Jornal da PUC-Campinas_março2009

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Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas www.puc-campinas.edu.br 16 a 29 de março/2009 Ano V - Número 82 Os alunos Ana Gabriela Pinesso Prado, da Faculdade de Jorna- lismo e Ademilson Ramos, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) visitaram o novo Museu do Futebol, loca- lizado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, com a equipe de reportagem do Jornal da PUC-Campinas. O local, que mescla a tecnologia e a intera- tividade, conta a história do fute- bol brasileiro, que faz parte da cultura do país. Página 08 A felicidade está na pauta das discussões de cientistas, psi- cólogos e filósofos. Até a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece como um medidor do progresso de um país o índice Felicidade Interna Bruta (FIB). A ciência já descobriu que a Genética interfere na felicidade de uma pes- soa; a Psicologia reconhece a influência do ambiente na con- dição de ‘ser feliz’ e diversas reflexões sobre o tema já foram feitas por diferentes filósofos, em momentos distintos. Mas em um ponto os pesquisadores são unânimes: cada um tem sua base para a felicidade. Páginas 04 e 05 O maior poeta popular do Brasil e da América Latina, o cearense Patativa do Assaré, completaria cem anos se estivesse vivo. Cantado em verso e prosa, Patativa teve seus versos musicados por grandes nomes da música brasileira, como Luiz Gonzaga, Fagner, Chico Buarque e pelo grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado. Página 07 MURAL Museu do Futebol PATATIVA DO ASSARÉ: 100 ANOS De 23 a 25 deste mês, uma Comissão Externa de Avaliação Institucional do MEC visitará a PUC-Campinas. Página 06 Essa tal felicidade... Fotos: Ricardo Lima

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Projeto gráfico + editoração by Neo Arte Design.

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Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinaswww.puc-campinas.edu.br

16 a 29 de março/2009Ano V - Número 82

Os alunos Ana Gabriela PinessoPrado, da Faculdade de Jorna-lismo e Ademilson Ramos, daFaculdade de Arquitetura eUrbanismo (FAU) visitaram onovo Museu do Futebol, loca-lizado no Estádio do Pacaembu,em São Paulo, com a equipe dereportagem do Jornal daPUC-Campinas. O local, quemescla a tecnologia e a intera-tividade, conta a história do fute-bol brasileiro, que faz parte dacultura do país. Página 08

A felicidade está na pauta das discussões de cientistas, psi-cólogos e filósofos. Até a Organização das Nações Unidas(ONU) reconhece como um medidor do progresso de umpaís o índice Felicidade Interna Bruta (FIB). A ciência jádescobriu que a Genética interfere na felicidade de uma pes-

soa; a Psicologia reconhece a influência do ambiente na con-dição de ‘ser feliz’ e diversas reflexões sobre o tema já foramfeitas por diferentes filósofos, em momentos distintos. Masem um ponto os pesquisadores são unânimes: cada um temsua base para a felicidade. Páginas 04 e 05

O maior poetapopular do Brasil eda América Latina,o cearense Patativado Assaré, completaria cemanos se estivessevivo. Cantado emverso e prosa,Patativa teve seusversos musicados por grandes nomes damúsica brasileira, como Luiz Gonzaga,Fagner, Chico Buarque e pelo grupopernambucano Cordel do FogoEncantado. Página 07

MURALMuseu do Futebol PATATIVA DO ASSARÉ: 100 ANOS

De 23 a 25 deste mês, uma Comissão Externa de Avaliação Institucional do MEC visitará a PUC-Campinas. Página 06

Essa tal felicidade...

Fotos: Ricardo Lima

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Cultura autoritária alimenta a impunidadeEditorial

alar da impunidade é falar de um problema que vivenciamos no coti-diano. Não só porque parece “faltar” algo quando os meios de comu-nicação não nos mostram algum fato novo, mas, sobretudo, porquesentimos na carne a lentidão da justiça quando se trata de lidar com

os pobres e na sua presteza em acudir os poderosos. Mais ainda: uma lenti-dão posta a serviço dos que têm meios de garantir indefinidamente a trami-tação dos processos de que são vítimas. E, se condenados, as garantias de“prisão especial”, de habeas corpus, fatos tão corriqueiros que levam a umdescrédito generalizado nas instituições, mais especificamente naquelas liga-das à justiça. Há também uma espécie de reação. A sociedade organizadaconsegue assegurar direitos antes inimagináveis. Os meios de comunicaçãovivem dos anunciantes – poderosos – mas, para assegurar a fidelidade doleitor, dão espaço à defesa do consumidor. Também faz parte da realidadeuma reação surda presente em ditos populares, como aquele dito no Brasilque só vão presos os pobres, negros e prostitutas. E aqueles que dão de ombrosquando injustiçados, pois sabem, de antemão, que perderão tempo, saúdecom carimbos, atestados, documentos, provas. Resignar-se como tentativa demanter a sanidade.

O que temos aqui é um dos retratos da sociedade de classes, suficiente paralevar muitas pessoas a verem a Constituição Brasileira, que preconiza como fun-damento a igualdade de todos perante a lei, como ideologia em estado puro. Orisco dessa visão é ignorar que essa afirmação fundante é a garantia que, nomínimo, permite lutar por garantias e conquistas, ainda que pequenas.

Uma longa tradição histórico-cultural, marcada por um viés autoritário,

constitui característica de nossa formação social. O fenômeno do coronelismo,a política da troca de favores, do apadrinhamento contribuíram para, de for-ma velada, ocultar o braço do forte que oprime o fraco. A opressão aparece soba marca do favor. Marco de uma cultura autoritária. Torna os poderosos cio-sos de sua dignidade e certos de sua impunidade. Não fora isso o que levariaa norte-americana Dorothy Stang, religiosa de 78 anos, desarmada, a cami-nho de seu trabalho com os pobres, a ser morta por pistoleiros? Uma visãomoralista pode reduzir isso à crueldade e até mesmo a desvios comportamen-tais, explicáveis por uma psicologia de manual. E, anos depois, nenhum dosresponsáveis estar preso?

Costuma-se ver no Livro de Jó uma espécie de convite à aceitação da "impu-nibilidade", um elogio à paciência, mesmo quando a vida pessoal e social nãojustifica qualquer espécie de castigo. Antonio Negri, intelectual, ex-militante daluta armada na Itália nos anos 70, redescobre Jó. Um homem que não con-funde existência e destino. Face à prova a que é submetido por Deus, Jó não searrepende, não se retrata, não se justifica. Redescobre-se a si mesmo no momen-to em que se defronta com o infinito e o santo do qual é criatura: é colhido porsua finitude ao receber a revelação de um infinito.

O poeta espanhol Rafael Alberti faz uma leitura política dos aparentementeimpunes. Sua situação de impunidade assemelha-se à morte. Homenageandoo poeta Pablo Neruda, diz dos ditadores: “No morireis, cuervos sangrientos desangrientas uñas; no morireis porque estais muertos !”

Padre Wilson DenadaiReitor da PUC-Campinas

Expediente

RReeiittoorr-- Padre Wilson Denadai; VViiccee--rreeiittoorraa -- Angela de Mendonça Engelbrecht; CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall -- Wagner José de Mello, Rogério Bazi e Sílvia Regina Machado deCampos; CCoooorrddeennaaddoorr ddoo DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCoommuunniiccaaççããoo -- Wagner José de Mello; EEddiittoorraa -- Ciça Toledo (MTb. 14.181); RReeppóórrtteerreess -- Adriana Furtado, Ana Paula Souzae Raquel Lima; RReevviissããoo -- Marly Teresa G. de Paiva; FFoottooggrraaffiiaa -- Ricardo Lima; TTrraattaammeennttoo ddee FFoottooss -- Marcelo Adorno; PPrroojjeettoo GGrrááffiiccoo ee EEddiittoorraaççããoo EElleettrrôônniiccaa -- Neo Arte;IImmpprreessssããoo -- Grafcorp; RReeddaaççããoo -- Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. TTeelleeffoonneess:: (19) 3343-7147 e 3343-7674. EE--mmaaiill::[email protected]

F

Notas

A Comissão Europeia escolheu o Brasil como focodo programa educacional “Study in Europe”, em2009. O objetivo é atrair os jovens brasileiros às ins-tituições de ensino superior de 32 países europeus,como Reino Unido, França, Portugal, Islândia,Lituânia e República Checa, entre outros. No anopassado, mais de 12 mil brasileiros estudaram emuniversidades europeias. Criado em 2007, o “Studyin Europe” é um projeto destinado a jovens de todoo mundo, embora, neste momento, o foco daComissão Europeia sejam os países que compõemo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A opçãodeve-se pelo fato de que essas nações apresentam potencial econômico e um grande número de estu-dantes. No ano passado, o alvo foi a Rússia e, em2009, as atenções se voltam para o Brasil.O programa “Study in Europe” será oficialmenteapresentado no Brasil durante a ExpoBelta, tra-dicional feira de educação, que ocorre de 27 a29 de março, na capital paulista. Mais informa-ções podem ser obtidas por meio do site www.stu-dy-in-europe.org. Nesse espaço, os interessadosencontram, em português, dados sobre os paí-ses participantes, as universidades e o que énecessário para viver e estudar no exterior.

Comissão Europeia queratrair jovens brasileiros

Professor de Filosofia lança livro de elaboração de projetos e monografias

Desenvolvimento regional é tema de palestra

O professor da Faculdade de Filosofia e Direitoe coordenador do Núcleo de Pesquisa, doCentro de Ciências Humanas Sociais Aplicadas(CCHSA) da PUC-Campinas Samuel Men-donça lança este mês o livro ‘Projeto eMonografia Jurídica’, que, na sua 4ª edição, estátotalmente atualizado. A publicação tem comoobjetivo orientar os estudantes de Direito etambém os da área de Ciências Humanas na ela-boração de projetos. Entre os temas abordadospelo livro estão normas técnicas da ABNT e discussões relativas à teoria do conhecimen-to. O livro já está à venda no site www.millenniumeditora.com.br e custa R$ 22,00.

Missa dos UniversitáriosNo próximo dia 29, às 19 horas, será realizadaa Missa dos Universitários da Paróquia DivinoSalvador, presidida pelo padre João BatistaCesário, da Pastoral Universitária da PUC-Campinas. Na ocasião, serão homenageadosos alunos que ganharam o concurso para cria-ção do cartaz da Campanha da Fraternidade2009 e os professores orientadores da AgênciaExperimental (Agex), da Faculdade dePublicidade e Propaganda, do Centro deLinguagem e Comunicação (CLC), da PUC-Campinas. A Igreja está localizada naAvenida Júlio de Mesquita, 126, Cambuí.

Agenda

16 a 26/03Período de inscriçãopara o ProcessoSeletivo do CréditoEducativo APLUB

17/03Divulgação do crono-grama das atividades deMonitoria para o 2ºsemestre de 2009

19/03Reunião do CONSUN

23/03Início das atividades deIniciação à Extensão

27/03Data-limite para pedido de trancamentode matrícula dos alunosdos cursos deGraduação e dos cursos dos Programasde Pós-Graduaçãostricto sensu

Professor da PUC-Campinasrecebe título de Pesquisador Sênior pelo CNPq

O professor e assessor da Pró-Reitoria de Graduação daPUC-Campinas, Newton César Balzan, recebeu, no mês defevereiro, do Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq), o título de PesquisadorSênior, considerado o grau máximo da carreira de pesquisa-dor. Recebem o título apenas os pesquisadores que tenhamuma constante produção científica em sua área de atuação emais de 10 anos de carreira como pesquisador na categoria 1-A, considerado o mais alto nível de pesquisa do CNPq.

Com a nova denominação, o professor terá seu títulorenovado a cada seis anos, além de continuar como avaliadorde projetos e pedidos de bolsa. De acordo com o docente, onovo cargo é um reconhecimento do trabalho como pesqui-sador. “É um passo importante, porque a carreira como pes-quisador exige muita dedicação”, afirmou o professor.

A carreira de Balzan como pesquisador no CNPq começou em 1986, mas desde 1975 ele orienta teses, disser-tações, trabalhos científicos e teve textos publicados em livros e revistas acadêmicas. Formado na área de CiênciasHumanas (Geografia e História) pela Universidade de São Paulo (USP), ele fez seu doutorado em Educação na USPe UNESP e seu pós-doutorado na Universidade de Boston, nos Estados Unidos.

Há 22 anos como professor da PUC-Campinas, Balzan sempre dedicou suas pesquisas a temas relacionados àavaliação de ensino superior, avaliação institucional e formação de professores. Além de ser professor titular da PUC-Campinas, ele é docente aposentado pela Unicamp. Para o professor, títulos como o do CNPq são um incentivopara a pesquisa no país. “O Brasil precisa de pesquisa em muitas áreas básicas, com destaque à área educacional. Aspesquisas dão vida ao ensino em salas de aulas e laboratórios, exigem muita reflexão, atualização permanente e dedi-cação por parte do pesquisador”, disse.

A Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas realiza no dia 20 de março a palestra “A discussão sobre a importância do desenvolvimento regional no processo de desenvol-vimento econômico nacional”. Ministrada peladiretora do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), Liana Maria da Frota Carleial, apalestra tem como objetivo discutir a importânciado desenvolvimento regional para a economianacional. O evento será realizado no AuditórioDom Gilberto, no Campus I, às 19h30.

Fotos: Ricardo Lima

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AULA MAGNA - O senador da RepúblicaPedro Simon (PMDB-RS)esteve, no dia 9 de março,na PUC-Campinas para ministrar no Auditório DomGilberto, no Campus I, aAula Magna 2009, que marca o início do ano letivoda Universidade. A aula tevecomo tema a Campanha daFraternidade 2009, que é “Apaz é fruto da justiça”. Nomesmo dia, o senador visitou o Centro de Ciênciasda Vida (CCV) e o Hospital eMaternidade Celso Pierro daPUC-Campinas, noCampus II, acompanhadopela vice-reitora Angela deMendonça Engelbrecht, pelodiretor da Faculdade deMedicina, José Espin Neto eoutros diretores, professorese funcionários.

16 a 29 de março/2009Jornal da PUC-Campinas 03

“OO critério

DA

IMPUNIDADE

não ÉÉ

jurídico, é

MORAL”.

Opinião

o ponto de vista jurídico, a puniçãonão é um ato de vingança ou um cas-tigo, mas sim um ato de justiça. Para

que se caracterize a punição e para que ela nãose confunda com alguma forma de violênciacontra a pessoa humana, é indispensável quesejam atendidos vários pressupostos, como aexistência de regras jurídicas previamente esta-belecidas que deem a base legal para o exer-cício, com legitimidade do direito de punir. Masé importante acrescentar que, observados ospressupostos legais, a punição, além de ser umdireito, é uma obrigação, não uma faculdadeda autoridade que tem competência legal parapunir os faltosos. Não pode a autoridade públi-ca, a seu arbítrio, conceder privilégios de qual-quer espécie, criando uma categoria de crimi-nosos privilegiados e deixando de cumprir suaobrigação de punir.

Um ponto essencial que deve ser ressal-tado para que se perceba que a impunidadeprejudica direitos de todo o povo é que o direi-to de punir não decorre de alguma convicçãopolítica específica ou dos interesses de algumgoverno, mas está sempre ligado a um inte-resse social. Com efeito, aquele que pratica atoilegal em prejuízo do interesse público causa um

dano imediato a todo o povo, mas, além disso,causa também um prejuízo indireto pela des-moralização das instituições e pelo desvio ilegalde recursos que deveriam ser usados no atendi-mento de necessidades essenciais da população.Assim, pois, existe interesse social na punição dosfaltosos, o que torna necessária a punição quan-do ocorrer uma hipótese em que ela é cabível.Cabe lembrar aqui a lição do grande jurista italia-no Cesare Beccaria, quando, na sua obra clássi-

ros de sua impunidade e, por isso, persistemnas práticas ilegais e altamente prejudiciais aosinteresses do povo brasileiro. É tempo de seiniciar uma intensa campanha de âmbito nacio-nal pela punição dos corruptos, envolvendo-se nessa campanha os mais diversos segmen-tos da população, órgãos da grande imprensae também autoridades que prezem sua digni-dade, tenham verdadeiro espírito público e nãofiquem intimidadas pela força econômica oupolítica dos corruptos. Quem tem o direito depunir tem também o dever de impedir a impu-nidade dos que menosprezam o direito, osinteresses e a dignidade do povo brasileiro.

Dalmo de Abreu Dallari

Juarez Tavares, doutor em Direito, é subprocurador-geral da República.

Um basta à impunidadeca sobre os delitos e as penas, observa que, maisdo que a intensidade da pena, o que importa é acerteza da punição, que pode desencorajar a rein-cidência. Em sentido oposto, haverá incentivo àprática de novos crimes se o autor e outros quepretenderem seguir o mesmo caminho tiverema certeza de que em relação a eles estará garan-tida a impunidade.

Tudo isso merece especial atenção no Brasilde hoje pela ocorrência de práticas flagrantementeilegais e obviamente antissociais, cujos autores,escudados no poder econômico ou encasteladosem altos postos da vida pública e protegidos porautoridades e agremiações políticas coniventes,têm a convicção de gozarem do privilégio da maisabsoluta impunidade. Essas ilegalidades manifes-tas ocorrem em contratações por órgãos públi-cos, assim como na distribuição de recursos públi-cos por critérios imorais e ilegais, visando, antesde tudo e sem qualquer consideração pelo inte-resse público, o favorecimento de amigos, paren-tes e sócios na distribuição dos recursos. Isso tam-bém ocorre na prática de fraudes financeiras, decontrabando e de sonegação fiscal. Muitas denún-cias dessas ilegalidades, apesar de bem fundadas,são sufocadas pelos que têm o dever de punir oscorruptos. E os autores, às vezes protegidos eauxiliados por agentes públicos da mais elevadaposição hierárquica, estão absolutamente segu-

Imag

em

Dalmo de Abreu Dallari é jurista e professorEmérito da Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo

“É tempo de se iniciaruma intensa campanha

de âmbito nacional pela punição dos

corruptos, envolvendo-senessa campanha os

mais diversos segmentosda população, órgãos da grande imprensa e também autoridades

que prezem sua dignidade…”

“É difícil pensar em acabar com aimpunidade, porque existe todoum sistema queimpede. Mas acredito que as pessoas deveriampesquisar maissobre a vida doscandidatos, na época das eleições, para observaro caráter de quem estão votando.”Fabiano Facio – Aluno do 1º ano daFaculdade de Publicidade e Propaganda

“A questão daimpunidade refere-se a ummodelo de estadoineficiente, que agecom distinção declasses na hora de cobrar cumprimento deleis. Fazer com quetodos sigam as leis igualitariamente é uma formade combater a impunidade.”Geisa Mendes – Professora da Faculdade de Pedagogia

“Penso que faltam exemplospara os jovens,tanto por partedos pais, quantoda parte políticadesse País. Énecessário queos jovens tenhambons exemplos,para que nossopovo seja mais honesto.”Márcia Miranda – Assistente Administrativado Comitê de Ética da PUC-Campinas

“O que vale na horade votar, para amaioria das pessoas,é a aparência do candidato. E se opolítico tiver umaboa apresentação eretórica, fica maisfácil manipular aspessoas. Nessecaso, é difícil conter a impunidade política, jáque há muitos corruptos no governo.”Marcelo Magalhães - Aluno do 2º ano da Faculdade de Filosofia

“Creio que poderiahaver leis queacompanhassem deperto o trabalhodos parlamentares,para que fique maisdifícil de se praticara corrupção.Acredito que apopulação deveriaser mais participati-va na escolha dos políticos.”Nayla Toretta – Aluna do 4º ano daFaculdade de Jornalismo

“O Brasil deveriainvestir mais emcultura, para quea população tivesse maisconhecimento e,assim, mais argumentos epoder de palavrapara exigir umapostura ética dos políticos.”Marcos Antônio Souza – Funcionário da PUC-Campinas e aluno de Engenharia Elétrica

Galeria O QUE VOCÊ ACHA QUE DEVE SER FEITO PARA ACABAR COM A IMPUNIDADE NO BRASIL?

D

“A partir do momentoque se cumpram as leisexistentes e os direitose deveres de toda apopulação, de maneirajusta e igualitária, já estaremos combatendo a impunidade. Acreditoque a mídia tem umpapel fundamental na fiscalização das atividades do poder público.”Paulo Lot Júnior – Professor da Faculdade de Administração

“Acho que o primeiro passo é criar uma consciência política para queas pessoas descubram oque é ser cidadão e,assim, fiquemconscientes de seus direitos e deveres para com a comunidade que vivem.”Orlanda Dias Rodrigues – Aluna daFaculdade de Filosofia

Fotos: Ricardo Lima

Fotos: Ricardo Lima

Arquivo pessoal

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F

16 a 29 de março/2009 Jornal da PU04

Foi o ateniense Sócrates (470-399 a.C.) queminiciou a discussão, há mais de dois mil anos.Mas hoje, em pleno século 21, a humanidadeainda busca respostas sobre a felicidade. O queé, onde e como encontrá-la? Será que todospodem ser felizes? É possível atingir a felicida-de plena?

A ciência já descobriu que a genética inter-fere, sim, na felicidade de uma pessoa. “Pesquisasjá comprovaram que há genes que a favorecem.Esses genes, porém, não necessariamente tra-zem felicidade, mas oferecem o potencial paraque a pessoa seja feliz”, explicou o professor daFaculdade de Biologia, do Centro de Ciênciasda Vida (CCV) da PUC-Campinas, EdmilsonRicardo Gonçalves.

Por que isso ocorre? “Esses genes coman-dam a produção de determinados neurotrans-missores, relacionados à sensação de bem-estar,como a endorfina, que é liberada, por exemplo,quando comemos chocolate ou praticamos exer-cícios físicos”, declarou. O que ainda falta, noentanto, é a identificação desses genes para oaprofundamento dos estudos. “Temos 26 milgenes e não sabemos a função da metade deles”,argumentou.

A própria Psicologia se rendeu à felicidade.Há cerca de 20 anos os estudos sobre senti-mentos negativos, como a tristeza, a angústia ea raiva, passaram a dividir espaço com a cha-mada ‘Psicologia Positiva’, que tem como obje-tivo analisar a relevância das emoções boas parao nosso equilíbrio físico e mental. “É de extre-ma importância que a Psicologia tenha a preo-cupação com tais aspectos, buscando descreveras contingências que controlam as emoçõespositivas, tais como a felicidade, pois, ao fazê-lo, estará ajudando na promoção de uma vidamais feliz e bem-sucedida”, disse Sofia HelenaPorto Di Nucci, professora da Faculdade dePsicologia, do CCV.

É a partir da Psicologia que compreende-mos a influência do ambiente em que vivemosno nosso grau de felicidade. “Com Skinner, psi-cólogo norte-americano, aprendemos que nos-sas emoções, tal como todos os comportamen-tos, são resultado de mecanismos que envol-vem aspectos ontogenéticos e o ambiente.Portanto, ‘ser feliz’ é uma condição que apren-demos ao longo de nossa vida, com as pessoascom quem convivemos e com as condições queesse ambiente nos dispõe”, analisou. “A vivên-cia da felicidade vem do aprendizado diário deconhecer e expressar os desejos e sentimentos,construindo os próprios projetos de vida e

empenhando-se para realizá-los. À medidaque o ambiente nos ensina a lidar desse modocom nossas emoções e nos gratifica pelas con-quistas que geram tais emoções, este tem papelfundamental na construção da felicidade do serhumano”.

FilosofiaDiversas reflexões sobre o tema já foram fei-

tas por diferentes filósofos, em momentos dis-tintos. De acordo com Arlindo Ferreira GonçalvesJúnior, professor da Faculdade de Filosofia daPUC-Campinas, dentre algumas concepções defelicidade presentes na antiguidade, a noção desen-volvida por Aristóteles (384 a 322 a.C.) é a quemerece destaque para a história da filosofia.“Aristóteles a faz reconhecer como sendo a pró-pria realização de determinados bens, tais comoa virtude e a sabedoria, e tende a identificá-la

como uma atividade derado, associando-a complação”, explicou.

O professor de Filomação de Bertrand Rvárias noções filosóficafeitas as necessidades vitais, de, para maioria dos homtrabalho e de suas relações

No entanto, Gonçauma importante contritemporânea, principalmsua interpretação, está lógica, sobretudo ao cofelicidade como finalid“Daí, podemos comprea satisfação de estar cuentre tantos, mas o devos poros da existência”

Qual é a base da suafelicidade? FELICIDADE est

Tema é objeto de discussão da ciência,

Psicologia e Filosofia. Até a Organização dasNações Unidas (ONU)

reconhece o índiceFelicidade Interna Bruta(FIB) como um medidordo progresso de um país

Raquel [email protected]

Acima, o professor doCentro de

Ciências da Vida(CCV) da

PUC-CampinasEdmilson Ricardo

Gonçalves; aolado, o professorda Faculdade de

Filosofia da PUC-CampinasArlindo Ferreira

Gonçalves Júnior eacima, à direita, a

professora daFaculdade de

Psicologia SofiaHelena Porto

Di Nucci

“Acredito que conquistaros meus objetivos e alcançar o sucesso profissional é a base daminha felicidade.”Luis Torres – Aluno do2º ano da Faculdade de Odontologia

“Escutar os problemas daspessoas e ajudar damelhor maneira possível,na base da conversa.”Antonio Carlos ValotaFrancisco – Aluno do 1º ano da Faculdadede Psicologia

“A minha felicidade está na religião cristã epara alcançá-la é precisoestar bem espiritualmente.”Andrius Sperque –Aluno do 2º ano daFaculdade deEngenharia deComputação

“A minha felicidade é omeu jardim. Nos finais desemana, passo mais detrês horas cuidando dele,faço isso há 20 anos.”Ângela de CamposTrentin – Diretora daFaculdade de Nutrição

“A minha felicidade estáem ajudar os jovens ecrianças a resgatar valores desgastados, como a família e amigos.”Adriana Angélica dosSantos - Funcionária do Departamento deServiços Gerais

polêmica

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UC-Campinas 05

e caráter racional e mode-m a faculdade de contem-

osofia escolheu uma afir-Russel para sintetizar asas atuais: “Uma vez satis-a felicidade profunda depen-

mens, de duas coisas: de seus com os outros”.alves Júnior ressaltou queibuição da filosofia con-mente pela atualidade dena corrente fenomeno-ompreender a noção dedade da vocação pessoal.eender a felicidade como

umprindo não um deverver que preenche todos

”, explicou.

De acordo com a professora Sofia, para aPsicologia não há uma definição sobre o que éfelicidade, mas considerações sobre que condi-ções produzem tal sentimento. Ela explicouque, de acordo com o norte-americano MartinSeligman (um dos expoentes da Psicologia Posi-tiva) a felicidade é a soma de três coisas dife-rentes: prazer, engajamento e significado.Segundo ele, o prazer está relacionado a sensa-ções positivas como, por exemplo, as que as pes-soas costumam sentir no corpo quando estãodançando uma boa música.

Já o engajamento, explicou ela, é caracteriza-do pela ênfase no envolvimento que a pessoa temem relação à sua vida, é uma pessoa que tem umaparticipação muito ativa na vida. “O significadoé nada mais do que a sensação de que nossa vidafaz parte de algo que tem um significado maior.Segundo esse cientista, a busca da felicidade deve

ser feita considerando esses três aspectos, nãoadianta se focar em apenas um, como por exem-plo, o prazer sem se atentar para os outros dois.”“Assim, podemos nos sentir felizes diante de algu-mas situações gratificantes e prazerosas, mas tra-ta-se de um estado ou uma condição momentâ-nea”, completou.

“Impossível necessário”Na opinião do professor da Faculdade de

Filosofia, não é possível atingirmos a felicidadeplena. “Se eu considerar que a felicidade é aqui-lo pelo qual designo a realização da pretensão deminha biografia, e considerando que sou um serprojetivo, lançado sempre adiante, não possoconsiderar a ideia de felicidade plena, uma vez queme reinvento a cada instante e sou condenado aisso”, disse. “Creio que a essência da felicidadeseja sua condição de ‘impossível necessário’.”

16 a 29 de março/2009

tá na pauta do dia

A felicidade pode ajudar no desenvolvimento deuma cidade ou país? Para o índice de FelicidadeInterna Bruta (FIB), sim. O conceito surgiu em1972, no Butão, com o objetivo de permitir odesenvolvimento social e econômico do país. O FIBavalia questões como educação de qualidade, bem-estar psicológico, grau de felicidade, proteçãoambiental, acesso à cultura, além dos Índices deDesenvolvimento Humano (IDH) conforme preconizado pela Organização das Nações Unidas. Para o diretor adjunto da Faculdade deAdministração, Francisco Prisco Neto, o FIB permite um despertar da conscientização da sociedade. “As pessoas terão uma nova visão sobre desenvolvimento econômico e vão se dar conta dos danos que algumas atitudespodem causar para o país e para suas vidas”, explicou o professor. Na França, o presidente Nicolas Sarkozy instituiu uma comissão visando a proposi-ção de um indicador que exprima também a felicidade e danos ambientais. NaInglaterra está sendo desenvolvido um indicador que avalie a felicidade do planeta(Happy Planet); a China está desenvolvendo o PIB verde, pois descobriram que oPIB cresce em média 10 % ao ano, mas após os expurgos dos danos causados ànatureza e sociedade esse número cai para "0". Finalmente no Canadá as autorida-des estão estudando indicadores que demonstrem não só o desenvolvimento econômico, como o bem-estar das pessoas. Aqui, no Brasil, o FIB foi colocado emprática na cidade de Angatuba e no mês de outubro de 2008, a cidade de São Paulosediou a 1º Conferência Nacional sobre FIB.

FIB, O ÍNDICE DE FELICIDADE

Fotos: Ricardo Lima

“Respeito é a base daminha felicidade. Assimque passarmos a respeitarmais as pessoas e o mundoà nossa volta seremos maisfelizes.”Daniel Malhado – Alunodo 2º ano da Faculdadede Medicina

“Está na convivência comos amigos, poder contarcom eles para tudo, desde resolver problemasou mesmo um simplesbate-papo.”Mariana Kry – Aluna do1º ano da Faculdade deCiências Farmacêuticas

Qual é a base da suafelicidade?

“Manter um bom relacionamento no trabalho e com a família eter tempo para atividadescomo fotografia e cinema.”Lineu Fonseca –Professor da Faculdadede Medicina

“Moro longe da minhafamília, então, quando volto pra casa tento aomáximo aproveitar osmomentos juntos.”Giullian de Castro –Aluna do 2º ano daFaculdade de CiênciasBiológicas

“A felicidade começa dentro de casa. A partirdisso, conquistamos outras coisas que nosfazem bem.”José Roberto Tessarollo– Funcionário doDepartamento deServiços Gerais

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16 a 29 de março/2009 Jornal da PUC-Campinas06In loco

Universidade é avaliada pelo MEC

Avaliação do ensino de graduação

De 23 a 25 deste mês, a PUC-Campinas receberá a visita daComissão Externa de Avaliação Institucional, designada pelo Ministérioda Educação (MEC). Essa é a primeira vez que a Universidade é ava-liada institucionalmente por uma Comissão Externa. O objetivo davisita in loco dos especialistas é avaliar a qualidade das atividades deEnsino, Pesquisa e Extensão desenvolvidas pela Universidade. Assim,além das políticas que orientam as atividades-fim da PUC-Campinas,serão avaliadas outras dimensões da vida universitária, como, porexemplo, as relações com a sociedade, a responsabilidade social, ainfraestrutura de laboratórios e bibliotecas, os recursos humanosdocente e técnico-administrativo, bem como a gestão.

Esse processo de avaliação foi instituído pela Lei nº 10.861/04, quecriou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES.A partir da publicação da Lei, foi constituída, naquele ano, a ComissãoPrópria de Avaliação - CPA da PUC-Campinas.

A atribuição da CPA é coordenar todos os processos internos deavaliação das atividades de Ensino, Pesquisa, Extensão e gestão aca-

dêmico-administrativa, organizar e encaminhar ao MEC-INEP rela-tórios com os resultados dos processos avaliativos realizados pelosdiferentes setores, bem como divulgar dados e informações à comu-nidade interna e externa.

Na PUC-Campinas, os trabalhos da CPA são apoiados pelo NúcleoTécnico de Avaliação - NTA, que também organiza Boletins perió-dicos para divulgação da Avaliação Institucional e já publicou cinconúmeros do Cadernos de Avaliação, visando socializar os resultadosdos projetos de autoavaliação, realizados no âmbito do Programa deAuto-avaliação Institucional - PROAVI.

Segundo o coordenador da CPA, professor Pe. José Benedito deAlmeida David, a Universidade tem longa tradição no que se refereà avaliação. Em 2004, a CPA resgatou, sistematizou e organizou os pro-cessos avaliativos já desenvolvidos pela Universidade, integrando-osàs diretrizes do SINAES. O coordenador ressalta que essa trajetóriade avaliação conta com a contribuição de muitos professores, fun-cionários e alunos. “Ela confirma a busca permanente da PUC-Campinas para consolidar, com qualidade, sua identidade e missãoenquanto universidade católica e comunitária”, explica.

A Pró-Reitoria de Graduação (PRO-GRAD) desenvolve, desde 2006, o projetoAvaliação do Ensino, que tem como objeti-vo ouvir alunos e professores sobre a quali-dade de ensino da graduação, visando seuconstante aprimoramento. “Essa avaliaçãoconfigura-se como um processo pedagógicode crescimento das pessoas e qualificação daspráticas pedagógicas, tendo como foco prin-cipal a sala de aula”, explica o Pró-Reitor deGraduação, Germano Rigacci Junior.

Com um Grupo de Trabalho coordena-do pelo professor Arnaldo Lemos, a PRO-GRAD tem promovido, desde o início doprocesso, reuniões nos Centros e Faculdades,tanto para discussão dos instrumentos de ava-liação, quanto para socialização e discussãodos resultados e encaminhamento de açõesque possam superar dificuldades e avançar na

qualificação das atividades de ensino.Em 2008, além da avaliação feita pelos alu-

nos, também os professores puderam avaliaras condições de ensino, como salas de aula,bibliotecas, equipamentos e também aspec-tos do desenvolvimento curricular, como oEstágio e o Trabalho de Conclusão de Curso,entre outros.

“Hoje contamos com uma série históri-ca na avaliação realizada pelos alunos, comuma média acima de 6.500 alunos que res-pondem voluntariamente à avaliação, a cadasemestre, de forma que podemos constatara importância dos resultados obtidos para oredirecionamento de muitas questões peda-gógicas nas Faculdades e Centros, bem comouma importante contribuição para oPrograma de Autoavaliação Institucional, oPROAVI”, explica.

Comissão de especialistas avalia as atividades da Universidade, bem como sua infraestrutura e responsabilidade social

Reunião daComissão Própria

de Avaliação(CPA), da

PUC-Campinas

VOCÊ SABIA?

A PUC-Campinas tem longa tradição noque se refere à autoavaliação. Em 1984,apresentou na III Conferência deEducação, realizada em Niterói (RJ), osresultados de uma pesquisa que fez parte do projeto “A participação do alunocomo base para a re-estruturação daUniversidade”. Esta pesquisa, pioneira no país à época, envolveu cerca de 10 mil alunos e contribuiu de forma significativacom indicadores importantes para a elaboração e aprimoramento do ProjetoPedagógico Institucional.

A PUC-Campinas participou voluntariamente, em 1994, do Programade Avaliação Institucional dasUniversidades Brasileiras - PAIUB. AUniversidade apresentou seu projeto de autoavaliação institucional, que foi aprovado pelo MEC. Esse projeto constituiu a base do Programa deAutoavaliação “Conhecer paraAprimorar”, que desde 1998 desenvolve,juntamente com todos os setores daUniversidade, diferentes projetos de avaliação do Ensino, da Pesquisa, da Extensão e da gestão acadêmico-pedagógica.

O SINAES avalia as instituições, os cursos eo desempenho dos estudantes por meiodo Exame Nacional de Desempenho dosEstudantes - Enade, do processo de autoavaliação, da avaliação externa e daavaliação dos cursos de graduação. Os resultados das avaliações permitem queseja traçado um verdadeiro raio X da realidade dos cursos e das instituições deeducação superior do País, tendo em vistaa melhoria de sua qualidade. Os processosavaliativos são coordenados e supervisionados pela Comissão Nacionalde Avaliação da Educação Superior -Conaes. A operacionalização é de respon-sabilidade do Instituto Nacional de Estudose Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -Inep.

Ciça [email protected]

Ricardo Lima

Page 7: Jornal da PUC-Campinas_março2009

16 a 29 de março/2009Jornal da PUC-Campinas 07

Festival de Quadrinhos >> No próximo dia 20, às 19h, a Fnac do Shopping Dom Pedro sediará o 1º Festival de Quadrinhos. O evento contará com a participação de caricaturistas, desenhistas, autores de histórias em quadrinhos e profissionais das diversas áreas dos cartuns. O Festival terá também a presença do ganhador do prêmio Salão Brasileiro, na categoria Mangá, realizado este ano.

MURAL

O maior poeta popular do Brasil e da AméricaLatina, Patativa do Assaré, se estivesse vivo comple-taria cem anos, nascido na longínqua Serra de Santana,a três léguas do município de Assaré, na região doCariri cearense. Ficou conhecido por seus versos decordel, marcados pela oralidade rara, propagando epreservando a consciência e o povo nordestino.

Cantado em verso e prosa, Patativa (que é nome deum pássaro, de canto melacólico e triste) teve seus ver-sos musicados por grandes nomes da música brasilei-

ra, como Luiz Gonzaga,Fagner, Chico Buarque epelo grupo pernambuca-no Cordel do Fogo En-cantado. O trabalho dopoeta ultrapassou as fron-teiras do Brasil e foi estu-dado na cadeira deLiteratura Popular Uni-

versal, sob a regência do professor Raymond Cantel,na Universidade de Sorbonne, na França, além de serhomenageado pelo então presidente da RepúblicaFernando Henrique Cardoso, recebendo a medalha“José de Alencar”.

Para a professora Teresa de Moraes, da Faculdadede Letras, especialista em literatura brasileira, Patativado Assaré era um gênio da literatura, porque produ-

zia versos clássicos, com padrão erudito. “Consideroo Patativa do Assaré um gênio da literatura por ser umapessoa que não teve muitas condições de estudo, masadorava literatura e desde muito novo já proclamavatrechos da obra de Camões em praças", avalia.

No Ceará, uma das iniciativas para comemorar ocentenário do poeta foi a criação de um MuseuTemático na casa em que morava Patativa (de taipa,chão batido, coberta com telhas artesanais), onde osvisitantes podem ter contato com o mundo retrata-do pelo poeta.

Em São Paulo, a Casa das Rosas traz uma pro-gramação intensa com palestras, oficinas de literatu-ra de cordel, xilogravura e apresentação de repentis-tas. Informações: www.poiesis.org.br/casadasrosas/

Poetas niversitário,Poetas de Cademia,De rico vocabularoCheio de mitologia;Se a gente canta o que pensa,Eu quero pedir licença,Pois mesmo sem portuguêsNeste livrinho apresentoO prazê e o sofrimentoDe um poeta camponês.

Seu doutor me dê licença pra minha história contar.Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penarMas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.Eu tinha cavalo bom e gostava de campear.E todo dia aboiava na porteira do curral.

Setembro passou, com outubro e novembroJá tamo em dezembro.Meu Deus, que é de nós?Assim fala o pobre do seco Nordeste,Com medo da peste,Da fome feroz.

Tenho na vida um tesôroQue vale mais de que ôro:O meu liforme de côro,Pernêra, chapéu, gibão.Sou vaquêro destemido,Dos fazendêro querido,O meu grito é conhecidoNos campo do meu sertão.

Fotos:Reprodução

Seara do cordel do CearáRicardo Lima

[email protected]

(trecho do poema “A triste partida”, gravado por Luiz Gonzaga)

(trecho do poema “Vaca estrela e boi fubá”)

(trecho do poema “Aos poetas clássicos)

(trecho do poema “O vaqueiro”)

Page 8: Jornal da PUC-Campinas_março2009

AA tensão é tanta que enrijece cada múscu-

lo. Um torpor pelo corpo denuncia o sanguefervendo nas veias. As mãos suam frio. A gar-ganta seca. O coração dispara. Tundum!Tundum! Tundum! E tudo culmina num êxta-se incontrolável que dá vontade de gritar, pular,abraçar o amigo ou mesmo o desconhecido queestiver mais próximo. Se você é um torcedorapaixonado de futebol, certamente já viveu essasemoções. A expectativa e a euforia da hora dogol. Ou a frustração do gol perdido. Pior, ain-da: a decepção de perder o campeonato com otime jogando em casa.

Euforia e decepção são sentimentos repro-duzidos nas salas Exaltação e Rito de Passagem,situadas do Museu do Futebol, que fica noEstádio Municipal Paulo Machado de Carvalho,o Pacaembu, em São Paulo, e que o Jornal daPUC-Campinas visitou no último dia 10 demarço.

Além da nossa equipe de reportagem,embarcaram nessa viagem pela história do fute-bol brasileiro dois alunos da Universidade. AnaGabriela Pinesso Prado, estudante do 3º anoda Faculdade de Jornalismo e AdemilsonRamos, que cursa o 2º ano da Faculdade deArquitetura e Urbanismo (FAU).

Ana Gabriela é apaixonada por futebol e tor-cedora fanática do Palmeiras. “O esporte repre-senta minha relação com meu pai, porque foiele quem me ensinou a gostar do esporte e meincentivou a torcer pelo Palmeiras”,conta. Já Ramos não suporta ouvirfalar do esporte. Culpa do irmãomais velho, um corintiano alucina-do que assiste a todos os jogos exi-bidos na televisão. “É só passar qual-quer jogo que ele monopoliza a tevê e ninguémpode assistir a mais nada”, reclama.

Com 6.900 metros quadrados de área, divi-dida em quatro pavimentos, o Museu doFutebol foi inaugurado em outubro de 2008 eé o resultado de uma parceria entre a FundaçãoRoberto Marinho e os governos municipal eestadual de São Paulo. Desde então, cerca de 145mil pessoas já conheceram a estrutura cons-truída embaixo das arquibancadas do Pacaembu,em uma área até então obsoleta do estádio.

Na entrada, a sala chamada de Grande Árearende homenagens ao torcedor coma exposição de cerca de 480 repro-duções ampliadas de diversos obje-tos que materializam a paixão dobrasileiro pelo esporte: flâmulas, ban-deiras, cartazes, chaveiros e outrostantos apetrechos e adereços. Para recepcionaro público, ninguém menos que o Rei Pelé. Ofutebol que nasce nos pés descalços nas pela-das jogadas nos campos de terra, de grama ouno asfalto é retratado na seção Pé na Bola, que

prepara o público para o que está por vir. Nasala Anjos Barrocos imagens em tamanho natu-ral de 25 jogadores lendários, representando onosso futebol-arte, revezam-se em telas trans-parentes que descem do teto e pairam sobre a

cabeça dos visitantes. Jogadores do passa-do, como Pelé, Garrincha,Djalma Santos, só pra citaralguns, dividem o espaço com

craques mais atuais como Romário,Ronaldinho Gaúcho e o badaladíssimo RonaldoFenômeno, cuja volta aos gramados é o maiordestaque da imprensa de todo o mundo, nomomento. Os grandes craques e suas jogadasgeniais ainda vão encantar o visitan-te por vários espaços do Museu.

Além dos ídolos que ajudaram aconstruir a nossa história futebolís-tica, também entram em campo atecnologia e a interatividade no Museudo Futebol. E a tabelinha entre as duas permi-te ao visitante escolher e assistir aos gols prefe-

ridos de alguns fãs famosos do esporte, alémde ouvir jogadas memoráveis narra-

das por alguns dos principaislocutores esportivos da histó-ria e relembrar dribles, defesas

e gols, muitos gols. Também é pos-sível fazer de conta que se é um craque e ten-tar balançar as redes, seja jogando em pimbo-lins que simulam os principais esquemas táti-cos usados no futebol ou em minicampos pro-jetados no chão, dotados com sensores de infra-

vermelho, onde a bola responde aos movi-mentos dos pés. Outra possibilidade de colo-car a habilidade à prova é bater um pênalti emum dispositivo onde se chuta uma bola real emdireção a uma trave virtual defendida, também,por um goleiro virtual. “A proposta do Museué dar ao visitante a possibilidade de participarda história relatada no local, de poder tocar e inte-ragir realmente, situação que o brasileiro não estáacostumado”, analisa a coordenadora do Núcleode Ação Educativa do Museu, Larissa Foronda.

O futebol está arraigado não apenas na nos-sa cultura, mas também na história recente dopaís, seja nas paredes da sala que contam a tra-jetória do esporte, da sua vinda por CharlesMiller ao Brasil, em 1895, até a década de 30,ou na sala que rende homenagem a todas asCopas do Mundo, a história está lá, presente.Representada pelos costumes da época em queo esporte era praticado pela alta sociedade e osnegros não podiam praticá-lo, ou retratada nasmudanças sociais ocorridas no mundo enquan-to o Brasil se tornava o único país a participarde todas as Copas, a história sempre marcoupresente no Museu do Futebol.

E foi justamente a história que mais cha-mou a atenção dos nossos convi-

dados, na visita. Ana Gabrielagostou da história das Copas.

“Porque todo brasileiro adoraacompanhar Copa do Mundo”, justifi-

ca. E Ramos se interessou pelos aspectos his-tóricos que relacionam o esporte e a sociedade.“Gostei de ver que o futebol serviu para redu-zir os preconceitos raciais”, revela.

Futebol é um esporte feito de números:gols, recordes, regras, pontos ou títulos. Vocêsabia, por exemplo, que a maior goleada emum jogo oficial foi aplicada pelo Botafogo noMangueira, pelo Campeonato Carioca de 1909?Na ocasião, o time alvinegro fez 24 gols noadversário e não levou nenhum. Curiosidadesque também podem ser encontradas no MuseuFutebol.

16 a 29 de março/2009 Jornal da PUC-Campinas08

Museu do Futebol imortaliza paixão nacional

Jornal da PUC-Campinasvisita o local com umaaluna apaixonada peloesporte e um estudanteque não suporta ouvir

falar de gol

No alto, Ana Gabriela e Ademilson conhecem uma das exposições do local; acima, tecnologia e

interatividade são atrações do Museu

Garrincha e Mazzola vestem uniformesocial da Seleção Brasileira de 1958

Pelé é aclamado no final da Copa de 70

Na foto de 1910, público com traje social assiste partida de futebol

História

Du Paulino [email protected]

Fotos: Reprodução/Ricardo Lima

Fotos: Ricardo Lima

De todos os museus quejá visitei, o Museu doFutebol foi único na ques-tão tecnologia e interati-vidade. Uma das partesmais legais é onde sepode escolher um narra-dor ou uma jogada paraassistir. Além do futebol,o Museu também mostraum pouco da história doBrasil e pequenas biogra-fias de personagensimportantes, como DiCavalcanti, SérgioBuarque de Holanda,entre outros. Mas amelhor parte é a dasCopas do Mundo, quetem, além de fotos histó-ricas de jogadores e téc-nicos, fotos de objetos epessoas que faziam parteda cultura popular daépoca. Ana Gabriela PinessoPrado, 3º ano deJornalismo

PONTO DE VISTA

Eu, particularmente, nãogosto de futebol, mas, mes-mo assim, gostei muito doconteúdo que está disponí-vel no Museu do Futebol,porque pude entrar emcontato e relembrar demomentos que marcaramépoca e ficaram escondidosno subconsciente, como osucesso imediato dosMamonas Assassinas, avelocidade inalcançável deAyrton Senna, além deconhecer fatos que aconte-ceram muito antes do meupróprio nascimento epoder traçar um paralelocom o que acontecia nomundo e nofutebol.Também tomeiciência de quando umajogada está impedida ounão – coisa que nunca con-segui entender. Ainda conti-nuo não gostando de fute-bol, mas a visita ao Museufoi algo novo, que, com cer-teza, valeu muito a pena. Ademilson Ramos, 2ºano de Arquitetura eUrbanismo

PONTO DE VISTA