Jornal Quinzenal - Edição n.º 01 Ano 1 - Distribuição...

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Jornal Quinzenal - Edição n.º 01 Ano 1 - Distribuição Gratuita 08 Cazenguinha Galeria Campanha Juntos pelo Fim da Violência Doméstica Lançada Oficialmente Figura do Cazenga: Agente Formiga e Yapapi Humor e Intervenção social GRÁTIS A Campanha Juntos Pelo Fim da Violência Doméstica busca envolver homens e mulheres em um esforço para: Ø Questionar as desigualdades existentes entre homens e mulheres na família e na sociedade; Ø Incentivar o diálogo dentro das famílias; Ø Prevenir a violência doméstica. A mensagem central da campanha é que juntos, todos os angolanos e angolanas podem resolver os problemas e conflitos familiares através do diálogo e do respeito, sem recorrer à qualquer tipo de violência, seja ela física, sexual, psicológica ou económica.

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Jornal Quinzenal - Edição n.º 01 Ano 1 - Distribuição Gratuita

08 Cazenguinha

Galeria

Campanha Juntos peloFim da Violência Doméstica

Lançada Oficialmente

Figura do Cazenga: Agente Formiga e Yapapi

Humor e Intervenção social GRÁTIS

A Campanha Juntos Pelo F i m d a V i o l ê n c i a Doméstica busca envolver homens e mulheres em um esforço para:

Ø Quest ionar as d e s i g u a l d a d e s e x i s t e n t e s e n t r e homens e mulheres n a f a m í l i a e n a sociedade;

Ø Incentivar o diálogo dentro das famílias;

Ø Prevenir a violência doméstica.

A mensagem central da campanha é que juntos, todos os angolanos e angolanas podem resolver os problemas e conflitos famil iares através do diálogo e do respeito, sem recorrer à qualquer tipo de violência, seja ela física, sexual, psicológica ou económica.

02 Cazenguinha

Editorial Fala Então! Nossa Campanha CalendárioCazenguinha 07

Eram cerca de 11 horas, quando mais de 30 pessoas chegaram ao Marco Histórico do Ca-zenga, trajando camiso-las e bonés laranja no sábado, 30 de março. Debaixo de muito sol foi feita a preparação do que seria a tarde recrea-tiva de Lançamento da Campanha Juntos pelo F i m d a V i o l ê n c i a Doméstica, que teve início quando eram 15 horas.

O evento, que foi conduzido por Delma Monteiro e Daniel Lima, coordenadores da cam-panha e Franklin Fortu-na, educador social, começou com as pala-vras de Tom Boven, em representação da USAID, Agencia financiadora da campanha. Crianças, jovens e adultos afluí-ram ao espaço do even-to, onde puderam assis-tir a apresentação de hu-mor da dupla Agente Formiga e Yapapi. De-pois de dançarem e fazerem rir todo o pú-blico presente, os humo-ristas deram lugar no palco ao grupo Meninas Construindo Pontes, que apresentou um número de dança tradicional. Este grupo de adoles-centes está ligado à UCF – União Cristã Feminina – organização parceira da campanha.

Seguiu-se o mo-mento dedicado à poe-sia, com a jovem Inês que declamou um poe-

ma sobre a violência em ambientes domésticos. Declamado o texto lírico, seguiu-se a tarde recrea-tiva com o momento mu-sical protagonizado pelo dueto Analtina e Agos-tinho, activistas da cam-panha. Houve ainda a apresentação da peça teatral “O dia-a-dia de Mica”, que é baseada na primeira banda dese-nhada da campanha, que já está em distri-buição. Por fim, mais dança com os Three B, que animaram o público com kuduro.

Todos estes mo-mentos foram inter-calados com distribuição de brindes. Mais de 1500 lembranças, entre cami-solas, bonés, canetas e

porta-chaves, foram o-fertadas. A tarde recre-ativa serviu também para que a comunidade residente no município do Cazenga conhecesse os 36 activistas que vão trabalhar na campanha nos próximos meses. Como forma de distin-guir os activistas estes vão trajar sempre boné e camisola laranja, a cor da nossa campanha.

Os activistas são membros da UCF e do FOJASSIDA e estão pre-parados e a disposição para ajudar os munícipes quanto a dúvidas que possam surgir em rela-ção a campanha ou a si-tuações de violência do-méstica e desigualda-des com base no género.

Figuras do Cazenga

Actualidade

Reflexão

AGENTE FORMIGA & YAPAPI

Linha Aberta

06 CazenguinhaCazenguinha 03

Mana Lita chegou cansada em , já perto das 18 horas. Naquele dia saíu mais tarde da casa da sua patroa, porque era dia de lavar roupa. Quando chegou, encontrou os miúdos sentados a ver televisão. Eles alegraram-se ao vê-la, ainda que mais tarde do que o costume.

Aos 27 anos, ela tem quatro filhos. O mais velho com nove anos e o mais novo, quatro. Cumprimentou as crianças e foi logo a cozinha preparar qualquer coisa para o lanche. Lá, encontrou Zezito, seu marido, a preparar uma papa de farinha de milho. Ele sorriu quando a viu e depois de um beijo rápido, Lita começou a pôr a mesa.

Enquanto a papa cozia, os dois conversavam sobre o dia e arrumavam a cozinha.

Zezito trabalha como segurança e estava de folga. Ele contou que tinha acordado cedo, ido as compras e feito o almoço para a família. Depois aproveitou para passar algum tempo com as crianças. Lita por sua vez, contou como tinha sido o seu dia, não se esquecendo de falar da falta de omo, que atrasou a sua saída…

Quando a papa ficou pronta Zezito trouxe a panela a mesa e serviu as crianças, a mulher e por fim o seu prato. Enquanto comiam, as crianças contaram como haviam passado o dia.

Por volta das 19 horas, chega Quim, irmão de Lita, que se senta para lanchar também. Quando terminaram cada um levou o seu prato a cozinha e colocou na banheira, onde Zezito já preparava a água para os lavar. Quim foi também a cozinha levar o seu prato e espantou-se:

- Eh, eh eh… O quê é isso? – Interroga ele ao ver Zezito a lavar a loiça. – Minha irmã, estas a maltratar o teu marido, pôr o homem a lavar a loiça, com panelas e tudo… estão a dar mau exemplo as crianças.

Antes que Lita pudesse responder, Zezito explica…

casa - Cunhado, nós trabalhamos como uma equipa para o bem da nossa família. Até as crianças fazem a sua parte… Nada me impede de partilhar as tarefas com a Lita. Na verdade eu gostaria de poder fazer mais, mas o trabalho por turno não ajuda…

Quim ouviu tudo sem querer acreditar e saiu da casa da irmã a abanar a cabeça. Pelo caminho comenta… - Essas “modernices” e “maluquices”….

Este conto mostra a história de uma família com hábitos um pouco diferentes da maioria das famílias Angolanas. A pergunta é: O que impede que a nossa família seja mais parecida com essa?

Talvez você pense que isso é “maluquice”, como disse o cunhado Quim. Ou acredite que isso é da natureza humana, que existem “coisas de mulher” e “coisas de homem” e que isso não pode ser mudado.

Na verdade, cada vez mais descobrimos que nada disso é natural! Não é a biologia e a genética que determinam os comportamentos e as actividades de homens e mulheres. Essas coisas são aprendidas na nossa cultura e são passadas de geração em geração. E assim como aprendemos de uma maneira, podemos aprender de outras.

Hoje as mulheres trabalham cada vez mais fora de casa, será que mesmo assim elas devem fazer sozinhas as tarefas domésticas, como cuidar dos filhos, limpar a casa, cozinhar, lavar a roupa etc? Será que isso é justo? Por outro lado, será que dividir as tarefas torna os homens “menos homens”?

Quando partilhamos sobra mais tempo de lazer para todos e como sabemos, a vida íntima do casal melhora quando os dois estão relaxados e felizes. Queremos pensar com as famílias do Cazenga em como podemos construir lares e famílias mais saudáveis para todos e todas. Contamos com sua participação!

Escolas inundadasAs chuvas do primeiro fim-de-semana do mês

de Abril resultaram em inundações em grande escala e danos avultados. No município do Cazenga, várias escolas ficaram inundadas e tiveram as aulas paralisadas. Além de escolas, a chuva também co-briu cabines eléctricas, colocando os cidadãos em situação de risco. A administração do município ga-rantiu que estavam a ser feitos trabalhos para resta-belecer o funcionamento normal das escolas e ape-lou aos munícipes para colaborarem na limpeza das valas de drenagem, que se encontravam obstruídas pelo lixo e construções irregulares.

Ampliação da rede sanitáriaA repartição da saúde do município do Cazenga

está a trabalhar num plano de ampliação da rede de serviços de saúde para torna-los mais próximos do cidadão. Segundo o chefe de repartição da saúde, Zola Messo, o plano prevê a construção de mais unida-des sanitárias e é uma das orientações saídas do 15º conselho consultivo ordinário do Ministério da Saúde. “O aumento da cobertura sanitária passa

pela construção de mais unidades para repor as ino-perantes e fazer com que a população não percorra grandes distâncias para encontrar uma unidade sa-nitária”, disse o médico. O responsável afirmou ain-da, que a intenção é envolver a camada jovem na mobilização da sociedade e que uma das linhas for-tes deste plano é a expansão da rede sanitária entre 2013 e 2017.

Plano de acções para 2013A administração municipal do Cazenga tem já

delineado um plano de actividades para 2013, com grande destaque para o programa de combate à po-breza, a municipalização dos serviços de saúde e re-vitalização da merenda escolar.

De acordo com o administrador local, Tany Nar-ciso, a continuidade dos trabalhos ligados ao sanea-mento básico e reparação das vias de acesso, cons-tam também deste programa. O mesmo disse ainda que está a ser feita a análise técnica para a requa-lificação do bairro Vila Flor, na segunda fase de intervenção.

A dupla de humor, Agente Formiga e Yapapi, é composta por dois jovens provenientes do ciclo teatral que decidiram juntar o humor à drama-tização e fazer disso carreira.

Começaram em 2008 com três elementos e denominavam-se “Os três chatos”. Com o falecimento de um deles mudaram o nome para Slu e Malungo e algum tempo depois para Agente Formiga e Yapapi, como são hoje conhecidos.

Uma das suas inspirações e motivação foi o grupo de humor Os Tunesas, já que sentiam que poderiam fazer o mesmo trabalho e espalhar humor a nível nacional e internacional.

Os humoristas acre-ditam que a desigual-dade de género é difícil de acabar, mas vai diminuindo aos poucos. “É muito difícil porque as vezes vemos muitos casos e quando ten-tamos intervir as pes-soas dizem que é um problema do casal.”.

O conselho que deixam para as pessoas que procuram rela-cionamentos é o seguin-te: “Vamos dialogar, ouvir um ao outro e procurar rirmos para n ã o p e r d e r m o s a cabeça. É preciso ter calma para resolver os problemas e chegar a um consenso, pois as duas opiniões num relacionamento são válidas”.

Contos da Minha Banda

Entrevista João e Zinha Respondem

Notícias

04 CazenguinhaCazenguinha 05

Delma MonteiroCo-Coordenadora da Campanha

O Cazenguinha conversou com Delma Monteiro, consultora da EngenderHealth e uma das coordenadoras da Campanha, que nos falou sobre como surgiu essa ideia, os objectivos da campanha e algumas de suas acções e também sobre como a educação e as vivências do dia-a-dia podem levar a desigualdades entre homens e mulheres.

Como surgiu a ideia desta campanha?A ideia surgiu de um projecto que a

EngenderHealth desenhou a pedido da USAID, para ajudar a polícia a responder os casos de violência doméstica. Durante a implementação do projecto sentimos a necessidade de envolver a comunidade para dar uma resposta mais integrada ao problema e não apenas uma resposta pol ic ial . A EngenderHealth conversou com a UCF e o FOJASIDA sobre suas actividades e possiveis áreas de parceria e, foi assim que, juntas desenharam a Campanha Juntos pelo Fim da Violência Doméstica, que está dividida em três fases de forma a permitir um aprofundamento gradual do assunto e evitar fazer uma abordagem brusca.

Quais os objectivos desta primeira fase da campanha?

Nesta primeira fase da Campanha o objectivo é ajudar a comunidade a questionar as desigualdades entre homens e mulheres e promover relacionamentos mais justos, equilibrados e saudáveis. Entendemos que estas desigualdades têm a sua origem na forma como educamos os rapazes e raparigas e determinamos como deve ser o seu comportamento na sociedade, criando assim estereópticos como: as meninas devem brincar com bonecas e os rapazes com carro, as meninas vestem a cor rosa e os rapazes azul, as meninas são enfermeiras e os rapazes mecânicos…enfim, esses exemplos são baseados na definição de género, que é algo apreendido no dia-a-dia e passado de geração em geração. Não é natural. Não há mal nenhum em uma menina brincar com carro, vestir azul e quere ser mecânica, como também não há nada de errado um menino brincar com boneca, vestir rosa e querer ser enfermeiro. A ideia que queremos passar é que as pessoas devem ser educadas da mesma forma e

com justiça para não sobrecarregar uns e dar benefícios a outros.

Porque a Campanha acredita que essas desigualdades entre homens e mulheres precisam ser discutidas e modificadas?

Porque acreditamos que é o melhor caminho para fazer as pessoas perceberem que muitas das nossas práticas são injustas e quase sempre sobrecarregam a mulher. Este entendimento é importante para garantir que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, direitos e deveres na prática. Direito de contribuir para a criação e educação dos filhos, para a manutenção da casa onde mora, para a economia familiar, de dar o seu contributo para a sociedade e para o crescimento do seu país… e que todas essas coisas, apesar da responsabilidade que representam, não devem ser entendidas como um “peso”, mas sim, como uma coisa boa, que também dá prazer e contribui para a nossa felicidade.

Que tipos de acções pretendem desenvolver?A equipa do projecto, que é composta por uma

coordenação da UCF, FOJASIDA e EngenderHealth e 36 activistas do Cazenga, pretende realizar um leque variado de actividades, nomeadamente: teatro de intervenção nos mercados, escolas e igrejas, distribuição de material de educação, sensibilização e informação nas paragens de táxi e outros locais de grande concentração de pessoas, palestras, projeção de filmes educativos, programas radiofónicos, bandas desenhadas e ainda a edição

quinzenal do Jornal Cazenguinha. Devo dizer ainda que os activistas que estão a trabalhar na campanha são todos jovens e por isso não faltará actividades de r e c r e a ç ã o e entretenimento.

A campanha tem ou pretende desenvolver p a r c e r i a s c o m instituições ou grupos no Cazenga?

Sim. Desde o início

do pro jecto que a

Campanha conta com o

a p o i o d e d u a s

organizações do e no

Cazenga que são a UCF –

União Cristã Feminina e

o FOJASSIDA – Forum

Juvenil de Apoio as

Pessoas Seropositivas.

Também temos feito

vários contactos para

fortalecer a intervenção

da campanha, falo da

A d m i n i s t r a ç ã o

Municipal, da secção do

MINFAMU no Cazenga,

da Rádio Cazenga, do

CICA, da Igreja Baptista,

da Divisão Policial do

Cazenga e várias outras

organizações … Além

d isso, cont inuamos

abertos a parcerias com

qualquer grupo que

queira colaborar para a

redução da violência

doméstica no município

d o C a z e n g a .

Acreditamos que quanto

maior for o numero de

envolvidos, maiores

benefícios a campanha

trará.

Qual a importância

de ter activistas que

moram no Cazenga

actuando no Cazenga

neste tema?É muito importante

porque eles conhecem a

realidade do Cazenga,

participam dela e sabem

os problemas que o

município enfrenta. O

f a c t o d e e l e s

conhecerem o município

e as pessoas, dá crédito

ao trabalho que estão a

desenvolver porque as

pessoas percebem que

não é uma coisa pensada

em um escritório e

transportada para o

Cazenga. Estes activistas

p a r t i c i p a r a m d a

concepção da campanha

e pensaram cada uma

das actividades a ser

desenvolvida. Outro

aspecto importante é

que, em caso de uma

pessoa prec isar de

algum esclarecimento

ou qualquer tipo de

apoio pode facilmente

localiza-los ou mesmo

identifica-los quando

passarem pelas ruas.

Olá leitores e leitoras do Cazenguinha! Somos João e Zinha, um casal que como tantos outros vive o dia-a-dia buscando uma vida mais feliz para a nossa família. Nós acreditamos que o melhor caminho para resolver qualquer problema é a con-versa e que a união e o apoio entre homem e mulher é o aspecto mais importante de um casamento.

Queremos receber suas perguntas sobre relacionamentos, namoro, casamento, família, igualdade de género e violência doméstica. Vamos conversar e juntos construir famílias mais saudáveis e felizes!

Mandem as suas perguntas na nossa página do Facebook “Campanha Juntos pelo Fim da Violência Doméstica”; e-mail: ; ligando ou mandando mensagem para o número 946-779-349 ou conversando directamente com os/as nossos activistas, que podem ser identificados pela camisola e chapéu cor de laranja com a marca da campanha.

[email protected]