Jornal Valor --- Página 2 da edição 24/06/2013 2a CAD A ...€¦ · para virar megawatts. As...

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A2 | Valor | Segunda-feira, 24 de junho de 2013 Brasil Acker D2 Actis B3 Actua-CCR F3 Aeromovel Brasil F10 ALL B4 AlmapBBDO B4 Alstom F10 AM Branco F10 Amdocs B2 Angeloni B3 Anshan B9 Apple A11, B1 Asbis B1 Avianca B3 Azul B3 Bank of America B1 Barclays A9, C1, C2 Baxter A4 BB Investimentos C2 Benito Roggio F3 Berkshire Hathaway B4 BM&FBovespa D1 BNDES A2, A3, A4 BNP Paribas C12 Bom Preço B3 Bombardier F8, F10 Booz Allen Hamilton A11 Bradesco D1, D4 Brassell F8 BRF A2 BT B2 BTG Pactual B5 BTIG C2 Bugatti B9 BVA D2 CAF F10 Carrefour A2 CCX B5 CET F6 Ceva F8 Christie’s D2 Citigroup B9 CNA B3 Coester F10 Coletek B1 Comgás B1 Copatrans B12 Copel B1 CPTM F1, F2, F10 Credit Suisse B1 Credz C1 Cresça Brasil B3 Cruzeiro do Sul D2 Deicmar B6 Deutsche Bank A3, A9, C2 DL B1 DM9DDB B4 Dow Jones D2 E.On B5 EBP B6 EBX B5 Eletrobras A3, B1 Eletronorte A2 Embarq Brasil F7 Equus C1 Espírito Santo B1 F/Nazca B4 Facebook A11 Falconi A12 Fiat B8 Fidelity C2 Fisher C2 Fitch A9 Galanto A3 Global Scooters F9 Gol B3 Google A11, B9 Granoeste B11 Grimaldi B6 Hart Davis Hart D2 Heinz B4 Hemobras A4 Honda F9 HSBC A9, B9 IAT F10 Ibope F6 IDC B1 Iesa F10 IMG B5 IMX B5 Infraero A12 Insper D2 Invepar F3 Itaipu A2 Itaú BBA B1 Iveco B8 J. Safra C1 J.P. Morgan C1 Jaime Lerner F7 Jox B11 Kawasaki B9 KPMG B8 Lapp B1 LCA Consultores C12 Leo Burnett B4 Light B1 LLX B5 Loducca B4 Logitech B1 Lojas Americanas B3 McCann B4 Media Rights B9 Merrall & Condit D2 Microsoft A11, B1 Mitsubishi B9 Monsanto B9 Morgan Stanley B9 MPE F8, F10 MPX B5 Multiplan D4 Nissan B8 Nucor B9 Nymex D1 Odebrecht F3, F10 Odgers Berndtson D3 Ogilvy B4 OGX B5 OHL B9 Opus D4 OSX B5 Panvel B3 Pão de Açúcar A2 Perdigão A2 Petrobras A3, D2 Planner D1 Premold F10 Procter & Gamble B4 Prosper D2 Quark F8 Quest A3 Railway Shanhaiguan Bridge B9 RATP F3 RBS A9 Renault B8 Riachuelo D4 Riopar F3 Rumo F10 Sabesp B1 Sadia A2 Samsung B1 Schroders C2 Scomi F8, F10 Scot B11 Seat B8 Shell B9 Siemens F10 Siqueira Castro A12 Smith Barney B9 Sony B9 Sotheby’s D2 SPTrans A1, A8, F6 Standard & Poor’s A3, B9 Starbucks B9 Suzuki F9 T'Trans F10 TAM B3 Tenaris B9 Tendências C12 Time for Fun B5 Trensurb F10 Trip B3 TriStar B9 TS B11 TTrans F10 UBS B3, B9, C2 Unilever B4 UOL B3 Varig F10 Vespa F9 VLT Carioca F3 Volkswagen B8 Walmart B3 Western C2 WMcCann B4 WPP B4 XP D1 Y&R B4 Zaffari D4 Índice de empresas citadas em textos nesta edição O discurso, as entrelinhas e os fantasmas Daniela Chiaretti E m 5 de junho, dia mundial do meio ambiente, a presidente Dilma Rousseff fez um discurso de dez páginas, durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em Brasília, tentando mostrar como o Brasil caminha para a economia de baixo carbono. Mas foram oito linhas de sua fala, que ganharam destaque no dia seguinte. “Temos de enfrentar o fato de que, se continuarmos a fazer hidrelétricas a fio d’água (...), haverá uma tendência inexorável de aumento das térmicas na nossa matriz”, era o resumo da ópera. A presidente não disse, mas a alternativa às hidrelétricas a fio d’água são hidrelétricas com reservatórios, provavelmente grandes, certamente na Amazônia. Nesse discurso não dito há espaço para muita controvérsia. As três grandes usinas que o Brasil constrói neste momento, e onde investe bilhões, são a fio d’água. Ali as turbinas gerarão energia a partir do fluxo natural do rio, sem grandes quedas — no fio da água. A água que entrar no reservatório sairá rapidamente para virar megawatts. As usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará, são assim. Projetos novos, como São Luiz do Tapajós, idem — desenhada para 6.133 MW e inundar 1.630 km 2 de Amazônia. Projeto antigo, como a gigante Itaipu, no rio Paraná, também é a fio d’água. Tem lago-monstro, de 1.350 km 2 , potência instalada para 14 mil MW e fornece 18% da energia consumida no Brasil. Ou seja, ser a fio d’água não é garantia de pouca inundação. O que está nas entrelinhas do discurso presidencial é que as próximas usinas brasileiras terão reservatórios plurianuais, para permitir acumulação de água e garantir que a capacidade de geração de energia não fique tão dependente do regime de chuvas. Funcionam como um “back up” para a época de seca e evitam o que acontece hoje: sem chuva e com reservatórios baixos, ligam-se as térmicas, o que aumenta gastos e a emissão de gases-estufa. Pior, a segurança energética em risco faz ressurgirem leilões para térmicas a carvão, o que não acontecia desde 2009. O discurso da presidente segue a lógica do setor elétrico: reservatórios são fundamentais. E como o país só utiliza 7% do potencial hidrelétrico da região Norte, basta ligar lé com cré para entender que o alvo é a Amazônia. Mas há outras lógicas além daquela. Há quem suspeite que a conversão dos rios brasileiros em megawatts pode não dar certo em muitos casos. “Infelizmente o governo está achando que pode brigar com a geografia”, diz o professor Celio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. Há grandes planícies na Amazônia, ou seja, grandes reservatórios são possíveis só se forem alagadas áreas enormes, com todos os problemas sociais e ambientais a reboque. “Não sou contra usinas na Amazônia, mas é preciso que sejam concebidas levando em consideração o bioma, as características geográficas, os aspectos sociais e ambientais.” Bermann, que ajudou no desenvolvimento dos estudos de aproveitamento hidrológico do rio Xingu na década de 80, é um crítico severo de Belo Monte. Lembra que estão sendo investidos R$ 32 bilhões em uma usina com potência instalada para gerar 11 mil MW, mas que durante vários meses, em função da baixa vazão do Xingu, não produzirá mais que 1.100 MW. “Irão necessariamente construir uma usina rio acima”, desconfia. “A discussão de retomar o modelo antigo dos grandes reservatórios é reabrir campo para que os antigos projetos do Xingu possam ser refeitos”, acredita. “Olha o perigo aí”, concorda Philip Fearnside, pesquisador-sênior do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e que há mais de 30 anos estuda a região. O governo diz que desse risco não se corre. Em 2008. o Conselho Nacional de Política Energética baixou uma resolução garantindo que não seriam construídas mais hidrelétricas no rio Xingu além de Belo Monte. Uma das usinas projetadas no passado, Babaquara, inundaria 6.140 km 2 e afetaria diretamente os índios caiapós, sempre em pé de guerra contra o projeto. “Não dá para condenar todas as hidrelétricas. Mas o que precisa acontecer, e não está acontecendo, é uma discussão pública e democrática, de como irá se usar a energia”, diz Fearnside. A safra de grandes hidrelétricas do passado produziu uma série de erros tenebrosos. O fantasma da hidrelétrica de Balbina é o que mais assombra. Projetada para acabar com a falta de energia de Manaus, é um dos maiores desastres ecológicos, financeiros, energéticos e sociais da história do país. Construída no rio Uatumã, no Estado do Amazonas, inundou 2360 km 2 de floresta para uma capacidade de geração pífia, de 250 MW. Em 1983, o Uatumã baixou tanto que o rio virou um pequeno igarapé e os engenheiros da Eletronorte encarregados das obras o cruzaram em carros comuns, descreve Fearnside. “Cada megawatt nominal de Balbina sacrificou 31 vezes mais floresta do que Tucuruí”, conta. O custo da usina duplicou, os peixes morreram, a madeira não foi aproveitada, a qualidade da água ficou ruim. A vegetação cresceu nas águas rasas, produzindo metano, um gás-estufa 25 vezes mais nocivo que o CO2. Balbina afetou dramaticamente o destino dos waimiris-atroaris que viviam por ali. É a pior usina do país. “O maior benefício de Balbina é a lição sobre como não planejar o desenvolvimento da Amazônia”, diz Fearnside. É verdade que hoje se conhece muito mais da Amazônia, e o setor elétrico tem mais tecnologia para não repetir erros do passado. No discurso do governo, no entanto, não se escuta nada sobre otimizar o consumo, reduzir, ter mais eficiência. Fearnside lembra que 5% de toda a eletricidade do Brasil é usada para esquentar água em chuveiro elétrico, quando se poderia usar energia solar. Chuveiros elétricos são baratos e poucas cidades no Brasil têm estrutura para gás canalizado, mas aqui há consenso: a hora do banho simultânea no país sempre foi um pesadelo para o sistema elétrico. Daniela Chiaretti é repórter especial. O titular da coluna, Sergio Leo, volta a escrever no dia 8 de julho. E-mail [email protected] 5% da eletricidade no Brasil é usada nos chuveiros elétricos MP insiste para que BNDES abra dados de operações Maíra Magro De Brasília O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão judi- cial que negou, de forma provi- sória, o acesso a informações so- bre financiamentos e emprésti- mos concedidos pelo Banco Na- cional de Desenvolvimento Eco- nômico e Social (BNDES). O MPF no Distrito Federal quer que o banco se submeta às regras da Lei de Acesso à Informação e divulgue as condições e os crité- rios de aprovação dessas opera- ções, feitas com recursos públi- cos. O MPF insiste que o BNDES deve divulgar dados sobre todos os projetos, obras e serviços em que injetou dinheiro nos últimos dez anos e daqui pra frente. O BNDES participou recente- mente de grandes operações de fu- são, como a da Perdigão e Sadia, que resultou na Brasil Foods (BRF). Também deu financiamentos para grandes obras de infraestrutura, entre elas construção e reforma de estádios da Copa do Mundo e obras exigidas nos contratos de concessão dos aeroportos. A Procuradoria da República no DF entrou com a ação civil pública contra o BNDES no ano passado, depois de uma tentativa frustrada de obter detalhes sobre o aporte anunciado de R$ 4,5 bilhões na fu- são entre o grupo Pão de Açúcar e as operações brasileiras da rede francesa Carrefour. O negócio não chegou a se concretizar, mas o anúncio gerou protestos contra o uso de recursos públicos para fi- nanciar grandes grupos. Na ação, o MP reclamou de fal- ta de transparência e pediu limi- nar para que o banco divulgasse detalhes sobre essa e outras ope- rações em 60 dias. Em maio, a juíza Adverci Rates Mendes de Abreu, da 20 a Vara Fe- deral de Brasília, negou a liminar. De acordo com ela, o BNDES não está sujeito diretamente à Lei de Acesso, portanto não seria obriga- do a revelar todos os dados sobre os financiamentos que concede. Para a juíza, as transações do banco estão protegidas pelo sigi- lo bancário, pois afetam seus clientes. Como os efeitos da di- vulgação dos dados seriam irre- versíveis, alegou, a liminar não poderia ser concedida. O MPF recorreu agora dessa de- cisão, insistindo que as informa- ções não estariam protegidas pelo sigilo. “Em sendo o patrimônio do BNDES constituído de recursos pú- blicos federais, não há que se falar em qualquer sigilo sobre as opera- ções envolvendo esses valores”, ar- gumenta a procuradoria. “É direi- to dos órgãos de controle e da so- ciedade tomar conhecimento das tratativas realizadas pelo BNDES.” O BNDES alega que os dados são confidenciais pois envolvem em- presas privadas, e diz que “tem co- mo política fornecer o máximo de informações possíveis sobre suas atividades e operações, respeitan- do sempre os limites legais”. Fonte: Coordenação Geral de Visitação do ICMBio Aparados da Serra (RS/SC) Tijuca Iguaçu Serra dos Órgãos Restinga de Jurubatiba Serra do Cipó Brasília (DF) Fernando de Noronha Costa dos Corais (PE/AL) Chapada Diamantina Lençóis Maranhenses Ubajara Jericoacoara Delta do Parnaíba (PI) Chapada dos Guimarães Anavilhanas Jaú/ Anavilhas/ Resex Unini Áreas contempladas Áreas que saíram Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Dotar 23 parques nacionais de infraestrutura Objetivo Investimento Investimento Como era Como ficou R$ 668 milhões R$ 100 milhões mais R$ 34 milhões que serão captados pelo ICMBio Investir em 14 unidades de conservação, sendo 12 parques nacionais Itatiaia Serra da Bocaina (SP/RJ) Caparaó Marinho dos Abrolhos (BA) Chapada dos Veadeiros Serra da Capivara RJ RJ BA PE PR RS GO MG MT AM PI CE MA MG ES Mudança de planos Com menos recursos, projeto Parques da Copa fica menor Corte de verba reduz programa de investimento em parques nacionais Letícia Casado e Guilherme Serodio De São Paulo e do Rio O projeto Parques da Copa, lançado em 2010 durante o go- verno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não andou. A um ano do início da Copa do Mundo o programa, que previa investi- mentos de R$ 668 milhões para prover 23 parques nacionais de infraestrutura para receber turis- tas durante o campeonato, teve orçamento e metas reduzidos. Agora, o objetivo da parceria entre os ministérios do Meio Am- biente e do Turismo é investir R$ 134 milhões, segundo estimativa do Instituto Chico Mendes (ICM- Bio), autarquia vinculada ao Meio Ambiente e responsável pela ad- ministração das unidades de con- servação, em 12 parques e duas áreas protegidas. Os gastos públicos com a Copa do Mundo têm sido bastante cri- ticados nas manifestações que tomaram as ruas do Brasil nas úl- timas duas semanas. Mas as críti- cas se dirigem, principalmente, aos investimentos nos estádios — cerca de R$ 7 bilhões. Balanço di- vulgado na semana passada pelo Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), do Ministério do Esporte, estima gastos públi- cos de R$ 28 bilhões, até agora, com a Copa — esse valor pode chegar a R$ 33 bilhões. As explicações para a revisão das metas do projeto divergem: en- quanto o Ministério do Turismo diz que faltam recursos e pede mu- danças no programa, o ICMBio diz que foram a falta de formalização e a grande quantidade de imple- mentações necessárias aos par- ques que prejudicaram o projeto. O projeto inicial previa que me- tade do valor seria destinada a melhorias na infraestrutura dos parques, sendo um terço por meio de concessões para a iniciativa privada. O restante dos recursos seria investido em parceria com o Ministério do Turismo no entorno dos parques, com foco em obras nas estradas e aeroportos. Mesmo os parques que perma- necem no programa não estão re- cebendo recursos. Segundo o Valor apurou, no Parque Nacional da Ser- ra dos Órgãos, região serrana do Rio, apenas 5 das 16 iniciativas pre- vistas saíram do papel desde o co- meço do programa, todas custea- das por recursos orçamentários. O aumento no fluxo de visitantes nos parques nacionais é uma reali- dade, aponta o próprio ICMBio: cresce 10% ao ano. E as perspectivas são boas, segundo o instituto, devi- do ao aumento de turistas em fun- ção dos grandes eventos esportivos. O ICMBio diz que o Parques da Copa nunca chegou a ser formali- zado como projeto, é uma “iniciati- va de parceiros”, e que o valor anunciado em 2011, de R$ 668 mi- lhões “não é real”. A diferença entre projeto e iniciativa está na obriga- toriedade de destinação de recur- sos. O projeto precisa ter normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras e serviços, é oficial e registra- do no Orçamento. A iniciativa é li- vre e não segue as mesmas regras. As articulações em torno do Parques da Copa começaram em 2009. A demora em aprovar os projetos executivos para as licita- ções das obras nos parques aca- bou tornando inviável levar adian- te o projeto da maneira como foi concebido. Assim, o instituto op- tou por priorizar um número me- nor de parques e apenas dotá-los de infraestrutura turística. “Nunca ninguém apareceu em nenhum lugar com isso [os detalhes do projeto] em mãos, por isso prefi- ro chamar de iniciativa”, disse o pre- sidente do ICMBio, Roberto Vizen- tin. Apesar disso, o ICMBio chegou a colocar em seu site na internet um documento, com detalhes sobre o Parques da Copa e a previsão de R$ 668 milhões em investimentos. Vinicius Lummert, secretário nacional de Políticas de Turismo, afirma que o Parques da Copa es- tava parado por falta de recursos quando ele assumiu a secretaria, em dezembro passado. O ICM- Bio, no entanto, afirma que des- de o ano passado a União tem viabilizado recursos para o pro- jeto por meio do Ministério do Turismo, mediante convênios com os Estados.

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Jornal Valor --- Página 2 da edição "24/06/2013 2a CAD A" ---- Impressa por CGBarbosa às 23/06/2013@22:24:53

A2 | Valor | Segunda-feira, 24 de junho de 20 1 3

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD A - BRASIL - 24/6/2013 (22:24) - Página 2- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

B ra s i l

Acker D2Actis B3Actua-CCR F3Aeromovel Brasil F10ALL B4AlmapBBDO B4Alstom F10AM Branco F10Amdocs B2Angeloni B3Anshan B9Apple A11, B1Asbis B1Avianca B3Azul B3Bank of America B1Barclays A9, C1, C2Baxter A4BB Investimentos C2Benito Roggio F3Berkshire Hathaway B4BM&FBovespa D1BNDES A2, A3, A4BNP Paribas C12Bom Preço B3Bombardier F8, F10Booz Allen Hamilton A11Bradesco D1, D4Brassell F8BRF A2BT B2BTG Pactual B5

BTIG C2Bugatti B9BVA D2CAF F10Carrefour A2CCX B5CET F6Ceva F8C h r i st i e ’s D2Citigroup B9CNA B3Coester F10Coletek B1Comgás B1Copatrans B12Copel B1CPTM F1, F2, F10Credit Suisse B1Credz C1Cresça Brasil B3Cruzeiro do Sul D2Deicmar B6Deutsche Bank A3, A9, C2DL B1DM9DDB B4Dow Jones D2E.On B5EBP B6EBX B5Eletrobras A3, B1Eletronorte A2Embarq Brasil F7

Equus C1Espírito Santo B1F/Nazca B4Facebook A11Falconi A12Fiat B8Fidelity C2Fisher C2Fitch A9Galanto A3Global Scooters F9Gol B3Google A11, B9Granoeste B11Grimaldi B6Hart Davis Hart D2Heinz B4Hemobras A4Honda F9HSBC A9, B9IAT F10Ibope F6IDC B1Iesa F10IMG B5IMX B5Infraero A12Insper D2Invepar F3Itaipu A2Itaú BBA B1Iveco B8

J. Safra C1J.P. Morgan C1Jaime Lerner F7Jox B11Kawasaki B9KPMG B8Lapp B1LCA Consultores C12Leo Burnett B4Light B1LLX B5Loducca B4Logitech B1Lojas Americanas B3McCann B4Media Rights B9Merrall & Condit D2Microsoft A11, B1Mitsubishi B9Monsanto B9Morgan Stanley B9MPE F8, F10MPX B5Multiplan D4Nissan B8Nucor B9Nymex D1Odebrecht F3, F10Odgers Berndtson D3Ogilvy B4OGX B5OHL B9

Opus D4OSX B5Panvel B3Pão de Açúcar A2Perdigão A2Petrobras A3, D2Planner D1Premold F10Procter & Gamble B4Prosper D2Quark F8Quest A3Railway ShanhaiguanBridge B9RATP F3RBS A9Renault B8Riachuelo D4Riopar F3Rumo F10Sabesp B1Sadia A2Samsung B1Schroders C2Scomi F8, F10Scot B11Seat B8Shell B9Siemens F10Siqueira Castro A12Smith Barney B9Sony B9

S ot h e by ’s D2SPTrans A1, A8, F6Standard & Poor’s A3, B9Starbucks B9Suzuki F9T'Trans F10TAM B3Tenaris B9Tendências C12Time for Fun B5Trensurb F10Trip B3TriStar B9TS B11TTrans F10UBS B3, B9, C2Unilever B4UOL B3Varig F10Vespa F9VLT Carioca F3Volkswagen B8Walmart B3Western C2WMcCann B4WPP B4XP D1Y&R B4Zaffari D4

Índice de empresas citadas em textos nesta edição

O discurso, asentrelinhas e os fantasmasDaniela Chiaretti

Em 5 de junho, diamundial do meioambiente, apresidente DilmaRousseff fez um

discurso de dez páginas,durante reunião do FórumBrasileiro de MudançasClimáticas, em Brasília,tentando mostrar como o Brasilcaminha para a economia debaixo carbono. Mas foram oitolinhas de sua fala, queganharam destaque no diaseguinte.

“Temos de enfrentar o fato deque, se continuarmos a fazerhidrelétricas a fio d’água (...),haverá uma tendênciainexorável de aumento dastérmicas na nossa matriz”, era oresumo da ópera. A presidentenão disse, mas a alternativa àshidrelétricas a fio d’água sãohidrelétricas com reservatórios,provavelmente grandes,certamente na Amazônia. Nessediscurso não dito há espaçopara muita controvérsia.

As três grandes usinas que oBrasil constrói neste momento,e onde investe bilhões, são a fiod’água. Ali as turbinas gerarãoenergia a partir do fluxonatural do rio, sem grandesquedas — no fio da água. Aágua que entrar noreservatório sairá rapidamentepara virar megawatts. As usinasde Santo Antônio e Jirau, no rioMadeira, em Rondônia, e BeloMonte, no Pará, são assim.

Projetos novos, como SãoLuiz do Tapajós, idem —desenhada para 6.133 MW einundar 1.630 km2 deAmazônia. Projeto antigo,como a gigante Itaipu, no rioParaná, também é a fio d’água.Tem lago-monstro, de 1.350km2, potência instalada para 14mil MW e fornece 18% daenergia consumida no Brasil.Ou seja, ser a fio d’água não égarantia de pouca inundação.

O que está nas entrelinhas dodiscurso presidencial é que aspróximas usinas brasileirasterão reservatórios plurianuais,para permitir acumulação deágua e garantir que acapacidade de geração deenergia não fique tãodependente do regime dechuvas. Funcionam como um“back up” para a época de seca eevitam o que acontece hoje:sem chuva e com reservatóriosbaixos, ligam-se as térmicas, oque aumenta gastos e a emissãode gases-estufa. Pior, asegurança energética em riscofaz ressurgirem leilões paratérmicas a carvão, o que nãoacontecia desde 2009.

O discurso da presidentesegue a lógica do setor elétrico:reservatórios sãofundamentais. E como o país sóutiliza 7% do potencialhidrelétrico da região Norte,basta ligar lé com cré paraentender que o alvo é aAmazônia.

Mas há outras lógicas alémdaquela. Há quem suspeite quea conversão dos rios brasileirosem megawatts pode não darcerto em muitos casos.“Infelizmente o governo estáachando que pode brigar com ag e o g r a f i a”, diz o professor CelioBermann, do Instituto deEletrotécnica e Energia daUniversidade de São Paulo. Hágrandes planícies na Amazônia,ou seja, grandes reservatóriossão possíveis só se foremalagadas áreas enormes, com

todos os problemas sociais eambientais a reboque. “Não soucontra usinas na Amazônia,mas é preciso que sejamconcebidas levando emconsideração o bioma, ascaracterísticas geográficas, osaspectos sociais e ambientais.”

Bermann, que ajudou nodesenvolvimento dos estudosde aproveitamento hidrológicodo rio Xingu na década de 80, éum crítico severo de BeloMonte. Lembra que estão sendoinvestidos R$ 32 bilhões emuma usina com potênciainstalada para gerar 11 mil MW,mas que durante vários meses,em função da baixa vazão doXingu, não produzirá maisque 1.100 MW.

“Irão necessariamenteconstruir uma usina rio acima”,desconfia. “A discussão deretomar o modelo antigo dosgrandes reservatórios é reabrircampo para que os antigosprojetos do Xingu possam serrefeitos”, acredita. “Olha o perigoaí”, concorda Philip Fearnside,pesquisador-sênior do InstitutoNacional de Pesquisas daAmazônia, e que há mais de 30anos estuda a região.

O governo diz que desse risconão se corre. Em 2008. oConselho Nacional de PolíticaEnergética baixou umaresolução garantindo que nãoseriam construídas maishidrelétricas no rio Xingu alémde Belo Monte. Uma das usinasprojetadas no passado,Babaquara, inundaria 6.140km2 e afetaria diretamente osíndios caiapós, sempre em péde guerra contra o projeto.“Não dá para condenar todas ashidrelétricas. Mas o que precisaacontecer, e não estáacontecendo, é uma discussãopública e democrática, decomo irá se usar a energia”,diz Fearnside.

A safra de grandeshidrelétricas do passadoproduziu uma série de errostenebrosos. O fantasma dahidrelétrica de Balbina é o quemais assombra. Projetada paraacabar com a falta de energia deManaus, é um dos maioresdesastres ecológicos,financeiros, energéticos esociais da história do país.Construída no rio Uatumã, noEstado do Amazonas, inundou2360 km2 de floresta para umacapacidade de geração pífia, de250 MW. Em 1983, o Uatumãbaixou tanto que o rio virou umpequeno igarapé e osengenheiros da Eletronorteencarregados das obras ocruzaram em carros comuns,descreve Fearnside. “Cadamegawatt nominal de Balbinasacrificou 31 vezes mais florestado que Tucuruí”, conta.

O custo da usina duplicou, ospeixes morreram, a madeiranão foi aproveitada, aqualidade da água ficou ruim. Avegetação cresceu nas águasrasas, produzindo metano, umgás-estufa 25 vezes mais nocivoque o CO2. Balbina afetoudramaticamente o destino doswaimiris-atroaris que viviampor ali. É a pior usina do país. “Omaior benefício de Balbina é alição sobre como não planejar odesenvolvimento daA m a z ô n i a”, diz Fearnside.

É verdade que hoje seconhece muito mais daAmazônia, e o setor elétrico temmais tecnologia para nãorepetir erros do passado. Nodiscurso do governo, noentanto, não se escuta nadasobre otimizar o consumo,reduzir, ter mais eficiência.Fearnside lembra que 5% detoda a eletricidade do Brasil éusada para esquentar água emchuveiro elétrico, quando sepoderia usar energia solar.Chuveiros elétricos são baratose poucas cidades no Brasil têmestrutura para gás canalizado,mas aqui há consenso: a horado banho simultânea no paíssempre foi um pesadelo para osistema elétrico.

Daniela Chiaretti é repórter especial. Otitular da coluna, Sergio Leo, volta aescrever no dia 8 de julho.E-mail d a n i e l a . c h i a ret t i @ va l o r. c o m . b r

5% da eletricidadeno Brasil é usada noschuveiros elétricos

MP insiste para que BNDES abra dados de operaçõesMaíra MagroDe Brasília

O Ministério Público Federal(MPF) recorreu da decisão judi-cial que negou, de forma provi-sória, o acesso a informações so-bre financiamentos e emprésti-mos concedidos pelo Banco Na-cional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES).

O MPF no Distrito Federal querque o banco se submeta às regrasda Lei de Acesso à Informação edivulgue as condições e os crité-rios de aprovação dessas opera-ções, feitas com recursos públi-cos. O MPF insiste que o BNDESdeve divulgar dados sobre todosos projetos, obras e serviços emque injetou dinheiro nos últimosdez anos e daqui pra frente.

O BNDES participou recente-mente de grandes operações de fu-são, como a da Pe r d i g ã o e Sadia,

que resultou na Brasil Foods (BRF).Também deu financiamentos paragrandes obras de infraestrutura,entre elas construção e reforma deestádios da Copa do Mundo eobras exigidas nos contratos deconcessão dos aeroportos.

A Procuradoria da República noDF entrou com a ação civil públicacontra o BNDES no ano passado,depois de uma tentativa frustradade obter detalhes sobre o aporteanunciado de R$ 4,5 bilhões na fu-são entre o grupo Pão de Açúcar eas operações brasileiras da redefrancesa C a r r e f o u r. O negócio nãochegou a se concretizar, mas oanúncio gerou protestos contra ouso de recursos públicos para fi-nanciar grandes grupos.

Na ação, o MP reclamou de fal-ta de transparência e pediu limi-nar para que o banco divulgassedetalhes sobre essa e outras ope-rações em 60 dias.

Em maio, a juíza Adverci RatesMendes de Abreu, da 20a Vara Fe-deral de Brasília, negou a liminar.De acordo com ela, o BNDES nãoestá sujeito diretamente à Lei deAcesso, portanto não seria obriga-do a revelar todos os dados sobreos financiamentos que concede.

Para a juíza, as transações dobanco estão protegidas pelo sigi-lo bancário, pois afetam seusclientes. Como os efeitos da di-vulgação dos dados seriam irre-versíveis, alegou, a liminar nãopoderia ser concedida.

O MPF recorreu agora dessa de-cisão, insistindo que as informa-

ções não estariam protegidas pelosigilo. “Em sendo o patrimônio doBNDES constituído de recursos pú-blicos federais, não há que se falarem qualquer sigilo sobre as opera-ções envolvendo esses valores”, ar-gumenta a procuradoria. “É direi-to dos órgãos de controle e da so-ciedade tomar conhecimento dastratativas realizadas pelo BNDES.”

O BNDES alega que os dados sãoconfidenciais pois envolvem em-presas privadas, e diz que “tem co-mo política fornecer o máximo deinformações possíveis sobre suasatividades e operações, respeitan-do sempre os limites legais”.

Fonte: Coordenação Geral de Visitação do ICMBio

Aparados da Serra (RS/SC) Tijuca

Iguaçu

Serra dos Órgãos

Restinga de Jurubatiba

Serra doCipó

Brasília (DF)

Fernandode Noronha

Costa dos Corais

(PE/AL)

Chapada Diamantina

LençóisMaranhenses

Ubajara

Jericoacoara

Delta do Parnaíba (PI)

Chapada dos Guimarães

Anavilhanas Jaú/ Anavilhas/

Resex Unini

Áreas contempladas

Áreas que saíram

Áreas de Proteção Ambiental (APAs)

Dotar 23 parques nacionais de infraestrutura Objetivo

Investimento

Investimento

Como era

Como ficou

R$ 668 milhões

R$ 100 milhões mais R$ 34 milhõesque serão captados pelo ICMBio

Investir em 14 unidades de conservação, sendo 12 parques nacionais

Itatiaia

Serra da Bocaina (SP/RJ)

Caparaó

Marinho dos Abrolhos (BA)

Chapada dos Veadeiros

Serra da Capivara

RJ

RJ

BA

PE

PR

RS

GO

MG

MT

AM

PI

CEMA

MGES

Mudança de planos Com menos recursos, projeto Parques da Copa fica menor

Corte de verba reduz programa deinvestimento em parques nacionaisLetícia Casadoe Guilherme SerodioDe São Paulo e do Rio

O projeto Parques da Copa,lançado em 2010 durante o go-verno do presidente Luiz InácioLula da Silva, não andou. A umano do início da Copa do Mundoo programa, que previa investi-mentos de R$ 668 milhões paraprover 23 parques nacionais deinfraestrutura para receber turis-tas durante o campeonato, teveorçamento e metas reduzidos.

Agora, o objetivo da parceriaentre os ministérios do Meio Am-biente e do Turismo é investir R$134 milhões, segundo estimativado Instituto Chico Mendes (ICM-Bio), autarquia vinculada ao MeioAmbiente e responsável pela ad-ministração das unidades de con-servação, em 12 parques e duasáreas protegidas.

Os gastos públicos com a Copado Mundo têm sido bastante cri-ticados nas manifestações quetomaram as ruas do Brasil nas úl-timas duas semanas. Mas as críti-cas se dirigem, principalmente,aos investimentos nos estádios —cerca de R$ 7 bilhões. Balanço di-vulgado na semana passada peloGrupo Executivo da Copa doMundo (Gecopa), do Ministériodo Esporte, estima gastos públi-cos de R$ 28 bilhões, até agora,com a Copa — esse valor podechegar a R$ 33 bilhões.

As explicações para a revisão dasmetas do projeto divergem: en-quanto o Ministério do Turismodiz que faltam recursos e pede mu-danças no programa, o ICMBio dizque foram a falta de formalização ea grande quantidade de imple-mentações necessárias aos par-ques que prejudicaram o projeto.

O projeto inicial previa que me-tade do valor seria destinada amelhorias na infraestrutura dosparques, sendo um terço por meiode concessões para a iniciativaprivada. O restante dos recursosseria investido em parceria com o

Ministério do Turismo no entornodos parques, com foco em obrasnas estradas e aeroportos.

Mesmo os parques que perma-necem no programa não estão re-cebendo recursos. Segundo o Va l o rapurou, no Parque Nacional da Ser-ra dos Órgãos, região serrana doRio, apenas 5 das 16 iniciativas pre-vistas saíram do papel desde o co-meço do programa, todas custea-das por recursos orçamentários.

O aumento no fluxo de visitantesnos parques nacionais é uma reali-dade, aponta o próprio ICMBio:cresce 10% ao ano. E as perspectivassão boas, segundo o instituto, devi-do ao aumento de turistas em fun-ção dos grandes eventos esportivos.

O ICMBio diz que o Parques daCopa nunca chegou a ser formali-zado como projeto, é uma “iniciati -

va de parceiros”, e que o valoranunciado em 2011, de R$ 668 mi-lhões “não é real”. A diferença entreprojeto e iniciativa está na obriga-toriedade de destinação de recur-sos. O projeto precisa ter normasgerais sobre licitações e contratosadministrativos pertinentes aobras e serviços, é oficial e registra-do no Orçamento. A iniciativa é li-vre e não segue as mesmas regras.

As articulações em torno doParques da Copa começaram em2009. A demora em aprovar osprojetos executivos para as licita-ções das obras nos parques aca-bou tornando inviável levar adian-te o projeto da maneira como foiconcebido. Assim, o instituto op-tou por priorizar um número me-nor de parques e apenas dotá-losde infraestrutura turística.

“Nunca ninguém apareceu emnenhum lugar com isso [os detalhesdo projeto] em mãos, por isso prefi-ro chamar de iniciativa”, disse o pre-sidente do ICMBio, Roberto Vizen-tin. Apesar disso, o ICMBio chegou acolocar em seu site na internet umdocumento, com detalhes sobre oParques da Copa e a previsão de R$668 milhões em investimentos.

Vinicius Lummert, secretárionacional de Políticas de Turismo,afirma que o Parques da Copa es-tava parado por falta de recursosquando ele assumiu a secretaria,em dezembro passado. O ICM-Bio, no entanto, afirma que des-de o ano passado a União temviabilizado recursos para o pro-jeto por meio do Ministério doTurismo, mediante convênioscom os Estados.