JOSÉ LINS DO REGO - FOGO MORTO

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A SEGUNDA FASE DO MODERNISMO ROMANCE DE 30

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A SEGUNDA FASE DO MODERNISMOROMANCE DE 30

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Como já vimos, a principal expressão do romance de 30 encontra-se no regionalismo, especialmente, o nordestino.

Foram estudados alguns autores dessa fase:

Graciliano Ramos

Jorge Amado

Rachel de QueirozJosé Américo de Almeida

Érico Veríssimo

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Nesse momento faremos alguns comentários complementares e abordaremos alguns aspectos da vida e obra de

Dionélio MachadoJosé Lins do Rego

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JOSÉ LINS DO REGO: MEMÓRIA E FICÇÃO NO

ENGENHO

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José Lins do Rego nasceu em Pilar, Paraíba em 1901 e morreu em 1957, de um problema hepático, aos 56 anos, no Rio de Janeiro.

Era filho de fazendeiros. Com a morte da mãe, passou a ser criado pelo avô, num engenho de açúcar.

Viveu a maior parte de sua vida em Recife. Em 1924 formou-se e, no ano seguinte, casou-se com

Filomena Masa Lins do Rego, com quem teve três filhas.

A partir de 1936, passou a viver na cidade do Rio de Janeiro.

Fez Direito, atuou como promotor, atuou na imprensa, foi diplomata e eleito para a ABL pouco antes de morrer.

Conviveu com Graciliano Ramos, Jorge de Lima, Rachel de Queiroz, além de ter contato com Gilberto Freyre e José Américo de Almeida.

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Em 1932, publicou seu primeiro livro, Menino de Engenho. Custeado com seus próprios recursos, o livro recebeu críticas favoráveis e tornou-se um grande sucesso.

No ano seguinte, publicou um segundo romance, "Doidinho". Ele tornou-se um escritor de prestígio, estimado pelo público.

O livro que é considerado sua obra-prima, o romance Fogo morto, saiu em 1942. O autor consagrou-se como mestre do regionalismo. 

Em 1953, publicou seu último romance: Cangaceiros.

A obra de José Lins do Rego, bastante conhecida, foi adaptada para o teatro, o cinema e televisão. 

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Oriundo de família rica, neto do então importante coronel José Paulino, capta e transpõe para a literatura o imaginário do povo nordestino, antes expresso nas narrativas orais, romances cantados e cordel.

A decadência da estrutura social e econômica dos latifúndios e engenhos da zona açucareira da Paraíba e Pernambuco e início da modernização, com a chegada das usinas são temas do autor.

Concilia ficção com recordações dos tempos de menino e adolescente.

Numa linguagem fluida, solta, popular, capta a vida nordestina por dentro registrando-a num momento de transformações sociais e econômicas profundas.

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(1943)

(1932) (1933) (1934) (1936)

(1938) (1939) (1947)

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Sua obra divide-se em ciclos: ciclo da cana-de-açúcar;ciclo do cangaço, misticismo e seca;obras independentes.Fogo morto e o ciclo da cana-de-açúcar

Em sua 1ª obra, Menino de engenho, pretendia escrever a biografia de seu avô José Paulino, e conter cenas autobiográficas da infância do escritor, entretanto foi superado pela sua imaginação criadora.

Menino de engenho inicia em torno da figura do garoto Carlos Melo uma trilogia, incluindo Doidinho e Banguê.

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As tensões socioeconômicas do engenho de açúcar apontadas pelo narrador-personagem das obras citadas continuam nos outros romances do ciclo, principalmente em Fogo morto, parte mais significativa de suas produções.

Fogo morto é a mais madura das obras do autor. Capta não só as imagens oriundas de suas lembranças pessoais, mas a bruta realidade de uma estrutura social em decomposição.

• O romance conta a história de um poderoso engenho, o Santa Fé, desde sua fundação até o declínio, quando se transforma em "fogo morto", expressão com que, no Nordeste, designam-se os engenhos inativos.

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Fogo morto se divide em três partes:1ª - “O mestre José Amaro” – enfatiza o destino e

o drama humano de uma personagem que se orgulha de ser seleiro, de ter uma profissão independente, passada de pai para filho.

2ª - “O engenho de seu Lula” – história da ascensão, do apogeu e da decadência do engenho Santa Fé, arruinado no final por seu proprietário, autoritário, prepotente e incapaz.

3ª - “O Capitão Vitorino” – enfatiza a figura dessa personagem, alvo das chacotas da molecada e até dos adultos, como um D. Quixote nacional que anda de engenho em engenho em defesa dos injustiçados, grandes ou pequenos.

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A primeira parte enfoca principalmente a figura de um velho seleiro frustrado - Mestre José Amaro.

Chegou ao Engenho Santa Fé trazido pelo pai o velho Amaro; "homem valente que viera de Goiana, com uma morte nas costas". Devido às andanças pela noite, Mestre José Amaro ganha fama de lobisomem. Sustentavam que saía em busca de sangue.

Culpa toda a sua infelicidade na esposa, Sinhá, e na loucura da filha Marta.

Apoiava o cangaceiro Capitão Antônio Silvino, o único que levava justiça aos pobres e colocava medo nos grandes.

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Devido a uma intriga com o negro Floripes, recebe intimação de deixar a sua casa no Engenho Santa Fé.

As brigas com o senhor de engenho somam-se às desilusões com a própria profissão e com a vida familiar.

A mulher o abandona, a filha é levada para a Tamarineira.

Não suportando as frustrações e a solidão, Mestre José Amaro acaba por suicidar-se. 

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O engenho de seu Lula é o título da segunda parte e retrata a história do Engenho Santa Fé, erguido pelo capitão Tomás Cabral de Melo.

O engenho prosperava no pulso firme de trabalho do capitão.

O seu genro Luís César de Holanda Chacon, não gostava de trabalhar para a prosperidade do engenho e só tinha ares aristocráticos e uma compulsão por rezas.

O Santa Fé entra em rápido declínio. Seu Lula maltratava os negros e após a

abolição todos se retiraram exceto o negro Macário.

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A terceira parte tem por título o Capitão Vitorino, compadre de Mestre Amaro e que até a segunda parte do romance era visto apenas como motivo de zombaria.

Falava mal de tudo e de todos que não gostava, inclusive dos senhores de engenho.

O mestre Amaro considerava-o vagabundo e falador.

Contudo, na terceira parte Vitorino é apresentado como verdadeiro herói quixotesco, que vivia lutando e brigando por justiça e igualdade, sempre em defesa dos humildes contra os poderosos da terra. Não media consequência em desafiar as autoridades e até mesmo ao cangaceiro Antônio Silvino.

Falava o que pensava e sonhava com dia em que governasse.

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Personagens principais:José Amaro - Trabalhador branco livre do Nordeste.

Revela forte orgulho por ser branco e alta consciência de seu humano. Sabe que é explorado e não quer aceitar; porém não tem alternativa, salvo sua coragem e o apoio ao cangaço.

Coronel Lula de Holanda - Figura como representante da aristocracia arruinada dos engenhos. Possuí o orgulho despótico de um senhor feudal, mas perde o poder econômico. Refugia-se na religião, no amor ao passado, sem deixar de lado suas vaidades. Humilhado pela decadência e sofrendo as  pressões do cangaço, isola-se.

Vitorino Carneiro da Cunha - Representa o eterno opositor, corajoso, que aceita todas as lutas, um idealista em defesa dos mais fracos. Plebeu e ao mesmo tempo aristocrata pelo parentesco com o coronel José Paulino, outorga-se o título de capitão. 

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Alguns personagens secundários: Tenente Maurício - Desempenha o papel do opressor,

comandando uma tropa de homens mais temíveis que os próprios cangaceiros.

Negro Passarinho - Escravo recém-libertado, tem o vício da bebida.

Coronel José Paulino - Senhor de engenho, poderoso e forte, oportunista politicamente.

O Cego Torquato - Elemento de ligação do cangaceiro Antônio Silvino.

Antônio Silvino - Cangaceiro, apoiado por mestre José Amaro.

Cabra Alípio - Extremamente devotado ao cangaço.Adriana - Mulher de Vitorino.Sinhá - Mulher de José Amaro.D. Amélia - Mulher do coronel Lula de Holanda. Representante

feminino da aristocracia feudal do Nordeste. Moça prendada, educada na cidade e, agora, presa à tristeza do sertão.

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Espaço O romance se passa no município de Pilar, na

Zona da Mata paraibana, às margens do Rio Paraíba, distante cerca de 50 quilômetros de João Pessoa, próxima a Itabaiana. A maior parcela da ação se desenvolve nas terras do engenho Santa Fé, nos arredores do Pilar. Na cidade, passa-se boa parte da última seção da obra. Predomina o espaço físico da região dos engenhos e o espaço social revela a vida nordestina dos engenhos decadentes com suas misérias e problemas.

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TempoO desenrolar dos acontecimentos se dá

durante os primeiros anos do século XX, com uma regressão temporal à época da fundação do engenho Santa Fé, em 1850. E embora seja traçada rapidamente a história do engenho até o momento narrado, as ações em si não duram mais do que alguns meses. Predomina o tempo cronológico e o uso de flash backs para a apresentação de determinadas personagens.

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Foco narrativoO romance narrado em terceira pessoa, do

ponto de vista do narrador, aproveitando o falar característico da população inculta. Tem-se um narrador onisciente, que penetra no interior das personagens e se vale muitas vezes do discurso indireto livre, do monólogo interior.

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O tema central de Fogo Morto é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX.

Embora apresente uma estória muito movimentada, não se trata de um romance de ação: pretende atrair pela problematização social e existencial, e não pela surpresa dos fatos.

É notável a habilidade do autor em encadear as três partes narradas, que se direcionam para mostrar a decadência do engenho e o que acontece com seus habitantes.

As relações entre as personagens são fios que costuram as três partes da narrativa, ajudando a construir um grande painel da zona açucareira.

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A visão nostálgica do autor, presente em outras obras desse ciclo, cede lugar a um profundo sentimento de tristeza e de inconformismo social.

O estilo da obra é modernista, pois baseia-se na linguagem cotidiana, revestindo-se de oralidade espontânea. Resulta daí a impressão de vivacidade e dinamismo. Possui força dramática e senso do real.

Pertence ao Regionalismo Nordestino, porque aborda a paisagem específica dessa região, mas as questões abordadas transcendem os limites regionais, o que é comum nas obras bem realizadas. 

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DIONÉLIO MACHADO: DO BANAL AO UNIVERSAL

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Dyonélio Tubino Machado nasceu em Quaraí – RS, em 1895 e morreu em1985, em Porto Alegre.

Formou-se em Medicina, especializando-se em psiquiatria. Foi também jornalista e chegou a se eleger deputado (Partido Comunista).

Órfão de pai (assassinado), trabalhou, a partir de 1903, com apenas oito anos, como vendedor de bilhetes de loteria, depois foi balconista e monitor de classes atrasadas na escola pública.

Em 1923 ingressa na Faculdade de Medicina. A estreia literária ocorre em 1927, com os contos

de Um Pobre Homem. No ano seguinte, é nomeado para o Hospital

Psiquiátrico São Pedro, no Rio Grande do Sul. Passa dois anos, entre 1930 e 1931, no Rio de Janeiro, onde se especializa em psiquiatria e neurologia.

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Nos últimos 20 dias de 1934, por insistência do escritor Erico Verissimo, escreve o romance Os Ratos, a fim de disputar um prêmio literário nacional.

Em 1935, é preso duas vezes por sua opção política. Decepcionado, afasta-se por quase 20 anos da carreira política e do mercado editorial, dedicando-se à medicina e escrevendo romances.

Apenas em 1966, com a reedição de Os Ratos, volta à cena literária, publicando, nas décadas seguintes, obras inéditas.

Quase esquecido pela crítica e pelos historiadores da literatura durante décadas, só mais recentemente sua obra começou a ganhar a devida atenção.

Escreveu romances, contos e ensaios.

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1942 1966

1980 1982 1982 1995

1927 1935

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Situa-se entre os autores intimistas e urbanos da geração de 1930 que trabalharam na linha da exploração psicológica.

Talvez a obra Os ratos (1935) seja uma das mais profundas experiências de instrospecção na literatura brasileira.

Sua análise dos problemas humanos é feita sob o ângulo das relações de exploração social.

Surpreende por analisar esses problemas a partir das pequenas coisas massacrantes que envolvem o dia a dia das pessoas comuns e as anulam.

O social, mesmo em permanente tensão com o individual, nunca de sobrepõe.

É o leitor quem extrai suas próprias conclusões sobre os efeitos do sistema capitalista em relação ao indivíduo comum, assalariado, impotente na engrenagem social.

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Os Ratos  foi a obra mais importante de Dyonélio Machado.

“Trata-se de um romance breve, concentrado, surpeendente pela originalidade saída do mais prosaico, com perfeito equilíbrio entre os elementos psicológicos e sociais, explorados em profundidade, numa forma simbólica de longo alcance.” (Crítico Davi Arrigucci Jr.)

• Utilizou uma linguagem simples, objetiva e coloquial em sua narrativa e dividiu o enredo, cujo ponto central é a crítica ao poder do dinheiro que orienta  todas as relações sociais, em 28.• Em 28 capítulos, narra um dia na vida de

Naziazeno, período no qual ele deve conseguir 53 mil-réis para pagar a dívida com o leiteiro, que ameaça interromper o fornecimento.

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A obra narra o percurso de 24 horas de desespero do funcionário público Naziazeno Barbosa, um cidadão comum que está passando por problemas financeiros e se sente completamente atormentado, pois certa manhã, desperta com um sério problema: o leiteiro ameaça cortar-lhe o fornecimento de leite se ele não pagar, na manhã seguinte a dívida de 53 mil-réis.

A necessidade impele o protagonista a uma odisseia pela cidade. Durante todo o dia Naziazeno pensa apenas em como arrumar dinheiro – empréstimo, penhor --, humilha-se, mas nada consegue.

Decide pedir dinheiro emprestado ao diretor, que já o fizera no passado diante da doença do filho, mas fica em dúvida se desta vez conseguira a ajuda.

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No trabalho, Naziazeno fantasia sobre a conversa com o diretor, mas a cada minuto que passa se sente menos confiante. Diante da demora do diretor com a secretária decide ir ao centro da cidade para encontrar com o amigo, Duque, que sempre tem uma solução para problemas de dinheiro.

Não o encontra, mas encontra Alcides que sugere que ele jogue no bicho com o dinheiro que o diretor emprestar. Naziazeno não consegue nada com o diretor e Alcides lhe propõe que vá cobrar uma dívida do Andrade em troca de comissão, mas Andrade afirma que o resto da dívida deve ser paga pelo Mister Rees.

Entre encontros e desencontros, Naziazeno se vê faminto e sem dinheiro para pagar o almoço, encontra um amigo que lhe empresta cinco mil réis para a refeição, mas ele decide jogar no bicho e ganha cento e setenta e cinco mil réis, mas os perde em seguida apostando novamente.

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Naziazeno se encontra novamente com Alcides e Duque. Juntos, eles vão atrás de agiotas e casa de penhores até que finalmente Naziazeno consegue um acordo com o Dr. Mondina e leva o dinheiro para casa.

Assim, no final do dia, consegue o dinheiro. E volta para casa levando também comida e um brinquedo para o filho.

Em casa Naziazeno pensa na reação do leiteiro ao ser pago no dia seguinte e começa a relembrar toda a maratona que passou para conseguir o dinheiro e não consegue dormir.

Quando finalmente dorme tem um pesadelo com ratos roendo o dinheiro.

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PersonagensNaziazeno Barbosa - Modesto funcionário público,

Naziazeno é o herói da história. Fragilizado pela condição de penúria material, atormentado pela necessidade de saldar uma dívida com o leiteiro.

Adelaide - Dona de casa, esposa de Naziazeno. Convive, diariamente, com as dificuldades de um orçamento familiar minguado, insuficiente para o sustento digno da família.

Mainho - Filho de Naziazeno e Adelaide.Dr. Romeiro - Diretor da repartição pública onde Naziazeno

trabalha. Há suspeitas de corrupção sobre ele. Certa vez, emprestou dinheiro a Naziazeno. 

Otávio Conti - Advogado.Dr. Mondina - Falso advogado; bajulado por conta do

dinheiro de que dispõe. Foi quem desembolsou o dinheiro para o grupo (Naziazeno, Alcides e Duque), permitindo ao herói voltar para casa com a quantia devida ao leiteiro.

Rocco - Agiota para quem Alcides já deve uma grana. Nega-se a fazer novo empréstimo.

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Fernandes - Agiota que se nega a emprestar dinheiro (cem mil réis) a Duque.

Assunção - Agiota da Rua Nova. Nega-se a emprestar dinheiro.Alcides - Amigo de Naziazeno, solidário com ele na pobreza e

nas dificuldades, fazendo tudo para ajudá-lo.Duque - Amigo de Naziazeno e de Alcides. Inspira confiança

porque tem sempre uma solução para os problemas que envolvem dinheiro.

Fraga - Vizinho de Naziazeno. Parece ter uma vida bem arrumada, não precisando passar pelos vexames financeiros por que passa o protagonista.

Costa Miranda - Amigo de Naziazeno; emprestou-lhe, na rua, cinco mil réis para o almoço.

Martinez - Dono da loja de penhores onde o anel de Alcides estava guardado. Mostrou boa vontade e foi, à noite, abrir a loja para devolver a jóia.

Dupasquier - Dono de uma joalheria. Examina o anel de Alcides e oferece trezentos e cinqüenta mil réis. Quando descobre que a proposta é de penhor, desiste do negócio.

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TempoTempo cronólogico - Em Os Ratos, as ações dos

personagens acontecem no tempo cronológico ou linear, marcado pela passagem das horas, durante um dia de peregrinação de Naziazeno. O passar das horas é uma preocupação cruciante para o herói que não pode voltar para casa sem o dinheiro do leiteiro.

Tempo Psicológico - O tempo psicológico (interior, aquele que transcorre dentro dos personagens, marcado pela ação da memória, das reflexões) é valorizado principalmente nos últimos capítulos.

EspaçoO cenário de Os Ratos é a cidade de Porto Alegre.

Foco narrativoO romance é narrado na terceira pessoa (narrador

onisciente). O narrador (o próprio autor) relata as ações de todas as personagens, concentrando suas observações no íntimo do herói, revelando ao leitor as suas angústias interiores e psicológicas.

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TemáticaLuta por dinheiro - O tema principal de Os Ratos é

a luta desesperada de Naziazeno para conseguir, em um dia, dentro de uma cidade grande e insensível, dinheiro para saldar uma dívida com o leiteiro. Mistura-se a essa luta a ansiedade, o desespero, a sensação de fragilidade e inutilidade do ser humano que não tem recursos sequer para garantir o sustento digno da família.

As dificuldades enfrentadas por Naziazeno levam à progressiva animalização.

Vive entre a descrença em sua capacidade de resolver o problema e a confiança ingênua naqueles que o circundam.

Busca soluções com o chefe e outras figuras mais abastadas, mas, diante da indiferença desses homens, encontra a solidariedade em colegas de sua classe social.

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Embora se trate de narração em terceira pessoa, todo o conteúdo é determinado pelo ponto de vista do protagonista. O uso ostensivo do discurso indireto livre permite que Naziazeno expresse seu caráter humilde, passivo e conformista.

O espaço urbano é descrito conforme a relação que os personagens com ele estabelecem, assumindo configuração opressiva. Passado, presente e futuro se fundem nos delírios e nas alucinações deste homem que busca pagar o leite de seu filho.

Dyonélio Machado não se preocupou com aspectos exteriores das personagens, aflorando o lado íntimo ou psicológico.

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Naziazeno é um herói impotente diante de uma situação aparentemente simples: conseguir dinheiro para garantir o bem-estar da família (principalmente do filho pequeno). É o homem comum rebaixado à condição de miserável, exposto à humilhação e ao anonimato que caracterizam o viver das aglomerações urbanas.

Os ratos, ganhando a possibilidade de roerem dinheiro, simbolizam o consumismo da cidade grande, o câncer que aniquila os sonhos dos proletários, a desvalorização da solidariedade em função de padrões materiais que elevam o dinheiro à condição meta principal a ser alcançada.

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Os Ratos se enquadram, dentro do movimento modernista brasileiro. A obra é um romance social por excelência.

O drama urbano da classe média baixa encontra protótipo perfeito em Naziazeno Barbosa, o herói fragilizado pela preocupação de cumprir um papel social no caos urbano em que vive.

O tema dessa obra é a massificação do homem contemporâneo, indivíduo anônimo na multidão.

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Professora Carina Pires

BOM DIA!