Karina Zen - Somatório dos Meios

download Karina Zen - Somatório dos Meios

of 38

Transcript of Karina Zen - Somatório dos Meios

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    1/38

    Karina Zen

    Somatrio dos meios

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    2/38

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    3/38

    Os fazedores de mundo

    O espao ocupado por algum sempre um espao novo, criadonaquele instante. Duas fotografias mostram um coqueiro beira deum lago. o mesmo coqueiro? Mesmo se for, ser elemento de umespao diferente em cada fotografia, pois ocupado por uma pessoa

    diferente de cada vez. A experincia de cada um, naquele espao como coqueiro, nica.Na video-instalao E.N. & L.I. Karina Zen explicita essa ideia doespao que nunca o mesmo. Quantos coqueiros existem naquelapaisagem? Quantos forem as pessoas a vivenciarem aquele espao.As duas projees de fotografias da dcada de 1950 ora mostram ocoqueiro ocupado por um homem, ora por uma mulher. E eles nuncase encontram, como nunca se encontram as percepes de mundo deduas pessoas diferentes ou da mesma pessoa em tempos diferentes.Passa o tempo, muda o coqueiro, o dela um, o dele outro. Ocoqueiro connua l at hoje, em um so em Brusque, SantaCatarina. Mas no nenhum dos coqueiros dessas fotografias dosuposto mesmo coqueiro.Ento isso que chamamos de mundo uma conveno que tentaunificar experincias mlplas, disntas. Cada um faz o mundo comseu corpo, na experincia individual e incomparlhvel de percepodas coisas. Cada um faz o mundo com seu sopro, moldando-o,inflando-o, fazendo-o ser aquele mundo especfico, que se desfarquando o fazedor de mundo no esver mais agindo para constuir

    mundo. Para o sopro, murcha o mundo. Outros se inflam no mesmoinstante.A paisagem de mundos que existem em paralelo, mundos criados porcorpos diferentes, e que chamamos, no singular, de mundo, como sefosse nico, intriga Karina Zen, que adota a fotografia e o vdeo, essessupostos registros mecnicos do real, para invesgar a simultaneidadede mundos. O real talvez seja uma garrafa cheia de mundos, tantosquantos forem os gros de areia de uma paisagem praiana. No vdeoGarrafinha, a paisagem construda com areia colorida derramadaem sua mulplicidade de gros num espao indefinido, vazio,

    desorganizando a cena pica do artesanato brasileiro; o casebre

    beira do mar com coqueiros e passarinhos volta a ser uma manchainforme de gros, volta a ser o material de que feito o mundo antesde ser moldado por um entendimento especfico e singular.Reorganizando todos aqueles gros coloridos, quantas outras cenasconseguiramos gerar? Depende de quantos esverem a organizar amancha, aplicando-a a conceitos de real.

    Os personagens vegetais da srie de fotografias Dona Morellli - FamliaPereira Dona Jandira vivem um mundo que s deles, aquelesinteriores domscos calmos, sem eventos, que adivinho quando,passando por uma pequena cidade desconhecida, vejo cadeiras nacalada, ocupadas por um fazedor de mundo para mimincompreensvel, que assiste a paisagem, sem sair do lugar,experimentando um tempo que se mede nos mesmos segundos queo meu, e que aparentemente habita o mesmo espao que eu, e cujomundo completamente outro.Se esvermos na mesma beira de lago, sentados no tronco inclinadodo mesmo coqueiro, nunca nos encontraremos, eu e voc. Estaremoscada um numa durao especfica, em mundos simultneos que nose sobrepem. Karina Zen acredita nesses mundos paralelos.

    //

    Paula Braga

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    4/38

    D. Morelli, Famlia Pereira e D. Jandira,2009

    FotografiaTrpco 25 x 38 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    5/38

    Josu Maos: Em sua videoperformance Mundo (2013) h umsujeito por trs da manifestao do mundo, figurado em seu trabalhopor um planeta inflvel, que depois volta ao seu estado nomanifesto, perdendo o ar que o d forma. Qual a origem desseprojeto? Vale pensar aqui na noo de autorrepresentao, algoprximo, inclusive, do que a arsta Lia Chaia realizou em 2002 no

    vdeo Big Bang. Contudo, ainda que haja alguma proximidade entreeles, Lia permanece com o objeto em suas mos, mesmo nomomento da dissoluo. O que em comum o fato do sujeito estarpor trs da criao de mundos, enquanto voc decide pendurar naparede o globo inflvel at que ele perde o ar que o torna mundo. Oque h nesse gesto?

    Karina Zen: Este projeto no teve origem em um momentoespecfico, pois a representao do mundo, seja ela por meio demapas ou globos, esteve presente em meu repertrio desde a

    infncia. Quando me vi com um planeta inflvel nas mos, percebique nha inmidade suficiente para realizar um trabalho.So dois corpos que ocupam a cena: o meu e o corpo planetrio. O arinspirado que me d vida no me pertence. No posso ret-lo; tenhoque devolv-lo ao espao para que se crie o fluxo que nutre meucorpo. Reforo essa ideia com o corpo planetrio que, depois decheio, esvazia-se.Considero esse gesto tambm uma metfora sobre a propriedade dacriao, pois o que coloco no mundo no me pertence; vai ser

    preenchido com os olhos de quem o v; vai ser visto a parr de suasexperincias, filtros e conceitos. Quando vazio, o espao restrito,mas existe a possibilidade de expanso a parr da nossa relao como mundo.

    JM: A ideia de um corpo ocupando a cena me fez pensar em O SujeitoDepois de Esculpido e Fotografado (2009). Sem qualquer relaoimediata, esses trabalhos parecem fazer o mesmo movimento deagregar valor ao sujeito-objeto que, por intermdio de mdiasdisntas, como a fotografia e a escultura, recebem novas camadas de

    significao. Penso tambm no sujeito que paisagem, em Dona

    Morelli, Famlia Pereira e Dona Jandira (2009). Em todos os casos, apaisagem, a fotografia e a escultura podem ser vistas comoestratgias de encobrimento e revelao parcial do sujeito.

    KZ: Enquanto realizava O Sujeito Depois de Esculpido e Fotografado,percebi que a revelao do sujeito passava por varias instncias:

    imaginrio do escultor, escultura, fotografia. As esculturas de artesacra no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, em Brusque/SC,simbolizam uma presena espiritual, mas a parr do retrato, a meuver, que o objeto animado e faz-se sujeito. No vdeo Mundoacontece algo semelhante: um objeto assume papel de corpo navideoperformance. A mdia fundamental para que o estatuto dosobjetos seja mudado.Uma das camadas de significao destes trabalhos o paralelo quese pode fazer com a revelao da personalidade do indivduo. Damesma forma que mdias disntas informam o objeto, conferindo a

    ele uma personalidade, o indivduo se faz presente a parr de suarelao com o mundo. As aes e vivncias do dia a dia o compeme, a parr das camadas de valores adquiridos, o sujeito revelado.As obras Dona Morelli, Famlia Pereira e Dona Jandira seriamsomente fotografias de plantas se no recebessem como tulo onome da pessoa que as culva. O sujeito passa a ser representadopor sua planta.A narrava sugerida por estas imagens est localizada em umconfinamento domsco arraigado pela paisagem cultural na qual

    elas esto inseridas. Em Famlia Pereira, o tamanho do suporte dasplantas indica genealogia; o comprimento das plantas e a sua espciefazem uma aluso aos papis de pai, me e filho.A posio das plantas em Dona Morelli e Dona Jandira aponta hbitosdas senhoras que lhe do nome; a paisagem domescada se reforapor intermdio da pintura pendurada na parede. A corna na janela,o formato do suporte fornecem indcio espao-temporal.Sem nunca sair de sua zona de segurana, sem transitar pelo mundo,o sujeito sobrevive e cria razes que podem no caber nos espaosque assume; se h um aparente conforto neste ambiente, h

    tambm a possibilidade de morte pela ausncia de espao.

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    6/38

    espao-temporal.Sem nunca sair de sua zona de segurana, sem transitar pelo mundo,o sujeito sobrevive e cria razes que podem no caber nos espaosque assume; se h um aparente conforto neste ambiente, htambm a possibilidade de morte pela ausncia de espao.A fico permite referir um enredo sobre a vida de cada sujeito

    representado na imagem.

    JM: A relao do sujeito com a paisagem, alternando a ideia deencontro e desencontro presente em E.N. & L.I. Para alm da ideiade arquivo, o encontro fortuito gera uma implacvel sensao deperda iminente. Pois no encontro h tambm o desencontro.KZ: As fotos que ulizei para a videoinstalao E.N & L.I, encontradasem um lbum virtual, foram feitas por rico Zendron em Brusque/SC,nos anos de 1950. Reconheci a paisagem, pois frequentava este lugar

    nos anos de 80 onde o mesmo coqueiro curvo ainda pendia sobre olago.Quando realizei este trabalho, ve a sensao de poder comprimir otempo: 1950, 1980, 2013, todos em uma s imagem, o que me levoua pensar em planos disntos que ocupam o mesmo espao, como sefossem universos paralelos que, quando se tocam, promovem pontosde entrada e sada temporais.A projeo justaposta e alternada me remete ao momento em que ainspirao encontra a expirao, o lugar onde pode acontecer ameditao. Naquela brecha na qual o cheio e o vazio suscitam, ao

    mesmo tempo, construo e dissoluo. Vida e morte se unem coma chance de encontrar o que imutvel, permanente, eterno.A questo do gnero entra neste trabalho como metfora. Assimcomo cada inspirao vem seguida de uma expirao e somente naexistncia de ambas possvel a vida, masculino e feminino aquirepresentam os opostos que, somados, promovem o inteiro, o queme faz pensar em plenitude; neste instante onde h a possibilidadedesta fuso, o indivduo assume outra conotao. Ele deixa de sersico para assumir a unidade divina; ali onde o bem e o mal deixam

    de exisr.

    E.N. & L.I., 2013

    Projeo de fotografiasDimenses variveis

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    7/38

    E.N. & L.I., 2013Projeo de fotografiasDimenses variveis

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    8/38

    JM: Em que outro trabalho aparece esse encontro entre o inspirar eo expirar?

    KZ: A ao que composta por duas etapas complementares estpresente tambm em Mundo, em que o encher e o esvaziar docorpo planetrio traz consigo a ideia de inspirar e expirar. No vdeo

    Garrafinha de Areia, o processo de desconstruo construo serepete tanto pelo fato de o vdeo ser exibido em looping quanto peloprocesso de extrair a paisagem de dentro da garrafinha paradeposit-la em outro territrio. Essa a questo que mais meinteressa no trabalho: a do espao ocupado. Em contraponto comDona Morelli, com Famlia Pereira e com Dona Jandira, quepermanecem eternamente em seus territrios conhecidos, aqui apaisagem confinada pode se reconstruir em outro territrio. A meuver, existem vrias realidades para serem exploradas pelo sujeito.Conhecer outros territrios sugere expanso.

    JM: Outro ponto que mereceria aparecer nesta conversa o prpriotulo da exposio individual que voc realizou no espaoindependente NaCasa, em Florianpolis. O que significa, nestecontexto, a ideia de Somatrio dos Meios?

    KZ: Somatrio dos Meios a sobreposio das realidades que cada

    um vive, para formar o que conhecemos por mundo. Gosto do quediz Paula Braga em seu texto: O real talvez seja uma garrafa cheiade mundos, tantos quantos forem os gros de areia de umapaisagem praiana. A meu ver, o real o que fazemos de nsmesmos, por intermdio de nossas experincias. A viso de cada umsobre o mundo se d a parr da frao que cada um pode ver, doque lhe possvel compreender a parr do ponto de vista em que seencontra. Meu mundo est cheio de um ar que jamais ser o seu;meu territrio pode ser qualquer um, de qualquer jeito. Apercepo de um no a realidade do outro.

    a parr desse somatrio que damos sendo vida. Ali, nesteespao, se alcanssemos a plenitude, os conflitos deixariam deexisr.

    Sem Ttulo, 2013, fotografia, trpco 60 x 60 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    9/38

    JM: O trecho do texto da Paula Braga ao qual voc se referefaz aluso ao vdeo que voc produziu com um objetotrazido do nordeste para o sul do pas. O que te interessouneste ato de devolver paisagem aquilo que a constui,alm da ideia de pensar a possibilidade de idenficarmundos no mundo ou de pracar deslocamentosimprovveis da paisagem nordesna no sul do Brasil?

    KZ: Esse objeto me fascina desde criana, quando apareceul em casa trazida como lembrana de uma viagem. Agarrafinha cheia de areia colorida ficava na prateleira e nopodia ser tocada. Eu imaginava como que teriam sidofeitos aqueles desenhos e sempre ve vontade de abri-la, oque teria me custado no mnimo um casgo. Foi ento que

    tempos depois ganhei uma dessas garrafinhas e na horapensei que aquela poderia ser aberta. Perguntei-me se, aofazer o registro desse ato, eu poderia dar garrafinha acondio de se transformar em outra coisa alm de voltar aser uma garrafa vazia e um monnho de areia. At 2008,ano em que foi feito o videorregistro, nunca haviaexperimentado outro meio alm da fotografia; era umaexperincia nova para mim e, assim como no ato doesvaziamento no qual a extrao forada desta imagem demundo conda dentro da garrafinha foi depositada sob a

    imprevisibilidade do vento para que a imagem sejatransformada, meu territrio foi desconstrudo. Acabeipercebendo que foi aquela garrafinha que me deu acondio de ser diferente do que eu era.

    Sem Ttulo, 2013Fotografia

    30 x 30 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    10/38

    Vista da exposio 30 Arte Par - Ano Trinta,MHEP - Museu Histrico do Estado do ParBelm, 2011

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    11/38

    Vista do 43 Salo de Arte Contempornea de Piracicaba,Pinacoteca MunicipalPiracicaba, 2011

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    12/38

    Vista da exposio-debate no Teatro Studio Scandicci, Florena, 2013

    (Prmio Belvedere, Paraty, RJ)

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    13/38

    Sem tulo,2011

    Agulheiro de papel e agulhas210 x 143 x 20 cm

    Sem tulo, 2011

    Agulheiro de papel e agulhas220 X 170 X 20 cm

    Sem tulo, 2011

    Agulheiro de papel e agulhas160 X 118 X 20 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    14/38

    Sem tulo, 2011

    Agulheiro de papel e agulhas160 X 118 X 20 cm(Detalhe)

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    15/38

    Sem tulo, 2011

    Agulheiro de papel e agulhas210 x 143 x 20 cm(Detalhe)

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    16/38

    Aqurio, 2009

    Fotografia20 x 30 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    17/38

    Inverses no Aqurio

    recorrente na produo recente de Karina Zen uma atude dedeslocamento de procedimentos e possibilidades tcnicas dafotografia, invertendo o sendo usual da construo da imagemfotogrfica. Karina concebe contra-disposivos fotogrficos quedeslocam as imagens do campo estabelecido da fotografiaconvencional para um espao de discusso de verdades eaparncias.Em Aqurio, Karina registra numa nica abertura de diafragmadois momentos diferentes no tempo. Tendo como recurso visualimediato a aproximao por zoom de um mesmo elementoreferencial. O que podemos ver na supercie de sua imagem asuspenso desses dois momentos e o espao de tempo entre ume outro. Nessas imagens, as diferenas entre os elementos visuais ndice do tempo decorrido no ato de fotografar. Como emoutros trabalhos de Karina, os procedimentos tcnicos soredirecionados, e conduzidos para operar como instrumentos doconceito, no sendo de liberar a imagem das convenes domeio.

    //

    Fernando Lindote

    Aqurio, 2009

    Fotografia20 x 30 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    18/38

    Aqurio, 2009

    Fotografia20 x 30 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    19/38

    Garrafinha de areia, 2008Vdeo

    354

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    20/38

    Sobrevida, 2010

    Fotografia80 x 100 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    21/38

    Sobrevida, 2010

    Fotografia80 x 100 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    22/38

    Procura-se, 2010

    FotografiaDpco 80 x 80 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    23/38

    O sujeito depois de esculpido e fotografado,2010

    Fotografia80 x 80 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    24/38

    O sujeito depois de esculpido e fotografado,2010

    Fotografia

    80 x 80 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    25/38

    O sujeito depois de esculpido e fotografado, 2010

    Fotografia80 x 80 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    26/38

    Retratado,2010

    Fotografia80 x 65 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    27/38

    Retratado, 2010

    Fotografia80 x 65 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    28/38

    Vdeos da coleo MAR, Museu de Arte do Rio de Janeiro, RJ, 2013

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    29/38

    Imenso,2008Fotografia, 80 x 110 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    30/38

    Imenso,2008Fotografia, 80 x 110 cm

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    31/38

    Mundo, 2013

    Vdeo

    436"

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    32/38

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    33/38

    The makers of the world

    The space that is occupied by someone is always a new space,created at that precise moment. Two photographs depict a coconuttree by a lake. Is it the same coconut tree? Even if it is, in eachphotograph it will be the element of a different space, because at

    each me different person is there. The experience of each one, inthat space with the coconut tree, is unique.

    In the video installaon E.N. & L.I. Karina Zen elaborates the idea ofthis ever-changing space. How many coconut trees are there in thelandscape? As many as there are people who experience that space.Both of the 1950s photo projecons show the coconut either with aman or a woman. And they never meet just like the world views oftwo different people or of the same person in different mes. As megoes by, the coconut tree changes, her coconut tree is different formhis coconut tree. The coconut tree is sll there unl today, in a smallproperty in Brusque, Santa Catarina. But it is not the same coconuttree seen in any of these photos.

    Thus, this thing we call world is a convenon that tries to bringtogether mulple and different experiences. Each person makes theworld with his/her own body, by means of the individual andunshared experience of perceiving things. Each one makes the worldwith ones own air, shaping the world, inflang the world, turning itinto that unique world that will be undone when its maker is no

    longer acng to constute the world. When the blow stops, the

    world shrinks. Other worlds are inflated simultaneously.Karina Zen is intrigued by the landscape of parallel worlds that were

    created by different bodies that we call, in the singular, world, as ifthere was only one. She uses photography and video, these allegedmechanical forms of recording reality, to invesgate the simultaneityof worlds. It is possible that reality is a bole full of worlds, as many asthe grains of sand on the seashore. In the video entled Garrafinha,the landscape that was built with colored sand is spilt to reveal itsmulplicity of grains in an empty and imprecise space. Thus, itdisorganizes the typical scene found in Brazilian handcra pieces,

    which is the small house by the sea surrounded by coconut trees andbirds, and returns to its primordial state: a shapeless stain of grains,the material out of which the world is made before it is shaped by aspecific and unique understanding. If we reorganize all those coloredgrains, how many more scenes would we be able to create? Itdepends on how many people are organizing the stain, applying it

    according to concepts of reality.The vegetable characters of the photography series Dona Morellli -

    Famlia Pereira Dona Jandira live in their own world, those quiethouse interiors where nothing happens. I imagine these interiorswhen I pass by a small and unknown town and I see chairs on thesidewalk. Sing on one of these chairs there is a world-maker whomI dont understand. He observes the landscape without goinganywhere, he experiences a me measured by the same seconds thatI measure my world, he apparently inhabits the same space that Iinhabit, but his world is completely different from mine.

    If we are by a lake, sing on the same inclined coconut tree, we willnever meet, you and I. Each one of us will be in a specific duraon, insimultaneous worlds that cannot be superposed. Karina Zen believesin these parallel worlds.

    Paula Braga for the exhibion Somatrio dos Meios

    //

    Josu Mattos: In your video performance entitled Mundo (2013)there is an individual behind the manifestation of the world, which

    is represented in your work by an inflatable planet that later goes

    back to its empty state, losing the air that shapes it. What is the

    origin of this project? It is worth mentioning here the notion of

    self-representation, something that is close to what artist Lia Chaia

    did in 2002 in her video Big Bang. However, although there is a

    similarity between them, Lia keeps the object in her hands even

    during the dissolution. What they have in common is the fact that

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    34/38

    the individual is behind the creation of the world, and you decided

    to hang the inflatable globes on the wall until the air that makes it

    a world was fully released. What is behind this gesture?

    Karina Zen: The project was not conceived in a specific moment,because the representaon of the world, by means of either maps orglobes, has been present in my repertoire since childhood. When I

    saw myself with an inflatable planet on my hands, I realized that I hadenough inmacy with it to create a work.

    Two bodies occupy the scene: the globe and I. The inhaled air thatgives me life does not belong to me. I cannot keep it; I have to returnit to the space so that the flow that nurtures my body connues. Ireinforce this idea using the planetary body that, aer being full,becomes empty again.

    I also see it as a metaphor for the appropriaon of creaon, becausewhat I put in the world does not belong to me; it will be filled by theeyes of those who see it; it will be seen according to differentexperiences, filters and concepts. When the space it empty, it islimited, but the possibility of expansion exists as a result of ourrelaon with the world.

    JM: The idea of a body occupying the scene made me think of O

    Sujeito Depois de Esculpido e Fotografado (2009). These works are

    not immediately related, but seem to make the same movement

    toward aggregating value to the subject-object that receive new

    layers of meaning intermediated by different media, such as

    photography and sculpture. I also think about the landscape asindividual in Dona Morelli, Famlia Pereira e Dona Jandira (2009). In

    all of these cases, the landscape, photography and sculpture may

    be seen as strategies to partly hide or reveal the individual.

    KZ: When I was making O Sujeito Depois de Esculpido e Fotografado,I noced that the revelaon of the individual included several levels:the imaginary of the sculptor, sculpture, photography. The religiousart sculptures in the Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, inBrusque/SC, symbolize a spiritual presence, but to me the object bothanimated and seen as subject aer the portrait. Something similar

    takes place in the video Mundo: an object takes on the role of body inthe video performance. The medium is a fundamental aspect when itcomes to changing the status of the object.

    One of the layers of meaning that exist in these works is the parallelwe can make with the revelaon of the personality of the individual.Just as the different media form the object, giving a personality to it,

    the individual exists based on its relaon with the world. Theevery-day acons and experiences are part of the individual, and as aresult of the layers of acquired values, it is revealed.

    The works Dona Morelli, Famlia Pereira and Dona Jandira would beonly pictures of plants if their tle were not the name of the personwho grows them. The individual is represented by his/her plant.

    The narrave suggested by these images is located in a domescconfinement rooted in the cultural landscape where they exist. InFamlia Pereira, the size of the plant supports indicates genealogy; thesize and species of these plants and are related to the roles of father,mother and son.

    The posion of the plants in Dona Morelli and Dona Jandira indicatesthe habits of the old ladies aer who the works are named; thedomescated landscape is reinforced by means of the painng thathangs on the wall. The drapes in the window, the shape of thesupport give evidence of space-me.

    Without never leaving his/her comfort zone, without going out inthe world, the individual survives and establishes roots that may notfit in the spaces he/she takes on; this environment expresses both a

    seemingly comfort and the possibility of death due to the absence ofspace.Ficon allows us to infer a plot regarding the life of each individual

    represented in the image.

    JM: The relation between the individual and the landscape, as well

    as the idea of convergence and divergence is present in E.N. & L.I.

    Beyond the idea of archive, the fortuitous encounter generates an

    inexorable feeling of an imminent loss. Because the divergence

    also exists in convergence.

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    35/38

    Geng to know other territories suggests expansion.

    JM: Another topic that I would like to talk about is the title of your

    solo show at the independent gallery NaCasa, in Florianpolis.

    What does it mean, in this context, the idea of Somatrio dos Meios

    [Sum of the Media]?

    KZ: Somatrio dos Meios is the superposion of realiesexperienced by each individual that forms what we know as world. Ilike what Paula Braga wrote in her text: Reality may be a bole full ofworlds, as many as the grains of sand on the seashore. To me, realityis what we make of ourselves by means of our experiences. Eachperson sees the world based on the small poron he/she perceives,on what he/she is capable of understanding according to wherehe/she stands. My world is full of an air that will never belong toanyone; my territory can be any territory. The percepon of a personis not the reality of another person.

    And we give meaning to life based on this sum. There, in that space,if we were able to reach plenitude, conflicts would no longer exist.

    JM: The excerpt of Paula Bragas text youve just quoted is talking

    about the video youve produced using an object you brought for

    the Northeast to the South of the country. What were you

    interested in when you gave back to the landscape something that

    is part of it, besides the idea of thinking about the possibility of

    identifying worlds within the world or of practicing unlikely

    displacements from the Northeastern landscape to the SouthernBrazil?

    KZ: Ive been fascinated by this object since I was a child, whensomeone brought it to my a house as a souvenir from a trip. The smallbole full of colored sand used to be on a shelf and no one couldtouch it. I used to imagine how those drawings were made and Ivealways wanted to open it, but I knew I would be punished if I did that.Years later, someone gave me one of these small boles and Iimmediately thought this one I can open. Then I thought that if Irecorded it, the small bole would be turned into something else

    besides an empty bole and a pile of sand. Unl 2008, the year whenthe video recording was made, the only support I had experiencedwas photography. It was a completely new experience and, just as inthe act of emptying, in which the removal of the image of the worldfrom inside the bole was put under the unpredictability of the windand the image was transformed, my territory was deconstructed. I

    ended up realizing that that bole enabled me to be different fromwhat I used to be.

    //

    Inversions in the Aquarium

    Karina Zens latest work oen presents an atude characterized bythe displacement of photography procedures and technicalpossibilies that inverts the usual meaning of the construcon ofphotographic images. Karina conceives photographic counter-devicesthat displace the images from the established field of convenonalphotography to discuss truth and appearances.

    In Aqurio, Karina records in one single opening of the diaphragmtwo different moments in me. As her immediate visual resource, sheuses the zoom approximaon of one single referenal element. Whatwe see in the surface of the image created by the arst is thesuspension of these two moments and the me gap between them.

    In these images, the differences between the visual elements indicatethe me that passed during the act of photographing. As in otherworks by Karina, the technical procedures are re-directed and serveas instruments of the concept, in the sense of seng the image freefrom the convenons of the medium.

    Fernando LindoteFor the exhibion Aqurio, 2009

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    36/38

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    37/38

    Exposio Karina Zen - O Somatrio dos meios

    de 19 a 31 de julho de 2013Nacasa Espao de Arte, Florianpolis, SC

    Curadoria e edio

    Josu Maos

    Coordenao executva

    Suzy Arajo

    Design grfico

    Ingryd Calazans (catlogo da exposio)Moyss Lavagnoli

    Textos

    Paula Braga

    Fernando Lindote

    Tradutora

    Mrcia Macedo

    Reviso

    Denize Gonzaga

    3C - Centro de Criao contempornea umaincubadora de projetos que atua em rede e de modocolaboravo com arstas, curadores e amantes da arteem todo territrio nacional. Tem por inteno publicarlivros, revistas e catlogos virtuais, disponveis em seuwebsite www.3c.art.br

    uma coleo de livros monogrficoseletrnicos que pretende fazer circular a produo dearstas visuais residentes no Brasil, de diferentesgeraes. Ao desmembrar a palavra obra, a sigla BRAsugere o cenrio geopolco com o qual trabalharemos,na inteno de reunir ao longo dos prximos anos umfragmento considervel da cena arsca de um pascom dimenses connentais. Isso resultar emagrupamentos crcos e tericos, alm de entrevistas,escritos de arstas e um conjunto significavo derepertrio visual, capaz de parcipar da formao deamantes da arte. Visto que a coleo ser bilngue

    (portugus-ingls), pretendemos, tambm, parciparda circulao da arte brasileira em escala internacional.

    A realizao da exposio e da edio deste livro eletrnico foipossvel graas ao apoio dos associados do Programa de

    Mlplos do 3C.

  • 7/25/2019 Karina Zen - Somatrio dos Meios

    38/38