Jornal Expansão

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Sexta-feira, 6 de Julho 2012 | Número 173 | Directora Executiva Nilza Rodrigues Subdirector António Nogueira | Preço Kz 400 PUB www.expansao.sapo.ao PUB Opinião Alves da Rocha Martin Wolf Entrevista Ministro de Cabo Verde prioriza turismo sénior P38 Gadgets Guerra entre Apple e Samsung P24 Walter Fernandes BANCA Fundo de Garantia de Depósitos ainda este ano | P14 FINANÇAS PESSOAIS Cheques electrónicos prometem reduzir fraudes | P16 FUNDADOR DO VC4AFRICA Ben White fala sobre negócios online em África | P30 PROVÍNCIA Feira do Uíge reúne mais de 500 expositores | P36 NOVAS REGRAS CAMBIAIS BNA aperta o cerco à fuga de divisas O banco central avança com medidas explícitas quanto à transferência de divisas para o exterior. As novas re- gras relativas a importações, exporta- ções e reexportações serão apresen- tadas aos agentes económicos na pró- xima terça-feira pelas autoridades envolvidas no processo, nomeada- mente o Banco Nacional de Angola, o Serviço Nacional de Alfândegas e os ministérios da Economia e do Comér- cio. Uma das principais novidades é que os pagamentos de compras ao ex- terior têm de ser feitos exclusivamen- te através de transferência bancária e com recurso a divisas solicitadas ao BNA pelos bancos comerciais por in- dicação dos importadores. | P2 EXCLUSIVO

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Jornal Económico

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Sexta-feira, 6 de Julho 2012 | Número 173 | Directora Executiva Nilza Rodrigues Subdirector António Nogueira | Preço Kz 400

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OpiniãoAlves da RochaMartin Wolf

EntrevistaMinistro de Cabo Verdeprioriza turismo sénior P38

GadgetsGuerra entre Applee Samsung P24

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B A N C A

Fundo de Garantiade Depósitosainda este ano | P14

F I N A N Ç A S P E S S O A I S

Chequeselectrónicosprometemreduzir fraudes | P16

F U N D A D O R D O V C 4 A F R I C A

Ben White falasobre negóciosonline em África | P30

P R O V Í N C I A

Feira do Uígereúne mais de 500expositores | P36

N O V A S R E G R A S C A M B I A I S

BNA aperta o cercoà fuga de divisasO banco central avança com medidasexplícitas quanto à transferência dedivisas para o exterior. As novas re-gras relativas a importações, exporta-ções e reexportações serão apresen-tadas aos agentes económicos na pró-

xima terça-feira pelas autoridadesenvolvidas no processo, nomeada-mente o Banco Nacional de Angola, oServiço Nacional de Alfândegas e osministérios da Economia e do Comér-cio. Uma das principais novidades é

que os pagamentos de compras ao ex-terior têm de ser feitos exclusivamen-te através de transferência bancária ecom recurso a divisas solicitadas aoBNA pelos bancos comerciais por in-dicação dos importadores.| P2

EXCLUSIVO

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2 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

OPINIÃOE S T R A T É G I A

Edson HortaDocente universitário

Actualmente as empresas não devem produzir semantes conhecer as necessidades e os desejos dosconsumidores, pois deste modo a empresa poderáconceber e oferecer produtos ou serviços quesatisfazem de forma antecipada as necessidadese os desejos dos clientes, porque sabemos que,

por um lado, as necessidades dos clientes mudamconstantemente e, por outro lado, os produtos já não se vendempor si só como acontecia na era industrial, considerando quenaquela era os mercados não eram dinâmicos como os actuais.Por esta razão, para ser competitivo, hoje é preciso agregar valoraos produtos ou serviços, e um dos meios para agregar valorpode ser através da publicidade, que é parte do marketing,ou então através da diferenciação pelo preço, custo e foco.

Através do marketing, a empresa liga-se mais aos clientes, poisdivulgará aquilo que efectivamente produz, mas é importantetambém ter em consideração que nem toda a campanhapublicitária aproxima a empresa aos clientes, pois uma péssimacampanha publicitária, em vez de ter um efeito positivo sobre oaumento das vendas, poderá diminuir as vendas, e isto acontecequando a campanha publicitária é realizada por pessoas que nãosão profissionais na produção de eventos publicitários.

Muitas vezes, as empresas não querem gastar muito dinheirocom empresas renomadas na área da publicidade e quenormalmente prestam um melhor serviço. Outras empresasprocuram ser elas mesmas a desenvolver as suas campanhaspublicitárias, mas não é recomendável, pois é aconselhável que aempresa se concentre nos seus pontos fortes e nas operaçõesque sabe fazer melhor e assim passar para terceiros asactividades que não estão ligadas ao seu core business, parareduzir custos e aumentar a competitividade. É nesta perspectivaque muitas empresas fazem investimentos significativos emcampanhas publicitárias contratando empresas especializadas,para produzir campanhas publicitárias que estimulam oconsumo, bem como para criar necessidades aos clientes.

Peter Drucker considera que “criar necessidade deve ser aprincipal preocupação da empresa”, e através da publicidadeas empresas criam-nos necessidades. Por exemplo, antes de sercriado o iPad, quem tinha necessidade de ter um iPad? Mas hoje,fruto dos grandes eventos publicitários, observamos queas pessoas querem ter um iPad. Isto mostra claramente quea empresa Apple criou uma necessidade tecnológica, e aquelesque têm recursos financeiros para tal poderão eventualmenteadquirir este produto para satisfazer a necessidade de terum iPad. Uma empresa que queira ter vantagem competitivadeve necessariamente seguir este caminho, que através depesquisas de mercado criará produtos ou serviços inovadores edeste modo sustentará a sua vantagem competitiva conquistadaatravés da inovação e criatividade. É claro que para estara este nível é preciso investir profundamente em pesquisae desenvolvimento (P&D) e também deve existir dentro daempresa um ambiente que favoreça o surgimento de novasideias, e isso só é possível se esta for a visão dos líderes quedirigem a empresa. É do nosso conhecimento que muitas vezeso clima empresarial é influenciado pela visão que o líder temsobre o comportamento humano nas organizações.

Algumas empresas do nosso País têm adoptado boasestratégias na área de marketing, e um bom exemplo disso são

as práticas de marketing da empresa Refriango, que teminvestido muito em publicidade e em alguns casos tem surtidoefeitos positivos, pois as marcas que são criadas têm tido bomdesempenho no mercado angolano, excepto a N´ice Tie e a RedCola, que parecem ser produtos que ainda não granjearamgrande simpatia por parte dos clientes angolanos. Mas ofracasso destas marcas parece que tem sido suplantado pelosucesso de outras marcas da mesma empresa que já competemcom renomadas marcas. Um exemplo disto é o sumo Nutry,que tem conseguido competir com os sumos portugueses e sul--africanos Compal e Seres, pois o sumo Nutry é favorecido poralguns factores: é um produto nacional, tem uma embalagem quechama a atenção e apresenta preços competitivos. A capacidadede inovação e de investimento em eventos publicitários e deassociar as suas marcas à realidade do nosso País representa ofactor crítico de sucesso da empresa Refriango. Entendemoscomo factores críticos de sucesso, do ponto de vista da gestão,aqueles elementos que permitem que a empresa agregue valoraos seus produtos, bem como aqueles que proporcionamvantagem competitiva, como, por exemplo: a reputação,

qualidade do produto, preço, diversidade de produtos, inovaçãoe outros. Factores críticos de sucesso também podem seraqueles atributos que são indispensáveis para o sucesso de umaempresa. É aqui que reside a sede da palavra crítica e não emoutro sentido.

É importante perceber que os factores críticos de sucessovariam de empresa para empresa, por exemplo, no caso de umsupermercado, são factores críticos de sucesso: o preço, aqualidade e a diversidade dos produtos, o número de caixas queatendem os clientes, o tempo de espera durante o atendimento,a segurança, a localização do supermercado, a dimensãodo parque de estacionamento. Estes são alguns exemplos que seenquadram muito bem no Hipermercado Kero, cujos factorescríticos de sucesso estão associados às característicasque já mencionámos.

Fruto da identificação dos factores críticos de sucesso,a empresa consegue perceber quais são os seus pontos fortese em que pontos a empresa se deve concentrar para obtervantagem competitiva. Os factores críticos de sucesso sãotambém um dos elementos a ter em consideração no momentoda elaboração e implementação da estratégia empresarial.

A estratégia de marketingcomo factor crítico de sucesso

Entendemos como factorescríticos de sucesso, do pontode vista da gestão, aqueles quepermitem que a empresa agreguevalor aos seus produtos, bemcomo aqueles que proporcionamvantagem competitiva

Angolapodereceber4,6milhõesdeturistas

Angola poderá atingir, até2020, a meta de 4,6 milhõesde turistas e 1 milhão depostos de trabalho directo,prevendo-se que as receitasneste período atinjam os 4,7mil milhões USD, afirmouhá dias o vice-ministro daHotelaria e Turismo, PaulinoBaptista, citado pela Angop.Para o governante, o sectorda hotelaria e turismo temconhecido um crescimentoconsiderável nos últimos anos,tendo passado de 61 hotéise 2822 quartos em 2008para 155 hotéis e 7956 quartosem 2012.

Traçada metapara erradicaranalfabetismo

O Executivo angolanotem como uma das suasprioridades declarar o paíslivre do analfabetismo até2025, com a implementaçãodo Plano Estratégico para aRevitalização da Alfabetização,anunciou, em Luanda,o ministro da Educação, PindaSimão. Segundo o ministro,desde os primórdios daindependência nacional quea alfabetização constitui umaprioridade das prioridades doExecutivo. Neste compromisso,disse, o Estado nunca estevesozinho, as igrejas e asociedade civil organizadasempre estiveram ao ladodo Governo dando o seumelhor com maior ou menordificuldade, com o propósitoúnico de lutar para aerradicação do analfabetismo.

Novas centrais vãogerar 80 megawatts

Duas novas centrais térmicas,com capacidade nominal paragerar de 80 megawatts, estãoa ser instaladas na cidadedo Lubango, província da Huíla,cuja previsão para entrada em funcionamento estáaprazada para Agosto próximo.A informação foi prestada àAngop, pelo director provincialde energia e águas,Abel João da Costa.Afirmou que as basespara instalação dos gruposgeradores da central térmicada Arimba estão prontas,aguardando pelo material quedeve chegar ao País no dia 20deste mês para gerar energia.

A G E N D A

Valor gasto pelo Governo angolanono processo de construçãoe modernização dos caminhos-de--ferro de Luanda, Moçâmedese Benguela, segundo o ministrodos Transportes, Augusto da SilvaTomás. Esse investimentoenquadra-se no âmbitode uma estratégia globalde desenvolvimento económicoe social do País.

3,3biliões USD

É o orçamento do Programade Investimentos Públicos (PIP)de Angola, em execução desde2003 e que deverá vigorar até finaldeste ano, conforme indicamdocumentos do Ministério daEconomia. Cerca de um terço destaverba (30,8%), especificam osdados, correspondem à construção,reabilitação e manutenção deestradas e pontes em todo o País.

32,8mil milhõesUSD

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Uma imagem de dor em homenagem ao presidente Hosni MubarakFOTO DO MÊS

S U S T E N T A B I L I D A D E

Pedro Luís GomesEspecialista de seguros

Decorreu na semana de 10 a 16 de Junho o curso de “Riscos climáticosaplicados à agricultura”, organizado pelo INAMET, no Kariango,província do Kwanza Sul, no projecto Terra do Futuro. Aparentementetratar-se-ia somente de mais uma boa iniciativa no INAMET,em parceria com o projecto Terra do Futuro, onde a este louvávelevento formativo iria-se associar a entrega das primeiras fazendas

aos jovens agricultores, num financiamento significativo, por parte do BDA,bem como a assinatura do protocolo entre o INAMET e a PTF, SA.

Aparentemente porque o curso em questão excedeu, de facto, todasas expectativas.

O mesmo foi superiormente ministrado pelo prof. doutor Orivaldo Bruninia convite de outra ilustre figura da meteorologia mundial, o dr. Sérgio Ferreira,actualmente consultor do INAMET.

Os participantes foram essencialmente pessoas ligadas ao INAMET, ao Ministérioda Agricultura, ao Ministério do Ambiente, jovens agricultores, empresas privadasna área de prestação de serviços associados e seguradoras, onde se lamenta,infelizmente, só terem estado presentes a ENSA e A Mundial Seguros.

As conclusões desse curso são de facto importantes para o nossodesenvolvimento agrícola e no qual deverá ser base de reflexão, a saber:

– Falta de estudos detalhados do fenómeno seca, no território nacional enecessidade de melhorar o suporte técnico científico dos estudos já existentes;

– Ausência efectiva de técnicos da assistência agro-pecuária e Protecção Civilnos programas de disseminação de informações agrometeorológicase meteorológicas.

O grupo em questão não se limitou somente a concluir como também levantourecomendações importantes, tais como:

– Necessidade de melhoria da rede meteorológica promovendo uma expansãoe distribuição mais adequada;

– Necessidade de atribuir ao INAMET um papel mais activo na integraçãodas redes já existentes dentro de padrões a serem estabelecidos;

– Necessidade de desenvolver métodos de análise de riscos específicospara o território nacional;

– Necessidade de dar suporte ao estabelecimento de programas de informaçõesclimáticas;

– Necessidade de clarificar e difundir melhor os termos e definições utilizadosem meteorologia e agrometeorologia;

– Necessidade de continuar os programas de formação em análise de riscoclimáticos aplicados à agricultura com exemplos específicos para Angola;

– Necessidade de difundir mais o uso da informação agrometeorológica.O que sinto em relação a isto tudo é que há de facto muito para se caminhar.Esta área da agrometeorologia é riquíssima e essencial para o nosso

desenvolvimento agrícola.

Vi que o INAMET tem hoje já bons profissionais aptos a começarema desenvolver e a publicar as primeiras análises agrometeorológicas.

Para a actividade seguradora, estes ensinamentos da agrometeorologia sãomuito importantes, pois são eles que nos permitem ter consciência da tarifaadequada que deveremos ter em consideração quando estamos a assumir o riscode colheitas.

Como é sabido, não é possível ter uma agricultura sustentada sem um sistemade seguros agrícolas adequado à nossa realidade.

Não posso deixar de aconselhar, se me permitem, os nossos jovens estudantesuniversitários ou profissionais da meteorologia, a olharem para este caminho commuita atenção, pois não tenhamos dúvidas de que o mesmo é de sucessogarantido. Os agricultores precisam, as seguradoras desejam, a protecção civilpede. Mãos à obra, porque o tempo não pára!

www.omundodosseguros.com

Riscos climáticosaplicados à agricultura

Para a actividade seguradora,estes ensinamentos da agrometeorologiasão muito importantes

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NOVAS REGRAS CAMBIAIS

JOEL ANITO COSTA

Está em curso uma revoluçãonos sistemas de licenciamentoe liquidação das operações decomércio externo. As novasregras relativas a importa-ções, exportações e reexporta-ções serão apresentadas aosagentes económicos na próxi-ma terça-feira pelas autorida-des envolvidas no processo,nomeadamente o Banco Na-cional de Ang ola, o ServiçoNacional de Alfândegas e osministérios da Economia e doComércio.

Uma das principais novida-des é que os pagamentos decompras ao exterior têm de serfeitos exclusivamente atravésde transferência bancária ecom recurso a divisas solicita-das ao BNA pelos bancos co-merciais por indicação dos im-portadores.

“Está expressamente proi-bido o pagamento de importa-ções sem recurso às reservasinternacionais”, lê-se no Avison.º 20/12 do banco central queentrou em vigor em 25 de Ju-nho de 2012. Ou seja, a partirde agora, quem disponha dedivisas não as pode utilizar,devendo comprar as divisas aoBNA através dos bancos.

A venda de divisas não serásem condições. Doravante, asempresas têm de apresentardocumentos que atestem queas divisas que saem do Paísservem efectivamente para opagamento de mercadorias ouserviços comprados ao exte-rior nas condições e quantida-des definidas na factura pró--forma e que a transacção tra-rá benefícios para o País. Sobpena de serem proibidas deefectuar outras transacções.

O papel dos bancosA tramitação do processo de-pende dos prazos de pagamen-to. Só as operações com prazode pagamento superior a 1 anoa contar da data de embar-que/desembarque correm noBNA. As restantes são da res-ponsabilidade dos bancos.

Para o efeito, os bancos co-merciais são obrigados a veri-ficar toda a documentação quecomprova a legitimidade daoperação. Por outras palavras,as instituições onde os agen-tes económicos têm as contas

domiciliadas e através dasquais solicitam as divisas nosleilões do BNA passam a ser ospolícias dos importadores.

Os bancos devem entregarao Banco Nacional de Angola,departamento de controlocambial, até ao dia 15 de cadamês, a lista das operações decomércio externo para seremincluídas no sistema integra-do de operações cambiais doBNA (SINOC). O prazo paracomeçar a enviar estas infor-mações no SINOC começouem Julho.

O banco central deu instru-ções aos bancos comerciaispara recusarem as operaçõesde clientes que não cumpramcom as regras estabelecidas,devendo comunicar ao depar-tamento de controlo cambialos nomes dos agentes econó-micos nessa situação. Sobpena de serem as próprias ins-tituições financeiras respon-sabilizadas caso se prove queestão a ser coniventes compráticas a margem da lei.

Segundo João Fonseca, ex--vice-presidente do banco Ke-ve e actualmente administra-dor executivo do Banco BAI,“as novas regras cambiais jánão permitem que um clientesolicite uma transferênciapara pagamento de importa-ções sem entregar todos os do-cumentos comprovativos deque existe de facto uma mer-cadoria ou serviço por trás daoperação”. “Situações em quese peçam divisas para pagarcompras ao exterior de 1 mi-lhão USD e as mercadorias queentram no País correspondema apenas um terço do valortambém já não serão possí-

veis”, reforça o gestor que fa-lava durante a apresentaçãodo caderno do banco Keve so-bre normas cambiais que vaina terceira edição.

São frequentes as denúnciasde que em Angola são pagos aoestrangeiro valores que nãocorrespondem a mercadoriasentradas ou serviços presta-dos, o que configura fuga de di-visas e branqueamento de ca-pitais.

O presidente da AIA, JoséSeverino, defendeu em váriasocasiões a necessidade de ummaior controlo sobre as trans-ferências ligadas ao comércioexterno alegando que as divi-sas saem com um determinadofim mas acabam por servir ou-tros propósitos que em nadabeneficiam o País.

Estabilidade das reservasAs novas regras visam salva-guardar a estabilidade das re-servas externas líquidas numquadro em que a entrada demoeda estrangeira dependeessencialmente do petróleo,uma matéria-prima muito vo-látil. Em 2010, último ano parao qual o BNA divulgou dados,Angola exportou quase 50,6mil milhões USD de mercado-rias, dos quais 49,4 mil mi-lhões USD correspondentes a97,4% do total foram petróleo.As exportações de serviços fi-caram-se pelos 857 milhõesUSD.

Segundo dados recentemen-te divulgados pelo banco cen-tral, as reservas brutas de An-gola estão avaliadas em 33 milmilhões USD,que correspon-dem a 7,5 meses de importa-ção. Este é o limite mínimo es-tabelecido pelo programa degoverno do MPLA para o pe-ríodo 2012-2017. Em 2010, An-g ola importou 16,7 mil mi-lhões de bens e 18,8 mil mi-lhões de serviços.

Outra justificação para a im-plementação das novas regraspara as transacções cambiaisligadas ao comércio externoprende-se com o combate aobranqueamento de capitais e àfuga ao fisco.

As operações relacionadascom o comércio externo sãoigualmente uma importantefonte de receitas para os ban-cos, representando cerca de50% do total, segundo espe-cialistas. Os clientes commaior capacidade financeira,como as petrolíferas, as con-

cessionárias automóveis, asempresas de construção civil eas distribuidoras de alimen-tos, entre outras, estão envol-vidos em operações de comér-cio externo. As novas regrascambiais vão permitir refor-çar a componente externa nonegócio dos bancos que con-tam ainda com a ajuda da novalei cambial para as petrolífe-ras, que vai obrigar estas em-presas a fazer circular o di-nheiro do petróleo pelos ban-

cos nacionais.Com a subida do peso do co-

mércio externo no balanço dosbancos, desce a importânciadas operações com o Estadoque já chegaram a representarmais de 50% da carteira de ne-gócios da banca.

Não obstante a melhoria dagestão das finanças públicas,nomeadamente a redução dosatrasados, é fundamental quea banca mantenha uma certaindependência dos negócioscom o Estado, consideram es-pecialistas.

Pagamentosantecipados são excepçãoOutro alvo das novas regrascambiais são os pagamentosantecipados de importações,nomeadamente aqueles queexcedem 100 mil USD. Paga-mentos antecipados acimadeste valor só serão permiti-dos nos casos em que isso sejauma prática da indústria, amercadoria seja especifica-

C O M B A T E À F U G A D E D I V I S A S É O O B J E C T I V O

Revolução nas operaçõesde comércio externoQuem não tiver os impostos em dia ou não respeitar a lei contra o branqueamento de capitaisnão vai ter acesso a divisas para pagar as compras de bens e serviços ao estrangeiro, de acordocom instruções do banco central que atribui aos bancos comerciais o papel de polícia,incluindo o de verificar se as mercadorias entradas ou os serviços prestados correspondemàs divisas disponibilizadas.

33 milmilhões USDvalor das reservasinternacionais brutasde angola que cobrem7,5 meses de importação

50,6 milmilhões USDvalor das mercadoriasexportadas por Angola em 2010

97,4%peso da exportaçõespetrolíferas em 2010

49,4 milmilhões USDValor das exportaçõesde petróleo por Angola em 2010

16,7 milmilhõesimportações de bens por partede Angola

18,8 milmilhõesValor da importação de serviçospor parte de Angola

Doravante,as empresastêm de apresentardocumentosque atestem queas divisas que saemdo País servemefectivamentepara o pagamentode mercadorias ouserviços comprados

Vista parcial do porto de Luanda

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mente fabricada para o impor-tador ou de difícil aquisiçãoem mercado alternativo. Adi-cionalmente, o beneficiário dopagamento não pode ser umapessoa ligada ao importador, eo valor antecipado não podeexceder 2,5 vezes o capital so-

cial do importador.O que na prática significa

que para fazer pagamentos su-periores a 100 000 USD é ne-cessário ter um capital socialsuperior mínimo de 40 milUSD, duas vezes o capital so-cial mínimo exigido pela leicomercial para as sociedadesanónimas. Isto para já não fa-lar das sociedades por quotas,cujo capital social mínimo exi-gido por lei é de 1000 USD.

Coincidência ou não, a ver-dade é que o Expansão apuroujunto de fontes dos notários deLuanda que os pedidos parapassagem de sociedades porquotas para sociedades anóni-mas e para aumentos de capi-tal aumentou substancial-mente nos últimos 12 meses.E espera-se que ainda aumen-te mais com a entrada em vigordas novas regras cambiaispara as operações de comércioexterno.

Fora das novas normas fi-cam os pequenos importado-

res, já que as importaçõesabaixo de 5000 USD não preci-sam de ser licenciadas peloMinistério do Comércio.

A papelada do importadorAs empresas importadoras demercadorias de valor superiora 5000 USD devem estar regis-tadas no Siminco – Sistema deInformação Integrado do Mi-nistério do Comércio de Ango-la. Todas as operações de co-mércio externo têm de ser li-cenciadas pelo Siminco, sendoque cada licenciamento dá di-reito a uma transferência a serefectuada por um banco co-mercial.

A solicitação da transferên-cia deve ser feita através deuma carta, onde conste o nú-mero de registo do importadore o número de identificaçãofiscal, acompanhada de umafactura pró-forma e documen-to único.

Como referido anterior-mente, os bancos têm de veri-

ficar se os agentes económicosenvolvidos em operações decomércio externo cumpremcom a legislação sobre preven-ção do branqueamento de ca-pitais e financiamento do ter-rorismo, além das leis fiscais.Só depois vem a regulamenta-

ção cambial. O branqueamen-to de capitais e fiscal passou asobrepor-se à questão cam-bial. Neste quesito, os bancostêm de verificar se o clienteque pede a transferência estána posse dos documentos quecomprovem a legitimidade daoperação.

No caso dos pagamentos an-tecipados, o importador éobrigado a apresentar, ao ban-co através do qual efectuou aoperação, o documento justi-ficativo de entrada da merca-doria no País no prazo maiscurto dos dois seguintes:180 dias a contar da data deefectivação da operação cam-bial, ou 30 dias da data de en-trada da mercadoria no País.Compete ao banco do impor-tador a responsabilidade deverificar e assegurar ao BNA ocumprimento do prazo de en-trega de documentos compro-vativos da entrega de docu-mentos comprovativos da en-trada da mercadoria no País.

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As novas regrasvisam salvaguardara estabilidade dasreservas externaslíquidas num quadroem que a entrada demoeda estrangeiradependeessencialmentedo petróleo

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NOVAS REGRAS CAMBIAIS

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NOVAS REGRAS CAMBIAIS

JOEL ANITO COSTA

As novas normas da lei cambialtrazem alterações importantespara a banca na relação com osclientes. Que inovações se po-dem notar na relação banca--cliente face à entrada de novasexigências da política cambial?Há um aumento na exigência porpartedabancatendoemvistaasse-gurar o cumprimento das normas.Tal implicará que os clientes te-nham também de ser bastante or-ganizados ao solicitar a execuçãode operações ao seu banco. Paraoperações comerciais envolvendoinvisíveis correntes, como sejamos contratos de gestão ou assistên-cia técnica, recomenda-se que es-tes sejam elaborados por juristasde forma a assegurar a conformi-dade com a legislação em vigor eque o processo de licenciamentojunto do Ministério da Economiaou do BNA seja feito no mais curtoespaçodetempopossível.

Os bancos comerciais passam aser cada vez mais o elo de liga-ção entre os empresários e obancocentral?No caso dos pedidos de licencia-mento junto do BNA, a banca con-tinuaráadesempenharumimpor-tante papel de interlocutor entre oclienteeoBNA.Mas,nocasodosli-cenciamentos junto do Ministérioda Economia, cabe ao cliente inte-

ressadorelacionar-sedirectamen-te com esta instituição, diminuin-do desta forma a intervenção dosbancos. Para o banco, é necessárioapenas a apresentação da docu-mentação quando o contrato foraprovado.Éimportante,noentan-to, notar que a banca irá continuara desempenhar um papel funda-mental a montante do processo,pois terá de controlar se o pedidodeoperaçãocambialrequerounãolicenciamento.

Quemodalidadesdepagamentopassam a ser mais favoráveisparaosclientes?O novo aviso é mais favorável paraas empresas que utilizam o paga-mento antecipado, pois alarga ascondições em que estes podem serefectuados. Anteriormente, o pa-gamento antecipado de valoresacima de 100 mil USD era possívelapenascomaaberturadecartasdecrédito. Agora, para além destacondição,podem,porexemplo,serfeitos mediante a apresentação deuma garantia bancária de boa exe-cução pelo banco do exportador.Podem ainda ser feitos pagamen-tos antecipados mediante o cum-primento de outras condições, im-pondo-se, no entanto, uma novaregra de que o valor do pagamentonão deverá exceder 2,5 vezes maisovalordocapitalsocial.

Para que tipo de empresas a en-trada em vigor do Aviso n.º20/12 sobre as operações cam-biais força o aumento de capi-tal?Para as empresas que queiram fa-

zer os pagamentos antecipadosacima do limite, que não seja atra-vés da abertura de uma carta decrédito ou da prestação por partedo seu fornecedor de uma garan-tia, a nova regra deverá implicarque muitas delas tenham de fazerum aumento de capital. Acima detudo, o importador tem de conhe-cer que existem alternativas aopa-gamento antecipado, que tambémgarantem que não haverá paga-mentodemercadoriassemquees-tas sejam entregues: é o caso dascobrançasdocumentáriasedasre-messas documentárias. Por isso, oaviso refere que os bancos deverãoorientar o cliente importador naprocuradamelhorsoluçãoemter-mos de pagamentos com o exte-rior.

Como entende a obrigação deque o pagamento de importa-ções tem de passar necessaria-mente pelo recurso às reservaslíquidasinternacionais?Por um lado, Angola depende es-sencialmente de um único produ-to de exportação, o petróleo, sendo

do cumprimento das obrigaçõesfiscais que advêm deste produtoque as reservas internacionais sãoformadas. Por outro lado, o sectornão petrolífero depende ainda es-sencialmente da importação deprodutos e serviços. Como as em-presas do sector não petrolíferonão são exportadoras, não têm re-ceitas directas em divisas, e por-tantoprecisamdeasadquirirjunto

do BNA por intermédio da banca.Quando BNA vende divisas aosbancosparaatenderemasnecessi-dades dos seus clientes importa-dores, tal implica uma redução dasreservasinternacionais.Éumcicloqueserepete.

Outroregulamentoimportanteéodecretopresidencialquefixacomo data-limite para contra-tos de prestação de serviçoscom empresas estrangeiras 3anos?Não é proibida a celebração decontratos por prazo superior a 1ano.Oqueodecretorefereéqueoscontratos devem estabelecer umprazoglobal,eéconsideradocomosendo 3 anos o prazo máximo ra-zoávelparaumcontrato.Opreâm-bulo do próprio decreto presiden-cial que aprova este limite referequeaaprovaçãopréviapeloMinis-tério da Economia tem três objec-tivos: a protecção do interesse na-cional, a promoção do desenvolvi-mento do mercado de trabalho e aracionalização dos recursos cam-biaisdoPaís.

Entrevista João Fonseca

O especialista esclarece a respeito da importância das novas normas da política cambial e alerta que, face à entra-da em vigor das mesmas, algumas empresas serão forçadas a aumentar capital social.

“Os bancos deverão orientar o clienteimportador para a melhor solução”

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“Angola dependeessencialmentede um único produtode exportação,o petróleo, sendodo cumprimentodas obrigaçõesfiscais que advêmdeste produtoque as reservasinternacionaissão formadas”

“A nova regra deveráimplicar que muitasempresas tenhamde fazer um aumentode capital. Acima detudo, o importadortem de conhecer queexistem alternativasao pagamentoantecipado”

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OPINIÃO

Os processos de diversificaçãodas estruturas económicasestão muito correlacionadoscom a diversificaçãodas exportações e coma industrialização dos países.

Quanto mais elevados forem os índicesde industrialização, melhores serão ascondições para disputar a concorrênciainternacional, nos mercados internose em diferentes segmentos dos mercadosmundiais.

Angola esteve sujeita a um processoviolento de desindustrialização depoisda independência, em 1975, tendoa participação do Valor Agregado Brutoindustrial (indústria no sentido estrito,abarcando apenas a manufactura)atingindo uma cifra média, entre 1975e 2000, de 3% do PIB global.A produtividade foi um dos segmentosonde o choque da desindustrializaçãomaiores estragos provocou, com um valormédio, no mesmo período, de cercade 3400 USD por trabalhador empregado.De resto, a baixa produtividade acaboupor ser, também, um dos factores dedesindustrialização do País. As empresasindustriais – à época, na sua maior partepropriedade do Estado – funcionavamcom índices muito baixos de eficiênciaeconómica, e a sua principal tarefa eraa de preservar o emprego, à custa detransferências financeiras do OrçamentoGeral do Estado.

Podem ser elencados alguns factoresda desindustrialização em Angolaentre 1975 e 20001:• As profundas distorções económicasintroduzidas pelos princípios socialistasda gestão unificada, centralismodemocrático e planificação administrativa.• O comportamento desfavorávelda produção nacional – exceptoa de petróleo depois de 1977 – logo depoisda independência, como consequênciada fuga de grande parte dos colonosportugueses. As quebras foramimpressionantes: 68% no café, 80%-98%

em outras culturas agrícolas (em 1980a agricultura supria, tão-somente, 12%das necessidades alimentaresda população e 15% das necessidadesda indústria transformadora), 72%na indústria transformadora2 (em 1984,existiam apenas 241 empresasna indústria transformadora, queempregavam 85000 trabalhadores), 85%nos diamantes, 20% no petróleo (só em1976, a produção de 144 000 barris diáriosde 1973 foi retomada, depois do regressodas petrolíferas norte-americanas).• A continuação da guerra, tendo a partirde 1993 afectado entre 60% e 70%de todo o território nacional.• As severas limitações em recursoshumanos, determinadas pelo êxododos técnicos e quadros portugueses e pelanatureza do regime colonial, que sónos anos terminais estendeu a educaçãoà população angolana.

A N Á L I S E

Industrializaçãoe diversificação da economia

Manuel Alves da RochaProfessor associado da Universidade Católica de Angola

Angola esteve sujeitaa um processo violentode desindustrializaçãodepois da independência,em 1975, tendo a participaçãodo Valor Agregado Brutoindustrial (indústria nosentido estrito, abarcandoapenas a manufactura)atingindo uma cifra média,entre 1975 e 2000,de 3% do PIB global

Conselho de Gerência Victor Fernandes,Sílvio Baptista e Adriano Carvalho

Conselho Editorial Victor Fernandes,Sílvio Baptista, Carlos Rosado de Carvalho,Juvenis Paulo, Miguel Coutinho, Nilza Rodrigues,Raul Vaz e Verónica Pereira

Directora Executiva Nilza Rodrigues Subdirector António Nogueira Editores António Pedro, César Silveira, Francisco de Andrade Redacção André Samuel,Aylton Melo, Estêvão Martins, Joel Anito Costa, José Zangui, Juvenis Paulo, Pedro Fernandes, Ricardo João, Manuela Costa (Secretária de Redacção), Rui Gouveia (Revisão)Colaboradores Alexandre Frade Batista, Cândido Mendes Fotografia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia Onde Exclusivos Diário Económico, Financial TimesDepartamento Gráfico Gilson Cássio, Marta Gregório Infografia Expansão/Anyforms Design Projecto Gráfico Económica/+2 designersProdução Ana Marques (Chefia), Artur Camarão, Carlos Martins, João Santos Tratamento de Imagem Samuel Rainho (Coordenador), Paulo Garcia, Tiago MaiaImpressão Sogapal Distribuidora Score Media Direcção Comercial Tânia Vasconcelos (Directora), Carina Amuedo, Deolinda Oliveira, Telma SonhiDirecção Administrativa e Financeira Sérgio Gama (Director), Egídio Francisco, Garcia José, Herlander Tomás, Julieta Paulo, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau PatacaContactos: 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 Fax: 244 222 443 453. Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – AngolaContactos E-mail: [email protected] / [email protected]ção em Portugal Estratégia Media Direcção-Geral Nilza Rodrigues Departamento Administrativo Amélia Saavedra Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009

D I T O

“Os laços históricos de Cubacom África e Angola, em particular,tornam este país num baluarteda luta pela autodeterminaçãodos povos, com incidênciassignificativas, sobretudopara os países da região australdo continente africano”

João LourençoPrimeiro vice-presidente da Assembleia Nacional

“Hoje o povo egípcio estabeleceuas bases de uma vida nova, de umaliberdade total, de uma verdadeirademocracia”

Mohamed MursiPresidente do Egipto

“Seremos severamente julgadospela História se formos incapazesde seguir o bom caminho.Desejamos adoptar compromissosque conduzam a acçõesque teremos de aprovarcolectivamente”

Kofi Annan [a propósito da situação da Síria]Enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria

“O Executivo está a trazerboas coisas, e todos estão a vero comboio a circular, o que é umavitória sobre a pobreza, porque vaitrazer o desenvolvimento e a alegriapara os filhos da região sule de Angola inteira”

Cândida CelesteGovernadora do Namibe

Page 10: Jornal Expansão

EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 11

• A gestão económica deficiente e políticaseconómicas totalmente inadequadas.• A obsolescência tecnológicados equipamentos industriais, cuja idademédia, de acordo com o Plano Director deReindustrialização de Angola, era de 30 anosem 19903.

Apesar das abordagens que enfatizama entrada de alguns países numa sociedadede lazer e de serviços, conhecida também porsociedade pós-industrial, a indústria continua aser fonte de poder económico e a desempenharum papel fundamental na organização dosterritórios, na dinâmica das transformaçõesdos sistemas produtivos e na criação de valor.Por isso, todos os países, independentementedo seu estádio de desenvolvimento, inscrevemnas suas agendas de desenvolvimentoa industrialização.

A geografia industrial mundial tem mudadomuito desde 1980, mas com uma acentuaçãodepois de 1990. Em 20 anos, portanto entre1990 e 2010, ocorreram transformaçõesprofundas na hierarquia económica mundial.Alguns dos países emergentes são osresponsáveis por estas fantásticas mudanças.O peso industrial da Europa (União Europeia,Islândia, Noruega e Suíça) diminuiuconsideravelmente durante aquele lapsode tempo: de 36% passou para 24,5%,estando-se perante um processo acentuadode desindustrialização (ainda que relativa)induzida pela deslocalização das indústriasdos centros desenvolvidos para as periferiasem desenvolvimento. Em 2011, a China tornou--se na primeira potência industrial do mundo,acabando com dois séculos de hegemoniados Estados Unidos da América. O Brasil,actualmente a sexta economia mundial(segundo a classificação do Banco Mundial)4,ultrapassou a França na produção industrial, deacordo com o IHS Global Insight5. A Coreia doSul está à frente do Reino Unido na capacidadede produção industrial, e a Índia apressa-sea ultrapassar a sua antiga potência coloniale imperial.

A emergência de uma nova divisãointernacional do trabalho, associadaà globalização neoliberal depois de 1980e às acentuadas dinâmicas de transformaçãoa ocorrer em alguns países emergentes (coma China claramente no comando) explicamo extraordinário movimento de deslocaçãogeográfica da produção, dos mercados e dosserviços que atrai investimentos, tecnologiase emprego6.

As lógicas da deslocalização das empresasmultinacionais, embora mantenham comorazão principal as diferenças de custossalariais, alicerçam-se num novo motivo dadopela procura das camadas sociais médiasdos países da periferia, sustentada peloscrescentes aumentos do rendimento médioassociados aos elevados índicesde crescimento económico. Ao juntar-se a esteraciocínio a constatação de que nos paísesindustrializados do centro desenvolvidoos rendimentos médios estão em processode ajustamento em baixa provocado pelascrises orçamentais e de dívida soberana,entendem-se, claramente, as estratégiasde deslocalização das multinacionais.E compreende-se, igualmente, que bastante docrescimento económico de países como a Chinae a Índia tenha como componente a exportaçãode produtos para satisfazer uma procurade padrão mais baixo nos países desenvolvidos(produtos de gamas médias e baixas).Esta nova divisão internacional do trabalhocomprova, afinal, a teoria de Stephan B. Linderda sobreposição das procuras, ainda queos custos salariais continuem a contar comoelemento definidor das vantagenscomparativas de David Ricardo8.

A estratégia que alguns países emergentesestão a seguir, no quadro da sua crescenteafirmação na geografia industrial mundial,passa por negociações profundas e durascom as multinacionais estrangeiras paraa transferência de tecnologia, um esforço sériode formação da sua mão-de-obra9 e umapolítica de constituição de empresas nacionaiscom perfil internacional.

Em contraponto com estes desenvolvimentose ajustamentos, está a Europa e mesmoos Estados Unidos, que se encontramseriamente afectados por períodos e processosde desindustrialização acentuados.

Em dois anos, 2007 e 2009, a crise europeiadestruiu 20% do valor da produção industrial10,com recuos diferenciados consoante os países:15% na Europa Central e Oriental, 1/3 naEstónia, 1/4 na Letónia. Nos grandes paíseseuropeus as quebras igualmente se pautarampor registos impressionantes: 20%na Alemanha, 25% em França e mais de 21% naItália, na Finlândia e na Suécia. Dir-se-ia que ospaíses das grandes revoluções industriais estãoafectados pela globalização do comércio,pela incapacidade de competir com os maisaguerridos países emergentes e pordesequilíbrios internos que consequencializammargens de crescimento cada vez mais

reduzidas. Naturalmente que esta intensidadede desindustrialização se reflecte nodesemprego – um dos segmentos maisimportantes da constituição de procurasinternas sólidas, representativas eestimulantes do investimento. Desde o inícioda última crise financeira e económica –Outono de 2008 – e o final de 2010, a UniãoEuropeia assistiu à destruição de maisde 4 milhões de empregos industriais(11% dos efectivos totais empregados).

E o cenário para 2012-2014 pode ser aindapior, devido aos fortes impactos negativosdos programas de austeridade orçamental quea maior parte dos países da Zona Euro estáa implementar com a finalidade de se tornaremsustentáveis as respectivas dívidas soberanas.

1 - Retirados dos primeiros resultados de um estudo mais global que

tenho em mãos e intitulado

“Industrialização/Desindustrialização/Reindustrialização em Angola:

Problemas, Dilemas e Desafios”.2 - Só entre 1975 e 1976 a produção industrial caiu 30%.3 - Plano Director de Reindustrialização de Angola, Ministério da

Indústria, Cadernos Económicos Portugal-Angola, Câmara de

Comércio e Indústria Portugal-Angola, 1995, 180 páginas.4 - World Bank – World Development Indicators, 2012.5 - World Manufacturing Production 2010, www.ihs.com6 - Entre 1990 e 2010, os lucros dos 220 maiores grupos europeus

obtidos no estrangeiro obtidos nos países emergentes passaram de

15% para 24%. Ver Laurent Carroué, A Indústria, Alicerce de Poder, Le

Monde Diplomatique Angola, Abril de 2012.7 - A crise de rendimentos e o empobrecimento na Europa são uma

oportunidade para os produtos de média e baixa gama provenientes

da China e da Índia, o que explica a enorme procura em praticamente

todos os países da Zona Euro. No entanto, estes dois países estão, do

mesmo modo, a competir em produtos de alta gama, nos domínios

das telecomunicações, indústria espacial, aeronáutica, comboio de

alta velocidade, nuclear, indústria naval, etc.8 - Guillochon, Bernard etKawecki, Annie – Économie Internationale,

Dunod, sixiéme édition, 2009, e também Appleyard/Field/Cobb –

International Economics, Fifth Edition, McGraw-Hiil International

Edition 2006: “The Linder theory postulates that tastes of consumersare conditioned by their income levels; the per capita income level ofa country will yield a particular pattern of tastes”.9 - Já por algumas vezes escrevi e me pronunciei publicamente sobre

a contradição inerente à opção doutrinária do MPLA e do Governo de

se criar uma burguesia nacional endinheirada como forma de

oposição a uma penetração exageradamente “violenta” das empresas

e dos capitais estrangeiros. O mais importante era ter-se dotado o

País de uma mão-de-obra, a todos os níveis, com elevadas

qualificações e excelência de procedimentos, trabalho e

produtividade. O retorno para o Orçamento do Estado seria muito

maior, pois a maior parte desta burguesia nacional é improdutiva.10 - A queda no valor bruto da produção industrial em Angola entre

1991 e 2000 foi de 21,6%.

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12 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

EMPRESAS

EUNICE SEBASTIÃO

A LSG Sky Chefs TAAG Angola,vocacionada para o serviço decatering a bordo, começa assuas operações, no mercadoangolano, a partir de 16 de Ju-lho, servindo, numa primeirafase, os voos das transportado-ras TAAG e Lufthansa.

Segundo os responsáveis daempresa, determinou a criaçãoda mesma a necessidade demelhorar a qualidade do servi-ço de catering a bordo, tantodas duas companhias como dasrestantes que operam no País.

Grande parte das compa-nhias estrangeiras que aterramno País, segundo o chefe dasoperações da empresa, NorbertMoog, transporta a comida dopaís de origem consumindocerca de 7 toneladas que, calcu-la, poderia servir aos clientes.

A referida realidade, a quali-dade assegurada pelos respon-sáveis da empresa, é, em prin-cípio, garantia de que grandeparte das operadoras se torna-rá cliente da segunda empresado sector no País (a outra é aMaboque). Fazendo fé nas pa-lavras dos responsáveis da em-presa, algumas destas opera-doras aguardavam com expec-tativa pelo arranque da LS GSkt Chefs TAAG Angola.

Relativamente aos preços aserem praticados, NobertMoog garante que serão con-correnciais, sobretudo porquea LSG é das principais empre-sas do sector a nível mundial epretende assegurar os clientesde outros mercados que voampara o País.

O empreendimento possuiuma capacidade de produçãoque pode variar entre as 6 mil eas 10 mil refeições por dia,numa área de 1750 m2. As ins-talações possuem uma estru-tura envolvente de 2700 m2 econtarão com mais de 200 tra-balhadores, entre os quais três

expatriados que passarão oknow-how aos nacionais.

A LSG Sky Chefs TAAG An-gola surge de uma parceria en-tre a empresa alemã LSG SkyChefs, da companhia aérea ale-mã Lufthansa, e a transporta-dora nacional TAAG, com 40%e 35%, respectivamente. Osoutros parceiros são a AngolaAir Catering, com 20%, e a Em-presa Nacional de Exploraçãode A eroportos e NavegaçãoAérea (ENANA), com 5%.

Foram investidos cerca de 12milhões USD, dos quais mais

de 3 milhões foram canaliza-dos para equipamentos técni-cos.

Em Angola, a LSG Sky come-çou a servir as caixas de refei-ções ligeiras para os voos do-mésticos da TAAG em Julho de2011, na sequência da visita dachanceler alemã, AngelaMerkel, que fez o lançamentoda primeira pedra para a cons-trução do empreendimentoque arrancou no dia 12 deAgosto do mesmo ano. As ins-talações da empresa situam-seno Aeroporto 4 de Fevereiro.

Sobre a LSG Sky ChefsA LSG Sky Chefs é consideradaum dos maiores fornecedoresmundiais de serviços a bordo,incluindo o catering, equipa-mentos de bordo e logística emvoos, bem como a gestão deserviços aeroportuários a bor-do e afins. O grupo é compostode 148 empresas com 194 cen-tros de atendimento ao clienteem 52 países. Em 2011, produ-ziu cerca de 492 milhões de re-feições para mais de 300 com-panhias aéreas em todo omundo.

L S G S K Y C H E F S T A A G A N G O L A

Novo serviço de catering a bordoCom uma capacidade de produzir até 10 mil refeições por dia, a LSG Sky Chefs TAAG Angola irá servir,numa primeira fase, as operadoras proprietárias. Contudo, o projecto visa estender-se a todo o mercado.

A LSG Sky ChefsTAAG Angola surgede uma parceriaentre a empresaalemã LSG SkyChefs e atransportadoranacional TAAG, com40% e 35%,respectivamente

720 mil toneladas 6 milhões USD 400 milhões USDC I M E N F O R T F E R P I N T A S O M A G U E

Capacidade de produção da novafábrica de cimento da CatumbelaA fábrica tem uma capacidade produçãoanual de 720 mil toneladas de cimento,mas a previsão para este ano está abaixodas 70 mil toneladas. No entanto, a capa-cidade poderá fixar-se entre 1100 e 1200toneladas/ano em virtude do investimen-to que será feito na construção de um 2.ºforno. A Cimenfort ocupa uma área de150 hectares.

Previsão de facturaçãopara o ano de 2012A Ferpinta calcula atingir a referida cifrapor alento do investimento de 1,5 milhõesUSD na recém-inaugurada fábrica siderúr-gica e metálica. Nessa unidade fabrilde Benguela, a Ferpinta gerou 40 postosde trabalho, elevando para 140 o númerode trabalhadores que a empresa possui noPaís. Em Angola desde 1997, conta agoracom 3 fábricas, duas das quais em Luanda.

Montante aproximado do total decontratos de empreitadas em AngolaA construtora fortaleceu a sua carteira de-pois dos recentes contratos, como a conclu-são do terminal internacional do aeroportode Catumbela, no valor de 69 milhões USD.Realizará também a instalação de sistemasde navegação aérea e equipamentos, no va-lor de 54 milhões USD. Estes juntam-se aosque tem em curso no terminal domésticoAeroporto 4 de Fevereiro (32 milhões USD).

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 13

B R E V E S

ENSA asseguracomitiva olímpica

Os 37 elementosque compõem a missãoangolana que vai participarnos Jogos Olímpicos,de 27 de Julho a 12 de Agosto,em Londres, Inglaterra,serão assegurados pela ENSA.A apólice de contratode patrocínio contemplaa cedência de seguros contraacidentes pessoais, bemcomo assistência de viagem,e é válido até ao dia31 de Dezembro de 2013.O acordo de patrocíniofoi rubricadono dia 2 de Julho entreo presidente do conselhode administração da ENSA,Manuel Gonçalves,e o presidente do ComitéOlímpico Angolano (COA),Gustavo da Conceição.

Pilotos da TAPobrigadosa garantirvoos para o PaísO sindicato dos pilotosda TAP marcou greve paraos dias 5 a 8 de Julho, assimcomo de 1 a 5 de Agosto, masnestes dias os pilotos estãoobrigados a assegurar, entreoutros, os voos entre Lisboae Angola como resultadoda decisão do ConselhoEconómico Social (CES).O referido conselhofoi chamado a arbitraro desentendimento entreo sindicato e a administraçãoda empresa relativamenteaos serviços mínimosno período de greve. Porém,ao invés dos actuais dez voossemanais apenas serãofeitos dois, sendo que entre 1 e5 de Agosto passam para três.Os pilotos terão ainda deassegurar os voos mínimospara o Brasil, Suíça e França.

Vinhos portuguesesfacturam16 milhões EUR

No primeiro trimestre do anoem curso, o mercado angolanovaleu 16 036 milhões EURaos produtores de vinho,representando um crescimentode cerca de 40% face aoperíodo homólogo anterior.A informação foi prestadapela ViniPortugal em vésperada 4.ª Grande Prova Anualde Vinhos Portuguesesno País que aconteceuno dia 5 de Julho e na qualparticiparam mais de 82empresas produtorase cerca de 350 referênciasde vinho. Em 2011, o mercadoangolano valeu 72 milhõesEUR.

CÉSAR SILVEIRA

Com o objectivo de fortalecer arelação com os distribuidoresdos produtos e informar as no-vas políticas e decisões da fábri-ca, a empresa que representa oscigarros da multinacional JTI(Japan Tobacco International)no País promoveu um encontroentre as partes no dia 30.06.

Na ocasião, a direcção da Ge-rência Imobiliária e Investi-mentos (GII Lda.) informou osclientes da possibilidade deefectuarem crédito no BAI Mi-cro Finanças em resultado deuma parceria da GII com a refe-rida instituição bancária.

“O valor dependerá da neces-sidade do cliente e da nossa ca-pacidade de garantir o emprésti-mo”, explicou, acrescentandoque o objectivo é garantir o cres-cimento dos distribuidores e, se-quencialmente, da empresa.“Garantir o sucesso do cliente égarantir o nosso”, argumentou oadministrador da GII Vuandabada Cruz.

Os clientes foram ainda infor-mados sobre a decisão da JTI emaumentar o preço dos produtose determinar a margem de lucrodos distribuidores, que, inicial-mente, se manifestaram des-contentes, enquanto Vuandabada Cruz se mostrou preparadopara as consequências.

“Aumentar o preço de um pro-duto não é fácil, porque o clienteperde margem e as vendas pornorma registam alguma dimi-nuição. Foi difícil informar, mas

conseguimos passar a mensa-gem. Esta decisão poderá criaruma lentidão no negócio de doisou três meses, mas depois tudovoltará ao normal”, calculou.

Continuando, o empresárioargumentou que o importante égarantir a margem dos distribui-dor. “Têm um lucro de 50 USDpor caixa, que é bom, sobretudoporque é um produto de rotaçãorápida”, argumentou.

Fernando Combe, que partici-pou no encontro na condição dedistribuidor dos produtos naprovíncia do Namibe, conside-rou “compreensível” o aumentodo preço dos produtos, salien-tando a necessidade de os co-merciantes nacionais estaremimbuídos na política do comér-cio.

“É preciso termos em contaque o produtor e o importadortêm custos de produção e impor-tação que são elevadíssimos, porisso, não podemos pretender ga-nhar mais que estes. Temos, sim,de apostar em dinâmicas quenos permitam vender mais paraganhar mais.”

Por outro lado, manifestou-sesatisfeito pelo facto de existircada vez mais aproximação en-tre produtores/importadores edistribuidores.

“É salutar e julgo que estamosem bom caminho, as compa-nhias começam a ter uma formade interagir com os seus clientesde modo que estes possam me-lhor levar a imagem da marcapara as suas localidades”, paradepois realçar o encontro com aGII.

“Das várias companhias queconheço, é a primeira a ter um

trabalho muito rápido e abran-gente que deixa as pessoas semdúvidas. Exerceu-se a democra-cia, porque os clientes tiveram aoportunidade de apresentarpropostas de maneira a encon-trar um denominador comum.”

Uma das preocupações mani-festadas pelos distribuidoresdos cigarros da JIT tem que vercom a recepção dos produtos de-pois da facturação.

Este atraso, segundo explica-ções de Vuandaba Cruz, deve-setanto a burocracia para a recep-

ção do mesmo após a importa-ção como a dificuldade na distri-buição, pois é a empresa a fazê-lano sentido de reduzir os custosdos distribuidores com a trans-portação.

Porém, garante, trata-se deuma realidade prestes a fazerparte do passado em virtude dosinvestimentos que estão a serfeitos no aumento de stock e nacompra de viaturas para a distri-buição do produto nos diferen-tes pontos do País.

A concorrência do tabacoPor outro lado, o gestor conside-rou forte a concorrência no mer-cado no que diz respeito a vendade cigarros, tanto entre as fábri-cas como entre as representan-tes das diferentes marcas. “É umnegócio muito lucrativo, e ondehá dinheiro há muita concorrên-cia, por isso é preciso trabalharcom muita inteligência”, disse,adiantando ter conhecimentosde que mais marcas se preparampara entrar no mercado.

Actualmente a GII representatrês marcas da JTI, nomeada-mente Aspen, Camel e LD, e pre-para-se para ainda este ano in-troduzir uma quarta. O mercadoconta ainda com as marcas daBritish American Tobacco An-gola e da Barco Trading.

Estas duas, no entanto, já pro-duziram localmente, contraria-mente à JTI, que se prepara paraproduzir localmente assim que omercado oferecer condições, se-gundo Vuandaba da Cruz.

“Para garantir uma produçãolocal, o tabaco deve ser produzidolocalmenteenãoimportado,devi-do ao risco de apodrecer, por isso éque algumas empresas interrom-peram a produção. A JTI está pre-parada para produzir cá assim queas condições permitirem porquesabe que deve acompanhar a con-corrência”,adiantou.

A relação da GII com a JTI ini-ciou em 1997 com a importaçãode um contentor de Aspen que éactualmente o produto mais co-mercializado, seguindo-se o Ca-mel e depois o LD, que foi lança-do em 2011, ano em que a empre-sa terá comercializado cerca de50 mil caixas de todas as marcas.

T A B A C O

GII investe na capacidadedos distribuidoresA representante da multinacional Japan Tobacco International prepara-se paraenfrentar a concorrência do sector e superar as 50 mil caixas comercializadas em 2011.Tem novos projectos orçados em cerca de 16 milhões USD.

“É precisotermos em contaque o produtore o importadortêm custoselevadíssimos, porisso, não podemospretender ganharmais que estes”

DR

Vuandaba da Cruz, administrador da GII

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ECONOMIA & FINANÇAS14 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

FRANCISCO DE ANDRADE

O governador do Banco Nacio-nal de Angola (BNA), José deLima Massano, revelou, ementrevista recente ao Expan-são, que o País pode contar,ainda este ano, com o Fundo deGarantia de Depósitos, escu-sando-se, no entanto, a avan-çar o valor do mesmo.

De acordo com o n.º 1 dobanco central angolano, nestemomento, está a ultimar-se aregulamentação para a opera-cionalização do referido fun-do, que deverá posteriormen-te ser submetida a apreciaçãodo Executivo.

“É um trabalho que está acorrer, e a seu tempo nós tra-remos a público os resultados.O que queremos agora é conti-nuar a fazer uma abordageminterna. A nossa intenção étermos o Fundo de Garantia deDepósitos operacional no de-curso do segundo semestredeste ano”, afirmou Massano,sem avançar mais detalhes.

O Fundo de Garantia de De-pósito é uma peça importantena credibilização do sistemaque proporciona, também, se-gurança aos clientes bancá-rios.

O que levouà constituição do FGDDesde a crise económica e fi-nanceira de 2007/2008 e a cri-se da Zona Euro, os governos eos bancos centrais decidiramimplementar o Fundo de Ga-rantia de Depósitos para ser-vir de plataforma de resgateaos bancos comerciais. O ins-trumento é normalmente con-trolado pelo banco central e

pelos Ministérios das Finan-ças, de acordo com as normasde cada país. Assim, todos osbancos comerciais que ope-ram no mercado devem con-tribuir anualmente para o fun-do, dependendo do capital so-cial ou do volume dos depósi-tos, assim como da carteira declientes.

Falando a respeito ao Ex-pansão, o macroeconomistado Ministério do PlaneamentoCristóvão Neto explicou que aconstituição do Fundo de Ga-rantia de Depósitos visa evitarque o Governo ajude directa-mente os bancos a resgataremos “seus péssimos emprésti-mos ou maus investimentos”,sendo que o mesmo servirá ex-clusivamente para preservar ocapital dos ordinários deposi-tários, de forma a não perde-rem os seus investimentos (di-nheiro) feitos junto dos ban-cos. “Com isto, evita-se que oGoverno gaste milhões na re-cuperação de certos bancos”,pontualizou.

Por outro lado, acrescentouCristóvão Neto, o Fundo de

Garantia de Depósitos serviráainda como um indicador im-portante para monitorizar ocomportamento dos bancos.“Os bancos que recorrerem aofundo de garantia automatica-mente revelariam os seus es-tados de liquidez, apesar dostestes de stress que deverãoser exigidos regularmente”,esclareceu.

Como funciona o fundoComo já referido, o Fundo deGarantia de Depósitos funcio-na junto do banco central,através de uma conta onde osbancos comerciais devem fa-zer os depósitos de um valordependente do porta-fólio declientes e do capital social.

Na eventualidade de os ban-cos comerciais enfrentaremdificuldades de liquidez, o res-gate será feito através do fun-do de garantia de forma a sal-vaguardar o dinheiro dos de-positários e do sistema finan-ceiro do País, em particular.O fundo obriga assim as insti-tuições bancárias a adoptaremprocedimentos mais respon-

sáveis na gestão dos recursosem sua posse.

As experiências dos EstadosUnidos da América e de outrospaíses do mundo mostram queos bancos comerciais não tive-ram prudência na gestão dosrecursos dos depositários nosperíodos antes da crise. Poroutro lado, verificou-se vários“abusos” por parte das referi-das instituições, sobretudo na

utilização aos recursos de res-gate para os bancos em dificul-dades de liquidez.

Deste modo, os governosdestes países acabaram por serdefraudados pelos própriosbancos. Nesta ordem de pensa-mento, o Fundo de Garantia deDepósitos visa essencialmenteprevenir, dentre outras, a in-tervenção directa do Estado noresgate dos bancos, asseguraro dinheiro dos depositários, aestabilidade do sistema finan-ceiro do País, reduzir a inter-venção directa do Estado sobreo resgate aos bancos em difi-culdades de liquidez e monito-rar a situação financeira dosbancos.

O Fundo de Garantia de Depó-sitos garante o valor dos depósi-tos até um limite que é fixadopara cada depositante, quer se-jam residentes ou não, em cadainstituição de crédito.

O mesmo abrange todos os ti-pos de depósitos, nomeadamen-te, à ordem, com pré-aviso, aprazo, a prazo não mobilizáveisantecipadamente, em regimeespecial.

O Fundode Garantiade Depósitosservirá aindacomo um indicadorimportantepara monitorizaro comportamentodos bancos

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B A N C A

País terá Fundo de Garantiade Depósitos ainda este anoNeste momento, o banco central trabalha na regulamentação do instrumento, que representa uma peça importantepara a credibilização do sistema bancário, para posterior apreciação do Executivo.

“É um trabalhoque está a correr,e a seu tempo nóstraremos a públicoos resultados.O que queremosagora é continuara fazer umaabordageminterna”

José Massano, n.º 1 do banco central, garante que tudo está a ser feito para que o Fundo de Garantia de Depósitos esteja operacional neste semestre

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16 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

ECONOMIA & FINANÇAS

Angola pode sera maior economiade África até 2016

Angola pode ultrapassar a Áfricado Sul, actual maior economia docontinente, segundo projecta aEconomist Intelligence Unit (EIU)num relatório recente intitulado“Para Dentro de África:Oportunidades Emergentespara Negócios”. Segundo a EIU,Angola deverá registar, entre2012 e 2016, um crescimentoque superará os 5%, enquantoMoçambique, outro paíslusófono, deverá crescer, nomesmo período, entre 7,5% e10%, estando também, por isso,no grupo dos 10 mercadosafricanos com maior potencialde crescimento. De acordo coma consultora, embora o peso docontinente na economia mundialseja ainda pequeno (apenascerca de 3%), África vai tornar-secada vez mais importantenos negócios internacionais.

Sonangol no aumentodo capital socialdo Millennium BCPA Sonangol vai participarno aumento do capital socialdo Millennium BCP, refere umcomunicado da empresa a quea agência portuguesa Lusa teveacesso. De acordo com a nota,a petrolífera angolana destacaque tomou conhecimento “comagrado” do plano aprovado peloconselho de administraçãodo banco português, no âmbitoda operação de recapitalizaçãocom recurso a investimentopúblico e privado.

Exploração de ourona Jamba e Kuvango

A exploração de ouronos municípios da Jambae Kuvango, província da Huíla,arranca em breve, segundoavançou, há dias, ogovernador Isaac dos Anjos.De acordo com o governante,o Executivo vai apostarnuma exploração susceptívelde implantação no Paísde uma indústria de ouro,sem descurar a actividadeartesanal. Sem avançardados sobre as quantidadese qualidade do produto,esclareceu que haverá umaabertura do mercado parainvestidores nacionaise internacionais interessadosna extracção deste minério.Pontualizou que, nestemomento, os trabalhosde prospecção estãoem fase de conclusão.

Desde a últimaassembleia-geral,

realizada no passado mêsde Junho, o banco

aumentou para 58,6milhões USD o seu capital

social, contra os 22milhões USD anteriores.

NÉLSON RODRIGUES

A carteira de crédito do Banco An-golano de Negócios e Comércio(BANC) está avaliada em 40 mi-lhões USD, revelou, há dias, emLuanda, o presidente do conselhode administração da instituição,José Aires, falando à margem daconferência subordinada ao tema“Banca: Veículo para o Desenvol-vimento”, promovida pelo BANCno âmbito da participação da ins-

tituição na estrutura accionista daEGP-UniversityofPortoBusinessSchool. José Aires avançou igual-mente que o capital social do ban-co foi reforçado, passando de 22milhões USD para 58,6 milhõesUSD, após realização da assem-bleia-geral na última semana deJunho.

Referindo-se à participação doBANC naquela que é tida como amaior universidade do Porto, oPCA fez saber que a capacitaçãodos recursos humanos e a criaçãode valores dentro da empresaconstituem os principais objecti-vos da instituição que dirige. Con-forme disse, é preocupação doBANC encurtar o tempo de res-posta da instituição na sua relaçãocom o mercado, sendo que nesteâmbito o banco identificou cami-nhos tecnológicos que carecem dequadroscapazesdeadministrar.

Entretanto, esclarece que nãose trata propriamente de uma en-trada da instituição na estruturaaccionista da Universidade do

Porto, como se diz em alguns cír-culos. “A relação com a maior uni-versidade do Porto é no sentido deencontrarmos os nossos objecti-

vos, que passam pela satisfaçãocadavezmaiordosnossosclientesemcurtoespaçodetempo”,frisou.

Por sua vez, Nuno Pereira, pre-sidentedoconselhodedirecçãodaescoladegestãodoPorto,reforçouque a parceria entre as duas insti-

tuições visa, essencialmente, amelhoria da qualidade de gestão, oque levará a aliar a competênciateórica e a sabedoria científica damaior universidade portuguesacom uma interacção permanentecomotecidoempresarial.

“Pensamos nós que poderemoscontribuirtambémparamelhorara qualidade de gestão, ajudando acapacitar os quadros do BANC,num momento em que os recur-sos humanos constituem a basefundamental para a condução erobustez do sector bancário”, sub-linhou.

Criado em 2007, o BANC possuiactualmente cerca de 10 mil clien-tes, 90% dos quais instituiçõesempresariais, 16 agências distri-buídas nas províncias de Luanda,Benguela, Huambo Huíla, Zaire,Cabinda e Cunene, assim comotrês centros de empresa. Até ao fi-nal do ano em curso está prevista aabertura de mais cinco agências,segundo avançou ao nosso jornal,JoséAires.

A P O I O À E C O N O M I A

BANC com carteira de crédito de 40 milhões USD

B R E V E S

O BANC possuiactualmente cercade 10 mil clientes,90% dos quaisinstituiçõesempresariais,e 16 agênciasem todo o País

MARCELINO VON-HAFF

A Empresa Interbancária de Ser-viços (EMIS) está a trabalhar napreparação do subsistema decompensação de cheques electró-nicos e num novo sistema de débi-to directo que serão as próximasnovidades do sistema de paga-mentos angolano, avançou, hádias, em Luanda, o administradorexecutivo da instituição, EdgarBrunoCosta.

O responsável, que falava ao Ex-pansão à margem da 3.ª edição doCongresso Cards & Payments, ex-plicouquecomissooscartõespré--pagos passarão a ser também ins-trumentos de débito que darãoacesso aos cidadãos, em qualquercaixa de pagamento automático, aserviços financeiros, ainda quenãopossuamcontabancária.

Considerou que a utilização doscheques electrónicos vai reduzir“consideravelmente” a possibili-dades de existência de fraudes, namedida em que a compensaçãopassará a ser mais eficaz. “Já nãoserá necessário ir até ao bancocentral com um bloco de chequesem mão e fazer a troca de chequescom o banco respectivo e depois irpara o banco de destino e fazer odepósito.Agoraaúnicacoisaqueoseu balcão deve fazer é scanar ocheque e mandar a imagem para aEMIS, que em seguida se encarre-gará de fazer a devida compensa-ção. Isto vai, sem dúvidas, tornar oprocesso mais viável”, explicouEdgarCosta.

Com os novos instrumentos, navisão do administrador da EMIS,abre-se a possibilidade de um nú-

mero considerável de angolanosterem acesso, de forma fácil, aosserviços bancários, embora pos-sam não vir a ser na totalidade,mas sobretudo aqueles ligados àassistênciasocial.

“Por exemplo, os novos serviçospermitirão aos detentores de con-tas Bankita ter também cartõespré-pagos com valores reduzidose, ao deixarem de transportar cé-dulas de dinheiro, evitarão o riscodeseremassaltados”,indicou.

Por sua vez, Pedro Abreu, chefedo gabinete de controlo de gestãoda EMIS, fez saber que a taxa decrescimento dos usuários de cai-xas de pagamento automático, no

ano passado, cresceu na ordemdos 35%, comparativamente a2010, enquanto o número de tran-sacçõesefectuadasatingiuos85%,emcercade1600ATMespalhadaspeloPaís.

Já o gestor da unidade de Siste-ma de Informação Industriais eConsultoria (SINFIC), Jorge Mi-guel Bastos, referiu que as estatís-ticas mostram “claramente” queo nível de bancarização no Paísestá a subir, assim como cresce,também, o nível de cartões acti-vos.

F I N A N Ç A S

EMIS inova sistema de pagamentosDados avançados apontam para um crescimento dos usuários de caixas de pagamento automático,em 2011, na ordem dos 35%, enquanto o número de transacções efectuadas atingiu os 85%.

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A utilizaçãodos chequeselectrónicosvai reduzirconsideravelmentea possibilidadede existênciade fraudes

Participantes no evento testam novos meios de pagamento

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 17

MARIA ANA BARROSOe TIAGO FREIREExclusivo Diário Económico

A fusão jurídica do Banco BICPortuguês com o BPN, previstapara o mês de Julho, vai passarpela incorporação do compra-dor na instituição adquirida.Esta opção, prevista na lei, de-verá permitir ao banco daquiresultante manter a deduçãode prejuízos fiscais do BPN, nospróximos exercícios. Se fosse oBPN o banco incorporado – elogo extinto –, seria necessáriauma autorização expressa doministro das Finanças para que

tais créditos fiscais se manti-vessem.

Com esta fórmula, a entidaderesultante da fusão poderápoupar na factura fiscal dospróximos exercícios, graças aocrédito fiscal a que o BPN temdireito, por vir de vários anosde prejuízos.

O BIC concretizou recente-mente a compra ao Estado dobanco nacionalizado em 2008 edesde sempre manifestou a in-tenção de realizar a fusão dosdois bancos. No entanto, ape-sar de ser o BIC a instituiçãocompradora, vai ser esta a so-ciedade integrada no BPN enão o inverso.

No projecto de fusão das duassociedades – a que o Diário Eco-nómico teve acesso – é referidoque, “sendo a sociedade incor-porante [BPN] integralmentedetida pela sociedade incorpo-rada [BIC] e, portanto, equiva-lente a fusão de qualquer umadelas na outra, opta-se pela in-corporação do Banco BIC noBPN”. A justificar a decisão estáo “menor impacto que a fusãoterá, assim, nas rotinas e proce-dimentos próprios da activida-de desenvolvida, atenta a maiordimensão relativa do segundo[BPN]”.

Fora a dimensão, não é referi-da nenhuma outra razão. No en-

tanto, ao que o Diário Económi-co apurou, há também a vanta-gem fiscal. Até ao fecho da edi-ção, não foi possível obter deLuís Mira Amaral, presidentedo Banco BIC português, um co-mentário. No projecto de fusãoé, no entanto, referido que, emsimultâneo com a fusão, “seráalterada a denominação socialactual do BPN” para “Banco BICPortuguês”, ou seja, a denomi-nação da sociedade que será tec-nicamente extinta com a fusão.“Por razões de ordem logística,de marketing e comercial, é dointeresse das sociedades parti-cipantes que, em virtude da pro-jectada fusão, o BPN passe a

adoptar a denominação social‘Banco Bic Português’.” A sededa nova instituição será a antigamorada oficial do BPN, na Ave-nida António Augusto deAguiar, em Lisboa.

O BPN soma há largos anosprejuízos na sua actividade. Talcomo está previsto no Código doImposto sobre o Rendimentodas Pessoas Colectivas (IRC),“os prejuízos fiscais apuradosem determinado período de tri-butação (...) são deduzidos aoslucros tributáveis, havendo-os,de um ou mais dos cinco perío-dos de tributação posteriores”.Em casos em que há uma “alte-ração de titularidade de, pelomenos 50%” ou , no limite, a ex-tinção da sociedade (por incor-poração noutra), diz a lei que “oministro das Finanças pode au-torizar, em casos especiais dereconhecido interesse econó-mico, e mediante requerimentoa apresentar na Direcção-Geraldos Impostos, antes da ocorrên-cia das alterações referidas (...)que não seja aplicável a limita-ção aí prevista”.

Ou seja, com a fórmula esco-lhida, os créditos fiscais estãoassegurados, não requerendoautorização das Finanças. Nãoseria inédita a atribuição dessaautorização, mas desta forma aquestão nem se coloca.

B A N C A

BIC garante créditos fiscaiscom incorporação no BPNAo contrário do esperado, é o Banco Português de Negócios quem absorve o BIC.Isto traz vantagens operacionais e fiscais.

Se fosse o BICa “engolir” o BPN,para manteros créditos fiscaisdeste último seriapreciso pedirautorizaçãoao ministrodas Finanças

Os passosque seseguemà fusão entreos bancos

BIC vai cortar custos,em áreas como

o pessoal e balcões.

Racionalizar meios, ter uma ges-tão integrada do negócio, elimi-nar custos e ter melhores condi-ções para lidar com a “evoluçãodo mercado nos próximos anos”.São estes alguns dos benefíciosque o BIC enumera para defen-der a fusão dos dois bancos.A compra do BPN pelo BIC, con-cretizada finalmente este ano,sempre teve como pressupostoque as duas entidades não iriampermanecer independentes.Aindaqueodocumentonãoore-fira explicitamente, a marcaBPN foi perdendo credibilidadenos últimos anos, com os proble-mas financeiros e as investiga-ções que ainda decorrem sobre agestão do banco. Assim que oBIC concretizou a compra, umdos primeiros passos foi mesmopôrfimàmarcaBPNnosbalcões.

Aumento de capitalde 1 milhão EURÉ já no próximo mês que serárealizada a fusão jurídica do BICe do BPN. “Em resultado da pro-jectada fusão”, o capital socialserá aumentado de 380 para 381milhões EUR. Com a incorpora-ção do BIC no BPN, os accionis-tas verão “trocadas” as suas ac-ções por correspondentes ac-ções na sociedade incorporante.Américo Amorim, através daAmorim Projectos, e Isabel dosSantos, através da Santoro Fi-nancial Holding, mantêm-secom 25% cada, seguidos de Fer-nando Teles, com 20%.

Corte de custos de pessoalMetade dos trabalhadores e70% dos balcões. Foi este o com-promisso assumido pelo BICquando acordou a compra doBPN. Será essa a base de traba-lho de Luís Mira Amaral, que irá,com a fusão, começar o trabalhode selecção de quadros e agên-cias. Estes são, à partida, valoresmínimos, não sendo, por isso, deexcluir que se mantenham maisactivos. As rescisões contratuaiscom os restantes trabalhadoresserão custeadas pelo Estado, fi-cou ainda previsto. Outras pou-panças de custos serão tentadas.

Carteira de créditosO contrato que foi estabelecidoentreoEstadoeoBancoBICPor-tuguês prevê que a gestão de LuísMira Amaral possa escolher oscréditos com que pretende ficarda carteira do Banco Portuguêsde Negócios (BPN). Esta escolhafoi feita no início do ano, aindaantes da assinatura do contratodecompraevendadainstituição.O BIC pode, até 9 de Dezembrodeste ano, devolver créditos novalorde75%dacarteira.Istoseasempresas financiadas não paga-remoqueédevido.

O crédito fiscal significa,na prática, que uma empresaque tenha prejuízos numexercício ganha o direitode, quando voltar aos lucros,ter um “desconto” na facturaa pagar ao fisco. Esse créditopode ser acumulado ao longode vários anos e não pode seresgotado num só exercício.O crédito fiscal, uma deduçãodo imposto a pagar, pode serutilizado durante os cincoexercícios seguintes aoperíodo em que foramregistados os prejuízos.

Crédito fiscal

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A instituição liderada por Fernando Teles tomou uma decisão pragmática neste processo

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18 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

ECONOMIA & FINANÇAS

AUnião Europeia organiza, mais uma

vez, uma cimeira para debelara crise na Zona Euro. E, mais umavez, não é provável que se encontreuma solução convincente. O fardosobre os ombros dos líderes

europeus, cansados e desiludidos, é pesado.Resta saber se ainda há esperança num triunfo.

Como já referi noutras crónicas, é precisouma solução politicamente exequível eeconomicamente viável. Ou seja, por um lado,capacidade para se alcançar um acordo entregovernos responsáveis perante o eleitoradonacional e para sensibilizar os eleitores paraa necessidade de aceitá-lo ou, pelo menos, detolerá-lo – cerne das preocupações de AngelaMerkel, líder proeminente da Zona Euro. Poroutro, capacidade para oferecer aos eleitoresalguma esperança no futuro para que esteselejam líderes preparados para defender a suapermanência na Zona Euro.

Tendo presente estes critérios,consideremos três soluções possíveis:uma Europa federal, o statu quo e reformascircunscritas.

As propostas em prol de uma união bancáriae orçamental, através da emissão deeurobonds, a par de maior disciplinaorçamental, visam resolver as actuaisdificuldades de uma Zona Euro frágil. Estasmedidas seduzem os defensores do idealeuropeu e aqueles que preferem que sejamos outros a pagar as consequências de erros

passados. Mas também assustam e revoltamaqueles que julgam estar condenadosa subsidiar a imprevidência de terceiros.

Quem quiser “vender” tais propostas teráde argumentar que o todo é mais forte do quea soma das partes e que não se trata deobrigar a Alemanha ou a Holanda a resgatar osseus parceiros em apuros. A união faz a forçae é isso que está em causa. Basta pensarmosque a saúde da Zona Euro no seu todo é muitomelhor que a dos EUA. Juntos, os Estados--membros poderão beneficiar de taxas de jurobaixas, à imagem do que acontece com os EUA.

O sistema bancário da Zona Euro também podebeneficiar se, em vez de uma garantia dadapor governos fracos e apenas parcialmentesoberanos, se acordar uma garantia colectivaaos bancos. Por último, o pior das crisesorçamentais actuais acabaria por dissipar-sedando margem de manobra aos Estados--membros para gerir as crises nacionais maisprementes.

Mesmo que aceitássemos a lógica acimaexplanada, pessoalmente, já não acredito quepossa resultar – por três razões. Primeiro,a política é uma questão nacional e, à medidaque a crise evolui, mais assim é. Segundo,dificilmente se pode alegar que os custosnão vão onerar mais uns do que outros.Solidariedade precisa-se. Por último, oscompromissos anunciados poderão, por estasmesmas razões, não convencer os eleitoreseuropeus de que a união é irrevogável.É pouco provável que se chegue a acordosobre a necessidade de “mais Europa”, mas,se tal acontecer, em última instância será umfracasso.

Consideremos agora a manutenção do statuquo sem reformas adicionais, que setraduziria, muito provavelmente, numa sériede crises: o resgate antecipado de Espanha,novos problemas com a Grécia, incapacidadepara prolongar os prazos de pagamento dadívida pública italiana e, a qualquer momento,um acelerar da fuga aos bancos mais fracos.Dadas as necessidades de ajustamento na

Não é com cimeirasque se vai salvar o euro

É pouco provável que se cheguea acordo sobre a necessidadede “mais Europa”, mas, se talacontecer, em última instânciaserá um fracasso

Thorning-Schmidt, primeira-ministra da Dinamarca, Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, e Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia

Martin WolfExclusivo Financial Times

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 19

Zona Euro, é muito provável que tais crises seprolonguem no tempo.

A que ponto tal miséria é sustentável?Nesta questão até podemos atrever-nos a seroptimistas. Seria muito difícil sair do euro,na medida em que a incerteza se sobreporiaa eventuais ganhos económicos e políticos.Também seria necessário criar uma fortetolerância para com a miséria, no entanto,essa complacência enfrentaria duas ameaças(interligadas entre si). Primeiro, a ameaçade desintegração do sistema político e deescalada do extremismo, como já aconteceuna Grécia. Segundo, a possibilidade de o sectorpúblico incorrer em incumprimento, daíresultando o colapso do sistema bancário. Nãoé provável que os principais países europeuscontinuem empenhados no euro no meio deuma crise desta dimensão, na medida em queficariam à mercê de recessões colossais.A solução pressupõe que os parceiros estejamdispostos a recapitalizar os bancos para que oBanco Central Europeu (BCE) possa manter oseu papel de prestamista de última instância.A meu ver, seria o mínimo necessário paramanter o rumo actual. Porém, importasublinhar que este caminho é feito de miséria,não apenas nos países em dificuldades,mas também nos seus parceiros.

Na minha opinião, a opção federal éexcessiva, mas o rumo actual também ficamuito aquém do necessário. Resta saber se épossível encontrar uma solução intermédia.

Creio que seria do interesse de todos,comparativamente ao colapso do euro. Eis oselementos fundamentais: planos claros eobjectivos para resolver os problemas dabanca, de preferência através dos credores enão de uma recapitalização assegurada porestados com grandes fragilidades orçamentais– abordagem que permitiria repartir melhoro sofrimento entre credores e devedores;um compromisso firme em prol de umajustamento económico simétrico em toda

a Zona Euro, em vez do ajustamento actual,focalizado nos devedores; o reconhecimentopor parte do BCE da sua obrigação emsustentar a procura; e financiamentocondicionado, mas suficiente, para osgovernos empenhados nas reformas teremcondições para gerir as suas economias eafastar situações calamitosas. A isto pode dar--se o nome de “statu quo positivo”. Não sendoo rumo desejável, talvez fosse politicamenteexequível e economicamente viável.

De que forma estas três opções divergemda posição dos principais Estados europeus?A Alemanha tem um compromisso retóricocom soluções federais, mas não para já. Estaabordagem pode, no entanto, ser vista comoum ritual iniciático imposto aos seusparceiros. Neste momento, quer funcione quernão, é preciso mais ajuda. A vontade de aceitaras perdas de quem concedeu crédito aoexterior e correu mal seria um começo – o“risco moral” (moral hazard) começa em casa.Assim como uma maior intervenção ao níveldas políticas nacionais que, como algunspolíticos já reconheceram, fazem sentido paraa Alemanha, como salários mais elevados,procura mais forte e, inclusive, inflação maisalta. Os países deficitários teriam, contudo,de aceitar que não haverá um resgate federal.Não devem olhar para as cimeiras em buscade salvação, mas, sim, para si próprios.

Tradução de Ana Pina

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Na minha opinião, a opção federalé excessiva, mas o rumo actualtambém fica muito aquémdo necessário. Resta saberse é possível encontraruma solução intermédia

David Cameron, o primeiro-ministro britânico Passos Coelho, o primeiro-ministro português

Angela Merkel, chanceler alemã

Mariano Rajoy, PM espanhol

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Gestão

FELDA GLOBALVENTURESOperação com grande impacto na comunicação socialmundial, a IPO da Felda Global Ventures, pela companhiaestatal malaia Felda, foi o sucesso que o Facebook nãoconseguiu ser. Após ter angariado 3200 milhões USDde investidores como o fundo francês especializado emagricultura Louis Dreyfus, a companhia cresceu 20% nabolsa de Kuala Lumpur, logo no dia seguinte. A verba seráagora utilizada na expansão territorial, designadamentepara o nosso continente, num momento em quea Malásia já tem pouco terreno que o óleo de palmaainda não tenha conquistado.

ALEXANDRE FRADE BATISTA

Há dias, o nome Felda tornou-se no-tícia mundial. Terceiro maior produ-tor mundial de óleo de palma e se-gundo maior refinador da Malásia, aFelda Holdings pretendia colocar asua participada FGV em bolsa, numaoperação pública inicial (IPO) de 3,2mil milhões USD. A concretizar-se,seria a segunda maior operação doano, após a do Facebook. No final deJunho, concretizou-se. A FGV tem aseu cargo cerca de 350 mil hectaresde plantações de óleo de palma e pro-duziu 5,2 milhões de toneladas de ca-chos no ano passado. A “casa-mãe”,Felda, ou Federal Land DevelopmentAuthority, nasceu há 56 anos, com ointuito social de aliviar a pobreza epromover o desenvolvimento dosagricultores da Malásia então aindaem subdesenvolvimento, no períodoque se seguiu à independência face aInglaterra. Esta estratégia é comum aoutras geografias, designadamente o

nosso País, onde contamos com oprojecto Aldeia Nova.

A agência criada pelo governo ma-laio conseguiu transformar áreas ru-rais pobres em novas zonas desenvol-vidas, sendo actualmente um dosmaiores operadores mundiais deplantações agrícolas. A base da suaprodução é o óleo de palma, “espalha-do” por 880 mil hectares de área agrí-cola, contando a empresa também ac-tivos em uma dúzia de países. No iní-cio, em 1956, o core da Felda era a bor-racha, numa área de cerca de 3000hectares,masnadécadaseguinteogo-verno malaio iniciou a diversificaçãodas plantações, de modo a fugir aosefeitosdavolatilidadedopreçodabor-racha.Oóleodepalmacomeçouacon-quistar terreno em 1961 e hoje já é lar-gamente maioritário face à borracha eao açúcar. Para passar pelo crivo daAutoridade Federal para o Desenvol-vimento Agrícola, os agricultores ne-

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22 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

GESTÃO

cessitamderespeitaralgunscritérios,comoaidadeentre21e 50 anos, boa capacidade física, serem casados e residiremna propriedade que lhes é atribuída. Para fixar as popula-ções, o governo alocou recursos para construção de equipa-mentossociais,entreasquaiscentrosmédicoseescolas.

Aolongodestes56anos,avalorizaçãodeterrenosparaou-tros fins que não a agricultura tem permitido a reconversãode propriedades rurais (a venda tem de ser permitida pelaFelda)eoenriquecimentodealgunsagricultoresporviades-tenegócioimobiliário.

Emmuitoscasos,famíliaspobresquereconverteramasuaactividadeparaaproduçãodeóleodepalmaconseguiramul-trapassar a pobreza e confessam-se em boa situação econó-mica.Aprópriaentidade,Felda,iniciouinvestimentosforadaagricultura,nomeadamentenabancadaMalásia(oMaybanké uma das participadas, sendo também um dos gestores naoperação bolsista), e ganhou o estofo financeiro que lhe per-mitiuteragoraasegundamaioroperaçãobolsistamundialde2012 com a Felda Global Ventures, terceira maior produtoramundialdeóleodepalmaemáreacultivada.

Operação-surpresaA oferta pública inicial (IPO) da Felda Global Ventures(FGV) nesta altura foi uma surpresa em vários quadrantes,sobretudo face ao valor que o governo da Malásia (accionis-taquemanteráumaposiçãode40%)colocoucomoobjecti-vo. Os 3,2 mil milhões USD fizeram muitos questionarem--se sobre a viabilidade da operação, sobretudo por ainda es-tar bem vivo o conturbado processo do Facebook, únicaoperaçãodoanoqueultrapassaestevalor.Tambémaretira-da das IPO da londrina Graff Diamonds e ainda da Fórmula1 em Singapura colocavam dúvidas sobre o timing do gover-no da Malásia, no entendimento de alguns especialistas. Oanúnciodaquebrade46%noslucrosnoprimeirotrimestredoanotambémajudouàsinterrogações.

Chamadosforamdesdelogoalgunsinvestidores“anóni-mos” abonados e um lote de 12 investidores de elite – entreos quais Quek Leng Chan, um dos mais prósperos cidadãosmalaios, a Qatar Investment Authority e ainda o LouisDreyfus Commodities Asia, fundo especializado em agri-cultura e que chegou a ser apontado como futuro accionis-ta de referência com 2,5% da FGV, mas que deverá ficarapenas com 0,5%, para já, devido à elevada procura pelo tí-tulo FGV. Respaldado nesta “tropa de elite”, o executivo deKuala Lumpur revelava esperança no sucesso da operaçãobolsista da companhia que garante 10% do óleo de palmaconsumido mundialmente. O envolvimento governamen-tal e a liquidez do mercado doméstico seriam pontos a fa-vor,admitia,antesdaconcretizaçãodaoperação,umfundode Singapura, Samsung Asset Management.

Após a concretização da operação, o sucesso foi imedia-to, não só pelo objectivo financeiro atingido, mas tambémpela escalada imediata de 20% do valor, residindo aqui agrande diferença face à única operação do ano de valor su-perior, a do Facebook, cuja cotação começou em quedalogo na sessão seguinte à IPO.

O próximo passoOquadronaMalásiaépintadoavermelho,cordoscachosdeóleo de palma. Ao fim de 50 anos de plantação promovida

pela Felda, o país converteu-se no segundo maior produtormundial, com um rendimento extraído deste fruto quesoma 16,6 milhões USD anuais. Dentro de um par de anosnão haverá mais terrenos vagos para o óleo de palma, aler-tam alguns especialistas. Esta colonização do espaço peloóleo de palma leva também a protestos de ambientalistas,que alertam para a deflorestação e para o ataque aos habi-tats de espécies como orangotangos. Após a operação embolsa, a FGV estará já a planear o alargamento ao downs-tream, com produção de químicos derivados do óleo de pal-ma, por exemplo. De biscoitos a champôs, passando pelospratos, o óleo de palma está um pouco por todo o lado, e aprocuravaicrescendo.

Comaangariaçãododinheirodosinvestidoresatravésdabolsa, a FGV procurará reforçar a expansão internacional,conquistando ainda mais terrenos na Indonésia e alargan-do ao Camboja e Burma. Também o nosso continente é háalgumtemporeferenciadocomoumdosobjectivosdaFGV,quepretendetornar-senumdoscincomaioresgigantesdascommodities até ao final da década. “Vamos crescer oito ve-zes mais em oito anos”, promete o presidente da FGV, SabriAhmad. Em termos de mercado, a China e a Índia estão nocentrodasatençõesparaacompanhia,dizoseupresidente,enquanto a Europa e os EUA (neste país, tal como no Cana-dá, tem plantações de soja e canola) ficam em segundo pla-no,pelomenorcrescimentodaprocura.

Quanto às críticas dos proprietários, que ao longo destesquase 60 anos de existência da Felda foram passando da po-breza extrema para a classe média (alguns nada tinham atéque a agência governamental lhes facilitou o acesso a umterreno, casa e meios para fazer a sua própria plantação,alémdeescolaparaosfilhoseassistênciamédicaparatodaafamília), os ecos têm sido menores desde a operação bolsis-ta. Muitos foram ouvidos pela comunicação social, e os seuscomentários espelhavam a insatisfação e receio pelo quepoderiaaconteceràFGVeàssuaspropriedadesaquandodaprivatização. Quanto ao futuro da companhia, os analistasapontam o apoio do Governo à operação (foi o próprio pri-meiro-ministroquemfezoanúnciodaIPO)eofortecontri-buto da indústria do óleo de palma na economia da Malásia.A crescente procura por alimentos (não só a populaçãomundial cresce como também a vida em muitas geografiasse torna gradualmente melhor) e o ganho de mercado doóleo de palma – desde 2005 que este ultrapassa a soja em

vendas, com forte ajuda da China, maior consumidor mun-dial – dão perspectivas de alavancar o negócio. Agora, con-sumada a IPO, aos muitos agricultores-accionistas, a Feldaaconselha a não venderem de imediato as suas acções, ape-sar de muitos relatarem contactos de investidores que pre-tendem adquiri-las já. Prevê a Felda que a procura do mer-cadovaifazercrescerovalorbolsista.

Ainda que consciente de que a economia global está aabrandar o crescimento, o presidente da Felda Global dei-xou (sem surpresa), em entrevista à CNBC, uma perspecti-va animadora da performance para a companhia. “Resilien-te à recessão” é como descreve o sector agro-alimentar.“Desde que a Índia e a China continuem a comprar óleo depalma, estamos confiantes de que os preços se manterão.”Apesar de o downstream ser uma opção para reforço, SabriAhmad diz que o foco continuará no upstream e que a com-panhia continuará apostada no óleo de palma, borracha eaçúcar. Como seria de esperar numa operação que envolveumacompanhiaestataldadimensãodaFeldaGlobal,aclas-se política envolveu-se no debate, com a oposição a acusar ogoverno, que vai a eleições em Abril próximo, de apenas es-tarapromover-seaopermitiraosagricultoresarrecadaremdeimediato500milhõesUSDporviadaprivatização.Adis-cussão está lançada. O óleo de palma está em alta, na bolsade apostas, mas será que a Felda Global Ventures suportaráopesodaidadedassuasplantações,numamédiade20anos,face ao melhor rendimento de plantações com uma dezenadeanosnoutrospaísesprodutores?

No final do último ano fiscal, terminado emMarço, o EBITDA anunciado foi de 652 milhõesUSD, enquanto o lucro líquido foi de 652 milhões,para receitas de 2330 milhões USD.

A companhia tem cerca de 19 000 funcioná-rios em 300 plantações e 70 fábricasde transformação de óleo de palma.

O sucesso da operação vê-se nas 58 526candidaturas para 565 milhões de acções,6,5 vezes acima do capital disponível.A operação rendeu 3232 milhões USD.

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Mohd Isa Abdul Samad, chairman da Felda Global Ventures Holdings Berhad, e Sabri Ahmad, o presidente e CEO da companhia

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24 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

GESTÃO

AApple venceu o primei-ro round contra aSamsung, naquela quejá é considerada amaior guerra de paten-tes tecnológicas. A par-tir de hoje, a Samsungestá proibida de ven-

der, nos Estados Unidos, o Galaxy Tab10.1 polegadas, o principal concorrentedo iPad. Para já, a decisão do Tribunalda Califórnia é temporária, e aSamsung deverá recorrer.

Em causa está uma providência cau-telar colocada pela Apple no âmbito deum processo a decorrer num tribunalamericano, da Califórnia sobre o designdo Galaxy Tab. A decisão entra em vigorassim que a Apple deposite os 2,6 mi-lhões USD que servem de garantia.A verba servirá como uma compensa-ção a entregar à Samsung caso venha aprovar-se que a providência era desne-cessária, de acordo com a agência Reu-ters.

“Não é coincidência que os últimosprodutos da Samsung se pareçam bas-tante com o iPhone e o iPad, quer nohardware quer na interface”, defende aApple, em comunicado.

A decisão judicial é da responsabili-dade da juíza Lucy Koh, que anterior-mente já tinha rejeitado outros pedidosda Apple para proibir as vendas devários tablets e smartphones da linhaGalaxy, uma gama que a criadora doiPad e do iPhone acusa de copiar “des-caradamente” o design dos seus produ-tos.

Porém, desta vez, a juíza considerouque, “apesar de a Samsung ter direito acompetir, não tem o direito de compe-tir de forma injusta, inundando o mer-cado com produtos que violem [os di-reitos dos concorrentes]”. A decisão fi-nal foi tomada tendo em conta a baixaprobabilidade que a Samsung terá deconseguir invalidar a acusação daApple relativamente à patente do de-sign.

O tribunal referiu ainda que o tabletde 10.1 polegadas da construtora sul--coreana é “virtualmente indistinguí-vel” do iPad e, como tal, existe uma vio-lação de direitos. “O design é funda-mental na hora de comprar um tablet,logo por cada Galaxy Tab vendido aApple estaria a ter prejuízos”, justificao acórdão.

Embora a venda esteja proibida nosEstados Unidos, a decisão judicial podeser anulada num futuro próximo, umavez que, ao que tudo indica, a Samsungirá apresentar recurso. No entanto,este não deixa de ser um duro golpepara a fabricante sul-coreana, pois en-quanto a proibição se mantiver irá per-der milhões de dólares em vendas.

Ao invés, uma vez excluída uma dassuas principais concorrentes naquelepaís, a Apple fica com o caminho abertopara manter a liderança do segmentode tablets, onde o iPad é campeão devendas desde o lançamento em Novem-bro de 2010.

Tribunal da Califórnia conclui que o Galaxy Tab de 10.1 polegadas é “indistinguível” do iPad.A Samsung deverá recorrer da decisão judicial.

SARA PITEIRA MOTA Exclusivo Diário Económico

Apple consegue proibir vendado Samsung Galaxy nos EUA

2,6 milhõesA decisão do tribunal da Califórniaentra em vigor assim que a Appledeposite os 2,6 milhões USDque servem de garantia. A verba servirácomo uma compensação a entregarà Samsung caso venha a provar-seque a providência era desnecessária.

Compensação

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 25

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Março de 2011

A Samsung recorreu a umaestratégia comum na indústriae processou a Apple por violaçãode patentes. A jogada é umaresposta a um processo abertopela multinacional americana,que acusa a sul-coreana de imitaro iPhone e o iPad.

Agosto de 2011A venda de três smartphonesSamsung Galaxy foi proibidaem alguns países da Europa.O tribunal holandês de Haiaemitiu uma decisão judicialpreliminar à escala europeiacontra os smartphones Galaxy S,Galaxy S II e Ace.

Setembro de 2011Samsung processa Applee quer impedir venda do iPhone 5na Coreia do Sul.

Dezembro de 2011

A Samsung faz quatro acusaçõescontra a Apple na Alemanha.Em causa estão as 4 patentesrelacionadas com tecnologiaWCDMA para telemóveis 3G.

Janeiro de 2012O Tribunal Superior Regionalde Dusseldórfia, na Alemanha,dá razão à Apple e proíbe a vendado Galaxy Tab 10.1 polegadase 8.9 polegadas no mercadogermânico.

Junho de 2012

O novo Samsung Galaxy SIIIentrou no contexto das batalhasjudiciais que já são comunsentre a Samsung e a Apple.A fabricante da Califórniaentrou com uma acção nos EUApara incluir o Galaxy SIIInum processo já existentecontra o Galaxy Nexus.A Apple decidiu examinaro smartphone da Samsunge concluiu que, tal comoo Galaxy Nexus, o SIIIapropriou-se de várias patentesda Apple e, como tal, a suavenda deve ser impedidano mercado americano.

Guerras em tribunal

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27 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

ANDRÉ SAMUEL

O sector bancário é dos mais bemservidosdecapitalhumanoforma-do nas universidades angolanasem relação aos restantes sectoresque suportam a economia nacio-nal, revelou administrador doBanco Nacional de Angola, Ma-nuel António, apontando que49,8% dos colaboradores da bancasão pós-graduados e estudantescom frequência universitária,num universo de 15 676 funcioná-rios.

Nesta sequência, sublinhou queo sector bancário é composto de2931 licenciados e pós-graduadosque correspondem a uma taxa de18,7%dototaljáapontado.

Os dados estatísticos apontadospelo quadro sénior do BNA refe-rem-se, igualmente, aos 12 642 jo-vens bancários com idades com-preendidasentre20e35anos,poisestes representam actualmente77,5%.

No ranking de instituições ban-cárias, o Banco de Poupança e Cré-dito, o maior banco comercial doPaís, é o que mais emprega estu-dantes universitários, liderando,desta forma, a lista com 4029 qua-dros,quecorrespondema25%,se-guido pelo Banco de Fomento An-gola, com 2038 colaboradores, re-presentando13%.

O agora Banco Angolano de In-vestimentos (BAI) detém 9,7% noranking de instituições bancáriasque mais empregam estudantes

universitários,com1526colabora-dores.

O administrador do BNA defen-deu que a massificação do ensinosuperior, hoje, contribui qualitati-vamente para um futuro bancáriopromissor e encorajou a intensifi-cação da cooperação trilateral en-tre as universidades, o Estado e osector empresarial, “visando a sa-tisfação da procura em novos ser-viços,produtosetecnologias”.

Evolução das empresasvs. capital humanoA evolução das empresas está liga-da também à evolução do conheci-mento humano, que, por sua vez,se tem tornado uma ferramentaessencial neste processo, segundoo presidente da Associação Ango-lana de Bancos (ABANC), AmílcarSilva.

Entretanto,advertequetaldesi-deratosóépossívelcasooscolabo-radores se adaptarem à actualiza-ção do presente contexto, face aosdesafios, e as organizações investi-rem em formação e qualificaçãoprofissional.

A necessidade de formação, naóptica de Amílcar Silva, transfor-mou-se numa palavra de ordemmaisrecorrenteemtodososdiscur-sos, desde os gestores aos técnicosnacionais. Explica ainda que é, noentanto, necessário avaliar qual oefeitoeaimportânciaqueelatraduznoincrementodacompetitividade,umavezqueéimportanteanalisaraformaçãocomoumaferramentadeimportânciaestratégica.

“Seaceitamosqueaspessoassãoo factor crítico para o sucesso dos

bancos, então chegaremos à con-clusão de que a formação podeconstituir uma via de investimen-to nas pessoas e de desenvolvi-mento de suas capacidades”, disse.

O presidente da ABANC defen-deu que a formação não deve serencarada como um custo, porqueestasignificaumaumentodacom-petitividadeatravésdavalorizaçãodas pessoas, desde que enquadra-da numa estratégia empresarial eorientada para objectivos muitoprecisos.

Sublinhou que o investimen-to na formação é ideia quetransparece nas opções estra-tégicas do Governo, através doPlano Nacional, onde para osector da Educação surgem,entre outros, os objectivos deassegurar a formação dos re-cursos qualificados necessá-rios ao desenvolvimento daeconomia, e desenvolver o en-sino técnico profissional, asse-gurando a sua articulação como ensino médio e superior, ecom o sistema de formaçãoprofissional.

Desenvolvimentode capital humanoA banca nacional começou a fazerinvestimentos nos seus colabora-dores, da base ao topo, há 20 anosquandoreconheceuanecessidadede desenvolver os seus serviços.Nesta altura, começou a dotar osquadros de novas competências,quer em termos técnicos, quer emtermos comportamentais, segun-doopresidentedaABANC.

“A competição implica umautilização mais completa e ajus-tada das capacidades e das moti-vações dos recursos humanos eneste campo a opção pela forma-ção foi fundamental”, justificou.

Para Amílcar Silva, uma das ra-zões que podem explicar o factoacima é o Programa de Moderni-zação das Instituições Financei-ras (PMIF), iniciado em 1992,onde se desenhou, em harmoniacom o processo de abertura dosector bancário, a criação do Ins-tituto de Formação Bancária deAngola (IFBA).

Nesta vertente, e de acordocom o administrador do Banco deComércio e Indústria, Leão Pe-res, em Maio de 2009 o Institutode Formação Bancária de Portu-gal (IFB), no âmbito do projectode reestruturação do IFBA, fi-nanciado pelo Banco Mundial,propôs para o sistema financeiroangolano um novo paradigmaeducacional assente no princípiode “aprendizagem ao longo davida”, com resultados já visíveiscomo a formação de quadros dabanca angolana dotados aos de-safios da globalização.

EXPANSÃO UNIVERSIDADEEnsino superiorregista ingresso de 45mil novos estudantes

Quarenta e cinco mil novosestudantes ingressaram, em2012, nas diferentes unidadesorgânicas do ensino superiordo País, informou a ministrado Ensino Superior e da Ciên-cia e Tecnologia, MariaCândida Teixeira.A governante fez este pro-nunciamento quando proce-dia à abertura da I Conferên-cia do Ensino Superior, tendorealçado que actualmenteexistem cerca de 195 milestudantes no ensinosuperior no País.Essa cifra, sublinhou, repre-senta um aumento de cercade um terço, representandomais de um terço do númeroestabelecido nas metas doExecutivo.Este aumento, ressaltou, sófoi possível devido ao investi-mento efectuado pelo Execu-tivo ao nível das infra-estru-turas de ensino superior noPaís, com vista a uma maiorabsorção da população estu-dantil.Reconheceu, na mesma estei-ra, o esforço dos seus parcei-ros do sector privado quemuito tem contribuído paraa expansão e melhoriado ensino superior no País.

““Temos muitosestudantesuniversitários,mas a maioriasão maus porqueainda recorrema cábulas, estão embusca de um título enão de conhecimento,e um País nãose desenvolvecom títulos”

Bruno ChitandaEstudante do 3.º anod ePsicologia da U. Jean Piaget

“As escolhas de cursosdeviam ser precedidaspor uma avaliaçãovocacional quer pessoalquer por uma entidadevocacionada. Issoevitaria a mobilidadedos estudantes de cursoem curso com umenorme desperdíciode tempo e dinheiro”

Alcaz GomesEstudante de AdministraçãoPública da UAN

F O R M A Ç Ã O E S P E C I A L I Z A D A

Universitários e pós-graduadosrepresentam 50% da banca nacionalO papel do capital intelectual no desenvolvimento do sistema financeiro nacionalfoi discutido, recentemente, em Luanda, pelos profissionais da banca, num eventoorganizado pela Escola Nacional de Administração (ENAD).

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BPC, BFA e BAIlideram o rankingde quadrosem formaçãonas universidadesangolanas

O IFBA é a instituição que forma quadros especializados para o sector bancário nacional

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28 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

GESTÃO

Wolfgang MünchauColunista do Financial Times

Podemos discordarnos detalhes, mas teremosde ultrapassar essasdiferenças ainda neste fim--de-semana e tomar umadecisão sobre os passos adar. As nossas políticas pararesolver a crise falharamsucessivamente. É urgenteencontrar uma resposta quefuncione – e rapidamente

Dizer a verdadea quem manda

Imagine o leitor que esta noite, na reu-nião do Conselho Europeu, o primeiro--ministro italiano se dirige aos seus pa-res nos seguintes termos: “Sr. presi-dente, caros colegas. A escolha é sim-ples: ou salvamos o euro hoje e lança-mos as fundações para uma futuraunião política, ou estrangulamos o eu-

ro e goramos ambas as hipóteses. Todos sabemoso que é preciso fazer para salvar o euro: umaunião bancária para Espanha, uma união orça-mental para Itália e uma união política para aAlemanha.

“Podemos discordar nos detalhes, mas tere-mos de ultrapassar essas diferenças ainda nestefim-de-semana e tomar uma decisão sobre ospassos a dar. As nossas políticas para resolver acrise falharam sucessivamente. É urgente en-contrar uma resposta que funcione – e rapida-mente. Se fracassarmos, não poderei manter-meneste grupo e o meu país terá de abandonar esteprojecto.”

Antes de mais, não acredito que Mario Montidiga tal coisa, nem sequer numa versão mais en-criptada. Afinal, é o líder de um governo técnico.Fazer frente a Angela Merkel ou apostar o futurode Itália ultrapassa as suas competências. Os par-tidos políticos italianos nomearam-no porqueprecisavam de um canalizador para suceder aoplayboy, e não de um apostador. A última coisaque queriam era um líder.

Acredito que há espaço para uma aposta calcu-lada, no entanto, importa perceber muito bemquais são os riscos e as recompensas. Ora, isto nãopassa por denunciar o bluff de Angela Merkel,como alguns amigos espanhóis e italianos tantodesejam. Até porque Merkel não tem feito bluff –apesar de a desagregação da Zona Euro ter conse-quências catastróficas para a Alemanha. JoschkaFischer, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros,disse recentemente que, se a Alemanha permitir

a desintegração da Zona Euro, isso significa que,pela terceira vez num século, infligirá à Europa ea si própria uma devastação total.

Quando houver pressão para uma ruptura, estavirá de Itália. Na semana passada, Silvio Berlus-coni declarou que sair do euro não é uma blasfé-mia e elencou alguns cenários: Itália é resgatada,a Alemanha sai, ou a Itália sai.

Quando isso acontecer, talvez já seja demasia-do tarde para salvar o euro. Os líderes da ZonaEuro tiveram mais de três anos para (re)agir edesperdiçaram-nos. Podem ser pessoas inteli-gentes a título individual, mas enquanto grupodemonstraram um extraordinário grau de ili-teracia económica e financeira. Recordam-se dacontracção orçamental expansionista? Ou daideia absurda de alavancar o fundo de resgate?Ou de envolver os investidores privados numabase voluntária? Alguém acredita que poderãofazer tudo bem num dia quando fizeram tudo malnos últimos três anos?

A única esperança que nos resta é que alguémde dentro desafie Angela Merkel e vete as propos-tas evasivas que, uma vez mais, vão dominar oConselho Europeu. Que credibilidade poderá teruma união política no futuro se não formos capa-zes de salvar o euro no presente? Chegámos a ummomento crucial e ninguém está mais bem posi-cionado para fazer frente à chanceler alemã doque o primeiro-ministro italiano – inteligente,eloquente e um dos últimos insiders da máquinaeuropeia. Itália é o próximo país na mira dos mer-cados, e a União Europeia não tem um plano B.

A ameaça de demissão, além de credível, assus-taria muita gente. O que tem a perder? A sua po-pularidade está em queda e já perdeu o apoio departe da coligação governamental. Mario Montisó poderá salvar o seu país – e o euro – dizendo averdade a quem manda.

Tradução de Ana PinaFa

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 29

CIÊNCIA

BENJAMIM CARVALHO

Um estudo publicado na revistaScience trouxe novas informa-ções sobre as pinturas rupestresmais antigas já identificadas –50 pinturas em 11 cavernas noNorte da Espanha –, feitas hámais de 40 000 anos, possivel-mente por neandertais, paren-tes próximos do homem moder-no. Até ao momento, as pinturasencontradas na caverna deChauvet, no Sul da França, eramas mais antigas: entre 28 000 e40 000 anos atrás.

Uma equipa de arqueólogosingleses, espanhóis e portugue-ses aplicou uma nova técnica dedatação baseada nas proporçõesdos isótopos de urânio e de tórionas camadas de milímetros decalcite que cobrem as pinturas,mais preciso que a do carbono 14– a única utilizada até agora emanálises estilísticas – e aindacom uma vantagem adicional:requer apenas 10 miligramas demineral, pelo que se torna me-nos destrutiva.

O urânio permite, com efeito,datar elementos minerais en-quanto o carbono 14 se limita àmatéria orgânica – facilmentecontaminável por agentes exter-nos – como o carvão de madeiraque os “artistas” da gruta deChauvet utilizavam como lápis.Mas nem todos os pintores dapré-história o utilizavam. As-sim, graças a esta nova técnica,todas as obras murais podemagora ser datadas: mãos negati-vas feitas com ocre em pó, dese-nhos pintados com pigmentosnaturais, gravuras, etc.

Assim, a gruta de El Castillo,na Cantábria, tem pinturas ru-pestres de pelo menos 40 800anos de antiguidade, o que as si-tua como as mais antigas do

mundo, segundo as novas data-ções. A investigação demonstratambém que algumas das pintu-ras de Altamira, situadas 15 qui-lómetros a noroeste de El Castil-lo, têm o dobro da idade que sepensava: mais de 36 000 anos, enão 15 000 como se havia calcu-lado anteriormente.

Mas ao aumentar a antiguida-de das pinturas rupestres au-mentam também, inevitavel-mente, as dúvidas sobre a auto-ria dessas obras de arte primiti-vas. Quem pintou as grutas?

Ainda não é possível afirmarcom certeza a autoria das pintu-ras, dado que, mesmo assim, adatação é ainda frágil, mas apossibilidade de que tenhamsido feitas por neandertais ani-ma os pesquisadores. Tudo de-pende das datas e, por enquan-to, as novas datações obtidas nascavernas espanholas estão no li-mite do período em que os pri-meiros seres humanos moder-nos chegaram à Europa (en-quanto os neandertais já ocupa-

vam o continente 100 mil anosantes deles).

No entanto, conforme frisamos arqueólogos do estudo, trata--se de uma idade mínima. O quedataram foi a capa calcária querecobria parte das imagens.Como o mineral está por cimadas pinturas, a única certeza éque se depositou lá depois dotrabalho do artista, pelo que asimagens foram feitas bem antes.Se alguma dessas datas for de 43mil anos, por exemplo, quasecertamente os autores das pin-turas serão neandertais.

A capacidade intelectualdos neandertaisE enquanto ainda não se com-prova se as descobertas na Es-panha são realmente obra deneandertais, outras possibilida-des são estudadas, como a hipó-tese de que elas teriam sido rea-lizadas com a chegada do ho-mem moderno à Europa, cujaevidência mais antiga data de há41 500 anos. O neandertal desa-

pareceu da Terra há 40 000anos. É muito provável que osnossos antepassados pré-histó-ricos tenham desenvolvidomais ainda a sua inovação cultu-ral, já no continente europeu,em competição pelos recursoscom os neandertais.

Sempre se considerou que foia nossa espécie, a humanidademoderna, a autora dessas obrasde arte primitivas, entre outrascoisas porque quando muitasdelas foram pintadas já tinhamdesaparecido os neandertais.

Mas não há razão para negar aestes últimos a capacidade depintar, para se afirmar que care-ciam da cultura simbólica ne-cessária para fazê-lo.

Essa impressão que punha emdúvida a capacidade intelectualdos neandertais mudou nos úl-timos anos, em parte graças àdescoberta de pigmentos e pe-quenos objectos em zonas habi-tadas por neandertais. Os ar-queólogos não podem assimdescartar a possibilidade de queos autores não foram os nossosantepassados, mas a “outra” es-pécie humana que então viviana Europa. Os neandertais, comefeito, já ali estavam quando osprimeiros “humanos moder-nos” chegaram.

A criação artística é um feitoda evolução das capacidadescognitivas e do comportamentosimbólico, e pode ser associadoao desenvolvimento da lingua-gem, realçam os investigadores.Conhecem-se vestígios de capa-cidade simbólica da humanida-de moderna anteriores è suachegada à Europa, como contasperforadas e cascas de ovo deavestruz decoradas de há 70 000a 100 000 anos, encontradas emÁfrica, recordam os cientistas.

A capacidade intelectual dosneandertais na Europa era simi-lar à dos primeiros humanosmodernos em África. É a conclu-são a que chegou uma equipa decientistas depois de analisarconchas marinhas perfuradasencontradas nas Cueva de losAviones e na Cueva Antón, am-bas em Múrcia, Espanha. Paraalém da sua utilização comoadorno, a análise dos pigmentosencontrados junto às conchassugere que tiveram uma utiliza-ção cosmética, que os arqueólo-gos consideram como uma con-duta moderna e um pensamentosimbólico característicos dos se-res humanos modernos.

Neandertais, os primeiros artistas rupestresUma nova datação confirma que as pinturas em cavernas no Norte de Espanha têm pelo menos 41 mil anosde idade, 10 mil anos mais do que se pensava, fazendo delas os mais antigos exemplares dessa forma de arte.E, mais importante, a antiguidade das imagens pode indicar que os neandertais foram os seus autores.

Com estas novasdatações caidefinitivamente porterra a ideia de quea mente neandertalera “inferior”à humana

C I Ê N C I A E M N Ú M E R O S

21 astronautas já morreram em viagens espaciais, sendo 17 homens e 4 mulheres. O Sol necessita de 200milhões de anos para realizar uma volta completa em redor do centro da galáxia. Na nossa galáxia, a Vía Láctea, existem

pelo menos 200 000 milhões de estrelas. O diâmetro aparente do Sol e da Lua é igual porque o diâmetro do Sol é

400 vezes maior que o da Lua mas também está 400 vezes mais distante. A partir da altura das suas pirâmides,

os maias determinaram que a duração do ano solar era de 365,2420 dias. Só se equivocaram em

0,0002 dias. A mais rápida ave terrestre é a avestruz, a qual, apesar de seu tamanho, pode correr à velocidade de

72 km/h quando necessário. A pele é responsável por cerca de 16% do peso corporal total de uma pessoa. Num adul-

to pesa mais ou menos 9 kg. Temos mais de 30 músculos faciais que nos permitem realizar expressões tais como: sur-

presa, alegria, tristeza ou choro. A temperatura do corpo não fica estabilizada em 37 graus o dia inteiro. Ela sobe para

37,2 às 5 ou 6 da tarde e vai caindo para os 36 graus durante a madrugada. Nas investigações para a obtenção

de um novo fármaco de interesse comercial, os laboratórios sintetizam em média outros 10 000 desconhecidos.

P A L E O N T O L O G I A

As pré-históricas silhuetas de mãos impressas nas paredes das grutas espanholas são as pinturas rupestres mais antigas

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30 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

ENTREVISTABen White

“A VC4Africa oferece apoio paraa criação de negócios no continente”Um dos fundadores da VC4Africa (Venture Capital for Africa), a maior comunidade online de investidores, busi-ness angels e empresários que têm como objectivo desenvolver negócios no continente, fala desta sua iniciativa.

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 31

Texto ASSINATURAFotos DR

Como conseguiram alcan-çar este sucesso online numcontinente que ainda se en-contra numa fase inicial noacesso à Internet já paranão falar no simples acessoa um serviço básico como aeletricidade?O acesso à Internet e às comu-nicações móveis está a aumen-tar em África a um ritmo incrí-vel. Por exemplo, o crescimen-to na Nigéria é fenomenal.Existem cerca de 1000 milhõesde pessoas em África, e deacordo com o ITU (Internatio-nal TelecommunicationUnion), 9,6% da população játem acesso à Internet. Em al-guns países as taxas de pene-tração estão a aumentar a per-centagens de 3 e 4 dígitos.É simplesmente uma questãode tempo antes que a maioriada população africana tenhaacesso à Internet seja via PC oupor móvel. Mesmo assim, osnúmeros actuais são significa-tivos. Se 4% da população afri-cana é empreendedora (defini-ção dada por Andrew Mwendado jornal Independent) – aliás,um número até conservadorpara um país como o Uganda –podemos verificar que já exis-tem, potencialmente, 384 000empresários que podem fazerparte da nossa rede. Igualmen-te pode traduzir-se num po-tencial de 384 000 empresas,criadoras de emprego, serviçose pagadoras de impostos. Se16% da população seguir estatendência, verificamos queexistem cerca de 1,5 milhões deindivíduos que queremos queestejam conectados online .Combinado com o nosso públi-co-alvo actual, temos assim 1,9milhões de potenciais agentesde mudança que lutam para es-tabelecer empresas prósperasem todo o continente. No en-tanto, optamos por nos focarno subconjunto desta popula-ção, mas o potencial é real – es-tes empreendedores existem eestão a conectar-se cada vezmais rápido de uma formanunca antes vista, e o seu nú-mero está predestinado a cres-cer exponencialmente. Nósjuntamos estes empreendedo-res como fundadores líderesda nossa rede.

Quantas pessoas integram a

vossa rede?A VC4Africa possui associadosem 159 países e mais de 400empresários registam os seusnegócios online em mais de 30países africanos. Os associadosda VC4Africa também reali-zam encontros offline, nomea-damente através dos eventosVC4Africa Meetups e de reu-niões informais que têm sidorealizadas em mais de 35 cida-des espalhadas por todo omundo

Em que região de África temvisto mais actividade?A VC4Africa tem 400 em-preendimentos registados emmais de 30 países africanos.Verificamos muita atividadenos ditos “suspeitos do costu-me” como África do Sul, ÁfricaOriental (Quénia, Uganda,Ruanda e Tanzânia), Nigéria,Gana e Camarões. Mas vemosigualmente empresários a re-gistarem-se em Moçambique,Somália, Etiópia, Sudão do Sul,etc. Mais não fosse, estamosconvencidos de que somos tes-temunhas de uma verdadeiraonda que está a varrer o conti-nente e a penetrar todos oscantos.

Os empreendimentos VC4A-frica encontram-se numa faseinicial e requerem investimen-tos entre 10 000 USD e 1 mi-lhão USD. Estes investimentosestão concentrados nos secto-res primários, incluindo co-municações móveis, Internet,energia, saúde, entre outros. E30% o dos empreendimentosregistados têm alguma formade missão social e podem serqualificados como empresassociais. Cada empreendimen-to é disruptivo no uso de tec-nologia ou na aplicação de ummodelo de negócio disruptivo.Os empresários são livres parase inscreverem por sua própriainiciativa ou como parte dasparcerias preexistentes. Vá-rias colaborações já estão emandamento através de empre-sas incubadoras líderes comoActivSpaces nos Camarões, aMEST no Gana e a Nailab noQuénia. A VC4Africa coordenatambém o evento “DesafiosStartup”, cuja primeira com-petição online irá decorrer nosCamarões.

Como analisa a situação ac-tual das pequenas e médiasempresas africanas? Quaissão os principais desafiospara este sector?O due diligence* é um dos fac-

tores limitadores para os inte-ressados em investir em Áfri-ca. É simplesmente caro en-contrar genuínos empreende-dores com uma ideia e plano denegócio sólido. É só perguntara qualquer pessoa com fundosde PME e ela irá dizer-lhecomo “é difícil encontrar umfluxo de negócios qualificado”.Como resultado, a maioria dosfundos existentes procura ne-gócios maiores e com melho-res margens. Ao mesmo tem-po, o microcrédito é limitadona sua capacidade de apoiar asempresas de alto crescimentopara além da subsistência, oque deixa a maioria dos empre-sários com potencial à margemdeste processo.

Esta dinâmica cria uma es-pécie de PME “meio ausente”,no qual um grande número depotenciais e inovadoras em-presas ora são forçadas a sermicroempresas e, logo, a terum impacto limitado quer nocrescimento económico querna criação de emprego, ou anão existir de todo. Na verda-de, este meio que falta é um fe-nómeno generalizado namaioria dos países emdesenvolvimento; enquantono mundo desenvolvido asPME são o motor do cresci-mento económico e de criaçãode emprego, já na maioria dospaíses emdesenvolvimento predominaum grande número de peque-nas e microempresas ou degrandes empresas.

Há uma série de possíveiscausas para o tal meio ausentenestas PME. Contudo, o acessolimitado ao financiamento éconsistentemente encontradocomo uma das barreiras maisimportantes para a existênciade PME e para o crescimentode microempresas nos paísesem desenvolvimento. Esteproblema é particularmenteacentuado na África subsaria-na, onde as micro e pequenasempresas representam umamaior percentagem em com-paração com outras regiões depaíses em desenvolvimento.

É importante ressaltar que asPME não são geralmente “au-sentes” porque não são rentá-veis: a evidência sugere que osretornos de capital no segmen-to das PME nos países em des-envolvimento são de facto bas-tante altos. Mais, existem bar-reiras para a alocação eficientede capital de investimento paraas PME nos países em desen-volvimento, o que eleva o custo

de investimento nessas empre-sas. Por exemplo, a ausência emmuitos países em desenvolvi-mento de agências de créditorobustas associadas a sistemasde informação de crédito elevaefectivamente os custos detransação para os bancos e in-vestidores de capital de em-préstimo, ou investidores emPME. Este cenário tende a ex-cluir os empresários promisso-res de forma indiscriminada oua aumentar o custo de capitalpara valores proibitivos – aci-ma da taxa já elevada de retor-no sobre o capital exibido pelasPME – tornando assim o finan-ciamento antieconómico.

VC4Africa é parceira doProject Incubator Award2012. Que comentários querdeixar a todos aqueles queconsideram participar nes-ta competição?Pensamos que os empresáriosgastam muito tempo a prepa-rar as candidaturas para com-petições. Quando não são se-leccionados, todo o trabalhoinvestido na preparação dacandidatura é perdido. Nãoserá melhor usar esse tempono próprio desenvolvimentoda empresa? No VC4Africaqueremos mudar esta atitude.Sempre que se regista um per-fil de investidor no site(www.vc4africa.biz), automa-ticamente estará habilitado aparticipar num crescente nú-mero de competições. O esfor-ço aplicado é mínimo, e o custode oportunidade é limitado. Épossível usar o perfil para pos-tar vagas de trabalho, contac-tar com possíveis consultores,obter comentários sobre umademonstração ou contactarcom colegas empreendedorese investidores. É um recursoque pode gerar valor de muitasmaneiras diferentes ao longode um período mais longo.

Qualquer empresário quequeira participar neste desafioé elegível para um perfil gra-tuito na VC4Africa. A comuni-dade VC4Africa oferece apoiopara o desenvolvimento de umnegócio, e é possível tirar pro-veito do nosso programa de tu-toria peer to peer ou mesmo re-ceber assistência por parte dosvários investidores registadosna nossa rede.

Estamos muito satisfeitosem colaborar como parceirosnesta competição juntamentecom a EMRC e a Hivos. Espera-mos que seja o início de umacolaboração de longo prazo.

“A VC4Africatem 400empreendimentosregistadosem mais de 30países africanos”

“O acesso limitadoao financiamentoé consistentementeencontrado comouma das barreirasmais importantespara a existênciade PME e parao crescimentode microempresasnos países emdesenvolvimento”

Os empreendimentos VC4Africaencontram-se numa fase iniciale requerem investimentosentre 10 000 USD e 1 milhão USD

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NACIONAL32 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

ANTÓNIO PEDRO

A província do Moxico aguardapara Agosto próximo a chegada docomboio do Caminho de Ferro deBenguela (CFB), concretamentenacidadedoLuena,suacapitalad-ministrativa, segundo o desafiolançadopeloExecutivo.

Após tal fase, segue-se outra naqual as locomotivas do CFB sepropõem chegar até ao municípiodo Luau, naquela província, nafronteira com a República daZâmbia e intensificar o comérciotransfronteiriço com os países daSADC.

As perspectivas económicaspara a província são bastante opti-mistas, devido à previsão de che-gada da do comboio no próximomês.

Desta forma, a previsão sobre ocrescimento da economia local, eseu respectivo desenvolvimentocom repercussão na esfera social,temsidoelevada.

No entanto, e face a estas expec-tativas, o Expansão mostra a reali-dade em números de investimen-tos públicos direccionados ao Mo-xico.

De 2008 a 2012, o terceiro anofoi o de bonança financeira para aprovíncia, em relação aos mon-tantes alocados, sem incluir os in-vestimentossobresponsabilidadeda estrutura central, nos respecti-vos anos económicos, e sem ape-gar-se aos relatórios de execução.

Aliás, quanto a este pormenor, acapacidade de execução de em-preitadas em todas as provínciastem sido reduzida em função dosvalores alocados, devido à falta decapacidade técnica e de know--how.

No ranking das 18 províncias doPaís, em termos de dinheiros con-signados no Orçamento Geral doEstado, sem incluir dinheiros alo-cados à estrutura central, Moxicoalcançou em 2009 a 9.ª mais con-fortável posição, com uma verbapara investimentos públicos orça-da em 16,1 mil milhões Kz (173,9milhões USD, face à taxa de câm-bio média/referência do BNA na-queleano).

Apesar da relevância geoestra-tégica do Moxico, favorável ao co-mérciointernacionalpelafrontei-ra com a Zâmbia, esta continua aaguardar pelos grandes projectos,mas precisam encontrar no localinfra-estruturas de energia, água,telecomunicações para atender àinstalação de grandes fábricas.A província não constou, em2008, 2011 e 2012, no top 10 dasque receberam maior verba parainvestimentos, conforme ilustra-çãoemgráficos.

Atracção de investimentoexternoA questão de fundo é que os mon-tantes para investimentos nãopermitiram a atracção de investi-mento estrangeiro directo para aregião à dimensão do potenciallocal para se transformar em ri-queza.

A nova Lei de Investimento Pri-vado angolana dividiu o País emtrês zonas de isenção fiscal, e Mo-xicoconstadazonaC.

Segundo a lei, “os lucros resul-tantes de investimento privadopodem estar sujeitos à isenção oureduçãodopercentauldoimpostoindustrial,porumperíodode1a10anos”,aocontráriodaszonasAeB,que atingem até 5 e até 8 anos, res-pectivamente.

Das vezes que o Expansão abor-dou a contextualização da antiga eda nova lei de investimento priva-do, especialistas justificaram ra-zões que impedem investidoresexternosdeaplicaremdinheironaprovíncia em megaprojectos, ape-sar da isenção ou redução do per-centual do imposto industrial até10anos.

Moxico não tem infra-estrutu-ras tal como Luanda, Benguela,Huambo, Huíla, capazes de in-fluenciar tais investidores, apesardas isenções fiscais, avançaram naaltura alguns especialistas e queainda hoje defendem a mesma po-sição.

As observações apontam paraum revirar de página quanto aosinvestimentospúblicos.

Se até Agosto o comboio chegarao Luena, já se pressupõe, à parti-da, um ganho quanto à aprovaçãopelo Conselho de Ministros, emMaio último, do projecto de cons-truçãodoaproveitamentohidroe-léctrico Chiumbe-Dala, da linhade transporte de energia Dala--Luena e da subestação do Luena.

Os equipamentos poderão se-

guir ao Luena de comboio, pou-pando custos de transportação,poisvisa fornecerenergiaàcidadedo Luena, e interligar às cidadesdo Luena, Saurimo e Dundu. Des-ta forma, a região já pode “sonhar”com um pólo de desenvolvimentoindustrial.

Top 10 das provínciascom maior investimentospúblicos (mil milhões Kz)

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C R E S C I M E N T O E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L

Que investimentos estrangeiroso comboio vai atrair ao Moxico?O Executivo lançou-se ao desafio de levar o comboio do CFB até ao Luena, em Agosto próximo. Expansão apresentaa posição da província no ranking de investimentos públicos de 2008 a 2012. Afinal como será o crescimento almejado?

O comboio do CFB pode influenciar na atracção de investimentos externos ao Moxico

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34 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

NACIONAL

ANDRÉ SAMUEL E EUNICE SEBASTIÃO

Um dos maiores desafios avencer de modo que África secoloque ao nível dos demaiscontinentes com desenvolvi-mento assinável, nas diferen-tes esferas sociais, é a captaçãode investimentos anuais de 90mil milhões USD até 2020.

Esta concertação foi feita naquarta edição da conferênciainternacional sobre parceriasde infra-estruturas para odesenvolvimento de África(IPAD) realizada em Luanda,nesta semana, sob o tema “Ace-lerando o desenvolvimento e areconstrução de Angola”.

Tal montante é duas vezessuperior ao que é gasto actual-mente, o que pressupõe que énecessário identificar e mobi-lizar outras fontes de financia-mento que complementem asactuais.

“A grande questão é saber emque medida será possível mo-bilizarem-se somas tão avulta-das, num contexto tão difícilpara as economias desenvolvi-das, em particular para as depaíses europeus”, questionoua ministra angolana do Planea-mento, Ana Dias Lourenço,num evento que reuniu peritosde Angola, Portugal e Moçam-bique, principalmente.

A governante acrescentouque a mobilização de recursospara socorrer as economias do

continente africano torna-seainda mais difícil quanto àidentificação de fontes de fi-nanciamento externo para amelhoria das infra-estruturasdos países africanos.

Face a este cenário, Ana Diasaconselhou a busca de solu-ções ousadas que permitam aconcretização do objectivo dedotar África de sólidas e mo-dernas infra-estruturas capa-zes de promover o desenvolvi-mento do continental.

Na visão da presidente doconselho de administração daAgência Nacional para o Inves-timento Privado (ANIP), “paraalém dos projectos de parce-rias regionais no âmbito daSADC, há ainda que utilizar asparcerias público-privadaspara investir na construçãodas infra-estruturas básicas,não podendo esperar um Esta-do-providência que dá todos osmeios”.

Incentivou para uma relaçãode ganho para ambas as partes,na execução de projectos quepossam contribuir para odesenvolvimento económicode Angola visando a redução dapobreza e o bem-estar da po-pulação angolana.

De acordo com a presidenteda ANIP, Maria Luiza Abran-tes, a alteração da antiga Lei doInvestimento Privado (da Lein.º 13/03) para a actual NovaLei de Investimento Privado(Lei n.º 20/11), permitiu aosinvestidores estrangeiros ac-tuarem no sector da produção

de água e energia e na constru-ção de estradas, pontes barra-gens e nas telecomunicações.

Para a responsável da ANIP,apesar da aposta do Estado nareabilitação e construção dasinfra-estruturas, é, no entanto,impossível de forma isoladaarcar com a totalidade das des-pesas para o efeito.

Neste sentido, exorta aos in-vestidores estrangeiros e na-cionais a investirem na reabili-tação das infra-estruturas bá-sicas em Angola, para que nãose viva apenas de prestação deserviços de empresas estran-geiras nessas áreas, ainda quenecessário.

Clima de negóciosfavoráveisO evento internacional sobreparcerias de infra-estruturaspara o desenvolvimento de

África juntou durante três diasmais de 80 oradores dos secto-res público e privado, angola-nos e estrangeiros, no domínioda indústria, telecomunica-ções, energia, água e sanea-mento, financeiro e investi-mento, transportes e logística,

bem como mineração.A ministra Ana Dias Louren-

ço considerou o evento como oespaço para a troca de ideias eexperiências, sobre os grandestemas de interesse para o Paíse para o continente, na pers-pectiva de um desenvolvimen-to económico sustentado.

“Com este tipo de iniciativa,estaremos a estabelecer e afortalecer os laços entre o sec-tor público e o privado, ou en-tre o sector privado no domí-nio do desenvolvimento dasinfra-estruturas”, reforçou.

Para o presidente da ENDI-TRADE, Noé Mateus, uma em-presa do sector mineiro e par-ticipante no encontro, o certa-me constituiu-se numa opor-tunidade de aproximação en-tre empresários, entre poten-ciais parceiros e expandirnegócios.

“O clima de negócio é favorá-vel, o País tem e vai melhoran-do as condições para atrair in-vestimentos. São essas parce-rias que vão permitir que asempresas adquiram maiorcompetência, experiências ecompetitividade”, assim comoirão favorecer o seu cresci-mento, de modo a transformaras vantagens comparativas doPaís.

O gestor entende que “o mo-mento é exactamente propíciopara que as empresas possaminteragir e dialogar encon-trando o caminho para a suaevolução conjunta, no interes-se do ganho mútuo”.

P A R C E R I A S P Ú B L I C O - P R I V A D A S

Novas fontes de financiamentoconstituem um desafio para ÁfricaO continente necessita de 90 mil milhões USD anuais para as infra-estruturas até 2020. Ministra angolanado Planeamento sugere a busca de soluções ousadas.

O país europeu concedeumais 25 bolsas de estudoa estudantes angolanos,

que já se encontramnaquele território

há uma semana.

ANTÓNIO PEDRO

Um grupo de 25 bolseiros an-golanos partiu no final da últi-ma semana para França, apósuma cerimónia de despedidacom o embaixador do país eu-ropeu em Angola, PhilippeGarnier.

Do total de bolseiros, 18 fa-zem parte de um pacote de par-ceria entre a cooperação fran-cesa no nosso País e o InstitutoNacional de Bolsas de Estudo(INABE), enquanto quatro fo-ram apurados por intermédio

da petrolífera Total e três,igualmente, pela petrolíferaSchlumberger.

Este é o segundo grupo quesegue para estudos em França,ao contrário do primeiro, com-posto de 18 bolseiros, que par-tiu para França há um ano, noinício de Julho de 2011.

O programa previa o envio de40 bolseiros até à presentefase, mas já se ultrapassou talmeta.

Em Julho passado, a embai-xada de França e o INABE afir-maram que o investimentoacordado entre Luanda e Parisestá avaliado em 4 milhões USDpara a formação de estudantesangolanos durante três anos.

Tal como o grupo de 2011 foiescolhido a partir das provín-cias de Luanda, Benguela, Ca-binda e Huambo, o presentemodelo de escolha não foi alte-rado.

Entre os 25 bolseiros, os se-leccionados das petrolíferas

Total e Schlumberger sãooriginários de diferentes pro-víncias e estudarão cursos di-reccionados ao sector petrolí-fero.

Para além dos cursos indica-dos pelas petrolíferas, os bol-seiros continuarão a optar poroutras especialidades, do ramoindustrial, construção civil, te-lecomunicações, informática,e demais especializações.

Um dos bolseiros, prove-niente de uma das escolasEiffel da província do Cunene,Manuel Madeca, vai para o

Burkina Faso estudar enge-nharia de água na cidade deOuagadougou.

Explicou ao Expansão que aprovíncia do Cunene enfrentaescassez de água há décadas, ea Total entendeu que é alturade se formar especialistas lo-cais na matéria, para ajudar ainverter o quadro menos favo-rável que a região enfrenta.

A formação tem prazo detrês anos e serve para prestarapoio até em barragens hi-droeléctricas.

Formação da línguaOs bolseiros seleccionados, emdeclarações ao Expansão, afir-maram que estudaram a línguafrancesa durante dois meses,em módulo intensivo.

A Alliance Française deLuanda avaliou o grupo e asse-gurou que está em condiçõesde se comunicar na línguafrancesa.

“Quando chegarmos a Fran-

ça, vamos fazer mais um cursointensivo de língua francesadurante dois meses”, explicouo bolseiro Rangel Oliveira,proveniente da província deMalanje.

O bolseiro que foi um dosmelhores estudantes das esco-las Eiffel (escolas secundárias)na sua província, teve um ren-dimento acima da média, 17 va-lores, e vai estudar engenhariaquímica na região francesa deLimon.

“É uma formação que mepermite trabalhar até em in-dústrias têxteis”, enfatizou.

Refira-se que, para a selec-ção de bolseiros, a embaixadade França tem deslocado espe-cialistas do seu país para pres-tarem apoio na avaliação doscandidatos.

O INABE e a embaixada con-tinuam a velar pelo acordo deacompanhamento dos estudan-tes, para um melhor aproveita-mento do investimento feito.

F O R M A Ç Ã O A C A D É M I C A

França reforça contingente de bolseiros angolanos

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Apesar da apostado Estado nasinfra-estruturas,é, impossívelde forma isoladaarcar coma totalidadedas despesaspara o efeito

Desde Julhode 2011, a Françarecebeu 43 jovensbolseirosangolanos

Page 29: Jornal Expansão

ESTÊVÃO MARTINS

A 3.ª edição da feira agro-pecuá-ria e industrial do Uíge, que de-corre desde o último domingonaquela cidade, na Praça da In-dependência local, congregamais de 500 expositores dosmais variados sectores, num es-paço de 10 mil metros quadra-dos.

A presente edição, que decor-re no âmbito das comemoraçõesdos 95 anos de existência da ci-dade do Uíge, está a ser organi-zado pelo governo local em par-ceria com a Feira Internacionalde Luanda (FIL). O término estáprevisto para amanhã, dia 7.

Sob o lema “Uíge, Renascerpara o Desenvolvimento”, o ob-jectivo fundamental do certameé relançar a economia da pro-víncia, dinamizando para o efei-to parcerias estratégicas de ne-gócios, bem como o fomento deuma base sustentável de desen-volvimento da região.

A gestora da feira, Luiana Va-lejo, falou ao Expansão a partirda província cafeícola, afirman-do que dos objectivos da realiza-ção da feira consta a criação denovas oportunidades de negó-cio com vista a potenciar o em-presariado local, assim comocontribuir para a recuperação eo relançamento da actividadeagro-industrial da províncianos sectores do turismo e do co-mércio.

Identificar e envolver actorespúblicos ou privados, que direc-ta ou indirectamente venham aimpulsionar a implementaçãodo Plano Estratégico de Desen-volvimento da província, paraestimular parcerias entre asempresas nacionais, locais e es-trangeiras.

Luiana Valejo considerou ain-da que consta dos objectivos dafeira engajar todas as forças dasociedade civil no desenvolvi-mento estratégico da provínciae “angariar” investidores a tra-vés da realização de bolsas denegócios constantes.

Atracção de investimentosSegundo a gestora do evento, éainda missão da feira do Uígedar visibilidade às potencialida-des e oportunidades de negó-cios que a província oferece, eatrair potenciais investidoresnacionais e estrangeiros à pro-víncia para o seu rápido desen-volvimento.

“A província do Uíge é uma

das regiões mais populosas deAngola e uma das que possuemmuitas potencialidades, do pon-to de vista agrícola e industrial”,notou, anunciando que a parce-ria entre a FIL e o governo pro-vincial se vai manter.

Os sectores agrícolas e indus-triais, na opinião da gestora,sempre constituíram a basefundamental da sua economia,desenvolvendo-se inicialmentea agro-pecuária e, posterior-mente, a indústria. Refira-seque o Uíge foi considerado oquarto maior parque industrialde Angola na era colonial.

Nesta altura, em que a provín-cia se encontra numa fase dedesenvolvimento, a realizaçãoda feira lança as bases para a re-cuperação do sector produtivo eindustrial, para além de fortale-cer o sector empresarial tor-nando-se cada vez mais compe-titivo, segundo Luiana Valejo.

Sectores em exposiçãoNa feira estão em exposição di-ferentes sectores de actividade,nomeadamente banca, teleco-municações, agro-pecuária, in-dústria transformadora, áreacultural e uma área de inova-ções, informou a gestora doevento.

Consta ainda a presença deuma área ligada às administra-ções municipais, que exibem osprincipais produtos do campoproduzidos nas respectivas re-giões, uma área de exposição deanimais e de máquinas e umapraça de alimentação.

Além de expositores nacio-

nais, nesta 3.ª edição, a feira re-gista a participação de quatropaíses estrangeiros, designada-mente Portugal, Alemanha, Na-míbia e África do Sul, que trou-xeram cerca de 15 empresas ex-positoras. A organização esperareceber 100 mil visitantes du-rante os sete dias de exposição.

Em paralelo, realizou-se nosdias 4 e 5 o I Fórum Provincialde Oportunidades de Negócios eInvestimentos, que decorreunuma das unidades hoteleirasdaquela província.

No fórum, debateu-se as po-tencialidades do sector agro--pecuário da província, as gran-des linhas do desenvolvimentoagro-pecuário de Angola e suaincidência no desenvolvimentoda região, em que foi orador oministro da Agricultura e dasPescas, Afonso Pedro Canga.

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PROVÍNCIASB O L S A D E N E G Ó C I O S

Feira agro-pecuária e industrial doUíge reúne mais de 500 expositoresA feira regista a participação de quatro países estrangeiros, Portugal, Alemanha, Namíbiae África do Sul, que trouxeram ao evento cerca de 15 empresas expositoras.

HuílaExploraçãode ouro na Jambae no Kuvangocomeça em breve

A exploração de ouronos municípios da Jamba e doKuvango, leste da cidade doLubango, província da Huíla,começa tão logo terminemos trabalhos de prospecçãoque estão em fase conclusiva,anunciou o governador Isaacdos Anjos. Ao falar à margemda inauguração da agênciado banco BTV-África,na cidade do Lubango,o governante notou que ostrabalhos de prospecçãoestão em fase de conclusão.Sem avançar dados sobreas quantidades e qualidadedo produto, Isaac dos Anjosesclareceu que haverá umaabertura do mercado parainvestidores nacionais einternacionais interessadosna extracção deste minério.

Kwanza Norte-NgonguemboNova captaçãode água nasceno Ngonguembo

A sede do município deNgonguembo, província doKwanza Norte, terá a partirde Agosto um novo sistemade captação, tratamentoe distribuição de água,inserido no programada administração local decombate à fome e à pobreza.De acordo com oresponsável da empresaencarregada da execuçãodas obras, António Tchiong,a água que vai abastecero projecto será captadaa partir do rio Sengueji,localizado a três quilómetrosda sede municipalde Ngonguembo, serásuportado por um tanquereservatório com capacidadede 200 mil metros cúbicos.

ProvínciaUíge

CapitalUíge

Superfície58 698 km2

Habitantes1 000 000

MunicípiosAmbuíla, Bembe, Buengas, Bungo,Damba, Alto Cauale, Maquela doZombo, Milunga, Mucaba, Negage,Puri, Quimbele, Quitexe, SanzaPombo, Songo e Uíge

Principais sectoresde actividadeAgro-pecuária e indústria

Entre os objectivosda realizaçãoda feira constaa criação de novasoportunidade paraatrair potenciaisinvestidoresà região

No certame estãoem exposiçãodiferentes sectoresde actividade,nomeadamentebanca,telecomunicações,agro-pecuária,indústriatransformadora,entre outros

O café, principal referência da província, está em grande nesta 3.ª edição da feira do Uíge

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 37

DESPORTO

PAULO JORGE PEREIRAExclusivo Diário Económico

O Europeu de 2008 garantiu22 milhões de euros; dois anosdepois, o Mundial valeu 24,8milhões EUR; agora, o títuloeuropeu assegura mais 23 mi-lhões EUR. Só em prémios pa-gos por UEFA e FIFA em fun-ção dos triunfos, a selecção es-panhola reuniu, em quatroanos, uma verba muito próxi-ma dos 70 milhões EUR (69,8milhões).

Em relação a este montante,a Federação Espanhola distri-bui uma parte por jogadores eequipa técnica. No caso do Eu-ropeu, cada elemento recebe300 mil euros, metade do quevaleu o triunfo no Mundial sul--africano e mais 86 mil eurosface aos pagamentos peloCampeonato da Europa de2008.

Segundo a imprensa espa-nhola, haverá sempre diferen-ças no modo como são tributa-dos estes valores. Por um lado,a UEFA estabeleceu com Poló-nia e Ucrânia, organizadoresdo evento, um acordo que isen-ta os jogadores de pagamentofiscal nos países onde se reali-zou a competição, transferin-do essa questão para as áreasde residência de cada premia-do. No fundo, algo de seme-lhante ao que a UEFA conse-guira a propósito das duas últi-mas finais da Liga dos Cam-peões, da final da Liga Europadeste ano e também em relaçãoaos Jogos Olímpicos de Lon-dres.

No entanto, um outro acordoentre Polónia e Espanha prevêque, embora não paguem aoFisco por aquilo que ganhemno país – e os espanhóis reali-zaram três jogos em solo pola-co –, esse montante será de-pois somado aos ganhos anuaise mencionado na declaração de

IRS. Reina, Torres, Mata e Sil-va, jogadores do futebol inglês,ficam sujeitos às leis locais.

Quanto ao que têm de entre-gar ao Fisco, em Espanha a per-centagem pode variar por cadacomunidade autónoma. Exem-plos: 51% em Madrid e 56% naCatalunha. Assim, caso nãoexista algum acordo que salva-guarde outras situações entreRFEF, jogadores, técnicos e oConselho Superior de Despor-to, cada premiado pode receberde 132 mil a 147 mil EUR.

Na Internet circula um abai-xo-assinado com milhares departicipantes, entre os quaisalguns políticos, pedindo que,neste contexto de crise no país,o prémio total de 7 milhõesEUR seja entregue ao Estadopara ajudar no esforço de equi-líbrio das contas públicas.

Krugmane o consumo internoO Nobel da Economia PaulKrugman apontou a vitória es-

panhola no Europeu comouma hipótese interessante noaumento do consumo interno.“Felicito a equipa pela con-quista do título e penso quepode ajudar a que se gaste umpouco mais, impulsionando aautoconfiança da população”,referiu à agência EFE. Dadosda Federação Espanhola deHotelaria e Restauração indi-cam que domingo à noite se re-gistou mais 40% de facturaçãonos bares e restaurantes, en-quanto a Confederação de Em-presários do Comércio da capi-tal revelou ter havido mais 20milhões de euros de receitasno sector, incluindo hotéis eactividades nocturnas, desde oinício do Europeu, a 8 de Ju-nho.

“España entera se va de bor-rachera”, cantava-se nas ruasespanholas depois do título. Asinformações económicas dasduas entidades confirmam quehouve muita gente a fazer des-pesa.

F U T E B O L

Espanha conquista 70 milhões em quatro anosAos 23 milhões EUR deste título europeu juntam-se 22 milhões EUR de 2008 e os 24,8 milhões EURdo Mundial há dois anos. Jogadores recebem 300 mil, Fisco está atento.

Na Internet circulaum abaixo-assinadopedindo que, nestecontexto de criseno país, o prémiodo Euro 2012,de 7 milhões EUR,seja entregueao Estado paraajudar no esforçode equilíbriodas contas públicas

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INTERNACIONAL38 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

PEDRO DUARTEExclusivo Diário Económico

Em visita a Portugal para par-ticipar num seminário sobre oinvestimento em Cabo Verde,o ministro Humberto Brito ex-plica as prioridades de investi-mento do governo cabo-ver-diano, que tenciona fazer doarquipélago um hub de saúdeda África Ocidental, para atrairo turismo sénior dos paísesdesenvolvidos.

Que oportunidades de in-vestimento há em Cabo Ver-de?Existem vários sectores aber-tos a potenciais investidores,nomadamente no turismo, nasenergias renováveis – que esta-mos a abrir ao sector privado –na saúde, na privatização dagestão dos portos, e na futuraprivatização da empresa ener-gética nacional. Também hápossibilidades de investir em

negócios nas empresas regio-nais. Há uma série de possibili-dades interessantes para os in-vestidores.

Algum sector que saliente?O melhor campo é o da saúde,que representa a aposta maisimportante que o governo deCabo Verde tem em mãos. Te-mos vários hospitais, forma-mos especialistas nas mais di-versas áreas, e muito boas ava-liações das entidades interna-cionais, e podemos sustentareste desenvolvimento. Comesta base, temos agora comoprioridade garantir a seguran-ça para o turismo sénior [turis-tas maiores de 65 anos] . Esta-mos a contar com o investi-mento privado para promover

um hub de saúde regional, demodo a que os turistas senio-res possam desfrutar das nos-sas ilhas, ao mesmo tempo quetratam dos seus problemas desaúde. Sublinho que, para alémdos incentivos já existentes,vamos anunciar em breve olançamento de mais incenti-vos aos investidores. Actual-mente, os incentivos variamconforme a natureza da activi-dade e o volume de investi-mento. Não obstante, a lei per-mite a negociação das condi-ções, que podem ir desde aisenção de impostos durantecinco anos, um prazo que podeser alargado. Os impostos so-

bre os rendimentos tambémsão reduzidos, e igualmente astaxas sobre o repatriamento decapitais.

Mencionou também o sectorenergético. É um sector im-portante?Temos tido parcerias impor-tantes. Há menos de dois anosforam instalados dois camposde painéis solares que têm tidogrande importância para a ge-ração de energia nacional.A nível da potência instalada,atingimos a meta de ter 25% danossa energia como renovávelem 2011, estando a apontarpara os 50% em 2020. Even-

tualmente, havemos de chegaraos 100%. Para desenvolver es-tas energias renováveis, há queapostar no sector privado. Porisso, vamos criar condiçõespara que muitas empresas, na-cionais e estrangeiras, partici-pem nos concursos que serãoabertos.

Para desenvolver o turismo,o acesso fácil ao país é vital.Como planeia o executivoresolver este problema?O destino turístico tem de seracessível, e o melhor são osvoos de tipo low cost. As rotasfixas regulares têm tido umcusto muito elevado, o que pre-judica a desejabilidade do des-tino.

A crise europeia está a afec-tar Cabo Verde?Somos uma economia muitoexposta à Europa. No nossopaís há muito investimento deempresas europeias e o câmbioda moeda está ligado ao euro.Além disso, existe uma grandecomunidade dispersa pelocontinente europeu, que sentedirectamente os efeitos da cri-se. É preciso ter em conta que osistema bancário cabo-verdia-no é sólido, por assentar embancos locais, que são menosafectados pela crise. Mas a ver-dade é que temos uma econo-mia aberta, e esta obriga-nos aestar expostos à crise.

“O turismo sénior temprioridade em Cabo Verde”

Entrevista Humberto Santos de BritoEntrevista Ministro do Turismo, Indústria e Energia de Cabo Verde

“O destinoturístico temde ser acessível,e o melhor sãoos voos de tipolow cost”

O governo cabo-verdiano aposta na criação do melhor sistema de saúde da região, para atrair o turismo sénior.

“Estamosa promoverum hub de saúderegional, de modoa que os turistaspossam desfrutardas nossas ilhasenquanto tratamda sua saúde”

Oposição vencenas autárquicasO Movimento paraa Democracia (MpD) obteveuma nova vitória nas eleiçõesautárquicas que se realizaramno domingo em Cabo Verde,revelou a DirecçãoGeral de Apoio ao ProcessoEleitoral do país. Segundoesta fonte, o MpD venceuas eleições em 13das 22 câmaras do país,o que representa a vitóriaem mais uma câmarado que nas eleições de 2008.Já o Partido Africanoda Independência de Cabo Verde(PAICV), actualmenteno governo, ficou comapenas 9 câmaras,contra as 10 que detinhaantes. O MpD conseguiu 46,5%dos votos, enquanto o PAICVficou com apenas 40%.

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40 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

INTERNACIONAL40 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

PEDRO FERNANDES

Embora sem consenso, a Vene-zuela torna-se a partir do próxi-mo dia 31 de Julho no mais novomembro pleno do Mercosul,projecto de integração econó-mica, política e social dos paísesda América do Sul. A decisãodeu-se à revelia do Paraguai,suspenso do grupo após a polé-mica destituição do ex-presi-dente Fernando Lugo por “maudesempenho das suas funções”.O país era o único integrante dobloco que ainda não havia ratifi-cado a adesão dos venezuelanos.

A deliberação foi anunciadana última sexta-feira (dia 29)pela presidente da Argentina,Cristina Fernández de Kir-chner, durante a cúpula de che-fes de Estado do bloco, realizadaem Mendonza.

O país governado por HugoChávez pediu para entrar no

Mercosul em 2005, duranteuma cúpula de presidentes, rea-lizada em Caracas. Desde então,a Argentina, o Brasil e o Uruguaiaprovaram a incorporação nospoderes Executivo e Legislati-vo. A aprovação pelo Paraguaiestava pendente desde 2009.

Consultados pela Reuters,economistas norte-americanosacreditam que, com a entrada daVenezuela, o bloco incorporaráuma economia de peso, forte-mente demandante e importa-dora de todo tipo de bens, espe-cialmente alimentos e serviços,o que tornará a sua economiamais consistente.

Segundo a secretária-executi-va da Comissão Económica paraAmérica Latina e o Caribe (Ce-pal), Alicia Bárcena, a adesãovenezuelana ao Mercosul cons-titui um sinal “muito podero-so”.

“O Mercosul tem um terço dasreservas de água do mundo, umterço das terras cultiváveis,mais de 45% da produção de

soja. É uma região muito forte.E agora com a integração da Ve-nezuela há expectativa que a in-tegração energética possa sermaior no futuro”, disse AliceBárcena.

Governada pelo presidenteHugo Chávez desde 1999, a Vene-zuela passou, depois da PrimeiraGuerra Mundial, de uma econo-mia essencialmente agrícolapara uma economia centrada naextracção e exportação de petró-leo, sendo actualmente a activi-dade responsável por cerca deum terço do Produto InternoBruto, bem como representantede 80% das receitas de exporta-ção. Recentemente, a Venezuelafoi certificada como detentora damaior reserva de petróleo domundo, com aproximadamente297 bilhões de barris. Esse po-tencial energético atingiu di-mensões políticas, económicas esociais inéditas quando o Estadoassumiu em 2013 o controlo daPDVSA, principal empresa dosector petrolífero.

Não obstante a estes elemen-tos, vantajosos a princípio, a co-munidade política paraguaia re-pudiou a adesão da Venezuelano Mercosul, considerando-amesmo um “golpe rasteiro”aplicado aos países vizinhos.

Já Hugo Chávez comemorou adecisão, garantindo que consti-tui “uma derrota para o imperia-lismo” e para as “burguesias la-caias, incluindo a burguesia ve-nezuelana que também, conec-tada com a burguesia do Para-

guai, fez todo o possível para im-pedir a entrada da Venezuela nobloco”.

A suspensão do Paraguai doMercosul pela destituição dopresidente Lugo permitiu que aArgentina, o Brasil e o Uruguaidecidissem pela entrada da Ve-nezuela no bloco.

Paraguai foraO Paraguai foi suspenso tempo-rariamente do Mercosul devidoà decisão do Senado em desti-tuir no dia 22 de Junho o presi-dente Fernando Lugo, na se-quência de um processo que du-rou 36 horas. A falta de ratifica-ção legislativa do país era o últi-mo obstáculo que existia para aVenezuela aderir ao Mercosul.A animosidade tanto do Con-gresso quanto do novo governoparaguaio com a Venezuela égrande.

Nesta semana, a Câmara dosDeputados do Paraguai deverádeclarar o chanceler venezuela-no Nicolás Maduro “persona

A P E N S A R N O D E S E N V O L V I M E N T O

Mercosul dá boas-vindas à VenezuelaA pátria de Hugo Chávez teve de aguardar sete anos para ser aceite como membro pleno do bloco económicodo Sul, uma demora justificada pela falta de consenso no grupo quanto à entrada de “los hermanos”.

A decisão deu-se àrevelia do Paraguai,suspenso do grupoapós a polémicadestituição do seuex-presidente por“mau desempenhodas suas funções”

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EXPANSÃO | 6 de Julho 2012 41

non grata” no país. Nicolás Ma-duro está a ser acusado de tertentado entrar em contacto comas Forças Armadas do Paraguaiquando esteve no país, juntocom os demais chanceleres docontinente, para tentar impedira destituição de Fernando Lugo.

Vantagens em tera Venezuela por dentroO ingresso venezuelano, emtese, agrega ao bloco um merca-do comprador potencialmenterelevante, mas o Mercosul hojeé pouco importante para a Ve-nezuela. Segundo dados do ban-co central do país, em 2011 a Ve-nezuela gastou 50,7 mil milhõesUSD em importações de bens, oequivalente a duas vezes o PIBdo Paraguai. Os Estados Unidosresponderam por 12,3 mil mi-lhões USD em compras e os paí-ses do Mercosul, somados, por6,7 mil milhões USD, sendo 4,6mil milhões do Brasil.

Apenas com Uruguai e o Para-guai a Venezuela possui uma re-lação superavitária, graças àvenda de óleo. No caso do Para-guai, as exportações venezuela-nas são de 360 milhões USD e ascompras de 100 milhões USD.No caso uruguaio, as vendas daVenezuela são de 460 milhões eas importações de 140 milhõesUSD. O fluxo de comércio da Ve-nezuela para a Argentina é pra-ticamente nulo. O país presidi-do por Cristina Kirchner adqui-

riu apenas 20 milhões USD debens e serviços da Venezuela em2011, que importou 1,8 mil mi-lhões de origem argentina.

Para este não, o Ministério doDesenvolvimento, da Indústriae do Comércio do Brasil refereque as exportações brasileiraspara a Venezuela cresceram40% em relação ao ano passado.De Janeiro a Maio, o Brasil ven-deu ao país vizinho 1,9 mil mi-lhões, ante 1,4 mil milhões nomesmo período de 2011. A ex-portação de bovinos vivos foi oprincipal item, com 9,4% do co-mércio, seguido de carne bovi-na, com 9,1%; aparelhos paradestilaria de álcool, com 6,5%;e carne de frango, com 5,1%.As importações da Venezuela,que foram de 1,3 mil milhões em2011, devem manter o ritmoeste ano.

Quando Chávez assumiu, em1999, a Venezuela comprava do

mundo apenas 15,4 mil milhõesUSD. Nesses treze anos, entre-tanto, a evolução esteve longe deser linear. Em 2003, por exem-plo, as importações não passa-ram de 11,2 mil milhões USD eem 2008 chegaram a 55,4 milmilhões USD. Comparativa-mente a 2010, as importaçõesaumentaram 20%.

A Venezuela exportou 92,6mil milhões USD no ano passa-do (mais do que a Argentina),mas com uma pauta pratica-mente restrita ao petróleo e aosseus derivados. De tudo que aVenezuela vendeu, 88 mil mi-lhões foram óleo e gás, explora-dos pela estatal PDVSA. Os Es-tados Unidos, país com o qualChávez mantém uma agressivi-dade retórica permanente, pa-garam 42,2 mil milhões por pe-tróleo venezuelano.

O Mercosul, Mercado Co-mum do Sul, é a União Aduanei-ra a Argentina, o Brasil, o Para-guai e o Uruguai, instituída pelaassinatura do Tratado de As-sunção, em 26 de Março de 1991.

O aprofundamento do pro-cesso de integração, com a con-solidação do livre comércio e dapolítica comercial comum naregião, pretende alcançar, no fu-turo, um Mercado Comum.O Mercado Comum é o estadode integração económica quecompreende a União Aduaneirae o livre movimento de factoresprodutivos.

Actualmente, os EstadosAssociados ao Mercosul são:A República da Bolíviadesde 1997

A República do Chiledesde 1996

A República da Colômbiadesde 2004

A República do Equadordesde 2004

A República do Perudesde 2003

A República da Venezuelaa partir de 2012

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INTERNACIONALO MUNDO NUMA PÁGINA

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WEEKENDEXPANSÃO ESTILOTENDÊNCIASCULTURA

Texto JOÃO DA CUNHAFoto DR

Canta principalmente soul mu-sic, dentro de várias influên-cias: afro jazz, blues, massem-ba, e bossa nova. Canta inspira-da por nomes sonantes da nos-sa música e não só: Sara Tava-res, Paulo Matumina, FilipeMukenga e Filipe Nzau, Andrée Rui Mingas e Djavan são al-guns. O amor é a principal ban-deira das suas canções, por issomuitos apostam nela comosendo a futura embaixadora damúsica romântica angolana,pelo menos na classe feminina.De tão diferenciada e maduraque a sua música é, a cantora àsvezes tem sido desacreditadatoda a vez que afirma ter 22anos. “Sim, ninguém acreditaque tenho a idade que tenho,por causa da música que faço,por considerarem tratar-se deum estilo típico de artistas commais idade.”

Recuando no tempo, aos 12anos, a convite do seu professorde música, cantou pela primei-ra vez em público, no encerra-mento de fim de ano escolar.A experiência nem por issocorreu tão bem, pois só a dadomomento da actuação é queteve a coragem de enfrentar opúblico, pois durante boa parte

da actuação esteve de costas vi-radas para a audiência. Guisel-da Tainara Salgueiro Porteli-nha ou Selda, como é carinhosae artisticamente conhecida, co-meçou a escrever poesias e al-gumas letras após ter conheci-do e começado a trabalhar comos também músicos Zé Maria

Boyote e Paulo Chicangala.Com este último, aprendeu aaplicar melodias às suas can-ções e a ter mais noção sobremúsica e domínio de voz. “Es-tas duas pessoas foram muitoimportantes para mim, porquecom elas iniciei a trilhar osmeus primeiros passos no lon-go caminho da música”, recor-da.

Dona de uma voz sensual ecativante, Selda apresenta oseu disco de estreia no primei-ro semestre deste ano, ela queem tempos idos, e tambémfruto da voz que tem, foi convi-dada para fazer vários spotspublicitários para a RádioLuanda bem como a participarem coros de algumas bandas eartistas angolanos. Em 2005,tornou-se uma das fundadorasda banda The Kings, como vo-calista. Era o único elementofeminino da banda, que seapresentava todas as sextas--feiras no clube com o mesmonome. E assim foi durantequatro anos. Em Setembro de2006, tinha ela 16 anos, é con-vidada pelo autor, professor ecompositor Jomo Fortunato ainterpretar uma das suas can-ções no Festival da Canção daLuanda Antena Comercial(LAC), um evento comemora-tivo do aniversário natalícioda cidade de Luanda. Essa Voz,assim se intitulou a música,acabou por ser eleita a CançãoPreferida do Público. A convi-te do também músico Konde,volta a participar no mesmofestival em 2008. Tendo inter-pretado a música LuandaKianda, ficou com o terceirolugar daquela edição, corres-pondente à melhor letra. Des-de então, não mais parou, par-ticipando em trabalhos de vá-rios artistas.

Como já referimos, gosta decantar principalmente sobre oamor nas suas diversas varian-tes: ciúme, conquistas, amorese desamores, encontros e des-encontros. Apesar de solteira,acredita que as suas cançõespodem ser fonte de cura e soli-dificação de muitos casais apai-xonados. “É que sou daquelas

que ainda acreditam no amor àmoda antiga, e que no final detudo, o amor vence”, afirma,terminante.

“Menina dos pés descalços”Não poucas vezes, Selda temsido confundida com outrascantoras já firmadas. Até mes-mos os radialistas tendem a fa-zê-lo. Curiosamente, nunca éconfundida com uma artistanacional, mas sim como mo-çambicana, cabo-verdiana oumesmo portuguesa. Para desfa-zer qualquer equívoco, a artistadecidiu denominar o seu álbumde estreia com o título de More-na de Cá. É uma forma que en-controu para enfatizar que é,efectivamente, de nacionalida-de angolana.

Normalmente, a cantoracanta sempre descalça quandoactua ao vivo, qual CesáriaÉvora em plena performance.Sim, a cabo-verdiana é para elauma referência, inclusive umamusa, mas não é por isso que

Selda optou por passar a cantardescalça. Foi tudo um acaso,conforme conta: “No Festivalda Canção da LAC, quando eume aprestava para subir ao pal-co, senti-me inconfortávelcom os sapatos; decidi entãodescalçá-los e cantar assim,sem nada nos pés. Foi uma dasmelhores coisas que fiz e sinto--me bem. A partir daquele mo-mento, e até hoje, apresento--me sempre descalça, confereuma certa paz e creio que vai

ser sempre assim”, diz, deter-minada e orgulhosa.

Até agora, a artista já temgravados dois videosclips, desi-gnadamente das canções Apai-xonada e Aquela Rua, tambémelas integrantes do álbum, umtrabalho que a obrigou a cance-lar a matrícula no ensino supe-rior em que cursa Administra-ção. Além de cantar, é agente deviagens numa agência. Mas é damúsica que quererá viver inte-gralmente um dia.

S E L D A

“Ainda acreditono amor à modaantiga e, nofinal, ele vencesempre!”É já no próximo dia 21 de Julhoque a intérprete e compositora se estreiano mercado discográfico, apresentandoum álbum dirigido a um público selecto.

Morena de CáO álbum, uma produção independente, tem 12 faixas musicais. Morenade Cá, a designação da obra, tem todos os temas cantados em portu-guês. Tem participações de Paulo Matumina e Toti. Foi gravado no Estú-dio Companhia dos Técnicos, Rio de Janeiro, e na Nossa Música. Ana Li-mar, filha de Martinho da Vila, é uma das participantes nos coros destedisco. Contou igualmente com a participação de alguns instrumentistasbrasileiros, e 40 mil unidades do disco serão colocadas ao dispor do pú-blico. Seis das letras foram escritas por si, enquanto Paulo Matumina(1), Filipe Zau-Mukenga (1), Jomo Fortunato (2) e Totó (1) escreveram osdemais temas.Ninguém acredita

na idade quetenho pelamúsica que faço

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WEEKENDEXPANSÃO E S T I L O / T E N D Ê N C I A S / C U L T U R A

A Adega de Borba assinalou o lan-çamento de novas colheitas, emtrêsdassuasgamas,comumapro-va de vinhos e um almoço de de-gustaçãonoRestauranteBelcantoparajornalistasespecializados.

A acompanhar uma ementa es-pecialmente preparada para oevento pelo chefe José Avillez, foipossível provar as novas colheitasdos vinhos Senses Alvarinho 2011,Montes Claros Reserva Branco2011, Adega de Borba Premium2010, Montes Claros Reserva Tin-to 2010, Montes Claros Garrafeira2008.

Com a orientação e os comentá-rios do director de enologia daAdega de Borba, Óscar Gato, fo-ram provados, antes do almoço, osnovos vinhos Adega de Borba Ro-sé 2011, Montes Claros ColheitaBranco 2011, Montes Claros Co-lheita Tinto 2010, Senses Syrah2010, Senses Touriga Nacional2010eSensesAlvarinho2011.

Manuel Rocha, CEO da Adegade Borba, sublinhou na ocasiãoque“ascolheitasde2010e2011re-velaram um excelente comporta-mento, permitindo dotar as diver-sas marcas da Adega de Borba deuma qualidade acrescida. As ga-mas Montes Claros e Senses saemespecialmente favorecidas, comnovas colheitas já medalhadas aouro em concursos internacio-nais”.

Segundo Óscar Gato, directordeenologiadaAdegadeBorba,“nacolheita de 2010, os vinhos tintosapresentam características parauma boa evolução em cave, equili-brados em álcool, acidez, antocia-nas e polifenóis, ao passo que ostintosdacolheitade2011têmmaiscor, estrutura e maior equilíbrio,nomeadamente em acidez e ele-gância, pelo que aguardamos umaevolução favorável durante o está-gio”. E conclui: “De uma formaglobal, o comportamento das cas-tas foi muito bom, sobretudo nacolheita de 2011.Os vinhos bran-cos têm mais frescura e destacam--se pela predominância de frutotropical.”

As novas colheitasNas novas colheitas, o destaque

vai sem dúvida para a gama Mon-tes Claros, com cinco novas co-lheitas, entre as quais duas meda-lhas de ouro. O Montes ClarosGarrafeira 2008, distinguido como ouro no 19.º Concurso Mundialde Bruxelas, caracteriza-se poruma boa intensidade aromática,com destaque nas notas de frutosvermelhos em compota, café, cho-colate e especiarias. Pode ser con-sumidodeimediato,masdeprefe-rência deverá ser deixado a esta-giaraté10anos.

No caso do Montes Claros Re-serva Branco 2011, as castas foramacompanhadas separadamentedurante o estágio, sendo o lote fi-nal realizado apenas com os me-lhores vinhos avaliados durante aPrimavera. Este é um vinho que se

distinguepeloseuaspectocristali-no, com uma cor esverdeada adourada,epelopaladarmacioere-frescante.

Com um aroma rico e cheio, oMontes Claros Reserva Tinto2010evidenciaaromasacompota,geleia e cacau, e deve ser servidoem acompanhamento de pratosde carne ou de queijo de pastasemidura. No almoço, foi aindapossível provar o Adega de BorbaPremium 2010, o qual provém deuvas seleccionadas nas mais anti-gas vinhas da região de Borba. Decorgranadacomgrandeprofundi-dade, é um vinho ideal para acom-panhar pratos elaborados comoborrego, caça ou queijos tradicio-nais.

Depoisdefazerpartedosvinhosda prova, o Senses Alvarinho inte-

grou também a ementa do chefeAvillez. Casta recente nos encepa-mentos da região Alentejo, apre-senta um aspecto cristalino e corde limão maduro. O seu aroma éintenso, a frutos tropicais e frutoscitrinoscristalizados.

Naprovaqueantecedeuoalmo-ço, destaque para outros dois vi-nhos da gama Senses e para um vi-nho Montes Claros. Medalhadocom ouro no Challenge Interna-cional du Vin-France 2012, o Sen-sesTourigaNacional2010temumsabor macio, equilibrado na aci-dez, com taninos a frutado madu-ro e frutado silvestre e com espe-ciarias em sintonia. Por seu lado, oSenses Syrah 2010 distingue-sepela boa intensidade aromática,evidenciando frutos pretos, boloinglês e chocolate. Esta casta en-contra na região de Borba condi-ções excecionais para o seu desen-volvimento e expressão das suascaracterísticas sensoriais tãoapreciadas,afrescuraeamadurez.

NagamaMontesClaros,édesa-lientar o Montes Claros ColheitaTinto 2010, medalhado com ourono Sélections Mondiales des Vins2012.

Sobre a Adega de BorbaFundada em 1955, a Adega de Bor-ba reúne hoje cerca de 300 viticul-toresassociadosquecultivamcer-cade2000hectaresdevinha(70%castas tintas e 30% de castas bran-cas), produzindo anualmente1 milhão de caixas de 9 litros, sen-do um dos 10 maiores produtoresportuguesesdosector.

Dentro das suas marcas, desta-camos o Adega de Borba DOC, umdos vinhos mais vendidos em Por-tugal no seu segmento, o icónicoAdega de Borba Reserva “Rótulode Cortiça”, uma marca com maisde45anosqueseimpôscomoumadas referência no Alentejo, o his-tórico Montes Claros, uma marcaque remonta a 1945 e uma das pri-meiras a distinguir-se pela suaqualidade singular em Portugal, oConvento da Vila, que tem sidolargamente reconhecido pela suaóptimarelaçãopreço/qualidade,ea recente gama de monovarietaissobadenominaçãodeSenses.

T R Ê S G A M A S R E N O V A D A S … E P R E M I A D A S !

Adega de Borbaapresentou novas colheitas

WeekendLivro

O Escândalo do BPNcontado em livro

O Banco Português deNegócios tem marcado aagenda da Polícia Judiciária,da justiça e da políticaportuguesa. A sigla BPNtornou-se sinónimo desuspeita num escândalofinanceiro, ainda hoje pordeterminar na sua verdadeiradimensão, que arrastou onome de muitas figuras daeconomia e da política eenvolveu os últimos doisgovernos lusos: um primeiroque nacionalizoua instituição bancária paraevitar um contágio perigosoe de contornos impossíveis deadivinhar no decurso de umadas maiores crises financeirase económicas do últimoséculo; e um segundo a braçoscom o período de tempo dadopela troika para negociara venda do banco, que fez aosangolanos do BIC, por valoresbastante baixos.Reúne-se agora num volumeo trabalho de investigaçãorealizado pelo jornalportuguês Diário de Notíciaspara revelar o buraco nascontas públicas provocadopor este banco e dar o nomedos envolvidos, bem como aoperação que encobriu esteescândalo da supervisão dosresponsáveis do Banco dePortugal. Uma obra que reúneo melhor jornalismo deinvestigação num livrodesassombradoe esclarecedor.O livro O Escândalo do BPN,da autoria da equipa deinvestigação do DN que estevena génese dos artigos queforam publicados pelo jornal,será lançado no próximo dia28 de Junho em Lisboae será apresentado por NunoMelo, eurodeputadoe deputado coordenadordo CDS/PP na I ComissãoParlamentar de Inquérito aoBanco Português de Negócios,que também prefacia a obra.Deste modo, o DN e a Gradivadão um contributo para umareflexão objectiva por partedos cidadãos e dosresponsáveis políticos,económicos e sociais, aexemplo do sucedido nosanteriores quatro volumes dacolecção Grande Investigaçãojá publicados, a queacrescenta um novo capítulo:o dos trabalhos em curso nasegunda Comissão deInquérito ao BPN naAssembleia da República lusa.

• O estado a que o Estadochegou;• O estado do Parlamentoe as contas da Presidênciada República;• O estado da saúde;• O poder da maçonariaem Portugal.

EQUIPA DE INVESTIGAÇÃOSílvia Freiches, 43 anos,cursos de ComunicaçãoSocial/Jornalismo ePsicologia. Curso Profissionaldo CENJOR. Iniciou a sua

carreira no Público.Ingressou no Diáriode Notícias em 1997e integra a coordenaçãoda Grande Investigação.

Carlos Rodrigues Lima,34 anos, licenciado emJornalismo pela Universidadedo Minho, iniciou a suacarreira no jornal Alto Minhoem 1998.

Rui Pedro Antunes, 25 anos,licenciado em Jornalismona Universidade de Coimbra,iniciou a sua carreira no DNem 2008 .

Sónia Simões, 30 anos,licenciada em Jornalismopela Escola Superiorde Comunicação Social,Lisboa, e pós-graduada emCriminologia, iniciou carreiraem 2003 no jornal Correioda Manhã.

Marina Marques, 42 anos,iniciou a carreira jornalísticana secção de economiade O Jornal, em 1990.No ano seguinte, entrouno Diário de Notícias,na secção de Economia,que abandonou em 1992para fundar a revista NotíciasMagazine. Em 1999 regressaao DN.

Miguel Marujo, 40 anos,esteve nas redacções doPortugal Diário, Metro, 24Horas e escreve na secção dePolítica do Diário de Notícias.

Rui Marques Simões,27 anos, licenciado emJornalismo pela Universidadede Coimbra, iniciou a carreirana redação do Porto do DN,em 2007.

Tiago Figueiredo Silva,30 anos, licenciadoem Comunicação Sociale Cultural na UniversidadeCatólica Portuguesa, inicioua sua carreira jornalísticano Diário Económico em 2005.Em 2011, integrou a secção deeconomia do Diário deNotícias, conhecida porDinheiro Vivo.

O Montes ClarosGarrafeira 2008foi distinguidocom ouro no 19.ºConcurso Mundialde Bruxelas

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WEEKENDEXPANSÃO E S T I L O / T E N D Ê N C I A S / C U L T U R A

A marca lançao Martini Royale Castingcom o designer Christian

Louboutin paraencontrar a próxima

Martini Girl.

A Martini, uma das mais emble-máticas marcas do mundo, lançauma nova e emocionante campa-nha com o objectivo de encontrara nova mulher Martini que será aestrela da campanha publicitáriaque conta com a colaboração deChristian Louboutin no júri in-ternacional.

O Martini Royale Casting, quefoi buscar o seu nome ao cocktailMartini Royale, é uma pesquisaglobal para encontrar a mulherquerepresentaafilosofiaMartini“Luck is an attitude”. “Luck is anattitude” está profundamenteenraizado na história da marca,promovendo a jovialidade e en-corajando todos a viverem a vidaao máximo.

Para além de seguir os passosdas anteriores estrelas Martini,como Charlize Theron, NicolletteSheridaneMonicaBellucci,aven-cedora do casting irá também ga-nhar 150 mil EUR, 12 pares de sa-patosChristianLouboutine12pe-çasderoupadedesigner.

O Martini Royale Casting co-meçou com um primeiro castingao vivo aberto a todas as mulhe-res, com mais de 25 anos de idade,no Museu do Design em Londresno dia 23 de Maio.

O Martini Royale Casting glo-bal realizar-se-á a 28 de Maio em25 países, desde o Brasil a Portu-gal, passando pela África do Sul eItália. A candidata vencedoraseráeleitaemOutubroporChris-tian Louboutin e um importantepainel de jurados.

As mulheres poderão aderirà iniciativa em www.facebook.com/martini, onde terão de fa-zer o upload de um pequeno ví-deo demonstrando o porquê deserem elas as próximas estrelasMartini.

A escolha de Louboutin para ojúri internacional do MartiniRoyale Casting deveu-se ao seuestatuto como ícone do mundoda moda. Nos seus vinte anos deexistência, os encantadores sapa-tos Louboutin têm-se diferencia-do firmemente no mercado, mar-cando uma era. Os sapatos sãoimediatamente reconhecidospela sola vermelha, a sua imagemde marca. Os seus modelos sur-tem em todos os lugares onde en-contramos mulheres elegantes ecom estilo. Para premiar o 20.ºaniversário de Christian Lou-boutin e a sua dedicação ao de-sign inovador e perfeição, a Mar-

tini irá também patrocinar a suaexposição retrospectiva no Mu-seu do Design em Londres. Estaretrospectiva mostra criaçõesicónicas de Christian Louboutine uma carreira que tem supera-do os limites no que respeita aodesign de calçado.

“Tenho prazer em fazer partedo painel de jurados do RoyaleMartini Casting, associando-mea uma marca icónica, como aMartini,nestaprocura.Asuafilo-sofia ‘Luck is an attitude? é seme-lhante ao meu lema de vida –‘Porque não?’ – e eu estou ansiosode encontrar a mulher que exem-plifica estas duas máximas”, diz

Christian Louboutin.O designer estará acompanha-

do por Yuri Buzzi no painel de se-lecção internacional. O aspirantea actor Buzzi foi escolhido como ovencedor 2011 Martini KisserCasting de entre mais de 6000participantes,nãosóporcausadoseu talento em frente às câmaras,mas pela sua atitude positiva pe-rante a vida, demonstrando ver-dadeiramente que “Luck is anattitude.”

Arnaud Meysselle, directorglobal da marca, diz que “o Mar-tini Royale Casting está a provarser uma maneira emocionantede a marca Martini se envolver

com a nova geração de amantesda marca. O nosso jurado inter-nacional é um ícone do mundo damoda. Portanto, é para nós umprivilégio Louboutin ter aceita-do fazer parte do painel interna-cional de jurados e acreditar nafilosofia Martini, “Luck is an atti-tude.” Estamos muito entusias-mados com esta procura da pró-xima estrela feminina da Martiniatravés dos 27 países que estão aparticipar no casting. Em Outu-bro, a estrela do Royale MartiniCasting será revelada para nosajudar a celebrar o cocktail para anova geração – o Martini Roya-le.”

O que se entendepor “Luck is an attitude”?Martini lançou o conceito “Luckis an attitude” para o mundo emSetembro de 2011 ao verdadeiroestilo italiano em Roma com Da-vid Gandy e 2manydjs.

A Martini acredita que nãoexiste uma coisa chamada sorte.Cada um de nós pode criar a suaprópria sorte com a atitude e o es-tado de espírito certos. “Luck isan attitude” é atrever-se a ser di-vertido, é aproveitar o dia e serfiel a si mesmo e ao momento. Es-crita nas paredes da sede da Mar-tini, em Pessione, a frase “quereré poder” mostra que onde há umavontade há um caminho. Estatem sido a filosofia da Martini.

C A M P A N H A

Martini procura a próxima Martini Girl

WeekendGourmet

Um dos melhores azeitesvirgens extra do mundo

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WeekendBeleza

Para um cabelo nutrido e sem pesar,eis o novo Gliss Óleo Elixir Diário

A Gliss acaba de lançaro novo Gliss Óleo ElixirDiário, o tratamentode beleza Gliss com óleosde cuidado desenvolvidoespecialmente paraos cabelos muito secose estragados. Este óleoajuda a nutrir e a tornaro cabelo mais macio,brilhante e com um aspectoverdadeiramente saudável.As suas propriedadespermitem que seja absorvidorapidamente e semdeixar resíduos.Não necessitandode enxaguar, o novoGliss Óleo Elixir Diáriopode ser utilizadotodos os dias, ajudandoa proporcionar umasuavidade que se podever e sentir. Para maximizaros resultados pretendidose ir ao encontro das reaisnecessidades de quemo usa, este novo óleopode ser utilizadode três formas diferentes:

1. Antes da lavagem paraum cuidado especial;2. Depois de lavar e secaro cabelo com uma toalhacomo um tratamentomais intensivo e nutritivo,ajudando a suavizaro cabelo, sem pesar;

3. No cabelo seco,como acabamentode beleza para dar estruturaao cabelo e ajudar a reforçaro seu brilho natural.Para uma utilização óptima,o novo Gliss Óleo ElixirDiário deverá serutilizado com moderação(uma a duas dosagens)no comprimentoe nas pontas do cabelo.

Este óleo ajudaa nutrir e a tornaro cabelo maismacio, brilhantee com um aspectoverdadeiramentesaudável

Page 38: Jornal Expansão

48 EXPANSÃO | 6 de Julho 2012

N I L Z A R O D R I G U E SDIRECTORA EXECUTIVA

Editorial

Não se trata de uma nova consola. Nem tão-pouco de umnovo Game Boy com um novo circuito ou novos peões.O jogo é o mesmo, os players também, as regras é que sãooutras. E quem as impõe está firme nos seus intuitos e nasconsequentes sanções...

Em causa, a transferência de divisas para o exterior.O Expansão apurou, em primeira mão, que o banco cen-tral vai assumir uma nova postura a este respeito. O dis-posto lançado em 25 de Junho passado é explícito: “Estáexpressamente proibido o pagamento de importaçõessem recurso a reservas internacionais.” Assim, todo equalquer pagamento para o estrangeiro tem de ser efec-tuado mediante transferência bancária e com divisas so-licitadas ao BNA através dos bancos comerciais. Estesassumem o papel de polícias, a quem cabe fiscalizar se asmercadorias importadas e os serviços prestados corres-pondem às divisasd i s p o n i b i l i z a d a s .A este novo rigoracrescenta-se aindao facto de que quemnão tiver os impos-tos em dia ou nãorespeitar a lei debranqueamento decapitais está out ofthe game. Em bomportuguês, elimina-do, proibido de fazertransacções destanatureza. Outro alvodas novas regrascambiais são os pagamentos antecipados de importa-ções, que só serão permitidos em casos excepcionais.

E tudo porque são muitas as especulações e denúnciassobre os valores que saem de Angola para o mundo, semcomo nem quê.

O cinto está a apertar, mas há que estar preparado,igualmente, para um abrandamento na economia face aorigor dos novos procedimentos, num momento em que oPaís está no auge do seu crescimento. Ainda esta sema-na, Angola é referida no relatório “Para dentro de África:Oportunidades Emergentes para Negócios” da autoriado Economist Intelligence Unit (EIU) como capaz de ul-trapassar a África do Sul, actual maior economia do con-tinente.

Uma boa nova para o País, mas, entretanto, dura lex,sed lex...

06.07.12

O cinto estáa apertar, mas háque estar preparado,igualmente, paraum abrandamentona economia faceao rigor dos novosprocedimentos

EMPRESAS

Novo serviçode catering a bordoem Julho P12

EMPRESAS

GII investena capacidadedos distribuidores P13

UNIVERSIDADE

Universitáriose pós-graduadosna banca nacional P27

GESTÃO

O sucesso anunciadoda Felda GlobalVentures P21

NACIONAL

Novas fontesde financiamentopara África P34

WEEKEND

Selda estreia-seno mercadodiscográfico P43

Restart: política cambiale divisas em jogo

N E G Ó C I O S

Santoro reforça participação no BPIA sociedade gestora de partici-pações sociais Santoro Finan-ce – Prestação de Serviços pas-sou a controlar 19,336% dobanco português BPI ao ter ad-quirido um lote de acções re-presentativo de 9,436% do ca-pital social ao banco espanholCaixaBank, informou o regula-dor do mercado.

Num comunicado enviado àComissão do Mercado de Valo-res Mobiliários, o BPI afirmater-se concretizado, segunda--feira última (02/07) o negóciode venda daquela participação àSGPS controlada pela empresá-ria Isabel dos Santos, na se-quência da obtenção da decisãodo Banco de Portugal de não--oposição à transacção.

Este negócio tinha sido anun-ciado em Maio, tendo a SantoroFinance acordado pagar 0,50

euros por cada acção do BPI quecomprou aos espanhóis do Cai-xaBank, passando a deter19,336% do banco português,contra os anteriores 9,9%.

Na mesma data, o CaixaBankinformou o regulador de Espa-nha de que tinha assinado umacordo de venda de uma partici-pação de 9,436% no Banco BPI à

Santoro Finance por 46,7 mi-lhões de euros, a 50 cêntimos doeuro por acção, o mesmo preçoa que as tinha pago ao bancobrasileiro Itaú.

O BPI tem sido alvo de umareorganização accionista. De-pois de o “La Caixa” ter anun-ciado em Abril a aquisição daparticipação de 18,87% do BPIao banco brasileiro Itaú por93,4 milhões de euros, no iníciode Maio ficou-se a saber que ainstituição espanhola assinouum acordo para a venda, por 46milhões de euros, da participa-ção de 9,4% no BPI à holdingSantoro, de Isabel dos Santos.

Assim, o banco espanhol ficacom 39,5% do BPI, enquantoa Santoro duplica a posiçãono banco para 19,43%, manten-do-se como a segunda maior ac-cionista da instituição.

C O M U N I C A Ç Ã O S O C I A L

Conselhos de administração da TPAe da RNA tomam posseO ministro da Economia,Abraão Pio Gourgel, conferiuposse, terça-feira última(03/07), aos novos membros dosconselhos de administração(CA) da Televisão Pública de An-gola (TPA) e da Rádio Nacionalde Angola (RNA), nomeados re-centemente pelo Presidente daRepública.

Foram empossados 17 mem-bros, nove dos quais da RádioNacional de Angola (RNA) esete da TPA. Deste grupo, cons-tam os novos dois presidentesdos conselhos de administração(PCA) da TPA, Hélder ManuelBárber Dias dos Santos, e daRNA, Henrique Manuel Joãodos Santos.

Além do PCA tomaram tam-bém posse pela RNA os adminis-tradores executivos António Se-bastião Lino, Cândido da RochaPinto, Filipe Diatezua NsunguMiguel, Maria Perpétua da CruzCabral, Manuel de Jesus VitalDias e Miguel da Conceição Bráse os não executivos HumbertoJorge Machado de Passos e Car-los Alberto André Gregório.

Para a Televisão Pública deAngola foi conferida posse aos

administradores executivosManuel António da Silva, Nel-son de Almeida, Manuel Florin-do Rosa dos Ramos, João MariaBorges e Victor Fernandes, en-quanto Maria de Lourdes Perei-ra de Lima Mouzinho e AntónioBaptista foram empossadoscomo administradores não exe-cutivos.

Na presença da ministra daComunicação Social, CarolinaCerqueira, os recém-empossa-dos juraram fidelidade a coope-rar na realização dos fins supe-riores do Estado, respeitar e fa-zer respeitar a lei e, com zelo ededicação, cumprir as funções

para as quais foram nomeados.Na ocasião, o ministro da Eco-

nomia, Abraão Gourgel, felici-tou os novos membros dos con-selhos de administração dosdois órgãos públicos, reiterandoa sua impotência no sector dacomunicação social em Angola.“Endereço aos empossados vo-tos de muito sucesso no vossotrabalho, saúde e desejo, tam-bém, que as tarefas que essasduas empresas têm, e que são dedimensão muito elevada para acomunicação social e para oPaís, possam ser desempenha-das com zelo e empenho de to-dos”, disse.

O banco espanholfica com 39,5%do BPI, enquantoa Santoro duplicaa posição no bancopara 19,43%

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