Karl Frederick

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Whitemarsh 1 Belo Horizonte: uma cidade pronta para receber o mundoQuando eu resolvi vir a Belo Horizonte por intercâmbio para estudar a língua portuguesa na UFMG, tinha que descrever onde ficaria durante um ano. Expliquei que “BH é a terceira cidade do Brasil,” às vezes acrescentando que “é a capital do estado de Minas Gerais”. Mas, mesmo assim, custava a achar alguém que, pelo menos, tinha ouvido falar da cidade. No caso do estrangeiro médio, Belo Horizonte e Minas Gerais ainda não estão no mapa mundial mental, apesar do estado ser aproximadamente igual ao tamanho da França. Porém, daqui a pouco, tudo isso vai mudar e de uma maneira drástica. Atualmente, a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo estadual de Minas Gerais têm se preparado para sediar dois eventos tão gigantescos que até merecem o prefixo mega. Esses dois megaeventos serão, na verdade, duas copas: a Copa de Confederação da FIFA 2013 e a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, o segundo maior evento esportivo do planeta. Na esfera municipal, o órgão governamental responsável pelo planejamento e pela execução das copas em Belo Horizonte é o Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014: um nome grande para um setor com uma responsabilidade igualmente grande. Desde abril de 2012, eu fui estagiário no Comitê, agindo como tradutor/intérprete, traduzindo material promocional, comunicações da FIFA, e apresentações voltadas para audiências de fala inglesa. Nas palavras do Comitê, Belo Horizonte “promete dar show” para os apaixonados do futebol e turistas que virão conhecer a cidade durante as copas de 2013 e 2014. Contando os dois torneios a serem sediados, a capital mineira terá o segundo maior número de jogos, sendo 9 no total. Já especificamente para

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Aluno do programa voluntariado internacional.

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Whitemarsh 1

Belo Horizonte: “uma cidade pronta para receber o mundo” Quando eu resolvi vir a Belo Horizonte por intercâmbio para estudar a

língua portuguesa na UFMG, tinha que descrever onde ficaria durante um ano.

Expliquei que “BH é a terceira cidade do Brasil,” às vezes acrescentando que “é a

capital do estado de Minas Gerais”. Mas, mesmo assim, custava a achar alguém

que, pelo menos, tinha ouvido falar da cidade. No caso do estrangeiro médio, Belo

Horizonte e Minas Gerais ainda não estão no mapa mundial mental, apesar do

estado ser aproximadamente igual ao tamanho da França. Porém, daqui a pouco,

tudo isso vai mudar e de uma maneira drástica.

Atualmente, a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo estadual de Minas

Gerais têm se preparado para sediar dois eventos tão gigantescos que até

merecem o prefixo mega. Esses dois megaeventos serão, na verdade, duas

copas: a Copa de Confederação da FIFA 2013 e a Copa do Mundo da FIFA Brasil

2014, o segundo maior evento esportivo do planeta. Na esfera municipal, o órgão

governamental responsável pelo planejamento e pela execução das copas em

Belo Horizonte é o Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo da FIFA Brasil

2014: um nome grande para um setor com uma responsabilidade igualmente

grande. Desde abril de 2012, eu fui estagiário no Comitê, agindo como

tradutor/intérprete, traduzindo material promocional, comunicações da FIFA, e

apresentações voltadas para audiências de fala inglesa.

Nas palavras do Comitê, Belo Horizonte “promete dar show” para os

apaixonados do futebol e turistas que virão conhecer a cidade durante as copas

de 2013 e 2014. Contando os dois torneios a serem sediados, a capital mineira

terá o segundo maior número de jogos, sendo 9 no total. Já especificamente para

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a Copa do Mundo 2014, serão 6 jogos e — o que é melhor — pelo menos 3 jogos

incluirão seleções internacionais de destaque como, por exemplo, a Espanha, a

Inglaterra, a Itália, a Holanda, ou a Argentina. Além do mais, um jogo semifinal

acontecerá em BH. Durante os três jogos em 2013 e os seis em 2014, todos os

olhos do mundo estarão focados na nossa Belo Horizonte. Mas, antes que isso

possa acontecer, há que se realizar uma litania de preparativos para que BH

arrase nas copas.

Contudo, conforme as minhas conversas com amigos de fora, está

circulando uma certa dúvida se as preparações no Brasil realmente vão estar

prontas a tempo. Após trabalhar no Comitê, eu vejo que essa dúvida, embora

possa ter papel construtivo e de incentivo, não tem base. Para garantir o sucesso

da cidade durantes esses megaeventos esportivos, o Comitê — em parceria com

a Prefeitura e o Governo de Minas Gerais — já montou um projeto estratégico de

planejamento. O projeto conta com a seguinte visão norteadora: “Minas Gerais e

Belo Horizonte integrados na gestão da Copa do Mundo 2014 como alavanca para

o desenvolvimento econômico, social e cívico”. Essa visão reconhece a ideia de

que os investimentos e as preparações para as copas não só garantirão o êxito

mas também construirão um legado para futuras gerações. Dito projeto se compõe

por seis eixos temáticos principais que ajudam o Comitê a categorizar e conceituar

as numerosas necessidades e exigências relacionadas aos preparativos dos

eventos. Essas categorias são: mobilidade urbana, turismo e hotéis,

comunicações e marketing, utilidade pública, requisitos da FIFA, e infraestrutura

esportiva. Vejamos dois desses temas de maneira mais detalhada.

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De uma forma ou de outra, todo belorizontino — seja motorista ou não —

experimenta de primeira mão como é tentar se deslocar na cidade durante a hora

da rush. Pessoalmente, alguns adjetivos que surgem na mente seriam cansativo e

estressante. Entretanto, a Prefeitura oferece uma estratégia que promete

solucionar em parte a demanda para um fluxo de trânsito mais rápido, seguro e

eficiente. A tempo para a copa de 2014, Belo Horizonte contará com um sistema

de BRT (Bus rapid transit = Trânsito de ônibus rápido) que já está sendo

implantado nas principais vias da cidade. Para quem já andou de ônibus em

Curitiba, o sistema de BH se assemelhará à da capital paranaense. Avenida

Cristiano Machado, Avenida Antônio Carlos, e a Área Central — essas duas

avenidas importantes da cidade além da área central, que consiste de mais de

uma avenida, terão instalados a infraestrutura do BRT, com ônibus modernos de

alta capacidade, cobrança externa, embarque e desembarque ao nível das

estações e informações ao usuário atualizado. Para uma cidade que precisa

mesmo de uma solução eficaz para o fluxo de trânsito, o BRT promete agilizar o

tráfego ao trabalho, à escola, ou seja, aonde for.

Já que será mais fácil chegar aonde precisar, o destino central das copas

— o Mineirão — também está passando por um processo de revitalização. É fácil

perceber que Belo Horizonte é uma cidade verdadeiramente apaixonada pelo

futebol. Eu moro no centro e os foguetes e gritos desvairados servem como

reafirmações constantes desse fato. Tendo dito isso, não cabe dúvida de que o

coração vibrante dessa paixão é o Mineirão. Um dos estádios mais tradicionais

está em uma etapa de modernização, a ser reinaugurada dia 21 de dezembro,

2012. Depois da reforma, o Mineirão será muito mais do que um estádio qualquer.

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O plano visa o lugar como um espaço multiuso, com a esplanada sendo um dos

pontos de convívio social mais importante e especial da capital. Adicionalmente,

prevê a construção de um museu de futebol que atestará a paixão futebolística

dos mineiros.

Esses dois exemplos dos preparativos que a Prefeitura e o Comitê estão

realizando representam uma mera fração do total. Com a atenção tanto sobre o

plano como um todo quanto nos detalhes, Belo Horizonte pode se gabar de ter

uma das preparações mais adiantadas de todas as 12 cidades-sede. BH e a

população mineira — com toda a sua fama de ser acolhedora — estão prontos

para receber o mundo. Ao final das copas, se tudo der certo — e a evidência

aponta que vai — não tem como Belo Horizonte e Minas não estarem firmemente

colocados em um lugar destacado no mapa do mundo.