Jornal da SBDOF - número 2

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jornal da SBDOF Volume 1, Número 2, Janeiro/Fevereiro/Março 2016

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Nesta edição: - Fala Presidente - O uso de hipnose como coadjuvante no controle de patologias psíquicas e dores orofaciais - por Jorge von-Zuben - O que estou estudando - André Porporatti - Coluna de Ensino e Pesquisa - Coluna da Saúde Pública - SBDOF entrevista Prof. Charles Greene - Resenhas Científicas - Sócio pergunta, Sócio responde - Muito além da dor com Paulo Cunali

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Volume 1, Número 2, Janeiro/Fevereiro/Março 2016

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O Jornal da SBDOF é um informativo da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF). Os textos assinados aqui publicados representam a opinião dos respectivos autores e não a posição oficial da Sociedade.

Diretoria da SBDOF - Biênio 2015-2017

Presidente: João Henrique Padula

Vice Presidente: Paulo Afonso Cunali

Secretária: Liete Figueiredo Zwir

Tesoureiro: Rodrigo Estevão Teixeira

Comissão de Educação e Pesquisa: Paulo César Rodrigues Conti

Comissão de Saúde Pública: Roberto Pedras

Comitê de Projetos: Simone Carrara

Comissão de Comunicação: Juliana Stuginski Barbosa e Rodrigo Wendel

Comitê de Divulgação ao Leigo: Adriana Lira Ortega

Editor do Jornal da SBDOF: Reynaldo Leite Martins Júnior

Diagramação: Juliana Stuginski Barbosa

Foto capa: Naila Machado

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FALA PRESIDENTEPrezados Sócios,

Avançamos para a segunda edição do nosso jornal.

Recentemente, finalizamos mais um documento que regula e estabelece a normativa para apoio a eventos. Esta normativa orienta a participação da sociedade e, em casos específicos, auxilia nossos sócios no que se refere à realização de cursos e eventos.

Fizemos ainda slides padronizados para que nossos sócios palestrantes divulguem a SBDOF em suas palestras. É importante a conscientização de que todos nós devemos participar mais para incentivar os nossos colegas dentistas e também os colegas fisioterapeutas a se associarem.

Vem aí o nosso novo site, com nova formatação.

Neste ano, 02 eventos satélites, em Curitiba (já confirmado) e em Brasília (a confirmar), já estão em andamento. E podemos ter mais. Vale lembrar que estes eventos podem ser realizados por iniciativa dos próprios sócios a qualquer tempo, desde que se enquadrem nas normativas da sociedade. Portanto você, sócio, pode requerer junto à nossa diretoria o seu evento satélite.

Trabalhamos também para que as comissões regionais atuem em seus respectivos estados e estabeleçam parcerias junto aos CROs .

Foram realizadas ações em Minas Gerais e no Distrito Federal. É preciso que os nossos sócios se organizem em seus estados e estabeleçam essa importante parceria, pois, através dela, contemplamos o público leigo e também os colegas dentistas.

Vamos sócios, a melhor forma de construir uma sociedade melhor é com o seu trabalho e com o seu empenho. Não deixem de opinar e de sugerir. Temos agora os e-mails em que você pode falar diretamente com as comissões de ensino e pesquisa, saúde pública e também com o editorial deste jornal. Enviem sugestões e participem!

Vamos em frente!

João Henrique Padula é especialista em DTM e Dor Orofacial, membro fundador e atual Presidente SBDOF

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O uso de hipnose como coadjuvante no controle de patologias psíquicas e dores orofaciais - por Jorge von-Zuben

A hipnose pode se entender como um estado “alterado” de consciência do indivíduo. Sendo que não são afetadas as condições de cognição e valores morais de cada um. De acordo com Milton H. Erickson, “suscetibilidade ampliada para a sugestão, tendo como efeito uma alteração das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento sugerido”. Fatores estes eficazes para coleta de material psíquico, processo no qual o terapeuta poderá ter um conteúdo de informações capazes de ampliar seu arsenal no controle de diversas patologias psicológicas e físicas. E Hipnose é um estado altamente focado de atenção, onde fenômenos naturais ditos hipnóticos, são eliciados através da comunicação entre hipnotista e sujeito.Portanto, dentro do contexto de abordagem clínica, podemos utilizar os métodos de hipnoterapia em diversos segmentos. Neste caso, para nós da área de Psicanálise e Odontologia utilizamos estes procedimentos em pacientes: Depressivos, Angustiados, Fóbicos, com medos específicos, Portadores de Distúrbios do Sono (Insônia), pacientes de Dores Orofaciais em geral, com Cefaléias, nas Disfunções Temporomandibulares (DTM) e também portadores de Bruxismo do Sono.

Porém, estas condições dolorosas quando atingem graus de intensidade desconfortáveis e associadas a um longo período tendem a sensibilizar o sistema nervoso central – neuroplasticidade. A partir daí, chamadas de Dores Crônicas.

Daí, o especial interesse em hipnose no tratamento da dor. Pois estudos confirmam que a hipnose pode reduzir a dor (e custos associados) com procedimentos médicos (Lang et al., 2000), e existem agora um número adequado de estudos controlados de hipnose para tirar conclusões significativas da literatura sobre a dor crônica (Jensen & Patterson, 2006; Montgomery, Duhamel, & Redd, 2000; Patterson e Jensen, 2003). Hipnose no tratamento de dor crônica em geral, envolve uma indução hipnótica com sugestões de relaxamento e conforto. E de uma forma geral uma indução olho fechado, relaxamento

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FALA SÓCIO - OPINIÃO

Jorge von Zuben é é especialista em DTM/ Dor Orofacial, membro fundador da SBDOF, psicanalista clínico.

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imaginário, sugestões de relaxamento e ausência de movimentos dos membros, sugestões para analgesia e de anestesia hipnóticas.

A hipnose trabalha com sugestões, que dentro do aspecto DOR agem no sentindo de facilitação de respostas positivas, promovendo a modificação da atividade funciona. Este processo ativa áreas específicas do cérebro como exemplo o sistema límbico, córtex pré-frontal ligadas às emoções, às sensações, à percepção, ao raciocínio e promove um benefício enorme aos pacientes.

Durante a proposta de Comunicação Hipnótica, onde são realizadas induções livres de conversação com intuito de fazer o individuo se desligar do sofrimento, da dor, do desconforto, cria-se um modelo alterado e amplificado das sensações (5 sentidos) – método Ericksoniano. Onde o individuo é capaz de distorcer ou transferir a dor, modulando para menos, ou até mesmo cessando por completa. Toda esta estratégia beneficia e amplifica a capacidade de receptividade do individuo que irão facilitar a ativação das áreas de controle Anti-Dor. Com isto, as respostas de analgesia, de cessão parcial e ou total da sensação de dor é real e guardada dentro da memória das células, fazendo com que estas fiquem cada vez mais atentas, mais rápidas no controle do processo Anti-dor.

O estado hipnótico médio (onda cerebral teta- θ) é considerado melhor, por ter maior eficácia quanto à sugestão.

INFORMAÇÕES SOBRE A HIPNOSE:

• Sabe-se que a habilidade de vivenciar o fenômeno hipnótico não está relacionada à crença nele;

• A hipnose não está relacionada ao sono;

• A responsividade (habilidade em responder durante o transe hipnótico);

• As pessoas permanecem no controle de seu comportamento e conscientes do ambiente ao seu redor;

• Pode-se ter respostas a sugestões sem que uma indução formal aconteça;

• A hipnose não é perigosa, mas pode ser mal aplicada;

• As pessoas hipnotizadas não estão fingindo ou simplesmente obedecendo ordens;

• A hipnose não aumenta a precisão da memória ou de revivências literais.

CAPACIDADES EM HIPNOSE

Analgesia

É a eliminação da dor ou de formigamento do corpo. O paciente sente calor, frio, mas não sente dor. Há pacientes que sentem analgesia desde o transe leve. É

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possível até mesmo fazer cirurgias quando se desenvolve este fenômeno de transe.

Anestesia

É a sensação de não sentir uma parte definida do seu corpo. Por exemplo, há pacientes que não sentem as mãos, ou as mãos e os braços, outros, as pernas. Além de você não sentir dor, você também perde a noção daquele membro do corpo. É um excelente fenômeno que pode ser desenvolvido para cirurgias.

Estudos da hipnose no tratamento da dor crônica muitas vezes incluíram a instruir os pacientes em auto-hipnose como uma forma de lidar com a dor e ganhar uma maior auto-controle sobre a dor (por exemplo, Dinges et al, 1997; Jensen et al, 2005;; Winocur et al. , 2002).

A revisão atual indica que as intervenções hipnóticas para resultados de dor crônica em reduções significativas na dor percebida que, em alguns casos, pode ser mantido por vários meses. Além disso, em alguns estudos, foi encontrada que o tratamento hipnótico pode ser mais eficaz, em média, do que alguns outros tratamentos, tais como terapia física ou educação, para alguns tipos de dor crônica. Estes resultados são encorajadores para uma onda inicial de estudos, mas um corpo mais sofisticado de investigação, incluindo amostras maiores e controles mais rigorosos, seria muito mais convincente. Além disso, a maioria dos estudos têm-se centrado na forma hipnótica pode ser utilizado para conseguir o efeito analgésico, mas hipnose também pode ter outros benefícios para os pacientes de dor crônica, como a ansiedade reduzida, melhoria do sono e maior qualidade de vida (Jensen, McArthur, et al., 2006).

Sugestão pós-hipnótica

A sugestão pós-hipnótica acontecerá após o paciente retornar de um estado hipnótico em resposta às sugestões dadas com execução de algo pedido a partir de um “gatilho” sugerido pelo terapeuta. Assim sendo, seu paciente recebe uma instrução, durante uma sessão, que, de acordo com uma dica determinada (ao acordar, ao abrir a janela etc.), ele entrará num estado hipnótico mínimo (consciência alterada), em que executará a sugestão pedida.

Este transe pós-hipnótico, em geral, é de duração breve, ou seja, o tempo de executar o ato sugerido. No caso de se pedir como sugestão pós-hipnótica que o sujeito fique sem dor por horas, este transe não será breve. Necessitará de longa duração para sua execução. Mas geralmente são pequenas sugestões que serão executadas na vida cotidiana do sujeito, que lhe podem ajudar na mudança de alguns comportamentos necessários à sua melhora.

Exemplo: ao acordar todo os dias você sentira um estado de bem estar gostoso, mais tranquilo (a) e vai perceber que seus sintomas estarão regredidos ou que talvez você nem esteja sentindo mais aquela dor.

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Por André Porporatti

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O QUE ESTOU ESTUDANDO

Olá, meu nome é André Porporatti e hoje compartilho com vocês um pouco do que venho estudando e das pesquisas que estou realizando. Mas antes, preciso dividir como cheguei até aqui. Sou cirurgião-dentista e me formei na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Desde a graduação sempre tive certeza de que a área acadêmica e o estudo das dores orofaciais me despertavam interesse. Portanto, busquei seguir para o mestrado com o propósito de me aprofundar na ideia de “ser professor” e compreender mais sobre os pacientes com diversos tipos de dores. Foi então que prestei a prova e ingressei no mestrado em Ciências O d o n t o l ó g i c a s A p l i c a d a s d a Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (FOB-USP). Além de estar em um ambiente pleno de professores brilhantes e lendas vivas da odontologia, tive a honra de ser orientado pelo Prof. Dr. Paulo César Rodrigues Conti, um grande expoente no campo de Dor O r o f a c i a l e D i s f u n ç ã o Temporomandibular.

No Mestrado, desenvolvi uma pesquisa que daria origem à minha dissertação. Trabalhei com um estudo clínico caso-controle com pacientes que apresentavam dor neuropática do

tipo Odontalgia Atípica (antigamente conhecida como dor do dente fantasma ou dor por desaferentação). N a O d o n t o l o g i a , q u a l q u e r procedimento que lesione um nervo pode levar a uma dor neuropática como, por exemplo, exodontias, tratamentos de canais, cirurgias de implantes, cirurgias periodontais e até mesmo uma anestesia. Felizmente isso não acontece em todos os casos. Após uma lesão do nervo, na grande maioria dos casos a lesão cicatriza e tudo fica bem. Entretanto, de 6 a 13% dos casos, essa cicatrização do nervo não acontece e persiste, e o paciente desenvolve uma dor neuropática. Essa dor neuropática intraoral é conhecida como Odontalgia Atípica e é de difícil diagnóstico por estar associada com a ausência de alterações radiográficas perceptíveis.

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Seus aspectos patofisiológicos s e n s o r i a i s d e m a n u t e n ç ã o e p e r p e t u a ç ã o d a d o r s ã o m a l compreendidos e por isso busquei numerar as modificações à nível de sistema nervoso que ocorrem nestes pacientes por meio dos testes sensoriais quantitativos (derivado da sigla em inglês: “QST” ou “Quantitative Sensory Testing”). Os QSTs são f e r r a m e n t a s q u e a v a l i a m o compromet imento sensor ia l do paciente, possibilitando detectar alterações de sensibilidade diversas c o m o h i p o a l g e s i a , a n a l g e s i a , hiperalgesia, alodinia, hipoestesia, hiperestesia e/ou parestesia.

C o m m i n h a d i s s e r t a ç ã o , demonstramos que fenômenos de alodínia e hiperalgesia e sistema modulatório da dor deficiente são observados em pacientes com Odon ta lg i a A t íp i ca , i nd icando alterações em nível de sensitização central. Além disso, estes sujeitos ap resen tam ma io res s i n tomas depressivos e de ansiedade, qualidade do sono ruim e baixa qualidade de v ida, comparados à indiv íduos

saudáveis. Outro resultado que obtivemos foi que a aplicação de anestésicos tópicos apresentou redução significativa de 60% na intensidade da dor nos indivíduos afetados, sugerindo também uma participação de processos periféricos de sensitização e uma alternativa de tratamento tópico.

Nos anos de 2011 a 2013, tive também a oportunidade de realizar uma pós-graduação latu-sensu à nível de especialização em Acupuntura Tradicional Chinesa no Centro de Estudo de Terapias Naturais (CETN). Sempre tive vontade de entender um pouco mais sobre a medicina oriental e surgiu nessa especialização a chance de me aprimorar em várias técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, como Auriculoterapia, Magnetoterapia, Florais, Acupuntura, Cromoterapia e outras. Percebi nessa especialização uma complementação às técnicas convencionais da medicina ocidental para o tratamento de meus pacientes com dor orofacia l e disfunção temporomandibular.

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Logo que terminei o mestrado, fui convidado a continuar no programa de pós-graduação nível doutorado, e senti uma necessidade de, al iado aos conhecimentos obtidos no mestrado, entender cada vez mais os mecanismos envolvidos na dor orofacial. Estudos descrevem que os QSTs podem auxiliar ao diagnóstico de várias condições dolorosas, principalmente (mas não somente) neuropáticas. São testes originalmente criados para pesquisa e com cus to mu i to e l evado , mas estudiosos estão em busca de um consenso para uso clínico. Com essa ideia em mente, realizei minha pesquisa de doutorado buscando simplificar alguns QSTs para uso diário na clínica de dor. Atualmente, podemos realizar alguns Q S Ts c l í n i c o s c o m a u x í l i o d e instrumentos específicos: cotonete, rolete de algodão, clipes e sonda milimetrada são alguns exemplos.

Eu, juntamente com meu orientador Paulo Conti e nossa equipe de pesquisa composta por Yuri Martins Costa, Juliana Stuginski-Barbosa e Leonardo Bonjardim realizamos um estudo que validou o QST para o diagnóstico mais preciso das dores neuropáticas, autenticando-os pa ra d isc r im ina r pac ien tes com Odontalgia Atípica e Pulpite Aguda (a dor de dente propriamente dita). Nossa pesquisa obteve o primeiro lugar entre todas as pesquisas apresentadas no 39º Encontro Científico Anual da Academia Americana de Dor Orofacial realizado em 2015. Os pacientes selecionados passaram por vários testes sensoriais. Um deles é o de mensuração da dor, presente após um teste inócuo ou indolor (teste de alodinia), que consistiu em

friccionar levemente um cotonete na gengiva dos pacientes no local onde ocorria o incômodo. Após analise estatística, constatou-se que os sujeitos que relataram dor foram identificados como dor neuropática; os que não relataram dor foram identificados como pulpite. Acredito que os QSTs são ferramentas fantásticas que estão cada vez mais sendo citadas, devido também ao seu uso para acompanhar a evolução e melhora do paciente, através de um mapeamento sensorial.

A inda , a tua lmen te , t enho me aprimorado no estudo e realização de Revisões Sistemáticas e Meta-Análises, juntamente com a equipe do Centro Brasileiro de Pesquisas Baseadas em Evidências (COBE-UFSC) e estou tentando divulgar um pouco das minhas pesquisas e dos meus estudos em uma página do Facebook voltada para pacientes que sofrem com dor. A página carinhosamente conhecida como: “Doutor, Tenho Dor” traz toda quinta-feira uma reportagem, uma pesquisa, uma dica científica, uma técnica de meditação ou até mesmo uma frase de autoajuda para amparar nossos pacientes com dor. Curtam lá. Abraços

Site Pessoalwww.andreporporatti.com

Página do Facebook voltada à Divulgação de Dor Orofacial para Pacienteswww.facebook.com/DoutorTenhoDor

Currículo Latteshttp://lattes.cnpq.br/4246950003466601

Artigos Publicadoshttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=porporatti

Centro Brasileiro de Pesquisas Baseadas em Evidênciashttp://cobe.paginas.ufsc.br

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ENSINO E PESQUISAO CORE – Colloquium on Oral Rehabilitation, evento promovido pelo J o u r n a l o f O r a l R e h a b i l i t a t i o n e m p a r c e r i a c o m a Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial (SBDOF) com o tema D o r O r o f a c i a l f o i realizado em Novembro d e 2 0 1 5 n o H o t e l Terras Altas - SP.

O formato do evento foi interessante e permitiu d i s c u s s õ e s e n t r e alunos, professores e p e s q u i s a d o r e s presentes. Artigos em rascunho para leitura p r é v i a f o r a m

disponibilizados e palestras sobre os assuntos e discussão abertas para opiniões e questionamentos de todos foram realizadas baseadas nos textos lidos.

Os temas discutidos foram: disfunção temporomandibular (DTM) articular, cefaleias e DTM muscular, dores neuropáticas e comorbidades.

Houve possibilidade de conversar com todos os palestrantes e moderadores: Peter Svensson, Paulo Conti, Malin Ernberg, Thomas List, Ole Ferjerskov e Antônio Sérgio Guimarães. Ao final do evento todos os professores se reuniram novamente e discutiram as mudanças nos artigos que em breve estarão publicados no Journal of Oral Rehabilitation. Os artigos serão divulgados pela SBDOF.

Agradecemos a presença dos sócios da SBDOF neste evento e convidamos a participarem dos eventos futuros: II Encontro Paranaense da SBDOF (2016) e III Congresso Brasileiro de Dor Orofacial (2017).

Paulo Conti

[email protected]

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SAÚDE PÚBLICAA comissão da especialidade DTM e Dor Orofacial do CRO-DF, presidida pelo sócio Dr. Rodrigo Wendel, e com apoio irrestrito do Presidente do CRO – DF, Dr Samir Najjar, realizou duas ações de grande importância. Os integrantes da Comissão de DTM e DOF e sócios da SBDOF estiveram presentes no Shopping Conjunto Nacional, na cidade de Brasília-DF, assim como em Taguatinga e Ceilândia (regiões administrativas do DF) durante a semana de saúde bucal, promovida pelo CRO –DF, para a divulgação da Especialidade e da SBDOF e a devida or ientação à população .

Além disso, foi publicado no Jornal do CRO-DF um texto sobre a Especialidade

de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial .

Segundo o Dr. Rodrigo Wendel, ainda no ano corrente, outras parcerias serão fi r m a d a s p a r a d i v u l g a ç ã o d a especialidade, tanto ao público leigo quanto aos dentistas.

Todas as ações da comissão de DTM e DOF do CRO-DF, tiveram um amplo apoio da SBDOF. Participe também de ações como esta em seu estado, vamos juntos valorizar ainda mais nossa Especialidade. Para mais informações e n t r e e m c o n t a t o p e l o e m a i l [email protected].

Roberto Pedras

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A SBDOF entrevistou o Professor Charles Greene, que gentilmente respondeu a algumas perguntas.

Dr. Charles S. Greene está envolvido há muitos anos na pesquisa e ensino da dor orofacial e disfunção temporomandibular (DTM). Atualmente é professor clínico do Depar tamento de Or todont ia da Universidade de Illinois, Chicago, Estados Unidos. Autor de mais de 130 artigos e capítulos de livro, Prof. Charles Greene é t a m b é m c o - e d i t o r d e u m l i v r o m u l t i d i s c i p l i n a r s o b r e D T M -(Quintessence, 2006).

Em 2001 o Sr. Escreveu um artigo no Journal of Orofacial Pain (Greene CS. The etiology of temporomandibular disorders: implications for treatment. J Orofac Pain. 2001 Spring;15(2):93-105), em que questionou cada uma das hipóteses sobre etiologia das DTMs. Se f o s s e e s c r e v e r a q u e l e a r t i g o novamente hoje, o que atualizaria?

O tema da etiologia das DTM tem sido de especial interesse para mim desde o início de meu envolvimento profissional nesta área. Em cerca de 50 anos de atividade eu escrevi vários artigos e capítulos de livros sobre isso, geralmente dentro de uma perspectiva de evolução histórica a partir dos conceitos iniciais até os que surgiram mais recentemente. Essas publicações sempre terminavam com alguma sensação de “vazio”, porque ficava claro que a maioria das etiologias sobre as DTM simplesmente não

passavam pelo escrutínio da investigação com rigor científico.

Consequentemente, em 2001 eu decidi falar com um discurso do tipo “As roupas novas do Rei” (* em português, “o Rei está nu!”), escrevendo um importante artigo que dizia que na verdade nós não sabíamos muito sobre a etiologia das DTM apesar do enorme volume de informação existente sobre o assunto. Em outras palavras, “o Rei estava nu!”, e nós estávamos trabalhando em pacientes sofredores de desordens de dor facial c u j a s e t i o l o g i a s n ó s n ã o compreendíamos. O termo que melhor define esta situação é “idiopático” e eu argumentava no sentido de que nós deveríamos reconhecer nossa deficiência no assunto; no entanto, apesar dessa deficiência, nós conseguíamos tratar nossos pacientes de DTM desde que nos ativéssemos ao estabelecimento de um diagnóstico minucioso e utilizássemos

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SBDOF ENTREVISTA

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diferentes modalidades de tratamento validadas empiricamente.

Então, o que mudou desde 2001? De maneira direta, a pergunta mudou de “o que faz com que uma DTM apareça” para “quem é a pessoa que é vulnerável a desenvolver uma DTM”. Em outras palavras, os constructos etiológicos habitualmente usados para se avaliar etiologia, “fatores de risco” e “razão de chance”, mostraram-se estatisticamente interessantes, mas eles não nos diziam quem era o indivíduo susceptível a desenvolver uma DTM na população geral. No final dos anos 1990 eu tive a felicidade de discutir esse assunto com meu bom amigo Dr. William Maixner (* Universidade da Carolina do Norte – EUA) que me disse que ele estava na iminência de iniciar o maior projeto de pesquisa financiada (* pelo National Health Institute dos EUA) já realizado sobre as DTM: o projeto OPPERA. Como a maioria dos leitores deve saber, este é um estudo prospectivo, multicêntrico, iniciado em 2000, envolvendo milhares de indivíduos, que se tornou um marco na investigação da etiologia das DTM. O foco central desse estudo são os fatores genéticos porque, claramente, eles são um determinante maior da diferença entre as pessoas quanto a sua vulnerabilidade a contrair doenças. Adicionalmente, nós temos também que entender como vários fatores ambientais interagem com aqueles fatores, incluindo tanto variáveis biológicas quanto psicológicas que nós encontramos. Conclu indo, se eu decidisse escrever hoje uma atualização daquele artigo de 2001, este seria o principal direcionamento. Eu encorajo todos os le i tores que não estão atualizados com esses avanços a procurar pelas edições especiais de 2011 e 2013 do Journal of Pain (* acesso gratuito para o volume de 2011 em http://

w w w . j p a i n . o r g / i s s u e /S1526-5900(11)X0013-5), nas quais estão resumidos os principais achados do estudo OPPERA.

 

A área de DTM e DOF é invadida f re q u e n t e m e n t e p o r t e o r i a s e procedimentos sem base científica, e tanto os clínicos quanto os pacientes p a r e c e m s e r e x t r e m a m e n t e vulneráveis as propostas de soluções mágicas, rápidas e definitivas. O Senhor acha que isso vêm mudando ao longo do tempo?

Este é outro aspecto desse assunto que há tempos me interessa particularmente. Quando eu estava lendo a literatura histórica sobre as DTM dos 2/3 iniciais do século 20, eu fiquei surpreso por ver que todo mundo escrevia sobre o sucesso clínico que estava tendo. Ninguém parecia ter um número significante de insucessos; mas, como isso era possível dada à variedade de tratamentos empregados? Onde estavam os estudos clínicos controlados que sabemos ser necessários para se produzir qualquer tipo de resultado crível?

Não demorou muito tempo até que o Dr. Daniel Laskin (* Cirurgião Maxilofacial da Universidade da Virgínia – EUA) e eu nos déssemos conta do tremendo vazio da literatura que tinha que ser preenchido sobre esse assunto. Então, nos anos entre 1965 e 1984 nós conduzimos os primeiros estudos clínicos sobre as DTM que inclu í ram controles placebo, iniciando com estudos envolvendo fármacos e depois para equilíbrio oclusal simulado e uso de máquinas de TENS inativas. Nossos achados iniciais foram reproduzidos por muitos pesquisadores ao redor do mundo ao longo dos anos, e n q u a n t o o u t ro s p e s q u i s a d o re s

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avançaram nesse campo com a e laboração de notáve is es tudos controlados.

É justo concluir a partir de todos esses e s t u d o s q u e o s u c e s s o c l í n i c o frequentemente observado no tratamento dos pac ien tes de DTM não e ra dependente de terapias específicas utilizadas, mas ao invés disso eram devidos a uma complexa combinação do fenômeno de recuperação espontânea natural somada a altos níveis de resposta placebo. Naturalmente, isso sugeria que muitos pacientes estavam sendo sobre tratados (* recebendo tratamento em excesso), pagando um alto preço por isso em mais de um sentido (* por exemplo, financeiro e biológico). Desde que tantos tratamentos para as DTM envolviam p ro c e d i m e n t o s o d o n t o l ó g i c o s e cirúrgicos irreversíveis, é lícito se perguntar o quanto esse grau de invasividade era realmente necessário na maioria dos casos.

Então, voltando à pergunta inicial, tanto os clínicos quanto os pacientes eram reféns de uma situação paradoxal: o sucesso clínico do tratamento das DTM é algo comum, mas esse sucesso não era criticamente analisado para saber o que realmente acontecia. Os clínicos ficam felizes acreditando que sucesso de seus tratamentos de DTM é dependente de seus protocolos terapêuticos específicos, e os pacientes ficam sem entender o que realmente acontece. Tenho esperança que esta situação irá mudar com o passar do tempo com a disseminação de mais informação (* de boa qualidade científica) na comunidade profissional. Atualmente, os alunos de Odontologia (* nos EUA) estão sendo ensinados sobre os modernos e corretos conceitos sobre o diagnóstico e tratamento apropriados das DTM, de maneira que podemos esperar

que a próxima geração de clínicos t r a b a l h a r á e m u m p a t a m a r d e conhecimento superior. Como veremos na resposta a próxima pergunta, as sociedades profissionais tem um importante papel no direcionamento a ser tomado no campo das DTM no século XXI.

Como uma entidade de especialistas pode contribuir para uma prática mais baseada em evidências?

Não é segredo que a situação atual do campo das DTM não apenas no Brasil, mas também nos EUA e também ao redor do mundo, é caracterizada por uma palavra: CONTROVÉRSIA! Por todas as razões discutidas anteriormente (e muitas mais!), os níveis de discordância nessa área continuam a ser, infelizmente, muito altos. Mesmo que nós ignoremos os óbvios aspectos financeiros envolvidos, a teimosia de muitos “experts” em recusar-s e a a b a n d o n a r c o n c e i t o s e procedimentos ultrapassados é um tanto estressante – mas isto é frequentemente baseado na crença sincera de que “modernos pontos de vista científicos” não são críveis. Isto é similar ao que vemos em re lação às mudanças climáticas ou a evolução humana, onde algumas pessoas simplesmente não podem aceitar a prodigiosa quantidade de ev idênc ia c ient ífica caso e la contradiga suas crenças pessoais.

Então, isso faz com que organizações como a AAOP (* American Academy of Orofacial Pain - http://www.aaop.org/) e as academias co-irmãs, bem como grupos como a SBDOF no Brasil, sejam mais que essenciais no desenvolvimento desse campo de conhecimento através da combinação de muitas atividades. A AAOP produziu e atualiza regularmente um excelente guidelines (* aqui o link para a quinta edição americana http://

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www.amazon.com/Orofac ia l -Pa in-Guidelines-Assessment-Management/dp/0867156104, mas a quarta edição já foi traduzida para o português) e realiza excelentes congressos anualmente. Ela também tem “embaixadores” que apresentam palestras e participam de cursos ao redor do mundo para ajudar a disseminar a informação mais atualizada na área. Todas as academias co-irmãs estão engajadas em atividades similares, e a SBDOF pode desempenhar este i m p o r t a n t e p a p e l a l c a n ç a n d o a comunidade profissional no Brasil e América do Sul.

Como vocês devem saber, existem outras “academias” e grupos que lutam ativamente contra nossos esforços em apresentar informação baseada em Ciência, ou que confrontam palestrantes em diferentes encontros, ou que escrevem cartas a revistas científicas levantando dúvidas sobre a integridade de nossos membros. Isto torna ainda mais importante a manutenção de esforços em todas as frentes com o objetivo de avançar e disseminar o c o n h e c i m e n t o c i e n t í fi c o n e s s a controversa área.

Considerando o quadro atual das abordagens para pacientes com DTM/DOF, como o Senhor vê o futuro nessa área? Para onde acha que deveriam ser direcionadas as pesquisas? Como acha que estaremos tratando nossos pacientes daqui a 20 anos?

Apesar de toda a minha preocupação e insatisfação expostas anteriormente com a atual controvérsia clinica no campo das DTM, me sinto bastante positivo no front científico. Como na resposta a pergunta #2, o estudo OPPERA vem produzindo u m a q u a n t i d a d e i m p o r t a n t e d e

conhecimento que já se estende para além das DTM e DOF. Em nosso último livro, o Dr. Laskin e eu apresentamos (com a contribuição de excepcionais pesquisadores) um olhar futurístico sobre essa área em diversos aspectos da biologia e psicologia da dor nas ATM que nos ajuda a prever um futuro brilhante em muitas áreas. Atualmente, tanto cientistas em áreas básicas quanto clínicas estão explorando tópicos que se estendem por toda a experiência da dor humana e, desde que a cabeça e o pescoço são afetados pela mesma variedade de problemas dolorosos que o restante do corpo humano, nós podemos esperar um significativo progresso naqueles estudos que irão também nos beneficiar.

Portanto, eu sinto que o esforço global atual para compreender e gerenciar condições dolorosas de um ponto de vista mais científico será benéfico em longo prazo. É impossível predizer como as coisas serão nos próximos 20 anos, mas eu penso que em termos gerais o tema principal do controle de doenças será o que hoje é chamado de “medicina personalizada”. Isto se baseia na capacidade de analisar cada pessoa do ponto de vista genético e molecular para que o diagnóstico seja mais específico e o tratamento mais direcionado. A capacidade de predizer respostas a tratamentos, que já está acontecendo, por exemplo, em algumas áreas da terapia do câncer, permitirá que seja oferecido tratamento mais individualizado para cada condição específica. Espero que a capacidade de melhor intervir em condições dolorosas agudas ajude a reduzir a chance do desenvolvimento de dor crônica.

 

Na reunião da AILDC o senhor mostrou um slide dizendo para Orthodontists

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(sem educação e formação nesta área) anular DTM e se concentrar em ATM : Você poderia explicar melhor esta mensagem?? 

Como vocês devem saber, eu não sou um ortodontista; na verdade, fui um clínico geral por 35 anos. No entanto, na minha carreira acadêmica eu tive a felicidade de me envolver com alguns ortodontistas excepcionais que também estavam interessados nas DTM. Na Universidade de Illinois em Chicago (* UIC) eu trabalhei como Dr. Cyri l Sadowsky nas décadas de 1970 e 1980 e posteriormente eu me juntei ao Dr. Harold Perry na Universidade de Northwestern por um período de 10 anos, que foi uma experiência fantástica para mim. Como resultado desse background e minha atual filiação ao departamento de Ortodontia da UIC, eu sinto que compreendo o que a maior parte dos ortodontistas clínicos de hoje sabem e o que não sabem sobre as ATM e as DTM.

D a m e s m a m a n e i r a q u e m u i t o s protesistas desenvolveram um “ponto de vista protético” sobre as DTM, o mesmo ocorreu com muitos ortodontistas que desenvolveram uma percepção limitada sobre essas desordens. De alguma maneira, eles acreditam que pacientes de dor facial precisam do que eles podem o f e r e c e r f a z e n d o c o m q u e , frequentemente, esses pacientes sejam tratados com aparelhos ortodônticos (* e / ou ortopédico faciais). Enquanto antigamente isso era “compreensível”, atualmente uma quantidade abundante de literatura (com muita dela vindo de pesquisadores de Ortodontia) claramente tem demonstrado uma relação mínima entre esses dois aspectos (* dor facial e Ortodontia). Ainda assim, a mesma teimosia que impede outros CD a aceitarem esse tipo de achado científico

também afeta muitos ortodontistas, e assim o padrão se perpetua.

No entanto, os ortodontistas devem conhecer as ATM e entender que elas desempenham um papel preponderante no crescimento e desenvolvimento do Sistema Estomatognático. Então, minha mensagem para eles é que continuem focando em temas como crescimento e desenvolvimento, relacionamento com a oclusão dentária, e outros aspectos f u n d a m e n t a i s d e s s a i m p o r t a n t e articulação; mas, a não ser que estejam devidamente preparados para estudar o conhecimento atual sobre a complexa fenomenologia das DTM, por favor, afastem-se de pacientes com dor facial. É claro que eu gostaria que cada ortodontista aprendesse o tanto quanto fosse possível sobre as DTM para que eles possam oferecer atendimento primário para seus próprios pacientes quando necessário, e é isto que eu tento em minha atividade acadêmica com os residentes de Ortodontia.

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"Eu quero agradecer meus colegas brasileiros pelo convite para responder essas perguntas. Estou feliz por poder contribuir com minhas ideias nesta segunda edição do jornal on-line da SBDOF, e espero que elas gerem comentários e novas perguntas que possam ser enviadas para mim.”

Prof. Charles Greene

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1. Temporomandibular disorders and associated clinical comorbidities. Hoffmann RG, Kotchen JM, Kotchen TA, Cowley T, Dasgupta M, Cowley AW Jr. Clin J Pain. 2011 Mar-Apr;27(3):268-741

Resenha enviada por Natália Pinheiro Ribeiro, Cirurgiã Dentista, especialista em DTM e Dor Orofacial pela UNIFESP e Acupuntura. Mestre em DTM pela Faculdade São Leopoldo Mandic.

As Disfunções Temporomandibulares articulares e musculares (DTMs) são condições clínicas com etiologia variada, mas, certamente, envolvem dor e limitação aos indivíduos. Este estudo teve como objetivos descrever as possíveis manifestações clínicas associadas com as queixas de DTM baseadas no auto relato de indivíduos afetados pela doença e comparar a prevalência de comorbidades e sintomas de indivíduos afetados para um grupo de indivíduos não afetados, semelhantes em idade e gênero.

Os dados fornecem evidências de que as DTMs representam um espectro de transtornos com patofisiologia variada, manifestações clínicas diversas e comorbidades associadas. Os resultados ressaltam a natureza complexa da DTM, a necessidade de mais estudos interdisciplinares, bem como o desenvolvimento de estratégias baseadas em resultados mais eficazes para diagnosticar, prevenir e tratar essas condições crônicas e debilitantes.

Mil quinhentos e onze (1511) indivíduos com Disfunção Temporomandibular Muscular e/ou Articular foram entrevistados em relação aos dados demográficos, possíveis causas para o aparecimento da dor, experiências com dor e outros sintomas físicos e psicológicos, históricos médicos e odontológicos, tratamentos utilizados, medicações prescritas, comorbidades e informação sobre a qualidade de vida. 90% da amostra foi composta pelo gênero feminino e com idade média de 41 anos. Os resultados encontrados:

1) Principais causas para o aparecimento da dor

Trauma (65%), estresse (49%), apertamento dental (47%), artrites (17%), tratamento ortodôntico (11%), problemas odontológicos (9%), hereditariedade (9%)

2) Qual profissional realizou o diagnóstico da DTM

95% foram diagnosticados por cirurgiões-dentistas (73%) ou médicos (22%)

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RESENHAS CIENTÍFICAS

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3) Aproximadamente 50% dos indivíduos relataram que a dor relacionada à DTM iniciou na fase adulto-jovem (18 a 39 anos), sendo 25 anos a idade mais frequente.

1/3 das mulheres e ¼ dos homens tiveram seu primeiro episódio de dor antes dos 18 anos.

4) Em média, o diagnóstico foi realizado 4 anos após o início dos sintomas.

5) Intensidade da dor (nota)

80% relataram nota 4 ou mais para a dor inicial

53% relataram nota 4 ou mais nas últimas 4 semanas

23% relataram que a dor interfere nas suas atividades de trabalho

6) Frequência de prescrição de fármacos

Anti-inflamatório (73%)

Opióides (48%)

Antidepressivos (50%)

Ansiolíticos (41%)

Relaxante muscular (41%)

7) Frequência de tratamentos Cirúrgicos

394 participantes passaram por algum procedimento cirúrgico

1 a 3 procedimentos (54%)

4 a 9 procedimentos (30%)

10 ou mais procedimentos (16%)

8) Efetividade dos tratamentos

A intervenção mais frequentemente utilizada (65% dos participantes) foi terapia térmica (compressas quentes ou frias) com redução de 74% dos sintomas.

A segunda terapia mais frequentemente recomendada foram os exercícios mandibulares (60% dos participantes), com redução de 50% dos sintomas.

Dispositivos interoclusais foram utilizados por 52% dos participantes, com redução de 56% dos sintomas.

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Outros tratamentos como relaxamento, tratamento de pontos gatilho, acupuntura yoga, acompanhamento psicológico dentre outros também foram citados pelos participantes.

9) Prevalência de Comorbidades

Cefaleias e Migrânea (22%), zumbido (26%), dor crônica (27%), artrite (9%), dentre outras como alergias, fibromialgia, neuralgia trigeminal também foram citadas pelos participantes. Muitas das comorbidades associadas foram mais de 6 vezes mais prováveis de ocorrer após o diagnóstico da DTM.

A possibilidade de avaliar de forma abrangente indivíduos afetados pela DTM nos permite ter uma ampla ideia da forma como a doença é vista pelo paciente, e, de acordo com o seu relato e seu ponto de vista, como a doença está sendo manejada por ele e como os profissionais das diversas áreas estão atuando em relação à doença. Ao mesmo tempo em que é reconfortante observar que a maioria dos diagnósticos é realizado pelo cirurgião dentista, é preocupante ver como o tempo para o correto diagnóstico ainda é longo, como fármacos ainda são empregues de forma descontrolada e como é alta a frequência de procedimentos cirúrgicos, tão questionáveis na atualidade. A experiência do paciente e a sua visão em relação aos cuidados profissionais são ferramentas importantes para que o profissional possa estar atento às reais necessidades desses pacientes, tanto físicas, como em relação à melhora da sua qualidade de vida.

2. Policy Statement on Temporomandibular Disorders.

Resenha enviada por José Luiz Peixoto Filho - Cirurgião Dentista, especialista em DTM e DOF CFO, membro Fundador da SBDOF, membro da SBCe e ABSONO

Aproveitando a entrevista gentilmente concedida pelo Dr. Charles Greene para essa segunda edição de nosso jornal eletrônico, a resenha desta vez é sobre a declaração oficial do Comitê de Neurociências da IADR / AADR (Associações Iternacional e Americana de Pesquisa Odontológica), a “Policy Statement on Temporomandibular Disorders” (disponível on-line aqui http://www.aadronline.org/i4a/pages/index.cfm?pageid=3465#.VpWY1fkrK00).

Este documento versou de forma simples e direta sobre as condutas mais aceitas do ponto de vista científico sobre o diagnóstico e o tratamento das DTM.

Em relação ao diagnóstico, recomenda explicitamente que ele seja o resultado de informação obtida na história do paciente, exame clínico e, quando indicado, exames auxiliares de imagem ou outros.

Sobre o tratamento, recomenda que os pacientes de DTM recebam inicialmente terapias conservadoras, reversíveis e (sempre que possível) baseadas em evidências, a não ser que existam indicações específicas e que assim justifiquem a implementação de tratamentos outros (por ex, tumores).

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Este documento foi amplamente divulgado internacionalmente, sendo aceito pelas principais associações que congregam profissionais interessados nesse campo de problemas. Uma curiosidade: o nosso I Termo de DTM e DOF (http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v15n3/14.pdf), que foi um dos motores que impulsionou a criação da nossa SBDOF, foi lançado pouco antes e trazia em seu conteúdo informação muito parecida com a que posteriormente apareceu nessa declaração; ou seja, começamos com o pé direito!

Vale a pena ler, salvar e imprimir para servir de fonte rápida e objetiva de informação de alto nível sempre que for necessário, pois também contém uma boa bibliografia que pode servir de base para aprofundamento no assunto.

3. Is early TMJ involvement in children with juvenile idiopathic arthritis clinically detectable? Clinical examination of the TMJ in comparison with contrast enhanced MRI in patients with juvenile idiopathic arthritis. Keller H, Müller LM, Markic G, Schraner T, Kellenberger CJ, Saurenmann RK. Pediatric Rheumatology Online J (2015) 13: (1) 56.

Resenha enviada por Liete Zwir , odontopediatra, especialista e Mestre em DTM/DOF pela UNIFESP, Doutora em Ciências da Pediatria pela UNIFESP, Membro da Diretoria da SBDOF, Membro da EuroTMJoint.

A Artite Idiopática Juvenil (AIJ) é a doença reumática mais comum durante a infância e adolescência. A frequência relatada do envolvimento da articulação temporomandibular (ATM) na AIJ varia de 17% a 87% de acordo com o método diagnóstico utilizado nos diferentes estudos, com a população estudada e com os subtipos da doença. Estes valores refletem a ausência de critérios bem estabelecidos e universalmente aceitos para se diagnosticar o envolvimento da ATM na AIJ.

O principal centro de crescimento da mandíbula localiza-se na cabeça da mandíbula, muito próximo ao espaço articular, o que o torna vulnerável a alterações artríticas que ocorram na ATM. Portanto, o envolvimento da ATM na AIJ pode resultar em alterações no crescimento mandibular, tais como retrognatia, rotação posterior e assimetrias (quando o envolvimento for unilateral).

O diagnóstico precoce do envolvimento da ATM na AIJ é primordial, porém difícil de ser obtido, porque sinais e sintomas de artrite nesta articulação são raros. Os parâmetros clínicos mais comumente associados a este envolvimento são: limitação na amplitude e desvios no movimento mandibular e crepitação.

A imagem de ressonância magnética (IRM) com contraste é considerada o “padrão ouro” para o diagnóstico da AIJ na ATM e o seu resultado pode apresentar um impacto direto na decisão do melhor protocolo terapêutico para esta articulação.

Neste estudo os autores tiveram como objetivo testar achados clínicos associados com artrite precoce na ATM em relação aos achados de IRM com contraste.

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Setenta e seis pacientes consecutivos com diagnóstico de AIJ foram incluídos. Eles foram submetidos a três avaliações: reumatológica, ortodôntica e de imagem (IRM). Todos os examinadores eram cegos em relação aos achados das outras avaliações.

Os exames de IRM foram feitos com bobina dedicada e a aquisição da sequência pós-contraste ocorreu nos primeiros 5 minutos após sua administração intravenosa. Os pacientes que não conseguiram permanecer parados durante o exame foram submetidos á sedação (n=23/76). Todos os exames de imagem foram revisados por dois radiologistas pediátricos. Os achados de imagem que constaram do estudo foram: presença de realce sinovial, efusão e alterações na forma da cabeça da mandíbula (dano estrutural)

Os parâmetros clínicos avaliados foram: dor á palpação na ATM e nos músculos da mastigação (masseter e temporal), amplitude do movimento de abertura bucal, presença de som articular e presença de deformidades (retrognatismo e assimetria).

Os autores encontraram 54 pacientes (71% da amostra) com envolvimento da ATM e com sinais de artrite ativa em 52 pacientes (68% da amostra) segundo os critérios de imagem.

Os achados clínicos nas ATM envolvidas segundo o padrão de referência (IRM) só foram correlacionados ao dano estrutural. Os sub-grupos classificados como sem dano estrutural” e com dano estrutural grave” apresentaram diferença estatisticamente significante em relação a amplitude de abertura bucal. Os autores relatam que vários outros estudos encontraram associação positiva entre a amplitude de abertura bucal e a presença de sinovite na IRM, mas no presente estudo este achado não foi relevante quando na análise estatística se avaliou a presença de realce como achado único na imagem.

Os autores concluem que que a avaliação clínica no caso da ATM não permite o diagnóstico precoce da artrite de forma precisa e para isto ainda dependemos da IRM com contraste.

Este é um estudo com uma amostra importante em que o envolvimento da ATM foi avaliado, em todos os pacientes, por um dentista, um médico e um radiologista.

Mais uma vez fica claro como é difícil e importante fazer o diagnóstico de AIJ na ATM de forma precoce no curso da doença. Muitos pacientes com a doença ativa na ATM (sinovite) não apresentavam as manifestações clínicas compatíveis com o quadro infamatório.

O resultado deste estudo nos mostra que a atenção aos pacientes com doenças reumáticas precisa ser feita por uma equipe multiprofissional e o dentista tem que fazer parte desta equipe. A avaliação periódica

destes pacientes por um especialista em disfunção temporomandibular resulta numa atenção diferenciada. Alterações clínicas sutis (sinais e sintomas) nestes pacientes devem ser sempre avaliadas.

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O SÓCIO PERGUNTA, O SÓCIO RESPONDE

A literatura descreve uma maior prevalência de DTM em mulheres jovens. Talvez por isso a maioria das pesquisas clínicas tenham como voluntários adultos jovens, e proporcionalmente se dê pouca importância a DTMs em crianças. Afinal, criança tem DTM?

Roberto Garanhani é Mestre em Implantodontia, especialista em Prótese e DTM e Dor Orofacial, coordenador do curso de Especialização em Prótese da ABOSC e professor de Prótese da UNISUL.

Olá Garanhani! Sim, criança tem DTM. A prevalência de sinais e sintomas mais severos de DTM em crianças e adolescentes é mais baixa e realmente a procura nos serviços especializados nessa área é feita na sua maioria por adultos (Köhler et al., 2009; Gonçalves et al., 2010). Entretanto não podemos subestimar a chance de ocorrência dessa condição nas crianças. Uma pesquisa epidemiológica em crianças de seis a oito anos encontrou 35% delas com pelo menos um sinal de DTM (Vierola et al., 2012) e recentemente, uma revisão sistemática alertou que uma em cada 6 crianças e adolescentes apresenta sinais clínicos nas ATM (da Silva et al., 2015). Mas penso ser interessante fazer uma análise cuidadosa desses dados, uma vez que as pesquisas epidemiológicas citadas e muitas outras apontam uma frequência de DTM em crianças mais elevada do que a nossa percepção na clínica Odontopediátrica. Talvez porque normalmente a queixa principal da criança não seja DTM os sinais dessa condição não estejam contemplados no exame clínico do Odontopediatra. Além disso, é importante ressaltar que alguns sinais, como som articular por exemplo, podem estar presentes e não representar necessariamente uma condição de doença, mas são contabilizados como sinal de DTM nas pesquisas. Reforçando ainda que sinal de DTM nem sempre representa necessidade de tratamento. O importante é que o clínico que atende criança inclua na sua anamnese e exame físico as abordagens pertinentes para essa condição com vistas à identificação do paciente de risco e do diagnóstico precoce.

Adriana de Ol iveira Lira Ortega - mestre em DTM e DOF pela Unifesp, Doutora e pós Doutora pela Fousp. Professora nos cursos de Graduação e Pós Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), professora no curso de especialização em Odontopediatria da Fundecto/Fousp. coordena o curso de Ortodontia e Ortopedia em Odontopediatria do centro de Pós Graduação São Leopoldo Mandic.

Vierola A et al. Clinical signs of temporomandibular disorders and various pain conditions among  children  6 to 8 years of age: the PANIC study. J Orofac Pain. 2012;26(1):17-25.

da Silva CG, Pachêco-Pereira C, Porporatti AL, Savi MG, Peres MA, Flores-Mir C,  De Luca Canto G. Prevalence  of  clinical  signs  of  intra-articular  temporomandibular  disorders  in  children  and  adolescents: A systematic review and meta-analysis. J Am Dent Assoc. 2015 Nov 5.

Köhler AA,  Helkimo AN,  Magnusson T,  Hugoson A. Prevalence of symptoms and signs indicative of temporomandibular disorders in c h i l d r e n a n d a d o l e s c e n t s . A c r o s s -sectional  epidemiological  investigation covering two decades. Eur Arch Paediatr Dent. 2009 Nov;10 Suppl 1:16-25.

Gonçalves DA et al. Symptoms of temporomandibular disorders in the population: an epidemiological study. J Orofac Pain. 2010;24(3):270-8.

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Enquanto alguns pacientes apresentam com quadros bem específicos de DTM isolada, outros apresentam várias comorbidades, especialmente com alguns tipos de Cefaléia. Essa última situação é muito comum? Os pacientes de DTM com esse tipo de comorbidade devem ser tratados de forma diferente?

Wladimir Dal Bó é especialista

A presença de comorbidades associadas à DTM é bastante comum. A prevalência de tais associações depende do tipo de comorbidade. Independente de qual alteração dolorosa esteja associada com a DTM, é importante que o especialista em DTM/DOF esteja apto à identificar a presença de tais comorbidades, e encaminhar o paciente para o profissional habilitado ao tratamento das mesmas, como o médico reumatologista (no caso da presença de fibromialgia, por exemplo), neurologista (para tratamento de cefaleias), ou ainda outros especialistas.

Com relação às cefaleias, essa são condições bastante prevalentes entre os pacientes com DTM. Nesses casos, é necessário primeiramente diferenciar o tipo de cefaleia. Se a cefaleia foi causada pela DTM, e nesses casos ela terá surgido junto ou logo após o início dos sintomas da DTM, ela será classificada como Cefaleia Secundária. É esperado que o controle dos sinais e sintomas da DTM tenha um impacto positivo nas cefaleias, chegando à remissão completa.

Porém, as chamadas Cefaleias Primárias, que são a doença em si e não são "causadas" por nenhuma outra condição, são bastante prevalentes entre indivíduos com DTM. Vários estudos têm demonstrado que a DTM apresenta relação de comorbidade com cefaleias primárias como a Cefaleia do Tipo-Tensional e especialmente com a Migrânea. A DTM parece estar associada com aumento da frequência e da gravidade das crises de migrânea, favorecendo sua cronificação.  A literatura tem também demonstrado que em casos de presença concomitante entre DTM e cefaleias primárias, é importante que seja oferecido tratamento simultâneo para ambas. Dessa forma, é de fundamental importância que os médicos, especialmente os neurologistas, sejam capazes identificar a presença de DTM, e que os dentistas estejam familiarizados com os critérios da Classificação Internacional de Cefaleias e possam identificar a presença de cefaleias primárias. A correta identificação das comorbidades associadas, o encaminhamento para o profissional competente no manejo de tais condições e o tratamento simultâneo das mesmas, são aspectos fundamentais para um adequado controle da dor, além de colaborar na redução do risco de desenvolvimento de dores crônicas.

Daniela Godói Gonçalves - Professora da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP, curso de Graduação (Disciplina de Oclusão e DTM), e Or ientadora do Programa de Pós-graduação em Reabilitação Oral.

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MUITO ALÉM DA DORSou natural de Curitiba, onde resido há 59 anos. Formei-me em Odontologia pela UFPr em 1979 ( inspirado por meu pai que era dentista ), e já no ano seguinte comecei minha carreira como Professor Universitário na PUCPr ( inspirado po minha mãe que foi professora ). Nesse mesmo ano fiz concurso público para a carreira de magistério na UFPr. Em 1982 de contrato assinado optei por lecionar somente na UFPr, e nesse anos de 2015, após 35 anos de docência, me aposentei. Uma das coisas que mais me orgulho como professor foi ter lançado o 1º Curso de especialização em DTM e DOF do país aqui na UFPR em 1997. Sou especialista em DTM e DOF, Mestre em Prótese, e Doutor em Biologia e Medicina do Sono, e com dentista ainda atuo clinicamente nessas áreas de conhecimento dentro do Hospital Marcelino Champangnat, aqui em Curitiba.

A música começou a fazer parte da minha vida muito cedo. Meus tios e tias por parte da minha mãe foram muito musicais, tocando em saraus nos anos 50. Jazz e bossa nova eram músicas de todos os dias em casa. Fiz aula de violão como muitas crianças, e toquei em festas de escola e de família com primos. Teve época em que eu queria ser como um dos Beatles. Mesmo sem ter estudado música montei uma banda chamada Varal (1974-1977) e outra de nome “Cover Flôr” (1989), participando também da Banda Chineque (1980-1987). Participei de alguns festivais de música, e até arrisquei fazer algumas composições. No final de 1990 montei com dois amigos a Banda Azeitona dá um Tempo, que fez sua estréia no baile de reveillon no Parque Hotel Ilha do Mel do amigo Renê Strobel na passagem de 1990 para 1991. Vieram apresentações na Pedreira Paulo Leminski, Aero Anta, Coração Melão, John Bull, Music Hall, entre outros locais, e ate hoje tocamos em festas e congressos aqui em Curitiba. Fizemos a festa de encerramento do Congresso de Cefaléia em Setembro aqui em Curitiba, e foi muito divertido. Somos em 10 músicos na banda. Eu que toco guitarra e meus dois amigos cantores somos os 3 mosqueteiros amadores desse pessoal. Hoje nosso repertório gira com Tim Maia, Ben Jor, Ed Motta e Paralamas. Não dispensando músicas de Rita Lee, Cláudio Zoli, já tocamos Seu Jorge, Lulu Santos, Barão Vermelho, Legião Urbana, entre outros. Somos ecléticos quando se fala de boa música.

Paulo Cunali na infância

Por Paulo Cunali

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Difícil alguém não gostar de música. Escutar, cantar e dançar são coisas que aliviam muito o estresse e divertem. “É fantástico quando toco com o grupo e vejo o público se divertir dançando e cantado”. É muito bom quando ao final de um show o publico vem parabenizar a gente, A gente se diverte muito. Como não estudei música tenho que me empenhar mais do que os outros, praticando mais. Estudo sempre o repertório em casa antes dos ensaios, e isso também é legal, pois levo essa tarefa de casa como um robby. “Quem canta os males espanta”, e a alegria se espalha lá em casa também. Vindo para Curitiba consulte o facebook Azeitona dá um Tempo, e se estivermos com show agendado......bora lá, você vai se divertir muito com certeza.Alguns momentos muito legais que essa atividade musical me proporcionou estão reproduzidas nessas fotos. E vocês podem curtir um pouco mais da banda pelo facebook. Viva a Vida com Alegria.