Jornal do Ônibus

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www.sintraturb.com.br JORNAL Florianópolis, fevereiro de 2012 - Número 52 DO ÔNIBUS Mais um feriadão está chegando e o que deveria ser um tempo de descanso, festa e alegria para a popu- lação pode se tornar, mais uma vez, palco de tragédias nas estradas catarinenses. Nos últimos anos, aci- dentes envolvendo em- presas de ônibus do setor rodoviário ocorrem com muita frequência. E no Carnaval, provavelmente não será diferente. Foi o que aconteceu na virada do ano. Um grave acidente marcou a vida de dezenas de pessoas, após um ônibus da viação Cata- rinense que fazia o trajeto São Paulo-Florianópolis tombar no meio da pista, na altura do km 549 da Ro- dovia Régis Bittencourt, no dia 28 de dezembro. O acidente deixou quatro pessoas mortas e 14 passa- geiros feridos. A versão da empresa é de que as vítimas morreram por não estarem usando cinto de segurança, que tudo não passou de um “acidente”. Por mais que seja im- portante o uso do cinto, foram outros motivos que trouxeram insegurança para os usuários e usuárias da Catarinense. Motivos FERIADÃO DE CARNAVAL: RISCO DE MORTE PARA USUÁRIOS muito mais escusos e inte- resseiros. JORNADA DE ATÉ 28 HORAS O que realmente causa acidentes nas rodovias com os ônibus são as exten- sas Jornadas de trabalho. Segundo denúncias apre- sentadas por trabalhado- res, alguns motoristas da Catarinense já chegaram a dirigir por até 28 horas seguidas. Como alguém que dirige tanto tampo, sem dormir, dobrando jornadas, fazen- do bate e volta, vai estar Imagem do acidente da Catarinense na virada do ano, em São Paulo: três mulheres morreram e 17 pessoas ficaram feridas atento ao trânsito e à segu- rança dos passageiros? Essas jornadas extensas são ilegais e imorais, pois colocam em risco a vida de centenas de pessoas. Esse tipo de atitude das empre- sas visa apenas o lucro, esgotando os trabalhadores e facilitando os acidentes, colocando usuários e traba- lhadores em risco de morte. SINDICATO JÁ ENTROU NA JUSTIÇA O Sindicato dos traba- lhadores do transporte, o Sintraturb, avisou que este tipo de acidente poderia ocorrer. Fizemos denúncias no Ministério Público do Trabalho (MPT) e entramos com ações judiciais, sobre as longas jornadas cumpri- das pelos motoristas, o não cumprimento das folgas, o não pagamento de horas extras e outras irregulari- dadades. A grande verdade é que quem utiliza o trans- porte rodoviário em SC está correndo risco de morte. O Sintraturb continua na via judicial processando as empresas que descumprem a lei e colocam em risco a vida dos trabalhadores e usuários. Os trabalhadores da Santo Anjo também estão sofrendo nessa tempo- rada. Segundo denúncias feitas ao Sintraturb, os trabalhadores não estão recebendo as folgas como deveriam. Conforme a lei, são seis dias trabalhados para uma folga. O mesmo vale para os domingos: após seis domingos tra- balhados, o sétimo é obri- gatoriamente de folga. Parece que a situação está se repetindo em di- versas outras empresas, como a Catarinense, a Brasil Sul, entre outras, lesando os trabalhadores e, mais uma vez, colocan- do os usuários em risco em nome da manutenção dos grandes lucros des- ses grupos econômicos. O Sintraturb denun- ciou novamente a Santo Anjo em dezembro. Ela até já pagou uma viatura para a PRF, mas mesmo assim, descumpre o de- terminado pela Justiça. Na Santo Anjo, trabalhadores também estão sem folga Acidente com ônibus da Santo Anjo, em novembro de 2008,. Ônibus virou em uma reta às 7h30 da manhã, comprovando esgotamento do motorista

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JORNAL Florianópolis, fevereiro de 2012 - Número 52

DO ÔNIBUS

Mais um feriadão está chegando e o que deveria ser um tempo de descanso, festa e alegria para a popu-lação pode se tornar, mais uma vez, palco de tragédias nas estradas catarinenses.

Nos últimos anos, aci-dentes envolvendo em-presas de ônibus do setor rodoviário ocorrem com muita frequência. E no Carnaval, provavelmente não será diferente.

Foi o que aconteceu na virada do ano. Um grave acidente marcou a vida de dezenas de pessoas, após um ônibus da viação Cata-rinense que fazia o trajeto

São Paulo-Florianópolis tombar no meio da pista, na altura do km 549 da Ro-dovia Régis Bittencourt, no dia 28 de dezembro.

O acidente deixou quatro pessoas mortas e 14 passa-geiros feridos.

A versão da empresa é de que as vítimas morreram por não estarem usando cinto de segurança, que tudo não passou de um “acidente”.

Por mais que seja im-portante o uso do cinto, foram outros motivos que trouxeram insegurança para os usuários e usuárias da Catarinense. Motivos

FERIADÃO DE CARNAVAL: RISCO DE MORTE PARA USUÁRIOS

muito mais escusos e inte-resseiros.

JORNADA DE ATÉ 28 HORAS

O que realmente causa acidentes nas rodovias com os ônibus são as exten-sas Jornadas de trabalho. Segundo denúncias apre-sentadas por trabalhado-res, alguns motoristas da Catarinense já chegaram a dirigir por até 28 horas seguidas.

Como alguém que dirige tanto tampo, sem dormir, dobrando jornadas, fazen-do bate e volta, vai estar

Imagem do acidente da Catarinense na virada do ano, em São Paulo: três mulheres morreram e 17 pessoas ficaram feridas

atento ao trânsito e à segu-rança dos passageiros?

Essas jornadas extensas são ilegais e imorais, pois colocam em risco a vida de centenas de pessoas. Esse tipo de atitude das empre-sas visa apenas o lucro, esgotando os trabalhadores e facilitando os acidentes, colocando usuários e traba-lhadores em risco de morte.

SINDICATO JÁ ENTROU NA JUSTIÇA

O Sindicato dos traba-lhadores do transporte, o Sintraturb, avisou que este tipo de acidente poderia

ocorrer. Fizemos denúncias no Ministério Público do Trabalho (MPT) e entramos com ações judiciais, sobre as longas jornadas cumpri-das pelos motoristas, o não cumprimento das folgas, o não pagamento de horas extras e outras irregulari-dadades. A grande verdade é que quem utiliza o trans-porte rodoviário em SC está correndo risco de morte.

O Sintraturb continua na via judicial processando as empresas que descumprem a lei e colocam em risco a vida dos trabalhadores e usuários.

Os trabalhadores da Santo Anjo também estão sofrendo nessa tempo-rada.

S e g u n d o d e n ú n c i a s feitas ao Sintraturb, os trabalhadores não estão recebendo as folgas como deveriam. Conforme a lei, são seis dias trabalhados para uma folga. O mesmo

vale para os domingos: após seis domingos tra-balhados, o sétimo é obri-gatoriamente de folga.

Parece que a situação está se repetindo em di-versas outras empresas, como a Catarinense, a Brasil Sul, entre outras, lesando os trabalhadores e, mais uma vez, colocan-

do os usuários em risco em nome da manutenção dos grandes lucros des-ses grupos econômicos.

O Sintraturb denun-ciou novamente a Santo Anjo em dezembro. Ela até já pagou uma viatura para a PRF, mas mesmo assim, descumpre o de-terminado pela Justiça.

Na Santo Anjo, trabalhadores também estão sem folga

Acidente com ônibus da Santo Anjo, em novembro de 2008,. Ônibus virou em uma reta às 7h30 da manhã, comprovando esgotamento do motorista

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2 JORNAL DO ÔNIBUS fevereiro de 2012RODOVIÁRIOSSUA CIDADE

A Procuradoria Re-gional do Trabalho em Florianópolis decidiu anular uma série de cláusulas dos Acordo Coletivas de Trabalho (ACTs) dos trabalhado-res do setor rodoviário.

A anulação ocorreu após o sindicato da categoria, o Sintraturb, entrar na Justiça contra as empresas rodoviá-rias.

As cláusulas que de-terminavam regras so-bre piso, reajustes sa-lariais e horas extras

Sem manutenção há 30 anos, parte do telhado do Rita Maria cede em plena temporada

Já conhecido pelos di-versos vazamentos nos dias de chuva, o telhado do terminal Rita Maria, em Florianópolis, sofre com problemas estru-turais.

Há 30 anos sem ma-nutenção decente, par-te do telhado caiu em plena temporada de verão.

Por sorte, ninguém se feriu, mas não está descartado que novas partes do teto possam cair, ferindo pessoas.

O fato é que o Termi-nal, por onde passam milhares de pessoas to-dos os dias, está caindo ao pedaços. Além das

condições precárias de manutenção e limpeza, quase sempre, os ba-nheiros públicos estão “em manutenção”, e fi-cam abertos apenas os banheiros que cobram tarifas dos usuários.

O sucateamento não é por acaso: os gover-nantes não fazem nada para reforçar a ideia de privatização do ter-minal.

Deixando a estrutura apodrecer, os gover-nos reforçam a tese de que tudo o que é ad-ministrado pelo poder público não presta, e por isso, precisamos privatizar. Parte da estrutura arcaica do telhado cedeu; goteiras, sujeira e banheiros interditados são comuns

Acordos coletivos são cancelados na Justiça

foram todas anuladas, porque foram conside-radas prejudicias aos trabalhadores.

Essa é uma grande vitória no setor rodo-viário.

Desde que o Sintra-turb assumiu a repre-sentação do Rodoviário, há três anos, os patrões não sentam para nego-ciar uma nova Conven-ção Coletiva de Traba-lho, o que prejudica não só quem trabalha, mas também os usuários.

O QUE É ACORDO CO-LETIVA DE TRABA-LHO?

O Acordo Coletiva de Trabalho é o documen-to onde ficam escritas todas as regras e direi-tos dos trabalhadores, realizada em comum acordo com as empre-sas após negociações.

Segundo a lei Brasilei-ra, a negociação sobre o acordo deve ocorrer todos os anos.

Usuário deve denunciar empresas que obrigam motoristas a dirigir mais de quatro horas seguidas, como na Brasil Sul, onde uma viagem entre Ivaiporã (PR) e Balneário Camboriú leva 14 horas