Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

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ano XV | nº 60 | abril de 2013 - distribuição gratuita Restaurante Universitário promove ações contra o desperdício de alimentos Páginas 6 e 7 Programa de Saúde da Mulher inicia atividades e busca a prevenção Página 9 Projeto revoluciona armazenamento de imagens no HUOL Página 11 Reconstruindo a Memória Núcleo de Referência da História e Memória da Educação de Jovens e Adultos da UFRN resgata registros da educação popular no Rio Grande do Norte Página 3

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Núcleo de História da Educação reconstrói memória do ensino de jovens e adultos (p. 3) Reataurante Universitário promove ações contra o desperdício de alimentos (pp. 6 e 7) Programa Saúde da Mulher inicia atividades e busca a prevenção (p. 9) Projeto revoluciona armazenamento de imagens no HUOL (p. 11)

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DISTRIBUIÇÃO

GRATUITA

ano XV | nº 60 | abril de 2013 - distribuição gratuita

Restaurante Universitário promove ações contra o desperdício de alimentos

Páginas 6 e 7

Programa de Saúde da Mulher inicia atividades e busca a prevenção

Página 9

Projeto revoluciona armazenamento de imagens no HUOL

Página 11

Reconstruindo a

Memória Núcleo de Referência da História e Memória da Educação de Jovens e Adultos da UFRN resgata registros da educação popular no Rio Grande do Norte

Página 3

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Jornal da UFRN

EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesEditor Luciano GalvãoJornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisão Emili RossettiFoto de capa Arquivo NUHMEJA

Diagramação Setor de Artes/ComunicaBolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thalita Sigler, Thyara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfico Taíze NascimentoEndereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares

ano XV | nº 60 | abril de 20132

Por Maria Ceiça sousa

“É um prazer a sensação de cons-truir o conhecimento. Mesmo que nosso trabalho não seja

mais que um tijolo, é de tijolos que os palá-cios são construídos”. Hermany Munguba, mestre em Neurociências formado pelo Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é o autor da frase.

Cearense, natural de Fortaleza, Mungu-ba diz ter se apaixonado por neurociências aos 17 anos, quando ainda cursava o Ensino Médio. Entender de que forma elementos abstratos como memória, personalidade e humor podem ter origem em algo concreto e puramente biológico – o cérebro –, era algo que intrigava o jovem estudante.

Bacharel em Biomedicina também pela UFRN, o pesquisador afirma ter obtido, ain-da na graduação, uma boa base na maioria das técnicas das ciências biomédicas, inclu-indo a neurociência. “Mas eu acabei indo trabalhar com a exata exceção: a eletrofi-siologia. Hoje eu sou apai-xonado por mais essa área, que antes me dava calafrio só de pensar”, conta.

Eletrofisiologia é a ciência relacionada ao estudo das propriedades elétricas em células e tecidos do corpo humano. Na neurociência, especificamente, o saber in-vestiga as atividades elétricas registradas em neurônios, como a condução dos es-tímulos nervosos.

A neurociência agrega conhecimentos de áreas como biologia, biomedicina, física, engenharia da computação e educação. Nos últimos vinte e cinco anos, o campo cresceu de maneira exponencial em todo o mundo.

Neste contexto, o ICe, criado há dois anos como Unidade Acadêmica Especia-

lizada da UFRN, sedia o Programa de Pós-Graduação em Neurociências (PGNeuro), que conta atualmente com 25 alunos de doutorado e 18 de mestrado.

Em março deste ano, Hermany Mungu-ba apresentou a oitava dissertação do PG-Neuro. Considerado como requisito para a obtenção do título de Mestre, o trabalho in-titulou-se “Indicadores de cálcio e de volta-gem codificados geneticamente na detecção de potenciais de ação e inputs sinápticos em cultura de neurônios hipocampais”.

No estudo, orientado pelo professor do ICe Richardson Leão, o mestrando compa-rou três proteínas desenvolvidas em labo-ratório que são utilizadas como ferramentas de medição da atividade de células do cére-bro. Essas proteínas são espécies de peque-

nos aparelhos de registro da atividade cere-bral e permitem enxergar os neurônios em ação sem a necessidade de eletrodos. Quan-do células do cérebro são forçadas a expres-sar essas proteínas, elas “piscam” e pode-se literalmente ver como o cérebro funciona.

Além da presença do orientador Ri-chardson Leão, a banca examinadora da dissertação foi composta pelos professores Emelie Svahn Leão (Ice/UFRN) e Olavo Bohrer Amaral (UFRJ).

Munguba explica que o campo das neu-rociências no qual realiza suas pesquisas é extremamente recente e que, por isso, foi necessária a padronização e a efetivação da técnica utilizada. Foi a esse esforço que o pesquisador dedicou uma parte conside-rável do seu mestrado.

“É, basicamente, fazer a coisa começar a acontecer. Desde fazer com que neurônios expressem as proteínas fluorescentes até a otimização do registro elétrico e óptico desses neurônios”, relata.

Quando comparou as três proteínas, o cientista identificou que uma das subclasses analisadas parece ser a mais indicada para o estudo da atividade de neurônios indi-viduais. Ela seria eficaz tanto para o estudo de segmentos pequenos de um neurônio, quanto para o estudo de vários neurônios simultaneamente.

“Os resultados do meu trabalho ainda não são totalmente conclusivos, mas estão caminhando para isso”, pondera Munguba. O pesquisador deseja agora registrar outros neurônios, de modo a confirmar os resulta-dos. Só então deverá submeter seu trabalho a publicação.

OpOrtunidadePara Hermany Munguba, fazer o mes-

trado no Instituto do Cérebro (ICe) signi-ficou discutir e aprender a fazer neuro-ciências junto de muitos dos melhores pesquisadores do País. “Isso não se tem em todo lugar”, afirma.

“Aqui se pode efetuar um experimento de uma ponta a outra das neurociências: registros eletrofisiológicos, imunohisto-química, cultura de células e neurocom-putação. Além disso, contamos com os melhores microscópios que a Universidade disponibiliza”, relata o cientista.

Há quem diga que em toda parte do mundo há um cearense. Se essa afirmativa é verdadeira, não se sabe. A verdade é que, após sua defesa, Hermany Munguba viajou para Estocolmo, Suécia, onde perma-necerá por quatro anos. É lá que o cientista fará seu doutorado em neurociências, no Instituto Karolinska, uma das mais importantes uni-versidades médicas da Europa.

Cientista estuda proteínas que permitem enxergar o funcionamento do cérebro

NEUROCIÊNCIA

Cícero oliveira

Hermany Munguba apresentou a oitava dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Neurociência do instituto do Cérebro

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Por LuCiaNo GaLvão

Em 1979, o cantor e compositor per-nambucano Luiz Gonzaga gravava a música “Súplica cearense”, na qual

narra a história de um sertanejo sem estu-dos que pede desculpas a Deus por não sa-ber rezar. Na canção, o personagem credita o clima inóspito da região em que vive à falta de conhecimento do “pobre que nem sabe fazer oração”.

Dezesseis anos antes, em 1963, o também pernambucano Paulo Freire dirigia, em An-gicos, município da região Central do Rio Grande do Norte, distante 190 quilômetros de Natal, uma experiência pioneira de alfa-betização que tentava transformar realidades como aquela retratada na música.

A ação do educador completou 50 anos em 2013 e foi lembrada em evento comemo-rativo realizado no dia 2 de abril, em Angicos. Entre as instituições participantes da celebra-ção esteve o Núcleo de Referência da História e Memória da Educação de Jovens e Adul-tos do Rio Grande do Norte (NUHMEJA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Marisa Narcizo Sampaio, coordenadora do NUHMEJA, explica que a experiência de 1963 foi a primeira vez em que Paulo Freire pôs em prática, de maneira efetiva, seu mé-todo de alfabetização de jovens e adultos. “Foi um marco para além do Rio Grande do Norte. Angicos era apenas o cenário do pro-jeto, mas a ação foi representativa tanto no contexto local, quanto no Brasil e no mundo”, diz a professora.

Na ocasião, que ficou conhecida por 40 Horas de Angicos, o educador propunha, em quarenta aulas, ensinar 300 habitantes da pequena cidade a ler e a escrever, além de conscientizá-los sobre o papel do trabalhador na sociedade – em momentos das aulas a que chamou de “politização”.

À época, o estado tinha 70% de analfa-betos, sendo que um terço dos 30% restantes sabiam somente assinar seus nomes, segundo dados do então Serviço Cooperativo de Edu-cação do Rio Grande do Norte (SECERN).

Para Marisa, que é também professora do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo (DPEC) da UFRN, o método pensado por Freire era inovador por valo-rizar a cultura dos estudantes e por colocar professor e aluno em um mesmo nível no processo de ensino. “Não se pensa mais edu-cação naquele modelo em que o professor é

o centro de tudo. Se estabelece uma relação equitativa”, afirma.

Rosa Aparecida Pinheiro, vice-coordena-dora do Núcleo, diz que, nessa perspectiva, a intenção é que o aluno possa refletir sobre a realidade em que vive e seja alfabetizado de acordo com o contexto onde está situado. “O que se quer é formar um sujeito capaz de ler o mundo. Parte-se do princípio de que os alu-nos têm sempre um saber e então se faz um diálogo entre esses saberes”, esclarece.

Nos registros das aulas da experiência de Paulo Freire em Angicos, um apontamento corrobora o ponto de vista defendido pela professora e chama a atenção pela lucidez da afirmação de um dos alunos. “Na parte de politização, saiu uma frase assim: ‘a gente constrói a estrada mas só come poeira’”.

Também professora do DPEC, Rosa des-taca a importância da experiência de Angicos como ponto de partida de uma nova maneira de pensar a educação, já que, segundo a pes-quisadora, os “princípios freireanos” não se limitariam à alfabetização de adultos, mas se estendem hoje à educação básica e mesmo à formação universitária.

resgateCriado em 2010, o Núcleo coordenado

pelas professoras tem como objetivo recons-truir a memória da educação de jovens e adultos no Rio Grande do Norte. Para isso, os pesquisadores envolvidos no projeto buscam, registram e organizam dados relativos à edu-cação popular no estado, além de disponibili-zar as informações levantadas para o público interessado e de fomentar o desenvolvimento de trabalhos dentro do próprio grupo.

Os recursos para a criação do NUHME-JA vieram de chamadas públicas da Secreta-ria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão (SECADI), do Minis-tério da Educação (MEC). Marisa Sampaio afirma que os editais surgiram da percepção dos pesquisadores de que os registros sobre a memória da educação popular encontra-vam-se dispersos. “O trabalho passou a ser, então, regionalizado. A ideia é recuperar as informações e concentrar os documentos obtidos”, explica.

Segundo Rosa Pinheiro, núcleos de história e memória foram estruturados em vários estados, em um contexto nacional de incentivo à preservação da memória. Como exemplos de iniciativas surgidas nessa conjuntura, a professora cita a cria-ção de bibliotecas e museus em todo o País, além da instalação da Comissão Nacional da Verdade, grupo vinculado à Casa Civil da Presidência da República destinado a investigar e esclarecer violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante o Regime Militar.

Desde o início, o trabalho do NUHMEJA tem utilizado como roteiro as comemorações de aniversário de experiências educacionais históricas, como as 40 Horas de Angicos, e as ocasiões e homenagens que as datas ensejam.

Em 2011, por exemplo, aconteceram so-lenidades pelo cinquentenário da campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, projeto da Prefeitura de Natal que, no início dos anos 1960, instalou bibliotecas populares, praças de cultura e museus de arte popular em regiões periféricas do município, além de matricular 17 mil alunos – entre crianças e adultos – em escolas públicas da cidade im-provisadas em espaços abertos, sem paredes e cobertos com palhas de coqueiro.

Marisa Sampaio conta que os eventos em torno da data comemorativa possibilitaram o contato dos pesquisadores com pessoas que

participaram da campanha, o que facilitou a coleta de depoimentos e o resgate de regis-tros documentais.

Como exemplo, a professora relata um caso em que, durante sessão solene na Câ-mara dos Vereadores de Natal em homena-gem ao projeto, uma ex-aluna que assitia ao evento pela televisão foi até o local, discursou, identificou-se em fotos expostas em painéis e ofereceu seu depoimento para os colabora-dores do NUHMEJA.

Francisco Alves, pesquisador do Nú-cleo, frisa que há um trabalho de produção cuidadoso no registro dos relatos e na nor-malização dos trabalhos elaborados. “Temos várias entrevistas gravadas em vídeo, além de fotografias, livros e monografias, tanto levan-tadas pela pesquisa quanto produzidas por nós”, afirma.

Outras instituições participam conjunta-mente do grupo, como a Universidade do Es-tado do Rio Grande do Norte (UERN) e Uni-versidade Federal do Semi-Árido (UFERSA). Esta última, com campus em Angicos, cola-borou para a participação ativa do NUHME-JA nas comemorações pelo cinquentenário do projeto de Paulo Freire na cidade.

pactODurante as comemorações dos 50 anos

da experiência de Angicos, a UFRN assi-nou, juntamente com outros dez órgãos públicos, o Pacto Paulo Freire pela Educa-ção de Jovens e Adultos. O documento tem como objetivo reiterar o comprometimento das instituições na promoção de políticas públicas para a educação.

As pesquisadoras à frente do NUHMEJA avaliam positivamente a assinatura do pacto e consideram relevante o fato de a ocasião não ter se limitado à memória do acontecimento histórico, mas também de ter tentado olhar para o futuro e reconhecer que ainda há as-suntos a serem resolvidos na educação de jo-vens e adultos.

“Há 50 anos, o Brasil estava questio-nando sua posição no mundo e via que ainda possuía muitos não-alfabetizados. Era pre-ciso correr contra o tempo e por isso projetos como 40 Horas de Angicos faziam sentido naquele momento”, diz Marisa Sampaio.

Rosa Pinheiro complementa o ponto de vista da coordenadora: “hoje é preciso pensar a alfabetização no contexto de continuidade escolar”, pondera. “Temos um corpo formado de educadores, secretarias e comissões, então não se pode mais limitar a projetos. Eles de-vem ficar apenas como referência emblemáti-ca”, opina a professora.

Núcleo de História da Educação reconstrói memória do ensino de jovens e adultos

ano XV | nº 60 | abril de 20133

rosa Pinheiro, Francisco alves e Marisa sampaio: NuHMeJa resgata memória da educação

Jornal da UFRN

RESGATE

Experiência do educador Paulo Freire no RN é objeto

de pesquisa do NUHMEJA

Wallacy Medeiros

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Jornal da UFRN ano XV | nº 60 | abril de 2013

NOTASExpansãoa uFrN está trabalhando no Plano de expansão da instituição no estado. em reunião no dia 8 de abril, a reitora Ângela Paiva discutiu com a uFersa, a uerN e o iFrN o crescimento do ensino superior no rio Grande do Norte, que, segundo ela, “deve ocorrer de forma integrada, para que as demandas sejam supridas sem que haja uma sobreposição entre elas”.

Expansão IIenildo santos, assessor da reitoria para o Projeto de expansão, explicou que os estudos vêm sendo feitos desde janeiro de 2012 e que “um conjunto de proposições está sendo maturado junto às outras instituições públicas de ensino superior”.

Memóriaa Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (ProGesP) da uFrN lançou neste mês o Projeto somos uFrN, que vai expor histórias profissionais vividas na instituição através de fotografias e textos. os professores Willington Germano, selma Jerônimo e alex Galenno e os técnico-administrativos Narcisa Medeiros e alva Costa estão entre os homenageados da primeira exposição.

Aula Magnao secretário de Desenvolvimento e inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e inovação (MCTi), Álvaro Toubes Prata, ministrou a aula Magna alusiva à abertura oficial do semestre letivo 2013.1, intitulada “universidade: inovação e empreendedorismo”. o evento aconteceu no dia 11 e lotou o auditório da reitoria.

Convitea organização das américas para a excelência educativa (oDaee) convidou a uFrN para tomar parte no órgão como afiliado Preferencial. Criada em 2008, a oDaee engloba a rede de relações interinstitucionais na ibero-américa, que atualmente conta com mais de 400 instituições afiliadas.

Prêmioentre os objetivos da oDaee está o fomento ativo e consequente das relações de amizade e cooperação mútua entre os setores educativos da ibero-américa. Para 2013 está prevista a realização do no vii Prêmio sapientia e a excelência educativa, que neste ano contará com duas edições, uma na cidade de Lima – Peru, no mês de junho, e a segunda edição na cidade de Barranquilla – Colômbia, no mês de novembro.

Por LuCiaNo GaLvão

Contribuir para a definição de políti-cas públicas em saúde para o mu-nicípio de Santa Cruz. Esse é um

dos objetivos da pesquisa conduzida pela professora Débora Aloise, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O propósito do estudo é avaliar a ocor-rência de casos de toxoplasmose na cidade de 36 mil habitantes, localizada na região agreste potiguar. A doença é provocada por um parasita – encontrado em fezes de ani-mais, sobretudo de gatos e outros felinos – sendo adquirida pela ingestão de alimentos que contenham cistos do agente causador.

Além de levantar os números relaciona-dos à doença, a pesquisa procura identificar os fatores que provocam maior propensão em seres humanos à infecção pelo Toxo-plasma gondii, parasita causador do mal.

Executado com o auxílio de alunos do curso de Enfermagem da FACISA e de agentes de saúde do município, o trabalho consiste na coleta e na análise de amostras de sangue dos habitantes da região. Para obter o material, os pesquisadores rea-lizam visitas a residências em todos os bairros da cidade, ocasião em que fazem a apresentação do projeto aos moradores e, após a aceitação, realizam a coleta de sangue dos voluntários.

Segundo Débora Aloise, a relevância do projeto se dá por não haver, atualmente, registros a respeito dos casos de toxoplas-mose na cidade de Santa Cruz. A profes-

sora comemora o fato de os moradores colaborarem com a pesquisa. “Até o mo-mento, todos têm aderido à nossa proposta. A presença dos agentes de saúde contribui bastante para ganharmos a confiança das pessoas”, afirma.

Além da coleta de sangue, os partici-pantes do estudo respondem a um ques-tionário por meio do qual são levantados dados socioeconômicos dos voluntários e informações sobre seus hábitos e condições de saúde. Chamada de questionário epide-miológico, a série de perguntas visa a rela-cionar os resultados aferidos no estudo com os possíveis fatores causadores da doença.

A análise das amostras de sangue é feita por meio do teste ELISA, sigla inglesa para “método de ensaio imunossorvente ligado por enzimas”. O processo detecta, no plas-ma sanguíneo do paciente, a presença de anticorpos específicos para o agente causa-dor da infecção, o que permite concluir que houve contato do indivíduo examinado com o microorganismo.

O estudo pretende coletar 600 amostras em todos os bairros de Santa Cruz. Os re-

sultados preliminares apontam a existência de anticorpos para a toxoplasmose em 75 dos 115 exemplares analisados, todos de habitantes do centro da cidade.

Vanessa Lucena, aluna do 6º período de Enfermagem da FACISA e colaboradora do projeto, explica que, na maior parte dos ca-sos, os pacientes sequer percebem que pos-suíram a doença, pois a toxoplasmose cos-tuma ser assintomática ou produz sintomas parecidos com os de uma gripe. “O anticor-po encontrado nos testes é o da fase crônica da doença, que indica contato antigo e que não apresenta sintomas”, diz a estudante.

Débora Aloise, no entanto, alerta so-bre a possibilidade de a toxoplasmose cau-sar dificuldades de enxergar, o que pode evoluir para cegueira provocada por lesões na retina. Segundo a pesquisadora, os sin-tomas mais graves podem ocorrer inclusive em pessoas que não apresentem deficiência em seu sistema imunológico.

Também são objeto de análise do estudo os elementos que possam colaboram para o risco de danos à visão. “Iremos investigar quais são os fatores genéticos e imunológi-cos que podem contribuir para o quadro de lesão ocular”, afirma a professora.

No momento, o projeto encontra-se em fase de apreciação ética, análise à qual é sub-metida toda pesquisa científica que envolva seres humanos. Também foi firmada parce-ria com uma clínica particular de Santa Cruz para a realização de análises oftalmológicas.

“Nossa pesquisa trará dados significati-vos para os gestores da saúde do município, e as informações obtidas poderão ser uti-lizadas para o planejamento de programas de prevenção e proteção de pacientes de risco”, afirma Débora Aloise.

Estudo da FACISA faz levantamento dos casos de toxoplasmose em Santa Cruz

SAÚDE

anastácia vaz

Professora Débora aloise e aluna vanessa Lucena: a pesquisa trará dados relevantes para orientar o planejamento de políticas públicas

Cedida

Pesquisadores coletam amostras de sangue dos moradores da cidade

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Por LuCiaNo GaLvão

Desde 2009, Stephane Vasconcelos é aluna da Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN). Foi em uma experiência no Ensino Médio que a es-tudante do 9º período tomou gosto pelas artes cênicas. “Eu participava de um grupo de teatro na escola e aquilo despertou em mim uma paixão. Desde aquela época eu tinha certeza de que não queria outra coi-sa”, conta.

Em março deste ano, o curso de Ste-phane recebeu conceito 4 em avaliação realizada pelo Instituto Nacional de Es-tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educa-ção (MEC).

Variando entre 1 e 5, as notas atribuí-das pelo órgão às carreiras de nível su-perior levam em conta a qualificação e a produtividade acadêmica dos profes-sores, a qualidade das instalações físicas e a organização curricular do curso. A Licenciatura em Teatro recebeu 4.8 no quesito “Corpo Docente e Tutorial”, 4.4 em “Infraestrutura” e 4.1 em “Organização Didático-Pedagógica”.

Robson Haderchpek, coordenador do curso, credita o êxito na avaliação ao empenho com que os docentes realizam seu trabalho. “Temos apenas sete profes-sores, mas todos se dedicam muito. De-senvolvemos atividades na graduação, na pós-graduação e em projetos de pesquisa, iniciação científica e extensão”, afirma.

Para os cursos de Teatro, o exame possui uma peculiaridade no que diz respeito à contabilização de publica-ções acadêmicas: além de artigos, li-vros e teses, são consideradas também as produções artísticas realizadas pelos docentes. “Todos os nossos professores têm muitas produções, e isso contribui bastante”, diz Robson.

A infraestrutura do curso também im-pressionou os avaliadores. Os espaços de convivência e laboratórios abrigados pelo novo prédio do Departamento de Artes (DEART), inaugurado no final de 2011, receberam elogios da comissão do INEP, assim como as salas de aula e a bibliografia a disposição dos alunos.

Além disso, encontra-se em fase final de obras o teatro multiuso do DEART, espaço amplo que permitirá a adaptação

para diferentes tipos de espetáculo. O lo-cal contará com assentos que poderão ser dispostos de diferentes formas em relação ao palco.

Segundo o coordenador, outro ele-mento que colaborou para a avaliação po-sitiva no exame foi a estrutura curricular do curso: a grade propõe ao aluno a for-mação pedagógica e o estudo dos funda-mentos do teatro nos primeiros níveis da graduação e oferece, nos períodos finais, a possibilidade de os estudantes escolherem entre disciplinas específicas, agrupadas em blocos de ênfase.

Dramaturgia, estética e história do teatro; cenografia e tecnologias cênicas; atuação e encenação são os blocos nos quais estão or-ganizados os componentes curriculares.

Robson Haderchpek ressalta, ainda, a colaboração da Pró-Reitoria de Plane-

jamento (PROPLAN), que orientou a coordenação a respeito dos documentos exigidos pelo INEP e manteve contato constante com o órgão.

Estudantes e professores também são ouvidos pelo grupo de examinadores, além da Comissão Permanente de Avaliação da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), órgão interno responsável por acompa-nhar e dar respaldo ao planejamento dos cursos da Universidade.

O conceito positivo é compatível com a ideia que os alunos da Licenciatura em Teatro têm sobre a graduação. “É claro que nosso curso possui algumas deficiências, mas, no geral, é muito bom”, diz Stephane Vasconcelos, discente do 9º período.

Entre as virtudes do curso, a estudante aponta a existência de vários projetos em que os alunos podem se envolver. “Eu pas-so o dia na UFRN, só fazendo coisas rela-cionadas a Teatro. Aqui a gente aprende todas as vertentes”, conta.

A exemplo de Stephane, Thácito Ré-gis, estudante do 7º período, diz ter des-pertado seu interesse pelas artes cênicas após uma experiência no Ensino Médio, quando teve a oportunidade de participar de oficinas de teatro na escola.

Thácito conta que, antes da gradu-ação, o Teatro para ele era apenas o ator. Hoje, afirma, percebe que há outros ele-mentos indispensáveis, como encenação e dramaturgia. O aluno ressalta, também, a relevância de se formarem educadores para atuar no ensino básico: “como é uma licenciatura, o curso prepara do ponto de vista pedagógico, e isso também é muito importante”.

Licenciatura em Teatro recebe conceito 4 em avaliação do Ministério da Educação

RECONHECIMENTO

ano XV | nº 60 | abril de 20135Jornal da UFRN

Para robson Haderchpek (detalhe), a infraestrutura do curso impressionou os avaliadores

Fotos: anastácia vaz

estudantes aprendem todas as vertentes do Teatro: dramarturgia, encenação, cenografia e atuação

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ano XV | nº 60 | abril de 20136Jornal da UFRN

Por KaLiaNNy Bezerra

Duzentas e oitenta refeições. É essa a média de desperdício to-dos os dias pelos usuários do

Restaurante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) somente no almoço, o que equivale a 11,5% do total servido. Nas três refeições do dia, o número é de aproximadamente 4.600 pratos fornecidos.

O problema do desperdício não se limita à UFRN. No Brasil, segundo dados do Centro de Agroindústria de Alimen-tos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 26,3 mi-lhões de toneladas de alimento acabam no lixo todos os anos. Com essa quanti-dade, seria possível alimentar mais de 10 milhões de pessoas.

Diante dessa situação, o Restaurante Universitário (RU) desenvolve uma série de ações para evitar e conter o mal aproveita-mento de alimentos na unidade. A primeira das iniciativas aconteceu em março deste ano, com a 1ª Semana de Conscientização contra o Desperdício, quando foram reali-zadas atividades com o objetivo de orientar os usuários do restaurante.

Na ocasião, foram expostos banners com desenhos de pratos cheios, avisos nas mesas, exibição de vídeos e, em um dos dias, 280 pratos foram empilhados, chamando a atenção para o número de pessoas que poderiam se alimentar com a

comida desperdiçada.De acordo com a diretora do Restau-

rante Universitário, Kátia Maria Bezerra, o problema maior está na falta de conscien-tização das pessoas. “Os usuários por di-versas vezes não colocam em seus pratos a quantidade certa que vão consumir”, diz.

Além da Semana de Conscientização, Kátia Bezerra destaca que outras medi-das estão sendo tomadas. “Monitoramos e realizamos diagnósticos do volume de alimentos desperdiçados, mas também buscamos a capacitação dos funcionários

para a redução do desperdício nas etapas de armazenamento, pré-preparo e distri-buição”, explica.

Outra ação desenvolvida é uma pes-quisa de aceitação dos cardápios junto aos clientes, que contribui para identificar e corrigir possíveis falhas ou insatisfações que colaborem para as sobras nos pratos. “Avaliamos temperos, variedade, apre-sentação e sabor”, pontua a diretora do Restaurante. Quanto ao que resta das re-feições, Kátia Maria explica para onde vai: “Os restos são coletados diariamente pela

Escola Agrícola de Jundiaí e destinados à produção de ração para animais”.

Anualmente, o valor reservado à com-pra de alimentos para o Restaurante Uni-versitário é de R$ 5 milhões. A unidade responsável pelo local é a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE), que tem como objetivo planejar, coordenar, su-pervisionar e executar atividades de pro-moção e assistência ao estudante.

Segundo o pró-reitor adjunto de As-suntos Estudantis, Paulo Roberto Paiva Campos, o RU atende a cerca de 70% dos alunos economicamente carentes da Insti-tuição. “É por isso que é importante evitar os gastos com a alimentação. Precisamos conscientizar o usuário a colocar no prato apenas aquilo que vai comer”, declara.

Paulo Campos aponta que é necessária uma ação conjunta entre a PROAE, a equipe do RU e os órgãos representati-vos dos estudantes. “Precisamos de uma política de convencimento. É preciso, sim, que a Universidade eduque seus discentes porque eles são multiplicadores. O que aprendem aqui dentro, passam adiante, e não podemos perder a oportunidade de conscientizá-los para um mundo mais sustentável”, fala o pró-reitor adjunto.

cOpOs plásticOsAinda dentro da política de susten-

tabilidade da UFRN, o Restaurante Uni-versitário iniciou, também em março, outra ação de combate ao desperdício. Dessa vez, o alvo da campanha foram os copos plásticos.

ALIMENTOS

Paulo Campos, da Proae, ressalta a importância de convencer os alunos: “eles são multiplicadores, e passam adiante o que aprendem na universidade”

Fotos: Wallacy Medeiros

Restaurante Universitário promove ações contra o desperdício

“Precisamos ser mais conscientes

em relação ao que fazer com os

resíduos na cozinha e repensar a

nossa forma de fazer compras “

Priscila Rolim

Professora do Departamento

de Nutrição da UFRN

somente no almoço do ru são desperdiçadas 280 refeições todos os dias. o número equivale a 11,5% dos pratos servidos

Page 7: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

7Jornal da UFRN ano XV | nº 60 | abril de 2013

Desde o último mês, os recipientes des-cartáveis deixaram de ser disponibilizados pela diretoria do local, que incentivou, através das mídias sociais, os usuários a le-varem seus próprios copos. Paulo Campos afirma que o dinheiro gasto com copos plásticos durante o ano era suficiente para comprar um carro de R$ 40 mil.

“Cinco mil copos eram distribuídos no restaurante só no almoço, sendo que ape-nas três mil eram realmente utilizados. O resto era rejeitado sem uso”, diz o pró-reitor. “Muitas vezes, quando as pessoas vão pegar um copo, vem mais de um junto e acaba que os usuários deixam por isso mesmo”, acrescenta.

Kátia Bezerra orienta aos frequenta-dores que levem seus copos ou canecas. “Copos de alumínio, por exemplo, fa-cilitam na hora de fazer a higienização. É importante ressaltar que essa ideia de sustentabilidade seja empregada também fora do RU”, afirma.

sustentabilidadee estratégias“A questão do desperdício está bem

evidenciada, principalmente quando asso-ciamos o conceito de tal palavra à susten-tabilidade”. É o que explica a professora do Departamento de Nutrição da UFRN, Priscilla Moura Rolim. Segundo ela, anti-gamente, o desperdício de alimentos era uma questão ligada somente à fome. A-tualmente, no entanto, a ideia de susten-tabilidade está também ligada a questões econômicas, ambientais e sociais.

Dentro da questão econômica está in-serida a capacidade de produção, distri-buição e utilização daquilo que é produ-zido. A questão ambiental diz respeito ao uso racional da energia. Já a questão social refere-se tanto à fome, quanto à emprega-bilidade. “É necessário garantir emprego para as pessoas, e a alimentação coletiva gera essa demanda”, diz Priscilla.

Uma das formas como a UFRN tra-balha a questão da sustentabilidade é o gerenciamento de resíduos do Restau-rante Universitário. “O Departamento de Nutrição e o RU têm várias parcerias para fazer análises sobre como evitar o des-perdício”, aponta a pesquisadora. A consequência de uma des-sas par-c e r i a s e s t á s e

materializando num Trabalho de Con-clusão de Curso.

Orientada pela professora Priscilla Rolim, a estudante Séphora Louyse Silva de Aquino realiza, desde o ano passado, treinamentos com a equipe do Restauran-te da UFRN, com vistas a aproveitar me-lhor os alimentos e evitar o desperdício. O TCC é intitulado “Produção de refeições e sustentabilidade: avaliação da geração de

resíduos em um restaurante universitário”.A professora ainda destaca algumas dicas

de como evitar que alimentos sejam jogados no lixo. “As compras sem planejamento efi-ciente, o armazenamento inadequado e o preparo desorganizado e em excesso devem sempre ser evitados. Precisamos ser mais conscientes em relação ao que fazer com os resíduos na cozinha e repensar a nossa for-ma de fazer compras”, ressalta.

Restaurante Universitário promove ações contra o desperdício

O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam

alimento no mundo

39 mil toneladasde alimentos são desperdiçadas

diariamente em restaurantes, mercados, feiras, entre outros

estabelecimentos

26,3 milhõesde toneladas de

alimento sãojogados no lixo

por ano

US$ 16 bilhões:soma que o País perde de tudo o que se produz por ano em alimentos,segundo a oNu

65%do lixo domiciliar,no Brasil,é comida

Kátia Bezerra aponta que problema está na falta de conscientização das pessoas

Fontes: oNu e instituto akatu

Page 8: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

Por WiLLiaNe siLva

“Segurança, compromisso de to-dos!”. Esse é o tema da campanha que a Divisão de Segurança Pa-

trimonial (DSP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) lançou no mês de março deste ano. O trabalho é composto pela distribuição de material in-formativo à comunidade acadêmica, veicu-lação de chamadas na TV Universitária e na rádio Universitária FM, além de inves-timentos em tecnologia de segurança e ca-pacitação de pessoal.

Para Rubens Matias de Sousa, coor-denador administrativo da Central de Vigilância Eletrônica (CVE), “a DSP tem a função de salvaguardar o patrimônio, man-ter a ordem acadêmica e a segurança das pessoas”. Com a chegada dos novos alunos na Universidade, o departamento entregará panfletos com dicas sobre como evitar ris-cos e sobre cuidados com o patrimônio pú-blico. Serão distribuídos ainda marcadores de página e adesivos com os contatos da Divisão.

Também está sendo realizado investi-mento no monitoramento eletrônico e na compra de carros para aumentar a frequên-cia das rondas. A DSP ainda planeja pro-mover seminários, palestras e audiências públicas, além da capacitação de seus fun-cionários.

Hoje a UFRN conta com 139 servidores do quadro permanente e 182 funcionários terceirizados trabalhando na segurança da Instituição. Os profissionais são distribuí-dos em quatro equipes de plantões, com 15 homens por dia fazendo a ronda motoriza-da em turnos de 12 horas.

A Divisão trabalha em três vertentes: o sistema eletrônico de monitoramento por meio de câmeras, o humano, com vigilan-

tes e seguranças e o mecânico, com portões e cancelas.

O monitoramento eletrônico busca agilizar as ações DSP. “Nós acompanhamos pelos monitores todos os movimentos que nossas câmeras podem filmar. No caso de alguma ocorrência, acionamos os seguran-ças que estão na ronda ou os vigilantes”, ex-plica Rubens Matias de Sousa.

Atualmente, o setor de monitoramento funciona 24 horas, com um total de 25 ope-radores em um turno diurno com quatro pessoas e outro noturno, com seis. A segu-rança do Campus é feita em dois níveis: o primeiro cobre a área externa do Campus e possui 43 câmeras móveis e fixas, já o se-gundo nível cobre a área interna, ou seja, os departamentos, o Restaurante Universi-tário, a Biblioteca Central Zila Mamede, o Centro de Convivência entre outros setores.

Para melhorar a visualização por meio desses equipamentos, está sendo feito um trabalho de poda das árvores e melhoria da iluminação. “Como o sistema de segurança eletrônica foi instalado em 2007, a estrutura física da UFRN mudou e precisamos rea-dequá-la, mudando a localização de algu-mas câmeras fixas”, explica Olavo.

Já para agilizar e modernizar o serviço, a Central de Monitoramento Eletrônico do Campus Central está sendo modificada. “Com a conclusão dessa reforma, teremos mais monitores e operadores trabalhan-do. Isso vai auxiliar as ações humanas de vigilância”, destaca Rubens.

Além disso, “as cancelas serão substituídas por portões porque elas quebram muito e não são tão eficazes”, afirma Olavo Bilac dos Santos, coordenador técnico da Central de Vigilância Ele-trônica (CVE).

“Nosso trabalho não é de invadir a privacidade das pessoas, até porque

filmamos áreas públicas do Campus. O monitoramento serve para garantir a se-gurança”, enfatiza Olavo Bilac. As imagens são guardadas durante 20 dias e podem ser liberadas caso seja necessário.

cOmissãOComo medida para melhorar o traba-

lho da Divisão, foi criada a Comissão para Avaliação e Redimensionamento da Segu-rança na UFRN. O grupo, composto por sete membros, elaborou um relatório com informações levantadas junto à Pró-Reito-ria de Administração (PROAD), a DSP e a Ouvidoria.

De acordo com o documento, entre as demandas que necessitam aprofundamento estão o cercamento do campus; o controle do fluxo de veículos; a discussão a respeito da participação da vigilância terceirizada, bem como a definição de suas atribuições e a fiscalização do serviço desempenhado; a avaliação da implantação de segurança armada; o apoio operacional aos campi do interior e o estabelecimento de parcerias com outros órgãos públicos.

Ainda de acordo com o relatório, os

principais desafios apresentados pela DSP são o planejamento de ações con-tra o consumo de drogas no Campus, a necessidade de resolução de questões relativas ao trânsito e a qualificação per-manente dos profissionais. Das ocorrên-cias registradas pela Divisão nos últimos anos, destacam-se as colisões de veículos e os furtos a prédios e automóveis.

Já na Ouvidoria, nos últimos cinco anos foram registradas 61 manifestações por escrito relacionadas à segurança. Des-sas, a maioria se deu por furto de carros ou de objetos no interior de veículos, seguidas por reclamações sobre o uso de drogas nos setores de aulas e sobre os procedimentos de abordagem dos vigilantes.

Verificou-se, no entanto, que o número de relatos desse tipo sofreu redução signifi-cativa nos últimos três anos e, atualmente, o tipo de ocorrência mais comum são assal-tos praticados nas paradas de ônibus.

O presidente da Comissão, José Daniel Diniz Melo, avalia que “é preciso renovar o plano de segurança, mas com uma asses-soria técnica de um especialista para não ficarmos no mundo das opiniões”.

Divisão de Segurança Patrimonial investe em tecnologia e lança campanha no Campus Central

COMPROMISSO

ano XV | nº 60 | abril de 20138Jornal da UFRN

Portõesn os portões do Campus Central são abertos às 5h e fechados às 23h.n aos sábados, a entrada do restaurante universitário (ru) é fechada às 14h, permanecendo aberta a entrada do Núcleo de educação da infância (Nei).

Dicas de segurança

No CampusProcure andar em grupo, principalmente à noite; evite

seguir uma rotina; nunca aceite ou dê carona a estranhos; evite estacionar em locais de pouca visibilidade e denuncie à DsP qualquer ocorrência.

Lanchonetes e restaurantesNão deixe bolsas penduradas nas cadeiras; não deixe objetos sobre as mesas.

PatrimônioMantenha as cortinas e janelas das salas fechadas após o expediente; para transportar objeto público, deve-se portar

uma guia de autorização; no caso de arrombamento, chame a segurança e não entre no local;

Seu carroNão deixe documentos no veículo; certifique-se de que as portas e janelas estão fechadas; não deixe objetos em locais visíveis; em caso de arrombamento ou furto, comunique à DsP imediatamente.

Para fazer qualquer denúncia, o telefone da DSP é 0800 84 20 50.

“É preciso renovar o plano de

segurança com a assessoria técnica de

um especialista, para não ficarmos no

mundo das opiniões “

José Daniel Melo

Presidente da Comissão de

Segurança da UFRN

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Page 9: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

Por MarCos Neves Jr.

Muito presente na sabedoria popu-lar e indicada para evitar os mais diversos problemas do cotidiano,

a velha máxima “prevenir é melhor do que remediar” está na ponta da língua do povo em todo o País. No entanto, justamente quando o assunto é saúde, especialmente falando dos cânceres de mama e do colo do útero, o Brasil ainda precisa avançar na prática desse ditado.

Embora tenham bons prognósticos se descobertos no estágio inicial e tratados da maneira adequada, os dois tipos de tumor foram responsáveis pela morte de 17.691 mulheres brasileiras em 2010. O número, considerado alto pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), é atribuído pelo órgão à possibilidade de a detecção estar aconte-cendo em fases mais avançadas da doença, o que dificulta sua cura.

Diante de tal cenário, nasceu em mar-ço deste ano, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o projeto Saúde da Mulher, vinculado ao Programa de Qualidade de Vida, da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP). Coor-denado pelas enfermeiras Lúcia Freire e Luciana Eduardo, a equipe quer conscien-tizar a comunidade acadêmica, sobretudo o público feminino, no que diz respeito à prevenção do câncer do colo do útero e ao diagnóstico precoce de câncer de mama.

“Vamos trabalhar a promoção à saúde. Infelizmente, muitos procuram ajuda médica somente quando não su-portam mais. Queremos mostrar a im-portância da prevenção e criar essa cultura nas mulheres da Universidade”, explica Luciana Eduardo. O objetivo é ampliar a política de atenção e assistência integral na UFRN e, além de prevenir os tumores, promover o pré-natal e o trata-mento de doenças sexualmente transmis-síveis como o HPV e a AIDS.

Lançado em uma data emblemática, 8 de março, dia internacional da mulher, o projeto comemorou seu primeiro mês realizando atividades em outra data de grande significado: o dia mundial de com-bate ao câncer, celebrado em 8 de abril. Com pôsteres, folhetos e muito diálogo, a equipe ensina o autoexame da mama e instrui sobre a importância do preventivo no diagnóstico precoce.

De acordo com dados do INCA, o

câncer de mama é o mais comum entre mulheres e tem sido anualmente respon-sável por 22% dos novos casos registrados. Já o do colo de útero, segundo mais comum na população feminina, é a quarta causa de morte pela doença no Brasil. No Rio Grande do Norte, a estimativa de 2012 in-dica 580 casos de câncer de mama e 230 de colo do útero. Desses, 210 do primeiro tipo e 80 do segundo foram na capital potiguar.

Estatísticas apontam para uma me-lhora na antecedência do diagnóstico. Na década de 1990, 70% dos casos de câncer do colo do útero eram identifica-dos na fase invasiva, quando já é difícil a reversão. Atualmente, 44% dos diagnósti-cos são de lesão precursora do tumor, mas para Aldair Paiva, oncologista e coorde-nador do Serviço de Onco-Hematologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), os números ainda revelam a fal-ta de conhecimento da população sobre a doença e o baixo investimento do poder público em prevenção.

“É totalmente possível evitar o cân-cer do colo do útero. Além dos meios mecânic-os, como o uso de preservativo, existe a vacina contra o HPV, que ainda é cara, e a educação para a população de risco”, afirma o médico. “Prevenir salva a vida, evita os tratamentos invasivos e acaba saindo mais

barato. Vale a pena aos governos investirem nessa solução”, opina Aldair. O especialista reforça a importância do teste de Papani-colau, exame que previne a doença e leva o nome do seu idealizador, o médico grego Georgios Papanicolau.

Nesse contexto, além de ações em eventos, o Saúde da Mulher pretende se aproximar ainda mais do público femi-nino da UFRN, realizando as chamadas consultas coletivas. Com duração média de 20 minutos, um dos momentos mais importantes da reunião é a demonstração do autoexame da mama, na qual é utiliza-do um par de seios de pano que contém pequenos nódulos e podem ser identifica-dos no aprendizado da técnica. A preven-ção do HPV e do câncer do colo uterino também é bem enfatizada nos encontros.

“Essas atividades já aconteciam de ma-neira esporádica, mas resolvemos sistema-tizar as ações para torná-las mais eficien-tes”, afirma Luciana Eduardo, explicando o surgimento do projeto, sediado na Direto-ria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS). A enfermeira ainda ressalta que o DAS tem totais condições de prestar assistên-cia por meio de atendimentos individuais agendados e dos exames periódicos.

Números ambulatoriais de 2012 mostram que foram realizadas 422 con-

sultas ginecológicas, 106 preventivos e 647 atendimentos de planejamento fa-miliar. Outros procedimentos relaciona-dos à saúde da mulher, como biópsia e eletrocauterização do colo do útero, col-poscopia, inserção de DIU e curativos ginecológicos também são realizados pela equipe de profissionais do DAS, composta por médicos, nutricionistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Segundo Lúcia Freire, diretora do DAS e uma das coordenadoras do Saúde da Mu-lher, o projeto busca proporcionar às ser-vidoras e seus familiares qualidade de vida e bem estar em sua plenitude, nos âmbitos físico, mental e social, conforme conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela ainda ressalta que, durante esse contato com as pacientes, já foi possível colher al-guns bons frutos do trabalho.

“Houve um caso de diagnóstico pre-coce obtido em nossos consultórios. A pa-ciente foi encaminhada para o tratamento adequado e já se recuperou. Recebemos, inclusive, um contato do marido em gra-tidão”, relata Lúcia. Mas ela tem consciên-cia de que o trabalho está apenas começan-do: “precisamos sensibilizar os gestores de unidades para levar esse conhecimento a um número cada maior de mulheres na comunidade acadêmica”.

Projeto Saúde da Mulher quer provar que prevenção é o melhor remédio

SERVIDORAS

ano XV | nº 60 | abril de 20139Jornal da UFRN

enfermeira Luciana eduardo diz que muitas mulheres procuram ajuda médica somente quando não aguentam mais: “queremos mostrar a importância da prevenção”

anastácia vaz

Page 10: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

ano XV | nº 60 | abril de 201310Jornal da UFRN

Por JuLiaNa HoLaNDa

Garantir a sustentabilidade am-biental é um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

(ODM), metas que foram consideradas como prioridade pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive o Brasil, para o século XXI.

Para contribuir com o desenvolvimento sustentável e com a preservação ambiental, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui, dentro de seu Cam-pus Central, um horto que irá produzir este ano mais de 20 mil mudas de árvores.

O espaço existe há vinte anos e é des-tinado a atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de ser responsável pela produção de espécies ornamentais e flo-restais que são utilizadas para ambientação, arborização e recuperação de áreas degra-dadas.

Segundo o biólogo coordenador do Programa de Arborização – ProÁRVORE, Bruno Rafael Morais de Macedo, o cultivo florestal começou há quatro anos. “Anti-gamente, só havia lavoura de mudas para jardim. Agora, além das espécies de orna-mentação, produzimos árvores nativas do Rio Grande do Norte”, afirma.

Cultivar plantas da região garante a preservação de tipos oriundos da caatinga e da mata atlântica potiguar. “Natal está dentro dos dois biomas. Assim, podemos produzir árvores características das duas áreas”, comenta o biólogo.

O plantio de mudas regionais segue uma tendência mundial de preservação ambiental que busca garantir a biodiversi-dade. Macedo explica que essa produção é necessária para o bom desenvolvimento de todas as cidades. “O plantio de espécies locais tem que estar presente em espaços urbanos. O cultivo dessas plantas é algo indispensável para a existência de comu-nidades sadias”, enfatiza.

A coleta de sementes em áreas flo-restais é a primeira etapa do processo de arborização e de recuperação de locais degradados. Em seguida, as mudas são germinadas e cultivadas no horto e depois plantadas no campus da UFRN, podendo também ser doadas a entidades públicas.

Hoje, o horto possui mais de 40 tipos

de árvores, que serão usadas para replan-tio. “O trabalho é intenso. Dependendo da espécie, uma muda pode demorar até seis anos para ter condições de ser aproveita-da”, diz o coordenador do ProÁRVORE.

O jardineiro José Helenilson Azevedo da Silva, que trabalha no horto há um ano e meio, conta que as plantas usadas para arborização são as que compõem a mai-oria das produzidas no local. “Elas são li-beradas quando atingem uma altura entre 1,5 e 1,8 metros. Já as que serão utilizadas para recuperação de áreas degradadas, são replantadas quando estão entre 60 centí-metros e 1 metro de altura”, explica.

Até o final de 2013, o horto da UFRN deve se transformar em espaço autossus-tentável. Atualmente, o espaço faz recicla-

gem de garrafas plásticas e fabrica adubo a partir das folhas das árvores. “Estamos esperando equipamentos que vão permitir uma fabricação maior de fertilizantes na-turais, assim vamos investir em autossus-tentabilidade”, avalia Macedo.

ensinO, pesquisa e extensãOA professora dos cursos de Ecologia

e Engenharia Florestal da UFRN Gislene Maria da Silva Ganade utiliza a estrutura do horto desde 2008 para atividades de ensino, que envolvem cerca de cem alunos por ano, e de pesquisa.

Gislene considera que o espaço é “im-portantíssimo” para a Universidade, pois oferece infraestrutura para atividades de pesquisa que geram novas tecnologias para produção de plantas nativas.

A docente coordena 20 estudantes que analisam a produção de mudas dessas espé-cies. “No momento, estamos trabalhando com maior foco nas árvores de caatinga para utilização em experimentos de restau-ração de caatinga degradada”, afirma.

O estudante do segundo período do curso de Ecologia Adler Santana de Me-deiros participa do projeto e explica que alguns experimentos são feitos nesse bio-ma, embora a região tenha uma alta mor-talidade de mudas.

Para Adler, a existência do horto é o que viabiliza a pesquisa. “Os custos seriam muito altos se a equipe tivesse que viajar todos os finais de semana. Aqui na UFRN a gente consegue acompanhar as plantas todo dia e aguá-las para garantir seu de-senvolvimento”, analisa.

Horto da UFRN contribui para preservação ambiental com produção de 20 mil mudas em 2013

SUSTENTABILIDADE

Fotos: anastácia vaz

Segundo Bruno Macedo, cultivo de árvores nativas contribui para preservação ambiental

estudante adler santana é colaborador do projeto. Trabalho contribui com desenvolvimento sustentável e recuperação de locais degradados

Page 11: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

Por JuLiaNa HoLaNDa

Open-PACS. Esse é o nome do siste-ma que mudou a forma de utilizar imagens no Hospital Universitário

Onofre Lopes (HUOL), beneficiando médicos, gestores e pacientes.

A ferramenta começou a ser desen-volvida em 2011 por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) do HUOL e há cinco me-ses está sendo utilizada por profissionais do Hospital.

O equipamento foi idealizado para co-letar e armazenar exames de forma livre, para que o HUOL não mais dependa de aparelhos produzidos por grandes fabri-cantes que atuam no mercado internacio-nal na área de saúde, o que permite que os gestores possam adquirir produtos inde-pendentemente da marca.

“Desenvolvemos o modelo ideal para o gestor público. O Open-PACS utiliza um protocolo universal de comunica-ção e isso permite que ele se adapte a qualquer mudança ou sistema”, explica o coordenador do projeto e do LAIS, Ri-cardo Valentim.

De início, os pesquisadores criaram um programa que objetivava prioritaria-mente armazenar imagens. O equipamen-to ampliou em dezoito vezes a capacidade do Hospital de arquivar dados e, hoje, o Onofre Lopes possui mais de sete mil do-cumentos salvos.

Segundo Ricardo Valentim, a carên-cia do setor prejudicava o funcionamento do HUOL. “Quando um aparelho estava cheio, o conteúdo precisava ser apagado e, às vezes, os pacientes deixavam de ser atendidos”, afirma.

De acordo com o médico ultrassono-grafista Marcello Freire, que trabalha no Hospital há 17 anos, o arquivamento tem várias utilidades. Freire explica que as in-formações servem, principalmente, para comparar a situação do paciente. “A gente pode fazer um laudo checando exames an-teriores e avaliar a evolução do quadro. O sistema foi uma coisa muito boa, que veio para somar com os esforços das equipes de saúde”, analisa.

Um resultado secundário é a utiliza-ção dos arquivos para a residência médi-ca. “Nossos residentes têm mais de sete mil exames à disposição, o que amplia o contato com diversas ocorrências e, con-sequentemente, gera maior crescimento

profissional”, avalia o ultrassonografista.

benefíciOs tecnOlógicOsPassada a fase inicial, o produto evolu-

iu para uma ferramenta de comunicação, surgindo o nome Open-PACS, ou Open Picture Archiving and Communication System (Sistema Aberto de Arquiva-mento de Imagem e de Comunicação, na tradução literal).

Hoje, a iniciativa permite que os médicos acessem os exames realizados no HUOL de qualquer lugar do mundo e a qualquer hora do dia, garantindo o sigilo médico. O ultrassonografista Mar-

cello Freire admite estar maravilhado com essa possibilidade. “É fantástico. Posso fazer um laudo de emergência es-tando em minha casa. Isso permite que o paciente seja atendido mais rapidamente. E, na Medicina, a agilidade pode salvar vidas”, afirma.

Os benefícios do Open-PACS não param por aí. Como os arquivos são sal-vos e exibidos em alta definição, a quali-dade das imagens foi ampliada, possibili-tando um diagnóstico mais preciso. “O sistema facilita o processo de laudagem”, assegura Freire.

Sendo os exames expostos em telas de

computador ou de televisão, o equipamen-to gera uma economia significativa, já que não há necessidade de imprimir o mate-rial para análise médica. “O HUOL pode economizar R$ 30 mil por ano só com a revelação das imagens”, garante o coorde-nador do projeto, Ricardo Valentim.

A pesquisadora do LAIS e aluna da graduação em Engenharia Biomédi-ca da UFRN Leila Cavalcanti destaca o impacto ambiental do projeto: “os produtos químicos usados na revelação desses exames são muito danosos ao meio ambiente. O Open-PACS tem uma preocupação socioambiental, porque, no fim das contas, vai diminuir o uso de agentes poluentes”.

Além dos aspectos ambientais, a visuali-zação por meio eletrônico também aumen-ta a quantidade de informações que podem ser analisadas pelos médicos. “Quando se imprimem os exames, são escolhidas ape-nas algumas imagens e ângulos, mas, com o Open-PACS, se houver 100 imagens, o médico vai ter acesso a todas e com pos-sibilidade de exibição em três dimensões”, explica o pesquisador do LAIS e estudante do curso de Engenharia da Computação da UFRN Marcel Ribeiro Dantas.

Os pesquisadores ainda ressaltam que o sistema foi totalmente financiado pela UFRN através de bolsas de iniciação científica e do Programa de Apoio a Pla-nos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Proje-tos dessa natureza envolvem milhões de reais e o Open-PACS foi feito com alguns mil reais. É um diferencial enorme para a UFRN”, destaca Ricardo Valentim.

próximOs passOsEste semestre, os centros cirúrgicos e as

UTIs do HUOL ganham um monitor para que os exames sejam analisados em alta definição, sem necessidade de contato físi-co, o que atua diretamente na diminuição de risco de infecção hospitalar. “Qualquer iniciativa que reduza o risco de infecção é de extrema importância para os hospitais”, analisa o médico Marcello Freire.

O Open-PACS está em pleno funciona-mento e pode ser implantado em qualquer hospital universitário ou público do Brasil, mas continua sendo melhorado. O próximo objetivo da equipe é fazer a migração do sistema para dispositivos móveis. “Que-remos que o Open-PACS tenha a melhor acessibilidade possível, por isso estamos ampliando as formas de acesso”, explica Ri-cardo Valentim.

Ferramenta desenvolvida pelo LAIS revoluciona gerenciamento de imagens na medicina

INOVAÇÃO

ano XV | nº 60 | abril de 201311 Jornal da UFRN

Médico Marcello Freire, do HuoL, diz que sistema permite ver evolução dos pacientes

anastácia vaz

reprodução / imagem open-PaCs

Page 12: Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

ano XV | nº 60 | abril de 201310Jornal da UFRN

Por KaLiaNNy Bezerra

Gaya Dança Contemporânea, Grupo Parafolclórico, Sexteto Potiguar, Pau e Lata, Grupo de Dança da

UFRN, Projeto Encantos da Vila, Grupo de Teatro Arkétipos, Grupo Musical Po-tibones. Todas são ações artísticas de ex-tensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Com o objetivo de preservar e difun-dir as artes produzidas por esses projetos, além de promover a formação do público e abrir espaços para novas produções, o Núcleo de Arte e Cultura (NAC) da UFRN desenvolveu o Circuito Cultural Universitário (Une)Versos da Arte, pro-jeto de extensão que busca o encontro en-tre as ações culturais produzidas dentro e fora da Instituição.

Iniciado em 2012, com o nome Cir-cuito Artístico Cultural Mestre Zé Correia, o projeto se materializou e desenvolveu suas ações em 21 escolas de Natal. Foram rea-lizadas oficinas e cursos de dança, teatro, música e pintura com os estudantes, apoiados pelas secretarias de Educação do estado e do município. A primeira institu-ição na qual o Circuito atuou foi a Escola Estadual Castro Alves, localizada no bairro de Lagoa Nova, onde o grupo Gaya apre-sentou danças contemporâneas para pro-fessores e alunos do colégio.

No ano passado, já rebatizado como

(Une)Versos da Arte, o projeto foi aprova-do no edital do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (PROEXT/MEC/SESU). A troca do nome justificou-se pela ampliação da proposta feita pelo NAC, que, segundo a coordena-dora do Núcleo, Teodora de Araújo Alves, propõe levar as produções artísticas para os campi do interior, em prol da intensifi-cação da cultura norte-riograndense. Foi, então, a ideia de “unir” os “versos” de cada lugar que inspirou a nova denominação.

Entre as ações promovidas pelo Cir-cuito, estão apresentações artísticas produ-zidas no Campus Central da UFRN e nas unidades acadêmicas do interior do estado, oficinas e cursos sobre temas culturais rela-cionados às demandas de cada cidade, as-sim como rodas de conversas entre artistas, estudantes, professores e população urbana e rural acerca dos processos criativos apre-sentados pelo artista local e pela academia.

A primeira de várias ações de 2013 já aconteceu. Em abril, alunos da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA) e professores e estudantes da rede básica de ensino de Santa Cruz puderam acom-panhar oficinas e espetáculos desenvolvi-dos por Projetos de Extensão da UFRN. “Queremos a preservação, a fruição, a di-vulgação e a inovação de bens culturais e artísticos, juntamente com parceiros soci-ais”, explica a coordenadora do NAC.

Formado em 2008 por professores e alunos do curso de música, o Potibones, projeto de Extensão da Escola de Música

da UFRN, foi um dos grupos que se apre-sentou durante o Circuito Cultural Univer-sitário (Une)Versos da Arte na FACISA, em Santa Cruz. Para o professor e coorde-nador do projeto, Gilvando Pereira da Silva, a oportunidade de se apresentar para estudantes, professores e outros artistas no interior do RN foi única.

“Essa experiência com certeza vai dar mais visibilidade ao Potibones. É mais uma abertura que temos para divulgar nosso trabalho e compartilhar com o povo po-tiguar a música instrumental”, diz o profes-sor. Para Gilvando, é importante essa troca de informação: “tomar conhecimento das coisas é essencial”.

Teodora Alves destaca que, antes de o projeto ser desenvolvido nas escolas de Natal ou ir para alguma cidade do interior, é feita uma visita diagnóstica, a fim de en-tender a vida cultural do lugar. “Também são feitas reuniões com os coordenadores dos polos e, assim, definimos onde iremos trabalhar. Essas são reuniões de planeja-mento”, explica Teodora, acrescentado que a próxima unidade a receber o Circuito será o Centro Superior de Ensino do Seridó (CERES) de Caicó.

açãO sOcialDe acordo com o edital do PROEXT

2013, a que o Circuito (Une)Versos se submeteu, as sugestões do projeto devem seguir diretrizes específicas, tais como serem de natureza acadêmica e terem relação com a sociedade. No que diz res-peito à academia, as propostas são avali-adas quanto à consideração do preceito de união entre ensino, pesquisa e extensão, à interdisciplinaridade e ao impacto na for-mação do estudante.

Já no que tange as relações com o pú-blico de fora da Universidade, os projetos são examinados de acordo com seu impac-

to social, sobretudo quanto à inclusão da comunidade, e com o nível de interação do conhecimento e experiência acumulados na academia com o saber popular.

Por conta dessas características, o co-ordenador do grupo Potibones, Gilvando Pereira, destaca a iniciativa do Circuito. “Trabalhar com unidades de ensino mais carentes dentro de Natal é um diferencial, porque existe uma necessidade entre es-sas pessoas de ouvir música instrumental”, ressalta. “A partir do momento que se es-cuta a música, a comunidade se propõe a aprender mais sobre música instrumental”, afirma o professor.

Cláudia Moreira, estudante de Artes Visuais, participou da produção do projeto à época em que ele ainda se chamava Mes-tre Zé Correia. “Fazemos a intermediação. Levamos a Universidade ao colégio e vice-versa”, conta.

A estudante também participou das atividades do (Une)Versos da Arte desen-volvidas em abril em Santa Cruz. Cláudia faz parte do Grupo de Aquarela e Pastel da UFRN (GUAPE) e, durante o Circuito, ministrou uma oficina de pintura para uma turma de 15 alunos. “Apresentei aos alunos técnicas básicas da aquarela, como mistu-rar cores, e qual a noção que eles deviam ter a respeito dessa arte”, diz.

Para a Cláudia, a união de vários pro-jetos dentro do Circuito faz-se necessária para dar retorno à sociedade sobre os tra-balhos desenvolvidos dentro da Instituição Federal. “A Universidade deve servir à co-munidade, levando sempre o conhecimen-to”, defende.

Circuito Cultural reúne criações artísticas produzidas dentro e fora da Universidade

EXTENSÃO

12Jornal da UFRN

Circuito promove apresentações, oficinas, cursos e rodas de conversa sobre processos criativos

Fotos: rodrigo sena