Karina Qualidade de Vida

download Karina Qualidade de Vida

of 48

Transcript of Karina Qualidade de Vida

1 1. Qualidade de Vida: um enigma ou um desafio de conquista A busca por uma melhor qualidade de vida tem sido motivo de pesquisa e preocupao em vrios setores da sociedade atual. No entanto, generalizar seu significado algo complexo. O material pesquisado para o desenvolvimento deste trabalho menciona complexidade. 1.1 Mltiplos significados de Qualidade de Vida difcil definir o significado de Qualidade de Vida (QV), h uma gama de conceitos e teorias sobre o assunto. Pode ter uma conotao pessoal, ampliando as possibilidades de entendimento sobre essa expresso. Diz respeito ao modo de vida de cada um representando a excelncia de se viver bem e o que considerado essencial para a satisfao do ser humano. Nesse sentido, segundo Pires (2001, p.14), possvel entender QV como um estado de satisfao proveniente da realizao dos desejos pessoais. Partindo desse princpio, ele associa a qualidade de vida com a capacidade de se sentir feliz. Entretanto, de acordo com Silva e De Marchi (1997, p.26), o entendimento do real significado de felicidade complexo. No possvel atrelar seu significado a um estado permanente de satisfao e de paz, com total ausncia de tristeza, dor e sofrimento. Isso utpico. Na concepo deles, felicidade a sensao de gosto pela vida, ter o prazer de viver, independente das condies externas. E, dessa forma, pode-se dizer que a felicidade e a qualidade de vida dependem das expectativas e do plano de vida de cada indivduo. Salientam, ainda que, para ser feliz, preciso estar em condies fsicas satisfatrias. Moreira (2001, p.25) define QV como um compromisso de aperfeioamento tanto da arte de viver como de conviver. Est intimamente ligada a uma educao de qualidade, que deve ser aprendida desde os primeiros anos de vida.

2 Para Moreira e Arajo (2005 p.16), QV significa: a) Ter o hbito de desenvolver medidas preventivas para a sade; b) Ter conscincia de possibilidade de alcanar um estado de satisfao e felicidade; c) Ter equilbrio psquico e fsico; d) Sentir-se em paz consigo mesmo, com as pessoas de uma maneira geral e em harmonia com a natureza; e) Sentir-se com uma vida plena, saudvel e prazerosa; f) Buscar um meio de satisfao num nvel espiritual ou transcendental. Para Silva e De Marchi (1997, p.8), tem Qualidade de Vida aquele que sabe manter o equilbrio e buscar o crescimento contnuo, interiorizando hbitos saudveis, desenvolvendo a capacidade de enfrentar as presses e as dificuldades do dia a dia, procurando viver em harmonia com o meio ambiente, com as pessoas e consigo mesmo. De acordo com Gonalves e Vilarta (2004, p.28), aps o desenvolvimento de alguns mtodos de estudo para vrios significados do termo QV, os pesquisadores interessados no assunto encontraram um conjunto de elementos relacionados ao termo. So eles: 1.1.1 Aspectos Culturais, histricos e de classes sociais

Os significados de Qualidade de Vida podem ser influenciados por referncias histricas, culturais e at mesmo pelas diversas classes sociais. Diferentes parmetros podem se apresentar acerca de valores e padres de QV, dependendo da poca e da evoluo econmica, social, cultural e tecnolgica da populao. Os orientais, por exemplo, diferem dos ocidentais em seu ponto de vista sobre o tema. Os chineses, independentemente do fator idade, esto acostumados a levantar cedo e ir a parques

3 praticar o Tai Chi Chuan; os tibetanos praticam meditao diariamente. possvel assimilar muitos de seus conceitos sobre equilbrio mental e fsico. 1.1.2 Condies Materiais e No Materiais

Os indivduos de uma determinada comunidade podem almejar melhores condies ao bem estar de todos, como ver respeitados seus direitos enquanto cidados e a busca pela realizao pessoal, sendo que, para isso, dependem de uma organizao social e econmica que propicie oportunidades de desenvolvimento e aquisio de bens materiais e servios em nveis satisfatrios aos padres dessa sociedade. 1.1.3 Diferenas por Faixa Etria

Qualidade de vida pode ter um significado diferente para pessoas de idades diferentes. Como exemplo, pessoas adultas mais jovens optam pelo exerccio fsico porque desejam um corpo saudvel, bonito e almejam uma expectativa de vida maior. As pessoas mais idosas podem esperar que a prtica de um exerccio fsico combata a debilidade, retarde o envelhecimento, controle de sintomas de doenas crnicas, aumente a mobilidade e melhore a sade psicolgica. 1.1.4 Condies de Sade das Pessoas ou de uma Comunidade Muito tem sido feito no sentido de relacionar uma boa sade com QV. As perspectivas sobre medidas preventivas e teraputicas cresceram e j existe um consenso sobre a utilizao do exerccio ou da atividade fsica orientada como recurso de interveno no processo sade-doena.

4 1.2. Indicadores de Qualidade de Vida A expresso Qualidade de Vida envolta por tantos significados e formas de concepes e prticas, que dificulta seu processo de medio, em virtude das controvrsias geradas quanto a seus indicadores. De acordo com Pires (2001, p.13), num passado no muito distante, a definio de qualidade estava associada a algo intangvel, que no poderia ser medida. Segundo Ferraz (1998 apud GONALVES E VILARTA, 2004, p.8), os primeiros quantificadores utilizados na aferio da QV incluram trs ordens de fatos: aquisio de bens materiais, avanos educacionais e condies de sade. Por mais estranho que possa parecer, os primeiros indicadores utilizados para medir a sade foram relacionados sua ausncia e at mesmo taxa de mortalidade que maior entre as populaes mais carentes, com piores condies de sade. Pires (2001, p.15) destaca que um excelente indicador da qualidade de vida dos empregados de uma empresa o nmero de queixas registradas no ambulatrio mdico. De acordo com Minayo et al. (2000 apud GONALVES E VILARTA, 2004, p.9), a contribuio do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Naes Unidas para o desenvolvimento (PNUD), considervel, pois sua composio vai alm dos aspectos puramente econmicos como nvel de renda, PIB e grau de emprego; contempla o setor da sade, inclusive a esperana de vida ao nascer. Esse ndice varia de zero a um, sendo que o nvel alto de QV corresponde a 0,800 e 1,000; o nvel mdio fica no intervalo de 0,500 e 0,799 e o nvel baixo inferior a 0,499. Nos ltimos anos a variao do IDH entre os 174 paises analisados tem sido pouca. Canad, Noruega e EUA aparecem entre os primeiros colocados, enquanto os

5 pases africanos figuram entre os ltimos. O Brasil apresenta um nvel mdio de IDH, numa escala ascendente de evoluo. Apesar da contribuio oferecida por esse ndice, existem algumas restries mencionadas por diversas fontes no mundo, como por exemplo o fato de serem considerados os padres ocidentais modernos como modelos de referncia para aferio de todas as demais naes do planeta, olvidando-se das diferenas culturais, alm de no considerar fatores importantes como urbanidade, respeito mtuo e condies ambientais. Gonalves e Vilarta (2004, p.12) destacam tambm, como um dos instrumentos medidores de Qualidade de Vida que considera rea da sade entre seus componentes, o ndice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), aplicado em 645 cidades paulistas com bons resultados. O IPRS fundamenta-se em trs categorias: riqueza municipal, longevidade e escolaridade. Dos vrios indicadores apresentados, nota-se que existem novas perspectivas nos estudos sobre Qualidade de Vida, destacando um interesse acentuado para as particularidades do setor da sade. A prtica de uma atividade fsica que proporcione melhor QV e sade uma das coisas que chama ateno no momento, e ao adotar uma atividade fsica em programas de preveno, h possibilidade de descobrir quais doenas podem ser evitadas ou ter seu curso modificado. Estabelecer as bases para um conhecimento mais profundo sobre o assunto um desafio. 1.3. Qualidade de Vida e Sade Silva e De Marchi (1997 p.8) entendem que ter uma boa sade saber administrar de forma adequada as reas espiritual, intelectual, fsica, emocional, social e profissional. Ter sade no significa apenas no estar doente fisicamente. Seu

6 significado pode ser muito mais abrangente, envolvendo um bem estar nos nveis espiritual, psicolgico e social. uma concepo ampla, moderna e mais prxima do conceito de QV. A Organizao Mundial da Sade, com intuito de definir o termo QV, agregou cientistas de todo o mundo, unindo esforos nesse sentido. Esses cientistas estruturaram uma definio que caracteriza-se pela percepo do indivduo e sua posio na vida, no contexto cultura e sistema de valores em que vive e em relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes. (GONALVES E VILARTA, 2004, p.32) Essa definio integra a idia de dois conceitos essenciais para compreender o que significa QV: a subjetividade e o conhecimento sobre as condies fsicas, emocionais e sociais do indivduo em relao faixa etria, cultura padres sociais e a objetividade das condies materiais com a posio e do indivduo com suas percepes e os sentimentos sobre cada uma delas: 1.3.1 Quanto ao aspecto fsico As reaes em relao a dor ou ao prazer, sensao de cansao ou de revigoramento, de desconforto ou bem estar, causados por uma atividade fsica variam de pessoa para pessoa, dependendo da disposio, do preparo e da idade do envolvido. 1.3.2 Quanto ao aspecto psicolgico O otimismo em relao ao futuro, a preocupao com alguma doena, a frequncia dos sentimentos negativos como mau humor, a ansiedade ou a depresso e a capacidade de aprender , memorizar e se concentrar so pontos que demonstram a qualidade de vida das pessoas em geral.

7 1.3.3 Quanto ao nvel de independncia A realizao de tarefas bsicas dirias, que representem a capacidade de movimentar na busca do lazer, desenvolver o trabalho e ir na de encontro aos seus objetivos. 1.3.4 Quanto s relaes sociais O relacionamento com a famlia, os amigos, colegas de trabalho e as expectativas em relao vida afetiva, tm um peso especial na concepo de uma vida plena para o indivduo. 1.3.5 Quanto ao ambiente A sensao de segurana, proteo, conforto fsico, adequao ao lar como um meio de suprir as necessidades bsicas, alm das condies do ambiente fsico, influenciam de maneira direta o bem estar das pessoas. O clima, a poluio, os rudos e o trnsito so fatores a serem considerados na avaliao de uma boa qualidade de vida. 1.3.6 Quanto religiosidade O domnio dos aspectos espirituais, das religies e crenas pessoais tm relevante importncia na dimenso do QV de um indivduo. A rea da sade, segundo Moreira e Arajo (20058, p.19), motivo de ateno e preocupao nos pases de uma maneira geral, com dois objetivos essenciais: um deles o tratamento das pessoas doentes e o outro o desenvolvimento de mtodos capazes de prevenir doenas. Infelizmente no Brasil, o quadro que se apresenta no favorvel devido ao tratamento precrio dedicado aos doentes e a preveno uma atitude pouco desenvolvida.

8 Gonalves e Vilarta (2004, p. 38) salientam que, nas ltimas duas dcadas , foram desenvolvidos instrumentos de avaliao das condies de sade relacionados ao QV, permitindo o estudo de variveis relativas aos estados fsicos, emocional e social de pessoas doentes em comparao com pessoas saudveis. Esse estudo possibilita um entendimento maior no processo sade-doena, com o devido ajuste de comportamentos que funcionem como aes preventivas. A partir dessa avaliao, podem ser identificados aspectos individuais que so afetados de maneira positiva ou negativa. Pode ser representado pela capacidade de manter as funes fsicas, emocionais e intelectuais que proporcionem a capacidade de bem estar, como tambm a capacidade de participar de atividades com a famlia, colegas de trabalho e tambm junto comunidade. Ainda com base nessas pesquisas, foram desenvolvidos estudos sobre a influncia da atividade fsica nas condies de sade e qualidade de vida, o grau de satisfao alcanado nas funes fsicas em relao s atividades da vida diria; emocional, auto-estima e aos sentimentos e emoes gerados e ou superados; social em relao ao trabalho e s pessoas de convvio mais prximo e, finalmente aos benefcios trazidos para a funo cognitiva, como a melhoria de memria, da ateno, da concentrao e da capacidade de deciso. Vrios pesquisadores constataram efeitos positivos da atividade fsica sobre os sintomas emocionais com reduo nos estados de tenso, ansiedade e depresso. Essa constatao aplica-se a pessoas de ambos os sexos, idades variadas, saudveis ou que sofrem de alguma doena. 1.4. Estilo de Vida e sua Importncia sobre Qualidade de Vida J existe um interesse, por parte das empresas, em relacionar a influncia dos hbitos do trabalhador na sua capacidade produtiva e a partir da, incentivar um

9 comportamento positivo no estilo de vida deste trabalhador que venha a gerar bem estar e melhorias nas suas condies de vida em geral. O livre arbtrio de cada ser humano um fator de grande responsabilidade na adoo de hbitos saudveis nas empresas pois geram mudanas de comportamentos que podem criar barreiras que impeam a mudana de hbitos devido ao desconhecimento do novo, a acomodao, carncia de recursos de uma maneira geral e at mesmo fatores culturais e estruturais em uma organizao. Moreira e Arajo (2005, p. 28) mencionam que a mudana de hbitos alimentares, a prtica de alguma atividade fsica para pessoas sedentrias e a incluso do lazer por indivduos escravos do trabalho, podem repercutir de forma positiva na sade. Conforme descrito por Gonalves e Vilarta (2004, p.49-50), o processo de mudana envolve quatro estgios: 1.4.1 Pr-Contemplao o primeiro estgio e est relacionado na verdade com a ausncia de conscientizao para uma modificao de comportamentos. Mesmo que o indivduo esteja ciente de que alguns de seus hbitos colocam em risco a sua sade, a tendncia, neste estgio , minimizar a possibilidade de ser acometido por qualquer mal. 1.4.2 - Contemplao Aqui, j existe a motivao e a pessoa j se envolve com a possibilidade de mudana, com o auxlio dos familiares e do prprio ambiente em que vive. O apoio e os esclarecimentos, neste estgio, so essenciais para que o interessado passe para o estgio seguinte.

10 1.4.3 Ao O indivduo j se dispe prtica de uma atividade fsica, visualizando as metas que deseja atingir a curto e longo prazo. 1.4.4 Manuteno o estgio mais difcil, pois h necessidade de muito incentivo, apoio e principalmente, a conscientizao do prprio interessado de que a sua deciso para uma vida saudvel depende dele e, para que isso ocorra, preciso manter a regularidade da prtica dos exerccios e, evitando o retorno ao antigo modo de vida. Silva e De Marchi (1997, p.51) interpretam o processo de mudana organizacional de forma semelhante a essa j descrita, para eles a transformao dentro da empresa se d em seis fases: a) Pr-contemplao: nesse primeiro estgio, detecta-se a necessidade de instituir um programa de sade, sem que haja interesse da cpula da empresa em realiz-lo; b) Contemplao: nessa fase, a direo e a gerncia da empresa j admitem a necessidade de implementar um PPS (Programa de Preveno Sade) e visualizam os benefcios que o mesmo trar. E nesse momento que deve ser feita a pesquisa junto aos empregados com o intuito de conhecer quais so suas expectativas e necessidades. c) Preparao: j so promovidas algumas aes iniciais para o processo de mudana;

11 d) Ao: Ocorrem modificaes mais importantes e de destaques. O programa se desenvolve de uma maneira mais efetiva, mas no significa que esteja consolidado. e) Interrupo: mesmo que se considere implantado o PPS, a ao pode ser interrompida, por motivo de ordem financeira ou pela falta de motivao por parte da direo da empresa ou at mesmo dos empregados, preciso um esforo maior, caso isso ocorra, para evitar que o programa seja extinto. f) Consolidao: essa fase conquistada aps alguns anos de implantao do PPS, tendo sido bem sucedida e alcanado resultados concretos favorveis, inclusive na relao custo-benefcio. importante a manuteno do programa. 1.5 Qualidade de Vida no Setor do trabalho Gonalves e Vilarta (2004, p.103), os trabalhadores brasileiros, de uma maneira geral, relegam tanto questo da sade como a conquista por uma melhor QV a um segundo plano, em virtude da luta pela sobrevivncia e os interesses corporativos relativos produo e ao lucro. Esquecem at mesmo de incluir o prazer no trabalho que realizam e que este um dos fatores fundamentais para a sua qualidade de vida. Por outro lado mencionam, que as expectativas criadas pelos empregadores em relao ao trabalhador de uma excelente sade, sem nunca adoecer, alm de concentrar toda sua energia na realizao de tarefas, utilizando seu potencial de conhecimento na produo de bens e servios, gerando lucros e bons resultados para a empresa. Quando os custos com a sade dos empregados so custeados pela empresa, imprescindvel, para os empregadores, saber qual o impacto causado pelo tipo de

12 comportamento e pelas condies de risco dos trabalhadores sobre a produtividade e sobre estes custos. Pires (2001, p.14) comenta que muitos empresrios admitem que sempre se preocupam com a implantao de uma poltica mais competitiva dentro das empresas, sem dar a devida ateno qualidade de vida dos funcionrios, pois aumentam a presso por uma cobrana crescente sobre desempenho e avaliao constantes de resultados dos mesmos. A cobrana pela produtividade faz com que o lazer, o prazer sejam adiados para depois do expediente ou finais de semana ou at mesmo no perodo de frias ou pior das hiptese para ser gozado aps a aposentadoria. Gonalves e Vilarta (2004, p. 104) mencionam que a percepo de que o local de trabalho pode ser o cenrio perfeito para reunir foras capazes de proporcionar ao trabalhador melhores condies de sade e qualidade vida recente e felizmente, vem se desenvolvendo cada vez mais. Entretanto, para que o resultado dessa percepo se torne mais eficaz, gerando ambientes e condies favorveis, preciso que os empregadores se mobilizem e ajam no sentido de elaborar, custear e estimular a implantao de programas nas empresas. Porm, o estudo sobre QV do trabalhador implica descobrir o que o far viver bem dentro da sociedade. A conscientizao sobre adoo de medidas que promovessem a sade, no Brasil por parte das empresas teve seu incio na dcada de 1980. Apenas alguns setores vinculados medicina ocupacional comearam a desenvolver aes preventivas para cumprir normas determinadas por lei. A Ergonomia uma das abordagens metodolgicas que procura promover a sade dos empregados dentro de seu ambiente de trabalho, buscando melhores condies para o desempenho das tarefas, utilizando mobilirio e mquinas apropriadas e representando um eficiente recurso tcnico capaz de proporcionar qualidade de vida aos trabalhadores.

13 A gradual difuso de programas de ginsticas para funcionrios durante a jornada de trabalho est atrelada lgica da produtividade e dos ganhos, relegando, ainda, a um segundo plano, a preocupao com a qualidade de vida dos mesmos. Mas essa iniciativa permite uma avaliao do significado das prticas na tica dos trabalhadores, e da, fazer adaptaes com o objetivo de torn-las mais adequadas visando uma melhor qualidade de vida. Por outro lado, h pouco interesse por parte dos trabalhadores em participar de maneira voluntria de programas de lazer ativo ou promoo da sade no ambiente do trabalho, normalmente aqueles que aceitam j apresentam um quadro positivo de atividade fsica regular, a grande maioria apresenta como dificuldade, para no participao falta de tempo. A distncia entre a moradia e o local de trabalho, meios de transporte insatisfatrios e ineficientes, a falta de autonomia para controlar melhor a jornada de trabalho podem influenciar negativamente a disposio do indivduo para a prtica de uma atividade fsica. Os programas de atividade fsica desenvolvidos no prprio local de trabalho ainda so poucos, mas apresentam pontos positivos tanto para a sade do trabalhador como para rea dos relacionamentos sociais, com os prprios colegas de trabalho e com familiares. No possvel atribuir somente ao trabalhador o nus pela baixa produtividade, uma vez que inexiste apoio social, expondo os trabalhores a situaes de extrema carncia (Comentrio Pessoal). Segundo Filho (2001, p. 71), preciso refletir sobre a possibilidade de melhorar a QV da populao em geral, incluindo a forma de tratar o corpo e a motricidade das pessoas, revendo as prticas sociais e estruturando um processo de mudana.

14 Ele menciona que, nas empresas, a gradual difuso de programas de ginsticas para funcionrios durante a jornada de trabalho est atrelada lgico da produtividade e dos ganhos, relegando ainda, a um segundo plano, a preocupao com a qualidade de vida dos mesmos. Mas, esta iniciativa, permite uma avaliao do significado das prticas na tica dos trabalhores e, da fazer adaptaes com o objetivo de torn-las mais adequadas visando uma melhor qualidade de vida para eles. Nesse sentido, afirma que os movimentos laborais e a ginstica esto relacionados com a produtividade, com o significado diferente para os diversos participantes desta relao, sejam trabalhores, investidores, administradores, etc. preciso uma reavaliao tanto por parte dos empregadores como dos empregados , pois de acordo com Moreira e Arajo (2005, p. 82), a baixa QV, o estresse, o sedentarismo, a falta de disposio fsica aliados sensao de ansiedade, solido e depresso ocasionaram para o trabalhador, na empresa, a queda de produtividade, piorando a qualidade do trabalho desenvolvido, provocando o absentesmo com conseqente aumento das despesas mdico-hospitalares e culminando com uma maior rotatividade de mo de obra. Para uma boa qualidade de vida do indivduo no trabalho, alm de se considerar questes bsicas como salrio, estabilidade, horrios flexveis que possibilitem tempo para se dedicar a famlia e afazeres pessoais, importante avaliar, alm de uma boa sade, as questes sociais extramateriais como cidadania e participao em decises, que podem contribuir para auto estima das pessoas e aumentar o grau de produtividade. Dentro das organizaes, este pronto representa um desafio de conquista, aos poucos este processo de conscientizao vem tomando corpo, criando a possibilidade de maior responsabilidade social por parte das empresas. Ainda so poucos, mas os empresrios que tem viso de futuro, j perceberam que esta uma tendncia de mercado, necessria para a subsistncia de todos, patres e empregados.

15 Silva e De Marchi (1997, p.12) confirmam este fato e comentam que as empresas que no se adaptarem a nova tendncia sero superadas e deixadas para trs em pouco tempo. Quando a imagem da empresa e o interesse dos empregados so considerados, existe a preocupao em desenvolver programas de atividade fsica e oferecer um local apropriado para a prtica de exerccios fsicos. Ibidem destacam as empresas que j despertaram para a nova tendncia e perceberam que a qualidade de vida satisfatria para o funcionrio sinnimo de maior produtividade para a empresa. Na opinio dos mesmos, com o desenvolvimento de programas de Qualidade de Vida e Promoo de Sade, ambas as partes so beneficiadas: a) O trabalhador tende a se sentir mais motivado e eficiente, resistindo mais ao estresse e melhorando sensivelmente sua autoimagem; b) O empregador poder acompanhar o aumento da produtividade de seus colaboradores, com uma fora de trabalho mais saudvel, diminuindo os custos de sade assistencial e o absentesmo, alm de melhorar a imagem da empresa e o ambiente de trabalho como um todo. Assim, salientam que os programas de promoo da Sade nos locais de trabalho so fundamentais, representando o caminho mais eficaz para todos. Destacam, porm, a necessidade de constatar se haver tempo livre para os trabalhores participarem das atividades dos programas, como tambm, definir a durao desse tempo. Segundo Filho (2001, p. 72), o trabalhador tambm tem suas possibilidades de praticar uma atividade fsica delimitada pelo tempo livre de que dispe, como tambm, pelo seu poder aquisitivo. Por isso, afirma que no d para pensar em melhorar a QV das pessoas sem melhorar as condies de trabalho.

16 Para implantar mudanas visando uma melhor QV dentro das empresas, preciso ir alm de um simples modismo, com a conscincia de que seguir os padres previamente determinados, apenas com o objetivo de respeitar regulamentos internos ou obrigaes legais, pode no ser a melhor soluo. 1.6 Qualidade de Vida e Atividade Fsica Conforme j exposto que as pessoas apresentam certa resistncia para iniciar e manter a prtica de uma atividade fsica. Entretanto, h necessidade de um esforo por parte do indivduo, pois aps determinado tempo de prtica, os exerccios podem se tornar uma atividade agradvel. No incio a busca por uma atividade fsica est atrelada a uma necessidade como a preveno, e tratamento de algumas doenas ou at pelo fato de estar engordando. Quando a vontade comea a imperar, o prprio corpo sinaliza bem estar e os benefcios mental, emocional, fsico e at espiritual. Atualmente imprescindvel, para a sade a prtica de atividade constante de uma atividade fsica, pois o comodismo da vida moderna impede movimentos simples dos membros superiores e inferiores que, num tempo no muito distante, eram realizados espontaneamente. Na opinio de Silva e De Marchi (1997, p126), as pessoas ativas tem uma vida mais plena. Para alcanar seus objetivos como ter boa sade, vitalidade e vida longo preciso que haja esforo e dedicao. Entretanto, com o crescimento urbano houve reduo do espao fsico para a prtica de atividades fsicas, dando a impresso que esta prtica s pode ser feita por pessoas de um poder aquisitivo maior que podem freqentar academias e clubes. Por isso torna-se imprescindvel a criao de espaos apropriados para esta prtica, a mdio e a longo prazo e essa tarefa cabe a toda sociedade em particular s organizaes pblicas e privadas que tm a oportunidade de desenvolver programas

17 dentro do local de trabalho, facilitando e estimulando seus colaboradores na busca da qualidade de vida.. ( Gonalves e Vilarta, 2004, p. 211). Para o prximo capitulo a histria da industrializao.

2- Organizao do Trabalho Industrial O trabalho industrializado mecanizado e automao, aliados a uma busca constante pela produtividade e alta qualidade, vm impondo condies extremamente prejudiciais sade do ser humano de forma geral. Na medida em que avanam a informatizao e o ritmo da competio, com o conseqente aumento do stress at o

18 escritrio tornou-se palco de risco de sade para o trabalhador atravs de leses em nveis antes comum apenas a presena de maquinaria pesada. De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS), um em cada 100 trabalhadores do sudoeste brasileiro portador de LER/DORT. Somente no primeiro ano de afastamento, cada funcionrio vitimado pela LER/DORT acarreta para empresa, em mdia, uma despesa de R$ 89 mil reais, entre encargos sociais e pagamento de substituto temporrio. de consenso que as ms condies dos fatores ambientais e da organizao do trabalho, contribuem para o desenvolvimento de doenas ocupacionais. Neste captulo, o autor abrange um pouco sobre a histria da industrializao e preconiza no s a implantao de uma ergonomia no posto de trabalho ou de uma ergonomia de correo, mas acima de tudo uma ergonomia de concientizao, no qual o trabalhador aprenda a portar-se de forma segura diante da situao de trabalho e os procedimentos a serem tomados para eliminar ou minimizar os riscos.

2.1 Organizao do trabalho Industrial Antes de avanar sobre o tema ergonomia, se faz oportuno correlacionar as mudanas ocorridas com o trabalho do homem em funo dos processos de produo e a abertura de mercado com o decorrer das inovaes e tecnologias do ltimo sculo.

19 Houve inmeras mudanas nas indstrias e processos de fabricao que direta ou indiretamente tem afetado a sade do trabalhador. 2.1.1 Produo Artesanal O fabricante era quem dominava todo o processo desde a idia, a busca pela matria prima at a confeco e o acabamento. um trabalho rico realizado com alta qualidade e sua produo limitada. Existiam metas a cumprir e produtos a entregar, porm, os prazos eram estipulados pelo prprio arteso que ditava seu prprio ritmo de trabalho e gerenciava o seu tempo. No havia grande superviso do trabalho e o arteso tinha autonomia de tempo para conhecer todas as etapas do processo. A comunicao era horizontal, sem grandes chefias ou nveis de hierarquia, normalmente o arteso tinha somente um aprendiz a quem passava todo o seu conhecimento. As ferramentas eram de simples manuseio, a mo de obra era altamente qualificada para produzir exatamente o que o cliente desejava, porm deixava a desejar na padronizao. Sem preciso o aumento da escala inviabilizava a reduo de custos. 2.1.2 Industrializao Com o incio da industrializao houve a troca de mo de obra humana por maquinrios, com produo modesta devido dificuldade da distribuio dos produtos fabricados, falta e meios de transporte, limitao energtica e restrio do mercado. Caete (2001) comenta que, a Revoluo Industrial trouxe a abertura de mercado nacional no qual algumas empresas podiam at exportar seus produtos e a formao de uma classe trabalhadora, no bastando somente aprendizes. A transformao do trabalho individual ou em pequenos grupos para um nmero maior de trabalhadores

20 num mesmo local fazendo parte do trabalho que era do arteso. A contratao de trabalhadores menos qualificados gerou uma diminuio nos salrios, aumentou a jornada de trabalho em funo do aumento da demanda, propiciando empregos para toda a famlia, mas em condies somente de sobrevivncia, mulheres e at crianas foram exploradas. As mquinas comearam a ganhar espao e explode a produo em massa, o aumento da populao fez crescer o mercado consumidor e consequentemente o aumento da produo, elevando a alta quantidade de produtos e diminuindo a qualidade. Para atender a estas mudanas foram necessrias uma coordenao de produo e eficcia para manter tal produtividade. A falta de controle na produo aumentou os problemas de produo com produtos desnecessrios e defeituosos em tempo imprprio gerando custo altssimo para a indstria. 2.1.3 Taylorismo / Fordismo Ford ficou conhecido, entre outras coisas pela linha mvel aprimorando a idia original de Taylor um homem, um posto, uma tarefa que tinha o objetivo de minimizar os tempos teis e maximizar a produo. A padronizao dos produtos repercutiu na reduo dos custos e dos salrios. As mquinas velozes aceleravam a produo associada a recursos tecnolgicos padronizadas em forma e desempenho, possibilitando eliminar a mo de obra qualificada e manter os produtos com considerada preciso. Com o conceito Taylor, a pessoa executava sempre a mesma tarefa, atingindo o mximo a especializao, tendendo a minimizar os erros e maximizar o tempo de produo, facilitando a rapidez de treinamento dos trabalhadores e tambm a substituio em caso de necessidade, porm criavam-se movimentos repetitivos e

21 montonos gerando um ambiente estressante, rotineiro e penoso, onde havia muita frustrao e turnover de operrios. Ford preocupou-se com o mercado consumidor, afinal, com tanta produtividade quem iria consumir tais produtos? Uma de suas iniciativas foi a de melhorar a qualidade de vida de seus funcionrios com a criao de departamento mdico para cuidar da sade de seus funcionrios e de sua famlia, criao do departamento de sociologia, aumento de salrio de 2 para 5 dlares/dia, gerando aumento no consumo e reduo da jornada de trabalho de 10 para 8 horas/dia, permitindo que as pessoas vivessem mais tempo fora da fbrica com efeito no aumento do consumo. Nessa poca, a qualidade tcnica e a esttica no era importante, pois ningum tinha aquele produto, mas o preo era acessvel. Com o passar do tempo o consumidor adquiriu cada vez mais produtos que estavam a disposio, o mercado pede mudanas, segundo Caete (2001) 2.1.4 Neofordismo Foi uma tentativa de reestruturao do Fordismo, tendo em vista as mudanas ocorridas mundialmente. O mercado passou a ser mais exigente: Pago mais, eu quero diferente. Partindo do princpio que os consumidores adquiriram os produtos bsicos, nasce a necessidade de produtos diferenciados. Os produtos passaram a ter variveis que pudessem competir no mercado mais exigente. O neofordismo como um novo processo de produo, um exemplo: carros com cores diferentes. A forma mecanizada empregada pelo fordismo difere-se do neofordismo pela maleabilidade desse em relao a inflexibilidade daquele, segundo Guimares (2001).

22 2.1.5 Produo Enxuta Segundo Caete (2001), criada no Japo, consagrou-se como benchmark para as indstrias de todo o mundo, atravs do desenvolvimento e sustentao de vantagens competitivas, estimulado pela eliminao das perdas, na automao e o just in time como seus pilares. A produo passa a ser puxada pelo mercado consumidor, evitando os estoques, por outro lado, ao sair um grande pedido, a empresa obrigava-se a dobrar os turnos e at mesmo com horas extras para atender a demanda. Com a produo enxuta o operador passa a ser multifuncional, o trabalho passa a ser mais estimulante e tambm com maior autonomia para o trabalhador. Diversas operaes similares para formar uma atividade para ser executada por um indivduo em vez de uma nica tarefa. Para combater o desestmulo dos trabalhadores que exerciam tarefas repetitivas por processos semimecanizados, institui-se a rotatividade de postos de trabalho, permitindo atingir rendimentos mais elevados atravs de motivao e satisfao do operrio, segundo.Caete (2001). A sade do trabalhador o foco, porm at os dias de hoje, podemos perceber postos improvisados, condies subhumanas e nenhuma organizao do trabalho. Na tentativa de minimizar o desgaste e o sofrimento do ser humano a ergonomia tem como objetivo principal adaptar o trabalho ao homem, enfocando as necessidades de melhoria das prticas das tarefas como eficcia, segurana e qualidade. O tema Ergonomia ser melhor esplanado no prximo captulo.

Os impactos das doenas operacionais LER/DORT, que ser o tema do prximo captulo.

23

3.- Ergonomia Zilli (2002, p. 24) menciona que a ergonomia considera as capacidades humanas e seus limites: a capacidade fsica, fora muscular, dimenses corporais, possibilidade de interpretao de informaes pelo aparelho sensorial ( viso, audio), capacidade de tratamento das informaes em termos de rapidez e complexibilidade, analisando as exigncias das tarefas e os diferentes fatores que influenciam as relaes homem versus trabalho. O aliado a ergonomia que tem condies de contribuir positiva e significativamente o profissional de fisioterapia, no que diz respeito a sua

24 fundamentao e direcionamento sade do trabalhador, podendo atuar de forma preventiva, curativa ou de reabilitao incluindo tambm a conscientizao de hbitos posturais e biomecnicos, orientando e adaptando a situaes de trabalho em conjunto com outros profissionais. Segundo Piche (2000), a preveno no local de trabalho pode ser: primria, secundria e terciria. 3.1 Preveno Primria no Local de Trabalho Segundo Zilli (2002), a preveno primria uma forma de Identificar as atividades ocupacionais de alto risco, atravs de avaliao dos primeiros socorros e os relatrios do supervisor sobre a investigao do acidente contribui para determinar o total de casos de leses osteomusculares relatados. Nesse relatrio deve constar a data de cada relato e o departamento bem como atividade, processo especfico envolvendo o trabalhador. Essa informao usada para calcular a taxa de incidncia, ou seja, o nmero de novas leses osteomusculares por departamento ou atividade durante um tempo especfico, a fim de comparar com outras atividades ou departamentos dentro de uma mesma organizao. Podendo ser revisados os registros mdicos e de segurana do trabalho pela segurana do trabalho para identificar casos atuais e realizar projetos no sentido de auxiliar o desenvolvimento do perfil de um departamento de risco, tambm muito importante saber as atividades externas deste trabalhador. O objetivo de todo este trabalho reduzir e eliminar os fatores de risco para os distrbios osteomusculares ocupacionais, tais como: movimentos rpidos, repetitivos, esforos vigorosos, concentraes de fora mecnica, posturas desconfortveis. Zilli, resume a Preveno Primria, diminuio do risco de leso como: a. Identificao das tarefas de risco;

25 b. Identificao de casos de leso atual; c. Pesquisas de sintomas; d. Anlise de atividades de alto risco; e. Recomendaes para replanejamento da atividade; f. Promoo da sade do funcionrio: treinamento e educao, rotatividade de atividades, programas de exerccios e trabalhos adequados ciclo/repouso. 3.2 Preveno Secundria no Local de Trabalho Dando continuidade a sua pesquisa, Zilli (2002) informa que quando o trabalhador chega ao consultrio mdico em busca de auxlio, evidente que a preveno primria se tornou ineficaz. Neste caso, somente os exames clnicos podero diagnosticar os distrbios osteomusculares. Como parte de um programa educacional, os trabalhadores expostos e seus supervisores devero ser informados dos sinais e dos sintomas associados a essas condies a fim de que se busque precocemente o tratamento. Um programa de reabilitao elaborado para se possvel manter os trabalhores com leses no trabalho, caso contrrio, assegurar que retornem a uma atividade adequada o mais breve possvel, claro que a probabilidade de sucesso depende da durao do problema, e uma vez identificado o problema no deve haver demora na implementao do programa de tratamento. Segundo Zilli, este programa de tratamento com base no diagnstico realizado no local de trabalho, permite que o trabalhador continue trabalhando em um ambiente monitorado, que resume a preveno secundria, interveno precoce em eventos lesivos em: a. Avaliao Clnica, auxiliar os trabalhadores a procurar opinio mdica sobre seu problema.

26 b. Assistncia ao trabalhador lesado, salvaguardar os trabalhores afetados informando as autoridades competentes de que permitir o adequado tempo de recuperao afastado do trabalho necessrio para sua recuperao. c. Avaliao do local de trabalho, recolocao de trabalhores afetados em um trabalho adequado quando h incapacidade permanente. d. Planejamento de acomodaes. e. Identificao de barreiras recuperao. f. Desenvolvimento de programas de trabalho modificado. 3.3 Preveno secundria no local de trabalho Segundo Zilli (2002), relata que se o trabalhador no retornou sua atividade regular e parece provvel que exceda a durao do programa ocupacional modificado, ( 8 a 10 semanas de durao ) aconselhvel que os empregadores devem dar incio a reabilitao vocacional o mais breve possvel, o que envolve determinao de habilidades e treinamento dos trabalhores para oportunidades de trabalho disponveis aliado tambm ao profissional ergonomista que faa uma visita ao local de trabalho e faa uma anlise da atividade laborativa, a finalidade deste trabalho de anlise definir a especificidade da atividade na medida em que se relaciona a leso crnica, para que surjam solues viveis. Uma avaliao preliminar pela enfermeira da sade ocupacional, para identificar fatores de risco suspeitos deveria preceder a anlise do ergonomista, pois economiza tempo e reduz custos externos. A anlise da atividade ocupacional requer um estudo individual de cada atividade ocupacional que se associa frequentemente as leses, tal anlise avalia mtodos, planejamento de postos de trabalho, equipamento, ferramenta e organizao de atividades em relao ao porte, velocidade e capacidade da fora corporal do trabalhador. Zilli resume a preveno terciria, reabilitao durante o perodo de recuperao em:

27

a. Recuperao do trabalhador ao maior nvel possvel e funo ps-leso. b. Tratamento ps operatrio. c. Avaliao dos resultados: expectativa de declnio nas estatsticas de leso, eficcia de custos e capacidade funcional do trabalhador lesado.

4. Doenas Operacionais: L.E.R. / D.O.R.T. No apenas o trabalho que propicia o aparecimento de doenas como L.E.R. / D.O.R.T.; o ser humano, muitas vezes, pelo seu prprio comportamento, fsico e emocional, desencadeia o surgimento dessas patologias, por negligncia, por medo de se expor ou, at mesmo, por no perceber as suas prprias limitaes. Quanto ao trabalho, o que aconteceu de uns tempos para c que fez estas doenas se alastrarem de maneira espantosa? O avano tecnolgico modificou tanto o modo de ser do trabalhador, forando-o a se adaptar s novas exigncias do mercado, como a prpria maneira de realizar as tarefas dentro de uma empresa, com o uso de novas ferramentas de trabalho, que tambm foram exigindo novas mudanas de paradigmas, com uma nova viso de ambientes de trabalho, da relao

28 patro/empregado e buscando as adaptaes necessrias que propiciem o bem estar do trabalhador e a excelncia no trabalho realizado. O autor, neste captulo, pretende demonstrar a gravidade das doenas relacionadas ao trabalho e a necessidade de buscar aes mais concretas e palpveis para evitar que esse mal se propague ainda mais. 4.1 Breve Histrico das Doenas Operacionais Doenas ligadas ao trabalho sempre existiram. Em tempos mais remotos no havia uma preocupao com a sade do trabalhador, que desempenhava suas tarefas sem se dar conta do mal que, muitas vezes, elas causavam ao seu corpo. Felizmente surgiram interessados em realizar pesquisas sobre as doenas que acometiam os trabalhadores, em consequncia, em conseqncia das atividades desenvolvidas. Nogueira (2002 apud FIGUEIREDO E MONTALVO, 2005, P.45) comenta que, nos estudos realizados pelos historiadores da medicina, h relatos indicando que, desde a poca dos papiros egpcios, j existia um interesse em estabelecer uma ligao entre o trabalho e o processo sade/doena. Ibidem citado o trabalho de Georgius Agrcola, publicado em 1556, que tratou desse assunto, com estudos realizados envolvendo problemas relacionados extrao e fundio do outro e da prata e os acidentes de trabalho decorrentes. Codo (1995,p.8) cita que, em 1700, o mdico italiano Bernardo Ramazini descreveu uma patologia que estava diretamente relacionada com a ocupao das pessoas. Suas observaes se deram com base nos jogos olmpicos da Grcia. Segundo Figueiredo e Montalvo (2005, p.46), com a Revoluo Industrial, foi agravado o quadro de doenas ocupacionais, em virtude do trabalho mecanizado, que

29 passou a exigir movimentos repetitivos a um ritmo mais acelerado no desenvolvimento das tarefas. Com isso, o interesse pela proteo ao operrio no ambiente de trabalho ganha destaque no sculo XIX. Ibidem depreende-se que Taylor como Ford deixam, em suas obras implcita a idia de mecanizao do homem, sugerindo a permanncia fixa no seu posto de trabalho, executando movimentos repetitivos e seguindo um padro previamente determinado, no exigindo qualquer conhecimento profissional. Com a exploso da informtica, no incio da dcada de 1980, as relaes de trabalho se modificaram, com o uso de computadores e eletrnicos nas empresas, que exigiam conhecimento e domnio, por parte dos trabalhores, dos programas de software, rapidez em digitao e habilidades manuais tanto com mouse quanto com o teclado. O corpo humano sofre as conseqncias com as novas exigncias fsicas e mentais, com alto grau de responsabilidade e ateno, alm da crescente presso por produtividade. (opus citatum). Nos ltimos 20 anos, as citadas doenas operacionais tiveram um crescimento progressivo, transformando-se numa espcie de epidemia, com conseqncias sociais e econmicas, impossibilitando o trabalhador de desenvolver suas tarefas, gerando em decorrncia, sofrimento, inclusive pela dor, como tambm, um aumento de custos significativos para as organizaes envolvidas. (MACIEL ETAL., 2005, p.71). Oliveira (2003, p13) tambm destaca que h registros, no Brasil de 30 mil casos/ano, em mdia, de L.E.R., j sendo consideradas doenas epidmicas. Gonalves e Vilarta (2004, p142) comentam que tem sido avaliada as influncias das atividades desenvolvidas no trabalho sobre sade das pessoas, inclusive aquelas que modificam a fisiologia do ciclo do sono. 4.2 Definio, Causas e Consequncias.

30

A definio das patologias ligadas ao trabalho no homognea em todos os pases, mas as possveis causas da mesma so (CODO, 1995, p. 8). No Brasil, L>E>R> significa Leses por Esforos Repetitivos, conforme portaria 4.062, INSS de 1987 (LIMA, 2005, p.97). Est relacionada com sintomas dolorosos que acometem os membros superiores e inferiores, como tendes, msculos e nervos. D.O.R.T. significa Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Decreto 2172, de 05/03/1997), ou seja, diz respeito s doenas ocupacionais relacionadas a leses por traumas cumulativos, representando o resultado da descompensao entre a capacidade de movimentao da musculatura e a realizao de esforos rpidos e repetitivos (Oliveira, 2003, p.13). Alm dos D.O.R.T., a sade do trabalhador afetada pelo estresse ocupacional, pelo distanciamento do convvio familiar e pelos vrios desajustes de relacionamento (Gonalves e Vilarta, 2004, p.142). Os D.O.R.T. se destacam por prejudicarem tanto o trabalhador como o empregador, pois so responsveis pelo aumento do nmero de acidentes de trabalho, do absentesmo, dos custos com seguro e assistncia mdica e pela reduo da produtividade (opus citatum). Diagnosticar uma doena ocupacional uma tarefa difcil para o mdico do trabalho e de grande responsabilidade, pois tende a modificar a vida do trabalhador que, muitas vezes, prefere sofrer calado, com medo de ser demitido. Significa tambm aumento dos custos para a empresa que dever preparar outro funcionrio para substituir aquele que foi afastado (Figueiredo e Montalvo, 2005, p. 54). Maciel et. al. (2005, p.71) comentam sobre as inmeras controvrsias que o fenmeno L.E.R./D.O.R.T. suscita, referindo-se, tambm, dificuldade de realizar um

31 diagnstico preciso e acordado entre os mdicos como uma das principais controvrsias. A tentativa de encontrar solues provveis para resolver o problema, que se alastra de maneira rpida, de outra controvrsia citada. Destacam que diversos pesquisadores apontam como causas para o surgimento do fenmeno uma srie de fatores de ordem fsica e organizacional do trabalho, alm de posturas inadequadas, movimentos contnuos e/ou com aplicao da fora na realizao de tarefas. Como causas indiretas mencionam os fatores psicolgicos como o estresse, a presso por produo e o relacionamento com superiores e colegas de trabalho, alm dos perodos prolongados de trabalho e a ausncia de pausas. De acordo com Lima (2005, p.98), as causas geradoras dessas patologias operacionais ainda so motivos de estudo pelos cientistas que se dedicam ao tema. Alm das dores, o indivduo corre o risco de perder certos movimentos, que pode ocasionar desconforto, angstia e desconfiana ou insegurana em relao ao futuro. Ibidem verifica-se que h duas linhas de investigao para as causas dessas doenas. a) A primeira acredita ser a causa biomecnica responsvel pelos sintomas dos trabalhores, tendo sua gerao em quatro pontos bsicos: fora, repetitividade, compresso mecnica e posturas inadequadas; b) A outra escola acredita serem fatores psicossociais a causa dos sintomas osteomusculares, em virtude da insatisfao profissional dos trabalhadores e pela busca desenfreada de lucro. Quanto reao emocional, comenta-se que o estado do medo e tenso exacerbado por caractersticas sujeitos a desenvolver doenas operacionais, est relacionado com o impacto das transformaes sociais atuais, com a chegada de novas tecnologias, a globalizao e as mudanas culturais decorrentes.

32 Como conseqncias, j foram citados os altos custos para as empresas tanto com o tratamento do trabalhador acometido pelas L.E.R./D.O.R.T., pelo absentesmo e, muitas vezes, com o treinamento e a substituio por outro. P ara o trabalhador as conseqncias esto relacionadas ao constrangimento causado pela doena, a impossibilidade de realizar movimentos de maneira natural, o desconforto da dor e, como j comentado, a ansiedade, a irritao, a variao de humor e o sentimento de inferioridade. Conforme Figueiredo e Montalvo (2005, p.55), o fato de muitos trabalhadores no estarem qualificados para desempenhar outras atividades profissionais sem o uso das mos pode contribuir para este quadro, dificultando sua integrao em qualquer tipo de trabalho. Por isso, muitos tm medo de demonstrar que sentem dor e agentam at o limite mximo, que pode representar um ponto comprometedor, quando a doena j atingiu um nvel bastante complicado. Vrios profissionais e pesquisadores tm procurado alertar as empresas e a sociedade em geral sobre a importncia de se adotar uma poltica nas organizaes que ajude a reintegrar o indivduo (opus citatum). As doenas operacionais referem-se, principalmente, a um grupo de diferentes leses, algumas mais conhecidas como a tenossinovite, tendinite, a bursite, e outras cujos nomes as pessoas, em geral, no esto familiarizadas como os cistos sinoviais (geralmente no dorso do punho) epicondilites (na regio do cotovelo), dedo em gatilho e outras mais. Bancrios, empacotadores, descamadores em frigorficos, costureiras so exemplos de alguns dos profissionais afetados por doenas ocupacionais (Oliveira, 2003). Segundo Lima (2005), o exerccio fsico benfico e auxilia na exteriorizao do afeto reprimido. Descarregar a energia acumulada e ter disposio fsica alivia as tenses e melhora a auto-estima.

33 Nos prximos captulos, o autor pretende demonstrar a importncia da prtica de atividades fsicas, capazes de proporcionar satisfao para as organizaes e seus colaboradores, sem a necessidade de grandes sacrifcios.

5. Ginstica Laboral: uma ao preventiva necessrio encontrar meios de preveno tanto para as doenas operacionais como para outras doenas que acometem o ser humano, em consequncia de uma vida sedentria. O incentivo, o estmulo, a oportunidade est ao alcance das organizaes, num momento em que tantas pesquisas e estudos demonstram a necessidade de valorizar o trabalhador como um aliado, um colaborador. H possibilidade de demonstrar aos empregados, a importncia de realizar movimentos corporais com o objetivo de melhorar o bem estar e a sade, procurando torn-los conscientes dos problemas que podem ser evitados atravs da realizao de prticas saudveis. A Ginstica Laboral no requer grandes esforos e pode ser aplicada no prprio local de trabalho, como veremos a seguir. 5.1. Breve histrico da ginstica laboral

34 Lima (2005, p.3) relata que, no Brasil a primeira manifestao indicativa de prtica de atividade fsica na rea interna de uma empresa se deu em 1901, numa indstria txtil sediada no Rio de Janeiro, de capital e gesto inglesa. Quando ao primeiro livro de que se tem notcia, menciona um editado na Polnia em 1925, cujo ttulo Ginstica de Pausa. A Ginstica Laboral surgiu na Holanda, na Rssia e no Japo, alguns anos aps a edio desse livro, como uma atividade diria para o cultivo da sade e destinada aos operrios. No Japo, consolidada a obrigatoriedade da Ginstica Laboral Compensatria na dcada de 1960, quando surgem programas de atividade fsica na empresa em outros pases, como a Sucia, Alemanha, Blgica e Bulgria (opus citatum). No Brasil, apesar de um pequeno nmero de empresas oferecer oportunidades de prticas esportivas a partir do final da dcada de 1920, somente em 1989 a Associao Nacional de Medicina do Trabalho declarou que o ministrio da Sade, interessado em prevenir doenas crnico-degenerativas, deveria exigir a implantao da prtica de atividades fsicas (opus citatum). Ibidem destaca que na dcada de 1990, atravs das experincias realizadas e dos efeitos percebidos, a ginstica laboral passou a ser melhor compreendida e aceita como uma ferramenta capaz de colaborar com a sade fsica do trabalhador e, consequentemente, beneficiando as organizaes, uma que pode reduzir e, at, prevenir problemas decorrentes das atividades profissionais. De fato, conforme Figueiredo e Montalvo (2005, p.61), perceptvel o interesse cada vez maior sobre a qualidade de vida e, com isso, uma aumento no nmero de empresas que resolveram implantar programas para a promoo da sade dentro de suas dependncias, como a Ginstica Laboral e a Ergonomia. Com isso, as modificaes e/ou adaptaes no ambiente de trabalho de trabalho tm ocorrido com mais frequncia.

35

Apesar das experincias e pesquisas realizadas, ainda cedo para afirmar que essa semente j criou razes. H muito para ser desenvolvido, muitas empresas ainda precisam ser despertadas para essa conscincia e, como foi visto no primeiro capitulo, as fases da ao e da manuteno so as mais difceis de serem assumidas. 5.2 Definies sobre a ginstica laboral O conceito de Ginstica Laboral est implcito no prprio nome, ou seja, um conjunto de movimentos para exercitar o corpo, fortificando-o e tornando-o mais gil, tendo uma relao direta com o trabalho, o labor. Segundo Lima (2005), pode ser compreendida como um conjunto de prticas fsicas, desenvolvidas diariamente durante o expediente, com o objetivo de compensar as partes do corpo mais utilizadas no trabalho e ativar aquelas no muito requeridas, relaxando-as e tonificando-as. Relata ainda, que so exerccios de alongamento realizados no prprio local de trabalho, e maneira coletiva. Sua finalidade est relacionada com a preveno ou recuperao de doenas ocupacionais e proporcionar bem estar para o indivduo, melhorando a flexibilidade e mobilidade articular. Figueiredo e Montalvo (2005), com base nas leituras sobre o tema, conceituam Ginstica Laboral como uma atividade fsica realizada durante a jornada de trabalho, com exerccios de compensao aos movimentos repetitivos, ausncia de movimentos ou posturas desconfortveis assumidas durante o perodo de trabalho. Maciel et. al. (2005, p.74) definem, de maneira sinttica, a Ginstica Laboral, como uma prtica desenvolvida dentro da empresa que consiste em exerccios especficos realizados no prprio local de trabalho. 5.3 Objetivo da ginstica laboral

36

De acordo com Lima (2005, p.8), a Ginstica Laboral tem como objetivo a promoo de adaptaes fisiolgicas e psquicas, atravs da realizao de exerccios adequados para o local de trabalho. Essas adaptaes visam, respectivamente, um estmulo para o aumento da temperatura do corpo e da circulao sangunea, melhor flexibilidade, mobilidade articular e postura como tambm maior integrao entre os funcionrios. Figueiredo e Montalvo (2005, p.86), comentam que a Ginstica Laboral nas organizaes tem como objetivo a preveno das doenas operacionais, a promoo de maior disposio para o trabalho, com melhor interao e integrao entre os trabalhadores em geral, com diminuio do absentesmo. Para Oliveira (2003, p.47), a Ginstica Laboral visa promover sade e melhor relacionamento interpessoal para os trabalhadores com melhoria nas condies de trabalho, proporcionando um aumento da produtividade e uma reduo de acidente de trabalho. Maciel et. al. (2005, p.75) comentam sobre a Ginstica laboral, classificando-a quanto ao objetivo: a) Como a Ginstica Corretiva ou Postural, promovendo o alongamento dos msculos sobrecarregados e o fortalecimento daqueles que tm pouco ou nenhum uso.; b) Como Ginstica de Compensao, para evitar vcios posturais e a fadiga.

37 5.4 Tipos de ginstica laboral Oliveira (2003, p.47) cita trs tipos de Ginstica Laboral usados nas empresas: a) Preparatria: sua realizao ocorre antes da jornada de trabalho, visando preparar os funcionrios para o incio do trabalho, aquecendo msculos e articulaes, despertando-os para o desenvolvimento das tarefas com mais disposio. b) De Pausa: realizada no meio do expediente de trabalho para aliviar as tenses e fortalecer os msculos. c) De relaxamento: sua realizao acontece no final do expediente para proporcionar relaxamento muscular e mental aos empregados. Lima (2005, p.13) cita esses trs tipos de Ginstica Laboral e d o nome similar para cada um deles: o primeiro conhecido, tambm por Ginstica de aquecimento, o segundo por Ginstica Compensatria e o terceiro por Final de Expediente. A Ginstica de Aquecimento (ou preparatria) apresenta muitas vantagens, pois desperta as pessoas que, normalmente chegam ao trabalho com sono ou no se sentem muito motivadas para desempenhar suas atividades. possvel aferir os resultados obtidos, comparando registros passados, antes da implantao da prtica, apontando o nmero de acidentes de trabalho ocorridos no incio do expediente com os atuais. Alm disso, o clima organizacional melhora sensivelmente, sendo perceptvel a mudana de expresso e de comportamento por parte dos trabalhadores (opus citatum). Independentemente das atividades desenvolvidas no dia a dia, so inmeros os benefcios de uma ginstica de aquecimento pela manh, pois o corpo aps um perodo de repouso, necessita ser desperto e preparado para os movimentos a serem realizados no decorrer do dia. Os mecnicos de automveis orientam os proprietrios a ligar o veiculo pela manh e esperar alguns segundos at que ele se aquea. Por

38 qu no respeitar o corpo fsico, evitando movimentos bruscos e preparando-os de maneira conveniente para atividade do dia? Ibidem sobre a Ginstica de Pausa (ou Compensatria), como o prprio nome j diz, efetuada uma pausa durante o expediente e realizados exerccios especficos, com automassagens e massagens, para compensar os movimentos repetitivos e incentivar a correo da postura, uma vez que o empregado tende a relax-la devido ao cansao, mantendo a m postura no restante do dia. Quanto Ginstica de Final de Expediente (ou Relaxamento), realizada para oxigenar os msculos envolvidos nas tarefas dirias, oferecida ao trabalhador a possibilidade de meditar durante alguns minutos, fazer uma auto avaliao e ter maior conscincia corporal. Maciel et. Al. (2005, p.74) tambm tecem comentrios sobre esses trs tipos de Ginstica Laboral. Figueiredo e Montalvo (2005, p.71) comentam que o ideal seria praticar a Ginstica Laboral nos trs momentos citados, ou seja, no incio, no meio e no final do expediente de trabalho. Mas, por falta de disponibilidade de verba e, tambm de tempo, as empresas que adotam o programa GL, optam pelo primeiro tipo, a Ginstica do Aquecimento, sendo a mais recomendada quando h necessidade de escolha, em virtude do estado de inrcia fsica, psquica e de sonolncia que costuma acometer o empregado no incio da jornada de trabalho. Com relao frequncia, tempo e durao e execuo de cada movimento, as pesquisas demonstram que a maioria considera recomendvel de trs a cinco vezes por semana, com uma durao mdia de quinze minutos, um tempo de execuo para cada movimento de 20 a 60 segundos, em torno de 10 exerccios em cada prtica, podendo ser utilizado o mesmo vesturio de trabalho.

39 Ibidem ressalta que, de uma maneira geral, no h desconto do salrio dos trabalhadores e nem compensao das pausas para a realizao da Ginstica Laboral, sendo que a participao, normalmente voluntria. 5.5 Benefcios e problemas da ginstica laboral Segundo Oliveira (2003, p.52), podem ser considerados como benefcios, a diminuio do absentesmo, com reduo de acidentes de trabalho e de custos com assistncia mdica e, em consequncia, um aumento na produtividade. Maciel et. al. (2005, p.48) mencionam, alm desses benefcios mais direcionados para as empresas, outros que beneficiam o trabalhador, como diminuio de tenses generalizadas, o alvio da fadiga muscular, a melhora da postura e auto-estima, etc. No entanto, argumentam que, para a diminuio dos quadros de L.E.R./D.O.R.T., os estudos demonstram que a eficincia dos programas de Ginstica Laboral s obteve xito quando aplicados, simultaneamente, os trs tipos descritos ( Preparatria, Compensatria e Relaxamento ). Alm disso, relatam as poucas evidncias de um interesse maior por parte dos funcionrios em realizar atividades fsicas com frequncia e que os mesmos preferem no realizar exerccios fsicos no trabalho. Mencionam, no entanto, que existem no Brasil, documentos com indicaes seguras, alegando que a prtica da Ginstica Laboral proporcionam o aumento da procura por atividades fsicas pelos empregados, alm de diminuir as dores e os sintomas provocados pelas L.E.R./D.O.R.T.. Ressaltam, porm, que h carncia de estudos conclusivos de uma relao de uma relao favorvel entre a prtica da Ginstica Laboral e a diminuio ou melhoria dos quadros de L.E.R./D.O.R.T. Oliveira (2003, p.48), por sua vez, relata que, atravs de pesquisas realizadas em vrias empresas que implantaram os programas de Ginstica Laboral, como a Faber-

40 Castell, a Siemens, o Jornal Tribuna do Norte, o ndice de aprovao por parte dos trabalhadores bastante positivo. Menciona uma pesquisa feita com 1100 funcionrios de cinco empresas que adotaram o programa Ginstica Laboral, obtendo opinio favorvel de 90% dos entrevistados com relao ajuda efetiva da prtica na preveno de doenas relacionadas ao trabalho. Lima (2005) aponta como contribuio da prtica da Ginstica Laboral, a motivao dentro das organizaes atravs de programas bem elaborados, que despertam o interesse dos participantes, demonstrando o que mais saudvel para a qualidade de vida de todos. Cita ainda, como benefcios, o esprito de equipe, o relaxamento muscular, maior flexibilidade e mobilidade articular, coordenao motora e demais benefcios mencionados nos pargrafos anteriores. Figueiredo e MontAlvo (2005) destacam a necessidade de buscar e manter o equilbrio na ambiente de trabalho. Para isso, reforam a importncia da implantao de um programa de Ginstica Laboral adequado, que propiciar, alm dos benefcios fsicos, como a melhora da respirao, melhor oxigenao e circulao sangunea, o alongamento muscular, a possibilidade de descontrair e se desligar temporariamente dos problemas do trabalho. Quanto aos problemas encontrados, apesar dos benefcios e dos resultados favorveis advindos dos programas adotados, existe a insatisfao por parte de algumas empresas e de trabalhadores que no querem participar das aulas. Um dos fatos constatados a monotonia das aulas, que caracteriza uma rotina desestimulante, com repetio de exerccios e de movimentos, provocando o desinteresse do trabalhador. Ibidem h um convite reflexo para poder solucionar este problema, evitando que a prtica se torne to repetitiva, possibilitando o alcance dos objetivos da Ginstica Laboral, entre eles:

41

a) A motivao do empregado; b) A proposta de exerccios compensatrios aos movimentos repetitivos; c) A sensao de bem estar; d) A oportunidade de descontrao e integrao com os colegas de trabalho; Outra questo a ser solucionada diz respeito falta de conscientizao e interesse no Programa. H necessidade de realizao de palestras que esclaream as dvidas sobre os benefcios, conceitos e objetivos da Ginstica Laboral, conquistando, assim, a confiana e o comprometimento do trabalhador. O apoio e a participao dos gerentes, diretores e chefes imediatos outro ponto importante, mostrando que a prtica a melhor forma de experimentar os conceitos tericos. Seus colaboradores sentiro o envolvimento direto dos superiores, passando a respeitar e valorizar o programa de atividade fsica para a sua sade e qualidade de vida. (opus citatum). Question-se tambm, o fato de algumas empresas exigirem a participao de todos os trabalhadores, tornando a prtica da Ginstica Laboral obrigatria. Essa atitude pode ser desfavorvel, pois no conquista a confiana e a compreenso por parte dos colaboradores e, em vez de visualizar os benefcios oferecidos pelo programa, passam a enxerg-lo como sacrifcio cumprido. Outro problema levantado est relacionado com as poucas pesquisas cientficas existentes e a dificuldade para mensurar os resultados obtidos com a implantao e manuteno do Programa, que acabam prejudicando a divulgao e expanso do mesmo e, consequentemente, a participao de novas empresas na adoo do programa. Maciel et. al. (2005) alegam, como desvantagem para o programa de Ginstica Laboral, quando aplicado de forma obrigatria, a situao existente em algumas

42 empresas, onde o trabalhador assina um termo de compromisso, que utilizado com a inteno de isentar a empresa de qualquer responsabilidade caso ocorra uma doena ocupacional. Dessa forma, negligenciam as condies do ambiente de trabalho e no fazem as devidas adequaes ergonmicas. Relatam tambm, o desconforto em realizar exerccios com as roupas de trabalho, alm do prprio local de realizao dos exerccios, muitas vezes sem a devida ventilao ou o espao insuficiente. Lima (2005) argumenta que durante a prtica de exerccio, o indivduo tende a passar por um processo de mudana, podendo ter dificuldades de se adaptar e, com isso, mostrar uma certa resistncia, que deve ser bem administrada por aquele que ministra a aula. Menciona ainda, que alguns funcionrios tendem a apresentar como desculpa para a realizao da prtica, a falta de tempo por excesso ou urgncia de trabalho, sem perceber que esto se prejudicando, com o acmulo de tenses. Ressalta a importncia de buscar a inovao durante as aulas, sempre aplicando tcnicas diferenciadas. Oliveira (2003) observa a diminuio da frequncia do nmero de participantes do programa aps implantando e que, ao perceber isso necessrio elaborar estratgias para motivar os trabalhadores, utilizando dinmicas de grupo, palestras de conscientizao, msica apropriada, variao de exerccios de alongamento, coordenao motora, agilidade. Destaca que a Ginstica Laboral um exerccio eficaz na preveno de doenas relacionadas ao trabalho, mas que precisa de um bom direcionamento e a utilizao do bom senso associado ao conhecimento especfico para a sua realizao, sempre fazendo uma avaliao das condies fsicas do indivduo e ambientais.

43

Por isso, fundamental que a pessoa indicada para ministrar as aulas se envolva e interaja com os trabalhadores, como tambm, com o desenvolvimento e melhoramento do programa na empresa.

44

CONCLUSO A transformao constante no mundo, desde os tempos mais remotos, passando por momentos marcantes, com a poca das conquistas de novas terra, a Revoluo Industrial, as revolues socialistas e capitalistas at chegar a globalizao, numa busca incessante pela satisfao, pelo conforto e pelo progresso. Porm, muito foi feito sem levar em considerao o bem estar do planeta, sem respeitar a natureza. Agora, a humanidade percebe que alguns limites foram ultrapassados e que primordial cuidar da sade, da terra, da gua r do ar e, por qu no dizer, da natureza humana, melhorando a qualidade de vida do ser humano, respeitando o corpo, a mente e o esprito desse ser para que possa se sentir mais pleno, integrado e feliz. O ser humano sente a necessidade de ter desafios e, talvez por isso, seja eternamente insatisfeito. A busca de novos conhecimentos, objetivando satisfazer seus desejos pode representar a chave para o progresso, mas, essa nsia de ter a mente sempre ocupada buscando meios para realizar os infinitos desejos pode ser o motivo de sua infelicidade. Cultivar uma atitude mental positiva, que deixe a mente tranqila para poder discernir o que primordial na escala de valores, permitindo-se saborear cada conquista realizada, sem se deixar dominar pela ansiedade de uma nova conquista o caminho recomendvel. Tem qualidade de vida o ser humano que est em paz e equilbrio consigo mesmo, que transmite essa sensao de paz por onde passa, que adota um estilo de vida mais saudvel, respeitando seu corpo e tranqilizando sua mente, com capacidade de lidar com as dificuldades dirias, desenvolvendo suas atividades com prazer e harmonia. Todos tm seu grau de responsabilidade nesse sentido, desde o cidado comum at empresas, instituies e governantes, pois moradia, transporte, segurana,

45 alimentao, vesturio, sade, emprego, educao, muitas vezes dependem de aes das polticas e so alguns dos itens bsicos para uma vida digna e com qualidade. Porm, no possvel esperar que todos esses itens sejam plenamente satisfeitos. Por isso, importante que cada um faa a sua parte e viva sua vida com qualidade, descobrindo o que h de melhor em seu interior, irradiando bons pensamentos e sentimentos, contagiando o ambiente ao seu redor, adquirindo e mantendo hbitos saudveis, consciente de sua capacidade de crescimento e realizao. preciso buscar o equilbrio entre o trabalho e o lazer, para que seja possvel desfrutar a vida com qualidade, ter satisfao no trabalho que realiza, descobrir e aceitar o seu jeito de ser, de existir e de fazer. H possibilidade das empresas contriburem para o bem estar e a satisfao de seus colaboradores, proporcionando meios para que tenham uma boa sade e, assim, mais disposio para realizar seu trabalho. As empresas, instituies e organizaes, em geral, podem adotar uma nova cultura corporativa, citando o exemplo da Visanet, que implantou Programas de Qualidade de Vida e promoo da Sade, visando o bem estar do trabalhador, orientando e incentivando a sua participao em prticas como a Ginstica Laboral, concedendo certa flexibilidade nos horrios de trabalho para o desenvolvimento dessas prticas. A atividade fsica, pela prtica da ginstica Laboral ajuda o indivduo a descarregar suas tenses, fazendo com que se sinta melhor fisicamente e mentalmente, conquistando mais qualidade de vida, tempo, auto estima e sade. As doenas operacionais que afetam o trabalhador, como as mencionadas no captulo 4, L.E.R. e o D.O.R.T., so sinais dados pelo corpo de que alguma coisa no

46 vai bem e preciso fazer algo em benefcio do corpo, zelando pelo seu bom funcionamento, agindo de forma preventiva. Apesar da necessidade de dar continuidade aos estudos e pesquisas sobre os benefcios da Ginstica Laboral, possvel perceber que, bem elaborada e praticada com seriedade, com acompanhamento constante, ela diminui o sedentarismo e ajuda o individuo a modificar seu estilo de vida, trazendo a conscincia sobre a importncia de movimentar o corpo, melhorar a postura e a sade, fatores preponderantes para ter um perfil profissional satisfatrio. Dentro deste contexto, podemos tambm da mentalizao positiva, do relaxamento mental, quando se aprende a aquietar a mente, procurando se conhecer melhor descobrindo suas reais necessidades, o zelo e os cuidados com o corpo se fazem presentes e podem curar a tristeza, a depresso e o estresse. As pesquisas bibliogrficas e participantes realizadas neste trabalho, considerando as prticas aqui abordadas, demonstram, no s benefcios ao trabalhador, mas tambm as empresas, com reduo do absentesmo, dos custos com doenas operacionais, do aumento da produtividade e de uma maior integrao entre seus colaboradores, tornando um ambiente de trabalho mais agradvel, sendo, portanto, possvel despertar o interesse dos empregadores no investimento na Qualidade de Vida dos colaboradores. O autor considera de fundamental relevncia social o tema Qualidade de Vida, enfocando a sade do trabalhador, com a discusso sobre a prtica de uma atividade fsica, visando o bem estar do indivduo como um todo. Para aprofundamento do tema, o autor sugere a realizao de novos estudos e o desenvolvimento de trabalhos futuros por outros pesquisadores, para que essa semente germine em campos frteis em favor de toda a sociedade.

47

REFERNCIAS PIRES, Wanderley Ribeiro. Qualidade de Vida. 4 ed. Campinas: Komedi, 2001. GONALVES, Aguinaldo e VILARTA, Roberto. Qualidade de Vida e Atividade Fsica: explorando teoria e prtica. Barueri: Manole, 2004. SILVA, Marco Aurlio Dias e MARCHI, Ricardo de. Sade e qualidade de vida no trabalho. So Paulo: Best Seller, 1997. FIGUEIREDO, Fabiana e MONTALVO,Cludia. Ginstica Laboral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. OLIVEIRA, Joo Ricardo Gabriel. A prtica da Ginstica Laboral. 2 ed. Rio de Janeiro: Sprint,2003. CODO, Wanderley e ALMEIDA, Maria Celeste C. G. de (orgs). L.E.R: Leses por Esforos Repetitivos. Petrpolis: Vozes, 1995. MACIEL, Regina Heloisa; ALBUQUERQUE, Ana Maria F. Costa; MELZER, Adriana C. e Lenidas, Suzete Rodrigues. Quem se beneficia dos Programas de Ginstica Laboral?. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, So Paulo, v.8, p. 71-86, 2005.

48

GLOSSRIO DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados ao trabalho GL Ginstica Laboral IDH ndice de Desenvolvimento Humano IDHC ndice de Desenvolvimento Humano Corrigido IPRS ndice Paulista de Responsabilidade Social LER Leses por Esforo Repetitivo PIB Produto Interno Bruto PNUD Programa das Naes unidas para o Desenvolvimento PPS Programa de Preveno Sade QV Qualidade de Vida