGUES Período: 1°/02/1973 a 3 1 / 0 1 / 1 9 7 7 - 1 ° . Mandato Vice: Adolfo Mendes Filho Período: 1°/01/1983 a31/12/1996 - 2°. Mandato Vica: Guaracy de Castro Nogueira Partido Politico: Al iança Renovadora Nacional (ARENA)
120
17- FRANCISCO RAMALHO DA SILVA FILHO Período: 1°/02/1983 a 31/12/1988 Vice: José dos Santos Pereira Partido Polit ico: Partido do Movimento Democrático Brasileiro
18- OS MAN DO PEREIRA DA SILVA Período: 1°./01/1989 a 31/12/1992 - 1°. Mandato Vice: Marcos Elias Período: 01/01/1997 a 3 1 / 1 2 / 2 0 0 0 - 2 ° . Mandato Antonio Nogueira Gontijo Período: 01/01/2000 a 31/12/2004 Luiz Guimarães
Partido Politico: Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
SECRETÁRIOS DE ESTADO Dr. José Gonçalves de Souza. Governo Júlio Brandão. Período 07/09/1910 a 07/09/1914. Secretário de Estado da Agricultura, Indústria, Terras, V iação e Obras Públicas.
Dr. Mário Gonçalves de Matos. Governo Benedicto Valladares Ribeiro. Período 05/07/1939 a 11/07/1940. Secretário do Interior e Justiça.
Dr. Alcides Gonçalves de Souza. Governo Benedicto Val ladares Ribeiro. Período de 15/16/1942 a 17/03/1943. Secretário da Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho.
Dr. Oscar Dias Corrêa. Governo José de Magalhães Pinto. Período de 31/01/1961 a 17/05/1962. Secretário da Educação.
Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza. Governo José de Magalhães Pinto. Secretaria da Fazenda, no período de 04/05/1964 a 01/07/1965. Secretário de Governo e Coordenação Politica, de 09/08/1965 a 31/01/1966.
Dr. Jofre Gonçalves de Souza. Governo Israel Pinheiro da Silva. Período de 02/09/1966 a 14/04/1967. Secretário da Fazenda.
Dr. Togo Nogueira de Paula. Governo Francelino Pereira dos Santos. Período de 13/05/1982 a 15/03/1983. Secretário de Ciências e Tecnologia.
Dr. Rómulo Augusto Chaves Coutinho. Secretário de Segurança. Governo Newton Cardoso.
PARLAMENTARES
Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira. Constituinte Estadual de 1 8 9 1 . Deputado Estadual à 1 a . Legislatura Republ icana Mineira: 1891 a 1895. Deputado Estadual à 2 a . Legislatura: 1895 a 1898.
121
Or. José Oicr^v vvrs de L-c r Deputado Estadual à 3 a . Legislatura: 1899-1903. Ser.oôcr Es ta tuo ! a 4 a L.oist/- ;ra: 1903-1906. Deputado Federal à 9 a . Legislatura: 1915-191~\ Depu;.--.!o Fe t f cn l i 10 a . Legislatura: 1918-1920. Deputado Federal à " ^ . Leg i s l a t u ra 1924-192C.
Dr. Alcides Goru;sives de Souza. Deputado Estadual à 7 a . Legislatura: 1915-1918. D e p u t a i Estadua' * S 3 Leçisiatura: 1919-1922.
i":r. Mário Gcnçaivrb de Mato-i. Deputado Estadual à 9 a . Legislatura: 1923-1926. Deputado Federa! ã 1 3 a . 1 egislatura: 1927-1929. Deputado Federal à 14 a . Legislatura: 1930-1932.
Dorinato de Oliveira Lirrifi Deputado Estadual: 1934-10/11/1937.
D--' Oscar Dias Corrêa. Dof-.r.ado à Assembléia Legislativa do Estado de Minas -.v.:.-ii.s, nas Legislaturas 1V+7-1951, e 1951-1955. Deputado à Câmara dos a p u a d o s , nas Legislaturas 1*155-1958, 1959-1962 e 1963-1966.
João Gomes M o r e n o . Dt-uutado à Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais na<3 Legislaturas 1959 1962, 1963-1966, 1967-1974, 1975-1978 e 1979-1982. Dr. Hicelbrando Canabravs Rodrigues. Deputado à Assemblé ia Legislativa do .Vstado de. Minas Gerais m Legislatura 1979-1982.
Dr. Câüsif; Gonçalves. Debutado à Assembléia Legislativa do Estado de Minas ••Vjrois na Legislatura 1973- iS82. Deputado á Câmara dos Deputados na Legislatura
Ur. Oscar Dias Corrêa Júnior. Deputado à Assembléia Legislativa do Estado de Mi i í í j s Gerais na Legislatura 1979-1982. Deputado à Câmara dos Deputados na •.\';\\'<mr* 1983-1980. Ascendência itaunense.
r : ^ t -incisco Ramalho ia Silva Filho. Deputado à Assemblé ia Legislativa do E * ; : v ( j L fv-inas Gerais, por 2 mandatos, legislaturas de 1°. de janeiro de 1991 a 31 de deremoro de 1994 e V . de i.ineiro de 1995 a 31 de dezembro de 1998..
*)r. Marcos Guimarães de CT: queira Lima. Deputado à Câmara dos Deputados •«csde 1983, per cinco mandão:» consecutivos.
s - - i de r Moreira. Deputado à Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais ^U lc tu ra 2003-2006.
122
P R E F E I T U R A M U N I C I P A L OC i T A Ú N A
L £ I 1 . 7 7 3
A u t o r i j a o E x e c u t i v o W u n i c i c a l d c r i a r a P r o g r a m a dB
AÇ-ta Sacio—t /roana p a r a r e g u l a r i z a ç ã o a e f a v e l a a , P r ó -
I t a ú t i a , a d á o u t r a s p r o v i d ê n c i a : » .
D Povo do M u n i c í p i o de I t a ú n a , p o r s e u s r ü p r u s e n t a n -
c o s , d e c r e t a e nu s a n c i o n o a p r s s e n t a l e i :
A r t . 1 ' ) - F i c a a u t o r i z a d o • E x e c u t i v o M u n i c i p a l a c r i
a r o P r o g r a m a de Ação S c c i o - U r o a n a , P r t 5 - I t a ú n a , que v i s a à r e g u l a r i z a
qõa j u r í d i c o - u r a a n a d a a C a v a l a s do M u n i c í p i o .
A r e , 2 2 - As áratíá f a v e l a d a s oc M u n i c í p i o f i c a m m e n e a
d a s como S e t o r E s p e c i a l - S £ , o b a e r v a n d o - s e a a p r e s c r i ç õ e s a o s i x o .
^ 1 9 - Ccnipata ao E x e c u t i v o M u n i c i p a l d e l i m i t a r a s '
á r t i a s c a r a c t e r t z o C a a como S E , r t g u l a m e n t a n ü o - l n e s o zenoe jnento a a
o c u p a ç ã o *
$ 2 a - 0 S£ d e s t i n a - s t í à u r o a n i z a ç ã o e s p e c í f i c a d a s fa
v e l a s e c t zvera cn s e r i a r , t a n t o q u a n t o p o s s í v e l , &s c a r a c t e r í s t i c a s f l
s i c o — c u l t u r a i s d e a t a o c u p a ç ã o e s p o n t â n e a *
§ P a r a a t e n d e r ao p l a n e j a m e n t o u r b a n o da c i d a d e ,
v i s a n d o a a n e c e s s i d a d e s fu tu ra 3 do l o c a l i z a ç ã o da p o p u l a ç ã o cie b a i x a
r e r d a , á r e a s v a z i d s ou s e m i - o c u p a d a a p o d e r ã o s e r c l a s s l f i c a d a a - p a i o *
E x e c u t i v o M u n i c i p a l cemo £ £ •
A r t % G u s a e a o c u e a ç a u o a s o l o n a s l í r ^ a a c i a s s i —
f i c a d a s como GE ü ^ r a u rixaininadoa -2 a p r o v a d o s d e a c e r t o cem a t i p i c i d a —
Ce da c c u p a e a c , e x c l u i r d c - a e a a p l i c a ç ã o d e o u t r a s n u r m a a g e r a i s da
M u n i c í p x o .
A r t . d u _ Q E x e c u t i v o M u n i c i p a l a p r o v a r á o p a r t e l a / n e n t u
Jo ã o i o Ju 331 d t í t u l o d a u r n a n i z a ç a a ü a p e c í f i c a , a c o r d o com o m •
c i a o I I cq a r t , 4'J J a L a i F e d e r a i iGd,76a, de 19 de J e z a m b r a '2o 137;?.
A r t . S"?- F i c a c E x e c u t i v o M u n i c i p a l jucoiT nda d c o n -
üiKiur i. t e n ç ã o i í l í impus t o s , c o n t r i c u i ç a o do i n a ü i c r i a e t a x a s . n u i i i C i p a i a i ü c ^ j e n t a s no 'JE, p i í i o pramo máximo de 5 ( c i n c o ) a n o s , c o n t a d o a p a r -
124
\ P R E F E I T U R A M U N I C I P A L 0£ ITALINA ,
W I l T A i l O D t « M M W t a u * " *
» c o n t i n u a ç ã o d a L e i n * 1 . 7 ? 3
t i r üa r ü g u l c r l z 3 ç ã o f u n d i á r i a a c a d a b e n e f i c i á r i o ,
A r t . 6?— 0 3 l o t o s r e a u l t a n t a s d o p u r c i i l a j n e n t u a p r o v a d o
na f u r i n a d e s t a l e i , p o d e r ã o s e r a l i e n a d o s d i r e t a t n t n t k i a s e u s o c u p a n t e s ,
d e a c o r d u cora a L12Í F e d e r a l n » 4 . 1 3 2 , ds 10 de s e t e m b r o d e 1 S 6 2 , o u se -
r a n o b j e t o da c o n c u s s ã o d a d i r e i t o r e a l de u s o , da a c o r d o com o Decide -t o - L e i n 9 2 7 1 , d e Ü3 d e F e v e r e i r o da 1 9 6 7 ,
§ 1 ° - A álieruiçàa e a c o n c e s s ã o , g r a t u i t a o u u n e r o s a ,
o D e d B c e r à c à s normas e d i r e t r i z e s s ó c i o - e c o n C m i c a 3 do P r õ - I t a ú n a , a s e
rem b a i x a d a s p e l o E x e c u t i v a M u n i c i p a l .
§ Z°— A a l i e n a ç ã o o a c o n c e s s ã o s e r ã o f e i t a s em nome '
da f a v e l a d o ou b e n e f i c i á r i o e de s u a f a m í l i a » c o n s t a n d o do i n s t r u m e n t o
a d e s t i n a ç ã o e s p e c í f i c a d e m o r a d i a d o s b e n e f i c i á r i o s , o u u c o m p r o m e t i —
mento a o s d e m a i s u s o s p a s s í v e i s em c a d a SE, a s s e g u r a n d o — s e — I n e a c o n d i —
ç ü B s que f a v o r e ç a m a p e r m a n ê n c i a no i m ó v e l .
§ 3 5 - D e v e r á , a i n d a , c o n s t a r do d o c u m e n t a de a l i e n a ç ã o
a de c o n c e s s ã o a o b r i g a ç ã o do b e n e f i c i á r i o , era c a s o d e n e g o c i a ç ã o p o s t e
r i o r do i m ó v e l , de f a z e — l a a p e s s o a q u e se e n q u a d r o n a a n o r m a a e d l r © —
t r i z e s s f icxo—âconomicas do P r Ó - I t o ú n a , o u v i n d a - a e , p a r u t a n t o , a ExiiC-..»-
t i u u M u n i c i p a l , qua c o m p a r e c e r á a o a t o na q u a l i ü a c e de i n t e r v e n i e n t e .
A r t . F i c a o E x e c u t i v o M u n i c i p a l a u t o r i z a d o a c r i a r
um Fundo d e U r U a n i - i t â Ç d O , d e s t i n a d o ^ g e s t ã o d o s r e c u r v a s o b t i d o s p r i l a '
P r ó - I t ü ú n a , a t r a v é s d e d a t a ç õ e s p r ó p r i a s ou r e p a s s e de o r g a n i s m o s e s t a
d u a i s , f e d e r a i s , i n t e r n a c i o n a i s a u do s o c i e d a d e c i v i l , cem a f i n a l i d a d e
e x c l u s i v a d e a p l i c a ç ã o no P r ó — I t a ú n a .
P a r á g r a f o Cínico - Ern c a s o do a l i e n a ç ã o e de c o n c e s s ã o
o n e r o s a s , o p r u d u t o r e v e r t e r á ao í - u n d o .
A r t . O*- 0 E x e c u t i v o M u n i c i p a l p e d e r á f i r m a r c o n v ê n i o s
cem a u n i ã o , E s t a d o e r e s p e c t i v o s á r g a o s a e n t i d a d e s p r i ^ a d a a parra a
tix«cuçau i n t Q t j r s d a do P n 5 - [ t a ú n a .
A r t . E 3 t ò l e i e n t r a em v i g o r n a d a t a de sua p u o l i -
c a ç a o , r e v c i j a d a s a 3 d i s p c s i ç c e s , . em c o n t r á r i o .
PHEFEITUHA MUNIC IPA I^ C E , l f « ? M A ^ 2 7 ÜE SfcTEMUHO DE 1S64
r r a n c i s c o fúdúlt-id^OÚ S i l v a F i l n o P r e f - í i t t r » — i l u o i c i c a 1
QECHETO N e 1 , 4 9 9
D i s p õ e s o a r a a r e g u l a m e n t a ç ã o d a L a i M u n i c i p a l 1 , 7 7 3 ,
d e 2 7 , ü 9 . â * 5 , que a u t o r i z a o E x e c u t i v o a c r i a r o P r o g r a
ma de Ação S ó c i o - U r b a n a , P ró -X fcaúna © dá o u t r a s p r e v i -
c i ê n c i a s .
Q P r e f e i t a i à u n i c í p a i d e I f c a ú n a , no u s a d e s u a s a t r i b u i
ç õ e s , p r e v i s t a s n a i n c i s a I , l e t r a " a " , A r t , 1 5 3 , d a L e i C o m p l e m e n t a r ná3 ,
d e 2 S . 1 2 . - 7 2 ,
D E Ç fl £ T A:
A r t . 1 9 - £ s £ e d e c r e t o r e g u l a m e n t a a L e i M u n i c i p a l ne
1 . 7 7 3 , d e 2 ? . 0 9 . 8 4 , bem como con tém o u t r a s d i s p o s i ç õ e s n e c e s s á r i a s ao cum -
p r i m a n t o do P r o g r a m a d a Ação S ó c i o - U r b a n a , P r ó - I t a ú n a .
CAPITULO I
D a C r i a ç ã o do P r o g r a m a S ó c i o - U r b a n a
Sação 1 Oos O b j e t i v o s
A r t , 29— F i c a c r i a d o o P r o g r a m a de Ação S ó c i o — U r b a n a ,
P r ó - I t a ú n a , cosi q o b j e t a v a p r i n c i p a l de r e a l i z a r m a t e r i a l m e n t e o s d i r e i t o s
d a s c i d a d ã o s m a r g i n a l i z a d o s , o f e r e c e n d o c o n d i ç õ e s que per ra i ta /n s u a i n t e g r a
ç ã o p l e n a a a m e i a s o c i a l .
P a r á g r a f o Ü n i e o - D P r o g r a m a o r a c r i a d o , s e r e s p c n s a b i l i
z a r á d e a c o r d o com a s m e i o s d i s p o n í v e i s , p e i a r e g u l a r i z a ç ã o j u r í d i c o - u r t i a n a
d a s f a v e l a s no M u n i c í p i o »
A r t . A S e c r e t a r i a M u n i c i p a l d e A s s u n t o s C o m i n i t á -
r i o s da P r e f e i t u r a M u n i c i p a l üe I t a ú n a , a d m i n i s t r a r á o P r o g r a m a c r i a d o n e a -
t a d e c r e t o .
S e ç ã o I I
D o s B e n e f i c i á r i o s
A r t . 4 ! J _ Sao b e n e f i c i á r i o s üo p r o g r a m a de Ação S ó c i o - U r
b a n a , a a f a m í l i a s de b a i x a r e n d a que v i v e m em c o n d i ç õ e s tia f a v e l a d a s .
P a r á g r a f o única~ S e r á f e i t o l e v a n t a m e n t o s â c i a - t S c o n C m i -
co d e c a d a f a m í l i a , a n t e s da b e n e f í c i o d e s t e d e c r e t o a t i n g i r aa s e u s a b j e t i
v o s .
126
c o n t i n u a ç ã o da D a c r s t o n a 1 . 4 9 9
CAPITULO I I
D a s A r e a s F a v e l a d a s
5 e ç ã o I
A r t . 5 « - As á r e a s f a v e l a d a s d o M u n i c í p i o de I t a ú n a , f i c a r a
z o n e a d a s como S s t a r E s p e c i a l ( S E ) , c o n f o r m e p l a n t a s de p a r c e l a m e n t o d o s o l o ,
a t i t u l o de u r b a n i z a ç ã o e s p e c í f i c a , d e a c o r d o com o i n c i s o I I , do A r t . 4 9 a a
L e i F e d e r a l n S 6 . 7 6 6 , de , 1 9 . 1 2 . 7 9 .
§ 1 5 - Alam d a s á r e a s f a v e l a d a s , z o n e a d a s como S e t o r E s p e
c i a l ( S £ ) , o u t r a s á r e a s p e r i f é r i c a s p o d e r ã o s e r d e l i m i t a d a s , devendo a s p l a n
t a s du p a r c e l a m e n t o da s o l o , s e r e m r e g u l a r m e n t e a p r o v a d a s e r e g i s t r a d a s .
% 2 . 9 - a o c u p a ç ã o d a s á r e a s c a r a c t e r i z a r i a s como S E , s e r á 1
sempre r e s i d e n c i a l , podendo s e r a p r o v a d o s p r o j e t o s c o m e r c i a i s n a s l o t e s de
e s q u i n a s .
S e ç ã o I I
Oa A l i e n a ç ã o e a C o n c e s s ã o
A r t , Õ 9 - Os l o t a s d o s S e t o r e s E s p e c i a i s p o d e r ã o s e r a l i e
n a d a s d i r e t a m e n t e a s e u s o c u p a n t e s , d a a c o r d o cem a L e i F e d e r a l n s 4 . 1 3 2 f de
1 0 , 0 9 . 6 2 ou serem o e j a t o de c o n c e s s ã o de d i r e i t o r e a l d e u s o , de a c o r d a cara
a O e c r e t o - L s i ( 1 9 3 7 1 , de 2 8 . 0 2 . 6 7 .
P a r á g r a f o O n i e o - A a l i e n a ç ã o de que t r a t a e s t e a r t i g o , s e
r á s e m p r e o n e r o s a e a -concessão g r a t u i t a , p o r tempo c e r t o ou i n d e t e r m i n a d o ,
o b s e r v a d a s a s c o n d i ç õ e s s ó c i o — a c o n ô m i ca de a c o r d a com a a r t i g o 4 9 d e s t e de -
c r e t a ,
A r t » 7 S - A a l i e n a ç ã o e a c o n c e s s ã o s e r ã o f e i t a s etn nome 1
da f a v e l a d o ou b e n e f i c i á r i o e de s u a f a m í l i a , m e n c i o n a n d o i n c l u s i v e o s nomes
dqa f i l h o s m e n o r e s , .em s e t r a t a n d o de l o t e p a r a c o n s t r u ç ã o de m o r a d i a *
Seção I I I
ÜD P r e ç o d a A l i e n a ç ã o
A r t . S S - A a l i e n a ç ã o de cada l o t e d e t e r r e n a t e r á coma oa
se o p r e ç o p a r m<2 ( m e t r o q u a d r a d o ) , que s e r á a v a l i a d o p e l a c o m i s s ã o a s e r de
s i y n a d a p a l a S e c r e t a r i a M u n i c i p a l de A s s u n t o s C o m u n i t á r i o s da P r e f a l t u r a Mu
n i c i p a l de I t a ú n a .
§ 1 3 _ Q v a l o r do l o t e a l i e n a d o p o d e r á s e r p a r c e l a d o em »
127
eon t i i .uaçao d o D e c r e t o n í J l » J 3 9
a t â ÕO ( s e s s e n t a ) p a r c e l a s m e n s a i s .
5 2 - - Comprovada e i n c a p a c i d a d e F i n a n c e i r a do a d q u i r e n t e
p a r a s o l v e r a s a l d o d e v e d o r , p o d e r á o C h e f e da E x e c u t i v o t r a n s f o r m a r a a l i -
naçao &m c o n c e s s ã o g r a t u i t a .
§ 3 9 - Após a p a g a m e n t o t o t a l d a s p a r c e l a s m e n c i o n a d a na
h 1« d e s c e a r t i ç j o , a P r e f e i t u r a f o r n e c e r á a m i n u t a da e s c r i t u r a d e f i n i t i v a ,
da q u a l c o n s t a r á a s e x i g ê n c i a s dos ^ 2 « a 32 d a A r t . â a , d a L e i M u n i c i p a l 1
NN.??3, cie 2?„09.A4. § 4 - - P a r a o s c a s o s d e c o n c e s s ã o g r a t u i t a , s e r á f o r n e c i
do a o c o n c e s s i o n á r i a , o c o m p e t e n t e t e r m p d e p o s s e t e m p o r á r i a , com r e g i s t r o
e c a n c e l a m e n t o ern l i v r o ou f i c h á r i o e s p e c i a l , nos t e r m o s do p a r á g r a f o ú n i c o
do A r t . » s d e s t e Decreta»
A r t . 9 9 - Apôs • pagamento da 1 * p a r c e l a do I m ó v e l a l i e n a
o u d a a s s i n a t u r a do t e r m o de c o n c e s s ã o g r a t u i t a , a a d q u i r e n t e ou c o n c e s
s i o n á r i a s e r á i m i t i d a p r o v i s o r i a m e n t e n a p o s s e do i m ó v e l , podendo u s á - l o e
d i s p o r corno se f o s s e s e u , d e c o n f o r m i d a d e com a s l e i s c i v i s »
A r t . 1 0 - Sempre q u e p o s s í v e l o l o t e a l i e n a d a n ã o e x c e d e
r á a 1 3 5 oi2 [ c e n t o a v i n t a e . c i n c o m e t r o s q u a d r a d o s ) .
S e ç ã o I V
D a s I s e n ç õ e s T r i b u t á r i a s
A r r . . 1 1 - F i c a i s e n t o d e i m p o s t a s , c o n t r i b u i ç ã o a e m e l b c -
r i a & t a x a s m u n i c i p a i s i n c i d e n t e s na S e t o r E s p e c i a l ( S E f p e l o p r a z o de 3 '
í q i n c o a n o s , c a n t a d o s a p a r t i r da r e g u l a r i z a ç ã o f u n d i á r i a , c a d a b e n e f i c i á
r i a , c o n f o r m e a r t i g o 5« da L s i M u n i c i p a l nsl.7?3, d e 2 7 . 0 9 . 8 4 .
CAPITULO I I I
S e ç ã o i
D e S u a s F i n a l i d a d e s
A r t . 13 - F i c a c r i a d o a F u n d a de U r b a n i z a ç ã o ao P r ó - I t a ú —
n a , com -J f i n a l i d a d e de g e r a r r e c u r s o s p a r a serem a p l i c a d o s e x c l u s i v a m e n t e 1
tííii o c r a » C J e i n f r a - e s t r u t u r a d o s S t í to r tas E s p e c i a i s ( S E ) .
Fi Gs r e c u r s o s p a r a o m e n c i o n a d o F u n d o , s e r ã o g e r a d a s
a t r a v é s d a â a l i e n a ç õ e s a o s l o t e s a e t e r r e n o s d o s S e t u r e - a E s o e c i a i s ( S _ ] , r e -
PSÉFEJTUIW « U H I C 1 P S L DE UAUI» l l M U SUL * * * * *
128
m £ F £ f T l ; B A M U t É Í C l P J l Ot H A U h
. 4 .
c o n t i / i u a ç a a do O e c r e t o n f l i . 4 9 9
s u l t a n t e s de p a r c e l a m e n t o s a p r o v a d o s na f o r m a d e s t a d e c r e t o .
§ 2 ' - S e r ã o r e v e r t i d o s ao Fundo de U r b a n i z a ç ã o , 0 3 r e c u r
sos o b t i d a s a t r a v â 3 de d o t a ç õ e s p r ó p r i a s do O r ç a m e n t o M u n i c i p a l , o u r e p a s s e s
de o r g a n i s m o s e s t a d u a i s , f e t í a r a i s , i n t e r n a c i o n a i s ou da s o c i e d a d e c i v i l ,
CAPITULO I V
• a s O i s p o s i ç õ e s F i n a i s
A i - t . 1 3 - Compete a S e c r e t a r i a M u n i c i p a l de A s s u n t o s Comu
n i t á r i o s da P r e f e i t u r a M u n i c i p a l cio I t a ú n a , c o o r d e n a r a s o b r a s de ccnstru -
ç u e s d e m o r a d i a s c o s f a v e l a d o s , e m i t i n d o p a r e c e r n a s p r o c e s s o s r e s p e c t i v o s .
P a r á g r a f o O n i c o - A S e c r e t a r i a m e n c i o n a d a no "CAPUT" d e s t e
a r t i g o , em época o p o r t u n a c o n s t i t u i r á c o m i s s ã o e s p e c i f i c a core o o b j e t i v o de
acompanhar a s o b r a s de c o n s t r u ç ã o d a s m o r a d i a s dos f a v e l a d o s .
A r t . 15- No que e s t e D e c r e t o f o r o m i s s o , a p l i c a m - s a a s n o r
mas que regem a e s p é c i e , n a á r e a da c o m p e t ê n c i a do E x e c u t i v o M u n i c i p a l , n o a
te rmos do i n c i s o XXX, do A r t i g o 77, da L e i E o n p l e m e n t a r nBO, da 36.12.72. A r t . 16- E s t a d e c r e t o e n t r a em v i g o r n a d a t a de sua p u C l i -
cação e r e v o g a a s d i s p o s i ç õ e s era c o n t r á r i o .
PREFEITURA MUNICIPAL D£ ITAÚNAj OS DE OEZEfcfiflO. D £ 196d
129
COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES
1TAUNA
ANEXO 5
RELAÇÃO DE CONSELHOS/ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS
RURAIS E URBANAS DE ITAÚNA
RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS
ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS COMUNITÁRIOS DA ZONA RURAL
01. Associação de Apoio Comunitário de Arrudas Presidente: Sebastião Souza Paz Fone: 037 9967-8513 Endereço: Arrudas Mandato: 12/11/2003 a 12/11/2005
02. Associação de Apoio Comunitário do Povoado Parque Primavera, Lopes e Adjacências Presidente: José Eustáquio Morais Endereço: Rua Treze de Maio, 949 - Piedade Fone: 3241-4406 Mandato: 24.03.2001 a 24.03.2003
03. Conselho Comunitário de Cachoeirinha Presidente: Heleno Antunes Nogueira Endereço: Cachoeirinha Fone: 3273-0013 Mandato: 31.01.03 a 31.01.2005
04. Conselho Comunitário de Campos Presidente: Wendel Gonçalves Antunes Endereço: Campos Fone: 3242-1975/Senai Mandato: 16.06.2002 a 17.06.2004
05. Conselho Comunitário de Freitas Presidente: Helton Custódio Estevão Endereço: Freitas Fone: 3273-0015 / 3243-4786 Mandato: 25.05.99 a 25.05.2001
06. Conselho Comunitário de Paulas Presidente: Israel Moreira Endereço: Paulas Fone: Mandato:
131
j ^ l á RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES
07. Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Brejo Alegre Presidente: Geraldo Fernandes Araújo Endereço: Brejo Alegre Fone: 3273-0077 / 9982-0433 Mandato: 11.06.99 a 11.06.2001
08. Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Calambau Presidente: Denise G. de Oliveira Prado Endereço: Rua António de Matos, 85-Apto 201 Fone: 3241-3604 Mandato: 25/ 10/2003 a 25/ 10/2003
09. Conselho de Desenvolvimento Comunitário de São José da Pedra Presidente: Adão Bonifácio Alves Endereço: São José da Pedra Fone: 031.37.3273.0016 Mandato 06.08.2002 a 07.08.2004
11. Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Vista Alegre Presidente: Luiz Carlos da Silva Endereço: Rua Arnaldo Lima, 417 - Cerqueira Lima Fone: 9961-0638 Mandato: 07.04.2001 a 07.04.2003
12. Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Córrego do Soldado Presidente: Adenüson Alves de Oliveira Endereço: Córrego do Soldado Fone: Mandato: 27/01/2002 a 27/01/2004
13. Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Povoado do Córrego das Batatas Presidente: Endereço: ( Diretoria vaga, em período de eleição) Mandato:
14. Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Retiro dos Farias Presidente: Edmar de Almeida Endereço: Rua Cotagem,484 - Vila Vilaça Fone: 3242-6164 Mandato: 15.07.01 a 15.07.2003
.^rT^ >V COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS i T A U r^A
I g& RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS ITAUNA
15. Conselho de Desenvolvimento Comunitário dos Carneiros Presidente: Ismair da Fonseca Endereço: Carneiros Fone: 031.37. 3273-0014 Mandato: 19.03.2002 a 20.03.2004
16. Associação de Apoio aos Pequenos Produtores Rurais de Itaúna Presidente: Orlando Eustáquio Rodrigues Endereço: Rua Gonçalves da Guia, 60 - AP/ 101- B Fone: 3241-1996 Mandato : 08.05.2002 a 09.05.2004
17. Conselho de Desenvolvimento Comunitário da Barragem Presidente: Paulo Vicente Ferreira Endereço: Barragem Fone: Mandato : 25.11.02 a 26.11.2004
133
RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS
ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS DOS BAIRROS NA ZONA URBANA
01. Associação Comunitária do Bairro Garcias Presidente: Ana Célia Santos Oliveira Endereço: Rua Ludovico Dias, 130 Fone: 3242-1157 Mandato: 24.06.2001 a 24.06.2003
02. Associação Comunitária Carolina de Castro Presidente: Marina das Graças Fonseca Diniz Endereço: Rua Padre Ubaldo, 18 Fone: 3241-0402 Mandato: 11/05/2003 a 11/05/2005
03. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Nova Vila Mozart Presidente: Vilmar Silveira Endereço: Rua Prof\ Alice Andrade, 200 Fone: 3242-8176 / 9966-6320 Mandato: 13.10.2002 a 12.10.2004
04. Associação Comunitária Três Marias Presidente: Ivanildo José Marinho Endereço: Rua Aureslina de Matos, 53 Fone: 3241-8368 Mandato: 14.11.2001 a 14.11.2003
05. Associação de Apoio Comunitário da Vila Nazaré Presidente: Elias Firmiano Endereço: Av. Manoel da Custódia, 368 Fone: 3242-4431 Mandato: 19.12.2001 a 20.12.2003
06. Associação de Apoio Comunitário do Bairro de Lourdes Presidente: Balbina Maria Fonseca Tristão Endereço: Rua Professora Antônia Pena,69 Fone: 3241-1413 Mandato: 01.06.2003 a 01. 06.2005
134
RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS
ITA U M-A
07. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Nogueirinha Presidente: Adauto Heleno da Silva Endereço: Rua São Francisco, 175 Fone: 3242-3243 Mandato: 07.02.1999 a 07.02.2001
08. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Piedade Presidente: Antônio Carlos da Silva Endereço: Rua Juscelina Carvalho, 12 Fone: 3241-3253 Mandato: 06.01.2003 a 06.01.2007
09. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Residencial Santanense Presidente: Endereço: Fone: (DIRETORIA VAGA, PERÍODO DE ELEIÇÃO) Mandato:
10. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Residencial Veredas Presidente: Jorge Lopes Maia Endereço: Rua João Ferreira da Silva, 492 Fone: 3242-1303 Mandato: 24.11.2001 a 25.11.2003
11. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Várzea da Olaria Presidente: José Rosa de Freitas Endereço: Rua Boa Esperança, 1256 Fone: 3243-5089 Mandato: 26.11.2001 a 27.11.2003
12. Associação de Apoio Comunitário do Bairro Vitória Presidente: Ivanete Oliveira Martins Moura Endereço: Rua 01,102 Fone: 3243-6194/9942-1847 Mandato: 22.06.2003 a 02.06.2005
13. Associação de Apoio Comunitário do Conjunto Habitacional São Geraldo, Vila Washington e Chácara do Quitão Presidente: Osmar José Ferreira Endereço: Rua Petunia,456- São Geraldo Fone: 3242-3420 Mandato: 19.09.2003 a 19.09.2005
135
!&£9U RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES , - ^ , 7 K ^ COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS
14. Associação do Conselho de Apoio Comunitário do Bairro Leo nane Presidente: Mazarello de Fátima Machado Endereço: Rua Abe] Ovídio Silva, 146 Fone: 3241-8840 Mandato: 25.03.2003 a 26.03.2005
15. Associação dos Moradores das Vilas Vilaça e Tavares (juntamente com Bairro Antunes e Eldorado) Presidente: Mauro Sérgio de Morais Endereço: Rua Jacinto Ferreira, 119 - Vila Tavares Fone: 3243-4692 Mandato: 27.04.2002 a 28.04.2004
16. Associação Comunitária do Bairro Morada Nova Presidente: Maria de Lourdes Dantas Nunes Endereço: Rua Jairo Ferreira da Silva,45 - Morada Nova Fone: 3241-3993 Mandato: 02. 07. 2003 a 02. 07.2005
17. Associação Comunitária do Bairro Residencial São Geraldo Presidente: Rogério Gomes Portela Endereço: Rua Tomaz de Andrade, 211 Fone: 3243-4356 Mandato: 13.06.2002 a 14.06.2004
18. Associação Comunitária do Bairro Santa Mônica Presidente: írani Geraida da Cruz Rosa Endereço: Rua Wilson Mendes Nogueira, 14 Fone: 3241-9561 Mandato: 06.11.2003 a 06.11.2005
19. Associação Comunitária do Bairro Universitário Presidente: Endereço: (DIRETORIA VAGA, PERÍODO DE ELEIÇÃO) Fone: Mandato:
20. Associação Comunitária do Bairro Pio XII e Morro do Sol Presidente: Gilson Trindade da Silva Endereço: Rua Divincpolis, 196 - Morro do Soi Fone: 3241- 0075 Mandato: 21.10.2001 a 22.10.2003
136
^ RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES
21. Associação Comunitária dos Usuários do Centro Esportivo Padre Luiz Turkenburg Presidente: Cristiano Ronaldo Silva Endereço: Rua José Nicomedcs Cândido, 135 - Bairro Santa Mônica Fone: 3243-4541 Mandato: 09.12.2001 a 10.12.2003
22. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Aeroporto Presidente: Myrian Pardini de Souza Mourão Endereço: Rua Maria do Carmo Myrrha, 959 Fone: 3241-2921 Mandato: 02.10.2002 a 02.10.2004
23. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Cidade Nova Presidente: Endereço: Fone: (DIRETORIA VAGA, PERÍODO DE ELEIÇÃO) Mandato:
24. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro das Graças Presidente: Andréa Maria Mendes Endereço: Rua Manoel Corrêa, 250 Fone: 3241-1172 Mandato: 14.02.2003 a 14.02.2005
25. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Jadir Marinho Faria Presidente: Antônio Mariano de Souza Endereço: Rua Mineirinho, 1 13 Fone: Mandato: 15.12.2002 a 15.12.2004
26. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Nogueira Machado Presidente: Marilza Aparecida das Graças Feitosa Endereço: Av. Jove Soares, 2.267 Fone: Mandato: 17.02.2002 a 17.02.2004
27. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Novo Horizonte Presidente: Ana Lina da Silva Endereço: Rua Dimas Gonçalves Lima, 260 Fone: 3241-0259 Mandato: 22.01.2002 a 22.01.2004
137
,_R A 1 Í K J A COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS I TAU NA
<„:4 RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS ITAUHA
28. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Parque Jardim Santanense Presidente: Antônio Moreira Badaró Neto Endereço: Av. Faria Tavares, 362 Fone: 3243-1560 Mandato: 08/08/2003 a 09/08/2005
29. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Residencial Morro do Engenho Presidente: Welligton Evandro dos Santos Endereço: Rua Geraldo Pereira da Silva, 21 Fone: 3241- 8223 Mandato: 28.05.2002 a 29.05.2004
30. Associação Comunitária e Desportiva do Bairro Santanense Presidente: Pedro Magalhães Fonseca Endereço: Rua Dr. Alcides Gonçalves, 1827 Fone : 3243-1060 Mandato: 02.01.2001 a 02.01.2005
31. Associação dos Moradores do Bairro Belvedere Presidente: Endereço: Fone: (DIRETORIA VAGA, PERÍODO DE ELEIÇÃO) Mandato:
32. Conselho Comunitário do Bairro Irmãos Auler Presidente: Doraci Luís da Rocha Endereço: Rua José de .Alencar, 421 Fone: 3241-8957 Mandato: 06.01.2002 a 06.01.2004
33. Conselho Comunitário do Bairro Itaunense Presidente: Ralim Dias Mileib Endereço: Rua Augusto Pedro Alcântara, 227 Fone: 3242-4748 / 9951-0661 Mandato: 25.01.2002 a 25.01.2004
34. Conselho Comunitário de Cascalho Presidente: Marcos Paulo Cortes Endereço: Rua Gonçalves da Guia, 436 Fone: 3241.6094 Mandato: 24.11.2002 a 24.11.2004
138
f fei? RELAÇÃO DE CONSELHOS / ASSOCIAÇÕES ITAÚNA COMUNITÁRIAS RURAIS/URBANOS
35. Conselho Comunitário do Centro Social Urbano Presidente: Domingos da Paixão Silva Endereço: Rua Pedro Soares, 258- Lourdes Fone: 3241-4440 Mandato: 05.01.2002 a 06.01.2004
139