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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA CURSO DE MESTRADO EM AGRONOMIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: IRRIGAÇÃO E DRENAGEM KELLY TAGIANNE SANTOS DE SOUZA EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DA FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA NO CULTIVO DA ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA FORTALEZA-CE 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

CURSO DE MESTRADO EM AGRONOMIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

KELLY TAGIANNE SANTOS DE SOUZA

EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DA FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA

NO CULTIVO DA ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA

FORTALEZA-CE

2006

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KELLY TAGIANNE SANTOS DE SOUZA

EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DA FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA

NO CULTIVO DA ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Irrigação e Drenagem, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agronomia. Orientador: Prof. Dr. Thales Vinícius de Araújo Viana. Co-orientador: Prof. Dr. Wellington Farias Araújo

FORTALEZA-CE

2006

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KELLY TAGIANNE SANTOS DE SOUZA

EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DA FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA

NO CULTIVO DA ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de

Pós-Graduação em Irrigação e Drenagem, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do grau de Mestre em

Agronomia.

Aprovada em _____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________

Prof. Thales Vinícius de Araújo Viana, Dr (Orientador)

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________

Prof. Wellington Farias Araújo, Dr (Co-orientador)

Universidade Federal de Roraima

__________________________________________

Prof. Benito Moreira de Azevedo, Dr

Universidade Federal do Ceará

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Aos meus Pais, Otoniel Ferreira de Souza e

Maria do Carmo Santos de Souza, pela

oportunidade de realizar este curso,

principalmente pelo amor e carinho.

Aos meus irmãos, Euripdes Santos de Souza,

Celly Alliender Santos de Souza e Irani

Martins, pelo apoio e incentivo.

A minha Tia Maria Rita dos Santos Xavier

por toda a ajuda.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À Deus por iluminar meu caminho nas horas mais difíceis.

À Universidade Federal do Ceará, pela oportunidade de realização deste curso.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa de estudo.

Ao CNPq pela aprovação dos Projetos (Processo nº 420125/02-7) e (Processo nº

504437/2003-8) que financiaram os trabalhos efetuados no experimento.

A EMBRAPA Roraima pela ajuda em permitir o uso dos laboratórios.

A Superintendência do Ministério da Agricultura em Roraima por ceder

equipamentos.

A todos os Professores do Curso de Mestrado em Irrigação e Drenagem, em

especial ao Professor Thales por permitir o término do curso em Boa Vista.

Aos funcionários do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade

Federal do Ceará pelo carinho.

Ao Professor Wellington, pela orientação, pela valorosa ajuda, incentivo, amizade

e paciência.

Aos Professores Benito e Marcus Bezerra pela amizade e pelos ensinamentos.

Aos meus colegas de mestrado da UFC, Alexandre, Sildemberny, Luiz Carlos,

Marcelo, Mauro, Marcos, Socorro, Rodrigo, Guilherme, Esaú, Eliane Lee, e principalmente a

Lilian e o Marco Rosa por todo o apoio, carinho e amizade.

A Professora Sandra Cátia da Universidade Federal de Roraima pelo incentivo e os

valorosos conselhos.

A Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Cátia Wankler da Universidade

Federal de Roraima pelo apoio e incentivo.

Aos bolsistas da Universidade Federal de Roraima, Diego (Programa PICI/UFRR),

Ignácio (PIBIC/CNPq), Estênia (PIBIC/CNPq), pela ajuda no trabalho de campo.

Aos amigos do curso de especialização em Recursos Naturais da Universidade

Federal de Roraima, Elen Bruna, Fabrício Nunes pela realização desse trabalho.

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RESUMO

Dois experimentos foram instalados em ambiente protegido utilizando o sistema de

irrigação por gotejamento na cultura da alface (Lactuca sativa L.) cv. “Verônica”. O primeiro

experimento objetivou avaliar o efeito de diferentes níveis de irrigação sobre a cultura da

alface, sob as condições edafoclimáticas de Boa Vista, Roraima. O delineamento

experimental foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições. Os

tratamentos consistiram de seis níveis de irrigação, com base em percentagens da evaporação

de água do tanque Classe “A” (ECA): 20, 40, 60, 80, 100 e 120%. As lâminas de água

aplicadas influenciaram as variáveis estudadas, demonstrando um efeito quadrático sob a

massa fresca total, o número de folhas e a produtividade. A eficiência de uso da água

decresceu com o aumento da lâmina aplicada. O segundo experimento analisou o efeito da

adubação nitrogenada em cobertura, via fertirrigação, aplicada na forma de uréia sobre a

cultura da alface, sob as condições edafoclimáticas de Boa Vista, Roraima. As doses avaliadas

corresponderam a 0, 60, 120, 180, e 240 kg de N ha-1, divididas em oito aplicações iguais ao

longo do ciclo. As doses de N aplicadas influenciaram as variáveis estudadas, demonstrando

um efeito quadrático sob a massa fresca da parte aérea, a massa seca da parte aérea e a massa

seca da raiz. Entretanto, o número de folhas decresceu com o aumento da dosagem de

nitrogênio.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., tanque Classe A, gotejamento.

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ABSTRACT

Two studies were conducted in greenhouse with drip irrigation system on the lettuce

(Lactuca sativa L) cv. “Verônica”. The first experiment was to evaluate the production of

lettuce to water levels. The experimental design was completely randomized with six

treatments (irrigation levels) and four repetitions. The treatments were based on percentages

of Class A pan evaporation (20, 40, 60, 80, 100 e 120%). The sheets of water applied

influenced the studied variables, demonstrating a quadratic effect under the total fresh mass,

the number of leaves and the productivity. The water use efficiency decreased with the

increase of the applied sheet. The second experiment analyzed the manuring nitrogen effect in

covering, through fertirrigation, applied in uréia form on the lettuce culture, in edafoclimatics

conditions of Boa Vista, Roraima. The appraised doses corresponded to 0, 60, 120, 180, and

240 kg of N ha-1, divided in eight equal applications along the cycle. The N doses applied

influenced the studied variables, demonstrating a quadratic effect under the fresh mass of the

aerial part, the mass evaporates of the aerial part and the mass evaporates of the root.

However, the number of leaves decreased with the nitrogen increase.

Key-words: Lactuca sativa L., Class A pan, drip irrigation.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 -

FIGURA 2 –

FIGURA 3 -

FIGURA 4 -

FIGURA 5 -

FIGURA 6 –

FIGURA 7 –

FIGURA 8 –

FIGURA 9 –

FIGURA 10 -

Vista parcial do ambiente protegido utilizado nos experimentos...............

Fita gotejante e tensiômetro em processo de preenchimento com água

destilada.......................................................................................................

Abrigo meteorológico, contendo o termohigrômetro..................................

Detalhe do tanque classe A, instalado no interior do ambiente protegido..

Variação da matéria fresca por planta (g.planta-1) da alface cv.

“Verônica” em ambiente protegido (Máximos, X = 166% e Y = 107,29

g.planta-1), Boa Vista, Roraima, 2006.........................................................

Variação do número de folhas por planta da alface cv. “Verônica” em

ambiente protegido (Máximo, X = 118,6%, Y = 18,64), Boa Vista,

Roraima, 2006.............................................................................................

Variação da produtividade (kg.ha-1) cv. “Verônica” da alface em função

dos níveis de irrigação (Máximo, X = 169%, Y = 17,35 kg.ha-1), Boa

Vista, Roraima, 2006...................................................................................

Variação da eficiência do uso da água (EfH2O) em alface cv. “Verônica”

em função dos níveis de irrigação, Boa Vista, RR, Roraima, 2006...........

Massa Fresca da Parte Aérea (MFPA) da alface cv. “Verônica” em

função da fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima,

2006.............................................................................................................

Massa Seca da Parte Aérea (MSPA) da alface cv. “Verônica” em função

da fertirrigação nitroganada. Boa Vista, Roraima, 2006.............................

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FIGURA 11-

FIGURA 12 -

FIGURA 13 -

Massa Seca das Raízes (MSR) de alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006..................................

Número de Folhas (NF) de alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006..................................

Produtividade (kg.ha-1) da alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006..................................

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 -

TABELA 2 -

TABELA 3 -

TABELA 4 -

TABELA 5 -

Características química e física do solo da área experimental a camada de

0 a 20 cm......................................................................................................

Valores máximos, mínimos e médios da temperatura e da umidade

relativa do ar e da evaporação de água no tanque Classe “A” (ECA),

observados em ambiente protegido. Boa Vista, Roraima,

2005.............................................................................................................

Lâmina de água aplicada (mm) e potencial mátrico da água no solo (kPa)

durante o período de cultivo da alface. Boa Vista, Roraima,

2005....................................................................................................

Características química e física do solo da área experimental a camada de

0 a 20 e 20 a 40 cm......................................................................................

Valores máximos, mínimos e médios da temperatura e da umidade

relativa do ar e da evaporação de água no tanque Classe “A” (ECA),

observados em ambiente protegido. Boa Vista, Roraima, 2006..................

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................... 5

ABSTRACT............................................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................. 7

LISTA DE TABELAS................................................................................................................ 9

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................... 13

2.1. A Cultura da alface............................................................................................................. 13

2.2. Resposta da alface à disponibilidade hídrica...................................................................... 13

2.3. Resposta da alface à adubação nitrogenada........................................................................ 15

2.4. O Ambiente protegido........................................................................................................ 16

2.5. A Fertirrigação.................................................................................................................... 18

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 20

4. MANEJO DA IRRIGAÇAO DA ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO, SOB AS

CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOA VISTA, RORAIMA..................................... 25

RESUMO DO CAPÍTULO........................................................................................................ 25

ABSTRACT CHAPTER............................................................................................................ 26

4.1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 27

4.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................. 29

4.2.1. Características da área experimental................................................................................ 29

4.2.2. Características do ambiente protegido.............................................................................. 29

4.2.3. Características do solo...................................................................................................... 30

4.2.4. Preparo da área, correção e adubação............................................................................... 30

4.2.5. Preparo e transplantio das mudas..................................................................................... 31

4.2.6. Tratamentos e delineamento experimental....................................................................... 31

4.2.7. Manejo da irrigação.......................................................................................................... 32

4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 35

4.4. CONCLUSÕES................................................................................................................... 40

4.5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 41

5. MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA DA ALFACE, VIA FERTIRRIGAÇÃO,

SOB AS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOA VISTA, RORAIMA...................... 44

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RESUMO DO CAPÍTULO ....................................................................................................... 44

ABSTRACT CHAPTER ........................................................................................................... 45

5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 46

5.2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 48

5.2.1. Características da área experimental................................................................................ 48

5.2.2. Características do ambiente protegido.............................................................................. 48

5.2.3. Características do solo...................................................................................................... 48

5.2.4. Preparo da área, correção e adubação............................................................................... 49

5.2.5. Preparo e transplantio das mudas..................................................................................... 49

5.2.6. Tratamentos e delineamento experimental....................................................................... 50

5.2.7. Manejo da irrigação.......................................................................................................... 51

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 53

5.4. CONCLUSÕES................................................................................................................... 58

5.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 59

APÊNDICES.............................................................................................................................. 62

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, o consumo de alface encontra-se em sexto lugar entre as hortaliças e, em

termos de volume comercializado, ocupa a oitava posição (GOTO e TIVELLI, 1998).

Segundo dados do Agrianual (2004), o volume comercializado de alface entre janeiro de 1999

e junho de 2003, no Entreposto Comercial de São Paulo (CEAGESP), foi de 106.751

toneladas.

Segundo Caetano et al. (2001), grande parte da produção de hortaliças é oriunda de

pequenas e médias propriedades, sendo a mão-de-obra basicamente familiar, favorecendo a

fixação do homem no campo. Estimativas evidenciam que, em média, são gerados cerca de

dois empregos por hectare por ano, totalizando, em nível nacional, 1,2 milhões de pessoas em

atividade na olericultura.

Os produtos hortícolas, em particular a alface, vêm ganhando cada vez mais

importância e prioridade no dia-a-dia das famílias, em função da mudança do padrão de vida e

também da conscientização das pessoas em consumir mais produtos de origem vegetal de boa

qualidade nutritiva.

A alface é a hortaliça folhosa mais cultivada no Brasil, tanto em volume como em

valor comercializado, apresentando ótima aceitação pelo consumidor, o que assegura à sua

expressiva importância econômica (FAQUIN, et al., 1996).

Nas últimas décadas, o cultivo de plantas em ambiente protegido tem-se popularizado

por permitir o maior controle sobre os elementos microclimáticos ao longo do ano,

possibilitando produtos de melhor qualidade e uma oferta mais regular. Segundo Seeman

(1979), a utilização da cobertura plástica comparada ao ambiente externo altera vários

elementos climáticos, tais como: a radiação, a temperatura do ar e do solo, a umidade do ar, a

velocidade do vento com conseqüências na evapotranspiração. Em geral, a intensidade dessas

alterações vai depender da espessura do plástico, tamanho, volume e posicionamento do

ambiente protegido.

O emprego do ambiente protegido em Roraima tem ocorrido conjuntamente com a

incorporação das tecnologias de irrigação e de fertirrigação. Entretanto, a utilização das

mesmas tem ocorrido sem estudo prévio de manejo de água e da fertirrigação. Por isso,

pesquisas locais necessitam ser realizados dentro de ambientes protegidos, envolvendo o

manejo dessas tecnologias para as condições ambientais locais para que se possa fazer

inferências e recomendações aos produtores da região.

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Em conseqüência, este trabalho teve como objetivos quantificar a lâmina de irrigação e

a dosagem de nitrogênio que possibilitam o melhor desenvolvimento da cultura em ambiente

protegido, sob as condições edafoclimáticas de Boa Vista, Roraima.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Cultura da alface

A planta de alface (Lactuca sativa L.) é herbácea, originária da Ásia, pertencente à

família Cichoreacea (Compositae) e foi trazida para o Brasil pelos portugueses no início do

século XVI. A planta apresenta vitaminas A e C, cálcio (43 mg.100g-1 de folhas), fósforo (34

mg.100 g-1 de folhas) e ferro (1,3 mg.100 g-1 de folhas) (MEIRELLES, 1998).

Segundo Filgueira (2003), a alface é classificada em seis grupos: repolhuda- manteiga,

os bordos das folhas são lisos e há a formação de uma típica “cabeça” repolhuda, bem

compactada; repolhuda-crespa, os bordos das folhas são crespos e há a formação de uma

típica “cabeça” compacta; solta-lisa, os bordos das folhas são lisos e não há a formação de

“cabeça”; solta-crespa, os bordos das folhas são crespos e não há a formação de “cabeça”;

mimosa, com folhas delicadas e com aspectos arrepiados; romana, com folhas alongadas e

consistente e forma “cabeça” fofa.

Segundo dados do IBGE (2006), a produção Nacional é de 311.888 toneladas por ano

e em Roraima, a produção foi de 116 toneladas no último censo agropecuário realizado em

1996.

Para a produção da alface, os agricultores normalmente utilizam a prática da irrigação

por aspersão, entretanto a irrigação por gotejamento vem ganhando expressão sendo a mais

utilizada dentro do ambiente protegido (ANDRADE JÚNIOR e KLAR 1997). Curiosamente

em Boa Vista, Roraima, em ambiente protegido, alguns produtores têm substituído o

gotejamento por microaspersão, sendo o sistema suspenso.

2.2 Resposta da alface à disponibilidade hídrica

O rendimento da alface pode ser alterado em função da disponibilidade hídrica,

conforme verificado por vários autores. Hamada (1993) estudou o manejo da irrigação por

gotejamento na cultura da alface cv. “floresta” sob aplicação de lâminas de água de irrigação

quantificadas a partir de percentagens (60, 80, 100 e 120) da evaporação de água do tanque

Classe “A” (ECA). Foram avaliados as massas fresca e seca, a área foliar, a altura e o número

de folhas por planta, os índices de crescimento (taxa de crescimento da cultura, taxa de

crescimento relativo, taxa de assimilação líquida e razão de área foliar), a produtividade da

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cultura, a qualidade comercial e a eficiência do uso da água, e os resultados obtidos indicaram

que não houve diferenças estatísticas significativas entre as lâminas de água aplicadas e as

variáveis fisiológicas estudadas, entretanto a cultura reagiu ao efeito das diferentes lâminas de

água aplicadas, principalmente, na fase final de seu desenvolvimento, sendo o tratamento

120% da ECA o que apresentou os maiores valores de massa fresca total, número de folhas

por planta, área foliar, produtividade média e a melhor qualidade comercial, em contrapartida,

a maior eficiência de uso da água foi obtida com o tratamento de 60% da ECA.

Da mesma forma, em Botucatu, São Paulo, Andrade Júnior e Klar (1997) estudaram

diferentes níveis de irrigação, baseados em percentagem da evaporação do tanque Classe “A”

(25, 50, 75 e 100%) sobre a produção da alface cv. “Mesa 659”, cultivada em estufa plástica e

irrigada por gotejamento. Os resultados de matéria seca e produtividade mostraram resposta

quadrática, indicando acréscimo em ambas à medida que aumentaram as lâminas de irrigação

aplicadas até o nível 75% da ECA, apresentando valores máximos de 818,72 g. planta-1 e

90,97 t.ha-1, respectivamente. Os dados relativos à eficiência do uso de água revelaram

resposta linear decrescente, significando que à medida que os níveis de irrigação aumentam

ocorre uma diminuição na eficiência do uso da água.

Em experimento realizado no México, Diaz (1977) constatou uma maior

produtividade da alface (89,6 t.ha-1) com a aplicação de uma lâmina de irrigação

correspondendo a 70% da evaporação de água no tanque Classe “A” e turno de rega de dois

dias. Forero et al. (1979), na Colômbia, verificaram que a maior produtividade (52,02 t.ha-1)

foi obtida com a aplicação de uma lâmina correspondendo ao total (100%) de água evaporada

pelo tanque Classe “A”. Russo (1987) estudou o efeito da quantidade de água aplicada por

gotejamento na alface, sendo a aplicação por três faixas de coeficientes sobre a evaporação de

água no tanque Classe “A” (ECA) (0,37 a 1,30; 0,60 a 1,60 e 0,70 a 2,40). Os valores

máximos de produtividade (52,19 e 48,71 t.ha-1), obtidos com a aplicação dos níveis de

irrigação 1,30 e 1,60 da ECA, não variaram significativamente, mostrando que a cultura

responde à aplicação de elevadas lâminas de irrigação.

Sobre as condições edafoclimáticas de Viçosa, Minas Gerais, Pelúzio (1992)

utilizando alface cv. "Vitória" observou que a eficiência do uso da água aumentou à medida

que cresceu o nível de água aplicado, sendo a eficiência máxima obtida com a aplicação do

nível 1,4 da ECA. Enquanto, Hamada (1993) verificou que os melhores resultados de massa

fresca total e do número de folhas de plantas de alface comercial cv. “Floresta” foram obtidos

com a aplicação do nível de irrigação equivalente a 120% da evaporação de água no tanque

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Classe A. Entretanto, a maior eficiência do uso de água foi obtida no tratamento com a menor

lâmina de irrigação aplicada (60% da ECA). Santos et. al. (2005), em São Luís, Maranhão,

trabalhando na avaliação de cultivares de alface em ambiente protegido, observaram para a

cv. “Verônica” uma produtividade de 13,88 t.ha-1, massa fresca de 104,16 g.pl-1 e número de

folhas de 14,91.

2.3 Resposta da alface à adubação nitrogenada

As hortaliças exigem técnicas de produção adequadas para a obtenção de boas

produtividades, destacando-se o emprego de fertilizantes. Segundo Furlani (1997), estudando

o acúmulo de matéria seca na alface cv. “lorca”, o potássio e o nitrogênio foram os elementos

químicos mais encontrados. A alface é considerada como exigente em nutrientes e sendo

basicamente composta de folhas, a aplicação de nitrogênio em cobertura é altamente benéfica,

promovendo um maior incremento no crescimento vegetativo, consequentemente, na

produtividade e no peso médio das plantas (GOTO e TIVELLI, 1998).

O nitrogênio estimula a formação e o desenvolvimento de gemas floríferas e frutíferas,

assim como a vegetação. Participa da absorção iônica, fotossíntese, respiração, multiplicação

e diferenciação celular (MALAVOLTA, 1980). Dentre os sintomas da deficiência de

nitrogênio, tornam as folhas velhas amarelas e fácil de serem desprendidas. Já em excesso, ou

aplicado, tardiamente, o nitrogênio prejudica a formação da “cabeça”, nos cultivares que

apresentam esta característica (GARCIA, 1982). Por ser um dos elementos essenciais mais

presentes na alface, a literatura apresenta vários trabalhos com aplicação do nitrogênio para a

melhoria na qualidade e na produtividade dessa folhosa.

Quanto à quantidade de adubo nitrogenado para o estado de São Paulo, recomenda-se,

em condições de campo, o uso de 100 a 130 kg.ha-1 de N, além de 60 a 80 t.ha-1 de esterco de

curral, que também é fonte de nitrogênio, contendo em média 13 g.kg-1 de N, em base seca

(TRANI e RAIJ, 1997). Entretanto, Mantovani et al. (2005) recomendaram a dosagem de 60

kg.ha-1 de N como a mais adequada ao cultivo em ambiente protegido, justificando que doses

maiores não refletem em ganho de produção.

Kalil (1992) objetivou comparar o efeito da fertirrigação com nitrogênio em relação à

adubação convencional na produtividade da alface, demostrando uma maior eficiência do

adubo com o emprego da fertirrigação, proporcionando uma economia de 80% do adubo.

Bueno (1998) aplicou via fertirrigação sobre a cultura da alface-americana doses de N que

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variaram de 0 a 105,6 kg ha-1. A produtividade total alcançou o máximo com a nível de 80 kg.

ha-1 de N, ao passo que a produtividade comercial não foi afetada pelas doses de N.

Além da adubação, alguns autores estudam o efeito da interação fator hídrico –

adubação. Pereira et. al. (2003) avaliaram a produção da alface Lactuca sativa cv. “Verônica’

em função de níveis de água e de nitrogênio, cultivada sob ambiente protegido. A reposição

de água acontecia quando a massa de água evapotranspirada em cada tratamento atingia 50%

da capacidade de retenção do substrato, elevando-se o nível de água no solo para 62,5%; 75%;

87,5% e 100%, respectivamente, para os tratamentos W1, W2, W3 e W4. Os níveis de

nitrogênio (N1 = 75; N2 = 150; N3 = 225 e N4 = 300 mg.dm-3 de solo) foram subdivididos

em 5 aplicações iguais ao longo do ciclo da cultura. Os autores concluíram que água e

nitrogênio são fatores de produção substitutos para a alface, ou seja, aumentando o conteúdo

de um desses fatores no solo, o outro pode ser reduzido sem que haja alteração no valor da

variável de produção, dentro da região de substituição racional.

Quanto à fonte de nitrogênio, há experimentos que comprovam ser a uréia aquela que

promove maior acréscimo na produtividade e no peso da cabeça da alface (FILGUEIRA,

1982). Entretanto, Lopes et al. (1992) avaliaram o efeito de diferentes fontes de nitrogênio

sobre três cultivares de alface e constataram que para a produção de massa fresca e seca a

melhor fonte nitrogenada foi o nitrato de amônia e as cultivares foram Verônica e Vera.

2.4 O ambiente protegido

Antes da Segunda Guerra Mundial, a produção de hortaliças no Brasil era realizada,

praticamente, só em pequenas áreas, em fundo de quintal. Logo após esta guerra, houve

grande evolução no tamanho da área, não só para culturas já tradicionais como tomate, batata

e cebola, mas também para folhosas. Como exemplo, pode-se citar os Cinturões Verdes, nos

arredores da cidade de São Paulo, onde a plantação de hortaliças de folha tem tido um

crescente incremento. Ultimamente, o cultivo em ambiente protegido vem sendo amplamente

difundido, principalmente para culturas com alto valor agregado (DAREZZO et al., 2004).

Na segunda metade do século passado, o cultivo protegido surgiu na Europa, com a

necessidade de se produzir ambientes favoráveis ao cultivo de plantas durante o inverno.

Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, é possível controlar não só a temperatura

como também a umidade, os teores de oxigênio e gás carbônico e os níveis de fertilizantes

(Sociedade Nacional de Agricultura, 2005).

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17

O cultivo em ambiente protegido é uma ferramenta muito útil para a obtenção de uma

alta produção e de produtos de excelente qualidade, por manter um clima mais propício ao

desenvolvimento da cultura ao longo do ano (SEGOVIA et al., 1997). Além da melhoria da

qualidade, o ambiente protegido por permitir um melhor controle sobre as variáveis climáticas

(precipitação, ventos, umidade relativa do ar e do solo, temperaturas e radiação solar)

possibilita o cultivo na entressafra, o que garante maiores rendimentos (ANDRIOLO, 2000).

Segundo Sganzerla (1986), o cultivo protegido, além de proteger a cultura dos efeitos

negativos do vento, das chuvas e do granizo, possibilita aumentos consideráveis na

produtividade, além de uma maior precocidade, uma melhor qualidade e uma economia de

insumos.

Ainda é muito comum relacionar a utilização da cobertura de plástico, principalmente

de estufas e túneis de cultivo, somente às regiões frias, considerando-as desnecessárias para os

locais de clima quente (SILVA, 1999). Entretanto, em regiões de ocorrência de chuvas

freqüentes e intensas como é o caso de Boa Vista – Roraima, o cultivo em ambiente protegido

tem se mostrado uma alternativa viável para os pequenos produtores de hortaliças no período

chuvoso. Segundo Alves (2003), em Roraima algumas famílias conseguem uma renda média

mensal de R$ 2000,00 cultivando em ambiente protegido. Dentre as hortaliças mais

cultivadas, destacam-se: agrião, rúcula, cebolinha e coentro, sendo a alface a mais produzida.

A tecnologia do cultivo protegido vem se somar às novas tecnologias empregadas na

agricultura, com a finalidade de buscar respostas ao desafio de produzir alimentos de maneira

competitiva e sustentável, elevando a produtividade e a qualidade dos produtos, aumentando a

lucratividade com um mínimo impacto ao meio ambiente e diminuído os riscos e as incertezas

do setor agrícola. A utilização de estufas, até então restritas a produção de flores, elevou

sensivelmente a tecnificação e a produtividade dos cultivos de hortaliças (AGUIAR et al.,

2004). Cultivos realizados em ambientes protegidos distinguem-se dos demais sistemas de

produção a céu aberto, principalmente pelo uso intensivo do solo e controle parcial de fatores

ambientais. Assim, o manejo adequado do sistema solo-água-planta-ambiente é de

fundamental importância para o sucesso de empreendimentos neste sistema de produção

(CARRIJO et al., 1999).

Alguns autores comprovam os benefícios dos cultivos em ambiente protegido em

relação a campo, como mostra Caliman et al. (2005) avaliando genótipos de tomateiro em

ambiente protegido e em campo. Os autores observaram que no ambiente protegido foram

registrados maiores valores de umidade relativa do ar e de temperatura e menores de

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luminosidade em relação ao cultivo no campo. Obtiveram, de uma maneira geral, maior

produtividade dos cultivares quando os mesmos foram conduzidos sob cultivo protegido.

Figueiredo et al. (2004), estudando a interação genótipo-ambiente de doze cultivares

de alface, demonstraram uma significativa interação genótipo x ambiente, sendo as melhores

respostas obtidas para as cultivares de alface do Grupo Lisa, nos ambientes casa de vegetação

com mulching, túnel baixo de cultivo sem mulching e campo sem mulching. Todas as

cultivares apresentaram piores desempenhos nos ambientes túnel com sombrite sem mulching,

agrotêxtil com e sem mulching. No cultivo de março a junho/2002, houve maior variabilidade

quanto ao comportamento dos cultivares avaliados nos ambientes estudados, sendo que a

superioridade dos cultivares do grupo lisa parece ter sido influenciada pelo número de folhas,

nas duas épocas do cultivo. Ressalta-se que, apesar das cultivares do grupo americana

apresentarem pior desempenho, as mesmas tiveram os maiores valores de massa seca da parte

aérea. Os autores concluíram ainda que quando se tem como objetivo uma maior produção de

alface, visando massa seca da parte aérea ou massa fresca da parte aérea, deve-se optar por

cultivares do grupo americana, que apresentaram as maiores médias para esta característica.

As cultivares do grupo crespa apresentaram as maiores médias para volume de plantas.

2.5 A fertirrigação

A fertirrigação é o processo de aplicação de fertilizantes juntamente com a água de

irrigação visando fornecer as quantidades de nutrientes requeridas pela cultura no momento

adequado para obtenção de altos rendimentos e de produtos de qualidade. Por meio da

fertirrigação, há possibilidade de um ajuste mais eficiente às diferentes fases fenológicas das

culturas redundando em uma maior eficiência de uso e na economia de fertilizantes. Além

disso, a fertirrigação permite flexibilidade de mudanças nas relações entre nutrientes;

distribuição e localização dos adubos onde ocorre maior densidade de raízes; possibilidade de

controle da profundidade de aplicação do adubo, levando a uma menor perda de nutrientes por

lixiviação e a uma menor perda de nitrogênio por volatilização, uma vez que os fertilizantes

estão dissolvidos em água; menor compactação do solo devido ao menor trânsito de

máquinas; economia de mão de obra e comodidade na aplicação (CARRIJO, et. al., 2004).

A fertirrigação permite manter a disponibilidade de água e de nutrientes próxima dos

valores considerados ótimos ao crescimento e à produtividade da cultura. Sendo assim, a

quantidade de nutrientes, parcelada ou não, deve ajustar-se às necessidades da cultura ao

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longo das fases de desenvolvimento. O manejo da água deve evitar variações bruscas do

potencial matricial do substrato, especialmente nos períodos de forte demanda evaporativa da

atmosfera (ANDRIOLO et al., 1997).

Para que a fertirrigação seja eficiente, é necessário um equilíbrio entre a quantidade de

nutrientes e a quantidade de água a ser aplicada durante cada fase do ciclo da cultura, o que

determina a concentração de fertilizantes na água de irrigação; por sua vez, esta concentração

deve ser suficiente para proporcionar a absorção dos nutrientes nas quantidades requeridas

pelas plantas, sem causar o acúmulo de fertilizantes no solo, o que poderia resultar em

salinização e, conseqüentemente, na redução da produtividade. Para isto, é necessário que se

conheça a quantidade de água a ser aplicada em cada irrigação, a qual pode ser determinada

pelo uso de tensiômetros ou estimada a partir da lâmina de água evaporada do tanque Classe

“A” (BLANCO e FOLEGATTI, 2002).

Apesar de poucos trabalhos de pesquisa publicados no Brasil sobre fertirrigação de

hortaliças, esta prática é bastante difundida, principalmente entre horticultores que utilizam a

irrigação por gotejamento e fazem uso de fórmulas e procedimentos desenvolvidos por

consultores, nacionais ou estrangeiros e firmas de fertilizantes ou produtos agrícolas que,

muitas vezes, não atendem às necessidades das culturas (SILVA et al., 1999).

A fertirrigação tem-se mostrado mais eficiente no fornecimento de nutrientes com

vantagens sobre a forma tradicional. Segundo Faquin (1994), a despeito do grande aumento

no consumo de adubos foliares no País, não se encontram na literatura brasileira pesquisas

conclusivas que dêem respaldo agronômico e econômico, justificando o aumento do uso dos

adubos foliares.

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4 EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇAO NA ALFACE CULTIVDA EM

AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA

RESUMO DO CAPÍTULO

O trabalho objetivou avaliar o rendimento da alface (Lactuca sativa L) cv. “Verônica’,

cultivada sob ambiente protegido, em função de lâminas de irrigação. O ensaio foi realizado

no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima, no período de 26 de

setembro a 2 de novembro de 2005. O delineamento estatístico foi de blocos inteiramente

casualizados, com seis tratamentos, compostos pelas lâminas de irrigação com quatro

repetições. A reposição de água acontecia diariamente com base em percentuais da

evaporação de água no tanque Classe “A” (20, 40, 60, 80, 100 e 120% da ECA). As lâminas

de água aplicadas influenciaram as variáveis estudadas, demonstrando um efeito quadrático

sobre a massa fresca total, o número de folhas e a produtividade. A eficiência de uso da água

decresceu com o aumento da lâmina aplicada.

Palavras-Chave: Lactuca sativa, gotejamento, tanque Classe A.

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ABSTRACT

The purpose of this work was to evaluate the lettuce (Lactuca sativa L) cv. “Verônica”

production to water levels in protected enviroment. The experiment was conducted in Centro

de Ciências Agrárias of the Universidade Federal de Roraima (State of Roraima, Brazil), from

September 26 to November 2, 2005. The experiment was carried out in a greenhouse

following the completely randomized blocks design with four repetitions. The treatments

consisted of six water levels based on fractions of the Class A pan evapotranspiration diary

(20, 40, 60, 80, 100 end 120% ECA). The water sheets applied influenced the studied

variables, demonstrating a quadratic effect under the total fresh mass, the number of leaves

and the productivity. The water use efficiency decreased with the applied sheet increase.

Key-words: Lactuca sativa L, drip irrigation, class A pan.

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4.1 INTRODUÇÃO

A alface é uma das hortaliças mais cultivadas em todo mundo. É consumida de forma

in natura, devendo ser cultivada próxima dos grandes centros para a diminuição do tempo

entre a colheita e o consumo, mantendo as qualidades do produto. Em termos nutricionais, a

planta constitui-se em boa fonte de vitaminas e de sais minerais, sendo, pelo baixo teor de

calorias, recomendada para dietas alimentares (OSHE et al., 2001).

A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças folhosas com maior presença na

mesa dos brasileiros, sendo tradicionalmente cultivada em quase todo o território nacional

(REZENDE et al., 2005).

Tradicionalmente, a alface é cultivada em canteiros, em condições de campo e

utilizando, principalmente, o método de irrigação por aspersão. Entretanto, é importante

ressaltar a expansão dos cultivos de hortaliças utilizando sistema de irrigação por gotejo e em

ambiente protegido. Não há um método que possa ser considerado padrão no manejo da

irrigação. Normalmente, quando se emprega o gotejamento, a reposição de água é feita

baseada na lâmina evaporada do tanque Classe A, devido sua praticidade de leitura e aos bons

resultados obtidos com esse tipo de manejo, sendo importante a identificação de uma lâmina

ideal para a obtenção de bons rendimentos (ANDRADE JUNIOR e KLAR, 1997).

Em Roraima, a utilização do ambiente protegido iniciou-se em 2003, com o projeto

“Estufas”, da prefeitura Municipal de Boa Vista, onde foi distribuídos aos produtores rurais

localizados nos arredores da cidade, estufas para o cultivo de hortaliças. Entretando, o

emprego do ambiente protegido tem ocorrido conjuntamente com a incorporação das

tecnologias de irrigação e de fertirrigação sem o estudo detalhado do manejo dessas

tecnologias. Dessa forma, estudos locais necessitam ser realizados dentro do ambiente

protegido, envolvendo o manejo dessas tecnologias para as condições ambientais locais para

que se possa fazer inferências e recomendações aos produtores locais.

Entretanto, trabalhos sobre manejo de irrigação da alface por meio de tanque classe

“A” já foram desenvolvidos em outros locais. Em experimento realizado no México, Diaz

(1977) constatou uma melhor produtividade da alface (89,6 t.ha-1) com a aplicação de uma

lâmina de irrigação correspondendo a 70% da evaporação do tanque “Classe A” num turno de

rega de dois dias. Forero et al. (1979), na Colômbia, verificaram que a maior produtividade

(52,02 t.ha-1) foi obtida com a aplicação de uma lâmina correspondendo a 100% da ECA.

Russo (1987) estudou o efeito da quantidade de água aplicada por gotejamento na alface,

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sendo a aplicação realizada em três faixas de coeficientes sobre a evaporação de água no

tanque Classe “A” (0,37 a 1,30; 0,60 a 1,60 e 0,70 a 2,40). Os valores máximos de

produtividade (52,19 e 48,71 t.ha-1), obtidos com a aplicação dos níveis de irrigação 1,30 e

1,60 da ECA, não variaram significativamente, mostrando que a cultura responde à aplicação

de elevadas lâminas de irrigação.

Em Botucatu, São Paulo, Andrade Júnior e Klar (1997) avaliaram o efeito de

diferentes níveis de irrigação, sobre o comportamento produtivo da alface cv. "Mesa 659",

cultivada em uma estufa plástica e irrigada a cada dois dias por gotejamento. Os valores

máximos de produtividade (90,97 t.ha-1) e massa de material fresco por planta (818,72 g)

foram obtidos com a aplicação de 75% da ECA. Os dados relativos à Eficiência do Uso de

água (EUA) revelaram resposta linear decrescente. Sobre as condições edafoclimáticas de

Viçosa (MG), Pelúzio (1992) utilizando alface cv. "Vitória" observou que a EUA aumentou à

medida que cresceu o nível de água aplicado, sendo que a eficiência máxima foi obtida com a

aplicação do nível 1,4 de ECA. Enquanto, Hamada (1993) verificou que os melhores

resultados de massa fresca total e número de folhas de plantas de alface comercial cv.

“Floresta” foram obtidos com a aplicação do nível de irrigação equivalente a 1,2 da ECA.

Entretanto, a maior eficiência do uso de água foi obtida no tratamento com a menor lâmina de

irrigação aplicada (0,6 da ECA).

Apesar de já terem sido desenvolvidos alguns trabalhos sobre o manejo da irrigação da

alface em ambiente protegido, não há trabalhos realizados em Roraima. Por conseguinte, o

objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes lâminas de irrigação sobre a alface

cultivada em ambiente protegido, nas condições edafoclimáticas de Boa Vista, Roraima.

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4.2. MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Características da área experimental

O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no período de setembro a

novembro de 2005, na área experimental do Centro de Ciências Agrárias pertencente à

Universidade Federal de Roraima localizada na Zona Rural do Município de Boa Vista -

Roraima, cujas coordenadas geográficas de referencia são: 2o49’11”N; 60o40’24”W; 90 m.

Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Awi com duas estações

climáticas bem definidas, uma chuvosa de abril a agosto e outra seca de outubro a março

(ARAÚJO et al., 2001).

A temperatura média do ar é de 27,4o C. A pluviosidade média anual da região de

cerrado de Roraima é de 1.678,6 mm, e a evaporação anual é de 1.940 mm, com solos de

baixa capacidade de armazenamento de água e possibilidade de veranicos na região

(ARAÚJO et al., 2000).

4.2.2 Características do ambiente protegido

O ambiente protegido onde se desenvolveu o experimento foi construído com uma

estrutura metálica em arco, com abertura de 30 cm no teto formando um lanternin. Ele foi

instalado no sentido leste – oeste, com 40 m de comprimento e 7 de largura, totalizando uma

área de 280 m2. Apresentando pé direito de 3 m e 4,50 m de altura do ponto mais alto (Figura

1). A parte superior foi revestida com filme plástico transparente aditivado anti-UV, com 0,1

mm de espessura e as partes laterais, frontal e o fundo foram revestidos com tela tipo

sombrite de cor preta.

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30

Figura 1 – Vista parcial do Ambiente protegido utilizado no experimento

4.2.3 Características do solo

O solo da área onde a estufa está localizada foi classificado como Latossolo amarelo,

textura franco-argilo-arenosa. As características físicas e químicas obtidas das amostras de

solo que foram coletadas a 0 - 20 cm e analisadas pelo Laboratório de Solos da Embrapa-

Roraima podem ser visualizados na Tabela 1.

Tabela 1 – Características química e física do solo da área experimental a camada de 0 a 20

cm

Complexo sortivo

pH H2O cmolc/dm3 mg/dm

3 cmolc/dm

3 %

Ca Mg K Na Al H+Al S P SB CTCt CTCe V M

5,6 2,16 0,72 0,50 --- 0,05 --- NS 103 -- -- --- -- --

Composição granulométrica % g/kg % mg/dm3

Areia silte argila C.O N M.O Fe Mo Zn Cu Mn B

79,4 2,6 18,0 NS NS 11,3 NS NS NS NS NS NS

4.2.4 Preparo da área, correção e adubação

O preparo do solo dentro do ambiente protegido foi feito com uma enxada rotativa

acoplada a um mini-trator, posteriormente o acabamento deu-se com o uso de enxadas

manuais.

Foi aplicado 1500 kg.ha-1 de calcário dolomítico para correção da acidez do solo, e

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31

posteriormente, mais 100 g.m-2 para fornecimento de cálcio e magnésio. Os adubos e as

quantidades utilizadas foram 150 g.m-2 de P2O5 na forma de superfosfato simples, 50 g.m-2 de

K2O na forma de cloreto de potássio, 4 g.m-2 de N na forma de uréia, 1 g.m-2 de bórax e 60

t.ha-1de esterco bovino. A adubação de cobertura foi feita via fertirrigação com a injeção da

solução através do tubo Venturi, aplicando-se 300 g de N na forma de uréia, parcelados em

cinco vezes, sendo duas fertirrigações por semana em toda a área do ambiente protegido, a

partir dos 10 DAT (dias após o transplantio).

4.2.5 Preparo e transplantio das mudas

As sementes da alface foram semeadas em bandejas de poliestireno expandido com

200 células contendo substrato preparado na seguinte composição: raspa de madeira

decomposta; latossolo amarelo; esterco bovino e esterco de galinha; em partes iguais. O

transplantio das mudas, para os canteiros definitivos no interior da estufa, ocorreu quando as

mudas apresentavam-se com 4 folhas, em um espaçamento de 25 x 25 cm no dia 26 de

setembro de 2005.

4.2.6 Tratamentos e delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos

e quatro repetições. Os tratamentos consistiam da reposição diária de água evaporada em um

tanque Classe “A” (ECA) instalado na parte central da estufa, a saber:

• T20 – reposição de 20% da ECA;

• T40 – reposição de 40% da ECA;

• T60 – reposição de 60% da ECA;

• T80 – reposição de 80% da ECA;

• T100 – reposição de 100% da ECA;

• T120 – reposição de 120% da ECA;

Cada parcela experimental foi representada por um canteiro com 5,5 m2 de área (1,0 m

x 5,5m), resultando em 88 plantas. A parcela continha quatro fileiras de plantas, sendo que a

área útil era constituída pelas duas fileiras centrais e totalizando 44 plantas úteis.

As variáveis analisadas com as respectivas metodologias foram:

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32

1) Massa fresca da parte aérea (MFPA), dez plantas foram selecionadas, colhidas

dentro da área útil, previamente lavadas e pesadas em balança com precisão de 0,001 g;

2) Número de folhas (NF), foram contabilizadas todas as folhas de cada planta;

3) Produtividade da cultura, foi feita com base nos valores de MFPA e na densidade de

plantio.

4) Eficiência do uso da água (EfH2O), foi feita com base na produtividade por

quantidade de água aplicada.

Os dados foram coletados e tabulados em planilha eletrônica. Posteriormente, foi feita

a análise de variância e a análise de regressão por intermédio do programa computacional

SAS System, considerando-se 5% de significância (LITTEL et al., 1996).

4.2.7 Manejo da irrigação

A irrigação foi iniciada logo após o transplantio com freqüência diária e aplicando

100% da água evaporada pelo tanque Classe “A”. A partir dos 10 DAT, procedeu-se o início

dos tratamentos.

O sistema de irrigação adotado para a aplicação dos tratamentos foi o gotejamento por

meio de fitas gotejantes distribuídas em três linhas de irrigação por parcela, que foram

instaladas a superfícies do solo entre as linhas de plantas, e com gotejos espaçados em 19,5

cm, (Figura 2). As fitas gotejantes apresentavam as seguintes características: diâmetro interno

de 16 mm; pressão de serviço de 71 kPa; vazão por gotejador de 1,5 L.h-1.

Figura 2 – fita gotejante e tensiômetro em processo de preenchimento com água destilada

Um abrigo meteorológico foi instalado no centro do ambiente protegido (Figura 3),

onde foram instalados um termohigrômetro e um evaporímetro de Piché. Os dados relativos à

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33

evaporação, que serviram de base para a aplicação dos níveis de irrigação, foram obtidos em

um tanque Classe “A” (Figura 4) instalado sobre um estrado de madeira com 15 cm de altura,

colocado no interior da estufa. A instalação, leitura e manejo do tanque Classe “A” foi

realizado conforme recomendado por Volpe e Churata-Masca (1988).

O monitoramento do potencial de água no solo foi feito com tensiômetros instalados a

15 cm de profundidade em duas parcelas de cada tratamento (Figura 2).

Figura 3 - Abrigo meteorológico contendo termohigrômetro

Figura 4 – tanque Classe “A” instalado no interior do ambiente protegido

O manejo da irrigação foi realizado com base nas leituras do tanque Classe “A”

utilizando-se a fórmula sugerida por Carrijo et al. (1999):

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34

qEf

LLdldgTi diaTCAanteriorTCA

*

)(***60 −= (Equação 1)

onde:

Ti = tempo de irrigação (min.);

dg = distância entre gotejos na mesma linha (0,195 m);

dl = distância entre linhas de gotejo (0,25 m);

(LTCA anterior – LTCA dia) = diferença de leituras do nível da água no tanque Classe “A”;

considerando o intervalo de um dia entre as leituras (mm).

Ef = eficiência do sistema de irrigação (90%);

q = vazão do gotejo (1,2 L.h-1).

Substituindo os valores observados no experimento na fórmula de Carrijo et al. (1999),

tem-se um tempo de irrigação dado pela seguinte fórmula:

)(*71,2 diaanterior ECAECATi −=

Diariamente às 10h, os valores de temperatura do ar máxima e mínima, umidade

relativa do ar máxima e mínima, leitura do evaporímetro de Piché e do tanque Classe “A”

foram efetuados.

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35

4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores máximos, mínimos e médios da temperatura e da umidade relativa do ar e

evaporação de água do tanque Classe “A” (ECA) observados durante o período experimental

são apresentados na Tabela 2. Observa-se que os valores médios, durante o experimento, da

temperatura do ar, da umidade relativa e da ECA foram de 31,9º C; 70,3 % e 4,87 mm dia-1,

respectivamente. O ciclo da cultura (transplantio a colheita) transcorreu em 32 dias. Segundo

Filgueira (2003), as cultivares de inverno da alface adaptam-se melhor em clima de frio para

ameno, com temperaturas médias do ar de 8 a 22°C. Já as cultivares de verão suportam

temperaturas médias de até 25°C, sem emitir pendão floral. Temperaturas mais elevadas

afetam o desenvolvimento das folhas, tornando-as fibrosas, diminuindo o ciclo das plantas,

além de acelerar o seu florescimento.

TABELA 2 – Valores máximos, mínimos e médios da temperatura e da umidade relativa do

ar e da evaporação de água no tanque classe “A” (ECA), observados em ambiente protegido.

Boa Vista, Roraima. 2005

Máxima Mínima Média

Temperatura 39,3 24,5 31,9

Umidade do ar 100 41 70

ECA --- --- 4,87

Os valores acumulados das lâminas de irrigação em cada tratamento e as tensões

médias da água no solo são encontrados na Tabela 3. Durante o estabelecimento da cultura

foram aplicados 55 mm para todos os tratamentos, ocorrendo diferenciação a partir dos 10

DAT, observando-se uma amplitude na quantidade total de água aplicada de mais de 160%,

entre T20 e T120. Em média, as tensões foram de: 13,2 kPa, 8,4 kPa, 10,6 kPa, 7,8 kPa,

7,9kPa e 9,6 kPa, respectivamente, para os tratamentos T20, T40, T60, T80, T100 e T120.

Nota-se que a despeito das lâminas empregadas, as tensões permaneceram em níveis

adequados à cultura, supostamente pela freqüência diária de irrigação adotada.

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36

TABELA 3 – Lâmina de água aplicada (mm) e potencial mátrico da água no solo (kPa)

durante o período de cultivo da alface. Boa Vista, Roraima. 2005

Tratamento Lâmina inicial

(mm)

Lâmina diferenciada

(mm)

Lâmina total

(mm)

Potencial Mátrico

(kPa)

T20 55,0 26,46 81,46 13,2

T40 55,0 52,91 107,91 8,4

T60 55,0 79,37 134,37 10,6

T80 55,0 105,82 160,82 7,8

T100 55,0 132,28 187,28 7,9

T120 55,0 158,74 213,74 9,6

Segundo Millar (1984), o potencial matricial da água no solo ideal para a alface deve

ser em torno de 15 kPa. Entretanto, Andrade Júnior e Klar (1997) não obtiveram variação

significativa na produtividade quando o potencial médio variou de 24,87 a 46,55 kPa. Santos

e Pereira (2004) concluíram que o emprego de tensões em torno de 15 kPa, para a cultura da

alface, demonstrou uma tendência em obter plantas mais altas, com maior peso de matéria

fresca comercial e menor teor de matéria seca da parte comercial. Ocorreu também uma

relação linear decrescente de massa fresca em relação ao aumento das tensões no solo.

Na Figura 5 é apresentada a equação que descreve a resposta da massa de matéria

fresca por planta (MFP) em função da lâmina de irrigação. A derivação da equação resultou

num valor máximo de 107,29 g.pl-1 para uma lâmina de irrigação equivalente a 166 % da

ECA. O ajuste quadrático da variável à aplicação de água também foi observado por outros

autores (DIAZ, 1977; FORERO et al., 1979; RUSSO, 1987; PELÚZIO, 1992; ANDRADE

JÚNIOR et al., 1992; ANDRADE JÚNIOR e KLAR, 1997), entretanto, ocorrendo diferenças

quanto ao valor máximo obtido e a lâmina equivalente.

A ocorrência de menor massa foliar nos tratamentos com menor lâmina aplicada se

justifica por meio da análise das relações hídricas na planta. De acordo com Paiva et al.

(2005), o decréscimo de água no solo diminui o potencial de água na folha e sua condutância

estomática, promovendo o fechamento dos estômatos, o que bloqueia o fluxo de CO2 para as

folhas, afetando o acúmulo de fotoassimilados. Por outro lado, a planta responde

positivamente às condições mais favoráveis de água no solo, mantendo taxas fotossintéticas

elevadas, proporcionando uma maior produção de fotoassimilados, implicando em maiores

produções de matéria fresca.

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37

y = -0,0024x2 + 0,7976x + 41,028

R2 = 0,7777

20

40

60

80

100

120

20 40 60 80 100 120

% ECA

Massa F

resca p

or

Pla

nta

(g

.pla

nta

-1)

FIGURA 5 – Variação da matéria fresca por planta (g.planta-1) da alface cv. “Verônica” em

ambiente protegido (Máximos, X = 166% ECA e Y = 107,29 g.pl-1) Boa Vista, Roraima,2005

Seguindo a mesma tendência da massa de matéria fresca por planta (MFP), o número

de folhas por planta (NF) também apresentou uma resposta quadrática em relação aos níveis

de irrigação testados (Figura 6), sendo o valor máximo 18,64 estimado em folhas para uma

lâmina de irrigação de 118,6% da ECA.

y = -0,0003x2 + 0,0712x + 14,424

R2 = 0,6928

5

10

15

20

25

20 40 60 80 100 120

% ECA

mero

de F

olh

as

FIGURA 6 – Variação do número de folhas por planta de alface cv. “Verônica” em ambiente

protegido. (Máximos, X = 118,6% ECA e Y = 18,64 folhas). Boa Vista, Roraima, 2005

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38

A produtividade máxima estimada obtida foi de 17,35 t.ha-1 com uma lâmina de 169%

de ECA (Figura 6), revelando uma produtividade abaixo da encontrada em outros

experimentos realizados em regiões de clima mais ameno (DIAZ 1977; HAMADA, 1993;

ANDRADE JÚNIOR & KLAR, 1997), porém assemelha-se as produções obtidas em regiões

quentes. Em experimento realizado no Piauí a céu aberto, Andrade Júnior et. al. (1992)

obtiveram para a alface, cv. “Verônica”, uma produtividade de 17,9 t ha-1 e EUA na ordem de

122,93 kg.ha-1.mm-1. SANTOS et al. (2005), em experimento realizado no Maranhão,

obtiveram uma produtividade de 13,88 t. ha-1, massa fresca de 104,16 g pl-1 e número de

folhas de 14,91 para a cv. “Verônica” cultivada em ambiente protegido.

y = -0,3775x2 + 127,62x + 6564,5

R2 = 0,7777

0

4000

8000

12000

16000

20000

20 40 60 80 100 120

% ECA

Pro

du

tiv

ida

de

(k

g.h

a-1

)

FIGURA 7 - Produtividade (kg.ha-1) da alface cv. “Verônica” em função da lâmina de

irrigação (Máximo, X = 169% ECA e Y = 17,35 t.ha-1), Boa Vista, Roraima, 2005

O resultado da análise de regressão para a produtividade em função da lâmina de

irrigação teve como melhor ajuste uma função polinomial quadrática, ou seja, a

produtividade cresce até um certo nível de irrigação (169% da ECA) a partir do qual decai.

A redução da produtividade a partir desse ponto ocorre porque o excesso hídrico também é

prejudicial a planta, pois ocasiona a diminuição da pressão de oxigênio (hipoxia) ou a falta

do mesmo (anoxia), dificultando a respiração das plantas e, conseqüentemente, diminuindo

a produção de energia necessária para a síntese e translocação dos compostos orgânicos e a

absorção ativa dos mesmos. A falta de oxigênio também provoca a redução da fotossíntese

e prejudica a conversão da matéria orgânica, pelos microorganismos, em formas solúveis

que a planta possa reutilizar. Ocorrendo, portanto, um menor crescimento das plantas

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39

devido à diminuição da eficiência de transformação dos fotoassimilados, nestas condições.

O excesso hídrico também ocasiona a lixiviação dos nutrientes, a perda de água, aumenta o

custo de energia, favorece o aparecimento de pragas e doenças e pode a vir contaminar os

mananciais (Rego et al., 2004).

A eficiência do uso de água (EfH2O) relaciona a produção de matéria fresca (kg.ha-1)

com a quantidade de água aplicada (mm). Os resultados revelaram uma resposta linear

decrescente, significando que à medida que os níveis de irrigação aumentaram ocorreu uma

diminuição da (EfH2O) (Figura 8). Comportamento semelhante foi observado por Andrade

Júnior e Klar (1997), Andrade Júnior et al. (1992) e Hamada (1993). Os valores da eficiência

do uso de água (EUA) variaram de 120 a 70 kg.ha-1.mm-1 com a aplicação dos níveis 40% e

100% de ECA, respectivamente.

y = -0,3162x + 114,93

R2 = 0,5588

0

20

40

60

80

100

120

140

20 40 60 80 100 120

% ECA

Efi

ciê

ncia

do

uso

da á

gu

a

( kg

.ha

-1.m

m-1

)

FIGURA 8 - Eficiência do uso da água (EfH2O) em alface cv. “Verônica” em função da lâmina

de irrigação. Boa Vista, Roraima, 2005

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40

4.4 CONCLUSÕES

As lâminas de água aplicadas influenciaram as variáveis estudadas, demonstrando um

efeito quadrático sob a massa fresca total, o número de folhas e a produtividade. A eficiência

de uso da água decresceu com o aumento da lâmina aplicada.

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41

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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44

5. EFEITOS DA FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA NO CULTIVO DA ALFACE

EM AMBIENTE PROTEGIDO EM RORAIMA

RESUMO DO CAPÍTULO

O trabalho objetivou avaliar o rendimento da alface (Lactuca sativa L) cv. “Verônica’,

cultivada sob ambiente protegido, em função de dosagens de nitrogênio aplicadas via

fertirrigação. O ensaio foi realizado no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal

de Roraima, no período de 6 de janeiro a 4 de fevereiro de 2006. O delineamento

experimental foi de blocos inteiramente casualizados, com cinco tratamentos (0; 60; 120; 180

e 240 kg.ha-1 de N) e quatro repetições. A fonte de N foi a uréia, dividida em sete partes

iguais aplicadas aos 7, 9, 11, 14, 16, 19 e 21 dias após o transplantio (DAT), por meio da

irrigação por gotejamento. As doses de N aplicadas influenciaram as variáveis estudadas,

demonstrando um efeito quadrático sobre a massa fresca da parte aérea, a massa seca da parte

aérea, massa seca da raiz e a produtividade. O número de folhas decresceu com o aumento da

dosagem de nitrogênio.

Palavras-chave: Lactuca sativa, gotejamento, fertirrigação nitrogenada.

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ABSTRACT CHAPTHER

The work objective was to evaluate levels of nitrogen applied by fertirrigation in

lettuce (Lactuca sativa L) cv. “Verônica’. The research was accomplished in Centro de

Ciências Agrárias of the Universidade Federal de Roraima, from January 6 to February 4,

2006. The experiment was led in protected environment in the form of randomized blocks,

with five treatments (0, 60, 120, 180, 240 kg.ha-1 of N) and four repetitions. The source of N

was the uréia, divided in seven equal parts applied to the 7, 9, 11, 14, 16, 19 and 21 days after

the transplant (DAT), through the drip irrigation. The doses of applied N influenced the

studied variables, demonstrating a quadratic effect under the fresh mass of the aerial part, the

mass evaporates of the aerial part and the mass evaporates of the root. However, the number

of leaves decreased with the nitrogen increase.

Key-words: Lactuca sativa, drip irrigation, nitrogen fertirrigation.

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5.1 INTRODUÇÃO

Segundo Papadopoulos (1977), por volta do ano de 2025 a população mundial terá

dobrado, sendo, dessa forma inevitável a mudança para uma agricultura mais intensiva, onde

os fertilizantes serão amplamente usados visando o aumento de produção de alimentos, e o

uso de insumos agrícolas tende a crescer. Os adubos são os insumos mais utilizados, tornando

assim, a agricultura mais viável e capaz de atender a demanda por alimentos.

O nitrogênio é um elemento essencial tanto para as plantas quanto para os animais

(MALAVOLTA, 1996), sendo, de maneira geral, o nutriente mais exigido pelas culturas

(FAQUIN, 1994). Para a alface, o nitrogênio é o segundo elemento químico mais exigido

(FURLANI, 1978). De forma geral, o nitrogênio estimula a vegetação, a formação e o

desenvolvimento de gemas floríferas e frutíferas. Participa da absorção iônica, fotossíntese,

respiração, multiplicação e diferenciação celular (MALAVOLTA et al., 1997).

Thomé Júnior (1997) comenta que o nitrogênio é o elemento de maior dinâmica no

solo, sendo o único que se apresenta na forma catiônica (NH4+, amônio) e na forma aniônica

(NO3-, nitrato). As transformações de N no solo são intensas e rápidas, influenciadas por

grande número de fatores como temperatura, fertilidade do solo, pH, tipo de material

orgânico, umidade. Devido a essa complexidade não se obteve um método capaz de

determinar a disponibilidade de N no solo, sendo o valor estimado como 5% do teor de

matéria orgânica do solo.

Vários trabalhos mostram diferentes respostas da alface a fontes e doses de adubação

nitrogenada, conforme constatou Santos et al. (2005) avaliando fontes e parcelamento de

nitrogênio sobre o desenvolvimento e a produtividade da alface cultivada em São Luís,

Maranhão. Os tratamentos constaram da aplicação de 120 kg.ha-1 de N utilizando-se o salitre

do Chile, uréia e sulfato de amônio em dosagens única e fracionada em duas e três partes

iguais. A utilização de nitrogênio no cultivo de alface promoveu e resultou em maior

rendimento. O sulfato de amônio e a uréia, parcelados em três vezes, proporcionaram as

maiores produtividades.

Lopes e Guilherme (1992), tiveram por objetivo avaliar a resposta de três cultivares de

alface (“Brisa”, “Vera” e “Verônica”) sob diferentes fontes de adubação nitrogenada (uréia,

sulfato de amônio e nitrato de amônio) em cobertura, observando que para a produção de

massa fresca e seca a melhor fonte de nitrogenio foi o nitrato de amônia e as cultivares foram

“Verônica” e “Vera”. A cultivar Brisa obteve o maior número de folhas. Observaram também,

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que não houve diferença estatística entre os diferentes tratamentos realizados para o diâmetro

do caule. A fonte que resultou em maior produtividade foi o nitrato de amônio e as cultivares

foram “Verônica” e “Vera”.

Com a melhoria da tecnologia de irrigação, tornou-se imprescindível a aplicação de

fertilizantes (fertirrigação) e outros produtos químicos (quimigação) via água de irrigação,

para otimização do sistema de irrigação e redução dos custos de aplicação de adubos. A

fertirrigação é a forma mais racional de aplicação de fertilizantes, promovendo o aumento da

produtividade e da qualidade dos produtos agrícola. Segundo Trani e Carrijo (2004) A

fertirrigação é o mais eficiente método de adubação das culturas.

Pereira et al. (2003) avaliaram a produção da alface cv. “Verônica” em função de

níveis de água e de doses nitrogênio, cultivada sob ambiente protegido. Como resultado,

obtiveram ajuste com modelos polinomiais, para os dados observados de número de folhas,

peso de matéria fresca da parte aérea, peso de matéria seca da parte aérea e área foliar, com

modelos quadráticos para os níveis de água e lineares para as doses de nitrogênio.

Kalil (1992) avaliou o efeito da fertirrigação em relação à adubação convencional, em

cinco níveis de cobertura (12; 36; 60; 84 e 108 kg.ha-1), na produtividade da alface. O autor

concluiu que a fertirrigação é mais eficiente quando a dose de adubo adicionado ao solo for

menor e a aplicação de 60 kg.ha-1 de N, dose recomendada para a região do experimento,

proporcionou uma produção 16,19% maior que a adubação convencional.

Bueno (1998) aplicou, via fertirrigação sobre a cultura da alface-americana doses, de

N que variaram de 0 a 105,6 kg.ha-1. A produção total alcançou o máximo no nível de 80 kg

ha-1 de N, ao passo que a produção comercial não foi afetada pelas doses de N. Gomes (1998)

trabalhou com fertirrigação nitrogenada (0; 30 e 60 kg.ha-1) em alface, fazendo três

parcelamentos, obtendo maiores produtividades com a doses de 30 e 60 kg.ha-1, contudo só a

maior dosagem apresentou uma produtividade significativamente superior a testemunha.

Como relatado, já foram desenvolvidos alguns trabalhos sobre o manejo da adubação

nitrogenada em alface. Entretanto, não há trabalhos realizados em Roraima. Por conseguinte,

o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes doses de nitrogênio, aplicadas via

fertirrigação, sobre a cultura da alface, nas condições edafoclimáticas de Boa Vista, Roraima.

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5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 Características da área experimental

O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no período de 6 de Janeiro a 4

de fevereiro de 2006, na área experimental do Centro de Ciências Agrárias pertencente à

Universidade Federal de Roraima localizado na Zona Rural do Município de Boa Vista - RR,

cujas coordenadas geográficas de referência são: latitude 2o49’11” N, longitude 60o40’24”W

e altitude de 90 m”. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Awi com

duas estações climáticas bem definidas, uma chuvosa de abril a agosto e outra seca de

outubro a março (ARAÚJO et al., 2001).

A temperatura média do ar é de 27,4o C. A pluviosidade média anual da região de

cerrado de Roraima de 1.678,6 mm, com possibilidades de veranicos na região e a

evaporação anual de 1.940 mm. Os solos apresentam baixa capacidade de armazenamento de

água (ARAÚJO et al., 2000).

5.2.2 Características do ambiente protegido

O ambiente protegido onde se desenvolveu o experimento foi construído com uma

estrutura metálica em arco com abertura de 30 cm no teto formando um lanternin. Ele foi

instalado no sentido leste – oeste, com 40 m de comprimento e 7 de largura, totalizando uma

área de 280 m2, apresentando pé direito de 3 m e 4,50 m de altura do ponto mais alto (Figura

1). A parte superior foi revestida com filme plástico transparente aditivado anti-UV, de 0,100

mm de espessura e as partes laterais, frontal e o fundo foram revestidos com tela tipo

sombrite de cor preta.

5.2.3 Características do solo

O solo da área onde a estufa está localizada foi classificado como Latossolo amarelo,

com textura franco-argilo-arenosa. As características físicas e químicas obtidas das amostras

de solo que foram coletadas em duas profundidades podem ser visualizadas na Tabela 4.

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Tabela 4 – Características químicas do solo da área experimental nas camadas de 0 a 20 e de

20 a 40 cm

Prof. pH Complexo sortivo

H2O cmolc.dm-3

mg.dm-3

cmolc.dm-3

%

Ca Mg K Na Al H+Al S P SB CTCt CTCe V M

0-20 cm 5,3 2,25 0,5 0,49 0,04 0,05 2,69 NS 103 3,28 6 3,3 54,9 1,502

20-40 cm 5,4 2,7 0,4 0,47 0,03 0,05 2,61 NS 127 3,6 6,2 3,7 58,0 1,37

Composição granulométrica

% g.kg-1

% Mg.dm-3

Areia silte argila C.O N M.O Fe Mo Zn Cu Mn B

0-20 cm 74,8 2,02 23,19 NS NS 22,2 NS NS NS NS NS NS

20-40 cm 71,37 3,01 25,62 NS NS 20,8 NS NS NS NS NS NS

5.2.4 Preparo da área, correção e adubação

O preparo do solo dentro do ambiente protegido foi feito com enxada rotativa

acoplada a um mini-trator. Posteriormente o acabamento deu-se com o uso de enxadas

manuais.

A correção da acidez do solo foi feita com base na análise do solo, aplicando-se 100

g.m-2 de calcário dolomítico, quantidades suficientes para elevar a percentagem de saturação

de bases para 70%. As adubações de fundação foram realizadas conforme recomendação para

a cultura e os adubos e as quantidades utilizadas foram 150 g.m-2 de P2O5 na forma de

superfosfato simples, 50 g.m-2 cloreto de potássio, 1 g.m-2 de bórax e 70 t.ha-1 de esterco

bovino bem curtido.

4.2.5 Preparo e transplantio das mudas

As sementes da alface (Lactuca sativa L.) cv. “Verônica” foram semeadas em

bandejas de poliestireno expandido com 200 células contendo substrato preparado na seguinte

composição: raspa de madeira decomposta, latossolo amarelo, esterco bovino e esterco de

galinha, em partes iguais. O transplantio das mudas, para os canteiros definitivo, localizado no

interior da estufa, ocorreu quando as mudas apresentavam-se com 4 folhas, em um

espaçamento de 25 x 25 cm no dia 06 de Janeiro de 2005.

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5.2.6 Tratamentos e delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e

quatro repetições. Os tratamentos consistiam de 5 doses de nitrogênio, tendo como fonte

mineral a uréia, assim definidos:

• T0 – sem uso do adubo nitrogenado;

• T60 – com aplicação de 60 kg.ha-1;

• T120 – com aplicação de 120 kg.ha-1;

• T180 – com aplicação de 180 kg.ha-1;

• T240 – com aplicação de 240 kg.ha-1;

Cada parcela foi representada por um canteiro com 5,5 m2 de área (1,0 m x 5,5 m),

resultando em 88 plantas. A parcela continha quatro fileiras de plantas, sendo que a área útil

era constituída pelas duas fileiras centrais, totalizando 44 plantas úteis.

A aplicação do nitrogênio foi feita via fertirrigação por meio de um injetor de

fertilizante do tipo Venturi, dividida em sete partes iguais.

As variáveis analisadas com as respectivas metodologias foram:

1) Massa fresca da parte aérea (MFPA), dez plantas foram selecionadas, colhidas

dentro da área útil, previamente lavadas e pesadas em balança com precisão de 0,001 g;

2) Massa seca da parte aérea (MSPA), dez plantas foram selecionadas, colhidas dentro

da área útil, cortadas na altura do colo e a parte aérea levadas à estufa de circulação forçada a

60º C até alcançar massa constante;

3) Massa seca das raízes (MSR), dez plantas foram selecionadas, colhidas dentro da

área útil, cortadas na altura do colo e a raízes levada à estufa de circulação forçada a 60º C até

alcançar massa constante;

4) Número de folhas (NF), foram contabilizadas todas as folhas de cada planta;

5) Produtividade da cultura, foi feita com base nos valores de MFPA e na densidade de

plantio.

Os dados das diferentes variáveis foram coletados e tabulados em planilha eletrônica.

Posteriormente, foi feita a análise de variância e a análise de regressão por intermédio do

programa computacional SAS System, considerando 5% de significância (LITTEL et al.,

1996).

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5.2.7 Manejo da irrigação

A irrigação foi iniciada logo após o transplantio com freqüência diária e aplicando-se

166% da água evaporada no tanque Classe “A”. A partir dos 7 DAT foi utilizada a

fertirrigação.

O sistema de irrigação adotado para a aplicação dos tratamentos foi o gotejamento por

meio de fitas gotejantes, sendo estas distribuídas em três linhas de irrigação por parcela, que

foram instaladas a superfícies do solo entre as linhas de plantas, e com gotejo espaçados em

20 cm, (Figura 1). As fitas gotejantes apresentavam as seguintes características: diâmetro

interno de 16mm, pressão de serviço de 71 kPa, com vazão de 1,5 L.h-1 por gotejador.

Um abrigo meteorológico foi instalado no centro do ambiente protegido (Figura 3),

onde foram colocados um termohigrômetro . Os dados relativos à evaporação, que serviram

de base para a aplicação dos níveis de irrigação, foram obtidos em um tanque Classe “A”

(Figura 4), instalado sobre um estrado de madeira com 15 cm de altura, colocado no interior

da estufa. A instalação, leitura e manejo do tanque Classe “A” foi realizado conforme

recomendado por Volpe e Churata-Masca (1988), utilizando-se a fórmula sugerida por Carrijo

et al. (1999).

O manejo da irrigação foi realizado com base nas leituras do tanque Classe “A”

utilizando-se a fórmula sugerida por Carrijo et al. (1999):

qEf

LLdldgTi diaTCAanteriorTCA

*

)(***60 −= (Equação 1)

onde:

Ti = tempo de irrigação (min.);

dg = distância entre gotejos na mesma linha (0,195 m);

dl = distância entre linhas de gotejo (0,25 m);

(LTCA anterior – LTCA dia) = diferença de leituras do nível da água no tanque Classe “A”;

considerando o intervalo de um dia entre as leituras (mm).

Ef = eficiência do sistema de irrigação (90%);

q = vazão do gotejo (1,2 L.h-1).

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)(*71,2*66,1 diaanterior ECAECATi −=

onde:

Ti = Tempo de irrigação ( min.);

(ECA anterior – ECA dia ) = diferença de leituras da evaporação do Tanque Classe A

considerando o intervalo de um dia entre as leituras.

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5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados de temperatura e umidade do ar e da evaporação de água no tanque Classe

“A” observados durante o período experimental são apresentados na Tabela 5. Observa-se que

os valores médios, durante o experimento, da temperatura do ar, da umidade relativa e da

ECA foram de 29,33º C, 77,54 % e 4,28 mm dia-1, respectivamente. O ciclo da cultura

(transplantio a colheita) transcorreu em 29 dias.

TABELA 5 – Valores máximos, mínimos e médios da temperatura e da umidade do ar e

médios da evaporação do tanque Classe A (ECA), observados em ambiente protegido. Boa

Vista, RR. 2006

Máximo Mínimo Médio

Temperatura 35,9 23,9 29,9

Umidade do ar 100 55 77

ECA --- --- 4,28

As doses de nitrogênio aplicadas via fertirrigação influenciaram significativamente as

variáveis estudadas. Nota-se que, o valor máximo da massa fresca da parte aérea (MFPA) é

alcançado com uma pequena dosagem de N aplicado via fertirrigação, 4 kg.ha-1 (Figura 9).

Esse comportamento mostra que a quantidade de nitrogênio já presente no solo, em função da

adição da matéria orgânica foi quase que suficiente para propiciar o maior rendimento.

Provavelmente, o N disponível e mineralizável do solo e do esterco aplicado no plantio foi

suficiente para atender à demanda de N pelas plantas de alface vista que o ciclo da cultura é

curto. Outros trabalhos (BUENO, 1998; GOMES, 1998) demonstraram aumento significativo

com o emprego da fertirrigação, entretanto as doses utilizadas para obtenção de bons

rendimentos foram de 60 kg ha-1 de N.

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Figura 9 - Massa fresca da parte aérea (MFPA) de alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006

Os resultados da MSPA e MSR apresentaram ajustes quadráticos com a adubação

nitrogenada via fertirrigação empregada, sendo os valores máximos alcançados com as

dosagens de nitrogênio equivalentes a 35,0 kg.ha-1 e 41,6 kg.ha-1, respectivamente (Figuras 10

e 11).

Figura 10 - Massa seca da parte aérea (MSPA) de alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006

y = -0,0009x2 + 0,0072x + 181,28

R2 = 0,924

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

0 60 120 180 240

Dose de N (kg.ha-1)

Massa F

resca d

a P

art

e a

ére

a

(g.p

lan

ta-1

)

y = -0,00005x2 + 0,0035x + 6,6321

R2 = 0,9327

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

0 60 120 180 240

Dose de N (kg.ha-1)

Ma

ss

a S

ec

a d

a P

art

e a

ére

a

(g.p

lan

ta-1

)

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Com relação à massa seca das raízes (MSR), nota-se que as doses de N afetaram

significativamente o desenvolvimento do sistema radicular da alface (Figura 11). A dose de

41,6 kg ha-1 de nitrogênio promoveu maior o peso de raízes, com 0,60g de matéria seca.

Certamente, um sistema radicular mais desenvolvido é desejável, pois possibilita maior

exploração do solo e, conseqüentemente, maior absorção de água e nutrientes. Segundo

Faquin (1994), a presença de um elemento químico em excesso pode reduzir a absorção de

outro, levando à sua deficiência. No presente trabalho, certamente, nas doses mais elevadas de

nitrogênio, seu excesso aplicado pode ter levado a um desbalanço nutricional entre nutrientes,

contribuindo para a redução do crescimento e da produção da cultura.

Figura 11 - Massa Seca das Raízes (MSR) de alface cv. “Verônica” em função da

fertirrigação nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006

Houve resposta linear decrescente para o número de folhas em função das doses de

nitrogênio aplicadas (Figura 12). Contrariamente, Bueno (1998) encontrou efeito significativo

para o número de folhas externas com resposta linear a aplicação de doses crescentes de

nitrogênio. Segundo o mesmo autor, as folhas externas podem vir a colaborar com a formação

e o aumento do peso da cabeça uma vez que houve correlação positiva entre as duas

características.

y = -0,000006x2 + 0,0005x + 0,5967

R2 = 0,9492

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

0 60 120 180 240

Dose de N (kg.ha-1)

Ma

ss

a S

ec

a d

as

Ra

íze

s

(g.p

lan

ta-1

)

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Figura 12 - Número de Folhas (NF) de alface cv. “Verônica” em função da fertirrigação

nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006

A produtividade da alface cv. “Verônica” respondeu de forma significativa à adubação

nitrogenada, embora a fertirrigação necessária com nitrogênio fosse alcançada com a

aplicação de 4 kg.ha-1 de N. Resultados similares foram obtidos por outros autores, embora as

doses para a máxima produção tenham sido alcançadas com valores bastante superiores.

BUENO (1998) aplicou via fertirrigação sobre a cultura da alface-americana doses de N e

obteve máxima produção com de 80 kg.ha-1 de N. Enquanto, GOMES (1998) trabalhou com

três níveis de feritirrigação nitrogenada em alface, fazendo três parcelamentos, obtendo

maiores produtividades com a doses de 60 kg.ha-1 de N. Rezende et al. (2005) trabalharam

com alface americana com fertirrigações diárias de nitrogênio, totalizando 30 kg ha-1 de N,

obtendo valores estimados máximos de produção com 89,1 kg.ha-1 de N. Observa-se que os

resultados são distintos variando em função da cultivas utilizada, freqüência de fertirrigação e

possivelmente das condições edafoclimáticas onde forma montados os experimentos.

y = -0,008x + 14,935

R2 = 0,6955

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

0 60 120 180 240

Dose de N (kg.ha-1)

me

ro d

e F

olh

as

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Figura 13 - Produtividade (kg.ha-1) da alface cv. “Verônica” em função da fertirrigação

nitrogenada. Boa Vista, Roraima, 2006

y = -0,1421x2 + 1,1494x + 29004

R2 = 0,924

0

6000

12000

18000

24000

30000

0 60 120 180 240

Dose de N (kg.ha-1)

Pro

du

tiv

ida

de

(k

g.h

a-1

)

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5.4 CONCLUSÕES

As doses de N aplicadas influenciaram as variáveis estudadas, demonstrando um efeito

quadrático sob a massa fresca da parte aérea, a massa seca da parte aérea, massa seca da raiz e

a produtividade. O número de folhas decresceu com o aumento da dosagem de nitrogênio.

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5.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, M.A.R. Crescimento, teor e acúmulo de nutrientes em alface-americana

(Lactuca sativa L.) sob doses de nitrogênio aplicadas no solo e de níveis de cálcio aplicados

via foliar., 1999. 117p. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Lavras, Lavras.

ARAÚJO, W. F.; ANDRADE JÚNIOR, A. S. ; MEDERIOS, R. D. ; SAMPAIO, R. A. .

Precipitação pluviométrica mensal provável em Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil.

Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 3, p.

563-567, 2001

ARAÚJO, W. F. ; ANDRADE JÚNIOR, A. S. ; VIANA, T. V. A. ; MEDERIOS, R. D.

Probabilidade de ocorrência de períodos secos em Boa Vista. In: XXIX Congresso brasileiro

de engenharia agrícola, 2000, Fortaleza. ANAIS DO XXIX CONGRESSO ENGENHARIA

AGRÍCOLA, 2000.

BUENO, C.R. Adubação nitrogenada em cobertura via fertirrigação por gotejamento para a

alface americana em ambiente protegido. Lavras: UFLA, 1998. 54p. (Dissertação – Mestrado

em Agronomia).

CARRIJO, O.A.; MAROUELLI, W.A.; SILVA, H.R. Manejo da água do solo na produção

de hortaliças em cultivo protegido. Informe Agropecuário, belo Horizonte, v.20, n.200/201,

p. 45-51, set/dez, 1999.

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62

APÊNDICES

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63

TABELA – Dados meteorológicos observados de setembro a novembro de 2005 dentro do

ambiente protegido. (temperatura máxima do ar (Temp. Máx), temperatura

mínima do ar (Temp. Mín), Umidade relativa média do ar (UR méd), evaporação

do Tanque Classe A (ECA), leitura do evaporímetro de Piché (Piché) e dados de

precipitação fora do ambiente protegido.

DAT

Temp. Máx.

(o C)

Temp. Min.

(oC)

UR méd

(%)

ECA

(mm)

PPt

(mm)

1 34,3 22,8 68,5 ------ ------ 2 37,6 22,8 68,5 5,3 3 40,3 25,0 67,5 6,3 4 40,3 24,3 68,0 4,3 5 38,5 24,5 67,5 3,7 2,4 6 38,9 25,1 68,5 6,5 8,2 7 36,4 23,9 73,5 3,6 8 36,9 24,4 71,5 3,8 9 46,9 25,0 70,5 3,5

10 38,8 24,9 70,0 8,0 11 37,9 25,1 70,0 4,7 12 37,9 23,6 70,0 3,5 13 34,5 23,9 81,0 2,0 14 37,6 24,9 71,0 5,7 15 45,9 24,5 70,0 4,9 16 45,0 23,1 70,0 1,4 17 40,4 24,6 69,5 5,0 18 41,0 24,6 69,5 4,0 19 43,0 24,5 69,5 6,8 20 37,6 25,1 70,5 4,8 21 38,3 25,4 70,5 5,7 22 37,4 24,3 72,0 4,2 23 42,6 24,1 70,5 5,5 24 38,4 24,9 70,0 6,3 25 38,4 24,9 70,0 5,6 26 38,9 25,4 69,5 3,9 27 37,8 24,0 71,0 8,1 28 38,9 24,1 69,5 5,4 29 41,4 25,6 70,0 4,4 30 35,9 24,5 70,0 5,4 31 43,3 24,0 70,0 2,8 32 37,9 25,5 70,5 5,0 33 38,1 24,6 70,5 6,1 34 38,0 25,9 70,0 6,0 35 39,4 25,9 70,5 6,2 36 42,9 24,4 71,0 4,3 37 36,9 24,6 71,5 4,5

Média 39,3 24,6 70,3 4,9

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64

TABELA – Dados meteorológicos observados 09 de janeiro a 4 de fevereiro de 2006 dentro

do ambiente protegido. (temperatura máxima do ar (Temp. Máx), temperatura

mínima do ar (Temp. Mín), Umidade relativa média do ar (UR méd), evaporação

do Tanque Classe A (ECA), e dados de precipitação fora do ambiente protegido.

DAT

Temp. Máx.

(o C)

Temp. Min.

(oC)

UR méd

(%)

ECA

(mm)

PPt

(mm)

1 1,0

2 2,4

3 4,2

4

5

6

7 17,5

8 36,0

9 31,8 22,4 57

10 34 20,4 75 5,02

11 33,9 22,4 71 4,5

12 39,5 23,1 40 5,6

13 38,9 24,1 40 5

14 36,5 2v3,9 39 2,72 0,8

15 37,5 29,1 41 5,08

16 38,8 25,1 47 5,8

17 35,9 24,6 47 4,8

18 36,1 25,1 45 5,42 9,5

19 37,8 23,9 49 4,4 0,6

20 35,4 24,1 46 4,24

21 34,3 23,9 45 5

22 37 25,3 45 3,36 2,0

23 37 24,9 45 4,46 4,4

24 37 23,4 56 3,2 8,4

25 34,1 23,4 49 4 7,4

26 38,4 23,4 53 1,88 25,7

27 34,3 24,3 72 2,55 10,5

28 36 24,6 51 2,99 2,8

29 35,4 22,1 41 4,26 1,4

30 35,4 23,9 41 3,7 1,0

31 34,6 25,1 51 5,33 2,8

01 34,1 23,6 52 3,83

02 35,9 23,6 47 4,74 0,7

03 35,9 23,6 47 4,5 4,2

04 33,9 23,4 50 5

Média 35,9037 23,952 55,08 4,9