Jornalismo Digital
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Jornalismo digital – Pollyana Ferrari
Capítulo 1
- a internet foi concebida em 1969, quando o Advanced Reasearch Projects Agency (Arpa), organização do Departamento de Defesa norte-americano focado na pesquisa de informações para o serviço militar criou a Arpanet, rede nacional de computadores, que servia para garantir comunicação emergencial caso os EUA fossem atacados por outro país.
- em 1975, a Agência de Comunicações e Defesa ganha o controle da Arpanet para facilitar contato com o Depto. de Defesa dos Eua. A comunidade acadêmica também utilizada o serviço, mas o foco era militar.
- novas redes começaram a surgir, Bitnet, CSNET.
- 1986 – NSFNET conectava pesquisadores de todo o país. – redes eram chamadas de superhighways.
- final dos anos 80: muitos computadores conectados, mas computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa.
- 1989 – Tim Bernes Lee propôs a www (antes, escreveu o Enquire).
- 1993 - Mosaic - primeiro browser
- 1997 – o termo portal começa a ser usado
- leitor digital: adquire pseudoconhecimento, absorvido sem qualquer participação efetiva.
- a partir de 2001, o conteúdo dos portais foi reduzido às mesmas agências de notícias. Todos ficaram muito parecidos. Com isso, os leitores recebem e absorvem a mesma fonte de informação. O que muda é o empacotamento da notícia.
- os portais são como grandes shopping centers. Os leitores digitais se comportam de forma parecida: olham as manchetes, horóscopo, previsão do tempo, a informação é absorvida sem grande comprometimento. A importância e repercussão de uma manchete de revista continua sendo maior que seu portal favorito.
- 2001: Terra chama a atenção pela cobertura de 11 de setembro, mudando as manchetes de minuto a minuto. Fórmula adotada por todos os outros depois.
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- navegantes “de pilhagem”- leitores dos portais – prontos a mudar de rumo a cada instante, sem compromisso. Na internet, a viagem é lúdica e o apelo visual e textual falam mais alto.
- quanto mais informações, mais equivocados ficam os leitores.
- a maioria dos sites jornalísticos começa como reprodutores do conteúdo publicado em papel. O primeiro realmente personalizado e interativo foi o The Wall Street Journal, em 1995.
Capítulo 2
Brasil – os sites de conteúdo nasceram dentro das empresas jornalísticas.
- Jornal do Brasil, em 1995, primeiro site jornalístico brasileiro, seguido de O Globo.
- na mesma época, a Agência Estado também coloca seu site no ar.
- 1997 a 2000 – sites brasileiros apostaram na oferta abundante de conteúdo, mais quantidade de notícias que aprofundamento.
- iG – portal com internet grátis, em 2000. Concorrentes: UOL, ZAZ (hoje Terra), StarMedia e AOL.
Conceito de portal: tentam atrair e manter a atenção do internauta ao apresentar, na página inicial, chamadas para conteúdos díspares, de várias áreas e origens. A solução ajuda a formar “comunidades”de leitores digitais, reunidas em torno de um determinado tema e interessadas no detalhamento da categoria de conteúdo em questão e seus respectivos hyperlinks. O conteúdo jornalístico é o principal chamariz. Sessões mais comuns:
- Ferramenta de busca- Comunidades- Comércio eletrônico- E-mail gratuito- Entretenimento e esportes- Notícias (a partir de 98 os portais norte-americanos passaram a acrescentar noticiário jornalístico às páginas. O Yahoo! foi o primeiro)- Previsão do tempo- Chat- Discos virtuais- Home Pages pessoais- Jogos online- Páginas amarelas
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- Mapas- Cotações financeiras- Canais- Mapa do site- Personalização
Portais verticais: nasceram em 99, em busca do usuário interessado em conteúdo e serviços personalizados. Segmentados. Ex: Amazon cria o Amazon Sports. Focados em um assunto específico dentro de uma área. União entre comunidade e conteúdo, permitindo personalização e interatividade.
Capítulo 3
Como escrever notícias para a internet
O conteúdo está espalhado por todos os produtos oferecidos pelo site.
Profissional jornalista para web: grande capacidade de adaptação.
Jornalista online: trabalha com a transposição das mídias, traduzindo as notícias da linguagem impressa para a web.
Jornalismo digital: compreende noticiários, sites e produtos que nasceram diretamente na web. ex: Último segundo, do iG. Desafio: necessidade de preparar as redações para conhecer e lidar com essas transformações. Além da necessidade de lidar com vários tipos de mídia, é preciso desenvolver uma visão multidisciplinar com noções comerciais e de marketing.
Os jornais digitais estão hospedados na maioria das vezes dentro de portais horizontais, onde a pagina default é a “capa”.
Ciberjornalismo: criar e manter um blog, mediar chats, escrever em fórum, todas as tarefas que envolvem a criação de textos para os produtos do meio podem ser chamadas de ciberjornalismo.
Ciberjornalista: capacidade de mexer com várias mídias, escreve corretamente. Mas não basta: é preciso ter background cultural para conseguir contextualizar a informação e empacotá-la de um jeito diferente para cada necessidade editorial.
Hipertexto: bloco de diferentes informações digitais interconectadas, que, ao usar nós ou elos associativos, os links, consegue moldar a rede hipertextual, permitindo que o leitor decida e avance sua leitura de modo que quiser, sem ser obrigado a seguir uma ordem linear. Com a descoberta da rede hipertextual, criou-se a hipermídia, que proporciona que o leitor leia um aplicativo na ordem que desejar, já que engloba hipertextos e recursos multimídia.
Pai do hipertexto – Ted Nelson – conceito de texto elástico – strech text -, aquele que se expande e contrai conforme as solicitações do leitor, faz com que o internauta assuma o comando da
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ação, trocando filmes, vídeos, diálogos, textos, imagens como se estivesse em uma grande biblioteca digital. Obs: o conceito de autoria é bastante complicado quando se fala em hipermídia. Alguns autores já chegaram a afirmar que a hipermídia representa o fim da era da autoria individual. Transferência do poder autoral para o leitor.
- na hipermídia, o leitor torna-se um escritor quando lê, reconfigurando a informação de acordo com as suas preferências e hábitos de leitura.
A produção de notícias
- produção de reportagens – empacotamento da notícia – material recebido de agências tem título, abertura, formato transformado. As funções de editor se misturam com a de “empacotador”. Ao trabalhar em cima do texto alheio, o jornalista da internet não deixa de ser um copidesque.
- para escrever texto online: conhecer o público e manter o foco nas necessidades e hábitos dos leitores.
- jornalistas online precisam sempre pensar em elementos diferentes e em como podem ser complementados. Use arquivos de áudio, vídeos, fotos. Quando sair para entrevistar, sempre que possível, grave.
- fotos: prefira as com pouca riqueza de detalhes, que possam ser vistas nitidamente pela tela.
- vídeos: fundos planos e imagens o mais próximas possíveis.
- texto: deve estar em uma linha entre o jornalismo impresso e o eletrônico. É mais conciso e multimídia que o impresso e mais literal e detalhado que o da TV.
- use sentenças concisas, simples e declarativas, que se atêm a apenas uma ideia. Evitam-se períodos longos e voz passiva. Use e abuse de verbos fortes, escreva um texto vivo, arejado e alegre.
- a web não é sisuda, ela tem humor. O público é mais receptivo para estilos não convencionais, já que o leitor não tem tanto compromisso ao navegar, zapeia os canais.
- oferecer as últimas notícias e mais rápido não é o mais importante. Os leitores raramente percebem quem deu a notícia primeiro. Mas matérias incompletas, descontextualizadas e rasas causam péssima impressão. Melhor colocar no ar com qualidade, ainda que dez minutos depois dos outros.
-lead ganha força na web.
- escrever em “T”: a parte horizontal representa o lead e o restante pode ser contado de forma narrativa, continuar com o resto da história, ir ponto por ponto ou simplesmente continuar o texto do formato pirâmide inversa.
- empilhamento de informações – problema dos sites noticiosos. No esforço de parecer o mais atual possível, sites quebram as matérias e colocam o último desdobramento no topo.
- quantidade de caracteres: qualquer história pode ser contada em 900 caracteres. Em
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reportagens maiores, utilizar recursos multimídia.
- o leitor online precisa clicar e escolher o que quer ler, diferente do impresso que não realiza nenhuma tarefa.
- narrowcasting: jornalismo decorrente da mídia digital – o específico, personalizado, a informação dirigida ao indivíduo.
- raramente o repórter web sai à rua em busca de um fato. O fato vem até ele pela própria net.
- o veículo digital é antagônico ao tradicional, pois sua concepção parte de um grupo grande para um pequeno e, por fim, para o indivíduo.
- Notícia – Nilson Lage: relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante. Não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los.
- evitar o uso de termos pouco conhecidos, já que, ao reduzir os itens léxicos (palavras e expressões) e de operadores (regras gramaticais) de uso corrente aumenta-se a comunicabilidade e facilita-se a produção do texto.
- o texto de últimas notícias online fica entre 4 e 7 linhas, geralmente é apenas o lead.
- USABILIDADE – é a ferramenta da web (Jakob Nielsen, Designing News Usability). É o conjunto de características de um produto que define seu grau de interação com o usuário.
- o jornalista digital assume e agrega muitas funções similares a um gerente de produto, que precisa cuidar, planejar, viabilizar financeiramente e até manter vivo o produto em questão. Usabilidade é peça chave na rotina desse jornalista.
- para atingir alto nível de usabilidade, é preciso de concentrar no usuário final.
- usabilidade é a ponte entre pessoas e máquinas. Uma interface de usuários refere-se à parte de um hardware ou software que permite a uma pessoa se comunicar com ele. Isso inclui meios de output (do computador para o cliente) e input (do cliente para a máquina). Output: monitores, alto-falantes e outros meios que dão feedback para o usuário. Input: periféricos, como teclados, mouse e microfones.
Jakob Nielsen: “a coisa mais importante é descobrir as três razões principais por que os usuários vão ao seu site e deixar essas coisas extremamente fáceis e rápidas de serem feitas”. Poucos cliques no mouse, para mover o visitante de forma sutil.
- textos muito curtos e explorando bastante o uso de itens e palavras-chave em destaque.
- chamadas de capa dos jornais na web são similares às chamadas de rádio.
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PERSONALIZAÇÃO – algumas regras
- como criar um site personalizado, a partir de preferências conhecidas de cada visitante.
1. aprenda com cada movimento
2. não coloque resistência à personalização
3. não negligencie qualquer fonte de informação
4. permita que o usuário mostre seus erros
5. obtenha toda a informação possível sem aborrecimentos
6. enfatize a privacidade
7. a importância da personalização na venda ao usuário – deixar claro que o conteúdo é personalizado. Identifique e o ofereça rapidamente o que ele necessita.
8. observe o que os usuários aprovam ou não – perceber o que não tem muitos cliques e por quê.
9. facilite a vida do usuário para que ele possa demonstrar o que gostou e o que não gostou – conte com ferramentas de mensagens instantâneas
10. nunca deixe o usuário esperando por uma resposta personalizada- melhor uma resposta impessoal e rápida
Capítulo 4
O meio digital – particularidades do espaço atemporal de trabalho
Jornalista digital:- contextualizar a informação e saber criar hierarquias de importância da notícia – sempre da mais para a menos importante- escrever corretamente, obrigação de todo o jornalista- ser rápido no raciocínio e ter o conceito de instantaneidade ajudam na questão do fechamento contínuo- ter familiaridade com o computador, com tratamento de imagens, ser heavy user da web. - ter boa bagagem histórica, sem ela não é possível tecer a reportagem multimídia.
- a grade de atualização das primeiras páginas assemelha-se às grades de programação da TV aberta. Nos portais ocorre efetivamente o primeiro crossmedia entre o formato texto, que segue padrões e estilos da mídia impressa, e as ofertas de vídeos, áudios e animações que vêm da linguagem televisiva.
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- não basta ter uma boa reportagem: é preciso saber onde publicar e em que horário. Para descobrir em que área devemos publicar cada tipo de material surgiu a arquitetura da informação.
- na web, as histórias começam e terminam onde o leitor quiser. Isso obriga os jornalistas a pensarem em novas formas para contar histórias.
- a abrangência de serviços oferecidos num portal consegue preencher e resolver grande parte das necessidades do homem moderno.
- o jornalismo na web é sinérgico, reunindo áreas como o exercício do jornalismo e a usabilidade.
Capítulo 5
Cases
- 1996 – ZAZ – liderado pela editora Sandra Pecis – Terra. Compra noticiários de agências + produção local de abrangência nacional.
- 1998 - Época online – a revista Época já nasce com uma versão online. A impressa também já trazia uma linguagem web, com textos curtos, linguagem quase não-linear. No sumário da revista, as @ indicavam as matérias que seriam encontradas na internet. Foi a primeira revista semanal a colocar a página na internet com noticiário diário. Porém, em 2003, o cenário é outro: as revistas brasileiras utilizam a web para captar assinantes
Hipermídia – todos os métodos de transmissão de informações baseadas em computadores, incluindo texto, imagens, vídeo, animação e som.
1969 – a internet é concebida – ARPANET
1989 – Tim Bernes Lee – www
1993 – Mosaic, primeiro browser
1994 – cria-se o site Yahoo!
1995 – o Jornal do Brasil inaugura o primeiro jornal eletrônico do pais, o JB online.
1996 – O grupo Folha lança o UOL e a Nutec o ZAZ.
1997 – começa a ser utilizado o termo portal
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1998 – Época online
2001 – O ataque ao WTC, nos EUA, fez com que a internet assumisse o efetivo papel de mídia de massa e informasse milhões de usuários em todo o mundo. O tráfego do UOL foi tamanho que a home Page foi substituída por outra mais leve.
2002 – os blogs ganham adeptos no mundo todo.
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