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NEWSLETTER/02 JUNHO 2013 Editorial Um acidente no trabalho nunca é fruto do azar ou do acaso! Nesta edição, propomos-lhe refletir sobre a importância dos processos de liderança e investigação de acidentes no trabalho, na implementação de uma política eficaz de prevenção. Por fim, compilámos um resumo dos vários temas abordados nas intervenções na 4ª edição do seminário sobre Segurança e Saúde no Trabalho, organizado pela Academia VLM ® , TOOLBOX - Segurança Aplicada. Boa leitura! p.01 Todos os anos morrem cerca de 5580 pessoas na União Europeia em consequência de acidentes de trabalho. Outras 159.000 morrem devido a doenças profissionais. Em 2010, em Portugal, foram registados cerca de 215.424 acidentes de trabalho e 208 acidentes de trabalho mortais. Os 6.088.165 dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho traduziram-se em vários milhões de euros em perdas para empresas, famílias e sociedade em geral. Fonte: GEP – Acidentes de Trabalho 2010, Lisboa, dezembro de 2012 Muitos desses acidentes poderiam ter sido evitados e muitas dessas vidas poderiam ter sido salvas se tivesse havido uma gestão sensata e adequada dos riscos nos locais de trabalho e se tivessem sido tomadas medidas adequadas e atempadas. É inegável que uma boa liderança constitui uma condição para o êxito. Contudo, a liderança pode manifestar-se de várias formas e a diferentes níveis. Um estudo sobre esta temática, permitiu concluir que o estilo de liderança pode determinar em parte o nível de segurança, saúde e bem- -estar dos trabalhadores. Tal como na definição de uma estratégia para uma empresa, produto ou serviço, qualquer abordagem preventiva na segurança e saúde no trabalho, só pode dar frutos se for definida e apoiada pela Gestão de Topo e supervi- sionada pelas chefias intermédias. Liderar pelo exemplo Definir-se como um modelo de comportamento junto dos trabalhadores de- monstra integridade e coerência nessa liderança, nomeadamente, cumprin- do e fazendo sempre cumprir todas as normas em matéria de segurança e saúde no trabalho. Liderar pela proximidade Disponibilizar tempo e promover a participação e a comunicação com os colaboradores em matérias de segurança no trabalho, por exemplo junto aos seus postos de trabalho, é um exercício que poderá trazer mais-valias PROCURAM-SE LÍDERES PARA MOTIVAR E INSPIRAR na motivação dos colaboradores, pois demonstra respeito pela opinião e pela experiência dos mesmos. Este processo bidirecional cria uma cultura em que as relações entre em- pregadores e colaboradores assentam na colaboração, na confiança e na responsabilização pela resolução conjunta dos problemas. Liderar pela conciliação de interesses Perceber os problemas e as suas origens conciliando “interesses” ditos di- vergentes, como a produtividade e a segurança. Encontrar as soluções cer- tas e precaver os princípios de segurança em circunstâncias de pressão na produção. Não se esquecendo que um acidente de trabalho é um problema com potencial origem e também consequência na produção, imputando à mesma os custos associados. A incompatibilidade desses dois “interesses” é um mito empresarial ainda muito vincado em algumas empresas e que merece a atenção de todos os intervenientes na segurança ocupacional, a começar pela Gestão de Topo: Produção e segurança no trabalho. Dois fatores de produtividade. Sofia Nascimento

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NEWSLETTER/02JUNHO 2013

Editorial

Um acidente no trabalho nunca é fruto do azar ou do acaso!

Nesta edição, propomos-lhe refletir sobre a importância dos processos de liderança e investigação de acidentes no trabalho, na implementação de uma política eficaz de prevenção.

Por fim, compilámos um resumo dos vários temas abordados nas intervenções na 4ª edição do seminário sobre Segurança e Saúde no Trabalho, organizado pela Academia VLM®, TOOLBOX - Segurança Aplicada.

Boa leitura!

p.01

Todos os anos morrem cerca de 5580 pessoas na União Europeia em consequência de acidentes de trabalho. Outras 159.000 morrem devido a doenças profissionais.Em 2010, em Portugal, foram registados cerca de 215.424 acidentes de trabalho e 208 acidentes de trabalho mortais.Os 6.088.165 dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho traduziram-se em vários milhões de euros em perdas para empresas, famílias e sociedade em geral.Fonte: GEP – Acidentes de Trabalho 2010, Lisboa, dezembro de 2012

Muitos desses acidentes poderiam ter sido evitados e muitas dessas vidas poderiam ter sido salvas se tivesse havido uma gestão sensata e adequada dos riscos nos locais de trabalho e se tivessem sido tomadas medidas adequadas e atempadas.

É inegável que uma boa liderança constitui uma condição para o êxito.Contudo, a liderança pode manifestar-se de várias formas e a diferentes níveis. Um estudo sobre esta temática, permitiu concluir que o estilo de liderança pode determinar em parte o nível de segurança, saúde e bem--estar dos trabalhadores.

Tal como na definição de uma estratégia para uma empresa, produto ou serviço, qualquer abordagem preventiva na segurança e saúde no trabalho, só pode dar frutos se for definida e apoiada pela Gestão de Topo e supervi-sionada pelas chefias intermédias.

Liderar pelo exemploDefinir-se como um modelo de comportamento junto dos trabalhadores de-monstra integridade e coerência nessa liderança, nomeadamente, cumprin-do e fazendo sempre cumprir todas as normas em matéria de segurança e saúde no trabalho.

Liderar pela proximidadeDisponibilizar tempo e promover a participação e a comunicação com os colaboradores em matérias de segurança no trabalho, por exemplo junto aos seus postos de trabalho, é um exercício que poderá trazer mais-valias

PROCURAM-SE LÍDERES PARA MOTIVAR E INSPIRAR

na motivação dos colaboradores, pois demonstra respeito pela opinião e pela experiência dos mesmos.

Este processo bidirecional cria uma cultura em que as relações entre em-pregadores e colaboradores assentam na colaboração, na confiança e na responsabilização pela resolução conjunta dos problemas.

Liderar pela conciliação de interessesPerceber os problemas e as suas origens conciliando “interesses” ditos di-vergentes, como a produtividade e a segurança. Encontrar as soluções cer-tas e precaver os princípios de segurança em circunstâncias de pressão na produção. Não se esquecendo que um acidente de trabalho é um problema com potencial origem e também consequência na produção, imputando à mesma os custos associados.

A incompatibilidade desses dois “interesses” é um mito empresarial ainda muito vincado em algumas empresas e que merece a atenção de todos os intervenientes na segurança ocupacional, a começar pela Gestão de Topo: Produção e segurança no trabalho. Dois fatores de produtividade.

Sofia Nascimento

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INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTESDE TRABALHO

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A investigação de cada acidente de trabalho permite averiguar as causas determinantes e conhecer o modo como foram desencadeados os acon-tecimentos até à ocorrência do acidente. Ao mesmo tempo constitui uma ferramenta fundamental para a definição de estratégias eficazes, para a prevenção e promoção da saúde nos locais de trabalho.

Considerando o acidente de trabalho, onde as atitudes e comportamentos in-seguros representam a grande maioria das causas dos acidentes, o principal objetivo da análise é a verificação, identificação dos pontos críticos e definição de medidas tendentes a reduzir a gravidade e a frequência com que o acidente acontece, motivando assim as pessoas para a disciplina operacional.

A efetivação destes objetivos deve ser alicerçada num acompanhamento regular dos serviços de segurança no trabalho, tendo como prioridade o trabalho nas vertentes da prevenção e sensibilização.

Objetivos • Investigar todos os acidentes de trabalho de forma homogénea, com vista a determinar as suas causas bem como a adoção de medidas preventivas; • Promover a instauração, o controlo e a validade de procedimento unifor-mes de registo dos acidentes de trabalho e da comunicação às autoridades competentes; • Alargar o campo de estatística de acidentes de trabalho e melhorar a com-patibilidade e análise dos mesmos; • Coadjuvar na elaboração dos documentos regulamentares e normativos no domínio de Segurança e saúde no Trabalho.

Aspetos importantes numa INVESTIGAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO: • O tempo em que ocorre o acidente, até que se realiza a investigação, deverá ser o menor possível. • A recolha de dados deve realizar-se no mesmo lugar onde ocorreu o acidente.

• Deverá entrevistar-se as testemunhas individualmente, sensibilizando-as sobre a importância das informações que possam transmitir, para a melho-ria dos procedimentos de segurança implementados. • O posto de trabalho deverá ser analisado em profundidade, comprovando se as condições de lugar de acidente não tinham sido alteradas substancialmente. • Na investigação, resulta o interesse de analisar as variações produzidas em relação à situação habitual de trabalho, e distinguir entre os fatores causais, ocasionais e permanentes. • É importante encontrar o maior número de causas possíveis, aumentando assim o rigor preventivo da investigação; • Finalmente, é importante comprovar, se a versão final dos factos averigua-dos é tecnicamente possível e verosímil.

O acidente nunca é fruto do azar ou do acaso, existe sempre uma ou várias causas, que devem ser encontradas e eliminadas. Se o conseguirmos, o acidente não se repetirá!

A prevenção é a base da motivação e a chave que fecha as portas a todos os acidentes de trabalho!

Marisa Moreira

4ª EDIÇÃO DO SEMINÁRIO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

No passado dia 15 de Maio, a Academia VLM® e a Unidade de Segurança no Trabalho realizaram no Aveiro Business Center a 4ª edição do seminário sobre Segurança e Saúde no Trabalho, este ano designado por TOOLBOX - Segurança Aplicada.

Dando seguimento à linha condutora que tem orientado este evento anual, esta edição juntou diversos especialistas da área de Segurança no

Trabalho (ST), técnicos e técnicos superiores de segurança no trabalho e responsáveis pela área de ST de diversas organizações, interessados na promoção e discussão da atualidade nesta área.

O seminário contou com um conjunto de temas bastante diversificado e abrangente enquadrado no dia nacional da Prevenção e Segurança no Tra-balho que este ano teve como lema “Prevenir é o melhor remédio”.

www.clinicofchicago.com

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dores sob a influência de drogas ou álcool, em que uma postura firme e intransigente é necessária para que o trabalhador em causa não se coloque em situação de risco, nem aos seus colegas.

A apresentação de Lúcia Costa, professora na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, abordou o tema da avaliação de riscos psicossociais de uma forma bastante interativa, tendo como principal enfoque a necessidade da identificação das causas iniciais - condições de trabalho - que dão origem a riscos psicossociais - saúde mental, física e social.

A participação da empresa 3M, com Patrícia Pinheiro, teve um objetivo muito focado numa nova solução para uma eficaz avaliação da atenuação que um trabalhador terá utilizando um determinado protetor. Basicamente, a metodologia explanada passa por colocar um duplo microfone no protetor selecionado, que permite medir o ruído sentido no canal auditivo e no ex-terior em simultâneo. Pode-se desta forma escolher o protetor que melhor se adapta ao trabalhador garantindo a eficácia da atenuação pretendida.Tivemos a participação da Grohe Portugal com Elisabete Costa, respon-sável da área de ST e Carlos Bento, médico do trabalho, que expuseram a sua realidade na dualidade segurança e medicina. Numa altura em que tanto se ouve dizer que tal ligação efetivamente não é possível, esta é uma prova de que realmente medicina e segurança podem e devem trabalhar em conjunto com resultados muito favoráveis, tanto para os trabalhadores como para a própria organização.

Por fim, mas não menos importante pudemos ouvir, na voz de Emanuel Gomes, diretor da Unidade Local de Braga, qual a perspetiva da ACT acer-ca dos equipamentos de trabalho e da nova Diretiva Europeia 2009/104/CE. Divulgou o panorama geral dos acidentes de trabalho associados à utilização de equipamentos, verificados no país e mais especificamente no distrito de Braga, tendo abordado algumas estratégias para melhorar a efi-cácia dos meios de proteção.

As apresentações disponibilizadas pelos oradores podem ser consultadas em www.academiavlm.pt e no facebook da Academia VLM®.

O sucesso de mais este seminário esteve patente na elevada adesão e participação do público em sede de debate, o que nos motiva para conti-nuarmos.

Em nome da Academia VLM® e Unidade de Segurança no Trabalho apro-veito para agradecer a todos os oradores e participantes pelo empenha-mento demonstrado, sem o qual não seria possível realizar um seminário com esta qualidade.

Rita Lebre

Destacamos resumidamente os temas abordados em cada uma das intervenções:

Carlos Pereira, Diretor dos Serviços para a Promoção da Segurança no Trabalho, abordou a nova legislação de acesso à profissão de técnico e técnico superior de Segurança. No acesso: deixa de existir um CAP – Cer-

tificado de Aptidão profissional, sendo agora emitido um TP – Título Pro-fissional. Os antigos CAP’s não tem de ser substituídos por TP’s, pois o CAP continua válido. A manutenção é obrigatória (formação e/ou experi-ência) mas deixa de ser necessário enviar a documentação de renovação de competências para a ACT, sendo estas validadas apenas em inspeções ou auditorias que a ACT realize. A suspensão é feita no decorrer dessas inspeções caso não se comprove que o técnico ou técnico superior tenha adquirido as competências exigidas para a sua manutenção.

Susana Gomes, assessora técnica para a legislação de ambiente e regu-lamentos REACH e CLP da APEQ (Associação Portuguesa das Empresas Químicas), explorou o tema dos agentes químicos e seu enquadramento legal falando da classificação, regras de rotulagem e embalagem de subs-tâncias e misturas perigosas fazendo ainda a ligação com o regulamento CLP. Outros pontos importantes focados foram: a avaliação de riscos e a exposição dos trabalhadores a produtos químicos bem como os limites de exposição; as fichas de dados de segurança e sua concordância com o regulamento REACH, a inclusão por parte do fabricante dos cenários de exposição; e a simplificação das FDS em documentos de fácil consulta, de-signados por Resumos de Segurança GPS (Global Product Strategy), este último de cariz voluntário, sendo já bastante utilizado nos EUA.

Após um breve intervalo, Sofia Gonçalves, presidente da direção da As-sociação Portuguesa de Técnicos de Prevenção e Segurança (APTPS) e Manuel Silva secretário da direção da referida associação, envolveram a plateia na problemática do álcool e drogas no trabalho. O tema foi abordado tanto na perspetiva do trabalhador: quais os seus efeitos sobre o organis-mo e sobre o trabalho, como na perspetiva da empresa no que concerne

à implementação de avaliações aleatórias. Salientou-se a necessidade de existirem critérios bem definidos de como atuar na presença de trabalha-

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Propriedade VLM Consultores, S.A. | Aveiro Business Center – Rua da Igreja, nº 79 E1,N.ª Sr.ª de Fátima | 3810-744 Aveiro | t 234 378 610 | e [email protected] | www.vlm.ptRedação: Segurança no Trabalho | Coordenação: Desenvolvimento de NegóciosConceção: Walk

JUNHO 2013

BREVES

FORMAÇÃO

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Data Curso

27 e 28 de junho Cursos Segurança na Condução de empilhadores

26 de junho Workshop Ferramentas da Qualidade

1 a 5 de julho. Auditor Coordenador Sistemas de Gestão de Segurança da Informação (IRCA 2016 / A 17207)

Mais informações em: www.academiavlm.pt

“A PREVENÇÃO É O MELHOR REMÉDIO”

O dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho, comemorado no dia 28 de abril, teve com mote “A Prevenção das Doenças Profissionais”, em alinhamento com a temática escolhida pela OIT para a comemoração do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho.

Através da utilização de pequenos bonecos que representam diferentes profissões, pretende-se chamar a atenção para o facto das doenças pro-fissionais não serem causadas apenas pelas profissões que possam estar sujeitas a maiores riscos físicos.

“JUNTOS NA PREVENÇÃO DOS RISCOS PROFISSIONAIS”

Este é o tema da campanha promovida pela Autoridade para as Condições do Trabalho no biénio 2012/2013, que se subordina ao slogan “Locais de Tra-balho Seguros e Saudáveis. Bom para si. Bom para a empresa”. Esta campanha tem como principio basilar o incentivo aos gestores para demonstrarem a sua liderança no domínio da Segurança e Saúde, através de uma auscultação real aos seus trabalhadores e da observância das melhores estratégias de prevenção de riscos profissionais. Por outra lado, pretende-se um crescente envolvimento dos trabalhadores na partilha de ideias para melhoria dos seus locais de trabalho e uma maior colaboração com a gestão de topo.Esta conjugação de interesses tem todo o potencial para resultar numa evidente melhoria das condições de trabalho.