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Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Karlla Lacerda Rodrigues da Silva VALOR DA MARCA DE UMA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PERCEBIDO PELO CONSUMIDOR A PARTIR DE ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA COMPESA Recife, 2017

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Karlla Lacerda Rodrigues da Silva

VALOR DA MARCA DE UMA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PERCEBIDO PELO CONSUMIDOR A PARTIR DE ESTRATÉGIAS DE

COMUNICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA COMPESA

Recife, 2017

Karlla Lacerda Rodrigues da Silva

VALOR DA MARCA DE UMA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PERCEBIDO PELO CONSUMIDOR A PARTIR DE ESTRATÉGIAS DE

COMUNICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA COMPESA

Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob orientação da Profa. Dra. Janaina de Holanda Costa Calazans.

Recife, 2017

Catalogação na fonte - Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE

S586v Silva, Karlla Lacerda Rodrigues da.

Valor da marca de uma concessionária de serviço público percebido

pelo consumidor a partir de estratégias de comunicação: um estudo de

caso na COMPESA / Karlla Lacerda Rodrigues da Silva. – Recife : DeVry | FBV, 2017.

87 f.

Orientador(a): Janaina de Holanda Costa Calazans.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade Boa

Viagem - DeVry.

1. Concessionárias. 2. Consumidores. 3. Marca. 4. Imagem. 5.

COMPESA. I. Título.

DISS

658[17.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico.

AGRADECIMENTOS

De início os agradecimentos são para a minha orientadora, Professora

Doutora Janaína de Holanda Costa Calazans, por toda dedicação, pelo estímulo e

inteira participação durante todos os meses necessários para construção do

presente trabalho.

Sou bastante agradecida pelo companheirismo e ajuda das minhas colegas

de mestrado Georgina Venancio de Queiroz e Gabriela Rocha Barros Coelho, que

foram presenças marcantes durante as aulas do curso e pela interação e ajuda das

mesmas durante os trabalhos necessários para as disciplinas cursadas, bem como

na elaboração dessa Dissertação.

Agradeço também, de maneira especial à Professora Doutora Maria

Auxiliadora Diniz de Sá, pelo estímulo e carinho durante as aulas que foram

ministradas no nosso primeiro semestre de contato com o Mestrado e por todo

interesse que a mesma demonstrou pelo meu trabalho.

Deixo também meus agradecimentos à coordenação do MPGE, aos

professores Mestrado Profissional em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração– CPPA da Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

e a todos que, das mais diversas formas, contribuíram para a realização da minha

pesquisa.

Com imenso amor serei eternamente grata a minha família pelo carinho,

paciência diante da minha ausência, nos dias de aula, pelo apoio quando da minha

decisão em cursar o mestrado e completo estímulo para continuar meus estudos e

chegar ao fim deste curso.

Por fim, agradeço a Deus pela presença em minha vida, por sua inspiração

para minha fé e confiança no futuro.

RESUMO

A Compesa é uma sociedade de economia mista criada pelo Estado de Pernambuco para o fornecimento de água e tratamento de esgoto sanitário, foi uma das formas que o Estado encontrou para descentralizar seus serviços e ainda possibilitar a empresa a contraprestação desses serviços, através da relação contratual, contudo, não disponibilizou alternativas ao consumidor. Identifica-se, portanto, um certo monopólio na prestação dos serviços. A Compesa possui expressivos números de reclamações por parte dos seus usuários em registros que pertencem ao próprio Estado, como o Procon e o Poder Judiciário. A pesquisa traz como questionamento maior se há diferenças entre o relacionamento de uma marca pertencente a empresa que possui o Estado como um dos seus acionistas e também como fiscalizador do serviço prestado e o relacionamento das marcas pertencentes a empresas que enfrentam o mercado concorrencial. É neste ambiente complexo que se pretende verificar quais as estratégias de marketing utilizadas pela empresa Compesa em relação ao seu público alvo e de que forma tais comunicações são entendidas pelos seus consumidores, principalmente os valores construídos pelos consumidores em torno dessa marca. A metodologia utilizada será a abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. Palavras-chave: concessionárias, consumidores, marca, imagem, COMPESA.

ABSTRACT COMPESA is a joint stock company established by the Pernambuco State, for water supply and sewage treatment, it was one of the ways that the State found to decentralize its services and also enable the company to accomplish these services through a contractual relationship, however, didn´t provide alternatives to the consumer. Identifying therefore, a type of monopoly in the services provision. COMPESA has significant complaints numbers from its users, in records that belong to the State itself, as PROCON and the Judiciary. The research brings as the main question, if there are differences between the relationship from a trademark belonging to a company that has the state as one of its shareholders, as well as oversight from service and the relationship by the brands owned by companies facing a competitive market. It is in this complex environment, that wants to check what marketing strategies are used by COMPESA company in relation to its target audience and how such communications are understood by its customers, mainly the values built by consumers around that mark. The methodology used is the qualitative approach, exploratory and descriptive. Keywords: concessionaire, consumers, brand, image, COMPESA.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: As associações de Marca 36

Figura 2: A decisão de Posicionamento 44

Figura 3: Marca COMPESA 52

Figura 4: Concurso Cultural da Compesa (Dia Mundial da Água)

(março/2016)

59

Figura 5: Medalha da corrida nightrun patrocinada pela Compesa

(julho/2016)

59

Figura 6: Camisa da corrida nightrun patrocinada pela Compesa

(julho/2016)

59

Figura 7: Campanha Consumo consciente COMPESA (março/2016) 61

LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Comparativo dos constructos 20

Tabela 02- Questionamentos temáticos x objetivos específicos 71

Tabela 03- Questionamentos temáticos x objetivos específicos 71

Tabela 04- Categorias de Análise x Unidades de Significado 72

Tabela 05- Entrevistas filtradas: conceitos da COMPESA pelos usuários 74

Tabela 06- Entrevistas filtradas: conhecimento da marca (símbolo) da

COMPESA pelos consumidores

74

Tabela 07- Entrevistas filtradas: associações na mente dos consumidores

após contato com a marca COMPESA

78

Tabela 08- Entrevistas filtradas: COMPESA comparada ao tratamento de

empresas que possuem concorrência

79

Tabela 09- Entrevistas filtradas: contato dos usuários/consumidores com

mídias e propagandas da COMPESA

80

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima

CDC Código de Defesa do Consumidor

CF Constituição Federal

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

PROCON Programa de Proteção e Defesa do Consumidor

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................

1.1Problema de pesquisa ..............................................................................................

1.2 Objetivos .................................................................................................................

1.2.1 Objetivo geral .......................................................................................................

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................

1.3 Justificativas teóricas...............................................................................................

1.4 Justificativas práticas .........................................................................................

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................

2.1 Origem das concessões.......................................................................................

2.2 Definição de concessões .........................................................................................

2.3 Concessionárias de serviço público e ausência de concorrência ............................

2.4 As concessionárias e o consumidor ........................................................................

2.4.1 A responsabilidade das concessionárias nas relações de consumo ....................

2.4.2 As reclamações dos consumidores diante das falhas das concessionárias .........

2.5 Conceito de marca..............................................................................................

2.6 Marcas sociais....................................................................................................

2.7 Posicionamento das marcas...............................................................................

2.8 Imagem da marca ..............................................................................................

3. CASO COMPESA.................................................................................................

3.1 Origem da marca COMPESA..............................................................................

3.2 Envelhecimento da marca COMPESA................................................................

3.3 Reposicionamento da marca COMPESA e consumidor.....................................

4. METODOLOGIA DA PESQUISA ..............................................................................

4.1 Caracterização da pesquisa ....................................................................................

4.2 Sujeitos da pesquisa ...............................................................................................

4.3 Instrumento de coleta de dados ..............................................................................

4.4 Técnica de análise dos dados .................................................................................

5. LIMITES E LIMITAÇÃO PESQUISA....................................................................

5.1 Limites da pesquisa............................................................................................

5.2 Limitação da pesquisa........................................................................................

6. RESULTADOS DA PESQUISA............................................................................

6.1 Análise das categorias........................................................................................

14

18

18

18

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23

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49

49

53

56

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62

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66

67

68

68

69

69

72

6.2 Antiga relação de consumo.................................................................................

6.3 Relação conflituosa de consumo.......................................................................

6.4 Falha na construção da imagem da marca COMPESA......................................

7. CONCLUSÕES.....................................................................................................

REFERÊNCIAS.........................................................................................................

APÊNDICE ...............................................................................................................

73

75

77

81

85

89

14

1 INTRODUÇÃO

O Estado em seu complexo de estruturação e centralização, nasceu da

necessidade de organização apresentada pela sociedade, seguindo

determinados limites, impostos inclusive pela lei. No contexto brasileiro, a

Constituição Federal de 1988, classificada como constituição cidadã, delimitou

e traçou os serviços que ficam a cargo do Estado, como saúde; educação;

segurança, inclusive a proteção ao consumidor, disposto nos direitos e

garantias fundamentais.

Ocorre que diante de várias tentativas de abranger com plenitude e

eficácia todos esses serviços propostos, o Estado mostrou-se carente, não só

por ausência de recursos, como também pela falta de interesse político, daí

surgiram as lacunas, para as privatizações e posteriores concessões e

permissões dos serviços públicos, o chamado fenômeno da desestatização. A

realidade atual é marcada pela prática da desestatização, ou privatização da

economia, ou seja, com a reserva, para o Estado, apenas das atividades que

digam respeito ao bem comum.

O Brasil, sofreu influência da França e dos Estados Unidos, ao viabilizar

a colaboração da rede privada na prestação dos seus serviços para

coletividade, contudo, ao mesmo tempo que o poder público atrai as atenções

do interesse privado, também dispõe sobre as regras a serem seguidas por

este setor, tais como a responsabilidade objetiva das concessionárias de

serviços públicos com relação aos usuários dos serviços.

Destaque-se que essa espécie de responsabilidade, tecnicamente, será

independente de dolo ou culpa, basta que ocorra a relação entre o usuário e a

concessionária, para que, havendo o dano ou ausência de prestação ao

consumidor, já incide a responsabilidade das empresas concessionárias (DI

PIETRO, 2015).

Observa-se que na década passada, anos noventa, quando o Estado

viu-se praticamente obrigado a requisitar o “auxílio” da iniciativa privada,

também tomou a precaução de publicar o Código de Defesa do Consumidor,

Lei nº 8.078/90, dispondo sobre a política de proteção ao consumidor, não por

acaso, mas porque a Constituição Federal em vigor já estipulava que era dever

15

do Estado promover a defesa ao consumidor, estimulada pelo auxílio dos

movimentos sociais, que à época já requisitavam uma legislação específica.

O interessante é que, as concessionárias e permissionárias de serviço

público também são alcançadas por todas as regras dispostas no Código de

Defesa do Consumidor (CDC).

A legislação específica do consumidor, foi cautelosa, incluiu no seu art.

3o como fornecedor tanto as pessoas jurídicas privadas, quanto as públicas,

conceito do qual se retira a ideia da função autopunitiva do Estado, já que este

ente elabora lei, na qual ele próprio, mesmo que indiretamente, poderá ser

atingido.

Tal entendimento fica claro pela leitura do art. 22 do mesmo diploma

legal, já que dispõe: “Os órgãos públicos, por si ou suas empresas

concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de

empreendimento, são obrigados a fornecer serviços, adequados, eficientes,

seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”.

Com a linha de proteção ao consumidor, criada pelo CDC, o Estado não

só investiga o fornecimento da colaboradora privada, cuida inclusive que a

prestação pelo setor privado não possua intuito apenas empresarial, mas a

proposta também é de auto avaliação, já que havendo falhas o prejuízo inclui o

próprio Estado.

Há de ser destacado um paradoxo refletido pela atuação estatal, já que

a própria legislação brasileira preza pela livre iniciativa, sendo inclusive, um dos

princípios norteadores da Ordem Econômica vigente, o Estado de um lado se

coloca à disposição de observar a efetiva prestação pelo fornecedor

concessionário, mas de outro lado não pode interferir nas decisões do mundo

privado dessas empresas.

É principalmente na dúbia atuação pública-privada, na qual o

consumidor enquadra-se refém dos serviços públicos transferidos para o setor

privado, correspondente das leis de mercado, com finalidade de lucro, sua

vulnerabilidade é posta em evidência, já que, sendo o consumidor lesado, a

solução ao caso retornará ao Estado, seja nos órgãos administrativos ou

judiciais.

Há de ser destacado o diferencial da ausência direta de concorrência

das empresas que prestam serviços públicos, através dos contratos de

16

concessões e permissões, como no caso da COMPESA (COMPANHIA

PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO). O Estado promove uma relação

através da qual não se evidencia a livre concorrência, o consumidor perde seu

poder de escolha e opção de serviços que lhe melhor satisfaçam em suas

individualidades.

Por ser a COMPESA, empresa concessionária de serviço público, que

tem como meta a prestação e satisfação dos consumidores em contratos que

envolve serviço essencial, tem como intenção manter sua imagem através do

marketing social, entendendo este segundo Schiavo e Fontes (1998), “a gestão

estratégica do processo de introdução de inovações sociais a partir da adoção

de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas, orientadas por

preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na equidade social”.

Contudo, são estas questões que se pretende investigar neste trabalho,

se o consumidor identifica a marca de uma concessionária, que de início

encontra-se resguardada pelo próprio Estado, através de um contrato de

concessão, mas, do outro lado, possui uma imagem a ser mantida e

credibilidade diante dos seus consumidores.

Na fundamentação teórica, o primeiro capítulo aborda as

concessionárias de serviço público e sua forma de prestação dos serviços,

discutindo o seu surgimento como forma de oferecer serviços que, inicialmente,

deveriam ser fornecidos pelo Estado, mas que passam para a mão da iniciativa

privada pretendem ser prestados serviços de forma eficiente.

Neste capítulo também é delimitada a relação entre as concessionárias

e os consumidores, destacando-se a submissão desta relação ao Código de

Defesa do Consumidor. Será abordada a complexidade do assunto, já que o

próprio Estado possibilitou a delegação do serviço, mas também servirá de

fiscal a favor do consumidor/usuário, por meio das normas de proteção ao

consumidor.

O segundo capítulo teórico se propõe a estudar as marcas, mais

precisamente a imagem das marcas aspecto intangível que permite aos

consumidores realizarem associações quando em contato com as mesmas.

Importa destacar que as marcas são diferenciais para escolha de determinados

produtos por parte dos consumidores, mas o que ocorre quando essa marca

17

pertence a empresa a qual se aplicam as regras das concessionárias de

serviço público?

A presente dissertação pretende verificar se há percepções

diferenciadas dos consumidores ao adquirir serviços de uma concessionária de

serviços públicos, quando comparadas às percepções de marcas pertencentes

ao meio concorrencial, ambiente ligado às estratégias de marketing de

empresas que possuem concorrentes, diferentemente do caso da COMPESA,

como exemplo, as empresas que prestam serviços de telefonia: VIVO, TIM,

Claro.

Ainda no segundo capítulo apresenta-se a COMPESA, classificada

legalmente como concessionária de serviço público, empresa pernambucana

escolhida para pesquisa das estratégias de comunicação da sua marca e seu

público-alvo. Descreve-se o marketing social como forma utilizada pela

COMPESA ao desenvolver suas ações de reposicionamento, para vencer

principalmente situações em que não alcança a prestação adequada do serviço

aos seus usuários, fato que reflete na imagem da sua marca e traz como

consequência o envelhecimento desta.

No terceiro capítulo a partir de informações retiradas do site institucional

da empresa estudada, COMPESA, percebe-se a intenção em reposicionar a

marca de forma sustentável. Portanto, por meio da análise dos sentimentos e

associações dos consumidores com relação à marca COMPESA e por se tratar

de pesquisa social, pretende-se verificar se tais estratégias são percebidas

pelos consumidores.

Esta análise destina-se a observar se o consumidor estabelece

diferenças na percepção da marca COMPESA, por se tratar de sociedade

anônima de economia mista, sob regime de uma concessionária de serviço

público, no sentido da comunicação da imagem da marca de uma empresa que

não foi diretamente escolhida pelo usuário para o fornecimento do serviço, mas

sim praticamente imposta pelo Estado.

Cabe destacar que há dados que despertam o interesse pela pesquisa a

ser desenvolvida neste trabalho, ao observar site de Reclamações online como

o Reclame Aqui.

Esse canal de pesquisa disposto ao consumidor de forma online, ao

comparar a COMPESA, classificada no site (RECLAMEAQUI, S/D, informação

18

eletrônica) como concessionária de serviços públicos a outras empresas

prestadoras de serviços, como a GVT, percebe-se, por exemplo, que embora a

COMPESA, não possua concorrentes diretos, seus índices de reclamações

atendidas estão em 99,8% e o índice de solução das reclamações em 62,4%;

enquanto que no caso da GVT, empresa que possui várias concorrentes

diretas, possui índices de reclamações atendidas em 0% e de solução das

reclamações em 27,9% (RECLAMEAQUI, S/D, informação eletrônica).

Assim, pretende-se verificar se há e quais são as associações sentidas

pelo consumidor diante de uma marca pertencente a uma concessionária de

serviços públicos, no caso, se o consumidor a vê distinta do Estado.

Como consequência desta construção, observar quais são os valores

associados pelos clientes à marca COMPESA, que inicialmente não foi

escolhida por eles, mas sim pelo poder público.

1.1 Problema de pesquisa

De que forma o consumidor percebe o valor da marca de uma

concessionária de serviço público (COMPESA) a partir das suas estratégias de

comunicação?

1.2 Objetivos

No intuito de responder ao problema de pesquisa acima proposto, a

presente pesquisa será desenvolvida de acordo com os objetivos indicados a

seguir.

1.2.1 Objetivo geral

Investigar de que forma o consumidor percebe o valor da marca de uma

concessionária de serviço público (COMPESA) a partir das suas estratégias de

comunicação.

19

1.2.2 Objetivos específicos

Este trabalho segue os seguintes objetivos específicos:

• Analisar a relação de consumo entre uma concessionária de serviços

públicos (COMPESA) e seus consumidores;

• Verificar de que forma a ausência de concorrência natural na prestação

dos serviços de concessionária de serviço público (COMPESA) afeta a imagem

de sua marca;

• Analisar de que forma os consumidores percebem a construção da

imagem de marca COMPESA na posição de concessionária de serviço público.

1.3 Justificativas teóricas

O presente trabalho surgiu através de análise da legislação brasileira

que identifica o consumidor como sujeito frágil e vulnerável na relação

comercial ao qual este se sujeita, contudo, foi também a legislação brasileira,

por meio do Código de Defesa do Consumidor que incluiu o poder público

como fornecedor destes serviços, por meio das privatizações e consequentes

concessões e permissões do serviço público.

O consumidor possui a sua disposição formas de discutir e exigir a ativa

prestação do serviço ou produto por ele adquirido, entretanto, em algumas

situações, mostra-se forçado, devido ao poderio econômico das empresas

prestadoras de serviço público, que embora possuam a fiscalização por parte

do Estado, são sujeitas do próprio interesse deste, já que são potenciais

geradoras de arrecadação de renda e futura cobrança de tributos, além de não

possuírem concorrentes diretos.

É no intuito de investigar este ambiente conflitante a que se presta o

presente trabalho, pois destaca-se que a maior parte dos estudos referentes à

gestão de marcas, suas estratégias e os atributos agregados às marcas, como

a imagem, foram feitos em uma lógica tipicamente empresarial e concorrencial.

Propõe-se analisar contexto diferenciado, onde o consumidor é lançado à

aquisição de um serviço, no qual não possui escolha, mas que é ofertado por

20

uma empresa detentora de uma marca a zelar e dona de estratégias de

marketing direcionadas aos seus consumidores usuários, embora, esteja

praticamente blindada pela íntima relação com o poder público.

Tratar de marca neste trabalho e ligar o seu conceito às concessionárias

de serviço público, no caso a COMPESA, surge da ideia de que, por ser uma

empresa prestadora de um serviço delegado pelo Estado, necessária a

investigação sobre a percepção do consumidor, em identificar na empresa

concessionária uma marca própria, independente do poder público concedente.

Entende-se por valor agregado à marca o diferencial que faz o

consumidor escolher um produto ou serviço pertencente a determinada marca

em detrimento de outra, conforme entende Aaker (1991) ao conceituar valor da

marca como “conjunto de activos e passivos ligados a uma marca que

permitem aumentar ou diminuir o valor dos produtos oferecidos, quer para a

empresa quer para o consumidor”.

No caso das concessionárias de serviços públicos, o consumidor

encontra-se distante de tais opções ofertadas pelo ambiente de concorrência

do mundo empresarial, pois se o consumidor desejar contratar serviços de

maneira diferente da prestadora do serviço público, seus custos são elevados.

Quanto à produção acadêmica em relação ao constructo imagem de

marca e concessionárias de serviços públicos é escassa, predominando

estudos realizados em torno do serviço empresarial de concessionárias. Em

algumas plataformas de pesquisa como a Capes, foi encontrada 01 dissertação

que trata de concessionária de energia elétrica e o marketing por esta utilizada.

Na plataforma Scielo, sobre o constructo imagem de marca, encontra-se

45 artigos sobre o assunto, no tocante ao constructo concessionária de serviço

público registra-se 1 artigo.

Em pesquisa na Spell, também nos períodos de janeiro de 2013 a

outubro de 2016, encontram-se 5 registros sobre o constructo imagem de

marca; quanto às concessionárias de serviços públicos 0 registro.

Capes Scielo Spell

Imagem de marca 0 45 2

Concessionárias de 1 1 0

21

serviços públicos

Identifica-se também, nas publicações acadêmicas o interesse pelo

estudo de marketing no Terceiro Setor, organizações sem fins lucrativos, o que

não é o caso da presente pesquisa, que pretende analisar atividade voltada

para o lucro, mas que tem como parceiro o poder público.

1.4 Justificativas práticas

As concessionárias, conforme será apresentado, possuem

responsabilidades sociais de forma relevante em relação às demais empresas,

já que, firmam contratos com o poder público, entretanto, não abandonam sua

personalidade empresarial, possuindo uma marca própria e através desta, sua

imagem diante dos seus usuários.

Como fator importante do presente estudo, destaca-se o fato de tratar de

uma empresa que se presta ao serviço público, mas que depende de fatores

naturais, como a chuva, pois um dos serviços ofertados pela COMPESA é o

fornecimento de água e independentemente dos seus reservatórios possuírem

água ou não, terá que cumprir com a eficiência do serviço, não cabendo a

discussão de fatores externos. Tal tema a ser abordado, mostra-se bastante

atual e permanente já que a falta de água é fator recorrente no estado de

Pernambuco.

A relação é controvertida, já que o Estado na mesma linha que é

impedido de limitar a criação de atividades empresariais, na defesa da livre

iniciativa, dificulta sua posterior cobrança na eficiência dos serviços prestados e

quem mais sofre nesta relação conflituosa é o sujeito no final da cadeia

empresarial, qual seja, o consumidor, que segundo o Código de Defesa do

Consumidor é o destinatário final.

Pretende-se destacar que embora as concessionárias de serviço público

estejam localizadas em zona mista de atuação, onde lhes deveriam ser feitas

maiores exigências com relação à eficiência da prestação dos seus serviços,

não é o que se verifica na prática e em específico no caso da COMPESA,

concessionária de serviços públicos pernambucana.

22

Apenas no PROCON, unidade Caruaru-PE, segundo seu controle de

atendimentos acessado no mês de fevereiro de 2016, confirma-se o registro de

várias reclamações nos últimos anos, de acordo com os seguintes dados: ano

de 2013 foram 335 atendimentos; 2014 foram 327; 2015 registrados 901

atendimentos e até 30/05/2016 constam 378 registros.

Na realidade, o que se identifica é um verdadeiro monopólio das

concessionárias de serviço público, onde a vulnerabilidade do consumidor é

evidenciada, por serem empresas licitadas ou criadas por lei pelo poder

público, seus serviços são praticamente impostos aos consumidores, fator que

determina a formação de valores peculiares em relação às marcas e

consequente reflexo na imagem destas empresas.

23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Origem das concessões dos serviços públicos

O Estado como elemento de organização da sociedade, atravessou

várias fases em relação às atividades por ele desempenhadas, tanto no âmbito

social, quanto no econômico. No contexto brasileiro não foi diferente, o poder

público no início da sua atuação histórica preocupou-se apenas em manter a

segurança interna e a representação do país externamente, posteriormente

sentiu a necessidade de atuar em diversos setores da sociedade como saúde,

higiene, educação, economia assistência e previdência social de acordo com Di

Pietro (2014, p. 486).

Para entender a origem das concessões, é necessário verificar a

evolução do Estado e os fatores que o levaram a necessidade de recorrer a

contribuição de colaboradores na execução dos seus serviços. No século XIX,

o Estado era classificado como o Estado liberal-burocrático que conforme

Pereira (2001, p. 8):

(...) o Estado liberal estabeleceu o império da lei ou o Estado-de-direito, e assegurou a concorrência entre as empresas, mas permaneceu oligárquico na medida em que os pobres e as mulheres não votavam (observem que estou usando a palavra “liberal” no sentido europeu e brasileiro, não na acepção norte-americana segundo a qual liberal passou a significar “progressista”, quase social-democrático).

Embora o Estado estivesse sob o manto da liberalidade, ainda limitava o

acesso da sociedade a determinados atos indispensáveis para evolução em

igualdade de oportunidade para as pessoas, nesta fase estava marcado pelo

autoritarismo e por ser extremamente burocrático. Contudo, no século XX, o

Estado passa a ser o Estado liberal-democrático que segundo Pereira (2001, p.

8) “superou o autoritarismo, mas colocou a questão da justiça social”, ocorre

que nesse momento, o serviço público encontra do lado oposto os interesses

24

capitalistas, do consumo, onde o setor econômico torna-se mais exigente,

impedindo o alcance ideal de igualdade proposto pelo Estado na fase liberal-

democrática.

Assim, já no século XXI o Estado evolui para sua fase social-

democrático ou do bem-estar social já considerado por alguns autores como

Estado social-liberal, conforme apresenta Pereira (2001, p. 12).

Meu argumento nesta conferência é o de que este Estado social-democrático está começando a ser substituído — não pelo Estado neoliberal ou ultraliberal, como uma recente onda conservadora conduziu algumas pessoas a supor — mas pelo Estado social-liberal.

O Estado se propõe a atender as mais diversas atividades, inclusive

industriais e comerciais. A preocupação do poder público ultrapassa a ordem

social, deseja prestar o serviço público com excelência e eficiência, tal qual a

iniciativa privada no ambiente das empresas.

Neste momento, em mais uma tentativa executar seus serviços de

maneira eficiente, o Estado percebe que necessita de colaboradores, tendo

como solução inicial as privatizações, como forma de diminuir o aparelhamento

do Estado. Utilizam-se vários instrumentos, entre eles a concessão e a

permissão de serviços públicos em sua forma tradicional, em que a delegação

é feita a empresa privada conforme Di Pietro (2001, p. 487), também conhecida

como delegação negocial de acordo com Carvalho Filho (2007, p.325).

Dessa forma entende-se que para atingir a maior quantidade de serviços

e para que estes sejam ofertados com eficiência o poder público descentraliza

suas atividades, formando a administração pública indireta. As concessões

surgem, portanto, da transferência da execução do serviço público para

pessoas jurídicas privadas, contudo a titularidade do serviço ainda é do Estado.

2.2 Definição de concessões

Como anteriormente apontado, o Estado encontrou na iniciativa privada

o reforço que desejava para prestação dos seus serviços de forma satisfatória

a sociedade. A colaboração privada surgiu por meio das privatizações.

25

Desse modo, as concessões de serviços públicos são classificadas

como descentralização do serviço público por colaboração, tendo em vista que

o serviço continua sendo de propriedade, titularidade da administração pública,

apenas executado pelas empresas concessionárias. No entendimento de Di

Pietro (2015, 78):

(...) o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública delega a outrem a execução de um serviço público, para que o execute em seu próprio nome, por usa conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração do serviço.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 dispõe que:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I- o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II- os direitos dos usuários; III- a política tarifária; IV- a obrigação de manter serviço adequado.

Além do texto constitucional as concessões e permissões possuem suas

especificidades estabelecidas em lei própria, Lei nº 8.987/95. Estas

modalidades de descentralização do serviço público estão no Brasil atreladas

ao Estado por meio de um contrato, contudo, diferenciam dos contratos

privados, por terem como uma das partes deste acordo o poder público, fato

que traz como consequências requisitos legais a serem respeitados pelas

empresas concessionárias ou permissionárias, tais quais regime diferenciado

de contratação, através de licitação; direitos dos usuários, com políticas

tarifárias próprias e sobretudo de manter o serviço de forma adequada.

No artigo 2º, II da Lei nº 8.987/95 conceitua concessão de serviço

público como:

26

(...) a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade de desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

A espécie de concessão que se pretende analisar neste trabalho, é

classificada, conforme Carvalho Filho (2007, p. 325) como concessões de

serviços públicos simples, onde de fato há a pura e simples delegação do

serviço público pelo Estado, mediante contrato administrativo. Assim conceitua

este autor:

Concessão de serviço público é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública transfere à pessoa jurídica ou a consórcio de empresas a execução de certa atividade de interesse coletivo, remunerada através do sistema de tarifas pagas pelos usuários. Nessa relação jurídica, a Administração Pública é denominada de concedente, e, o executor do serviço,

de concessionário.

Cabe diferenciar as concessões das permissões, de maneira tradicional,

os dois institutos divergem no ponto em que nas concessões o setor privado

liga-se ao Estado através de um contrato e no caso das permissões, o elo entre

o privado e público é realizado através de um ato administrativo. Entretanto na

visão atual esta diferença não mais persiste, já que no art. 40 da Lei nº

8.987/95 refere-se ao fato das permissões também serem firmadas por meio de

um contrato, chamado contrato de adesão.

Diante disso, em ambos institutos e como referência ao estudo a ser

desenvolvido no presente trabalho, importa destacar que o Estado passa a

gerir a prestação do serviço e não mais diretamente executá-lo. A gerência

significa a possibilidade de cobranças pelo próprio poder público, pelo

fornecimento dos serviços públicos de maneira suficiente para sociedade e que

não sendo atendido o escopo a que se destina, podem os serviços serem

retomados a seu fornecedor de origem, a interesse do poder público.

27

2.3 Concessionárias de serviço público e ausência de concorrência

Tendo em vista serem as concessões construídas por meio de um

contrato onde uma das partes, chamado concedente, transfere para a outra

parte, o concessionário, a obrigação de fornecer determinado serviço com a

finalidade principal de ofertá-lo de maneira eficiente, nada mais natural que a

partir do descumprimento desta atribuição surjam as consequências legais.

O fato é que, havendo apenas a delegação e não a transferência

definitiva, o Estado passa a fiscalizar a atuação de suas concessionárias, uma

vez que, da ocorrência de falhas o Estado também será responsabilizado.

Contudo, segundo Carvalho Filho (2007) não há propriamente forma especial

para que o poder público exerça a fiscalização sobre as concessionárias.

Há de se considerar que a prestação dos serviços atinge toda

coletividade e dispõe sobre serviços essenciais, ocorrendo a insuficiência na

prestação destes serviços, os danos serão consideráveis à sociedade e não

apenas danos individuais, é inevitável a corresponsabilidade do Estado diante

das falhas dos serviços, que conforme a lei das concessões, devem ser

fornecidos de modo contínuo, eficiente e geral.

As interrupções apenas serão possíveis em situações consideradas

emergenciais, segundo Carvalho Filho (2007), completa este autor:

Por esse motivo, somente em situações emergenciais ou naquelas em que haja prévio aviso é que se legitima a descontinuidade, e assim mesmo quando houver razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, ou no caso de inadimplência do usuário, levado em conta o interesse da coletividade. Apenas com observância desses requisitos é que se poderá dizer que inexistiu serviço adequado.

Fica claro, que por ser um serviço essencial, não pode ser interrompido

ou ser prestado mediante falhas, porém existem as exceções, quando, por

exemplo, houver prévio aviso da interrupção ou por necessidade técnica ou de

segurança e ainda por ausência de pagamento por parte do consumidor

usuário.

Reforça-se que um dos princípios intrínsecos às concessões de serviços

públicos é o da continuidade que “significa ser impossível a interrupção do

28

serviço, por iniciativa do concessionário, a não ser em hipóteses previstas em

lei e no contrato” (DI PIETRO, 2015, p. 81).

Destaca-se, entretanto, que o Estado não é mantido intacto, pelo

contrário, quando a concessionária, para qual foi delegado o serviço, falhar, por

ser o Estado o poder concedente e por ter nascido dele a intenção de repassar

o serviço para o setor privado, poderá ser exigido de igual modo pelo

consumidor.

2.4 As concessionárias e o consumidor

De acordo com o apresentado anteriormente, o próprio Estado ao

introduzir uma legislação que trata especificamente do consumidor, ou seja, o

CDC, cuidou também daqueles que serão os sujeitos responsáveis pela venda

dos produtos ou prestação de serviços, tais indivíduos são nomeados por esta

lei de fornecedores.

Segundo o Código de Defesa do Consumidor Lei nº 8.078/90 conceitua

como fornecedor as seguintes pessoas:

Art. 3o. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Da leitura do artigo acima, percebe-se que as concessionárias de

serviços públicos não estão afastadas do alcance das normas que protegem a

relação de consumo, já que são classificadas como pessoas jurídicas de direito

privado, embora sejam marcadas pelo diferencial de prestar serviços públicos.

Destaca Di Pietro (2015, p. 80):

Não há dúvida de que na concessão de serviço público se estabelece uma relação contratual entre concedente e concessionário, na qual este último tem os interesses especulativos próprios de qualquer empresário; daí a razão de ter-se construído toda teoria de equilíbrio econômico-financeiro do contrato, cujo objetivo é garantir que o concessionário, durante toda a execução do contrato, tenha assegurada a

29

percepção da remuneração que lhe permita manter a relação custo-benefício estabelecida no momento da celebração do contrato.

Apesar destas empresas serem selecionadas pelo Estado para atuarem

em seu exercício, tal fato não permite que o contrato de prestação de serviços

seja prestado de forma que o consumidor esteja impossibilitado de questionar

ou avaliar o serviço. Pelo contrário, o CDC, complementa a abrangência de

seus dispositivos sobre as concessionárias quando determina:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste Código.

Nesta linha, pelo fato das concessionárias oferecerem ao consumidor

serviços essenciais estão legalmente restritas a fornecê-los de maneira

adequada e eficiente, sob pena de serem responsáveis pela reparação dos

danos que possam ser causados ao consumidor.

Considera Cavalieri Filho (2014) à prestadora do serviço exige-se

fornecimento do serviço continuado e de boa qualidade, respondendo ela pelos

defeitos, acidentes ou paralisações, pois é objetiva a sua responsabilidade civil,

como claro está no parágrafo único do art. 22 do CDC.

A única hipótese em que a lei permite a interrupção dos serviços é na

ausência de pagamento por parte do usuário-consumidor, entretanto, mesmo

nesta hipótese o consumidor deve ser comunicado, bem como, ser indicado o

poder de negociação, como por exemplo oferecendo datas para que o

consumidor escolha o seu dia de pagamento.

2.4.1 A responsabilidade das concessionárias nas relações de consumo

Conforme destacado anteriormente as concessionárias de serviços

públicos, onde está inserida a empresa de saneamento básico do Estado de

30

Pernambuco (COMPESA), que neste trabalho será analisada, são tocadas pelo

Código de Defesa do Consumidor, onde predomina a responsabilidade

objetiva, assim conceituada por Cavalieri Filho (2007) como “a fundada no

dever e segurança do fornecedor em relação aos produtos e serviços lançados

no mercado de consumo, bem como a responsabilidade objetiva é configurada

independente de culpa do serviço.”

Destaca-se que nesta modalidade de responsabilidade, se quer

necessita que o usuário consumidor comprove a culpa do Estado ou de suas

concessionárias em suas reclamações e pelo fato de ter como uma das partes

da relação de consumo o poder público, o risco da responsabilidade se torna

integral, de acordo com o que completa Cavalieri Filho (2007):

Em apertada síntese, a teoria do risco administrativo importa atribuir ao Estado a responsabilidade pelo risco criado pela sua atividade administrativa. Esta teoria, como se vê, surge como expressão concreta do princípio da igualdade dos indivíduos diante dos encargos públicos. É a forma democrática de repartir os ônus e encargos sociais por todos aqueles que são beneficiadas pela atividade da Administração Pública. Toda lesão sofrida pelo particular deve ser ressarcida, independentemente de culpa do agente público que a causou. O que se tem que verificar é, apenas, a relação de causalidade entre ação administrativa e o dano sofrido pelo administrado.

Assim na teoria do risco administrativo, basta o consumidor configurar

como contratante em relação a concessionária de serviço público para que

diante de uma má ou inadequada prestação do serviço, tenha como questionar

diretamente sobre a imediata responsabilidade, sem a necessidade de

comprovar a culpa da empresa pela sua ausência.

2.4.2 As reclamações dos consumidores diante das falhas das concessionárias

Pelo fato do poder público atuar no fornecimento de serviços como

saúde, higiene e por vezes depender de fatores externos para completa

execução de seus serviços, inclusive fatores naturais, pode em diversos casos

concretos alegar descumprimento pela ocorrência de fatos que fogem ao seu

poder de controle.

31

Como o caso analisado neste trabalho se propõe a um estudo de caso

numa empresa concessionária de saneamento e fornecimento de água,

diversas são as reclamações na ausência do fornecimento de água, ou quando

num sistema de rodízio por cidades e bairros, o calendário proposto pela

empresa não é cumprido, quando questionado pelos consumidores, estes

recebem como resposta a ausência de chuvas na região, por exemplo.

Contudo, conforme já comentado, a responsabilidade das fornecedoras

de serviços públicos é de risco administrativo, onde não se permite a omissão,

mesmo que justificada. O serviço deve ser fornecido de forma contínua e sem

interrupções, fatores que determinam a adequação do serviço, conceituado por

Carvalho Filho (2007):

De fato, o serviço delegado é prestado em favor da coletividade. Assim sendo, maior deve ser o cuidado do Poder Público e do prestador na qualidade do serviço. Daí ter o Estatuto de Concessões definido serviço adequado como aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Veja-se que o legislador atrelou à noção dos serviços públicos, demonstrando claramente sua intenção de beneficiar e garantir os destinatários dos serviços – os usuários.

Independente de fatores externos as empresas fornecedoras de serviço

público, por destinarem sua atuação a bem da sociedade, não há como

fundamentar sua ausência na prestação dos serviços, a ocorrência de fatores

que afetam as leis de mercado, sob pena de responsabilidade e necessitar

indenizar os consumidores, fato que também acarretará por consequência

prejuízos ao próprio Estado, agente fiscalizador dos serviços privatizados.

Neste ponto pretende-se verificar a posição de auto avaliação que se

enquadra o Estado, já que este realiza as licitações, contrata as empresas

concessionárias de serviço, para ao final, ocorrendo a inadequação dos

serviços públicos as queixas e a solução para tais demandas serão, na maior

parte dos casos, apresentadas ao próprio Estado, por meio dos seus órgãos de

proteção ao consumidor, como o Procon e ações judiciais, conforme será

analisado abaixo na coleta dos dados para presente pesquisa.

32

Ocorre uma contradição que acaba desaguando no retrocesso do

serviço, já que foi o Estado, que inclusive em norma constitucional assegurou a

proteção aos consumidores, inclusive constituindo um direito fundamental,

conforme demonstrado pela leitura do art. 5º da CF, inciso XXXII:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.

O fato do consumidor ser praticamente obrigado a procurar o Estado

diante das falhas dos serviços de suas concessionárias, atesta a insuficiência

da ideia inicial quando a administração pública verificou na iniciativa privada

uma solução completa para fornecimento dos serviços essenciais à sociedade.

As diversas reclamações propostas pelos usuários consumidores

confirmam a dificuldade da empresa concessionária em prestar serviço de

natureza pública, fator que repercute no valor agregado à imagem da sua

marca pelo consumidor, que se mostra praticamente obrigado a recorrer ao

mesmo Estado que repassou o serviço para a empresa concessionária

contratada.

Alguns órgãos e instrumentos já foram disponibilizados pelo Estado para

o atendimento das queixas. O poder público, já visualizando a tarefa de

administrar o interesse social versus o econômico, entendeu ser necessária

uma política de prevenção, através, inclusive, de mecanismos alternativos para

solução de conflitos de consumo.

A autorização do PROCON para fiscalizar e promover ações tanto

informativas, quanto punitivas, é assegurada pela lei, devido ao poder de

polícia ao órgão atribuído. Dentre as atividades exercidas pelo órgão, levanta

Filomeno (2015):

Orientação aos consumidores por intermédio da grande imprensa e publicações próprias (isto è, ¨manuais do

33

consumidor”, “cartilhas do consumidor” sobre “produtos”, “serviços”, “loteamentos”, “venda e compra de imóveis”, “saúde”, “medicamentos”, “alimentos”, “informes técnicos”, “boletins informativos” etc.), bem como palestras, mensagens pela televisão, rádio, jornais e revistas, debates, e educação formal, de encaminhamento das reclamações aos órgãos de fiscalização da Administração Pública, tanto, no âmbito federal e estadual, como no municipal; de estudos e pesquisas, visando ao aperfeiçoamento das legislações de interesse do consumidor, dispondo a Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania, nesse sentido, de Centro de Estudos e Pesquisas dos Direitos do Consumidor, além de Centro de Divulgação e Informação e computador, de resolução de conflitos de interesses entre consumidores e fornecedores, atividade essa tradicional dos PROCON’s, ora revigorada mediante portaria do Ministério da Justiça.

Além deste instrumento, são disponíveis aos consumidores meios

céleres na resolução dos seus conflitos como a Lei dos Juizados Especiais (Lei

nº 9.099/95), onde o consumidor encontra formas de se aproximar da empresa

concessionária através de audiências conciliatórias e de maneira rápida exigir a

reparação ou adequado fornecimento do serviço.

Contudo apesar dos meios acima apresentados interessante observar as

políticas de recuperação disponíveis pelas próprias concessionárias

administrativamente, inclusive como política de reposicionamento de sua marca

e imagem diante do consumidor, utilizando estratégias de marketing.

2.5 Conceito de marca

Sinal distintivo; associação que une os produtos ou serviços aos

consumidores (COPETTI, 2010) por meio das percepções criadas pelas

estratégias de comunicação das marcas, capazes de envolver critérios visuais

e também emocionais na mente dos clientes.

No contexto brasileiro, as marcas recebem proteção legislativa

específica, a Constituição Federal Brasileira de 1988 no art. 5º, XXIX garante:

Art. 5º (...) XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o

34

interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

Além da proteção constitucional, as marcas possuem lei específica, Lei

n. 9.279/96, a qual regula a propriedade industrial, no seu art. 122 dispõe que,

“são suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente

perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais”. No Brasil, o órgão

competente para o registro das marcas e bens imateriais é o INPI (Instituto

Nacional da Propriedade Industrial), juridicamente classificado como autarquia

federal.

Há de se destacar a visão tradicional da marca, que conforme Aaker

(1998, p. 7):

Uma marca é um nome e/ou símbolo (tal como um logotipo, marca registrada ou desenho de embalagem) destinado a identificar os bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e a diferenciar esses bens e serviços daqueles dos concorrentes. Assim, uma marca sinaliza ao consumidor a origem do produto e protege, tanto o consumidor quanto o fabricante, dos concorrentes que oferecem produtos que pareçam idênticos.

As marcas em seu contexto inicial foram direcionadas ao mercado, ao

comércio, onde “associações únicas de marca estabeleceram-se por meio de

atributos de produtos, nomes, embalagens, estratégias de distribuição e

propaganda” (AAKER, 1998, p 7). Posteriormente, a ideia em torno das marcas

passou a ser a de criação de símbolos tão fortes, que fossem capazes de

vender independente do fator preço (PINHO, 1996, p. 12). Após a Segunda

Guerra mundial, segundo Pinho (1996, p. 12), “as marcas constituem uma

importante manifestação da economia moderna, com o seu papel e efeitos

sendo intensificados pelo uso dos instrumentos da comunicação

mercadológica”.

Ainda de acordo com Pinho (1996, p. 15), a modernidade trouxe a

evolução de símbolos que simplesmente identificavam produtos ou serviços,

para o conceito de marcas nominais que acrescentam funções tais quais:

“função concorrencial; identificadora; individualizadora; de descobrimento ou

revelação; de diferenciação; publicitária; diferenciação interna”.

35

O conteúdo meramente nominal da marca, que corresponde apenas ao

seu conteúdo expresso em palavras, foi enriquecido pelo fator diferencial dos

atributos associados, criados a partir do sentimento do consumidor, de acordo

com suas experiências quando do contato com a marca.

Percebe-se entre os autores, uma evolução conceitual a respeito das

marcas, conforme indica Kapferer (2004, p. 14) ¨(...) um sistema vivo composto

de três elementos: um multissinal (nome, identidade gráfica, símbolo)

associado a um (ou mais) produto(s)/serviço(s), ao(s) qual(is), é associada uma

promessa de qualidade, segurança e pertinência a um universo¨.

A ideia inicial do conceito de marca imprimia uma preocupação com a

criação propriamente dita do produto, com a identificação do seu criador, por

meio de sua assinatura, ou seja, o nome da marca. A origem do produto

também estava ligada à marca e tinha grande importância, bem como o seu

nome, já que deveria repassar segurança para seus futuros compradores.

Assim, na linha do desenvolvimento conceitual, percebe-se noções já

contrárias às opiniões iniciais, conforme ensinam Kotler e Pfoertsch (2008, p.

24):

A marca é um conceito intangível. Simplificar e facilitar a compreensão é muitas vezes equacionado com os elementos tangíveis de comunicação e marketing mais usados para dar sustentação à marca – comerciais, logos, luminosos, jingles etc. – mas a verdade é que a marca continua sendo muito mais do que simplesmente isso: . Cada marca é uma promessa. . A marca é uma totalidade de percepções – tudo o que se vê, ouve, lê, conhece, sente, pensa etc. – sobre um produto, serviço ou negócio. . Cada marca ocupa uma posição diferenciadora nas mentes dos consumidores a partir de experiências anteriores, de associações e experiências futuras. . A marca é um conjunto de atributos, benefícios, convicções e valores que diferenciam, reduzem a complexidade e simplificam o processo decisório.

As associações relacionadas às marcas ultrapassam o aspecto tangível,

relacionam-se com a finalidade e benefícios que podem trazer para os

consumidores, importam-se com as experiências dos usuários, conforme

demonstra a figura que segue desenvolvida por Aaker, 1998:

36

Figura 1: As associações de marca

Fonte: Aaker 1998

Entender marca apenas como maneira de identificação; sinal distintivo

que diferencia produtos e serviços é deficiente, principalmente em relação às

marcas ligadas às empresas que possuem responsabilidade social. Esse é o

caso das concessionárias de serviços públicos, que desenvolvem a categoria

de marketing social das empresas, por meio do qual, criam campanhas e

promovem alterações comportamentais, além de conscientização de

determinadas causas (KOTLER e KOTLER, 2013, p. 134). Pelo fato de

prestarem serviços públicos, a ética e compromisso com a satisfação do

usuário torna-se em evidência, já que fazem parte das marcas sociais, como

adiante será demonstrado.

37

A percepção da marca por parte dos consumidores passa pelos valores

da marca; sua personalidade; identidade e imagem, sobre valor da marca

explica Keller e Machado (2006) apud Oliveira e Luce (2011, p. 502-529):

o valor patrimonial de uma marca ou brand equity representa as ferramentas utilizadas para o posicionamento, a comunicação e a venda da marca, de forma que entregue valor aos clientes e proporcione retorno financeiro para as empresas.

Neste ponto, inicia-se o estudo do branding, utilizado nas operações de

marketing, através do qual, critérios emocionais serão direcionados à mente

dos consumidores para o posicionamento da marca, por meio das associações

que trazem como consequência os valores da marca, refere-se à “construção

da marca junto ao mercado” (KOTLER e PFOERTSCH, 2008, p. 34).

O branding torna-se importante para o marketing, principalmente no

momento necessário para o planejamento da criação da marca, função que é

realizada com a finalidade de alcançar a lucratividade das empresas e

distinguir seus produtos e serviços dos concorrentes.

A gestão de marcas quanto aos aspectos intangíveis é tarefa

desafiadora para as empresas, até porque, os atributos tangíveis são avaliados

pela satisfação dos consumidores e os intangíveis são responsáveis pela

criação dos valores do produto ou serviços associados na mente dos

consumidores. Ocorre que, no presente trabalho, como se pretende investigar

empresa concessionária de serviços públicos, a gestão de marcas volta-se

para o branding de serviços, no qual as expectativas dos

consumidores/usuários serão analisadas com relação ao serviço contratado.

Neste raciocínio complementa Tybout e Calkins (2006, p. 184): “as

expectativas dos clientes são extraordinariamente importantes em marketing.

Gerenciar essas expectativas, o mesmo que gerenciar marcas é mais difícil

para serviços do que para bens”.

Com a finalidade de evidenciar a árdua tarefa em gerir marcas voltadas

para serviços, cabe neste momento diferenciar o branding voltado para bens de

consumo, do branding voltado para serviços. De acordo com Tybout e Calkins

(2006, p. 184), “essas diferenças incluem intangibilidade dos serviços, sua

complexidade, heterogeneidade e natureza”.

38

Percebe-se, no ato de compra de produtos, critérios mais objetivos como

a análise do preço; o valor; a qualidade, em contrapartida, quanto a um

exemplo de uma experiência no ramo dos serviços, evidencia-se os aspectos

subjetivos, de acordo com o exemplo a seguir: “boa parte do serviço

automotivo é preventiva, como uma troca de óleo, e em tais circunstâncias, o

cliente fica meramente com a esperança intangível de que o serviço melhorou

o desempenho do carro” (TYBOUT e CALKINS, 2006, p. 184).

Daí a questão da complexidade do branding de serviços, já que por

parte dos consumidores, contratar serviços, demanda uma maior investigação

anterior, procura-se experiências antecedentes, reputação dos profissionais a

serem contratados; investigação sobre o funcionamento do serviço.

Os serviços por natureza “podem ser caracterizados como processos

que ocorrem em tempo real” (TYBOUT e CALKINS, 2006, p. 187), ou seja, são

experiências imediatas, diferentemente dos produtos que podem ser guardados

e utilizados posteriormente.

Na contratação de serviços o consumidor, em tese, desconhece e não

tem habilidade sobre o que necessita, enquanto que, na aquisição do produto a

qualidade testada é direcionada a agradar ou não e já auxilia o consumidor na

próxima aquisição do produto.

Completa o raciocínio Tybout e Calkins (2006, p. 186):

Quanto mais difícil o serviço, mais difícil é para os clientes julgarem a qualidade e a satisfação e, e assim, necessitam de assistência. Quando uma marca sinaliza qualidade, o cliente deixa de julgar cada componente do serviço e passa a confiar que o nome da marca dá credibilidade e assegura a competência e os padrões globais de excelência dos provedores de serviços.

Diferenciar o branding de produtos de consumo, do de serviços para

este trabalho é indispensável, por pretender investigar quais associações são

realizadas pelos consumidores/usuários de uma concessionária de serviço

público a sua respectiva marca, pois nesta relação há um curioso diferencial,

qual seja, a ausência de empresas concorrentes.

39

Cabe destacar que, objetivamente, não há necessidade da empresa

concessionária de serviços públicos conquistar seu público-alvo, em detrimento

de outra marca, pois exerce suas funções através de certo monopólio.

Neste ponto surge a indagação, será que o consumidor percebe que

existe uma empresa prestadora do serviço e como ficaria a gestão da marca

desta empresa?

Assim, após este estágio de identificação que as concessionárias de

serviços públicos, no caso do presente trabalho a COMPESA, voltam-se para o

branding de serviços, importa analisar a qual espécie de marca as mesmas

direcionam sua gestão.

Inegável é o enquadramento das concessionárias de serviços públicos

no marketing social, destacando a marca social como característica destas

empresas, conforme Kotler e Kotler (2013, p. 141) “crescer com parcerias

envolvendo governos e ONGs”.

Cabe lembrar que as concessionárias de serviços públicos realizam

suas atividades em parceria com o próprio Estado, que por competência

atribuída por lei, delega e também fiscaliza os serviços repassados ao setor

privado.

2.6 Marcas sociais

Após o estudo da evolução conceitual das marcas, ultrapassando a fase

racional para emocional, ligada ao fator da atitude dos consumidores em

escolher determinados produtos ou serviços e não outros concorrentes,

naturalmente, novas preocupações foram surgindo sobre a gestão destas, em

correspondência às mudanças nas estratégias de marketing.

Houve a evolução dos 4PS de McCarthy apud Kotler (2010, p. 30),

quais sejam Produto; Preço; Promoção e Ponto de distribuição; para outros Ps,

conforme destaca Kotler (2010, p. 30) “pessoas, processo, provas físicas,

opinião pública e poder político”, passando da gestão do produto que persistiu

entre as décadas dos anos 1950 a 1960, para gestão do cliente, inserindo no

marketing a preocupação com as estratégias; público alvo e o posicionamento

das marcas, devido a influência da globalização e poder de comunicação dos

consumidores após a facilidade digital (KOTLER, 2010, p 31).

40

O marketing moderno passou a preocupar-se com as emoções dos

consumidores, foram introduzidos “novos conceitos, como marketing

emocional, marketing experimental e valor da marca” (KOTLER, 2010, p 31).

O aspecto emocional do marketing relaciona-se às experiências obtidas

com a utilização dos produtos ou serviços pelos consumidores e as sensações

geradas a partir dessas experiências. São, portanto, os contatos repetitivos

entre o consumidor e a marca, bem como a satisfação sentida pelo

consumidor, que o faz atribuir valores às marcas.

De acordo com Kotler (2010), sobre o elemento emocional do marketing,

considera que “os profissionais de marketing também precisam atingir o

coração dos consumidores”. Segundo esse entendimento, o consumidor, deve

ser atendido não apenas materialmente, mas também espiritualmente, “alma;

coração e espírito” (KOTLER, 2010, p. 40).

Logo, o marketing evoluiu da gestão do cliente, para gestão da marca,

nos anos 1990 e 2000, na qual a preocupação em relação ao que o

consumidor pensa e divulga sobre o produto ou serviço é o mais importante, já

que “os consumidores também estão fazendo marketing para outros

consumidores” (KOTLER, ANO, p. 36).

A necessidade de transmitir através da marca uma mensagem real e

verdadeira, faz parte dos rumos modernos do marketing, até porque, se a

marca for reproduzida através do produto ou serviço de forma enganosa ou

falsa, esta mensagem atingirá diversos consumidores ao mesmo tempo, devido

à facilidade de comunicação, pós globalização.

Tais são as ideias do Marketing 3.0, segundo Kotler (ANO, p. 39) “as

empresas precisam abordar os consumidores como seres humanos plenos”.

No mesmo sentido explicam Kotler e Kotler (2013, p. 129):

Neste mundo de marketing 3.0, as modernas marcas de sucesso precisam alcançar não só os corações e as mentes dos clientes, mas também as preocupações deles com os corações e as mentes dos outros – e com a sustentabilidade do planeta.

Nesse contexto, nasce o marketing social, do qual derivam as marcas

sociais. Por meio do marketing social “a empresa se beneficia, pois, a imagem

41

vinculada a uma causa social traz visibilidade perante seu público e mercado”

(LEVEK et al, 2002, p 21). Essas estratégias do marketing moderno, utilizadas

pelas empresas, por meio da preocupação com causas sociais e

sustentabilidade, acrescentam credibilidade e reforçam o posicionamento das

marcas.

Explica-se a abordagem sobre o marketing social e, consequentemente,

sobre as marcas sociais nesse trabalho, pelo fato da pesquisa votar-se a

estudar uma concessionária de serviço público e no caso específico a

COMPESA, que tem como finalidade o fornecimento de água a seus

clientes/usuários e tratamento dos esgotos do Estado de Pernambuco.

É nítida sua responsabilidade social, que por consequência, reflete na

sua marca, até pelo fato de tratar de bem indispensável à sobrevivência

humana, qual seja, a água, bem como, o compromisso assumido perante o

Estado, no fornecimento do serviço constante e de qualidade,

independentemente de eventos naturais, lembrando a responsabilidade

objetiva das concessionárias de serviço público acima já comentada.

Sobre responsabilidade social dispõe Melo Neto e Froes (2001, p.26-27):

A Responsabilidade Social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no dever cívico (...). As ações de Responsabilidade Social são extensivas a todos os que participam da vida em sociedade – indivíduos, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos e outras instituições.

Assumindo a responsabilidade social as empresas refletem o

compromisso com a ética, demonstram a reflexão e preocupação com causas

sociais e através desta conduta constroem suas marcas voltadas para a forma

como seus produtos e serviços serão “socialmente corretos” (LEVEK et al,

2002, p 21).

Neste ambiente situam-se as marcas sociais que “ao invés de

posicionarem-se como altamente tecnológicas e de prestígio, têm seu

patrimônio baseado no conceito da responsabilidade social e financeira, da

produção sustentável, com alto envolvimento com a natureza e a sociedade”.

(CASTRO, 2011, p 29). Embora a responsabilidade social seja identificada de

42

forma mais clara nas entidades do Terceiro Setor, ou seja, entidades ligadas à

filantropia, constitui, também uma forte estratégia para o ambiente empresarial,

devendo ser destacada algumas das vantagens para a imagem das suas

marcas, como cita Melo Neto e Froes, 1999 apud Levek et al (2002, p 19):

Alguns benefícios da Responsabilidade Social voltada para as empresas podem ser traduzidos em vantagens como: o fortalecimento da marca e imagem da organização; a diferenciação perante aos concorrentes; a geração de mídia espontânea; a fidelização de clientes; a segurança patrimonial e dos funcionários; a atração e retenção de talentos profissionais; a proteção contra ação negativa de funcionários; a menor ocorrência de controles e auditorias de órgãos externos; a atração de investidores e deduções fiscais.

A relevância social da marca, no caso específico da empresa estudada

neste trabalho (COMPESA), é marcante pela parceria realizada com o governo,

por se tratar de uma concessionária de serviço público. O poder público exerce

função coadjuvante, mas não menos importante, já que de início o serviço era

eminentemente público, devendo, portanto, o Estado contribuir com a estrutura

suficiente para que a empresa concessionária exerça com eficiência a atividade

que lhe foi atribuída.

Sobre esta relação de “ajuda” entre governo, empresas e economia

Kotler e Kotler (2013, p. 146) denominam de funções de infraestrutura e

explicam da seguinte forma:

Funções de infraestrutura. Embora qualquer pessoa possa constituir uma empresa, o empreendimento dificilmente progredirá se o governo ou o setor privado não investirem em construção e manutenção da infraestrutura. Em outras palavras, não basta abrir um restaurante; o negócio precisará de eletricidade, água corrente, descarte de resíduos, rua e pavimentação, além de outros fatores facilitadores. As concessionárias de serviços públicos podem oferecer parte dessa infraestrutura, mas outras devem ser garantidas pelo governo. Espera-se que o governo construa ruas, estradas, pontes, redes de esgoto, aeroportos e portos, pois o setor privado não tem dinheiro para obras dessa magnitude nem pode cobrar tarifas politicamente aceitáveis para ressarcir dos custos e lucrar com as instalações.

43

Assim, cabe neste momento citar algumas diferenças: as

concessionárias de serviço público possuem marcas, mas não possuem

concorrentes efetivos, em tese, não necessitariam realizar parcerias para

criação de marketing social, pois a responsabilidade social encontra-se imbuída

no serviço a que se pretende.

Daí a curiosidade em investigar se há essa percepção por parte do

consumidor, ou seja, se mesmo na zona de conforto que se encontra uma

concessionária de serviço público, o usuário identifica nela uma empresa

própria, capaz de posicionar sua marca e assim serem atribuídos valores ao

serviço contratado, compreensíveis pelo seu “cliente”, ora usuário.

2.7 Posicionamento das marcas

Com o direcionamento do marketing moderno ao que é construído pela

mente dos consumidores e suas associações em relação às marcas dos

produtos ou serviços, o marketing voltado às estratégias de posicionamento e

comunicação das marcas passou a demonstrar maior relevância. Sobre o

conceito de Posicionamento comenta Tybout e Calkins (2006, p. 11):

O posicionamento de marca refere-se ao significado específico pretendido para uma marca nas mentes dos consumidores. Mais precisamente, um posicionamento de marca articula a meta que um consumidor atingirá ao usá-la e explica por que é

superior a outros meios de realizar essa meta.

A construção do posicionamento das marcas direciona-se de forma

específica ao seu público alvo e à percepção deste, faz parte das estratégias

de marketing voltadas para a forma de relacionamento entre a marca e o seu

cliente, que influenciará na diferença em relação à concorrência, conforme

explica Crescitelli e Ikeda (2006) apud Galão at al (2011, p. 90):

(..) na era de mercados cada vez mais maduros, a competitividade é vital para o crescimento ou mesmo a manutenção das empresas. Sendo que nessa fase a comunicação passa a desempenhar papel relevante, uma vez que, sua função de divulgar não inclui somente informar o produto/serviço, mas também persuadir, relembrar e

44

reforçar sua imagem e posicionamento no mercado, destacando-o em relação aos demais concorrentes.

Assim como o marketing, os conceitos de posicionamento passaram por

transformações, atravessando pela fase inicial de ferramenta de comunicação

(RIES E TROUT, 1981); passando a fase do marketing estratégico (WIND,

1982; KOTLER, 1988) até chegar às subdivisões do posicionamento de

mercado e posicionamento psicológico (DIMINGO, 1988), elementos

tipicamente intangíveis considerados um benefício e um poderoso tipo de

associação (AAKER, 1998) às marcas.

Figura 2: A decisão de posicionamento

Fonte: Aaker 1998

O posicionamento direcionado ao psicológico dos consumidores reflete o

interesse em fixar na mente destes os valores da marca, sua intenção e seu

poder de prevalecer em relação à concorrência, o que efetivamente diferencia

uma marca da outra. Neste sentido concorda Aaker (1998, p. 115) “o

posicionamento é estritamente relacionado ao conceito de imagem e

associação, exceto quando implica um quadro de referência no qual está a

concorrência”.

45

As estratégias utilizadas para construção de uma marca possuem dupla

intenção, refletida através do seu posicionamento, conforme o modelo de

Aaker, 1998, figura acima, a primeira intenção é a de refletir a percepção dos

seus usuários em relação aos seus atributos e a segunda é a forma como a

própria marca deseja ser percebida, que pode não ser da maneira que

esperava (AAKER, 1998).

O conhecimento do público-alvo da marca torna-se indispensável aos

critérios a serem considerados pelas empresas, para firmarem sua posição no

mercado, já que conforme destacam alguns autores, o posicionamento constitui

estratégia de segmentação (KOTLER e KELLER, 2006), completa Aaker (1998,

129) “identificar uma marca com o seu segmento-alvo é, com frequência, uma

boa maneira de apelar para ele”.

Nesta linha destacam Galão at al (2011, p. 86) ao considerar o

pensamento dos autores Kotler e Keller (2006):

Para os autores, toda empresa é construída (ou pelo menos deveria ser) a partir do seguinte processo: segmentação, escolha do mercado-alvo e posicionamento. Ou seja, primeiramente a empresa descobre necessidades e grupos diferentes no mercado, define como mercado-alvo os grupos que ela conseguirá atender de forma superior e posiciona seu produto e a imagem do mesmo de forma diferenciada.

Na construção do posicionamento é necessário que a empresa enfrente

duas fases (GALÃO at al, 2011), inicialmente deverá ser feita a análise do

mercado, sua tendência e necessidades de consumo; na segunda fase, caberá

à empresa a qual pertence a marca decidir o seu público alvo, definir o

seguimento que servirá de para suas estratégias de marketing.

Há também outros critérios que indicam o direcionamento do

posicionamento segundo Thompson (2005) apud Costa (2008, p. 46):

(1) Relevância – as marcas relacionam-se com os consumidores. Ao se compreender a forma como os atuais e potenciais clientes definem experiências ideais e percepcionam o mundo que os rodeia, conseguirá determinar-se o que sentem falta nos produtos e serviços existentes e, dessa forma, identificar oportunidades adequadas para se apostar no que ainda ninguém apostou.

46

(2) Diferenciação – ao se avaliar o cenário competitivo atual e futuro, as ameaças e oportunidades do mercado, as percepções e as necessidades dos clientes, podem identificar-se hipóteses de distinção perante os concorrentes. (3) Credibilidade – uma marca deve ser verdadeira e manter as suas promessas para os consumidores acreditarem e lhe serem fiéis. Analisar a organização no seu todo, incluindo os seus valores, e depois conjugar as conclusões com a percepção do consumidor, de forma a identificar as disparidades existentes entre o que é emitido e o que é recepcionado. Estes dados permitirão o desenvolvimento uma proposta credível. (4) Elasticidade – é a capacidade da marca de acompanhar as constantes mudanças do mundo e de se manter relevante, ao promover a inovação, trazer novos produtos/serviços e extensões de gamas à sua proposta de valor. Para determinar se uma marca pode ser elástica, requer-se um bom conhecimento dos consumidores atuais e potenciais, uma boa avaliação das futuras tendências de mercado e, acima de tudo, inspiração.

A partir do estudo sobre o posicionamento, percebe-se que os autores

destacam o posicionamento como meio de vencer a concorrência, “uma marca

bem-posicionada terá uma atraente posição competitiva, suportada por fortes

associações” (AAKER, 1998).

O posicionamento proporciona posição vantajosa sustentável da marca

em relação à concorrência numa categoria, do ponto de vista da percepção de

um público-alvo (SERRALVO e FURRIER, 2004 apud GALÃO at al, 2011).

Ao considerar que as associações da marca envolvem-se com os

atributos de produtos ou benefícios que levam os consumidores a comprarem e

usarem a marca específica (AAKER, 2006, p.117), torna-se intrigante observar,

de que forma estas associações acontecem quando não é o

consumidor/usuário quem opta pelo serviço, como no caso das

concessionárias de serviço público, que de forma prática são escolhidas pelo

poder público.

2.8 Imagem da marca

Com a finalidade de verificar de que maneira as marcas pertencentes às

empresas posicionam-se no mercado é necessário observar como a imagem

das marcas são percebidas e recebidas pelos seus consumidores. A imagem é

47

um dos atributos das marcas, no qual são estabelecidas as associações nas

mentes dos clientes, estas associações subdividem-se em atributos; benefícios

e atitudes de acordo com Keller (2008) indicado pelos autores Neves e Ruão

(2014, p. 89):

Os atributos são as características descritivas dos produtos e serviços da marca. Os benefícios são o valor que o consumidor confere aos atributos do produto. E as atitudes são a avaliação que o consumidor faz da marca.

De acordo com Keller (2005) apud Costa (2008, p 26) “o conjunto das

associações que os consumidores guardam é aquilo que designam por imagem

de marca”, é a ideia do posicionamento da marca direcionado à mente do

consumidor.

Sobre o tema considera Aaker (1998, p. 115) ao definir marca como “um

conjunto de associações, usualmente organizadas de alguma forma

significativa”.

Cabe destacar que a imagem não é só um atributo da marca, mas é

elemento marcante na escolha do produto ou serviço pelo consumidor, devido

aos valores criados pelo mesmo ao adquirir um ou outro produto ou serviço,

conforme conceituam alguns autores citados por Costa (2008, p. 23) como

Reynolds e Gutman (1984), que definem imagem com ênfase no significado e

nas mensagens “um conjunto de significados e associações que servem para

diferenciar um produto ou um serviço dos que são oferecidos pelos

concorrentes”.

Um dos elementos marcantes que agrega valores à marca é o nome

escolhido para a mesma, que irá refletir na sua imagem. O nome é considerado

“indicador essencial da marca” (AAKER, 1998) já que, além do seu visual, o

elemento forte é o que virá na mente do consumidor ao ver ou ouvir o nome da

marca, como por exemplo em campanhas publicitárias.

Tais associações são refletidas como os benefícios psicológicos

(AAKER, 1998) correspondentes aos sentimentos despertados ao consumidor

no momento da sua opção de um produto ou serviço em detrimento de outro,

diferencia-se de outras espécies de benefícios, como os racionais (AAKER,

48

1998), desprovidos de elementos sentimentais, ligados ao atributo do produto

ou serviço de maneira racional.

A imagem das marcas faz parte das estratégias de comunicação destas,

que tem como consequência a relação de fidelidade entre o consumidor e o

produto ou o serviço adquirido, a partir do significado despertado nesta

negociação, conceituado como valor da marca completa o raciocínio Lambin

(2000) apud Castro (2011, p. 55) ¨(...) além das representações mentais,

cognitivas e afetivas criadas pelos consumidores em relação à marca, a sua

imagem engloba, também, o estoque de satisfações que criou, ou seja, o

relacionamento delas com os consumidores”.

A imagem e associações das marcas na percepção dos consumidores,

são elementos intangíveis, que devem ser fortemente construídos, por meio

das estratégias de comunicação, destaca Kotler e Pforertsch (2008, p.121) que

a comunicação de marca que não reconhece o valor dos elementos intangíveis

da marca pode provocar fracasso nas vendas.

Além da percepção por parte dos consumidores, suas experiências

também contribuem para construção da imagem das marcas já que “a

representação mental é o resultado das experiências de um indivíduo em

relação a um objeto e possui a característica particular da subjetividade”.

(NEVES e RUÃO, 2014). Contudo, destaca-se que a percepção poderá ser a

não esperada pela marca, pois há diferença entre “imagem projetada da

imagem percebida” (NEVES e RUÃO, 2014). Esses autores atentam para o

fato da imagem sofrer interferência de fatores externos que podem influenciar

na imagem projetada e ter como consequência uma imagem percebida

distorcida, daí a necessidade de um firme posicionamento da marca.

A imagem, portanto, terá como consequência o valor que o consumidor

atribui quando em contato com a marca escolhida, chamado brand equity,

considerado “patrimônio líquido da marca” (AAKER, 2015, P.8) e que possui

ativos os quais conforme ensina Aaker (1998, p. 16):

(...) geralmente acrescentam ou subtraem valor para os consumidores. Podem ajudá-los a interpretar, processar e acumular grande quantidade de informações sobre produtos e marcas. Podem também afetar a confiança do consumidor na

49

decisão de compra (devido ou à experiência passada ou à familiaridade com a marca e suas características.

Para Aaker (2015, p. 10), a imagem faz parte das principais dimensões

do brandy equity, quais sejam, “consciência, as associações e a fidelidade da

base de clientes”, associações, que segundo este mesmo autor “podem ser a

base do relacionamento com o cliente, decisão de compra, experiência de uso

e fidelidade de marca” (AAKER, 2015, p. 11).

Sobre o brandy equity e a forte relação construída entre marca e seus

clientes, Keller define como (2006, p. 36) “a premissa básica do Brand Equity é

que a força de uma marca está no que os clientes aprenderam, sentiram, viram

e ouviram sobre ela como resultado de suas experiências ao longo do tempo.

Ou seja, a força de uma marca”.

É nesta linha que se pretende investigar de que forma uma empresa que

fornece o seu serviço em parceria com o Estado - serviço voltado para toda a

sociedade - comunica-se com os seus usuários por meio da imagem da sua

marca. E, a partir daí, verificar se há ou não diferenças das empresas que

possuem concorrentes naturais, quanto às escolhas de estratégias de

marketing desenvolvidas para conquista dos consumidores.

3 CASO COMPESA

3.1 Origem da marca COMPESA

De acordo com seu site institucional, a Companhia Pernambucana de

Saneamento (COMPESA) é uma:

(...) sociedade anônima de economia mista, com fins de utilidade pública, a COMPESA está vinculada ao Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. É uma organização dotada de personalidade jurídica de direito privado, tendo o Estado como seu maior acionista. (COMPESA, S/D, informação eletrônica)

50

Desse conceito, retira-se a noção empresarial da COMPESA, uma vez

que, se trata de uma pessoa jurídica de direito privado, ou seja, embora possua

o Estado como acionista, seu nascimento como pessoa jurídica é na origem

privada e não pública.

Tecnicamente, as pessoas jurídicas deste ramo “se propõem a realizar

objetivos de natureza particular, para o benefício dos seus próprios

instituidores, ou projetadas no interesse de uma parcela determinada ou

indeterminada da coletividade” (PEREIRA, 2009, p. 273).

Além de ser classificada como pessoa jurídica do direito privado, a

COMPESA adequa-se ao regime das sociedades de economia mista, as quais

exercem atividades de empenho estatal, contudo de forma empresarial, “sem

travas do emperramento burocrático”, segundo Carvalho Filho (2007, p. 437).

Sobre o conceito das sociedades de economia mista entende-se:

(...) são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob forma de sociedades anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico e, em algumas ocasiões prestação de serviços públicos. (CARVALHO FILHO, 2007, p. 438)

Destaca-se que, embora a COMPESA seja uma sociedade anônima de

economia mista, será atingida pelas regras das concessões de serviço público

(DI PIETRO, 2015), devido à presença do Estado como acionista, conforme

entendimento que segue:

Como empresas encarregadas da execução de serviço público, ainda que concedido por meio de lei, não há como deixar de lhes aplicar o regime jurídico próprio das empresas concessionárias, como por exemplo, os princípios da mutabilidade do regime jurídico da prestação do serviço, o da continuidade do serviço público, o da igualdade de tratamento dos usuários, o da modicidade das tarifas, o da obrigatoriedade de prestação de serviço adequado, o da fiscalização pelo poder público, o da possibilidade de intervenção. (DI PIETRO, 2015, p. 58)

51

A COMPESA foi criada pela Lei n. 6.307/71 “com a missão de levar água

e esgotamento sanitário aos pernambucanos. Desde então, uma intensa

expansão foi planejada todos os anos e, hoje, a companhia opera em 173 dos

185 municípios do Estado, incluindo o arquipélago de Fernando de Noronha”.

(COMPESA, S/D, informação eletrônica)

Tais dados confirmam o alcance da empresa, bem como da sua marca,

trazendo à tona a ideia de monopólio anteriormente comentada. Nítida é a

imposição Estatal ao consumidor usuário. Em contrapartida, traz como objetivo

“a universalização do acesso a água e ao saneamento em todos os municípios,

de maneira sustentável e cidadã”, (COMPESA, S/D, informação eletrônica). O

escopo da sustentabilidade indica a responsabilidade social da COMPESA

como empresa.

Sobre o perfil destas espécies empresariais, além do dever ambiental,

entende-se que “a responsabilidade social como toda e qualquer ação que

possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade” (ASHLEY

et al. 2002, p. 6 apud LEVEK et al, 2002, p. 16).

Nesta linha, mesmo que levando em conta tendências e traços

econômicos e de lucratividade, a responsabilidade social é destaque como

meta na atuação da COMPESA, já que possui como fiscal e acionista o poder

público, mais do que qualquer outra marca, deve prezar pelo marketing social

fundamentado na ética (RICO, p. 73), no desenvolvimento consciente e

sustentável.

Cabe lembrar que a COMPESA também é regulada pelo Código de

Defesa do Consumidor, classificada como fornecedora do serviço, mesmo

havendo o Estado como acionista. Há, portanto, uma função autopunitiva, pois

o Estado presta indiretamente o serviço, mas também fiscaliza. Daí a possível

confusão na identificação da marca pertencente a COMPESA e seus valores

como empresa.

Esta preocupação, sobre a identificação da marca por suas políticas

sociais, já foi comentada por alguns autores conforme explica Rico, (2004, p.

74):

Hoje há uma preocupação no sentido de avaliar até que ponto as práticas de responsabilidade social de uma empresa são

52

percebidas pelo consumidor e reforçam a sua marca e como desenvolver um planejamento integrado no qual as ações sociais sejam incorporadas à valorização da marca da empresa.

Além da responsabilidade social, a COMPESA, no que diz respeito à

construção de sua marca, é classificada como marca nominativa, espécie com

“uma ou mais palavras no sentido amplo, compreendendo os neologismos e as

combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos, desde que os

elementos não se presentem sob forma fantasiosa” (COPETTI, 2010, p. 63).

Figura 3: Marca COMPESA

Fonte: http://servicos.compesa.com.br/

Dessa forma, independente da presença do Estado, a empresa

Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) possui uma marca

com alcance para determinado público-alvo. A marca COMPESA compromete-

se com mais de 100 municípios pernambucanos, incluindo regiões Agreste e

Sertão. Desafia cobranças do consumidor/usuário de forma intensiva, quando

comparada a demais empresas privadas, uma vez que se submete a prestar

serviço essencial e contínuo e dependente de recursos naturais, como a água.

De maneira específica, quanto às regiões do Agreste e Sertão

pernambucano, onde as chuvas são escassas, desperta o interesse por

pesquisar as estratégias utilizadas pela marca COMPESA na prestação de

serviços de abastecimento de água complexos.

De um lado, a COMPESA assume compromisso da prestação do serviço

com eficiência e, do outro lado, enfrenta o fenômeno da seca decorrente da

ausência de chuvas nas regiões agreste-sertão. Segundo informações da

53

COMPESA “a pior seca dos últimos 50 anos tem castigado o Agreste de

Pernambuco, região que detém o pior balanço hídrico do Brasil” (COMPESA,

S/D, informação eletrônica).

Considerando o caso do agreste de Pernambuco, o qual inclui cidades

importantes como Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, a quantidade de

chuvas tem sido mínima e as previsões também são pessimistas para os

próximos anos. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima

(APAC), a perspectiva de chuvas é de “50 mm por mês de, de agosto a janeiro

de 2017” (COMPESA, S/D, informação eletrônica)

Os reservatórios de água mais importantes na região agreste estão com

suas capacidades comprometidas. A título de exemplo, a barragem de

Jucazinho, que abastece várias cidades da localidade, conta “com apenas

0,36% da sua capacidade, que é de 327 milhões de metros cúbicos de

água, o equivalente a 1 milhão e 177 mil metros cúbicos” (COMPESA, S/D,

informação eletrônica).

Diante deste difícil cenário que a marca COMPESA está inserida, no

particular das localidades em que os recursos naturais não contribuem para

prestação do serviço com qualidade, sua responsabilidade social torna-se em

evidência, pelo relacionamento com o Estado e pelo comprometimento com

consumidor usuário.

A COMPESA alcança o estágio negativo de ter a necessidade de

organizar calendários de abastecimento de água, ou seja, os consumidores

pagam mensalmente pelo serviço, o qual não será ofertado em determinados

dias escolhidos e impostos unilateralmente pela empresa.

Inegável o desgaste na imagem da COMPESA, que por ser prestadora

de serviço público, cabe investigar de que modo são realizadas as políticas de

reposicionamento da empresa e se são percebidas pelos consumidores, por

inclusive, ser um ambiente distinto do concorrencial empresário.

3.2 Envelhecimento da marca COMPESA

A COMPESA, possui atuação há mais de 40 anos e por se tratar de

empresa que atua com especificidades, mesmo pela falta de concorrentes

54

diretos, também foi atingida pelas inovações tecnológicas que “provocaram

enormes mudanças nos consumidores, nos mercados e no marketing ao longo

do último século” (KOTLER, 2010, p. 5).

A partir da participação dos usuários na construção das marcas,

percebe-se o aumento das exigências por parte do consumidor. Verifica-se,

como exemplo no site de reclamações online Reclame Aqui, 962 reclamações

contra a COMPESA (RECLAMEAQUI, S/D, informação eletrônica); bem como

no Procon, que para este estudo foi pesquisado na unidade Caruaru, atingiu os

números no ano de 2015 de 901 atendimentos envolvendo a COMPESA, como

empresa reclamada.

Cita-se também as queixas registradas em face da COMPESA nos

Juizados de Pequenas Causas do Tribunal de Justiça de Pernambuco,

considerando a comarca da cidade de Caruaru-PE, as quais alcançaram

números de ações 133 no ano de 2015, entre 02/01/2015 a 23/12/2015.

Os números acima citados impactam na confiança depositada pelos

consumidores nos serviços a serem prestados pela Compesa, já que são

registros de experiências negativas durante a relação empresa-usuário,

hipóteses capazes de alterarem a reputação da imagem empresarial construída

ao longo dos anos, causando inclusive prejuízos à marca.

Os consumidores possuem no contexto atual, segundo Almeida; Ramos

(2012), duas espécies de busca sobre informações nas aquisições de produtos

ou serviços, “os indivíduos podem recorrer à busca interna (experiências

anteriores) ou à externa (por exemplo, o uso da internet). Trata-se de uma

etapa importante, na qual serão levantadas informações que darão suporte à

decisão de compra” (ALMEIDA; RAMOS, 2012, p. 667).

Sobre as inferências da reputação no constructo imagem da marca

entende-se, segundo Salvador (2000, p.136) ao comentar as ideias de Dawar;

Pillutla (2000):

uma crise gerada por dano em um produto (product harm crisis) causaria um prejuízo ao brand equity, uma vez que é uma manifestação não alinhada ao projeto da marca, que prejudicaria a percepção de qualidade, geraria associações negativas, podendo prejudicar a fidelidade à marca, além do impacto financeiro com queda de ações.

55

A reputação, assim como a imagem fazem parte de aspectos

intangíveis, os quais tornaram-se atributos indispensáveis na construção e na

gestão das marcas após o Marketing 3.0 (KOTLER, 2010). Neste mesmo

sentido “reputação é função de confiança, sentimento, estima e admiração”

(SALVADOR, 2015, p.138).

Ao diferenciar imagem da reputação, Almeida; Ramos (2012)

consideram a imagem como relação entre a marca da empresa e sua

mensagem transmitida, já a reputação estaria relacionada à imagem da marca

ao longo dos anos, ou seja, a maneira que se mantem posicionada após muito

tempo no mercado.

O direcionamento do brand equity possui um desafio maior diante da

facilidade do contato tecnológico entre os consumidores e que envolve as

marcas, que se deparam com a influência da mídia, na qual, um exemplo de

repercussão negativa de determinada empresa, alcança de maneira mais

rápida, um maior número de consumidores do que em outros tempos, “o

consumidor pode ter acesso a inúmeras informações que, há algum tempo, as

empresas não disponibilizariam” (ALMEIDA; RAMOS, 2012, p. 667).

Seguindo o mesmo raciocínio completa Kotler (2010, p. 9) “à medida que

as mídias sociais se tornarem cada vez mais expressivas, os consumidores

poderão, cada vez mais, influenciar outros consumidores com suas opiniões e

experiências”.

Sobre o poder da influência dos consumidores entre si, considera Keller

(2006, p. 38) “o verdadeiro valor e as perspectivas futuras de uma marca ficam

nas mãos dos consumidores e de seu conhecimento da marca”.

No caso da COMPESA, em tese, as associações nas mentes de seus

usuários, quanto à exigência da prestação do serviço de maneira eficiente são

mais enfáticas em relação às outras empresas, com as quais o consumidor

possui a simples alternativa do cancelamento contratual do serviço adquirido.

Contudo, talvez, a COMPESA não possua a preocupação com a

lealdade do consumidor, também construída na “crença” (ALMEIDA; RAMOS,

2012, p. 668) de que o serviço será prestado da melhor forma, já que o usuário

não dispõe de concorrentes da COMPESA para optar.

A imagem da COMPESA poderá ser diretamente afetada de acordo com

sua reputação, a variar, quando da necessidade do relacionamento direto com

56

o consumidor, seja para o melhoramento do serviço, seja pela resposta

oferecida quando da ausência da prestação do serviço, hipótese recorrente a

partir da análise dos registros em Procon e Judiciário e internet, acima

comentados.

3.3 Reposicionamento da marca COMPESA e o consumidor

As marcas posicionam-se ao identificar seu público-alvo, os stakeholders

e assim consolidam-se no mercado. Há, contudo, preocupação constante

daquelas com a atualização do marketing das empresas de acordo com às

mudanças sociais. Nesta linha indicam Freitas; Silveira (2014, p. 20):

As marcas também precisam ter um posicionamento claro e definido, a principal ideia que a empresa deseja passar para o consumidor. Para isso a empresa precisa encontrar seu papel na sociedade conhecer seu público alvo, ter um diferencial em relação aos concorrentes e conseguir manter uma identificação com o consumidor.

Já o reposicionamento consiste em adquirir novas associações na mente

dos consumidores a partir de novas estratégias e caminhos tomados pela

marca escolhida, “diante de uma crise ou de mudança de perfil do consumidor

a empresa muitas vezes precisa passar por um processo de reposicionamento

para tentar resgatar a confiança e lealdade do cliente” (FREITAS; SILVEIRA, p.

20).

Com o reposicionamento, valores diferenciados dos anteriores devem

ser atribuídos às marcas, com a finalidade de alterar a imagem da empresa

diante dos seus consumidores, “reposicionamento é a ação de redefinir os

elementos da identidade de marca a serem ativamente comunicados para um

dado público-alvo” (TELLES 2004, p.73 apud MOURAD; SERRALVO, 2014, p.

9).

Para Ries, Trout (2009, p. 73) apud Mourad, Serralvo (2014, p. 9)

reposicionar a marca significa “colocar uma ideia nova ou um produto novo na

mente das pessoas, primeiro você tem de tirar uma que já se encontre lá”.

57

No caso específico da COMPESA alguns movimentos indicam um

reposicionamento, contudo, tal conduta pode não se configurar de maneira

clara, já que no seu caso, o usuário diferentemente das demais marcas, não

possui opções para escolher no momento da aquisição do produto ou serviço.

Não existem de maneira natural inquietações quanto à fidelidade e à lealdade

do consumidor.

De maneira evidente, percebe-se a preocupação da COMPESA, tanto

com relação à sua imagem nas relações de consumo; bem como com relação

aos valores a serem percebidos quanto pelos usuários, especificamente no

critério sustentabilidade.

Ao tratar do tema meio ambiente seu site institucional (COMPESA, S/D,

informação eletrônica) destaca:

A Compesa vem atuando de forma ampla em todas as suas frentes de trabalho para manter um relacionamento institucional com seus clientes capaz de viabilizar uma gestão participativa, que garanta a sustentabilidade do empreendimento e faça uma diferença na sociedade. Atualmente, oito núcleos de responsabilidade social atuam espalhados por todo o estado e inúmeros projetos reforçam a preocupação da companhia com o meio ambiente e a população.

A COMPESA trouxe na LOA (Lei Orçamentária Anual) do Estado de

Pernambuco para o orçamento do ano de 2016 as seguintes ações:

Quadro 1: Ações da COMPESA para Lei Orçamentária Anual (2016)

PROGRAMA AÇÃO FINALIDADE

0611 – Gestão dos Recursos

Hídricos de Pernambuco

3864 – Projeto de Sustentabilidade

Hídrica de Pernambuco – PSH PE –

COMPESA

Executar obras de infraestrutura para

aumentar a eficiência dos sistemas

de abastecimento de água e de

saneamento básico, voltados para a

sustentabilidade dos recursos

hídricos de Pernambuco.

4646- Projeto de Saneamento

Ambiental nas Bacias Hidrográficas

de Pernambuco – PSA-PE –

COMPESA

Apoiar projetos de saneamento

ambiental nas bacias hidrográficas,

focando a bacia do Ipojuca,

contribuindo para a melhoria da

gestão dos recursos hídricos.

58

0912 –Ampliação do Acesso à Água

e Esgotamento Sanitário

3346-Campanhas de Educação de

Combate ao Desperdício de Água

Promover a conscientização da

população para os efeitos dos

desperdícios da água.

3340-Saneamento para Todos –

Ampliação da Cobertura dos

Serviços e Eficiência da Coleta e

Tratamento do Esgotamento

Sanitário – COMPESA

Ampliar a cobertura dos serviços de

esgotamento sanitário em todo o

Estado.

3343-Água para Todos – Ampliação

da Oferta, Cobertura dos Serviços de

Abastecimento e Redução do

Racionamento de Água – COMPESA

Ampliar a cobertura dos serviços de

abastecimento de água em todo o

Estado.

Fonte: http://servicos.compesa.com.br/acoes-e-programas

Embora a COMPESA explore em destaque o cumprimento dos seus

serviços com eficiência, que aliás é um dos princípios a ser seguido pelas

concessionárias de serviço público, percebe-se o escopo da conscientização

dos usuários, “da população para os efeitos dos desperdícios da água”

(COMPESA, S/D, informação eletrônica).

Outro objetivo de destaque para a tentativa de reposicionamento da

marca COMPESA é a ação “água para todos” (COMPESA, S/D, informação

eletrônica), através da qual se compromete a ampliar o fornecimento de água e

a redução no racionamento da água.

No entanto, a empresa rompe com o dever contratual ao realizar uma

espécie de rodízio, com previsões para o fornecimento de água nas cidades e

nos bairros respectivos aos quais presta serviço, é o caso de cidades como

Caruaru, onde a distribuição é “de 4 dias com água e 12 dias sem”

(COMPESA, S/D, informação eletrônica).

Assim, a sustentabilidade é marcante nas estratégias de marketing

desenvolvidas pela marca COMPESA, seu esforço demonstra-se no sentido de

conscientizar o uso da água, mas a própria empresa falha no racionamento,

fato indicado pelas queixas na prestação dos serviços, realizadas pelos

consumidores.

Ações como de concursos culturais são patrocinados pela COMPESA,

bem como eventos ligados à saúde, como corridas, caminhadas.

59

Figura 4: Concurso Cultural da COMPESA (Dia Mundial da Água)

Março/2016

Fonte: http://servicos.compesa.com.br/dia-mundial-da-agua-concurso-premiaestudantes/

Figura 5: Medalha da corrida nightrun patrocinada pela COMPESA

(julho/2016)

Fonte: Autora

Figura 6: Camisa da corrida nightrun patrocinada pela Compesa (julho/2016)

Fonte: Autora

60

Sobre o meio ambiente, expõe a COMPESA em seu site institucional:

Visando contribuir para o desenvolvimento sustentável, a Compesa oferece serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário buscando correlacionar suas atividades sob a ótica da responsabilidade socioambiental e o compromisso em preservar os recursos necessários a futuras gerações. Neste sentido, a empresa busca desenvolver suas atividades em consonância com a legislação ambiental em níveis federal, estadual e municipal, capacitando seus gestores para tomadas de decisões com foco nas questões ambientais, e vem ampliando, ao longo dos anos, seus investimentos na preservação dos recursos hídricos que abrangem o estado de Pernambuco, contribuindo desta forma para a qualidade de vida da população. (COMPESA, S/D, informação eletrônica)

Ainda este ano, no mês de março a COMPESA promoveu campanha de

“consumo consciente” (COMPESA, S/D, informação eletrônica) e nesta

campanha atribuiu a seus próprios funcionários a utilização de produtos de

forma consciente; como ar condicionados; copos descartáveis; a água, com a

finalidade de transmitir que “essas ações são o princípio de uma mudança de

comportamento que levará a empresa a reforçar seus valores, como o de atuar

com responsabilidade sobre os recursos naturais” (COMPESA, S/D,

informação eletrônica).

61

Figura 7: Campanha Consumo Consciente COMPESA (março/2016)

Fonte: http://servicos.compesa.com.br/compesa-lanca-campanha-de-consumo-

consciente/

A COMPESA utiliza estratégias voltadas para o racionamento de água,

em torno do “consumo consciente” (COMPESA, S/D, informação eletrônica),

contudo, pretende-se, por meio deste trabalho, verificar se tal reposicionamento

da imagem desta empresa é de fato entendida pelos seus

consumidores/usuários, no que diz respeito aos valores criados ou se a sua

imagem remete a outros sentimentos associados à marca pela obrigação na

prestação do serviço público, independente de quaisquer eventualidades.

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A partir deste ponto serão demonstrados a abordagem e o método da

pesquisa, como também seus instrumentos. Da mesa forma, será demonstrado

de que maneira serão coletados os dados, o locus e sujeitos do presente

trabalho, com a intenção de investigar o problema anteriormente apresentado.

62

4.1 Caracterização da pesquisa

A realização de uma pesquisa requer, além da apresentação dos

objetivos, a escolha de procedimentos adequados, que através dos métodos

que serão aplicados respondam às questões inicialmente levantadas.

Para a presente pesquisa foi escolhida a abordagem qualitativa por

preocupar-se com a interpretação ao analisar o sentimento e comportamento

do consumidor frente às estratégias de comunicação e marketing da empresa

COMPESA. Inclusive, como são percebidos pelos consumidores os valores

construídos por esta empresa, já que atua sem concorrentes diretos,

praticamente em regime de monopólio, comparando com ambientes

naturalmente comerciais.

Entende-se como a comparação elemento importante na abordagem

qualitativa, “a principal ferramenta intelectual é a comparação” (GIL, 2010, p.

176). Assim identifica-se uma maior quantidade de estudos sobre marcas que

disputam mercado, no caso do estudo em comento, há o diferencial a ser

comparado quando de uma marca criada para concessionária de serviço

público.

Tais percepções dos consumidores serão categorizadas, agrupadas e

organizadas, conforme indica Gil (2010) sobre análise qualitativa, tais fases

terão como consequência conclusões que chegam à saturação do tema,

capazes de “suportar explicações alternativas” (GIL, 2010, p. 176).

Embora possua um dos acionistas o poder público é a COMPESA

possuidora de determinada estratégia de marketing próprio e que desperta

interesse já que desafia padrões, como acontecimentos naturais, para a devida

prestação do serviço contratado.

O estudo caracteriza-se como pesquisa social, pois "permite a obtenção

de novos conhecimentos no campo da realidade social" (GIL, 2010, P. 26).

Sobre a realidade social, indica este mesmo autor, tratar além do

relacionamento entre os homens, destes com as instituições sociais.

Pretende-se verificar através de entrevistas que serão realizadas com os

consumidores/usuários da COMPESA, se estes a percebem como empresa

que possui valores próprios e quais esses valores ou se, a confundem com o

Estado, propriamente dito. Segundo Gil (2010, p. 176) sobre a finalidade do

63

estudo da pesquisa qualitativa “não é simplesmente descrevê-los, mas

promover algum tipo de explicação”.

Para coleta dos dados bibliográficos servirão como fonte os livros; leis;

documentos; dissertações.

A respeito da finalidade da pesquisa, será exploratória. De acordo com

Gil (2010, p. 27), pesquisa exploratória é aquela que tem como “principal

finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em

vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para

estudos posteriores”.

Além do que, as pesquisas exploratórias são realizadas tipicamente

através de bibliografias e documentos, como é o caso do presente trabalho.

Diferentemente das pesquisas quantitativas que partem para “procedimentos

de amostragem” (GIL, 2010, p. 27), bem como, “a pesquisa exploratória não

requer a elaboração de hipóteses a serem testadas no trabalho” (CERVO et al,

2007, p. 63).

Nesta mesma linha, o estudo classifica-se como descritivo, pois irá expor

como as estratégias de comunicação utilizadas pela marca COMPESA são

interpretadas e sentidas pelos consumidores/usuários. Encontra-se nas

pesquisas descritivas, pesquisas que, segundo Gil (2010, P. 28), “se propõem

estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as

condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se

registra etc”.

Importa reforçar que a empresa do caso estudado foi criada pelo Estado

de Pernambuco e presta serviço a mais de 100 cidades deste estado. Destaca-

se sua atividade eminentemente pública no fornecimento de água e tratamento

de esgoto sanitário da região.

Conforme o estudo teórico levantado, identificou-se a não prestação do

serviço com eficiência pela empresa enquadrada como concessionária de

serviço público. Assim, o estudo utilizará a pesquisa descritiva também pelo

fato de que necessita “levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma

população” (GIL, 2010, p. 28).

Por se tratar de ambiente diferente do concorrencial, desperta o

interesse em investigar como a marca COMPESA se comunica com seu

público alvo e conforme concorda Cervo et al (2007) o estudo descritivo se

64

dedica a “identificar as representações sociais e perfil de indivíduos e grupos”

(CERVO et al, 2007, p. 63).

No que diz respeito às técnicas adotadas, trata-se de um estudo de caso

que conforme conceitua Gil (2010, p. 58) “é caracterizado pelo estudo profundo

e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir o seu

conhecimento amplo e detalhado”.

O estudo de caso adequa-se a presente pesquisa, pelo fato de que será

analisada a percepção do consumidor em relação a uma empresa em

específico, qual seja, COMPESA, que presta serviço de fornecimento de água

e tratamento de esgoto sanitário do Estado de Pernambuco.

Serão investigadas as estratégias de comunicação de marca

pertencente a uma empresa sem concorrentes diretos, ambiente diferenciados

dos estudos comumente encontrados.

De acordo com Yin (2001, p. 32) apud Duarte e Barros (2015, p. 219):

o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas.

Por se tratar de estudo pouco explorado cientificamente, já que os

estudos sobre marcas dedicam-se às transações comerciais ou a entidades

sem fins lucrativos, cabe a opção pelo estudo de caso para a pesquisa ora

pretendida, pois de acordo com Gil (2010, p. 58):

O estudo de caso vem sendo utilizado com frequência cada vez maior pelos pesquisadores sociais, visto servir as pesquisas com diferentes propósitos, tais como: a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e c) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.

Nesta mesma linha do incomum, que trata a presente pesquisa,

consideram Duarte e Barros (2015, p. 219):

65

O estudo de caso deve ter preferência quando se pretende examinar eventos contemporâneos, em situações onde não se podem manipular comportamentos relevantes e é possível empregar duas fontes de evidências, em geral não utilizadas pelo historiador, que são a observação direta e série sistemática de entrevistas.

Outra propriedade que firma a escolha pelo estudo de caso para o

presente trabalho é a característica da flexibilidade desta técnica de estudo,

que conforme Yin (2001, p. 76) apud Duarte e Barros (2015, p. 228) “a questão

da flexibilidade e dos projetos de estudo de caso está na seleção de casos

diferentes daqueles inicialmente identificados (tendo a documentação

adequada dessa mudança), mas não na alteração do propósito ou dos

objetivos do estudo para se adaptar ao(s) caso(s) que foi(ram) encontrado(s)”.

A flexibilidade toca o objetivo proposto neste trabalho, pois em certos

momentos trata-se de espaço público, já que a empresa presta serviços

públicos e em outros momentos, realiza atividades econômicas, já que os

consumidores possuem contratos com a COMPESA e pagam pelos serviços.

Ao final da pesquisa, será realizada uma análise dos dados coletados de

acordo com o que será detalhado a seguir no desenho da pesquisa.

4.2 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos do presente trabalho são os consumidores/usuários dos

serviços fornecidos pela COMPESA, que foram entrevistados pela própria

pesquisadora. Os entrevistados responderam às questões a eles

apresentadas, entrevista a qual será explicada no próximo tópico, como

instrumento de coleta de dados.

Foram realizadas entrevistas com consumidores da COMPESA no

Município de Caruaru, região localizada no Agreste Pernambucano, atingida

pelo fenômeno da seca há várias décadas. Cidade na qual, a concessionária

COMPESA é destaque nos índices de reclamações dos seus usuários, como

indica o PROCON Caruaru, que marcou 901 reclamações apenas no ano de

2015.

66

A cidade escolhida teve o propósito de verificação das estratégias na

área do marketing para criação de valores e reposicionamento da marca

COMPESA devido ao difícil cenário de atuação na prestação dos serviços da

empresa nesta região, devido à escassez de água e chuvas.

Dentre os entrevistados consumidores/usuários, destaca-se os que

utilizam os serviços da COMPESA mas nunca realizaram reclamações contra a

empresa, bem como, usuários que já possuíram registros de queixa em face da

mesma. De modo a viabilizar uma análise equilibrada dos dados coletados.

Dos entrevistados, 12 já reclamaram junto à COMPESA pelos seus serviços e

09 nunca precisaram reclamar, todos domiciliados na cidade de Caruaru/PE.

4.3 Instrumento de coleta de dados

O instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista, já que pretendeu-se

através dos consumidores, usuários da COMPESA, verificar seus sentimentos

refletidos na relação com a marca COMPESA, e os valores à esta atribuídos.

A intenção da entrevista objetivou, conforme destaca Gil (2010, p. 109),

“uma interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo

assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se

apresenta como fonte de informação”.

A entrevista embora tenha se guiado por um roteiro, foi realizada de

forma semi-aberta, apropriada à pesquisa qualitativa. Utilizou-se questões

sobre: de que maneira é percebida a marca COMPESA pelo usuário, por ser

prestadora de serviço tipicamente público? Foram investigados os sentimentos

e o que esperam os consumidores da COMPESA, quando das suas políticas

de reposicionamento.

As perguntas foram direcionadas da forma que a primeira pergunta seja

explorada até esgotar a questão, segundo (DUARTE e BARROS 2015, p.

66).

Realizou-se entrevistas não estruturadas, que segundo Marconi e

Lakatos (2010, p. 180) “o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada

situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder

67

explorar mais amplamente uma questão. Em geral as perguntas são abertas e

podem ser respondidas dentro de uma conversação informal”.

A intenção foi de análise do sentimento sobre a percepção do

relacionamento do consumidor com a imagem e valores da marca COMPESA,

as perguntas realizaram-se de maneira flexível, já que foi desenvolvida

entrevista classificada como “não dirigida” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.

180) a qual garante liberdade ao entrevistado. Através desta espécie, o

consumidor de acordo com Marconi e Lakatos (2010, p. 180) “poderá expressar

suas opiniões e sentimentos”.

4.4 Técnica de análise dos dados

A partir da análise percepções e valores atribuídos pelos consumidores

da marca COMPESA, foram categorizados seus sentimentos e

comportamentos a partir das formas de comunicação da empresa. Assim para

a análise qualitativa que se pretende realizar, a presente pesquisa utilizou a

análise de conteúdo.

De acordo com Bardin (1979), a análise de conteúdo trata-se de um

conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens estudadas,

tendo como referência os sujeitos que as emitiram, e o contexto em que foram

emitidas ou os efeitos gerados.

Confirma Gil (2010, p. 153) “sobre análise de conteúdo que à medida

que as informações obtidas são confrontadas, com informações já existentes,

pode-se chegar a amplas generalizações, o que torna a análise de conteúdo

um dos mais importantes instrumentos para a análise das comunicações de

massa”.

Através da análise do conteúdo, pretendeu-se entender as mensagens

percebidas pelos consumidores da COMPESA quando das suas políticas de

reposicionamento, na questão principal, do não cumprimento do serviço ao

qual se dispõe a servir a sociedade. De acordo com Duarte e Barros (2015, p.

286) “a análise de conteúdo ocupa-se basicamente com análise de

68

mensagens, o mesmo ocorrendo com a análise semiológica ou análise de

discurso”.

As formas de comunicações são uma das espécies de categorias a

serem pesquisadas pela análise de conteúdo, conforme Krippendorff (1990, p.

45-69) apud Duarte e Barros (2015, p. 291) “comunicações: o intercâmbio de

mensagens ocorre dentro de determinado contexto e modifica as relações

estabelecidas entre duas ou mais pessoas”.

É também na análise de conteúdo que são consideradas os índices nas

pesquisas de comunicações de massa, assim ensina Krippendorff (1990, p. 45-

69, apud Duarte e Barros, 2015, p. 291):

a) a frequência com que aparece um símbolo, ideia ou tema tende a ser interpretada como medida de importância, atenção ou ênfase; b) o equilíbrio na quantidade de atributos favoráveis e desfavoráveis de um símbolo, ideia ou tema tende a servir como medida de orientação ou tendência; c) a quantidade de associações e de classificações manifestadas sobre um símbolo, ideia ou tema pode ser interpretada como uma medida de intensidade ou força de uma crença, convicção ou motivação.

Deste ponto, por ter a necessidade de verificar em que contextos são

entendidas as mensagens dispostas pela COMPESA nas suas estratégias de

marketing, perante seu público alvo e como a marca da COMPESA é

interpretada pelos usuários, entendeu-se a análise de conteúdo, método mais

apropriado para pesquisa em questão.

5 LIMITES E LIMITAÇÃO DA PESQUISA

5.1 Limites da pesquisa

A opção pela cidade de Caruaru surgiu quando a delimitação da

concessionária escolhida para análise da construção de sua marca foi a

COMPESA, já que, especialmente na cidade de Caruaru, o conflito pela

deficiência na prestação dos serviços fornecidos pela COMPESA é agravado

pela ausência de chuvas na região, o que leva a curiosidade pelo marketing e

69

brandy equity de sua marca a partir dos seus consumidores/usuários, já que a

empresa desafia as intempéries da situação climática da região agreste

pernambucano.

5.2 Limitação da pesquisa

Encontrou-se limitação durante a elaboração da pesquisa pelo fato de

que em dezembro do ano de 2016 a empresa destinada à pesquisa mudou sua

marca, alterando o símbolo utilizado, talvez na tentativa de reposicionamento,

já que se trata de uma empresa que há décadas atua junto ao Estado de

Pernambuco. De acordo com o site institucional da empresa foi notícia a

alteração da marca:

O presidente da Companhia, Roberto Tavares, destacou que o novo prédio é a marca de uma nova Compesa. “Éramos uma empresa desarticulada do ponto de vista gerencial, e o então governador Eduardo Campos nos incentivou a fazermos uma gestão mais moderna e enfrentasse todos os desafios. Foi isso que fizemos nos últimos dez anos”, afirmou, frisando que, agora, o prédio abrigará todas as diretorias da empresa. O gestor também destacou a nova marca da Compesa (COMPESA, S/D, informação eletrônica)

Assim, como a pesquisa iniciou-se no final de 2015 e durante todo o ano

de 2016 foi utilizada a marca anterior, não houve tempo hábil para adaptar a

pesquisa à nova marca (símbolo) instituída pela empresa COMPESA.

6 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste ponto do trabalho serão analisados os resultados das entrevistas

realizadas com os consumidores/usuários da COMPESA na cidade de

Caruaru/PE. O roteiro das entrevistas foi determinado com base nas categorias

de análise obtidas pela pesquisadora, que a partir de cruzamento de

informações e das inferências realizadas respondam aos objetivos geral e

específicos.

Anteriormente à análise de dados, importa apresentar os consumidores

escolhidos para participar da pesquisa. Os entrevistados são domiciliados na

70

zona urbana da cidade de Caruaru, localizada no agreste pernambucano,

conhecida pela escassez de água, considerada pela própria COMPESA como

município em “situação crítica” (COMPESA, S/D, informação eletrônica) quanto

ao abastecimento de água, especificamente no ano de 2015, que de acordo

com site oficial da COMPESA, enfrenta “a pior seca dos últimos 50 anos”

(COMPESA, S/D, informação eletrônica).

Os respondentes foram escolhidos dentre os habitantes da cidade de

Caruaru/PE e que são usuários/consumidores da COMPESA, durante os

meses de dezembro 2016 a fevereiro de 2017, são homens e mulheres;

possuem as mais diversas faixas de renda familiar. Entre os entrevistados 02

são estudantes, não dispondo de rendas fixas, outros 02 respondentes

possuem rendas que ultrapassam o valor de R$ 10.000 mensais e os demais

estão entre um salário mínimo (R$ 937,00 mensais) e R$ 4.000 mensais.

O grau de instrução dos respondentes também varia, 06 dos

entrevistados possuem ensino superior e 07 pós-graduados, fato que gerou a

expectativa do conhecimento mais profundo sobre os temas abordados.

Optou-se no presente trabalho apontar os entrevistados pela palavra

“respondentes”, indicados pela letra “R”, seguida dos números correspondentes

à posição dos entrevistados, cronologicamente do início ao fim das entrevistas,

sendo R1, o primeiro respondente da pesquisa.

As entrevistas foram realizadas nos meses de janeiro e fevereiro de

2017, atingindo, a partir da saturação em suas respostas, o número de 21

respondentes.

A cidade de Caruaru-PE foi escolhida para realização da pesquisa pela

acessibilidade permitida à pesquisadora, por também residir nesta localidade,

bem como pelo interesse em investigar de que forma é construída a imagem da

marca COMPESA e como esta é reconhecida e percebida pelo consumidor

usuário, diante da situação sofrível da ausência de água na região.

No momento da pesquisa, os usuários da COMPESA na cidade de

Caruaru são abastecidos por calendário, que no ano de 2016 funcionava: 04

dias com água e 12 sem água (COMPESA, S/D, informação eletrônica).

Os questionamentos realizados nas entrevistas em relação aos objetivos

específicos propostos na presente pesquisa foram separados da seguinte

forma:

71

Objetivos específicos:

1 Analisar a relação de consumo entre uma concessionária de serviços públicos (COMPESA) e seus consumidores; 2 Verificar de que forma a ausência de concorrência natural na prestação dos serviços de concessionária de serviço público (COMPESA) afeta a imagem de sua marca; 3 Analisar de que forma os consumidores percebem a construção da imagem de marca COMPESA na posição de concessionária de serviço público.

Questionamentos temáticos x objetivos específicos

RELACIONAMENTO USUÁRIO COM A EMPRESA COMPESA

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Há quanto tempo é usuário da COMPESA?

1 e 2

2. Já precisou tratar diretamente com a COMPESA?

1 e 2

3. Como você qualifica atendimento da COMPESA quanto à prestação de serviços?

2 e 3

4. Em alguma ocasião já houve necessidade de reclamações quanto ao serviço da COMPESA?

1; 2 e 3

5. Se houve reclamação, como você foi tratado pela COMPESA? Houve solução?

1; 2 e 3

6. Você já precisou substituir o serviço fornecido pela COMPESA

2;3

7. Você conhece canais para falar com a COMPESA, ex: FANPAGE, REDES SOCIAIS, SITE?

1, 2 e 3

Fonte: Autora

Questionamentos temáticos x objetivos específicos

PERCEPÇÃO DO USUÁRIO DA COMPESA EM RELAÇÃO À MARCA DA EMPRESA

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Quem é a COMPESA? 1,3

2. O que você sabe sobre a COMPESA e o ESTADO DE PERNAMBUCO?

1,3

3. Você conhece a marca da COMPESA? 1,3

4. Quando você vê, lê ou escuta sobre a marca COMPESA, do que você lembra?

3

5. Há diferença entre o tratamento que você recebe da COMPESA como usuário, quando comparado às outras empresas que você escolheu para prestação de serviços, como por exemplo

2,3

72

telefonia?

6. Você já viu propagandas da marca COMPESA? Quais cite as que lembrar E os assuntos abordados por elas?

2, 3

Fonte: Autora

6.1 Análise das categorias

A partir da análise das categorias inicia-se a investigação da percepção

da imagem da empresa COMPESA pelos seus consumidores/usuários. Esse

levantamento se deu por meio das entrevistas e informações fornecidas pelos

consumidores da COMPESA - respondentes desta pesquisa, classificados

como público-alvo da marca – e assim, determinadas as unidades de

significado. Segundo ensina Duarte e Barros (2015, p. 301), análise categorial

“funciona por desdobramento do texto em unidades, em categorias segundo

agrupamentos analógicos”.

Categorias de Análise x Unidades de Significado

CATEGORIAS DE ANÁLISE UNIDADES DE SIGNIFICADO

ANTIGA RELAÇÃO DE CONSUMO .Exclusividade do serviço;

.Desconhecimento do consumidor em

relação à empresa possuidora da marca.

RELAÇÃO DE CONSUMO

CONFLITUOSA

.Preocupação da empresa com o

consumidor/usuário;

.Necessidade de substituição do serviço

pelo consumidor.

FALHA NA CONSTRUÇÃO DA

IMAGEM DA MARCA COMPESA

.Conhecimento do nome da marca;

.Distância na relação entre imagem da

marca e seu consumidor/usuário.

Fonte: Autora

73

6.2 Antiga relação de consumo

Dentre os entrevistados, todos possuem relação duradoura direta ou

indireta com a COMPESA, há entrevistados que possuem contato com a

empresa desde o nascimento, há 30 anos.

Destaca-se que, neste início da relação não havia o Código de Defesa

do Consumidor, legislação que passou a fazer parte dos usuários dos produtos

ou serviços e qualificando-os como consumidores na década de 90.

Nesta análise de categoria foram abordadas as seguintes unidades de

significado: exclusividade do serviço e desconhecimento da empresa

possuidora da Marca COMPESA pelo consumidor.

A COMPESA foi criada no ano de 1971 (COMPESA, S/D, informação

eletrônica), aproxima-se dos 50 anos em atividade, logo, alguns dos

entrevistados não conhecem outra forma de prestação de água e tratamento de

esgoto no estado de Pernambuco e, mais especificamente, na cidade em que

possuem domicílio e não podia ser de outra forma, pois é a única empresa

autorizada pelo Estado para este serviço.

Embora esta relação tenha se firmado há décadas, por meio das

entrevistas infere-se que os usuários da COMPESA desconhecem a empresa.

Quando perguntados sobre quem é a COMPESA, 03 dos entrevistados

afirmaram “não saber dizer”; mas 08 dos respondentes indicaram ser “pública”,

desconhecendo que é uma espécie de empresa que guarda relação estreita

com o Estado, classificada como uma sociedade de economia mista, “tendo por

objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico

e, em algumas ocasiões prestação de serviços públicos” (CARVALHO FILHO,

2007, p. 438).

O R1 indicou resposta interessante quando questionado sobre quem é a

COMPESA, respondeu: “empresa sem dono”.

Alguns respondentes como o R5 e o R21 responderam de forma

idêntica, indicando a COMPESA como “concessionária de serviço público”.

Estes respondentes demonstraram conhecimento profundo sobre o tema, já

que classificaram a empresa estudada tecnicamente de maneira correta, assim

como o R7 que afirmou ser a COMPESA “sociedade de economia mista”.

74

Entrevistas filtradas: conceitos da COMPESA pelos usuários

“não sei dizer”; “não sei se é pública ou privada”

R4; R8; R18

“empresa sem dono” R1

“empresa pública” R3; R9; R11; R12; R13; R16; R18; R19

“empresa privada” R10; R14; R15; R17; R20

“concessionária de serviço público” R5; R21

“sociedade de economia mista” R7

“agência reguladora” R6

Fonte: Dados da pesquisa

A COMPESA é pessoa jurídica privada e não pública. O

desconhecimento da essência da empresa pelo consumidor é critério que

influencia de maneira decisiva para construção da imagem de sua marca, pois,

de acordo com os respondentes, o serviço prestado pela marca COMPESA é

um serviço do Estado, que segundo os entrevistados ocorre de maneira

“razoável”, sem preocupação eficaz com seus usuários.

No tocante à unidade de significado do desconhecimento da empresa

possuidora da marca COMPESA pelo consumidor, quando questionados sobre

se conhecem o símbolo da marca COMPESA, 15 dos entrevistados disseram

que “sim”, inclusive conceituaram a marca a partir das iniciais desta, que são

indicadas na abreviatura, COMPESA, dizendo que “a COMPESA é uma

companhia pernambucana.” Contudo, não completavam o restante da sigla,

paravam de responder na palavra “pernambucana”, não mencionando o

restante da sigla “de saneamento”, fato que demonstra a associação do

consumidor apenas ao fornecimento de água.

Notou-se o símbolo como uma das associações realizadas pelos

usuários à marca COMPESA, mas desprovido de valores, já que os usuários

lembravam sem ligá-lo a adjetivos ou complementos e sem concluir o

significado da própria sigla COMPESA.

Entrevistas filtradas: conhecimento da marca (símbolo) da COMPESA pelos consumidores

“sim conheço”; “companhia pernambucana”....; “é a que começa com “C”

R1; R2; R3; R5; R7; R8; R9; R10; R13; R14; R15; R16; R17; R18; R20

“não conheço”; “não lembro”;

R4; R6; R11; R12; R19

“sei que mudou” R21

Fonte: Dados da Pesquisa

75

O fator desconhecimento demonstra a forma distorcida do

posicionamento da marca COMPESA, tendo em vista que o posicionamento

“corresponde ao significado específico pretendido para uma marca nas mentes

dos consumidores” (TYBOUT e CALKINS 2006, p. 11).

Esta reflexão põe em dúvida se houve realmente o envelhecimento da

marca COMPESA, bem como se há necessidade de reposicionamento, pois a

impressão é de nunca ter ocorrido o posicionamento efetivo da marca.

Por meio das respostas, percebeu-se ausência de definição da marca

na mente e experiências dos consumidores, embora seja uma relação

duradoura, marcada por décadas.

6.3 Relação Conflituosa de Consumo

Nesta categoria de análise foram definidas como unidades de

significado: preocupação da empresa com o consumidor/usuário e a

necessidade de substituição do serviço pelo consumidor. A partir das respostas

coletadas nas entrevistas realizadas, 11 dos respondentes já necessitaram

entrar em contato com a empresa COMPESA e quando indagados sobre como

foram tratados diante dos assuntos levados à empresa, destacaram o bom

atendimento, exceto um dos respondentes, o R 13, que disse sentir um formato

“protocolar” no atendimento.

Percebeu-se diante das respostas, que os consumidores/usuários têm

sim acesso fácil à empresa, bem como conseguem por ela ser atendidos e

classificam o atendimento como “bom”, segundo respostas dos entrevistados.

Contudo, neste ponto nasce o primeiro conflito da relação usuário versus

COMPESA.

Apesar de serem bem tratados pela COMPESA, quando questionados

sobre a qualificação do serviço prestado por esta concessionária de serviços

públicos, os entrevistados classificaram como “regular” e “deficiente”, respostas

que refletem, portanto, a insatisfação do cliente em relação ao serviço da

marca estudada, tal inferência se dá por entender, conforme explica Zeithaml,

Bitner e Gremler (2014, p. 79), que:

76

Em outras palavras, satisfação é a avaliação do cliente para um produto ou serviço em termos de ele atender as expectativas e necessidades deste cliente. O fracasso em atender a essas necessidades e expectativas é entendido como a causa da insatisfação com o produto ou serviço.

A pesquisa revelou que a experiência do consumidor da COMPESA é

negativa, 11 dos respondentes destacam que entraram em contato com a

empresa para registrar queixas e reclamações. Bem como, 13 entrevistados

confirmaram que já necessitaram substituir o serviço que deveria ser ofertado

pela COMPESA, pela aquisição de “carros pipa” ou tentam armazenar água o

máximo possível, diante do calendário imposto pela COMPESA em relação aos

bairros da cidade de Caruaru.

Identifica-se a preocupação da empresa em atender o CONSUMIDOR

diante de suas queixas, mas distante é a intenção com a prestação a contento

do serviço para o qual foi autorizada.

Infere-se que a ausência da prestação de serviços e a necessidade

reiterada da sua substituição pelo consumidor, influencia na reputação da

marca COMPESA, sobretudo na confiança nesta depositada, pois, uma vez

que é classificada pelos consumidores como pública, teria, em tese,

responsabilidade pública, devendo o serviço ser prestado com eficiência.

Tal inferência já é inclusive determinada por lei, conforme dispõe o

Código de Defesa do Consumidor dispõe no seu art. 22:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Na realidade o serviço tem que ser contínuo, independente de quaisquer

desculpas pela impossibilidade da prestação do serviço. Por ser um serviço

delegado pelo poder público e pelo fato dos entes públicos possuírem

responsabilidade direta e objetiva, não é cabível o uso de excludentes pela

ineficiência do serviço.

77

6.4 Falha na construção da imagem da marca COMPESA

Embora a relação entre o consumidor/usuário da marca COMPESA seja

baseada na intangibilidade, já que a proposta da empresa é a prestação de

serviços, “dado que serviços são execuções, ações, e não objetos, eles não

podem ser vistos, sentidos, experimentados nem tocados da mesma maneira

que um bem tangível”. (ZEITHAML, BITNER E GREMLER, 2014, p. 79), por já

possuírem uma relação de anos, as experiências dos consumidores em relação

a COMPESA, são devidamente conhecidas pelos usuários da marca.

As informações confirmadas por 12 dos entrevistados que já

necessitaram entrar em contato com a empresa, alguns por mais de uma vez,

demonstram que os reflexos e associações dessa relação de consumo não são

positivos, fator que tem como consequência o repúdio à marca.

Um dos ativos da marca constituído pelo brandy equity é o valor que

esta possui para os consumidores (AAKER, 1998, p. 16) e este valor é

construído pelas associações que o usuário realiza diante de suas

experiências.

Para analisar a categoria definida pela pesquisadora como falha na

construção da Imagem da marca COMPESA optou-se por discutir as seguintes

unidades de significado: conhecimento do nome da marca e distância na

relação entre imagem da marca e seu consumidor/usuário.

Conforme destacado na fundamentação teórica desta pesquisa, a

COMPESA, possui dentre as classificações de marcas, a marca nominal, além

de um símbolo, possui a sigla do seu nome abreviado. Alguns respondentes, 5

deles, desconheciam o símbolo da marca, o reconhecem apenas porque é

seguido de sua abreviatura na parte inferior.

Cabe lembrar que “um símbolo pode ser o elemento central do brand

equity, a característica diferencial chave da marca. (AAKER, 1998, p. 208), mas

no caso da COMPESA, o símbolo não é mais reconhecido do que o nome

pelos usuários.

Quanto às associações, quando questionados sobre o que sentiam ao

ter contato com a marca COMPESA, seja da forma oral, escrita, destaca-se as

seguintes respostas: “água”; “mensagens negativas”; “extinção”; “chuva”, mas

78

como resposta saturada foi a “falta de água”. Tais respostas, demonstram as

associações negativas que os consumidores possuem em relação à marca.

Entrevista filtrada: associações na mente dos consumidores após contato com a

marca COMPESA “falta de água”; “crise de água”; “mensagens negativas”;

R1; R2; R3; R4; R7; R10; R15; R19

“descaso”; R12; R13

“sentimento de extinção”; R10

“ausência de informação”; R11

“serviço de água e esgoto”; “água”; “água e tratamento”; “agua e chuva”

R5; R6; R8; R9; R17

“indiferente”; R16

“mensagem positiva: reconheço o esforço desenvolvido pela COMPESA”

R14

“símbolo azul”; R18

“saneamento”; R20

“incompatível com o que é pago” R21

Fonte: Dados da pesquisa

Neste ponto, há, portanto, a seguinte reflexão sobre a relação

contraditória entre o nome da marca e suas associações: “embora o nome da

marca seja reconhecido, suas impressões e experiências pelos consumidores

são ruins”. (AAKER, 1998, p. 233)

A empresa COMPESA, possui as mais diversas espécies de públicos-

alvo, seus stakeholders possuem universo difícil de ser completamente

atingido, já que é a única concessionária de serviços público do Estado de

Pernambuco, daí, talvez uma das principais dificuldades de construção de sua

marca de maneira direcionada, fator que justifica a escolha dos respondentes

de forma aleatória pela pesquisadora do presente trabalho.

Entretanto, o desafio apresenta-se maior em atender ao público-alvo das

regiões onde o abastecimento de água é mais difícil, como no caso da região

do agreste estudada.

Pela percepção dos respondentes em relação ao valor da marca, infere-

se a construção falha, já que a maior parte das respostas, 13 dos entrevistados

quando questionados sobre o sentimento associado quando entram em contato

com a marca, as respostas foram negativas. Apenas um, o R 14, disse

79

“reconheço o esforço desenvolvido pela COMPESA”, mas a maioria lembra

realmente da “falta de água”.

Quanto à unidade de significado acerca da distância na relação entre

imagem da marca e seu consumidor/usuário, tal inferência foi confirmada. A

maior parte, 12 dos respondentes afirmaram não haver diferença entre o

tratamento disposto pela COMPESA ao seu usuário e empresas que possuem

concorrência, como por exemplo a telefonia, utilizada como parâmetro na

pergunta 3.5, disposta no apêndice A, do presente trabalho.

Alguns respondentes, destacando suas profissões e níveis de

conhecimento, tais como o R13; R14; R15 percebem haver diferença no

tratamento, disseram respectivamente:

“a compesa e a empresa de telefonia são diferentes os tratamentos, não dá para comparar”; “há diferença sim, a COMPESA possui mais responsabilidade”; “há diferença sim, as empresas são mais rápidas no atendimento”

Entrevistas filtradas: COMPESA comparada ao tratamento de empresas que possuem concorrência

“semelhantes”; “a mesma coisa”; “sem diferença”; “mesmo tratamento”; “não percebo diferença”; “tudo igual”

R1; R2; R3; R6; R7; R8; R10; R11; R12; R17; R20; R21

“diferente a COMPESA é monopólio”; “são diferentes os tratamentos, não dá para comparar”; “rapidez das outras empresas”; “diferente e o atendimento da COMPESA não é bom”; “diferentes, a empresa escolhida é melhor”;

R5; R13; R15; R16; R19

“a COMPESA tem mais responsabilidade”; “tratamento da COMPESA é melhor, busca solucionar os problemas”;

R4; R9; R14; R18

Fonte: Dados da Pesquisa

Quanto à comunicação da marca, foi adaptada à unidade de significado

que demonstra a distância entre a imagem da marca e o consumidor/usuário,

pois apenas 9 entrevistados responderam que já viram a marca em

80

propagandas, ou seja, infere-se que o brandy equity, da COMPESA também é

falho, já que seus consumidores desconhecem eventos e estímulos associados

ao marketing da empresa.

De acordo com a fundamentação teórica, a COMPESA pode ser

classificada como marca social, ou seja, a ideia de responsabilidade e

consumo sustentável são vistos como interesse em repassar ao seu usuário,

mas não critérios identificados pelos mesmos.

Vários responderam conhecer propagandas em mídia, como “na

televisão”, apenas o R14 lembrou ter visto a marca COMPESA em eventos, já

o R13, disse “sim, mas não me lembro”.

O R19 lembrou de propagandas específicas “apenas de racionamento e

para cobrança da conta”.

Percebe-se, mais uma vez, a distância existente entre a imagem da

marca COMPESA e seu público-alvo, uma vez que seus usuários sabem que

existe marketing, mas este não é bem posicionado, pois os consumidores não

conseguem associá-lo à marca.

Destaca-se o R17 que quando entrevistado sobre já ter visto

propagandas da marca COMPESA respondeu da seguinte forma: “nunca, só

existe ela, vai fazer propaganda para quê?”.

Entrevistas filtradas: contato dos usuários/consumidores com mídias e propagandas da COMPESA

“nunca”; “não”; “nunca, só existe ela, vai fazer propaganda para quê”; “não que eu saiba”

R1; R2; R4; R5; R6; R8; R11; R12; R16; R17; R20

“sim”; “sim, propaganda de racionamento”; “sim, mas não lembro”; “sim, eventos”; “sim, na TV”;

R3; R7; R9; R10; R13; R15; R18; R19; R21

Fonte: Dados da Pesquisa

Infere-se a ausência da construção de valores positivos e concretos com

relação à COMPESA por parte de seus consumidores. As respostas dos

entrevistados não destacaram a percepção de esforço da COMPESA com o

serviço a ser prestado, muitos enfatizaram nunca terem visto propagandas ou

81

mídias e alguns responderam apenas “sim”, sem complementos sobre contatos

com o marketing da empresa.

A marca COMPESA em seu site, conforme foi relatado nesta pesquisa

no ponto 3.3, possui políticas de estímulo à conscientização no uso da água,

mas de acordo com os respondentes, nenhum teve contato marcante com tais

movimentos de reposicionamento da marca, fato que atesta a distância entre a

imagem da marca e o consumidor/usuário.

A imagem da empresa estudada neste trabalho, se contrapõe a ideia de

que, embora a COMPESA aja com monopólio, sua preocupação em firmar-se

como empresa prestadora de serviços de água e saneamento no Estado de

Pernambuco, inexiste, assemelha-se, inclusive com qualquer empresa, com

concorrentes.

7 CONCLUSÕES

A partir da pesquisa realizada e das entrevistas aos

consumidores/usuários da empresa estudada, COMPESA, conseguiu-se

responder aos objetivos levantados na apresentação do trabalho.

O objetivo geral foi atendido, quanto ao valor da marca de uma

concessionária de serviço público, os consumidores, sujeitos da pesquisa,

mostraram total indiferença à construção da marca da concessionária de

serviço público.

Identificou-se que as associações da marca na mente dos consumidores

são negativas, quando não existentes, embora os mesmos qualifiquem como

de regular a bom o atendimento ao consumidor, quando da necessidade de

contato com a mesma.

Quanto ao primeiro objetivo específico foi analisada com profundidade a

relação da COMPESA e seus usuários, classificando a relação como antiga e

conflituosa, já que de fato foi constatado que os consumidores não conhecem a

empresa com a qual realizam contrato mensalmente, pois a classificaram como

pública e não privada.

Verificou-se, portanto, a não construção efetiva da marca, ou seja, do

seu não posicionamento eficaz, de acordo com os valores da marca indicados

pelos consumidores.

82

O segundo objetivo específico, também foi atendido. Destaca-se que por

ser a única forma de fornecimento do serviço a que se presta, ocorrendo a

falha pela COMPESA, resta aos consumidores resolverem o problema por

conta própria, pois inexiste possibilidade de recorrer a uma empresa

concorrente.

Praticamente todos os consumidores já necessitaram substituir o serviço

de outra forma, que inclusive lhe geraram gastos, principalmente na região

analisada, onde tal despesa é recorrente, de acordo com os respondentes.

A pesquisadora concluiu que a relação da COMPESA e o consumidor é

marcada pela confusão quanto à origem da prestação do serviço, pois o

consumidor tem formas de comunicação com a empresa, mas no final não é

atendido, acaba necessitando substituir o serviço. O saldo final, portanto, é

uma relação negativa.

No que diz respeito ao terceiro objetivo específico, os respondentes

indicaram falhas na construção da imagem da marca COMPESA, pois

conhecem o símbolo da marca, mas não a associam à prestação do seu

serviço, mas sim à ausência dele.

As entrevistas foram satisfativas para resposta do terceiro objetivo

específico. As associações indiferentes já presentes há anos na mente dos

usuários da única prestadora de água e saneamento básico do Estado de

Pernambuco, fazem com que os usuários não reconheçam as tentativas de

reposicionamento da empresa, bem como, não percebam as iniciativas da

mesma de aproximação da marca aos seus consumidores.

Destaca-se que além do fornecimento de água, a COMPESA é

responsável pelo saneamento básico do Estado de Pernambuco, atividade que

foi lembrada por apenas 01 dos respondentes.

Os consumidores da COMPESA nunca associaram a real construção e

posicionamento inicial da marca, pois sempre foi imposta e não oferecida a

eles.

As tentativas de reposicionamento da COMPESA não são identificadas

nem sentidas pelos seus consumidores.

Neste ponto, indica-se a contribuição teórica do presente estudo, a

análise da construção invertida da marca de uma concessionária de serviço

público, já que uma vez que é imposta sua utilização, não direcionam o

83

consumidor a escolha de uma marca que mais lhe interesse ou lhe traga

satisfação.

Quanto à contribuição prática, o estudo leva a necessidade da

COMPESA se aproximar do seu usuário. As políticas utilizadas, que lhe

enquadram em marcas sociais, direcionadas à sustentabilidade e a alteração

de consciência do consumidor, no tocante ao racionamento de água e

consequente uso correto de recursos naturais, não alcançam de forma positiva

o seu público-alvo.

Os reflexos desta relação de consumo indicados pelos usuários

respondentes levaram a pesquisadora concluir que, pelo fato destes não

reconhecerem a prestação de serviço com a qualidade esperada pelo

consumidor, não há identificação na preocupação da empresa com outras

espécies de brandy equity, tal como o racionamento, utilização correta da água.

As associações nas mentes dos consumidores da COMPESA devem ser

reconstruídas, uma vez que foram introduzidas de maneira equivocada, não os

faz identificar os valores propostos pela marca, tendo como consequência: a

construção duradoura de uma imagem negativa.

Pelo fato do presente trabalho ter sido realizado por meio da pesquisa

exploratória e descritiva, cabe indicar estudos para o firmamento do aspecto

social de uma marca pertencente a uma concessionária de serviço público.

Verificou-se por meio da análise de dados que os consumidores tratam e

percebem a empresa analisada, COMPESA, como outra qualquer, embora

essa possua responsabilidade maior, pois trata de serviço público essencial,

em tese deveria despender maior atenção ao seu consumidor/usuário.

Assim a título de sugestões, cabe novas pesquisas identificar melhor o

seu público-alvo da empresa, especialmente o da região geográfica neste

estudo analisada, o agreste pernambucano, o qual a situação de chuvas e

abastecimento de água são precários.

Há necessidade da COMPESA aproximar-se do seu

usuário/consumidor, utilizar-se de políticas no marketing social que

demonstrem o esforço e superação utilizados pela empresa para suprir a

escassez de água em cidades que sofrem com a seca, a fim de modificar a

imagem negativa construída, há anos, na mente dos clientes.

84

Necessária apresentação dos serviços prestados pela empresa à

sociedade de forma clara e direta e quais os seus verdadeiros fins, já que

diante da pesquisa os consumidores conhecem o símbolo da marca, a

percebem, mas recepcionam apenas um dos serviços prestados pela

COMPESA, na verdade a falta do serviço, qual seja, ausência da prestação de

água.

Interessante, reforçar o critério da sustentabilidade e do racionamento

para concretização dos valores da COMPESA diante dos usuários e assim

reposicionar a imagem da sua marca. Talvez um início para a reconstrução da

marca e redefinição de seus valores perante os consumidores, seja a partir da

inclusão do próprio usuário nas suas políticas sociais para que entenda e

participe da prestação do serviço essencial de fornecimento de água e

tratamento do esgoto.

85

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89

APÊNDICE – Roteiro da Entrevista Individual

1. IDENTIFICAÇÃO DO RESPONDENTE

1.1 NOME:

1.2 IDADE:

1.3 SEXO:

1.4 ESTADO CIVIL:

1.5 GRAU DE INSTRUÇÃO:

1.6 PROFISSÃO:

1.7 RENDA FAMILIAR:

1.8 RESIDÊNCIA URBANA OU RURAL?

2. RELACIONAMENTO USUÁRIO COM A EMPRESA COMPESA

2.1 HÁ QUANTO TEMPO É USUÁRIO DA COMPESA?

2.2 JÁ PRECISOU TRATAR DIRETAMENTE COM A COMPESA?

2.3 COMO VOCÊ QUALIFICA O ATENDIMENTO DA COMPESA QUANTO À

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS?

2.4 EM ALGUMA OCASIÃO JÁ HOUVE NECESSIDADE DE RECLAMAÇÕES

QUANTO AO SERVIÇO DA COMPESA?

2.5 SE HOUVE RECLAMAÇÃO COMO VOCÊ FOI TRATADO PELA COMPESA?

HOUVE SOLUÇÃO?

2.6 VOCÊ JÁ PRECISOU SUBSTITUIR O SERVIÇO FORNECIDO PELA COMPESA?

2.7 VOCÊ CONHECE CANAIS PARA FALAR COM A COMPESA, EX:FANPAGE,

REDES SOCIAIS, SITE...

3. PERCEPÇÃO DO USUÁRIO DA COMPESA EM RELAÇÃO À MARCA DA

EMPRESA

3.1 QUEM É A COMPESA?

3.2 O QUE VOCÊ SABE SOBRE A COMPESA E O ESTADO DE PERNAMBUCO?

3.2 VOCÊ CONHECE A MARCA DA COMPESA?

3.3 QUANDO VOCÊ VÊ, LÊ OU ESCUTA SOBRE A MARCA COMPESA O QUE

VOCÊ LEMBRA?

3.4 HÁ DIFERENÇA ENTRE O TRATAMENTO QUE VOCÊ RECEBE DA COMPESA

COMO USUÁRIO QUANDO COMPARADO ÀS OUTRAS EMPRESAS QUE VOCÊ

ESCOLHEU PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, COMO POR EXEMPLO

TELEFONIA?

90

3.5 VOCÊ JÁ VIU PROPAGANDAS DA MARCA COMPESA? QUAIS CITE AS QUE

LEMBRAR E OS ASSUNTOS ABORDADOS POR ELAS?