Kleber k Shima Entrevista Edu Ardanuy

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Vivendo de Guitarra

Eduardo Ardanuy

Guitar Class - Vamos comear falando sobre como surgiu o seu interesse pela msica... Eduardo - Minha famlia sempre foi muito musical. Minha me era cantora profissional, assim como minhas irms. Desde pequeno tive aulas de piano com uma tia que era professora e nossa vizinha. Esse perodo no durou muito - eu s tinha 8, 9 anos de idade, e achava aquilo chato demais. Aos 10 anos troquei o piano pelo violo, mas tambm enjoei rpido pois o repertrio era muito careta. Naquela poca, nos anos 70, eu ligava a televiso e via Led Zeppelin, Deep Purple, Jimi Hendrix. E ela me ensinava Parabns Pra Voc (risos). Meu primo, filho dela, foi professor de bateria do meu irmo mais velho, o tila, que fez o curso inteiro com ele. Meu interesse comeou quando eu ia assistir aos ensaios da banda que meu irmo tinha montado. Depois de um tempo, ele trocou a bateria pela guitarra e tocava alto pra burro. Comecei a achar aquilo muito legal. Passei anos tocando s com o meu violozinho e, quando meu irmo no tocava, eu pegava a guitarra e ficava arranhando. Descobri quase tudo sozinho, ouvindo discos e aprendendo alguns toques com meu irmo. Um dia um amigo dele me ensinou a escala pentatnica e eu fiquei tocando em cima disso durante muito tempo. Eu nem usava palheta, tocava com os dedos. Tentava descobrir o tom e ficava improvisando em cima. Levei muito tempo para desenvolver o lance da palhetada. Guitar Class - E voc nunca teve aulas de guitarra com um professor? Eduardo - Tive as aulinhas de violo, que no me trouxeram muita informao, a no ser aprender alguns acordes. Depois tive algum contato com leitura de piano, mas logo j tinha esquecido tudo. At os 20 anos de idade, fui um autodidata na guitarra. Com o passar do tempo fui descobrindo caminhos para ter mais informao, como a revista Guitar Player americana. Nos anos 80 houve a febre da guitarra virtuosstica, como Yngwie Malmsteen, e isso despertou ainda mais o interesse em aprimorar o meu jeito de tocar. Nessa poca eu tinha um amigo chamado Theo Godinho, que me ajudou muito, pois ele era aluno do Michel Perie, que inclusive j fez a seo Vivendo de Guitarra desta revista. Com ele, tive noes sobre campo har-

mnico, como harmonizar sobre as escalas e como tocar a escala menor harmnica. Depois comecei a estudar a srio, mas nunca tive aulas particulares com um professor. O Theo, com as dicas e informaes que me passou, no deixou de ser um professor, pois nunca somos 100% autodidatas. Guitar Class - Voc j chegou a trabalhar em outra rea no relacionada msica? Eduardo - Nunca, pois na poca meus pais tinham uma situao financeira estvel, que me permitia ficar tocando o dia inteiro. Quando eu tinha entre 16 e 20 anos, estudava uma mdia de dez horas por dia, mas na realidade passava muito tempo tocando bobagem, ou seja, eu ficava horas tocando, mas sempre na mesma escala em cima do mesmo disco, sem nenhuma direo. Por outro lado foi bom porque desenvolvi muito meu senso meldico, o ouvido, pois procurava prestar mais ateno interpretao, forma que determinado guitarrista tocava um bend ou um vibrato, do que tirar a msica nota por nota. Nunca gostei de fazer isso. Eu me preocupava muito em tocar afinado, pois no tem nada pior do que um guitarrista desafinado. Guitar Class - Hoje em dia como voc encara a falta de tempo para estudar? Eduardo - Apesar de no ter mais o mesmo tempo que eu tinha antes, consigo fazer com que o estudo tenha mais contedo. O que antes eu demorava dez horas para estudar, hoje levo apenas duas. Com o passar dos anos voc consegue otimizar seu tempo para que o estudo renda mais. Mas todo esse tempo foi indispensvel para mim, pois aprendi o principal, que ter musicalidade, senso de melodia, bom gosto, sensibilidade, coisas que no se aprendem na escola. Hoje em dia, no IG&T, escola onde dou aula, mesmo tendo de cumprir o tempo de cada mdulo, o que se exige do aluno muitas vezes no corresponde quilo que se espera dentro daquele espao de tempo. Muitos alunos, depois de estudar quatro anos, saem tocando muito menos do que o esperado. Acho que o tempo que faz a gente amadurecer, e no a quantidade de informao. Guitar Class - Quando voc comeou a tocar profissionalmente? Eduardo - No final dos anos 80 comecei a tocar nos bares de So Paulo com uma banda cover de pop/rock chamada Este Lado Para Cima (risos). Era uma banda bem organizada, tinha empresrio e tudo mais. A partir da acho que as pessoas comearam a ouvir fa-

lar de mim, porque um dia recebi o convite do Beto, da Chave do Sol, para entrar na banda. Mas no fiquei muito tempo, pois j estava com um projeto em andamento com o meu irmo e o filho do cantor Srgio Reis, que era a banda Anjos da Noite. O disco ia sair pela RCA, e o projeto era muito maior, ento acabei indo pra l. O Kiko Loureiro acabou entrando no meu lugar. Nesse meio tempo fiquei amigo do Andria e do Ivan Busic, que eram do Platina, e tambm conheci o Wander Taffo, tudo na poca em foi inaugurado o primeiro IG&T. Guitar Class - Voc chegou a estudar l? Eduardo - Eu me matriculei porque era uma escola diferenciada, onde eles prometiam realizar workshops com vrios guitarristas como Steve Morse, etc. S que eu no me adaptei muito, pois tinha muita gente, uma mdia de 20 alunos por classe. O pior que cada um era de um nvel diferente e estavam todos na mesma turma. Talvez seja por isso que a escola no tenha dado certo. Alis, o preo era bem mais alto do que o novo IG&T. Guitar Class - Quem dava aulas no IG&T antigo? Eduardo - Praticamente toda a turma do novo, o Wander Taffo, o Mozart Mello, o Faska, o Wesley Caesar. Tive aulas com todos esses professores. As aulas eram uma espcie de workshop, cada semana era um guitarrista que falava sobre um determinado assunto. Foi a nica escola em que estudei na minha vida, e durou apenas dois meses. Mas foi bom porque conheci o Wander, que me viu tocando e me chamou para participar do disco que ele estava gravando. Como ele estava precisando de um baixista e de um baterista, indiquei o Andria e o Ivan, e levei o Wander pra assistir a um show do Platina. Eles estavam tocando no antigo Woodstock Bar, em So Paulo, e acabaram se entrosando. No final das contas os trs montaram a banda Taffo e eu acabei ficando de fora do projeto. Ento, continuei no Anjos da Noite. Guitar Class - Como surgiu o Dr. Sin? Eduardo - Mesmo estando em bandas diferentes, eu, o Andria e o Ivan nos entrosvamos muito bem, e sempre fazamos um som. Ento eu os convidei para gravarem um disco instrumental, que era pra ser meu primeiro disco-solo, pela gravadora Devil Records, um selo pequeno da Galeria do Rock (centro de So Paulo). O disco foi gravado, mas no chegou a ser mixado e nunca foi lanado. Depois de um tempo comecei a perceber que o lance com o Anjos no ia rolar, pois comeamos a ser rotulado de brega e naquela poca no existia meiotermo, ou a banda era rock ou era pop, e

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a gente ficava em cima do muro. O Marco Srgio (vocalista) hoje est cantando muito, mas naquela poca ele tinha apenas 17 anos, era um som errado na poca errada. O Andria e o Ivan tiveram muitos conflitos com o Taffo e ns trs comeamos a fazer planos de montar uma banda. Eles passaram a acompanhar o Supla em alguns shows, na poca do lanamento do disco Encoleirado. Quando acabou a turn, ns gravamos a primeira demo do Dr. Sin, por volta de 1992. Fomos para Nova York tentar a sorte com a demo. Ficamos dois meses na casa de um amigo, tocamos em alguns bares e enviamos a fita para uma srie de gravadoras, at que um dia o pessoal da Warner nos ligou marcando uma reunio. Voltamos para o Brasil e comeamos a mixar o CD instrumental, mas a Warner no deixou. Eles no queriam que se lanasse nada antes da banda sair. Guitar Class - E o que aconteceu com as msicas? Eduardo - Os caras da Warner foram Devil Records, compraram a fita master do Chico e a engavetaram para sempre. Nunca mais vi a fita. Estava no contrato que eles iriam lanar na poca que achassem interessante. Mas nunca lanaram nem me devolveram a master. Guitar Class Como viver de msica tocando numa banda de rock? Eduardo - Apesar de estar na banda, nunca deixei de dar aulas. Toquei alguns projetos paralelos, como o Tritone, com o Srgio Buss e o Frank Solari - um trabalho que eu gosto muito, mas teve pouca divulgao. Praticamente no fizemos nenhum show, apesar do CD ter vendidowww.revistaguitarclass.com.br

bem. Hoje em dia est cada vez mais difcil sobreviver tocando um rock que voc gosta, e no um rock que a mdia est procurando. Quantos vocalistas iguais ao Pearl Jam no existem nos dias de hoje? Esse Creed a o Pearl Jam! Guitar Class - Como surgiu a idia de lanar o CD nas bancas de jornais? Eduardo - Aquilo foi uma alternativa que tivemos, inspirada no Lobo, que deu

o start, e mostrou que o negcio funcionava. Mas depois de um tempo descobrimos que no to simples assim. Voc no pode apenas lanar o CD nas bancas, tem de ter uma revista com parte grfica, seno no compatvel com banca de jornal. E para isso voc precisa ter parce-

ria com alguma editora. Tendo a editora, voc agiliza todo o processo de distribuio. Outro ponto indispensvel o espao publicitrio dentro da revista. Quem compra o CD sabe que a revista tem mais propaganda do que informaes sobre a banda (risos). Mas aquilo indispensvel, pois o custo do produto muito alto. Gravamos a voz e mixamos nos Estados Unidos. Custos de passagem, hotel, estdio, prensagem de 30 mil cpias, tudo isso foi bancado pela banda e pelos patrocinadores. Todos entraram com uma cota, e no foi fcil fazer. s vezes as pessoas acham que esse o caminho certo. um caminho, mas s vezes to difcil quanto os outros. Guitar Class - No final das contas, voc acha que todo esse sacrifcio foi vlido? Eduardo - Eu acho que em alguns pontos foi bom e em outros foi ruim. A grana que conseguimos levantar s deu pra pagar a produo do disco e a prensagem das cpias. No sobrou dinheiro para a divulgao, que acabou sendo feita basicamente pela editora, atravs das revistas que publicava. Mas por outro lado, ns recebamos R$ 6,00 por cada CD vendido, enquanto numa gravadora o artista recebe menos que R$ 0,10. Vendendo 30 mil cpias, para ter o mesmo percentual numa gravadora, voc teria de vender 1 milho de discos. Essa a diferena. Para ns, vender 30 mil cpias de forma independente um sucesso, enquanto numa gravadora, com essa quantia voc est no olho da rua. Alm disso, para o consumidor muito melhor, pois o preo mais baixo e a exposio na banca facilita muito. O cara vai at a padaria, v o CD e acaba comprando. Muitas vezes o CD de rock difcil de achar. Posso citar como exemplosJota Santana

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Vivendo de Guitarra

Eduardo Ardanuynossos discos antigos. O lojista no compra porque no somos uma banda popular, ele acha que vai encalhar. A gravadora muitas vezes no tem uma boa distribuio e no consegue empurrar o CD pra frente. No Brasil inteiro, se tiver em 30 lojas muito. Quando lanamos nas bancas, depois de duas semanas j estava no Norte, Nordeste e Sul do Brasil. Em todo lugar que fao workshop, tem algum com o CD pra autografar. Na realidade, uma banda no sobrevive s de CDs vendidos, ela ganha muito mais fazendo shows. E hoje, para entrar na mdia, voc tem de ter dinheiro pra pagar o jab. Muita gente tem medo de falar isso, mas eu quero que se exploda, pois no toco em rdio nem na TV. Sobrevivo de msica e no tenho nenhum problema com isso. Num sistema independente no h verba pra pagar jab. Agora, nenhuma banda estoura tocando num programa especfico de rdio ou televiso. A banda estoura quando a msica toca dez vezes por dia nas 20 melhores rdios do pas inteiro durante seis meses. Ento, pra quem est comeando, no se iluda. Se voc no tiver pelo menos R$ 300 mil pra gastar na divulgao do seu primeiro CD, no vai chegar a lugar nenhum. A nica forma de tornar-se popular aparecer na mdia. O rdio representa 80%, e a TV, 20%. No adianta fazer o contrrio - se voc aparecer dez vezes na TV e no tocar na rdio, no dia seguinte ningum mais lembra da sua cara, pois aparecem mil caras todo dia na televiso. Mas se a sua msica toca todos os dias nas melhores rdios, o povo pode no saber qual a sua cara, mas vai ficar com a sua msica na cabea. A, quando aparece na TV, aquilo vai marcar para sempre o sujeito que conhece a sua msica. Isso inevitvel, no importa o estilo ou a qualidade do som. Guitar Class - Voc um msico reconhecido pelo estilo que toca, ao contrrio de um sideman (msico que acompanha cantores), que valorizado pela versatilidade. Como voc compara essas duas situaes? Eduardo - Eu no me submeto a isso porque a minha forma de trabalho mais rentvel do que se estivesse trabalhando como sideman. Eu sempre me preocupei em fazer meu nome. Desde os 15 anos de idade eu quis ser reconhecido pelo que tocava, e no ser o msico mais verstil do mundo, que toca jazz, merengue, samba, de tudo um pouco, sem ser

fera em nenhum estilo. Eu preferi tocar um estilo e me sobressair nele, porque o que eu mais gosto de tocar e de ouvir. No tenho a menor pretenso em ser o cara mais verstil do mundo, porque a minha discografia no assim. Meu negcio rock and roll. No estou preocupado em tocar ax ou jazz. Eu no sou uma caixinha de surpresas (risos). Guitar Class - Voc aconselharia as pessoas a seguirem o mesmo caminho que voc seguiu, mesmo num pas como o Brasil? Eduardo - Hoje em dia as coisas acontecem to rpido que eu no saberia dizer qual o melhor caminho. O guitarrista mais antigo que a garotada de hoje conhece o do Iron Maiden. Algum com essa referncia no vai tocar rock and roll nunca! Eles no sabem quem Jeff Beck, no gostam de Ritchie Blackmore e acham Led Zeppelin um lixo. Esse pessoal devia vender a guitarra e comprar um cavaquinho ou um sampler. Se voc no gosta de Jimi Hendrix, Jeff Beck, Deep Purple e Led Zeppelin e quer ser guitarrista de rock, est na profisso errada. Eu acho que a nica direo certa se preparar para ser um msico competente. Porque se voc no ganhar dinheiro com a sua banda, vai ganhar dando aulas, ser convidado para fazer workshops, para gravar trilhas de comerciais. Ser verstil - apesar de eu no ser o cara certo pra falar disso - tambm importante, porque existem pessoas que no tm a menor pacincia para dar aulas. Ento preferem acompanhar artistas e esto l, defendendo a sua grana, que, alis, muito boa. Se voc est comeando, no se iluda em ser um rock star. Isso bilhete de loteria. Voc pode ter o maior talento do mundo e passar a vida inteira no anonimato, assim como pode aprender a fazer trs acordes - como acontece com a maioria das bandas que toca nas rdios , sua estrela brilhar e voc vender 1 milho de cpias. Quando acontecer, vai ser legal. S que o sucesso acaba. E quando ele acaba, se voc no souber dar aulas, fazer worshops ou clnicas, meu amigo, sua carreira musical tambm acabou. Guitar Class - Atualmente, quais so os projetos do Dr. Sin? Eduardo - Vamos lanar um DVD no ano que vem 2003. Estamos editando as imagens de um show que fizemos no Sesc Ipiranga. Sem o Mike, com o Andria cantando novamente. Ser um DVD legal para os fs, porque vai reunir material de todos os CDs, inclusive do ltimo, com o Andria cantando as msicas do Mike. E tambm estamos preparando

um novo disco, que ser lanado depois do carnaval, de gravadora nova e com a maior parte do trabalho cantada em portugus. Guitar Class - O que aconteceu com o Mike? Eduardo - Ele sempre morou nos EUA e ficou apenas uma temporada aqui, na poca do lanamento do ltimo disco. Mike tem 4 filhos l e um estdio, que a principal fonte de renda dele. Ele trabalha mais com produo e ns no somos uma banda que faz muitas turns. O cach da banda praticamente o mesmo preo da passagem, US$ 1.500. Tem de cobrar o dobro do cach pra trazer o cara. Financeiramente invivel. Mas ele sabe disso e somos muito amigos. Talvez um dia a gente se rena novamente, quando tivermos um espao maior pra tocar l fora. Mas no momento a melhor opo ter o mesmo vocalista de sempre. Guitar Class - Alm do Dr. Sin, quais so suas atividades? Eduardo - Atualmente dou muitas aulas particulares, de segunda a quarta. s quintas-feiras eu dou dez aulas seguidas no IG&T. Tambm fao muitos workshops, cobrando entre R$ 500 e R$ 1.000. Fazemos de um a dois shows por ms e, para uma banda que no est na mdia, at que conseguimos manter uma mdia de cach. A banda toca pouco porque no abrimos mo do cach que conseguimos atingir. Guitar Class - Como funciona o esquema de endorsement? Eduardo - O esquema de endorsement pode funcionar de vrias formas: 1) voc adquire o instrumento a preo de custo, 2) recebe o instrumento totalmente grtis ou 3) recebe o instrumento e mais uma grana mensal por estar divulgando a marca. Voc no vira o Ayrton Senna com o bonezinho de um banco porque ele achava o banco legal. Quando o cara est na mdia e formador de opinio, a empresa tem de pagar por isso, e paga caro. bvio que na msica o endorsement no est to bacana assim. Mas dependendo do seu prestgio, d pra pegar uma grana e ainda o instrumento que voc quiser. No comeo voc pega o que pintar, mas isso vai melhorando com o tempo. Se voc est no estgio de pagar pelo instrumento, e aparece um de graa, lgico que voc vai pegar, desde que seja um instrumento que d para usar. No meu caso, tenho todos os instrumentos que quero, todos os amps, no preciso nada de graa. Quando chega nessa fase, tem de ter um advance em dinheiro. Por que eu vou me prender a uma marca? Porque ela boa? Eu sei que ela boa. O mundo inteiro sabe que ela

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boa. Mas posso usar mais dez marcas que eu tenho em casa. Se o cara quiser que eu use apenas aquela marca e que aparea na mdia exclusivamente com aquela marca, ele tem que dar o plus. Isso natural. O endorsement vai progredindo. Quanto voc acha que o Satriani recebe para usar Ibanez? Quanto o Steve Vai recebe para usar Ibanez? Uma grana preta! Guitar Class - Qual o seu set up atual? Eduardo - Eu uso amplificadores Laney VC-50 e VH-100, que so o mesmo amp em duas verses - combo e cabeote/caixa. Agora vou experimentar um novo modelo chamado TT50H, que o pessoal da Laney diz que muito melhor. H vrios anos uso guitarras Tagima, modelos Strato e Telecaster, efeitos da Zoom, transmissores e microfones da AKG, cabos

Santo ngelo e cordas NIG. Guitar Class - Qual a dica final para os leitores da Guitar Class? Eduardo - No se iluda com a fama e o estrelato, porque quando voc entra no meio dos msicos, o bicho pega. No estou falando de artistas. No confunda artistas de rdio e de televiso com msicos, que uma distncia daqui at a Lua. H artistas que so famosos no mundo inteiro e no sabem a diferena de um R maior para um R menor. No meio dos msicos mesmo s tem cobra criada. Ento no vai achando que com quatro ou cinco acordes, quatro ou cinco covers voc j um artista. Porque no meio musical, fora dos holofotes e dentro dos bastidores, ningum bobo. No v pensando que com um ou dois anos de bagagem voc ser capaz de competir de igual pra

igual com um msico profissional. O mais bobo tem 20, 25 anos de estrada. Outra coisa importante que no existe nenhuma revista ou manual que ensine como ser um guitarrista profissional. O cara simplesmente sabe quando a hora de largar tudo e viver de msica, pois uma coisa que est dentro da pessoa, e ele vai descobrir que no tem nada melhor que saiba fazer na vida do que tocar. No vai ser o pai, a me, a Guitar Class nem a Bblia que vai dizer isso pra ele. Mas tem de ter bom senso. No adianta tomar quatro ou cinco cachaas, achar que viu a luz e abandonar tudo (risos). Quando o cara tem talento, ele sabe. Ele no vai investir milhes de horas numa coisa que no acredita. No importa se tem os pais contra. Meus pais sempre foram contra eu largar tudo pra viver de msica, e hoje eu sustento todos eles...

SHRED YOUR SKINSolo Eduardo Ardanuy

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TRITONE

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